63
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO/CAMPUS II ALAGOINHAS CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA RAMON SANTOS FABIANO DE CARVALHO LEGITIMAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO ÂMBITO ESCOLAR E O PROJETO DE ENSINO-APRENDIZAGEM: UM ESTUDO SOBRE O PIBID/UNEB ALAGOINHAS 2012

Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Ramon Santos Fabiano de Carvalho

Citation preview

Page 1: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

1

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO/CAMPUS II – ALAGOINHAS

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

RAMON SANTOS FABIANO DE CARVALHO

LEGITIMAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO ÂMBITO

ESCOLAR E O PROJETO DE ENSINO-APRENDIZAGEM:

UM ESTUDO SOBRE O PIBID/UNEB

ALAGOINHAS

2012

Page 2: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

2

RAMON SANTOS FABIANO DE CARVALHO

LEGITIMAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO ÂMBITO

ESCOLAR E O PROJETO DE ENSINO-APRENDIZAGEM:

UM ESTUDO SOBRE O PIBID/UNEB

Monografia apresentada a Universidade do

Estado Bahia do Curso de licenciatura em

Educação Física, como requisito a conclusão de

curso.

Orientadora: Prof. Ms. Martha Benevides da

Costa

ALAGOINHAS

2012

Page 3: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

3

Dedico esse trabalho a todos que, de algum modo, me ajudaram a construir este trabalho, a

minha família, amigos e pessoas que de alguma outra forma contribuíram nessa caminhada,

em especial a minha mãe, que embora não possa estar aqui fisicamente, sei que está ao meu

lado em todo o processo de caminhada e conclusão dessa etapa.

Page 4: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

4

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, pelas oportunidades a qual me foi dada e a superação

das dificuldades encontradas durante esse processo.

Agradeço a minha família, em especial a minha mãe, a qual dedico essa todas as

minhas conquistas, foi graças à força que ela me passa, que nunca desisti de meus sonhos. Ela

me ensinou valores, a ter paciência e que com fé e honestidade podemos conquistar nossos

ideais. Ao meu irmão que compartilhei grandes momentos e confidências, que me ajudou

quando precisei em momentos na universidade e foi conselheiro na falta do conselho de mãe.

A minha avó, a qual tenho como minha segunda mãe, que deu todo o conforto todas as vezes

que chegava de viagem.

A minha Tia madrinha, Maria Neuza, por ter me acolhido em sua casa, durante todo o

processo de estudante, a qual teve paciência e pelas puxadas de orelha que embora aceitei

calado, serviram para o meu amadurecimento.

Agradeço as pessoas, que de forma involuntária ou direta, contribuíram na minha

caminhada até aqui, tanto as caronas para a universidade quanto para a volta a minha cidade.

Agradeço especialmente a minha namorada Thais Sthefany, que foi o meu porto

seguro, foi ela que aguentou meu stress decorrente da universidade, foi ela que me incentivou

quando achei que não teria mais forças para continuar, pela compreensão quando a deixei para

estudar, com destaque para o dia dos namorados que tive que vir para Alagoinhas por conta da

monografia e por todo o carinho e amor que tem me proporcionado todo esse tempo.

Em seguida, agradeço a meus amigos: Mendes, José Roberto, Claudivam, Leandro,

Nayane, Sebastião, Jean, Joice, Nathan, Bruno, Manuela, Denise, Nailza, pelos momentos de

alegria, tristeza e “resenhas” que vocês me proporcionaram. Por terem me ajudado quando

precisei, sendo com conselhos ou indo me buscar em outra cidade quando não tinha mais

ônibus. Vocês fazem parte de minha história!

Agradeço aos meus professores da universidade, pelo conhecimento e valores

transmitidos, pela base que foi construída no decorrer do curso. Em especial a minha

orientadora Martha, pela paciência que teve comigo nesse processo, pelos cascudos quando

saia do rumo nas orientações e a confiança que me passava quando podia contar com ela.

Agradeço pela oportunidade da experiência de bolsista do PIBID, pela soma da qualidade em

minha formação pessoal e profissional. Destaco, também, a estima pela professora Viviane

Page 5: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

5

Rocha a qual foi a minha professora de estágio, com quem tive uma grande afinidade, pelas

conversas e brincadeiras durante as aulas e pela compreensão durante a minha formação.

Aos amigos que fiz na universidade e que vou levar para o resto da vida, Lucas,

Bruna, Alan, Beto, Neyla, Ayala, Renan, Marcio, Octacilio, Isis, Neyde, Gil, Gleisiane, vocês

foram meus cúmplices, conselheiros, quebra-galhos e, acima de tudo, amigos.

Agradeço a todos que somaram na minha formação e na minha vida.

Page 6: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

6

Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo.

(VINÍCIUS DE MORAES)

Page 7: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

7

LISTA DE SIGLAS

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior.

CNE – Conselho Nacional de Educação

CNED – Campanha Nacional de Esclarecimento Desportivo

DED – Departamento de Educação Física e Desporte

DEF- Divisão de Educação Física

EF – Educação Física

IPEA – Instituto de Pesquisa Educacional

PATEF – Programa de Assistência Técnica e Financeira a Programas de

Educação Física

PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais

PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência

PPP – Projeto Político-Pedagógico

PRODED – Programa de Desenvolvimento de Educação Física e Desporte

UNEB - Universidade do Estado da Bahia

Page 8: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

8

RESUMO

Este estudo busca verificar em que medida e como o projeto de ensino-aprendizagem de

Educação Física se concretizou e se contribuiu na legitimação da Educação Física no espaço

escolar. O objetivo geral foi identificar em que medida o projeto de ensino-aprendizado

proposto pelo PIBID-UNEB/EF na Escola Estadual Oscar Cordeiro, no Município de

Alagoinhas-Ba, contribuiu na legitimação da Educação Física. Os objetivos específicos foram,

verificar quais as repercussões que o mesmo obteve na prática pedagógica da Educação

Física; identificar se houve mudanças na valorização da Educação Física escolar por parte dos

sujeitos da comunidade; e as práticas pedagógicas dos sujeitos do PIBID durante o processo

de sistematização do projeto de ensino-aprendizagem.. A coleta de dados foi feita com o uso

das técnicas de entrevista seme-estruturada e análise documental. A análise de dados foi feita

com Análise de Conteúdo. Concluiu-se que o PIBID/UNEB-EF contribuiu para ampliação do

acesso aos conteúdos por parte dos alunos, para a sistematização pedagógica conforme

objetivos próprios e com tema específico, para quebra de paradigmas em relação a temas da

cultura corporal, para que houvesse preocupação com os espaços físicos usados pela

Educação Física e, portanto, nesse sentido, contribuiu para a legitimação da Educação Física

na escola.

Palavras-Chave: Educação Física escolar. PIBID. Prática pedagógica.

Page 9: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

9

SUMARIO

1 INTRODUÇÃO 10

2 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: HISTÓRIA E LEGALIZAÇÃO 13

3 LEGALIDADE VERSUS LEGITIMIDADE DA EDUCAÇÃO FÍSICA

ESCOLAR

18

4 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS 22

5 DISCUSSÃO DE RESULTADOS 26

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 33

REFERÊNCIAS

ANEXO

APÊNDICE

Page 10: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

10

1 INTRODUÇÃO

Ao longo da história, a Educação Física foi influenciada por necessidades sociais que

deram origem a diferentes pensamentos e concepções sobre a sua prática e o que ela

representa. Sendo assim, as disputas sociais foram lapidando o rosto da mesma no âmbito

escolar.

Seus primeiros passos se deram na sociedade burguesa europeia no fim do século

XVIII e início do século XIX, onde as necessidades de se ter indivíduos mais fortes, ágeis e

disciplinados acabaram tornando os exercícios físicos uma necessidade social, ou seja, cuidar

do corpo era cuidar da sociedade, quadro esse que não foi diferente no Brasil. Sendo assim, a

Educação Física começou a ser entendida como prática pedagógica mediante as necessidades

da classe hegemônica nesse período, iniciando o processo de escolarização e pedagogização

da Educação Física.

No Brasil, desde a década de 1930 e mais especificamente, durante a ditadura militar,

aconteceu a esportivização da Educação Física escolar, trazendo com ela princípios de

rendimento e competitividade, agregado a valores individualistas e segregadores, tornando o

aluno/atleta e o professor/técnico. Essa tendência que o esporte trouxe nesse período estava

fundamentada numa pedagogia tecnicista que vigorou no período da década de 1970, criando

uma metodologia da técnica pela técnica, distinguindo as turmas por sexo nas aulas, entre

outras características.

A partir da década de 1980, encontramos diversos movimentos que influenciaram a

maneira de se pensar a Educação Física, denominados de “renovadores”. Estes trouxeram

valores filosóficos, humanistas, que fizeram repensar o significado da Educação Física no

processo de ensino. Esses e outros movimentos criaram a necessidade de uma busca por uma

identidade e afirmação da área. É nesse contexto que Medina (1982) defendia a tese que a

Educação Física deveria entrar em crise para conseguir superar as tradições biologistas e

tecnicistas. É importante ressaltar que, nesses novos olhares, a legitimação da Educação Física

escolar se constrói no processo de ensino e aprendizagem, especialmente naquilo que dá à

área de conhecimento identidade, o que passa pela especificidade dos temas tratados e pela

organização do trabalho pedagógico.

Page 11: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

11

Nesse sentido, foi que este estudo buscou investigar a concretização do projeto de

ensino-aprendizagem proposto pela equipe do PIBID-UNEB/EF, desenvolvido na Escola

Estadual Oscar Cordeiro na cidade de Alagoinhas-BA, especificamente para verificar em que

medida e como o projeto de ensino-aprendizagem de Educação Física se concretizou e se

contribuiu na legitimação da Educação Física no espaço escolar.

O projeto de ensino-aprendizagem é o planejamento que foi construído pela equipe

PIBID-UNEB/EF com base na realidade da escola parceira. Planejamento, para Vasconcellos

(2004, p. 14) é “uma atividade que faz parte do ser humano, muito mais inclusive do que

imaginamos à primeira vista. Hábitos comuns como tomar banho ou atender um telefone, está

presente o planejar [...]”.

