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A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ENQUANTO ÁREA DO CONHECIMENTO, PARA A FORMAÇÃO DO ALUNO CONCLUINTE
DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Adriana Furlanetto1
Carmem Elisa Henn Brandl2
Resumo:
O presente trabalho tem por finalidade analisar a contribuição da Educação Física, enquanto área do
conhecimento, para a formação geral do aluno concluinte da Educação Básica. A pesquisa foi
desenvolvida em Estabelecimentos da Rede Pública de Ensino, em um município da região oeste do
Estado do Paraná, através da técnica de coleta de dados por meio de questionário, aplicado em
turmas da 3ª série do Ensino Médio do período matutino. Os dados levantados apresentaram a
predominância nas práticas pedagógicas, do Esporte sobre os demais conteúdos que compõem a
disciplina, ou seja, sobre a ginástica, a dança, as lutas e os jogos, além de evidenciar que a grande
maioria dos alunos considera importante a presença da disciplina de Educação Física na Educação
Básica, participando das aulas sempre ou freqüentemente, tanto no Ensino Fundamental, quanto no
Médio.
Abstract: This study aims to examine the contribution of Physical Education, as a field of knowledge, the general
training of the student concluinte of Basic Education. The research was conducted at establishments
of the Public Education Network, a municipality in the region west of the state of Parana, through the
technique of collecting data through a questionnaire, applied to classes of 3rd grade of high school in
the morning. The data collected showed the dominance in the educational practices of Sports on the
other contents that make up the discipline, that is, on the gymnastics, dance, the struggles and games,
in addition to evidence that the vast majority of students considered important the presence of the
discipline of Physical Education in Basic Education, participating school always or frequency, both in
elementary school, as in the Middle.
Palavras – chave: Educação Física Escolar. Área do Conhecimento. Práticas
Corporais
1 Professora PDE / NRE de Cascavel. Licenciada em Educação Física / UEL. Especialista em Educação Motora / UNICENTRO.2 Doutora em Educação Física/Pedagogia do Movimento. UNICAMP/FEF. Docente do Curso de Educação Física na Universidade do Oeste do Paraná / UNIOESTE, campus de Marechal Cândido Rondon. Pesquisadora e Líder do GEPEFE.
1
1 INTRODUÇÃO
A Educação Física, desde sua inclusão no currículo escolar brasileiro, a partir
do século XIX, vem buscando propostas pedagógicas que a legitimem enquanto
prática educativa fundamental para o desenvolvimento humano.
Neste contexto, analisando as concepções pedagógicas desenvolvidas ao
longo da história, até os dias atuais, constata-se que, apesar das alterações
ocorridas nas propostas educacionais da Educação Física, as práticas pedagógicas
dos profissionais da área ainda sofrem influência de tendências que foram
historicamente construídas e foram significativas em determinadas épocas e
contextos, mas muitas não satisfazem as atuais necessidades e concepções da
educação.
Em virtude da formação da maioria dos profissionais de Educação Física, que
foi eminentemente voltada para o desporto, a principal concepção norteadora, ainda
hoje, das aulas de Educação Física na escola é a esportivista, a qual prioriza o
movimento mecânico e repetitivo e que restringe o corpo ao biológico, ao
mensurável.
Apesar do considerável crescimento da área enquanto campo de
conhecimento e sua contribuição nas reflexões da Educação Física dentro e fora da
escola e, de ter a importância reconhecida pela Lei nº 9394/96 (LDB)3, através da
sua obrigatoriedade como componente curricular da educação básica, a Educação
Física ainda hoje, ocupa um lugar secundário no processo educativo, não tendo sido
reconhecido o seu devido valor na construção do conhecimento e formação do aluno.
Esta desvalorização é constatada em várias situações que ocorrem com
freqüência no cotidiano escolar, como por exemplo, o entendimento generalizado
(senso comum) de que a Educação Física é um apêndice das demais disciplinas; as
aulas de Educação Física são para o aluno descansar, compensando as atividades
e tarefas realizadas em sala de aula; na falta de professores de outras disciplinas,
utiliza-se os espaços e o professor de Educação Física para “atender” os alunos.
3 Art. 26. ... § 3º - A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: (...) (Redação dada pela Lei nº 10.793 de 1º. 12.2003).
2
Nesta perspectiva, Soares et al (1993: p. 214) esclarece que “a escola tem
privilegiado, historicamente, conteúdos escolares que se ligam diretamente ao
mundo produtivo, julgando assim, ‘aproveitar’ melhor o tempo da criança na escola,
especialmente no ensino fundamental”. Frisa ainda que pedagogos de diferentes
matizes teóricas e ideológicas têm utilizado este argumento para justificar a retirada
da Educação Física e da Educação Artística do currículo escolar. Por outro lado, há
educadores e pesquisadores da área “batalhando” constantemente para justificar
sua presença no ambiente escolar.
Bracht et al al (2005) apresenta alguns argumentos que geralmente são
usados para justificar a presença da Educação Física no currículo escolar. O
primeiro trata da contribuição da Educação Física para a formação integral do ser
humano. Para o autor, este discurso se constitui como argumento não só da
Educação Física, mas também presente na história da Educação brasileira, que
tinha como principal objetivo fugir da dicotomia corpo e mente, contrapondo-se a
posições biologicistas advindas dos fundamentos teóricos das Ciências Biológicas.
Entretanto, como assinala Bracht et al (2005: p. 55), “(...) a formação integral tornou-
se algo óbvio que dispensa a necessidade de questionar sobre o que significa (...)’.
E ainda, “o fato de ter se tornado ‘lugar comum’ na área gera um fenômeno
preocupante, pois esse discurso se naturaliza e se dissemina como verdade
inquestionável”.
O segundo argumento apontado por Bracht el al (2005: p. 56), refere-se à
legitimação da Educação Física através da aptidão física, justificando sua
importância na escola “pela necessidade de ensinar noções de saúde ou mesmo
por acreditar que esse componente curricular pode evitar o envolvimento do aluno
com drogas e alcoolismo e, desta forma, contribuir para a formação de hábitos
considerados saudáveis”.
E por fim, atribui-se à Educação Física, a tarefa de socialização, surgindo no
imaginário social, como uma especialidade da Educação Física no contexto escolar,
trabalhada principalmente através do esporte, não havendo referência alguma que a
tarefa socializadora também seja uma incumbência de outras disciplinas
curriculares, ou seja, uma função inerente à própria escola (BRACHT el al: 2005).
3
No entanto, é necessário romper estes paradigmas, que qualificam a
Educação Física como disciplina reprodutora e repetidora de movimentos
esportivistas, e reconhecê-la como uma disciplina capaz de influenciar diretamente
na formação de todos os indivíduos, tornando-os sujeitos autônomos e críticos.
