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Na edição de Outubro de 2010 do Relatório Mensal de Economia damos particular destaque à Proposta de Orçamento do Estado para 2011, dando já conta dos termos do acordo entre o Governo e o PSD, com vista a sua viabilização na Assembleia da República. Ainda no capítulo da economia nacional, analisamos as últimas projecções do Banco de Portugal para 2010 e 2011. No plano internacional, a apreciação do euro e o aumento das cotações das matérias-primas são más notícias para a actividade empresarial; pela positiva, realçamos o fim oficial da recessão nos Estados Unidos da América, bem como a evolução positiva do desempenho industrial e do clima de confiança dos agentes económicos na Europa.
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Edição da Associação Empresarial de Portugal
Junho 2010 N.180
Outubro 2010 N.183
1
S U M Á R I O
DESTAQUE ...................................................................... 2
ECONOMIA INTERNACIONAL 1. União Europeia / Zona do Euro ................................................................................ 5
2. Estados Unidos da América .............................................................................. 12
3. Japão .............................................................................. 15
4. Mercados e Organizações Internacionais .............................................................................. 17
ECONOMIA NACIONAL
1. Envolvente Política, Social e Económica .............................................................................. 25
2. Economia Monetária e Financeira .............................................................................. 46
3. Economia Real .............................................................................. 48
FICHA TÉCNICA
Propriedade
AEP - Associação Empresarial
de Portugal
Edifício de Serviços
Av. Dr. António Macedo
4450-617 LEÇA DA PALMEIRA
Director
José António Barros
Edição
AEP/ Gabinete de Estudos
Redacção
AEP/ Gabinete de Estudos
António Queiroz Menezes
Maria do Céu Filipe
Maria de Lurdes Fonseca
Nuno Torres
Pedro Capucho
Sede de Redacção
AEP - Associação Empresarial
de Portugal
Edifício de Serviços
Av. Dr. António Macedo
4450-617 LEÇA DA PALMEIRA
NIPC 500971315
Publicidade
AEP – Associação Empresarial
de Portugal
Telef.: 22 998 1500
Design Gráfico
Designarte® - Comunicação
Periodicidade
Mensal
ISSN: 0871-9365
Depósito Legal
N.o 28804
Registo no ICS: 117830
É autorizada a reprodução dos
trabalhos publicados, desde
que
citada a fonte e informada
a direcção da revista.
2 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
D E S T A Q U E
Economia Internacional
O Conselho Europeu [abriu] o caminho para procedimentos mais exigentes com vista
à aplicação efectiva de multas aos países que não cumprirem o Pacto de Estabilidade
e Crescimento. (pág. 5)
Os dados de Setembro do Eurostat indicam uma evolução positiva no desempenho
industrial (…) (pág. 9)
Os últimos resultados (…) apontam para uma melhoria ligeira do clima de confiança
dos agentes económicos na zona do euro e na UE. (pág. 11)
Em Setembro, o comité do NBER (National Bureau of Economic Research) anunciou
o fim oficial da recessão económica nos Estados Unidos (…) (pág. 12)
(…) a informação mais recente do instituto Conference Board sugere que a retoma da
economia norte-americana se continuará a processar de forma lenta nos próximos
meses. (pág. 14)
Destacou-se (…) a subida significativa do euro face às principais moedas (…) (pág.
18)
Em Setembro registou-se uma acentuada valorização dos principais índices
accionistas internacionais (…) (pág. 18)
As cotações médias das matérias-primas aumentaram pelo terceiro mês consecutivo
em Setembro (…) (pág. 21)
3
Economia Nacional
As projecções económicas do Banco de Portugal (…) apontam para um
crescimento do PIB de 1.2% em 2010 e para uma estagnação em 2011 (…) (pág.
25)
O BdP defende que “o cumprimento escrupuloso dos objectivos orçamentais
actualmente delineados surge como indispensável”. (pág. 26)
No final de Setembro, o Governo apresentou um conjunto de medidas adicionais
de consolidação (…), antecipando algumas das medidas da Proposta de
Orçamento do Estado de 2011 (…) (pág. 27)
A Proposta de Orçamento do Estado para 2011 (…) assume uma redução do
défice das administrações públicas para 4.6% do PIB (pág. 28)
A alteração da taxa do IVA, o alargamento da base de incidência do IRC, a
introdução de limites globais para as deduções à colecta e para os benefícios
fiscais terão um impacto muito significativo (…) (pág. 37)
Entrou em vigor no dia 30 de Setembro o diploma (…) que estabelece, (…) o
procedimento aplicável à extinção das tarifas reguladas de venda de electricidade
a clientes finais (…) (pág. 43)
No mercado secundário de dívida pública, o mês de Setembro ficou marcado por
uma subida muito significativa das yields nacionais (…) (pág. 46)
O índice accionista de referência PSI-20 valorizou-se em Setembro pelo terceiro
mês consecutivo, embora à custa de um reduzido número de títulos com elevado
peso, tendo-se verificado uma evolução negativa na maioria das cotações (…)
(pág. 47)
Em Agosto, o crescimento homólogo da produção industrial manteve-se
praticamente inalterado em 1.2% (…) (pág. 52)
Em Setembro, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) apresentou uma taxa de
variação homóloga de 1.9%, igual à de Agosto. (pág. 56)
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E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L
5
E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L
1. União Europeia / Zona do Euro
1.1. Envolvente
A Comissão Europeia propôs a criação de um imposto sobre as actividades
financeiras (IAF), em simultâneo com o apoio à fixação de outra taxa sobre as
operações financeiras (IOF), que poderia ajudar a financiar a resposta aos “grandes
desafios mundiais, como o desenvolvimento ou as mudanças climáticas”.
O Conselho Europeu de 28 e 29 de Outubro aprovou o relatório do Grupo de
Missão sobre a Governação Económica, abrindo assim o caminho para
procedimentos mais exigentes com vista à aplicação efectiva de multas aos
países que não cumprirem o Pacto de Estabilidade e Crescimento. Houve
também consenso sobre a possibilidade de penalizações aos países que falhem
sistematicamente a correcção dos seus desequilíbrios macroeconómicos.
Nas conclusões do Conselho ficou expresso que o Presidente Rompuy irá analisar a
possibilidade de eventuais sanções políticas aos países incumpridores, como a
suspensão do direito de voto, mas não houve acordo sobre este ponto, que implicaria
a revisão dos tratados.
Os 27 líderes europeus concordaram ainda com a criação de um mecanismo
permanente de gestão de crises, mas delegaram no presidente do Conselho Europeu
a tarefa de analisar a melhor forma de funcionamento desse mecanismo, devendo
pronunciar-se sobre o assunto em Dezembro.
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E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L
1.2. Política Monetária
Indicadores monetários e financeiros – zona do euro
09: III 09: IV 10: I 10: II Mai-10 Jun-10 Jul-10 Ago-10 Set-10
Agregado Monetário M3 (1)
2.50 -0.10 -0.20 0.00 -0.20 0.00 0.10 0.50 -
Taxas de Juro Mercado Monetário
- taxa overnight 0.36 0.36 0.34 0.35 0.34 0.35 0.48 0.43 0.45
- Euribor a 3 meses 0.87 0.72 0.66 0.69 0.69 0.73 0.85 0.90 0.88
Yields Obrig. Estado a 10 anos (2)
3.69 3.67 3.54 3.14 3.00 3.03 3.01 2.48 2.67
Taxas de Juro Bancárias
- Depósitos a prazo até 1 ano 1.73 1.67 1.80 2.09 2.04 2.15 2.31 2.20 -
- Emprést. até 1 ano a empresas(3)
3.45 3.32 3.25 3.23 3.25 3.25 3.30 3.38 -
Fonte: Banco Central Europeu; valores médios do período, em percentagem; (1)
Taxa de variação homóloga em média móvel de três meses, em percentagem. Valores corrigidos de todas as
detenções de instrumentos negociáveis por agentes residentes fora da área do euro. (2)
Obrigações com notação AAA. (3)
Taxas de juro para empréstimos a taxa variável até 1 milhão de euros.
Na reunião de 7 de Outubro de 2010, o Conselho do BCE continuou a
considerar apropriado o nível das taxas de juro directoras, tendo, por
conseguinte, decidido mantê-las inalteradas (em 1%, no caso da taxa aplicável às
operações principais de refinanciamento, valor fixado a 13 de Maio de 2009). Como
habitualmente, a decisão teve como base as análises económica e monetária
regulares, que continuam a apontar, globalmente, para uma evolução moderada
da actividade económica e dos preços a médio prazo, embora a incerteza seja
ainda elevada, o que enviesa no sentido descendente os riscos para estas
previsões. A análise económica continua a incorporar a perspectiva de um
abrandamento da actividade no segundo semestre, tanto na área do euro como na
economia mundial, enquanto a análise monetária confirma o fraco crescimento da
moeda e do crédito, reduzindo as preocupações com pressões inflacionistas a médio
prazo.
Segundo o BCE, as expectativas de inflação continuam firmemente ancoradas
em conformidade com o objectivo de manter as taxas de inflação abaixo, mas
próximo, de 2% no médio prazo. No geral, a actual orientação da política
monetária permanece acomodatícia e será ajustada conforme apropriado, assim
como a cedência de liquidez e as modalidades de colocação, tendo em conta
que todas as medidas não convencionais tomadas durante o período de fortes
tensões nos mercados financeiros (em plena consonância com o mandato do
BCE) são, por definição, de natureza temporária. Para o efeito, o Conselho do
BCE continuará a acompanhar muito atentamente todos os desenvolvimentos no
período que se avizinha.
7
O BCE referiu ainda, no âmbito da análise monetária, que os bancos têm vindo a
aumentar de forma gradual a dimensão global dos seus balanços, mas o
desafio continua a ser o de expandir a disponibilização de crédito ao sector não
financeiro quando a recuperação da procura se intensificar. Se necessário, com
vista a responderem a este desafio, os bancos devem reter lucros, recorrer ao
mercado para reforçarem ainda mais as respectivas bases de capital ou tirar
total partido das medidas estatais de apoio à recapitalização.
Em termos de políticas orçamentais, com impacto sobre as decisões monetárias, o
Conselho do BCE destacou os anúncios recentes de alguns países da área do
euro relativamente a medidas destinadas a fazer face aos desequilíbrios
orçamentais existentes. Segundo o BCE, vários países (entre os quais Portugal)
têm de vencer desafios consideráveis, o que requer medidas correctivas
imediatas, ambiciosas e convincentes. São necessários planos de consolidação
plurianuais credíveis que fortaleçam a confiança do público na capacidade de os
governos regressarem a finanças públicas sustentáveis, o que permitirá uma
redução dos prémios de risco das taxas de juro, apoiando o crescimento
sustentável no médio prazo. Em todos os países da área do euro, os orçamentos
para 2011 devem reflectir o empenho numa consolidação orçamental ambiciosa, em
consonância com os compromissos assumidos pelos países ao abrigo dos
respectivos procedimentos relativos aos défices excessivos. Qualquer eventual
evolução orçamental positiva, resultante de factores como uma conjuntura mais
favorável do que o esperado, deve ser explorada para acelerar o progresso da
consolidação orçamental.
Destacam-se ainda outras decisões do BCE para além das taxas de juro, tomadas já
na segunda metade de Outubro. No dia 17 de Outubro, o Conselho do BCE
decidiu classificar a European Financial Stability Facility (EFSF) como “Agência
– outra entidade excepto instituição de crédito”, o que significa que os
instrumentos de dívida por ela emitidos serão inseridos na categoria de liquidez II,
sendo assim elegíveis para utilização como activos de garantia em operações de
crédito do Eurosistema. Poucos dias antes, em 14 de Outubro de 2010, o
Conselho do BCE criou a possibilidade da instituição abrir contas em nome da
Comissão Europeia ou de um banco central nacional da União Europeia com
vista ao processamento de pagamentos efectuados no âmbito do mecanismo
europeu de estabilização financeira, sendo a abertura das contas realizada a
pedido da Comissão Europeia ou do banco central nacional de um Estado-Membro
beneficiário. O mecanismo referido assegura que a ajuda financeira da União
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Europeia seja fornecida – sob a forma de empréstimos ou linhas de crédito a serem
atribuídos mediante decisão do Conselho da União Europeia – a um ou vários
Estados Membros que registem, ou se encontrem sob grave ameaça de
registar, perturbações económicas ou financeiras graves decorrentes de
situações excepcionais fora do seu controlo. Em 21 de Setembro de 2010, fora já
adoptada uma decisão semelhante relativa à administração dos empréstimos da
EFSF aos Estados Membros cuja moeda é o euro.
Por último, salientam-se também os resultados de um inquérito do BCE sobre o
acesso ao financiamento das PME na área do euro, que apontam para uma
melhoria no período de análise, entre Março e Setembro. A proporção de PME
que reportaram uma deterioração no acesso ao crédito bancário diminuiu de 42%
para 24%, passando de 10% para 12% a percentagem das que indicaram uma
melhoria no acesso ao crédito. Os factores com impacto na disponibilidade de
financiamento externo melhoraram de uma forma genérica, com destaque para os
que se relacionam com as perspectivas económicas. No que se refere às grandes
empresas, também cobertas pelo inquérito como grupo de referência, a taxa de
sucesso dos pedidos de empréstimo permaneceu estável num nível elevado, e
a situação financeira global mostrou sinais de clara melhoria.
1.3. Economia Real
Segundo estimativas do World Economic Outlook do FMI, publicado no início de
Outubro, a zona do Euro deverá ver o seu PIB crescer 1.7% em 2010 e 1.5% em
2011. Os preços crescerão 1.6% em 2010 e 1.5% em 2011, enquanto o desemprego
se deverá situar em 10% e 10.1% respectivamente em cada um destes anos.
Relativamente ao comércio externo, os dados do Eurostat apontam para um
défice da balança comercial da zona do euro de 6.7 mil milhões de euros em
Agosto, contra um défice de 2.8 mil milhões de euros em igual mês de 2009 e
um excedente de 6.2 mil milhões em Julho (valores não ajustados da
sazonalidade). Estes números decorrem de um aumento de 1.0% nas exportações,
entre Julho e Agosto, e de 1.8% nas importações (valores ajustados da
sazonalidade).
O conjunto da União Europeia apresentou em Agosto um défice de 17.3 mil milhões
de euros na balança comercial contra um défice de 12.4 mil milhões de euros em
Julho de 2009 e um défice de 6.2 mil milhões de euros em Julho de 2010 (valores não
ajustados da sazonalidade). Entre Julho e Agosto, as exportações da UE baixaram
0.1% e as importações aumentaram 1.3% (valores ajustados da sazonalidade).
9
Se os valores acima forem ajustados da sazonalidade, terá ocorrido um défice de 1.4
mil milhões de euros na zona do euro e de 14.2 mil milhões de euros no conjunto da
União, evoluções negativas relativamente ao mês de Julho.
Os dados de Setembro do Eurostat indicam uma evolução positiva no desempenho
industrial, com um aumento de 1.0% na zona do euro e de 0.8% no conjunto da
União. Em termos homólogos, registou-se uma subida deste indicador (7.9% na zona
do euro e 7.5% no conjunto da União), confirmando os sinais de evolução positiva
Da análise do desempenho dos agrupamentos de bens, destacam-se, pela positiva
os bens de capital.
Produção Industrial na zona do euro
Mar-10 Abr-10 Mai-10 Jun 10 Jul 10 Ago 10
Total da Indústria 7.7 9.2 9.7 8.2 7.2 7.9
Bens Intermédios 11.9 15.6 14.5 11.9 9.6 10.8
Energia 5.8 5.2 7.6 3.4 2.4 0.7
Bens de capital 4.8 8.7 9.0 8.8 9.0 11.2
Bens de consumo duradouro 1.6 0.4 6.3 7.6 5.2 7.3
Bens de consumo não duradouro 6.5 3.0 3.9 3.8 3.8 4.0
Fonte: Eurostat; tvh em %, valores revistos
Ao nível dos Estados-membros e em termos homólogos, saliente-se, pela positiva, o
crescimento da produção industrial na Alemanha e na Polónia (11.5% e 13.0%,
respectivamente). Em Espanha, a produção industrial aumentou em 1.4% contra
0.5% em Julho. Fora da zona do euro, a produção industrial do Reino Unido passou
de uma tvh de 3.0% em Julho para 4.2% no mês de Agosto.
Em relação aos indicadores de procura interna final, os dados do Eurostat mostram
que o volume de negócios do comércio a retalho em Agosto diminuiu em 0.4%
na zona do euro e em 0.3% no conjunto da União Europeia. Em termos
homólogos, verificaram-se aumentos de 0.6% e de 0.8%, respectivamente.
