ABRALIN · A leitura doa texte# ora apresentadas poderá dar 9eus frutos em escala nais ampla, ao...

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Setem bro 1982___________ Boletim3

ABRALINASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE LINGÜÍSTICA

DIRETORIA - GESTÃO 81-83

Presidente: Eraucisco Gomes de Matos ( UFPE ) Secretário : Luiz Antônio Marcuschi ( UFPE ) Tesoureira: Adair Pimentel Palácio ( UFPE )

MEMBROS DO CONSELHO

-Mário Perini ( UFMG )-Yonne T/CÍte ( Museu Nacional )- Paulino Vandresen ( UFSC )- Francisco das Chagas Pereira ( UFKGN )- Leila Bárbara ( PUC - SP )- Carlos Frauchi ( UNICAMP )

Impresso nas Oficinas Gráficas da Editora Universitária Universidade Federal de Pernambuco - Recife - Setembro de 1982

SUMARIO

APRESENTAÇÃO ................................................................................................................... 01

A8RALIN HA REIKIÎO ANUAL OA

SBPC - 1982 EM CAMPINAS/SP ..................................................................................... 05

MESA-RFDONCA 1 - 0 LINGUISTA: PROFISSÃO

E MERCADO DE TRABALHO.................................................................................................. 05

EDUARDO ROBERTO JUNQUEIRA

GUIMARÃES (COORDENACOS) ............................................................................................. 05

JOSE BORGES NfTO (EXPOSITOR) .................................................................................... 12

NE$A-R£D0M0A'2 - NORMALINGÜÍSTICA E HETEROSENEI DACE .................................................................................. 18

PAULINO VANDRESEN (COORDENADOR)

ATALIBA T. QC CASTILHO (EXPOSITOR) ........................................................................ 18

LEDA BI SOL (EXPOSITORA) .............................................................................................. 32

NESA-RECONDA 3 - 0 DISCURSO NAS

FORMAS INSTITUCIONAIS DE EDUCAÇÃO ......................................................................... 43

1

EN! PULCINELLI ORLANDI (COORaFNADORA) .............................................................. 43

LUIZ ANTÔNIO tt<U!CUSCHI (EXPOSITOR) .................................................................... 50

SÍRIO POSSENTI (EXPOSITOR) ................................................................................... 62

ERIMITA DE MIRANDA MOTA (I XPQSITORA) ................................................................ 6?

HESA-REDONOA 4 - P8S-GRACUÃÇA0 EH

LINGUISTICA NO BRASIL ............................................................................................ 81

Mi RIO ALBERTO PERINI (COORDENADOR)

FRANCISCO CONES DE MATOS (EXPOSITOR) .............................................................. 81

MARGARIDA BASÍLIO (EXPOSITORA) ....................................................................... 88

HINI-CONFERÊNCIA I - PSICOLINGUÌSTICA:

RIQUEZA E DILEMAS NA TEORIA E PRATICA .............................................................. 97

CLAUDIA LEMOS (CCORDENADORA) ............................................................................. 97

ELEONORA NOITA'MAIA (EXPOSITCRA) ..................................................................1. 127

MARIA LAURA HEIR1NK (EXPOSITORA) ......................................................................................138

LEONOR SCLIAR CABRAL (EXPOSITORA) ........................................................................ ISO

MINI-CONFI-RÊNCIA 2 - LÍNGUAS INDÍGENAS:

A QUESTÃO POLÍTICA,CULTUAI í LINGÜÍSTICA ............................................... ........... 169

ARYÛN DAI CIGNA RODRIGUES (COORDENADOR) ................................................... '........ 169

ADAIR PIMENTEL PALAGIO (EXPOSITORA) .................................................................... 174

RUTH HONS ERRAI (EXPOSITORA) ................................................................................... 181

Al IVI HADES DA DIRETORIA........................................................................................... 190

TESFS L D15SERTAÇÔES ................................................................................................ 196

2

APRESENTAÇÃO

E s te BOI .KV IH , que s a i com um e x p r e s s iv o núm ero <lí p á g in a s , contêm

o s /m a is d a p a r t i c i p a ç ã o da AKKAI.lN u a 34? REUHIXO ANDAI. HA SBPC r e a l i z a d a n a

lOÍICAMP, d i 07 a K dc ju lh o c o s t i *no . N e le , rep ro d u z im o s ro d a s S9 cO uun ica-

ç õ e s r e c e b id a * a l e a d a t a da fc rh sm e n to d e » le vo lum e. Cono s ì pode o b s e r v a r no

Bíll.KTIH 2 d a ABRALIX, v á r io s e x p o s i t o r e s d e ix a ra m da r a m i t i r s e u s t e x t o s . Ao

l»do dos d e b a te s c n e i a s - re d u n d a s o c o r r id o s d u r a n t i a R eun ião d a SRPC, devemo9

m e n c io n a r o s d o i • n i n i - c u ï s o s r e a l i z a d o s ente um bom núm ero dc i n s e r i t o * e g ra n ­

d e r e p e r c u s s ã o .

Os d e b a te s h a v id n g nos d iv e r s o s e v e n to s não fo r« n g ra v a d o s e mesmo

que o t iv e s s e m s i d o , nao p o d e r i aiti, p o r m o tiv o s ó b v io s , s e r aqu i t r a n s c r i t o s . A

p a r t i c i p a ç ã o í o i n u i t o g ran d e en to d o s o s t r a b a lh o » , con v a l io s a s d is c u s s õ e s e

e s c l a r e c e d o r a » d e b a te s . A l e i t u r a doa te x te # o r a a p r e s e n ta d a s p o d e rá d a r 9eus

f r u t o s em e s c a l a n a i s am p la , ao a l r a n ç a r to d o s o s a s s o c ia d o » .

Renovem os, n e s te R o u e u lo , os ag rad e e iitx in to íi a to d a s a s p e s s o a s

que de im a ou d i o u t r a lo r ic a c o n t r ib u ír a m p a r a a r e a l i z a ç ã o do p ro g ra m a . R efe­

r ê n c i a e s p e c i a l - c nom inal tu t r e c e a p r o í a . M a ry n a r r ia fìngile? que p r a l i c a n e u tc

a ssu m iu a S e c r e t a r i a d a ABRALIN n a IN ICAMP, com in e s t im á v e l d e d ic a ç ã o e t r a b a ­

lh o . 3e i e u s l uodo agradecem os ao I H re ro r d o ISL d a IHICAMP, que pôs a d i s p o s i -

7*0 d a ABRA11N s u a s depen c è n c i S3 p a t a i n s t a l a ç ã o d a S e c r e t a r i a e í o m c c c u to d a

a i n f r a c s t m t u r a p a r a a p e r f e i t a condução dos t r a b a l l io * . R e i te ra m o s , tanhõm ,

n o s s o a g ra d e r i n ^ n to â j CHPo p o r l i b e r a r ag v e rb a s que p o s s i b i l i t a r a m og COnvi-

te g com p a s s a g e n s e d i á r i a s , g a r a n t in d o a s s im o d e s e n v o lv im e n to d a p ro g ram ação .

Xao ê a q u i o l u g a r p a r a co m en ta r os t r a b a lh o s a p r e e e u la d o s a s e ­

g u i r . î l e s e s t a o a í p a r a que ca d a u a i n t e r a j a c r r - t r e e n d e b a te com os a u t o r e s .

A p a r r i r d e s t a e x p e r i ê n c i a pensam os p o d e r r e a l i z a r a lg o ig u a lm c n tc s u b s t a n c i a l

e s i g n i f i c a t i v o n a p ró x im a KP.lìNlftl ANDAI d a SBPC, cm 1981 , d e s t a v e z em Belóm.

1 'esde :ugo a c e i ta m se s u g e s tõ e s d e rem as p g r j d e b a te .

Cono de co stu n n , n e s te B o le tim , trazem os algumas in ío rm açoes sobre

as a tiv id a d e s da D ir e to r i a e in fo rn an o ! sob re a p rc te r.sao (quase r e a l id a d e , a

c a ta a l tu r a ) da r e a l i z a r o V III L n sc iiu to B r a s i l e i r o de L lu g U te lic a em Jan /F e v

de 1983 no R e t i l e , eoa un sim pósio de d a is d ia s c un E ncontro dos Coordenadores dc Cursos de yós-C raduaçáo em L in g ü ís t ic a .

Atenção e to e c ia l « e rece o f a to da a ahraun « o r , a c o a lm a n te ,a f i l ia ­

d a da ATT-A ( A ssociação In te r n a t io n a l de L iugU Ìsc ica A p lic a d a ) , de (todo q u e , au­

tom ati eoncr.te , seus só c io s tanken o sao daquela e n tid a d e in te r n a c io n a l . Nota a

e s to r e s p e i to c r.c o n tra -sc a d ia n te as pág inas 191 e 192.

Teudo eu v ie ta o e levado cue CO d e s te RO lo tir# e a oaíxa quase v a z ia

da A5RALIN, s a o inc lu im os a seçao de com entários de l iv r o s nesi de iu io rciaçces

so b re os a sso c iad o « .

.Nos p róx inos n ú m tM , p u b J ica raa« « , na nodi da do p o s s ív e l , os te x ­

to s do Sim pósio e da Feuuião doa Coordenadores e as B ib l io g r a l ia s dos cursos

m in is tra d o s no V i l i IBI.. I n c lu i r - s e - ã tnabem m a te ria r e f e r e n te ãs secçoes h a ­

b i tu a i s o a l i s t a co n p io ta dos a sso c iad o s da AâRALIN (nomes c e n d e re ç o s ) , i s ­

te o m otivo porque não íorstn aqui t r a n s c r i to s oa nomes dos novos só c io s aprova­

dos em A ssem bléia G eral e n JuLho de 1902.

I.uiz A ntônio Marcus ch i

S e c re ta r io da abkaLIH

Mesa Redonda 1: 0 Lingüista: profissão e Mercado dé Trabalho

Coordenador: Eduardo Roberto Junqueira Guimarães

Participantes: José Boroes Neto

Claudia N. V. Pereira

Dia: 7 de julho

Hora: das 15 as 18 horas

Û LINGÜISTA: PROFISSÃO K MERCADO DE TRADALKÙ (OU: AS MARGENS COMO CESTRO)

Eduardo R oberto Ju n q u e ira Guimarães

(UNICAMP;PUC-CAMPIRAS)

"A re p ú b lic a não p re c is a de s á b io s . Nos comen­

to s dc c r i s e , quando seu p oder e s t a em questori,

a b u rg u e s ia d isp e n sa sem m ais os tra b a lh o s do

c i e n t i s t a . Logo em se g u id a , porem, os rec lam a ,

tao cedo se vê na c o n tin g ê n c ia de desen v o lv er

uma te c n o lo g ia ” ( G ia n o tt i , E x e rc íc io s de F i lo ­

s o f i a , p . 19).

Um dos a sp e c to s a se c o n s id e ra r quando se p e rg u n ta so­

b re a c a ra c te r iz a ç ã o de um p r o f i s s io n a l e seu mercado de tra b a lh o ë

que t a l p e rg u n ta pode s e r , sim plesm ente , a s e g u in te : Que t ip o de pro­

du to quer o s is te m a s o c i a l , p o l í t i c o e economico? Se nos colocarm os,

e s t r i tornente, no espaço d e s ta p e rg u n ta , estarem os fo rçando no ssa p ro­

f i s s ã o a assum ir uma p ro d u tiv id a d e d i r ig id a p a ra um t ip o e s p e c íf ic o

5

de e f ic iê n c ia , aq u ela q u e , de mo lad o , s e ra capaz de p ro d u z ir lu c ro s ,

e , de o u tro , m antera in a l t e r a d a a e s t r u tu r a s o c i a l , p o l í t i c a e econô­

m ica.

C o n s id e re -s e , no e n ta n to , p o r o u tro la d o , que a q u estão

p ro f is s io n a l c de tra b a lh o pode s e r v i s t a , on n o ssa v id a moderna,como

uma lu ta p o r uma c o n q u is ta de espaços e de condições de v id a . Ou s e j a ,

a q uestão p r o f i s s io n a i e de tra b a lh o d i2 r e s p e i to , e n tr e o u tr a s c o i­

s a s , a in te r e s s e s de v id a p ró p r io s aos d iv e rs o s segm entos da so c ie d a ­

de e ao d in h e iro n e c e s sá r io à so b re v iv ê n c ia , que deye s e r g a ra n tid a a

to d o s .

Assim, não se pode pensar a q u e s tão p ro f is s io n a l" como

determ inada de modo a b so lu to p e lo s is tem a s o c i a l , p o l í t i c o e econômi­

co. E s ta q u estão c m ais complexa. E d e f in i r - s c p ro f is s io n a lm e n te não

ê n ecessa riam en te um a to de re n d iç ão . I s to quer d iz e r que uma d is c u s ­

são como e s t a que fazemos aqui exige que se assuma una p o sição d ia n te

do movimento s o c ia l e de su a d ire ç ã o .

De m inha p a r te , g o s ta r ia de chamar a a ten ção p a ra o p ro ­

blema da leg itim ação e le g itim id a d e das a t iv id a d e s p r o f i s s io n a is no

i n t e r i o r de uma soc ied ad e como a n o ssa . E t r a t a r e i d e s te a sp e c to to ­

mando p a ra a n a l is e os problem as re la c io n a d o s com a a tiv id a d e de p es­

q u isa . Suponho que o mecanismo que se m a n ife s ta n e s te caso e o mesmo

para o u tra s a tiv id a d e s . De taodo ra p id o , podemos d iz e r que a b u rg u e s ia ,

n e s te s is te m a econôm ico, tem mecanismos e f i c i e n t e s p a ra d a r l e g i t im i­

dade, e r e p ro d u z i - la , a c e r ta s a t iv id a d e s , lançando as o u tra s na mar­

g in a lid a d e . Ou s e j a , a b u rg u e sia coloca c e r ta s a t iv id a d e s ã margem

5

do que é d ado , p o r è i a rxsraa, como c e n t r a l . E s te mecanismo tem a f i ­

n a lid a d e e v id e n te de d a r corno le g ítim a s aa a t iv id a d e s capazes do man­

t e r a e s t r u tu r a s o c i a l , p o l í t i c a e econòmica t a l como e s t a , ou s e j a ,

m anter ua e s ta d o de p r i v i l é g io s p ró p r io s e de seu s a l i a d o s .

E s te s mecanismos v ão , como sabem os, desde a u t i l i z a ç ã o

dos meios de com unicação, e s c o la , b u ro c ra c ia , d iv is ã o do t r a b a lh o ,

d isc r im in aç ão s a l a r i a l , c t c . , a te a p o l í t i c a econom ica do governo

p a ra cada s e to r da o rg a n iz aç ã o s o c i a l .

No caso das a t iv id a d e s de p e s q u is a , p o r exem nlo, a p o l í ­

t i c a de a t r ib u iç ã o de fin an c iam en to tem s id o «ira dos in s tru m e n to s mais

e f lc a r .e s p a ra t e n t a r p ro d u z ir e s t a d ife re n c ia ç ã o .

No que d iz r e s p e i to ao l in g U ls ta , p o d em os.d izer q ue , co­

mo p r o f i s s io n a l de form ação s u p e r io r , e le ó v i s t o como menos impor­

ta n te que m édicos e e n g e n h e iro s , por exem plo. E aa em presas n a c io n a is

c órgãos p ú b lic o s marcam, ou c riam e s s a d if e re n ç a a p a r t i r do n ív e l

s a l a r i a l ab so lu tam cn te d i s t i n t o p a ra t a i s p r o f i s s io n a i s . Por o u tro

la d o , como p e sq u isa d o re s , os l in g U is ta s têm , no B r a s i l , m u ito mais d i ­

f ic u ld a d e s p a ra c o n se g u ir f in an c iam en to p a ra p e sq u isa do que f í s i c o s ,

q u ím ico s, b ió lo g o s , e t c . E assim rau itas p e sq u isa s são h o je meTas pos­

s ib i l id a d e s ou n e c e s s id a d e s . Q uanta d if ic u ld a d e p a ra se p e n sa r sob re

as lín g u a s in d íg e n a s b r a s i l e i r a s ; sobre as v a r ie d a d e s l i n g ü í s t i c a s no

B r a s i l ; e ta n ta s o u t r a s . A inda a se c o n s id e ra r o quan to e s ta a p e sq u i­

sa s poderiam a f e t a r su b s ta n c ia lm e n te as concepções a tu a is sob re a l i n ­

guagem.

B e s tr in g in d o um pouco o u n iv e rso a se c o n s id e ra r , podemos

7

n o ta r que os l in g U is ta s p ro fe s so re s u n iv e r s i t á r io s bSo t id o s , s o c i a l ­

m en te , como mais im p o rtan te s e com petentes que um p ro fe s s o r secundS-

r i o . Uma p e sq u isa f e i t a na u n iv e rs id a d e e -v is ta como mais im p o rtan te

que uma que fo s s e f e i t a f o r a d e la . De t a l modo que tem s id o quase im­

p o s s ív e l p e s q u is a r fo ra da u n iv e rs id a d e .

Quanto a e s ta s co lo caçõ es mais e s p e c í f i c a s , d o is asp ec­

to s a c o n s id e ra r . De um la d o , o mecanismo s e g re g a c io n is ta do s is te m a

de a t r i b u i r com petência a uns (os p ro fe s s o re s u n i v e r s i t á r i o s , p ó r e -

xemplo) , d an d o -lh es alguma v e rb a , negando com petência aos o u t r o s , p o r

n e g a r - lh e s , abso lu taroen tey q u a lq u e r v e rb a . Por o u tro lad o , um segundo

a sp e c to . K o a p re se n to em form a de p e rg u n ta i a tS que ponto a comuni­

dade dos l in g U is ta s , no seu i n t e r i o r , t a l como pode ocorreT em todo

grupo p r o f i s s i o n a l , não c r i a mecanismos (ou o s rep ro d u z) p rõ p r io s de

d i s t r ib u i ç ã o de com petência , de modo a , embora a margem no u n iy e rso

da p e sq u isa no B r a s i l , r e p ro d u z ir , no seu esp aço p r o p r io , o modelo do

s is te m a ? Ou s e j a , a t i que ponto não s e c r i a uma d is t in ç ã o que l e g i t i ­

ma c e r ta s o rg a n iz a ç õ e s , c e r ta s a t iv id a d e s , c e r ta s p e s q u is a s , c o r ta s

t e o r i a a , re le g an d o ã margem o u tra s o rg a n iz a ç õ e s , o u tra s a t iv id a d e s ,

o u tr a s p e s q u is a s , o u tr a s te o r ia s ?

f. p o s s ív e l que h a ja caso s em que e s s a p e rg u n ta s e j a , cm

m aio r ou menor ex tensão-, p o s i t iv a . £ f á c i l n o ta r que a fo rç a do s i s ­

tema e t a l que p ro c u re f a z e r rep ro d u z iT em todos os espaços o seu me­

can ism o, p o is a ssim ê que g a r a n t i r á su a perm anência.

D esta form a, a p ro p o s i to dos d o is a sp e c to s r e f e r id o s lo ­

go ac im a, p a re c e p o s s ív e l d iz e r que no i n t e r i o r da comunidade dos 1 ia

B

g llis ta s também se e n co n tra e s te t ip o de a t r ib u iç ã o de com petência

d i s c r ic i o n á r i a , mesmo que não s e j a assumida p e lo s l in g ü i s t a s .

Podemos começar Tei teran d o que nenhum orgao f in a n c ia ­

d o r de p e sq u isa fa v o re c e a p e sq u isa pa ra grupos que não s e vinculem

a in s t i t u i ç õ e s t a i s como a s u n iv e rs id a d e s . K mesmo e n tr e as u n iv er­

s id a d e s , ou no i n t e r i o r de uma mesma u n iv e rs id a d e , os Srgãos f in a n ­

c ia d o re s d is tr ib u e m as v e rb as a p a r t i r de um c r i t e r i o de e x ce lên c ia

que acab ara p o r c o n fig u ra r ua quadro em que c e r ta s i n s t i t u i ç õ e s , ou

grupos in te rn o » de i n s t i tu iç õ e s ^ co n tin u a rão sendo v i s to s cooo com­

p e te n te s e o u t r a s , ou o u tro s c o n tin u a rão sendo v i s t o s como não com­

p e te n te s , e sem condições p a ra s e - lo , po is lh e c negada uma das con­

d içõ e s fu n d am en ta is , a econôm ica. Nao quero eoa i s s o d iz e r que se

deve t i r a r de uns p a ra d a r a o u t r o s . Usar e s te argum ento s e r i a a c e i­

t a r a id é ia de que a p o l í t i c a economica b r a s i l e i r a d o ta uma q u a n ti­

dade adequada de v e rb a s p a ra a s p e sq u isa s so b re a linguagem , ou pa­

r a as p e sq u isa s de modo g e r a l . £ p r e c is o , a n te s de tu d o , m o strar

que o c r i t é r i o de e x c e lê n c ia é , na v e rd ad e , a form a que o s is tem a

u sa p a ra re d u z ir as v e rb as e j u s t i f i c a r e s sa red u ção .

Assim, ao sc c o n tro la r a d i s t r ib u iç ã o de recu rso s f i ­

n a n c e iro s , d is tin g u in d o c e r ta s form as de o rg an ização (u n iv e rs id ad es

c o n tr a grupos in d ep e n d en te s , c e r ta s u n iv e rs id a d es e não o u t r a s , c e r­

to s grupos da u n iv e rs id a d e s e nao o u t r o s ) , os o rgãos f in an c ia d o re s

acabam e s tab e le c en d o um c o n tro le sob re as p e sq u isa s a serem f e i t a s .

Hã que s e lesfo rar aqui que os o rgãos f in a n c ia d o re s de pesq u isa não

dotam v e rb a p a ra se re a liz a re m p e sq u isa s no i n t e r i o r de i n s t i t u i -

9

ções de n ív e l sec u n d ário . E por que? Porque os p r o f i s s io n a is que t r a ­

balham n e s ta s i n s t i tu iç õ e s foram , h is to r ic a m e n te ,b a n id o s da re p u b li ­

ca dos p esq u isad o res.

P o d e r - so - ia p e rg u n ta r aqui p o r urna a l t e r n a t iv a p a ra u -

aa p o l í t i c a de dotação de v e rb as p a ra a p e sq u isa que p re s e rv a s s e , a -

dequadamente, o uso do d in h e iro p u b lic o . Ou s e j a , uma p o l í t i c a que

não d is c r im in a s se , mas que t iv e s s e uma re sp o n sa b ilid a d e s o c i a l , Quan

to a i s s o , e su n a rism en te , eu d i r i a que a d o tação de verb as d e v e ria

se b a se a r num acordo e n tr e as p a r te s . Assim o s p e sq u isad o res poderiam

d i r e r o que podei iam fazcT, a tS qúe ponto poderiam assum ir c e r ta s re s

p o n sab ilid ad es de p e sq u isa , K os õrgãos f in a n c ia d o re s d is c u ti r ia m e s ­

tes l im ite s e en tão se fa ria m os fin an c iam en to s.

No que d iz r e s p e i to ao m ercado de t r a b a lh o , as co n aid c-

raçõea a n te r io re s levam a uma conclusão; o m ercado de tra b a lh o de

qu a lq u er p r o f i s s io n a l , em g e ra l A d o l in g ü is ta , em p a r t i c u l a r , ? d e f i ­

n id o , em grande p a r te , p o r e s te s mecanismos de leg itim a çã o q u e , en­

tã o , t o m » p o ss ív e is som ente algumas form as de o rg a n iz a ç ã o , algumas

a t iv id a d e s , c e r to s t ip o s de p e sq u isa , e tc . I s to porque a ação d e s te s

mecanismos de leg itim ação acabam negando p o s s ib i l id a d e de e x is tê n c ia

a todo um o u tro ou o u tro s p o s s ív e is d isc u rso s do pensamento sobre a

linguagem e so b ra q u estõ es r e la t i v a s a e la .

P o d e r - s e - ia , ta lv e 2 , p e rg u n ta r porque a s p esso as não lu ­

tam p o r e s te s lu g a re s , f. p r e c is o , no e n ta n to , lem brar que as p esso as

que e s tã o fo ra do c i r c u i to da com petência, e da le g itim id a d e a t r i b u í ­

d a , não são sequer o u v id as . E não o u v ir ê uma forma de em udecer. E o

10

s i l ê n c io aqui corresponde a não t e r o lu g a r que garance a so b re v iv ên ­

c i a . Ou s e j a , s i l e n c i a r I aqui c o rc a r um mercado de tra b a lh o e d a r es

cc co ree como n a tu r a l -0 que eu quero p ro p o r aqui ó a n ecess id ad e de a comunida

de dos l in g ü i s t a s p ro c u ra r , p e lo s m eios p o s s ív e i s , g a r a n t i r a todos

que p a r tic ip a m d e s ta comunidade o d i r e i t o de e sc o lh e r a form a de n rga

n izaçao que ju lg a rem m ais adequada p a ra seu t r a b a lh o , de e s c o lh e r de­

se n v o lv e r su as p ró p r ia s p e s q u is a s , no i n t e r i o r das i n s t i t u i ç õ e s que

ju lg a rem mais p ró p r ia s p a ra seu t r a b a lh o , ou fo ra de q u a lq u e r i n s t i ­

tu iç ã o . E nfim , que tudo s e ja margem, ou .tudo c e n tro . Eu p r e f i r o d iz e r :

que tudo s e ja margem.Ao que se acabou de o u v i r , pode-àe q u a l i f i c a r de u tó p ic o .

Eu d i r i a que sim , se nos colocarm os nos l im i te s e s t r e i t o s dos h o rizo n ­

t e s de h o je . Eu d i r i a que n ão , s e se le v a s s e era con ta que a c r ia ç ã o de

condições de tra b a lh o p a ra n o ssa so c ied ad e to d a , e p a ra o s l i n g ü i s t a s ,

de modo p a r t i c u l a r , deve s e f a z e r a lte ra n d o e s te s mecanismos d is c r im i­

n a tó r io s que passam p o r e s te s mecanismos de a tT Íb u ição de com petência

e ,p o r ta n to , de leg itim a çã o de u n s ,c o n tr a o u tro s . E , sem d u v id a , as

c la s s e s d i r ig e n te s procuram sempre le g i t im a r o que p u d e r, de alguma

form a, s u s te n t á - l a . A s s ia .a l u t a p o r uma o u t r a concepção sobre a a t i ­

v idade p r o f i s s io n a l e seu mercado de tra b a lh o e tanben uma form a de

b u sc a r uma soc iedade m ais adequada as no ssas n e c e ss id a d e s .E v o lta n d o ao j y in c í p io , p a rece que assim se pode d e s lo ­

c a r & fo rç a do s is te m a s o b r e 'a determ inação do mercado de t r a b a lh o ,

de t a l forma quo p e rg u n ta r p e lo mercado de tra b a lh o d e ix a de s e r p e r ­g u n ta r p e la s n e ce ss id a d es do s is te m a s o c i a l , p o litico e econôm ico, pa­

r a p e rg u n ta r p e la s n e ce ss id a d es c in te r e s s e s da so c ied a d e , co p e sq u i­

s a d o r , no nosso c aso , do l i n g ü i s t a .

11

0 LINGUISTA* PROFISSÃO E KERCADO DE TRA3ALH0

Jo se Borges Neto

( L itro * - UFPR)

Eu g o s ta r ia de i n i c i a r m inha p a r t ic ip a ç ã o n e s ta m esa-re­

donda com un b reve apanhado da h i s t o r i a da im plan tação da L in g u is ­

t i c a no B r a s i l .

Embora a té o i n ic io dos anos s e s s e n ta tivéssem os no Bra­

s i l apenas algumas poucas p e sso a s in te re s s a d a s em L in g u is t ic a , em

1962 ê a L in g u is t ic a d esig n ad a m a té r ia o b r ig a tó r ia nos cu rso s de

L e tra s (p a re c e r 283/62 do CFE) . O bvíataontc, não h a v ia i n f r a - e s t r u ­

tu r a p a ra e n f re n c a r a s i tu a ç ã o que sc c r ia v a e , p r in c ip a lm e n te , não

h a v ia m a te r ia l humano q u a li f ic a d o em numero s u f i c ie n t e . De modo ge­

r a l o que se fe z f o i im p ro v isa r p ro fe s s o re s dc L in g ü ís t ic a q ue , por

f a l t a H« form ação, p assaram , na m elhor das h ip ó te s e s , a re p ro d u z ir

aqui a l i n g u i s t i c a que se f a z i a no e x t e r io r . Digo "n a m elhor das h i ­

p ó te s e s " porque g eralm en te o que se e n c o n tra nas fa cu ld ad e s dc Le­

t r a s a in d a ho jo sao p ro fe s s o re s que se q u e r chegam a L in g u is t i c a , l i ­

m itan d o -se a p a s s a r a seus a lu n o s conhecim entos s u p e r f i c i a i s de Teo­

r i a da Comunicação e da S e m ió tica : c o n c e ito s como " e m is so r" , " re c e p ­

t o r " , " s ig n o " e t c . P ara s e t e r uma id é i a das conseqüências d e sse f a ­

to , b a s ta p en sa r q ue , em m uitos cu rso s de L e t r a s , a d i s c ip l in a "L in­

g ü í s t ic a " e compietamence d iv o rc ia d a da d i s c ip l i n a "L íngua Portugue­

s a " : p a re c e que os p ro fe s so re s de L in g ü ís t ic a não conseguem s a i r dos

c o n c e ito s g e ra is e chegar a l ín g u a , enquanto os p ro fe s s o re s de Lín­

gua P o rtu g u e sa nao sab ea o que f a z e r cora os conhecim entos que a L in ­

g u i s t i c a lh e s põe ã d is p o s iç ã o . Esse d is tan c iam en to chega a t a l pon-

12

to que p esso as menos in fo rm ad as , como o cx-C onselhei.ro Abgar R en au lt,

do C onselho F ed eral dc Kducaçao, chegam a a firm ar que uma das causas

do b a ix o rendim ento no e n s in o de p o rtu g u ês ea nossas e sc o la s e s ta no

d estaq u e que a L in g ü ís t ic a receb e nos cu rsos de L e tra s ( I s to f. n9286

de 1 6 /0 6 /8 2 , P .Ú8).

F a to sem elhante o c o rre com a expansão desmedida doa cursos

de p ó s-g raduaçao em L in g ü ís t ic a nos ú ltim o s anos: a pós-graduação e-

caba sendo o lu g a r onde se divulgam os trab a lh o s e s t r a n g e ir o s , o fe ­

recendo ao p a ís poucas c o n q u is ta s p r ó p r ia s , s e ja na á re a t e ó r ic a ,

s e ja na á re a da a p lic a ç ã o . Nao e de se e s t r a n h a r , p o i s ,que a in d a ho­

j e , c e rc a de v in te anos d ep o is da a b e r tu ra do p rim e iro cu rso dr p ó s-

-g rad u ação no B r a s i l , a produção c i e n t í f i c a etn nossaa u n iv e rs id a d es

s e j a b a ix ís s im a . Quer rae p a re c e r que nossos programas de po s-g rad u a-

ç a o , embora o b je tiv em a form ação de p e s so a l p a ra a p e sq u isa l in g ü ís ­

t i c a , acabam formando apenas p ro fe s s o re s de L in g ü ís t ic a p a ra oa c u r­

so s de L e tr a s .

P arece c la ro q u e , cm função de uma h i s t ó r i a como e s t a , s e ­

r i a u tó p ic o e sp e ra r -8 c que o l in g ü i s t a en co n trasse o u tro mercado de

t ra b a lh o que não a u n iv e rs id a d e c n e s t a , o u tro t ip o de a tiv id ad e , que

não o m a g is té r io .

Todus nós sabem os, no e n ta n to , que a a tiv id a d e do l in g ü i s ­

ta não p r e c is a se l im i ta r ao tra b a lh o na U niversidade: a p resen ça do

l in g ü i s t a é d e s e já v e l , se nao n e c e s s á r ia , em to d as as á rea s de a-

tu açao cm que a linguagem humana e s t i v e r e n v o lv id a . Assim, a p resen­

ça do l i n g ü i s t a ê n e c e s s á r ia n a á re a da educação, ju n to ao MEC e ãs

13

Secretaria«! do Kducação, sob a forma de a s s e s s o r ia na e lab o ração de

c u r r íc u lo s e m a te r ia is d id á t ic o s adequados as d i f e r e n te s re a lid a d e s

só c io e e tn o l in g ü îs t i c a s ; e n e c e s s a r ia Ju n to aos c e n tro s de te r a p ia

da f a la ; ju n to a e d i to r a s , na e lab o ração dc d ic io n á r io s e g ram áticas

e no assesso ram en to à e lab o ração de l iv ro s d id á t ic o s de portuguea e

de l ín g u a s e s t r a n g e ir a s ; i s t o tudo s e a f a l a r nas t a r e f a s de d e s c r i ­

ção e documentação das lín g u a s in d íg en as b r a s i l e i r a s , das v a ried ad es

do p o rtuguês do B r a s i l , das s i tu a ç õ e s dc c o n ta to l i n g ü í s t i c o e de

b ilin g u ism o , comuns em á rea s de f r o n te i r a ou em re g iõ e s de co lo n iz a ­

ção eu ro p éia re c e n te , e t c . 0 ponto c r u c i a l , no e n ta n to , ê que não

b a s ta nos sabermos que o l in g ü is ta ê im p o rtan te n e s ta ou naquela 3-

r c a , n e s ta ou naquela a tiv id a d e ; é p re c iso que o MEC, as S e c re ta r ia s

de Educaçao, a FUNAI, os c en tro s de t e r a p ia da f a t a , as i n s t i tu iç õ e s

p a r t i c u la r e s de en sin o de id iom as, as e d i to r a s , os meios de comuni­

c ação , e t c . tamblm o saibam , ß p re c iso que s e pense num modo de v a -

lo T iz a r a L in g ü ís t ic a , p a ra que se de um p rim e iro passo na d ireç ão

da co n q u is ta desse mercado de tra b a lh o " in p o te n t ia " que podemos ho­

je v is lu m b ra r . De o u tro modo, podemos f i c a r e te rn am en te d isc u tin d o

o assu n to sem que se ob tenha qu a lq u er m o d ificação s e n s ív e l da s i t u a ­

ção .

O utro ponto que e s t á a e x ig i r a tenção e o problem a da de­

f in iç ã o do l in g ü i s ta comò um p ro f is s io n a l e não apenas como vira p ro ­

f e s s o r , i s t o é , a L in g ü ís t ic a como p ro f is s ã o e não so coeso" w ater ia"

do c u r r íc u lo dc L c tra s fa s s im como s c r p ro fe s s o r dc " R e s is tê n c ia dos

M a te r ia is " numa fa cu ld ad e dc E ngenharia , s e r p ro fe s s o r de "L ingÜ ís-

t i c a " num cu rso Je L e tra s não im p lica em nenhum e s t a tu to p ro f i s s io n a l

e s p e c i a l ) . Km p rim e iro lu g a r , não sabemos m uito hem quem s e r i a l i n ­

g ü is ta no B r a s i l , embora possamos le v a n ta r a lguns c r i t é r i o s - p ro b le ­

m á tic o s , todos e le s - que nos c irc u n sc re v e ria m e s s a c la s s e Je p r o f i s ­

s io n a is . Pensemos no c r i t e r i o " t i tu l a ç ã o " : s e temos l in g l l is ta s con

form açao acadêm ica e s p e c í f ic a (b a c h a re la d o , m estrado ou doutorado na

á r e a ) , também temos l in g ü i s ta s se n e s sa form ação; se temoB l in g ü is ta s

com formaçao de p o s-g rad u ação , no s e n t id o e s t r i t o , temos tachem l in ­

g ü is ta s com formaçao a n ív e l de graduação (b a c h a rc is cm l in g ü í s t i c a )

ou sem form açao u n i v e r s i t á r i a , como os e g re ss o s dos cu rso s de metodo­

lo g ia dc d e sc r iç ã o l in g ü í s t i c a . Antes dc t e n t a r d e f in i r a c a te g o r ia

p ro f i s s io n a l a p a r t i r d a t i t u l a ç ã o , s e r i a p re c is o d e f in i r a n a tu reza

dos program as de form ação dèv .lingü is t a a .

Se pensarm os, p o r o u tro la d o , no t ip o de a tiv id a d e e x e rc id a

como c r i t é r i o de d e f in iç ã o da c la s s e , e n co n tra ríam o s problem as s é r io s

no que r e s p e i t a i s a rea s i n t e r d i s c ip l in a r e a c à s r e la ç õ e s e n tre a

L in g ü ís t i c a e aa o u tra s c iê n c ia s . 0 l i n g ü i s t a , p e la p ro p r ia n a tu re z a

do seu o b je to de estx td o s , t r a b a lh a quase todo o tempo em á rea s que se

lim ita m , quando não s e confundem, cora o o b je to dc o u tr a s c iê n c ia s . 0

l in g ü i s t a que t r a b a lh a com L in g ü ís t ic a A p licad o ao K nsino, por exem­

p lo , e s t á o t.enrpo todo em c o n ta to com a pedagog ia; o f o n e t i c i s t a , com

a f í s i c a e a f i s i o lo g i a ; o p s i c o l in g ü i s t a , com a p s ic o lo g ia , cora a

n e u ro lo g ia ou com a ío n o -a u d io lo g ia ; o sem anti c i s t a , com a ló g ic a c

a f i l o s o f i a d a linguagem , e t c . Não e f á c i l d e c id i r se determ inada

p esso a , que t r a b a lh a com l ín g u a s in d íg e n a s , s e enquadra m elhor coud

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an tropó logo ou como l i n g ü i s t a . Assim , sem 'ima c la r a d e f in iç ã o de

quem e e quem nao é l in g ü i s t a , q u a lq u e r t e n t a t i v a de co n q u is ta do

mercado de t ra b a lh o v i r t u a l que a í e s tá e s b a r ra nn p o s s ib i l id a d e de

WICl p s ic o lo g o , de uiu pedagogo, de q u a lq u e r p e sso a , en fim , coto um mí­

nimo de conhecim entos de L in g ü ís t i c a , ocupar e sse e sp aço . A l iá s , a

e x is tê n c ia de ta n ta s á re a s i n tc r d i s c ip l i n a r e s co m p artilh ad as p e la

L in g u is t ic a nos co lo ca problem as como o se g u in te : im ag ine-se que- o

MEC d ec id a c o n tr a ta r um l in g ü i s t a ; quem d e v e r ia s e r c o n tra ta d o ? Um

p s ic o lin g U is ta í Alguém que j á pu b lico u g ram á ticas e s c o la re s ? Algucn

que tra b a lh e com L in g ü ís t ic a A p licad a ao Knsino? Hão c re io que se

p o ssa fa c ilm e n te re sp o n d er a e s t a p e rg u n ta .-A q u e s tão da d e f in iç ã o

do l in g ü i s t a como p r o f i s s io n a l I , a meu v e r , um dos problem as mais

s é r io s com que nos defron tam os e ta lv e z o que e x i j a uma so lu ç ão com

m ais u rg ê n c ia . £ p r e c is o que sc e s c la r e ç a , no e n ta n to , que não se

t r a t a de reg u lam en ta r a p r o f i s s ã o de l i n g ü i s t a , mas de i n s t i t u í - l a .

F in a lm en te , g o s t a r i a de abordar também a p ro b lem ática da

p ó s-g rad u ação , re ia c io n a n d o -a ao e s tad o a tu a l do mercado de tra b a lh o .

Como vim os, a põs-g rad u açao em L in g ü ís t i c a tem -se l im i ta ­

do a form ar l in g U ia ta s p a ra a s U n iv e rs id a d e s .C re io que h á duas r a ­

zoes p a ra que s e j a assim : o c o n te x to h i s t o r i c o em que f o i c r ia d a e

a c l i e n t e l a que tem re c e b id o . A q u estão do c o n te x to h i s t o r i c o já

f o i abordada acim a, vejam os e n tã o a q u estão da c l i e n t e l a . O ra , de

modo g e r a l , quem p ro cu ra os c u rso s de pós-g rad u ação em L in g ü ís t ic a

aao ou p ro fe s so re s u n i v e r s i t á r i o s ( o co«uc nas no ssas U n iv e rs i­

dades c que o p ro fe s s o r s e forme quao lo j á em a tiv id a d e no m ag isté -

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r i o su p e r io r - ) ou são p esso as que te n a c a r r e i r a u n iv e r s i t á r i a

como m eta . Assim , a e x p e c ta t iv a da c l i e n te la se a l i a ã t r a d iç ã o de

n o ssa pó s-g rad u ação , d i f ic u l ta n d o m odificações m aiores na o r ie n ta ­

ção deases program as. R p r e c is o , no e n ta n to , su p erar e s sa d i f i c u l ­

dade uma vez que a capacidade de absorção daa U niversidades e f a ­

cu ldades de L e tra s começa a se r e d u z i r e uma vez que, cada vez m ais,

encontram os a lunos de pos-g raduação que não são p ro fe s so re s do e n s i­

no s u p e r io r nem e s tã o p a r tic o la rm e n te in c lin a d o s á c a r r e i r a u n iv e r s i ­

t á r i a . Alcn d i s s o , p recisam os rep en sa r nossos programas de p o s-g r« - '.

duaçao em função da nova r e a l id a d e que a p ro b iem iti ca da p r o f i s s io ­

n a liz a ç ã o do l in g l l is ta c o lo ca .

Lm resumo: a q u estão do mercado de tra b a lh o do l in g l l is ta

c una q u estão m uito com plexa, cu jo equacionanento p assa p o r \ma s é ­

r i e de o u tra s q u c slõ es também com plexas. Antes de atacarm os e a p e c i-

fícam cn te a q u estão do m ercado de tra b a lh o - q ue , de r e s t o , não mc

p a rec e a mais u rg e n te - devemos nos p reocupar com a re fo rm ulação

da p o l í t i c a de põs-g rad u açào em L in g U íá tic a no B r a s i l , com a ques­

tão da p ro f is s ã o e com a v a lo r iz a ç ã o do tra b a lh o do l in g U ia ta em

o u tr a s á rea s que não o m a g is té r io s u p e r io r .

NOTA: Agradeço Sos p ro fe s so re s Aryon D. R odrigues, M árcio S i lv a e

S í r io P o s se n ti p e la s co n v ersas e sc la rec ed o ra s que roe perm i­

tiram e sc re v e r e s t e t r a b a lh o .

17

MESA-REDONDA 2: Nonná Lingüística é HétérOoénëldacle

Coordenador: Paulino Yandresen

Participantes: Ataliba T. de Castilho

Leda Bisol

Dia: 09 de julho

Hora: 15 as 18

NORMA CULTA I« SÃO PAULO: SINGULARIDADE OU PLURALIDADE?

A ta lib a T. du C a s tilh o

(UNICAMP)

O. As d isc u ssõ e s sob re nom a l in g ü í s t i c a geram h a b i tu a l ­

mente t r ê s c x n e c ta t iv a s d i s t i n t a s : - o que u , como e , e de q»e modo sc

c.neina a norma ou padrao c u lto de uma l in g u a ,

0 .1 - Dn ponto de v i s t a conceptual tenho f e i t o d is t in ç ã o

e n tre noreta o b je t iv a ou padrao r e a l , norma s u b je t iv a ou padrão i d e a l ,

e norrsa pedagogica . Essa t r i p a r t i ção im p lica em que r e s t r i n j o o t e r ­

mo "norma à designação da v a rie d ad e l in g u i s t i c a p r a t ic a d a p e la c la s ­

se s o c ia l de p r e s t íg io no i n t e r i o r da comunidade s o c i a l . Não e f á c i l

i d e n t i f i c a r e s sa c la s s e com p re c is ã o , dadas as m ú lt ip la s fa c e s da

in te ra ç ã o s o c i a l . E n tr e ta n to , por uma q uestão de p r a t i c íd a d e , e la

tem s id o a ss im ila d a à execução l in g ü í s t i c a das p esso as com e sc o la -

r iz a ç á o su p e r io r e que exercem em sua comunidade funções s u s c e t ív e is

de d ifu n d ir a m odalidade 1 in g íi í s t ic a de que se servem .

0 .2 - A d e sc riç ã o da norma l in g ü í s t i c a aparece de modo

frag m en tá rio em m uitos e s tu d o s . Um p ro je to d e s c r i t iv o m ais amplo i -

n ic io u -se em 1970, quando c inco c a p i ta is b r a s i l e i r a s - P o rto A leg re ,

R io de J a n e iro , Sao P a u lo , S a lv ad o r, R ecife - se asso c iaram na exe-

.18

cuçao do " P ro je to de E studo da Noma Urbana L in g ü ís t ic a C u lta " (P ro­

j e to NURC), sob a in sp ira ç ã o do P ro f . N elson R o ss i. 0 levan tam ento

dos dados e s te n d e u -se a te 1976, quando se p r in c ip io u a a n a l i s a r os

m a te r ia is em seus a sp ec to s fo n é tic o e fo n o lo g ic o , g ra m a tic a l e l é ­x ic o , numa fo rc a t e n t a t i v a . A a n a l i s e s i s te m a t ic a f o i in ic ia d a pe­

lo co n ju n to das c id ad es p a r t i c ip a n te s epos a XT Reunião N acional

dos R esponsáveis p e la execução do P ro je to (S a lv ad o r, 1981). Essa

d e c isã o desencadeará n ecessariam en te , uma re d is c u s sa o das h ip ó te se s

de tra b a lh o en fe ix ad as n o "C u cstio n n rio " (1971 - 1973) e em su a a-

da p tação p a ra o p o rtu g u ês . Conforme in d iq u e i em a v a lia ç õ e s c r í t i c a s

a n te r io r e s - uma p u b lic a d a no volume "E studos de F i lo lo g ia e L in ­

g ü í s t i c a " , ded icado ao P ro f . I s a a c N ico lau S a lu n , c o u tra ap resen ­

ta d a ao IX Sim posio do PTLF.T (U n iv ers id ad e de Corne.ll , 1981) - as

p ro p o s ta s de a n á l is e do "Cues t i ona r i o" não re fle te m o s problem as da

lín g u a f a la d a , e não possuem a c o e rê n c ia que se e s p e ra dc gu ias

desse t ip o : C a s tilh o (1961a e 1981b). Ainda rece n te m en te , p a ra a-

v a l i a r esquemas a l t e r n a t iv o s de a n á l i s e , os P ro fs . M arcelo P a s c a l,

Dino P r e t i e eu organizam os um Grupo de T rab a lh o , no c o n te x to do

XXV Sem inário do"Grupo dc E studos L in g ü ís t ic o s do E stado de Sao

P aulo" (PUC dc Campinas, maio de 1 9 8 2 ), no qu a l foram d is c u tid o s

a lguns tcrias r e la t i v o s à chamada " L in g ü ís t ic a da C onversação"«pro­

cedendo-se á a n á l is e de p a r te de um d iá lo g o e n tr e d o is in fo rm a n te s .

0 .3 - F in a lm en te , a a p lic a ç ã o da norma nas s i tu a ç õ e s do

e n s in o c o n s t i tu i - s c no m aior d e s a f io lançado ao3 p ro fe s so re s s e ­

cu n d ário s e ãs U n iversid ad es que os formam, dadas as novas a s p i r a ­

ções da so c ied ad e n a c io n a l , a ascensao aos bancos e s c o la re s de am­

p lo s segm entos das c la s s e s c a re n te s e o u tro s problem as: C a s t ilh o

(1 9 7 8 b ).

Em tra b a lh o s a n te r io r e s d i s c u t i a co n ce itu açào de norm a, argumentando que e la e s t a s u j e i t a a v a r ia ç õ e á , d e f in id a s p e lo s pa­

râm etro s "esp aço g e o g râ f ico ’V 'e sp a ç o s o c ia l " ( r e g i s t r o , idade do f a ­

la n te ) e "e sp aço tem á tico " (C a s t ilh o 1978a), c i d e n t i f iq u e i os c r i ­

t é r io s de g ram ático s p o rtu g u eses c b r a s i l e i r o s p a ra a de term inação

da n o raa p ed agóg ica (C a s t i lh o , 1980).

N este e stu d o aponto algumas e v id ê n c ia s r e la t i v a s o h e te -

ro g en eid ad e da " c la s s e c u lta " p a u l i s t a n a , o que; l e v a r ia ?t i d e n t i f i ­

cação de mais de uma norma c u l ta cm Sao P au lo , uma das q u a is p o s s i-

v e lmente era expansão . Se confirm ada e s s a h ip ó te s e , teríam os ho je e a

Saa Paulo una s i tu a ç ã o l i n g ü í s t i c a de t r a n s iç a o , no que to ca ao pa­

d rão c u lto do p o rtu g u ês fa la d o .

I . O e s tu d o das a t i tu d e s l in g ü í s t i c a s dos p a u lis ta n o s com

r e s p e i to a aua p ró p r ia execução l i n g ü í s t i c a assume um grande in te r e ^

se no i n t e r i o r do P ro je to NURC/SP, tendo era co n ta que as p esso as en­

t r e v i s ta d a s sã o n e sse p ro je to c o n sid erad as d e p o s i tá r ia s da norma ob­

j e t i v a do p o rtu g u ês n e ssa c id a d e . Nao o b s ta n te , e s te é a in d a um t r a ­

b a lh o p re l im in a r , p o is c o n s u l te i apenas v in te das 340 h o ra s que conr-

pôen o a rq u iv o do p r o je to . E a c re sc e que as e n t r e v is ta s do P ro je to

NÜRC não in c lu íra m sondagens s i s te m á t ic a s so b re a a t i tu d e l in g ü í s ­

t i c a dos f a l a n t e s , o que não im pediu , p o r o u tro la d o , que e s s e tó ­

p ico a p a re ce sse espontaneam ente nos d iá lo g o s , como argumentos secun­

d á r io s , s i tu a d o s no co n tex to dc d isc u ssõ e s m ais am plas. T ra tan d o -se

de r e fe r ê n c ia s f e i t a s de passagem , parecem m ais a u te n t ic a s , e p e lo

menos não e ra a l i que o in fo rm an te e s ta v a ten tan d o "v en d er" d e te r ­

minada imagem aos docum entadores, ou à q u e le s que v iessem a o u v ir as

f i t a s m agneto fon ic a s .

20

N esta a v a lia ç ã o tomaremos coreo h ip ó te se de tra b a lh o a con­

t r a p a r te l i n g u i s t i c a dos problem as que lem sid o considerado* p e la

S o c io lo g ia U rhana, t a l como se r e f l u i r nos estudos de Q ueiroz (1978)

e O liv en (1 9 8 0 ). Sai» a í co n sid erad o s os se g u in te s to p ico* :

1 .1 - C a r a c te r í s t ic a s do povoamento o do cresc im ento de­

m o g ráfico . Se r e f l e t i m o s so b re o que re p re se n ta hó jc a re g iã o me­

t r o p o l i t a n a de São Paulo em term os de concen tração p o p u lac io n a l,c o n ­

c lu irem os que os trê * p rim e iro s sé c u lo s de v ida da c idade tiv e ram

uma im p o rtâ n c ia m uito pequena, n e s te p a r t i c u l a r . £ M aris L u iza Mar-

c í l i o , em se u e s tu d o so b re o c resc im en to dem ografico de São P a u lo ,

que nos m o stra que "a c id a d e , que p o sa u ía 31.385 h a b ita n te s em 1872,

passou a 239.820 em 1900 e a 3 .825 .351 em 1960": M a m ílio (1 9 7 * :X I1I).

Sao Paulo como m etrópo le e ,p o r ta n to , trm fenômeno m uito re c e n te .

Também re c e n te ? a grande im ig ração e u ro p é ia , que e s tà

com pletando se u p r i œ i r o c e n te n á r io n e s ta década. Em 1886, " 2 5 ,7Î da

população da c a p i t a l são c o n s t itu íd o s de r s t r a n g e i r o s e europeus"

(ib idem : 1 07). B r a s i le i r o s de a scen d ên cia p o rtuguesa c im ig ran te s

in te rag ir.-nn cm meio aos in e v i tá v e is choques c u ltu ra is e dé in te r e s ­

s e s , m uitos dos q u a is foram documentado» n a l i t e r a t u r a moderna e con­

tem porânea.

1 .2 - R elações e n tr e o ru r a l r o urbano no i n t e r i o r da so­

c ied ad e m e tro p o lita n a . As re la ç õ e s e n tr e c idade e o campo p ro c essa ­

ram -se de forma d iv e r s a na América E spanhola e na América Portugue­

sa .

Na p r im e ira , os colonos esp an h ó is j á encontraram uma so­

i l

ciedade d iv id id a encre h a b ita n te s da cidade c h a b ita n te s do campo,

e s te s francam ente dominados por aqueles .N s segunda t a l não o c o rre u ,

« fo i n e c e s sá r io ocupar prim eir.vaen tc ó campo, re ta rd a n d o -se o no-

manto em que se- p la n ta ria m as c idades como formas p r iv i le g ia d a s de

povoamento do t e r r i t ó r i o . Com i s a o , numa c idade como são Pau lo a v i ­

da do campo predominou sobre a v id a urbana a te 1850, p e lo menos uns

t r i n t a anos m ais ta rd e do que no Rio de J a n e iro : Q ueiroz (1978: 58,

2 8 0 ). O campo p ra ticam en te en v o lv ia São Paulo a té e s sa epoca, po is

"fazen d as e s í t i o s formavam uma c in tu r a d e n tro dn qual se c o n s t i tu iu

o m unic íp io de Sao P au lo , na p r im e ira metade do s e c . XIX": M arcil i o

(1974: 13 ). Do ponto de v i s t a l in g u i s t i c o , e sse f a to a c a rre to u ima

a v a lia ç ã o p o s i t iv a da linguagem do homem do campo.

