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Edição 24.08.2012

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B r a g a n ç a P a u l i s t a

Sexta24 Agosto 2012

Nº 654 - ano XIjornal@jornaldomeio.com.br

11 4032-3919

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Sexta 24 • Agosto • 2012 Jornal do Meio 6542

Sabe-se que há uma diferença entre católicos e protestan-tes naquilo que se refere a

Maria, mãe de Jesus de Nazaré. Os evangélicos (nome impróprio para designar cristãos não católicos, por-que os católicos também creem nos Evangelhos) veem em Maria uma mulher singular, sem dúvida. Mas não tem por ela o mesmo culto que os católicos têm. Esta visão diferenciada e, às vezes, antagônica encontra suas raízes nos abusos devocionais da Idade Média. Um devocionismo marcado pela superstição e até pela exploração econômica. Não foi ensinamento do Magistério da Igreja. Foram usos, atitudes que surgiram no quotidiano e nem sempre mereceram o cuidado da purificação e esclarecimentos que eram necessários. Firma-se a respeito de Maria a necessidade de um repensar sobre sua missão na Igreja. Para cató-licos e protestantes. Para os católicos a afirmação que a verdadeira devoção à Mãe de Deus não pode ficar num emocionalismo que não leva a imitar suas virtudes. Igualmente a clareza de que a Santa Virgem não deve tomar o lugar de Jesus Cristo (ela sempre se afirmou serva do Senhor). Para os irmãos protestantes redescobrir a presença singular de Maria de Nazaré

na vida de todos. Ela não é uma mulher qualquer. É só fazer um arrazoado: cremos que o homem Jesus de Nazaré é o Filho de Deus? Sua mãe não é Maria de Nazaré? Maria é, portanto, mãe do Filho de Deus! É uma mulher qualquer? Claro que não! Deus que a chamou não teve por ela carinho es-pecial? Por que não podemos recorrer a ela uma vez que Jesus, no Calvário, a deu como mãe de todos nós? Vale a pena pensar sobre isso! A respeito de Maria, o dia 15 de agosto celebra--se, na Igreja Católica, a festa da sua assunção. Esta palavra – assunção - que se tornou nome de muitas mulheres identifica uma das definições da fé cristã católica. Em 1º de novembro de 1950 o Papa Pio XII declarou “dogma divinamente revelado que Maria, Mãe de Deus, imaculada e sempre virgem, depois do curso terreno de sua vida foi assunta em corpo e alma na glória celeste”. Estas palavras textuais estão no documento que leva o título de “Munificientissimus”. Esse documento não fala de argumento bíblico, mas do “último fundamento da Escritura” sobre o qual se baseiam os argumentos dos Padres da Igreja (dos primeiros séculos) e dos teólogos. A Bíblia nada fala da assunção, não nos dá nenhuma indicação precisa sobre o fim da vida

de Maria. Nos fala, porém, de Maria unida à pessoa e à obra do Salvador. Desta união deriva a sua participação no triunfo glorioso de Cristo. A razão fundamental da proclamação da assun-ção de Maria está no fato de que sendo ela preservada da mancha do pecado não poderia ter a mesma sorte que nós pecadores. A que não teve pecado não poderia ficar na mesma condição dos que vivem a condição da fragilidade. Desde os primeiros séculos surgiram escritos falando deste tipo de crença e da sua proclamação. Mas houve sempre debates sobre o assunto. No Oriente o caminhar desta afirmação foi relativamente tranqüilo. O que não ocorreu no Ocidente. Houve sempre certa desconfiança sobre os documentos que surgiam aqui e ali. A oposição não vinha de objeções doutrinais, mas da ânsia de verdade histórica. Uma das questões de fundo na discussão deste tema é a concepção de ressurreição. Sabemos que a filosofia platônica teve grande influência na elaboração dos enunciados da fé cristã. A concepção de corpo e alma como elementos separados e não como totalidade, conforme a antropologia bíblica, abriu a possibilidade de entender a existên-cia humana, em algum momento, sem o ser-totalidade que o homem

é. A visão de que na morte o corpo se destrói e a alma humana tem um tempo de existência isoladamente não tem nada de bíblico. É pura visão platônica. O ser humano na Bíblia é visto como um todo. Ao morrer, morre o todo. Como Deus é Deus da Vida, no morrer do ser humano Ele lhe dá a Vida, a Ressurreição. Se assim não fosse, haveria um tempo em que nós humanos deixaríamos a nossa huma-nidade para viver só a espiritualidade. E esse tipo de ser humano não existe. Existe o que nós somos concretamente. Naturalmente que nos tempos da vida da Virgem Maria e dos apóstolos essa visão do ser humano não era tão clara. Daí a afirmativa, no seio da Igreja, que Maria não poderia ter o seu corpo corrompido como os demais seres humanos. Ao lado disso, ela que não tinha pecado e era a Mãe de Deus, não deveria ficar na mesma situação da espera da Ressurreição a que os outros homens e mulheres seriam sujeitos. Surge, então, a afirmativa que ao morrer Maria seria imediata-mente introduzida na Glória de Deus. Constata-se que aquilo que o Papa Pio XII definiu como fé da Igreja - e para a Igreja - é a plenitude da Vida Eterna para a Mãe de Jesus Cristo, Filho de Deus. De fato não repugna a nossa

consciência tal definição sobre a Mãe do Salvador. A afirmação contrária traria maior dificuldade na sua aceitação. Não teria sentido a Mãe puríssima de Deus ficar na mesma condição dos que são marcados pelo pecado. É isto o que celebramos no dia 15 deste mês, festa transferida para o domingo que segue o dia 15 por não ser dia santo no Brasil. Cumpre sempre notar que o enunciado das verdades da fé passa pelo condicionamento histórico e pela linguagem própria de cada época com a conceituação que é possível expressar em cada tempo. Por isso mesmo se descortina sempre a necessidade de aprofundar o que se crê para que as afirmativas da fé se tornem luzes para o caminhar quotidiano.

Mons. Giovanni Barrese

Jornal do MeioRua Santa Clara, 730Centro - Bragança Pta.Tel/Fax: (11) 4032-3919

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Diretor Responsável:Carlos Henrique Picarelli

Jornalista Responsável:Carlos Henrique Picarelli(MTB: 61.321/SP)

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da

direção deste orgão.

As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS

Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente.

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ExpEdiEntE

para pensar

Assunção! Maria levada ao céu

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por Gustavo antônio de Moraes MontaGnana/GaBriela de Moraes MontaGnana

Democracia de papel“Cidadania é o direito de ter uma idéia e poder expressá-la. É poder votar em quem quiser sem constrangimento.” “Éo direito de ter direitos, uma conquista da humani-dade” (Gilberto Dimenstein).