Volume de Negócios no Comércio a Retalho
Mar-10 Abr-10 Mai-10 Jun-10 Jul-10 Ago-10
União Europeia 1.6 -0.9 0.9 1.3 1.1 0.8
Zona do euro 1.8 -0.4 0.9 1.4 1.1 0.6
Fonte: Eurostat, tvh em %, valores corrigidos
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Em Setembro, a taxa de variação homóloga dos preços na zona do euro subiu
para 1.8%, mais 0.2 p.p. do que em Agosto. No conjunto da União Europeia, os
preços aumentaram 2.2%, também mais 0.2 p.p. que em Agosto.
Evolução da Inflação
tvh Taxas
médias
de 12
meses
Taxa
mensal
Jun-10 Jul-10 Ago-10 Set-10 Set 10-09 Set-10
União Europeia 1.9 2.1 2.0 2.2 1.7 0.2
Zona do euro 1.4 1.7 1.6 1.8 1.2 0.2
Fonte: Eurostat, % variação HCPI
Entre os países da zona do euro, as taxas homólogas de inflação mais baixas
verificaram-se na Irlanda (-1.0%), na Alemanha (1.3), e na Eslováquia (1.1%) e as
mais elevadas na Grécia e no Chipre (5.7% e 3.6%, respectivamente). Na Espanha,
os preços subiram, também em termos homólogos, 2.1%. Fora da zona do euro, os
preços subiram 3.1% no Reino Unido.
A inflação subjacente na zona do euro foi de 1.0% (valor provisório), idêntica à de
Agosto e de Julho.
De acordo com dados do Eurostat (ajustados de sazonalidade), a taxa de
desemprego da zona do euro fixou-se em 10.1% no mês de Agosto, o mesmo
valor verificado nos quatro meses anteriores. O Eurostat estima assim que 15.9
milhões de pessoas na zona do euro (menos 20 000 que em Julho e mais 59 000 que
no mesmo mês de 2009) se encontrassem em situação de desemprego no mês em
destaque. Considerando o cômputo geral da UE, a taxa de desemprego manteve-se
nos 9.6%, com cerca de 23 milhões de desempregados.
Taxa de Desemprego
Mar-10 Abr-10 Mai-10 Jun-10 Jul-10 Ago-10
União Europeia 9.6 9.6 9.6 9.6 9.6 9.6
Zona do euro 10.0 10.0 10.1 10.1 10.1 10.1
Fonte: Eurostat; % da população activa, ajustada de sazonalidade. Valores revistos.
Os países da zona do euro (com dados disponíveis) com taxas de desemprego mais
baixas eram, em Julho, os Países Baixos (4.5%) e a Áustria (4.3%). Por outro lado, o
país com taxa mais alta de desemprego era a Espanha (20.5%). A taxa de
desemprego desceu muito ligeiramente ou estabilizou em grande parte dos
países da zona do euro.
11
Os últimos resultados fornecidos pelos inquéritos aos consumidores e às
empresas (compilados pela Comissão Europeia) apontam para uma melhoria
ligeira do clima de confiança dos agentes económicos na zona do euro e na UE.
Indicador de Confiança na União Europeia
Mar-10 Abr-10 Mai-10 Jun-10 Jul-10 Ago-10 Set-10
Indústria -9 -7 -5 -6 -4 -2 -2
Construção -29 -28 -30 -32 -31 -31 -29
Comércio a retalho -4 0 -4 -4 0 1 2
Serviços 1 4 2 4 6 5 5
Consumidores -14 -12 -15 -15 -14 -11 -12
Indicador do Clima
Económico (ESI)
99.8 101.9 100.2 100.3 102.1 103.1 103.4
Fonte: Comissão Europeia. Poderá ter ocorrido uma quebra de série em Maio devido à utilização de novos fornecedores
de informação.
Este indicador subiu, na zona do euro, para os 103.2 pontos (melhoria de 0.9 pontos
relativamente a Agosto). A grande maioria dos países da União Europeia registou
alterações positivas neste indicador, com as excepções mais perceptíveis na Bélgica,
na Dinamarca, na Grécia, na Itália e na Hungria.
De acordo com a informação dos últimos meses, detecta-se uma melhoria do clima
económico, tanto na zona do euro como no conjunto da União, ainda que o
ritmo de evolução seja lento.
Índice de Clima Económico (ESI) - UE e zona euro
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
110,0
120,0
Jan
-07
Fev
-07
Mar
-07
Ab
r-0
7
Mai
-07
Jun
-07
Jul-
07
Ag
o-0
7
Set
-07
Ou
t-0
7
No
v-0
7
Dez
-07
Jan
-08
Fev
-08
Mar
-08
Ab
r-0
8
Mai
-08
Jun
-08
Jul-
08
Ag
o-0
8
Set
-08
Ou
t-0
8
No
v-0
8
Dez
-08
Jan
-09
Fev
-09
Mar
-09
Ab
r-0
9
Mai
-09
Jun
-09
Jul-
09
Ag
o-0
9
Set
-09
Ou
t-0
9
No
v-0
9
Dez
-09
Jan
-10
Fev
-10
Mar
-10
Ab
r-1
0
Mai
-10
Jun
-10
Jul-
10
Ag
o-1
0
Set
-10
ESI - UE ESI -zona euroFonte: Comissão Europeia
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2. Estados Unidos da América
2.1. Envolvente Política, Social e Económica
Em Setembro, o comité do NBER (National Bureau of Economic Research)
anunciou o fim oficial da recessão económica nos Estados Unidos, tendo por
base um conjunto alargado de indicadores económicos, para além do PIB. Segundo o
NBER, a recessão iniciada em Dezembro de 2007 terminou em Junho de 2009,
pelo que qualquer eventual retracção futura da actividade económica será uma nova
recessão. Só agora foi possível confirmar a mudança de fase no ciclo
económico, pois em Abril estava ainda em aberto o risco de prolongamento da
recessão.
No mesmo mês, a Reserva Federal deixou inalterados os seus principais
referenciais de política monetária (taxa fed funds entre 0% e 0.25% e tamanho do
balanço, que é estabilizado com o reinvestimento dos rendimentos dos activos
detidos), mas indicou que reforçará a expansão monetária caso se torne
necessário para apoiar a retoma económica e o retorno da inflação, cujas
perspectivas reviu em baixa. Segundo a Reserva Federal, as medidas de inflação
subjacente estão abaixo dos níveis mais adequados para promover o objectivo de
máximo emprego com estabilidade de preços a longo prazo devido ao baixo nível de
utilização da capacidade produtiva, que deverá recuperar de forma gradual. Esta
situação permite antecipar a continuação de baixas taxas de juro por um período
prolongado, como vem sendo reiterado pela Reserva Federal. O comunicado da
decisão confirmou ainda que a retoma económica abrandou nos últimos meses,
com o consumo a aumentar de forma modesta, restringido pela elevada taxa de
desemprego, pela redução da riqueza imobiliária e pela restrição do crédito, que
também afecta o investimento, agora a recuperar a um ritmo bastante inferior ao do
início do ano.
Já em Outubro, no decorrer de um discurso, o Presidente da Reserva Federal, Ben
Bernanke, revelou que os membros do Comité de Política Monetária geralmente
consideram a taxa de inflação consistente com o mandato da Reserva Federal
como sendo 2% ou um pouco inferior, dando assim mais um passo na sua
intenção de estabelecer um objectivo de inflação. Esta definição, ainda que de
forma implícita e informal, de uma meta de inflação, torna mais transparente a
13
actual condução da política monetária, ao permitir uma melhor justificação da
provável nova leva de medidas de natureza quantitativa, sinalizada em Setembro,
onde se espera o anúncio de mais compras de títulos do Tesouro com um timing bem
definido. O discurso de Bernanke visou também ancorar as expectativas do
público quanto ao regresso a uma taxa de inflação de 2%.
O défice federal dos EUA reduziu-se de 1.41 para 1.29 biliões de dólares (8.9%
do PIB) no ano fiscal de 2010, terminado em Setembro. Apesar da melhoria das
contas públicas, a situação orçamental continua a ser complicada, segundo o
secretário do Tesouro, Tim Geithner, faltando ainda um longo caminho para reparar
os dados causados pela crise económica, incluindo os elevados défices orçamentais.
Já no final de Setembro, a Câmara de Representantes aprovou legislação com
vista a punir a China no caso de desvalorização da sua moeda, o que suscitou
imediatas reacções de repúdio por parte das autoridades chinesas, considerando a
legislação contrária às regras da OMC. Embora o destino final da peça legislativa
seja ainda incerto, pois terá ainda de passar no Senado e ser assinado pelo
Presidente Obama, revela a frustração crescente dos partidos democrata e
republicano com as políticas económicas da China, nomeadamente a cambial. A
pressão do Congresso reforça a intervenção de cariz mais diplomático que tem
sido exercida pela Administração Obama. O Secretário do Tesouro, Tim
Geithner, revelou que partilha os receios implícitos no pacote legislativo,
reiterando que a China deve permitir uma descida significativa, mesmo que
gradual, do yuan renmimbi.
2.2. Economia Real
A mais recente síntese da conjuntura da Reserva Federal (Livro Bege), com
informação de meados de Setembro até início de Outubro, confirmou o fraco
crescimento da actividade económica. Os relatórios estaduais reportaram
aumentos modestos nas vendas a retalho e nos serviços, e uma evolução pouco
favorável no mercado residencial, com a produção industrial a manter ainda algum
dinamismo. A evolução dos salários e dos preços dos bens finais continuou a ser
caracterizada pela estabilidade, apesar da subida dos preços das matérias-primas,
que não está a ser passada para os consumidores finais.
A taxa de inflação homóloga medida pelo índice de preços no consumidor
manteve-se em 1.1% no mês de Setembro, mas o indicador de inflação
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E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L
subjacente (que exclui as rubricas de alimentação e energia) recuou para o nível
mais baixo desde 1961 (0.8%, menos 0.1 p.p. que em Agosto).
Em temos de dados sectoriais, a informação mais recente permite destacar o
abrandamento da produção industrial, alguma retoma do dinamismo nos
serviços, e uma evolução menos desfavorável na construção:
- o índice de produção industrial abrandou pelo terceiro mês consecutivo, em termos
homólogos, em Setembro (tvh de 5.4%, após 6.4% e 7.5% nos dois meses
precedentes, conduzindo a uma tvh de 6.5% no terceiro trimestre, menos 0.8 p.p. que
no anterior);
- o índice compósito ISM não industrial registou uma subida em Setembro (para 53.2
pontos, recuperando parte da descida verificada desde Maio), indicando uma
recuperação parcial do dinamismo perdido nos últimos meses;
- as despesas de construção registaram uma quebra homóloga 10% em Agosto, em
termos nominais, inferior à registada em Julho (10.7%) e à quebra homóloga de
Janeiro a Agosto (11.2%), confirmando que a tendência de desagravamento se
mantém.
Em Setembro, a taxa de desemprego permaneceu em 9.6%, um nível ainda
historicamente elevado, próximo do máximo recente de 10.1% registado em
Outubro último. O número de postos de trabalho do sector não agrícola recuou
de forma mais acentuada, reflectindo o agravamento no Estado (provavelmente
ainda associada ao fim dos censos e às dificuldades orçamentais dos governos
estaduais) e a menor progressão do emprego no sector privado, onde a quebra na
construção se sobrepôs à atenuação das perdas na indústria e ao reforço dos ganhos
nos serviços.
Em termos de indicadores avançados, a informação mais recente do instituto
Conference Board sugere que a retoma da economia norte-americana se
continuará a processar de forma lenta nos próximos meses. O índice dos
indicadores avançados aumentou pelo terceiro mês consecutivo em Setembro, mas a
um ritmo baixo, enquanto o índice de confiança dos consumidores registou um recuo,
reflectindo as condições ainda difíceis no mercado de trabalho.
15
3. Japão
3.1. Envolvente Política, Social e Económica
Em Setembro, o novo ministro da economia e política fiscal do Japão, Banri
Kaieda, mostrou-se muito preocupado com o impacto económico do recente
incidente diplomático entre a China e o Japão, na sequência do choque de um
barco de pesca chinês com a guarda costeira japonesa em águas disputadas pelos
dois países no mar Este da China. Kaieda destacou o cancelamento de reservas
por turistas chineses e as restrições impostas pelas autoridades chinesas à
exportação de minerais raros (usados em muito produtos electrónicos) para o
Japão. Entretanto, o ministro apelou ao rápido levantamento destas restrições e
prometeu a procura de substitutos e fontes alternativas para estes recursos
estratégicos. A China tem negado a imposição de tais restrições, mas os
exportadores nipónicos asseguram que as expedições têm sido repetidamente
adiadas nos portos chineses.
No dia 5 de Outubro, o Banco do Japão anunciou um conjunto de medidas para
tornar as condições monetárias mais acomodatícias, de modo a contrariar o
abrandamento da retoma económica, que decorre, nomeadamente, do menor
dinamismo no exterior, da apreciação do iene e do esgotamento dos programas de
estímulo da procura. As medidas compreendem: i) a redução da taxa de juro de
referência de 0.1% para um intervalo de 0% a 0.1%; ii) a indicação de que a taxa
de juro será mantida num valor próximo de zero enquanto for julgado
necessário, tendo em conta o novo entendimento de estabilidade de preços a médio
e longo prazo (inflação homóloga do IPC entre 0 e 2%) e a avaliação de outros
factores de risco, como desequilíbrios financeiros; iii) o estabelecimento de um
programa temporário de compra de activos variados (incluindo títulos de dívida
pública e de empresas, e títulos ligados ao crédito imobiliário), que serão aceites
como colateral nas operações do Banco do Japão no mercado monetário. O
principal objectivo deste programa, que ascende a 5 biliões de ienes (35 biliões,
contabilizando o programa em curso de compra de títulos de dívida pública), é
reduzir as taxas de juro de longo prazo através da descida dos prémios de
risco. A compra de títulos de Tesouro japonês neste âmbito (70% do total) será
apenas temporária, servindo um propósito diferente do programa já existente de
compra destes títulos. Na avaliação das perspectivas económicas, o Banco do
Japão considerou que o retorno a um cenário de crescimento sustentado com
estabilidade de preços está agora adiado, com grande probabilidade, tendo sido
salientada a incerteza no andamento da economia norte-americana, o principal
mercado de exportação do país.
16 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L
O Governo saudou as medidas de estímulo monetário do Banco do Japão,
tendo já anunciado a preparação de um novo programa orçamental de apoio à
economia, entre 4 e 5 biliões de ienes, depois da aprovação, em Setembro, de
um pacote de emergência de 918 mil milhões de ienes com vista a criar 200 mil
postos de trabalho e a aumentar o PIB real em 0.3%. Segundo o Governo, o novo
programa não exigirá a emissão de mais dívida, podendo ser financiado com as
verbas acima do esperado nas receitas fiscais, e abaixo do orçamentado na despesa
com juros, em conjunto com os fundos não usados do Orçamento de 2009.
No que se refere à política cambial, o Governo nipónico apelou a um maior
sentido de responsabilidade por parte da China e da Coreia do Sul, que vai
receber a próxima reunião do G20 e é um concorrente directo na exportação de
produtos electrónicos. O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, defendeu que
esforços individuais para depreciar as moedas não têm lugar na cooperação que se
pretende no seio do G20. Desde o colapso do banco Lehamn Bothers, em Setembro
de 2008, o iene subiu 29% face ao dólar, enquanto o won coreano recuou 1.2% e o
yuan subiu apenas 2.3%. O ministro das Finanças, Yoshihiko Noda, considerou que a
Coreia do Sul intervém no mercado cambial de forma activa, enquanto a China
começou a adoptar uma política mais flexível, mas a um ritmo muito lento. Sobre a
intervenção cambial do Banco do Japão em Setembro, num valor estimado de 25
mil milhões de dólares, as autoridades nipónicas defendem que serviu apenas
para contrariar a elevada volatilidade do iene e não para fixar um determinado
nível cambial em particular.
3.2. Economia Real
Em Outubro, o relatório mensal do Banco do Japão confirmou o abrandamento
da retoma económica. As exportações e a produção industrial têm perdido
dinamismo, mas o investimento continua a dar sinais de recuperação, beneficiando
da melhoria da confiança empresarial. O consumo permanece limitado pelas
condições difíceis de emprego e rendimento, mas mesmo assim tem vindo a
recuperar. No sector público, o investimento continua em quedar. Em termos de
perspectivas, o Banco do Japão espera que a economia recupere um crescimento
moderado após um período de abrandamento. No que se refere aos preços, espera-
se que a quebra homóloga dos preços no consumidor diminua à medida que o
desequilíbrio entre a oferta e a procura se for atenuando.
17
Em Agosto, o índice de preços no consumidor manteve uma quebra homóloga
de 0.9%, persistindo também o recuo de 1.9% no indicador de inflação
subjacente, que exclui as componentes de energia e alimentação.
A despesa de consumo das famílias trabalhadoras aumentou pelo terceiro mês
consecutivo em Agosto, em termos homólogos (2.7%, mais 1.7 p.p. que em
Julho), após uma subida bastante significativa do rendimento disponível em
Junho (7.5%, tendo-se seguindo variações de -0.3% em Julho e 0.6% em Agosto).