Com a forraaçao da b u rg u e s ia u rbana, in v e r te - s c a tendên­

c ia , c o n tra s ta n d o -se f o r tem erne o homem c ita d in o ao r u r í c o l a . Aque­

le são asso c iad as as boas m aneiras Jus "homena da c o r te " , e c e r ta ­

mente o p r e s t íg io l in g ü í s t i c o do h a b ita n te da c idade começou aq u i.

Enquanto i s s o , os f a la r e s do campo começaram a s e r e s tig m a tiz a d o s .

No p erío d o contem porâneo,a- n ecessid ad e de a lim e n ta r as

m etrópoles a tra v é s de grandes em presas de e x p lo ração a g r a r ia d i lu iu

b a s ta n te os c o n tac to s e n tre a gen te d a cidade e a da ro ç a . Compro­

m ete-se a produção cs» pequena e s c a la c a com ercial ir-açao d i r e ta dos

p ro d u to s . P ro g re ss iv am en te , os in te r io ra n o s vão "perdendo su a face"

eng o lid o s p e la rcáquina im p esso alizad o ra da produção er. m assa e do

grande com ércio a ta c a d i s t a . A id e n tid a d e do homem do campo, a moda­

lid a d e dc linguagem de que e le se s e rv e , tudo i s s o f ic o u num segundo

pInno n e b u lo so , d is ta n c ia d o do morador u rb an o . Surgem movimentos r e ­

l ig io s o s p a ro re c u p e ra r n id en tid ad e p e rd id a do camponês, agora t r a n s ­

formado em h a b ita n te da p e r i f e r i a , p e rd id o s os empregos r.a Toça,

1 .3 - Homogeneidade c h e te ro g en e id n d e c u l tu r a l dos h a b ita n ­

te s das g randes m e tró p o le s . Com r e s p e i to aos re f le x o s da u rb an ização

e da in d u s t r ia l iz a ç ã o sobre as re la çõ e s s o c ia i s e c u l tu r a i s Jos h a ­

b i ta n t e s da m e tró p o le , a o p in iã o dos so c ió lo g o s tera-se c in d id o cm

duas p o s iç õ e s d i s t i n t a s .

Uns acham que a s novas condições de v id a ig u a l iz a ra o o ho­

mem m e tro p o lita n o , apagando sua id e n tid a d e c u l t u r a l . O utros achan

q u e , ao c o n t r a r io , nas "so c ied ad es u rh a n o -in d U s tr ia is c a p i t a l i s t a s

e x i s t i r i a uma v a r ie d a d e mais ampla de e sc o lh a s c uma es t r a t i f i caçao

s o c ia l mai» f l u i d a , ocorrendo p o r ta n to uma m aior h e te ro g e n e idade so­

c ia l e c u l t u r a l " : apud O liven (1050: 7 5 ).

A nalisando a o p in iã o do.s p o r to -a lc g re n s e s de d i f e r e n te s ca

madas sõ e io -e u lL u ra is a p a r t i r de um q u e s t io n á r io cue in c lu ía q u e s i­

to s a obre r e l i g i ã o , d i s t r ib u iç ã o do tra b a lh o e n tre o homem e a mu­

lh e r , im p o rtâ n c ia da educação, o voto do a n a lf a b e to , e t c . , co n clu i

O liven que " e s s a b ip o la r id a d e nau e x i s t e " , o co rrendo em seu lu g a r

"una s im u ita n e idade de sem elhanças e d ife re n ç a s c u l tu r a i s e n tr e os

d iv e rs o s grupos e studados .A ssim , re a lm e n te , o c o rre uma homogeneiz a -

ção em á re a s de envolvim ento e a sp e c to s in s tru m e n ta is e /o u mais f o r -

tem ente s u j e i t o s a in f lu e n c ia s id e o ló g ic a s ; Quando, e n tr e ta n to , as

a rca s ou a sp e c to s estu d ad o s envolvem e s fe ra s m ais p e sso a is ou que

têm conseqüências e s ig n if ic a d o s d i f e r e n te s , longe de h a v er uma ho-

•7 3

mogenei2açao , o que gcra lm en te o c o rre c uma n í t i d a c livagem e n tr e os

grupos" (ib idem : 80 c 9 7 ) .

0 e s tu d o da a t i tu d e L in g ü ís t ic a dos p a u lis ta n o » deve. con­

s id e r a r uma s é r i e de f a to r e s : (1) A ascen d ên cia do in fo rm a n te . Cha­

memos in fo rm an te A aos lu so -d e sc e n d e n te s , e in fo rm an te B aos não

lu so -d e sc en d e n te 3 . (2) F a to r l i n g ü í s t i c o co n sid erad o . As e n tr e v is ­

ta s p e sq u isa d as p r iv ile g ia m os problem as de p ro n ú n c ia e de v o cab u lá ­

r i o na a v a lia ç ã o da linguagem . (3 ) Imagem que os in fo rm an tes cons­

tróem ( i ) de su a execução l i n g ü í s t i c a , ( i i ) da execução l i n g ü í s t i ­

ca dos in te r lo c u to r e s , ( i i i ) do que é o p o rtuguês c u lto .

C o rre lac io n an d o essa : f a to r e s com os tó p ic o s su g e rid o s pe­

l a S o c io lo g ia Urbana obtêm -se o s s e g u in te s r e s u l ta d o s :

2 .1 - 0» in fo rm an tes A, i s t o é , os f a la n tc s " d e r a íz e s " ,

os " q u a tro c e n tõ e s" - so b re tu d o quando p e r te n c e n te s a t e r c e i r a f a i ­

xa e t á r i a - assumem com v ig o r m aior sua condição dc d e p o s i tá r io s

da norcia c u l ta o b je t iv a . E le s ex a lta ra a so b re v iv ê n c ia de tra ç o s

c lá s s ic o s no p o rtu g u ês do B r a s i l e defendem a u n if ic a ç ã o da pronún­

c ia a tra v é s de una " c o d if ic a ç ã o f o n e t i c a " . C o eren te cora e s s a v isão

a lgo r í g id a de norma l i n g ü í s t i c a , a firm a o in fo rm an te 419 , m ulher

de 60 an o s, j o r n a l i s t a :

"Eu a c r e d i to que s e rá louvável o empenho do gover­

no numa u n if ic a ç ã o , p e lo menos da p ro n ú n c ia , mas

que d e v e r ia de começar na e s c o la p r im á r ia , não é?

E n s in a r a d ic ç ã o na e s c o la p r im a r ia e de ihm c e r ­

ta form a u n if ic a d a . ( . . . ) . . . no B r a s i l não há n a -

24 .'

da c o n c e itu a i , vamos d i i e r , a r e s p e i to de fo n é t ic a ,

não I? E nao havendo una c o d if ic a ç ã o , não liã nada

norm ativo ( . . . ) . ^o ra r e s p e i to à n ecessid ad e dc en­

s in a r d icção nas E sco las de A rte D ra m a tic s ]: I s to

s e r i a de cu rso p rim á rio : e n s in a r o b r a s i l e i r o a f a ­

l a r , p e lo menos quando quer f a la r bem. Depois c lc

pode p a r t i r p a ra aa g í r ia s " (1)2 333: 87-141).

£ bem v erdade que a n a tu re z a do a ssu n to da c n t r a v is t a de­

ve t e r levado o in fo rm an te a e s s a p o siç ão : t r a ta v a - s e de co n v ersa r

so b re cinem a, t e a t r o , t e l e v is ã o .

J á o in fo rm an te B d i f e r e n c ia - s e do a n te r io r p e lo tom b r in ­

ca lh ão com que Be vê como " f a la n te c u l to " , p e la re c u sa da p o se , mui­

to embora domine com seg u ran ça as v a r ia n te s de sua linguagem . Assim,

o in fo rm an te 5 , homem de 37 an o s, p ro fe s so r u n iv e r s i t á r io , n e to de

esp an h ó is e de i t a l i a n o s , após t e r usado a forma c o n tr a ta n ó , i n t e r ­

rompe seu depoim ento p a ra um l ig e i r o com entário sob re e s s a forma:

"Da um pouquinho m ais de nobreza também, né? Olha

o n é , e s te né 2 espon tâneo , he in? E não é , não e

c o r r e to , h e in , um p ro fe s so r u n iv e r s i t á r io não de­

v ia d iz e r i s s o , sem elhante is s o " (DID 6: 6 0 -6 3 ).

Essa o b se rv ação , combinada com suas ap rec ia ç õ es sob re e s ta

e o u tra s e x p ressõ es c o n t r a ta s , documenta a percepção que è ie tem a

r e s p e i to da v a r ia b i l id a d e que a tin g e a p ró p ria norma l in g u i s t i c a ,

em c o n tra s te com a p o sição do in fo rm an te A.

Até a q u i , a imagem que ambos fazem de s i mesmos. Quanto

25

às reações que o "o u tro ” provoca n e le s , sao e sc asso s os raeua m ate-

r i a i à . Mào e n co n tre i r e fe rê n c ia s do in fo rm an te B a r e s p e i to da exe­

cução l i n g ü í s t i c a do in fo rm an te A. Mas a re c íp ro c a é v e rd a d e ir a , e

nos dados de que disponho o inform ante A aprova com condescendência

as c o n tr ib u iç õ e s l in g ü í s t i c a s do in fo rn a n te B, desde que l im ita d a s

ao lé x ic o . Assim, a inform ante 420, m ulher de 57 an o s, j o r n a l i s t a ,

e x p re ssa -se como um hum gram ático nos anos 40 e 50, afirm ando que:

"Adio que uma lín g u a ( . . . ) como a no ssa que e s ta

se c o n stru in d o todos os d i a s , como o p a ís também

que e s t à se con stru in d o todos os d i a s , e l a tem

que se a c re sc e n ta r com in f lu ê n c ia s f r a n c e s a s , a-

lcmãs e . . . i . . . i t a l i a n a s , como e o caso de Sao

P a u lo . . . E não v e jo n i s to d e tu rp a r o id iom a. Ku.

acho que com isso nós o acrescentam os"(D 2 333:142-

148).

Desses depoim entos pode-se t i r a r uma conclusão p ro v is o r ia :

A condena as v a rie d ad e s fo n é tic a s «as a c e i t a as v a r ie d ad e s l é x ic a s .

B parece não c o n s id e ra r is s o um problem a.

2 .2 - Com r e s p e i to às reações doB in fo rm an tes d ia n te da

linguagem r u r a l , a p u re i o se g u in te . Tanto A como B experim entaram

uma fa se de v id a ru r a l a n te s de se in teg rarem na grande m etró p o le .

Com uma d ife re n ç a : A jã e ra senhor da t e r r a quando B chegou, e a s­

sim aqu ele cem uir"passado in te x io ran o " m ais rem oto do que e s te .Hou­

ve tem pe,portant o , par a una « i t i f i c a ç ã o d e sse p assa d o . Nao o b s ta n te

i s s o , A d is t in g u e duas c a te g o r ia s no homem do campo: o c a ip i r a e o

26

c a b o c lo , cermos que nao sao usadas in d is tin ta m e n te , 0 c a i p i r a tem

sua f a la d isc r im in ad a e sao censurados os a to re s dc t e a t r o que f a -

l a o " f c i to um c a i p i r a do i n t e r i o r " , ou que exibem aq u e la "p ronuncia

a c a ip ira d a do i n t e r i o r " (D2 333: 131, 137). J ã os cab o c lo s con se r­

vam os pad rões c lá s s ic o s da l ín g u a , são uma gen te que p r a t i c a una

"linguagem o r ig in a l ís s im a e in te l ig e n te " (H2 333: 1 9 8 ), como verd a­

d e iro s " h e rd e iro s de u» p a tr im ò n io " . Ve-se p o r ta n to que as c a te g o - '

r i a s n e g a tiv a s "p ro n ú n c ia " , "pobre gen te do i n t e r i o r " C is to é , e le ­

mentos Ho p re s e n te ) se chocam na a v a lia ç ã o do in fo rm an te A com as

c a te g o r ia s p o s i t iv a s " v o c a b u lá r io " , "v a lo ro so s d escen d en te s de nos­

sos m aiores" ( i s t o e , e lem entos r e t i r a d o s do p a ssa d o ) , reap a rec e a-

qu i a c a te g o r ia da " f id e l id a d e da lín g u a a 3Í mesma" a que me r e f e r i

a n te r io rm e n te : C a s t i lh o (1980: 13 ).O in fo rn a n te D nada fa z c o n s ta r so b re su a a v a lia ç ã o da

f a le i n te r io r a n a . E le assume aq u e la v is ã o im p e sso a liz a d e ra que e s­

s i n a ia os tempos m odernos, segundo vimos no item 1 .2 , in te g ra n d o -se

os in fo rm an tes d e ssa c a te g o r ia mai.-; c l a rg u e n te na v isã o que a 3 0 c i£

dade u rb an a in d n s c r ia l iz a d o r a tem do homem do campo. P o d e ria pen sa r

s t que se traL a de tuna ra c io n a l iz a ç ã o , do d e se jo de o m it i r um p a s­

sado acaso incom odo, de "co lo n o da fazenda” , lias t a l nao pa rece s e r

o c aso , p o is ocorrem depoim entos de " le a ld a d e " to ta lm en te e sp o n tâ ­

n eo s, v e ic u lan d o in form ações não s o l i c i t a d a s do t ip o :

"Eu t in h a UBüi chanca que t in h a uma p o n ta de madei­

r a . T inha c in co c e n tím e tro s de m adeira na ponca

porque o n egócio e ra c h u ta r de b ic o . ( . . . ) Eu

ti unca esqueço d is s o . Eu jogava na v á rz e a , na Mno-

e a . Eu tenho o r ig e n s hum ildes e eu acho b a rn na is

??

s o . . . lia . . . h o jr eu sou m etido a in te . I c c t u a l . e t c . ,

mas náo esqueço não" (DID 6: 64 - 6 9 ).

G o s ta r ia a in d a de o b s e rv a r , um pouco à margem, que o su r

g i u n t o de o u tra s g randes c id a d e s , alem da c a p i t a l , vem r e s t r in g in ­

do a ab ran g ê n c ia sem ân tica do tc m o " i n t e r i o r " . Em Campinas, p o r e -

xemplo, c comum d iz e r - a e " i r ao i n t e r i o r " quando não ae t r a t a de

v i a j a r p a ra a c a p i t a l . Em suma, t ambi;ta aq u i o s in fo rm an tes não cons

t i t u e n um corpo bemogeneo.

2 .3 - A co n sid eração do t e r c e i r o to p ic o d eb a tid o p e la

S o c io lo g ia Urbana no i n t e r i o r do P r o je to , le v a a r e f l e t i r sob re a con­

s i s t ê n c i a dos in fo rm an tes enquanto gTupo c u ltu ra l .T e r ia m e le s uaa

oesma id en tid a d e ?

Os dados que c o n s u lte i não me perm item resp o n d er com se ­

gurança a e s s a p e rg u n ta . Uma boa h ip ó te s e s e r i a c o n fro n ta r i n f o r -

tuantes e g re sso s da U niversidade en su as f a s e s p rè e p ó s-P assa r in h o ,

v i s to que foram a c e i to s p a ra as e n t r e v is t a s p a u lis ta n o s que freq ü en ­

taram ta rd iam e n te oa bancos acadêm icos, b e n e f ic ia n d o -se da expansao

r e c e n te do e n s in o s u p e r io r . Como reag iram e s se s d o is grupos e a face

das mesmas p e rg u n ta s form uladas p e lo s e n tr e v is ta d o r e s ? Tenho a lg u ­

mas im pressões n e sse p a r t i c u l a r , r e l a t i v a s so b re tu d o â p r ó p r ia exe­

cução l i n g u i s t i c a de uns e o u tro s . Mas g o s ta r ia de in v e s t ig a r me­

lh o r o a ssu n to a n te s do q u a lq u e r a f irm açao .

3 . E s ta a n á l i s e m ostrou o s e g u in te : (1 ) Os in fo rm an tes

do P ro je to NURC/SP re f le te m a d inâm ica s o c ia l da c a p i t a l p a u l i s t a

e náo rep resen tam p o r is s o un. grupo homogêneo. Alem das v a r iá v e is

28

própT ias do p r o je to , e le s se d istinguer» a inda p e la ( i ) ascendência ,

( i i ) a v a lia ç ã o da v id a urbana e a c o n tr a s te com a v id a do i n t e r i o r ,

( i i i ) epoca en que cursavam a U n iv e rsid ad e , ( iv ) a v a liaç ão do que e

o p o rtu g u ês p ad rão . (2) Sua h e te ro g en e id ad e t e r á re f le x o s na d e te r -

a in ação do p o rtu g u ês padrão de são P au lo , poaaivelm en te no se n tid o

da a c e le ra ç ã o das raudanças d e s te cora r e s p e i to ta n to ao p ad rio o f i c i a l

h o je d e s c r i to na l i t e r a t u r a p e r t i n e n te , quan to aqu ele v ig en te em ou­

t r a s p a r te s do p a ís . Como disc M aria Isa u ra P e r e ir a Q ueiroz, "quando

a ten d c n c ia de uma so c ied ad e ou de um grupo ê p a ra una grande homo­

geneização sõ c io -eco n ô m ica , o movimento que e n c e r ra » se r e ta id a ; au­

mentara as h e te rogeneidade* e as d i s t â n c ia s , e a movimentação e n tra

em e fe rv e s c ê n c ia " : Q ueiroz (1978: X I). (3) Ha f o r te s e v id ên c ia s de

qne a d e sc r iç ã o que se e s ta empreendendo - desde que possa co n ta r

eoa um in s tru m e n ta l mais f l e x ív e l e mais s e n s ív e l as h ip ó te se s aqui

lev a n tad a s - v a i comprovar a e x is tê n c ia de d o is pad rõ es c o - e x is te n te s ,

um dos q u a is re c e s s iv o . Conformada e s sa h i p ó te s e , , coro») s e ra o padrão

v i to r io s o ? I n c lu i r i a e le f a to s l in g ü í s t i c o s h o je considerados d e sp re s­

t ig ia d o s p e la n o n n a " o f ic ia l” ? 0 que e s ta r a se passando n e s te momento

no panorama l in g u i s t i c o da m aior cidade de l ín g u a portugxjcsa do mun­

do? A CTOsao d a chamada "norma v ig en te "? Era caso a f in n a tiv o , as t r a n s ­

p o siç õ es d id á t ic a s da norma o f i c i a l não re p re se n ta r ia m um descompasso

a mais em n o ssa c u ltu ra ?

29

RKFKRfÎNCIAS BÏBLIOQtlPICAS

CASTILHO (1978a) A ta lib a T. de C a s t ilh o - "V ariação

d i a l e t a l e en s in o in s t i tu c io n a l iz a d o

(1970b)

da lín g u a p o rtu g u esa" , Cadernos de

E studos L ingU íscicos 1: 1978, 18.

Idem - "V ariação l i n g ü í s t i c a , norma

c u l ta e en s in o da lín g u a p o rtu g u e sa " ,

S ub síd io s S P ro p o s ta C u r r ic u la r dc

Língua P o rtu g u esa p a ra o 29 Grau.

São P a u lo . CEKP/UNTCAMP, v o i .« , 1978,

p egs. 32-43.

(19 80) Idem - "A c o n s t itu iç ã o d a -n o rn a peda­

gogica do p o rtu g u ê s" . R e v is ta d o _ In s-

t i t u t o de E studos B r a s i le i r o s 22: 1980,

9-18.

(1981a) Idem - "0 P ro je to NUKC e a s in ta x e do

v e rb o " . E studos de F i lo lo g ia c LingUís.

t i c a . Em homenagem a I s a a c N. Salum.

Sao P a u lo , T.A.Quciroz/RDtISP, 1981,

page. 269-288.

----- (1981b) Idem - "E l P ro je c to de E s tú d io C oordi­

nano de la Norma C u lta : form alism o y

30

XARCÎLTO

OLIVEN

QUEIROZ

Sf-inantîcisiwy'en l a s i n t a x i s v e r b a l " ,

comunicação ao IX Simposio PILEI,

U nivers idade Ho C o r n e l l , 31 de j u lh o

- 2 de agosto de 1981.

(1974) Maria Luiza Karc í l i o - A Cidade de

Sao Pa u lo . Povoamento e População.

Sao Pau lo , Pioneira/EDUSP, 1974.

(1980) Ruben George Oliven - Urban i zação e

Mudane a S o d a i no B ras i 1. P e c r o p o l i s ,

Vozes, 1980.

(1978) Maria I s a u r a P e r e i r a Queiroz - Cul­

t u r a , Sociedade R u ra l , So c iedade t i —

■bana no B r a s i l . Sao P a u lo , L ivros

Técnicos e Cicntíf icos/RDUSP, 1978.

31

NORMA LINGUISTICA K HETEROGENKIUADE:

SINCRONIA, SISTEMA E NORMA

Leda B iao l

( L e t r a s - UFRGS)

S in c ro n ia e d i a c r o n i a , competência e desempenho, v i s ­

to s s im ultaneam ente . 0 s i s te m a como um conjun to de

s u b s i s temas. 0 s u b s i s tema e a norma.

SINCRONIA E DIACRONIA

E ntre os b inar íam os em vog a , o que con trapõe o e s t á t i c o ao

dinâmico p e rm i te , e c p a r t e , e n te n d e r o po s tu lad o de duBs metodolo­

g i a s d i s t i n t a s p a ra o e s tu d o s in c r o n ic o e d ia c ro n ic o dos fenômenos

da linguagem.

As t e o r i a s e s t r u t u r a l i s t a s e g e r a t i v o - t r a n s fo rm a c ional

mostraram a e f i c á c i a de modelos s i n c r o n ic o s . Ao debruçarecr-se , i g ­

norando r e g ra s p o t e n c i a i s , so b re o dado puro , puderam c a p ta r os me­

canismos complicados que regem os s i s t e m a s das l ín g u a s dos homens.

i que c e r to s a sp e c to s d e la s só podem s c r en tend idos à d i s t â n c i a ,

quando separados dos mui t i f a ce ta d o s envolvimentos s i t u a c i o n a i s , co­

mo o co rre c a q u a lq u e r c i ê n c i a . í , p o i s , a s i n c r o n ia a i d e a l i z a ç ã o

n e c e s s á r i a po r que s e d e c i d i u a l i n g u i s t i c a , de Saussu re a Chomsky,

no seu in q u ie t a n t e p e r q u i r i r sob re a n a tu r e z a das l ín g u as humanas.

A Gram ática H i s t ó r i c a Comparativa , de remota e r a , po r sua

vez tamben pressupunha c o r te s v i r t u a i s no continuum das l ín g u a s a -

3?

p a re n ta d a s , p a ra e s t a b e l e c e r comparações e n t r e do is ou mais e s t á ­

g io s ou d i a l e t o s d i f e r e n t e s no tempo ou no espaço . E , m uito embora

a lguns l in g U is ta s t iv e ssem chamado atenção p a ra a in f lu e n c i a de fa ­

to re s s o c i o c u l t u r a i s no p rocesso e v o lu t iv o , o tempo e o espaço eram

apenas var.ios que permit iam às l e i s fo n é t i c a s t r a ç a r l in h a s de h i s -

t o r i c i d a d e . (A la in Reys, 1973)

Ainda em tempos a n t e r i o r e s à c iê n c i a da s i n c r o n ia , os neo

g ram áticos começaram a i n t e r e s s a r - s e por re a l id a d e s que e x t r a p o la ­

vam o dado meramente l i n g u i s t i c o . Na t e n t a t i v a de ex p licações p s i -

c o f i s io l õ g i c a s p a ra as inovações que entendiam nascerem no p rocesso

da comunicação acred itavam que se d ev ia d a r a tenção para o dado en­

v o lv id o n a sua temporal idade r e a l , o a to dc f a l a . Mal se esboçava ,

e s ta g n a v a - s e a ten d ê n c ia p a r a o e s tudo da d i a c r o n ia na s in c r o n ia ,

sob o impasse do e s t m t u r a l i e a o que cana lizou a p esqu isa c i e n t i f i c a

p a ra o es tudo da o rg an ização e do comportamento dos o b je to s i n t e r ­

nos da l ín g u a , onde o tempo p a r e c i a não ex e rc e r papel func ional a l ­

gum.

A t e s e do b in a r i sm o saugs u r i ano em questão imperou do pe­

r ío d o põs-neogram ãtico aos nossos d i a s . Mas as f r o n t e i r a s r igidsmen

t e d i v i s ó r i a s e n t r e d i a c r o n ia e s i n c r o n ia , dogma do F s t r u tu r a l i s m o ,

começaram a e n f ra q u e c e r - s e na C e r a t i vo-Transformacional com a p ro ­

p o s ta de e s t r u t u r a s p ro fu n d as , as q u a i s , m uitas v ezes , i n c i d e n ta l ­

mente, coincid iam com formas d ia c r ô n ic a s ou c ran su s te n tad a s po r e -

v id ên c ia s h i s t ó r i c a s . K é p e la mesma época, l ã pe los anos s e s s e n ta ,

que os e s tudos e m p ír ico s , c u ja s b ases t e ó r i c a s v ir iam a lume p r im e i -

33

r a s e n t e cos o a r t i g o de W einreich, Labov e Herzog, (1978) , começam

a tomar v u l to .

Herdam dos n e o g r a s i t i c o s o postu lado d a tem porai idade re ­

a l e i n t r o d u z e s na a n á l i s e o u t ro s parâmetros s o c i o c u l t u r a i s , fazendo

s u s c i t a r im portan tes problemas t e ó r i c o s , como os que dizem r e s p e i t o

ù competência e desempenho, a g ram á tica c s i s t e m a , ao pruporcun uma

nova re g ra g ra m a t ic a l , a reg ra v a r i á v e l , p o r ta d o ra de dup la i n fo r ­

mação: s i n c r o n ic a , po r r e f l e t i r p a r t e do s i s t e m a em u so , d i a c r o n i ­

c a , po r apon ta r em d ireç ão a uma mudança em p ro g re s so . E desde então

e s se b rnarismo r e p ré s e n ta , no invés dc m etodologias a n ta g ô n ic a s , a -

pdnas duas maneiras d i f e r e n t e s de o lh a r p a ra os dados , os q u a is s i ­

multaneamente, expoem c a r a c t e r í s t i c o s de uma e dc o u t r a .

COKPKIBKCIA E nKSKMTKNHü

A- t e o r i a da competência , c o r r e l a t o d i r e c o da concepção

m enta li s t a da l ín g u a , d e f in e a g ramática como um con jun to dc r e g ra s

a b s t r a t a s de a p l icação c a t e g o r i c a , su s te n tad o p e l a r e l a t i v a e s t a b i ­

l idade de um fenômeno s in c ro n ic o . É dessa concepção m en ta l i s c a que

decorre o p r i n c í p i o da su b ja ce n c ia , pe rm it indo e lu c id aç õ es e x p l i ­

c a t iv a s i n t e r e s s a n te s p a ra as r e laçõ es e n t r e as r e g ra s que o rg an i-

zaa uma g ramati ca.

Não hã necess idade de despo jar a l ín g u a de seu c a r á t e r

i r e n t a l i s t a , posto em termos de p r o p r i edade humana, para e n te n d e r -

lhe-. o c a r á t e r s o c i a l .

0 problema que se coloca e que o e s tudo da l ín g u a em a-

34

Ç;u> t r a z o u t ro s componentes da e s t r u t u r a g ra m a t i r . i l à b a i l a , pondo

em r i s c o a d ico tom ia competência e performance ou ao menos q u e s t io

nando-lhes as r e s p e c t iv a s a b ran g ên c ia s .

S e ja a r e g r a v a r iá v e l i n t e r p r e t a d a como a l t e r n a t i v a de

uma r e g r a c a t e g o r i c a , s e j a i n t e r p r e t a d a como r e g r a com s t a t u s p a r­

t i c u l a r - a q u e s tão não vem ao caso - , a r e g u la r id a d e co n te x tu a l

que .1 c a r a c t e r i z a , demonstrada em v á r i a s p e sq u isa s r e la t iv a m e n te

r e c e n te s , d á - lh e todo o a p a ra to de r l c o e n to fundamental da e s t r u tu

ra l i n g u i s t i c a , c r ia n d o a p ro b lem á t ica so b re o l u g a r que ocupa nu­

ma g ra m á t ic a d ico tôm ica .

1? que as r e f l e x õ e s sobre ! Ín g u a s , de Saussu re a Chomsky,

f ix a ram -se apenas nas r e la ç õ e s a b s t r a t a s que co n s t i tu e m os s i s te m a s ,

i so la n d o as r e a l i z a ç õ e s . Ho sarnento em que s« o lh a p a ra a l íngua

em a t i v i d a d e , a v a r ia ç ã o c , ev iden tem en te , una r e g r a , co r comporta

mento« r e l a c i o n a i s tão sem elhantes ao3 da reg ra c a t e g ó r i c a que , por

c e r t o , o mesmo p r i n c í p i o de su b ja c ê n c ia governa uma c o u t r a .

0 p o s tu la d o b á s ico e o da h e t e rogeneidade do s i s t e m a . Se

em q u a lq u e r c o r t e que se f i z e r no continuum que c o n s t i t u i a l íngua

f a la d a em uma comunidade, ex is tem v a r i á v e i s ( e x c lu íd o s os e r ro s dc

desempenho), en tã o a homogeneidade das e s t r u t u r a s l i n g ü í s t i c a s é

uma t e s e tão paradoxal quanto o da r i g o r o s a d i s t i n ç ã o e n t r e s i n ­

c ro n ia e d i a c r o n ia .

0 s i s te m a f i c a en tend ido como um con jun to de r e g ra s ca­

t e g ó r i c a s (a m a io r ia ) e r e g ra s v a r i á v e i s (com r e s t r i ç õ e s h i e r a r -

q u i z s d a s ) , co m p e t i t iv a s por n a tu r e z a , c u ja dest inaç .ao e tornarem-

3S

»« ■ c a t e g ó r i c a s . (L ab o v , 1 9 7 2 ).

t d a ó t i c a do continuum que ae ana l isam os / a to * l i n g ü í a -

Cicos quando se indaga , ao mesmo tempo, so b re a fu n c io n a l id a d e e a

evo lução dos e lem entos que con s t i tu em o s i s t e m a . Nele a v a r ia ç ã o es

t a sempre p r e s e n t e , o ra aqùi o ra a c o l a , fazendo rm erg i r p o t e n c i a l i ­

dades i n e r e n t e s ã e s t r u t u r a l i n g ü í s t i c a , a h e r t a a i n f lu e n c i a s so c io

c u l t u r a i s . N este s e n t i d o , toda r e g r a c a t e g ó r i c a e uma v a r i á v e l e=

p o t e n c i a l . Poderá t ê - l o s id o num passado remoto como poderá v i r a

s e - l o nuc f u t u r o im p r e v i s ív e l .

Habituados que estavamos à i d é i a da e s t a t i c i d a d c do s i s ­

tema, p a ra f i n s m eto d o ló g ico s , v íam o-lo como um con jun to de re g ra s

que i d e a l i s t i c a m e n t e dava conta da capacidade de o in d iv íd u o pro­

d u z i r linguagem.

Motivados agora p a ra a a n á l i s e da l ín g u a no seu con tex to

n a tu r a l - fenômeno cm c o n s ta n te evolução - , vemo-lo como um conjun­

to de r e la ç õ e s de i n v a r i a n t e s e v a r i a n t e s , c u ja d e s c r i ç ã o não dá

con ta não só da capacidade de o in d iv íd u o p ro d u z i r linguagem como

tanbém do r e a l uso que d essa capacidade f a z .

0 SISTEMA COMI) CONJUNTO DK SUBSISTK.MAS

Pode d i z e r - s e que a L in g ü í s t i c a a t i n g i u como c iê n c i a uma

de suas a e t a s p r i o r i t á r i a s : a d e s c r i ç ã o , no n ív e l c x p la n a t o r i o , de

s is tem as u n i t á r i o s de l ín g u a s . Ksses j u s t i f i c a » po r exemplo a seg­

mentação do continuum das n o o la t in a s em d i f e r e n t e s l ín g u a s como

f r a n c ê s , e sp a n h o l , i t a l i a n o , p o r tu g u ês , romeno, e t c . Mas e também

36

em nome d e ssa homogeneidade que se cataloga*- como v a r i a n t e s de um

so s i s te m a d i a l e t o s g eo g rá f ico s (por excap lo , o c a r io c a e o gaucho),

com d i f e r e n c i a ç õ e s que ficam á margem da e specu lação c i e n t i f i c a .

É inegável que e x i s t e um s is tem a u n i t á r i o de re g ra s c a te ­

g ó r ic a s que i d e n t i f i c a corno uma so l íngua o português fa lado dc nor­

t e a s u l do B r a s i l . Nao menus verdade c que as co lo raçocs d i f e r e n te s

que to ca a l ín g u a de una re g iã o p a ra a o u t r a se devem a subsis temas

que cunfiguram nas r e g ra s v a r i á v e i s p o te n c ia l id a d e s s i s t e m á t ic a s

s u b ja c e n te s .

f. de c r e r que to d a re g ra v a r iá v e l e x i s t a potcncl.a lmeate

no s i s te m a u n i t á r i o e que f a to r e s ex te rnos concorrila p a ra que e ia

venha a em erg ir na f a l a dc uma comunidade o nao em o u t r a , ou tone

maior v u l to p e la f req U en c ia de uso em determinado d i a l e t o , c a ra c te ­

r izan d o -o de c e r t a forma, enquanto só e sp e rsaa e n te eparecc cm o u t ro .

Quando se t r a t a de d e sc re v e r o r e a l uso da capacidade l i n ­

g ü í s t i c a , e im p re sc in d ív e l que tenhamos r e cu rso s p a ra ex p licaçõ es

da s e g u in te ordem:

Por que soam n a t u r a i s no f a la n te gaúcho c e r t a s sentenças

que o c a r io c a espontaneamente t e n d e r ia a r e j e i t a r ?

a) Pedro reccw diegou.

b) 0 menino aquele da ru a da P r a i a v e io t e p ro c u ra r .

c) 0 Pedro e a Maria chegaram.

K, i n v e r s a o e n te , por que o gaudio e s t r a n h a r i a as sen ten ­

ças s e g u i n t e s , como o u t r a s , que são comuns na f a l a car ioca?

d) Pedro fa lo u que a co n fe rên c ia f o i i n t e r e s s a n te .

37

e) Voce a abe que t£u sai go chegou.

A léa d i s s o , não sõ a p resença da r e g ra v a r i á v e l como cam­

bem a sua f r e q ü ê n c ia de uso um papel fu n c io n a l na d i s t i n ç ã o de

s u b s i s t emas como sc depreende dos r e su l ta d o s s e g u in te s que diz<m

r e s p e i to à v a r ia ç ã o da p re tõ n ic a no d i a l e t o gaúcho (a f r e q ü ê n c ia de

uao d e s ta r e g r a d i s t in g u e por ordem decre scen te a f a l a m e t r o p o l i t a ­

na , i t a l i a n a , alemã (zona dc colonização) e f r o n t e i r i ç a :

FATORESVOGAL E VOGAL 0Frcq. Prob. Freq. Prob.

METROPOLITANOS m1518

0 , 6 1 - ü l - 39*1412 0.60

ITALIANOS -ili « 24S 150*

0,56 ^ - 3 3 *1513 0.53

alehaes - ü i - .9* 1173

0,441 06 5

0,52

FRONTEIRIÇOS - Ü i - 17* 1550 0,39 J * ± - .2*

1260 0,36

A v a r ia ç ã o , po r o u t ro lado, também e s t a l ig a d a a una es­

c a l a de formalidade com d i s t in ç õ e s v i r t u a i s que vão do mais ao me­

nos formal onde se encaixam d i fe re n ça s de comportamento l i n g ü í s t i c o .

Na f a l t a de uma re la çã o e x a ta e n t r e e s c a l a de f o rm a l idade

e e s c a l a dc re g ra s l i n g ü í s t i c a s , tomemos doía põlos d e s ta e s c a l a

v i r t u a l , a g rosso tondo denominemo-los linguagem cuidada e não c u i ­

dada , exem plif icando-os com alguns casos t í p i c o s :

33

Linguagem cuidada

Sa eu v i r que n io v a le a p e n a . . .

Hoje v inos c o n v id a - lo p a r a . . .

Não p i s e s n e s t e t a p e t e

Da l ic e n ç a p a r a eu s a i r

Não há nada e n t r e mim e t i

Se o r i o m an t iver o n í v e l , pode­

remos a t r a v e s s á - lo

0 rapaz coni que falamo3 o n te m . . .

0 m i n i s t r o , r e f e r i n d o - s e á v i s i ­

t a do Papa à A rg e n t in a , d i s ­

se q u e . . .

Linguagem descu idada

Se eu v e r que não v a le a p e n a . . .

Hoje viemos c o n v id a - l o p a r a . . .

Nao p i s e - p i s a n e sse t a p e t e

nã l ic e n ç a p a ra mim s a i r

Não h ã nada e n t r e eu c tu

Sc o r i u m anter o n í v e l , pode­

mos a t r a v e s s a - l o

O rapaz que falamos ontem eoo e l e .

0 m i n i s t r o , r e f e r in d o - a e S v i s i t a

do Papa B A rg e n t in a , e l e d i s ­

s e q u e . . .

As v a r ia ç õ e s ocorrem em v á r io s n í v e i s da g ra m á t ic a , ( f o ­

n o lo g ic o , s i n t á t i r o , l e x i c a l ) , como argumentam os exemplos s e g u in te s :

Ponolõgico: o n t cy - on t i ; pa lh r i ro - palli e ro ;

co r u j a - c u r u j a ; t c a t r o - t i a t r o ; so - t o a ; desp reocu­

pado - d i sprcocupado ~ d o preocupado; p ró p r io - p r o p ío ; conse­

qüentemente - conscqüenteoen t i - conseqllen t imen t i ; nenen -

Rene.

l .éx ico: p a rada - p o n to ; v i ta m in a - b a t i d a ; b a t i d a (de c a r ­

ro ) - pechada; a u to - c a r r o ; gu r i - menino; b ò ia ~ almoço; h o r r o r ~

b a rb a r id a d e ; c e n t r o - c id ad e ; e s t r a d a - f a ix a ; t a n g e r in a - borgamota;

b o l in h a de gude - boi i t a ; s i n a l - s i n a l e i r a ; p a l i t a r - c a p a l i Car; co­

b ra d o r - t r o c a d n r ; l a n c h e r i a - lan c h o n e te ; pandorga - p in a ; j a n t a r -

j a n t a ; apurado - ap ressado .

39

S i n t e t i c o : t u f i z e s t e ~ t u f e z ; tudo bom? - tudo bem?; t e ­

nho de t r a b a lh a r - ter.hu que t r a b a l h a r ; f a lo u conosco ~ fa lo u com nos;

recém cheguei - cheguei h ã pouco; Q u in tan a , o p o e ta gaúcho, p r e t e n d e . . .

- Q u in tan a , o p o e ta gaúcho, e l e p r e t e n d e . . . ; Pedro lhe v iu ontem - r e ­

d ro o v iu ontem; Hora na r u a t a l - Móea à r u a " t a l ; Onde e l e mora? -

Onde s e r a que e le mora?; 0 problema I :os impostos - O problema são

os im pos tos ; A cape la c u ja demolição se d i s c u t e - A c a p e la que se d i s ­

c u te a demoliç&o; Onde e s t á o l iv r o ? - Que de o l i v r o ? ; Os p ré d io s

a n t ig o s ~ Os p ré d io a n t i g o .

Quandu as c i r c u n s t â n c i a s de l u g a r , meio am bien te , c l a s s e

s o c i a l , p r o f i s s ã o e idade ou o u t r o s f a t o r e s s o c i o c u l t u r a i s o fe rc c cn

r e sp a ld o p a ra e s se s d e sv io s do s i s t e m a u n i t á r i o , increm en tando-lhes

o uao , assumem c ie s um comportamento r e g u l a r eoa r e s t r i ç õ e s tão n i ­

t idam en te h ieT arqu izadas que tomam o c a r á t e r dc r e g r a g r a m a t i c a l .

D ian te d i s s o é f r á g i l a su s te n ta ç ã o da d ico tom ia competência e pe r­

formance nos termos em que v in h a sendo p o s ta .

0 SUBS1STKMA E A NORMA

Pouco sc sabe da Norma, p u i s não tem a inda m erecido dos

l i n g ü i s t a s a dev ida a te n ç ã o , mas te tao - la sempre v incu lada ao uso.

O ra , a d m i t in d o -se , diant.c do e x p o s to , que o subsis tem-i e s t a mais

próximo do que o s i s te m a do uso que o ind iv íduo faz de sua c ap ac id a ­

de l i n g ü í s t i c a , p re ssu p õ e -se que e l e o r i e n t e alguma ten d ê n c ia norma­

t i v a em to rn o da f a l a da c la s s e de maior p r e s t í g i o , s o c i a l , r e l i g i o ­

so ou c u l t u r a l , em conformidade com v a lo r e s e s s e n c i a i s do grupo.

UO

Mas quando se t r a l a de norma corno T Tngua-Padr'no, as ambigüidades

que o termo s u s c i t a s i o pung en te s , c r iando d isc u ssõ e s por v e 2es pou­

co e lu c i d a t i v a s .

S c r i a de e s p e ra r que a LÍngua-Padran s u r g i s s e daquela t o r ­

ta*, no caso e s p e c í f i c o de uma l ín g u a fa la d a en t e r r i t o r i o extenso

como o B r a s i l que , n a tu ra lm e n te , sob o f lu x o de f a to r e s s o c io c u l tu -

r a Í 8 , so b re p u ja s se as demais , m anifes tando ura tendência geTfll. Es­

se s e r i a a nosso v e r o caminho n a tu ra l de uma l ín g u a -p ad rao .

A h i s t ó r i a das l ín g u a s n ac ionais nos mostram, to d a v ia ,

que normas são por v e zes e n t id a d es i n s t i t u c io n a l i z a d a s po r v i a s po­

l í t i c a s ou acadêmicas de esmaecidos laço s com os a toa concre to* da

comunicação.

De a t i t u d e s p u r i s t a s , v o l ta d a s p a ra o p a ssad e , também «e

depreendem normas que não r a ro p e rs i s tem no tempo, a t ra v és do e n s i ­

no, com d e s a s t r o s o s r e s u l t a d o s p a ra o desenvolvimento de h a b i l i d a ­

des l i n g ü í s t i c a s i n d iv i d u a i s .

Se levarmos em conta que os meios moderno.-, de comunica­

ção vêm reduzindo considerave lm en te o número de pessoas que c u l t i '

vam o h á b i to de 1e r , to d a norma que tenha por base a e s c r i t a , r e s ­

pondera negativam ente ao c a r á t e r func ional da l ín g u a nas soc iedades

de no9sos d i a s .

O utra a l t e r n a t i v a s e r i a pensar en LÍngua-l*adrão cozo um

con jun to de r e g ra s in d u z id as de um grande corpus onde todos os sub-

s i s t e m a s e s t i v e s s e s r e p re s e n ta d o s , a inda que s e l e t i v o s com r e s p e i to

«.1

i c l a s s e so e . ia l .

T a l p r o p o r r à t e r i a c o n d iç õ e s de i i c p o r - s e , sob i n f l u ê n c i a

d* i n s t i t u i ç õ e s i n t e r v e n i e n t e » , e n r a z ã o de s u a b a s e e m p í r i c a . To­

d a v i a p o r t c a t a r - s o de demanda de m ú l t i p l o s e n v o lv im e n to s , p o d e rá

v i r a f a l h a r cono RodeLo v i v o d e r e a l con temp o r .-me id ado.

E , p o i s , de po n to n d e v i s t a d i v e r s o s que nascem d i v e r s i -

f i ç a d a s n o r m a s • Mas v a l e n o t a r que e n t r e s i s t e m a e norma h á uma d i ­

f e r e n ç a b á s i c a . E n q u an to a norma e em in e n te m e n te s o c i a l , o s i s t e m a é

e m in e n t emeu t e l i n g u i s t i c o , embora e x p o s t o a f a t o r e s s o c i a i s , f. p o r

i s s o q u e to d o i n d i v í d u o e c a p a z de i d e n t i f i c a r o r a ç õ e s n ã o - g r a m a t i c a i s

ou e s t r a n a h a s ao d i s c u r s o ou f a l a da comunidade a que p e r t e n c e como

tac h e m p o d e f a z e r j u í z o s de e s t e t i c a , c o n s i d e r a n d o c e r t o s d i a l e t o s

m a is b e l o s que o u t r o s , mas n a o s e r i a c a p a z de s e p a r a r o j o i o do t r i g o ,

quando s e t r a t a de i d e n t i f i c a r , e n t r e as n o rm a s , a L ín g u a - P a d r ã o , a

menos q u e e s t e j a amparado em alguma e s p í c i e de mandamento, c õ d ig o ou

l e i .

RFFERfSClAS BMLlOCaÃITCAS

CÂMARA J E . , J .M . H i s t ó r i a d a L i n g ü í s t i c a . P e t r o p o 11s , Vozes .

LAROV, W i l l i a m . L anguage i u t h e i n n e r c i t y . U n i v e r s i t y o f

P e n n s y l v a n ia P r e s s , 1972 .

REY, A l a i n . Language e t T e m p o r a l i t é s . I n : L angag e s , 3 2 . D i d i e r

L a r o u s s e , 1973.

VEItíRElCH, U r i a l , W i l l i a m l.abov and l l a r v in g H erzo g . Em p i r i c a l

f o u n d a t i o n s f o r a t h e o r y o f l an g u a g e c h a n g e . I n : D i­

r e c t i o n s f o r h i s t o r i c a l l i n g u i s t i c s . Bd. by W infred

Lehman and Yakov H a l k i o l . A u s t i n , Un. Texas P r e s s , 1968.

92

fesa Redonda 3: 0 Discurso nas Formas In s tituciom is de Educação

Coordenador: Eni Pulcinelli Orlandi

Participantes: Lui* Antonio Marcuschi

Sírio Possenti

Erinrita de Miranda flotta

Dia: 12 de julho

Hora: das 15 às 18 horas

CRÍTICAS PODEROSAS

Eni P u l c i n e l l i O rlandi

(UN ICAM')

Ao tomar a p a la v r a p a r a coordenar e s s a m esa-redonda,

g o s t a r i a de mudar a q u a l id a d e da minha p a r t i c i p a ç ã o : Não ce coloco

cobo coordenadora mas coco a p re se n ta d o ra . E , n e s sa q u a l id a d e , a

quee tao que me faço e : que c o n t r ib u i ç ã o eu p o d e r ia de r enquanto a -

p re sen ta d o ra?

O a ssu n to c meu conhecido: o d i s c u r s o nas formas in s ­

t i t u c i o n a i s da educação. Conhecido por causa da minha p r a t i c a , co­

n hec ido porque- há j á algum tempo o o b je to de minha r e f l e x ã o . Em 78,

e n f r e n t e i o d i s c u r s o pedagògico e r e s s a l t e i a sua c i r c u la r id a d e e o

seu c a r á t e r a u t o r i t á r i o : Sua a r b i t r a r i e d a d e ê c a r a c t e r i z a d a p e lo f a ­

to de que sua r e v e r s i b i l i d a d e tende a zero (não se dá a p a l a v r a ) , h ã

um ag en te ú n ico (aquele que tem q poder de d i z e r ) , » p o ü s s e c . a è

M3

c o n t id a (se co lo c a o s e n t id o u n ic o ) , o d i z e r re co b re o s e r (o r e f e ­

r e n t e e s t a o b a c u rc c id o ) ‘ .

C o sc a r ia aqu i de a b r i r um p a r ê n te s e s p a r a f a z e r a lgu­

mas o bse rvações a r e s p e i t o des t ip o s de d i s c u r s o . P r i c e i ram eute , gos­

t a r i a de f r i s a r que , ao c a r a c t e r i z a r o d i s c u r s o a u t o r i t á r i o , p a r to

de c r i t é r i o s que t i s a v e r con a r e la ç ã o de i n t e r a ç ã o que a l in g u a ­

gem envolve (a r e v e r s i b i l i d n d e e a p o l i s s e o i a ) . n e ssa forma, procu­

ro a f a s t a r a p o s s ib i l i d a d e de se e n te n d e r o t i p o d e n tro de um c r i t é ­

r i o é t i c o em que s e re lac io n assem os t i p o s a q u a l id a d es dos i n t e r l o ­

c u to r e s , como bondade, maldade, e t c . Sn o faço e p a ra e v i t a r o des­

l i z e p a ra uma p o s iç ão m an iq u e ís ta . Por o u t ro l a d o , o c o n c e i to de l ú ­

d ico nada tem a v e r com a g r a tu id a d e . 0 l ú d ic o , segundo o que procu­

r o d e te rm in a r , tem a s e r i e d a d e p r e s e n te no im a g in á r io , no d i s c u r so

l i t e r á r i o , no d e l í r i o p s i c a n a l i t i c o , no sonho, e t c ,

fca 1980, em uoa mesa-redonda da SHPC, a v a n c e i , em r e l a ­

ção à c r í t i c a do c a r á t e r a u t o r i t á r i o desse d i s c u r s o , uma p ro p o s ta .

E s ta p r o p o s t a , p a r t i a da i d é i a de que e n s i n a r , em s i , não e nem d e i ­

xa dc s e r a r b i t r a r i o , o que c o n s t i t u i uma a r b i t r a r i e d a d e é a id eo lo ­

g i a que p r e s id e a p r á t i c a pedagogica . Oc acordo com e s s a p e r s p e c t i ­

v a , propunha, e n tã o , que se i n s t a u r a s s e na e s c o la o d i s c u r s o polêmi­

co , co n f ig u ra n d o -se a e s c o la como lu g a r de c r í t i c a . Assim, cu não

a t r i b u í a un c a r á t e r e ssenciaIm ence a r b i t r á r i o ao sa b e r : h a v e r i a um

sa b e r a r b i t r á r i o c o n s t i t u í d o p e lo d i s c u r s o pedagogico a u t o r i t á r i o ,

mas taabêm s p o s s ib i l i d a d e de um sa b e r c r í l i c o c o n s t i t u í d o p e lo d i s ­

curso pedagógico polemico. K i s s o tem a v e r con as condições de pro­

nti

dução d esse s d i s c u r s o s , ou s e j a , com bs condições h i s t ó r i c o - s o c i a i s

cm que e l e s se configuram. Quanto ao sa b e r , e n tã o , eu d i r i a que ha

formas de s a b e r que são d i f e r e n t e s c que t ê n funções s o c i a i s d i f e r e n ­

tes usa vez que p o a s i b î l i tans, ou não, a e la b o raç ã o , a c r í t i c a , üm

problema, e n tã o , a s e r pensado e o e s t a t u t o «piatemico a t r i b u íd o ãs

d i f e r e n t e s formas do s a b e r . Em termos da r e la ç ã o de i n tc r lo c u ç a o -

r e la ç ã o de i n te r a ç ã o e n t r e f a ln n te - o u v in t c - a p ro p o s ta e r a a de que

e r a p r e c i s o se ap render a o u v i r , ou 6 e ja , d e ix a r lu g ar no d iscu rso

pedagogico p a r a que o o u v in te não f i c a s s e c r i s t a l i z a d o na sua posi­

ção dc o u v in te , que f o s s e p o ss ív e l a r e v e r s i b i l i d a d e , o dinamica do«

s e n t id o s e , p e lo menos, a d i s p u ta p e la tomada da p a l a v r a . Que se r e ­

cuperasse o o b je to da r e f l e x ã o , i s t o ê , o r e f e r e n t e do d i s c u r so pe­

dagógico , e que se q ues t ionassem os im p l í c i t o s , o c a r á t e r in fo rm a t i ­

vo do DP e se a t in g i s s e m seus e f e i t o s dc s e n t id o . Indo mais alêtn d i ­

z i a mesmo que se d ev ia poder imaginar uma o u t r a soc iedade seu e sc o la .

Mais r e cen tem en te , ao a p re se n ta r na ABA (1982) um t r a b a ­

lho sobre educação in d íg e n a , r e f l e t i sobre o f a t o dc que nao e s u f i ­

c i e n t e se d i z e r que é p r e c i s o se o u v i r o o u t ro (o a p r e n d iz ) , no caso,

o í n d i o , p o is há uma dec i inação p a t e r n a l i s t a d essa p ro p o s ta que sc ex­

p re s s a pe lo s e g u i n t e ” 1 p r e c i s o o u v i r o í n d io p a ra m o d if i c ã - lo " . Sen­

do que a d i r e ç ã o da m od if icação e sempre a mesma: a dada p r i a c u l tu r a

dominante. 0 que p ro c u re i f a z e r , e n tã o , fo i d e f i n i r , de form9 não pa­

t e r n a l i s t a , o que s e r i a " o u v i r o ín d io " .

A p a r t i r d esse meu con tacto com a q u e s tão d ram ática co­

locada p e la educação, n esse momento da h i s t ó r i a da nação in d íg en a .

95

v o l t e i a pensar a s i t u a ç ã o in te rn a a n o ssa p r o p r i a c u l t u r a . Se, no

i n í c i o das minhas p e s q u i s a s , eu achava s u f i c i e n t e se propor que sc

e n f ia s s e um pouco mais de v id a na nossa e s c o la , a t r a v é s do d isc u rso

polêmico (uma vez que nao considero p o s s ív e l se i n s t a u r a r o l ú d ic o ) ,

h o j e , as condições en que eßsa p ropos ta ê v i s t a j ã é ino pouco d i f e ­

r e n t e . E cu p r e f i r o , h o j e , e n f a t i z a r que a c i r c u ì a r id a d e e o a u t o r i ­

tar ism o não se dão apenas na e sc o la e que nao e p o s s ív e l s e pensar

as r e laçõ es da e s c o la sem-pensar as r e la ç õ e s s o c i a i s em g e r a l . Por

que e n f a t i z o e s se aspecto? Tenho observado que a c r í t i c a n e sc o la

e s t a acontecendo com uma o n s i s t ê n c i a t um tom que nao podem s e r ca->

s u a i s . E s tá f á c i l demais c r i t i c a r s e s c o la e eu começo a d e sc o n f ia r

dessa f a c i l i d a d e . B asta sc observar oa j o r n a i s : v i o l ê n c i a nas escd -

l a s , f a l t a de competência dos educadores , e t c . M ul t ip l ica m -se con­

g re s so s , p r o j e t o s de p e sq u isa sobre educação, e l e .