No Brasil, desde sua inclusão no currículo escolar, a Educação Física tem
sofrido influência de várias concepções pedagógicas ao longo da história, sendo que
a mais forte e que ainda hoje influencia a prática pedagógica docente é a tecnicista,
que prioriza o movimento mecânico e repetitivo. Entretanto, já existem diferentes
abordagens que vem discutindo e criticando o modelo mecanicista, ainda muito
presente nas aulas de Educação Física, objetivando propor novas práticas
pedagógicas que satisfaçam as necessidades educacionais da sociedade atual.
Neste sentido, Darido e Sanches Neto (2005: 5/6) esclarecem que:
Atualmente, coexistem na área da Educação Física várias concepções, todas elas tendo em comum a tentativa de romper com o modelo mecanicista, esportivista e tradicional. São elas, Humanista, Fenomenológica, Psicomotricidade, baseada nos Jogos Cooperativos, Cultural, Desenvolvimentista, Interacionista-construtivista, Crítico-superadora, Sistêmica, Crítico-emanciatória, Saúde Renovada, baseada nos Parâmetros Curriculares Nacionais.
Deste modo, é imprescindível que o profissional de Educação Física Escolar,
trabalhe em busca da superação da dimensão meramente motriz a fim de imprimir
às aulas, uma dimensão histórica, cultural e social, priorizando o conhecimento
sistematizado, “como oportunidade para reelaborar idéias e práticas que ampliem a
compreensão do aluno sobre os saberes produzidos pela humanidade e suas
implicações para a vida” (PARANÁ, 2006: p. 21).
Para que o aluno tenha possibilidade de compreender a sociedade em que
está inserido e suas constantes mudanças, e, sistematizar o conhecimento adquirido
e vivenciado através das aulas de Educação Física, é necessário, também,
propiciar-lhe experiências que conduzam à consciência corporal, pois como defende
o português Manuel Sérgio é necessária a “criação da consciência corporal do povo
e do reconhecimento generalizado da importância e do significado do corpo”
(SÉRGIO, 1993: p, 101).
4
Neste viés, Lino Castelani Filho apud Manuel Sérgio (1993: p. 101/102)
define o conceito de consciência corporal do homem, como sendo
(...) a sua compreensão a respeito dos signos tatuados em seu corpo, pelos aspectos sócio-culturais de momentos históricos determinados. E fazê-lo sabedor de que seu corpo sempre estará expressando o discurso hegemônico de uma época e que a compreensão do significado desse discurso, bem como de seus determinantes, é condição para que ele possa vir a participar do processo de construção de seu tempo e, por conseguinte, da elaboração dos signos a serem gravados em seu corpo.
Assim sendo, a consciência corporal, é um dos aspectos que irá conduzir o
aluno em direção ao autoconhecimento, e, principalmente, ao conhecimento
sistematizado e historicamente produzido pelas relações sociais, políticas e
econômicas da sociedade na qual ele está inserido, possibilitando-lhe a leitura crítica
do mundo que o cerca.
É importante ressaltar que, a Educação Física, enquanto componente
curricular da Educação Básica deve ser compreendida como área que produz
conhecimento formal e sistematizado, onde, conforme esclarece Soares et al (1993:
p. 217), “(...) há a integração de conhecimentos que vão desde aqueles elaborados a
partir das ciências biológicas até aqueles próprios das ciências sociais, passando
pelas questões culturais”.
Para Soares et al. (1993) a Educação Física escolar não deve preocupar-se
com o desenvolvimento e aprimoramento de habilidades motoras, a fim de tornar os
alunos mais velozes, ágeis e fortes, mas sim, se ater em atividades concretas do
universo da cultura corporal.
Defende ainda que “a preocupação deverá ser a apreensão crítica da
expressão corporal enquanto linguagem através do trato do conhecimento sobre os
grandes temas da cultura corporal como o jogo, a dança, o esporte, a ginástica,
etc.”, frisando, que a Educação Física escolar deve propiciar ao aluno da educação
básica a “competência para apreender as possibilidades e os limites da expressão
corporal enquanto linguagem no tempo histórico” (SOARES, 1993: p. 218/219).
5
Portanto, este texto tem como objetivo principal, analisar a contribuição da
Educação Física para a formação geral do aluno concluinte da Educação Básica.
Buscar-se-á cumprir esta meta a partir dos seguintes objetivos específicos:
Identificar o perfil do aluno concluinte da Educação Básica das escolas pesquisadas;
Verificar a freqüência com que os conteúdos estruturantes e específicos da
disciplina de Educação Física, previstos nas Diretrizes Curriculares (2006), foram
trabalhados ao longo da escolarização dos alunos da 3ª série do Ensino Médio;
Verificar a importância dada pelos alunos da 3ª série do Ensino Médio à Educação
Física, enquanto área do conhecimento, para o seu desenvolvimento e formação;
Verificar quais conhecimentos da Educação Física foram adquiridos pelos alunos na
Educação Básica.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
O presente trabalho caracteriza-se como uma Pesquisa Descritiva, com
abordagem qualitativa, através da técnica de coleta de dados por meio de
questionário.
Cervo e Bervian (1996: p. 49) esclarecem que, “a pesquisa descritiva observa,
registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”. E
ainda, “busca conhecer as diversas situações e relações que ocorrem na vida social,
política, econômica e demais aspectos do comportamento humano, tanto do
indivíduo tomado isoladamente como de grupo e comunidades mais complexas”.
Portanto, pode-se dizer que a pesquisa descritiva procura desvendar a
constância com que um fenômeno ocorre, sua relação com outros, sua natureza e
peculiaridades sem alterar suas características básicas, trabalhando com os fatos
colhidos da própria realidade.
A pesquisa foi desenvolvida em um município da região oeste do Estado do
Paraná que conta com 35 Instituições da Rede Pública de Ensino que ofertam o
Ensino Médio Regular, nos períodos matutino e noturno, em 340 turmas, perfazendo
um total de 12.045 alunos matriculados (conforme Dados de Matrícula do mês de
fevereiro de 2007, do Núcleo Regional de Educação).
6
Considerando o número elevado de escolas e de alunos deste Município e,
em razão da pesquisa enfocar o aluno concluinte da Educação Básica, optou-se em
pesquisar alunos da 3ª série do Ensino Médio, sendo que das 94 turmas de 3ª série
do Ensino Médio ofertadas nos períodos matutino e noturno, num total de 3.253
alunos. 52 turmas atenderam 1.815 alunos no período matutino e 42 turmas
atenderam a 1.438 alunos no período noturno. A presente pesquisa limitou-se a
abrangência das 3ª séries do Ensino Médio do período matutino, de colégios da
região central desse município, totalizando 03 escolas, envolvendo a população de
530 alunos, organizados em 12 turmas. Dessas, a amostra foi constituída por 191
alunos, de 06 turmas, ou seja, 02 turmas de cada escola. Para a seleção dos alunos,
optou-se pela pesquisa em turmas com aula geminadas, em razão da quantidade de
perguntas do questionário e em 02 turmas que tivessem aulas de Educação Física
no mesmo dia, a fim de otimizar o tempo e não prejudicar a organização escolar.