A taxa de desemprego diminuiu pelo segundo mês consecutivo em Agosto,
mas de forma pouco significativa (0.1 p.p., para 5.1%, um valor historicamente
elevado para o Japão), recuando apenas para o nível registado em Abril.
Nos indicadores avançados, a informação mais recente sugere a intensificação
do abrandamento económico nos próximos meses. Em Setembro, o inquérito
Tankan de confiança empresarial, conduzido pelo Banco do Japão, deu conta de uma
melhoria das condições de negócio no terceiro trimestre, mas sinalizou uma
deterioração das perspectivas para o próximo trimestre nas grandes empresas
industriais, o que acontece pela primeira vez desde Dezembro de 2008. O índice de
confiança dos consumidores recuou em Setembro pelo segundo mês consecutivo.
4. Mercados e Organizações Internacionais
4.1. Mercado de Câmbios
Cross rates das principais divisas internacionais
(fecho das sessões de início e fim das semanas de Setembro)
Dólares por
Euro
Libras por
Euro
Ienes por
Euro
Libras por
Dólar
Ienes por
Dólar
Quarta, 1 1.280 0.831 107.540 0.649 84.016
Sexta, 3 1.283 0.833 108.380 0.649 84.448
Segunda, 6 1.287 0.838 108.420 0.651 84.216
Sexta, 10 1.273 0.823 106.840 0.647 83.961
Segunda, 13 1.280 0.831 107.690 0.649 84.126
Sexta, 17 1.306 0.836 111.980 0.640 85.743
Segunda, 20 1.307 0.838 112.070 0.641 85.720
Sexta, 24 1.341 0.853 113.200 0.636 84.402
Segunda, 27 1.348 0.850 113.520 0.631 84.232
Quinta, 30 1.365 0.860 113.680 0.630 83.294
Variação (1) 7.63% 4.26% 6.17% -3.13% -1.36%
(1) Variação registada entre a última cotação do(s) mês(es) em análise e a última cotação do mês anterior.
Nota: cálculo com base no ´fixing’ do Banco Central Europeu
18 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L
Em Setembro, a evolução do mercado de câmbios ficou assinalada pela
primeira intervenção cambial oficial do Banco do Japão em 6 anos,
conseguindo reduzir a cotação do iene com o dólar face aos novos máximos de
15 anos registados no início do mês, o que limitou a apreciação mensal a 1.4%.
Destacou-se ainda a subida significativa do euro face às principais moedas
(para máximos de 6 meses face ao dólar, 4 face à libra e 2 em relação ao iene)
devido à perspectiva de que o BCE não irá acompanhar o cada vez mais
provável reforço das medidas quantitativas de política monetária pelos bancos
centrais dos EUA, Inglaterra e Japão. Este factor predominou sobre os receios
em torno do risco de crédito soberano nas economias periféricas endividadas
da zona do euro e a divulgação de alguns dados económicos menos favoráveis na
Europa. Para além do enfraquecimento do dólar nos principais câmbios
(limitado, no caso do iene, pela intervenção do Banco do Japão), regista-se ainda a
depreciação da moeda norte-americana face ao yuan, intensificando-se ao
longo de Setembro, em linha com os sucessivos apelos do Governo norte-
americano nesse sentido. Este movimento confirma a flexibilização do regime
cambial chinês anunciada em Junho, após uma suspensão de dois anos justificada
pela crise financeira internacional.
A variação das principais taxas de câmbio no cômputo do mês foi a seguinte:
apreciação do euro na cotação com o dólar (7.63%), o iene (6.17%) a libra (4.26%), e
recuo do dólar face à libra (3.13%) e ao iene (1.36%).
4.2. Mercados Bolsistas Internacionais
Em Setembro registou-se uma acentuada valorização dos principais índices
accionistas internacionais (para máximos de quase cinco meses),
correspondendo ao maior optimismo quanto à retoma económica global, dada a
continuação de um forte dinamismo nos países emergentes (nomeadamente na
China) e a sinalização de reforço das políticas monetárias quantitativas para
apoiar a actividade económica nos EUA, Japão e Inglaterra. Estas medidas
adicionais foram encaradas pelos mercados como necessárias para contrariar
um natural abrandamento em face do gradual esgotamento das medidas anteriores,
notando-se um desanuviamento dos receios de recaída em recessão nas
economias mais desenvolvidas, para o que contribuiu o anúncio do fim da
recessão nos EUA pelo NBER. Destaca-se ainda a subida dos títulos do sector
financeiro devido à regulação menos onerosa do que o esperado nos acordos
19
de Basileia III, sobretudo devido ao longo período de implementação dos novos
requisitos de capital, significando que não há necessidade imediata de reforço de
capital pelos bancos. Esta subida foi, no entanto, limitada pelos receios em torno da
crise de crédito soberano na Europa, em particular relativamente aos bancos com
exposição à Irlanda.
Nos Estados Unidos, o índice de referência Dow Jones Industrials (DJI),
representativo dos títulos mais tradicionais, apresentou um ganho mensal de 7.7%,
o mais elevado desde Julho do ano passado, enquanto o índice tecnológico
Nasdaq subiu 12%, situando-se, em ambos os casos, em máximos de quase
cinco meses. Com estas subidas, os índices passaram a registar um saldo
positivo desde o início do ano (3.5% e 4.4%, respectivamente).
No mercado de dívida pública, a sinalização de medidas adicionais de expansão
monetária pela Reserva Federal conduziu a uma descida significativa da yield
de referência dos 10 anos (para 3.53% no dia 30, após um máximo de 3.77% a
meio do mês e 3.58% no dia 1).
A valorização dos índices accionistas foi um pouco menos significativa nas
duas principais praças europeias, reflectindo os receios em torno do risco de
crédito soberano em vários países da zona do euro. O índice alemão Dax Xetra teve
um ganho mensal de 5.1%, enquanto o congénere inglês Ftse-100 subiu 6.2%,
passando também, em ambos os casos, a apresentar variações positivas desde o
início de 2010 (4.6% e 2.5%, respectivamente).
8146,52
10725,43
9908,39
11205,03
9686,48
10858,14
5000,00
6000,00
7000,00
8000,00
9000,00
10000,00
11000,00
12000,00
13000,00
14000,00
15000,00
01
/04
/09
20
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26
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18
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/10
04
/02
/10
23
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/10
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31
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19
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25
/05
/10
11
/06
/10
30
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/10
19
/07
/10
05
/08
/10
24
/08
/10
10
/09
/10
29
/09
/10
Índ
ice (em
po
nto
s)
Estados Unidos - índice Dow Jones Industrials
Fonte: Yahoo Finance
20 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L
No Japão, o índice Nikkei-225 valorizou-se 6.2% no cômputo de Setembro, para
o que contribuiu a intervenção cambial do Banco do Japão a travar a apreciação
do iene, que vinha a prejudicar as cotações do sector exportador.
4.3. Mercados de Matérias-Primas
2008 2009 2T 10 3T 10 Ago-10 Set-10
Brent (Mar do Norte) 97.7 61.9 78.7 76.4 76.7 77.8
Algodão 71.4 62.8 90.0 93.0 90.3 104.7
Alumínio (99,7% pureza) 2 577.9 1 699.2 2 096.2 2 090.3 2 110.5 2 171.3
Cobre 6963.5 5 165.3 7 024.9 7 261.0 7 302.7 7 729.6
Chumbo 2093.3 1 719.4 1 952.1 20 39.9 2 082.8 2 192.9
Níquel 21 141.5 14 672.4 22 456.6 21 229.1 21 448.8 22 690.1
Estanho 18 466.6 13 602.7 17 819.1 20 544.7 20 733.1 22 694.4
Zinco 1 884.8 1 658.4 2 028.0 2 015.2 2 047.5 2 151.0
Minério de Ferro (Fe) (1)
140.6 101.0 167.0 205.0 205.0 205.0
Fonte: Fundo Monetário Internacional
Cotações Spot; média das cotações diárias, excepto no caso do algodão (média das cotações semanais).
Unidades: brent: dólares por barril; algodão: cêntimos de dólar (cts USD) por libra de peso (1 libra de peso equivale a
453.6 gramas); alumínio (grau de pureza mínimo de 99,5%), cobre, chumbo, níquel, estanho, zinco: dólares por
tonelada; minério de ferro: cts USD por 1% Fe DMTU (Dry Metric Ton Unit), tendo o minério Carajas Fines (Brasil) um
conteúdo de 67.55% Fe DMTU – por exemplo, uma cotação de 77 cts USD / DMTU (Carajas) equivale a 52,01 USD /
tonelada. (1)
os preços do Minério de ferro são fixados trimestralmente (anualmente, antes de Abril de 2010) pelas três principais
empresas a nível mundial (Rio Tinto, BHP Militon e Vale), constituindo a referência para os restantes produtores.
3000,00
3600,00
4200,00
4800,00
5400,00
6000,00
6600,00
7200,00
7800,00
8400,000
1/0
4/0
9
20
/04
/09
07
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/09
26
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12
/06
/09
01
/07
/09
20
/07
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06
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25
/08
/09
11
/09
/09
30
/09
/09
19
/10
/09
05
/11
/09
24
/11
/09
11
/12
/09
30
/12
/09
18
/01
/10
04
/02
/10
23
/02
/10
12
/03
/10
31
/03
/10
19
/04
/10
06
/05
/10
25
/05
/10
11
/06
/10
30
/06
/10
19
/07
/10
05
/08
/10
24
/08
/10
10
/09
/10
29
/09
/10
Índ
ice (em
po
nto
s)
Alemanha e Reino Unido
Alemanha
índice Dax Xetra
Reino Unido
índice Footsie 100
Fonte: Yahoo Finance
21
As cotações médias das matérias-primas aumentaram pelo terceiro mês
consecutivo em Setembro (embora a menor ritmo), a reflectir a depreciação
significativa do dólar, em que se encontram cotadas, restrições de oferta, e
rumores de uma escalada de desvalorizações competitivas a partir da Ásia
depois da intervenção cambial do Japão. Apesar da conjuntura ainda ser marcada por
uma forte incerteza, as perspectivas para a economia mundial são favoráveis,
sobretudo em função do dinamismo dos países emergentes, o que também tem
suportado a procura de matérias-primas.
No petróleo, o preço médio do barril de brent aumentou 2,6% em Setembro
(para 77.8 dólares). Em meados do mês, o Secretário-geral da OPEP, Abdalla El-
Badri, revelou que o cartel está „confortável‟ com o intervalo actual de preços
entre 70 a 80 dólares por barril, e sinalizou que não deverá haver mexidas da meta
de produção na reunião de Outubro.
A cotação média do algodão voltou a registar uma progressão assinalável em
Setembro (7.3%), para 104.7 cêntimos de dólar por libra de peso, o valor mais
elevado desde Junho de 1995, ano em que a fasquia de 1 dólar fora superada
pela primeira vez desde a Guerra Civil dos EUA. A forte subida reflecte os
receios de escassez global da matéria-prima com a aposta de longo prazo dos
agricultores em culturas mais rentáveis, para além da especulação crescente dos
fundos de investimento. Várias agências governamentais têm alertado que o
nível de stocks da matéria-prima atingirá brevemente o mínimo de uma década,
para o que tem contribuído o forte crescimento das importações de algodão da
China (mais de 100% nos primeiros oito meses do ano), havendo nesta altura uma
forte incerteza relativamente às próximas colheitas nos EUA, China e Índia.
Salienta-se também a perspectiva de fusão de duas das maiores empresas do
sector, representando em conjunto 30% das exportações mundiais de algodão em
bruto, o que acentuará ainda mais a concentração no sector após a falência de
muitos pequenos operadores com a crise financeira.
Nos metais, as restrições de oferta prendem-se sobretudo com a falta e
investimento nas minas, como é o caso do cobre e do estanho, que registaram
progressões de 8.2% e 13.9% das respectivas cotações médias em Setembro.
Destacaram-se ainda as subidas de 13% no chumbo, de 10.9% no zinco, de 9.7% no
níquel e de 6.1% no alumínio.
22 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
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4.4. Comércio Internacional / Organização Mundial do Comércio (OMC)
Segundo dados coligidos pela OMC, o comércio mundial cresceu cerca de 25%
em valor no final do segundo trimestre de 2010, em termos homólogos,
retomando a sua evolução positiva em cadeia. Em volume, e relativamente a igual
trimestre de 2009, o comércio mundial terá crescido cerca de 14%.
Fonte: OMC
Entretanto, no seu World Economic Outlook, o FMI prevê um crescimento em
volume do comércio internacional de 11.4% em 2010 e de 7% em 2011.
4.5. Organizações Económicas Internacionais
Em informação divulgada no início do mês de Outubro, a OCDE considera que os
seus Indicadores Compostos Avançados – CLI mostram, agora, que o pico da
recente expansão já foi atingido na maioria das economias da OCDE. Com
excepção da Alemanha, do Japão e da China nota-se, assim, que o ritmo de
expansão diminuiu claramente na generalidade dos países. Os Estados Unidos terão,
também, atingido o pico da expansão desde a última divulgação destes indicadores
em Setembro.
Comércio Mundial
1500000
2000000
2500000
3000000
3500000
4000000
4500000
20
05
Q1
20
05
Q2
20
05
Q3
20
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Q4
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06
Q1
20
06
Q2
20
06
Q3
20
06
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20
07
Q1
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07
Q2
20
07
Q3
20
07
Q4
20
08
Q1
20
08
Q2
20
08
Q3
20
08
Q4
20
09
Q1
20
09
Q2
20
09
Q3
20
09
Q4
20
10
Q1
20
10
Q2
Milhões de dólares
23
Fonte: OCDE, indicadores ajustados de amplitude
O FMI divulgou as suas previsões para a evolução das diversas economias no
World Economic Outlook, revendo as suas projecções, na generalidade dos
casos, em alta para 2010 e em baixa para 2011. Segundo esta organização, a
consolidação orçamental necessária exigirá novos ajustamentos em 2011 o que
implicará retracção no crescimento.
Previsões do FMI
Previsões Diferença em relação às previsões
de Julho (p.p.)
2010 2011 2010 2011
PIB
Mundo 4.8 4.2 +0.2 -0.1
EUA 2.6 2.3 -0.7 -0.6
Zona do Euro 1.7 1.5 +0.7 +0.2
Alemanha
Espanha
Reino Unido 1.2 2.1 -0.1 -0.4
Japão 2.8 1.5 +0.4 -0.3
Economias avançadas -3.2 2.7 2.2 +0.1
China 9.1 10.5 9.6 0.0
Índia 5.7 9.7 8.4 +0.3
Brasil -0.2 7.5 4.1 +0.4
Rússia -7.9 4.0 4.3 -0.3
Economias emergentes ou em
desenvolvimento
desenv.
2.5 7.1 6.4 +0.3
Fonte: FMI. valores em tvh
Indicadores Avançados da OCDE
85
90
95
100
105
110
Jul-
07
Ag
o-0
7
Set
-07
Ou
t-0
7
No
v-0
7
Dez
-07
Jan
-08
Fev
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Portugal United States Euro area
OECD - Total United Kingdom Germany
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25
E C O N O M I A N A C I O N A L
1. Envolvente Política, Social e Económica
Projecções Macroeconómicas
Previsões de Outono Diferença em relação às
previsões de Verão (p.p.)
2009 2010 2011 2010 2011
PIB -2.6 1.2 0.0 +0.3 -0.2
Consumo privado -1.0 1.8 -0.8 +0.5 +0.1
Consumo público 2.9 1.5 -1.0 +2.4 -0.4
FBCF -11.9 -4.2 -3.2 -0.9 -1.6
Procura Interna -3.0 0.4 -1.2 +0.4 -0.1
Exportações -11.8 7.9 4.5 +2.7 +0.8
Importações -10.9 4.2 0.4 +2.5 +1.1
Contribuições para o PIB
Procura Interna -3.4 0.5 -1.2 +0.4 0.0
Exportações Líquidas 0.8 0.7 1.2 -0.2 -0.1
Fonte: BdP, Boletim Económico de Outono, valores em tvh, excepto contribuições para o PIB (em p.p.).
As projecções económicas do Banco de Portugal, publicadas no Boletim
Económico do Outono, apontam para um crescimento do PIB de 1.2% em 2010
e para uma estagnação em 2011, sem que o BdP tenha tido em conta, neste
exercício de previsão, as medidas de austeridade anunciadas no passado mês
de Setembro e constantes da proposta de Orçamento do Estado para 2011.
Tendo em conta o desempenho da economia portuguesa durante o segundo trimestre
de 2010, as projecções apresentadas pelo BdP para este ano foram revistas em
alta, no que se refere à evolução do PIB. Esta revisão decorre principalmente do
comportamento do consumo (privado e público) e das exportações, contrariado
parcialmente pelo aumento (maior do que o anteriormente previsto) das importações.
Assim, o crescimento económico em 2010 deverá ser impulsionado tanto pela
procura interna (contributo de 0.5 p.p.) como pela procura externa líquida (contributo
de 0.7 p.p.).