Antes üe p r o s s e g u i r , g o s t a r i a de obse rvar que se tem

confundido competência e a u to r i t a r i s m o . P s ra mim, o co n ce i to de com­

p e tê n c ia deve poder aco lh e r a polemica, a c r í t i c a . 0 a u to r i t a r i s m o ,

e n tão , í* a negação do competência. Eu p ro p o r ia uma o u t r a d i s t in ç ã o :

A que e x i s t e e n t r e competência e e f i c á c i a i n t e r n a ao s i s t e m a . Desse

ponto de v i s t o , o d i s c u r s o pedagógico nao e s t á tendo e f i c á c i a , i s t o

ê , no s i s tem a educacional v ig e n te , -nao se e s t a conseguindo nem mes­

so r e p ro d u z i r adequãdamente p a ra o s i s t e m a . 0 f r a c a s s o e n tã o , v i s t o

áa p e r s p e c t iv a do s i s t e m a , parece-me, e a n te s de tudo uma questão

de e f i c á c i a . F. não e e s t a que me preocupa, enquanto c r í t i c a .

I s s o tudo me leva a p e rg u n ta r p o r que sc c r i t i c a a c s -

L6

c o la co« t a l abundância? Se , e x c e r to momento, f a z e r a c r ì t i c a da

e s c o la , ou de urna c e r t a e x c o la , b a s ta v a cm s i como f a t o r d e c i s iv o

p a r a r e f l e t i r m o s sobre n o ssa p r a t i c a , Hoje , i s t o não c s u f i c i e n t e .

Tem que se d i s t i n g u i r e n t r e c r í t i c a s e c r í t i c a s . C re io que alguma

c o is a so e s t á o cu ltando quando se coloca a e s c o la como lu g a r p r i v i “

leg ia d o da c r i s e . Kixando-mc c a um determinado t i p o de c r í t i c a que

se to rnou muito comum, a r r i s c o , e n tã o , as s e g u in te s h ip ó te s e s p a ra

e n te n d e r o escopo d essa s c r í t i c a s :

a) Kao s e r i a j ã e s t a uma forma do d i s c u r s o dominante

da e s c o la , ou s e j a , do d i s c u r s o do poder dominante? Tsto pode p a re ­

cer mais c larem enre quando sc p r e s t a a tenção ao que se s e l e c io n a ,

ou s e j a , ao que se tem p r e f e r i d o como o b je to de c r í t i c a : se p a r t i ­

c o la r i z a , se d i s t r ib u e m re sp o n sa b i l id a d e s a n ív e l i n d i v i d u a l , se f a ­

l a em t e r m o s j o r n a l í s t i c o s s e n s a c i o n a i s , e t c , Messe momento e que se

pode r e v e l a r o r e c o r t e f e i t o p a io d i s c u r so dominante. I s t o c . p a r c e -

- s e da c o n s ta taç ã o ge ra l de que hã uma c r i s e na e s c o la c d epo is se

se lecionam os f a t o r e s , o s e n t id o da c r i s e , e t c . A n a l is an d o -se e s t a s

c r í t i c a s a t r a v e s da r e la ç ã o que todo d i s c u r s o tem, ao r .o e . s t i tu i r uma

formação d i s c u r s i v a , com a formação id e o l o g i c a , e s t a s c r í t i c a s podem

s e r v i s t a s como d i s c u r s o s que fazem p a r t e de ce r t a s formações d i s c u r ­

s iv a s que , po r sua v e z , adquirem se n t id o s e s p e c í f i c o s por e s t a b e le c e ­

rem r e la ç õ e s determ inadas com a fo rnaçao i d e o ló g ic a dominanre. Quer

d i z e r , também a c r i t i c a teci a sua i d e o l o g i a , e o que p r o c u re i d e te r ­

minar fo i o l u g a r id e o ló g ic o de uma c e r t a e s p é c i e de c r í t i c a . Exem­

p lo : (Folha de Sao Paulo) "P c s n u is a i n d ic a que o» a lunos sao o p r i r i -

4?

doa: A e s c o la e uma i n s t i t u i ç ã o c le i a d o problem as, com g en te p r o b le ­

m á t ica do seu i n t e r i o r c quo se l i m i t a a i s tem.itic.-unente a e r e d i t a r

aos a lu n o s , seus p a i s e ao meio s o c i a l de onde p roven , a cu lp a pe los

a l t í s s i m o s ín d ic e s de e v a s ã o . • . e t c " "As e sc o la s sao p u n i t i v a s , r e p r e s ­

s i v a s p e la e sp e c ic de p r o f e s s o r . . . " Quer d izer ,com eçou a caça às b ru ­

x a s . . . P a ra mim, r e la ç õ e s a u t o r i t á r i a s não sao q u es tão du acusações

p e s s o a i s nas são r e la ç õ e s s o c i a i s e s t a b e l e c id a s d en tro de ua contex­

to s õ c i o - h i s t õ r i c o . Assim, e s se d i s c u r s o so b re a e s c o la j á c in co rp o ­

ração e domesticação da voz c r i t i c a . Coca e s t e d i z e r , o c u l t a s - s e ques­

tõ es que s e re fe rem por exemplo ao problema do en s in o pago , das con­

d içõ es de t r a b a lh o e dc e s t u d o , e t c . S u a _ d is cu rso que absorve aa

c r i t i c a s p a ra manter o mesmo em o u t ro l u g a r . 0 nosso tao conhecido

mudar p a ra c o n t in u a r .

b ) Se rá que ao se c o lo c a r a e s c o la como a lv o d e s sa en­

x u r rad a c r i t i c a , não se e s t á colocando que ao se r e s o l v e r a c r i s e da

e s c o la s e r e s o lv e a c r i s e s o c i a l g e ra l? Ou, p e lo menos, não se e s t á

ex tra p o la n d o a im p o r tân c ia dada? E n tão , ao se co lo c a r na e s c o la o

grande problema s o c i a l d e ix a - s e de d i s c u t i r problemas s o c i a i s tão ou

mais d e c i s iv o s e con tunden tes .

E s ta s duas q u e s tõ e s que co loco si tuara um c e r to t i p o de

c r i t i c a como duas formas de i l u s ã o , de ocu ltam en to . Por i s s o e que

co n s id e ro que s« deve c u id a r dó s e n t id o que queremos d a r às c r i t i c a s .

E la s têm n ecessa r iam e n te uma d i r e ç ã o e um compromisso.

Dessa forma, retomando o que propus no i n í c i o d e s sa a -

p r e s e n ta ç ã » , quando mc pe rgun tava so b re a p a r t i c i p a ç ã o que p o d e r ia

. b8

oLcr, cu d i r i a que c i a r dúp la : d r ura Lado I q u e s t io n a r o Lugar,

compromisso, a d i r e ç ã o p a ra que apontam as c r í t i c a s , e de o u t ro (e

e s s a e a minila p a r t i c i p a ç a o mais p ró p r ia n esse •wmento) e p a s sa r a

p a la v ra aos meus co legas S í r i o , .Harcuadii e Krimi t a .

NOTAS:

1) A r e s p e i t o da d i s t i n ç ã o dos t r ê s t ip o s de d i s c u r so - l u d ic o , po­

lemico e a u t o r i t á r i o - v e r , e n t r e o u t r o s , o t e x to "Para quem e o d i s ­

cu rso pedagog ico" . Ternas de c i ê n c i a humanas, no p r e lo . Segundo o que

e l a b o r e i naque le t r a b a lh o , podemos c a r a c t e r i z a r os t ip o s de d i s c u r so

da forma a s e g u i r :

D iscu rso L údico : d i s c u r s o no qual a re v e rs i b i l id ad o ( t ro c a de papéis)

e n t r e i n t e r l o c u t o r e s é t o t a l e o o b je to do d i s c u r s o ? mantido como

t a l na i n t e r l o c u ç ã o , r e s u l ta n d o a p o l is se m ia a b e r t a (tem-se uma mul­

t i p l i c i d a d e de s e n t i d o s ) . 0 exagero é o "non sen se" .

D iscu rso Polem ico: d i s c u r s o no q u a l a re v e rs i b i 1 idade, oco rre sob c e r ­

t a s condições e no qual o o b je to de d isc u rso e s t á p re sen te mas p a r t i ­

c u la r ! rado segundo as p e r s p e c t iv a s dos d i f e r e n te s i n t e r l o c u t o r e s que

tentam lhe dar uma d i r e ç ã o . A p o l is se m ia é c o n tro lad a (tem-se alguns

s e n t id o s ) ; o exagero é a i n j u r i a .

D iscu rso A u t o r i t á r i o : d i s c u r s o no qual a r e v e r s i b i 1 idade tende a zero

e no q u a l o o b je to de d i s c u r s o e s t à o c u l to p e lo d i z e r . Ilá ura agente

e x c lu s iv o e a p o l is s e m ia e c o n t id a (tem-se o s e n t id o ) . 0 exagero é a

ordem no s e n t id o m i l i t a r . R esta d i z e r que o d isc u rso polêmico procura

a s i m e t r i a , o a u t o r i t a r i o a a s s i m e t r i a de cima p a r a baixo e o lúdico

nno se co tona n problema da s i m e t r i a .

'•9

A KXPLORAÇÃQ ANALITICA DOS DISCURSOS NAS

FORMAS INSTITUCIONAIS OR EDUCAÇÃO

Luiz Antonio Marcus chi

( L e t r a s - UFPE)

Perm itBm-ne que i n i c i e com a lg u n s truismo.-:. P r i œ i r o:

Nem tudo o que um te x to comunica e determinado por a q u i lo que e le

d i z . í muito corami o uso de um enunciado X p ra e x p r e s s a r o conteúdo

de ou tro Y. Embora obvio e s se p r i n c í p i o , veremos logo , é uma das

ig n o ra n e !aa b á s ic a s nas e s t r a t é g i a s e x p lo r a tó r i a s dos t e x to s e s c o la ­

r e s . Segundo; £ p ra t icam en te impossível uma v i s ã o de con jtc i to da i -

mensa massa de manuais usados desde e p r c - a l f a b e t i zaç io a te o jEinal

do 2? Orau. Contudo, ap esa r d essa mu' t i p l i c i d a d e e d i t o r i a l , a v . i r i a -

çôd de conceudo c n cada a re a e bem menor do que s e r i a dc e s p e r a r . 0

mais comum é a r e p e t iç ã o de f o n t e s , te c a s e e x e r c í c i o s , sendu peque­

na a c r i a t i v i d a d e . Tenos a í usa e spéc ie de f u n i l c o n te u d í sLieo: de

i n í c i o , v a s ta massa e d i t o r i a l ; d ep o is , um tu b o , t a lv e z um f i l t r o , que

desemboca um reduzido conL«-udo na e s c o la . As inovaçoes sao poucas c

algu~as beiram o experimentalism o lev iano fundado em m a l -a s s imi 1 ados

modelos da moda. Km su a a , o d i s c u r s o cas formas i n s t i t u c i o n a i s de e -

ducaçáo, mesimi d isp e rso em inúmeros t í t u l o s d i f e r e n t e s , c m a té r i a

menos v á r ia do que se quer . As v a r iaçõ es mais n o tá v e i s f icam por con­

t a dc i n i c i a t i v a s pedagógicas , c u ja repercu ssão no conteúdo, mais do

que in v e s t ig a d a , é supos ta .

Sei que rrtiitos t e n t a rã o p rovar que e s se " d i s c u r so da e s -

if.

c o la " e menos m o n o l í t ic o do que e s to » in s inuando . Pa ra a a rea de en­

s i n o de l ín g u a p e lo menos t a l p rova não s e r ã f á c i l , p o is a l i os t e x ­

to s exp lo rados são cm sua m a io r ia e x t r a íd o s da l i t e r a t u r a c repetem-

•;e • com r e l a t i v a cons enei a . Poucos sao os a u to re s de nanuais que sc

a trevem a p ro d u z i r seus t e x to s e i s t o , provavolm«nte , p e la cons­

c i ê n c i a dc que escrevem mal, não sendo recomendado e x p o r -s e . Com os

o u t r o s t e x t o s , na a rca de H i s t ó r i a , Moral e Civismo (com v á r io s t í ­

t u lo s p e r i f r a s t i c o * ) . C iênc ias S o c i a i s , e tc . . , as d i f e re n ç a s são um

pouco m aio res , mas a ao sao grandes . Essa monotonia c o n te u d í s t i c a

tem, a in d a , ao seu lado a f i d e l i d a d e de. uma quase c o n o l i t i c idade i -

d c o ló g ic a . K com i s t o saímos dos t ru ísm os p a ra o que de f a to p r e te n ­

do p ropor p a r a d i s c u s sã o .

No oeu e n te n d e r , mais g rave que o conteúdo dos t ex to s

ap rese n tad o s p a ra aprendizagem e s c o l a r , I o m e ta -d is cu rso p roposto

par.» a ex p lo ra çã o a n a l í t i c a ou formal d e sse s mesmos t e x t o s . E s te ê

o problema do aqu i abordado c e t a d i s c u r s o i n s t i t u c i o n a l .

A m aio r ia dos t e x to s programados p a r a o en s in o nos d i ­

v e rso s graus e s c o la r e s recebem um t ra tam e n to e p is tem o lo g ico como s e

funcionassem apenas ao n ív e l l i t e r a l . 0 p ro c asso do d i z e r c v i s t o

como l i n e a r , t r a n s p a r e n te c s c i a r e e p i d e m i c o . Con i s t o p ro e rd e -se

a uma e sp é c ie de a n e s t e s i a i n t e r p r e t a t i v a e toda a compreensão e

tomada como o p roduto imediato de re sp o s ta s a 'ca pequeno r constan ­

t e acervo de p e rg u n ta s , l is te e o procedimento a que passo a d e s ig ­

n a r po r método e s w e n c ia l i s tn de aná l i s e .

Assim, as e s t r a t é g i a s de exp lo ração t e x tu a l adotadas

b l

p e l a Kscola a l Lai naia todo t i p o de c o n f l i t o s p r e s e n te s ou l a t e n te s , -

adotando um p ro c e s s o de i d e n t i f i c a ç ã o de conteúdos e s s e n c i a l i a t a s .

0 m e ta -d i s cu rso exp 1 o r a t o r i o ? l i v r o de tensoos e hu sca a p a r á f r a s e

f i e l e n co n t rad a sempre n a s u p e r f í c i e do d i re tam en te a f irm ado . Há um

t o t a l esquecimento do n í v e l da enunciaçao e permanece-se na constan ­

t e e s t á t i c a e r í g i d a do e n unciado , como se e s t e e n c e r r a s s e codas aa

p o s s ib i l i d a d e s de l e i t u r a . Esse M U d i s c u r s o i n s t i t u c i o n a l b a s c ia -

s e ' cm in s t r u ç õ e s m e t a f í s i c a s d e f in id a s que determinam a l e i t u r a e

a re te n çã o de con teúdos .

S e r i com base n e s sa h ip ó te se do t r a b a lh o que ch eg a re i

a a f i rm a r que a e s c o lh a dos t e x t o s p a ra a n á l i s e tem. do ponto de v i s ­

t a do con teúdo , um c a r á t e r quase que se c u n d á r io , uma v e r que o xoéto-

do de exp lo ração t e x t u a l n i v e l a tudo. Justamence por i s s o é que a te

agora f o i im p o r ta n te d i s c u t i r o a sp ec to id e o lo g ic o dos d i s c u r s o da

e s c o la , mas n a medida cm que passamos a d e d ic a r mais a ten çao ao p ro ­

blema das e s t r a t é g i a s de a n a l i s e t e x t u a l , toda aque la d i s c u s sã o so­

b re i d e o lo g ia f i c a subsumida na n a tu re z a do in s t ru m e n to que se mon­

t a r p a ra t a l a n á l i s e . Po is e s s e in s t ru m en to sc t r a n s fo rm a rá numa e s ­

p é c ie dc b ú s s o la n o r t e n d o r a , pouco importando em que águas t e x t u a i s

se navegue. Em termos menos to r tu o s o s eu d i r i a que o n í v e l c r í t i c o

da a n a l i s e tem seu lado c r u c i a l mais n a p ro p o s ta m etodo lóg ica da ex­

p lo raç ão que na e s c o lh a de t e x to s p a ra a n a l i s e .

Uma vez form ulada a t e s e c e n t r a l , vejamos agora em que

me b a s e io p a r a c n u n c l a - l a . Como sabemos, os manuais de e n s in o - p r in ­

c ipa lm ente os de en s in o de l ín g u a - seguem uma e s t r u t u r a g e ra l muito

b?

hcxnogêne*, com as v a r ia ç õ e s n a i s s e n s ív e i s no a sp ec to d i d á t i c o que

envolvi» al ft am .13 noções t e ó r i c a s . Modo hoje c p a u ta r todo o t r a b a lh o

s o b re um pano de fundo p ro v en ien te de uma g en é r ica t e o r i a da comu­

n ic a ç ã o . Os manuais dc en s in o de l in g u a geralmente seguem u se g u in ­

t e esquema: er. p r im e i ro lu g ar vem um tex to de l e i t u r a ; depois seguem

algumas in s t r u ç õ e s t a i s como: l e i a cui dados «mente o t e x t o : d ig a o

a ssu n to c o n t r a i ; era q u a n ta s p a r t e s se d iv id e ? . E en tã o aparecem a l ­

gumas pe rg u n ta s a r e s p e i t o do con teúdo , que seguem o velho esquema

a r i s t o t e l i c o s i s t e m a t iz a d o na Idade Média p u la E s c o lã s t i c a : o quê.?;

quem?; como?; quando?; onde?; p a r a que?; por quê?; e t c . Eeßas in d a ­

gações no r te iam t a n t o o r o t e i r o da n a r r a t i v a como da i n t e r p r e t a ­

ç ão , deixandu tudo ao n í v e l do e x p l íY i to . A e s t a exp lo ração conteur-

d í s t i c a segue uma a n a l i s e l e x i c a l i a t a para compreensão de p a lav ras

(montagem de un g l o s s á r i o ) , momento do e x e r c íc io p e r i f r a s t i c o e , f i ­

n a lm en te , um e s tudo d i t o g ra m a t ic a l sobre concordância s , r e g ê n c ia s ,

conjugações e outTas p a r t e s g r a m a t i c a i s . Em alguns casos temos, c e s ­

sas a l t u r a s , o mcoento d a c r i a t i v i d a d e , onde cada qual pude p roceder

a alguma n a r r a t i v a lendo como motivo algum pensamento dado pe lo pro­

f e s s o r oc su g e s tã o t i r a d a do t e x t o ^ .

£ óbv io que s i m p l i f i q u e i um bocado as c o is a s na esque-

m atizaçao acima. Mas, deixando de lado as questões g r a m a t i c a i s , as

t e o r i z a ç õ e s em t o m o da l i t e r a t u r a e a s informações h i s t ó r i c o - f a c tu ­

a l s ( v id a de a u to r e s , e s t i l o s dc época , d a ta s , e t c . ) , i n t e r e s s a - : «

aqu i s implesmente a e x p lo ra çã o dos t e x t o s , j á que a l i e s t a o a l i c e r ­

ce p a r a » r e s t o , ou s e j a , p a ra o e s t r u tu r a ç ã o de todo o unsi no pos-

S3

t c r i o r , r. ou lardo cou i s t o un padrao du l e i t u r a . Padrao e s t e que s e ­

r á u t i l i z a d o c a todos os estudos e s c o l a r e s , s e j a de l ín g u a , de His­

t o r i a , de C iênc ias S o c i a i s , O .S .P .B . , Matemática ou G eograf ia .

Sob u s t e aspecto cabe aqu i uca a l e r t a a r e s p e i t o de un

tema a u i t o a tu a l na L in g u i s t i c a do Eomcnto. T r a t a - s e dos r ecen te s

estudos sobre l ei t u r a que vco ' ne rerendo as a ten çõ es de p ro je to s de

p e sq u isa , d i s s e r t a ç õ e s de Mestrado, t e s e s de Doutorado e a té Encon­

t r o s e Simpósios de l i n g ü i s t a s . Esses t r a b a lh o s são estremamente

n e c e s s á r i o s , mas se nao houver a tenção p a r a e s s e s a sp e c to s os pró­

p r io s l in g l l i s t a s acabarão por endossar o método e s s e n c i a l i s ta aqui

esboçado.

Ler compreensivamente nao é apenas con seg u ir dar r e s ­

p o s ta s a ques tões que envolve» a cr.-m3p a r é n t i a s u p e r f i c i a l dos" tex ­

to s . Z , mais do que í s a o , sabe r ve r as in te n ç õ es s u b ja c e n te s e com­

preender o c e n á r io g e ra l onde o p ró p r io t e x t o s r i n s e r e . De pouco

adiantam os s o f i s t i c a d o s métodos dc mensuração da v e loc idade na l e i ­

t u r a ou o im por tan te conhecimento de como se p rocede n a i d e n t i f i c a ­

ção de s ignos e s ím bo los . I s s o não e n r iq u e c e rá as formas de compre­

ensão dos d i s c u r so s da e s c o la ou qua isq u er o u t r o s ; s e r v i r a p a ra obs-

c u re c e r c a s a compreensão, se nao se t i v e r c o n sc iê n c ia de seus propó­

s i t o s .

E com i s t o e n t r o num o u tro a sp e c to d e s t a abordagem.

Suspeito que os iniimerns e s tudos a r e s p e i t o da i d e o lo g ia su b ja ce n te

ao d i s c u r so das i n s t i t u i ç õ e s educacionais deveram-se p r e c i saliente ao

Cato de que o s i s c e n a dc exp loração t e x tu a l i n i b i a a p o s s ib i l id a d e

5b

de a e s c o la caminhar p a r a e s s e lado . Mas, na medida cm que se propu­

s e r u ra renovação do p rocesso de exp lo ração I bem p rovável que boa

p a r t e da r e f l e x ã o do a sp e c to puramente id e o lo g ic o se t o r n a r a super­

f l u a . E la p a s s a r á a f a z e r p a r te dos asp ec to s a serem subsuraidos nas

e s t r a t é g i a s da exp lo ração t e x t u a l . E n e s t e s e n t id o s e r ã o m uito mais

s i g n i f i c a t i v a s , p o is e s t a r ã o a t in g in d o d i r e ta m r n tc os i n t e r e s s a d o s .

Se a q ues tuo j a e d e l i c a d a em t e x t o s tao " in o c e n te s "

quan to os u t i l i z a d o s nos manuais para o en s in o de l í n g u a , m uito reais

s e r i a se t o m a no caao dos t e x to s de "moral e c ivismo" . " l l i s t õ r i a do

R r a s i l " , " c i ê n c i a s s o c i a i s " , po r exemplo. Aqui não só a a n a l i s e , mas

tanbêm a aprendizagem c o n t in u a sendo c s s e n c i a l i s c a . Vejamos alguns

exemplos c u r io so s de t e x t o s e r e s p e c t iv a s abordagens.

P r im e i ro um t e x t o muito conhecido na e s c o la p r im á r i a ,

so b re Educaçao Moral c C í v i c a ^ , que nao lem o menor pudor ao e n s i ­

n a r que " P a ra s e r f e l i z , o homem p r e c i s a p o s s u i r c o i s a s " ^ ' ^ . 0 pro­

blema nao ê a a f irm açao em s i , mas o que d e la d e co rre a p ro p ó s i to do

d r re i to de p o s s u i r , p o i s com i s s o j u s t i f i c a - s e que "o Governo não po­

d e , sob p r e t e x t o algum, se a p o ssa r da* p ro p r ie d a d e s p a r t i c u l a r e s " ^ " ^ .

Como e sse l i v r o move-se o tempo todo no e s t i l o do porcue e p a ra que,

do rotto e q o en , e t c . , a ex p lo ração do conteúdo id e o ló g ic o move-se no

se n t id o do endosso e do r e fo r ç o e nunca na l i n h a da r e f l e x ã o c r í t i c a .

ß no s e n t id o a í v i s t o que a exp lo ração dr c a r á t e r e s sen -

c i a l i s t a a que os t e x t o s da Kscola e s t ã o submetidos impede a r e f l e x ã o

c r í t i c a , e l im in a n r. tensões i d e o l ó g i c a s , ig n o ra r e la ç õ e s d i a l é t i c a s

e escam ote ia p ro cesso de amadurecimento das o p in iõ e s e m i t id a s , pois

55

a o b j e t i v o das q u e s tõ es e apenas d e c i f r a r os a sp e c to s afirm ados cx-

p l i ci lamente p a r a raea»>rizã-los co m mais. f a c i l i d a d e .

Vejamos um penúlt im o exemplo, e s t e e x t r a íd o de o u t ro

manual de O .S .P .B . usado nos cursos g i n a s i a i s e que , no fundo, não

p a s sa de uma H i s t ó r i a do B r a s i l c a m u f l a d a ^ . Ao f a l a r sobre o " e -

1emento negro" o a u to r assim se e x p re ssa : "A expansão da l a v o u ra ca­

n a v i e i r a de começo e , mais t a r d e , n do algodão foram as causas i n i ­

c i a i s da in t ro d u ç ã o do a f r i c a n o em t e r r a s de S an ta Cruz. A mineração

do sé c u lo &'11I e o c resc im ento da c u l t u r a do fumo e do c a f é , nesse

e no sc e u lo s e g u i n t e , forma por sua v ez , e s t ím u lo s m aiores p a ra que

aq u e la im igração fo rçad a ganhasse maior . in te n s id a d e " , (tea exp loração

adequada do t e x t o c i t a d o p o d e r ia i r alem das p ro p o s ta s indagações dc

p orque o negro teve que im ig ra r e quando i s s o t e r i a a co n tec id o . Se­

r i a p o s s ív e l in d ag a r a r a 2ao Hc o a u to r se t e r r e f e r i d o à e sc ra v id ão

como a " in t ro d u çã o do a f r i c a n o em T erra s de S a n ta Cruz" e i c - l a de­

nominado " im ig ração fo r ç a d a " . T a is indagações i r i a m além do esquema

c s s e n c i a l i s t a e buscariam s i t u a r a p r o p r i a e s t r u t u r a l e x i c a l ou s i n ­

t á t i c a ^ ' d e n t ro do v e io da enunciaçao e como p a r t e do conteúdo

t r a n s m i t id o .

Ite ú l t im o exemplo. Um n à t o usado manual de O .S.P.B . ^

de f in« o hocem como im "animal s o c i a l " , reform ulando conscientem ente

a e x p re ssão a r i s t o t e l i c a do "soon p o l i t ikon" . Po is no c i t a d o manual

os termos " p o l í t i c o " e " p o l í t i c a " são re se rv a d o s p a r a o s e g u in te uso:

" p o l í t i c a é a a r t e de ben a d m in i s t r a r os i n t e r e s s e s p ú b l ic o s" e "po­

l i t i c o i o in d iv íd u o que p a r t i c i p a da p o l í t i c a , ou s e j a , da adm in is-

56

t r a ç a o de. um E s t a d o ' . Coco s r v e , a mudança da d e f in i ç ã o de Homem de

" s e r p o l i t i co" p a ra " s e r s o c i a l " t e c razões que n’ao se deixem t r a i r

apenas no n í v e l l i t e r a l .

C re io quu os exemplos dados são s u f i c i e n l e s para j u s t i ­

f i c a r uma abordagem t e x tu a l nao e s se n c ia l i s t a apenas. Po is ê neces

s á r i o p e n e t r a r na forma do d i z e r como um eleccnLo s i g n i f i c a n t e . A l i ­

á s , e c u r io s o que a se leç ão dos t ex to s p a ra en s in o de. l íngua s e j a

f e ra lm e n te f e i t a p e lo s aspec tos formais do d i z e r , mas as a n á l i s e s

a têm -se , no g e r a ) , ao contendo f a c t u a l , a te mesmo quando s e t r a t a

dc poemas, tomando o t e x to l i t e r á r i o en p r im e i ra i n s t â n c i a como"fon-

( 8)t e de conhecimento" ' .

Concluindo: a ia h as observações não abordaram o d i s c u r ­

so usado nas fo rca s i n s t i t u c i o n a i s de educaçao, nas o tra tam en to ex­

p l o r a t ó r i o a que e l e é submetido. A a n á l i s e das formas u t i l i z a d a s

n a exp lo ração reve lou «mia p r a x i s e s s e n c i a l i s t n que e l im in a a pene­

t r a ç ã o c r í t i c e , e o b r ig a a concentração no a sp ec to puramente l i t e ­

r a l do t e x to . Main do que uma mudança de t e x t o s , e s t ã sendo aqci

su g e r id a uma mudança da p e r s p e c t iv a da abordagem. £ , p o i s , a í que

a L in g U is t i c a tem sua missão maior no momento em que busca a u x i l i a r

a e s c o la no problema da l e i t u r a . P o i s , j ã que nem tudo o que comuni­

carmi» ou damos a e n te n d e r com o que dizemos nu escrevemos provêm n-

oenas da capacidade l i n g u i s t i c a He se desempenhar no uso de regr.-w

da l í n g u a , t o r n a - s e i n t e r e s s a n te indagar s e a e s c o la nao deve i n i c i a r

um novo cac in h o m eta - l i n g ü í s t i c o na exp loração t e x t u a l a fira de me­

lh o r p r e c i s a r os conteúdos e os se n t id e s dos t ex to s que e lege ou mon­

t a .

57

NOTAS

( î ) Exemplos desse mètodo de exp loração podem s e r v i s t o s era quase t o ­

dos os manuais e x i s t e n t e s . Consultei c e rc a de AO seguindo a l i s t a a-

nexa. C i lo aqui apenas alguns como: Alvaro Cardoso Gomes e t a lL i -

Português p a ra u Segundo Grau: l.ínEua c L i t e r a t u r a (3 v o l s . ) Sao P.m-

l o , C u l i r i x , 1979-1981; e s t e s manuais tem um excesso de c o n ce i to s

l i n g l l í s t i cos, l i t e r á r i o s e f i lo lo g ic o « e x t r a íd o s das mais d iv e r s a s

c o r re n te s e t r a b a lh a » os m a te r i a i s coin ura acúmulo de d e ta lh e s con teu -

d í s t i c o s . Assin po r exemplo o v o i . 1, pp, 136-139, línidadu XI pi>e 30

pe rgun tas para e s tu d a r o romance Sao B ernardo?de G r a c i l i ano Ramos,

nu e s t i l o de :qua l? quem? como? quando? por que? e t c .

Outro ë Lambe» A lc ides Pan - A Expressão Oral e E s c r i t a .

Po r to Alegre , Audiovisao P roduçoes , 1980; ura manual que v i s a a incen­

t i v a r a redaçao, propondo como focos de i n t e r e s s e as q u e s tõ es : o que

fo i? quem c o personagem p r i n c i p a l ? ; como f o i ? ; quando f o i ? ; oude f o i ? ;

por que f o i ? ; para que f o i ? ; e t c . (pp. 80 -81) .

Outro t ip o de manual que segue e s t e racsmo r i tm o , embora

cora algumas vantagens po r d a r margem a r e sp o s ta s v a r ia d a s ë Dino P re ­

t i - Português Oral e E s c r i t o . Säo Pau lo , N aciona l , 1977-1979, v o l .

da 5- a 8- s e r i e . C i to aqui apenas a ex p lo rnç io do t e x t o 1 "Massenga-

oa"V do v o i . de 8- s ù r i e , pp. 5 -22. Nas pp. 21-22 e s t ã o a t i v id a d e s

bem s i g n i f i c a t i v a s que fogem ao esquema.

Outro manual no e s t i l o indicado e o de Geraldo Mattos -

Noasa C u l tu r a . Sau Pau lo , 7TD S.A s / d . , fundamentado numa complica­

díssim a e pouco f r u t í f e r a t e o r i a da comunicação.

5U

C ito a in d a a s e r i e p reparada po r Samir Curi Meser a n i e

Mary Kato - Linguagem; C r i a t i v i d a d e . l e i t u r a , i n t e r p r e t a ç ã o , gramá ­

t i c a , r e d a ç ã o . fi- s é r i e , Sao P a u lo , S a r a iv a , 1979. E s te manual é do*

mais a r e j a d o s , poÍ6 alam dos c l á s s i c a s p e rg u n ta s e s s e n c i a l i s t a s , dac-

margem a uma r e f le x ão e e x p lo ra çã o l i v r e do t e x to .

Para c o n c lu i r e s s a pequena amostra lembro Antônio Mt.o

Mesquita c Caetano Jo s é de Lima - C r i a t i v id a d e em L íngua P o r tu g u e sa .

São P a u lo , MrCraw-lli 11, 1978. 0 volume p a ra a 5- s e r i e , d e s t a c o le ­

ç ã o , « c u r io s o , p o is o p r im e i ro t e x t o , ã s pp. 7-8 convida a i n ic i a T

os e s tu d o s sa indo d o "?afs da R eal idade1’ p a ra o "P aís da Im aginação".

Esquecendo e6sc- a sp e c to i d e o l ó g i c o , temos ã p . 28 numa noção e s t a n ­

que de "em isso r" c " r e c e p t o r " , ao seTcm f e i t a s as s e g u in te s pergun­

t a s apôs um d iá lo g o : "Quem é o e m isso r?" ; "Quem e o r e c e p to r ? " e

Quantas v c2es aparecem a f a l a do em isso r?" e n u t r a , que desconsideram

a in te rcam bi a b i l i nade d essa s n o ç õ es , no caso do d iá lo g o . De r e s t o , a

e x p lo ra çã o e s s e n c i a l i s t a e s t à m uito p r e s e n te .

(2) A velino Antonio C o r re ia - Estudo D ir ig id o de Educação Moral e Cí ­

v i c a . Sao P a u lo , A t i c a , 1976. Manual do P r o fe s s o r .

(3) I bidem p. 135. E s t a a f irm ação vec logo após uma f i g u r a c o lo r i d a ,

com un in d iv íd u o de a sp ec to ganancioso apontando p a ra um c a r r o e uma

c a s a que s e p a rec e a un c h a lé meio i g r e j a , c o is a i n c o rn a un n o s s a

t e r r a .

59

(4) Ib idem p . 136

(5) V ic to r Muasumeci - Organização S o c ia l e P o l í t i c a B r a s i l e i r a .

São Pau lo , Ed. do B r a s i l S .A . , 1971, p .239 .

(6) A e s t e p ro p ó s i to lembro o e s c la r p c c d o r es tudo de Eni O r l a n d i ,

"0 D iscu rso da H i s t ó r i a p a ra a E s c o la " , na R e v is ta P o r tuguês: F.scu-

dos I . in g U ía t i c o s , S e r i e E s tu d o s , 1*9 7 , Uberaba, 1981, pp. 95-111.

Quanti» ao a sp ec to de to d a informação s e r i d e o l ó g i c a , c o n s id c r a - s e a

i l u s t r a t i v a a n i l i s e de Maria de Lourdes Chagas Deiró R o s a l i a , As Be-

i a«- Mentir a s î A Id e o lo g ia Sub jacen te aos Textos D i d á t i c o s . São Paulo

cd . Moraes, 198C, 2- e d iç a o .

(7) Lurdes de B o r t o l i - Organizaçau S o c ia l e P o l i t i c a do B r a s i l ,

São P a u lo , Ed. N ac io n a l , 1975; c í t . pp. 21 e 34. E s te l i v r o laerecc-

ri.» uma a n a l i s e mais p ro funda do p ro c esso d e f i n i t o r i o p o r e l e usado.

V e ja -se po r exemplo as s e g u in te s d e f in i ç õ e s : " e l e i ç õ e s d i r e t a s - ca­

da c id ad ão vo ta d i r e tarnent e no c a n d id a lo de su a l i v r e e s c o l h a " . e " e -

loiçõeB i n d i r e t o s *» os r e p r e s e n t a n t e s do povo votam, em nome do povo,

nos c and ida tos a c e r to s cargos" ( p .3 0 ) . Note-se que n e s t e segundo ca­

so f o i e l im in ad a a c a r a c t e r í s t i c a b a s i c a "de sua l i v r e e sc o lh a " e f o i •

d i t a apenas " a c e r t o s c a rg o s" . A informação toda e c o r r e t a , mas o mo­

do de d i z e r camufla o conteúdo!

(8) c o que informa a co n tracap a do IV volume do acima c i t a d o manual

de à ivaro Cardoso Gomes e t a l i i .

GC

ALGUMAS NOTAS SOBRE O

DISCURSO SOBRK A ESCOLA

Sir i i> P o s s e n t i

(IEL - UNICAMP)

Em a lg u n s manuais de e n s in o t id o s po r a i n a i a , quftt pe lo s

t í t u l o s com que os p r e s e n t e a r a « os a u t o r e s , q u e r po r algumas p in c e ­

lad a s de m odernidade t e ó r i c a que n e l e s se pode s u r p r e e n d e r , uma das

p r i n c i p a i s t ô n ic a s c a t e n t a t i v a de f a z e r do ap ren d izad o uma a t i v i ­

dade menos t r a b a l h o s a e mais a g r a d á v e l . Alguns i n s i s t e m numa s u s p e i ­

t a n a t u r a l i d a d e da aprend izagem . Devo d i z e r , a n te s de mais nada . que

hä a tive- a d a r uma r a p ir la o lh a d a apenas em manuais de e n s in o do v e r ­

n á c u l o , porque não q u i s me a r r i s c a r a o p in a r so b re temas dos q u a is

nada conheço.

E ssa t e n d ê n c ia de p r o p i c i a r um apren d izad o " n a t u r a l ” £ f r u

t o , e n t r e o u t r a s c o i s a s , de pedagogismo m uito cm moda, e n co b e r to de

uma c e r t a capa s u s p e i t a m e n te d e m o c ra t ica que acaba po r n i v e l a r por

b a ix o , cm nome da n e c e s s id a d e de se c o n s id e r a r q u e , a f i n a l de c o n ta s ,

no p r o c e s s o e s c o l a r , o a lu n o é p a r t e i n t e r e s s a d a . Como não p o d ia d e i ­

x a r de s e r , também e s t a p o s t u r a d i d á t i c a tem do a luno a imagem de um

pobre c o i t a d o , de alguém d e s i n t e r e s s a d o e incapaz de q u a lq u e r e s f o r ­

ço e de q u a lq u e r r a c i o c í n i o . Ao mesmo tempo, a e s c o la acaba p o r s e r

c o n s id e r a d a , i m p l í c i t a ou e x p l i c i t o r n e n t e , um lu g a r onde se aprende

b r in c a n d o . Se bem me lem bro , a p re n d e r b r in can d o f o i uma p a la v r a de

ordem p o p u la r i z a d a p o r um pedagogo b r a s i l e i r o b a s t a n t e c e le b ra d o na

década de s e s s e n t a . 0 r e s u l t a d o d essa p o s tu r a pedagóg ica , se em a l -

61

gum caso f o i r a z o á v e l , p r in c ip a lm e n te quando a e s c o l a r e p e t i a o j ã

s a b id o po r uma c l i e n t e l a que d e la nao p r e c i s a v a p a r a c e r t a s a t i v i d a ­

d e s , levou numerosos p r o f e s s o r e s a c o n s id e r a r c o r r e t o o que a maio­

r i a pen sav a , o que levava p r o f e s s o r e s e a lu n o s a nao n e c e s s i t a r de

nenhum e s f o r ç o e a e sq u e ce r que s e podo e s t a r c e r t o e s ta id o em mino­

r i a , como o c o r re u p o r exemplo com Cali l e u . A l i á s , s e algum d e sse s

p r o f e s s o r e s o u v i r a f a l a r algum d ia de G a l i l e u , deve t ê - l o o d iad o por

t e r d i t o que a n a tu r e z a e s t á e s c r i t a em l inguagem m atem à tica .

E s t a o b se rvação leve e d e so rg a n iz a d a de a lg u n s manuais d i ­

d á t i c o s que , ao mesmo tempo que se marcam p e l a t e n t a t i v a de d im in u i r

o e s f o r ç o do t r a b a lh o de a p ren d e r c o n cre t izam a nao n e c e s s id a d e de

e s t u d a r m edian te a e d iç ã o p a r a l e l a de manuais de p r o f e s s o r e s e de a-

l u n o s , aqueles com as r e s p o s t a s dos e x e r c í c i o * p r o p o s t o s , c e levam

a c i t a r , de o t t i vu, um alemão do s é c u lo p a ssad o segundo o qua l n a e s ­

c o l a se d e v e r i a e n s i n a r apenas g ra m á t ic a e m a te m á t ic a , obviumunte. pe­

l a n e c e s s id a d e de r i g o r e x ig id o p o r e s t a s d i s c i p l i n a s e p e l a su a a b s ­

t r a ç ã o .

E a lembrança d e s t a p a l a v r a m a l d i t a , " a b s t r a ç ã o " , me lev a

a o u t r a c i t a ç ã o , ag o ra ao pé da l e t r a . Numa e n t r e v i s t a de Michel

F o u cau lt a La Q u in za in e L i t t é r a i r e , pouco d e p o is da p u b l ic a ç ã o de As

p a la v r a s e s s c o i s a s , a e n t r e v i s t a d o r a t e n t o u f a z e r com que o j a c é ­

l e b r e p ensador d e f i n i s s e seu lu g a r de t r a b a l h o e sua p r ç t e n s ã o com o

que f a z i a , j ã que o que f a z i a p a r e c ia e s t r a n h o ao " r e s p e i t á v e l c id a ­

d ã o " , p r in c ip a lm e n te porque v ib ra v a g o lp es m u ito s é r i o s no humanismo

d e fen d id o p e l a ge ração a n t e r i o r . Apos d i z e r que se u i n t e r e s s e e r a p e -

6?

lo s i s t e m a ( " c o n ju n to de r e l a ç õ e s que se mantêm, s e transform am i n -

dependentemente das c o i s a s que e s s a s r e l a ç õ e s r e l ig u m " ) e p e lo s i s ­

tema que c e r ta m e n te e s t a r i a p o r d e t r á s de q u a lq u e r s i s t e m a que even­

tu a lm en te p u se s s e a nu , e que o c o n s t i t u i r i a , como um s a b e r anônimo,

F o u cau lt ou v iu de su a e n t r e v i s t a d o r a que e s t e t r a b a l h o , que e le d e ­

c l a r a p o l í t i c o , e r a uma forma de pensamento b a s t a n t e f r i a e a b s t r a ­

t a . P rova lvem en tc i r r i t a d o , « l e respondeu : " A b s t r a t a ? Responderei

e n tã o : o humanismo é que é a b s t r a t o ! Todos e s s e s g r i t o s do c o raç ão ,

todas e s s a s r e i v i n d i c a ç õ e s da p e s so a humana, d a e x i s t ê n c i a , sao abs­

t r a t a s , q u e r d i z e r , s e p a ra d a s do mundo c i e n t í f i c o c t é c n i c o , que ,

e s t e s im , e o no sso mundo r e a l . ( . . . ) 6 o co ração humano que e abs­

t r a t o , e e a n o s s a p e s q u i s o , que q u e r l i g a r o hemem ã sua c i ê n c i a ,

ãa suas p r ó p r i a s d e s c o b e r t a s , «o seu p r õ r p i o mundo, que « c o n c r e t a " .

I n e d i a : amente a n t e s , d i s s e r a : "Se o p u b l ic o h o j e tem a in o re s sa o

de uma c u l t u r a b á r b a r a , e r i ç a d a de numéros e s i g l a s , e s s a im pressão

e d e v id a u n i c a r e n t e a um f a to : o no sso s i s t e m a de cducaçao d a ta do

s é c u lo XIX e vemos a in d a r e i n a r n e le a p s i c o l o g i a m ais i n s í p i d o , o

humanismo mais o b s o l e t o , as c a t e g o r i a s do g o s t o , do co raç ao humano".

( 1966: 35)

O d i s c u r s o da e s c o la tem s i d o c a r a c t e r i z a d o , ãs v e r a s pen­

so nue com e x c e s s i v a f a c i l i d a d e , como r e p r o d u t o r e a u t o r i t á r i o , en­

t r e o u t r o s a d j e t i v o s menos v o ta d o s . Devo d i z e r que em p a r t e s e i e em

p a r t e c r e i o que ass im s e j a . 0 que me c au sa d ú v id a é a raz.uo p e la qua l

c ass im c a r a c t e r » rado e o remédio p r o p o s to p a r a a c u ra de t a o d e t e s ­

t á v e l m a i . P r in c ip a lm e n te porque m o ita s fó rm u la s advogadas o e i o í dc-

63

m ocra taa (A n tre a sp a s ) da e s c o la c o in c id em com medidas tocadas e c r e ­

gimes a u t o r i t á r i o s ( p o r exemplo, c u r r í c u l o de l i v r e e s c o lh a dos a lu ­

n o s ) . Eu a r r i s c a r i a a d a r ra zã o a Mao quando d i z q u e , n a d ú v id a , d e ­

v e - se v e r o que f a z o i n im ig o , e p ro p o r o c o n t r a r i o . (O u tra c i t a ç ã o

de o r e l h a d a ) .

Na mitdia o p i n i ã o , s e I v e rd ad e que a e s c o l a é a u t o r i t á r i a ,

Ã-o m ais p o r in co m p e ten te que p o r a u t o r i t a r i a ( p a r a p a r a f r a s e a r ura

v e lh o d i t a d o e s p a n h o l ) . E seu d i s c u r s o não s e r i a u t o r i t á r i o p e la p re ­

sen ça o b v ia de c e r t o s i t e n s l e x i c a i s du grande ib o p c nas form ulas e

d e f i n i ç õ e s , i n c l u s i v e p o rq u e , p o r e s s e c r i t é r i o , s e r i a a u t o r i t a r i a a

p o s t u r a " d e m o c rá t i c a -'1, f req U en Lernent e comandada p e la fo rm ula "d e v e -se

s e r c r í t i c o " e o u t r a s v a r i a n t e s .

Minha t e s e é a de q u e , s e a e s c o l a ê a u t o r i t a r i a , e l a o ê

p e la e x c lu s ã o de d i s c u r s o s , m ais que p e l a f o r c a l i n g u i s t i c a dos d i s ­

c u rso s que v e i c u l a . Ou porquu dá coco ó b v io s d i s c u r s o s labor iosam en­

t e c o n s t r u íd o s , se n f o r n e c e r su a c e r t i d ã o de n a sc im e n to . 0 que quero

d e n u n c ia r n e s t e pedagogist i» p a r t i c i p a t i v o e q u e , f req lien tornente com

boa v o n tad e e ó t im a s , mas e qu ivocadas i n t e n ç õ e s , n a t e n t a t i v a de con­

c r e t i z a r o a n s e io d e m o c rá t i c o do r e s p e i t o à v o n tad e de todos os seg ­

m en tos , o que se f a z I so n e g a r in s t ru m e n to s fundam en ta is de l u t a aos

que n e la t r a mais i n t e r e s s e . C o s t a r i a de r e p e t i r rainha p o s iç ã o : s e a

e s c o l a e a u t o r i t á r i a , e porque sonega in fo rm a çã o .(E u tenho p e r f e i t a

c o n s c i ê n c i a do t e r r e n o e s c o r r e g a d io em que e s t o u p o rq u e , n e s t e co­

mento, co loco em q u e s t ã o c o i s a s que parecem o b v i a s , como, p o r exemplo,

a p o s s i b i l i d a d e de que s e j a c o r r e t o c melhor que a lu n o s possam com-

64

p o r l iv re m e n te s e n s c u r r í c u l o s . Ante9 mesmo de s a b e r o que e le g e u e

o que ex c lu em ).

Quero d e ix a r c l a r o que tenho c o n s c iê n c i a dc que o s a b e r ,

longe de s e r o s a b e r , e o s a b e r o f i c i a l e i n s t i t u c i o n a l . E que a e s ­

c o la s e p re o cu p a , quando o f a z , em t r a n s m i t i r apenas e s t e s a b e r , o

que ê urna c o i s a i n d e s e j á v e l . T r a t a - s e fundamenta lm e n te de um sa b e r

que , como d i s s e F o u c a u l t em L*Ordrc du D isco u r s , ? dev ido ao f a t o de

que aoon tcccu alguma c o i s a , e n t r e Hesíodo e P l a t ã o , que r e t i r o u o po­

d e r do d i s c u r s o da enunci ação p a r a d a - lo ao e n unciado . 0 s o f i s t a f o i

enxntado (1970: 1 7 -1 8 ) . E e s s e d i s c u r s o lo g ic o e o s a b e r que e l e p ro ­

duz , c o n t r a os q u a i s nos rev o ltam o s os que percebemos quan to c a l se

f e z en nome d a ra za o e o q u an to r e l a c o m p ro » t i d a , que coaanda, t a l ­

vez i n f e l i z r o e n te , o mundo em que vivetaoa. E I e s t e o d i s c u r s o mais so­

negado n a s e s c o l a s . 0 que fornecemos aos a lu n o s c um d i s c u r s o de s e ­

gunda o rd e n , l o c a l i z a d o no melo termo e n t r e o se n so comum r e p e t i t i v o ,

sem nenhum r i g o r , r e p l e t o de fo rm ulas s a l v a c i o n i s t a s e p o p u l i s t a s ,

s i t u a d o - e n t r e e s t a i n s i p i d e z e uma ap a re n te a t i t u d e de r e p u l s a ao s a ­

b e r c o n s t i t u í d o , p o r c au sa de su a v i o l ê n c i a excludeutft e de seus com­

prom issos i d e o l o g i e o a .

Mesta mesma mesa, o P r o f e s s o r Marcuschi defende a i d é i a de

que não é fundamentalmente em função da i d e o l o g i a s u s p e i t a de un t e x ­

to i n s e r i d o num manual d i d á t i c o que urn a s su n to s e r á t r a t a d o de forma

in d e s e j a d a . Segundo e l e , o que ê r e le v a n te ? a metodol o g in (cono e le

a d ian a ) u t i l i z a d a p a r a t r a t a r do t e x t o . Sua t e s e supõe um p r o f e s s o r

p re p a ra d o p a r a d i s c u t i r o que um t e x t o v e i c u l a , um p r o f e s s o r a quem

65

nao [ o i sonegado nenhum dos d iv e r s o s d i s c u r s o s so b re o mesmo tema.

Assim, p o d e r - s e - i a , t a l v e z , m i n i s t r a r um e x c e le n t e c u r s o , digamos,

de Educação Moral c C í v ic a , ado tando-sc cono manual alguiu l i v r o do

mais d e t e s t á v e l s e g u id o r das t e s e s da ESG.

Devo agora d i z e r , a f i n a l , a que -veio a c i t a ç ã o de Mi­

che l F o u c a u l t , a p r im e i r a que f i z . Todos nos sabemos o q u a n to c e l e

c r i t i c o do s a b e r o f i c i a l . 0 q u an to e le f o i capaz de d e n u n c ia r os l i â ­

mes de i n t e r e s s e que p roduziram o a aber q u e , p a r a m u i to s , p a s s a p u ra

c s im plesm ente cooo "a v e rd a d e " . Não é p a radoxa l que s e j a e l e , logo

epos As p a la v r a s c as c o i s a s , a i n v e c t i v a r a e s c o l a po r estBT e i v a ­

da de p s i c o lo g i smas e humani s mos e a r e i v i n d i c a r que e l a s e dedique

ao s a b e r das f o rm u la s , d i s t a n c i a d a s das o p in iõ e s e do g o s t o , j u s t a ­

mente a e l a s , que s i o a mais acabada m a n i fe s taç ão da r a z ã o que depun-

c ia ? Ë que e l e a c r e d i t a que a arma que se p o d e rá v o l t a r c o n t r a e l a

deve s e r do mesmo c a l i b r e c s e r f o r j a d a da mesma m a t é r i a .

A q u e s tã o que eu g o s t a r i a de c o lo c a r p a r a d e b a te é a

s e g u i n t e ; se nós sabemos que a r a z ã o e seu p r o d u to são h i s t o r i c a ­

mente co n d ic io n ad o s ; s e apenas o mais d e t e s t á v e l r a c i o n a l i s t a o u sa ­

r i a d i z e r que a c i ê n c i a que conhecemos é a ú n i c a p o s s í v e l e que a

v e rdade c apenas uma q u e s tã o de v e r i f i c a ç ã o c adequação ; se sabemos

que o s a b e r que a í e s t á s e rv e como arma p a ra o s grupos mais dominan­

t e s , que devemos nós p ro p o r às e s c o la s ? Que c i a s façam g rev e e nao

o rep itam ? Ou, a n t e s , que façam o in esp e ra d o e s e apossem d e l e na

su a to ta l id a d e ?

G o s ta r i a de d i z e r que co n s id e ro apenas ro m ân t ica a p o s -

66

s i b i l i d a d e da r e j e i ç ã o . C ons ide ro j u s t o que to d o s tenham a c e s s o ao

s a b er o f i c i a l , que i sonegado n a forma do co n te údo. Também sonho com

um mundo em que se p o s s a v i v e r l i b e r t o do uso m ons truoso que s e faz

do d i s c u r s o do s a b a r . A q u e s t ã o e como. Se S p a r a p e n sa r cm h i p ó t e s e s ,

p e n so que a u n ic a forma p o s s ív e l ê o p r i n c í p i o da h o m ro p a t ia : s i a i -

l i a s i m i l i b u s cu r a n t u r . Caso c o n t r á r i o , c o r r e - s e o r i s c o de p e r d e r o

f í g a d o p a r a c u r a r o estômago. T s to c , não se d e v e r i a l u t a r pe.la ex­

c lu s ã o das formas con sag rad as do s a b e r dos c u r r í c u l o s , mas s im p e l a

su a t o t a l a p r a p r i a çao . E le so pode s e r r e j e i t a d o p o r quem o conhece

a t e ao l i m i t e . D i r i a que v a l e aq u i a l iç .ao de M ario de Andrade, se ­

gundo o qua l so cem o d i r e i t o de e r r a r quem conhece o c e r t o . I n c l u ­

s i v e porque o s a b e r o f i c i a l é extremam ente r e v o l u c i o n á r i o , t a n t o que

não p a r a e p a r a e l e não h a v e rd ad e d e f i n i t i v a . E s t a só e x i s t e na d i ­

v u lg a ç ã o c n a p ropaganda .