O Instrumento utilizado para a coleta das informações foi um questionário
com 23 questões, das quais 15 são fechadas, 05 são abertas e 03 são mistas. Foi
elaborado pela pesquisadora juntamente com a orientadora, sendo testado em uma
turma de 3ª série de escola particular e avaliado por dois professores da UNIOESTE
de Marechal Cândido Rondon, com a finalidade de verificar sua clareza e
objetividade.
A Coleta de Dados ocorreu, a partir segundo período do Programa PDE (2º
semestre/2007), mediante autorização da Direção dos Estabelecimentos de Ensino e
dos professores que ministravam aulas nas turmas pesquisadas. Neste sentido, o
questionário foi aplicado em duas turmas de 3ª série do Ensino Médio, do período
matutino de cada Colégio.
A análise dos dados foi feita a partir da freqüência relativa das respostas
fechadas e uma análise qualitativa, a partir da elaboração de categorias, com o
objetivo de organizar e compreender as respostas às questões abertas e mistas.
7
49,74
42,41
7,85
Escolas Pesquisadas Escolas Estaduais Escolas Particulares
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste tópico serão apresentados os resultados da pesquisa, seguidos da
discussão, com o objetivo principal de analisar a contribuição da Educação Física
para a formação geral do aluno concluinte da Educação Básica.
1 IDENTIFICAÇÃO DO ALUNO
O primeiro bloco de questões tem por finalidade a identificação do aluno,
levantando dados referentes ao Estabelecimento de Ensino onde cursou o Ensino
Fundamental, desde que série estuda nas escolas pesquisadas, faixa etária e sexo.
Gráfico 1 – Demonstrativo das Escolas onde os alunos freqüentaram o Ensino Fundamental.
Quando perguntados onde cursaram o Ensino Fundamental, 49,74% dos
alunos responderam nas escolas pesquisadas, 42,41% em outras escolas estaduais,
tanto do município como de outras localidades e, somente 7,85% dos alunos são
oriundos de escolas particulares. Verifica-se, portanto, que 92,15% dos alunos
cursaram o Ensino Fundamental em estabelecimentos da rede pública de ensino.
8
46,07%
2,09%
24,08%
7,33%6,81%
9,42% 4,19%
5ª série do Ensino Fundamental
6ª série do Ensino Fundamental
7ª série do Ensino Fundamental
8ª série do Ensino Fundamental
1ª série do Ensino Médio
2ª série do Ensino Médio
3ª série do Ensino Médio
19,37%
70,68%
9,95%
16 Anos17 Anos18 Anos ou mais
O gráfico 2 apresenta, série a série, o percentual de alunos que estudaram
nas escolas pesquisadas no decorrer do Ensino Fundamental e Médio.
Gráfico 2 - Período em que os alunos começaram a estudar nas Escolas Pesquisadas.
Analisando o resultado da pesquisa, pode-se constatar que quase metade
dos alunos estudou toda a Educação Básica nas escolas pesquisadas.
Gráfico 3 – Idade dos alunos.
Em relação à faixa etária do grupo pesquisado, 70,68% dos alunos tinha 17
anos da data da pesquisa, o que denota que a maioria está cursando a 3ª série do
Ensino Médio em idade escolar adequada à legislação vigente.
O gráfico a seguir aponta o percentual de alunos do sexo masculino e
feminino nas escolas pesquisadas no qual, dos 191 alunos pesquisados, mais da
metade é do sexo feminino.
9
35,60%
64,40%
MasculinoFeminino
87,43
9,42
3,140
71,20
21,99
6,810
81,15
13,09
5,760
38,22 38,74
21,47
1,57
36,13 35,0827,75
1,05
Ginástica Ritmica Ginástica Academia Ginástica Olímpica Relaxamento Ginástica Geral
Nunca
Pouco
Suficiente
Excessivo
Gráfico 4 – Sexo dos alunos.
2 CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESTUDADOS ENSINO FUNDAMENTAL DE 5ª A 8ª SÉRIES E ENSINO MÉDIO
A seguir serão apresentados os resultados da pesquisa quanto à freqüência
com que os conteúdos estruturantes e específicos da Educação Física, previstos
nas Diretrizes Curriculares do Paraná (2006), foram estudados pelos alunos, ao
longo da Educação Básica.
Gráfico 5 – Freqüência com que a Ginástica foi trabalhada nas aulas de Educação Física.
10
A ginástica, enquanto conteúdo da Educação Física, prevista nas Diretrizes
Curriculares do Paraná tem por finalidade “dar condições ao aluno de reconhecer as
possibilidades de seu corpo, ou seja, as diferentes formas de representação das
ginásticas devem ser objeto de ensino nas aulas de Educação Física” (PARANÁ,
2008: p. 22).
Neste sentido Soares et al (1992: p. 77) afirma que “a presença da ginástica
no programa se faz legítima na medida em que permite ao aluno a interpretação
subjetiva das atividades ginásticas, através de um espaço amplo de liberdade para
vivenciar as próprias ações corporais”.
Portanto, é inegável a importância do trabalho da ginástica na escola, tanto
pelo seu caráter educativo, como histórico e social, considerando que ela é,
praticamente, o marco inicial que justificou a presença da Educação Física como
componente curricular obrigatório em todos os estabelecimentos de ensino do país.
Apesar de ter sua importância reconhecida pela literatura atual da área,
verifica-se, pelos dados apresentados, que a ginástica ainda é pouco trabalhada na
escola, considerando o alto percentual de alunos que nunca teve contato com ela
nas aulas de Educação Física.
Verifica-se ainda, que os conteúdos específicos de relaxamento (21,47%) e
ginástica geral (27,75%) foram mais abordados que os demais, o que leva a crer que
existe a preocupação dos professores em trabalhar com estes conteúdos, porém o
tempo destinado ainda é muito pequeno, principalmente com a ginástica rítmica, de
academia e a olímpica.
O próximo gráfico apresentado refere-se à freqüência com que o Esporte foi
trabalhado nas aulas de Educação Física.
11
2,09
26,18
54,97
17,28
6,28
40,84
49,74
3,14 0
18,85
67,54
13,61
4,19
39,27
52,88
3,66
70,68
24,08
5,24
0
Futebol Handebol Voleibol Basquetebol Atletismo
NuncaPoucoSuficiente Excessivo
Gráfico 6 – Freqüência com que os Esportes foram trabalhados nas aulas de Educação Física.
Quanto ao esporte, a pesquisa demonstra que este é o conteúdo estruturante
mais desenvolvido na escola, tendo em vista que, com exceção do Atletismo
(5,24%), todos foram trabalhados suficientemente nas aulas de Educação Física,
inclusive, tanto o conteúdo de futebol, como o voleibol tiveram consideráveis índices
de trabalho excessivo.