Estas previsões para 2010 implicam uma contracção da procura interna já na
segunda metade do ano, bem como um abrandamento das exportações, em
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E C O N O M I A N A C I O N A L
linha com o crescimento da procura externa dirigida às empresas portuguesas,
do que muito provavelmente resultará uma queda do PIB, em cadeia, nos dois
últimos trimestres do ano.
Para 2011, as previsões são já de crescimento negativo em todas as rubricas da
procura interna e de desaceleração das exportações (para 4.5%), devendo as
importações responder a esta evolução com um forte abrandamento, para uma
taxa de crescimento de apenas 0.4%. O crescimento nulo do PIB resultará, assim,
de contributos iguais, mas de sinal contrário, da procura interna (-1.2 p.p.) e da
procura externa líquida (1.2 p.p.).
Note-se que o BdP não antecipa ganhos de quotas de mercado das exportações
portuguesas, cuja evolução seria idêntica à da procura externa relevante para a
economia portuguesa.
Em suma, o BdP aponta para que o “inadiável processo de ajustamento económico”
se intensifique já a partir da segunda metade de 2010, dando particular ênfase à
necessidade de consolidação orçamental face à avaliação do risco da economia
portuguesa nos mercados de financiamento internacionais.
Resulta claro deste Boletim que é o acesso facilitado ao BCE que tem permitido
suprimir, de facto, a restrição de financiamento externo, que de outra forma já se teria
feito sentir, tanto sobre o Estado como sobre a banca e a economia em geral. Em
particular, o financiamento do sector público foi suportado inteiramente, em termos
líquidos, pelo sistema bancário residente, que se foi refinanciando junto do BCE,
aproveitando as medidas não convencionais (e temporárias) de política monetária
postas em prática por este banco central.
O BdP defende que “o cumprimento escrupuloso dos objectivos orçamentais
actualmente delineados surge como indispensável”. O não ajustamento
orçamental implicaria um” ajustamento abrupto do desequilíbrio das contas externas”,
com custos “incomensuravelmente mais elevados”, “uma contracção inaudita da
procura interna e um aumento substancial do desemprego”.
O FMI, no seu World Economic Outlook, sem considerações específicas,
apresenta previsões para a evolução do PIB português muito próximas das do
BdP, com um crescimento de 1.1% em 2010 e uma estagnação em 2011,
também sem ter em conta as medidas de austeridade anunciadas em Setembro.
Jorg Dressing, director-assistente do departamento de research do FMI,
27
apontou para uma queda de 1.4%, tendo em conta o efeito recessivo daquelas
medidas.
Mais recentemente, o cenário macroeconómico em que se baseia a proposta de
Orçamento do Estado para 2011 aponta para um crescimento do PIB em 2011
de 0.2%, sustentado por um aumento das exportações de 7.3% (bastante acima
dos 3.2% esperados para a evolução da procura externa relevante). O Orçamento do
Estado proposto implicaria uma redução de 8.8% do consumo público, mas a
previsão para o consumo privado (-0.5%) é mais optimista do que a do BdP.
Note-se contudo que, nesta proposta de Orçamento do Estado, a previsão das
receitas é feita com base num cenário diferente, que implicaria uma queda do
PIB em termos reais de 0.7% em 2011.
Contas Públicas
No final de Setembro, o Governo apresentou um conjunto de medidas
adicionais de consolidação (além das anunciadas em Maio, altura em que foram
revistas as metas do Programa de Estabilidade e Crescimento, PEC) para cumprir
as metas orçamentais para 2010 e 2011, antecipando algumas das medidas da
Proposta de Orçamento do Estado de 2011, que é analisada mais abaixo. São
referidas, a seguir, as principais medidas anunciadas para cumprir o défice de
7.3% do PIB em 2010, assim como os principais desvios identificados,
entretanto, pelo ministro das Finanças Teixeira dos Santos (na sequência da
apresentação da Proposta de Orçamento do Estado para 2011). A despesa
extraordinária relativa à aquisição dos submarinos (cerca de 1000 m.e.) e a
execução abaixo do previsto da receita não fiscal (desvios de 500 m.e. numa
concessão não realizada pela Estradas de Portugal e 400 m.e. em outras receitas)
serão compensadas pela receita extraordinária decorrente da transferência de
planos de pensões da Portugal Telecom para a CGA (cerca de 2600 m.e.). Esta
receita irrepetível permitirá ainda colmatar um desvio de 500 m.e. na despesa
com o SNS e outro de 260 m.e. nas autarquias, segundo o ministro das Finanças.
De forma a atenuar os riscos da execução orçamental até ao final do ano,
antecipam-se, já para 2010, as seguintes medidas também previstas para 2011:
- eliminar o aumento extraordinário de 25% do abono de família nos dois primeiros
escalões e extinguir os quarto e quinto escalões desta prestação;
- reduzir as ajudas de custo, horas extraordinárias e acumulação de funções,
eliminando a acumulação de vencimentos públicos com pensões do sistema público
de aposentação;
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E C O N O M I A N A C I O N A L
- reduzir as despesas com medicamentos e meios complementares de diagnóstico no
âmbito do SNS e redução dos encargos com a ADSE;
- congelar as admissões e reduzir o número de contratados;
- reduzir as despesas de investimento;
- aumentar as taxas em vários serviços públicos designadamente nos sectores da
justiça e da administração interna;
- aumentar em 1 p.p. a contribuição dos trabalhadores para a CGA.
Pouco depois, o presidente do Eurogrupo, o comissário europeu dos assuntos
económicos e o Presidente do BCE, saudaram em conjunto as medidas de
austeridade “ambiciosas” anunciadas por Portugal, mas instaram o Governo a
complementá-las com reformas estruturais adicionais e abrangentes para
relançar a competitividade portuguesa e o crescimento económico.
A Proposta de Orçamento do Estado para 2011, apresentada a meio de Outubro,
assume uma redução do défice das administrações públicas para 4.6% do PIB
(que aumenta 1.9% em termos nominais), na óptica da Contabilidade Nacional, face
a 7.3% em 2010. Os valores correspondem exactamente às metas orçamentais
mais exigentes que o Governo se propôs atingir em Maio de 2010 (menos 2
pontos percentuais e 1 p.p., respectivamente, que na actualização de Março do
Programa de Estabilidade e Crescimento), num contexto de forte tensão
relativamente ao risco de crédito soberano.
Contudo, a meta de 2010 apenas é atingida com recurso à receita de capital
extraordinária decorrente da incorporação do Fundo de Pensões da Portugal
Telecom na CGA (2600 m.e.), sem o qual o défice seria de 8.8% do PIB. Segundo a
Proposta de orçamento, o desvio em alta de 1.5 p.p. face à nova meta de 7.3% do
PIB resulta sobretudo da contabilização não prevista de dois submarinos
(consumo intermédio no valor de 0.6% do PIB) e da evolução abaixo do esperado
da “outra receita corrente”. Note-se que o aumento significativo (0.6% do PIB)
inicialmente projectado para esta componente residual de receita não fora explicado
no relatório orçamental de 2010. Para a derrapagem orçamental em 2010
contribuiu ainda a incapacidade de contenção da despesa corrente primária, já
que a rubrica, ao invés de diminuir, aumentou cerca de 4%, quer face ao valor
orçamentado, quer face a 2009, excluindo o valor relativo aos submarinos.
Em 2011, a diminuição do défice das contas públicas em 4447 m.e. resulta de uma
descida semelhante na despesa (que recua 5.3%), com a receita a manter-se
praticamente inalterada. Em percentagem do PIB, o recuo do peso da despesa (3.4
p.p., para 45.4%) é superior ao registado na receita (0.8 p.p., para 40.8%), explicando
a diminuição do défice de 7.3% para 4.6%.
29
Proposta de Orçamento do Estado para 2011 (óptica da Contabilidade Nacional)
2010 Peso no 2011 Peso no 2011/2010
(EE) PIB (OE) PIB valor % p.p. PIB
RECEITAS CORRENTES 67 577 39.1% 69 832 39.7% 2 255 3.3% 0.5
da qual: receita fiscal e contributiva 53 840 31.2% 56 567 32.2% 2 727 5.1% 1.0
- Receita fiscal 38 267 22.2% 40 492 23.0% 2 225 5.8% 0.8
- imp. Indirectos (s/ Produção e importação) 23 158 13.4% 24 632 14.0% 1 474 6.4% 0.6
- impostos directos (s/ Rend. e património) 15 109 8.8% 15 860 9.0% 751 5.0% 0.3
- contribuições sociais 21 348 12.4% 21 298 12.1% -50 -0.2% -0.3
das quais: contribuições sociais efectivas 15 573 9.0% 16 075 9.1% 502 3.2% 0.1
- outra receita corrente 7 963 4.6% 8 042 4.6% 79 1.0% 0.0
DESPESAS CORRENTES 79 066 45.8% 75 825 43.1% -3 241 -4.1% -2.7
da qual: despesa corrente primária 74 084 42.9% 69 499 39.5% -4 585 -6.2% -3.4
desp.corr.prim. sem submarinos 73 084 42.3% 69 499 39.5% -3 585 -4.9% -2.8
- consumo intermédio 9 038 4.7% 8 638 4.9% -400 -4.4% 0.3
do qual: 2 submarinos em 2010 1 000 0.6% -1 000 -100.0% -0.6
- despesas com pessoal 20 846 12.1% 19 271 11.0% -1 575 -7.6% -1.1
- prestações sociais 38 675 22.4% 37 820 21.5% -855 -2.2% -0.9
- juros 4 982 2.9% 6 326 3.6% 1 344 27.0% 0.7
- subsídios 1 458 0.8% 799 0.5% -659 -45.2% -0.4
- outra despesa corrente 4 068 2.4% 2 971 1.7% -1 097 -27.0% -0.7
DESPESAS CORRENTES sem submarinos 78 066 45.2% 75 825 43.1% -2 241 -2.9% -2.1
SALDO CORRENTE -11 489 -6.7% -5 993 -3.4% 5 496 -47.8% 3.2
SALDO CORRENTE sem submarinos -10 489 -6.1% -5 993 -3.4% 4 496 -42.9% 2.7
RECEITA DE CAPITAL 4 282 2.5% 2 029 1.2% -2 253 -52.6% -1.3
da qual: Fundo Pensões PT em 2010 (FP) 2 600 1.5% 0.0% -2 600 -100.0% -1.5
RECEITA DE CAPITAL sem FP 1 682 1.0% 2 029 1.2% 347 20.6% 0.2
DESPESA DE CAPITAL 5 337 3.1% 4 133 2.3% -1 204 -22.6% -0.7
SALDO DE CAPITAL -1 055 -0.6% -2 104 -1.2% -1 049 99.4% -0.6
SALDO DE CAPITAL sem FP -3 655 -2.1% -2 104 -1.2% 1 551 -42.4% 0.9
RECEITA TOTAL 71 859 41.6% 71 861 40.8% 2 0.0% -0.8
RECEITA TOTAL sem FP 69 259 40.1% 71 861 40.8% 2 602 3.8% 0.7
DESPESA TOTAL 84 403 48.9% 79 958 45.4% -4 445 -5.3% -3.4
DESPESA TOTAL sem submarinos 83 403 48.3% 79 958 45.4% -3 445 -4.1% -2.9
SALDO GLOBAL -12 544 -7.3% -8 097 -4.6% 4 447 -35.5% 2.7
SALDO GLOBAL sem FP e submarinos -14 144 -8.2% -8 097 -4.6% 6 047 -42.8% 3.6
SALDO PRIMÁRIO -7 562 -4.4% -1 771 -1.0% 5 791 -76.6% 3.4
SALDO PRIMÁRIO sem FP e submarinos -9 162 -5.3% -1 771 -1.0% 7 391 -80.7% 4.3
Valores em milhões de euros (m.e.); EE - estimativa de execução; p.p. - pontos percentuais.
Contudo, para se apreciar adequadamente o acentuado esforço de consolidação
em 2011 é preciso excluir, em 2010, a receita irrepetível do Fundo de Pensões
30 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
E C O N O M I A N A C I O N A L
da PT e a despesa com submarinos. Nesse caso, o défice orçamental reduz-se
6047 m.e., de 8.2% para 4.6% do PIB, em resultado de uma descida de 2.9 p.p.
do peso da despesa no produto e um acréscimo de 0.7 p.p. no caso da receita,
correspondendo a variações de -3445 e 2602 m.e. em termos absolutos e a taxas de
variação de -4.1% e 3.8%, respectivamente.
A evolução da despesa em percentagem do PIB corresponde à descida de 2.8
p.p. na despesa corrente primária (para 39.5% do PIB), pois o recuo de 0.7 p.p.
no investimento (para 2.3% do PIB) compensa uma subida similar nos juros
(para 3.6% do PIB).
Na despesa corrente primária, destaca-se a descida de 1.1 p.p. nos custos com
o pessoal, decorrendo sobretudo do corte progressivo nos vencimentos brutos acima
de 1500 euros mensais (conduzindo a um corte de 5% na massa salarial global) e do
congelamento das promoções, progressões e contratações de pessoal. Outras
medidas de contenção nesta rubrica incluem a redução das ajudas de custo, horas
extraordinárias e acumulação de funções (incluindo a acumulação de vencimentos e
pensões do Estado) e a redução em 20% das despesas com a frota automóvel.
Segue-se a redução de 0.9 p.p. nas prestações sociais, a reflectir,
nomeadamente, a diminuição dos custos com o Serviço Nacional de Saúde, o
congelamento das pensões, a redução em 20% nas despesas com o Rendimento
Social de Inserção, a eliminação do aumento extraordinário de 25% do abono de
família nos dois primeiros escalões e da prestação nos dois escalões mais elevados,
assim como a redução dos encargos com a ADSE.
Destaca-se ainda a redução de 0.7 p.p. nas “outras despesas correntes” e de
0.4 p.p. na despesa com subsídios, assim como o acréscimo de 0.3 p.p. nos
consumos intermédios (que corresponde a uma descida de 0.3 p.p. incluindo a
despesa com submarinos em 2010). O aumento da despesa comparável com
consumos intermédios parece resultar de uma reclassificação de despesas de
saúde suportadas pela ADSE, da rubrica “despesa com pessoal - segurança social”,
para a rubrica “outros serviços de saúde”. Assim, o corte acima referenciado nas
despesas com pessoal poderá estar sobreavaliado devido a esta reclassificação, que
apenas é mencionada na apreciação das contas do subsector Estado em
Contabilidade Pública, mas parece ser também aplicável à presente análise em
Contabilidade Nacional para o conjunto das administrações públicas.
No que se refere ao investimento, a descida acentua-se em 2011 (22.6%, após
11.4% em 2010), conduzindo a um peso no PIB de apenas 2.3%, um dos valores
mais baixos de que há registo. Apesar das restrições ao investimento para
31
cumprir as metas orçamentais e aliviar as pressões dos mercados
internacionais, os grandes projectos do TGV e do novo aeroporto de Lisboa
(para já sem grandes verbas associadas) são mantidos no Orçamento do Estado,
estando prevista a adjudicação de obras em 2011.
Em termos de receita, o Orçamento do Estado prevê um aumento de 2255 m.e.
da receita corrente (explicando 37.3% da melhoria do saldo orçamental
comparável), que conduz a um aumento do seu peso no PIB em 0.5 p.p. (para
39.7%), mais do que a subida de 0.2 p.p. que se observa na receita de capital
comparável.
Dentro das receitas correntes, a subida de 0.8 p.p. nas receitas fiscais (1698
m.e.), para 23% do PIB, mais do que compensa a quebra de 0.3 p.p. nas
contribuições sociais (para 12.1% do PIB), que é amortecida pela entrada em vigor
do novo Código Contributivo, pelo alinhamento da contribuição dos trabalhadores
para a CGA com a taxa de contribuição para a Segurança Social, e pela integração
do sector bancário no regime geral da Segurança Social a partir do início de 2011.
Entre as principais medidas que justificam o aumento da receita fiscal, destaca-
se o aumento da taxa normal do IVA (para 23%) e a revisão dos produtos
sujeitos a taxas reduzidas, a redução da despesa fiscal e a imposição de uma
contribuição ao sistema financeiro em linha com a iniciativa em curso na UE.
Segundo o Governo, sem as referidas medidas, registar-se-ia uma quebra da receita
fiscal (1.3%, em Contabilidade Pública, em lugar de um crescimento de 6.2%).
As outras receitas correntes mantêm o seu peso no PIB em 4.6%, sendo que a
sua diminuição é evitada pela revisão geral do sistema de taxas, multas e
penalidades, e por outras receitas ligadas às telecomunicações, explorações
hídricas e jogos.
Em suma, a Proposta de Orçamento do Estado de 2011 apresenta uma
acentuada redução do défice, exigida pela forte pressão dos mercados
internacionais num contexto de risco de crédito soberano agravado. A
consolidação orçamental proposta assenta maioritariamente numa redução
sem precedentes da despesa, mas cerca de um terço do esforço corresponde
ao acréscimo de receita corrente, com destaque para o aumento do IVA.