A i d é i a o p o s t a é m í t i c a . Segundo D e r r i d a , t e o l ó g i c a . Ao

comentar a m an e i ra m a g i s t r a l com que L é v i - S t r a u s s v o l to u o d i s c u r s o

d a r a z a o o c i d e n t a l c o n t r a e l a mesna, fazendo o t r a b a l h o de b r i c o l e u r ,

não de e n g e n h e i ro , a f i rm a : " . . . o e n g e n h e i ro c un n i c o : um s u j e i t o

que f o s s e a o r igem a b s o l u t a do seu p r ó p r i o d i s c u r s o e o c o n s t r u í s s e

'p e ç a p o r p e ç a ' s e r i a o c r i a d o r do v e r b o , o p r ó p r i o v e rb o " .

Pa ra e n c e r r a r , valho-me a g o ra não de um p e n s a d o r , mas

dc um f i c o i o n i s t a a l i á s , una i n s t i t u i ç ã o : Guimarães Rosa. Po r c o lo ­

c a r na boca do jagunço R iobaldo a a f irm ação de que só se s a i do s e r ­

tão e n t r a n d o p o r e l e a d e n t ro .

67

R eferênc ias:

1) F o u c a u l t , X. 1966. " E n t r e v i s t a cora M ichel F o u c a u l t " . I n : Es t r u t u -

r a l i s a o ; A n to lo g ia de t e x t o s c l á s s i c o s . P o r t u g ã l i a E d i to ra » L i ­

v r a r i a M a r t in s F o n te s , p . 29-36.

2) ------------------- 1970. L 'O rd re du d i s c o u r s . P a r i s , G a l l im ard .

3) D e r r id a , J . 1967. "A e s t r u t u r a , o s ig n o c o jogo no d i s c u r s o das

c i ê n c i a s humanas". I n : K s C f u tu t á l i s o o : A n to lo g ia de T ex tos C lá s ­

s i c o s . p . 101-123.

68

(•SCOLARI/-AÇÃO E VARIAÇÃO LINGÜÍSTICA

E r i m i t a de Miranda K o t ta

(UNÌCAMP)

A c r e d i t a - s c que ;i e s c o l a s e j a ura dos ambientes nmis p ró ­

p r i o s p a r a o uso e d i f u s ã o d a l ín g u a pad rão . A so c ied ad e e sp e re que

os in d iv íd u o s e s c o la r i z a d o s u t i l i z e m as e s t r u t u r a s p r e s t i g i a d a s ,

sendo e s t e u so , i n c l u s i v e , urna marca de sua passage:-« p e la e s c o la , E

nao se r i a m apenas as a u la s do l i n g u a rn.il.ernA, o e s tu d o de g ra m á t ic a .

c«iino sa p o d e r i a p e n s a r , que c r i a r i a no in d iv id u o e s s e s h a b i t e s l i n -

g U i s t i c o s . B lcs se forma r i am. ou se f i x a r i a m , p e la ex p o s içã o cons­

t a n t e dos a lu n o s ã linguagem dos d i v e r s o s p r o f e s s o r e s e membros da

a d m in i s t r a ç ã o da e s c o l a . 0 c o n te x to da a u la ex ig e do p r o f e s s o r u e

r e g i s t r o m ais fo r m a l , urna l inguagem n a i s c u id ad a . E le so s e n t e , de

c e r t a form a, comprometido a s p r e s e n t a r para os a lu n o s una m aneira de

f a l a r que p o ssa s c r i a i t n d a p o r e l e s e que c o n t r ib u a p a ru a s se g u ra r

sua a u to r i d a d e , sua p o s iç ã o de l í d e r no t r a b a lh o de c la s s e .

P a ra a c l i e n t e l a e s c o l a r do b a ix a re n d a , que mantêm pouca

comunicação com a c l a s s e p r i v i l e g i a d a e que chega a e s c o la t razendo

h á b i t o s l i n g ü í s t i c o s d i s t a n c i a d o s , em muitos a s p e c t o s , da l íngua p a ­

d r ã o , a i n f l u e n c i a d e s sa i n s t i t u i ç ã o e d e c i s iv a . Estando em c o n ta c to

d i á r i o com a linguagem de maior p r e s t í g i o , o a luno tende a im i ta r

e s s a s e s t r u t u r a s mesmo que não h a ja p re s sõ e s e x p l í c i t a s p a ra a t r a n s

formaçao de su a m aneira de f a l a r . A p re ssã o pode se ri;ir. s u b r e p t i c i ^

m ente , dado o c lim a a u t o r i t a r i o da e s c o l a , onde o in d iv íd u o «• co n d i ­

c ionado ã r e p e t i ç ã o - i m i t a r é um caminho p a ru o s u c e s s o , p a ra a s -

69

œ i t a ç a o . A p r o p r i a t ran s m is s a o de informações e o t i p o de conteúdo

v e ic u la d o d e n t ro da e s c o la r e q u e r do a luno am pliação do seu u n iv e r ­

so l i n g u i s t i c o , compreensão c produção das e s t r u t u r a s u t i l i z a d a s pe­

l a c l a s s e de maior p r e s t i g i o . Como e sse p r o c e s s o dc a q u i s iç ã o im p l i ­

ca d i f i c u l d a d e s , mui I a s d i s t o r ç õ e s sao obse rvadas n e sse s f a l a n t e s :

h i p e r e o r reçues de e s t r u t u r a s , im prec isão de te rm o s , f a l t a de p r o p r i e

dado no uso do v o c a b u lá r io - tudo i s s o c o t i vado p o r um d e s e jo de va­

l o r i zaçao .

E n t r e os h á b i to s l i n g ü í s t i c o s que d i s toam do p a d r ã o , a

não a p l i c a ç ã o da r e g r a de c o n co rd â n c ia v e rb a l tem re ce b id o m aior e s -

tiginai i zaçao em n o ssa so c ied a d e . Era sondagem r e a l i z a d a com p r o f e s s o ­

r e s do Centro In te g ra d o de Educação A n ís io T e i x e i r a , c o lé g io onde ea

(.lidava um grupo de. in fo rm an tes da p e sq u i s a acui r e l a t a d a , a nao a p l i ­

cação d e s s a r e g ra f o i c o n s id e ra d a como um dos e r r o 3 de p o r tu g u ês que

mais empenho de c o r re ç ã o r e c e b ia p o r p a r t e d e l e s . A sondagem t o i ob­

t i d a a t r a v é s dn q u e s tão : "G ostaríam os que você c o lo c a s se era ordem de­

c r e s c e n te os c inco e r ro s que o p r o f e s s o r de P o r tu g u ês mais deve se

empenhar cm c o r r i g i r nos se u s a lu n o s " . Dos doze p r o f e s s o r e s que r e s ­

ponderam a q l le s tã o , q u a t ro colocaram a c o n co rd â n c ia v e r b a l em p r im e i ­

r o lu g a r e t r ê s , em segundo. Nenhum deixou de m e n c io n á - la . Não s e a -

purou um r e s u l t a d o mais cocprovador da e s t ig m a t iz aç a o da nao a p l i c a ­

ção da r e g r a , porque e s se s p r o f e s s o r e s não se a t iv e ra m â p a l a v r a " e r ­

ro" c a lg u n s , não dando p r i o r i d a d e â co r re ç ão g r a m a t i c a l , r ev e la ram

se u m aior empenho em c o n se g u i r do a luno m aior c r i a t i v i d a d e , m aio r o r ­

g an ização do pensamento.

70

Com o fini do v e r i f i c a r ace que po n to a e s c o la m o d if i c a a

m odalidade o r a i da l inguagem , e s tu d o u - s e a a p l i c a ç ã o da r e g r a de

c o n co rd â n c ia e n t r e o s in tagm a nominal s u j e i t o e o s in tagm a v e rb a l

em d e z e s s e t e a d o le sc en c e s de o i t a v a s e r i e num dos c o lé g io s o f i c i a i s

de b a i r r o , em Salvador-BA. P a ra grupo de c o n t r o l e , o b sc rv o u - se o mes­

mo a s p e c to l i n g u i s t i c o era dozesse l e a d o le s c e n t e s de e s c o la r id a d e i r ­

r e g u l a r , a lu n o s de H32RAL.

Antes das g ravações d e f i n i t i v a s , a lg u n s dados sobre a f a ­

l a do in d iv íd u o s da comunidade foram o b t id o s a t r a v é s de algumas g r a ­

v a ç õ e s , i c l u s i v e de duas a d o le s c e n t e s : uma de o i t a v a s é r i e (JU) e u-

ma do MOBRAI. ( I R ) . Da f a l a das d u a s , é p o s s ív e l c o n c l u i r que J!l con­

s e r v a c a r a c t e r í s t i c a s do d i a l e t o d a su a comunidade, p r e s e n t e s na f a ­

l a de TR, a p e s a r He dez anos c o n s e c u t iv o s de f r e q ü ê n c ia à e s c o l a .

Por o u t r o l a d o , JU usou mais vezes a c o n c o rd â n c ia v e r b a l na h i s t o r i a

que c r i o u , c o n te x to co n s id e ra d o m ais f o r m a l , comparado com os r e l a ­

to s de e x p e r i ê n c i a c as r e s p o s t a s äs p e rg u n ta s d a e n t r e v i s t a .

Paca a c r i a ç ã o d a h i s t ó r i a , e r a a p r e s e n ta d a uma g r a v u ra de

um menino pescando . Havia a lguns p e ix e s num c e s to e um g a to fug indo

com um p e i x e . A i n f l u e n c i a da e s c o l a è n o t á v e l quando se c o n f ro n ta

a h i s t o r i a de JU com a de IR. K.nboru a segunda f o s s e p r e ju d ic a d a por

v á r i o s prob lem as de forma, contem mais r iq u e z a He s i t u a ç õ e s e de c s -

r a c c e r í s t i c a s s u p r a - s e g e e n t a i s . JU pouco se expande, l imitando-s«-

aos c o n te x to s de h i s t o r i a s l i d a s ou o u v id a s . Sun en tonação é seme­

lhante . ?i do l e i t u r a . H i s t ó r i a s g ra v a d o s , a p a r t i r da raesm- g r a v u ra ,

_ <1 - . c l - r . 3com irmãos seus de ! - s e r i e (S a n o s ) . 2- s e r i e ( 9 anos) >■ - - s e r i ' -

73

<11 anos) parecera i n d i c a r que a perm anência na e s c o l a d im in u i a e s ­

p o n ta n e id a d e e a u s e n ta a p r e s e n ç a d e e s t e r e o t i p o » n e ssa s n a r r a ç õ e s .

Enquanto as c r i a n ç a s começam a h i s t ó r i a con:

"E ra ntua vez João P e d r in h o s a i u p a ra p e s c a r " . ( 1 - s e r i e )

" E ra uma vez um menino que R es tava n u ic o de p e s c a r " . ( 2 - e 4-

s e r i e s )

a a d o le s c e n t e de o i t a v a s é r i e i n i c i o u assim :

"E ra ( a r d e d e p r im a v e r a , uma l i n d a t a r d e de p r im a v e ra " .

A c r i a n ç a de p r i m e i r a s é r i e e a i s e sp o n tâ n e a no uso do voca­

b u l á r i o e te rm in a d e s t e modo su a h i s t ó r i a :

" P ic o u - lh e a v a ra no g a to , o g a to s a i u rodano" .

T a lv ez s e p o s s a c o n s i d e r a r e s t e r e ó t i p o o uso do f u t u r o s im ­

p l e s p a r a e x p r e s s a r uma r e s o lu ç ã o :

"Então p e g a re i a c e s t a o b o t a r e i n a . . . "i\ m ^ »

A c r i a n ç a de 2 - s e r i e j a u c i l i z a a e x p re s s ã o cie r e p en te p a ra

i n t r o d u z i r uma nova s i t u a ç a o na n a r r a t i v a e o fax v á r i a s v e z e s . P e r -

c eb v -se e s p o n ta n e id a d e na su a conclusão :

"ne r e p e n te e l e pegou mais ura p e ix e e colocou d e n t r o da c es ­

t a . Fe* o almoço e cooieu."

A c r i a n ç a de 4 - s e r i e , a l e a de u s a r a e x p r e s s ã o de rep e n t e ,

j a i n c l u i o u t r o s e s t e r e ó t i p o s :

" C o i tad o de Pedr inho '."

A i n t e r f e r e n c e a da mae: "Kao s e p reocupe que e s t e g a to nao

v a i a p a r e c e r de o u t r a v e z . "

E o f i n a l : ' fc> a ss im v iveram f e l i z e s . . . ”

7?

A h i s t ó r i a d a a d o le s c e n t« « p r e s e n ta m i t o mais t r a ç o s de

e s t e r e o t i p o . A lea do i n i c i o m enc ionado , tawócra o uso da e x p ressão dc

r e p e n te p a ra c o lo c a r nova s i t u a ç ã o n a n a r r a t i v a e a r e f e r ê n c i a a mar­

q u e ; l ag o a z u i j _ l i n p o ; a p a r e n c ia e x t e r i o r do personagem:

" K le , s e n t a d o , de cam is in h a b ranca e azu l l i s t r a d a , os cabe­

lo s b en p e n t e a d o , . . . "

Mui to s vocábulos sã o e s c o lh i d o s p a ra o c o n te x to : e q u ip a ­

me n to de p e s c a r , v o n tad e imen s a , se n h o ra ( " . . . c in h a se n h o ra e s t a c e ,

t á e sp e ra n d o p a ra p r e p a r a r o a l m o ç o . . . " )

R e g i s t r a - s e a in d a o uso do propone o b l íq u o J_u. a u se n te cm

o u t r o s c o n te x to s de su a f a l a :

" F i l h o , po sso s e n t a r ao seu lado para accmpanha-lo?"

Con base n e s sa e x p e r i o n c i a , i n i c i o u - s e a c o l e t a do m a t e r i a l

dos t r i n t a e q u a t r o a d o le s c e n t e s r e f e r i d o s a n te r io r m e n te , p e r te n c e n ­

t e s a uma á r e a g e o g r á f i c a l i m i t a d a ( b a i r r o s e i r c u n v iz in h o s ao Centro

I n t e g r a d o de Educação A n ís io T e i x e i r a ) . Tanto os in fo rm an tes de o i t a ­

v a s e r i e q u a n to os de e s c o l a r i d a d e i r r e g u l a r s i tu av a m -se na mesma fa i

xa e t á r i a (13 a 1Ö anos) e ap resen tavam condições so c i o-econômicas

s e m e lh a n te s , c o n s id e ra n d o - se como in d ic a d o re s t i p o de m o rad ia , ocupa­

ção dos p a i s , p ro p r ie d a d e de au tom óvel.

Muitos d e s s e s in fo rm a n te s ( o i t o de o i ta v a s é r i e e nove de

g rupo de c o n t r o l e ) i n i c i a r a m se u p ro c esso ce e s c o la r i z a ç ã o em " e s c o ­

l a s de b a n c a " , a n te s m uito comuns nos b a i r r o s p e r i f é r i c o s de S a lv a ­

d o r - e s c o l i n h a s sem r e g i s t r o , n a c a s a da p r o f e s s o r a , formada ou l e i ­

g a , reu n in d o numa só s a l a as c r i a n ç a s desde a l f a b e t i z a ç ã o a t é a quar^-

73

La s é r i e . Não se tem elem ento» p a ra a v a l i a r a t ? que p o n to , a l i , o a-

luno e n t ro u em c o n ta c to com a l ín g u a pad rao . 0 que d i s t i n g u e bem os

d o is grupos c o tempo de permanência na e s c o la : m u itos dos a d o le s ­

c e n te s do MOBRAL, embora houvessem se m a t r i c u la d o algumas vezes

quando c r i a n ç a s , t iv e ra m sempre f r e q ü ê n c ia e s p o r á d i c a as a u l a s .

As gravações cobrem um t o t a l de 35 h o r a s e 51 m inu tos .T o­

das as o c o r rê n c ia s de s in tagm a nominal s u j e i t o p l u r a l do c orpus fo ­

ram f i c h a d a s . Os r e s u l t a d o s , ap resen tad o s sob forma de porcen tagem ,

revelam d i f e r e n ç a acen tuada e n t r e os do is g rupos: os a d o le s c e n te s

de e s c o la r id a d e i r r e g u l a r , a que denominamos Grupo A, a p l i c a ra m a

r e g ra de co n co rd ân c ia apenas em 36 ,21 das o c o r r ê n c i a » ; o Grupo K,

dos a d o le s c e n te s de o i t a v a s e r i e , a p l i c o u a r e g r a em 6 5 . 5Z dos ca­

s o s . Os r e s u l t a d o s i n d i v i d u a i s decxinstram b a s t a n t e h e te r o g e n e id a d e :

um grupo de in fo rm a n te s de o i t a v a s e r i e o b tev e p o r c e n ta g e n s equ iva­

l e n t e s a a lguns in fo rm an tes de eR cnlnr idadc i r r e g u l a r . (Ver C rá f ic o

an ex o )-N es te segundo g ru p o , d o i s dos in fo rm a n tos que a p re se n ta ra m

p o rcen tag en s mais a l t a de a p l i c a ç ã o da r e g r a são p e n ú l t im o s e n t r e

irmãos que estudam , a lg u n s tendo j á c o nclu ído o Segundo Grau. Pa ra

e l e s , a i n f l u ê n c i a da e s c o l a pode t e r se dado a t r a v é s d a co n v iv ê n c ia

com os irmãos mais v e lh o s . Também os do is a lu n o s de o i t a v a s é r i e que

mais a p l ic a ra m a r e g r a sa»» o* mais novos da f a m í l i a e têm irmãos que

completaram o Segundo Grau e exercem funções c o r re sp o n d e n te s ans cu r

so s que f i z e ra m . Knlr e t a n t o , segundo os dados c o l h i d o s , o u t r o s f a t o ­

r e s , além de e s c o l a r i z a ç ã o , in te r f e r e m na a q u i s iç ã o dos h á b i t o s l i n ­

g ü í s t i c o s : grati dc l ig a ç ã o com a comunidade de o r ig em , r i p o de t r a -

74

t a l l i o eta que o in d iv íd u o t e * e x p e r i ê n c i a , d i f e r e n ç a s i n d i v i d u a i s r e ­

l a t i v a .1) ã capac idade i n t e l e c t u a l e de l i d e r a n ç a .

N e s te e sc u d o , c o n ce n tra d o no f a t o r e s c o l a r i z a ç a n , p a r a

v e r i f i c a r as i n t e r f e r ê n c i a s n a a p l i c a ç ã o da r e g r a dc co n co rd â n c ia

v e rb a l - r e g r a v a r i ave1 - foram c o n s id e ra d a s v a r i á v e i s l i n g ü í s t i c a s

r e f e r e n t e s ãs c o n d içõ es i n t e r n a s do s i s t e m a da l í n g u a , <s v a r i á v e i s

s o c i a i s i n t e r a g i n d o com as a n t e r i o r e s .

Predominou, nas g ra v a ç õ e s , uma co n v ersa n a i s ou menos e s ­

pon tâneo . C o n tex to s mais fo rm ais foram c o nsegu idos com a u t i l i z a ç ã o

de. duas e s t r a t é g i a s ; s o l i c i t a ç ã o ao in fo rm a n te p a r a r e p r o d u z i r o

e n red o de h i s t ó r i a s t r a d i c i o n a i s , f i l õ e s , t e l e n o v e l a s ou roenaners;

a p r e s e n ta ç ã o de uma f o t o g r a f i a de r e v i s t a p a ra que o in fo rm an te

c r i a s s e uma h i s t ó r i a . T ra b a lh o u -se com a v a r i á v e l e s t i l í s t i c a - co r­

respondent c â r e f e r i d a v a r ia ç ã o dc c o n te x to - e mais t r ê s v a r i á v e i s

l i n g ü í s t i c a s : a m o r f o lo g ic a , que r e l a c i o n a a a p l i c a ç ã o da r e g r a eoe

a d i f e r e n ç a f ô n i c a e n t r e us formas de s i n g u l a r e p l u r a l ; a p o s i c i o ­

n a i , c o n s id e ra n d o a a p l i c a ç ã o da r e g ra segundo a p o s i ç ã o do s i n t a g ­

ma nominal s u j e i t o ; a r e l a ç ã o e n t r e a a p l i c a ç ã o da r e g r a c a cons­

t i t u i ç ã o do s in tag m a nominal s u j e i t o .

0 desempenho dos d o i s g ru p o s , a t r a v é s de comportamento

d e s sa s v a r i á v e i s l i n g ü í s t i c a * , demonst r a que a e s c o l a nan m od if icou

as te n d ê n c ia s da comunidade. Apesar de o Grupo B a p r e s e n t a r p o rc en ­

tag en s mais a l t a s de uso da c o n co rd â n c ia , a s r e s t r i ç õ e s y a p l i c a ç a o

d a r e g r a n e s t e g rupo e q ü iv a lem ãs do o u t r o . Quanto ã v a r ia v o 1 morfo­

l ò g ic a , os d o is grupos sc i d e n t i f i c a r a m , « p re se n ta n d o a resina c o r re s

75

ponderici a e n t r e o uso d a c o n co rd â n c ia e o s d i f e r e n t e s g raus de s a ­

l i ê n c i a f o n i c a das formas v e r b a i s de s i n g u l a r c p l u r a l ; eiu ambos os

g r u p o s , o s in tag m a s u j e i t o r e p r e s e n t a d o p o r pronome p e s so a l ë f a t o r

que f a v o re c e a c o n co rd â n c ia ; aa p o s i ç o e s do s in tag m a nominal s u j e i ­

to cm r e l a ç ã o ao s in ta g m a v e r b a l que p r i v i l e g i an o uso da r e g r a em

um grupo fa v o re cem-; na , ig u a l « e n t e , no o u t r o .

£ n a comparação e n t r e os c o n te x to s das h i s t ó r i a s e a con­

v e r sa ç ã o e s p o n tâ n e a que s e o b se rv a d i s t i n ç ã o q u a l i t a t i v a e n t r e os

d o is grupos de in fo rm a n te s : os a d o le s c e n t e s que es tavam conclu indo

o P r im e i r o Grau dem onstra ram c ap ac id ad e de m o d i f i c a r sua produção

l i n g ü í s t i c a . No Grupo A, p a re c e h a v e r m a io r expansão dos c o n d ic io n a ­

mentos i n t e r n o s do s i s t e m a d a l ín g u a : mesmo nas h i s t ó r i a s , as p o rccn

tag en s maÍ3 a l t a s de a p i icaçoo da r e g r a r e fe r e m - s e a uma q u a n t id a d e

m a io r de formas v e r b a i s em que ë mais a p a r e n te a d i f e r e n ç a f ô n i c a eji

t r e s i n g u l a r c p l u r a l . Apenas um d e s s e s i n fo rm a n te s demonstrou rcaçao

â mudança de co n te x co quando f l e x i o n o u , n a c r i a ç ã o da h i s t ó r i a , o im­

p e r f e i t o do i n d i c a t i v o ( f o m a p l u r a l de pouca d i f e r e n ç a f ô n i c a em r c -

ção ao s i n g u l a r ) em to d a s as o c o r r ê n c i a s ( 6 ) , en quan to n a conversação

e sp o n tâ n e a noo f l e x io n o u nenhuma das v e z e s .

Como se s u b s t i t u i u a g ra v u ra p o r uma f o t o g r a f i a de r e v i s t a ,

a h i s t ó r i a pouco a p r e s e n to u os e s t e r e ó t i p o s o b se rv ad o s a n te r io r m e n te .

0 t e x t o c r i a d o p e lo s in fo rm an tes de e s c o la r id a d e i r r e g u l a r nao chega

a s e r uma n a r r a t i v a ; a p r e s e n ta c a r a c t e r í s t i c a s de uma d e s c r i ç ã o . A

f a l a i mais p a u sa d a , d e c o r r e n t e , ao que p a r e c e , de i n i b i ç ã o . E n t r e

os i n fo rm a n te s de o i t a v a s e r i e , e n co n t ram -se os d o i s t ip o s de compo-

76

s i ç a o . N e s te g ru p o , a t a l a pausado ru inci .de com um o s c i l o n;ais cu ida

do c a r a c t e r i z a d o nao sõ p a l a maior a p l i c a ç ã o <ia r e g r a de concordati-

r i a v e r b a l .

Nas c r i a ç õ e s de AS e AC, in fo rm an tes dos que mais a p l i c a ­

ram a r e g r a de c o n co rd â n c ia (90S e 792 das o c o r rê n c ia s de seus d i s -

cutsos) , h a m u ita s c o n s t ru ç õ e s re v e l adoras da in te n ç ã o de p ro d u z i r

ura e s t i l o mais t r a b a lh a d o :

"Nos d i a s chu v o so s , quando ninguém pode s a i r , c « mais ge­

ra l t r i s t e z a . . . " (AC, f i t a 9 , l ad o A)

" B i s que um b a r u lh o su rg e d e t r á s da c a s a . " (AC, f i t a 9 ,A )

"De r e p e n t e , d e r a - s e com uma enorme r a p o s a . . . " (AC, f i t a 9 ,

lado A)

N o ta - s e , no uso dos pronomes p e s s o a i s de t e r c e i r a pessoa

e do r e l a t i v o , pouca fata i I l a r i d ade com u t i p o de c o n s t ru çã o :

"Nas n o i t e s de l u a , a f a m í l i a se reú n e em f r e n t e á p o r ia

com os v iz in h o s que têm o p o r tu n id a d e de v i s i t ã - l o s p a r a c o n v e r s a r . "

(AC, f i t a 9 , lado A)

" . . . e começavam a c o n v e r sa r sobro v á r io s a ssu n to s os q u a is

os i n t e r e s s a v a . " (AC, f i t a 9 , A)

"Ao amanhecer do d i a , a in d a e s t a v a n tem erosos p e le enorme

r a p o s a o qua l pensavam t e r v i s t o . " (AC, f i t a 9 , A)

Km AS, o b s e r v a - s e o des locam ento da f lexì io do a u x i l i a r pa­

r a o i n f i n i t i v o , f a t o que se r e p e t e n e s t a in fo rm a n te :

" E s tã o conversando sobre as pranlaçõi-s que deverão i r na

c idade b u s c a r p ra poder .................... que ê um mes de . . . " (AS, f i t a 8.B)

77

A f o r c a de f u t u r o do i n d i c a t i v o s im p le s , u sad a por e i a du­

as v c z c s , so f o i - r e g i s t r a d a , em todo o c o r p u s , n e s t a h i s t o r i a .

VR, i n f o r c a n t e que tachem conseguiu porcentagem a l t a de a -

p l i c a ç ã o da r e g r a , te rm in a su a n a r r a t i v a com o p e r ío d o :

"Nas horas v a g a s , contemplava a sua p obreza e d i z i a que um

d i a Deus a j u d a r i a . " (VR, f i t a 1 5 ,a)

A h i s t o r i a de RN, in fo rm an te a b a ix o da media do grupo quanto

a a p l i c a ç ã o d a r e g r a , r e v e l a m uita p reocupação com a linguagem: não

d e ix o u de a p l i c a r a r e g r a c a nenhuma das o c o r r ê n c i a s de s u j e i t o p l u ­

r a l . Fo i o u n ico in fo rm a n te que usou «> mais que p e r f e i t o s im p le s :

"Ele h a v ia s a íd o p i a comprar c i g a r r o debaixo de chuva e ,

quando v o l t o u , p o i s sua c asa e r a de- sopapo , c a í r a . " (RN, f i t » 1 ,A)

P a ra v a l o r i z a r su a pToduçao, os a d o le s c e n te s u t i l i z a r a m as

fo n te s a que ja t ive ram a c e s s o . Nao sõ oa t e x t o s l i d o s em a u l a , romaji

c es e s tu d ad o s no cu rso de P o r tu g u ê s , mas f o t o n o v e l a s , n o v e la s , progrj»

a a s de T a d i o . . . RN p a rec e i m i t a r n o t i c i á r i o p o l i c i a l , quando d i z :

" su a e sp o sa , lendo raenos s o r t e , ê apanhada de s u r p r e s a , e

c a i e o cima d e l a . . . " (RN, f i t a 1 ,A)

"E ã caaa desabou , en tende? l.á v in d o f a l e c e r suo m u l h e r , . . "

(RN, f i t a 1,A)

A h i s t ó r i a de Rn te rm in a eoa o e s t e r e ó t i p o : " . . . e e l e s v i ­

vem f e l i z e s p a r a sem pre." (RN, f i t a 1 ,A)

Mesmo d o is in fo rm an tes que nao re ag i ram ã a p l i c a ç ã o da r e ­

g r a , nas suas h i s t ó r i a s , dão algum i n d í c i o de preocupação eoa o e s t i ­

lo :

78

" T r a t a - s e a í de uma f a m í l i a r e u n i d a . . . que c o n s t a dc r i n c o

p e s s o a s : " (CL, f i t a 2,B)

"H avia uma f a m í l i a que morava bem d i s t a n t e da c i d a d e . . . "

(UB, f i t a 2,B)

K sses ú l t im o s in f o r m a n te s t inham q u inze ar .os. A idade fo i

uma v a r i a v e l com que sc t r a b a l h o u . E n t r e os a d o le s c e n te s de e s c o l a ­

r i d a d e i r r e g u l a r , a i d a d e não é f a t o r r e l e v a n t e p a r a a a p l i c a ç ã o da

r e g r a de c o n co rd â n c ia . U ntre os de o i t a v a s e r i e , e n t r e t a n t o , f o i i n ­

t e r e s s a n t e v e r i f i c a r a d i f e r e n ç a dc desempenho e n t r e o s mais novos

(15 e 16 anos) e os m ais v e lh o s (17 e lfi a n o s ) . Kmhora e s t e s , l e v a n ­

d o -se em c o n ta o c o ta i dc o c o r r ê n c i a s , ap liquem menos a rcg T a . a m ai­

o r fo rm a l id ad e de c o n te x to l e v a - o s a aumentarem s e n s iv e lm e n te a p o r ­

centagem de a p l i c a ç ã o . (Ver t a b e l a 13, anexa)

Lobov (1976) a p r e s e n t a r e s u l t a d o s dc se u s e s tu d o s s o b re a •

a q u i s i ç ã o do i n g l ê s pad rão em f a l a n t e s dc Kova York. Segundo e s t e au­

t o r , a f a i x a e t ã r i o de q u a to r z e a q u in ze anos co rre sp o n d e â f a s e de

"p e rce p çã o s o c i a l " em que os a d o le s c e n t e s começam o a v a l i a r o s i g n i ­

f i c a d o s o c i a l das c a r a c t i í s t i c u s do d i a l e t o de seu g rupo de amizade

em r e la ç ã o a» padrão a d u l t o . A " v a r i a ç a o e s t i l í s t i c a " , e s t a g i o p o s ­

t e r i o r , c a f a s e em que os a d o le s c e n t e s começara a a p r e n d e r a m o d if i ­

c a r sua f a l a cm d i r e ç ã o ao pod rao de p r e s t í g i o em s i t u a ç õ e s f o rm a is .

I.abov s a l i e n t a a d e c i s i v a i n f l u e n c i a da e s c o la p a ra e s s a ap rend izagem .

Pa ra os a d o le s c e n te s de n ív e l sÕeio-cconÔmico b a ix o , a que nos r e f e ­

r im o s , a permanência n a e s c o l a p a r e c e f a t o r b a s i c o p a r a c i e s a lc a n ç a ­

rem os e s t á g i o s de " p e rc e p ç ã o s o c i a l " e , p r i n c i p a l m e n t e , de " v a r i a ç ã o

e s t i l í s t i c a ' ' uma vex que os a d u l t o s de s u a comunidade u so u t i l i z a m ,

em m u ito s a s p e c t o s , a v a r ie d a d e l i n g ü í s t i c a p r i v i l e g i a d a .

Pe lo s r e s u l t a d o s o b t i d o s , os a d o le s c e n te s que conclu íam a

o i t a v a s é r i e e s lavam na f a s e de " v a r i a ç ã o e s t i l í s t i c a ” , e s p e c i a l œ n -

t c os mais v e l h o s . Mas, p o r que o uso d a c o n co rd â n c ia e n t r e os mais

novos é i n f e r i o r ao dos mais ve lh o s nos c o n te x to s mais fo rm a is? Kies

j á não apresent.-im a l t a a p l i c a ç a o da r e g r a n a conversação esp o n tân ea?

E x i s t e o u t r a d i f e r e n ç a e n t r e e s t e s d o i s g rupos: a e s c o la r id a d e dos

mais novos f o i n a i s r e g u l a r , e n q u an to os de d e z e s s e t e e d e z o i t o a -

nos r e p e t i r a m uma ou mais s e r i e s e , po r i s s o , f r e q u e n t a * p o r raais

tempo a e s c o l a . Una permanência mais e x t e n s a n e s s a i n s t i t u i ç ã o os

t e r i a c o n d ic io n ad o a r e a g i r mais a c o n te x to s que se r e la c io n a s se m

com a e s c o l a ; no c a s o , c r i a ç ã o de ura t e x t o o r a l ? Os raais novos p a r e ­

cem dcoons>trar con d ição dc t r a n s f e r i r a aprend izagem e s c o l a r p a ra

t r o s c o n te x t o s . Se e s s e r a c i o c í n i o lem v a l i d a d e , e p o s s ív e l que os

a d o le s c e n t e s a in d a na f a i x a dc q u in z e e■•dezesseis anos cheguem a a -

p r e s e n t a r , p o s t e r io r m e n t e , um desempenho m e lh o r , nos c o n te x to s mais

f o r m a i s , quando a t i n g i r e m amadurecimento q u a n to â "p e rce p çã o s o c i a l " .

80

I

MESA-REDONDA 4: Pós-Graduação cm Lingüística no Brasil

Coordenador: Mário Alberto Perini

Participantes: Francisco Gomes de Matos

Margarida Basilio

Dia: 13 de julho

Hora: 15 ãs 18

PÖS-GRADUAÇÃO EM LINCUÏSTICA NO BRASIL;OP IKNTAÇÕES CURRICULARES E OUTPUT (DISSERTAÇÕES)

Fran c isco Gomes de Matos

(UFPE)

INTRODUÇÃOGomo i d e n t i f i c a r na c a r . t c t c r l s t i c . i s d o f i n i t ó r i a s d .18 l i ­

nhas dc p e s q u i s a l i n g u i s t i c a cm Programa de Pós-Graduaçao. e a p e c i f i -

camcnte os de Mestr.ido? Gm« abordagem i n i c i a l ««> problema s e r á a .mã-

I i s e dos dados ap resen tados no C a tá logo de Cursos - Pos-Craduaçào, e -

d i t a d o p e la CAPES cm junho dc 1978. Apesar dc .16 informações terem

s id o c o lh id a s h á 5 anos, c o n s t i tu em a inda um quadro b a s t a n t e a tu a l dos

padrões de o r g a n i z sç io c u r r i c u l a r . Po r i s s o , tocaremos aquele documen­

to como f o n te a fim de responde mios a duas indagações p r e l i m in a r e » ; (1)

Qual o e le n c o de d i s c i p l i n a s o b r i g a t ó r i a s ? e (?) Qual o n uc leo c u r r i ­

c u l a r conra ou com par t i lhado pe lo s M«*s t r a dos T Antes de re sp o n d e r , e s ­

c lareçamos que o Catá logo da CAPES r e la c io n a ?2 Cursos d»* L in g u i s t i c a

e L e t r a s , dos q u a is 15 c en t rad o s em L in g u i s t i c a . P a ra o e s tu d o da o -

r i e n t a ç a o c u r r i c u l a r p redominante l isn ita r-nos-em o* àqueles Mostra­

si

dos (IJPPK, I1FBA, UV-t’ i r a r i caba , PÜC-RJ, PUC-SF, IMICANP. PUC-Campinns,

Fac. Bara» de Mm.a, PUC-RS, PUC-Paranï, UFSC. UNE SP-Ar a r a cu a ra , UNB e

UFGO).ÓBKlCATARIAS: F o n e t i c a , Fono log ia , M orfo log ia , S i n t a x e , Sem antica , Gra­

m át ica Avançada, T eor ias L in g ü í s t i c a s (ou Modelus de d e s c r i ç ã o L in ­

g u i s t i c a ) , Tópicos de L in g u i s t i c a Aplicada (ou L in g ü í s t i c a A p l ica d a ) ,

Avaliação c c r ia ç ã o de m a te r i a l d i d á t i c o , L i n g u i s t i c a C o n t r a s t i v a ,

P ragm atica , Aprendizagem de uma segunda l i n g u a , în t ro d u ç ào 3 L in g ü ís ­

t i c a (ou L in g u i s t i c a G e r a l ) , S o c io l in g U ía c ic a , E s t i l í s t i c a , L in g u i s ­

t i c a M atem atica , In trodução ã Cromatica ( A r a t i v o - T r a n s formacional (ou

S in taxe T r a n s fu p n a c io o a l ) .

DISCIPLINAS MAIS COMPARTILHADASÎ Fon o lo g ia , S i n t a x e , Sem ân t ica , T e o r ia s

L in g ü í s t i c a s - ein,pe lo menos 5 Mestrados.

LKQUE DE OPÇÕES;0 Catalogo da CAPES e le n ca uma quan tid ad e enorme de

d i s c i p l i n a s o p t a t i v e s . A d iv e r s id a d e de opções d i . s e ip l in a r e s r e v e l a ,

desde lo g o , a f a l t a de um consenso (ou bom senso?) ou dc p lanejamen­

to c o le t iv o p o r p a r t e dos Coordenadores dc M estrados? T erm in o lo g ira -

mente a l i s ta g e m c m até r ia -p r im a p a ra os i n te r e s s a d o s em s i s t e m a t i z a -

çao da t e rm in o c la t u r a c u r r i c u l a r . Ma o rg an ização das o p t a t i v a s pode- *

raos, e n t r e t a n t o , i d e n t i f i c a r do is t ip o s dc d i s c i p l i n a s com parti lhadas

po r a lguns Mestrados: Sem inário avançado de ................. c Tópicos de . . .

Sem p re te n sã o de e x a u s t iv id a d e , l i s te m o s as o p t a t i v a s .

Convém o b se rv a r que , ás v e ze s , há designações sem elhan tes ou v a r i a n ­

tes te rm in o ló g ic a s . S rm ãn tica , T eo r ias L i n g ü í s t i c a s , L in g ü í s t i c a Des­

c r i t i v a , L in g u i s t i c a Romanica, Fonologia Avançada, T ip o lo g ia L ingu is­

t i r a , In t rodução ã L in g ü í s t i c a , S in ta x e , S em ân t ica , In t ro d u çã o a teo ­

r i a formal da g ram á tica . H i s t o r i a da L i n g ü í s t i c a , H i s t ó r i a das i d é i a s

82

L in g ü í s t i c a s em P o r tu g a l « no B r a s i l , L e x ic o lo g ia , B i a l e t o l o g i a , Gco-

l i n g ü í s t i c a , F. to o l i n g ü í a t i c a , P s i c o l i n g ü i s t i c a , A qu is ição da l in g u a -

geni, L i n g u i s t i c a D ia c r o n ic a , T e o r ia da v a r ia ç ã o l i n g u i s t i c a , Metodo­

lo g ia da n e sq u i s a l i n g ü í s t i c a , S o c io l in g U ís t i c a . A n á l is e c r i t i c a Ha

g r a m á t i c a . P ra g m át ica , Problemas Ho e n s in o de p o r tu g u ês como l ín g u a

e s t r a n g e i r a . T e o r ia e p r a t i c a da t r a d u ç ã o , Línguas in d íg e n a s , Neuro-

l i n g U í s t i c a a p l i c a d a a d i s t ú r b i o s da comunicação. Usos de linguagens,

F i l o s o f i a da linguagem. Seminário avançado em F o n o lo g in /S in ta x o , Se­

m ântica argumentar.iv a , Tópicos de f o n o lo g ia . A n á l is e do d i s c u r s o . Es­

t i l í s t i c a q u a n t i t a t i v a . Linguagem e p ro c ess o s c o g n i t i v o s , Métodos dc

campo e n L i n g ü í s t i c a A n t ro p o ló g ic a , L i n g ü í s t i c a a p l i c a d a ao ens ino de

L ín g u as , L e i t u r a e p e s q u i s a s u p e r v i s io n a d a s . L ínguas em c o n ta to . Or­

to p e d ia L i n g u i s t i c a , L i t e r a t u r a e L i n g u i s t i c a , F o n e t ic a a p l i c a d a .

L in g ü í s t i c a com p u tac io n a l , P r á t i c a de a n á l i s e l i n g ü í s t i c a .

Dada a p r o l i f e r a ç ã o de d i s c i p l i n a s e a d iv e r s id a d e de o -

r i e n tações c u r r i c u l a r e s , c o n v i r i a , n e s t e " e s t á g i o de aaad u ree inen to"

da L i n g ü í s t i c a no B r a s i l (Cf. K e la tó r io de Mario P e r in i sob re L in g ü í s ­

t i c a , e lab o rad o p a r a o CNPq, 1982) p e n s a r em promover o in te rcâm bio

de e x p e r i ê n c i a s dos Mestrados — um e n co n t ro de Coordenadores p a ra a -

v a l i a ç ã o de c u r r í c u lo s e busca de d i r e t r i z e s p a r a a i n s t i t u c i o n a l i z a ­

ção de um c u r r í c u l o minino que p o s s i b i l i t e formaçao h á s i c a em l i n g u ì s ­

t i c a (C f . P e r i n i , o p . c i t ) — p a ra c o r r i g i r - s e ou e l i m in a r - s e f a lh a s

dc o rg an iz aç ã o c u r r i c u l a r , d e c o r r e n te , às v e z e s , do iso lam ento i n s t i ­

t u c i o n a l . Talvez a ABRALIN. com o in d isp en sáv e l apoio de e n t id a d e s co­

mo n CNPq e a CAPES, pudesse to n a r a i n i c i a t i v a de o r g a n iz a r uma reu -

63

n ia o de Coordenadores du Mestrados p a ra una ap rox inaçao e f e t i v a en*

t r e aqueles re sp o n sá v e i s (e seus r e s p e c t iv o s Programas) e um b a la n ­

ço c r i t i c o do que r e s u l t a s s e medidas b e n é f ic a s p a r a os corpos docen­

te e d i s c e n t e .

Que a m is c e lâ n e a c u r r i c u l a r e x i s t e n t e — no que concer­

ne ao e le n co de o p t a t i v e s — s e j a s i s t e m a t i c a e p r o d u t i vomente t r ans­

io randa em p lan e jam en to (e p lan o ) c u r r i c u l a r i n te g r a d o , r e s p e i t a d o s

os i n t e r e s s e s «• as n e c e s s id a d e s r e g io n a i s e l o c a i s dos Programas.

O PROBLEMA DO OUTPUT DÛS MESTRADOS: DISSERTAÇÕES

Segundo o levan tam en to i n i c i a d o p e la ABRALIJJ em seu Bo­

l e t i m de maio de 1982, a p rodução de 15 Mestrados a t i n g i u 546 d i s s e r ­

t a ç õ e s , das q u a i s 439 do t i p o d esc r i t iv o e 107 p ed ag ó g icas . S i g n i f i c a

e s s e f a tu que de 4 d i s s e r t a ç õ e s , 1 é de cunho a p l i c a t i v o . Do t o t a l de

d i s s e r t a ç õ e s (5 4 6 ) , 89 fo c a l iz a m l ín g u a s e s t r a n g e i r a s , p redominante­

mente o i n g le s ( 6 7 ) . Ima s u b d a s s i f i c a ç a o dos t e c a s abordados nas d i s ­

s e r t a ç õ e s r e v e l a r a p redom ín io de p e sq u i s a s e a L i n g u i s t i c a Portuguesa :

a ss im , no I n s t i t u t o de Estudos da Linguagem (UNICAMP), das 50 d i s s e r ­

t a ç õ e s , 35 t r a ta m de a q u i s i ç ã o , o rg an ização ou usos do p o r tu g u ê s . Ma

U nivers idade de B r a s í l i a , 17 das 20 d i s s e r t a ç õ e s tem p o r o b j e t i v o as­

p e c to s d iv e r s o s da l ín g u a p o r tu g u e s a .

DISSRRTAÇÔFS FM 4 MESTRADOS : TENDÊNCIAS

In ic ia rem o s eoa n l’UC-SP por uma m otivação a f e t i v a — t e r

s i d o p r o f e s s o r no Programa I.AEL ( L in g u i s t i c a A p l icada an E nsino du L ín ­

guas) d u ra n te 10 anos:

( I ) PUC-SP

84

T o ta l de d i s s e r t a ç õ e s : 46, das q u a is 21 d e s c r i t i v a s e 2*> pedagógicas

( a p l i c a t i v a s ) . A s u b c l a s s i f i c a ç ã o r e v e l a r i a : 18 d i s s e r t a ç õ e s de base

g ra m a t ic a l l a t e s e n su , 24 de base e d u ca c io n a l , 3 de base p a i c o l in ­

g u i s t i c a e 1 de fundamentação p rag m a tica .

Se ap lica rm o s o c r i t e r i o v a l icad e e co ló g ic a Cou dc r e l e ­

vânc ia e c o l i n g ü í s t i c a ) , i . e . , se perguntássemos quan tas d i s s e n t a n e a

têm r e le v â n c ia d i r e t a ou im e d ia ta p a r a e i d e n t i f i c a ç ã o , e lu c id a ç ã o ou

so lução de problemas l o c a i s , en con trar íam os p e lo menos 5 exemplos:

P lanejam ento de c\«rso de Fo n o lo g ia de In g le s p a ra Graduação, Uso da

t é c n i c a " c lo z e " no exame v e s t i b u l a r . Análise c r í t i c a «Io en s in o ce I n ­

g l e s em E sc o la E s t a d u a l , P ro p o s ta de curso dc i n g lê s i n s t r u m e n ta l .

D i f icu ld ad es de e s c r i t a p a r a r e c e c - e l í a b e t i r a d o s .

( I I ) UFSC

T o ta l : 36 d i s s e r t a ç õ e s , das q u a is 31 d e s c r i t i v a s e 5 pedagogica*.

S u b c la s s i f i c a ç ã o : 22 de base g ra m a t ic a l

5 de b a se s o c i o l i n g ü í s t i c a

4 de base educac iona l

3 dc b ase e s t i l í s t i c a

2 de base p s i c o l i n g l l í s t i c a

Quanto â r e l e v â n c i a e c o l i n g ü í s t i c a . d e s taca r íam o s 2

d i s s e r t a ç õ e s : I-ealdadc l i n g ü í s t i c a em Rodeio e Estudo s o e i o l i n g t t í s t i ­

co Colônia E spe rança .

( U I ) u m :

T o ta l : 16 d i s s e r t a ç õ e s , das q u a is 14 d e s c r i t i v a s e 2 pedagóg icas .

S u b c lass i f i cação: 12 de base g ra m a t ic a l

8b

2 de base s o c io l in g U ïs t i c a

2 de base educacional

D is se r ta çõ e s com r e le v â n c i a eco l ingU Tst ica : 2

P i a l e « ) ru ra l e Entoaçao do português de Belo H o r izo n te .

( I V ) IJFFE

T o ta l : 13 d i s s e r t a ç õ e s , das q u a is 11 d e s c r i t i v a s e 2 p ed ag ó g icas .

S u b c la s s i i i c a ç a c : 4 d i s s e r t a ç õ e s de base soc i ul ingll is t i i-a

4 d i s s e r t a ç õ e s de base e s t i l í s t i c a

2 d i s s e r t a ç õ e s de base p s i c o l i n g ü i s t i c a

1 d i s s e r t a ç ã o de base p ragm àtica

1 d i s s c r t a ç a o de base m etodológica ( le to d o lo g ia da

| i e s i |u i sa l i n g ü í s t i c a )

1 de b ase educac iona l

Quanto â r e le v â n c i a cool i n g l l í s t i c a , d e s taca r íam o s 6 d is*

s e r t a ç õ e s : K Íve is de f a l a de alunos dc .9 g rau ; I n te r a ç ã o médico—ba­

c i e n t e do i n t e r i o r ; F a la de pescad o re s ; Linguagem do v a q u e i ro ; Keolo-

gismos n a imprensa l o c a l ; D iscu rso r e l i g i o s o .

CONCLUSÃO

Os dados a p rese n tad o s no Boletim de m aio , 1982 da A3KALIN

deverão s e r complemOnlados por um e s tudo c r í t i c o de algumas «Ìi s s e r t a —

çoes de v á r io s Mestrados n firo de a a va l iação i n i c i a l aqui p ro p o s ta

t e r m a i s o b j e t i v id a d e . Quanto ã tendências c u r r i c u l a r e s , convêm exa­

minar o novo C atá logo de PÕs-Craduação em L in g ü í s t i c a da l.NlCAMP: a -

lêm da informação sobre n e s t r u t u r a c u r r i c u l a r — d i s c i p l i n a s e emen­

t a s r e s p e c t iv a s — ha uma c a r a c t e r i z a ç ã o de o b je t i v o s di> Mustrado e

Jo Doutorado. Segundo o documento, o Mestrado i us^ 'n ivel i n te r m e d ia ­

r i o " ou " r a s e p r e l im in a r do doutorado" mas nào deve s e r cons iderado

apenas corno " f a s e aval i a t i , va de p o te n c i a l id a d e no doutoram ento" mas

"um in s t ru m e n to de formação pessoa l t e c n i c n - a v a l i a t i v o " .

Se o o b j e t i v o p r im o rd ia l dos Mestrados f o r de desenvo l­

v e r e ap ro fundar e s tu d o s de g raduação" , a t ë que ponto os c u r r f r u l o a

dos Programas de Pos-C raduaçio em L i n g ü í s t i c a con tr ibuem pa ro a con­

secução e f i c a z daq u e la meta? 0 que p r e c i s a r i a s e r f e i t o a n í v e i s i n ­

t r a e í n t e r i n s t i t u c i o n a i s p a ra um c resc im en to o rdenado , q u a l i t a r i vo,

e co lo g icam en te p ro d u t iv o dos programas? E is um d e s a f i o que todos nos ,

engajados na c o n so l id ação e p ro g re s so «Ia L i n g ü í s t i c a no B r a s i l , deve­

mos s u p e ra r num e s p í r i t o c o o p e ra t iv o .

Que além de uma p r o f i s s ã o c o m p a r t i lh a d a , compart i Iliemos

a p ro b lem a t ica Ho desenvolv im ento da L in g ü í s t i c a nas u n iv e rs id a d es

b r a s i l e i r a s .

87

ORIENTAÇÃO DE TESE: GRAUS DE PRODUTIVIDADE

M argarida B a s i l i o

(PUC-RJJ

A o r i c n t a ç a o du r e se s c o n s t i t u i o cerne e r e f l e t e a r a ­

zão de s e r dos programas de põ s-g rad u açao em L i n g u i s t i c a , no seu ob­

j e t i v o u n i f i c a d o de form ar p ro d u to re s de conhecimento l i n g u i s t i c o a -

t r a v es do acompanhamento e su p e rv i s ã o do p ro c e s s o de pToduçao. Temos,

p o i s , d o is a sp e c to s b á s ic o s i n t e r - r e l a c i o n a d o s : a formação de p r o f i s ­

s i o n a i s capazes de p r o d u z i r conhecimento n a á re a e o p roduto concre ­

to do p r o c e s s o - a l i a s p r i v i l e g i a d o n a denominação e nos regulamentos

- , que se i n s e r e num amplo programa de acumulação g rad u a l de nosso

conhecimento dos fenômenos lir.gUTs t i c o s .

0 p ro c esso de o r i e n t a ç ã o de t e s e ë excremaraente complexo,

j á que so somam a se u s componentes o b j e t i v o s as condições emocionais

do a lu n o , d i a n t e da p e r s p e c t iv a de se l a n ç a r numa t a r e f a i n e v i t á v e l ,

p a ra a q u a l nao se s e n t e p rep arad o ou mesmo motivado in te rn am e n te ; e

os c o n f l i t o s do p r o f e s s o r , f a ce i s i t u a ç ã o f rcqU ento de t e r que e sc o ­

l h e r e n t r e a c e i t a r um tema no qual e l e não s e s e n t e to ta lm en te seguro

ou c o n t r a - p r o p o r temas nos q u a is o a luno não e s t a d i rc tam en te i n t e r e s ­

sa d o . 0 peso de f a t o r e s como e s t e s pode s e r a tenuado quando o programa

tem condições de o f e r e c e r o r i e n t a ç ã o e f e t i v a a cada a luno desde a sua

admissão como c a n d id a to ao Mestrado. I s t o , porém, não acon tece em mui­

to s programas.

Ka r e a l i d a d e , a s i t u a ç ã o da o r i e n t a ç ã o de t e s e nos p ro g ra

88

nas de põs-g raduaçao em L i n g ü í s t i c a i a f e ta d a po r uma s e r i e de p ro ­

b lem as, d e c o r r e n te s das d i f i c u l d a d e s g e r a i s do s e t o r c da p r e c a r i e ­

dade de condições de funcionaracnto dos programas. Pretendemos co lo­

c a r a lguns dos problemas mais d i ru ta m en te l ig ad o s ao p ro cesso i* l e ­

v a n ta r pon tos de r e f l e x ã o que d irec ionem uce d isc u ssã o ampla, na bus­

ca de uma a v a l i a ç ã o o b j e t i v a da s í t u a ç a o de cada programa, assim co­

mo de p o s s ív e i s so lu ç õ es a l t e r n a t i v a s .