O gráfico comprova, conforme acima explicitado, que o atletismo foi o único
esporte que apresentou baixo percentual na freqüência, demonstrando que este
conteúdo praticamente não é trabalhado nas aulas de Educação Física, o que pode
ensejar algumas justificativas, tais como: falta de preparo dos professores e/ou
condições físicas e materiais inadequadas.
Este resultado evidencia que os profissionais da área possuem uma
formação eminentemente esportivista, o que favorece o enfoque do esporte como
conteúdo da Educação Física. Neste contexto, Daólio apud Darido (2003: p. 26), ao
discutir a formação profissional, “considera que no currículo das faculdades que
preparam os professores de Educação Física, de maneira geral, predominam as
disciplinas técnico-esportivas, levando os profissionais a uma falta de embasamento
teórico, falta essa que impediria a transformação da prática dos professores”.
Entretanto, é importante salientar que, os profissionais da área não podem
recusar-se em trabalhar com os conteúdos básicos da Educação Física, utilizando-
se do pretexto de não possuírem a formação específica e adequada para
12
desenvolver determinado conteúdo, privando o aluno do direito ao conhecimento
formal e sistematizado.
Neste sentido, Bracht et al (2005, p. 41) enfatiza, “a formação inicial não pode
responder por todas as limitações da formação do professor (...)”, complementando
que,
Ao assinalar que a maior parte dos profissionais tem um modelo tradicional-esportivo na sua formação inicial não deve ser motivo para daí extrair, de forma direta, desdobramentos dessa formação na sua prática pedagógica. A formação do educador é um contínuo bem mais abrangente que o momento de sua formação inicial.
Ressalta-se que, este trabalho não tem por objetivo, a negação do Esporte,
enquanto conteúdo curricular, considerando que, além de ser o conteúdo
predominante nas aulas de Educação Física, ele é parte integrante da própria
história da disciplina no país, possuindo importância histórica, social e cultural para
a sociedade nacional e internacional.
Porém, a escola, respeitada a realidade social na qual está inserida, deve
propiciar ao aluno o conhecimento sistematizado, através de práticas pedagógicas
que trabalhem com os conteúdos da Educação Física, quais sejam a ginástica, a
dança, as lutas, os jogos e brincadeiras e o esporte.
Assim, as Diretrizes Curriculares do Paraná (2008: p. 20) norteiam o trabalho
com o conteúdo esporte esclarecendo que, “Garantir aos alunos o direito de acesso
e reflexão sobre as práticas esportivas, além de adaptá-las à realidade escolar,
devem ser ações cotidianas na rede pública de ensino”.
Em relação à dança, como se constatou anteriormente na ginástica, também
se verifica o elevado percentual de alunos que nunca tiveram contato com este
conteúdo, considerando que o gráfico 7 assinala que, menos de 10% dos alunos
teve este conteúdo trabalhado nas aulas de Educação Física.
Verifica-se também, que as danças mais trabalhadas nas escolas
pesquisadas, são as danças folclóricas (7,33%) e a expressão corporal (6,28%), o
que leva a concluir que estas, direcionam o conteúdo às atividades expressivas e de
dramatização e aquelas, trabalham enfocando mais, a quadrilha, dança folclórica
típica das festas juninas.
13
75,92
22,51
1,57 0
65,45
26,70
7,33
0
78,53
17,80
3,66 0
61,26
35,60
3,140
71,73
21,99
6,280
Dança Regional Dança Folclórica Dança Internacional Dança de Salão Expressão Corporal
NuncaPoucoSuficiente Excessivo
Gráfico 7 - Freqüência com que a Dança foi trabalhada nas aulas de Educação Física.
O gráfico a seguir, apresenta a freqüência com que as lutas foram
trabalhadas na escola.
100
0 0 0
99,48
0,52
0 0
97,38
2,62
0 0
83,77
14,14
1,570,52
100
0 0 0
Jiu-Jitsu Judô Karatê Capoeira Taekondo
NuncaPoucoSuficiente Excessivo
Gráfico 8 - Freqüência com que as Lutas foram trabalhadas nas aulas de Educação Física.
A análise do gráfico 8 leva a concluir que as lutas praticamente não foram
trabalhadas nas escolas pesquisadas, sendo que a capoeira apresenta o maior
percentual de freqüência de alunos que tiveram contato com este conteúdo.
Os dados apontam a realidade das escolas pesquisadas, contudo, há
evidências de que esta não é uma realidade isolada destas instituições, mas sim,
uma realidade quase geral.
Neste contexto, Carreiro (2005, p. 244) assinala que,
14
Dentre os conteúdos que podem ser apresentados na Educação Física escolar, as lutas são um dos que possivelmente encontram mais resistência, levantados geralmente os argumentos de que há falta de espaço físico, falta de material, falta de roupa adequada e, sobretudo, pela associação às questões de violência.
Assim, as lutas devem estar inseridas na proposta curricular da disciplina de
Educação Física, respeitada a especificidade da comunidade escolar, devendo ser,
de acordo com as Diretrizes Curriculares, “(...) abordadas de forma reflexiva,
direcionada a propósitos mais abrangentes do que somente desenvolver
capacidades e potencialidades físicas”, de forma a garantir que os alunos vivenciem
“essa manifestação corporal de maneira crítica e consciente, procurando, sempre
que possível, estabelecer relações com a sociedade em que vive” (PARANÁ, 2008:
p. 24).
Quanto aos jogos, verifica-se através do gráfico, que depois do esporte, este
é o conteúdo mais trabalhado nas aulas de Educação Física, tendo em vista que os
Jogos de Salão (52,88%), Tênis de Mesa (41,36%) e Jogos Cooperativos (26,18%)
apresentam um percentual considerável de freqüência com que foram trabalhados
pela disciplina, o que leva a concluir em relação aos dois primeiros conteúdos acima
citados, que as escolas pesquisadas dispõem dos materiais necessários à prática
destes jogos e, quanto aos Jogos Cooperativos, o resultado leva a crer, que existe
uma preocupação do professor em resgatar o lúdico, em despertar nos alunos a
consciência da necessidade do trabalho coletivo, em equipe; do brincar com o
colega e não contra o colega; de oportunizar ao aluno a criação e adaptação das
regras de acordo com a necessidade do jogo, em busca de um objetivo comum.
15
36,65
52,36
10,47
0,52
74,35
21,99
3,66
0
3,14
41,88
52,88
2,09
25,13
51,83
21,74
1,57
21,99
58,64
19,37
0
7,85
48,69
41,36
2,09
71,73
24,08
3,66
0,52
32,98
40,80
26,18
0
Brincadeira de RuasPopulares
Construção deBrinquedos
Alternativos comSucatas
Jogos de Salão(Xadrez, Dama, Trilha,
etc)
Jogos Derivados dosEsportes Pré-Desportivos
Jogos de Raquete ePeteca
Tênis de Mesa Jogos Draamáticos ede Interpretação
Jogos Cooperativos
NuncaPoucoSuficiente Excessivo
Gráfico 9 - Freqüência com que os Jogos foram trabalhados nas aulas de Educação Física.