Refira-se ainda que a forte redução do défice orçamental não impede um novo
agravamento significativo da dívida pública, que passa para 86.6% do PIB após
82.1% e 76.1% nos dois anos precedentes.
No final de Outubro, o Governo e o principal partido designaram duas
delegações para chegar a uma base de entendimento para aprovação do
32 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
E C O N O M I A N A C I O N A L
Orçamento do Estado, o que só foi conseguido numa segunda ronda negocial,
já depois da reunião do Conselho de Estado convocada pelo Presidente da
República, onde o acordo orçamental foi considerado crucial para o futuro do País.
As principais alterações à Proposta de Orçamento visam minorar o impacto das
medidas de austeridade sobre as famílias e as empresas, tendo um custo
estimado de 500 m.e., que será compensado com medidas a determinar pelo
Governo (depreende-se que maioritariamente do lado da despesa), de modo a
manter o objectivo de 4.6% do PIB para o défice público em 2011. Depois de
analisados os condicionalismos existentes nas contas públicas e de avaliação das
possibilidades de reforço da meta de redução da despesa pública corrente primária
definida para 2011, foram acordados entre as duas delegações os seguintes
ajustamentos à proposta de Orçamento para 2011:
a) No IRS, a manutenção do actual esquema de deduções fiscais para as
despesas das famílias com a educação, saúde e habitação com excepção
dos dois últimos escalões de rendimentos mais elevados;
b) Uma vez que o Governo considera que a credibilidade internacional do
esforço exigido pela consolidação orçamental a que está comprometido
para 2011 exige, imperativamente, o aumento da taxa normal do IVA em
dois pontos percentuais, a delegação do PSD aceitou esta restrição, com a
introdução dos aperfeiçoamentos seguintes:
i) Não alteração das taxas reduzida e intermédia de IVA para os
produtos alimentares e para alimentação humana;
ii) Concordância pela delegação do Governo da proposta da delegação
do PSD no sentido de se iniciar um programa de redução sustentada
da Taxa Social Única (TSU) paga pelas empresas. A delegação do
Governo partilha a preocupação estratégica subjacente a esta política
no sentido da redução dos custos de produção das empresas estimulando
a competitividade e o emprego. Não havendo condições para iniciar este
movimento já em 2011, o Governo compromete-se a reforçar o
processo de consolidação orçamental de modo a poder concretizar
esta medida estratégica;
iii) Dentro da preocupação de contribuir para a melhoria da tesouraria das
empresas num contexto de crédito difícil e para uma maior eficiência das
compras do sector público administrativo e empresarial, as duas
delegações convergiram na necessidade de garantir os mecanismos
jurídicos, administrativos e procedimentais para o cumprimento
efectivo do prazo de 60 dias no pagamento aos fornecedores.
33
No âmbito da preocupação conjunta quanto à sustentabilidade das finanças
públicas a prazo e do reforço da credibilidade da política orçamental e da
qualidade das políticas públicas em geral, ambas as delegações concordaram:
a) Quanto às parcerias Público-Privadas (PPP) e Concessões, que implicam
encargos para os contribuintes, hoje e no futuro, convergiu-se na
necessidade de as reponderar e reavaliar atendendo ao contexto actual de
financiamento da economia portuguesa, o qual obriga à redefinição de
prioridades na alocação dos recursos. A delegação do Governo informou que
já está em curso a reavaliação na óptica da análise do custo-benefício e
dentro dos princípios gerais seguintes:
i) Não celebração de novos contratos enquanto não se completar, com
urgência, a reavaliação dos seus encargos plurianuais no quadro dos
compromissos já existentes;
ii) Reanalisar prioritariamente, com urgência, as PPP e grandes obras,
sem excepção, ainda não iniciadas ou na fase inicial de construção;
iii) Relativamente aos contratos antigos ainda vivos, reanalisá-los
jurídica, económica e financeiramente atendendo às novas
circunstâncias dos mercados financeiros.
Para o reforço da celeridade da análise em curso, ambas as Delegações
concordaram na criação imediata de um grupo de trabalho, constituído por
personalidades qualificadas, escolhidas de comum acordo, independentes e de
perfil adequado, e com meios de apoio que considere necessários à
execução deste mandato.
b) Em linha com as melhores práticas internacionais e com as
recomendações da União Europeia no que respeita à melhoria do
enquadramento orçamental e da sua transparência, ambas as delegações
concordaram em propor ao Governo e à Assembleia da República a
criação célere de uma entidade com as atribuições e o grau de
independência adequados. Esta entidade terá a missão de avaliar a
consistência dos objectivos relativamente aos cenários macroeconómico e
orçamental, a evolução das finanças públicas e a sua sustentabilidade de
longo prazo, incluindo o cumprimento das regras orçamentais plurianuais,
actuando quer no âmbito do sector público administrativo, quer do sector
empresarial do Estado. Para tal, a entidade será dotada de independência
técnica e de competências de acesso à informação disponível para o exercício
das suas funções. A delegação do Governo salientou que o executivo já tem
em estudo essa questão e outras no âmbito da revisão em curso da Lei do
Enquadramento Orçamental. Para a operacionalização desta decisão,
ambas as delegações concordaram na criação imediata de um grupo de
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E C O N O M I A N A C I O N A L
trabalho constituído por reputados especialistas na matéria para elaboração
da citada proposta.
Ainda no âmbito da sustentabilidade das contas públicas, ambas as delegações
concordarem que uma redução sustentada da despesa pública exige o
aprofundamento da reestruturação em curso tanto do sector público
administrativo como do sector público empresarial (SPE). O processo deverá
ter como objectivo a racionalização das macro-estruturas, micro-estruturas,
processos, funções e programas, e basear-se nas metodologias de optimização
aplicáveis e no benchmarking com a organização dos países com administrações
mais avançados na relação qualidade/custo. A delegação do governo informou
que dará seguimento a um levantamento célere dos organismos e entidades da
administração directa e indirecta do Estado, do SPE, regional e local, susceptíveis
de racionalização, extinção ou fusão, de forma a avaliar os respectivos
impactos orçamentais e a assegurar uma maior contenção de custos.
Estimativa de Execução Orçamental do Estado
Jan-Set 2009 Jan-Set 2010 Variação
homóloga
Variação
OE 2010
Receita corrente 25 663.9 26 032.0 1.4% 1,1%
Despesa corrente 32 692.8 33 782.2 3.3% 3,7%
da qual: despesa corrente primária 28 774.2 30 087.9 4.6% 2,9%
Saldo corrente -7 028.9 -7 750.2 10.3% 12.0%
Receita de capital 359.5 487.7 35.7% 146.4%
Despesa de capital 2 440.6 2 055.2 -15.8% -9.8%
Saldo de capital -2 081.1 -1 567.5 -24.7% -35.0%
Saldo de execução orçamental -9 110.0 -9 317.7 2.3% 1,3%
Saldo primário -5 191.4 -5 623.4 8.3% -3.5%
valores em milhões de euros (m.e.); óptica da Contabilidade Pública.
Nota: os valores de despesa excluem activos financeiros, passivos financeiros e a transferência para o Fundo de
Regularização da Dívida Pública.
Fonte: Direcção-geral do Orçamento (DGO) - Boletim de Execução Orçamental
Segundo a mais recente síntese de execução orçamental da DGO, o subsector
Estado acumulou um défice de 9317.7 m.e. entre Janeiro e Setembro, o que
traduz um agravamento de 1.3% (207.7 m.e.), com a deterioração do saldo corrente
a sobrepor-se à melhoria do saldo de capital. A descida do saldo orçamental
resultou de uma subida ligeiramente mais forte da despesa do que da receita
(2% e 1.9%, respectivamente, face a metas orçamentais iniciais de 2.7% e 3.2% para
o conjunto do ano, agora insuficientes face ao novo objectivo para o défice),
destacando-se a desaceleração da despesa face à execução de Agosto (2.7%),
35
ainda que devido, sobretudo, à quebra mais forte do investimento (15.8%, face a
5.3% até Agosto).
Refira-se que o Estado foi o único subsector das administrações públicas a
registar uma deterioração das contas nos períodos em confronto, a par com a
redução do excedente da Segurança Social (em 116 m.e.), sendo o único com
um saldo negativo significativo (o défice da administração regional é muito menor,
e diminuiu).
Ainda que a despesa total do Estado esteja a crescer abaixo do orçamentado
inicialmente, tal deve-se ao recuo não esperado da despesa com juros (5.7%) e
ao reforço assumido da quebra do investimento (15.8%, face a uma descida
orçamentada de 9.8%) para cumprir os novos objectivos das contas públicas. A
despesa corrente primária não só não está a recuar em linha com o anunciado
em Maio para cumprir os novos compromissos orçamentais, como está a subir
muito mais do que inicialmente orçamentado (4.6%, face a uma meta original de
2.9%, desacelerando apenas ligeiramente face à subida de 4.8% até Agosto), isto
ainda sem contar com os dois submarinos (1000 m.e.) que não estavam previstos
para este ano nem no orçamento inicial nem na actualização de Maio do PEC.
Na despesa corrente primária, destacam-se as subidas de 5.2% das
transferências correntes e de 3.6% da despesa com pessoal (após corrigir a
reclassificação de verbas das contribuições do Estado para a CGA em 2009).
Ao nível da despesa com pessoal, o maior crescimento regista-se na rubrica
“Segurança Social” (12.3%) devido ao aumento da contribuição dos serviços da
administração directa do Estado para a CGA, mas assume um maior peso a subida
de 1.7% nas remunerações certa e permanentes, que decorre dos novos
sistemas salariais das forças de segurança e dos militares, de alterações salariais
de docentes do ensino não superior e ainda da contratação extraordinária de
pessoal a termo pelo INE no âmbito do Recenseamento Agrícola e da preparação
do Censos 2011.
Dentro das transferências, realça-se o peso preponderante da subida de 10.4%
nas transferências para a Segurança Social, reflectindo o cumprimento da
respectiva lei de bases, para além do aumento de 6.5% das verbas para o SNS,
onde se salienta a assunção, a partir de 2010, dos encargos de saúde prestados aos
beneficiários dos subsistemas públicos. Regista-se ainda o crescimento muito
significativo (6.9%) das “outras transferências correntes” justificado pelo
aumento dos encargos com bolsas de ensino Superior e pela reclassificação das
36 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
E C O N O M I A N A C I O N A L
transferências para as instituições de ensino superior com natureza fundacional, que
até Junho de 2009 se processavam por transferências para a Administração Central.
Em termos de poupanças, observam-se apenas as descidas de 0.3% nas
aquisições de bens e serviços e de 3.4% na despesa com subsídios, em ambos
os casos com reduzida expressão orçamental.
Nas receitas, o acréscimo de 3.3% da receita fiscal (mais 2.1 p.p. que o
previsto), sobrepõe-se à descida da receita não fiscal (8.6%), que tem origem na
sua componente corrente (quebra de 14.6%),1 determinando o comportamento abaixo
do esperado da receita total. Daqui resulta que a receita corrente está a crescer
ligeiramente acima do esperado (1.4%, face a um objectivo de 1.1%), mas a
receita de capital apresenta uma progressão abaixo do previsto (35.7%, que
compara com uma meta de 146.4%).
A subida da receita fiscal provém dos impostos indirectos (aumento homólogo
de 10.4%), que contrariam a quebra de 5.5% nos impostos directos. Nestes, o
IRC diminui 1.5% e o IRS recua 7.6%, o que, no segundo caso, reflecte um aumento
dos reembolsos mais a influência do novo regime de transferências da participação
variável deste imposto para os municípios (que passou a ser feita mensalmente, ao
invés de 2009, em que foi efectuada apenas no último trimestre).
Nos impostos indirectos, salienta-se o crescimento de 13.9% da cobrança de
IVA, bastante acima da meta orçamental de 3.6%, mas em linha com a subida de
13.9% até Agosto, apesar da subida da taxa de imposto, que estará a ser contrariada
pelo abrandamento da actividade no segundo trimestre. Outro contributo
importante para o aumento da receita fiscal provém da subida de 22.4% no
Imposto sobre o Tabaco, devido ao forte crescimento da introdução ao consumo.
Destaca-se ainda o aumento de 20.4% no Imposto sobre Veículos e de 15.2% no
Imposto Único de Circulação. Pela negativa, a principal quebra ocorreu no Imposto
de Selo (7.9%), explicada fundamentalmente pela diminuição das operações
financeiras. O recuo de 0.5% do ISP, associado ao decréscimo do consumo de
gasolinas, teve um impacto pouco significativo sobre a evolução da receita.
Em termos de taxas de execução, os valores até Setembro foram de 73.4% na
receita (76.5% no caso das receita fiscal) e de 71.3% na despesa (72.9% no caso da
despesa corrente primária), situando-se, nos dois casos, abaixo do padrão de
execução uniforme ao longo do ano (75%).
1 Segundo a DGO, o recuo desta componente corrente das receitas não fiscais fica sobretudo a dever-se às
"Transferências correntes", "Reposições não abatidas nos pagamentos", em grande parte traduzindo
movimentos internos à administração pública, e "Rendimentos da propriedade".
37
Em suma, os dados da DGO evidenciam um aumento do défice do Estado e a
redução do excedente da Segurança Social, que contrariam a evolução favorável
nos restantes subsectores. A incapacidade do Estado conter a despesa corrente
primária (onde pesam sobretudo as subidas das transferências para a Segurança
Social e para o SNS, e o aumento dos custos com pessoal) e o recuo das “outras
receitas correntes” (que confirma o optimismo das previsões iniciais) parecem ser
os principais factores a impedir uma boa execução orçamental nesse subsector.
Em termos de perspectivas, e numa óptica de cumprimento das metas orçamentais
estabelecidas em Maio, sob apertado escrutínio externo, espera-se que a despesa
continue a desacelerar devido ao efeito desfasado das medidas de contenção.
Contudo, este abrandamento poderá ser contrariado pelo aumento esperado na
despesa com juros.
Ao nível da receita, espera-se um reforço do crescimento do IVA devido ao
aumento da taxa de imposto em Julho, embora o provável abrandamento
económico na segunda metade do ano possa contrariar este efeito.
Note-se ainda que a análise detalhada da execução orçamental continua a ser
dificultada pela mudança de critérios de classificação de despesas, bem como por
alterações no padrão temporal de execução ao longo do ano.
Sistema Fiscal
O Governo entregou à Assembleia da República a Proposta de Lei de
Orçamento do Estado para 2011 (OE 2011) através da qual visa, essencialmente,
diminuir o impacto da crise financeira na sustentabilidade das finanças do
Estado.
Registam-se nesta Proposta de Lei alterações significativas nos principais impostos
do sistema fiscal português: IRC, IVA e IRS. A alteração da taxa do IVA, o
alargamento da base de incidência do IRC, a introdução de limites globais para
as deduções à colecta e para os benefícios fiscais terão um impacto muito
significativo, quer para as empresas, quer para as famílias.
Em sede de IRC
Destaca-se o facto de, através de medidas aplicáveis no âmbito da eliminação da
dupla tributação económica se proceder a um considerável alargamento da
base de incidência do imposto. Com estas medidas procede-se a um considerável
alargamento da base de incidência do IRC.
38 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
E C O N O M I A N A C I O N A L
Regista-se também o aumento das taxas de retenção na fonte, bem como o
agravamento das taxas de tributação autónoma. Estas últimas são elevadas em
10% quando o sujeito passivo apresente prejuízos fiscais no período de tributação em
que ocorram os factos que dão origem à tributação autónoma.
No âmbito deste imposto:
A dedução de prejuízos fiscais passa a estar sujeita a certificação legal das
contas por parte de um Revisor Oficial de Contas (termos a definir por portaria).
Prevê-se, em situações específicas, agravamento da taxa de tributação
autónoma dos encargos com viaturas ligeiras de passageiros ou mistas.
Com o objectivo de evitar a fraude e evasão fiscal impõe-se, em sede de IRC e de
IRS, às denominadas “contas-jumbo” a taxa mais elevada aplicável a rendimentos
de capitais. Trata-se de contas bancárias que servem de veículo de investimento
em fundos e investimentos imobiliários mas em que os beneficiários não são
identificados, o que inviabiliza a retenção na fonte do imposto. Assim, é criada
uma taxa liberatória de 30%, a aplicar através de retenção na fonte a título
definitivo, sobre todos os rendimentos que sejam pagos ou colocados à
disposição em contas abertas em nome de um ou mais titulares por conta de
terceiros não identificados.
No âmbito do resultado da liquidação, a dedução de benefícios fiscais passa a
não poder resultar num montante de IRC liquidado inferior a 90% daquele
que seria apurado na ausência daqueles benefícios.
Com o OE para 2010 esta percentagem passou de 60% para 75%.