Então, como o planejamento decorrente no processo de ensino aprendizagem pode

garantir a legitimidade da Educação Física no espaço escolar?

Entende-se que a escola é um espaço de transmissão e construção cultural e é nessa

perspectiva que a cultura corporal pode se concretizar legitimando o papel da Educação Física

na escola. A legitimidade da Educação Física vai mais além do que sua obrigatoriedade.

Partilhamos do entendimento de que a Educação Física, como área do conhecimento escolar,

realiza sua prática pedagógica tendo como objeto de ensino a “cultura corporal” e é

garantindo o acesso à cultura que podemos legitimar a Educação Física, tendo conteúdos e

objetivos pedagógicos específicos.

Diante desse quadro que serve como base para a construção desse trabalho, é que faço

reflexões sobre a importância do planejamento na legitimação da Educação Física, da

mudança da atual imagem que a mesma possui, de abandono e descaso perante os conteúdos

da cultura corporal nas escolas. Essas e outras questões relatadas surgem na experiência como

bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID).

O mesmo é financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (CAPES) com o intuito de incentivar a formação inicial de professores para a

Educação Básica. Diante disso, o PIBID, de forma geral, vem como proposta de inovar,

mudar a “cara” da Educação Básica. Mas o porquê da escolha desse projeto como ferramenta

que possa concretizar e legitimar a melhoria da qualidade do ensino?

No trabalho intitulado “O PIBID NA UFGD: AÇÃO, REFLEXÃO, AÇÃO”, de Maria

Alice de Miranda Aranda (2010), faz-se uma reflexão sobre a importância do projeto, como

um todo e em especial nas perspectivas dos professores. O que se vê é o fortalecimento do

sentimento de pertencimento e orgulho profissional, a consciência da necessidade de

formação profissional inicial sólida e contínua e a defesa de ações coletivas como mecanismo

Page 12: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

12

de protagonismo profissional e de cidadania. Além do fortalecimento da área de ensino das

licenciaturas na Universidade, tem-se também a articulação efetiva entre ensino e pesquisa; o

desenvolvimento de ações multidisciplinares; o destaque de fato para a relevância social da

profissão docente.

O projeto da área de Educação Física, do Departamento de Educação do Campus II da

UNEB, tem como objetivo:

Buscar a aproximação dos estudantes do referido curso da realidade da

escola pública, mas também auxiliar na melhoria da qualidade desta, além de construir um projeto factível para esse componente curricular que garanta

sua legitimidade no espaço escolar como contribuinte na formação humana

dos alunos da Educação Básica [...] (PROJETO INSTITUCIONAL DO

PIBID/UNEB – 2009, 2009, s/p).

Esse projeto foi proposto a partir de dois elementos. O primeiro é de que a produção

acadêmica que prevê e propõe caminhos para a legitimação da Educação Física na Educação

Básica parece não chegar ao “chão da escola”. Assim, é preciso criar mecanismos de

aproximação desses dois universos. Além disso, é preciso que a formação docente tenha a

relação teoria-prática como eixo, no sentido de conhecer a realidade concreta na qual irá

atuar. Assim é que o projeto toma a cultura corporal como objeto da Educação Física e busca,

conhecendo a realidade da escola parceira, construir uma proposta em diálogo com os

sujeitos da escola, que efetivamente possa perseguir a legitimação da Educação Física.

Diante disto, o problema desta pesquisa é: o projeto de ensino-aprendizagem

desenvolvido pela equipe PIBID/UNEB-EF/2009 proporcionou à Educação Física, na escola

parceira, a condição de legitimidade?

Portanto, o objetivo geral é identificar em que medida o projeto de ensino-aprendizado

proposto pelo PIBID-UNEB/EF na Escola Estadual Oscar Cordeiro, no Município de

Alagoinhas-Ba, contribuiu na legitimação da Educação Física. Para tanto é preciso verificar

quais as repercussões que o mesmo obteve na prática pedagógica da Educação Física;

identificar se houve mudanças na valorização da Educação Física escolar por parte dos

sujeitos da comunidade; e as práticas pedagógicas dos sujeitos do PIBID durante o processo

de sistematização do projeto de ensino-aprendizagem.

Page 13: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

13

2 EDUCAÇAO FÍSICA ESCOLAR: HISTÓRIA E LEGALIZAÇÃO

Quando buscamos entender a Educação Física, somos convidados a viajar em um

mundo complexo e de grande significado na história do desenvolvimento humano, desde o

homem primitivo. Este tinha a necessidade de se defender e sobreviver, de modo que

desenvolveu a capacidade de lutar e caçar. Nessas ações, o mesmo começou a compreender os

seus movimentos corporais mais básicos e naturais, começando a entender como o seu corpo

funcionava nas atividades mais simples. Sendo assim, convido a refletirmos com uma

atividade tão antiga se tornou uma disciplina escolar e como se desenvolveu historicamente

esse processo de pedagogização da Educação Física.

É preciso, inicialmente, entender que o movimento corporal não é posse da Educação

Física. Nesse sentido, Bracht (1999, p.4) entende que a Educação Física se apropria do

movimento do homem. E o fez no sentido de promover uma educação do corpo.

Essa educação do corpo que fala Bracht (1999) é aquela que procura discipliná-lo e

adestrá-lo. O objetivo era que, controlando o corpo, o indivíduo se comportasse

adequadamente nas relações sociais que se enraizavam a partir do modelo da industrialização.

Historicamente, o que vai se ter em relação à Educação Física é uma série de

influências que vão determinar o papel que ela assume na sociedade e na escola. Essas

funções assumidas pela Educação Física em diferentes momentos históricos são classificadas

em higienista, militarista e esportivista.

Em relação à Educação Física chamada higienista, nos séculos XVIII e XIX, diz-se

que tinha como foco principal a saúde, com o papel de formar corpos mais fortes e saudáveis.

O pensamento médico higienista deste período utilizou-se da Educação Física para defender a

importância dos cuidados com a família e com o corpo. Cuidar desses aspectos era cuidar do

indivíduo com um todo. É sob essa influência que se pensa a importância da escolarização da

Educação Física (CASTELLANI FILHO, 2004). Nesse sentido, Bracht (1999) ressalta que:

O nascimento da EF se deu, por um lado, para cumprir a função de colaborar

na construção de corpos saudáveis e dóceis, ou melhor, com uma educação

estética (da sensibilidade) que permitisse uma adequada adaptação ao processo produtivo ou a uma perspectiva política nacionalista, e, por outro,

foi também legitimado pelo conhecimento médico-científico do corpo que

referendava as possibilidades, a necessidade e as vantagens de tal intervenção sobre o corpo.

Page 14: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

14

Essa concepção envolve um contexto mais amplo no século XIX, do próprio modo de

organização social. Neste, foi se difundindo a visão da escola como meio de progresso e

melhoria social e a Educação Física caminhava nessa mesma perspectiva. Na Educação

Física, a prática da ginástica era a grande base para o novo homem necessário à sociedade.

No Brasil, Rui Barbosa defende a inserção da ginástica nas escolas, tornando-se um

dos principais defensores da bandeira da Educação Física, entendendo que a mesma ajudava

na formação moral, intelectual e espiritual.

A Educação Física tornou-se um instrumento de ação e de intervenção bastante valioso

na realidade educacional e social. A Educação Física é posta como um sinônimo da saúde

física e mental e é eleita a promotora da saúde, regeneradora da raça, das virtudes e da moral,

tudo com a influência dos médicos higienistas (BRACHT, 1999).

Já no que se refere à Educação Física dita militarista, presente no Brasil na primeira

metade do século XX, mais especificamente durante a década de 1930 a 1945, caracteriza-se

pela preocupação com a saúde publica, mas principalmente com a proposta de fortalecer o

crescimento da indústria e o patriotismo (BRACHT, 1999). Essa percepção tinha influência

do nazismo e do fascismo e esperava-se formar uma geração mais forte e um governo mais

sólido.

Bracht (1999) diz que a Educação Física era vista por Vargas como um grande

aparelho ideológico, principalmente após a Constituição de 1937, que colocava a Educação

Física como uma disciplina escolar obrigatória.

No que se diz respeito à perspectiva esportivista, o que o mesmo autor colocar é que,

após a Segunda Guerra Mundial, a Educação Física tem o seu reencontro com a pedagogia

através do pensamento liberal, dando-se nesse período um grande empurrão à pedagogização

do esporte, tornando-o o conteúdo mais importante da Educação Física.

Essa nova ordem é entendida por Bracht (1999, p.75) como:

[...] um fenômeno polissêmico, ou seja, apresenta vários sentidos/significados e ligações sociais. Por exemplo, o movimento olímpico

permitiu conferir, pela categoria política da nação, um significado mais

imediatamente político aos resultados esportivos, o qual é incorporado à

política do corpo mais geral, com as repercussões que todos conhecemos na Educação Física. Chamo aqui a atenção para a combinação de dois fatores, e

para o fato de que o esporte passa a substituir, com vantagens, a ginástica

como técnica corporal que corporifica/condensa os princípios que precisam ser incorporados (no duplo sentido) pelos indivíduos.

Page 15: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

15

Essa perspectiva continua atendendo a interesses político/sociais e busca o

fortalecimento do corpo/máquina do aluno/atleta por meio do trabalho do professor/técnico.

Busca-se formar uma nova geração que honre o país através da vitória na competição,

aumentando os valore patrióticos e políticos.

Mais especificamente na Ditadura Militar é que se tem o maior incentivo às praticas

esportivas, já que a Educação Física, segundo Bracht (1999, p.76) “possuía um papel

importante no projeto de Brasil dos militares, e que tal importância estava ligada ao

desenvolvimento da aptidão física e ao desenvolvimento do desporto”. Chegou até a ser feito

um diagnóstico acerca da Educação Física e Desporto no Brasil, com o objetivo de verificar

as falhas e intervir a partir dessa ótica do desenvolvimento do esporte de rendimento. Esse

diagnóstico gerou, segundo Pinto, Vago e Faria (1999), a criação de programas que

objetivavam incentivar o esporte para toda a população.

