Geertz - Por uma descrição densa

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Apresentação para a disciplina de Antropologia Visual

Integrantes:

Eleonora Bianco Cantarelli

Leonardo Bonfim Fernandes

Monna Ranzoti Rocha Camargo

Um pouco sobre :O que é antropologia.

Introdução à sua definição e contexto histórico

• É uma disciplina que investiga as origens, o desenvolvimento e as semelhanças das sociedades humanas, assim como as diferenças entre

elas. A palavra antropologia deriva de duas palavras gregas: anthropos, que significa "homem" ou "humano"; e logo, que

significa "pensamento" ou "razão".

• A Antropologia, divide-se em duas grandes áreas de estudo, com objetivos definidos e interesses teóricos

próprios: a Antropologia Física ou Biológica e a Antropologia Cultural.

• Para pensar as sociedades humanas, a antropologia preocupa-se em detalhar, tanto quanto possível, os seres humanos que as compõem e com elas se relacionam, seja

nos seus aspectos físicos, na sua relação com a natureza, seja na sua especificidade cultural.

• Embora o estudo das sociedades humanas remonte à Antiguidade Clássica, a antropologia nasceu, como ciência, efetivamente, da grande revolução cultural

iniciada com o Iluminismo.

• Até o século XVIII, o saber antropológico esteve presente na contribuição dos cronistas, viajantes,

soldados, missionários e comerciantes que discutiam, em relação aos povos que conheciam, a maneira como estes viviam a sua condição humana, cultivavam seus hábitos, normas, características, interpretavam os seus mitos, os

seus rituais, a sua linguagem. Neste século, a Antropologia adquiriu o status de ciência, tendo como

objeto a análise das “etnias humanas".

Parte I

Escolhendo um modelo de interpretação cultural

O autor começa seu livro dizendo como é difícil para um antropólogo retratar de forma respeitosa todos os temas abordados, uma vez em que as novas

descobertas científicas vão respondendo velhas perguntas e propondo novas questões, tentando fazer uma mediação entre todos os artigos já publicados e as novas descobertas que ainda não foram colocadas no papel, pois deixar as pesquisas exatamente como foram escritas e argumentadas seria o mesmo que

fornecer informações já ultrapassadas ligando-as a um conjunto de acontecimentos já superados.

Exemplo sobre cultura e evolução biológica: onde as datações dos fosseis foram definitivamente

superadas, as datas foram situadas mais longe no tempo, não há qualquer sentido em continuar a

dizer ao mundo que os Australopitecnídeos remontam a um milhão de anos, quando arqueólogos estão

encontrando fósseis de quatro a cinco milhões de anos.

Um outro exemplo que pode ser citado nesse contexto de sobreposição das novas descobertas científicas: os novos estudos feitos pelas universidades dos Estados Unidos e do Japão levantando questionamentos sobre a verdadeira origem dos povos Maias

Segundo Takeshi Inomata, da Universidade do Arizona(EUA), descobertas recentes feitas no sítioarqueológico de Ceibal, no México, indicam que aregião foi palco de uma grande mudança cultural entreos anos.

As visões dominantes sobre o surgimento dos maias são: quea civilização se desenvolveu independentemente de outrospovos em um processo local; que ela surgiu pela influênciadireta dos olmecas, através do centro de La Venta. Segundoas descobertas; a civilização maia se desenvolveu atravésde um largo padrão de interação envolvendo o sul da Costado Golfo, Chiapas e o sul da Costa do Pacífico. Em outraspalavras, a interação com outras regiões foi importante(para o desenvolvimento dos maias), mas não foiinfluenciado por um único lugar (La Venta)", diz. A grandedescoberta dos arqueólogos em Ceibal foi um complexocerimonial, que era mais antigo em pelo menos 200 anos queum similar de La Venta, ambos de um padrão que éencontrado em outras cidades.

Os povos da Mesoamérica

A descoberta não indica que os maias são anterioresaos olmecas - já que o centro mais antigo conhecidodestes é San Lorenzo, que prosperou entre 1400 a.Ce 1150 a.C..

"Há um substancial espaço entre as duas potências olmecas: San Lorenzo e La Venta. As contribuições de San

Lorenzo às culturas mesoamericanas tardias foram importantes, mas eles não tinham complexos cerimoniais padronizados com pirâmides que vieram a caracterizar depois centros como La Venta, Ceibal, etc. Depois do

declínio de San Lorenzo, vários grupos do sul da Mesoamérica, inclusive os moradores de Ceibal, começaram

a experimentar com o legado de San Lorenzo e outros grupos antigos; eles selecionaram e adaptaram alguns

elementos culturais, modificaram outros, e criaram novas formas de sociedade. Isso foi um tempo de grandes mudanças que formou a fundação das civilizações

mesoamericanas tardias. Mas, novamente, essa grande mudança aconteceu através da interação entre vários

grupos; não foi espalhada de um centro olmeca."