Passam a estar excluídos deste regime apenas os benefícios fiscais: (i) que
revistam carácter contratual; (ii) o SIFIDE II, (iii) às Zonas Francas; (iv) que
operem por redução de taxa; (vi) à criação de emprego; (vi) decorrentes do regime
aplicável às SGPS, SCR e ICR e (vii) decorrentes da aplicação do mecanismo de
eliminação da dupla tributação económica dos lucros distribuídos por sociedades
residentes nos países africanos de língua oficial portuguesa e na República
Democrática de Timor-Leste.
É criada uma contribuição sobre o sector bancário que incide sobre o passivo
apurado e aprovado pelos sujeitos passivos, deduzido dos fundos próprios de
base e complementares e dos depósitos abrangidos pelo Fundo de Garantia de
Depósitos e o valor dos instrumentos financeiros derivados fora do balanço
39
apurado pelos sujeitos passivos. No primeiro caso a taxa poderá variar entre
0,01% e 0,05% e no segundo entre 0,0001% e 0,0002%.
É reduzido de seis para quatro anos o período de reporte dos prejuízos
fiscais e menos-valias apurados por pessoas colectivas e outras entidades
residentes que não exerçam, a título principal, uma actividade comercial, industrial
ou agrícola.
A Proposta de Lei do OE 2011 contempla medidas excepcionais de apoio ao
financiamento das empresas:
No caso de suprimentos e outros empréstimos de sócios de PME, prevê-se
um aumento para 6% do actual spread de 1,5% sobre a taxa euribor a 12
meses, para efeitos de aceitação como custo fiscal da remuneração de
suprimentos e outros empréstimos feitos pelo sócio à sociedade.
Este prémio sobre as taxas de mercado pretende ser um incentivo para que as
sociedades se financiem junto dos respectivos sócios.
Prorroga para o triénio 2011 – 2013 o incentivo relativo à remuneração
convencional do capital social que consiste na dedução ao lucro tributável de
IRC de 3% das entradas de capital realizadas no âmbito de constituição de
sociedades ou de aumento de capital social de PME.
Alarga a isenção do Imposto do Selo aos empréstimos com características
de suprimentos efectuados pelos sócios às sociedades, eliminando a
exigência de um prazo inicial de um ano e da obrigação do seu reembolso não
ocorrer antes de decorrido aquele prazo como requisito para a isenção.
Ao nível dos Benefícios Fiscais
O beneficio fiscal à criação de emprego passa a poder ser concedido mais do
que uma vez por trabalhador desde que admitido por entidades não relacionadas,
nos termos do regime dos preços de transferência estabelecido no Código do IRC.
É criado o SIFIDE II - Sistema de Incentivos Fiscais em Investigação e
Desenvolvimento Empresarial, que vigorará nos períodos de tributação de 2011
a 2015, em condições semelhantes às actualmente em vigor no âmbito do SIFIDE.
40 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
E C O N O M I A N A C I O N A L
O Regime Fiscal de Apoio ao Investimento (RFAI) é estendido até 31 de
Dezembro de 2011, por se considerar um instrumento útil no apoio aos pequenos
projectos de investimento e ao combate ao desemprego.
No que se refere à Segurança Social:
É adiada para 2014 a entrada em vigor das normas do Código Contributivo
relativas à diferenciação da taxa contributiva da entidade empregadora em
função do tipo de contrato de trabalho. Está aqui incluído o agravamento da
taxa contributiva em 3 pontos percentuais com contratos a termo, bem como a
redução de 1 ponto percentual nos contratos a termo.
Ficam igualmente adiadas para 2014 as normas relativas à base contributiva
dos trabalhadores dependentes, respeitantes a participações nos lucros da
empresa e valores despendidos pela entidade empregadora com aplicações
financeiras a favor dos trabalhadores e prémios relacionados com o desempenho
da empresa.
A nova taxa contributiva devida pela entidade contratante de prestações de
serviço (trabalhadores independentes) só será devida no caso de 80% ou mais do
valor da actividade ser prestado à mesma empresa.
A incidência contributiva sobre o uso pessoal de veículo que gere encargos
para a entidade empregadora depende de acordo escrito e ocorrerá em casos
limitados.
É criada uma contribuição extraordinária de solidariedade aplicável às
reformas, pensões e subvenções pagas a um único titular, cujo valor mensal seja
superior a 5.000€. Ao montante que exceda este valor passa a ser aplicável uma
contribuição extraordinária de 10%.
Em sede de IVA
É aumentada de 21% para 23% a taxa normal do IVA e são revistas as listas I e II
de bens tributados à taxa reduzida (6%) e intermédia (13%).
Esta subida do IVA coloca Portugal no grupo dos seis países da União Europeia com
o IVA mais elevado. Ainda que muito penalizador para cidadãos e empresas, o forte
agravamento do IVA poderá produzir um encaixe relevante nas contas públicas no
curto prazo. No entanto, não pode desprezar-se a grande diferença de taxas que
41
passa a verificar-se com o País vizinho e os impactos negativos que isso poderá
acarretar.
No âmbito do IRS
As taxas marginais do imposto passam a variar entre 11,5% e 46,5% e os
escalões apresentam um acréscimo de 2,2%.
Criam-se limites para os valores dedutíveis quer no âmbito das deduções à
colecta quer no âmbito dos benefícios fiscais que variam em função do
escalão de rendimento colectável.
No caso das deduções à colecta, o somatório das deduções com despesas de
saúde, de educação e formação, encargos com lares e encargos com imóveis fica
sujeito a limites que variam entre 800€ e 1.100€.
Deixam de ser dedutíveis à colecta os encargos com seguros de vida e acidentes
pessoais, excepto no caso de pessoas portadoras de deficiência ou com profissão
de desgaste rápido.
No caso dos benefícios fiscais e de legislação avulsa a dedução total fica
limitada entre 0€ e 100€. Estão aqui incluídas as contribuições para fundos de
pensões e PPR, encargos com energias renováveis, seguros de saúde,
contribuições para o regime público de capitalização e os donativos.
O valor da dedução específica para as pensões de valor anual superior a
22.500€ é de 6.000€, deduzida, até à sua concorrência, de 20% da parte que
exceder aquele valor anual. Actualmente, esta redução é de 13% aplicável
relativamente a pensões de valor superior a 30.240€.
Os juros de suprimentos passam a estar sujeitos a uma taxa de retenção na
fonte de 21,5%.
Nos Impostos Especiais de Consumo
Prevê-se um aumento geral da taxa de 2,2% nos produtos produto sujeitos a IEC –
bebidas alcoólicas, produtos petrolíferos e energéticos e tabaco.
No Imposto sobre Veículos
É introduzido um coeficiente anual de actualização ambiental na fórmula do ISV em
consequência do qual, se verifica um acréscimo genérico de 5% na componente
ambiental do cálculo do IVS para 2011.
42 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
E C O N O M I A N A C I O N A L
No âmbito da Lei Geral Tributária
Com o intuito de reforçar a combate à fraude fiscal são reforçadas as obrigações
de comunicação das instituições de crédito e sociedades financeiras.
A Administração Tributária pode aceder a toda a informação bancária relativa a
contribuintes que tenham dívidas tributárias sem necessidade do seu
consentimento.
Outras Disposições relevante na Proposta de OE 2011:
A taxa de juros de mora passa a ter vigência anual com início a 1 de Janeiro de
cada ano.
Fixa em 2,25 € o valor mensal da contribuição para o audiovisual a cobrar em
2011.
Com vista à viabilização da Proposta de Orçamento do Estado para 2011, o
Governo e o PSD chegaram a um protocolo de entendimento, no qual, em
matéria fiscal se destacam os seguintes ajustamentos à Proposta de OE 2011:
No IRS, mantém-se as actuais regras de deduções fiscais para as despesas com
educação, saúde e habitação, com excepção dos dois últimos escalões de
rendimentos mais elevados;
No IVA, mantém-se a actual composição das listas I e II a que se aplicam a taxa
reduzida e intermédia relativamente aos produtos alimentares e aos produtos para
alimentação humana;
Na Segurança Social, é assumido o compromisso de iniciar um programa de
redução sustentada da Taxa Social Única paga pelas empresas.
O Conselho de Ministros aprovou o diploma que introduz no ordenamento
jurídico português a arbitragem em matéria tributária, como forma alternativa de
resolução jurisdicional de conflitos no domínio fiscal.
A arbitragem tributária permitirá que os processos que opõem os contribuintes ao
Estado, em matéria fiscal, possam ser decididos através tribunais arbitrais que
decidirão os litígios com os mesmos efeitos e força jurídica que um tribunal tributário.
A arbitragem tributária é instituída com os objectivos de imprimir uma maior
celeridade na resolução de litígios e reduzir a pendência de processos nos tribunais
judiciais.
O processo arbitral tributário caracteriza-se pela redução das formalidades exigidas
nos tribunais e pelo estabelecimento de um limite temporal de seis meses para a
43
adopção da sentença arbitral, com possibilidade de uma única prorrogação, que
nunca poderá exceder os seis meses.
Consagra-se um regime transitório que prevê a possibilidade de os sujeitos passivos
submeterem aos tribunais arbitrais a apreciação dos actos tributários que se
encontrem pendentes de decisão há mais de dois anos, com dispensa de pagamento
de custas judiciais.
Política Industrial e Comercial e Investimentos Públicos
Foram estabelecidas as regras de implementação do regime de cobrança de
taxas de portagem em todas as auto-estradas sem custos para o utilizador
(SCUT). O diploma, publicado no Diário da República de 22 de Setembro
(Resolução do Conselho de Ministros n.º 75/2010), introduziu os princípios da
universalidade e da discriminação positiva na cobrança de taxas de portagem
para os utilizadores locais das regiões mais desfavorecidas.
O início de cobrança de taxas de portagem ocorreu no dia 15 de Outubro nas Scut
Norte Litoral, Grande Porto e Costa da Prata e ocorrerá até ao dia 15 de Abril de 2011
nas restantes Scut (Interior Norte, Beiras Litoral e Alta, Beira Interior e Algarve).
O regime de discriminação positiva adoptado consiste num sistema misto de
isenções e de descontos para as populações e empresas locais, através de
isenções nas primeiras dez utilizações mensais e de descontos de 15% nas
utilizações seguintes da respectiva auto-estrada Scut. Trata-se de um regime
transitório de isenções, que estará em vigor até 30 de Junho de 2012.
Entrou em vigor no dia 30 de Setembro o diploma (Decreto-Lei n.º 104/2010 – I
Série n.º 190, de 29/09) que estabelece, em concretização da Estratégia para a
Energia 2020, o procedimento aplicável à extinção das tarifas reguladas de
venda de electricidade a clientes finais com consumos em muita alta tensão
(MAT), alta tensão (AT), média tensão (MT) e baixa tensão especial (BTE).
A extinção das tarifas reguladas - a partir de 1 de Janeiro de 2011 - de venda a
clientes finais de electricidade com consumos em MAT, AT, MT e BTE, justifica-se
pelo desenvolvimento entretanto verificado no mercado da electricidade, reforçado
com a criação e funcionamento do Mercado Ibérico da Electricidade, a que acresce a
necessidade de conformação do conceito de comercializador de último recurso, de
acordo com as exigências comunitárias.
Os consumidores em Baixa Tensão com potência contratada até 41.4 kW, onde se
incluem todos os consumidores domésticos e pequenas empresas, continuarão a
44 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
E C O N O M I A N A C I O N A L
poder ser fornecidos pelo Comercializador de Último Recurso, pagando as
respectivas tarifas fixadas pela ERSE.
O Governo aprovou, na generalidade, para consulta e audição dos parceiros
interessados, um diploma que regula a possibilidade de abertura de farmácias
vinte e quatro horas por dia, todos os dias da semana.
Com esta iniciativa, o Governo pretende ir ao encontro dos interesses dos
consumidores utentes das farmácias e dar um passo no sentido da promoção do
acesso ao medicamento e da livre iniciativa, com inteira salvaguarda do interesse
público.
Política Social e Laboral
No âmbito das medidas de consolidação orçamental, no que se refere à atribuição de
prestações familiares, o Conselho de Ministros aprovou o Decreto-Lei que
elimina a atribuição do abono de família em relação aos escalões mais
elevados, bem como o aumento extraordinário de 25% nos dois primeiros
escalões.
Na apresentação do balanço semestral do plano de combate à fraude e evasão
contributiva, a Ministra do Trabalho e da Solidariedade Social declarou que a
recuperação de dívida entre Janeiro e Junho totalizou mais de 205 milhões de
euros, o que permitirá ultrapassar a meta para 2010, que é de 400 milhões de
euros.
Neste âmbito, a Segurança Social notificou no primeiro semestre 83 802 entidades
empregadoras que lhe devem 451.8 milhões de euros.
Neste período, foram estabelecidos 28 558 acordos com devedores com vista à
regularização da dívida. Pela primeira vez, mais de 50 por cento da recuperação de
dívida foi conseguida através destes acordos, que permitiram recuperar 110.8
milhões de euros.
Num total de 42 526, as penhoras (na sua maioria bancárias) permitiram recuperar 67
milhões de euros de dívida.
Ainda no âmbito da recuperação de dívida, no primeiro semestre deste ano, a
Segurança Social notificou 9 246 gerentes para pagarem com os seus bens as
dívidas das empresas onde trabalham, no montante de 202.8 milhões de euros.
Ainda no âmbito do balanço do primeiro semestre de 2010, regista-se que:
- O Estado deixou de gastar 33 milhões de euros, pelo facto de o subsídio de
desemprego ter sido retirado a 52 044 pessoas (por estarem a trabalhar, ou por
45
faltarem à apresentação quinzenal, ou por recusarem emprego conveniente ou por
encontrarem trabalho por intermédio do centro de emprego).
- O Estado deixou de gastar 4.1 milhões de euros por baixas por doença, que
face a fiscalização em junta médica não foram consideradas justificadas.
- Registou-se um corte no Rendimento Social de Inserção (RSI) no valor de 3.1
milhões de euros resultante de 2220 RSI cortados ou suspensos em consequência
de 21 mil fiscalizações ao RSI.
Através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 74/2010, de 17/09, foi aprovado
o II Plano para a Integração dos Imigrantes (2010-2013) composto por 90
medidas distribuídas por 17 áreas de intervenção.
Este Plano tem como finalidade progredir nos níveis de integração já alcançados por
Portugal no que se refere às políticas de integração dos imigrantes.
As confederações patronais e a UGT estão de acordo na necessidade de rever o
acordo que tem como objectivo elevar o salário mínimo nacional (SMN) para
500 euros em 2011. A CGTP não aceita este retrocesso e defende a implementação
do aumento da remuneração mínima já acordado. Neste âmbito, o Ministério do
Trabalho aceitou discutir o tema no âmbito do Pacto para o Emprego.
No âmbito da Iniciativa Formação para Empresários, mais de 4000 empresários
iniciaram em Setembro acções de formação, na primeira fase desta Iniciativa
destinada a PME que envolve um financiamento público de cerca de 19.3 milhões de
euros.
Sistema Monetário e Financeiro
Em Outubro, a Autoridade da Concorrência autorizou, sem restrições, a oferta
pública de aquisição do Montepio Geral ao Finibanco, considerando que a
operação não é susceptível de criar ou reforçar uma posição dominante da qual
possam resultar entraves significativos à concorrência efectiva nos mercados
identificados.
No mesmo mês, o Banco de Portugal admitiu a liquidação do BPN se a
privatização prevista falhar, apelando ao Governo para concluir rapidamente
esse dossier porque a instituição não pode funcionar com uma situação líquida
negativa (de cerca de 2 mil m.e.).
46 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
E C O N O M I A N A C I O N A L
2. Economia Monetária e Financeira
2.1. Taxas de Juro
Euribor Obrigações do Tesouro
6 meses 12 meses 5 anos 10 anos
09: III 1.016 1.236 2.93 3.86
09: IV 0.994 1.248 3.07 4.06
10: I 0.958 1.215 3.55 4.52
10: II 1.041 1.306 4.69 5.98
10: III 1.146 1.433 5.31 6.36
Julho 10 1.145 1.417 4.15 5.31
Agosto 10 1.137 1.414 4.17 5.48
Setembro 10 1.146 1.433 5.31 6.36
3 Setembro 2010 1.134 1.414 4.23 5.63
10 Setembro 2010 1.135 1.418 4.58 5.90
17 Setembro 2010 1.141 1.427 4.93 6.26
24 Setembro 2010 1.137 1.422 5.24 6.43
30 Setembro 2010 1.146 1.433 5.31 6.36
Fonte: Banco de Portugal e Reuters; valores em percentagem; taxas anualizadas a 360 dias.
Nota: Valores de final de semana/mês/trimestre; os valores para as Obrigações do Tesouro referem-se às
yields do mercado secundário.