Muita gente lutou e morreu para conquistar o direito ao voto. Lutou-se pela idéia de que todos os homens merecem liberdade e de que todos são iguais perante a lei.Em um regime democrático, no qual membros do corpo social são livremente escolhidos pelos seus pares para representa-los no poder, o direito à igualdade é o seu fim último.Direitos fundamentais à vida digna, ao lado dos direitos sociais, como o direito à educação, à assistência médica, à moradia, à alimentação, dentre outros, foram positivados pelo Legislador Constituinte.Ocorre que esses direitos não são efetivados, não saem do plano abstrato da norma. Não há que se negar que os representantes do povo no Poder Legislativo muito fizeram em prol da cidadania, entendida na acepção, aludida, qual seja, direito a ter direitos.Sob essa análise a cidadania e a democracia seriam “de papel”, nos termos do que propõe Gilberto Dimenstein. “Ou será que o Brasil está com uma infecção e o menino de rua – um cidadão com direitos garantidos apenas no papel – é o termô-metro dessa febre? E, pela situação do menino de rua, o Brasil está com uma infecção tão forte que torna o próprio país uma democracia de papel.”Cabe ao Poder Executivo EXECUTAR as leis já existentes, além de propor a elaboração de novas leis segundo as necessidades do Estado e do povo. O Poder Executivo Municipal é exercido pelo Prefeito, auxiliado pelo vice-prefeito e pelos secretários municipais. Cada município, segundo a Constituição de 1988, é autônomo, sendo responsá-vel pela sua própria organização, administração e arrecadação de impostos. Aos prefeitos cabe a administração dos serviços

públicos municipais nas áreas da saúde, educação, transporte, segurança e cultura, o que fará utilizando o dinheiro publico, aquele proveniente dos tributos.“Afinal de contas, somos republicanos ou monárquicos? Nasce-mos no Novo Mundo ou em Roma? Quem deve ser nomeado? O mais competente, como ocorre no futebol? Ou o parente feito do mesmo sangue a quem devemos favores desde o nas-cimento? Quem deve receber a verba? A região mais atingida pelas enchentes ou nosso torrão natal, o lugar dos nossos conterrâneos, governado por nossa família?”As indagações feitas por Roberto da Matta, desnunda a razão da afirmação levada à efeito por Gilberto Dimenstein: vivemos em uma “democracia de papel” por imperar no Brasil a ética do coronelismo. Explica, Roberto da Matta: “Falamos em igualdade, mas con-tinuamos a ter pessoas que são maiores do que os cargos que ocupam. E, o que é pior, jamais discutimos a ética desses cargos. Que não podem pertencer a partidos ou indivíduos porque são do Brasil. Mesmo tendo partidos, a lógica do poder à brasileira contempla mais as pessoas – com suas manias e fobias – que as ideologias que, por isso mesmo, desmoronam do mesmo modo que nossas estradas e pontes debaixo das tempestades. As chuvas começam na natureza, mas acabam no velho nepotismo que jamais foi erradicado entre nós. Temos leis universais que valem para todos, mas o sistema insiste em funcionar como um coronel, como uma ação entre amigos.”Diante deste quadro, outra não pode ser a preocupação dos brasileiros, senão a de escolher, de forma consciente, seus representantes no poder. De um lado, candidatos que tentam convencer seus eleitores, do outro, eleitores indecisos: outra não podia ser a cena, diante de tantos partidos políticos, tantos candidatos.Segundo Affonso Celso Moraes Sampaio Jr, consultor político,

o eleitor deve conhecer o candidato, analisando o seu currículo e identificando se ele já assumiu algum cargo público eletivo ou não. Também é importante descobrir como foi a sua atuação nesse cargo, saber a sua história de vida e como é a sua conduta na comunidade. Além de analisar se ele é razoavelmente bem preparado e, acima de tudo, se tal político é bem intencionado.Imprescindível se faz, neste momento de escolha, que o eleitor procure se informar a respeito da proposta do candidato, bem como conhecer os seus aliados.O voto descomprometido equivale, sem dúvida, aos votos descartados, conhecidos como voto em branco e voto nulo. Ademais, importante ressaltar que apesar de muitos eleitores acreditarem que o voto em branco vai para o candidato que está ganhando e o nulo não vai para ninguém, de acordo com a legislação eleitoral, tanto os votos em branco quanto os votos nulos não são considerados válidos, são excluídos de qualquer contagem e não são computados para qualquer candidato, ou seja, são descartados. O poderoso instrumento da democracia, conquistado depois de muitas lutas e muittas mortes, é descartado.O voto é algo muito poderoso. É o poder de escolha e também de demissão que o cidadão tem em suas mãos. Aqueles que não se interessam por política vão ter a vida comandada pelos que se interessam.Se o desejo por ver os direitos consagrados na Constituição Cidadã é de todos, todos devem se unir com o único fim de escolher represetantes capazes de tornar realidade o desejo do legislador. Com a união em prol deste mesmo objetivo, desejos tornar-se-ão realidade, a democracia ganhará vida fora do papel.Até a próxima!Gabriela de Moraes MontagnanaGustavo Antonio de Moraes MontagnanaAdvogados

seus direitos e dever

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Por mais que se considere a educação uma das áreas de maior importância para o desenvolvi-mento de uma nação, sabe-se que, no Brasil, nem

sempre o setor recebe a atenção que merece. Em época eleitoral o tema é constantemente mencionado pelos candidatos, mas, passam-se quatro, oito, doze anos e a educação no Brasil, mesmo com alguns avanços, con-tinua carente de recursos e valorização. Um dos sinais mais evidentes dos problemas educacionais brasileiros refere-se à Língua Portuguesa. É por meio da produção do conhecimento que um país evolui e se torna capaz de melhorar a qualidade de vida da população. E qual a maneira mais eficaz de propagar conhecimento se não com a língua falada ou escrita? O brasileiro, de forma geral, tem o vocabulário restrito. Na hora de se expressar sente dificuldade para argumentar e organizar ideias. Muitos alunos chegam despreparados à vida acadêmica no que diz respeito à produção de textos. Alguns con-tinuam na mesma situação depois de formados, pois, salvo alguns cursos, como letras e jornalismo, que têm a língua portuguesa como ferramenta profissional, as faculdades não oferecem a disciplina na grade curricu-lar. A maior forma de expressão do brasileiro, que é a língua portuguesa, é pouco valorizada no país. Como forma de aproximar os alunos da língua escrita, os professores Pedro Galasso e Thomas Polla escreveram o livro “Aprendendo e Escrevendo – Escrevendo textos a partir da leitura de outros textos”. “É algo diferente do que geralmente é trabalhado em produção de tex-tos”, explica Thomas. De acordo com os autores, o livro apresenta quatro propostas de redação baseadas em temas contemporâneos e contextualizadas à realidade brasileira. A intenção é fazer com que o leitor trabalhe a leitura de todo o texto observando a proposta apresen-tada e, a partir disso, escreva algo próprio. “Os textos apresentados servem como estímulo e provocação para que o leitor interaja e reflita e com isso desenvolva um novo texto”, conta Thomas.

EscreverO livro “Aprendendo e Escrevendo” foi pensado, em um primeiro momento, para os vestibulandos. Mas atende muito bem às necessidades de outros tipos de leitores, como aqueles que pretendem prestar um concurso público, os que já estão na faculdade ou mesmo para o leitor comum e curioso. São oito as propostas de criação de textos, cada uma delas com suas características principais enumeradas, a fim de conduzir melhor o leitor no desenvolvimento do próprio texto. As modalidades textuais apresentadas por Pedro e Thomas são: artigo, e-mail, carta, resumo, texto dissertativo argumentativo, além de entrevista, notícia e manifesto. “A proposta do livro é ser um estímulo não só para as aulas de português”, diz Thomas. Qualquer pessoa que se propuser a fazer os exercícios irá perceber que escre-ver não é tão complicado assim. Como o livro traz textos que servem tanto como exemplo quanto como referência, basta o leitor se dispor a lê-los e interpretá-los. A partir disso e das dicas oferecidas no livro, criar um novo texto torna-se tarefa menos complexa e mais prazerosa. “Os textos que apresentamos são opções de direcionamento”, explica Pedro. Thomas é professor de língua portuguesa e Pedro de história de geografia. Os quatro textos do livro foram elaborados por ambos e têm a sociologia como pano de fundo. A ideia é criar novos livros com temas distintos, mas sempre com as técnicas de redação como aliada. “Algumas das coisas feitas hoje são próxima daquilo descrito nos textos. O leitor percebe que a sua realidade não está tão distante daquela e acaba tendo uma tomada de consciência”, avalia Thomas. O diferencial do livro é justamente esse, o de estimular a leitura e consequentemente a escrita. Quem quer ter o hábito de escrever, precisa, antes de qualquer coisa, ad-quirir o hábito de ler. A leitura estimula a interpretação, aumenta o vocabulário, cria referências e contribui na re-flexão. Escrever com o auxílio de técnicas ajuda a organizar ideias, criar argumentos e se comunicar de maneira clara e direta. Mesmo para criar um e-mail que será enviado a

uma central de atendimento ao consumidor, por exemplo, é preciso se fazer entender. A palavra escrita, cada vez mais, faz parte do cotidiano pessoal de cada um, o que, por sua vez, faz com que a boa redação funcione como uma porta de entrada ou uma carta de boas referências. Quem sabe escrever demonstra que sabe se expressar. “A linguagem da internet está sendo reproduzida em textos formais. As pessoas precisam entender que por mais que a língua vá se adaptando, a norma culta não vai morrer”, fala Thomas.