As Diretrizes Curriculares tratam do tema atividade física relacionada à
saúde, como elemento articulador dos conteúdos estruturantes da Educação Básica,
podendo ser abordado em qualquer dos conteúdos da Educação Física, atentando-
se que, “os cuidados com a saúde não podem ser atribuídos tão-somente a uma
responsabilidade do sujeito, mas sim, compreendidos no contexto das relações
sociais, por meio de práticas e análises críticas dos discursos a ela relativos
(PARANÁ, 2008: p. 15)”.
Quando questionados sobre a freqüência como que o elemento articulador,
atividade física e saúde, foi trabalhado nas aulas de Educação Física, contatou-se
que 50,79% dos alunos das escolas pesquisadas responderam satisfatoriamente,
conforme demonstra o gráfico 10.
Assim, evidencia-se a preocupação dos professores da área em despertar no
aluno a consciência da necessidade da prática de atividades físicas além da escola,
para a manutenção de uma vida saudável e com qualidade.
16
6,28
42,4150,79
0,52
NuncaPoucoSuficiente Excessivo
66,49
31,41
2,09
0
10,47
37,17
47,64
4,71
51,31
42,41
5,76
0,52
86,39
12,57
0,520
16,75
46,07
35,08
2,09
Ginástica Esporte Dança Lutas Jogos
NuncaPoucoSuficiente Excessivo
Gráfico 10 - Freqüência com que o conteúdo (elemento articulador) atividade física e saúde foi trabalhado nas aulas de Educação Física.
O gráfico seguinte apresenta a freqüência com que os conteúdos
estruturantes da Educação Física foram trabalhados teoricamente, nas escolas
pesquisadas, enfocando aspectos históricos, sociais e culturais.
Gráfico 11 - Freqüência com que os conteúdos estruturantes foram trabalhados, teoricamente, nas aulas de Educação Física
17
Através da análise do gráfico 11, confirma-se o que ficou comprovado nos
dados anteriores, onde se constatou que o conteúdo mais trabalhado nas aulas de
Educação Física foi o esporte, seguido dos jogos.
Assim, o gráfico ora apresentado, novamente demonstra que o esporte
(47,64%) e os jogos (35,08%), em menor escala, também foram os conteúdos mais
trabalhados teoricamente, mantendo uma seqüência lógica, uma vez que foram os
conteúdos que apresentaram o maior percentual nas escolas pesquisadas.
E também, como evidenciado anteriormente, os conteúdos de ginástica,
dança e lutas, novamente não foram trabalhados satisfatoriamente, conforme os
dados da pesquisa.
Este resultado não surpreende, considerando que demonstra uma prática
ainda muito presente nas aulas de Educação Física, que prioriza a dimensão
procedimental sobre as demais. Neste sentido, Darido apud Darido (2005: p. 67)
realizou pesquisa, onde constatou que “os professores pesquisados, todos com pós-
graduação, não trabalharam os conteúdos numa dimensão conceitual, embora
afirmasse que um dos objetivos da Educação Física refere-se à busca da autonomia
do aluno após o término da escolarização formal”.
Segundo a autora, existe ainda, uma grande dificuldade em selecionar e
trabalhar com os conteúdos na dimensão conceitual, considerando que os
professores não recebem muito apoio da comunidade escolar. Além disso,
(...) os alunos são bastante resistentes a propostas que incluam uma discussão mais sistematizada sobre a dimensão conceitual e atitudinal nas suas aulas, até porque há uma tradição muito acentuada na escola de que Educação Física é muito divertida porque se resume ao fazer, ao brincar, e não ao compreender os seus sentidos e significados (DARIDO, 2005: p. 67).
Apesar das dificuldades acima apontadas, a escola não deve negar aos
alunos o conhecimento sistematizado e contextualizado, onde ele realiza a atividade
ou o movimento compreendendo sobre as implicações para a sua vida e para a
sociedade na qual está inserido. Nesta linha de raciocínio, Darido (2005: p. 67) frisa
que
18
5,22%
66,96%
13,04%
2,61%
11,30% 0,87%
Ginástica
EsporteDançaLutas
Jogos
Qualidade de Vida
(...) Não basta ensinar aos alunos a técnica dos movimentos, as habilidades básicas ou, mesmo, as capacidades físicas. É preciso ir além e ensinar o contexto em que se apresentam as habilidades ensinadas, integrando o aluno na esfera da sua cultura corporal. No entanto, como alertou Betti (1994), não é propor que a Educação Física na escola se transforme num discurso sobre a cultura corporal, mas uma ação pedagógica com ela.
O gráfico abaixo apresenta a preferência dos alunos em relação aos
conteúdos estruturantes trabalhados nas aulas de Educação Física.
Gráfico 12 – Preferência dos alunos em relação aos conteúdos estruturantes.
Ao serem questionados sobre qual conteúdo preferem nas aulas de
Educação Física, 66,96% dos alunos das escolas pesquisadas responderam preferir
o esporte, seguido da dança, com percentual de 13,04%. Neste quesito, o número
de respostas excedeu, considerando que muitos alunos escolheram mais de um
conteúdo estruturante.
Quando indagados para justificarem a escolha do conteúdo favorito, os
alunos responderam: ginástica - porque relaxa, desenvolve todo o corpo e ajuda na
respiração, para manter a boa forma e saúde, melhora os aspectos mentais e
corporais; esporte – porque gostam, contribui à cultura, saúde e qualidade de vida,
se identificam com determinada modalidade esportiva, é divertido, é mais praticado,
estimula a disciplina e o autocontrole, movimenta o corpo todo, estimula o aluno à
competição, trabalha o corpo e a mente, são mais populares, interativos e
dinâmicos, proporcionam diversão e cooperação e incentivam o trabalho em equipe;
dança - porque gostam, faz bem ao corpo, é mais interativa e descontraída, trabalha
19
a coordenação motora, equilíbrio e a expressão corporal de forma divertida, distrai,
relaxa e alegra, movimenta o corpo todo e é uma pena que não é trabalhada; lutas -
porque gostam, estimulam a disciplina e autocontrole, ensinam a se defender
exigem o trabalho mental e corporal, pela competitividade; jogos - porque gostam e
desenvolvem o raciocínio e a concentração. Alguns alunos deficientes visuais das
escolas pesquisadas optaram pelo xadrez como preferência, justificando que além
de gostarem, é mais fácil, pois não precisa muita adaptação para jogar. Os (as)
alunos (as) que responderam preferir o conteúdo (elemento articulador) qualidade
de vida justificaram sua escolha respondendo que ajuda a cuidar melhor do corpo e
acentua o conhecimento sobre os benefícios da Educação Física em sua vida.
Dentre os esportes, os alunos elencaram as modalidades preferidas, sendo
que o voleibol obteve o maior percentual na escolha dos alunos, com 44,81%,
seguido do futebol ( 17,53%), basquetebol (9,09%) e handebol (9,09%). E ainda,
19,48% dos alunos citaram esportes em geral.