Em Setembro, as taxas de juro do mercado monetário europeu permaneceram
praticamente inalteradas (ainda perto dos mínimos históricos registados em Março),
traduzindo a manutenção das taxas directoras do BCE e o prolongamento já
esperado dos empréstimos ilimitados a taxa fixa no início do mês. A taxa Euribor
a 1 mês aumentou um ponto base (p.b.) em comparação de final de mês, para 0.63%,
tendo-se verificado um acréscimo de 2 p.b. na maturidade de 12 meses (para 1.43%),
pelo que a inclinação da curva de rendimentos do mercado monetário praticamente
não se alterou.
No mercado secundário de dívida pública, o mês de Setembro ficou marcado
por uma subida muito significativa das yields nacionais, traduzindo a
deterioração da situação orçamental e o risco associado de instabilidade
política, com os diferenciais face ao referencial de menor risco (bund alemão) a
aumentaram para perto de máximos históricos. As taxas de juro de longo prazo
corrigiram em baixa na parte final do mês, depois do Governo ter apresentado
medidas adicionais para assegurar as metas do défice para 2010 e 2011. As
preocupações com o risco de crédito soberano estiveram em destaque durante
o mês de Setembro também devido à forte deterioração das contas públicas na
47
Irlanda, para além de emissões de dívida dos países mais em foco. As yields
nacionais a 5 anos e 10 anos aumentaram 114 p.b. e 88 p.b. em comparação de
final de mês (para 5.31% e 6.36%, respectivamente), o que se traduziu numa
diminuição da inclinação da curva de rendimentos no mercado obrigacionista. Em 28
de Setembro, antes das medidas adicionais de consolidação orçamental, as
taxas a 5 e 10 anos atingiram máximos mensais de 5.64% e 6.64%,
representando os níveis mais elevados desde Maio de 2010 e Maio de 1997,
respectivamente.
2.2. Mercado de Valores Mobiliários
Índice PSI-20
(valores de fecho das sessões de início e fim das semanas de Setembro)
Quinta, 1 Sexta, 2 Seg, 5 Sexta, 9 Seg, 12 Sexta, 16 Seg, 19 Sexta, 23 Seg, 26 Sexta, 30
7 019.28 7 075.73 7 106.22 7 317.93 7 305.09 7 137.11 7 111.70 7 252.70 7 291.84 7 371.79
Índice composto pelo cabaz das 20 acções mais importantes do mercado, sujeito a uma revisão semestral; 31-12-92=
3000.
O índice accionista de referência PSI-20 valorizou-se em Setembro pelo terceiro
mês consecutivo, embora à custa de um reduzido número de títulos com
elevado peso, tendo-se verificado uma evolução negativa na maioria das
cotações, a reflectir a difícil situação orçamental e económica do país. O PSI-20
subiu 1.5% em variação mensal (sensivelmente o mesmo que em Agosto), bastante
abaixo das valorizações registadas nas principais praças internacionais, mantendo
uma perda significativa desde o início do ano (11.3%).
O valor negociado em bolsa recuperou 22.3% em termos mensais, mas recuou
31% em comparação homóloga, o que reduziu para 33.8% a subida homóloga do
total acumulado no ano.
Entre os títulos que compõem o PSI-20, apenas quatro tiveram um saldo
positivo, todos eles com um peso bastante significativo no índice. A PT
valorizou-se 6% com a perspectiva de distribuição de um dividendo
extraordinário depois da alteração de participações no mercado brasileiro, tendo
recebido uma recomendação de compra da HSBC. A EDP, também com um elevado
peso, subiu 4.7% com a entrada de investidores institucionais numa perspectiva
de longo prazo, devido ao posicionamento no mercado angolano. Por seu turno,
o BCP escapou à tendência de quebra na banca nacional devido ao reforço de
participação da angolana Sonangol (para 10.168%, que constitui a maior posição
de um accionista individual no banco), tendo-se valorizado 1.4% no mês. A maior
48 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
E C O N O M I A N A C I O N A L
valorização mensal pertenceu à Jerónimo Martins (12.5%), beneficiando de boas
notícias no mercado polaco.
No lado das perdas, as descidas mensais mais acentuadas pertenceram à
INAPA (14.9%) e à Zon (8.8%).
3. Economia Real
3.1. Actividade Económica Global
O indicador de clima económico do INE – síntese da informação de carácter
qualitativo relacionada com as principais actividades económicas – manteve-se, em
Setembro, estável, muito perto do zero.
No entanto, a apreciação individual dos diversos indicadores fornecem sinais mistos
acerca da conjuntura nacional, com o indicador de confiança dos consumidores a
variar agora positivamente, o mesmo se passando com o da indústria transformadora,
como aconteceu em Agosto, enquanto os indicadores da construção e dos serviços
continuaram a ter variação negativa.
Índice de Clima Económico - Portugal
-3,5
-3
-2,5
-2
-1,5
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
Fev
-07
Mar
-07
Ab
r-0
7
Mai
-07
Jun
-07
Jul-
07
Ag
o-0
7
Set
-07
Ou
t-0
7
No
v-0
7
Dez
-07
Jan
-08
Fev
-08
Mar
-08
Ab
r-0
8
Mai
-08
Jun
-08
Jul-
08
Ag
o-0
8
Set
-08
Ou
t-0
8
No
v-0
8
Dez
-08
Jan
-09
Fev
-09
Mar
-09
Ab
r-0
9
Mai
-09
Jun
-09
Jul-
09
Ag
o-0
9
Set
-09
Ou
t-0
9
No
v-0
9
Dez
-09
Jan
-10
Fev
-10
Mar
-10
Ab
r-1
0
Mai
-10
Jun
-10
Jul-
10
Ag
o-1
0
Set
-10
Fonte: INE
49
O indicador de confiança da indústria transformadora melhorou relativamente a
Agosto em 0.9 pontos (de -11.5, nesse mês, para -9.6) continuando a trajectória
de evolução positiva reiniciada em Junho. Esta evolução deveu-se,
fundamentalmente, a uma evolução claramente positiva nas expectativas acerca da
procura global e de uma evolução positiva nas opiniões acerca dos stocks de
produtos acabados e nas perspectivas de produção para os próximos 3 meses.
O indicador de confiança do comércio regrediu 1.7 pontos, depois de em Junho
ter tido um comportamento positivo. No que diz respeito ao comércio por grosso, o
indicador passou de -4.5 em Agosto para -6.7 em Setembro, e no caso do comércio a
retalho, o evolui negativamente em 2.3 pontos, de -1.9 em Agosto para -3.2 em
Setembro. Em ambos os sub agrupamentos tal comportamento resultou de evoluções
claramente negativas nos saldos das respostas relativas ao volume de vendas e à
actividade para os próximos 3 meses.
O indicador de confiança dos serviços melhorou, pela primeira vez em cinco
meses, passando de -10.3 pontos em Agosto para -9.8 pontos em Setembro. É
de destacar o contributo das expectativas de actividade para os próximos 3 meses
para esta evolução positiva.
O indicador de confiança da construção e obras públicas continuou a ter uma
evolução desfavorável, passando de -40.6 pontos para -41.6 pontos. A
deterioração no saldo das respostas nas duas questões inquiridas, carteira de
encomendas actual e perspectivas de emprego para os próximos 3 meses,
contribuíram ambas para esta evolução.
O indicador de confiança dos consumidores teve novamente uma evolução
positiva em Setembro, seguindo a tendência de Agosto, para -37.4, relativamente
aos -40.4 verificados neste último mês. Esta evolução ficou a dever-se à melhoria de
todos os sub-indicadores que o compõem.
Curiosamente, o indicador compilado pela UE refere uma melhoria do clima
económico em Portugal.
50 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
E C O N O M I A N A C I O N A L
3.2. Procura Interna
3.2.1. Consumo
Fonte 09:IV 10:I 10:II Jun 10 Jul 10 Ago 10 Set 10
Indic. Coincidente do Consumo Privado BdP 1.2 2.6 2.7 2.5 2.1 1.5
Indic. Confiança dos Consumidores (1) INE -30.0 -35.4 -40.1 -40.1 -42.0 -40.4 -37.4
Venda de automóveis não comerciais ACAP -6.0 69.1 48.9 62.5 18.3 13.6 15.1
Importações de bens de consumo (2)
INE -1.8 -0.5 6.9 5.6 -1.4 3.2
Vol. de neg. do comércio a retalho (3)
INE -0.2 0.8 0.3 -0.8 -0.4 -0.7
Crédito ao consumo (4)
BdP 1.9 1.8 1.5
Taxas de variação face ao período homólogo do ano anterior. em percentagem (salvo indicação em contrário);
(1) Inquéritos de Conjuntura aos Consumidores e à Indústria Transformadora; saldo de respostas extremas (média
móvel de 3 meses); (2) Taxa de variação homóloga em temos nominais. (3) Taxa de variação em termos reais; índices
de sazonalidade e dos dias úteis; (4) Valores corrigidos de reclassificações e de operações de titularização de crédito.
O indicador coincidente do consumo privado, do BdP, continua a mostrar um
abrandamento relativamente aos meses anteriores. Outros indicadores
disponíveis mantêm-se pouco animadores.
Em Agosto (valores rectificados), o volume de negócios do comércio a retalho
diminui 0.7% em termos homólogos, registando uma retracção relativamente ao
mês anterior. A despesa em bens alimentares registou uma tvh de 1.3%, abaixo do
ritmo de Julho mas acima do valor de Junho (valores revistos). A despesa em bens
não alimentares, registou uma tvh de -2.4%, contra -3.9% em Julho (note-se
entretanto, e ao contrário de meses anteriores, que, retirando os combustíveis, a
evolução é agora negativa em -2.3%.)
A venda de automóveis não comerciais recuperou ligeiramente em Setembro. O
crédito ao consumo desacelerou em Agosto relativamente a meses anteriores.
3.2.2. Investimento
Fonte 09:IV 10:I 10:II Mai 10 Jun 10 Jul 10 Ago 10 Set 10
Indicador de FBCF INE -8.7 -2.8 -1.2 -2.1 -1.2 -1.2 -1.4
Vendas de veículos comerciais ligeiros ACAP -16.8 19.6 29.1 30.7 37.0 14.5 12.4 7.7
Importações bens de investimento INE -9.9 -9.4 -16.3 -16.0 -10.7 -33.2 -11.8
Índice produção bens de investimento INE -18.7 -0.7 -1.0 -2.2 0.8 2.9 3.9
Vendas de cimento BdP -15.6 -9.4 -6.1 -2.2 -4.6 -7.0 -2.2 -4.5
Índice de Produção na Construção INE -9.2 -8.2 -8.1 -5.7 -9.4 -8.2 -4.6
Crédito para compra de habitação (1)
BdP 3.1 3.3 3.2 3.1
Crédito às sociedades não financeiras (1)
BdP 0.2 1.3 1.2 1.1
Taxas de variação face ao período homólogo do ano anterior. em percentagem (salvo indicação em contrário); Índices
de produção de bens de investimento corrigidos.
(1) Valores corrigidos de reclassificações e de operações de titularização de crédito.
51
Os indicadores relativamente ao investimento continuam a não dar sinais de
recuperação. O indicador de FBCF permaneceu em terreno negativo em Agosto,
agravando-se relativamente a Julho.
O índice de produção de bens de investimento foi dos poucos indicadores a ter uma
evolução positiva nos meses mais recentes, assim como no índice de importação de
bens de investimento, que teve uma queda inferior à de meses anteriores.
Igualmente, o índice de produção na construção experimentou uma quebra inferior à
de meses anteriores, apesar da quebra mais acentuada nas vendas de cimento. No
mês de Agosto deu-se uma ligeira desaceleração no crescimento do crédito às
empresas e do crédito à habitação.
3.3. Comércio Internacional
Resultados Globais preliminares
Mai 09-Jul 09 Mai 10-Jul 10 Variação
Total
Saída (Fob) 7 907.2 9 029.2 14.2%
Entrada (Cif) 12 854.9 14 138.0 10.0%
Saldo -4 947.7 -5 108.8 -3.3%
Taxa de Cobertura 61.5% 63.9% -
União Europeia a 27
Expedição 5 869.6 6 667.6 13.6%
Chegada 9 985.4 10 379.9 4.0%
Saldo -4 115.7 -3 712.3 9,8%
Taxa de Cobertura 58.8% 64.2% -
Países Terceiros
Exportação 2 037.6 2 361.6 15.9%
Importação 2 869.5 3 758.2 31.0%
Saldo -831.9 -1 396.5 -67,9%
Taxa de Cobertura 71.0% 62.8% -
em milhões de euros; Fonte: INE
No trimestre em análise (Junho a Agosto), as saídas aumentaram de novo, em
termos homólogos, e as entradas continuaram a registar uma evolução que,
apesar de continuar a ser significativa – em linha com a retoma do comércio
mundial – permanece inferior à das saídas, conduzindo a uma melhoria da taxa de
cobertura em 2.4 p.p. face ao mesmo período de 2009. O défice comercial agravou-
se em cerca de 3.3% em relação ao mesmo período de 2009 mas recuperou cerca de
1% face ao trimestre de Maio a Julho de 2010.
52 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
E C O N O M I A N A C I O N A L
Relativamente aos países terceiros, se excluirmos os combustíveis, a taxa de
cobertura foi de 97,7% (98,5% no período anterior) contra 118,7% no mesmo período
do ano de 2009. O défice energético foi, neste trimestre, de 1 497 milhões de euros,
mais 244 milhões que o verificado em igual trimestre de 2009 e mais 197 milhões que
no trimestre anterior.
Em termos de variações, relativamente a igual trimestre de 2009, destacam-se, nas
saídas, o aumento de 39% nos fornecimentos industriais (com destaque para os
produtos transformados) e de 20.7% no material de transporte acessórios e, nas
entradas, o aumento de 20.5% nesta mesma última rubrica e de 24.8% nos
combustíveis e lubrificantes.
3.4. Conjuntura na Indústria
Em Agosto, o crescimento homólogo da produção industrial manteve-se
praticamente inalterado em 1.2% (mais 0.1 p.p. que em Julho), destacando-se,
sobretudo, o regresso a uma variação média anual positiva (0.1%), pela primeira
vez desde Novembro de 2007. A melhoria de andamento teve origem na
indústria transformadora, que retomou o crescimento em termos homólogos
(variação de 3.1%, face a -0.3% em Julho) e em média anual (0.7%, após 0% em
Julho), contrariando a evolução negativa do ramo de electricidade, gás, vapor, água e
ar frio (variação homóloga de -7%, após 6.2% em Julho, e reforço da perda média
anual para 1.4%).
-22,0
-20,0
-18,0
-16,0
-14,0
-12,0
-10,0
-8,0
-6,0
-4,0
-2,0
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
Ago
-08
Set-
08
Ou
t-0
8
No
v-0
8
Dez-0
8
Jan
-09
Fev
-09
Ma
r-0
9
Ab
r-0
9
Ma
i-0
9
Jun
-09
Jul-
09
Ago
-09
Set-
09
Ou
t-0
9
No
v-0
9
Dez-0
9
Jan
-10
Fev
-10
Ma
r-1
0
Ab
r-1
0
Ma
i-1
0
Jun
-10
Jul-
10
Ago
-10
Índice de Produção industrial
(Variação homóloga, %)
INDÚSTRIATRANSFORMADORA
INDÚSTRIA GERAL
Fonte: INE
53
Na divisão por agrupamentos, apenas as indústrias de energia registaram uma
deterioração do andamento homólogo, evidenciando a primeira quebra desde Abril
(tvh de -3.8%, após 5% em Julho). O agrupamento de bens de consumo retomou
uma variação homóloga positiva (tvh de 1.2%, após -2.3% em Julho), e o ritmo de
crescimento aumentou nos bens intermédios e de investimento (0.4 e 5.9 p.p.,
respectivamente, para 2.7% e 7.6%). A evolução média anual também melhorou na
generalidade das indústrias, com excepção das produtoras de energia (abrandamento
para uma tvm 12m de 2.1%); destaca-se o desagravamento significativo das perdas
nas indústrias de bens de investimento (de 8.2% para 6.6%), as únicas que ainda
apresentam uma variação média anual negativa, já que os bens intermédios
retomaram uma trajectória de crescimento em Agosto (tvm 12m de 0.9%, após -0.2%
em Julho).
Índice de produção industrial
09: II 09: III 09: IV 10: I 10: II Jun-10 Jul-10 Ago-10
TVH TVM 12m
Índice Geral -9.5 -7.1 -4.4 3.7 2.8 3.7 1.1 1.2 0.1
Por ramos:
Industrias Extractiva -16.2 -26.7 -11.9 -28.5 0.3 14.6 18.4 -0.6 -11.3
Ind. Transformadora -12.3 -7.4 -3.9 6.0 3.2 4.7 -0.3 3.1 0.7
Elect., Gás, Vapor, Água, Ar 12.2 -0.7 -5.6 -0.3 0.7 -4.2 6.2 -7.0 -1.4
Águas, saneamento, outros -3.5 0.1 6.1 4.0 4.1 2.4 6.4 7.0 4.6
Por grandes agrupamentos:
Bens de Consumo -6.8 -1.3 -0.5 2.4 0.4 0.5 -2.3 1.2 0.2
Bens Intermédios e outros* -15.1 -12.2 -2.8 3.7 6.7 8.1 2.3 2.7 0.9
Bens de Capital -16.6 -18.2 -17.7 0.7 -1.1 1.2 1.7 7.6 -6.6
Energia 5.7 1.2 -3.0 7.8 0.8 1.5 5.0 -3.8 2.1
Fonte: INE; dados com correcção de efeitos de calendário; Base: 2005=100; CAE Rev.3; Taxas de variação percentual
homóloga (tvh), excepto na última coluna (taxa de variação média de 12 meses – tvm 12m); * Inclui a recolha,
tratamento e eliminação de resíduos.