IncentivoO livro de Pedro e Thomas foi muito bem recebido pelos alunos. A primeira edição, com tiragem de 50 exemplares já se esgotou. Agora, para novas edições, o projeto, que foi aprovado pela Lei Rouanet, a Lei Federal de Incentivo à Cultura precisa, novamente, sair do papel. Para isso, Pedro e Thomas buscam apoiadores. A lei, conhecida pela política de isenção fiscal, possibilita que tanto pessoas físicas quanto jurídicas apliquem parte do Imposto de Renda devido em ações culturais. “Para nós, a captação de recurso é algo novo”, fala Pedro. “Por causa da dificuldade de conseguir o apoio, o projeto parou”, explica. Além do lançamento de nova edição, o projeto prevê, ainda, oficina de redação para 60 adolescentes. Ao contrário do que se pensa o governo não repassa diretamente os recursos aos projetos. O que acontece é a aprovação de projetos compatíveis com critérios pré-estabelecidos. O livro de Pedro e Thomas passou por esses critérios e foi aprovado. O que falta agora é que alguma empresa esteja disposta a financiar o projeto por meio de renúncia fiscal, ou seja, o dinheiro colocado pela empresa no projeto será descontado proporcionalmente do imposto de renda. Isso nada mais é do que marketing cultural: pegar o dinheiro que iria para o governo em forma de imposto e investir em cultura, tendo ainda a marca veiculada ao projeto. Os interessados em saber como podem apoiar o projeto, podem falar com Pedro através do número 11 97342 – 7055.

colaboração sHel alMeida

Proposta é fazer com a produção de texto seja acessível a qualquer tipo de leitor.

Thomas e Pedro. Professores buscam apoio para projeto que foi aprovado pela Lei Rouanet.

Sexta 24 • Agosto • 2012 Jornal do Meio 654 5

Leis que criminalizam, discrimi-nam e punem as populações com maior risco de contágio do HIV, como homossexuais, transexuais,

prostitutas e usuários de drogas injetáveis, prejudicam o tratamento e atrapalham a luta contra a Aids. É o que afirma um relatório divulgado ontem em Nova York, elaborado pela Comissão Global sobre HIV e Lei, ligado à ONU. A comissão, que é apoiada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, é liderada pelo ex-presidente Fernando Hen-rique Cardoso e formada por especialistas em políticas públicas, direitos humanos, legislação e HIV/Aids. O texto detalha as leis ligadas ao HIV e à Aids em governos de 140 países. E mostra que, em mais de 60 deles, é crime expor outra pessoa ao HIV ou transmitir o vírus. No Brasil, não há lei específica que crimi-nalize a transmissão do HIV. No entanto, há registro de condenações por perigo de contágio venéreo, perigo para a vida ou a saúde, lesão corporal e até tentativa de homicídio. Segundo levantamento da Abia (Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids), já houve 11 sentenças condenatórias por exposição ou transmissão sexual de HIV nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A entidade afirma que, nos anos 80 e 90, o indiciamento mais frequente ligado a casos

de transmissão de Aids no Brasil era por homicídio doloso (com intenção). Mas, segundo Marclei Guimarães, ex-assessor de projetos da Abia e um dos relatores do levantamento da entidade, há uma tendência no Brasil de julgar o ato como lesão ou crime de perigo. Guimarães afirma que a legislação atual permite variadas interpretações. ONGs e movimentos sociais ligados ao tema, no entanto, consideram que transmitir o vírus não pode ser considerado tentativa de homicídio. Isso porque os tratamentos existentes hoje fazem com que o HIV não seja uma sentença de morte. Em 2008, a própria ONU recomendou a revogação de leis criminais específicas para o HIV que obriguem a revelação do status sorológico e que sejam contraproducentes para a prevenção do HIV e seu tratamento. homossexuais Outro entrave para conter a pandemia da Aids, de acordo com o novo relatório, é a criminalização de atividades sexuais entre pessoas do mesmo sexo. Isso ocorre em 78 países do mundo. Essas leis e práticas desencorajam as pessoas a divulgarem a sua condição e a procurarem serviços de saúde. A comissão chegou a essas conclusões por meio da revisão de 680 textos de mais de mil autores de 140 países. Também foram ouvidas cerca de 700 pessoas afetadas por leis ligadas ao HIV.

por iara BiderMan/folHapress

No Brasil, não há lei específica que pune a transmissão do HIV, mas há casos de condenações pelo ato

Criminalizar Aidssaúde

Sexta 24 • Agosto • 2012 Jornal do Meio 6546

por deBoraH Martin salaroli

Quiche - preparo fácil e simples

delícias 1001

A palavra “quiche” vem do alemão “kuchen” que significa torta. Ori-ginalmente a quiche era uma torta

aberta recheada com creme feito com leite e ovos acrescida de bacon defumado. Somente depois foi acrescentado o queijo e hoje em dia pode ser acrescida de todo o gênero de ingredientes: espinafre, brócolis, tomate seco, bacalhau, frango, shiitake... Brincar com seus sabores já virou mania.

Quiche LorraineSempre que possível procuro diversificar nas refeições, afinal nosso paladar ‘pede’ novidades, pensando em sair da mesmice.Então, para incrementar e para sossegar mi-nhas vontades (ando meio enjoada dos pratos repetidos!), preparei essa quiche. Tradicional, deliciosa e fofa demais.

Comecei pela massa:Misturei numa tigela 1 copo de farinha de trigo, 100g de manteiga gelada picadinha, 1 pitadinha de sal e 4 colheres de água. Mexi bem com as mãos até ligar bem. Envolvi num saco plástico e deixei na geladeira por 30 minutos.Depois desse tempo, abri a massa numa forma com fundo removível (com 22cm de diâmetro), somente o fundo e as bordas. Furei toda a superfície com um garfo.Para o recheio, levei ao microondas 8 fatias de bacon (200g) entre duas folhas de papel toalha, por 1 minuto. Verifiquei como estava e deixei por mais 30 segundos. Para mim estava bom. Precisa ficar numa consistência de frito e dourado. O tempo depende da potência do aparelho. Reservei.Coloquei numa tigela alta 500ml de creme de leite fresco, 3 ovos batidos, 200g de queijo prato ralado, 50g de parmesão ralado, sal, pimenta-do-reino e 1 pitada de noz moscada. Adicionei o bacon.Joguei tudo dentro da forma e assei em forno médio (180ºC) por 40 minutos, ou até que ficasse firme e dourasse bem.

Quiche de alho poróSem mistérios, esta delícia é preparada origi-nalmente pela minha cunhada nas reuniões de família. Todos aprovam, afinal é ‘preferência nacional’.Quem é que não gosta de uma quiche? De preparo fácil e simples, não tem como errar.

Fria ou quente, é sucesso na certa. Comece pensando na massa... Ou compre um rolinho de massa folhada laminada congelada para seu preparo ou faça essa aqui. Depende de sua intimidade com a cozinha ou com a pratici-dade do dia. Devo confessar que ambas dão um resultado especial.