Dentre os f a t o r e s que mais comprometem a e f i c á c i a dos

programas no que concerne à o r i e n t a ç ã o de t e s e . destacam -sc a p o l í ­

t i c a de p razos de concessão de b o l s a s , as d e f ic iê n c ia s acumuladas en

e s t á g i o s a n t e r i o r e s de formação e as condições de e s t r u tu r a ç ã o e fun­

cionamento dos progTar.as. A r e le v â n c i a r e l a t i v a de cada f a t o r depen­

de da s i t u a ç ã o de cada programa no que sc r e f e r e sos demais f a t u r e s .

A p o l í t i c a de l i a i t a ç a o de p ra ío s na concessão e manu­

tenção de b o l s a s I um dos fator«*s que mais afetam o p rocesso dp o r i e n

taçao de t e s e no 6eu o b j e t i v o de formação de p r o f i s s i o n a i s en LingUÍs

t i c a . 0 problema se o r i g i n a , aparen tem en te , de do is pontos de d i s c r e ­

p â n c ia : a d i s c r e p â n c ia e n t r e o i d e a l e o r e a l . dadas as condições dos

a lu n o s c dos program as; e a d i s c r e p â n c i a nos o b j e t i v o s , dos q u a is de­

pende o t ip o c o e x te n sã o da formação.

0 p ra z o normal de b o l s a s p a ra Mestrado raramente u l t r a ­

p a s s a , no momento, o p e r ío d o de do is anos. Ora . a e x p e r i ê n c i a nos d iz

que o tempo médio n e c e s s á r i o p a r a a conclusão do Mestrado em L in g ü ís ­

t i c a no BrasiL ê d e , no mínimo, t r ê s anos. Assim se co n f ig u ra o caso

t í p i c o do b o l s i s t a - e o b o l s i s t a £ o caso t í p i c o . Ho momento em que

B9

lì a luno e n t r a no comento c r i t i c o de sua formação p r o f i s s i o n a i , e c r i ­

t i c o nas v á r ia s conoinçôes , devendo, p o r t a n t o , d e d ic a r - s e i n t e g r a l ­

mente ao p ro c ess o , p a ra c r i a r condiçoes de t r a n s p o r todas as b a r r e i ­

r a s , r e a i s e im ag in ár ias , o term ino do prazo da b o l s a lh e r e t i r a a

base segura de manutenção, obrigar.do-o a d i s p e r s a r e n e rg ia s o b j e t i ­

vas e s u b j e t i v a s na questão d a so b re v iv ên c ia .

0 caso mais grave e o dos b o l s i s t a s do PICD, na medida

em que 3$ u n iv e rs id a d es de origem pressionam a v o l t a do d o cen te , a-

í a s ta n d o - o do c o n ta to d i r e t o c.om o o r i e n t a d o r , d i f i cu i Um Ho o acesso

a fon tes b i b l i o g r á f i c a s , r e t i r a n d o - lh e a a tm osfe ra n e c e s s a r i a ao p ros

seguimento da um caminho que ë e x t rémanente a rduo e n su a s e la p a s i n i ­

c i a i s . A subsequen te imposi ç7so de t a r e f a s d o c en te s im ed ia tas completa

o fechamento.de um c í r c u l o , p a ra o qual d i f i c i l m e n t e s e piete v is lum ­

b r a r u ra s a í d a s a t i s f a t ó r i a . K a tu ra lm en te , h á muitos o u t ro s c a so s ,

alguns menos d r á s t i c o s , o u t ro s menos g e n e ra l ix ã v c i s* mas a p ro b len á -

t i ca « cs sen ci a ! men t r a mesma.

0 ín d ic e de evasões que n co rrem n e s t e p e r ío d o e s i g n i f i ­

c a t i v o , c mesmo a la rm a n te , se considerarmos os casos de evasão t a r d i a

e sem i-evasão . Kos casos de e/asao t s r d i a , o a luno t e n t a l u t a r c o n t r a

o quase i n e v i t á v e l a t ê que sc esgotem os u l t im a s p ra zo s e p r o r ro g a ­

ç õ e s , 3endo f in a lm en te d es l ig ad o do programo, depuis do mais ou nonos

um ano de e s fo rço s e a n g ú s t ia s que desgastam a!win <• o r i e n t a d o r . No

casa de sem i-evasao , o a luno , sen t in d o que o p razo e s t a p r e s t o s u e s ­

g o t a r - s e , faz un e s fo rç o sobre-humano para não p e r d e r « t í t u l o . O lian­

do co n f ig u ra e s t a s i t u a ç ã o , o o r i e n t a d o r se s e n te in te rnam en te

90

compelido a coopera r e carabcm f a x un e s f o r ç o sobr « - humano, f teq l ien -

tetaente p r e ju d ic a n d o su3 a tu a çã o em o u t r a s I r e o s . Mo d e c o r r e r do

p ro c e s s o , dados os f a t o r e s humanos, o b j e t i v o s & b u r o c r á t i c o s envol­

v i d o s , canto a formação do a luno qunnro o r e s u l t a d o do t r a b a lh o f i ­

car:' p r e ju d ic a d o s . É d i f í c i l conceber a recusa do ' t u l o a quem tem

p o t e n c i a l e faz un enorme e s fo rç o p a ra s u p e ra r d i f i c u l d a d e s o b j e t i ­

v a s . Em conseqüênc ia , as f i n a l i d a d e s p r im á r i a s se t ran s fe re m : a

p r i o r id a d e p a ssa a s e r a de s a l v a r una v í t im a do s i s t e m a e r.ao a de

g a r a n t i r a boa formaçao de urs m es tre cm L in g U ís t i c a «• a boa q u a l i d a ­

de do p rodu to de seu t r a b a lh o . ? a s s a - s e a e x i g i r apenas o mínimo i n ­

d i sp e n sá v e l que s e r i a a c e i t o po r uma banca examinadora , ari cas vezes

um forma cão d e f i n i t i v a , quando os regu lam entos do u n iv e r s id a d e a s ­

sim o permitem.

Em suma, a p o l í t i c a de l im i t a ç ã o de p razo s de b o l s a s ,

alem de c r i a r s i t u a ç õ e s t r a u m á t ic a s p a r a n a lu n o e d esg a s te p a ra o

o r i e n t a d o r , r e p r e s e n t a um grave d e s p e r d í c i o do r e c u r s o s , p r o p i c i a

d i s t o r ç õ e s e co loca e n t r a v e s no p ro c esso de desenvolv im ento da L in ­

g ü í s t i c a nn 3 r a a i l .

A l im i ta ç ã o dos p ra zo s de b o l s e s , é v e rd ad e , pode se

i o r n a r p ra t i c a m e n te i r r e l e v a n t e , no caso de se g a r a n t i r , j á nos e

xames de admissão ao Mestrado, um n ív e l c a i s so l id o de formação hä-

s i e » cm L i n g ü í s t i c a . Kst a p o s s i b i l i d a d e , no e n t a n t o , nos o b r ig a p

una s é r i a r e f l e x ã o .

l’o r um l a d o , e x i g i r p a ra a admissão «o Mestrado :mi grau

dc conheci men Ui n u i ro s u p e r io r no qui: ê o f e r e c i d a , de d i r e i t o e de

*1

f a t o , nos m i s a s Je g ra d u aç ao , cotfi-Spixidi1 .1 um coca l a fas ta m e n to

d i r e a l i d a d e , t nos sabemos. dad<i a fa lô in i a do e n s in o medio e ou­

t r o s f a t o r e s , 0 qm- ê o f e r e c id o e e x ig id o . v i a de r e g r a , nos cursos

de g raduaçao . Tal medida e x c l u i r i a , em p r i n c í p i o , a e n t r a d a en p ro ­

gramas de pos-graduaç /io <ia maior p a r t e dos eg re sso s de u n i v e r s id a ­

des s i t u a d a s f o r a das a r e a s c u l t u r a i s mais d e se n v o lv id as do p a í s .

p o is apenas n e s t a s á r e a s os e s t u d a n t e s poderiam c o n ia r cora r e c u r so s

i n s t i t u c i o n a i s , humanos « b i b l i o g r á f i c o s p a ra d e s e n v o lv e r , a in d a qur

com d i f i c u l d a d e , uma formaçao i n i c i a Immite p r e c a r i a . Po r o u t r o lad » ,

o e s ta b e le c im e n to d<*. medidas d e s t e t e o r nus p r i v a r i a do p o te n c i a l de

produção de um c o n t i n g e n te s i g n i f i c a t i v o de e s t u d a n t e s , além «le d i ­

f i c u l t a r 0 de senvolv im ento p a r a l e l o nas v a r i a s r e g iõ e s do p a í s .

A a l t e r n a t i v a n a t u r a l par.i o impasse e s t á na irurremen-

taçao de programas de e x te n sã o c a p e rfe iço am en to , ma« lambem e s t a ë

uma q u e s tã o p o lem ica , so b re tu d o no que concerne ã r e la ç ã o c u s c o / e f i -

c á c i a . eit 1 ermos de tempo e He r e cu rso s humanos <• f i n a n c e i r o s e n v o l ­

v id o s . N este p a r t i c u l a r , s c r i a im por tan te a n a l i s a r a r e la ç a o produ­

t iv id a d e /tempo e n t r e a lunos que f ize ram cu rso s de e s p e c i a l i z a ç ã o an­

t e s áe ing ressa rem em programas de Mestrado e a lu n o s que não s e g u i -

r a a t a i s c u r s o s , m antida uma base p a r a l e l a cm termos de n ív e l dos li­

n i ve r s idades do or igem . O u tra a v a l i a ç a o n e c e s s á r i a s e r i a a do custo

Je. um p lane jam en to g lo b a l de programas dc e x te n sã o e ap erfe iço am en to

c-a b a se s a rp ia : : , eu, o p o s iç ão a u m m odif icaçáu na p o l í t i c a de l im i -

r .iç.10 de p razos de b o l s a s , lev a n d o -se em conta .1 m o b i l ização de t e -

cu rn is humenos e os d e sv io s de p r o d u t iv id a d e .

92

Bsca p ro b le m a t ic a nos conduz n a tu ra lm e n te ao ponto s e -

'p l in to , ou s e j a . o do exam inar a i n f lu e n c i a da e s t r u t u r oç.io <!os p ro -

gramas so b re o p ro c esso de o r i e n t a ç ã o de t e s e . ' q u e s t ã o a p re se n ta

v á r i o s a s p o r t o » , i n c l u s i v e o de posícionymcnco acadêmico-

E x is t« ' , pm exemplo , uma e x p e c t a t i v a po r p a r t e de wri

tos a hinos c uma c o n t r o v é r s i a e n t r e p r o fe s so re s a c e r c a da ro n v en ièn­

e i .1 Ou não de se s p o r algum t i p o de e s t r u t u r a na p o r re co rresponden­

t e aos c u rsu s em programas de ons graduação* m uitos c o u s i<>ram çue

nos prograiiins <le Mostrado o Doutorado todas as d i s c i p l i n a s devem se r

o p t a t i v a s . No coso do-; programas de Mestrado era l i nniif s e n a , a es

t r u l l i r ação a f e t a d i r e t a m e n te « prm-ossn de o r i e n t açan de re se .

q u e s t ã o da e s t r u t u r a ç ã o du- componente de curso- num

progv.ima de y-ost r a d o devo s e r a v a l i a d a , ne «•ntíuitu, em termos Je d o 's

pon tos d i s i i it t o s . O p r im e i r o c o r re sp o n d e r ia a e x i g ê n c i a Je «u rso s b á ­

s i c o s , que t e r i a m so b re tu d o a : in a i idade de da r aos a lunus nina f o r ­

m uli lo s ò l i d a i n i c i a l , cr» v i s t a da prohlemni íc.-i ile d e f i c i ê n c i a « <le

formação. T r a t a r - s o - i n . p o r t a n t o , do uma medida p a l i a t i v a - <> segundo

c o r re s p o n d e r i a ao o b j e t i v o d<- e .aranri r um máxinui de e f i ■ i ê n c i a na

formação p r e p a r a i õ r i n a t r a v é s de uma «■sriutura m aleável du •-«•loç-ao

c o rden ação do c u r s o s .

n f a l t a de uma o s tru tu i-aço o o a i s e f e t i v a d.» rixmponente

cc connu: em programas de Mcsrrado a f e t a n p - s o Je o r í c n t a ç a u de

t e s e so b re i ndn em t r è s no» t o s : «limi nui cão da e í i r i ê n e i 3 rio aprovei

t amento do tempo d i s p o n ív e l ,, .ira ao u is iv u o «ie cophe« i a e i i t« . agravu-

^ n l u da s i t u a ç a o de tens;xi «uando d" t ní i in <b> p r o c e s s o de o r i e n t a -

Ç«o c d i s p e n d io do tempo de p e sq u i s a cm p reen ch im en to de lacunas de

formação.

0 p r im e i r o ponto e ób v io e d i s p e n s o mui o re s d i s c u s s õ e s .

Os d o is pon tos s e g u i n t e s sao i n t e r l i g a d o s e afe tam mais d i ru ta m e n te

o p ro c esso de o r i e n t ação de t e s e . Po r ura Lado, a f o l t a de uma e s t r u ­

t u r a que condii?.» o Iira maior aprofundamento numa a re a e s p e c i f i c o con­

t r i b u i p a r a a g ra v a r a s i t u a ç ã o i n i c i a l de p ân ico do a luno que . após

s e g u i r cu rso s i s o l a d o s que focal izara d i f e r e n t e s a sp e c to s do fenôme­

no l i n g u i s t i c o era p e r s p e c t iv a s t e ó r i c a s v a r i a d a s , nao se s e n t e segu­

ro d i a n t e da t a r e f a de e s c o lh e r ura tema e a p r e s e n t a r um p r o j e t o de

p e sq u iso . Por o u t r o l a d o . mesmo depois de o a lu n o s u p e r a r e s t e p r i ­

meiro momento, a s i t u a ç a o so b re c a r r e g a o o r i e n t a d o r , que sc vê na

função dc o r i e n t a r o c a n d id a to na e l im in a ç ã o de f a l h a s de formação-

e p r e ju d i c a o a luno na q u e s tã o dos p r a z o s , j a que uma p a r t e «Io tem­

po de p e sq u i s a e ocupada na a q u is iç ão de conhec im entos p r é v i o s , ne­

c e s s á r i o s Á abordagem adequada do tema e s c o lh i d o .

Mas o prob lem a não e s t á s im plesm en te na fo ro o la ç a o di­

urna dada e s t r u t u r a : o problema grave é o da c o n c r e t i z a ç ã o das medi­

das n e c e s s á r i a s . Cm termos de f a t e . o que o c o r r e ê que m uitos p ro ­

gramas nao têm co nd içoes r e a i s de o f e r t a de c u r s o s , lì l i p i e o o caso

do uluiiu i n te r e s s a d o numa à re a X ( S i n t a x e . F o n o lo g ia , S o c io l in g l l i s -

t i r a , e t c . ) e que não consegue i r alem de um c u r so i m r o d n t Õ r i o em

sua á re a de i n t e r e s s e , sendn obr igaco a c u r s a r d i s c i p l i n a * que o«o

o in te i e s s a m , s im plesm ente porque n;i<> ha o u t r a o p ção . S i tu a ç õ e s co­

mo e s t a sã o muito f r e q ü e n t e s . C onsiderem os, pu r exem plo , o ra so do

n>»

b o l s i s t a , que deve c u r s a r , p e lo menos, t r ê s d i s c i p l i n a s por p e r ío d o .

Muitas vezes o programa o f e r c c c apenas t r ê s c u rso s nua dado p e r ío d o ,

negando ao a lu n o , p o r t a n t o , q u a lq u e r p o s s i b i l i d a d e de e s c o lb a .

E s t e problema ê gerado so b re tu d o p e l a l im i t a ç ã o de r e ­

cu rsos humanos e f i n a n c e i r o s dos p rogram as, embora também por f a l t a

de o rg an ização i n t e r n a e impedimentos de ordem b u r o c r á t i c a .

Dada a i m p o s s ib i l i d a d e de remover e s t e s f a t o r e s a c u r to

p ra zo , ê v i t a l a a v a l i a ç ã o da s i t u a ç a o de cada programa n e s t e p a r t i ­

c u l a r , com v i s t a s ao m aio r aprovei tam ento dos r e c u r s o s hunanos d i s ­

p o n í v e i s . Neste s e n t i d o , e e v id e n te a n e c e s s id a d e de desenvolvim ento

dc l in h a s dc p e s q u i s a e s p e c í f i c a s nos p rogram as, em o p o s iç ão à t e n ­

t a t i v a , com preens íve l mas i m p r a t i c á v e l , de s e d e i x a r ao a luno ursa i n ­

f i n id a d e de su p o s ta s o pçoes . Ka medida em que os r e c u r s o s d i s p o n ív e i s

são l i m i t a d o s , é abso lu ta -nen te v i t a l e v i t a r a d i s p e r s ã o .

A c o n cen tração dos programas em l in h a s de p e s q u i s a d e f i ­

n id as p o s s i b i l i t a r a aos a lunos alguma c o n t in u id ad e no seu aprofunda­

mento de á r e a s de e s p e c i a l i z a ç ã o , g a ra n t in d o m aio r e f i c i ê n c i a e r a ­

p id ez no p ro c e s s o dc o r i e n t a ç ã o de t e s e . Po r o u t ro l a d o , e s t a c e d id a

p r o p i c i a o aumento de p r o d u t iv id a d e do corpo d o c e n te , n a medida era

que e v i t a d iv i s õ e s e d i s p e n d io de e n e r g i a na recu p e raç ão de casos i -

s o la d o s ; c t o m a mais v i ã v e l a ge ração de r e c u r s o s a d i c i o n a i s , a t r a ­

vés do e v e n tu a l f in an c ia m en to de p r o j e to s de p e s q u i s a a n í v e l i n s t i ­

t u c i o n a l , o que , po r s u a v e z , f a c i l i t a a concessão de b o l s a s de p e s ­

q u i s a a a lunos em fa se de e lab o raç ã o de t e s e .

Somariz.indo, o p ro c esso dc o r i e n t açno de t e s e s nos p ro -

?c.

gramas du p ó s -g ra d u aç ã o em L i n g ü í s t i c a c gravemente p r e ju d ic a d o por

uma s é r i e de f a t o r e s i n t c r - r e l a c i o n a d o s . A e f e t i v a c o n c e n tra ç ão de

r e c u r s o s humanos dos programas em to rn o de l i n h a s d e f i n i d a s a p re se n ­

t a - s e corno uma das a l t e r n a t i v a s v i á v e i s p a r a a a ten u ação dos p r o b le ­

mas que a t in g e m o p ro d u t iv id a d e do proreH so .

•;r

MINI-CONFERENCIA I : PsicoUnçQística: Riqueza e Dilemas na Teoria e

Pratica

Coordenador: Cláudia Lemos

Participantes: Eleonora Motta Maia

Maria Laura Meirlnk

Leonor Scliar Cabrai

Dia/ 09 de julho

Hora: 11 as 13

SOBRE AQUISIÇÃO DE LINCUACEM E

SEU DILBMA (PECADO) ORIGINAL

Claut ' i n T. G. de Lemos

(UNICAMP)

C ontrar iam en te ao que o t í t u l o d e s t a zesa- redonda suge-

T c, parece-me d i f í c i l v e r a p s i r . o l i n g ü í s t i c a corno urna á rea tie in v es ­

t ig a ç ã o em que se p o s s a i s o l a r urna zona e sc u ra de dilemas ou eticru-

z i lh a d a s t e ó r i c a s e m etodo lóg icas da zona luminosa onde p o rv en tu ra

se amontoem suas r i q u e z a s . No que d iz r e s p e i t o aos estudos sobre e-

q u i s i ç ã o da linguagem, pode-se a té mesmo d i z e r que é a n a r r i r de 3eus

d i l e n a s ou e n c ru z i lh a d a s que se têm v i s lu n h rad o suas r iq u ez as , e n te n ­

dendo-se po r r iquezas as q u e s tõ es que, form uladas com base no reco­

nhecimento dc d i le m as , têm i lum inado novos can inhos de r e f l e x ã o c i n ­

v e s t ig a ç ã o t a n to p a ra o p s i c o l i n g i l i s t a quan to p a ra t> L ingü is ta e p a ra

97

o p s ic o lo g o .

lia , porem, a meu v e r , na á r e a de a q u is iç a o da linguagem,

um dilema de base - seu d i lem a ou "pecado" o r i g i n a l - que , p o r não

1e r s id o a te agora pienamente reconhecido , poucas d e s t a s q u e s tõ es ou

r iq u e z a s tera p ro p ic iad o . T r a t a - s e da in c o m p a t ib i l id ad e e n t r e os dois

compromissos que o p s i c o l in g l l í s t a que sc d isp õ e a i n v e s t i g a r como as

c r i a n ç a s adquirem sua p r im e i r a l ín g u a , tem que assumir - ou j u l g a t e r

que assum ir - para d a r con ta de sua t a r e f a .

Ihn d esse s «improntissos e com a d i a c r o n ia , a s a b e r , com

a i d e n t i f i c a ç ã o c a e x p l i c a ç ã o das mudanças q u a l i t a t i v a s que d e f i n i ­

riam o p ro cesso de a q u i s iç a o da linguagem, ou , em o u t r a s p a l a v r a s ,

seu compromisso com a genese de e s t r u t u r a s e c a t e g o r i a s . 0 segundo

compromisso pa rece s e r o que e le a ssu re com a s i n c r o n ia e p e lo oual

s e o b r ig a n d e s c re v e r , <-m termos dc c a t e g o r i a s c e s t r u t u r a s d e f in id a s

no i n t e r i o r das t e o r i a s l i n g u i s t i c a * v i g e n t e s , os enunciados r e p re ­

s e n t a t i v o s de cada mcnuento do per íodo que i s o l a como o b j e t o dc e s t u ­

do.

Ka p r á t i c a da p esqu isa p s i c o l i ngd ís t . ica e s t e d i lem a se

c o n c r e t i z a na im p o s s ib i l id a d e do in v e s t ig a d o r s e r f i e l o e s s« s d o is

compromissos. Não hã du v id a , porem, de que c p e lo cumprimento do s e ­

gundo que e l e tem op tad o . E, corn e l e i t o , r a ro e n c o n t r a r t r a b a lh o s so­

b re a q u is iç ao da linguagem, mesmo e n t r e os que têm por o b je to seus pe­

r íodos i n i c i a i s , em que a produção l i n g ü í s t i c a da c r i a n ç a não s e j a des

c r i t a como in s t a n c i a ç o e s de c a te g o r ia s coco Nome e Verbo, Agente c Ob­

j e t o , t r a ç o s sem ân t ico s , re g ra s s i n t á t i c a s . I s s o e q u iv a le a d i z e r que

58

r a ro s sao os t r a b a lh o s e n que «i po n to de chegada nao se sobreponha

ao ponto de p a r t i d a ou e n que nao a e j a dado cono p r e s su p o s to muito

d a q u i lo c u ja gênese se e s t a p rocurando r e c o n s t i t u i r .

N o te -se .que o d i a g n ó s t i c o acima se a p l i c a ã g rande maio­

r i a dos i n v e s t ig a d o r e s d e s t a a r e a , os q u a i s , embora e x p l i c i temente

r e j e i t e m uma v isão i n a t i s i a da a q u i s iç a o da linguagem, in r o r p o r a n - n a ,

ímoli c i tarmante, a cada p a sso de su a d e s c r i ç ã o * . Assim r que , na v e r ­

d ad e , se. tem o cu l tad o a in c o m p a t ib i l id a d e desses d o i s compromissos,

ou o d i lem a cu jo reconhecim ento l e v a r i a a a n a l i s e s a l t e r n a t i v a s e ã

e lab o raç ã o de uma metalinguagem que p e rn i t i s s e da r conca das mudanças

q u a l i t a t i v a s que c a ra c te r i z a m o p ro c esso de a q u is iç a o de linguagem em

un n ív e l tonos a b s t r a t o e menos c e r a t o s i . P a re cc -ce conseqüente a i s ­

so o f a t o de. o con jun to de t r a b a lh o s r e p r e s e n t a t i v o s da a r e a nao o f e ­

r e c e r c a i s que d e s c r i ç õ e s de p e r ío d o s ou e s t á g i o s nao r e la c io n á v e is

2 ~ ■«. , e n t r e s i , não s e r v in d o , p o r t a n t o , à r e c o n s t i Cuiçao Ce um p ro c e s s o d e -

. 1t i n í v e l , p e lo monna cm p a r t e , p e l a sua co n tin u id ad e .

Os p ro b len a s ou di Um as que t e c s id o e n f re n ta d o s p e iu s

p s i c o l i n g U í s t a s não chegam, na v e rd ad e , a t o c a r n que chamei de di lo ­

n a o r i g in a l e s i tu a m -se de p r e f e r e n c i a no i n t e r i o r do segundo compro­

m isso . £ exemplar n e s t e s e n t id o a o u e s tao q u e , nr i n í c i o dos anos 70.

se colocavam p e sq u isa d o re s etico Bove m a n (1971) c Brown (1971) : qual

dos modelos de d e s c r i ç ã o l i n g u i s t i c a e x i s t e n t e s c adequado p a ra r e p re ­

s e n t a r o conhecimento su b ja c e n te i produção l i n g u i s t i c a da c r i a n ç a no

p e r ío d o d<* enunciados d«* d o i s vocábulos ou r . s c ig io l?

Ainda que e s t a q u e s tã o nao passe t a l v e z de ona v o r sao p s i -

99

c o l i n g l l í s t i c a da p o lo n ic a e n t r e a sem ân t ica g e r a t i v a e a g ram á tica

g e r a t i v a t r a n s f o r m a c i o n a l , as v a r i a s t e n t a t i v a s de s o l u c i o n á - l a pa­

recem t e r a b e r to novas a re a s de d i s c u s sã o c c o n t r o v é r s i a na l i t e r a ­

t u r a mais r e c e n te .

£ s i g n i f i c a t i v a , n e s t e s e n t id o , a t e n t a t i v a de Bowçrroan

( o p . c i t ) que , a p e s a r <ie dem ons tra r sua p r e f e r e n c i a p e la g ra m á t ic a de

casos do t i p o p ro p o s to p o r F i l lm o re (1 9 6 8 ) , po r c o n s i d e r á - l a c a i s a -

dequada p a ra d a r conca das r e g u la r id a d o s a n te s sem ân t ica s que a i n t a -

t i e s s que , segundo a a u to r a , c a r a c t e r i z a m as p r im e i r a s combinações

de v o c áb u lo s , reconhece suas i n s u f i c i ê n c i a s c c o n c lu i que:

"As th e c h i ld matures l i n g u i s t i c a l l y ,

a c c o rd in g to t h i s v iew , he beg ins to reco g n ize

r e g u l a r i t i e s i n th e way d i f f e r e n t sem antic

concep ts a re d e a l t w i th and to g ra d u a l ly

re o rg a n iz e h i s knowledge i n t o « i c t a t i c co n ce p ts .

( . . . . ) I f t h i s i s t r u e , th e o p t im a l grammar f o r

c h i ld language must be capab le o f o p e r a t in g with

bo th s n c t a t i c and sem antic co n cep ts . I t must be

a l s o f l e x i b l e enough to r e p r e s e n t s h i f t s over

time to new l e v e l s o f a b s t r a c t i o n , so t h a t , f o r

example, a s e n ten c e c o n s t i t u e n t which a t one

time m ight be r e p re s e n te d as an "a g en t" would

a t a l a t e r time be r e p re se n te d as " s e n te n c e -

s u b j e c t " .

IOC

(Bowerman 1973:227)

N o te - s e , e a p r im e i r o l u g a r , que a p e r s p e c t i v a o n logenc-

t i c a e d inâmica que a a u to r a p a r e c e assum ir o e s t e t e x to s e sobropoe

um ponto de v i s t a s i n c r o n ic o c e s t á t i c o , j a que o problem a de r e p r e ­

s e n t a r um p ro c esso de r e o r g a n i zaçnn de c o n ce i to s sem ân t icos e n con­

c e i t o s s i n t á t i c o s f i c a p o r co n ta de uma g ra m á t ic a fo rm ulada a p a r t i r

dc noções d e r iv a d a s da a n a l i s e do o b je to l i n g u i s t i c o j a c o n s t r u íd o ,

ou m elh o r , do p ro d u to d e s se p r o c e s s o .

Ä p a r t e i s s o , a in d a que s e p ro c u re d a r co n ta d e sse p ro ­

cesso de r e o rg a n iz a ç ã o sem r e c o r r e r a uma g r a m á t i c a , mas a m ecanis­

mos de ordem p s i c o l o g i c a ou c o g n i t i v a , como o p re tendem t r a b a lh o sA

mais r e c e n te s ( c f . S c h l e s in g e r 1981 , S lo b in 1981 e M ara tsos 1981) ,

em nada se a l t e r a a h i p ó te s e c o n t i d a na o r o p o s t a de Boverman, de que

c o n c e i to s so n a n t i cos sao a d q u i r id o s a n te s de c o n c e i to s s i n t á t i c o s .

K an tcndo-se t a l h i p ó t e s e , não so s e mantem su a r e la ç a o

com noções d e r iv a d a s d a a n á l i s e do o b je to l i n g u i s t i c o j á c o n s t r u íd o ,

como f i c a p o r e x p l i c a r a gênese d e ssa s c a t e g o r i a s sem ân t ica s - Agen­

t e , O b je to , Ação (ou V erb o ) , e t c . - c o papel que n e s t a gênese ê a -

t r i b u í v e l aos enunciados de um vocábulo do p e r ío d o a n t e r i o r ’ . Com e -

f e i t o , r e m e te r a e x p l i c a ç ã o de como se constrocm e s s a s c a t e g o r i a s pa­

r a o domínio c o n g n i t i v o como o f i z e ra m , e n t r e o u t r o s , S c h le s in g (1971

e 1981) e Brown ( o p . c i t ) o q u a l chega a a f i r m a r que o E s t á g io I é uma

e x te n sã o do p e r io d o s e n s ó r i o-m otor d e s c r i t o p o r P i a g e t (1937) apenas

a c r e s c e n ta a n e c e s s id a d e de p o s t u l a r mecanismos dc p r o j e ç ã o de c a t e ­

g o r i a s sem ân t icas s o b re c a t e g o r i a s s i n t á t i c a s una o u t r a n e c e s s id a d e :

a de e x p l i c a r como sc o p e ra o mapeamento dc c o n c e i to s n a o - l i n g U í s t i -

X01

cos ou c a t e g o r i a s c o g n i t iv a s s o b re c a t e g o r i a s s e m ân t ica s ,

D a -d i f i c u ld a d e cm e n f r e n t a r o compromisso conca Ontoge­

nese c a i n d e t e n n i naçào c a t é g o r i a l que e l e p a rec e a c a r r e t a r não me

parecem i s e n to s os p e sq u isa d o re s como B runer (1 9 7 5 ,e t c . ) e o u t r o s que

p rocuraram i d e n t i f i c a r nos comportamentos com unica t ivos p r ê - l i n g ü í s -

t i c o s o que chamar.m de p r e c u r s o r e s de c a t e g o r i a s c e s t r u t u r a s l i n ­

g ü í s t i c a s . Apesar da d e s c r iç ã o s a t i s f a t ó r i a que o f e r e c e da gênese dc

comportamentos comunicativos nâo -v e rb A is d e n t ro de esquemas de i n t e ­

ra çã o e n t r e o a d u l to e a c r i a n ç a ( " f o r m a t s " ) , aus h i p ó t e s e de que e s ­

s e s comportamentos, alem de seu v a l o r f u n c i o n a l , r ep re sen tam i n s t a n -

c ia ç õ e s de c a t e g o r i a s sem ân t ica s e s i n t á t i c a s , padece das mesmas d e f i ­

c i ê n c i a s apontadas nas p ro p o s ta s c o g n i l i v i s t a s c r i t i c a d a s acim a. Paea

B ru n e r , com e f e i t o , aâo nos esquemas i n t e r a c i o n a i s lG d ico s como o de

d a r - e - p e g a r ( " g iv e - a n d - t a k e " ) em que a d u l t o e c r i a n ç a s e e n t r e tê r a em

p a s s a r um o b j e t o ten p a ra o o u t ro que a c r i a n ç a e x p e r i e n c i a nao ao p a ­

p é i s s o c i a i s r e v e r s í v e i s , cono a segm entação d e ssa s açoes con jugadas

em p a p é i s sem ân t icos de Àgentivo , B e n e fa c t iv o e O b je t iv o . Do mesmo mo­

do , os esquemas de c o -o r ie n ta ç a o v i s u a l , eni que a c r i a n ç a m uito cedo

m o stra a capacidade de p a r t i l h a r com o a d u l to a a te n ça o s o b re d e te r m i ­

nado o b j e t o ou s i t u a ç ã o no espaço p e r c e p tu a l im e d ia to , são p a r a e le

formas p r e - v e r b a i s de e s ta b e le c im e n to da c a t e g o r i a de T op ico .

Uma t a l h ip ó te s e não d i s p e n s a , porem, a fo rm u lação dc me­

canismos de p r o j e ç ã o do domínio c om unica t ivo p a r a o domínio l i n g ü í s t i ­

co e não o f e re c e p o s s ib i l i d a d e s de e x p l i c a r como a c r i a n ç a chega a i -

s o l s r e lem entos ou c o n s t i t u i n t e s nas c a d e ia s da f a l a a d u l t a que o c o r re

10?

n e s s e s esquemas.

E s t a u l t im a o b se rv aç ã o l e v a ao reconhecim en to de mais

uma i n c o m p a t ib i l i d a d e e n t r e p o s t u r a s t e ó r i c a s i m p l í c i t a ou e x p l i c i ­

tam ente a s s o c i a d a s t a n t o nas h i p ó t e s e s c o g n i t i v i s t a s q u a n to era h ip ó ­

t e s e s s o c i o r i n t e r a c i ó n i s t a s , como a de B ru n e r . No i n t e r i o r d e ssa s

h i p ó t e s e s s e conjugam uma v i s ã o a t i v a da c o n s t r u ç ã o de c a t e g o r i a s no

domínio c o g n i t i v o e no domínio co m u n ic a t iv o - j á que e s s a c o n s t ru ç ã o

se d á a t r a v é s da açao da c r i a n ç a s o b re o b j e t o s e s o b r e o O u tro - a

uma noção de i n p u t l i n g ü í s t i c o en quan to o b j e t o sobre o q u a l a c r i a n ç a

não o p e ra a t i v a m e n te , n a s ao q u a l é e x p o s ta e do q u a l , de s e u p o s to

de o b se rv aç ã o p a s s i v o , deve e x t r a i r in fo rm ações ( c o n s t i t u i n t e s e r e ­

l a ç õ e s ) .

Os c r i t é r i o s u t i l i z a d o s na s e l e ç ã o de dados em pír icos

das p e s q u i s a s l o n g i t u d i n a i s o b s e r v a c i o n a i s me parecem t e r f a v o re c id o

o lev a n tam en to d e s sa s h i p ó t e s e s e a manutenção do compromisso com teo ­

r i a s l i n g ü í s t i c a s , cm p r e j u í z o dc uma p e r s p e c t i v a o n t o g e n e t i c a . C r i t é ­

r i o s como o de i n t e r p r e t a b i l i d a d e e " i d e n t i d a d e morfemi ca" r e l a t i v a ­

mente a f a l a a d u l t a (veT, po r exemplo . Bloom 1970) r e s u l t a r a m em uma

h i g i e n i z a ç ã o dos " c o r p o r a " e s t u d a d o s . r e l e g a n d o à c l a s s e de rcsíduoB a -

q u e le s dados que s e r v i r i a m de c o n t r a - e v i d ê n c i a as d e s c r i ç õ e s fo rm ula­

d a s 7 .

É i n t e r e s s a n t e n o t a r q u e , a in d a que a lg u n s i n v e s t i g a d o r e s

tenbam i n t e r p r e t a d o como n ã o - a n a l i s a d a s as formas ap aren tem en te c o r ­

r e t a s como, p o r exemplo, f i z , s e i , "cam e" , " v e n t" q u e , no p r o c e s s o dc

a q u i s i ç ã o d a l inguagem precedem o a p a re c im e n to de f a z i , s o b o , "comed".

103

"goed" e s s e fenõoeno não i n t e r f e r i u n a fo rm ulação de mi n i - g r a m á t i c a s

e de r e p r e s e n t a ç õ e s s e m ân t ica s dos en unciados em que e s s a s formas

~ 8 s a o c a t e g o r i z a d a s , sem r e s s a l v a s , como verbos .

Fenômenos como e s s e , i n d i c a t i v o s de que a a n á l i s e de

vocábulos e e s t r u t u r a s c p o s t e r i o r ao se u uso enquanto p roced im en tos

comuni c a t i v o s e c o g n i t i v o s r e l a t i v a m e n t e e f i c a z e s , podem s c r d e t e c ­

tad o s ao longo de todo o desen v o lv im en to l i n g u i s t i c o .

No que d i z r e s p e i t o a s e u p e r ío d o i n i c i a l , a in d e t e r r a i -

nação ou s i n c r e t i s m o das pT im ciras p a l a v r a s j u s t i f i c a Guillaume que

as chamou de " p ro to p la sm a s i n d i f e r e n c i a d o s " ( 1 9 2 7 ) . E ssa i n d e t e r m i -

nação chega a s e r a t e mesmo de n a t u r e z a s e m i o t i c a , na medida em que ,

en quan to p ro ced im en to s c o m u n ic a t iv o s , nao parecem t e r m a is e f i c á c i a

que os g e s to s que com e l a s convivem c com e l a s sc combinam n e s se p e -

, . 9 nodo .

Quanto a su a i n d e te rm in aç ão s e m â n t ic a , o uso das formas

acendeu e a p ag a , no p e r ío d o de 1 ;6 a 2 ; 6 , po r um dos s u j e i t o s da p e s ­

q u i s a que venho d e se n v o lv en d o , nos o f e r e ç o o m a t e r i a l adequado p a r a

uma r e f l e x ã o p r e l i m i n a r so b re e l a .

D eve-se p r iu c i r a m e n te chamar a a te n ç ã o p a r a o f a t o dc

que e s s a s formas têm origem em c o n te x to s não r e la c io n a d o s e n t r e s i :

acendeu e r a p a r t e da b r i n c a d e i r a de ace n d e r i s q u e i r o , em que o a d u l ­

t o , após a ce n d e r o i s q u e i r o comentava e n f a t i c a m e n te p a ra a c r i a n ç a :

"Acendeu!" e também do esquema i n t e r a c i o n a l c o n s t r u íd o em to rn o da

ação de a c e n d e r a l u z do " h a l l " do e le v a d o r . J a apaga f a z i a p a r t e dos

esquemas em que o a d u l to a ce n d ia v e l i n h a de a n i v e r s á r i o ou f o s f o r o s

1G4

de c o r p a r a a c r i a n ç a ap ag a r .

A em ergênc ia d e ssa s formas na f a l a da c r i a n ç a s« dei po r

v o l t a de 1 ;6 p re c i s a m e n te n e sse s c o n te x to s , c r e p r e s e n t a a in co rp o ­

raçã o peLa c r i a n ç a d a forma l i n g u i s t i c a e do papel do a d u l to n esse s

9esquemas .

Uma Begunda f a s e no uso d e ssa s formas e i l u s t r a d a p e lo s

exemplos a ba ixo :

(1) C r ia n ç a se encaminha p a r a o e le v a d o r . A lu z do

" h a l l " e s t a apagada.

C r ian ç a : Cendeu. Cendeu {olhando p a r a o t e t o e p a ra

o ad ul t o ) .

A d u l to : Voce que acende a l u z , que?

(M. 1; 7)

(2 ) C r i a n ç a , mostrando ou o fe re c e n d o uma c a ix a de fó s ­

f o r o s p a r a o a d u l to .

C r ia n ç a : P a g a . . . apaga!

A d u l to : Apaga? Você qué apaga f ó s f o r o agora? Agora

não . Não pode.

(M. 1 ; S)

N o te - s e q u e , embora o a d u l to ten h a i n t e r p r e t a d o os e -

nunc iados d a c r i a n ç a como r e q u i s iç õ e s de aÇoes e s p e c í f i c a s sobre ob­

j e t o s e s p e c í f i c o s , l a u t o p ra g m a tic a quanto semanticamence e s s e s enun­

c iad o s são in d e te rm in a d o s . S e r i a mais p l a u s ív e l r e a lm e n te c o n s id e r a -

- l o s como r e f e r e n t e s no esquema i n t e r a c i c n a l como um indu , ou m elh o r ,

como r e p r é s e n t a i t v»s do reconhecim ento de segmentos do mundo t í s i c o

l(Jb

r e c o r t ã v e i s p e l a i n te r a ç ã o s o c i a l .

0 uso one a c r i a n ç a f a z d e s s a s form as n a f a s e s e g u i n t e

c o n s t i t u i e v id ê n c i a em fa v o r d e s s a i n t e r p r e t a ç ã o . Por v o l t a de d o is

anoa, M. u s a (a ) cendeu e o u t r a s formas ( a )c e n d e e- (a ) c en d e , ao apon­

t a r p a ra um a h a ju r a c e so , ao o l h a r p a r a uma lampada apagada , ao t o ­

c a r em «im i n t e r r u p t o r e b r in ca n d o , s o z in h o , com um c a r r i n h o de d a r

co rd a . Quanto a apaga , seu uso e menos f r e q ü e n te e r e s t r i t o as s i t u a ­

ções d a f a s e a n t e r i o r , r e g i s t r a n d o - s e , porÉm, n a f a s e em q u e s t ã o , o

p r im e i ro uso de apagou p e la c r i a n ç a , logo apfis t e r e l a l ig a d o a t e ­

l e v i s ã o e apagado a luz da s.ala .

Tudo o que se pode d i z e r dos dados acima e qué e l e s r e ­

presentam um p ro c e s s o de d eco n tcx t« ia i iza ça o 1(l c a r a c t e r i z ave l como u -

ma a t i v id a d e e x p l o r a t ó r i a da c r i a n ç a so b re os v St ío s asp e c to s^ d o s e g ­

mento do mundo f í s i c o , r e c o r ta d o p e lo esquema i n t e r a c i o n a l do q u a l

( a z ia p a r t e a forma l i n g ü í s t i c a i n c o r p o r a d a . Daí o seu v a l o r ou e f i c a

c ia enquanto p roced im en tos c o g n i t iv o s e c o m u n ica t iv o s em um momento

em que nao h a nenhuma e v id ê n c ia a f a v o r d a h i p ó t e s e de que a c r i a n ç a

e s t e j a operando com t r a ç o s scm ânticos 'ou com a c a t e g o r i a Verbo. Nesse

s e n t i d o , o uso de formas coco (a ) rendeu e apaga podem s e r cons id e Tar­

das como proced im entos i s o la d o s ou j u s t a p o s t o s , a in d a p o r r e l a c i o n a r .

Contudq, o uso de formas como apagou cm Oposição a apaga

e (a )c e n d e u , em o p o s ição a ( a )c e n d e e ( a ) c e n d ê , n e s se p e r io d o , po­

d e r i a l e v a r a c o n c l u i r que a c r i a n ç a , alem de t e r e f e tu a d o a segmenta

çao d e ssa s fo rc-as , j a o p e ra com s u f i x o s v e r b a i s e , consequentem ente ,

com o Verbo enquanto c a t e g o r i a .

infi

C o n t r a - c v id e n c ia a e s s a co n c lu sã o s ã o , no " c o r p u s " do

mesmo s u j e i t o n e s t e p e r ío d o e n unciados como:

(3) C r ia n ç a m o s t r a p a ra o a d u l t o o dedo i n d i c a d o r c o b er ­

t o de pomada.

M: C uca, quercei o ded e i (Cuca • a p e l i d o do a d u l to )

(M; 2 ;5 ,4 )

cm que a c r i a n ç a e s t e n d e a f l e x à o do "v e rb o " ao "nome". O u tro s exem­

p lo s de s u f i x a ç ã o " v e r b a l " em "nomes" e era o u t r a s p a r t e s do e n u n c iad o ,

e n c o n t rad o s no " c o rp u s" de o u t r o s u j e i t o são:

(4 ) ’ C r ia n ç a f i n g e a b r i r com uma chave a g rad e ou guarda

do b e r ç o onde e s t a .

A d u l to (d e sc re v e n d o o c o n te x to no g rav ad o r )

Raquel f a z de co n ta que a b re a g u a rd a do b e r -

S O'­

e r i an ç a ( f a z e n d o de con ta que a b r i u a guarda do b e r ­

ço) gado!

(5) C r ia n ç a c o lo c a o p ica p au de b r in q u ed o n a p a r t e supe­

r i o r da h a s t e onde e l e e s t á p a r c i a lm e n te f ix a d o e ob­

s e r v a a t r a j e t ó r i a do p ica o au que escoTTega em d i r e ­

ção ã b a se .

C r ia n ç a : ê i v a i l ã .

e i v a i l i .

v a i l o ’, (quando o p ica p au chega ao fim de

su a t r a j e t ó r i a ) .

(R. 1:10.20) 11

107

Dados como os acima rae parecem , ao c o n t r a r i o , f a v o r e c e r

a h i p ó te s e de que a p r o c u ra (e a d e sc o b e r ta ) d e s s a s r e g u l a r i dades de

t i p o m o rfo lo g ic o é p a r t e im p o r ta n te do p ro c e s s o de c o n s t ru ç ã o do v e r ­

bo enquanto" c a t e g o r i a . E s t a h i p ó te s e q u e , a l i a s , se en quadra numa h i ­

p ó te s e mais g e r a l s o b re o papel da linguagem no desen v o lv im en to cog­

n i t i v o , e a a d o ta d a p o r K a rm ilo f f -S m i th (1970) no que concerne a r e ­

l aç ão e n t r e r e g u la r id a d e * s i n t á t i c a s e a c o n s t ru ç ã o da c a t e g o r i a No­

me, como se. dep reende do t e x t o a ba ixo :

"How does a c h i l d form a co n ce p tu a l l in k

b e tw ee n , s a y , " a p e n c i l " and "a c lo u d " , " a cup"

and "an e l e p h a n t " , l e t a lone between " a t o o th "

( o b j e c t ) and "an a r r i v a l " ( a c t i o n ) , " a lamp

p o s t " and " a s l a p " , o r " a c a r p e t " and " t h e

moon".' S in c e p a t t e r n - c o n s e r v a t i o n s t r a t e g i e s

a r e so p e r v a s i v e , i t c o u ld be t h a t th e

c o n s i s t e n t p a t t e r n the c h i l d can o b se rv e in

t h e t r e a tm e n t o f th e s e words a l s o h e lp s him

to fo n a th e f a r b r o a d e r concep t o f " n o u n s " .

( ............... ) The p re se n c e o f a r t i c l e s , f o r

exam ple, way h e lp t h e c h i l d to p r e d i c t t h a t

a "noun" w i l l fo l lo w and t h a t t h e r e i s a

re a so n f o r t h i s c o n s i s t e n t p a t t e r n . He cou ld

then seek a c o n c e p tu a l cohes ion t h a t i s

d i f f e r e n t from h i s e x i s t i n g co n ce p tu a l

d i s t i n c t i o n be tw een a c t i o n s and o b j e c t s , i . e ,

1Ü8

t h a ï a c t i o n can be t r e a t e d as i f they were

d i s c r e t e o b j e c t s . "

(K a rm ilo ff -S n ith 1978:18)

V o itando ao p e r c u r s o de (a )cendeu e apaga no "co rp u s"

de M., é p o s s í v e l i d e n t i f i c a r um o u t r o p a s so im portan te na d i r e ç ã o

da c a t e g o r i raçã o se m ân t ica d e s sa s form as. T r a t a - a e de dados que mos­

t ram como e s s a s formas que c o n s t i t u í a m p roced im entos j u s t a p o s t o s na

f a s e a n te r io r m e n te d e s c r i t a sao p o s t a s em r e l a ç ã o c , a s s im , r e c i p r o ­

camente s c r e c o n f i g u r a i .

(6) C r ian ç a o b se rv a a d u l t o p e g a r ura c i g a r r o e po r n a bo­

ca . D i r i g e - 3 e , e n t ã o , a o u t r o a d u l t o , que e s t a com o

i s q u e i r o na mão e «li z:

C r ia n ç a : Dá e l a pagã.

Adulto: Da o i s q u e i r o p r a e l a apaga?

C r ia n ç a : É , dá T i t i t a apaga ,

(Ti t i t a e o a p e l i d o da p e s so a r e f e r i d a p e lo pronome

e l a ) .

<M. 2 ;7 .2 4 )

(7 ) CTiança e n t r a no q u a r to â f r e n t e do a d u l to e acende

a l u z . V o l t a - s e p a r a t r á s 0 d i z p a r a o a d u l to .

C r ian ça : Ana, eu apague i a l u z , v iu?

(M. 2 ;7 .2 2 )

( » u s i d e r a r o uso de apagar p o r acender nos co n te x to s a -

cima que eram , a n te r io r m e n te , os c o n te x to s p r i v i l e g i a d o s de eendeu ,

como d e s v i a s ou e r r o s r e l a t i v a m e n t e à linguagem a d u l t a , me pa rece

109

i r r e l e v a n t e . Antes de s e r d e s v i a n t e , t a l u so £ e v id e n c ia de um p ro ­

ces so de o rg an ização de p roced im entos j u s t a p o s t o s , ou de uma coorde­

nação e n t r e esquemas, que l e v a r a a c r i a n ç a a o p e ra r corn s u b s i s t e r a s

ou e n t id a d e s mais a b s t r a t a s .

Cabe m encionar a in d a que a i n c o rp o ra ç ã o de segmentos da

f a l a a d u l t a p ro d u z id a em de term inados esquemas i n t e r a c i o n a i s , su a

g ra d u a l d e c o n tc x tu a l i z a ç a o e p o s t e r i o r a n á l i s e e r e o rg a n iz a ç ã o não

ocorrera apenas no p e r ío d o i n i c i a l de a q u i s i ç ã o da l inguagem , mas pa­

r e c e s e r a t r a j e t ó r i a n e c e s s a r i a de t o d a e s t r u t u r a l i n g ü í s t i c a nao

a s s i m i l á v e l p e lo s s i s t e m a s de p roced im entos l i n g U í s t i c o s de que j á

d isp õ e o s u j e i t o . No t r a b a lh o de R. C la r k (1977) são a p re se n ta d o s

dados sobre a i n c o rp o ra ç ã o de segmentos e x te n s o s p o r c r i a n ç a s de s e i s

anos de id a d e . L icven (1981) m ostra a em crgenc ia de e x p re s s õ e s tem­

p o r a i s n a f a l a de Eve, um dos famosos s u j e i t o s dc Broun, como o r í g i -

n ã v e i s dc ura esquema i n te r a c t io n a l e s p e c í f i c o .

" f iv e 's e a r l y use o f t im o a d v e r b i a i s o c c u r re d

( ...............) i n a h ig h ly s p e c i f i c c o n te x t - t h a t o f

Eve r e q u e s t i n g t h a t she h e a l lo w ed to d r in k m ilk

from h e r s i s t e r ' s b o t t l e . T h is r e q u e s t was o f t e n

allowed h u t always in v o lv ed d i s c u s s i o n s o f t u r n ­

ta k in g : F i r s t baby x can have a t u r n , then Eve.

A f t e r baby x . Then Eve can have a t u r n . ( .............)

Eve im i t a t e d p a r t o f such u t t e r a n c e s and

sp o n ta n eo u s ly produced time a d v e r b i a i s and

r e l a t e d words ( a f t e r , f i r s t , t h e n , t u r n ) in

110

s h o r t e r u t t e r a n c e s r e l a t e d to the sa™-,

o b v io u s ly h ig h ly em o t io n a l and ve ry f r e q u e n t

r o u t i n e . I t was a c o n s i d e r a b le t ime b e fo re

t h e s e t i n e a d v e r b i a i s were t o be seen in

c o n te x t s o t h e r than t h e s e . One example i n d i c a t e s

some o f t h e e f f o r t in v o lv e d on Eve when she d id

s t a r t t o t r y and u se t ime a d v e r b i a i s in o t h e r

c o n te x t s ( ...............) .

Eve a t 25 isonths

F a t h e r : E ve , what d id you do t h i s morning?

T e l l .P o p . What d id you t h i s

morning w h i l e I was gone?

Eve: ( I ) p l a y i n th e san d -b o x .

F a t h e r : What d i d you make i n th e sand-box?

Eve: A b i r t h d a y cake w i th Neeley and w ith

Cathy.

F a th e r : Who was th e cake fo r?

Eve: F o r f o r . . . a h o r se hada hab a

d r in k o f w a te r .

F a th e r : The h o r s e hada have a d r in k of

w a te r?

Eve: Yeah.

P a t h c r : Whats t h a t g o t t o do w i th the

b i r t h d a y cake?

Eve: Because we haba make i t .

U1

F a t h e r : We made a d r in k o f w a te r?

Where? I n the. b u c k e t?

E ve : I n . . . a b u c k e t

F a t h e r : In the b u c k e t too?

Kve: A f t e r d r in k o f w a te r had go in go

go go i n i t .

F a t h e r : A f t e r th e d r in k o f w a t e r ,

th en th e b i r t h d a y cake?

Kve: Yeah. A f t e r d r in k o f w a t e r go in

i t , t h en th e b i r t h d a y c ak e . Af t e r

t h e d r in k o f w a te r had a t u r n .