Os maias

O arqueólogo explica que os centros maias mais ao sul nãoexperimentaram esses novos elementos culturais antes de 800a.C. ou 700 a.C. - ou até mesmo depois disso. "Então, umponto chave é que a mudança cultural e social ocorreudurante a interação entre diversos grupos por volta de 1000a.C.", diz o cientista.

Segundo o pesquisador, enquanto em San Lorenzo a civilização já era mais desenvolvida entre 1400 a 1150 a.C., os povos maias levavam uma vida nômade nas selvas.

Contudo, uma mudança drástica ocorreu em um desses povoados por volta de 1000 a.C..

Pirâmide de Chichen Itza Yucatan, Mexico.

“As pessoas tendem a pensar que quando os primeiros assentamentos sedentários emergiram, eles eram pequenas, simples vilas, e então os complexos cerimoniais formais e etc

gradualmente cresceram assim que os assentamentos foram ficando maiores.

Ceibal nos conta uma história diferente.”

O grande complexo de Pirâmides de La Danta, ao lado escala de comparação de tamanho em relação às pirâmides Egípcias.

“O que é interessante sobre Ceibal é que um complexo cerimonial formal estava estabelecido no início dos assentamentos sedentários, por volta de 1000 a.C..

Localizada no sudoeste das terras baixas maias, Ceibal provavelmente se beneficiou da interação próxima com estes povos que ocupavam Chiapas e o sul da Costa do Pacífico e começaram a desenvolver novas formas de arquitetura antes

do resto das terras baixas maias.”

Grande complexo de Pirâmides de El Tajin Veracruz, México.

Xunantunich - a Mayan Ruin, Belize

Ruínas de Palenque, Chiapas, México.

E é justamente sob este formato de teoria que ele busca construir a sua abordagem antropológica

Geerts evita tratar as ideias de forma universal, pois aopasso que uma ideia é esticada ao ponto em que qualquercoisa possa ser encaixada dentro de sua definição(desvirtuando para muito além do foco original), ela perdea solidez de suas definições e aplicações.

Teorias mais diretas e fechadas tendem a obter resultados mais coesos e

empíricos.

Clyde Kluckholm apresenta 11 conceitos que podem coincidir com a definição de cultura:

o modo de vida global de um povo o legado de um grupo social adquirido por seus indivíduos uma forma de pensar, sentir e acreditar uma abstração do comportamento uma teoria antropológica que visa determinar os modos sociais de um

conjunto humano um celeiro de aprendizagem em comum um conjunto de orientações padronizadas para os problemas recorrentes

comportamento aprendido uma regulação comportamental um conjunto de técnicas para ajustarem os homens no ambiente e entre

eles mesmos um precipitado da história

Mas para fazer valer a sua proposta de metodológica de uma pesquisa objetiva, Geertz opta por um caminho ecletista. O conceito de cultura escolhido por

ele é o semiótico.Ele frisa que as análises dos elementos culturais deve ser

interpretativa, visando explicar os seus significados,

e não apenas descrevê-la e encaixá-la a leis

Ou seja, teorias mais centradas trazem resultados mais satisfatórios que

teorias genéricas, sendo que o foco da abordagem está na interpretação e na

explicação dos elementos.

Parte II

A piscadela e os carneiros – A relevância do argumento interpretativo dos significados

para uma descrição densa

A ciência não é definida pelos seus resultados, mas pelo seu

processo. No caso da antropologia, o processo é etnográfico.

Contudo, a eficiência da abordagem não está relacionada ao método escolhido para se fazer etnografia, mas à qualidade da

descrição.

O autor defende o termo “descrição densa” como o modelo definitivo de

descrição.

Uma ação não o é devido somente ao ato

de fazê-la, mas ao significado e

propósito que ela carrega.

Por exemplo:

Duas pessoas piscam. Teoricamente, ambas realizam o mesmo ato de

piscar. No entanto, uma delas pisca devido à um tique enquanto a outra faz uma piscadela conspiratória. Logo, as duas pessoas não estão mais realizando o mesmo ato, mas ações completamente diferentes devido à disparidade de sentido

para cada propósito.

E é aqui aonde a “descrição densa” se difere da “descrição superficial”:

enquanto a descrição densa atribui motivos para a existência das atitudes observadas e se preocupa

em descrever o significado (assumindo que o primeiro tem um tique e que o segundo deu uma piscadela), a descrição superficial descreve

apenas os atos independentes de contexto (assumindo que amos estão apenas piscando, e

portanto, realizando o mesmo ato).

Vídeo: problema na comunicação

Eleonora
Texto digitado
Eleonora
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Eleonora
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https://www.youtube.com/watch?v=8Ox5LhIJSBE
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Em suma, como diferença de significados que um mesmo elemento pode ter é expressiva, o antropólogo deve estar atentar para uma descrição profunda e detalhada de cada

componente estudado.