Massa:3 ½ xícaras de farinha de trigo1 gema1 tablete de margarina (100g)1/2 xícara de óleo1/2 xícara de leite1 colher (sopa) de fermento químico (para bolo) uma pitada de salMisture bem todos os ingredientes, come-çando pelos líquidos e acrescente o trigo aos poucos,até que a massa se solte das mãos. Forre uma forma de aro removível (fundo e laterais), com pouco mais de metade da massa e reserve.Para o recheio, fatie grosseiramente 3 talos de alho poró e refogue numa panela em 2 colheres de manteiga. Reserve.Em separado, numa tigela, misture 1 xícara de creme de leite fresco, 2 ovos batidos, 1 xícara de parmesão ralado, uma pitada de sal e pimenta a gosto.Montagem:Forre uma forma com fundo removível com massa escolhida. Caso seja a folhada, deixe--a fora da geladeira por um tempo antes de abri-la. Siga as instruções da embalagem para o descongelamento.Fure toda a superfície com um garfo. Leve à geladeira enquanto prepara o recheio. Não asse!Acomode o alho poró refogado e frio sobre a massa.Coloque por cima o recheio batido. Se você quiser preparar numa forma redonda, faça esse recheio líquido em dobro. Leve ao forno pré-aquecido em 180ºC até dourar bem.DeborahDeborah Martin Salaroli, amante da culinária e a tem como passatempo por influência da avó paterna desde criança. Desde abril de 2010, é criadora e autora do blog www.delicias1001.com.br recheado somente de receitas testadas e aprovadas.Alguma sugestão ou dúvida? Mande um e-mail para delicias1001@uol.com.br

fotos: delícias 1001

quiche lorraine

quiche de alho poro

uma torta aberta e muito saborosa

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Dias antes de vir para a Flip, a escritora norte-americana Jennifer Egan, 49, demonstrou uma preocupação salu-

tar: “Qual a temperatura no Brasil durante o inverno?”. A pergunta é mais do que válida, pois Egan, trouxe consigo os dois filhos, Emmanuel, 11, e Raoul, 9. Ao lado da previdência maternal, com a curta vinda ao Brasil, aflora em Egan outra preocupação comum: a do autor que, após ser reconhecido por um livro (no caso dela, “A Visita Cruel do Tempo”, premiado com o Pultizer e lançado no Brasil em 2011), traz a público outro título. “O Torreão” -que saiu nos EUA em 2006 e é, portanto, anterior a “A Visita”- conta a história de um nova-iorquino viciado em internet que vai à República Tcheca ajudar um primo a transformar em hotel um castelo que comprou.

Hiperconectividade Em “O Torreão”, um dos protagonistas, Danny, é viciado em tecnologia. Fica aflito quando não consegue fazer ligações ou usar a internet. Egan conta que, no livro, estava interessada no contraste entre a hiperconectividade e aquilo que é arcaico. No caso de “O Torreão”, a distância tecno-lógica se materializa em uma região remota do Leste Europeu.

“Acabei por descobrir algo realmente impor-tante, mas a respeito do que eu nunca tinha pensado, até então. Nossa comunicação é fantasmagórica. Nos comunicamos o tempo todo com pessoas que não vemos e que não estão por perto”, explica. O fenômeno que Egan retrata só se intensificou após a publicação do livro, com o surgimento de dispositivos móveis de acesso à internet, como smartphones e tablets. “Acho que o vício em tecnologia sempre existiu. Meu livro não é pioneiro ao tratar desse assunto, mas hoje nos EUA é muito comum esse comportamento”, conta. Como toda mãe atenta, o tema é muito caro a Jennifer Egan. Viver em função de um “gadget”, opina, pode ser “um hábito meio perigoso”. “Meus filhos são muito atraídos por tecnologias e sempre digo a eles que as pessoas capazes de produzir algo interessante nos dias de hoje são aquelas que conseguem controlar o desejo de estar on-line o tempo inteiro”, reflete a escritora. “Se você está conectado o tempo inteiro, não consegue focar no que está fazendo. E, se não foca naquilo que está fazendo, não consegue fazer algo interessante”, resume. O torreão Autor Jennifer Egan Tradução Rubens Figueiredo Editora Intrínseca Quanto R$ 29,90 (240 págs.)

por elisanGela roXo/folHapress

Dilemas da vida moderna

antenado

Escritora premiada com o Pulitzer lança “O Torreão”, romance em que discute os dilemas da vida moderna

A escritora Jennifer Egan durante a 10a edição da Flip

foto: adriano vizoni/folhapress

Sexta 24 • Agosto • 2012 Jornal do Meio 6548

Por que um casal se separa? Porque pode, diz a advogada Maria Berenice Dias, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família. Antes da

lei do divórcio, que completa 35 anos, também podia, mas era difícil. Nas últimas décadas, quase tudo mudou na dinâmica do casamento. Já as razões pelas quais ele acaba são as mesmas, segundo advogados especializados em divórcio ouvidos pela reportagem. Os motivos campeões são, não necessariamente nesta ordem: traição, ciúme, dinheiro e até a tanto genérica quanto válida “incompatibilidade de gênios”. São as razões de sempre, mas atualizadas. Veja a questão da traição, por exemplo. “Quase todos os adultérios que chegam ao meu escritório foram comprovados por e-mail ou mensagem de texto”, afir-ma Priscila Corrêa da Fonseca, professora da USP apelidada de “Priscila, a rainha do divórcio” pelos alunos de direito. “O traído descobre a senha, muitas vezes contratando ha-ckers, e depois diz que viu no computador compartilhado pela família”, diz ela. No Brasil, não há dados sobre as separações motivadas por contatos virtuais, uma vez que, desde 2002, os processos deixaram de conter o motivo do rompimento.

Rede social No Reino Unido, um levantamento com base em 5.000 pe-tições de divórcio, feito por uma empresa, constatou que a palavra “Facebook” aparecia em 33% dos processos movidos em 2011 por “conduta inapropriada” do parceiro. Para Fonseca, a internet inflacionou o número de traições e diversificou as modalidades: “Adultério antigamente dava o maior trabalho. Era só o telefone fixo no meio da sala de casa. Hoje tem celular e gente conversando com o amante no chat enquanto o parceiro oficial está bem ao lado”. Foi pelo celular que o engenheiro Felipe Brito, 32, desco-briu que a mulher conversava com um colega de trabalho que ela dizia mal conhecer: “O telefone tinha senha, mas só bloqueava depois de cinco minutos sem uso. Eu estava desconfiado de tanto apego ao aparelho, aproveitei uma ida dela ao banheiro para confirmar o que já sabia”. Apesar da mágoa, o divórcio foi consensual. Para o advogado Celso Cintra Mori, a possibilidade de manter conversas privadas de forma discreta e o contato constante com pessoas do passado em redes sociais fez gente sem o “perfil do pulador de cerca” se aventurar. “A internet ainda é um limbo confuso e as pessoas criam maneiras psicologicamente aceitáveis para justificar seus comportamentos na rede. Ao deitar no travesseiro, todo mundo sabe o que é uma traição e ela certamente inclui conversas dúbias por e-mail.”

Falta de amor Antes da lei do divórcio, de 1977, o caminho para quem estava insatisfeito era o desquite, que envolvia constrangimento social e impedia a formalização de outra união. A situação atual permite oficializar divórcios consensuais no mesmo dia, é quase como casar em Las Vegas. Por “falta de amor e respeito dentro de casa”, a farmacêutica Eugênia Soares, 62, decidiu se separar, aos 22. “Quem se separava na época era tido como leproso. Precisei mudar de bairro para conseguir namorado e comigo foi leve, por não ter filhos.” Foi só em 1977 que ela conseguiu oficializar o segundo ca-samento, feito cinco anos depois do desquite: “Sou casada há 36 anos, mas diziam que éramos ‘amigados’”.