( L ie v e n , 1981: 25-26)

As c o n s id e r a ç õ e s p r e l i m in a r e s e b r e v e s que f a r e i a s c -

S u i r s o b r e fenomeno* que apontam p a r a a i n d e t e n n i nação s i n t á t i c a no

P e r io d o de em m eiados de d o i s vo cáb u lo s e mesmo era p e r ío d o s p o s t e ­

r i o r e s , ino s e r v i r ã o também p a r a m o s t r a r como p r o c e s s o s de coordena­

ção e i n t e g r a ç ã o in t r a -e s q u e m a s e in te r - e s q u e m a s sa o p o s t e r i o r e s a

c o n so l id a ç ã o do u so de formas l i n g ü í s t i c a s enquanto proced iivcn tos

c o a u n ic a t iv o s e c o g n i t i v o s .

Nesse s e n t i d o , a p r im e i r a o b se rv a ç ã o a f a z e r d i z r e s ­

p e i t o ao f a t o da em ergênc ia d e s sa s combinações s e d a r p o r v o l t a dos

d o is a n o s , i s t o õ , em meio ao p ro c esso de d e c o n t e x t u a l i z a ç ã o acima

d e l i n e a d o . São , p o r t a n t o , combinações de form as s i n c r c t i c a s ou ape­

nas p a r c i a l m e n t e a n a l i s a d a s , que nao podem s e r e nquadradas em c l a s ­

s e s como N e -V , segundo c r i t é r i o s n o c io n a i s e f o rm a is .

117

Outro argumento fundamental a f a v o r da h i p ó te s e de i n -

d e t e r m i n a l o ê a d ep en d ên c ia que e s s a s combinações mostram r e l a t i v a ­

mente ao en u n c iad o a n t e r i o r do a d u l to n a seqUcncia di a lò g i c a e ao

segmento do mundo f í s i c o e s o c i a l i s o l a d o ou r e c o r t a d o p e lo d ia lo g o .

E s s a d ep en d ên c ia d i a l a g i c a , de que t r a t e i em t r a b a lh o s

a n t e r i o r e s s o b re oa p r o c e s s o s c o n s t i t u t i v o s do d i á l o g o e su a função

na a q u ia iç a o da linguagem (de l.emos 1981a, 1981b) , pode s e r i l u s t r a ­

da p e lo d i á lo g o a b a ix o :

(8 ) A d u l to : Que de a G ise la?

C r ia n ç a : Num é

A d u l to : Poi embora?

C r ia n ç a : boa

A d u l to : E a t i a Keiko?

C r ia n ç a : Na boa

A d u l to : F. a C a r l a ?

C r ia n ç a : l a i a b o a (“ l a i a ( f o i ) embora)

(L. 1; 9 .21 )

Nesse d i á lo g o e s t ã o re p re se n tad o s d o i s dos p ro c esso s que,

a meu v e r , dao c o n ta não so das r e la ç õ e s e n t r e os enunciados d a c r i a n ­

ç a e o enun c iad o do se u i n t e r l o c u t o r a d u l t o , como das r e la ç õ e s e n t r e

e lem entos l i n g U ía t i c o s combinados em toa u n ico enunciado ou tu rn o d i a ­

lo g ! co.

Sao e l e s :

- o p ro c e s s o de e s p e c u la r id a d c ou dc in co rp o ra çã o p e la

c r i a n ç a de p a r t e ou de todo o enunciado a d u l to no n ív e l segm entai ( c f .

11.1

segundo t u r n o do a d u l to ; " F o i embora?" com o segundo tu rn o da c r i a n ­

ç a , "boa") ;

- o p ro cesso de com plem entar idade i n t e r - t u r n o s , em que

a r e s p o s t a da c r i a n ç a preenche um lu g a r " s e m â n t ic o " , " s i n t á t i c o " c

"p ragm á tico" in s t a u r a d o p e lo enu n c iad o iroedia t ament e p r e c e d e n te do

a d u l to ( c f . o t e r c e i r o tu rn o do a d u l t o e o t e r c e i r o tu rn o da c T ian -

ça no exemplo ac im a) ;

- o p rocesso de conq>Lementaridade i n t r a - t u m o a em que

o enunciado da c r i a n ç a r e s u l t a da in c o rp o ra ç ã o de p a r t e do enu n c ia ­

do a d u l to im ediatam ente p r e c e d e n te ( " ! á i a " " " C a r l a " ) e de aua combi­

nação com um vocábulo complementar ( " b o a " - "embora") ( c f . q u a r to

tu rn o do a d u l to e q u a r to tu rn o da c r i a n ç a no exemplo ac im a) .

Os p ro c esso s d e s c r i t o s acima confirmam e dão o s p e c i f i -

«. 12 c id a d e a p r o p o s t a de S c o l lo n (1979) de que uma " s i n t a x e v e r t i c a l "

ou d i a l a g i c a precede, una s i n t a x e " h o r i z o n t a l " ou a combinação de vo­

cábu los em um racsno enunciado . 0 que de im p o r ta n te e l e s demonstram

porém, é que a c o n t r ib u i ç ã o da c r i a n ç a à s i n t a x e d i a l à g i c a n e s se pe­

r í o d o , depende da p e r s p e c t iv a e s t m t u r a n t e i n s t a u r a d a p e lo enunciado

do i n t e r l o c u t o r em um esquema in t e T a c io n a l em v i a s de c o n so l id a çã o

Ou j á c o n so l id a d o . N o te -se , com e f e i t o , que nas r e s p o s t a s de t i p o

complementar, t a n t o i n t e r - t u r n o s q u an to i n t r a - t u r n o s , o e lem en to não-

- e s p e c u l a r ou n ão - in co rp o rad o do enu n c iad o p r e c e d e n te e , em um p e r í o ­

do i n i c i a l , e x t r a í d o de enunciados a n t e r ioTes ( c f . "boa" no q u a r to

tu rn o do exemplo acima) ou de i n s t a n o ' açoes a n t e r i o r e s do mesmo e s ­

quema. Ampla confirm ação d e s sa d ep en d ên c ia é fo r n e c id a p e lo t r a b a lh o

de Berman, Kanoi l o f f -Sm ith e l . ieven (1981) s o b re o desenvolv im ento

do d i s c u r s o em c r i a n ç a s i n g l e s a s , i s r a e l e n s e s , p o lo n e s a s e t u r c a s .

Um exemplo i n t e r e s s a n t e de r e s p o s t a complementar depen­

d e n te da h i s t o r i a de um esquema i n t e r a c i o n a l e (9 ) :

(9 ) C r ia n ç a b r in ca n d o com b lo c o s c o l o r i d o s , c o n te x to em

que o a d u l t o lhe f a z p e r g u n ta s s o b re c o r e q u a n t i ­

dade .

Adu l to : De que co r e e s s e ?

C r ia n ç a : M a lê lo . (« amarelo)

A d u l to : Amarelo?!

C r ia n ç a : Nao. Cinco!

(M. 2 ;6)

Nuo é d i v e r s a a c o n s t r u ç ã o He e n u n c iad o s de t r ê s vocá­

b u lo s em f a s e p o s t e r i o r a i l u s t r a d a po r ( 8 ) , mesmo d a q u e le s que a-

pa ren tam s e r i n s t a n c i a ç õ e s de e s t r u t u r a s N.-V-M ou Agentc-Açao-Objc-

t o , como s e depreen d e de (1 0 ) :

(10) C r ia n ç a m o stra uma x i c r i n b a q u ebrada p a r a a d u l t o .

C r ia n ç a : RÕ. BÕ.Ebo

A d u lto : Q uebrõ , ê? Quebro?

C r ia n ç a : R, ebô.

A d u l to : Quem quebrou a x í c a r a?

C r ia n ç a : Bubu ( - a p e l id o do irm ão)

A c r i a n ç a d i r i g e - s e , e m s e g u i d a , a o u t r o a d u l t o , que nao

p a r t i c i p a v a da i n t e r a ç a o .

C r ia n ç a : Bubu çlm t i t a (= Bubu quebrou x í c a r a )

(Rc. 2 .5 )

115

D esc rev e r o enu n c iad o f i n a l do d i á lo g o acima como r e s u l ­

t ad o do domínio de uma r e g r a s i n t á t i c a ou de uma ope raçao s o b re c a ­

t e g o r i a s com eçaria a s e r p l a u s í v e l de h ouvesse uma formo de r e p r e s e n ­

t a r a c o n t r i b u i ç ã o do a d u l t o e a c o n t r i b u i ç ã o da c r i a n ç a n e s s a a t i v i ­

dade de c o n s t ru ç ã o c o n ju n ta .

N e s te p o n to , cabe m enc ionar que a g ra d u a l d e c o n t e x t u a l i -

zaçao d e s sa s c o n s t ru ç õ e s ou a c ap a c id a d e que a c r i a n ç a v a i a d q u i r i n ­

do de combinar v ocábu los e f rag m en to s do d i s c u r s o a d u l t o in dependen-

lem ente do enun c iad o do i n t e r l o c u t o r e da s i t u a ç ã o , depende , em g ra n ­

de p a r t e , do d e sen v o lv im en to de sua c ap ac id ad e de r e p r e s e n t a r as i n ­

t e n ç õ e s , a a te n ç ã o e o conhecimento do se u i n t e r l o c u t o r . Em o u t r a s

p a l a v r a s , de s u a c ap a c id a d e dc i n s t a n c i a r uma p e r s p e c t i v a es t r i t u r a n ­

t e , p ap e l que no i n i c i o , cabe fundam en ta lm en te no a d u l t o . 0 exemplo

(10) ê s i g n i f i c a t i v o d e s s a r e l a ç ã o e n t r e d e senvo lv im en to p rag m á tico

e d e se n v o lv im en to s i n t á t i c o . N o te -se que o e n u n c i a d o 'de t r è s vocábu­

lo s que n e l e o c o r r e e d i r i g i d o a um t e r c e i r o i n t e r l o c u t o r , o q u a l

não t i n h a p a r t i c i p a d o da i n t e r a ç ã o e ao q u a l a c r i a n ç a nao s e n t e ne­

c e s s id a d e de m o s t r a r a x í c a r a q u eb rad a .

Desse p ro c esso de d e c o n t c x l u a l i z a ç a o f a z p a r t e também o

e s t a b e l e c im e n to de r e l a ç õ e s e n t r e esquemas, ou de f o r m a s /c o n s t r u ç õ e s

a s s o c i a d a s a esquemas i n t e r a c i o n a i s d i v e r s o s , mas com v a l o r f u n c io n a i

- co m u n ica t iv o e c o g n i t i v o - s e m e lh a n te . Os exemplos a b a ix o fornecem

e v i d e n c i a d e sse p ro c e s s o :

(11) C r ia n ç a apontando p a r a um s a l e i r o :

C r ian ç a : Qui q u i i s s o chamaî

116

(M. 2 ;6)

(12) Km moi o a uma co n v ersa so b re a i d ml«' «las pessoas

p r e s e n t e s , H. t e n t a p e r g u n ta r a id ad e do uma p esso a au se n te .

C r ia n ç a : Que chama t i o Paulo ano?

' Adu l to : Alun? Nao e n te n d i .

C r ia n ç a : Como chama ano t i o Pau lo dele?

A d u l to : Quantos anos o t i o Paulo tem?

T r i n t a .

<M. 2 ; / )

F.m (11) tere-se um exemplo do que K. C la rk ( o p . c i t )

chama de .amàlgama ou do cruzamento rie d o is p roced im entos - "Que que

ë i s s o ? " r "Coxao chama X" - usados como r e q u i s i ç ã o de nome de o b je ­

tos e p e s s o a s , r e s p e c t iv a m e n te . "Que c h a m a . . . ? " no exemplo (12) no

p a r e c e uma redução do atoai gama n n l e r i o r p r o j e t urlo sobre uma s i t u a -

çao em que se r e q u i s i t a a i d a d e , c não o nome da p e s s o a , como a t e s ­

t a a p r e s e n ç a de ano t a n t o no p r i m e i r o q u an to no segundo enunciado

da c r i a n ç a . N o te - s c a in d a que o segundo enu n c iad o õ a uma r c e l a b o -

r a ç a o do p r i m e i r o , e l i c i a d a p e l a d i f i c u l d a d e de compreensão m an ifes ­

t a d a p e l a mao e que , d e s sa c la b o r a ç a o , se depreende uma c e r t a a te n ­

ção da c r i a n ç a a ordem dos c o n s t i t u i n t e s .

A q u e s t ã o da o rd en ação dos c o n s t i t u i n t e s ê o u t ro as­

p e c to im p o r ta n te d e s t a minha t e n t a t i v a dc o f e r e c e r urna v i s ã o d i v e r ­

s a do que tem s i d o t r a d i c i o n a l o e n t e p ro p o s to nos e s tu d o s de a q u i s i ­

ção da l inguagem . L im i taçõ es de e sp a ço e do momento i n i c i a l dc ana­

l i s e d e s se problema não me permitem i r alëm de algumas o b se rv açõ es .

A p r i m e i r a d e la s d i z r e s p e i t o ã p r o d u t iv id a d e dc c c r -

J17

t a s e s t r u t u r a s na f a l a J a s c r i a n ç a s p o r v o l t a J e d o i s anos e meio.

N e la s , t a n t o a o r igem dos c o n s t i t u i n t e s quan to sua o rd e n aç ao p a r e -

rimi j a indep en d en te s dos enunciados p re c e d e n te s do d i á l o g o , sendo

mesmo u t i l i z a d a s p a r a d a r i n í c i o a i n t e r a ç a o . l i s ta s e s t r u t u r a s con­

tudo , não so convivem com os fenomeno» acima e x e m p l i f i c a d o s c o d o ,

ou não são usadas ou se d e s a r t i c u l a m , na e x p re ssão de s i t u a ç õ e s pas­

sa d a s ou de " d i s p l a c e d spec d i . " ^

S e r i a p l a u s í v e l , no c a s a d e s sa s e s t r u t u r a s p r o d u t i v a s ,

mas a in d a dependentes d a s i t u a ç ã o da e n u n c ia ç a o , f a l a r em o p erações

soli re c a t e g o r i a s a b s t r a t a s , de ixando as d i f i c u l d a d e s que a c r i a n ç ô

m a n i f e s ta en o u t r a s s i t u a ç õ e s , por co n ta do seu d ese n v o lv im en to cog­

n i t i v o ou de problem as de memoria não v e rb a l?

Ila p e lo menos duas r a zõ e s p a r a r e j e i t a r e s s a s o lu ç ã o ,

l'ina d e l a s c do ordem t e o r i c a : não lift p o s s i b i l i d a d e s de s e c o lo c a r

d i a c r í t i c o s em c a t e g o r i a s a b s t r a t a s como S u j e i t o ou Agente c l i m i t a r

a ss im , sua e x ten são a «tra sub co n ju n to do " l é x i c o " da c r i a n ç a e a um

sub co n ju n to das s i t u a ç õ e s cm que d e te rm in a d as e s t r u t u r a s s a o p rodu­

t i v a s .

Uma segunda r-izoo, de n a tu r e z a e m p i r i c a , me Õ fo rn e c id a

p e lo t r a b a lh o de V ig n e i r a (no p r e lo ) s o b re o d esenvo lv im en to de ex­

p re s sõ e s de c au s a t iv i i la d e na f a l a de um s u j e i t o de 2 ;8 a 5 anos de

id ad e . Assim como Bowcrmnn (1 9 7 4 ) , no que se r e f e r e a a q u i s i ç a o do

in g lê s p o r sua f i l b a . F i g u e i r a e n c o n t r a ura número s i g n i f i c a t i v o do

o c o r r ê n c i a de verbos nno c a u s a t i vos , como s a i r , morr e r e a p re n d e r

po r ve rbos c a u s a t iv o s como t i r a r , mal a r , e n s i n a r , o c o r r ê n c i a s e s s a s

11B

mais f r e q l ient os no p e r ío d o de 3 ;10 a 4;/*. Eu» p e r ío d o p o s t e r i o r - de

4;6 a *»;0 - c Q t i p o in v e r s o de d e s v io que s e corna f r e q l l e n to , ;» s a -

b e r , o u so do causativo?» p o r n a o - c ju i s n t iv o s .

A p a r t i r do f a t o do os d e sv io s da p r i m e i r a f a s e o c o r r e r

rem scrap re cm e s t ru tu rns- como:

(13) "Você s a i u o e sm a l te do dodo"

( " você t i r o u o e s m a l te ilo dodo)

e os da segunda f a s e em e s t r u t u r a s como:

(14) " T iro u o e sm a l to do dedo"

( - s a i u o e s m a l te «Io dedo)

;i a u to r a c o n c lu i que os d o i s t i p o s de d e s v io s se r i a m co n se q ü en te s à

h ipõ to f lc da c r i a n ç a de que " e s t r u t u r o t r a n s i t i v a exprime c a i s a t i v i -

Hade."

Enquadrando a hipõt«*se de P ip .u e ira no c o n te x to d e s t e t r a ­

b a lh o , p o d e r - s e - i a d i z e r que a s u p e r p o s i çaoi'-’o v e r l a p p in q ") de t i r a r

a s a i r c p o s t e r io r m e n t e , de s a i r a t i r a r , i n d i c a uma coordenação «le

e s t r u t u r a s c u jo e s t a t u t o l i n g u i s t i c o e r a a n te r io r m e n te o dc p r o c e d i ­

mentos ju s tap o s tO B p a re i a l mente a n a l i s a d o s . P a re c e que e a p a r t i r d e s ­

s a coordenação que a c r i a n ç a p a s s a a o p e r a r com a ordem dos c o n s t i ­

t u i n t e s e n q u an to rO R ular idade s i n t á t i c a que lhe p o s s i b i l i t a "desco**

l i r i r " t a n t o r e l a ç õ e s s e m ân t ica s do t i p o Agente «• O b je to , q u an to r e ­

l a ç õ e s s i n t a f i c a s do t i p o Suj«*ito e P re d ic a d o (Ver c i t a ç ã o «le Karmi-

lo f f - S r a i th ac im a) .

Ainda que in c o m p le ta s , e s s a s c o n s id e ra ç õ e s f i n a i s me l e ­

vam a c o n c l u i r quo e a t r a v é s da linguagem e n quan to AÇÃO S0BRK 0 Oll fl«)

I IH

(ou proced im en to c om unica t ivo ) e enquauto AÇÂO SOBRK 0 MUNDO (ou pro

ced im ento c o g n i t i v o ) que a c r i a n ç a c o n s t r ó i a linguagem en quan to que

OBJBTO s o b r e o q u a l v a i po d e r o p e r a r .

P o d e r - s c - i o d i z e r , e n t ã o , que o d i lem a que a p o n te i de

i n i c i o c um f a l s o d i lema que. tem origem cm um e qu ívoco : o de t e n t a r

p r o j e t a r t e o r i a s c o n s t r u íd a s a p a r t i r da a n a l i s e de o b j e t o s - homo­

g e n e izad o s c a b s t r a í d o s de sua r e la ç ã o com o s u j e i t o - s o b r e a a t i ­

v id ad e l i n g u i s t i c a d e s s e mesmo s u j e i t o .

T a lv ez a r i q u e z a que se p o s s a v i s lu m b r a r do r e c o n h e c i ­

mento do d i lem a - ou d a su a f a l s i d a d e - s o j a a que s e pode c o n s t r u i r

a c e i t a n d o o d e s a f i o que ê tomar como o b j e t o de e s tu d o a linguagem

en quan to a t i v i d a d e do s u j e i t o , e n f r e n t a n d o a ss im a in d e te rm i n ação ,

a mudança e a h e t e r o g e n e id a d e d e s se o b j e t o que bc r e f a z a cada i n s ­

t â n c i a de se u u so . Se e l í c i t o d i z e r que e s s e d e s a f i o c i n e r e n t e â

P s i c o l i n g U í s t i c a , n Soei ol i n g l l í s t i c a e a L i n g u i s t i c o A p l i c a d a , p a r e ­

ço* mo que e l e s e c o lo c a tombem p a r a o l i n g ü i s t a quo p r e t e n d a i n c l u i r

a a t i v i d a d e l i n g ü í s t i c a do s u j e i t o em su a a n a l i s e .

NOTAS

1. Cabe lom bT ar a e s t e pon to q u e , p a r a os poucos p e s q u i ­

s a d o re s que adotam una h i p ó te s e i n a t i s l a , o compromisso com a d i a c r o ­

n i a a s s u m i r i a n e c e s s a r i amen le uma o u t r a forma. V er , a e s t e p r o p o s i t o ,

P i a t e i l i . P a i m a r i n i (1 9 7 9 ) .

2 . A p r o p o s t a de H a l l i d a y (1975) p o d e r i a s e r v i s t a como

120

unia exceção d e n t r o do quadro g e r a l por mim d e l in e a d o , na medida um

que e l e vê a a q u i s iç ã o da l inguagem como um p ro c esso g ra d u a l de i n ­

t e g r a ç ã o de m ic ro funçoes i s o l a d a s e a sso c iad a s a formas p a r t i c u l a r e s

em m acrofunções mediadas p e l a g ra m á t ic a enquanto mecanismo que p e r ­

m i t e a r e a l i z a ç ã o desBBB funções em urta u n ic a e s t r u t u r a . Contudo,

e s s e a u to r não o f e r e c e nenhum« l i ip o te s e so b re a gênese d essa s fun ­

ções d e n t r o do u n iv e r s o s o c i a l da c r i a n ç a nem tem uma p r o p o s t a e s ­

p e c í f i c a so b re como se d a r i a t a l i n te g r a ç ã o .

3. A r e s p e i t o do r e q u i s i t o de c o n t in u id a d e na c o n s t ru ­

ção de t e o r i a s de a q u i s i ç ã o d a l inguagem, c f . de Lemos, 1978.

4 . P a r a uma c r í t i c a 3 p ro p o s ta de S c h le s in g e r (1981) ,

c f . Borges Neto (1 9 8 2 ) .

3 . Segundo G r e e n f i e ld & Smith (1 9 7 6 ) , j ã os enunciados

de um vocábulo são i n t e r p r e t á v e i s como:i n s t a n c ia ç o e s das c a t e g o r i a s

s e m ân t ica s m encionadas. K v id ên c ia c o n t r a r i a a e s t a h i p ó te s e s e r a a-

p r e s e n ta d a no d e c o r r e r d e s t e t r a b a lh o .

6 . P a r a uma c r í t i c a ã u t i l i z a ç ã o do modelo p i a g e t i a n o

na d e s c r i ç ã o e e x p l i c a ç ã o do desenvo lv im en to l i n g ü í s t i c o , v e r de Le­

mos A C a s t ro Campos (1 9 7 8 ) .

7. Inc luo-roc e n t r e os p e sq u isa d o re s que foram i n s e n s í ­

v e i s a e s s e fenômeno, r e f e r i n d o os l e i t o r e s a minha t e s e de d o u to ra ­

mento (1975) em que a n a l i s o form as como ca i u , q u e b ro u . e t c . , que o -

co r r ia m no p e r ío d o de e n u n c iad o s de um e de d o is v o c á b u lo s , como f o r ­

mas v e r b a i s do p r e t é r i t o p e r f e i t o .

8. Sobre os g e s to s r e f e r e n c i a i s e não r e f e r e n c i a i s u t i -

121

l i r a d o s po r c r i a n ç a s o u v in te s de 9 meses a 2 anos de id a d e , v e r Ca­

s e i L i , O a s e l l a e V o l t e r r a , 1981.

9i»Dados: sem elhantes so b re a s formas s u b i r e d e s c e r sao

d i s c u t i d o s p o r C a rn e i ro (em p r e p a r a ç ã o ) .

10. P a ra uma d i s c u s sã o so b ro a função que a i n t e r p r e t a ­

ção dos enunciados da c r i a n ç a p e lo a d u l t o tem n e s s e p r o c e s s o , v e r de

Leoos (1982) .

11. P a r a d isc u s sã o d e s t a e de o u t r à s formas de e x p r e s s ã o

de d i s t i n ç õ e s a s p e c t u a i s , v e r C eb ara , no p r e l o .

12. Cf. taubem Shugar ( 1 9 7 6 ) , que a p r e s e n t á uma p ro p o s­

t a se m elh an te , embora não contemple su a s c o n seq ü ên c ia s am termos t e ó ­

r i c o s .

13. Sobre o desenvo lv im en to d a capac idade tfe r e l a t a r s i ­

tu açõ es p a ssad as* c o papel da a t i v i d a d e d i a l à g i c a com t> a d u l t o n esse

d esenvo lv im en to , v e r T e r ro n i (1978) .

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12G

A p s i c o l i n g u ì s t i c a COMO fonte de renovação

EPISmDLÕCTCA PARA A LINGÜÍSTICA F. A PSICOLOGIA

E le o n o ra A lbano d a M otta Main

(PUC - SP)

Hoje estamos r e u n id o s p a r a d i a l o g a r sob re o tema " P s i ­

c o l i ngU ísci on: r i q u e z a s e d i le m as d a t e o r i a e dn p r á t i c a " . Devo con­

f e s s a r que a minha p r i m e i r a re n ç a o a e s s e t i t u l o f ó i de e su m ilo . Co­

mo e p o s s í v e l - p e n se i - s i n t e t i z a r em duas h o ra s todas as p re o cu p a ­

çõ es d e s t a c e s a s o b r e os im passes t e o r i cos da P s i c o l i n g l l í s t i ca e ,

a in d a , t e n t a r r e f l e t i r s o b re a s u a a p l i c a b i l i d a d e ? Nao dem o re i , en­

t r e t a n t o , a me d a r c o n ta de que o d e s a f i o e n c e r ra d o n e s s e t í t u l o e -

rnann das p r ó p r i a s c o n t r a d iç õ e s do campo: n a P s i c o l i n g U í s c i c a , as r i ­

quezas sa o os d i lem as e a t e o r i a Õ a p r a t i c a .

S e r e i b re v e no meu co m e n tá r io ao b re a r e l a ç ã o e n t r e a

t e o r i a e a p r á t i c a porque a c r e d i t o que e s s a é una q u e s t ã o p re m a tu ra .

A ú n ic a p r á t i c a p s i c o l i n g ü í s t i c a que posso con ceb er no momento e uma

p r á t i c a t e ó r i c a . Varece-mc impensável - e x c e to , t a l v e z , cono e x e r c í ­

c i o e s p e c u l a t i v o - rec lam ar a p l i c a ç õ e s de um campo que e s t á revendo

as su a s b ase s e p is te r o o lõ g ic a s . R c j u s tinnente porque t a l r e v i s ã o a-

f e t a todo o programa a tu a l da P s i c o l i n g U í s t i c a que d e s e jo me concen­

t r a r n e l a h o j e .

Nao ê meramente r e t o r i c a a minha a f irm ação de que as r i

quezas s e i d e n t i f i c a m com os d i le m as da P s i c o l i n g U í s t i c a de h o j e . Na

minha o p i n i ã o , que - a c r e d i l o - e p a r t i l h a d a , com v a r i a ç õ e s de p e r s -

12 7

p e c t i v a , p e lo s p a r t i c i p a n t e s d e s t a o c * a , a m aior r i q u e z a da P s i c o l i n -

g ü í s t i c a a t u a l e também a sua f a c e t a n a i s p e i i i r b a d o r a , n a medida em

que s u b v e r t e as suas r e l a ç õ e s com a L i n g u i s t i c a o. com a P s i c o l o g i a .

T r a t a - s e da nova p e r s p e c t i v a e p i s t e m o lo g i c a , emanada da i n v e s t i g a ç ã o

do d e sen v o lv im en to l i n g ü í s t i c o , que c o n fe re ao d i á l o g o um p a p e l cen­

t r a l n a c o n s t i t u i ç ã o d a l inguagem e do p r o p r i o conhec im ento .

P a r a compreender p o r que t a l p e r s p e c t i v a e n t r a cm cho­

que com as f o n t e s l i n g ü í s t i c a s e p s i c o l ó g i c a s d a P s i c o l i n g ü í s t i c a ,

b a s t a lem b ra r que e s s a s ú l t im a s s e d i s t r i b u e m t r a d i c i o n a lm c n te e n t r e

o r a c i o n a l i s m o c o empirismo e que e s s e s , sob ângulos d i a m e tra lm e n te

o p o s t o s , toma» o conhecimento como dado e d e te rm in a d o . I s s o o s opõe

à q u e l a p e r s p e c t i v a - que s e tem convencionado chamar i n t e r a d o n i smo -

n a m edida cm q u e , paTa e l a , to d o c o n h ed m cn to e n e g o c iad o .

Nao vou aq u i T e p c t i r a rgumentos s o b re a s u p e r i o r id a d e

do i n t e r a c i o n i s m o como quad ro de r e f e r e n c i a p a r a o e s tu d o d a a q u i s i ­

ção da l inguagem. K sses se encontram em t r a b a lh o s dos membros da p r e ­

s e n t e mesa, bem como de a u t o r e s e s t r a n g e i r o s , p a r t i c o l a r m e n t e Jerome

B ru n e r , E l i n o r Ochs, Kon S c o l lo n c L u ig i a Canalon i . .'Minha p reocupa­

ção r e s i d e , a n t e s , nas s u a s c o n se q ü ê n c ia s p a r a a t e o r i a p B ic o l in g l l í s -

t i c a c , a longo p r a z o , também p a r a as t e o r i a s l i n g ü f s t i c a e p s i c o l ó ­

g i c a .

Por s e r um p o n t o - d e - v i s t a e p i s te m o lo g ic o e nao metodo­

l ó g i c o , o i n t e r a c i o n i s m o só f a z s e n t i d o s e ado tado em b l o c o , Na á r e a

do conhecim ento l i n g ü í s t i c o , i s s o q u e r d i z e r que e i n c o n c e b í v e l , p o r

exem plo , e n c a r a r o s i g n i f i c a d o como n eg o c iad o e o s i g n i f i c a n t e como

128

d."»ilo. E n t r e t a n t o , e s s a e urna c o n t r a d iç à o que p e r o e i a a l i t e r a t u r a do

campo, m a n i fc s ta n d o - se a t ê Qcsno nos t r a b a lh o s doB p ro p o n en te s daque

l a p e r s p e c t i v a .

Meu o b j e t i v o h o je é s u g e r i r que uoa adoção mais co e re n te

do in t c r a c i o n i s m o é v i á v e l e d e s e j á v e l d e n t ro da P s i c o l i n g U í s t i c a c

que e l a tem conseqüênc ia s s a l u t a r e s cambem p a ra a L i n g u i s t i c a . Nao

me o c u p a r e i aqui c x p l i c i t a m e n te da P s i c o l o g ia , mas í i c a r ã p a te n t e que

a p r o p o s t a cm e s tu d o também tem im plicações s é r i a s p a r a uma t e o r i a

da o rg a n iz a ç ã o m e n t a l .

Retomemos a q u e s t ã o do s i g n i f i c a n t e . Oue e v id e n c i a s po­

der íam os o f e r e c e r de que e l e c p a r t i l h a d o e negociado e que van tagens

poderiam d e c o r r e r d e s s a a f irm açao? Seguindo ursa t r a d i ç a o i n i c i a d a pe­

lo s e s t u d io s o s do s i g n i f i c a d o , busquemos uma r e s p o s t a p a r a e s s a p e r ­

g u n ta nos e s t á g i o s i n i c i a i s da a q u i s iç ã o da linguagem.

A e v id ê n c i a cm que me b a s e io provém de d o i s p r o j e t o s de

m es trad o que e s t ã o sendo r e a l» x a d o s sob a minha d i r e ç ã o no Programa

de »’Õ8-Graduação em L i n g u i s t i c a A p l ica d a d a POC-SP. Ihn, conduzido por

M ar ia F r a n c i s e « L i e r , acompanha donde os s e i s meses o desenvolv im ento

co m u n ica t iv o de uma c r i a n ç a que sc e n c o n t r a agora eoo 13 meses. 0 ou­

t r o , conduzido por Ruth Ruivo P a l a d in o , acompanha uma c r i a n ç a dos 15

aos 27 m eses . Os p roced im en tos u t i l i z a d o s seguem a t r a d i ç ã o dos e s t u ­

dos l o n g i t u d i n a i s : gravações a u d io semanais cm s i t u a ç õ e s v a r i a d a s , e x ­

t e n s a s a n o ta ço e s c o n te x tu a i s c manutenção de um d i á r i o p e l a mae. 0

p r i m e i r o e s tu d o i n c l u i , a in d a , f i lm agens m en sa is , a fim de p e r m i t i r

uma ob so rv açao mais d e ta lh a d a da comunicação n a o -v o c a l .

129

Tenho c e r t e z a de que os f a t o s r e v e l a d o s p e lo » t r a b a lh o s

de Ruth e r r a n c i s c a e s t ã o D resen tes em o u t r o s c o rp o ra de c r i a n ç a s ,

embora nunca tenham re c e b id o a d ev id a a te n ç ã o . E le s dizem r e s p e i t o a

uma n egociação da forma f o n é t i c a dos e n u n c iad o s no d i a l o g o c r i a n ç a -

a d u l t o , que s e i n i c i a t ã o logo a c r i a n ç a se c o n t i l u i como i n t e r l o c u ­

t o r v o c a l .

F ra n c is ca su rp reen d eu d ram a t icam en te a g ên ese d e s s i p ro ­

c e s so p o r t e r i n i c i a d o a c o l e t a num momento cm que os tu r n o s d a c r i a n

çfl a in d a são p reench idos predominantemente p e lo g e s t o e p e lo o l h a r .

Nesse e s t a g i o , o a d u l t o r e a l i z a um jo g o f o n é t i c o c u ja p r i n c i p a l c a rn e

t e r í s t i c a e m arcar g loba lm en te a f a l a d i r i g i d a a c r i a n ç a : p r o p r i e d a ­

des t a i s coito a l a b i a l iz a ça o , a p a l a t a l i z a ç ã o , a l a r g u r a da cu rva me­

l ó d i c a têm como domínio e n u n c iad o s , tu r n o s e a t e d i s c u r s o s i n t e i r o s .

Mas, tão logo a c r i a n ç a começa a m arca r voca lm en te o se u l u g a r no d i a

l o g o , e s s e c a r a t e r m o n o l í t ic o da f o n é t i c a a d u l t a d e s a p a re c e . G radual­

m ente , o d i s c u r s o a d u l to v a i se e s c a n d in d o , porque o a d u l t o , alem dc

r e p e t i r a c r i a n ç a , r e p e t e a s i mesmo ad n a useam.

E c ju s tam e n te e s s a r e p e t i ç ã o , que C lãu d ia Lemos demons­

t r o u s e r c o n s t i t u t i v a dos p a p e is no d i a l o g o e dos s i g n i f i c a d o s , que

r e i v i n d i c a r e i s e r tombera c o n s t i t u t i v a dos s i g n i f i c a n c e s 1L n g U ís t ic o s .

Nos dados de F r a n c i s e s , h a una c l a r a t r a n s i ç ã o da a t r i b u i ç ã o a c r i a n ­

ç a de um papel de i n t e r l o c u t o r predominantemente v i s u a l a um p apel de

i n t e r l o c u t o r predominantemente a u d i t i v o . T a l t r a n s i ç ã o é marcada fo­

n e t i c a m e n te , como dem o n s tra re i a s e g u i r .

0 a d u l to a t r i b u i a c r i a n ç a o papel de i n t e r l o c u t o r a u d i-

130

t i v o c o n f ro n ta n d o -« com o antagonism o de duns f o r ç a s que regem os

p r o c e s s o s fo n o ló g ic o s da l í n g u a a d u l t a , a s a b e r : a p ronuno .iab i . l ida -

de c a p e r c e p t i b i l i d a d e . Segundo algumas v e r sõ e s r e c e n t e s da Fonolo­

g i a N a tu r a l ( p o r exemplo , Ange n o t , 1981) , a pronuncia i* i 1 idade e um

r e q u i s i t o c e n t r a d o no f a l a n t e e d a o r igem a p r o c e s s o s a s s i m i l a t õ r i o s

e e n f r a q u e c e d o r e s , en quan to a p e r c e p t i b i l i d a d e è um r e q u i s i t o cen­

t r a d o no o u v in te e d a origem a p r o c e s s o s d isa in r i 1 a t o r i o s e f o r t a l e c e

d o r e s . D e co r re d a i que a f a i a p o s s u i uma v a r i a b i l i d a d e i n e r e n t e , r e ­

s u l t a n t e do e q u i l í b r i o ten so e n t r e e s s a s duas f o r ç a s .

0 que o a d u l t o f a z quando a c r i a n ç a j a p o s s u i uma com­

p e t ê n c i a vocal mínima c i s o l a r o som e e x p l o r a r e x a u s t iv am e n te a sua

v a r i a b i l i d a d e , t r a t a n d o - o como un o b j e t o a s e r c o n a t r u id o p e l a a l ­

t e r n â n c i a das p e r s p e c t i v a s do falAnte. c do o u v i n t e . Num p r im e i r o mo­

mento , a p r o p r i a p rodução vocal da c r i a n ç a e re tom ada p e lo a d u l to

num jo g o que - usando a t e r m in o lo g ia c o n sag rad a p o r C láu d ia Lemos -

e e s p e c u l a r ao n ív e l dos t r a ç o s f o n é t i c o s a b s t r a t o s nas e complemen­

t a r ao n í v e l da sua implementação a c u s t i c o - a r t i c u l a t Õ r i a . t como se

cada t r a ç o s e c o n s t i t u í s s e da v a r i a ç ã o dos p a râ m e t ro s f o n é t i c o s que

o implementam e f o s s e d e l im i t a d o p e l a s p e r s p e c t i v a s do f a l a n t e e do

o u v i n t e , a lém das su a s c a r a c t e r í s t i c a s - f i s i cas e f i s i o l ó g i c a s pecu­

l i a r e s , Num segundo momento, e a s e jo g o s e i n s t a l a d e n t r o do p r ó p r i o

tu rn o do a d u l t o , j ã a g o ra u t i l i z a n d o í t e n s l e x i c a i s que sao i s o l a d o s

a t r a v é s de r e c u r s o s s i n t é t i c o s e u r o s o d i c o s . Uma mesma p a l a v r a c r e ­

p e t i d a um grande numero de v e z e s , m antendo-se a lg u n s pa râm etros f o ­

n é t i c o s c o n s t a n t e s e v a r i a n d o - s e o u t r o s .

131

Passemos, a g o r a , a i l u s t r a r e s s e s p r o c e s s o s com d o is

exemplos do corpus de B ia n c a , a c r i a n ç a acompanhada po r F r a n c is c o

h i e r .

0 p r i m e i r o o c o r re u nos 11 ;0 í m, d e n t r o de um e p i s ó d io

i n i c i a d o quando a mse t e n t a f a z e r a c r i a n ç a s e n t a r :

Mae: B rav eza . . . s e n t a

So n ia aqui . . . s e n t a

/5 5 o

/Ô oo /tíoo

C ria n ç a : />apa

/Papo

Mae: /Ç apa

/P 'ïp a

C r ia n ç a : ri„sos

Mãe: p a .p a

C r ian ç a : è ì f f i . 5;

Tem-se aqu i que o irritino e a m e lo d ia d a v o c a l i z a ç ã o que

acompanha a t e n t a t i v a da mae de s e n t a r a c r i a n ç a sào re tom adas po r

e s s a e s u p e r p o s to s a um è lem ento p r o d u t iv o do seu r e p e r t o r i o s i l ã -

h i co ( i . e . , p a ) . P o r au a v e z , a mãe a d e re i m ed ia tam en te ao jo g o i da

c r i a n ç a , r e p ro d u z in d o a su a inovação em t r è s v e r s õ e s d i f e r e n t e s que

conservam a c u rv a m e ló d ica c as a l t e r a m a s r a zo e s d u r a c io n a i s e n t r e ' a s

s í l a b a s , bem como a q u a l id a d e v o c a l i c a . Na p r i m e i r a v e r s ã o , as duas

s í l a b a s têm a d u ração n o rm a l , embora a s í l a b a f i n a i a ce n tu a d a s e j a

mais lo n g a . Na segunda , a s í l a b a a to n a e c x t r r h r e v e e a q u a l id a d e da

132

vogal a tò n a e mais f e ch a d a . Na t e r c e i r a , f in a lm e n te , ambas as s í l a ­

bas sao e x t r a lo n g as e h ã 1n r i n g e a i i z a ç i o da voga l f i n a l , n que a c a r ­

r e t a numa l i g e i r a m o d if ic aç ão da porção f i n a l da cu rva m elod ica .

0 segundo exemplo o c o r re u na mesma s e s s ã o , num e p is ò d io

em que a taae t e n t a f a z e r a c r i a n ç a s o l t a r um b r in q u ed o de borracha ,

a f im de po d e r v e s t i - l a :

Mae: S o l t a o Mickey!

S o l t a o Mickey’. S o l ta !

C r ian ça : chora

Mae: Que e is s« ?

M ickey::

Nos d o is p r im e i r o s enunciado« , h a um aumento da v e l o c i ­

dade de f a l a e uma d im in u ição d a i n te n s i d a d e . A bsorv ida p e l a i n t e n ­

ção de f a z e r a c r i a n ç a o b e d e c e r , a mãe em ite e s se « en unciados como

um acompanhamento p a ra a sua p r o p r i a ação de d eso cu p ar as maos da

c r i a n ç a . Em s e g u id a , porem - t a l v e z tocada p e lo choro da c r i a n ç a - ,

e l a retoma a p e r s p e c t i v a d e s s a e , perau.asivame.nlc, p ro n u n c ia o nome

do o b j e t o de form a ex ag e rad a e s i i abatia.

S e , aos 11 m eses , a d iad e m ae -c r ia n ça j ã a lcan ço u t a i s

s u t i l e z a s na n eg o c iação da forma f o n é t i c a dos e n u n c ia d o s , não é de

s u r p r e e n d e r q u e , m ais t a r d e , o jo g o fo n e t i c o p asse a s e r usado meta­

f o r i c a m e n t e , v in d o a p a r t i c i p a r da p r o p r i a n cg ociaçao das s i g n i f i c a ­

ç õ e s . Aqui o exemplo é de J u l i a n a - a c r ia n ç a e s tu d a d a po r Ruth Pa­

l a d i n o - tendo o c o r r i d o aos 27 meses . T r a t a - s e de uni e p i s o d io em que

a c r i a n ç a i n s i s t e n t e m e n t e p ropõe ã mae uma b r i n c a d e i r a , encontrando

133

sempre urea r e c u sa :

Mãe:

Mac:

Mae:

Mae:

Mae:

C r ian ç a : vo p ig ã o b a r a l h u a g o ra p r a b r i n c a

nua v a i t a b a i a q u i eu vS p i g i

vÔ p ig ã o b a r a l h u , ta ?

t ã ( d i s t r a í d a )

C r ia n ç a : t a aqui peguei toma toma

b r i n c a mae de b a r a lb u

A mãe p r e c i s a i r t r a b a l h a r ,

J u .

C r ia n ç a : b r i n c a de b a r a l b u aqu i na

mesin h a aqui nova b r in c a

b r i n c a b r in ca

Olhe escute* o que a wan ac

v a i f a l a r : v.-unos pegar urna

f r a l d i n h a c d e i t a r l ã n a cama

da manie?

C r ia n ç a : nao

A mamãe v a i t r a b a l h a r . . .

C r ia n ç a : mainili b r i n c a comigo

de b a ra lh u

Mamãe p r e c i s a i r t r a b a l h a r ,

J ii!

C rian ç a : a não a b f w j in c a. j 1b L r : 1 inca

bfiiica

134

Kssc e p i s ó d i o se p ro lo n g e a in d e p o r a lg u n s m in u te s , com

r e p e t i ç ã o dos mesmos p ad rõ es s i n t á t i c o s e f o n o l o g iu o s . Era resumo, po-

rem, o seu i n t e r e s s e r e s i d e no uso m a n i p u l a t i v e , p e l a c r i a n ç a , de f o r

mas f o n é t i c a s que s e d i s t r ib u e m num c o n tín u o e n t r e as mais p e r c e p t í ­

v e i s e a s c a i s p ronu ir . iáve is . J u l i a n a h a b i lm en te comprime e expande a

p a l a v r a ' b r i n c a ' de acordo com a e s t r a t é g i a de. p e r su a a a o que e s t á ten

t a n do u t i l i z a r . Ha momentos cm que da a r e p e t e de m a n e i ra im p a c ie n te e

r a p id a - como se e s t i v e s s e un icam en te p reocupada em e x p r e s s a r os seus

p r ó p r i o s d e s e jo s . Em o u t r o s momentos, porém, a mesma p a l a v r a a p a re ce

r e p e t i d a de forma s u p l i c a n t e e s i l a b a d a . E h a a t e um momento em que ,

e x a s p e r a d a , e l a a p e l a p a r a a p ro n u n c ia e x a g e ra d a , a longando o e r r e do

grupo co nsonan ta l de ’b r i n c a ' e c o n f e r in d o ao enun c iad o uma c u rv a me­

lò d ic a de l a r g u r a incomum. Não podemos d e i x a r de c o n c l u i r aqu i que

J u l i a n a j á domina as u t i l i z a ç õ e s i n d i r e t a s do jo g o f o n é t i c o , sendo ca

paz de d e m o n s tra r po r meio d e le que sabe assum ir a p e r s p e c t i v a do .ou ­

t r o , a f im de r e i v i n d i c a r um reco n h ec im en to da su a p r ó p r i a p e r s p e c t i ­

va.

E sses exemplos devem t e r b a s t a d o p a r a s u g e r i r que a c r i a n ­

ç a nao e n t r a num u n iv e r s o fo n o lo g ic o in te r r a r a e n te d e te rm in ad o e cons­

t i t u í d o , mas, a n t e s , p a r t i c i p a da su a r e c o n s t i t u i ç ã o c o n s t a n t e n a fa ­

l a q u o t i d i a n a . Tsso nao q u e r d i z e r que os p a râm etro s f o n e t i c o - f o n o l õ -

g ico s careçam de c o n s t a n t e s - o que e q ü i v a l e r i a a n e g a r to d as as r e s "

t r i ç o e s b i o l ó g i c a s e h i s t ó r i c a s s o b r e a cond ição de f a l a n t e - mas,

s i n ^ l e s m e n t c , que o e x e r c í c i o da v a r i a b i l i d a d e su h ja z a todo c o n h ec i ­

mento fo n o lo g ic o .

135

F. o i s que somos l e v a d o s « r e f l e t i r so b re as conseqüên­

c i a s d e s s a p o s iç ã o p a r a « L i n g ü í s t i c a , p o i s o conhecimento f o n o lo g i ­

co e reconhecidam en te o o b j e t o d a F o n o lo g i« . Se a v a r i a b i l i d a d e , d i ­

t a d a n e l« r e l a ç a o d i a l é t i c a e n t r e os r e q u i s i t o s de p e r c e p t i b i l i d a d e

e p r o n u n c i a b i l idade c c o n s t i t u t i v a das e n t id a d e s f o n o l o g ic a s , a con­

cepção dc t a i s e n t id a d e s na F o n o lo g ia a tu a l é i n te i r a m e n te inadequa ­

da. Apesar da i n v e s t i d a r e c e n te da F o n o lo g ia N a tu r a l a f a v o r de uma

v i s ã o p r o c e s s u a l d a F o n o lo g ia , a noção de p ro c esso c o n t ín u a c o n t id a

e d e f i n i d a p e l a noção de r e p r e s e n t a ç ã o , a q u a l , p o r su a v e z , é t r a ­

d i c i o n a l mente l im i t a d a p e l a noçao de i n v a r i â n c i a . lha p r o c e s s o nada

mais é do que um e lo na c a d e ia que une un> n í v e l de r e p r e s e n t a ç ã o a

o u t r o , s e r v i n d o , p o r t a n t o , p a r a e x p l i c a r a v a r i a b i l i d a d e p o r r e f e r e n ­

c i a ã i n v a r i a n c i a .

E n t r e t a n t o , se as d i r e ç õ e s s u g e r id a s p o r nossos dados

o n t o g e n c t i c o s forem c o r r e t a s , c a i n v a r i a n c i a que deve s e r e x p l i c a ­

da p o r r e f e r ê n c i a ã v a r i a b i l i d a d e , o que a c a r r e t a numa d i l u i ç ã o das

f r o n t e i r a s e n t r e os p r o c e s s o s e as r e p r e s e n t a ç õ e s . Numa t e o r i a que

tome a v a r i a b i l i d a d e como b a s i c a , o conhecimento es l ã en s a b e r f i x a r

a s v a r i á v e i s de um p r o c e s s o e em g e r a r m ú l t i p l a s r e p r e s e n t a ç õ e s , cu­

j a d e te rm in a çã o e apenas p a r c i a l . 0 bônus p o t e n c i a l de uma cal t e o r i a

c que e l a su g e re uma o u t r a õ t i c a p a ra o problema d a i n d e t e r m i n a b i 1i -

dade d a r e p r e s e n t a ç ã o f o n o l o g ic a , que - ao longo de toda a h i s t o r i a

da F o n o lo g ia - tem dado o r igem a noçoes t a o c o n t r o v e r s a s q u a n to as de

a r q u i fonema, im b r i caçao fonem ica (phonemic ov e r l a p p in g ) , n í v e l fonemi

co s i s t e m a t i c o , e t c . Na» è d i f í c i l e n x e rg a r que a d i f i c u l d a d e s u b j a -

13(j

c e n te a Codas e s s a s noçoes c a racsma e que e i a emana - sob re tudo -

do compromisso do fo n ò logo com uma v i s ã o j i j j r L o r i da i n v a r i a n c i a .

I n f e l l o n e n t e , o meu b rev e co m en tár io sobre o ab a lo que

o i n c e r a c i o n i s o o pode v i r a c a u s a r à L i n g ü í s t i c a po r in te rm ed io da

P s i c o l i n g U í s t i c a não pôde f a z e r j u s t i ç a a im p o r tâ n c ia e â complexi­

dade do tema. A pesar d i s s o , não posso d e ix a r de e n c a r a r as l i m i t a ­

ções de tempo como e s t i m u l a n t e s , na medida em que - forçando-me a

a b r e v i a r e s t a s r e f l e x õ e s - me p e r m i t i r ã o r e to m a - la s s«>b o u t r o ângulo

e s s e n c i a l ao s e u c re sc im e n to : o do d ia lo g o com a comunidade c i e n t i ­

f i c a aqui p r e s e n t e .

AGRADECIMENTOE s s a t r a b a lh o f o i em p a r t e p a t r o c in a d o p e lo Conselho Na­

c io n a l de Desenvolvim ento C i e n t i f i c o e Tecno log ico (CNPq), a t r a v é s do

P ro c e s so nV 30 .09 0 9 /8 1 - CHJ3.

BIBLIOGRAFIA

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137

COMPKKKNSÃO K PRODUÇÃO

Marin Laura T. Mayrink-Sabinson

(UNICAMP)

Ura dos d i lem as da P s i c o l i n g ü í s t i C 3 Desenvolvíroenta l d i z

r t -spe ico à i n t e r a ç ã o e n t r e os p ro c ess o s dc compreensão e p rodução

nos e s t á g i o s i n i c i a i s do desenvolv im ento l i n g u i s t i c o . 0 i n t e r e s s e dos

e s tu d io s o s d a a q u i s iç ã o d a linguagem n e s s a i n t e r a ç ã o c o o p ree n sã o -p ro -

duçao se l i g a ã i d é i a de competência L i n g ü í s t i c a conforme d e f i n i d a

p o r Chomsky (1 9 6 5 ) , ou s e j a , competência v i s t a como o conhecimento

t á c i t o dc r e g ra s g r a m a t i c a i s . Ho caso do f a l a n t e - o u v i n t e a d u l t o , e a -

s a competência s e r i a a c c e s s iv e l ao l i n g ü i s t a não npenas a t r a v é s da

o b se rvação d i r e t a das produçoes a d u l t a s , mas p r in c ip a lm e n te a t r a v é s

dos ju lg am en to s quan to ã gramati c a l i d a d e de s e n t e n ç a s da l i n g u a e '

das c o r re ç õ es das s e n t e n ç a s c o n s id e ra d a s n ã o -g ra n sa t ic a is além da

demonstração da compreensão p é lo a d u l t o . No caso da c r i a n ç a pequena ,

ju lgam en tos q u an to à g ra m a t ic a l idade de se n te n ç a s e c o r re ç õ e s de se n ­

te n ç a s a g ra m a t ic a i s ao poderiam s e r o b t i d o s , cota m uito engenho e a r ­

t e , apos os 4 , 5 anos de id ad e ( c f . He V i l L ie ra A Dc V i l l i e r s , 1973) .

0 acesso a competência l i n g ü í s t i c a da c r i a n ç a e s t a r i a a ss im l im i ta d o

bas icam en te ã o b se rvação da sua f a l a e s p o n tâ n e a , o que t r a r i a o r i s c o

de s e s u p e r ou s u b e s t im a r e s s a com petênc ia . Es tudos da compreensão

i n f a n t i l foram v i s t o s , e n t ã o , como uma m an e i ra dc d i m in u i r e s s e r i s c o ,

conforme o afirmam S h ip l e y , Smith 4 Gle itm an (1 9 6 9 ) .

Observações n a tu r a l 1 s t i c a s do comportamento i n f a n t i l p a -

139

rece n i n d i c a r que a c r i a n ç a e n te n d e m uito mais do que p roduz . Mesmo

a n te s de p r o d u z i r q u a lq u e r e n u n c ia d o , a c r i a n ç a p a re c e e s t a r e n t e n ­

dendo os e n u n c iad o s (ou a l Runs d e l e s ) d i r i g i d o s a e l a p e lo s e u i n ­

t e r l o c u t o r a d u l t o , o que l e v a o e s t u d io s o da compreensão i n f a n t i l a

h i p ó t e s e de que a compreensão p re c e d e a p ro d u ç ão . E ssa h i p ó t e s e r e ­

cebeu a p o io de a lg u n s e s tu d o s d a compreensão i n f a n t i l , corno o s de

S h i p l e y , Smith A C le i tm an ( 1 9 6 9 ) , F r a s e r , B a l l u g i & 3 rovn (196.3),

Sachs A T r a s u d i ( 1 9 7 6 ) , p a ra c i t a r uns poucos.

