Tg Aula2 2008

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O que é projeto gráfico?

Técnicas Gráficas em Jornalismo Professor mestre Artur Araujo (araujofamilia@gmail.com)

Antes, alguns lembretes...

O exercício sobre projeto gráfico já está disponível no site. Deve ser entregue daqui a 14 dias, em 11 de março.

Estamos a 56 dias da entrega do trabalho individual sobre publicações.

Estamos a 77 dias da prova prática.

Uma definição preliminar

Jornais e revistas são, a princípio, coisas que se vêem: do todo do espaço bidimensional se parte para os grandes títulos, para os textos e para as ilustrações. Jornais e revistas são também –e isso tira-lhes o status de coisas puramente visuais– um discurso, que precisa, de alguma maneira, estar harmonizado com a aparência.

Branding

O conceito de projeto gráfico, acrescente-se, tem sua origem e fundamento em uma idéia de fundo econômico, de individualizar o produto jornalístico por meio de um padrão gráfico, diferenciando-o no mercado. Faz parte do “branding” da marca de uma empresa jornalística.

Dos batalhões às empresas

“Muitos dos elementos e características do design gráfico surgiram não apenas nos pôsteres, mas também na própria guerra. Os militares precisavam de um sistema de signos para organizar e identificar suas equipes e seus suprimentos. (...) Além das insígnias regimentais para distinguir as tropas, o uso de transporte motorizado tomou necessária a criação de símbolos para identificar unidades e divisões do exército.

Projetos gráficos no Brasil

Na imprensa brasileira, o surgimento de “projetos gráficos”, de modo planificado e sistematizado como atualmente vemos, ocorreu na década de 1950, com os jornais Última Hora e Jornal do Brasil, ambos do Rio de Janeiro.

Especificações de um projeto gráfico o conteúdo do noticiário, formato de página (broadsheet, standart, berlini, tablóide,

A4), o uso de marcas de identificação (cabeçalho e logomarcas) o papel (jornal, cuchê, alta-alvura etc), o uso da cor, as famílias de tipos, o uso ou não de elementos gráficos (fios e ornamentos), o uso de fotos, ilustrações e infográficos, e o uso do branco [nota do professor: branco, em

diagramação, é o espaço vazio em uma página] que compõem um jornal.

Traduzir a forma no conteúdo

Essas especificações, porém, não podem ser desenvolvidas sem se levar em conta o conteúdo do jornal: elas precisam traduzir o teor da publicação. Exemplo: um jornal de esporte utiliza fotos e textos de um modo diferente que uma revista sobre literatura ou um jornal de economia.

Tony Sutton, designer canadense

“Nossa principal tarefa não é criar páginas bonitas que impressionem a outros diagramadores, mas sim a de persuadir pessoas comuns a lerem matérias bem escritas e ajudá-las a entender mais suas vidas e o lugar delas neste mundo (...) Infelizmente, a maioria dos editores e diretores pensa que a reforma gráfica consiste em fazer o jornal mais bonito. Não é assim que funciona”.

Conhecendo de longe

A padronização gráfica deve ser concebida de tal modo que preserve a identidade de um veículo, levando o público a identificar o produto à distância, seja na banca de jornal, seja no sofá da sala, criando um padrão que permita ao leitor senti-la como algo que lhe é familiar.

Como inovar e manter o padrão?

O que diz Ricardo Parpagnoli: “O trabalho exige esforço e concentração.

Manter o estilo é relativamente fácil. A manutenção do estilo não significa, porém, que se deva estacionar e que se apresente ao leitor, todos os dias, os mesmos recursos técnicos. Dentro do estilo estabelecido, a variação é necessária”

Uma função semântica também

A padronização gráfica, portanto, cumpre o papel de contemplar a função semântica de identificação do órgão de imprensa e pode ser observada também, por meio de recursos audiovisuais diferentes, em telejornais e no radiojornalismo.