Criação dos filhos Dez entre dez advogados citam divergências sobre como educar os filhos entre as razões mais comuns para um casal se divorciar. Esse motivo, por sinal, talvez explique o recém-anunciado fim da união entre Tom Cruise e Katie Holmes.Ela seria contra a iniciação da filha Suri, 6, na Cientologia, religião seguida pelo ator. “A hora de escolher a primeira escola dos filhos é sempre um momento de provação para o casal. É quando muitos percebem incompatibilidade de expectativas”, diz a psiquiatra Carmita Abdo. Esse é o momento em que divergências aparentemente pequenas mostram seu verdadeiro tamanho: “Se um quer colocar a criança em uma escola liberal e o outro em uma escola religiosa, já dá para ver que esse casal terá um grande desafio para se entender em vários outros aspectos da criação”. O advogado Luiz Kignel dava uma palestra sobre direito de família quando um casal grávido de cinco meses perguntou se era cedo demais para discutir a educação da criança. “Vocês estão seis meses atrasados”, respondeu ele. É que, em seu escritório, disputas envolvendo a criação dos filhos têm se tornado constantes. “Casamento hoje não é para a vida toda, mas filho ainda é; as pessoas deixam para discutir essas coisas quando o problema já está instaurado”, afirma ele. Para Kignel, quem tem opiniões muito firmes sobre educação deve ser mais seletivo na escolha do parceiro.

Motivos Traição Redes sociais e mensagens de celular ampliaram a prática. “Está mais fácil de abordar um possível caso de maneira discreta”, diz Celso Mori. Apesar da tecnologia, o ambiente de trabalho continua sendo o grande palco de traições Dinheiro

Demissão, excesso de gastos e mentiras sobre a situação financeira geram atritos a partir do segundo ano de relacio-namento. “As pessoas se separam por dinheiro e, no divórcio, continuam brigando por ele”, diz Priscila Fonseca Educação dos filhos Discordâncias na escolha da escola e no nível de liberdade que os filhos devem ter abalam a relação. Até quem costuma ser flexível tem dificuldade em fazer concessões quando se trata da criação dos filhos, segundo Luiz Kignel Violência doméstica “Os homens ainda têm muita dificuldade em aceitar que a situação da mulher mudou. Pressões psicológicas e físicas para que a mulher volte a ser submissa são mais comuns do que se pensa”, diz Maria Berenice Dias O parceiro não evolui Impressão de que o parceiro parou no tempo. “É um ponto engraçado, porque muitas vezes os dois reclamam da mesma coisa sem perceber que talvez cada um tenha evoluído para um lado”, afirma Sandra Vilela ‘Reciclagem’ O homem é o que mais pede o divórcio por ter outra pessoa em vista. Segundo Nelson Sussumu, às vezes essa outra pessoa nem é tão importante, mas funciona como uma justificativa para o rompimento Família chata E, o pior, presente. Aqueles eternos almoços de domingo aca-bam cobrando um preço. “É difícil comprar o pacote completo da outra pessoa e algumas famílias realmente fazem de tudo para desagradar”, diz Rodrigo Pereira Religião “Quando um dos lados se torna muito mais religioso do que era antes do casamento acontece um estranhamento, sobretudo quando os dois são de religiões diferentes”, afirma Daniela Fonseca Convivência A famosa “incompatibilidade de gênios” pesa quando a paixão esfria. “É um motivo comum, mas costuma esconder algo maior, que é um esvaziamento da relação”, opina Ricardo Zamariola Ciúme excessivo “O ciúme exagerado vai minando a paciência do objeto e a autoestima do ciumento”, diz Álvaro Villaça Azevedo

Culpado ou inocenteMais comuns antes da nova lei, os processos de separação judicial litigiosos, com disputa de guarda de filhos ou de bens, precisam tachar um dos cônjuges como o “culpado” da separa-ção e descrever os motivos que levaram à dissolução da união. Mas a questão é controversa: uma parte dos advogados e legisladores entende que a separação judicial não existe mais, portanto ninguém precisa apresentar motivos nem cul-pados para se divorciar.

por Giuliana Miranda/folHapress

Me dê motivo Ninguém mais precisa dar explicação para pedir o divórcio, cuja lei completa 35 anos. Mas não é bom saber o que faz uma união acabar?

comportamento

Sexta 24 • Agosto • 2012 Jornal do Meio 654 9informática & tecnologia

Urna em debate Críticos pedem mudanças para aumentar confiabilidade da votação eletrônica no Brasil; TSE defende modelo atual

Quão à prova de fraude é a urna ele-trônica brasileira? Em março, durante um teste público

promovido pelo TSE (Tribunal Superior Elei-toral), uma equipe da UnB (Universidade de Brasília) descobriu uma brecha de segurança. Liderado pelo professor Diego Aranha, o grupo foi capaz de desembaralhar a ordem dos votos registrados na urna. No entanto, o sigilo do voto não foi comprometido porque os especialistas da UnB não conseguiram desvendar a ordem dos eleitores. “Dada a severa limitação de tempo, não tivemos tempo hábil para executar o plano de testes que analisava a dificuldade de violar a integridade dos resultados de uma eleição simulada”, afirmou Aranha à Folha. Apesar de ter sido corrigida nas urnas que serão usadas nas eleições municipais deste ano, segundo o TSE, a falha dá fôlego a críticos do modelo atual, como o engenheiro Amílcar Brunazo Filho, supervisor do Fórum do Voto Eletrônico, entidade de “eleitores brasileiros que querem saber até onde se pode confiar no sistema eletrônico de votação oferecido pelo TSE”. Uma das recomendações do fórum é a implan-tação do voto impresso, que seria conferido pelo eleitor e depositado numa urna “para permitir a auditoria independente da apuração”. Walter Carnielli, diretor do Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência da Uni-camp, afirma que o voto impresso “ofereceria apenas uma ilusória sensação de segurança” e considera improváveis eventuais fraudes no sistema atual.

“Primeiro porque há várias camadas de segu-rança pelas quais um fraudador deveria passar, e segundo porque, para compensar os riscos, a fraude deveria ser maciça.” Para Brunazo Filho, o sistema atual é bem pro-tegido contra ataques externos, mas vulnerável a investidas internas. “O perigo é o pessoal de dentro [do TSE] fraudar o sistema durante a apuração.” Impressão de voto é foco de discussão Críticos do sistema brasileiro dizem que con-teúdo de registro digital na urna é secreto até para o próprio eleitor Para TSE, implantação teria custo muito alto e provocaria demoras; opositores reclamam de concentração de poder “O voto no Brasil é secreto para o próprio eleitor. Parece piada, mas é assim”, afirma o engenheiro Amílcar Brunazo Filho, supervisor do Fórum do Voto Eletrônico. A entidade recomenda a implantação no Brasil do voto impresso complementar ao digital, medida em vigor em países como EUA e Peru. Diego Aranha, professor-adjunto no depar-tamento de ciência da computação da UnB (Universidade de Brasília) e líder da equipe que descobriu uma falha na urna brasileira durante um teste público em março, concorda. “Há uma clara migração dos sistemas de vota-ção adotados em outros países na direção do voto impresso verificável pelo eleitor ainda no ambiente de votação, sem que o comprovante permita ao eleitor provar suas escolhas para uma terceira parte”, diz Aranha. Ele afirma que as fragilidades encontradas por sua equipe na urna brasileira “são resultado de

um processo de desenvolvimento de software imaturo do ponto de vista de segurança e que precisa ser aperfeiçoado”. Em outubro de 2011, Brunazo Filho foi enviado pelo PDT (Partido Democrático Trabalhista) à Argentina como observador externo da eleição informatizada em Ciudad de Resistencia, capital da Província del Chaco. Lá, o engenheiro constatou práticas que con-sidera superiores às brasileiras. “O eleitor argentino pode conferir e até refutar o registro digital do seu voto, antes de deixar o local de votação, de forma simples e direta”, relatou, à época. “O eleitor brasileiro não pode -no Brasil, o conteúdo do registro digital do voto é secreto até para o próprio eleitor, pois não lhe é permitido ver ou conferir o que nele foi gravado.”