O modelo metodológico da “descrição densa” é capaz de suprir essa necessidade.

Parte III

A cultura é psicológica? -

Desentendimentos do conceito de cultura

No entanto, para uma descrição densa, ainda não é o statusontológico dos elementos culturais que deve ser inspecionado,

mas a sua importância: o que é transmitido e quaissão as suas consequências

As duas principais ladeiras de pensamento que embaçam a busca por este foco durante o processo de

interpretação cultural surgem quanto a

cultura é tratada de forma reificadaou reduzida.

“Reificar”é trata-la como um corpo único; como

uma entidade consciente com propósitos e fins nela mesma.

“Reduzir” é trata-la unicamente como um padrão de comportamento em comum dentro de

um grupo

“A única coisa que (os brasileiros) se importam são CARNAVAL, SAMBA e FUTEBOL. Todas suas MULHERES são MORENAS, BONITAS, GOSTOSAS e FÁCEIS de levar pra cama (...).Os Brasileiros (...) jogam FUTEBOL o dia inteiro nos campos de terra enquanto escutam SAMBA, bebem CAIPIRINHAS e brincam com os seus animais de estimação, MACACOS. Todos os seus políticos são CORRUPTOS, todas as ruas são PERIGROSAS, os seus ídolos são PELÉ e RONALDINHO (...).

Como você se sente depois de ter lido todos esses estereótipos? Você ficou com raiva? Respire profundo e relaxe. Esta lista de preconceitos não vem de pessoas estrangeiras.”

(http://reallifeglobal.com/estereotipos-dos-gringos-o-que-nos-realmente-achamos-do-

brasil/#sthash.ERbRmZPe.dpuf)

Clifford Geertz critica a linha de teórica de Ward Goodenough, acusando-a de ser relativamente responsável pela

disseminação deste desentendimento.

Segundo o pesquisador questionado, “a cultura está na mente e no coração dos

homens”, e que “(ela) consiste no que quer que seja que alguém tem que saber ou acreditar a fim de agir de uma forma

aceita pelos seus membros”

Esta vertente de pensamento afirma que a cultura é

composta de estruturas psicológicas pelas quais os componentes de um grupo guiam o seu comportamento.

Se esta constatação se confirma, confirma-se a relação na qual basta-se aprender os mecanismos de comportamento de um grupo que logo você será

integrado a ele.

No entanto, conseguir identificar, compreender e

reproduzir algo não é a coisa em si.

“Para tocar violino é necessárioter certos hábitos, habilidades,conhecimento e talento, estar comdisposição de tocar e (como piada)ter um violino. Mas tocar violinonão é nem o hábito, a habilidade,o conhecimento e assim por diante,nem a disposição ou (...) opróprio violino.”(GERTZ, p. 9)

Um dos fatores determinantes que levam a essa constatação está no fato de a cultura ser

pública.Um mesmo ato pode ter uma definiçãorespectiva para cada meio culturalno qual ele é realizado, sendo queas diferenças de significado chegamao ponto em que o sentido étransfigurado de tal forma que opróprio ato deixa de ser o mesmo.

Dessa forma, afirmar que digerir o significado puro de um símbolo é o mesmo que aprender a reproduzi-lo

somente em vias de ato é substituir a descrição densa pela superficial

Vídeo dos gestos

Aprender a piscar não é o mesmo que aprender a dar uma piscadela, e aprender a reconhecer uma piscadela não é reconhecer um piscar. E mesmo reconhecendo e sabendo dirigir uma piscadela não significa que o interlocutor irá identifica-la como tal, pois ele é refém do contexto

que tecerá a sua interpretação.

O que determina a eficácia da reprodução de

sentido cultural está no contexto que a lê.

As teorias antropológicas não podemser desenvolvidas nos mesmos meiospelos quais as ciências exataselaboram suas conclusões.

Apoiando-se em Wittgenstein, Geertz

finaliza ao atestar que conhecer uma cultura nunca o tornará parte efetiva dela, sendo impossível tornar-se nativo de um contexto

externo ao seu.

Portanto, Gueertz afirma que a cultura não se trata de uma estrutura psicológica ou de

mero comportamento aprendido.

Parte IV

Como a pesquisa etnográfica e o seu objeto devem ser avaliados

“Não estamos procurando tornar-nos nativos [...] O que procuramos, no sentido mais amplo do termo, que compreende

muito mais do que simplesmente falar, é conversar com eles [...] Visto sob esse ângulo, o objetivo da

antropologia é o alargamento do universo do discurso humano.”

O significado do comportamento humano varia de acordo com o padrão de vida através do

qual ele é informado.

Os textos antropológicos são

interpretações; ficções no sentido de que são “algo construído”, “algo

modelado”. (GEERTZ, p. 10)

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