Como se pode ver, o governo militar concretizou um plano nacional para Educação

Física e Desporto no Brasil, mediante as necessidades que o governo tinha. O governo militar,

desde o início, tentou escolarizar o esporte partindo do pressuposto apontado por Pinto, Vago

e Faria (1999, p. 6):

[...] a prática esportiva era sinônimo de saúde, ordem social e progresso, que deveria ser incentivada em todos os espaços possíveis, além de atingir

múltiplas funções, dentre elas a melhoria da condição física da população e a

preparação dos alunos para o cumprimento do serviço militar; para minimizar os efeitos maléficos da vida moderna; e para aumentar o número

de atletas em várias modalidades, procurando melhorar a representatividade

esportiva brasileira.

Assim, a Educação Física incorporou o esporte, tornando-se “fazer” esportivo e

concebendo o corpo como uma máquina.

Diante disso, o que se pode dizer é que a construção da Educação Física até aqui,

passou por diversas tendências que ajudaram a formar conceitos, formular pensamentos e

organizar o campo de estudo da Educação Física, mediante as necessidades de grupos

políticos hegemônicos em cada período especifico.

Após a queda do regime militar, a educação passa a ser reformulada e pensada à partir

dos educadores, começando assim formular uma nova educação para o Brasil. Nessa mesma

perspectiva caminha a Educação Física, que começa a receber fortes criticas sobre a sua

importância curricular e social (BRACHT, 2001).

Page 16: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

16

A década de 1980 foi marcada pela crise da Educação Física, que viu sua legitimidade

questionada e seus saberes pedagógicos postos em cheque, em virtude de que não teria mais

como atender as demandas sociais, educacionais e políticas nesse momento.

Bracht (2001) aponta que com as mudanças do sistema político e as novas demandas

do mercado de trabalho, a Educação Física tornou-se insignificante na formação para a

produção. Antes, necessitava-se do corpo forte e saudável e, agora, preconiza-se trabalhadores

com competências intelectuais, ou seja, o corpo perde espaço para mente.

Ainda para o mesmo autor, a relação da Educação Física como promotora do esporte é

questionada, visto que o Estado que antes incentivava a prática esportiva e investia nessa

perspectiva, deixa esse compromisso com a iniciativa privada, fazendo com que o cidadão

passe a pagar para fazer alguma prática esportiva. Além disso, o esporte começa a não ser

mais visto como sinônimo de saúde. Bracht (2001, p.75) diz que o esporte passa a ser visto

como “um problema relacionado a saúde e não fator de sua promoção. Na medida em que o

sistema esportivo muda o seu discurso, ele afeta a Educação Física, porque ela sustentava o

trinônimo esporte, educação e saúde.” Com isso, a Educação Física perde o seu sentido.

Além disso, a saúde passa a ser entendida não apenas como biológica, mas envolve um

contexto mais amplo, trazendo consigo fatores sociais e emocionais. Essas mudanças sobre o

conceito de saúde, para Bracht (2001, p.74), fazem com que ela deixe de ser “propriedade” da

Educação Física:

A Saúde não é um tema da Educação Física, é um tema transversal, e isso

porque a medicina não entende hoje que saúde é sinônimo de integridade

biológica. Por outro lado, e isso também é muito interessante, a própria Medicina vem perdendo a sua hegemonia quanto ao conhecimento oficial do

corpo.

Os debates acerca da Educação Física se tornam mais amplos e colocam novos olhares

sobre o seu apanhado teórico e sua metodologia, trazendo novas possibilidades e caminhos. A

partir da década de 1990, mediante acúmulo teórico-crítico surgiram as concepções

progressistas da Educação Física. Sendo assim, destaco a abordagem Crítico-Superadora que

foi a principal norteadora da ponte entre a Educação Física e a função social da escola numa

perspectiva de humanização (MARTINS, 2002).

Essa concepção entende que a Educação Física trata da cultura corporal, concebe os

sujeitos como seres sociais, de recepção, reflexão e transformação do saber pedagógico e

Page 17: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

17

toma a Educação Física como um componente curricular da escola com uma abordagem

metodológica diferente do que vinha sendo historicamente (NUNES; RÚBIO, 2008).

Essa abordagem traz em suas propostas que os conteúdos da Educação Física não

sejam mais meramente técnicos, mas intervenção teórico-prática que faça o aluno refletir

sobre o que lhe é oferecido.

Essa perspectiva visa denunciar os modelos reprodutores do sistema que

mantém a estrutura social de forma injusta e que reforça as relações de dominação de um grupo sobre outro. A pedagogia crítica defende uma

proposta de conteúdos do ponto de vista da classe trabalhadora. Propaga que

a relação educação-sociedade é influenciada dialeticamente, isto é, a escola é influenciada pela sociedade e esta também pode ser influenciada pela escola.

Nesta perspectiva, a tarefa dos educadores críticos não é a transformação

social via escolarização, mas oferecer a democratização dos saberes universais e fazer compreender o papel que as escolas representam dentro de

uma sociedade marcada por relações de poder (NUNES E RÚBIO, 2008, p.

70-71).

A transmissão do conhecimento não é mais vista como passiva agora o aluno é situado

a refletir criticamente sobre o que lhe é dado. Assim, é que Saviani (2008), influenciador

desta tendência de Educação Física, entende que a escola é local de trabalho de professores e

alunos e Gasparin (2009) entende que o processo pedagógico deve levantar os conhecimentos

prévios dos alunos, para problematizá-los e para instrumentalizar os alunos para refletirem

sistematicamente sobre o conhecimento tratado na escola.

Os debates da Educação Física nas décadas de 1980 e 1990 conseguiram garantir seu

lugar na atual legislação educacional brasileira. Assim é que a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (LDB), de 1996, e as Diretrizes Curriculares Nacionais do Conselho

Nacional de Educação, de 1997 e 1998, indicam que a Educação Física seja garantida como

componente curricular garantindo sua presença na escola, mas em contrapartida torna a escola

autônoma na construção dos seus projetos político-pedagógicos. Essa conjuntura exige que a

Educação Física se torne qualificada, sistematizada e realizada como parte da escola e não

como algo separado, isolado.

Page 18: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

18

3 LEGALIDADE VERSUS LEGITIMIDADE DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Na Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDB/1996) diz-se que a Educação

Física deve-se integrar ao PPP (Projeto Político-Pedagógico) da escola. Mas se a legalidade

da Educação Física como componente curricular é indiscutível, sua importância não é a

mesma de outros componentes curriculares, o que fica claro com as situações em que é

facultativa, como no ensino noturno.

Nesse processo a Educação Física se torna atualmente uma disciplina sem muito valor

na escola. Na tentativa de valorizar o componente curricular, o PCN (1998) traz três aspectos

fundamentais na reflexão e discussão da prática pedagógica dessa área de conhecimento, que

são o principio da inclusão, no sentido de buscar a inserção do aluno no universo da cultura

corporal, propondo a participação desses alunos de maneira reflexiva e afetiva nas aulas; o

princípio da diversidade, que consiste na abordagem de todos os temas da cultura corporal

(jogos, danças, ginásticas, esportes, lutas, capoeira); os conteúdos devem ser tratados nas

dimensões conceitual, procedimental e atitudinal.

Como se pode ver, a concepção de Educação Física como reflexão sobre a cultura

corporal é totalmente diferente do que foi historicamente. Segundo o Coletivo de Autores,

1992, p.38:

[...] a dinâmica curricular, âmbito da Educação Física, tem se caracterizado

bem diferente das tendências anteriores. Busca desenvolver uma reflexão

pedagógica sobre o acervo de formas de representação do mundo que o homem tem produzido no decorrer da história, exteriorizada pela expressão

corporal: jogos, dança, lutas, exercícios ginásticos, malabarismo,

contorcionismo, mímica e outros, que podem ser identificados como formas de representação simbólica de realidades vividas pelo homem[...].

Como fica evidente, a Educação Física dessa forma passa a ter como especificidade a

cultura corporal, tendo como objetivo pedagógico amplo promover a reflexão sobre esse

universo. Nesse sentido, Bracht (1999, p. 82-83) afirma que:

A dimensão que a cultura corporal ou de movimento assume na vida do

cidadão atualmente é tão significativa que a escola é chamada não a

reproduzi-la simplesmente, mas a permitir que o indivíduo se aproprie dela criticamente, para poder efetivamente exercer sua cidadania. Introduzir os

indivíduos no universo da cultura corporal ou de movimento de forma crítica

é tarefa da escola e especificamente da EF.

Page 19: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

19

Se antes a Educação Física era legitimada por atender as necessidades sociais, nesse

novo olhar a Educação Física se reconfigura e busca torná-la legítima no campo educacional

em suas reconfigurações atuais.

Mas algumas questões devem ser levantadas: como os conteúdos devem ser

selecionados e colocados em prática? Qual a metodologia que podemos utilizar? Como

planejar esses conteúdos mediante as atribuições acerca da sistematização da cultura corporal?

As respostas começam a ser dadas no próprio Coletivo de Autores (1992, p. 36):

A escola, na perspectiva de uma pedagogia crítico-superadora aqui

defendida, deve fazer uma seleção dos conteúdos da Educação Física. Essa

seleção e organização de conteúdos exige coerência com o objetivo de promover a leitura da realidade. Para que isso ocorra, devemos analisar a

origem do conteúdo e o que determinou a necessidade de seu ensino. Outro

aspecto a considerar na seleção de conteúdo é a realidade material da escola,

uma vez que a apropriação do conhecimento da Educação Física supõe a adequação de instrumentos teóricos e práticos, sendo que algumas

habilidades corporais exigem, ainda, matérias específicos.

Sendo assim, a construção de um planejamento é essencial no sentido de selecionar

conteúdos e organizar atividades coerentes com a realidade da escola e em especial, a dos

alunos, a fim de promover vivências significativas no âmbito da Educação Física.