Alguns a u t o r e s , no e n t a n t o , q ues t ionam e s s a s e q ü ê n c ia

com])rc e n sa o -p ro d u ç ã o , c i t a n d o e v id e n c i a s a favor da ordem in v e r s a :

c aso s em que a produção ap aren tem en te p re ce d e a compreensão; e n t r e

e s s e s e s t ã o De V i l l i e r s A De V i l l i e r s (1 9 7 3 ) , Chapman 5 M i l l e r (1 9 7 S ) ,

Chapman & Kohn (1 9 7 7 ) , e , p o d e -se c i t a r a in d a o t r a b a lh o de K am i l o f f -

S t i i th . Po r exemplo , no caso de s e n t e n ç a s a t i v a s r e v e r s í v e i s (como

' J o ã o chu tou P a u lo ' e 'P a u lo chu tou J o ã o ' ) n o to u - s e que , n a su a f a l a

e s p o n tâ n e a , a s c r i a n ç a s obedecem c o n s i s t e n t e m e n te a o ro e a de p a l a v r a s

- u n i c a " d i c a " p a r a o s i g n i f i c a d o da s e n t e n ç a quando e s t a o c o r re i s o ­

ladam ente - sendo o nome i d e n t i f i c á v e l como ag en te ou o b j e t o d a ação

apenas p o r su a p o s i ç ã o na seq l lénc iu NVN. Ao s e r t e s t a d a a compreensão

de Bencenças d e s s e t i p o . p o r e n , os T e s u l t a d o s apontam i n c o n s i s t ê n c i a s

na rom preensao d e s s a s s e n t e n ç a s . Apenas as c r i a n ç a s com mais de t r è s

anos e meio parecem a p l i c a r c o n s i s t e n t e m e n te a e s t r a t é g i a da o r d e a de

p a l a v r a s na compreensão das s e n t e n ç a s r e v e r s í v e i s , com as c r i a n ç a s

n a i s novas s e u t i l i z a n d o de uma s e r i e de e s t r a t é g i a s de ordem n a o - s i n -

t ã t i c a . Aos d o i s anos e tneio, p o r exemplo , Chapman S Kohn (1977) ob-

139

s e r v a r am uma e s t r a t é g i a p o s i c io n a i - o a r r a n j o f í s i c o dos o b j e t o s cm

f r e n t e à c r i a n ç a de te rm inando su a r e s p o s t a , com o o b j e t o rfiais p r o x i ­

mo ã m ã o - p r e f e r id a sendo o e sc o lh id o p a r a o p ap e l do a g e n t e , fcssa

mesma e s t r a t é g i a f o i também o b se rv a d a , e n t r e o u t r o s , p o r B r id g e s ( 1 9 8 0 ) .

Uma o u t r a e s t r a t é g i a s e r i a t r a t a r o nome anixaado como o a g e n te , c 0

nome inanimado como o o b j e t o ; ou a in d a c o n s i d e r a r a s e n t e n ç a em t e r ­

mos dc e v en to s p r o v á v e i s , i n t e r p r e t a n d o , p o r exemplo, uma s e n te n ç a

como "0 r a t o caçou o g a to " (que d e sc re v e um f a t o menos p ro v á v e l que

"0 g a to caçou o r a t o " ) , o g a to corno o a g e n te e o r a t o como o o b je to

d a caça.

A r e l a ç ã o e n t r e compreensão e p rodução não é p o r t a n t o

c l a r a , como os e s tu d o s dc S h ip l e y e t a l . e P r a s e r e t a í . g o s ta r ia m

de f a x e r c r e r . Bloom ( 1 9 7 4 ) , comentando s o b re o r e la c io n a m e n to e n t r e

a compreensão e a p ro d u ção , a f i r m a que " a s i n d i c a ç õ e s sã o as dc que

o re la c io n a m e n to não c p rovave lm en te e s t a t i c o , más, n a v e rd a d e , mu­

táv e l e v a r i á v e l segundo a e x p e r i ê n c i a da c r i a n ç a e s u a s cap ac idades

l i n g ü í s t i c a e c o g n i t i v a em d e se n v o lv im en to ." ( p .3 7 ) .

A compreensão i n f a n t i l , n e s se s e s t u d o s , é t e s t a d a expe-

r im e n ta lm e n te , em s i t u a ç õ e s e s p e c i a i s em que s e p r o c u r a e l i m in a r

q u a lq u e r " d i c a " n a o - l i n g ü í s t j c a que p o s s a i n t e r f e r i r no p ro c e s s o de

compreensão. 0 que os a u t o r e s dese jam e t e s t a r o conhecim ento m orfo-

s i n t á t i c o da c r i a n ç a . A v i s n o de l í n g u a po r t r á s da m a io r i a c e s se s

e s tu d o s c urna v i s ã o n a o -c o g u n i c a t i v a , a s s o c i a i . T e s t a - s e a compreen­

sã o de e n u n c iad o s i s o l a d o s do c o n te x to l i n g ü í s t i c o e e x t r a r l i n d u i s ­

t i c o . Ceralmen t e s e pede ä c r i a n ç a que e s c o lh a e n t r e p a r e s dc f i g u -

lbO

r a s q u a l a f i g u r a r e p r e s e n c a t i v a <1« de te rm inada s e n t e n ç a dada p e lo

e x p e r im c n tad o r . Algumas v e z e s a p r o p r i a mie e e n c a r re g a d a de a p re se n ­

t a r a c r i a n ç a ft s e n ten ç a : - t e s t e , t e n ta n d o -s e asRim e l i m in a r a i n t e r ­

f e r ê n c i a do f a t o r na o - fa m i l i a r idade do p e sq u isa d o r fever, po r exenp lo ,

F r a s e r , B e l lu g i & Brown, 1963) . Uma o u t r a t a r e f a a que a c r i a n ç a e

às v e zes subm etida c a de d em o n s tra r com o b je to s o s i g n i f i c a d o das

s e n t e n ç a s - t e s t e ( v e r , po r exemplo,De V i l l i e r s & he V i l l i e r s , 1973;

Cbapman fi M i l l e r , 1 9 /5 ; Chapman & Kohn, 1977; B r id g e s , 19B0) . Pode-

se a in d a , dando um contando à c r i a n ç a , o b se rv a r s e e a t a responde " a -

dequadsmente" a e l e . Os a u to r e s va r iam na su a c o n s id e ra çã o do que

s e r i a uma r e s p o s t a "adequada" ou " a p ro p r ia d a " p o r p a r t e d a c r ia n ç a

( v e r , po r exemplo, S h ip l e y e t a l . , 1969; P a t r e t i c fi Tweney, 1977;

Twcney & P a t r e t i c , 1981) . Äs v e zes as açóes de t o c a r , ou a p o n ta r ,

ou o l h a r p a ra o o b j e t o e s p e c i f i c a d o pe lo comando, ou r e p e t i r , ou r e s ­

ponder v e rb a lm e n te ao comando sao contadas cooo"Tcspo$ta a p r o p r i a d a " .

N o u t ra s , e x ig e - s e d a c r i a n ç a o cumprimento da ação comandada p a ra que

su a r e s p o s t a s e j a c o n s id e r a d a " a p r o p r ia d a " .

A compreensão i n f a n t i l c , p o r t a n t o , t e s t a d a em s i t u a ç õ e s

de i n t e r a ç ã o n ã o - n a t u r a i s , s i t u a ç õ e s que nada lem a v e r com as s i t u a ­

ções norm ais de i n t e r a ç ã o em que a produção l i n g ü í s t i c a da c r i a n ç a e

o b se rv ad a . Geral mente a c r i a n ç a in te r a g e com um p e s q u i s a d o r desconhe­

c id o ou quase d e sc o n h ec id o , e nao cora a f i g u r a f a m i l i a r da mae. Nos

casos em que a mãe se p r e s t a ao p a p e l de p e s q u i s a d o r , a p resen tan d o

as s e n t e n ç a s com que s e p r e te n d e medir a compreensão da c r i a n ç a , sua

a tu a ç ã o c anormal no s e n t i d o em que e l a e geralmenLe t r e i n a da p r e y i a-

m

mente a u s a r uma c e r t a entonação ( a d iam ada"en tonação n o m a i " ) , e a

a p r e s e n ta r a s s e n t e n e a s - t e s t e em d e te rm in ad o s momentos, nao n e c e s sa ­

r iam en te a q u e les em que a f a l a m ate rna o c o r r e r i a numa i n t e r a ç ã o n o r ­

mal. Xs vezes e a s e s t e s t e s de compreensão sã o a p l i c a d o s num l a b o r a to ­

r i o , to ta lm e n te n ã o - f a m i l i a r à c r i a n ç a . H o u t r a s , a c asa da c r i a n ç a ?

t ran s fo rm ad a n e s se l a b o r a t ó r i o . Uma das c r i t i c a s f e i t a s a e s tu d o s que

v isam c a r a c t e r i z a r a competência l i n g u i s t i c a i n f a n t i l "casando" o b s e r

Vações n a t u r a l i s t i cas da produção com r e s u l t a d o s de t e s t e s de com­

p reen são ë ju s tarnen te o f a t o de as s i t u a ç õ e s , em que os dados c o n ce r ­

n e n te s à compreensão e a produção chegam a s e r o b t i d o s , se rem t ã o o -

p u s t a s ,

Alem d a c r í t i c a 3 n ã o - n a tu r a l id a d o da s i t u a ç ã o em que se

t e s e a a compreensão i n f a n t i 1 . o u t r a s o b je ç õ e s são f e i t a s aos t o s t e s de

compreensão. Urna d e s sa s d i z r e s p e i t o ãa t a r e f a s e x ig i d a s das c r i a n ç a s .

Num t e s t e de compreensão em que o p a rad igm a de e s c o lh a e n t r e p a r c s de

f i g u r a s ê usado , o f a t o r s o r t e p o d e r ia desempenhar um p apel Importan­

t e , d e s f i g u r a d o r dos r e s u l t a d o s . Sendo a e s c o lh a l i m i t a d a a duas f i ­

g u r a s , a c r i a n ç a p o d e r ia a c e r t a r a r e s p o s t a em 507 dos c a s o s , s im ples

mente e sco lhendo ao a c a so , ad iv inhando . C o n s id e ran d o -se que , p a r a au­

m entar o numero de f i g u r a s , e s s a s devam r e p r e s e n t a r a l t e r n a t i v a s p ia u

s ív e . i s , h a v e r i a sempre o e f e i t o do p u ro a caso em jo g o - e d i f í c i l i -

raaginar-se mais do que q u a t r o a l t e r n a t i v a s p l a u s í v e i s em termos de f i ­

g u ra s r e p r e s e n t a t i v a s de um p a r de c o n t r a s t e s g r a m a t i c a i s , o que d a r i a

a in d a à c r i a n ç a a chance de a c e r t a r 25X das r e s p o s t a s p o r puro acaso .

Quanto ao paradigma de m an ipu lação de o b j e t o s , e n a c e s s a

1*2

r i o c o n t r o l a r - s e , p o r exemplo , a d i s p o s i ç ã o dos o b j e t o s em f r e n t e a

c r i a n ç a , p a r a que o r e s u l t a d o o b t i d o não s e deva à a p l i c a ç a o de uma

e s t r a t é g i a p o s i c i o n a i . 0 tamanho r e l a t i v o dos o b j e t o s também pode­

r i a l e v a r a c r i a n ç a a r e sp o n d e r com uma e s t r a t é g i a n ã o - l i n g l l í s t i c a ,

t r a t a n d o , p o r exemplo , o o b j e t o m aio r como o a g e n te e o menor como

o b j e t o da a ç a o , ou v i c e - c e r s a . Como observam Chapman li Kohn (1 9 7 7 ) ,

e s s a s e r i a uma e x p l i c a ç ã o a l t e r n a t i v a â p r e f e r ê n c i a o b se rv ad a po r

Chapman » Mi 1 1 e r - ( 1 9 /5 ) d a e s c o lh a do nome animado como a g e n te -

n e s se e s tu d o os o b j e t o s animados eram sempre menores que os i n a n i ­

mados.

Cocking fi «dia le . (1981) chaman a a te n çã o p a r a o f a t o

de que os o b j e t o s e f i g u r a s não podem s e t c o n s id e ra d o s e s t Timi I os e -

q u i v a l e n t e s «m t e s t e s He p rodução c compreensão. E sse s a u to r e s ob­

se rvaram que a compreensão e a p rodução (aa c r i a n ç a s t e s t a d a s tinham

A e 5 anos de id ad e ) eram a f e t a d a s di f e r o n t emente p e lo s d o i s t ip o s

de e s t im u lo . Nas t a r e f a s de p ro d u ç ão , as c r i a n ç a s desempenharam me­

l h o r quando os e s t ím u l o s u sados eram o b j e t o s . Nas t a r e f a s de compre­

e n sã o , o uso de f i g u r a s f a c i l i t o u o desempenho. N o te - s e que os au to ­

r e s fazem r e f e r ê n c i a ao u so de d i v e r s a s ( ’ s e v e r a l ' ) f i g u r a s p a r a ca­

da i tem t e s t a d o , mas não e s p e c i f i c a m q u a n ta s .

Ima p e r g u n ta que se c o lo c a d i z r e s p e i r o a n a tu r e z a do

p r o c e s s o de compreensão. Como fo i d i i o ac im a, m uitos dos e s tu d o s a-

q u i repoTtados usam os r e s u l t a d o s de t e s t e s de com preensão , somados

a o b se rv açõ es n a t u r a l f s t i c a s da p rodução i n f a n t i l , n a c a r a c t e r i z a ç a o

da chamada com petênc ia l i n g ü í s t i c a da c r i a n ç a . E ssa competenti :i l i n -

143

g i l t s t i c a sc i g u a l a r i a a "conhccimento de r e g r a s g r a m a t i c a i s " , gramá-

Cica aqui v i s t a conio tendo uma b a se pu ram ente s i n t á t i c a . A p reocupa­

ção s e r i a com a compreensão s i n t á t i c o - r a o r f o l S g i c a de se n te n ç a s da

l í n g u a c o n s id e ra d a s i s o la d a m e n te . T r a t a - s c de uma"visão da compreen­

são l i n g ü í s t i c a como uma a t i v i d a d e m en ta l a s s o c i a i , quase, a u to m a t i c a " ,

no d i z e r de B r i d g e s , S in h a & W alkerd inc (1 9 8 1 ) . A e s s a v i s ã o da com­

p re e n sã o como a s s o c i a i , a u to m á t i c a , puramente l i n g ü í s t i c a , se o p o r i a

uma v i s ã o d a compreensão l i n g ü í s t i c a como a lg o d in âm ico , i n t e r a t i v o ,

s o c i a l . Ho d i z e r dc Hoogcnraad, G r ie v e , Baldwin Ä Campbell (1976) "a

compreensão d a f a l a e um p r o c e s s o i n t e r a t i v o que envo lve nao somente

o conhecim ento da l í n g u a , mas tambem a p e rce p çã o c r e s c e n te do contese­

lo a s s im como a e x p e r i ê n c i a d a c r iança ' . ' ( p . 1 6 3 ) . Kssa compreensão sc

d a r i a n c c e s 8 a r i amante numa s i t u a ç ã o s o c i a l .

A c r i a n ç a nos e s t á g i o s i n i c i a i s de a q u i s i ç ã o d a l i n g u a ­

gem tem j ã uma e x p e r i ê n c i a c o n s i d e r á v e l de a v a l i a r o

que se e s p e r a em Cal s i t u a ç ã o . E l a tera a in d a u m a expe­

r i ê n c i a c o n s id e r á v e l de c o n s t r u i r , i n t e r p r e t a r , ou p e r ­

c e b e r o c o n te x to m ais g e r a l : o c o n te x to das p e s s o a s ,

das c o i s a s , do que e s t á a co n te c e n d o , e t c . . . E s s a p e r ­

cepção do c o n te x to não c um p r o c e s s o n e u t r o , n ã o - e s t r u -

t u r a d o , mas depende c r u c i a lm e n te da e x p e r i ê n c i a da c r i ­

ança - e x p e r i ê n c i a que e em g ra n d e p a r t e d e tu n o in a d a

s o c i a l m e n t e , porque c m u i ta s v e z e s o comportamento de

o u t r a s p e s so a s o que p r e d is p õ e a c r i a n ç a a a t r i b u i r im­

p o r t â n c i a a algum a s p e c to do inundo o b j e t i v o , u a cons­

t r u í - l o dc uma m an e i ra c não de o u t r a . (Hoogenraad e t

a l . , p . lB S ) .

B r i d g e s , S in h a «• W alkerd inc (1981) e n f a t i z a m o p a p e l do

1U14

i n t e r l o c u t o r a d u l t o no desenvolv im ento d e s so compreensão. A c r ia n ç a

j o g a r i a com a in form ação e x t r a - l i n g l l í s t i c a (p o r exem plo , seu conhe­

c imento p r e v io d a p l a u s i b i 1 id ad e de ev en to s) p a r a i n t e r p r e t a r os e -

nunciados a d u l t o s . 0 a d u l to e s t a r i a p reparado p a r a a j u d á - l a n e s sa i n ­

t e r p r e t a ç ã o , m o d if ic an d o , s i e p i i f i c a n d o , r e f r a s e a n d o sua f a l a a té que

a c r i a n ç a compreendesse ou re sp o n d es se de forma c o n s id e ra d a a c e i t á v e l .

Os a u to r e s chamam a a t e n ç ã o 'p a r a o p apel f a c i l i t a d o r da t a l a m ate rna ,

das " d i c a s " não v e r b a i s e v e r b a i s usada* p e lo s a d u l t o s , p a ra os a ju s ­

tamentos f e i t o s a p a r t i r do " feedback" o b t id o da c r i a n ç a , que c o n t r i ­

b u i r ia m p a r a a qu ase a u s ê n c i a de " f a lh a s " de compreensão v e r i f i c a d a s

c a i n t e r a ç õ e s r e a i s , cm o p o s iç ão ao observado em s i t u a ç õ e s experim ent

t a i s .

A compreensão i n f a n t i l se d e s e n v o lv e r ia aos poucos, com

a c r i a n ç a s e to m a n d o cada vez mais l i v r e das " d i c a s " n n o - v e r b a i s .

De r e s p o s t a s " p r i m i t i v a s " , como as r e s p o s t a s i n t r a n s i t i v a s em que um

ou ambos os p a r t i c i p a n t e s nooeados no enunciado a d u l t o desempenhariam

uma açao i n t r a n s i t i v a , ou de r e s p o s t a s em que o a gen te e a c r ia n ç a ,

com a c r i a n ç a ag indo c i a mesma so b re ob p a r t i c i p a n t e s nomeados, o b se r

vadas aos 2 -3 a n o s , a r . r ian ça p a s s a r i a a r e s p o s t as em que a p l a u a ib i -

1 i d a d e dos ev en to s é c o n s id e r a d a , caso en> que o conhecimento sem ãn t i -

co e c o n c e i t u a i mais do que co n s id e ra çõ e s s i n t á t i c a s e s t a r i a m em jogo

na d e c i s ã o a c e r c a dos p a p é i s dos p a r t i c i p a n t e s . E s t r a t é g i a s puramente

s i n t á t i c a s , ou p r e f e r e n c i s l m e n t e s i n t á t i c a s , sô e n t r a r i a m em jogo mais

t a r d e - segundo B r id g es e coau tore* somente a p a r t i r dos 4 anos e o e io ,

no caso d a i n t e r p r e t a ç ã o c o r r e t a , a d u l t a , de s e n t e n ç a s a t i v a s e p a s s i -

145

va». Os a u to re» chamam a a te n ça o p a r a o f a t o de que e s s a idade c o in ­

c id e cota a id ad e e » que as c r i a n ç a s começam a c o r r i g i r s e n t e n ç a s des-

v i a n t e s cm termos puramente s i n t á t i c o s , não mais fazendo os a j u s t a ­

mentos sem ân t icos observados a n te r io r m e n te .

B r id g es e coau to re» e n fa t iz a m que a compreensão nao s e ­

r i a uma q u e s tã o dc tudo ou n a d a , mas ums q u e s t ã o de g r a u s , e que os

p ro c esso s e n v o lv id o s na compreensão i n f a n t i l não s e r i a m n e c e s s a r i a ­

mente aqueles e n v o lv id o s na compreensão a d u l t a , havendo a in d a d i f e ­

r e n ça s i n d i v i d u a i s nas e s t r a t é g i a s empregadas p e l a s c r i a n ç a s . E ssa

d i f e r e n ç a e n t r e compreensão i n f a n t i l e compreensão a d u l t a e também

e n f a t i z a d a po r Hoonengaard e c o l e g a s , que chamam a a te n ç ã o p a r a o fjt

t o de que o b je to s e sc o lh id o s p a r a u t i l i /.ação em t e s t e s de compreensão

nem sc o p re s i g n i f i c a r e m o r.esmo p a r a a c r i a n ç a e p a r a o p e s q u i s a d o r .

Por ex en p lo , um o b j e t o co n s id e rad o neutTo p e lo p e s q u i s a d o r pode s e r

i n t e r p r e t a d o de una de te rm inada m an e i ra p e la c r i a n ç a ; ou o que o p e s ­

q u i s a d o r c o n s id e ra um t u n « l , pode « c r v i s t o como una montanha ou um

c e l e i r o p e l a c r i a n ç a . A e x p e r i ê n c i a da c r i a n ç a com o mundo doa o b je ­

to s v a i d e te rm in a r a m ane ira de e l a c o n s i d e r a r e s s e o b j e t o mim expe­

r im e n to , o que pode i n f l u i r no r e s u l t a d o o b t i d o . Uma c r i a n ç a a c o s tu ­

mada a v e r e b r i n c a r com ba rco s de b r inquedo pode i n t e r p r e t á - l o s co­

mo v e íc u lo s do t i p o c a r r o ou caminhão, o que l e v a r i a a c r i a n ç a a f o r ­

n e c e r uma i n t e r p r e t a ç ã o i n c o r r e t a do ponto de v i s t a do p e sq u i s a d o r

p a ra o rdens do t i p o " P u t th e b o a t on /iinder th e b r i d g e " .

A compreensão i n f a n t i l p a s s a r i a , e n t ã o , po r e s t á g i o s

t a i s como i n t e r p r e t a ç ã o p ra g m á t ic a , i n t e r p r e t a ç ã o sem ân t ico -p ragm â-

c i c a , i n t e r p r e t a ç ã o s i n t e t i c a , sendo a h a b i l i d a d e de compre e n d e r men­

sagens l i n g ü í s t i c a s i s o l a d a s uma a q u i s i ç ã o r e l a t i v a m e n t e t a r d i a «o

desen v o lv im en to d a l inguagem. K a r m i l o f f - S n i t h o b se rv a que somente a -

pÕs os o i to - a n o s de id ad e aa c r i a n ç a s s e r i a m capazes de i n t e r p r e t a r

c o n s i s t e n t e m e n te en unciados f o r a de c o n te x t o , co n f ia n d o apenas em

" d i c a s " l i n g ü í s t i c a s , o q u e , segundo a a u t o r a , s e r i a i n d ic a ç a o dc que

e s s a s c r i a n ç a s t e r i a m a t i n g i d o um n í v e l mais a b s t r a t o dc co m petênc ia

l i n g u i s t i c a . Antes d i s s o a compreensão i n f a n t i l d e p e n d e r ia de m ú l t i ­

p l o s f a t o r e s ein i n t e r a ç ã o , f a t o r e s não apenas s i n t á t i c o s o a s também

s e m â n t i c o s , p ra g m á t ic o s , i n to n a c i o n a i s , p r e s s u p ô s i c i o n a i s , concernen

t e s a T egras d ia ló g ic a s e ao c o n te x to d i s c u r s i v o e s i t u a c i o n a l . Vale

le m b ra r q u e , a p e s a r das d i f e r e n ç a s e n t r e a compreensão a d u l t a e i n ­

f a n t i l , e a s e s f a t o r e s continuam a tu an d o no p r o c e s s o de ooirç>rcensao

a d u l t a . E s t r a t é g i a s de ordem puram ente s i n t á t i c a e n t r a r i a m em jo g o

apenas em s i t u a ç õ e s e s p e c i a i s . 0 a d u l t o também i n t e r p r e t a , mais f r e -

q U e n teo e n te , a f a l a o u v id a em s i t u a ç õ e s de i n t e r a ç ã o s o c i a l do que

f a l a i s o l a d a de c o n te x to .

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1U9

RIQUEZAS E DILEMAS DA PSICOLINGUÌSTICA EXEMPLIFICADOS

EM PESQUISA SOBRE NARRATIVA INFANTIL

Leonor S c l i a r Cabral

P r o je to : " N a r r a t i v a em C r ian ç as e os P rocessos de L e i ­

t u r a " . INEP/UTSC 12/1982.

Dentre os d i lem as que se a p r e s e n t a s a p e sq u isa p s i c o ü n -

g U t s t i c a , retomaremos e x c m p l if ica t lv a m en te um dos probltm aa ep is tem o-

ló g ic o s que j a levantávamos em 1977: 298-300, a s a b e r , o dos r i s c o s

da p ro jeç ão dos modelos dos a d u l to s p a ra t e n t a r e x p l i c a r as c a t e g o r i ­

as e r e g ra s que j a sao dominadas p e la s c r i a n ç a s ; o u t ro dos dilemas

que s u r i exem plif icado n e s ta uxpoaiçào d e co r re da n a tu r e r à ab ran g en te

e i n t e r d i s c i p l i n a r da p s i c o l i n g l l í s t i c a que r e q u e r do p e sq u isa d o r co­

nhecimentos p o l i v a ] en te s .

O p r i z t t i r o dos d i lem as s e r a exem plif icado , eoa a d i f i c u l ­

dade de c a r a c t e r i z a r os l im i t e s que separam o f a c t u a l do f i c t í c i o na

eosmovisão das c r ia n ça s* . Uma v e r que e s t a d e l im i ta ç ã o a c a r r e t a con­

seqüências p a ra marcar as e n t r a d a s l e x i c a i s e , ig u a lm en te , p a ra d e l i ­

m i ta r do is gêneros que e s tã o sendo o b je to da p r e s e n te i n v e s t i g a ç ã o , o

de r e p o r t a r um f a t o acon tec ido ou novidade e o de c o n ta r uma e s t ó r i a ,

m o s t ra - s e e l a c r u c i a l para e s t a in v e s t ig a ç ã o .

O segundo dilema s e r á e x e m p l if ica d o co« a confusão r e i ­

n a n te não apenas e n t r e p s ic o l in g U is t a s que es t i o t rab a lh an d o cora n a r ­

r a t i v a , mas taubem co ou tros s e t o r e s , como ê o caso dos e tnom etodo lo -

350

r o s ft s o c i o l i n g ü i s l a s , e n t r e os q u a is d e f in i ç õ e s de n a r r a t i v a l a r g a ­

mente d i fu n d id a s nao lev a n en c o n s id e ração avanços j a a lcançados pe­

l a n a r r a t o l o g i a t a n t o no campo da t e o r i a l i t e r á r i a , quan to no campo

do f o l c l o r e e d a s e m io t i c a .

1. Pr e l i m i n a r e s :

Em 197‘>, e r a a p resen tado em S t u t t g a r t , j u n to con STCEL-

GAÍIMDN, uma comunicação n a qual se i n v e s t i g a v a a em ergência de um

dos generös d a n a r r a t i v a , a re p o r ta ç ã o da novidade^ . Naquela comuni*-

caçoo se demonstrava como o a d u l t o , usando um bab y - t a l k p e c u l i a r ,3

v a i c o n s t ru in d o d e n t ro de uma s in t a x e m i s t a , j u n to com a c r i a n ç a , um

pequeno t e x t o , no q u a l co lo c a as un idades e s t r u t u r a i s fundam enta is ,

enquanto, a c r ia n ç a p reenche a informação nov a . Km no330 meto, e s t e

aesno a sp e c to foi d e sen v o lv id o mais t a r d e p o r PERRONI-SIKÕBS, ea

19794 .

P o s te r io T m c n te , alem da preocupação p a r a com um dos u n i ­

v e r s a i s dc a q u i s iç a o da linguagem, tivemos n o s s a a te n çã o d e sp e r ta d a

p a r a os a l t o s í n d ic e s de evasão e r e p e t ê n c i a nas p r im e i r a s s é r i e s e s ­

c o l a r e s , o b j e t o de uma comunicação em Lund, 1981^.

R elac ionando os d o is a s p e c to s , levantamos a h ip ó te s e He

que um dos f a t o r e s que d e te r m in a r ia o in su c e s so e s c o l a r s e r i a a d i f i ­

culdade da c r i a n ç a p a ra e n f r e n t a r os t e x t o s que lh e catavam sendo pro

p o s t o s , s e j a porque não dominasse as e s t r u t u r a s l i n g B í s t i c as p a ra in ­

t e r p r e t 5x lo s , por s e r a in d a muito dependente da informação e x t r a - l i n -

g l l í s t i c â , s e j a porque c o m p a r t i lh a s se escassam en te do u n iv erso e m p í r i ­

co e c u l t u r a l p ro p o s to nos mesmos t e x t o s ' e não t i v e s s e condiçoes de

151

efetuaT o s a l t o , e n f re n ta n d o ao mesmo tempo a d i f í c i l t a r e f a de a-

p re n d e r a d e c o d i f i c a r o s i s t e m a g r a f i c o e a de i n t e r p r e t a r u a u n i­

v e rso que lh e e r a to ta lm e n te e s t r a n h o .

Sendo a ss im , nos propusemos, muna p r im e i r a e t a p a , inveii

t i g a r o que a c r i a n ç a , na f a i x a e t á r i a dos 4 a 6 ; l i p r o t e r v a nas C£

t õ r i a s i n f a n t i s que lh e são c o n ta d a s , na s i t u a ç ã o do r e c o n to . N es ta

comunicação, a p r e s e n ta d a em Vancouver e Rio (SCL1AR-CABRAL e MACHADO

l)£ CAMPOS, 1981 a ,b ) ' p o s tu l a v a - s e q u e , se a c r i a n ç a , ao r e c o n t a r , , a -

p r e s e n ta c e r t o s l i m i t e s quan to ao tamanho das e s t S r i a s , numero de

p e rso n ag e n s , ev en to s e a t r i b u t o s , p a r a somente c i t a r algumas n e d id a s ,

i s t o se d e v ia a um d e te rm in ad o e s t á g i o c o g n i t i v o t l i n g ü í s t i c o e v i ­

denciado no p ro c e s s o de p rodução do re c o n to . Poram igualm ente levan­

tad o s o u t r o s a sp e c to s que e s t ã o sendo p re sen tem en te ap ro fundados , ag

sa b e r : a c o n U m in a t io , p ro c esso p e lo q u a l a c r i a n ç a m i s tu r a elemen­

tos de v á r i a s e s t ó r i a s c /o u 0 f i c t í c i o com o f a c t u a l ; p e c u l i a r id a d e s

da in co n g ru ên c ia^ no r e l a t o das c r i a n ç a s , a f a l t a de d isp la c e m e n t10

m a n i f e s ta p r im o rd ia lm en te no uso da d e m o n s t r a t io ad o c u lo s 11 e no u -

so dos pronomes sem r e f e r e n c i a a n t e r i o r .

2. 0 P r o j e t o do INEP/UFSC

P e lo p r o j e t o INEP/UFSC 12/82 , " N a r r a t i v i «lade em C rianças

e os P rocessos de L e i t u r a " , s e r ã o o b se rv ad as 60 c r i a n ç a s , 30 das q u a is

p e r te n c e n te s r e s p e c t iv a c e n t e a popu lações de b a ix a r e n d a , moradoras

da p e r i f e r i a u rb an a de K lo r ia n o p o l i s e 30 a populações de re n d a media

a l t a , e s c o lh id a s também p e lo t i p o de e s c o la que freqüentam .

A equ ipe que e s t á operando no p r o j e t o t r a b a lh o u p r im e i ro

152

na o p e r a c io n a l i z a ç ã o dos c o n s t r u to s , nos in s t rum en tos de p e s q u i s a ,no

t re inam en to de p e sso a l e , s im ultaneam ente , na p e sq u isa p i l o t o .

í so b re os dados e sco lh id o s na p e sq u isa p i l o t o que te ­

ceremos a lguns comentário* so b re os dilemas e r iq u e z a s da p e sq u isa

ps i c o l in g l l í s t i c a .

3 . A E sc o la e a P e s q u i s a P i l o t o

A e s c o la onde sc desenvolveu a p e sq u i s a p i l o t o p e r te n ce

à rede do m u n ic íp io de F l o r i a n o p o l i s c fo i e s c o lh id a po r s e r reconh£

cidamcnte a de população de renda n a is b a ix a na p e r i f e r i a u rbana

( lento remos que e x i s t e cm F lo r i a n ó p o l i s a chamada p e r i f e r i a r u r a l ) .

C a r a c t e r í s t i c a d e s t a s fa m í l ia s e a f lu tu a ç ã o f a m i l i a r e

a m ob il idade u rb a n a . A e s c o l a e s t ã s i tu a d a em t e r r e n o c o n te s ta d o , on

de s u r g iu a f a v e l a , no t r e c h o de i n te r l ig a ç ã o e n t r e a i l h a e o conU

n e n te , á r e a conhecida p e l a v i o l ê n c i a e p r o s t i t u i ç ã o . Estamos investi_- ^ ' 1 2 „

gando a te m á t ic a d a v i o l ê n c i a nas e s t ó r i a s con tadas pcla-s c r i a n ç a s ,

mas a in d a não temos dados conclus ivos sobre sc a v a r iá v e l que mais

p e sa e o c o n tex to a m b ie n ta l , o e s t á g i o de desenvolvim ento a f e t i v o da

c r i a n ç a ou a expos ição ã i n d u s t r i a c u l t u r a l .

Quatro p e s q u i s a d o re s foram e sc a lad o s p a ra a p e sq u i s a p i ­

l o t o , operando d o is p e l a manhã e dois 3 ta rd e .

ApÕB o e s t a b e le c im e n to de um bom re lac ionam en to , a p a r­

t i r de uma i n t e r a ç ã o que durou alguns d i a s , na qua l os pesqu isadores

desempenharam o papel de t i o e de t i a , tendo m uitas vezes s u b s t i t u í ­

do o educador nas a t i v i d a d e s r o t i n e i r a s , aa c r ia n ç a s c ra n conduzidas

era grupo» de t r ê s p a ra a a t i v i d a d e que c o n s i s t i a em um* c r ia n ç a con-

153

Lar p a ra seus amiguinhos uria c s t S r i a que nunca h a v ia ouv ido , j 3 que

escavamos cantando i n v e s t i g a r a invenção. Km o u t r a s i t u a ç ã o , uma

c r ia n ç a con tava p a ra o a d u l t o . e , f i n a lm e n te , c n se ssõ es p o s t e r i o r e s ,

fo i l i d a uma u s t o r i a p a ra d a r c o n t in u id ad e à in v e s t ig a ç ã o do re c o n to .

Pa invenção foram re co lh id a s 44 e s c o r i a s de 20 c r i a n ç a s ,

e ab o ra e s t e j a sendo f e i t o o e s tu d o m inucioso de o u t r o s a to s de f a l a ,

para a n a l i s a - l o a coitrastivamente. c p a r a r e t i r a r e v id e n c ia s sobre a

competência comunicat iva da c r ia n ç a quan to ao domìnio doa gêneros ,

4 . Enfoque

Ha inúmeros enfoques p e lo s q u a is s e pode a n a l i s a r a n a r ­

r a t i v a . Desde aa in v e s t ig a ç õ e s dos f o l c l o r i s t a * a t e a abordagem e tn o -

m etodolõgicu , se m io t i c a e de t e o r i c o s da l i t e r a t u r a , p a r a somente c i ­

tarmos 4 d e le s Ha pontos de v i s t a d i f e r e n t e s , mas, nem por i s to . ,

o b r ig a to r ia m e n te ex c lu d en te s .

A in v ea t ig a ç? » do ponto de v i s t a da p s i c o l i n g l l f s t i c a dos

p rocessos env o lv id o s na n a r r a t i v a , na p e rcep ção e compreensão d e s te

t ip o de t e x t o , ou no seu p i ancjamento e execução , não pode d e ix a r de

ladn os dados da a n á l i s e do d i s c u r s o , nu os e lem entos fo rn e c id o s pe­

l a n a r r a t o l o g i a , p r in c ip a lm en te a c a r a c t c r i ração l i n g ü í s t i c a da n a r ­

r a t i v a .

Cumpre a s s i n a l a r , no e n t a n t o , que , a p e s a r do grande d e -

. 14 . <-senvolvi cen to da n a rcac o lo g ia , a in d a ha um longo p e rc u r so a p e r c o r ­

r e r , no que d i r r e s p e i t o aos marcos teo r ic o * * ^ e n a d e f in i ç ã o dos e -

lcmento* d e s t a t e o r i a , na d e l im ita çã o doa g ê n e ro s , d e n t ro de uma anã-

1$4

l i s e dos d i s c u r s o s o r a i s .

A c r e s « que , como sempre, e n a q u i s iç ã o da l inguagem , ha

o r i s c o de p T o je t a r a s c a c c g o r ia s do a d u l to sobre, a s da c r i a n ç a .

N e s ta comunicação, abordaremos a lguns m arcadores que ca­

r a c te r i z a m o genero d a r e p o r t a ç a o de novidade c o de c o n ta r e s t ó r i a s

e a t e m a t i c a p r e f e r e n c i a l nas e s t ó r i a s de c r i a n ç a s de 4 a 6 ; 11, p e r ­

t e n c e n te s à popu laçao de b a ix a Tenda, ev idenciando algumas d i f i r t i l da­

dos d e c o r r e n te s dos d i lem as expostos na i n t ro d u ç ã o .

5 . Marcadores l .cvanendos

Ate a g o ra , foram lev an tad o s os s e g u in te s m arcadores pa­

r a c a r a c t e r i z a r os d o is gêneros que estamos i n v e s t ig a n d o , a s a b e r : a

repoTtação de um f a t o o c o r r i d o , gênero « s t e b a s t a n t e d e se n v o lv id o na

p r e - e s c o l a , na a t i v i d a d e denominada "llora da n o v id a d e " , e o gênero

conhecido e n t r e as c r i a n ç a s como c o n ta r uma e s t ó r i a :

5 . 1 . 0 f a t o deve t e r a c o n te c id o na p re se n ç a do n a r r a d o r na n a r ra ç ã o

de novidade v s . c r i a ç ã o do im aginár io no gênero de c o n ta r e s t ó ­

r i a s .

Do po n to de v i s t a d a i n t e r a ç ã o , encontTÆcos no p r im e i ro

gênero , as s e g u i n t e s r e g ra s l e v a n ta d a s , p o r EXBREE (1978 , 79-80):

A p e rg u n ta a B o que aco n teceu . B responde numa das s e g u i n t e s a a

n e i r a s :

(a) uma n a r r a t i v a , conforoe a d e f in i ç ã o de Labov e Wa­

l t ta ky;

(b ) uma r e s p o s t a seg u id a im ediatam ente p o r uma n a r r a t i v a ;

( c ) uma r e s p o s t a .

Enriquecendo o paradigm a de KMBREE, podemos a c re sc ' -n fd r

155

que a provocação da novidade pode t e r como a l t e r n a t i v a s o l i c i ­

t a r a c r i a n ç a que con te a outrem o que aco n teceu , com uma pe r­

g u n ta i n d i r e t a do t i p o : Conte a X o que acon teceu .

Em a c ré sc im o , há uma s é r i e de e lementos que , s e não d i ­

tos espontaneam ente p e lo n a r r a d o r , sao provocados p e lo i n t e r l o ­

c u to r : onde, eoa o q u e , com quea e as seqüências tem pora is e

d a í , o que aco n teceu ? O b serv e -se que a condição fu n d n rx n ta l de£

t e gênero e que o f a t o t e n h a a co n te c id o , tendo a c r i a n ç a de le

p a r t i c i p a d o como ag en te ou d e s t i n a t a r i o , ou corno e s p e c t a d o r e~

■ocionado.

No gênero de c o n ta r e s t o r i a $ predomina a função im ag i-

17 18n a t i v a de HÄLLIDAY ou o fo re g ro u n d in g do C i rc u lo ede P rag a ,

em t e x t o s mais e la b o ra d o s : a v e rdade é to ta lm e n te i r r e l e v a n t e .

P a ra f ra se a n d o Muktfrovsky (1955: 2 2 , 2 3 ) , "A q u e s tão da v e r a c id a ­

de nao a p l i c a em r e l a ç a o ao tò p ic o de uma o b ra de p o e s i a , nem

mesmo f a z s e n t id o " ( t r a d , da a u to r a ) .

Os e lem entos da e s t ó r i a se de f inem , p o i s , uns em r e l a ­

ção aos o u t r o s , adquirem s i g n i f i c a d o d e n tro d e la e ? ao n a r r a ­

dor que cabe t e c e r os l a ç o s e n i r c as seqUências a t r a v é s das

q u a is se e s t a b e l e c e a c o e r ê n c i a do t e x t o . 1 e r a co n te c id o , p o r ­

t a n t o , e i r r e l e v a n t e a e s t e gênero .

5 .2 . Espaço e tempo r e fe r e n c i a d o s 3 e x p e r i ê n c i a do n a r ra d o r e n a r r a -

l á r i o n a n a r ra ç ã o da novidade v s . suspensão do espaço e tempo

f a c t u a i s na n a r r a t i v a de e s t ó r i a s .

Enquanto no gênero de c o n ta r n o v id ad es , s e r e q u e r do

lbC

n a r ra d o r a competência de t r a n s p o r a sucessão temporal dos even­

to s a co n tec id o s p a ra aa e s t r u t u r a s l i n g ü í s t i c a s , o genero da e s ­

t ó r i a r e q u e r a competência de c r i a r um mundo Im aginár io a t r a v é s

de e s t r u t u r a s l i n g ü í s t i c a s : tempo e espaço f a c t u a i s (ou mundanos)

- 19 . . .sa» suspensos . Cabe ao n a r r a d o r c r i a r o c l im a de empatia a t r a ­

vés do q u a l o ( s ) r c c c p to r ( e s ) se ja(m ) conduzidos a mundos mági­

cos . Confort» a ss in a lam JCRTSS e HODCK (1981: 5 0 ) , o que acontece

nas e s t ó r i a s é e x t r a o r d i n á r i o , mágico, m i s t e r i o s o , quase in ex ­

p l i c á v e l em tPTroos de um modelo t r a n s a t i v o do p rocesso .

Km g e m i ,. ex is tem fórm ulas a t r a v é s daa q u a is se dá e s t a

suspensão como "E ra uma v e z . . . " . Nas e s t ó r i a s que estamos exami­

nando, o mundo mágico se i n s t a u r a com a in t ro d u ç ã o do personagem,

cm sua m a io r i a , um b ich o . As vezes o c o r re a v a r i a n t e "Um d i a . . . " ,

conforme se v e r i f i c a no anexo.

5 .3 . A tu a l i z a ç ã o da s i g n i f i c a ç ã o e x te n s io n a l a t r a v é s do con tex to em­

p í r i c o p a r t i l h a d o por n a r ra d o r e n a r r a t á r i o í s ) v s . autonomia na

n a r r a t i v a das e s t ó r i a s .

Na n a r ra ç ã o da n o v id ad e , a s i g n i f i c a ç ã o e x te n a io n a l se

a t u a l i z a , se p a r t i c u l a r i z a , mercê do co n tex to empírico compar­

t i l h a d o p e lo n a r r a d o r e supostam ente p e lo n n r r a t ã r i o ( s ) confor­

me é exemplo o t e x t o "T io CaTlu": a i l h a , c a I l h a de F lo r ian ó ­

p o l i s ; o tempo e s t á r e f e r e n c i a d o a um passado v iv id o p e lo n a r r a ­

d o r ; o t i o C a r lu , é o t i o do n a r ra d o r . Sendo ass im , o uso da 1-

p e s s o a d o d i s c u r s o é f reqU en te .

Na e s t ó r i a , a signiíic- .açao e x te n s io n a l emerge dos v a lo -

157

rea que se re lac ionam una con os o u t r o s , co n fe r in d o uma c e r t a

autonomia ao t e x t o , s> que f a z com que c le 8 possam c i r c u l a r i n -

dependentcmcnte da h i s t o r i a do n a r r a d o r , que pode s e r anônimo.

0 uso da 1- pessoa ap arece na d ram atização dos d i á l o g o s , n a mi-

- . 20 mes'» .

Kas 44 e s t ó r i a s c o lh id a s d e s t a f e i t a , vamos e n c o n t r a r

em maior ou menor grau o im a g in S r io , o f i o n a r r a t i v o j a bem de­

sen v o lv id o , como e o caso d a e s t ó r i a "A COBRINHA FOI NO MATO",

ou frHg3>ento* do f a c t u a l m is tu rad o s ao f i c t E c i o , como na e s t ó ­

r i a "0 GATO OOMKU UMA GALINHA".

E x p l i c i t a r os m arcadores p e lo s q u a is o f a c t u a l c o n t r a s ­

t a com o f i c t í c i o £ um dos o b j e t i v o s da p r e s e n te i n v e s t ig a ç ã o .

5 .4 . V io lação dos t r a ç o s sem ân t icos nas e s t ó r i a s .

A v io la ç ã o das r e g r a s sem ânticas e , sem d ú v id a , o u t ro

re c u r so p a ra inacauraT o im a g in á r io , como £ o caso da a n tro p o ­

n im ia , o t ro p o mais u t i l i z a d o p e la s c r i a n ç a s no p r e s e n te r e p e r ­

t o r i o . As e s t ó r i a s de b ich o s predominam.

6. A Temática

Uma a n á l i s e da t e m á t ic a predominante nas e s to x ia s p e r­

m it iu -n o s a depreensào de tima e s t r u t u r a canônica p r e v a l e n t e :

O b je t iv o : corner

Meio: p e rseg u ição ou busca

R esu l tado : morte ou dano

. E s ta e s t r u t u r a vem ex em p l if ica d a na e s t ó r i a : 'ERA UMA

VKZ UM GALDíHO". Dos e lementos tem á t ico s da e s t r u t u r a c a n ô n ica , o

ÌL B

que aparece coq mais constânc ia e "com er", seguido do re su lta d o "mor­

te " ou "dano".

Outros temas que aparecem sao a r e s s u r r e i ç ã o , como c C-

xensplò a e s t ó r i a "0 PATO MORDEU A GALINHA".

Há v á r io s exemplos de conarraç.ao , como nas e s t ó r i a s "A

O0BRTN11A FOI NO MATO" e "ERA UMA VEZ UM GAI.IN1I0", sendo a c o n t r i b u i ­

ção denegada como cm "A C0BR1NHA KOI NO MATO"-, ou de r e fo r ç o como cm

"ERA UMA VEZ UM GALINHO". T)e q u a lq u e r modo, e s t a s in te rv en ç õ e s mos­

tram a p a r t i c i p a ç ã o a t e n t a do n a r r a t a r i o , o seu envolvimento e o do­

m ín io c o n ju n to da e s t r u t u r a n a r r a t i v a . •

Convêm a s s i n.Alar que não hã um só caso de happv^cnd» no

s e n t id o t r a d i c i o n a l das conhecidas e s t ó r i a s paT a c r i a n ç a s . Nenhuma

e s t ó r i a te rm in a com "viveram f e l i z e s p a ro sempre" - algumas e s t ó r i a s

terminam com o que pode s e r co n s id e rad o um f i n a l f e l i z p a ra e s t a s

c r ia n ç a s : "AÍ comcru u p a tu c d e ix a r u u l i ã o . . . " Como as e s t ó r i a s t e r ­

minam com uma coda bem n í t i d a , não h ã dúv ida quan to ao seu te rm in o ,

a s s i n a l a d o , d i g a - s e de passagem, p e l a s palmas do a u d i t ó r i o .

Sem q u e re r a d ia n t a r . ' i n t e r p r e t a ç õ e s , una vez que a in d a

não f o i f e i t o o co n f ro n to d e s ta s e s t ó r i a s com as das c r i a n ç a s da mes­

ma f a i x a e t á r i a , p e r t e n c e n te s às populações de renda média a l t a , ums

c o is a ã ceT ta : a t e m á t ic a e p r in c ip a lm e n te o r e s u l t a d o n:u> coincidem

con os e s t ó r i a s que lhes são con tados p e lo s a d u l to s .

Pode-se a te d i z e r que as e s t ó r i a s con tadas p e la s c r i a n -

21ças sao um cxcr-plo de cont r a - e u l t u r a

7. Conclusão

159

A trav és d a p ra x is e da d is c u s sã o dos r e s u l ta d o s da p e s­

q u is a so b re n a r ra t iv id a d e em c r ia n ç a s p e r te n c e n te s a f a n t i i a s de b a i ­

xa ren d a na c id ad e de F lo r ia n ó p o l i s , na s i tu a ç ã o de in v en ç ão , f i c a

e v id e n te a r iq u e z a do u n iv e rso a s e r in v e s t ig a d o , p r in c ip a lm e n te , no

que poderíam os chamar um exemplo de cont r a - e u l t u r a , no f a to de as

c r ia n ç a s não a c e ita re m os m odelos das e s t ó r i a s que lh e s sáo con tadas

p e lo s a d u lto s , p e lo menos na e s c o la . M o s tra -n o s , o u tro s s im , o grande

p o te n c ia l c r i a t i v o em c r ia n ç a s de A a 6 ; 11 ta n to em term os de p làn e

j amento q u an to a execução das e s tó r ia s e o dom ínio como r e c e p to r p a r

t i c i p a n t e , das e s t ó r i a s n a r ra d a s . 0 conhecim ento do gên ero " c o n ta r

e s t ó r ia s " f i c a p a te n te nos m arcadores que as c r ia n ç a s u t i l iz a m : en­

to a ç ã o , in tro d u ç ã o , corpo da n a r r a t iv a e te rm in o .

Dos d ilem as d i s c u t id o s , o m aior r e s id e no en tend im en to

da cosm ovisão da c r ia n ç a em term os dos t ra ç o s que separam o f a c tu a l

do f i c t í c i o , sem que t a i s t r a ç o s venham a c o in c id i r o b r ig a to r ia m e n te

com os do adu1 t o .

Problem as m etodo lóg icos t a i s como d e te rm in a n te s da fon­

t e das e s t ó r i a s n a r ra d a s : t e l e v i s ã o , e s t ó r i a s que sao ouv idas quando,

onde e p o r quem colocam o d ilem a p a ra a e x p lic a ç ã o d a (s ) v a r iã v e l

( e i s ) d e te n n in a n te ( s ) da p r e fe r ê n c ia te m a tic a .

NOTAS

*Nas e s t ó r i a s p o r nós c o le ta d a s , não a p arece m uito n í t i d o o mundo u -

tó p ic o de B loch , conform e e comentado p o r ZlPfKS (1982: 311-312).

153

2 A ^0 te x to "P apai mato a poba" f o i an a liza d o p e la G ram ática dos Casos

de F illm o re (ST0EL-GAÏ1M0N & SCLIAR-CABRAL, 1976).

\ t e o r i a da s in ta x e m is ta f o i d esen v o lv id a por SLAMA-CAZACÜ (1978:

120 e s e g a .) dem onstrando que ê im p o ss ív e l, no d iá lo g o , p a r t i r da a-

n á l i s e e s t r u tu r a l de s e n te n ç a s i s o la d a s .

4PRSR0NI-S1MÔK$ u t i l i z a a d e f in iç ã o de LABOV A WALKTSR (1 9 6 7 ).

^No levan tam ento r e a l iz a d o p e la SEC de Sao Paulo (1975) que m otivou

a indagação so b re as causaB da r e p e t iç ã o e evasão e s c o la r , c o n s ta -

to u -so que 632 da popu lação e s c o la r p r im a ria fa lh o u eo acompanhar as

e x ig ê n c ia s acadêm icas (SCLIAR-CABRAL, RONCADA 4 CHIARI, 1981).

um p o s tu la d o em p s ic o l in g U ís t i c a que a a q u is iç ã o dos morfemas pu­

ram ente g ra m a tic a is que se re fe re m à s ig n if ic a ç ã o in te r n a da l ín g u a

emergem m ai8 ta rd iam e n te (BROWN, 1973: 249-399). Em adendo, os le x e ­

mes que não a p re s e n ta s c o n tr a p a r t id a r e fe r e n c ia l c o n c re ta também e-

cergem em e ta p a s m ais t a r d i a s . T an to uns quan to o u tro s sao e s s e n c ia is

ã fo rm ulação de e x p e r iê n c ia s nao co m p artilh ad as.

^SMITR (1975: 347) desen v o lv eu a im portan te to se do conhecim ento p re ­

v io como p re ssu p o s to p a ra a in te r p r e ta ç ã o de t e x to s , p r in c íp io v á lid o

em t e o r i a s de a n a l i s e e s í n t e s e da percepção .O ̂ - m0 term o c o n tg a in a t io f o i e x tr a íd o d a Nova Concdia L a t in a , cu jo s au­

to re s P la u to e T e rê n c io usavam o re c u rso de fim dir p eças do r e p e r to ­

r i o g reg o , ao t r a d u z i r p a ra o la t im , re s id in d o a i um dos a sp e c to s da

c r ia t i v id a d e .g

A in co n g ru ên c ia s e m a n ife s ta tp n to na quebra da coesão quan ta da co­

e r ê n c ia , t a l como d e f in id a s p o r COULTHARD (1977: 1 0 ) , ou SACKS (19 7 2 ).

A c r ia n ç a m uitas vezes u t i l i z a c o n ec tiv o s i n t e r - s e n t e n c i a i s , a n ív e l

161

c o - te x tu a l (v id e KUMAR, 1981) sem que h a ja conexão sem an tica e n tr e

t a i s se n te n ç a s .

,y "The p o s s ib i l i t y o f tra n s m iting in fo rm a tio n from a n o th e r tim e und

s p a c e , th e independence o f se n ten c es have o f t h e i r n o n l in g u i s t i c

s e t t in g " (BROWN; 1973: 73).