A força das convenções

A padronização gráfica é também uma reunião de convenções arbitrárias. Quando observamos, por exemplo, que, na imprensa britânica, o formato tablóide tornou-se sinônimo de imprensa sensacionalista, estamos diante de um costume específico daquele país.

Tablóide e sensacionalismo

Nada em uma página de 28 cm de largura por 32 cm de altura obriga um determinado editor a pôr ali um conteúdo sensacionalista. Há até teorizações sobre isso, mas é pura balela: o formato não explica o conteúdo. Quando alguém tem essa impressão, ela deriva mais de costumes aquiridos com determinados jornais do que uma real relação de causa e efeito.

Imprensa séria x imprensa popular

Nas reflexões acima, já vínhamos mencionando uma dicotomia entre dois padrões. De um lado, a imprensa dita “séria”, de outro, a imprensa dita “popular”, também chamada de “sensacionalista”, apesar de os termos não serem de fato equivalentes. Quais seriam as diferenças entre elas?

Diferenças

Assuntos “chamativos”A imprensa popular leva ao leitor fatos chamativos, espetaculares, para prender-lhe a atenção.

Assuntos “densos”A imprensa séria convida o leitor a refletir sobre determinados temas sobre o interesse público.

Imprensa popularImprensa séria

Diferenças

Textos pouco extensos

Nos projetos editoriais para jornais dirigidos a públicos com menor nível aquisitivo e menor nível de instrução, parte-se do pressuposto que o leitor não gosta de grandes textos.

Textos grandes

Nos projetos editoriais para jornais dirigidos a públicos de maior poder aquisitivo e maior nível de instrução, parte-se do pressuposto que o leitor deseja ler mais.

Imprensa popularImprensa séria

Diferenças

Design tende a ser mais extravagante, ‘barroco’

Design tende a ser sóbrio, ‘limpo’ (clean)

Imprensa popularImprensa séria

Diferenças

Uso mais livre das cores no projeto gráfico

Uso moderado da cor em boxes, fios etc.

Imprensa popularImprensa séria

Diferenças

Títulos mais “escandalosos” semanticamente

Títulos mais “sóbrios” semanticamente

Imprensa popularImprensa séria

Diferenças

O uso de textos e imagens tende a explorar mais emoções

O uso de textos e imagens tende a explorar menos emoções

Imprensa popularImprensa séria

Diferenças

Menor número de páginas

Maior número de páginas

Imprensa popularImprensa séria

Diferenças

Linha editorial privilegia entretenimento, esportes e polícia

Linha editorial privilegia política, administração pública e cultura

Imprensa popularImprensa séria

... e no entanto... Todo esse jogo de diferenças, destaque-se

aqui, são convenções de gosto consolidadas nas últimas décadas. Nada impede que, em um futuro distante, uma nova geração de designers e jornalistas remodelem os paradigmas atuais. Isso já ocorreu no passado e nada indica que vai deixar de ocorrer no futuro.

Na década de 1960, por exemplo, predominava a dicotomia jornal de esquerda x jornal de direita...

Tudo é relativo

As artes gráficas são ao mesmo tempo uma técnica e um objeto a ser estudado cientificamente. Como técnica, ela obedece a um conjunto de convenções estabelecidas no decorrer dos séculos. As artes gráficas abrangem desde o modo de produção até a idéia do que deve ser a “excelência” do produto final.

Não há superioridade

Tanto os modos de produção quanto o ideal de excelência mudam ciclicamente no decorrer dos séculos. Nenhuma técnica, nenhuma convenção estética é, por si, superior à outra. Há, de fato, exemplos de obras convencionalmente mal executadas cujo produto final, convencionalmente, é pouco apreciado.

Próxima aula: oficina de page makerAula teórica do dia 11/3: Tipografia

Recomendação

Baixem o arquivo “apostila de page maker”, que consta no site do professor.