A organização dos conteúdos, segundo o Coletivo de Autores (1992), deve ser feita a

partir da relevância social dos temas; da contemporaneidade do conteúdo, onde o professor

deve apresentar o que há de mais novo para o aluno em relação a dado conhecimento; a

adequação às possibilidades sócio-cognitivas, onde deverá ser levado em conta o

conhecimento prévio do aluno acerca do conteúdo.

Por esse caminho a Educação Física pode se tornar legítima. Esse debate é tecido por

Souza Junior (2001), que aborda o sentido de currículo (caminho a ser seguido) e cuja

organização envolve disputa em relação aos valores e conhecimentos que se quer transmitir na

escola.

Ou seja, o currículo contempla a formação curricular das mais variadas disciplinas e

essa construção disciplinar é resultado de um longo processo de tentativas de afirmação, luta e

reflexão em seu campo de estudo. Ou seja, a afirmação como componente curricular de dada

área se deve pela busca de uma legitimidade específica como área que trata de um

determinado conhecimento.

Para Souza Junior (2001, p.83), o termo componente curricular tem como sentido:

Page 20: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

20

[,.,] Não apenas um constituinte do rol de disciplinas escolares, mas um

elemento da organização curricular da escola que, em sua especificidade de

conteúdos, traz uma seleção de conhecimentos que, organizados e sistematizados, devem proporcionar uma reflexão acerca de uma dimensão

da cultura e que, aliado a outros elementos dessa organização curricular, visa

a contribuir com a formação cultural do aluno.

Sendo a Educação Física uma disciplina escolar garantida pela LDB, o autor

questiona: ela se constitui componente curricular? E ele reflete que o modo como a Educação

Física tratou o corpo colocou em xeque sua importância na escola. Isto se deu à medida que a

Educação Física trata apenas do “fazer” deixando o “saber” a parte de suas atribuições, além

das tendências higienista, militarista e esportivista. Assim, a Educação Física passa a ser vista

pelas demais disciplinas como o “quebra galho” da escola, a qual pode ceder aulas para

eventos e/ou atividades escolares. Essa visão é consequência dessa construção histórica e do

descaso em que a Educação Física encontra-se atualmente.

Em sua tese de mestrado, Souza Júnior (2001) destaca como são tratados os conteúdos

da Educação Física, destacando dois pólos. O primeiro é o do mero fazer por fazer na

Educação Física, que consiste na escolha de conteúdos sem coerência com a realidade escolar,

onde os mesmos não possuem fundamentação e organização. Neste pólo a Educação Física,

para o autor, é apenas uma atividade esvaziada de sentido.

No segundo polo, aborda a Educação Física com conteúdos críticos-reflexivos, assim,

as atividades e deveres atribuídos aos alunos não são simplesmente jogos recreativos, sem

nenhum fundamento teórico. O aluno aqui é convidado a refletir sobre o conteúdo que lhe é

dado, passando a conhecer melhor as atividades que são vivenciadas. Aqui, para o autor,

pode-se falar em Educação Física como componente curricular.

Nesse segundo pólo, o professor traz em seus conteúdos uma elaboração prévia e

sistematizada, procurando superar o “fazer por fazer”, tematizando a cultura corporal, de

forma coerente com a realidade da escola.

Vê-se que a legitimidade passa, portanto, por planejar as atividades de ensino-

aprendizagem. Essas atividades se constroem a partir do planejamento, que para Vasconcellos

(2004) faz parte do ser humano. No fazer escolar, pode ser modificado ao longo do processo a

partir do diálogo entre ensino e aprendizagem e das condições em que tal processo acontece.

É no processo de planejamento que aprimoramos os objetivos e (re)avaliamos a

realidade em que pretendemos atuar. Portanto, ajuda a refletir sobre o que fazer e como fazer,

traz uma maior autonomia do professor. Esse é um processo que dá ao professor um rumo no

seu fazer pedagógico, na medida em que são definidos objetivos e conteúdos, além dos

Page 21: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

21

aspectos metodológicos. Ou seja, os elementos que a Educação Física, minimamente, precisa

para se tornar um componente curricular.

Page 22: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

22

4 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

Ao longo da evolução do homem, percebe-se a preocupação de conhecer, explicar e

entender fenômenos sociais ocorridos ao longo da história da humanidade. Perante essa

necessidade, variados campos do conhecimento foram surgindo. Mas somente na Idade

Moderna, com o surgimento da sociedade capitalista, é que os pesquisadores tornam o método

científico como o mais reconhecido para a explicação dos fenômenos sociais e naturais.

“Foram os prenúncios da libertação do pensamento dogmático católico” (MARCELLINO,

2005, p.19).

Portanto, a partir desses acontecimentos, surgem as “ciências naturais”, conforme o

autor acima citado destaca. Em contraponto, temos as “ciências sociais”, que segundo

Marcellino (2005) trazem em suas entranhas o estudo do comportamento humano,

concebendo o homem como ser social,

Sendo assim, a pesquisa aqui desenvolvida se insere nesse contexto científico

identificando-se mais nas ciências sociais que estudam as relações humanas e culturais. Este

estudo começa a ser pensado a partir da experiência do Programa Institucional de Bolsa de

Iniciação a Docência – PIBID, especificamente, analisando as repercussões que o projeto de

ensino e aprendizagem proposto pelo PIBID/UNEB-EF/2009 teve na legitimação da

Educação Física na escola parceira.

Para Gil (1999, p.42), pode-se definir pesquisa como o “procedimento racional e

sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”.

Marcone e Lakatos (2002, p.15) vão além, pois para eles, a pesquisa é um “procedimento

reflexivo sistêmico, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações

ou leis, em qualquer campo do conhecimento”. Portanto, a pesquisa se apresenta como um

processo de organização de ações, que possibilita a interpretação das descobertas a serem

analisadas dentro de um contexto, o que permite que o pesquisador tenha acesso a dados que

respondam aos seus anseios e questionamentos, constituído no caminho para se conhecer

realidades.

Sendo assim, esta pesquisa se insere no campo da pesquisa qualitativa, que segundo

Minayo (1995, p.21-22):

[...] responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências

sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado, ou seja,

Page 23: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

23

ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças,

valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das

relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

A autora acima citada ressalta as principais características da pesquisa qualitativa,

entre elas, a possibilidade de encontramos ambientes naturais como sua fonte direta de dados

e o pesquisador como seu principal instrumento. Além do caráter descritivo, a pesquisa

qualitativa possibilita analisar dados intuitivos e subjetivos dos sujeitos investigados, além de

poder usar várias estratégias no decorrer do estudo.

Para a busca das respostas acerca de em que medida o projeto de ensino-aprendizado

proposto pelo PIBID-UNEB/EF contribuiu na legitimação da Educação Física, essa pesquisa

se configura mais especificamente como estudo de caso, que segundo Ludke e André (1986,

p. 17):

Vai estudar um único caso. O estudo de caso deve ser aplicado quando o

pesquisador tiver o interesse em pesquisar uma situação singular, particular. As autoras ainda nos elucidam que “o caso” é sempre bem delimitado,

devendo ter seus contornos claramente definidos no desenvolver do estudo.

Essa pesquisa foi realizada na escola parceira onde aconteceram as intervenções do

PIBID. A escola parceira do PIBID, no subprojeto em análise, é de regime administrativo

público estadual e possui 14 turmas, das quais sete (com funcionamento no turno da tarde) são

beneficiadas com as atividades do projeto. A organização pedagógica da escola segue os

direcionamentos dados pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia, a legislação

educacional vigente e os parâmetros dela advindos. É, inclusive, a partir destes elementos que

se define que a Educação Física deve ter duas aulas semanais para as turmas do Ensino

Fundamental. Já podemos aqui apontar um dos elementos postos por Saviani (2005) como

dificuldade para concretização das pedagogias críticas: a estrutura administrativa e

pedagógica conservadora.

Como procedimentos, utilizei como técnica a entrevista semi-estruturada, que permite

ao pesquisador flexibilizar as perguntas em relação aos objetivos da pesquisa. Essa técnica

tem suas vantagens destacadas por Gil (1999, p.53):

Possibilita obtenção de dados referentes aos mais diversos aspectos da

vida social; permite a obtenção de dados em profundidade acerca do

comportamento humano; os dados obtidos podem ser classificados e quantificados; não exige que o respondente saiba ler ou escrever; maior

Page 24: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

24

flexibilidade no trabalho de investigação (pode-se explicar o significado das

perguntas, captar expressões corporais, tonalidade de voz e ênfase das

respostas.).

A entrevista foi realizada com alunos do turno vespertino, que tiveram participação no

projeto, com bolsistas que fizeram intervenções no período letivo de 2011, com as duas

professoras supervisoras do projeto e com algumas professoras do colégio em questão.

Além disso, fiz análise documental dos relatórios mensais dos bolsistas e do

questionário de avaliação geral do subprojeto, aplicado em janeiro de 2012. Vale a pena

ressaltar, que a análise de documentos constitui-se numa valiosa técnica de abordagem de

dados qualitativos, podendo ser também utilizada para complementar informações obtidas em

outras fontes, no caso desta pesquisa com as entrevistas. Devido ao tempo disponível para

conclusão da pesquisa, usamos os relatórios do ano de 2011, fazendo seleção de 1 relatório de

cada mês.

A análise documental nos permitiu verificar, com riqueza de detalhe como foi esse

processo das intervenções. A justificativa de ter utilizado essa ferramenta é pela riqueza de

detalhes que podemos extrair, sem ser influenciado pela subjetividade ou por outros meios

que possam mudar a direção real dos dados coletados.

Sendo assim, a análise dos relatórios nos permitiu observar como foi se construindo os

conceitos e opiniões dos bolsistas acerca da Educação Física como um todo, quais as

mudanças que eles desenvolveram ao longo desse período e como a prática docente deles foi

se moldando no decorrer das intervenções.

Como técnica de análise de dado utilizei a análise de conteúdo. No qual, para Bardin

(1979 apud LIMA, et al. 2008, p.6) “a análise de conteúdo abrange as iniciativas de

explicitação, sistematização e expressão do conteúdo das mensagens, com finalidade de se

efetuarem deduções lógicas e justificadas a respeito da origem das mensagens.”.