Atendendo à divisão da indústria transformadora em subsectores, os dados
actuais permitem destacar, quanto a comportamentos negativos:
(i) a manutenção da contracção nas indústrias de máquinas e aparelhos eléctricos
(tvm 12m de -2.5% em Agosto), de minerais não metálicos (-5%), do vestuário (-
0.8%), do tabaco (-0.3%), de impressão (-5.6%), de equipamento eléctrico (-0.6%), de
produtos farmacêuticos (-2.7%) de couro (-3.1%) e de veículos automóveis (-12.7%);
a quebra de produção nas indústrias de madeira e cortiça (tvm 12m de -1.1%, após
0.4% em Julho);
54 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
E C O N O M I A N A C I O N A L
(ii) o abrandamento da produção nas indústrias de bens alimentares (de uma tvm
12m de 3.1% em Julho, para 2.6% em Agosto), de bebidas (de 0.6% para 0.2%) e
metalúrgicas de base (de 22% para 19.5%).
Quanto a comportamentos positivos, salienta-se:
(i) a aceleração da produção nas indústrias de recolha e tratamento de resíduos (de
uma tvm 12m de 4.3% em Julho, para 4.6% em Agosto), de produtos petrolíferos (de
19.3% para 21%), de produtos químicos (de 12.2% para 15%), de pasta e papel (de
5.1% para 5.3%), e de borracha e plásticos (de 13.8% para 14.8%); a retoma do
crescimento nas indústrias de produtos metálicos (tvm 12m de 0.2% em Agosto, após
-0.1% em Julho), e de mobiliário e colchões (de uma tvm 12m de -2.3% para 1%);
(ii) a manutenção de um andamento positivo da produção nas indústrias têxteis (tvm
12m de 2.5% em Agosto).
Os dados mais recentes da actividade industrial, do inquérito à indústria
transformadora de Setembro, sugerem uma perda temporária de dinamismo. As
avaliações da produção corrente recuaram face a Agosto, mas as apreciações da
procura melhoraram em termos agregados, mantendo-se elevadas no mercado
externo e recuperando ligeiramente no mercado nacional. As respostas sobre os
stocks de produtos acabados apontaram para uma diminuição do nível de
existências.
-80,00
-70,00
-60,00
-50,00
-40,00
-30,00
-20,00
-10,00
0,00
10,00
20,00
Set-
06
No
v-0
6
Jan
-07
Ma
r-0
7
Ma
i-0
7
Jul-
07
Set-
07
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7
Jan
-08
Ma
r-0
8
Ma
i-0
8
Jul-
08
Set-
08
No
v-0
8
Jan
-09
Ma
r-0
9
Ma
i-0
9
Jul-
09
Set-
09
No
v-0
9
Jan
-10
Ma
r-1
0
Ma
i-1
0
Jul-
10
Set-
10
Produção e Procura na Indústria Transformadora
Média Móvel de 3 meses - s.r.e.
PRODUÇÃO
PROCURA EXTERNA
PROCURA INTERNA
Fonte: INE
55
De acordo com a desagregação dos dados por tipo de bens, a descida das
avaliações sobre a produção e os stocks de produtos acabados teve origem
nos bens de investimento, mais do que compensando o aumento nos bens
intermédios e de consumo. Já no caso da procura, a tendência generalizada foi de
melhoria das avaliações do mercado nacional e de estabilização no mercado externo.
No índice de volume de negócios, os dados de Agosto evidenciaram uma
retoma do dinamismo perdido em Julho (com o ritmo de crescimento homólogo a
aumentar para 14.7%, em variação nominal, face a 6.4% e 10.4% nos dois meses
anteriores), correspondendo, em parte, a uma subida mais forte dos preços na
produção (tvh de 4.4%, após 3.9% e 4.2% nos dois meses precedentes). A
aceleração das vendas foi mais forte no mercado externo, que passou de uma
subida homóloga de 14.2% para 26.7%, face a 9.4% no mercado nacional (mais 7.2
p.p. do que em Julho). A melhoria de andamento das vendas foi também visível em
média anual, com o crescimento a passar para 4% (1.7% no mercado nacional e
8.2% no externo), mais 2.6 p.p. que em Julho.
Ao nível dos agrupamentos, as indústrias da energia foram as únicas a registar
um andamento homólogo menos favorável das vendas em Agosto, com o ritmo
de crescimento homólogo a diminuir de 28.1% para 16.5%. O agrupamento de bens
de consumo recuperou uma variação homóloga positiva (tvh de 8%, após -5% em
Julho), tendo-se observado uma aceleração muito significativa nas indústrias de bens
de investimento e de bens intermédios (para tvh de 19.5% e 15.1%, respectivamente,
após 4% e 6.2% em Julho). Em termos de variação média anual, a melhoria foi
generalizada, registando-se uma retoma do crescimento nos bens intermédios (para
1.7%), o desagravamento das perdas nos bens de consumo (para -1.3%) e uma
aceleração nos demais agrupamentos (para 3.9% nos bens de investimento e 14.9%
na energia).
A informação avançada disponível, do inquérito à indústria transformadora de
Setembro, evidenciou uma melhoria significativa das perspectivas de produção
a três meses, apontando também para uma pequena desaceleração dos preços
de venda. Estas perspectivas permitem antecipar a continuação de um andamento
favorável das vendas, pelo menos a curto prazo.
Em Agosto, o índice de emprego acentuou o ritmo de quebra homóloga (0.2
p.p., para 1.9%), contrariando a tendência de desagravamento que se vinha a
observar há mais de um ano. Em variação média anual, contudo, continuou a
registar-se um recuo da quebra de emprego (0.4 p.p., para 4.1%), que foi similar
56 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
E C O N O M I A N A C I O N A L
ao registado no índice de horas trabalhadas, mantendo-se, por isso, uma ligeira
descida da ocupação laboral na indústria.
3.5. Emprego e Desemprego
Fev 10 Mar 09 Abr 10 Mai 10 Jun 10 Jul 10 Ago 10
Taxa de Desemprego 10.4 10.6 10.8 10.9 11.0 10.8 10.7
Fonte: Eurostat. dados ajustados de sazonalidade. valores revistos.
Uma vez que os dados fornecidos pelo INE têm carácter trimestral, apresentam-se as
estimativas do Eurostat, que apontam para uma ligeira diminuição da taxa de
desemprego em Agosto relativamente aos valores de Abril a Julho.
De acordo com as estatísticas do Instituto de Emprego e Formação Profissional, no
final do mês de Agosto, estavam registados nos Centros de Emprego cerca de
549 mil desempregados, um aumento de 0,3% em relação a Julho. Relativamente
ao mesmo período de 2009 este número representa um acréscimo de 9,6%. O
número de desempregados de longa duração (mais de um ano) aumentou, em
termos anuais, 37,5%, representando 41,2% dos inscritos. Em termos das diversas
situações de desemprego, as mulheres representavam 54,8% dos inscritos (mais 1,3
p.p. do que em Julho), os maiores de 25 anos, 88,2% e as pessoas à procura de
primeiro emprego, 7,5%.
3.6. Preços
09:IV 10:I 10:II Mai 10 Jun 10 Jul 10 Ago 10 Set 10 Tvm 12
m
IPC Total -0.7 0.3 1.0 1.1 1.2 1.8 1.9 1.9 0.6
IPC bens -1.9 -0.1 1.2 1.2 1.5 2.3 2.5 2.6 0.4
IPC serviços 1.2 0.9 0.7 0.8 0.8 1.2 1.2 1.2 0.9
Fonte: INE e Banco de Portugal
Taxas de variação percentual face ao período homólogo do ano anterior, salvo outra indicação.
Em Setembro, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) apresentou uma taxa de
variação homóloga de 1.9%, igual à de Agosto. A variação média dos últimos doze
meses aumentou em 0.3 p.p. para 0.6%.
A tvh do IPC foi superior em 1.3 p.p. à do indicador da inflação subjacente (medido
pelo índice total excepto produtos alimentares não transformados e industriais
energéticos), que teve uma variação homóloga de 0.6%, 0.2 p.p. inferior à verificada
em Agosto.
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No mês de Setembro, é de destacar apenas uma descida de preços (em termos
homólogos) no vestuário e calçado (-1.9%), na saúde (-2.0%) e nas comunicações (-
1.9%). Todos os restantes componentes do IPC experimentaram aumentos nos
preços. As maiores subidas verificaram-se nas bebidas alcoólicas e tabaco (5.2%), na
habitação, água, gás, etc. (5.1%), nos transportes (4.1%), e na educação (3.0%).
A evolução recente dos preços medidos pelo IHPC mostra que a inflação em Portugal
continua acima da média da zona do euro.
Evolução do IHPC (tvh em %)
-3,0
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
Jan
-97
Ab
r-9
7Ju
l-9
7O
ut-
97
Jan
-98
Ab
r-9
8Ju
l-9
8O
ut-
98
Jan
-99
Ab
r-9
9Ju
l-9
9O
ut-
99
Jan
-00
Ab
r-0
0Ju
l-0
0O
ut-
00
Jan
-01
Ab
r-0
1Ju
l-0
1O
ut-
01
Jan
-02
Ab
r-0
2Ju
l-0
2O
ut-
02
Jan
-03
Ab
r-0
3Ju
l-0
3O
ut-
03
Jan
-04
Ab
r-0
4Ju
l-0
4O
ut-
04
Jan
-05
Ab
r-0
5Ju
l-0
5O
ut-
05
Jan
-06
Ab
r-0
6Ju
l-0
6O
ut-
06
Jan
-07
Ab
r-0
7Ju
l-0
7O
ut-
07
Jan
-08
Ab
r-0
8Ju
l-0
8O
ut-
08
Jan
-09
Ab
r-0
9Ju
l-0
9O
ut-
09
Jan
-10
Ab
r-1
0Ju
l-1
0
Portugal Área EuroFonte: Banco de Portugal
ùltimos dados: Setembro
2010
58 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
E C O N O M I A N A C I O N A L
3.7. Conjuntura de Pagamentos com o Exterior
2007 2008 2009 Ago-09 Ago-10 Var.%
Balança Corrente -17 074 -21 699 -17 262 -11 544 -11 076 -4.1%
Mercadorias -19 206 -22 985 -17 496 -11 136 -11 545 3.7%
Serviços 6 533 6 602 5 983 3 845 4 348 13.1%
Rendimentos -7 004 -7 781 -7 883 -5 479 -5 471 -0.1%
Transferências Correntes 2 603 2 464 2 135 1 226 1 592 29.9%
Balança de Capital 2 097 2 650 1 393 1 099 854 -22.3%
Balança Financeira 14 424 19 121 15 424 10 242 10 890 6.3%
Investimento Directo -1 775 1 313 1 136 1 414 -33 s.s.
De Portugal no exterior -4 013 -1 872 -931 -519 -1 917 269.4%
Do exterior em Portugal 2 238 3 185 2 067 1 933 1 884 -2.5%
Investimento de Carteira 10 043 14 662 13 261 10 601 -18 494 s.s.
Activos -7 988 -12 178 -16 451 -13 317 -9 540 -28.4%
Passivos 18 031 26 840 29 712 23 918 -8 954 s.s.
Outro Investimento 5 271 2 974 827 -1 874 30 118 s.s.
Activos -11 647 11 916 172 799 -6 924 s.s.
Passivos 16 918 -8 942 655 -2 673 37 042 s.s.
Derivados Financeiros 173 251 120 46 256 456.5%
Activos de Reserva 713 -79 80 55 -957 s.s.
Erros e Omissões 554 -70 445 203 -668 s.s.
Dados provisórios expressos em milhões de euros (m.e.); s.s. – sem significado.
Fonte: Banco de Portugal.
Notas prévias: i) a análise evolutiva das várias rubricas da Balança de Pagamentos deve ser feita com especial cautela,
atendendo ao carácter provisório dos dados e à disparidade de valores da componente “erros e omissões” nos períodos
em confronto, esperando-se a sua redução e redistribuição pelas outras componentes da Balança de Pagamento.
Nos primeiros oito meses de 2010, o défice da balança corrente diminuiu 4.1%
em termos homólogos, para 11076 m.e., segundo dados provisórios do Banco de
Portugal. A melhoria do saldo corrente traduziu o aumento do excedente das rubricas
de serviços (em 503 m.e.) e transferências (em 366 m.e.), mais do que compensando
o agravamento do défice da balança de mercadorias (em 409 m.e.), com o défice da
balança de rendimentos a manter-se praticamente inalterado.
Na Balança de Capital, os dados indicaram uma redução de 22.3% no saldo
excedentário (para 854 m.e.), que traduz, de forma aproximada, o afluxo líquido de
fundos comunitários. O défice conjunto das balanças de capital situou-se, assim, em
10222 m.e., traduzindo uma diminuição de 2.1% (223 m.e.).
59
Esta ligeira diminuição as necessidades de financiamento da economia não
ficou expressa na balança financeira, cujo excedente aumentou 6.3%, mas na
rubrica de erros e omissões, o que realça o carácter provisório dos dados,
esperando-se uma redistribuição desta rubrica em posteriores revisões dos dados. De
acordo com os dados actuais, o alargamento do excedente da balança
financeira traduziu o forte aumento do saldo de “outro investimento”, mais
concretamente dos passivos das autoridades monetárias, traduzindo o crédito
obtido pela banca portuguesa por via do BCE devido à dificuldade de
financiamento nos mercados internacionais. Aqueles passivos aumentaram 39.7
mil m.e., face a uma subida de 7.7 mil m.e. nos activos. A evolução da rubrica
sobrepôs-se à forte quebra do saldo de investimento de carteira, que traduziu a
quebra dos passivos com a venda maciça de acções e obrigações nacionais
por estrangeiros e, em menor medida, a quebra do investimento directo líquido
(em resultado de um aumento dos fluxos de saída e da ligeira redução das entradas
de capital). Merece ainda referência a quebra do saldo de activos de reserva devido à
compra de activos cambiais.
60 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l
E C O N O M I A N A C I O N A L
Principais sítios da Internet consultados na elaboração do Relatório Mensal de
Economia:
Economia Internacional:
www.boj.or.jp/en (Banco do Japão)
www.ecb.int (Banco Central Europeu)
www.bloomberg.com (agência noticiosa Bloomberg)
www.bea.doc.gov (Bureau of Economic Analysis - EUA)
www.bls.gov (Bureau of Labor Statistics - EUA)
www.census.gov (Census Bureau - EUA)
http://europa.eu.int/comm/index_en.htm (Comissão Europeia)
www.conference-board.org (Instituto Conference Board - EUA)
www.cbo.gov (Congress Budget Office - EUA)
www.esri.cao.go.jp/en (Economic and Social Research Institute - Japão)
www.euronext.com (Euronext – cotações do PSI-20)
http://epp.eurostat.cec.eu.int/portal/ (Eurostat)
www.federalreserve.gov (Federal Reserve - EUA)
www.ft.com (Financial Times)
www.imf.org (Fundo Monetário Internacional)
www.stat.go.jp/english (Gabinete de Estatística japonês)
www.mof.go.jp (Ministério das Finanças japonês)
http://metalsplace.com (notícias sobre metais)
www.oecd.org (Organização para o Crescimento e Desenvolvimento Económico)
http://europa.eu.int/index_pt.htm (Portal da União Europeia)
http://finance.yahoo.com (Secção Financeira do Yahoo)
http://metalsplace.com (sítio especializado em notícias sobre metais de base)
Economia Nacional:
www.bportugal.pt (Banco de Portugal)
http://europa.eu.int/comm/index_en.htm (Comissão Europeia)
www.cmvm.pt (Comissão de Mercados de Valores Mobiliários)
www.dre.pt (Diário da República Electrónico)
www.dgo.pt (Direcção-Geral do Orçamento – Ministério das Finanças)
www.imf.org (Fundo Monetário Internacional)
www.gpeari.min-financas.pt (Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e
Relações Internacionais – Ministério das Finanças)
www.iapmei.pt (IAPMEI)
www.ine.pt (Instituto Nacional de Estatística)
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www.oecd.org (Organização para o Crescimento e Desenvolvimento Económico)
www.portugal.gov.pt/ (Portal do Governo)
www.incentivos.qren.pt (Sistemas de incentivos – QREN)
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