É importante esclarecer que, em relação ao conteúdo específico futebol, os
alunos citaram o futsal, considerando que a estrutura física das escolas pesquisadas
somente permite a prática desta modalidade, entretanto, a presente pesquisa
utilizou o termo Futebol, considerando que as Diretrizes Curriculares (2006), que
embasaram o questionário, tratam deste conteúdo de forma genérica.
Além dos conteúdos estruturantes, perguntou-se aos alunos se existiam
outros conteúdos que foram trabalhados nas aulas de Educação Física que
consideravam importante mencionar, os quais, num percentual de 82,28%
responderam que não. 12,57% não responderam e os demais alunos citaram os
seguintes conteúdos, tratados pelas Diretrizes Curriculares como Elementos
Articuladores: alcoolismo e drogas; corpo, movimento e saúde; a sexualidade e o
corpo humano; teatro, conforme aponta o gráfico 13.
20
82,20%
12,57%0,52%
3,14%1,05%
0,52%
NãoNão ResponderamDrogas:AlcoolismoCorpo, Movimento e SaúdeA Sexualidade e o Corpo HumanoTeatro
Gráfico 13 – Freqüência de conteúdos mencionados além dos estruturantes.
As três questões seguintes referem-se à qualidade dos recursos físicos e
materiais das escolas pesquisadas utilizados nas aulas de Educação Física. 48,17%
dos alunos afirmam que a estrutura física é boa, entretanto, a maioria, 40,84%
respondeu que os recursos materiais são regulares e 16,75% que são ruins, o que
leva à conclusão de que os espaços físicos são bons, porém há necessidade de
melhoria quanto aos materiais utilizados nas práticas pedagógicas.
E, quando perguntados se os recursos físicos e materiais influenciam no
aproveitamento das aulas de Educação Física, 96,34% responderam que sim,
justificando da seguinte forma: sem recursos não há como desenvolver uma boa
aula; melhoram o interesse e aproveitamento das aulas; para melhorar o
desempenho e rendimento dos alunos; incentivam os alunos a fazer Educação
Física; é um dos recursos mais importantes da Educação Física; propiciam a prática
dos esportes; com bons materiais há várias maneiras de praticar outras atividades;
sem bola não se pode praticar a maioria dos esportes e o som deixa as aulas mais
animadas; se forem de boa qualidade, diminuem o risco de acidentes e lesões.
Aqueles que responderam não (3,66%) justificaram que: são ruins; não foi
muito bem aproveitado; estas condições são irrelevantes para uma boa aula; os
materiais são bem cuidados pelos professores e alunos; não á dificuldade para
jogar e constantemente o material é renovado; o espaço é ideal para as aulas.
21
1,57% 3,14%
36,13%
48,17%
10,99%
Péssim aRuimRegularBoaÓtim a
3,14%
16,75%
40,84%
37,17%
2,09%
Péssima
RuimRegular
BoaÓtima
Gráfico 14 – Avaliação dos alunos quanto à estrutura física (quadras, ginásio, etc.) utilizada para as aulas de Educação Física.
Gráfico 15 – Avaliação dos alunos quanto aos recursos materiais (bolas, jogos, aparelho de som, etc.) utilizados para as aulas de Educação Física.
3 QUANTO À IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA PARA SEU DESENVOLVIMENTO E FORMAÇÃO.
Este bloco de questões tem por finalidade verificar a importância dada pelo
aluno, à disciplina de Educação Física cursada durante o Ensino Fundamental e
Médio, para seu desenvolvimento e formação.
22
61,26%
27,75%
9,95% 1,05%
Sem preFrequentem enteÀs VezesRaram ente
52,36%
27,23%
16,75%
3,66%
Sem preFrequentem ente
Às VezesRaram ente
Os dois primeiros gráficos (16 e 17) apresentam o percentual de participação
dos alunos nas Aulas de Educação Física no Ensino Fundamental e Médio,
respectivamente, apontando um percentual maior de participação dos alunos no
Ensino Fundamental (61,26%) do que no Médio (52,36%).
Gráfico 16 – Freqüência de alunos que participaram nas aulas de Educação Física no Ensino Fundamental.
Gráfico 17 - Freqüência de alunos que participaram nas aulas de Educação Física no Ensino Médio.
23
82,20%
15,71%0,52% 1,57%
SimNãoRazoávelNão Responderam
O próximo gráfico demonstra o percentual de alunos das escolas pesquisadas
que considera importante a disciplina de Educação Física no Ensino Fundamental e
Médio.
Gráfico 17 – Freqüência de alunos que consideram importante a presença da disciplina de Educação Física na Educação Básica.
Ao serem questionados para justificar sua resposta, sobre a relevância da
presença da disciplina de Educação Física no Ensino Fundamental e Médio, os
alunos que responderam sim, alegam que: gostam; auxilia na melhoria da saúde e
qualidade de vida; estimula o aluno a não se tornar sedentário, fazendo-o perceber
a necessidade do exercício físico; auxilia o aluno a ter consciência de que o corpo
precisa de exercício, que faz bem não só para o corpo, como também para a mente;
oportunidade de praticar esportes semanalmente, pois muitos alunos não se
exercitam ou praticam esportes fora da escola; desenvolve habilidades motoras;
melhora o desenvolvimento do aluno; trabalha a coletividade, a interação e o
respeito entre os alunos; distrai das aulas teóricas, tirando o aluno da rotina
cansativa; sem a Educação Física a escola não tem graça; para poderem praticar
esporte com segurança.
Aqueles que responderam não justificaram da seguinte forma: no Ensino
Fundamental sim, mas no Ensino Médio não; considera importante, mas não na 3ª
série do Ensino Médio, pois é o ano de preparação para o vestibular; existem
disciplinas mais importantes que poderiam ser aproveitadas no horário da Educação
Física que são cobradas no vestibular; a Educação Física não importa, pois muitos
alunos praticam esportes fora da escola; deveria ser uma disciplina opcional.
24
A última questão deste bloco refere-se à contribuição da disciplina de
Educação Física para a vida dos alunos.
Analisando a resposta dos alunos, verifica-se que a maioria apontou aspectos
positivos. Aqueles que responderam positivamente (82,72%) justificaram da
seguinte forma: boa e muito importante; contribuiu para melhoria do
condicionamento físico, da qualidade de vida e da saúde; mais uma forma de cuidar
da saúde e até prevenir doenças e evitar lesões; conhecimento do corpo; incentiva a
pratica de exercícios físicos e de esportes; estimulou a não ser sedentário;
conhecimento de atividades e incentivo à prática de atividades físicas além da
escola; aprendizagem de diferentes esportes; desenvolvimento da coordenação
motora e equilíbrio; conhecimento e respeito aos limites individuais; companheirismo
e trabalho em equipe; interação com os colegas.