Através das falas coletadas mediante as entrevistas e da análise dos documentos, nessa

primeira etapa, busquei a colocação desses dados de forma transcrita a fim de analisar quais

os diversos significados que esses dados possuem, para, então organizar, sistematizar e

interpretar os mesmos, com o objetivo nessa primeira etapa de entender o contexto social e

cultural da realidade estudada.

A análise de conteúdo é operacionalizada em 3 etapas, sendo a primeira constituída da

elaboração da pesquisa, onde o pesquisador irá pensar com ela será sistematizada, quais os

documentos que servirão como base para seu referencial, suprindo assim, a fundamentação do

seus objetivos e hipótese para o decorrer da pesquisa.

Page 25: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

25

Na segunda fase, constitui-se da análise e organização do material coletado, no qual os

resultados são decodificados, utilizando-se de recortes, contagem, classificação, categorização

para alcançar um entendimento do que se foi coletado. Na terceira fase, o pesquisador utiliza-

se do estudo desses resultados a fim de interpretá-los, para que se tornem significativos.

Page 26: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

26

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O Quadro I descreve as entrevistas realizadas com os bolsistas do projeto

PIBID/UNEB-EF. As categorias em que estão organizados os dados foram definidas

conforme a estrutura da entrevista. Sendo assim encontramos os seguintes dados.

QUADRO 1- FREQUENCIA TEMATICA NAS ENTREVISTAS – BOLSISTAS

CATEGORIAS OCORRENCIAS FREQUENCIA EM

NUMEROS

Sistematização pedagógica

A partir do plano do anual 10

Revistas, livros entre outros

9

Com base na pedagogia histórico-

critica (Saviani)

8

Na pedagogia histórico-crítica

(Gasparin)

5

Conhecimentos adquiridos na

faculdade

3

Oficinas realizadas no PIBID 4

As mudanças da prática

pedagógica da Educação

Física na escola a partir o

PIBID

Relação entre teoria e prática 4

Construção de um plano anual 5

Conteúdos da cultura corporal 4

Mudança na prática pedagógica da

professora da escola

2

Mudança no processo de ensino-

aprendizagem

7

Quebra de gênero entre os alunos 2

A EF não é mais o futebol e o esporte 5

A EF é vista como disciplina 4

Page 27: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

27

Mudanças na valorização

da Educação Física

escolar, por parte dos

sujeitos da comunidade

Interesse dos alunos nas aulas 4

Interdisciplinaridade da EF 4

Novos conteúdos 6

Relatos de terem gostado do

conteúdo

6

A EF não mais tecnicista 2

Corrente pedagógica do currículo

escolar

5

Não houve uma valorização 1

Dificuldades encontradas

nas intervenções

Falta de tempo 6

Questão de gênero nas aulas 2

Dois conteúdos na mesma unidade 2

Dificuldades no conteúdo dança 4

Dificuldades no conteúdo ginástica 2

Dificuldades no conteúdo de lutas 2

Falta de conhecimento 2

Resistência dos alunos 5

Em relação a categoria “sistematização da prática pedagógica” foi possível

diagnosticar que os bolsistas utilizaram o projeto de ensino-aprendizagem construído pela

equipe PIBID/UNEB-EF como base da construção das suas aulas.

Vasconcellos (2002) afirma que o planejamento antecipar uma ação a ser realizada,

para que o trabalho pedagógico possa se concretizar numa relação teoria-prática. E, como

vimos a partir de Souza Junior (2001), a delimitação de um objeto específico, a seleção de

conteúdos e a organização metodológica são elementos que podem contribuir para colocar a

Educação Física na condição de componente curricular.

Aparece, também, o uso de livros, revistas como mecanismo utilizado para a

sistematização pedagógica. Vê-se, portanto, que a equipe buscou mecanismos de organizar a

Page 28: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

28

prática pedagógica de modo fundamentado. Não se tratou, portanto, de um fazer por fazer.

Buscou-se uma ação crítico-reflexiva, como sugere Souza Junior (2001).

Analisando “as mudanças da prática pedagógica da Educação Física na escola a partir

o PIBID”, observamos que a mudança no processo de ensino-aprendizagem foi a mais citada

pelos bolsistas, sendo que a construção de um planejamento aparece juntamente com

desmistificação da Educação Física como uma prática esportiva.

Essa mudança se refere, justamente, à Educação Física que deixou de ser o mero fazer

e passou a ser um saber-fazer. Isto, para Souza Junior (2001) e Soares, et al (1992) é condição

para que a Educação Física deixe de ser o “quebra galho” na escola e não seja apenas uma

prática obrigatória, mas legítima.

Referente às “mudanças na valorização da Educação Física escolar, por parte dos

sujeitos da comunidade” encontramos que a principal mudança dessa valorização é a

renovação dos conteúdos.

Para Soares, et al (1992), essa seleção e organização de conteúdos exige coerência,

com o objetivo de promover a leitura da realidade. Assim, devemos analisar a origem do

conteúdo e o que determinou a necessidade de seu ensino, ou seja, a realidade a realidade da

escola, tanto cultural quanto material, uma vez que a apropriação do conhecimento da

Educação Física supõe a adequação de instrumentos teóricos e práticos.

Além disso, para os mesmos autores, a Educação Física deve tratar dos diversos temas

da cultura corporal e não apenas do esporte, como se faz em muitas realidades escolares.

Portanto, no âmbito do PIBID/UNEB-EF buscou-se isto, o que gerou a renovação do

conteúdo citada.

Além disso, Souza Junior (2001) aborda que os conteúdos trazem uma seleção de

conhecimentos que, organizados e sistematizados, devem proporcionar uma reflexão acerca

de uma dimensão da cultura e que, aliado a outros elementos dessa organização curricular,

visa a contribuir com a formação cultural do aluno.

Ainda nessa mesma categoria, aparece que os estudantes da escola relataram ter

gostado das aulas. Isto é significativo se considerarmos o que dizem Saviani (2008) e

Gasparin (2009), de que partir do conhecimento do aluno é fundamental para envolvê-los no

processo de ensino-aprendizagem.

Analisando as “dificuldades encontradas nas intervenções” ficou notório que a

dificuldade encontrada na transmissão do conteúdo dança. Essa dificuldade se deve ao fato de

os bolsistas de ID e supervisoras não dominarem as especificidades do conteúdo. Buscou-se

suporte em oficinas realizadas para esses sujeitos com professora convidada, mas as

Page 29: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

29

dificuldades permaneceram. E, para trabalhar na perspectiva proposta do Saviani (2008) e

Gasparin (2009), é preciso se fazer uma sistematização do trato com o conhecimento que

parte do que os alunos sabem para instrumentalizá-los num processo de aprofundamento

deste.

Para esses autores, a pedagogização do conteúdo exige compromisso técnico e

compromisso político. Isto exige o domínio das especificidades do conteúdo e dos aspectos

didático-metodológicos para organizar as atividades. O que havia, portanto, na realidade

pesquisada era a falta de domínio dessas especificidades e, como consequência, a dificuldade

de pedagogizar o conteúdo.

No quadro 2, traz-se a descrição da entrevista feita com a professora supervisora do

PIBID/UNEB-EF, que é, também, a professora de Educação Física da escola parceira.

Observa-se que a perspectiva era entrevistar as duas supervisoras. Todavia, isto não foi

possível devido ao fato de que a segunda supervisora estava ausente de Alagoinhas, em aulas

de seu curso de mestrado, no período em que as entrevistas foram realizadas. E, sendo apenas

um sujeito, fez-se a opção de no Quadro 2, ao invés de se colocar a freqüência numérica, em

colocar trechos significativos da fala da entrevistada.

QUADRO 2 ANALISE TEMATICA NA ENTREVISTA – PROFESSORA

CATEGORIA OCORRENCIAS FALA

A sistematização

da prática pedagógica.

Conforme o plano de ensino e

aprendizado.

“[...]ela foi sistematizada

dentro do projeto de

nosso planejamento[...]”

As mudanças da prática

pedagógica da educação

física na escola com o

PIBID.

Conteúdos novos

“[...]por exemplo, a dança,

a luta, os meninos nunca

tiveram na escola, e nem

em outras escolas. Que

eles nunca fizeram parte

desse trabalho, então foi

valido[...]”

Quebra de paradigma “[...]as lutas não significa

só briga né? Lutas é uma

questão de esporte, é uma

Page 30: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

30

Mudanças na valorização

da Educação Física

escolar, por parte dos

sujeitos da comunidade.

questão de até de lazer

né?[...]”

Preocupação acerca do espaço físico de

atuação

“[...]pra nossa escola, ter...

até que correr atrás da

questão da quadra,

porque ela sabe que tem

um grupo dentro da

escola[...]

Crescimento para a escola “[...]é mais um pra somar

pra escola a nossa escola

ao nosso conteúdo, a

nossa aprendizagem[...]”

Referente à “sistematização da prática pedagógica”, a professora relata que a suas

aulas foram sistematizadas a partir do planejamento construído. Podemos observar que a

professora se utiliza do plano anual para a base da construção de suas aulas.

Ao mesmo tempo em que a professora tem seu primeiro contato com alguns conteúdos

da cultura corporal, planejados e sistematizados, é possível diagnosticar a mudança de olhar

que a professora obteve, pois ela relata que precisa estar sempre com outra visão, outro

conceito acerca da especificidade da Educação Física. Ou seja, a professora, que relata que

antes utilizava livros e revistas para organizar suas aulas, amplia suas possibilidades de

trabalho com a Educação Física na escola, aproximando-se do segundo pólo discutido por

Souza Junior (2001).

Analisando a categoria “das mudanças da prática pedagógica da educação física na

escola com o PIBID”, vê-se a ampliação de conteúdos com os quais os alunos não tinham

contato. Ou seja, alguns temas da cultura corporal eram negados aos alunos. Já podemos

dizer, portanto, que a inserção do PIBID/UNEB na escola parceira, ao tratar dos

conhecimentos específicos da Educação Física, proporcionou as mudanças mais

significativas.

Sobre a valorização da Educação Física pela comunidade escolar, vê-se a mudanaça de

olhar para as lutas, o que representa uma quebra de paradigma em relação a esse conteúdo.