Alhures “Buscar experiências com países que nem sequer fizeram eleições informatizadas num Estado ou numa província inteira, muito menos em um país inteiro, seria desconsiderar todo o conhecimento desenvolvido no Brasil”, afirma Giuseppe Janino, secretário de tecnologia da informação do TSE, lembrando que as eleições brasileiras são 100% informatizadas desde 2000. Janino afirma que o sistema atual, inaugurado em 1996, foi desenvolvido levando em conta as peculiaridades do país. “Mas somos muito abertos e receptivos a toda melhoria possível que sirva para nossas características.” Segundo Janino, o TSE considera, por exemplo, promover testes de segurança sem limite de tempo, uma reivindicação de Aranha.

Walter Carnielli, diretor do Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência da Unicamp, considera que o voto impresso ofereceria “uma ilusória sensação de segurança, a um custo extremamente alto, não somente financeiro, mas de risco politico”. “Em um país continental, com perfil socioe-conômico e instrucional muito diverso, com variação climática considerável e com votação obrigatória, alterar as regras eleitorais da maneira proposta por alguns opositores, descontando-se todos os motivos potencialmente interesseiros, é no mínimo uma irresponsabilidade”, afirma Carnielli.

Concentração Em outubro de 2011, o STF (Supremo Tribunal Federal do Brasil) suspendeu o artigo de uma lei de 2009 que previa o voto impresso para 2014 -em maio deste ano, Carnielli defendeu a decisão em uma audiência pública na Câmara dos Deputados. “Os juízes do STF acumulam também a função de administradores eleitorais no TSE, fragilizando a desejada imparcialidade nessa área”, escreveu Brunazo Filho no ano passado. “Ao julgar ma-téria administrativa sobre urnas eletrônicas, os membros do STF acabam sendo parte e juízes no mesmo processo”. A entidade supervisionada por ele vê concen-tração de poder no processo eleitoral brasileiro e defende “a tripartição dos poderes no processo eleitoral, reservando ao TSE a função judiciária”. Procurado para comentar as declarações, o TSE não respondeu até a conclusão desta edição.

porrafael CapaneMa /folHapress

foto: ilustração pablo Mayer

Sexta 24 • Agosto • 2012 Jornal do Meio 65410

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Foi com muita alegria que fotografei o casamento deste querido casal:

Maira e Sergio Antonio ou “Sodinha” como é mais conhecido. Maira

é filha do meu querido amigo Wilson Roberto Teixeira Valente e Sra.

Maria Luiza Jeani Teixeira Valente. Sodinha do Sr. Orlando de Lima

(I M) e Sra. Carlinda Maria de Lima. Foi uma noite maravilhosa! A

cerimônia aconteceu na Catedral de Bragança lindamente decorada e

lotada pelos muitos amigos e familiares do casal.

Quem presidiu a cerimônia foi o Padre Marcelo e, como sempre, capri-

chou na oratória fazendo uma cerimônia simples e emocionante. E por

falar em emoção, logo depois do casal jurar amor e fidelidade para a

vida toda, as alianças foram entregues pelos avós Sr. Mario e Dna Cida,

para que fossem colocadas. Um carinho muito especial para o casal.

Logo depois dos cumprimentos dos pais e padrinhos o casal saiu pela

nave da Catedral ovacionados pelos amigos presentes. Depois demos

uma voltinha na cidade para exploramos um pouco o casal para mais

algumas fotos e na sequencia seguimos para o Espaço Lelo’s onde o

casal ofereceu uma linda recepção para os convidados.

Na festa teve de tudo: sob o comando do Dj. Ney a pista não parou

nem um minuto. O casal aproveitou ao máximo com muita alegria

toda a festa. Mais um dia que guardo com muito carinho.

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ve

ícu

los

2ºCaderno

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Novo design alinhado com as mais re-centes tendências estilísticas da marca. Motores mais modernos, potentes e econômicos. Espaço interno ampliado.

Sistemas de conectividade e entretenimento mais sofisticados. Para ir além das novidades previsíveis na renovação de qualquer modelo automotivo, a Citroën resolveu propor algo diferente para a nova geração do hatch compacto C3, lançado na Europa em 2009 e que agora chega ao Brasil. Além das alterações esperadas, o novo C3 introduz no segmento de compactos o para-brisas Zenith. O vidro dianteiro panorâ-mico já era oferecido no monovolume médio C4 Picasso e alonga o para-brisa até acima da cabeça do motorista, o que amplia consideravelmente o campo de visão. O novo para-brisa – que tem 1,35 metro de comprimento, contra 99 cm do vidro dianteiro normal – não está disponível na versão básica Origine, mas é de série na intermediária Tendance e na “top” Exclusive.A nova geração do C3 produzida na fábrica da PSA Peugeot Citroën na cidade de Porto Real, no Sul do estado do Rio de Janeiro, traz sutis diferenças em relação ao C3 europeu. Na frente, a inspiração dos designers brasileiros veio do C4 Picasso. Os faróis são em forma de bumerangue e, na versão nacional, tocam a grade central onde está o indefectível “double chevron” dos modelos Citroën. O para-choque foi redesenhado, a entrada de ar inferior ficou mais avantajada e foram incorporadas luzes diurnas com leds nas versões Tendance e Exclusive. No perfil, a diferença em relação ao C3 europeu está no desenho das rodas, desenvolvido no centro de estilo paulistano da marca. Na traseira, nada mudou e lá estão as mesmas lanternas avantajadas, também em forma de bumerangue, mas em posição invertida em relação aos faróis. Comparado ao modelo antigo, o novo compacto está 9,4 cm mais longo e 4,1 cm mais largo – a altura cresceu insignificantes dois milímetros e o entre-eixos permaneceu o mesmo. O peso foi reduzido em 10 quilos na versão mais básica, mas cresceu 25 quilos na versão Exclusive automática, a mais completa.Por dentro, o novo design reforça a sensação de espaço. O estilo é elegante e contemporâneo, com texturas e tecidos bem equilibrados e um aspecto bem jovial. Chama a atenção é o gene-roso porta-luvas, tão grande que poderia ser

chamado de “porta-bolsas” ou “porta-mochilas”. Talvez para atender às preocupações de con-sumidores temerosos de deixar seus pertences expostos no banco do carona, o que funciona como um verdadeiro chamariz de ladrões em muitas grandes cidades.Para se mover com desembaraço, o novo C3 traz duas opções de motorização. O 1.5 litro de 8 válvulas, destinado às versões Origine e Tendance, entrega 89 cv e 13,5 kgfm com gaso-lina e 93 cv e 14,2 kgfm com etanol. Recebeu a classificação A nos testes de consumo realizados pelo InMetro. Já a versão “top” Exclusive roda com o motor VTi 120 Flex Start, um 1.6 litro de 16 válvulas que atinge 115 cv e 15,5 kgfm com gasolina e 122 cv e 16,4 kgfm com etanol. Esse motor conta com comando de válvulas variável e dispensa o anacrônico “tanquinho” de etanol habitual nos veículos flex. Pode funcionar com o mesmo câmbio manual de cinco marchas da versão 1.5 ou com um câmbio automático de quatro marchas, com “paddle shift” para acionamento manual no volante.Embora tenha lançado no Brasil o conceito de compacto premium – modelos com acabamen-to mais requintado que os então chamados “populares”, mais equipamentos e motores maiores que 1.0 litro –, nos últimos tempos o C3, em final de linha, era oferecido por preços bem abaixo dos habituais. Com o status de novidade, os valores pedidos são obviamente menos generosos. Começam em R$ 39.900 na versão básica Origine, que vem com rodas de aço e traz duplo airbag, ABS com EBD, direção elétrica, ar-condicionado manual, banco traseiro bipartido, computador de bordo, porta-luvas com refrigeração, volante com regulagem de altura e profundidade, além de retrovisores, vidros dianteiros e travas elétricos. Rádio/CD/MP3 e as rodas de liga leve são opcionais e o badalado para-brisas panorâmico não é oferecido. Este passa a ser de série na versão intermediária Tendance, que parte de R$ 43.990 e incorpora também rodas de liga leve, vidros traseiros elétricos, faróis de neblina, Rádio/CD/MP3 Bluetooth com seis alto-falantes e comando na coluna de direção,No topo da linha está a versão Exclusive, que começa em R$ 49.990 com câmbio mecâ-nico e atinge R$ 53.990 com a transmissão automática de quatro velocidades e “paddle shift” – basicamente o mesmo preço do similar