Aqueles que responderam negativamente (11,52%) justificaram da seguinte
forma: desnecessária; não contribuiu em nada, a não ser distração; contribuição
mínima, mais em relação à aprendizagem de determinados jogos; boa para o corpo,
mas não essencial no que se refere à Educação Física como disciplina; é bom fazer
exercícios, mas poderiam ser feitos em casa; as aulas de Educação Física quase
não são levadas à sério; se as aulas fossem trabalhadas com seriedade, a
contribuição seria ótima; as aulas não são programadas.
E ainda, 11,52% dos alunos não responderam à questão.
4 QUANTO AOS OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ATINGIDOS AO LONGO DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO.
O gráfico a seguir evidencia os objetivos da Educação Física que foram
atingidos ao longo da Educação Básica, através da seleção, pelos alunos, dos
conhecimentos adquiridos por meio da disciplina, os quais enfocaram as três
dimensões do conhecimento, respectivamente: procedimental, conceitual e
atitudinal. Além disso, serão apresentados os gráficos que demonstram se os alunos
praticam atividades corporais ou esportes que nas horas vagas e finais de semana e
quais.
25
77,49
51,30
44,50
70,68
13,61
4,19
20,42
70,16
63,87
41,88
6,28 5,767,33
53,93
58,12
30,89
35,60
30,89
Identificação das capacidades físicas básicas (força, velocidade, flexibilidade, coordenação motora, equilíbrio, resistência, etc.)
Participação em jogos, lutas e esportes na escola de forma recreativa
Participação em jogos, lutas e esportes na escola de forma competitiva
Aprendizagem do gesto esportivo (saber fazer)
Aprendizagem dos fundamentos da ginástica (saber fazer)
Aprendizagem do gesto nas lutas (saber fazer)
Aprendizagem do movimento expressivo e rítmico nas danças (saber fazer)
Efeitos das atividades físicas sobre o organismo e a saúde
Percepção do próprio corpo e consciência de posturas e movimentos não prejudiciais no cotidiano
Compreensão da história e do papel social dos jogos e esportes mais atuais e relevantes (teoria)
Compreensão da história e do papel social das lutas na atualidade (teoria)
Compreensão da história e do papel social das ginásticas na atualidade (teoria)
Compreensão da história e do papel social das danças na atualidade (teoria).
Utilização dos conhecimentos adquiridos no tempo disponível para o lazer
Respeito a si e ao outro (próprios limites corporais, desempenho, interesse, biotipo, gênero, classe social, habilidade, erro,etc.)Valorização da cultura corporal (educação física) como instrumento de expressão de afetos, sentimentos e emoções
Valorização da cultura corporal (educação física) como possibilidade de obter satisfação e prazer
Valorização da cultura corporal (educação física) como linguagem, como forma de comunicação e interação social.
77,49
51,30
44,50
70,68
13,61
4,19
20,42
70,16
63,87
41,88
6,28 5,767,33
53,93
58,12
30,89
35,60
30,89
Identificação das capacidades físicas básicas (força, velocidade, flexibilidade, coordenação motora, equilíbrio, resistência, etc.)
Participação em jogos, lutas e esportes na escola de forma recreativa
Participação em jogos, lutas e esportes na escola de forma competitiva
Aprendizagem do gesto esportivo (saber fazer)
Aprendizagem dos fundamentos da ginástica (saber fazer)
Aprendizagem do gesto nas lutas (saber fazer)
Aprendizagem do movimento expressivo e rítmico nas danças (saber fazer)
Efeitos das atividades físicas sobre o organismo e a saúde
Percepção do próprio corpo e consciência de posturas e movimentos não prejudiciais no cotidiano
Compreensão da história e do papel social dos jogos e esportes mais atuais e relevantes (teoria)
Compreensão da história e do papel social das lutas na atualidade (teoria)
Compreensão da história e do papel social das ginásticas na atualidade (teoria)
Compreensão da história e do papel social das danças na atualidade (teoria).
Utilização dos conhecimentos adquiridos no tempo disponível para o lazer
Respeito a si e ao outro (próprios limites corporais, desempenho, interesse, biotipo, gênero, classe social, habilidade, erro,etc.)Valorização da cultura corporal (educação física) como instrumento de expressão de afetos, sentimentos e emoções
Valorização da cultura corporal (educação física) como possibilidade de obter satisfação e prazer
Valorização da cultura corporal (educação física) como linguagem, como forma de comunicação e interação social.
Gráfico 18 – Conhecimentos adquiridos ao longo da escolarização dos alunos.
26
Em relação à dimensão procedimental, o gráfico deixou transparecer que o
maior percentual de conhecimentos adquiridos pelos alunos refere-se à identificação
das capacidades físicas básicas (77,49%) e a aprendizagem do gesto esportivo
(70,68%). Quanto à dimensão conceitual, constata-se que os efeitos das atividades
físicas sobre o organismo e a saúde (70,16%) e a percepção do próprio corpo e
consciência de posturas e movimentos não prejudiciais no cotidiano (63,87%) foram
os conhecimentos que apresentaram o maior percentual. E finalmente, em menor
proporção, porém relevante, os conhecimentos relacionados à dimensão atitudinal,
que mais foram selecionados pelos alunos são o respeito a si e ao outro (58,12%) e
a utilização dos conhecimentos adquiridos no tempo disponível para o lazer
(53,93%).
Analisando os dados apresentados consta-se que, além maior percentual
referir-se à dimensão procedimental, novamente há a sobreposição do esporte,
sobre os demais conteúdos curriculares, visto que o maior percentual encontra-se
nos conhecimentos adquiridos relacionados a ele.
Portanto, evidencia-se a necessidade de reorganização das práticas
pedagógicas da disciplina de Educação Física, a fim de ampliar os conhecimentos
dos alunos nas três dimensões do conhecimento, de forma igualitária e equilibrada.
Neste sentido, Darido (2005: p. 68) assinala que
O papel da Educação Física ultrapassa o ensinar esporte, ginástica, dança, jogos, atividades rítmicas, expressivas e conhecimento sobre o próprio corpo para todos, em seus fundamentos e técnicas (dimensão procedimental), mas inclui também os valores subjacentes, ou seja, quais atitudes os alunos devem ter nas e para as atividades corporais (dimensão atitudinal). E, finalmente, busca garantir o direito do aluno de saber por que ele está realizando esse ou aquele movimento, isto é, quais conceitos estão ligados àqueles procedimentos (dimensão conceitual).
Nesta linha de raciocínio, Soares et al (1993: p. 219), enfatiza o desejo que
Os alunos terminem o ensino fundamental e médio com competência para apreender as possibilidades e os limites da expressão corporal enquanto linguagem no tempo histórico. Não nos interessa tê-los mais ou menos velozes, ágeis, fortes. Desenvolver flexibilidade, agilidade etc. é opção de cada aluno dentro de limitações determinadas socialmente às atividades corporais e que podem ser reconhecidas a partir do seu conhecimento sobre a cultura corporal e a interdependência com a realidade sócio-política do seu tempo.