Para Bracht (1999), essa mudança de olhar é decorrente do entendimento que a dimensão da

cultura corporal ou de movimento permite que o indivíduo se aproprie criticamente desses

saberes.

Page 31: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

31

Além disso, a professora fala que passou a haver preocupação em reestruturar a quadra

da escola. E, como se vê a partir de Soares, et al (1992), a realidade estrutural e material deve

ser considerada no trato dos conteúdos, devido às especificidades dos conteúdos da Educação

Física.

Por fim, a professora fala que o projeto representou crescimento para a escola porque

vem “somar pra escola a nossa escola, ao nosso conteúdo, a nossa aprendizagem[...]”. Ou

seja, mais uma vez, fica clara a contribuição do PIBID/UNEB-EF no que se refere aos

conteúdos específicos da Educação Física e à perspectiva de que existe nela uma

aprendizagem e não apenas um “fazer por fazer”.

QUADRO 3 - FREQUENCIA TEMATICA NOS RELATÓRIOS

CATEGORIA OCORRENCIAS FREQUENCIA EM

NUMEROS

A sistematização

da prática pedagógica.

Teve como base o plano anual 1

Oficinas do PIBID 2

Filmes, revistas entre outros 1

As mudanças da prática

pedagógica da educação física na escola com o

PIBID.

Evolução dos alunos 2

Aproximação dos alunos com os

conteúdos da cultura corporal 1

Mudanças na valorização

da Educação Física

escolar, por parte dos sujeitos da comunidade.

Maior motivação nas aulas 3

Reflexão dos conteúdos trabalhados 1

Formação crítica dos alunos 1

Troca de valores 1

Dificuldades encontradas

Nas intervenções no período Inicial

Falta de interesse dos alunos 3

Um trabalho árduo 1

Distinção de gênero 1

Conteúdo dança 2

Espaço físico da escola 1

Page 32: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

32

O quadro 3 traz a categorização feita dos relatórios dos bolsistas.

Na primeira categoria, aparece como base para a “sistematização pedagógica” as

oficinas PIBID. Trata-se de oficinas que foram realizadas sobre os vários temas da cultura

corporal com o objetivo de ajudar na organização do trabalho pedagógico, que para Souza

Junior (2001) é significativo na articulação da Educação Física como “saber” e “fazer”.

Referindo-se a “mudanças da prática pedagógica da educação física na escola com o

PIBID”, falou-se da “evolução dos alunos”. Ou seja, não só os alunos tiveram acesso a outros

conteúdos, como conseguiram avançar na apropriação dos mesmos.

Ou seja, atendeu-se o que PCN (1998) propõem para a formação e participação dos

alunos na prática pedagógica a partir do principio da inclusão, de buscar a inserção do aluno

no universo da cultura corporal, propondo a participação desses alunos de maneira reflexiva.

Na terceira categoria das “Mudanças na valorização da Educação Física escolar, por

parte dos sujeitos da comunidade” aparece a motivação dos alunos. Isto contradiz a categoria

dificuldades, que fala da falta de interesse dos alunos. O que se pode inferir é que houve

momentos em que os alunos estiveram mais interessados que em outros, o que pode se dar

devido a uma série de fatores que nãointencionamos analisar aqui. Mais uma vez, reapareceu

a dificuldade com a sistematização da dança.

Page 33: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

33

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa intencionou verificar as repercussões que o projeto de ensino-

aprendizagem proposto pelo PIBID/UNEB-EF proporcionou na Educação Física da escola

parceira. Pudemos observar a ampliação dos conteúdos que os alunos tiveram acesso, a

organização das aulas conforme o planejamento, a mudança no olhar para alguns temas (lutas)

e a motivação dos alunos para as aulas.

Em relação à valorização da Educação Física na escola chama atenção o fato de os

alunos relatarem que gostavam das aulas e a fala da professora supervisora de que a escola

“correu atrás” para estruturar o espaço da quadra por saber que havia um grupo realizando

intervenções na escola.

Sobre as práticas pedagógicas, vimos que houve sistematização de objetivos, o trato

com os temas específicos da Educação Física e a busca de mecanismos para encaminhar o

ensino adequadamente. Como em todo processo pedagógico, houve dificuldades,

principalmente com a sistematização da dança e no que se refere à participação dos alunos em

diferentes momentos.

Portanto, pode-se dizer que o projeto de ensino-aprendizagem do PIBID contribuiu,

em cada um desses aspectos, para legitimidade da Educação Física, o que nos remete à

contribuição que o projeto proporcionou a escola, aos sujeitos da comunidade, aos sujeitos

das ações e, principalmente, à Educação Física. E, as ações aqui descritas contribuem para

superar essa condição no currículo escolar.

É preciso afirmar que o PIBID me proporcionou entender a docência e constatar as

dificuldades dessa profissão, mas dando base aos bolsistas de um planejamento pedagógico,

do funcionamento do sistema de ensino e do que vamos encontrar ao sair da faculdade. Esta

experiência deveria ser oportunizada a todos os professores de Educação Física na sua

formação.

E, além disso, o PIBID auxiliou na melhoria da qualidade do ensino da Educação

Física, na prática pedagógica e no trato com os conteúdos da cultura corporal, afirmando sua

legitimidade como componente curricular.

Importante ressaltar que o projeto teve dificuldades e falhas durante o processo de

sistematização, mas isto serviu como reflexão e aproximação da vida escolar, o que nos

mostra que o ensino, a sistematização dos conteúdos da cultura corporal e a formação requer

uma aproximação da realidade da escola e de seus sujeitos.

Page 34: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

34

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, L. R: A constituição Histórica da Educação Física no Brasil e os

Processos da Formação Profissional. PUC/PE, 2009.

BARBOSA, Rui. Reforma do ensino primário e várias instituições complementares da

instrução pública, 1883. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde, 1946.

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edição 70, 1979.

BRACHT, V. Educação Física e aprendizagem social. Magister: 2. Ed, Porto Alegre, 1997.

BRACHT, V. A constituição das teorias pedagógicas da Educação Física. Cadernos Cedes,

ano XIX, nº 48, 1999.

BRACHT, V. Saber e fazer pedagógicos: acerca da legitimidade da Educação Física como

componente curricular. In: CARRAPOZ, F. E. (Org.). Educação Física Escolar: política,

investigação e intervenção. Vitória: Proteória, 2001.

BRACHT, V; CRISORIO, R. (Orgs.). A Educação Física no Brasil e na Argentina:

identidade, desafios e perspectivas. Rio de Janeiro: PROSUL; Campinas: Autores associados,

2003.

CASTELLANI FILHO, L. A Educação Física no Brasil: a história que não se conta. 10. ed.

Campinas: Papirus, 2004.

CELLARD, A. A. A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos.

Petrópolis, Vozes, 2008.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed.. São Paulo: Atlas, 1999.

LUDKE M, ANDRÉ MEDA. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo:

EPU;1986.

MARCONE, M. A; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de

pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. 5

ed. São Paulo: Atlas, 2002.

MEDINA, J. P. S. Educação Física cuida do corpo... e “mente”: bases para a renovação e

transformação da Educação Física. Campinas: Papirus, 1982.

MINAYO , M. C. DE S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 7. Ed.

São Paulo: Hucitec, 2010.

PAIVA, F. S. L.. Notas para pensar a Educação Física a partir do conceito de campo.

Perspectiva, v. 22, n. especial, jul. /dez., 2004.

SOARES, C. L. Educação Física: raízes europeias e Brasil. Campinas, SP: Autores

Page 35: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

35

e Associados, 1994.

SOARES, C. L.; et al. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa

qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

VASCONCELLOS, Celso dos S. Planejamento: Projeto de Ensino-Aprendizagem e

Projeto Político-Pedagógico. 7. ed. São Paulo: Libertad, 2000.

VASCONCELLOS, Celso dos S. Coordenação do trabalho pedagógico: do projeto

politico pedagógico ao cotidiano da sala de aula. 5.ed. São Paulo: Libertad, 2004.

Page 36: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

36

ANEXO A

SUBPROJETO PIBID/UNEB-EDUCAÇÃO FÍSICA 2009

Page 37: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

37

Page 38: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

38

Page 39: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

39

Page 40: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

40

Page 41: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

41

Page 42: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

42

Page 43: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

43

APÊNDICE A

ROTEIRO DA ENTREVISTA - BOLSISTA

1- A sequencia didática dos conteúdos das unidades e seus objetivos pedagógicos foram

atingidos conforme previsto no plano anual de ensino-aprendizado?

2- como e com base em que você sistematizou a sua prática pedagógica, durante as

intervenções do PIBID?

3- A realidade da prática pedagógica da Educação Física foi mudada na escola com o

PIBID? Como e por quê?

4- Você acha que com o PIBID, o olhar em relação à Educação Física dos alunos e

professores da escola mudou no sentido de valorizá-la? Por quê?

ROTEIRO DA ENTREVISTA – SUPERVISORA

1- O projeto de ensino-aprendizagem do PIBID, serviu de base nos planejamentos das

aulas.

2- A sequência didática dos conteúdos das unidades e seus objetivos pedagógicos foram

atingidos conforme previsto no plano anual de ensino-aprendizado?

3- Como e com base em que você sistematizou a sua prática pedagógica, durante as

intervenções do PIBID?

4- A realidade da prática pedagógica da Educação Física foi mudada na escola com o

PIBID? Como e por quê?

5- Você acha que com o PIBID, o olhar em relação à Educação Física dos alunos e

professores da escola mudou no sentido de valorizá-la? Por quê?

Page 44: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

44

APÊNDICE B

Page 45: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

45

MAPA DE ANÁLISE DO CONTEUDO DAS ENTREVISTAS DOS BOLSISTAS

CATEGORIA

BOLSISTAS

Conteúdos e objetivos

Atingidos.

A sistematização

da prática pedagógica.

As mudanças da prática

pedagógica da educação

física na escola com o

PIBID.

Mudanças na valorização

da Educação Física

escolar, por parte dos

sujeitos da comunidade.