europeu, que custa 19.750 euros. Vem com rodas de liga leve modelo Oka aro 16, faróis com acendimento automático, apoios de braço nos bancos dianteiros, maçanetas cromadas, alarme anti-intrusão, pedais com acabamento em alumínio, ponteira do escapamento cro-mada, limpadores de para-brisa com sensor de chuva e volante em couro com apliques de metal. Os bancos de couro, airbags laterais e detector de obstáculos traseiro são opcionais na versão Exclusive e o kit de navegação com GPS é opcional nas versões Tendance e Exclusive. A garantia é de três anos em todas as versões.Ao novo C3, caberá a dura missão de devolver a Citroën à briga pela liderança brasileira entre os hatches compactos bem equipados. Que se tornou o mais competitivo nos últimos anos e onde já batalham modelos como Fiat Punto, Volkswagen Polo, Chevrolet Sonic, Ford New Fiesta e Honda Fit. E não param de surgir novidades.

Primeiras impressõesBrasília/DF - Todo o marketing de lançamento e as peças publicitárias do novo C3 são base-ados na visibilidade extra proporcionada pelo para-brisa panorâmico – o que transforma a versão básica Origine, a única do novo C3 que vem sem ele, numa espécie de “pária” da linha. A previsão da Citroën é que o vidro dianteiro ampliado esteja em 70% dos C3 vendidos no Brasil. Mas a versão Origine tem a função mercadológica de disputar o segmento de vendas diretas a frotistas, que é um objetivo declarado da Citroën. E, de quebra, atender as pessoas que possam se sentir inibidas diante de tamanha área envidraçada. Para sossegar os temerosos pelos eventuais custos de reparação de um para-brisa tão avantajado, a marca avisa que sua substituição custará os mesmos R$ 1.465 que custa o vidro dianteiro do C3 no modelo antigo.Ao sentar ao volante de um carro, uma das primeiras coisas que qualquer motorista faz é olhar para frente para constatar o campo de visão frontal. Por isso, dirigir o novo Citroën C3 com o para-brisas Zenith é uma experiência inusitada em termos de visibilidade no segmento de compactos. Nem os conversíveis oferecem a mesma possibilidade visual porque, apesar da ausência do teto, a moldura dos para-brisas dos cabriolets é no lugar convencional e “quebra” o

campo de visão. Na prática, o campo de visão ampliado proporcionado pelo teto panorâmico aumenta consideravelmente a sensação de interação com o ambiente e amplia a sensação de espaço no habitáculo. Quando, por excesso de sol ou outro fator, a interação extra com o ambiente não for desejável, é fácil puxar o ocul-tador, que fecha a “porção extra” de para-brisas e deixa o C3 com uma visibilidade convencional. Mas, independentemente do vidro Zenith, a sensação é que o espaço interno ficou realmente maior que o do C3 antigo.A versão avaliada nas retilíneas avenidas da Capital Federal foi a “top” Exclusive, dotada de motor 120 VTi Flex Start e câmbio auto-mático com “paddle shift” no volante, além dos opcionais bancos de couro, airbags laterais e detector de obstáculos traseiro. A engenharia da marca francesa certamente imaginou que o recurso de acionamento manual das marchas no volante ajudará a encarar os concorrentes automatizados – que possuem embreagem automática em vez de um conversor de torque –, muitos dos quais oferecem a possibilidade de acionamento das marchas no volante. Lamentavelmente, a Citroën optou por man-ter no compacto um câmbio automático de apenas quatro marchas. O resultado é que, quando há necessidade de exigir um pouco mais do motor, ele se ressente da ausência de uma quinta marcha e “rosna” de forma pouco amistosa para explicitar seu incômodo. O ba-rulho chega a perturbar o conforto acústico. A utilização das “borboletas” para acionamento manual das marchas até atenua um pouco o problema, mas não resolve a falta que faz a quinta marcha. Segundo a Citroën, 80% do torque dessa versão estão disponíveis a partir de 1.500 rpm, o que ajuda a explicar as retomadas bem dispostas. Fora os eventuais desentendimentos entre o câmbio automático de quatro marchas e o motor, de resto o novo C3 na versão Exclusive automática se comportou de forma exemplar nas vias brasilienses, infestadas de radares que sequer permitiam experimentar retomadas de velocidade mais agressivas. Mas foi possível perceber que a suspensão é bem equilibrada e transmite boa sensação de segurança nas curvas e frenagens. Exatamente como se espera de um Citroën que faça jus às tradições da marca que ostenta.

por por luiz HuMBerto Monteiro pereira/auto press

veículos

fotos: luiz huMberto Monteiro pereira/carta z notícias

Sexta 24 • Agosto • 2012 Jornal do Meio 654 15

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Sexta 24 • Agosto • 2012 Jornal do Meio 65416

por auGusto paladino/autopress

Notíciasautomotivas

Coreano na alta roda – A Hyundai quer mesmo

reforçar sua imagem no Brasil. Agora, é a vez do

Equus, maior sedã da fabricante sul-coreana, chegar

ao país. O modelo, pensado para tentar roubar clientes de

marcas tradicionais de luxo, como Audi, Mercedes-Benz

e BMW, custará R$ 320 mil – pouco mais da metade dos

concorrentes europeus do mesmo porte, o que acaba co-

locando o sedã em uma categoria inferior. Ele é equipado

com um motor V8 de 4.6 litros e 366 cv desenvolvido pela

própria Hyundai, acoplado a um câmbio automático de oito

marchas. Para as vendas aqui, apenas as configurações topo

serão oferecidas, com itens como suspensão a ar e sistema

de som com 17 alto-falantes.

Estilo em alta – Ao que tudo indica, a Volkswagen está

mesmo preparando uma versão cupê do Touareg. A ideia

é fazer um crossover grande, nos moldes do BMW X6 e

muito inspirado no conceito Cross Coupé apresentado no

último Salão de Tóquio, em dezembro de 2011. Segundo

a revista alemã “Autobild”, o novo modelo será fabricado

sobre a nova plataforma modular MLB, de concepção se-

melhante à MQB, mas direcionada a carros com motores

longitudinais – como os V6 e V8 usados pela Volkswagen

e Audi. A base mais moderna permitirá a redução de até

300 kg em relação ao atual Touareg. O Touareg CC deverá

ser lançado entre 2014 e 2015.

De olho na concorrência – Cutucada pelo sucesso do

Toyota GT 86, a Honda pode enfim criar uma nova gera-

ção do mítico S2000. O braço norte-americano da marca

trabalha para convencer a matriz da importância de voltar

a produzir um esportivo compacto com foco no prazer ao

dirigir, como o S2000 era. No entanto, a Honda japonesa

deu preferência ao lançamento das novas gerações do Fit

e Accord, programadas para os próximos anos.