27
12,10%
13,38%
5,10%
4,46%5,10%
22,29%
22,93%
5,10%
0,64%
0,64%
2,55%
1,27% 2,55%
0,64%
1,27%
AcademiaExercícios FísicosGinásticaCaminhadaCorridaCiclismoDançaFutebolVoleibolBasquetebolHandebolJogosJudôKung FuNatação
A seguir, serão apresentados os gráficos 19 e 20, que demonstram se os
alunos das escolas pesquisadas realizam alguma atividade corporal ou praticam
algum esporte nas horas vagas e finais de semana e, em caso afirmativo, quais,
ressaltando-se que o percentual de alunos que respondeu afirmativamente, é
diverso do percentual de atividades escolhidas pelos alunos, considerando que
muitos praticam mais de uma atividade ou esporte.
62,83%
37,17%
SimNão
Gráfico 19 – Freqüência dos alunos que realizam atividade corporal / praticam esporte.
Gráfico 20 – Atividades / esportes mais praticados pelos alunos.
28
O gráfico 19 demonstra que a maioria dos alunos, num percentual de 62,83%
realiza atividade corporal ou pratica algum esporte nas horas vagas e finais de
semana e, conforme aponta o gráfico 20, o voleibol (22.93%), seguido do futebol
(22,29%) são os esportes mais praticados pelos alunos.
2 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando a necessidade de refletir sobre a contribuição da Educação
Física, para a formação geral do aluno concluinte da Educação Básica e, diante da
análise dos dados e das considerações efetuadas, chegou-se às conclusões a
seguir apresentadas.
Em relação ao primeiro objetivo, que visava Identificar o perfil do aluno
concluinte da Educação Básica das escolas pesquisadas, evidenciou-se que a
maioria dos alunos possuía idade de 17 anos na data da pesquisa e, cursou o
Ensino Fundamental e Médio em Instituições da Rede Pública de Ensino.
A pesquisa procurou também, verificar a freqüência com que os conteúdos
estruturantes e específicos da disciplina de Educação Física, previstos nas
Diretrizes Curriculares (2006), foram trabalhados ao longo da escolarização, dos
alunos da 3ª série do Ensino Médio, a qual constatou que, de todos os conteúdos
estruturantes (ginástica, esporte, dança, lutas e jogos), o mais foi trabalhado nas
aulas de Educação Física foi o esporte, além de ser o preferido pelos alunos das
escolas pesquisadas.
Quanto à qualidade dos recursos físicos e materiais das escolas pesquisadas,
utilizados nas aulas de Educação Física, a maioria dos alunos classificou a estrutura
física entre ótima e boa, o que leva a crer que esta qualificação se pautou no fato de
que o espaço físico mais utilizado nas aulas são as quadras poliesportivas,
considerando que, conforme demonstrado na pesquisa, o conteúdo predominante
desenvolvido nas aulas é o esporte. Em relação aos recursos materiais, o percentual
apontou, negativamente, índices mais elevados para péssimo, ruim e regular, o que
se conclui que os espaços físicos são adequados para as práticas esportivas,
havendo necessidade de melhoria quanto aos materiais e equipamentos utilizados
nas práticas pedagógicas.
29
Atinente à importância dada pelos alunos da 3ª série do Ensino Médio à
Educação Física, enquanto área do conhecimento, para o seu desenvolvimento e
formação, evidenciou-se, após análise dos resultados da pesquisa, que a grande
maioria dos alunos considera importante a presença da disciplina de Educação
Física na Educação Básica, participando das aulas sempre ou freqüentemente, tanto
no Ensino Fundamental, quanto no Médio.
E finalmente, no que se refere aos conhecimentos da Educação Física
adquiridos pelos alunos no decorrer de sua escolarização, a pesquisa deixou
transparecer que os mais apreendidos pelos alunos referem-se ao esporte, na
dimensão procedimental, ou seja, o “saber fazer”, seguido do conhecimento
(dimensão conceitual) sobre os efeitos das atividades físicas sobre o organismo e a
saúde.
Este resultado comprova que os alunos possuem os conhecimentos básicos
para a prática de esportes, além de terem consciência da importância das atividades
corporais para a saúde e qualidade de vida, tendo em vista que, conforme os dados
apresentados, a maioria dos alunos pratica alguma atividade física fora da escola.
Assim, considerando o resultado da pesquisa, pode-se concluir que as
práticas pedagógicas da área ainda estão voltadas, sobretudo à dimensão
procedimental enfocando especialmente o esporte, como principal conteúdo da
disciplina.
Evidencia-se também, esforços dos professores de Educação Física Escolar
em superar a visão fragmentada da área, que prioriza o movimento mecânico e
repetitivo. Essa afirmativa foi possível verificar, quando mais da metade dos alunos
das escolas pesquisadas confirmam que: adquiriram os conhecimentos sobre os
efeitos das atividades físicas sobre o organismo e a saúde, sobre a percepção do
próprio corpo e consciência de posturas e movimentos não prejudiciais no cotidiano,
quanto à utilização dos conhecimentos adquiridos no tempo disponível para o lazer e
o respeito a si e ao outro.
Portanto, é necessário compreender a Educação Física para além mera
prática pedagógica descontextualizada, vislumbrando-a, como área que produz o
conhecimento sistematizado, através de uma aprendizagem significativa e
autônoma, a qual possibilitará ao aluno, a leitura crítica do mundo que o cerca, além
30
de fornecer-lhe os conhecimentos necessários para que possa dar continuidade à
prática de atividades corporais após o término de sua escolarização formal.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRACHT, Valter [et al.]. Pesquisa em Ação: Educação Física na Escola. 2ª ed.
Editora Unijuí: Ijuí, 2005.
CUNHA, Manuel Sérgio Vieira e. Motricidade Humana: Um Paradigma Emergente.
In: MOREIRA, Wagner Wey (org.). Educação Física & Esportes: Perspectivas para o Século XXI. Editora Papirus: Campinas, 1993.
PARANÁ. Diretrizes Curriculares de Educação Física para a Educação Básica, 2006
e 2008.
SOARES, Carmem Lúcia. TAFFAREL, Celi Nelza Zulke. ESCOBAR, Micheli Ortega.
A Educação Física Escolar na Perspectiva do Século XXI. In: MOREIRA, Wagner
Wey (org.). Educação Física & Esportes: Perspectivas para o Século XXI. Editora Papirus: Campinas, 1993.
DARIDO, Suraya Cristina. SANCHES NETO, Luiz Sanches. In: DARIDO, Suraya
Cristina (coord.). RANGEL, Irene Conceição Andrade (coord.) Educação Física na escola: implicações para a prática pedagógica. Editora Guanabara Koogan: Rio
de Janeiro, 2005.
_______. Educação Física na escola: questões e reflexões. Editora Guanabara
Koogan: Rio de Janeiro, 2003.
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