Dificuldades encontradas

Nas intervenções

B1 “[...] de forma geral foi [...],

mas de maneira geral

agente conseguiu dá conta

do que agente planejou.”

“[..] a partir do nosso plano

de unidade né, que agente fez

no inicio do projeto[...]

com base na pedagogia

histórico-critica de

Saviani,[...] e no coletivo de

autores que vai tratar da, da

cultura corporal[...].”

“[...] agente tentou

incorporar os conteúdos da

cultura corporal[...]”

“[...] a questão de se ter

inicialmente um plano de

unidade, eu acho que

isso ai foi à base de

tudo pra mudança[...].”

“[...] agente conseguir

estabelecer uma relação

um dialogo entre teoria e

prática, de acordo com os

“[...] agente ter conseguido

trabalhar os elementos

próprios da Educação Física não

trabalhar com coisas tão diferentes e

principalmente relacionar a

teoria prática.[...]

“[...] ter elaborado esse plano

a partir da realidade da

escola, a partir da realidade

dos alunos, então eu acho

que pelo menos eu percebo

que agente conseguiu mudar

esse olhar dos alunos.[...]”

“[...] agente teve dificuldade

na[...] unidade

que os conteúdos eram dois,

por exemplo: capoeira e

lutas, na minha turma por

exemplo agente trabalhou

apenas com a capoeira agente

optou apenas por uma[...],

porque a unidade ficou muito

estreita pra gente conseguir

é... trabalhar as duas os dois

conteúdos[..].”

Page 46: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

46

conteúdos específicos da

Educação Física.[...]”

B2 “[...] Os objetivos foram

sim obtidos.[...]

“[...] a partir do plano anual de ensino-

aprendizado, construído

pelos bolsistas do PIBID.[...]”

“[...] devido as intervenções

dos bolsistas em parceria com

os não professores de

Educação Física [...], tal

mudança pode-se perceber

nas realizações práticas das

aulas, bem como nas atividades

teóricas.[...]

“[...] eu não tenho com avaliar

tal fator, pois, pois não houve

nenhuma espécie de atividade

em conjunto com a

participação

de todos os professores

em uma

única situação.[...]

B3 “Sim[...]” “Seguindo o plano de curso

[...] baseado na pedagogia

histórico-crítica e no conceito didático

de gasparin 2009.”

“[...]pra mim à principal

mudança foi a da professora,

apesar dela ter muitos

anos sendo, professora de

Educação Física ela não é

formada na área, fato que pesa

bastante quando se trata de

transmitir os conteúdos.[...]”

“[...] Podemos observar isso no

nosso cotidiano com

eles, nas curiosidades e

questionamentos

que vemos no dia-dia que

antes eles não víamos, o

interesse nas aulas e a

participação. [...]”

“[...] apesar da dificuldade que

tivemos com o conteúdo

dança que eu acredito que

com mais tempo o resultado

seria melhor.[...]”

Page 47: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

47

“[...] No caso dos professores

acredito que tenha mudado,

mas, nunca vi nenhuma

manifestação, desde a

participação nos eventos que

fazemos a própria conversa

diária.”

Page 48: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

48

B4 “acredito que sim.[...]”

“[…]eram sistematizadas a

partir do plano anual

de ensino-aprendizagem,

juntamente aos alunos

integrantes do grupo de

intervenção, objetivando uma adequação

a

realidade da turma/escola.[...]”

“[...] antes a concepção da

Educação Física ainda que

de forma involuntária, tinha

uma perspectiva higienista.[...]

e o PIBID traz uma visão

histórico-crítica, valorizando o

conhecimento sincrético mais

objetivando o pensamento

sintético do aluno.”

“[…] encontramos alguns

entraves em relação a

participação em um conteúdo

especifico ginástica.[...]”

B5 “de certa forma sim,

quer dizer os

conteúdo agente

conseguiu passar a

maior parte.[...]

“[...] sempre sistematizar

prática e teórica com os

meninos cobram muito aula

pratica e agente precisava

da teoria então agente

sempre fazia um

combinado.[..]”

“[..]antigamente eles não

tinham uma sistematização

assim um cronograma uma

organização dos conteúdos

que seriam passado, [...] hoje

agente já tem esse

cronograma essa

organização.[...]”

“[...] eles não reclamam mais

“[...]a visão dos professores que

já tem um olhar diferente pra

Educação Física, já pensam

como eles podem relacionar a

Educação Física com outras

disciplinas[...].”

“[...] dos alunos por que estão

“[...] agente teve dificuldade foi

dança que agente não

conseguiu fazer pratica [...]

mesmo com dificuldade agente

abordou a dança de forma

teórica com pesquisa e

apresentação de seminário.”

Page 49: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

49

nem pra ter aula teórica ou

pratica, já aceitam

agente como professor

realmente e agente tem

conseguido mudar a visão da

Educação Física dentro da

escola[...].”

vendo que a EF não é só jogar

bola que tem outros tipos de

conteúdos, [...] que tem outros tipos de

conteúdos também e [...] que

eles estão aceitando bem.”

B6 “sim. Conseguimos

sim,[...]”

“[...] na pedagogia histórico

crítica que a gente estudou [...]

Pegando a linha da

Gasparini.[...]

“[...] o PIBID veio como

forma de legitimar a educação

física. As aulas estão

acontecendo, há o aprendizado

com base na

ação-reflexão-ação.[...]”

“[...]o olhar mudou sim, tanto

do professores e dos alunos

há uma valorização da

Educação Física. E assim[...]

eu acho que mudou porque o

próprio fazer foi diferente do

costume.[...] Houve a

utilização de outros recursos

didáticos, a própria

apropriação dos conteúdos pro

nós[...].”

“[...]o que dificultou foi o

encurtamento das unidades

por falta de algumas aulas e

assim, agente teve que fazer

meio que corrido. E

principalmente nas unidades

que tinha dois objetos da cultura

corporal.”

Page 50: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

50

B7 “[...]diante do projeto

ensino-aprendizagem

serviu a necessidade de

abordar sim todos os

conteúdos da educação

física. Embasada ela na

cultura corporal.”

“[..]Realizou-se[...]

grande parte dos objetivos

propostos[...].”

“Baseado no planejamento

anual e na pedagogia histórico

crítica.[..]”

“[...] foi ampliada a educação

física da escola, [...] pois

antes não era tematizada de

forma que, se realizou

através dos conteúdos

proposto p/ o processo

de ensino-aprendizado.[...]”

“[...] aos alunos sim, pois,

percebe-se nos relatos que

os mesmo descrevem durante

as aulas e até mesmo pós

aula.[...] já aos professores

creio que não,

pois muitos ainda não sabe o verdadeiro

valor da

Educação Física[...]”

B8 “Dentro de cada unidade foi

realizada de acordo com o

conhecimento dos

bolsistas[....]”

“[...] a partir do plano

anual e com utilização das

referencias disponíveis da

área, e com conhecimento

adquirido a universidade.”

“Os alunos passaram a vivenciar

conteúdos de maneira [...]

sistematizada e a compreender

que a Educação Física não

é apenas um simples realizador

de técnicas.”

“[...] alguns objetivos não

foram alcançados devido a

falta de conhecimento nosso,

e também por os alunos não

realizar algumas atividades.”

Page 51: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

51

“A comunidade escolar passou

a compreender que a

Educação Física contempla

diversos conteúdos, dentro da

cultura corporal e que as aulas

são programadas e

estabelecidas.[....]”

B9 ““Não totalmente[...] Nem

sempre foi seguido o plano

de unidade, em alguns

momentos houveram a

extinção da completa

sistematização de alguns

conteúdos como: ginástica,

dança e lutas.”

“Tivemos auxilio pedagógico histórico-

critica com base nos

estudos de livros

relacionados.[...]“

“Conseguimos melhorar a

valorização da Educação Física

enquanto componente

pedagógico;[...]”

“[...]quebra de estereótipos e

preconceitos de gênero entre

outros.”

“houveram melhoras em

relação ao conhecimento

acerca dos conteúdos

abordados por parte dos

alunos[...]”

“[...] a valorização da educação

física enquanto corrente

pedagógica do currículo, tanto

dos professores da instituição,

como por parte dos alunos.[...]

Page 52: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

52

B10

“de uma forma geral eu

creio que foi atingido,[...]”

“[...]com o próprio plano de

unidade, que agente já tinha

sistematizado antes.[...]

fora as referencias que agente

tem aprendido ao longo do

tempo da universidade.”

“[...] no que diz respeito o

trato com a cultura corporal,

que eu acho que era um

conceito que na escola[...]

a EF não era algo

enraizado.[...]”

“[...] o trabalho dos conteúdos

lógico, muitos demonstraram

nunca ter visto por exemplo:

dança [...] a própria ginástica

[...] o trabalho com alguns

tipos de esporte como o

frisbe, outras turmas

trabalharam com o beisebol e

tal. Eram algo que os alunos

não conheciam[..]”

“[...] nas falas dos alunos e na,

na atitude[...]antes de bater o

horário ficava na sala dos

professores, os alunos já

vinham chamar a gente

“professora a aula hoje vai ser

o que?” acho que isso primeiro

já é um olhar de interesse né?

por parte do alunos de

quererem realmente que a

aula aconteça.[...]”

“[...] nem tudo que tina de cada

conteúdo agente não pode

contemplar pelo fator tempo[...].”

B11 “O único conteúdo que

conseguimos alcançar todos

“[...] realizou leituras do livro

de Saviane Uma pedagogia

“[...]o fato de termos um

planejamento anual para da

“[...] porque os alunos sempre

estavam preocupados com as

“[...]o tempo da unidade foi

estreito. Não dando assim

Page 53: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

53

os objetivos do

planejamento anual, foi

jogos cooperativos. Os

demais não conseguimos[...]”

histórico crítica e(...) uma

didática para uma pedagogia

histórico crítica de

Gasparin[...]”

um norte a nossas intervenções

já faz a diferença.[...]”