Purismo real – Como uma marca de alto luxo que se

preze, a Rolls-Royce não pode deixar de ouvir atentamente

clientes e admiradores. E foi assim que deu por encerrado

qualquer projeto de usar motores diesel nos luxuosos sedãs

ingleses. A negativa veio de uma pesquisa realizada entre o

público da Rolls-Royce, que não pareceram se encantar pelas

possíveis vantagens dos propulsores a óleo, como a maior

economia de combustível, menores emissões ou mesmo o

torque mais farto. Recentemente, a marca enterrou outro

projeto, o 102EX, que usava motorização híbrida,

também em função da baixa aceitação.

veículos

Sexta 24 • Agosto • 2012 Jornal do Meio 654 17veículos

Tudo novo Tudo novo – Depois de mui-

to mistério, a Nissan enfim

mostrou a nova geração do

Pathfinder. O jipão ganhou visual

mais elaborado, com linhas muscu-

losas e curvas – bem diferentes do

ar “sisudo” dos modelos antigos. A

plataforma é a mesma do Infiniti JX

apresentado no início do ano, com

quem também compartilha o motor

V6 de 3.5 litros e 265 cv acoplado a

um câmbio CVT. Nos Estados Unidos,

o preço parte dos US$ 29 mil – cerca

de R$ 58 mil. Charme inglês – A

inglesa Mini tem chamado atenção

durante os Jogos Olímpicos de

Londres. Não pela frota de carros

elétricos e diesel com baixas emissões

de poluentes, mas pelas simpáticas

miniaturas de controle remoto, que

ajudam a organização do evento em

algumas provas de atletismo. Os

carrinhos, em escala 1/4, servem

para transportar de um lado para o

outro dardos, martelos, discos e pesos

arremessadas pelos competidores em

suas provas. Eles carregam até 8 kg

de material e rodam por 35 minutos

ininterruptos depois de 1 hora e 20

minutos na tomada. Além dos três

rádio controlados, outros 40 Mini E

e 160 BMW Série 1 Active E fazem

parte da frota cedida pela marca

bávara para uso nos Jogos.

por auGusto paladino/autopressfoto: divulgação

Nissan Pathfinder

Mini mini

Sexta 24 • Agosto • 2012 Jornal do Meio 65418

Com o amadurecimento do mercado brasileiro de motos, apareceram muitos segmentos novos. Desde modelos de altas

cilindradas, com muito luxo e preços elevados, até variações de outras de baixa e média cilindradas. Nestes segmentos mais específicos, nem sempre o preço é o principal argumento de vendas. No caso das esportivas de pequeno porte, imagem agressiva e status contam muito. Mas não só. Desempenho é fundamental. E é desse mal que sofre a Dafra Roadwin 250R.Mesmo custando quase 20% a menos que suas rivais de marcas tradicionais, como a Kawasaki Ninja 250 e a Honda CBR 250R, a Roadwin não conseguiu “chegar” no mercado. Ela foi lançada em fevereiro e só emplacou até agora 156 unidades, uma média de baixas 26 por mês, de acordo com a Fenabrave. As concorrentes comercializam dez vezes mais. Na lógica produtiva da unidade de Manaus da Dafra, a Roadwin está atualmente na entressafra. A marca faz escalas em sua fábrica em Manaus dependendo da demanda de cada modelo. Ela produz diversas unidades, cria um estoque e fica monitorando as vendas. Quando for necessário, volta à produção. Isso otimiza o funcionamento das linhas de montagem, que ficaram mais cheias esse ano graças à introdução de quatro modelos totalmente novos.No caso da Roadwin, até agora as unidades produzidas antes do lançamento ainda estão atendendo à demando do mercado. Enquanto ela custa R$ 12.490, a Honda CBR 250R vai a R$ 15.490, valor que chega a R$ 17.990 com ABS, e a Kawasaki Ninja 250 fica em R$ 13.990 – preço promocional porque o modelo mudou lá fora. As duas dominam o mercado, com uma média de 270 emplacamentos mensais. A Kasinski, que tem um bom tempo de atuação no mercado, também consegue números razoáveis. A Comet GT250 R, que custa R$ 14.990, vende 210 exemplares/mês. A melhor explicação para essa disparidade está mesmo no desempenho do modelo da sul-coreana Daelim, montado pela Dafra em Manaus. Enquanto as rivais apresentam motor e comportamento realmente mais esportivos, a Roadwin se contenta apenas com um visual mais agressivo. A Comet GT250R e a Ninja 250 têm motor bicilíndrico, respectivamente com 29,4 cv e 33 cv de potência máxima. A Honda CBR 250R tem 26,4 cv de po-tência, mas é a mais leve de todas, com 150 kg, o que favorece a relação peso-potência. A Roadwin traz um monocilíndrico com comando duplo no cabeçote e refrigeração líquida, que desenvolve 24 cv a 9 mil rpm e 1,92 kgfm de torque a 7 mil giros. O câmbio é um tradicional manual de cinco velocidades com transmissão final por corrente. No resto, a Roadwin vai bem. O desenho é bonito, ainda mais na cor vermelha brilhante. A dian-teira marca presença, com os faróis com linhas talhadas e a entrada de ar triangular entre eles. Acima surge o para-brisa montado com parafusos aparentes. A carenagem cobre toda a lateral da Roadwin e vai terminar quase no escapamento. Dois entalhes ajudam o motor a “respirar”. A traseira é alta e traz luzes de led. O detalhe fi-

nal que ajuda a dar charme à miniesportiva é o adesivo nos aros da roda na cor da moto. Ajuda a aumentar o apelo esportivo. Coisa necessária nesse segmento, mas não suficiente.

Impressões ao pilotarpor Eduardo RochaAuto PressO visual da Dafra Roadwin faz muitas pro-messas. Carenagem que cobre todo o motor, cores vibrantes, design agressivo, que parece entalhado à base de espátula, lanterna em led, entre outros elementos estéticos, induzem uma esportividade que o motor de 24 cv não é capaz de entregar. Ainda mais gerenciado por um câm-bio de apenas cinco marchas. O desempenho da Roadwin é apenas correto. Isso a deixa abaixo da expectativa de quem quer uma esportiva e essa “frustração” é possivelmente a principal responsável pelas baixas vendas do modelo.Por um valor menor que o pedido pelo modelo da Dafra, a líder nesta faixa de cilindrada, a Honda CB 300R, entrega mais desempenho e potência. E é com ela que, afinal, a Roadwin disputa consumidores. Talvez o mercado de motos de baixa cilindrada no Brasil já esteja já em um grau de maturidade que extrapola o “encantamento” que um design bem urdido possa produzir. O motociclista é, por força do uso, um bocado pragmático. Interessam a ele a aceleração, a retomada, que velocidade cada marcha alcança, como é a capacidade de frenagem e quanto consome. Não há espaço para tantas luzes e mimos a ponto de distrair sua atenção, como ocorre em um carro. Nada na aceleração, frenagem, consumo ou estabilidade destacam a Roadwin da multidão. É somente uma moto correta, razoavelmente equilibrada, com de-sempenho mediano e um belo visual esportivo.

Ficha técnicaMotor: A gasolina, quatro tempos, 247 cm³, mo-nocilíndrico, duas válvulas por cilindro, comando simples no cabeçote. Injeção eletrônica multiponto.Câmbio: Manual de cinco marchas com transmis-são por corrente.Potência máxima: 24 cv a 9 mil rpm.Torque máximo: 1,92 kgfm a 7 mil rpm.Diâmetro e curso: 73,0 mm X 59,0 mm.Taxa de compressão: 11,0:1.Suspensão: Garfo telescópico com 128 mm de curso. Traseira do tipo braço oscilante com um amortecedor, com 26 mm de curso.Pneus: 110/70 R17 na frente e 130/70 R17 atrás.Freios: Disco duplo, pinça com pistão duplo na frente e disco simples de 290 mm em forma de pétala, pinça com pistão simples na traseira. ABS de série.Dimensões: 2,02 metros de comprimento total, 0,78 m de largura, 1,18 m de altura, 1,39 m de distância entre-eixos e 0,78 m de altura do assento.Peso: 158 kg a seco.Tanque do combustível: 15 litros.Produção: Manaus, BrasilLançamento mundial: 2012.Preço: R$ 12.490.

por rodriGo MaCHado/auto press fotos:divulgação

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