“[...] a forma com que as aulas

eram organizadas, antes era

explicito a separação entre

meninas e meninos [...] E isso

hoje já conseguimos modificar,

hoje já ocorre uma interação

entre os dois gêneros.”

notas, e eu sei que as notas não

vai deixar nada claro, mas só o

fato deles se preocuparem

assim, com as notas de EF

comparado com as outras

disciplinas já mostra que o

olhar perante a EF já mudou.[...]”

“[...] enquanto os professores

da escola , durante a semana

pedagógica sempre estavam

perguntando a nossa opinião

sobre as ideias [...] pro projeto

pedagógico da escola.[...]”

condições de alcançar todos os

objetivos.[...]”

“[...] na dança a gente teve

dificuldades porque não

conseguimos afinidade com o

conteúdo, e isso de certa forma

não ajudou para que

alcançássemos o[...]objetivo

esperado.[...]”

B12 ““Sim, é(...) tivemos um

bom aproveitamento[...]”

“através de pesquisas [...]

que nós fizemos no curso,

as oficinas que tivemos

oferecidas pelo PIBID.”

“[...]os que vinham do Oscar

Cordeiro tinham a teoria e a

prática, e muitos relatando

práticas que nunca tinham tido

e que gostaram bastante.”

“[...]eu pude perceber isso

através do estágio três que nós

tivemos na escola, e no qual

vinha alunos que já

estudaram no Oscar cordeiro e

o relato deles é que eles

Page 54: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

54

haviam tido praticas que

nunca tiveram antes. Enquanto

aluno que vinham de outras

escolas não tinham essa

prática da EF.[...]”

“[...] os professores agora eles

vinham o professor de EF,[...]a

partir do momento que eles

chegavam na sala dos

professores e encontravam

agente debatendo com eles,

conversando, eles puderam

perceber que nós tínhamos

algo a mais,[...]”

B13 “De certa forma sim,[...]” “[...]as oficinas, agente também

pesquisou em outros livros

pra poder dar um auxilio pra

tá trabalhando com eles em

“[...]eles tinha aquela visão de

EF só pra ir pra quadra jogar o

futebol. Eles não tinha a

perspectiva de outros jogos. Eles não

tinha a perspectiva de outros

“[...]em alguns professores que

chegavam até a gente pra[...]

pedi dicas e também pra dá

dicas, porque a gente não

“[...]que em todas as turmas tem

aquela questão ainda de gênero,

meninos que acham que dança

é questão de mulher[...]”

Page 55: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

55

sala de aula da melhor

forma[...]”

jogos que(e...) apreenderam

de outros jogos de outros

esportes, que agente

conseguiu da conta

durante o ano[...]”

estava ali só, é ensinando

agente também estava

apreendendo.[...]”

“[...] Eles passaram a ver a EF

como uma disciplina de fato,

não só o brincar, jogar bola ,

um esporte, um momento pra

distrair e conversar.”

B14 “Eu acho que[...]a criação

do plano é[...] serviu em

parte. Em algumas unidades

com alguns conteúdos,

agente teve que adaptar de

acordo com os alunos da

turma.[...]”

“o plano anual de ensino

aprendizado foi[...]só um

fundamento agente começou a

buscar através de artigos,

revistas e livros sobre é[...] o

determinado conteúdo.”

“[...]a EF ganhou uma outra

perspectiva além do que eles

conheciam que era o futebol a

prática esportiva. Então acho

que através do PIBID [...] a

noção só que era EF foi

ampliada, alem dos valores

morais e sócias, sempre

associados de forma critica a

nossas aulas.”

“Mas em relação aos

alunos[...] eles começaram

realmente a valorizar mais, até

pela participação nas aulas.

Agente conseguiu mostrar um

outro olhar da EF, que eles

começaram a valorizar a EF de

forma geral.”

Page 56: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

56

B15 “conseguimos usa[...] a

sequencia planejada até a

segunda unidade, que

foram jogos e esporte[..].”

“a base principal de nosso

trabalho foi o plano [...]

algumas atividades que foram

feitas como oficinas no próprio

projeto[...]

e também atividades que a

agente vem trabalhando ao

longo dos semestres, na

própria faculdade, assim com

internet, livros, que a agente ia

pesquisando.[...]”

“Eu acho que ela ainda é[...]

um pouco desvalorizada como

se quando precisar de uma

aula pra fazer uma coisa extra

de[...], se anular um aula, eu

acredito que a aula de EF vai

ser sacrificada como

geralmente acontece nas

escolas.”

“[...]quando chegou na terceira

unidade que era dança e ginástica

houve uma resistência por conta

dos alunos, também com

capoeira e lutas[...].”

“[...]eu também sentir resistência

por parte da professora com

esse novo.[...]”

“[...]Alguns alunos ainda ficam

apáticos nas aulas, ainda

rejeitam esse novo né? Apesar

desse todo tempo que nós

estamos na escola.[...]”

B16 “acredito que sim, visto que,

os conteúdos foram

trabalhados

sistematicamente[...]

“[...]tomei como base o plano

anual, e com isso, busquei

em livros, artigos, filmes e as

próprias oficinas feitas pelo

“[...]podemos ver essa mudança

que antes a EF da escola era o

futsal e as aulas não

possuíam nenhum fundamento,

“[...]podemos notar na própria

fala dos alunos onde eles

relatam que gostaram muito de

vivenciar conteúdos novo,

“[...]Encontramos muita

resistência dos alunos em relação

ao conteúdo dança, e no inicio a

relação de gênero na turma era

Page 57: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

57

embora os objetivos

propostos para serem

atingidos em cada

conteúdo não foram todos

alcançados.[..]”

PIBID, para a base das aulas.” e com o PIBID as aulas são sistematizadas

em cima dos

conteúdos da cultura corporal,

além de agora a EF da escola

possui um plano anual com os conteúdos e

objetivos a serem

alcanças.[...]”

conteúdos que eles nunca

tinham visto antes[...]”

“[...]Em relação aos professores

creio que sim, eles passaram a

ver que o professor de EF

Também fundamenta suas

aulas, planeja, faz reflexões em

cima dos conteúdos.[...]”

muito forte.”

B17 “Através das vivencias teórica

e pratica e utilização de

textos e recursos

multimídia[...]”

“[...] A relação da

prática/teórica na

problematização do conteúdo

foi um dos fatores determinante

na construção didática

pedagógica[...].”

“[...] mesmo que ainda existe

certa discriminação damos um

salto enorme. Uma vez que as

mudanças do planejamento e

do programa de curso,

mostrando aos alunos que

aquele é um espaço de

aprendizagem e procurando

entender e aceitar as relações

interpessoais no ambiente

escolar[...].”

“[...]resistência por parte dos

alunos ao conteúdo

proposto.[...]”

Page 58: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

58

B18 “Sim” “Além do plano anual

proposto pelo PIBID, utilizei

também pesquisa Na internet,

de artigos e atividades

propostas sobre os conteúdos

ministrados nas unidades”

“[...]facilitou o andamento de

variadas metodologias é[...]

assim sendo o aprendizado dos

alunos se ampliaram sobre a

Educação Física e sua

importância.”

““Sim. Por que levamos para a

escola um planejamento rico

em conteúdos e diversas

formas de aplicação do

conteúdo[...]”

B19 “[...]não,[...]Deixamos de

dar dois conteúdos,

ginástica e capoeira[...]”

“[...]E quanto aos objetivos

[...] acho que eles só foram

alcançados na primeira

unidade.”

“A gente se baseou nos livros

de Saviani e [...] Gasparin,

livros que a gente leu antes de

dar inicio as intervenções.”

“[...]o primeiro intersalas, pra cá,

mudou sim. Antes tudo que era

proposto era questionado,

se vale nota, se vai ter falta, era “se

tudo” [...] por eles seriam

futebol da primeira a

quarta unidade!”

“[...]participam bastante e

refletem sobre as atividades

propostas com a nossa

intervenção[...]”

“[...]participamos

do.[...]conselho de classe e

pudemos falar sobre os alunos

e seu desempenho durante o

ano e [...] nesse ano fomos

novamente chamados, dessa

vez para participar da Semana

pedagógica e nestes dois

momentos, percebemos que

estávamos sendo ouvidos pelos

“[...]na época do intersalas,

ficamos sem tempo e capoeira a

maioria dos alunos já tinham

demonstrado que conhecia, ou

já tinham vivenciado,[...]”

Page 59: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

59

demais professores,[...]”

Page 60: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

60

APENDICE C

Page 61: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

61

CATEGORIZAÇÃO DO QUADRO DA ENTREVISTA COM A PORFESSORA DE EDUCAÇÃO FÍSICA

CATEGORIA

O projeto como base

das aulas.

Conteúdos e objetivos

Atingidos.

A sistematização

da prática pedagógica.

As mudanças da prática

pedagógica da educação

física na escola com o

PIBID.

Mudanças na valorização

da Educação Física

escolar, por parte dos

sujeitos da comunidade.

PROFESSORA

DE

EDUCAÇÃO

FÍSICA

“Sim”

“Precisava sempre está

[...] com outra visão,

Outra maneira[...] de

Aprendizado[...].”

“[...]de certo modo sim[...]”

“[...]ela foi sistematizada

dentro do projeto de nosso

planejamento[...]”

“[...]por exemplo, a dança, a

luta, os meninos nunca

tiveram na escola, e nem em

outras escolas. Que eles nunca

fizeram parte desse trabalho,

então foi valido[...]”

“[...]Foi mudado porque tudo

novo, tudo que é novo é

bom[...]”

“[...]as lutas não significa só

briga né? lutas é uma questão

de esporte, é uma questão de

até de lazer né?[...]”

“[...]pra nossa escola, ter, até

que correr atrás da questão

da quadra, porque ela sabe

que tem um grupo dentro da

escola que tem tentado fazer

com que a EF chegue [...]

em um patamar onde todos

possam ver e respeitar a

Page 62: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

62

prática da EF dentro da

escola.”

“[...]dos colegas [...]é mais

um pra somar pra escola a

nossa escola ao nosso

conteúdo, a nossa

aprendizagem é de

importante,[...]”

Page 63: Legitimação da Educação Física no âmbito escolar e o Projeto Ensino- aprendizagem: um estudo sobre o PIBID/UNEB

63