* *D em onstratio ad ocu lo s conforme a p arece no m odelo de BUHLER (1950:

134-154) c o n s is te na comunicação e u -a q u i-o g o ra , cu jo s ig n i f ic a d o c *

to ta lm e n te dependente da s itu a ç à o ( Z e ig fe ld ) .

12 - Ao c o n tr a r io das e s tó r ia s lev a n tad a s p o r WATSON-CKCEO fi BOGGS(1977:

6 7 -6 9 ) , naa q u a is a tem a tica p redom inante c a da s e x u a lid a d e . Ë ne­

c e s s á r io mais p e sq u isa s i n te r e i n t r a - c u l t u r a i s p a ra e x p l ic a r oa t e ­

mas p re fe r id o s e os f a to r e s d e te rm in a n te s d e s ta p r e fe rê n c ia .

^ E n t r e oa f o l c l o r i s t a a , lembremos o t r a b a lh o c là s s ic o de PROPP (1970)

« a e x c e le n te re sen h a f e i t a p e lo s e m io t i c i s t a M e le tin sk y , na mesma e -

d iç io . E n tre os s e m io t ic i s ta 3 , GREDÍAS (1966: 1979). E n tre os e tn o o e -

to d õ lo g o s , o j a c ita d o SACXS e e n t r e os te ó r ic o s da l i t e r a t u r a , BARTHES

(1 9 6 6 ), BRIMOND (1 9 6 4 ), GENETTE (1966) c TODOROV (1 9 6 6 ).

con tudo , a s s in a la -q u e "A h ip ó te se da e x is tê n c ia de form as u n iv e r s a is

o rgan izando a n n rx açao , e x p lic ita ro e n te re co n h e c id a ou in p líc ita m e n te

ad m itid a , mesmo in sp ira n d o -se em num erosas in v e s t ig a ç õ e s , provocam

h e te ro g en e id ad e do o b je to a p e sq u isa r : "Ou donc c h erch er la s t r u c tu r e

14 , . - - .P a ra CKKIMAS, o campo m ais d esen v o lv id o das in v e s tig a ç õ e s te ó r ic a s

c a p lic a ç õ e s da se m ió tic a c o da a n á l i s e n a r r a t iv a dos d is c u r s o s .

ao mesmo tempo m al-en ten d id o s

153ARTHES a s s in a la os dilem as m etodo lóg icos d e c o rre n te s da ex te n sã o e

l b ü

du r é c i t ? . . . Pour d é c r i r e e t c l a s s e r l ' i n f i n i t o dos r é c i t s , i l fa u t

donc une " th é o r ie " (au sen s p ragm atique que l ’on v i e n t de d i r e ) , et

c 'e s t a Le c h e rc h e r , H l 'c s q u î s s o r q u ' i l f a u t d 'a b o rd t r a v a i l l e r "

(1966: 2 ) .

"Tn o rd e r to de te rm in e which t e s t s a re a p p ro p r ia te fo r p ro p o sa l r e ­

s e a rc h , and to d e te rm in e th e s ig n i f ic a n c e o f p a s t and p ro je c te d r e ­

s e a rc h , a p e r s p e c t iv e i s needed on th e k in d s o f language s tu d ie d and

t h e i r r e la t io n s h ip " (TANNEN, 1982: 1 ) .

^ " T h e fu n c tio n of th e language whereby th e chi I d ’ c r e a te s an en v iro n ­

n e n t o f h is own" (1975: 20 ).

18r.onvltn r e s s a l t a r que o n a r ra d o r de o a tS r ia s i n f a n t i l se v o l ta pa ra

o te x to que e s t a c r ia n d o , d an d o -lh e uma e n to açao m arcadnm cnte e s t e t i ­

ca . Nos d iá lo g o s dos p e rso n ag en s , d ra m a tiz a . Na n a o -a c e ita ç a o ( c o n tr^

d ie t in g ) de c e r to s a p a r te s , conforme se pode o b se rv a r na e s t ó r i a "A

COBRTNHA FOI NO MATO", n o ta - s e a adesão a uma e s t r u tu r a e s c o lh id a .

19 -VEINRICH (1968) co n trap o e tempos a Tempo, a s s in a la n d o que o uso da­

q u e le s náo se a p re se n ta iso m o rfi cernente a e s t e . Kar. uma d i s t in ç ã o en­

t r e nimdo comentado c n a rra d o . A d ico to m ia de KKINRIC1I não dá con ta

da d is t in ç ã o e n tr e re p o rta ç ã o de um f a to a c o n tec id o e n a rra ç ã o dc uma

e s t ó r ia .

20„ . . . ,0 u so da p r im e ira p e sso a como personagem da n a r r a t iv a p ressu p õ e uma

c o n sc iê n c ia c o g n it iv a e r e f l e x iv a que a c r ia ç ã o não p o ssu i (v id e HAMLIN

163

1982: 205).

21 . * .A nula na« foram f e i t a s p e sq u isa s m ais ap ro fu n d ad as so b re a r e je iç ã o

das c r ia n ç a s aos modelos im postos p e lo s a d u lto s . As p e sq u isa s sob re

como o a u d i tó r io re a g e à s e s tó r ia s se riam f r u t í f e r a s . 0 p ap el do f i c ­

c io n a l como e s p é c ie de in ic ia ç ã o r e f l e x iv a no p ro c esso de s o c i a l i z a ­

ção a i n d a - e s t à p o r s e r f e i t o (v id e WARNING, 1979).

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APP.NPICE

"TTO CARIlT'

D ito - J á f o i l a na i lh a ? É?

C - Mas cu fúf- l ã no mato das pedas

Quando l ã , o t i o C aTlu, o t i o

C a rlu f o i toma um banho de . . . .

de p i s c in a , d a í cu v i l a no

fundo macaco.

16?

"0 CATO COMEU PMA CAUNHA"

C. 4 anos e 10 m eses.

"0 g a to comeu uma g a l in h a . Porqui

q u i . . . q u i e l i ta v a e cua fome".

11,- Com fome.

"P a rc cc que « l i t á . . . e l i t á . . . c ie

t a v a . . . e ie ta v a cum fo c e ’’ .

H .- E le tav a c cu forai.

"£ d e p o is um cach o rro comeu uma a i

ç a - m orreu . P ro n to " .

"A COBRfNHA FOI NO MATO" "KPJt UMA VEZ UM GALIHHO"

K. - 5 anos e 1 mes. A. 6 anos « 8 m eses.

"A c o b rin h a f o i no m ato." E ra uma vez um -galinho f o i ' l á cm c i

Tem um j a c a r é , não tem? tma rio g a l in h e ir o su b iu em cim a, achou

Foru pu c a to .um g a tã o em cim a, e l a f o i l ã comeu o

P r u c u r a r u . .g a tã o todo e o s p i n t i n h o e o p in tln h o

C - Um macaco!m orreu , ta d in h o .

"Ahn7"C - C o itad in h o !

C - Um macaco!C - Mac, a ju d e -s c " . (riem )

"M acaco, não!B e m . - Conta m ais , e d a í , o d a í .

C uraro um l i ã o ."K d a í e le s não a co n tec e ro m ais . K-

DaT o l i ã o ta v a l a " com medo.

E d a í - e l i e n co n tro um p a to .

AÍ comeru u p a to e d e ix a ru u l iã o .

Todo ovo.

AÍ comeru u p a to c d e ix a ru u l iã o .

Cabo! "

l i s , e l i a m orTcro".

"0 PATO MORDEU A GALINHA"

M. - 4 anoe e 6 m eses. qucceu o pano d ebaixo d e la , a í e l a

"0 p a t o . . . f ic o bem g landona e dep o is c resc e u

0 p a to mordeu na g a lin h a . m ais . Ê e l a . ; . ' e l a c o r to u o pé f i c ô

AÍ a g a lin h a m orreu. bem pequeninha e a í d e p o is , é . . .

A . . . a água que comia. e la con tinuou f i c a r g ran d e , bem

E la tomo banho no s o l e a í d ep o is c . . g randona.

« . . . c i a aoT reu o t r a v ez . Ai e la m orreu o t r a v ez e d e p o is . . .d e -

agua c re sc e u cm cima d e la •• c i a e s - p o is f o i pa d ebaixo dagua” .

188

Hi n i-Conferência 2: línguas Indígenas: à Questão Política , Cultural e LingOística

Coordenador: Aryon Dall’lgna Rodrigues

Partjcjgantes_: Adair Pimentel Pai Scio

Ruth Monserrat

Dia: 12 de j u lh o

Hora: das 11 as 13 horas

LÍNGUAS INl>r<£llAS:

A QUESTÃO CULTURAL, POLÌTICA E LINGUÌSTICA

Aryon D. R odrigues

(UNICAMP)

Vou tom ar em co n sid e ra çã o o s ig n if ic a d o de cui tu ra co­

mo o co n h ec imento que im a so c ied a d e desenvolve e c u l t iv a a ce rca de

su a p r ó p r ia r e a l id a d e p re s e n te e p a ssa d a , o qual e o b tid o p e la r e ­

f le x ã o e p e la p e sq u isa e se to m a o b je to de tran sm issão p e lo en sin o

e p e la s p u b i ic a ç õ e a , té c n ic a s ou de d iv u lg a ç ão ; quer d i z e r , cui tu ra

no s e n t id o menos e a t r i ta œ e n tc a n tro p o ló g ico do term o, mais p ro p r ia ­

mente urna met acu ì t u r a . N esse s e n t id o , que freqUentcmOnte. Õ. r e fe r id o

como o se n tid o "n ão te c n ic o ” ou "v u lg a r" da p a la v ra , » conhecim ento

so b re a l in g u a ou as lín g u a s de uma so c ied ad e , de uma naçao ou de

um e s ta d o (ou do mundo) ê c e rtam en te de grande re le v â n c ia c u l tu r a l .

Ko e s tad o b r a s i l e i r o , que é um e s ta d o im il tié tn ic o e -mui t i l in g u e , o

conhecim ento da s i tu a ç ã o não só da lín g u a m a jo r i tá r ia , mas ig u a lo e n -

169

t e das lín g u a s m in o rit ã r i a s c o n s t i tu i componente im p o rta n te da c u l tu ­

r a . Que a s im ples e x is tê n c ia e d iv e rs id a d e das lín g u a s in d íg e n a s f a ­

lad as no p a í s , as q u a is são mais de 150, s e j a redondaiaente ig n o rad a

e não s e ja o b je to de inform ação da so c ie d a d e , ê c la ram en tc una s e r i a

q u estão c u l t u r a l . No B r a s i l , nem a G eo g rafia Humana nem a S o c io lo g ia ,

nem a H is to r ia nem a D em ografia, nem a Educação nem a P o l í t i c a , nem

raeBmo em grande p a r te a A n tropo log ia e a p r o p r ia L in g ü ís t ic a têm co­

mo conhocim ento ad q u ir id o c u t i l i z á v e l nenhuma noçao v a l id a so b re a

e x is tê n c ia das l ín g u a s in d íg en as b r a s i l e i r a s . Num um conhecim ento

s u p e r f i c ia l da r e a l id a d e l in g ü í s t i c a no B r a s i l i n te g r a , p resen tem en­

t e , a c u l tu r a b r a s i l e i r a .

À 'ig n o râ n c ia da re a l id a d e l i n g ü í s t i c a do P a ís - a q u a l -

p o r c e r to nao e s t ã d e sv in cu lad a de uma grande ig n o râ n c ia so b re as

e tn i a s m in o r i t á r i a s , mas é m uito mai» profunda que e s t a - tem conse­

q ü ên cias p o l í t i c a s e l i n g ü í s t i c a s .

O conhecim ento da re a l id a d e c e s s e n c ia l p a ra o e jc c rc í-

c io dc to d a ação p o l í t i c a . Embora e sse conhecim ento p o r s i sõ nao

a sseg u re o desenvolv im ento da m elhor p o l í t i c a , p o is e s t a depende tam­

bém de o u tro s f a to r e s , como a in ten ção dos p rom otores e a competên­

c ia dos e x e c u to re s , a ig n o râ n c ia da r e a l id a d e f r u s t r a as prorooçoes

bem in te n c io n a d a s , im p o s s ib i l i ta as execuções com peten tes e , o que é

a in d a p i o r , in ib e a c r í t i c a e a d e fe sa c o n tra p o l í t i c a s in e p ta s ou

mal in te n c io n a d a s . A ig n o râ n c ia da r e a l id a d e tem , p o r i s s o , um peso

p o l í t i c o e x tra o rd in a r ia m e n te grande. Tão grande que freqU entem ente

ag en tes de p o l í t i c a s mal in te n c io n a d as procuram im ped ir o conhecim en-

270

to da r e a l id a d e , c u lt iv a n d o a ig n o râ n c ia .

M uitas v e ze s e d i f í c i l p e rc e b e r s e c e r t a s ações gover­

n am en tais e iv a d a s de im propriedade decorrem d a s im p le s ig n o râ n c ia

de seu s p rom otores ou e x e c u to re s , ou re f le te m m a q u ia v é lic a in te n ç ã o

de o c u l ta r a r e a l id a d e . P o r q u e , por exem plo, 0 I n s t i t u t o B r a s i le i r o

de G eo g rafia e E s t a t í s t i c a (IBGE), re sp o n sá v e l p e lo recenaeam ento

n a c io n a l , nao in c lu i em seu s q u e s t io n á r io s - ao c o n t r a r io do que se

far. na m a io r ia d as nações - nenhuma p e rg u n ta so b re a? l ín g u a s fa la d a s

p e la populaçao? Pot que o Conselho F e d e ra l de Educação jam ais toma

cm co n sid e ra çã o os prob lem as e d u ca c io n a is d e c o r re n te s d a e x is tê n c i a

d e 'm in o ri as é tn ic a s o 1 in g ll ís t ic o s no B r a s i l? P o r que o M in is té r io

da Educação e C u l tu ra nunca tev e um s e t o r , ou se q u e r uma a u s e s s o r ia ,

p a ra a educação d e ssa s m in o ria s? Por que a Fmulação N acional do í n ­

d io , que ê o ó rgão re sp o n sá v e l p e la s r e la ç õ e s e n tr e o Governo F ed e ra l

e c e rc a de 150 povos m in o r i t á r io s , nao tem nenhum s e r v iç o de i n t é r ­

p r e te s , mas im põe, na p r a t i c a , aos ín d io s a n e ce ss id a d e de s c e x p re s ­

sarem d e f ic ie n te m e n te numa lín g u a que dominara m al, com p r e ju íz o da

d e fe sa de se u s in te r e s s e s ? P or que a C o n s ti tu iç ã o F ed e ra l v eda o ex er

c íc io de a t iv id a d e s e d u c a c io n a is e le m en ta re s em o u t r a l ín g u a que nao

a " n a c io n a l" , i s t o é , a p o r tu g u e sa , ex c lu in d o assim as m in o ria s l i n ­

g u i s t i c a s , e s p e c ia l men te as in d íg e n a s a o n o lín g lle s , de todo apoio à

educação de seus f i lh o s ?

A q u e s tã o l i n g u i s t i c a que q uero d e s ta c a r aqui ê a da

p re ssã o que se e x e rc e no B r a s i l so b re to d as as m in o ria s l in g ü í s t i c a s

e e sp e c ia lm en te so b re as m in o ria s in d íg e n a s p a ra que deixem de u sa r

171

suns l ín g u a s . E ssa p re s s ã o , quo t r a o r ig e n s h i s t ó r i c a s no regim e co­

lo n ia l p o rtu g u ê s , é e x o rc id a ta n to p e la popu lação m a j o r i t á r i a , cu ja

educação mal o r ie n ta d a a f a z ou mantêm p re c o n c e itu o sa e i n to l e r a n t e

p a ra com o u tra s l ín g u a s , q u an to p e la a d m in is tra ç ã o p u b l ic a , que, im­

b u íd a dos mesmos p re c o n c e i to s e d a mesma i n to l e r â n c ia , norm alm ente

se r e c u sa a a te n d e r b r a s i l e i r o s que não fa lam a l ín g u a da m a io ria .

Um dos c-asos m ais r e c e n te s d e ssa in to l e r â n c ia p o r p a r te de fu n c io n á­

r io s p ú b l ic o s , n o t ic ia d o p e la im prensa era j a n e i r o u l t im o , te v e por

v í tim a s p e sso a s nao de uma comunidade in d íg e n a , mas de uma m in o ria

de origem poraerana no E stad o do E s p í r i t o S an to ; um j u i z de d i r e i t o

não sõ deixou dc o u v ir testem unhas que nao faLavam p o r tu g u ê s , re cu ­

san d o -se a u t i l i z a r i n te r p r e t e s que estavara p re s e n te s e com is s o

desobservando a s d isp o s iç õ e s do cõdigo p ro c e s s u a l , mas c a s tig o u a r -

b i tr a r ia m e n te as mesmas te s tem u n h as , mandando p re n d ê - la « d u ra n te o

tempo que durou a s e s s ã o de ju lg am en to . J a os m eios de p re s sã o das

p esso as comuns são t a lv e z menos d ra m á tic o s , mas atuam de modo ig u a l ­

mente in ib id o r so b re os m eròroa das m in o ria s l i n g ü í s t i c a s : uma a lu n a

m inha ouviu recen tem en te de uma ín d ia A p urinã de Boca do Acre CAM)

que e s ta e o u tro s raembros de su a comunidade não querem f a l a r sua l í n ­

gua in d íg e n a porque o s b ran co s "mangam de n o s" .

Oa f a to r e s c u l t u r a i s , p o l í t i c o s e l i n g ü í s t i c o s i n t e r a r

gen e se alim entam uns aos o u t r o s . A ig n o râ n c ia c a incom preensão

a c e rc a da c x i s tc n c i a e da le g it im id a d e das l ín g u a s m in o r i t á r i a s não

a f e t a som ente a form açao de a t i t u d e s nas camadas p o p u la re s , mas con­

d ic io n a também a ação c a om issão dos c o n s t i t u in te s nos v á r io s rao-

172

mentos em que s e e la b o ra e se re e la b o ra a C o n s titu iç ã o N ac io n a l. Não

so o povo b r a s i l e i r o é fo rtem en te p reco n ce itu o so coin r e s p e i to ãs l i n

guas m in o r i tá r ia s no B r a s i l , mas na p ró p r ia C a rta Magna d e s te p a ís

h ã d isp o s iç õ e s in s p i r a d a s em p re c o n c e ito s , das q ú a is d e r iv a uma le ­

g is la ç ã o m arcadam ente i n ju s t a p a ra com as m in o ria s l i n g ü í s t i c a s , so ­

b re tu d o p a ra com as m in o ria s in d íg e n a s . Por exem plo, a C o n s titu iç ã o

d e f in e a l ín g u a p o rtu g u esa como lín g u a o f i c i a l do E s ta d o , mas e o -

m issa q u an to i s dem ais lín g u a s Caladas n e s te E stad o . As su c e ss iv a s

o o n s tiu iç õ e s b r a s i l e i r a s tem s id o a te ag o ra c o n s t i tu iç õ e s f e i t a s ’ por

f a la n te s de p o rtu g u ês p a ra f a la n te s dc p o rtu g u ê s , e x c lu íd a s de toda

co n sid e ração as p esso as p e r te n c e n te s ãs m in o ria s l i n g ü í s t i c a s .

173

A POLÌTICA E 0 TRABALHO DE CAMPO

A d a ir Pim ent«! P a la r lo

(ÜPPE)

Um p e sq u isa d o r não tem que s e r um p o l í t i c o s t r i c t o sen ­

su . Nem a P o l í t i c a fa z p a r te da sua form ação. Mas um e s tu d io s o em

c iê n c ia s humanas é lev ad o , v ia de r e g ra , a um envolvim ento p o l í t i c o

que e x tr a p o la sua v o n tade e o anfcito de seu tra lc i ho e s p e c í f ic o .

0 o b je t iv o de um l in g u i s t a , p o r exem plo, e o de d a r con­

ta de problem as da linguagem : c a r a c t e r i z a r , deac rev cT , e x p l i c a r , no

ambi to da c iê n c ia p u ra ; e p ro p o r so lu çõ es de ordem p r a t i c a , no âmbi­

to da c iê n c ia a p lic a d a . Assim , o o b je t iv o de um c i e n t i s t a c o de s e r ­

v i r à c iê n c ia - o do H n g U is ta , c o de s e r v i r S c ic n c ia da linguagem ,

a L in g u is t ic a . Sua form ação i n c lu i o dom ínio de uma s e r i e de e s ta d o s

que lhe s irv am de ap o io t e o r ic o p a ra tornar d e c isõ e s consci as no t r a ­

tam ento de dados e o dom ínio de métodos c té c n ic a s p a ra dep reen são

d esses dados. Mas a L in g u is t ic a é uma c iê n c ia humana e cimo t a l le v a

o p e sq u isa d o r d ire ta m e n te a sua fo n te de d ados, o homem,que, sendo

g e n te ,e s tà cercado dc problem as e s p e c í f ic o s , dev ido a su a p ro p r ia

condição dc s e r s o c i a l . As n ecessid ad es que envolvem as so c ie d a d e s hu­

manas podem v a r i a r , mas e la s e x is te m , dc uma ou de o u tr a fo rm a, p e la

complexidade d e ssa s com unidades. Quer q u e ir a q u e r não o p e sq u isa d o r

da linguagem , ded icado a e s tu d o s que exigem seu c o n ta to d i r e t o com a

fo n te das inform ações que n e c e s s i t a , tn m a -s e um c i e n t i s t a s o c i a l .

Uma vez em c o n ta to co» a fo n te do seu o b je to de tra b a lh o

m

o p e sq u isa d o r s e n s ív e l , e não sc pode a d m itir a id e ia de un l in g u i s ­

ta in s e n s ív e l a tudo o q u e o ,c e rc a , a to d a a p ro b le m a tic a envolvendo

a linguagem p ro p riam en te d i t a , e s tá e n v o lv id o com g e n te . K g en te tem

n e c e ss id a d e de c o is a s , p r in c ip a lm e n te das c o is a s e le m en ta re s a que

todo s e r v ivo d e v e r ia t e r d i r e i t o - u so da n a tu re z a p a ra so b re v iv e r

e p a ra d a r c o n tin u id a d e a su a p r ó p r ia c s p c c ie .

Sc as n e c e ss id a d e s do grupo que sc q u e r e s tu d a r são de ta l

« s p e c ie ,- o p e sq u isa d o r , a n te s um a lie n a d o a problem as de o u t r a o r ­

dem que nao sejam os de s e r v i r ã c iê n c i a , v ê -se q uase iwed i a tarnen te

in co rp o rad o ao grupo como uto dos se u s roenbros. S o fre com e le s e n t in ­

do os mesmos a n se io s e v o l ta - s e p a ra a so lu ção dos seu s problem as

im e d ia to s . N esse momento e le p a s sa a e n v o lv e r-se com a p o l í t i c a go­

vernam enta l .

0 t r a b a lh o d i r e t o com ín d io s , p o r exem plo, a c a r r e ta uma

s e r i e de envolv im entos d e ssa n a tu re z a que m u itas vezes chegam a im­

p o s s i b i l i t a r a r e a l iz a ç ã o Ho tr a b a lh o .d o p e sq u isa d o r .

Queremos d a r aq u i o depoim ento do caso c o n c re to de um p es­

q u is a d o r que ju lg a n d o -se Ce sendo ju lg a d o ) h a b i l i ta d o a f a z e r um l e ­

vantam ento l i n g u i s t i c o , e sc o lh e u um g ru p o , c u ja lín g u a nao h a v ia s i ­

do a n a l i s a d a . P re p a ro u -se cui dadosamente p a ra e s tu d a r e s s a l ín g u a ,

fe z um lev an tam en to b i b l io g r a f ic o e p ro cu ro u o b te r to d as a s in form a­

ções p o s s ív e is so b re o g ru p o , E n tr e ta n to , no momento de i r ao encon­

t r o dos ín d io s tev e su a s p re te n s õ e s b loq u ead as ao t e n t a r c o n se g u ir

a u to r iz a ç ã o p a ra e n t r a r em c o n ta to com o grupo . T ra tan d o -se de í n ­

d io s t u te la d o s , t a l a u to r iz a ç ã o s e r i a n e c e s s á r ia . Medidas de cunho '

175

b u ro c ra t ic o -a d m in is L ra t iv a s h longaram ta n ta os en tend im en tos que l e ­

varam o p e sq u isa d o r a d e s i s t i r d e s sa p e sq u isa op tando p a ra uma o u t r a .

Os m otivos d e ssa s d e lo n g as e a e x ig ê n c ia de. um cem numero de req u i s i -

IQs.a-sarem cum pridos, não são do n o sso conhecim ento . Não houve ur-n r e ­

c u sa fo rm al.A penas o ped ido de a ten d im en to a m ais um r e q u is i t o quan­

do o a n te r io r h a v ia s id o cum prido. Sabemos t r a t a r - s e de p e sq u isa d o r

b r a s i l e i r o , v a c in a d o , m a io r , sem envo lv im en to com fa cç õ es p o l i t i c a s

ou r e l i g i o s a s , com c e r t id ã o n e g a t iv a n a p o l i c i a , na R e c e ita f e d e r a l ,

no C onselho de Segurança N a c io n a l. T ra ta v a -s e apenas de um e s tu d io s o

a lie n a d o p o r im posição ou p o r opção a o u tro s p rob lem as.

0 segundo g ru p o , g e o g r a f ic a , c u l tu r a l e l in g t t i s t i cernente

d i f e r e n te do p r im e iro , í c o n s t i tu íd o p o r f a m í l ia s que vivem d i s t a r n e

tunas das o u t r a s e cada uma d e la s c e rc ad a p e la so c ied a d e n a c io n a l.N ão

se t r a t a de um grupo tu te la d o . A l ia s , a c r e d i ta v a - s e que e s t iv e s s e ex ­

t i n t o , p o i s , p o r um p e río d o de e x a tsn c n te 40 an o s, de J9 3 6 -1 9 7 6 ,n.io

houve r e g i s t r o de c o n ta to com e l e . Foi p o r uma c o in c id ê n c ia f o r tu iL a

que o p esqu isadoT te v e conhecim ento da e x i s tê n c i a dos Guaio.

Sem os iuycd im cn tos b u ro c rá t ic o s p o r p a r te d;t p o l í t i c a

govem am cnL al, una v e r que s« t r a t a v a de ín d io s nao tu te l a d o s , o p e s­

q u is a d o r a c r e d i ta v a p oder e n tã o r e a l i z a r seu t r a b a lh o , d ire c io n a u d o -o

p a ra o o b je t iv o nücero tua de su a p e s q u is a : o de s e r v i r ã c iê n c ia .

O co rreu , e n t r e ta n t o , um o u tro problem a. 0 p e sq u isa d o r

e n co n tro u eB scs ín d io s d i s p e r s o s , v ivendo p e la s margens do R io P a ra -

gu a i -e c a re n te s de tu d o : t e r r a , a s s i s te m -ia m e d ic o -d e n tà r ia , L rab a ih o ,

o rg a n iz aç a o s o c i a l , f in a lm e n te c a re n te s de tudo a q u ilo que c a re c e o

175

b r a s i l e i r o p o b re e m arg in a liza d o das arena urbanas e r u r a i s e com

m ais um a g ra v a n te : o de nao serem b r a s i l e i r o s , nem e s t r a n g e ir o s , nem

í n d io s , nem n a d a .

Não f o i d i f í c i l p e rc e b e r que sem t e r r a o u tro s problem as

nao poderiam s e r so lu c io n a d o s . F. sem so lu c io n a r o u tro s problem as o

t ra b a lh o do p e sq u isa d o r , se nno chegasse a s e r im pedido, p o d e ria s e r

d i f i c u l t a d o . T ra tan d o -se de ín d io s a cu ltu ra d o s e d e s t r ib a l iz a d o s ,

sem que ninguém t iv e s s e m ostrado in te r e s s e p o r e le s d u ra n te ta n to

tem po, os Guato v iram no p e sq u isa d o r uma tab o a de sa ly a ç ã o . E le s o

tomaram por a s s i s t e n t e s o c i a l , m édico , p o r ta voz de r e iv in d ic a ç õ e s ,

j u i z , c o n s e lh e iro , enfim ,um re p re s e n ta n te ju n to a comunidade n a c io ­

n a l . E le s oviiamcomo um tedo p o d e ro so , capaz de re s o lv e r todos os

p ro b lem as, le v a r e trazeT recad o s a té mesmo ao ch efe da n ação .Has o

p e sq u isa d o r sabe de suas l im ita ç õ e s . Ne sino querendo s e r v i r à s o c ie ­

dade d a q u a l se s e r v e , c ie sabe que sua voz é um sus su rro-v Seu t e s t e ­

munho pode s e r d e sv ir tu a d o , os f a to a observados o ra podem s e r v i r co­

rno c u r io s id a d e s p i to r e s c a s o ra como in stru m en to a se rv iç o de i n te r e s ­

se s o u tro s que nao os dos p ró p r io s ín d io s .

P a ra o p e sq u isa d o r começam ae angG stias de q u e re r s e r v i r

sem p o d e r . S c n tc -s e im poten te d ia n te da b u ro c ra c ia , das nuances tem­

p e ram en ta is das p e sso as no p o d e r. 0 andamento da su a p ro p r ia p e sq u isa

(B c ila s o s a b o r de quem e s t á no c o n tro le das v e rb as . No caso e s p e c íf ic o

d e s te testem unho o p esq u isad o r re so lv e u não depender de a ju d a o f i c i a l

e com o d in h e iro do seu p ro p r io s a l a r i o e a a ju d a de amigos promoveu

campanha em f a v o r dos Guatò: a arrecadaçao de me<ì i cement OS C de roupâ,

277

a promoção da id a de ín d io s a B r a s í l i a p a ra e n c o n t r a r - sc com o P r e s i ­

d en te da FONAI,*e a Sao P au lo , p a ra tra ta m e n to de saudeç deu e n t r e ­

v i s t a s , p e d iu ,- im p lo ro u , inform ou. Sabendo s e r n e c e s s á r io docum entar

a a n tig u id a d e da perm anência dos ín d io s em determ inado lo c a l p a ra po­

d e r r e iv in d ic a r o reconhecim ento p e la posse da t e r r a , f e z ua r o t e i r o

b ib l io g r á f ic o de onde co lheu inform ações so b re a e x is tê n c ia dos Gua­

to n aq u e la á re a desde o se c . XVI (A lv ar Nunez Cabeza de V aca). Rncon-

tTou os testem unhos de F ra n c is de C a s te ln a u , que cm 1845 d esc rev eu u -

ma i l h a f l u v ia l n a f r o n t e i r a do B ra s i l com a B o l ív ia como uma a ld e ia

G uato, e a inda de H ercu les F lo re n ce , que a lg u n s anos a n te s de Cas­

te ln a u , mas em p u b licação p o s te r io r a d e s te , d e sc rev eu e documentou

com desenhos os Guato daquelas p a rag en s.

Do que f o i p o ss ív e l p e sq u isa r lo ca lm e n te sa b e -se que a

i lh a d e s c r i t a p o r C aste ln a u cnmn re d u to Cuato p e r te n c e h o je a uma fa­

m íl ia que o recebeu de h e ran ça . P ro cu ro u -se nos c a r tõ r io s de Corumbá

e C ãce res , as c id ad es m ais p róxim as, os r e g i s t r o s de coapra ou de ven

da da B ela V is ta ( In s u a ) . Mas nenhuma docum entação f o i e n co n trad a . Aa

inform ações sob re os Guato foTam a p re se n ta d a s em re la to r i© ã FUNAI,

cm 1978, p e lo en tão an tropó logo daquele ó rg ã o , N o ra ld ino C ru n iv e l,q u e

c a lc u lo u em 220 o número de ín d io s .

0 p e sq u isad o r con ta a in d a com uma gravação de e n t r e v i s t a

f e i t a com ua v e lh o h a b ita n te da i lh a em que e le n a r ra como se deu a

posse da t e r r a p e lo s ascen d en tes dos a tu a i s p r o p r i e t á r io s do a n tig o

re d u to Guato e como os ín d io s forain ex p u lso s d a l i .

Embora se tenha provado p o r documentação o a n tig o

178

h a b i t a t dos C u a tá , a s i tu a ç ã o de t e r r a não mudou de 78 p rá c ã . 0 r e ­

su l ta d o das e x p e c ta t iv a s c r ia d a s p o r . cada dado novo a c a r r e ta uma

f r u s t r a ç ã o b i l a t é r a l n e g a t iv a . Pot p a r te dos ín d io s começa a n a sc e r

a d e sc o n fia n ç a dc que seu " g o t ig a r i " não q u e r s o lu c io n a r seus p ro b le ­

m as. Por p a r te do p e sq u isa d o r , mesmo a lcan çan d o o o b je t iv o i n i c i a l

de su a p e sq u isa l i n g ü í s t i c a , o b je t iv o e s te tran sfo rm ad o agora em um

d e n tre ta n to s o u tro s o b je t iv o s p r i o r i t á r i o s , começa a b r o ta r a s e n sa ­

ção do v a z io do seu t r a b a lh o : o de nao p o d e r d a r um r e to rn o c o n c re to

à q u ilo que c o n s id e ra m ais im p o rtan te ã s o b re v iv ê n c ia dos Guato — a

demarcação de um pedaço de t e r r a que p e rm ita ao grupo p e lo menos re -

e s t r u tu r a r - s e so c ia lm e n te .

Mesmo que e le se s i n t a g r a t i f i c a d o p e lo s e rv iç o pres^

tad o à c iê n c ia , embora d im in u to , c que a c iê n c ia ganhe p a ra seu a c e r ­

vo o r e s u l ta d o d e ssa pequena c o n tr ib u iç ã o , r e s t a - l h e a in d a r e f l e t i r

sob re o que p ensan os ín d io s so b re i s s o . 0 que e s ta r ia m lu cran d o os

Guato com a d e s c r iç ã o de su a lín g u a? He que lh e s s e r v i r i a e sse t r a ­

b a lh o mesmo que se c o n s t i t u í s s e em uma b e la c o n tr ib u iç ã o as t e o r ia s

l i n g ü í s t i c a s m odernas?

E les nao sabem o que c c ic n c ía e nem e s tã o i n t e r e s ­

sados na c o n tr ib u iç ã o que sua lín ç u a p o ssa d a r aos u n iv e r s a is lingüís^

t i c o s , à t ip o lo g ia das 1 ínguas, a uma mdhor compreensão do h o n ra ou da

e s t r u tu r a ç ã o do pensam ento do s c r humano.

E le s têm in te r e s s e em v iv e r lad o a lado com os seus

fa m il ia re s e am igos, poder p e sc a r em q u a lq u e r p a r te do r i o , c aça r j a ­

caré sc o s e r p e r tu rb a d o , caçmr onça se » i r p re so e o b te r com isso o

779

s t a t u s de um hon»« en sua p len itu d e :: - c a s a r , p ro e m ia r , c o n v e rsa r con

seu s f i l h o s , c o n ta r e s t ó r i a s a se u s n e to s .

P a ra e le s o p e sq u isa d o r , o g o t ig a r i que lh e s co n q u is to u

a c o n f ia n ç a , náo passo u de ura im portuno que p e n e tro u em su as v id a s ,

em se u mundo, i n t e r f e r i u em seu tra b a lh o e nao lh e s deu nada em t r o ­

ca .

P a ra o p e sq u isa d o r sobrou a f r u s t r a ç ã o de uw envolvim en

to p o l í t i c o e s t e r i l , e a im po tência d ia n te da t e i a que c o n s t i tu i a

su a so c ied a d e .

Mas eLe não se c o n s id e ra a in d a v en cid o !

LÍNGUAS INDÍGENAS: A QUESTÃO CULTURAL

Ruth M aria F o n in i M onserrat

(Museu N acional)

"0 c o n ta to e n t r e duas c u ltu ra s so e p e rn ic io s o

quando uma domina a o u tra " .

(Paulo F re ire )

A m era enu n ciaçao do tema proposto p a ra d isc u ssã o j á

c o lo c a uma s é r i e de o u tra a q u e s tõ e s que u ltrap assam o âm bito das l í n ­

guas in d íg e n a s : que t ip o de r e la ç a o e x is te e n tr e l ín g u a c c u l tu r a , a -

te que ponto pode uma l ín g u a to r n a r - s e v e ícu lo de uma c u l tu r a que

não aq u e la d e n tro da qu a l se desenvolveu?

Ao e n t r a r p e la p r im e ira vez em c o n ta to com povoa in d í ­

g e n as , ha mais de dez a n o s , eu t in h a uma co n v icção , ampiamente p a r­

t i l h a d a , c r e io , p o r m uitos l i n g ü i s t a s , a r e s p e i to d e sse a s su n to , e

q u e , em e s s ê n c ia , p o d e r ia s e r a ssim resum ida: quando se perde una

l ín g u a , p e rd e -se irretnodiavclroc-nte p a r te da h i s t o r i a da hum anidade.

Logo, a l ín g u a é o a sp e c to mais im portan te de q u a lq u e r c u l tu r a , que

náo so b re v iv e rá se a p e rd e r .

A e x p e r iê n c ia u l t e r i o r com d iv e rs o s povos in d íg en as

b r a s i l e i r o s e o conhecim ento adv indo da l e i t u r a 'd e o u t r a s r e a l id a d e s ,

t a n to d a America e À f r ic a como da União S o v ié t ic a , a le rto u -m e p a ra a

com plexidade do p rob lem a, que d e s a f ia uma re sp o s ta s im p l? |- - .

Nao s e deve p e n sa r que e s ta q u e s tão tenha re le v â n c ia a-

181

penas t e o r i c a . As p o l í t i c a s l in g U ís tic a s ad o tad as em d i s t i n t a s r e ­

g iõ es e» d i s t i n t a s s i tu a ç õ e s h i s tó r ic a s expressam , e x p l í c i t a ou im­

p l ic i ta m e n te , a v is ã o que as formas re sp o n sá v e is p o n s u a fo rm ula­

ção e im plem entação se constróem a r e s p e i to das r e la ç õ e s e n tr e l í n ­

gua e c u l tu r a .

Fiquemos so no B r a s i l , por en q u an to , a v e r se do ema­

ranhado c ip o a l das no ssas minoTÍas é tn ic a s in d íg e n a s conseguim os pu­

x a r p e lo menos um f i o em d ire ç ã o a unta v isã o mais c la r a do problem a.

Como se sa h e , as aproximadamente duas c en ten a s de povos

in d íg en as no B ra s i l s e encontram cm d i f e r e n te s s i tu a ç õ e s de co n ta to

e de p a r t ic ip a ç ã o na so c ied ad e dom inante. Nos d o is extrem os e s tã o ,

de um lad o , os que mal in ic ia m esse c o n ta to t> como o Saluma e o Myky

no Mato Crosso e o C uajâ no Maranhão, e n tr e o u tro s - e de o u t r o , os

q ue , como o G u aran i, p a r tic ip a m desde o sé c u lo XVI da h i s t ó r i a do

p a ís denominado, a p a r t i r de' e n tã o , B r a s i l . Ka to d a uma gama de s i ­

tuaçõ es in te rm e d iá r ia s . I l i , alem d i s s o , uma m e la n c ó lic a l i s t a de no­

mes de povos t r i b a i s que só conhecemos do r e g i s t r o s h i s t ó r i c o s , p o is

sumiram l i te r a lm e n te do mapa, se a d e ix a r v e s t íg io s .

Fiquemos nos v iv o s . E indaguemos d e lc s /n e le a como e le s

mesmo vím a re la ç a o e n tr e l ín g u a e c u l tu r a .

Uma p r im e ira su rp re s a , p a ra quem, como e u , achava que

a l ín g u a é o bèm s o c ia l mais p re c io so de uma comunidade humana: ha

in te g ra n te s de inúm eros povos in d íg en as que d iz e m ,c la ra m e n tc , que­

r e r ap ren d er a f a l a r , 1 e r e e sc re v e r o portugucB , e não a sua p ró ­

p r ia l ín g u a , ”g í r ia " o u " d ia le to " in d íg en a . Não querem os s c r pagaos

38?

(ou s e lv a g e n s , ou b u g re s , segundo a r e g iã o ) , dizem c l é s . Como f i c a ,

n i s s o tu d o , a p ró p r ia c u ltu ra ?

Ha d iv e rs o s grupos é tn ic o s conhecidos genericam en te

anso ín d io s do n o rd e s te - 1 'anknraru , Xucuru, Zocõ, A t ic u n ,e n t r e ou­

t r o s . Nenhum d e le s m ais f a l a uma lín g u a in d íg e n a p r ó p r ia . Segundo

p esso as in te re s s a d a s na "so lu ç ão f i n a l do problem a in d íg e n a " no

B r a s i l , e l e s , g ra ça s a Deus, nãò são m ais ín d io s , c sim cab o c lo s bem

b r a s i l e i r o s , modelo p a ra todos o s dem ais in d íg e n a s .A co n te ce que a l ­

guns d e sse s grupos e s tã o s e e sfo rça n d o a tiv a m rn te p o r r e a d q u i r i r o

s t a tu s o f i c i a l de ín d io s , a tr a v é s do la b o r io so ap ren d iza d o de uma

l ín g u a in d íg e n a de algum o u tro g ru p o , ou da " in v en ção " p u ra e sim ­

p le s de uma p a ra seu uao p r ó p r io . 0 que s i g n i f i c a i s s o , em te rn o s de

c o n sc iê n c ia l i n g u i s t i c o - c u l tu r a i ?

No K s p ír i to S a n to , os K renak, ameaçados c o n slan tcm en-

tc p o r fazen d as e p e la acusação de não serem mais ín d io s , ten tam pa­

te t ic a m e n te re c u p e ra r a p r ó p r ia l ín g u a , r e g is t r a d a p r e c a r i ane.nte por

v ia ja n te s e n a tu r a l i s t a s e u ro p eu s , em d iv e rs a s form as d i a l e t a i s .corn

a d e s ig n ação g e n e r ic a de Botocudo, desde o in íc io do s ó c .1 9 . A cred i­

tam poder f a z e r i s s o a tra v é s do ap ren d izad o p ré v io da l e i t u r a e e s­

c r i t a do p o rtu g u ês .

No Amapá, na f r o n t e i r a com a Cui«na F ra n c e sa , os ín ­

d io s K aripuna nem sabem que sua l ín g u a a tu a l ; uma v a r ia n te do Kréol

gU ianense, não c aua "v e rd a d e ira " l ín g u a h i s t ó r i c a . E parecera b a s­

ta n te s a t i s f e i t o s com su a " g í r i a " , embora todos fa lem taahéra o p o r­

tuguês r e g io n a l , "p ra poder se e n te n d e r com a gente, da c id a d e " .

183

Mato Gros ao.'. D iv e rso s povos in d íg e n a s de su a re g iã o

n o ro e s te tiv e ram o s f i lh o s e d u c a d o s /in te rn a d o s no C o lég io dos J e ­

s u í t a s , en U t i a r i t i , d u ra n te c e rc a de duas d é ca d as , a te 1970 a a is

ou menos. São I r a n x c , F a r e s i , K ik b a k tsa , K ay ab i. Os N am bikuara, da

mesma r e g iã o , recusaram a c iv i l i z a ç ã o . Como e s tã o e s se s grupos cm

re la ç ã o as p ró p r ia s línguas?D e um modo g e r a l , o s m ai$"estudados"

contam , a tu a lm e n te , e n t r e os m ais d e s tac ad o s l íd e r e s in d íg e n a s cm

n ív e l n a c io n a l . F a lm e (a lg u n s ) escrevem bem em p o rtu g u ê s . Neta ta n ­

to em su a l ín g u a m ate rn a . Alguns mesmo a ''perderam ” com pletam ente.

Em r e la ç ã o aos I r a n x e , s u rg iu novo f a t o r c o m p ìic a tó r io ( s im p l i f i c a -

t ó r io ? ) : ba onze anos a p arece na cena n a c io n a l p e la p r im e ira vez um

pequeno grupo in d íg e n a , com apenas 23 p e sso a s (a g o ra sao 3 0 ) , os

Myky. Pertencem ao mesmo grupo é tn ic o que os I r a n x e , sua l ín g u a a^

p re s e n ta m arcadas d i f e r e n te s em r e ia ç a o a dos ú l t im o s , tuas os do is

grupos s e entendem fa c i lm e n te . O ra bem, a m aior p a r te das m ulheres

a d u lta s a tu a lm e n te r e s id e n te s na u n ica a ld e i a Iran x e não são Iran x e

e sim P a r e s i , K ay ab i, K ik b a k tsa , e t c . Casaram no d o lc g io do U t i a r i ­

t i , onde so se fa la v a p o rtu g u ê s . As c r ia n ç a s , p o r su s v e z , têm o

p o rtu g u ês con» p r im e ira l ín g u a . Quem, e n tã o , a in d a f a l a Iran x e ? Os

v e Jh o s , que nunca e s tiv e ra m no U t i a r i t i . E , num movimento mais où

menos am bíguo, os homens a d u lto s e a s c r ia n ç a s do sexo m ascu lin o ,

in te r e s s a d o s , a q u e le s , na re a f irm a ç ã o c u l t u r a l p r ó p r ia , e x p re ssa

p r in c ip a lm e n te a tra v é s do r i t u a l das f l a u t a s s a g ra d a s , p a ra c u ja

r e a l iz a ç ã o a l ín g u a é in s tru m e n to fun d am en ta l. Mas o movimento em

d ire ç ã o ao p o rtu g u ês p a rec e a v a s s a la d o r . A conjunção de d o is f a to -

18U

re s - a p r ó p r ia d ico to m ia c u l t u r a l , en que o papel fem in ino é secun­

d á r io em r e la ç ã o ao m ascu lin o , e o f a to de a m a io r ia da« m ulheres

não serem Ira n x e - le v a e s sa s m u lh eres , beo como as c r ia n ç a s do sexo

fem in in o , a não s e in te re s sa re m abso lu tam en te p e la lín g u a Iran x e .

Mas - e a i o ponto in te re s s a n te . - e i s o que dircr» o s homens Iran x e

so b re su a l ín g u a : "Nos queremos e s c o la p a ra ap ren d e r p o rtu g u ês . £

d is s o que p rec isam o s . Iran x e nós não queremos ap ren d e r. Tem os Hyky

que vao g u a rd ar a l ín g u a p a ra n o s" .

P or o u tro lad o , o povo G uaran i, d iv id id o s em grupos o ra

pequenos o ra g ran d es e em v á r io s d ia le to s por d iv e r s o s e s ta d o s do

B r a s i l (to d o s os do s u l , mais E s p í r i t o Santo e K ato C rosso do S u l ) ,

p o r m uitos c o n sid e ra d o corno o m ais " in teg ra d o " do B r a s i l , ou polo

menos adiai t id o como o de m ais longo co n ta to p a c í f ic o com a so c ied a ­

de n a c io n a l , longe de h av er "p e rd id o " a p ro p r ia l ín g u a , mantém-na

v iv a e a t i v a , dando-se mesmo ao luxo de t e r uma"fo lk th eo ry " sobre

a linguagem , na q u a l o Guarani fo i a p rim e ira l ín g u a do cuneo e con­

t in u a sendo a m ais im p o rta n te .

Um exemplo m ais . P a lo u -se a t r a s que os Nambikuara recu ­

saram a c iv i l i z a ç ã o . Nao e bem ass im . Recusaram a e s c o la do U t i a r i t i .

Nunca e x p lic a ra m p a ra ninguém (ou n in g u es p rocurou u u v ir) o que pen­

sam so b re su a l ín g u a , c u l tu r a , ou sobre o p o rtu g u ê s . Mas a tu a lm en te ,

d e sp ro te g id o s e e sp e z in h ad o s , vagueando p e lo que o u t r o r a foram suas

t e r r a s a n c e s t r a i s , h o je c o r ta d a s p o r e s tra d a s « fa ze n d as , (sem i) nô­

mades cooo dc há mui to o sa o , em c o n ta to e p a r t ic ip a ç ã o com pulsória

na so c ied a d e en v o lv e n te r e g io n a l , t ir a n d o c vendendo b o rrac h a para

105

comprar o que lh e s i n te r e s s a da " c lv i l i z í ç n o " , p r in c ip a lm e n te ro u p a ,

ra d io s e . . . b i c i c l e t a s , não deixaram nunca de f a l a r a p r ó p r ia l i n ­

c ia e B u n te r , teim osa e io co n sc ien tcam o te ( s i c ) , seus costum es mais

a r ra ig a d o s .

A l i s t a de casos p a r t i c u la r e s s e r i a longa. C re io que

nos bastam e s te s p a ra o m odesto fim a que nos propomos n e s ta provo­

cação p a ra um d e b a te , qual s e ja o de chamar a a tençan p a ra a com­

p lex id a d e das re la ç õ e s e n tr e lín g u a e c u l tu r a c t e n ta r puxar p e lo

menos um f io da meada em d ire ç ã o a sua compreensão.

E o f i o que queru puxar e o s e g u in te : o b sc rv e -sc que,

em todos os casos resum idam ente a p re se n ta d o s , o problem a da re la ç u o

e n tr e l ín g u a e c u l tu r a somente se co lo co u , e s te ja m ou não cõ n sc io s

d is s o os e n v o lv id o s , em s i tu a ç õ e s de c o n ta to e n t r e duas c u l tu r a s , a

in d íg e n a e a da soc ied ad e c a p i t a l i s t a b r a s i l e i r a , p o r ta n to em s i t u a ­

ção de domineçao - s o c io -a c o n ô m ic o -p o lí t lc o -c u ltu ra l de uma cocam idade

humana por o u t r a . Nessas co n d içõ es , as reaçõ es dos povos são a s m ais

d iv e r s a s , algumas levando ao abandono c o n sc ie n te ou in c o n s c ie n te dc

a lguns ou de todos os t ra ç o s de id e n tid a d e c u l tu r a l , e n tr e e le s a

l ín g u a m ate rn a , o u t r a s , ao c o n tr á r io , levando S ( r c ) a q u is iç a o de tu ­

do a q u ilo que fo r p o s s ív e l d e ssa mesma id e n t id a d e , in c lu s iv e uma l i n ­

gua p r ó p r ia . Nada d is s o , p o r ta n to , t e a a v e r com o amadurecimento

p a u la t in o e n a tu r a l de condições s o c i a i s , econôm icas, te c n o ló g ic a s ,

g e o g rá f ic a s , e t c , que ex ig issem mudanças c u l tu r a i s a d a p t a t i v e e

harm oniosas de uma comunidade humana em seu p ro c e sso h i s t ó r i c o , o

q ue , um it03 presumem, e o caminho n a tu ra l de to d as as mudanças c u l-

lfi6

c u r a i s .

T al c o n s ta ta ç ã o noa le v a a in d ag a r de no ssa p ró p r ia c i ­

v i l i z a ç ã o o c id e n ta l , p o r exem plo, q u an ta s v ezes a s t a i s condiçoes

" n a tu r a i s " de desenvo lv im en to c u l t u r a l sc deram n a re a l id a d e . Deso-

ladam ence ou n ão , v e r if ic a re m o s que is a o ra ram en te a co n teceu . No en­

t a n to , i s s o n io nos impede de f a l a r com p ro p rie d a d e em c iv i l iz a ç ã o

gre c o - romana , ou j u d a i c o - c r i s t a , ao nos re fe r irm o s genericam en te 3

c u l t u r a dom inante na inaior p a r te da Europa c n as t r ê s A m éricas, cota

todas as d i f e re n ç a s e s p e c i f ic a s que sc queiram . E n tre e s sa s d i f e r e n ­

ças e s p e c i f ic a s e s ta a e x is tê n c i a de m u la s l ín g u a s m in o r i t á r i a s , o ra

em s i tu a ç õ e s d ig lo s s ie » « , o r a d ec id id am en te re le g ad a s ao u ltim o p la ­

no c a r e s t r i t o s grupos m arg in a lizad o s d e ssa mesma c iv i l iz a ç ã o . A ten­

te—se bem: m a rg in a liz a d a s da c u l tu r a o c id e n ta l dom inante e nao Corn

uma c u l tu r a a l t e r n a t iv a p le n a en r c la ç a o a e l a .

F.n o u tr a s p a la v r a s , c uma i lu a ã o do r e la t iv is m o c u l tu r a l

p re te n d e r e n c o n tra r e " p re s e rv a r " h o je c u l tu r a s m in o r i tá r ia s "p u ra s"

e a u te n tic a m e n te " in d e p e n d e n te s" , em s i tu a ç ã o de c o n ta to perm anente

com as so c ie d a d e s m odernas. Tal p o s tu ra d en u n cia uma v isã o e s t á t i c a ,

a - h i s t õ r i c a , da so c ied a d e c da c u l tu r a . D entro d e ssa v is ã o nao se ad­

m ite , por exem plo, a r e a l id a d e e x p re s s a no c o n c o ito de a tu a l iz a ç a o

da id e n t id a d e , nem a n e c e ss id a d e da in c lu sã o de c r i t é r i o s de v a lo r

p a ra a com preensão dos fenômenos c u l t u r a i s , c r i t é r i o s e s s e s , no en­

t a n to , r l iiram entc v i s í v e i s n a re a ç ã o dos p ró p r io s povos m in o r i tá r io s

f r e n t e aos d i s t i n t o s a sp e c to s da c u l tu r a dom inatile com que se d e fro n ­

tam em dado momento de seu p ro c esso h i s t ó r i c o , c a q u a l , a p a r t i r de

187

e n tã o , s e acham in d i5so lu v e Inerte l ig a d o s .

0 que i n t e r e s s a v e rd a d e ir .“unente , e n tã o , uno e a q u estão

a b s t r a t a e i r r e a l - se fo rm u lad a c e n tro da v isa o e s t à t i c a da c u l tu r a

acima r e f e r id a - da r e la ç a o e n t r e l ín g u a c c u l t u r a . U sta em jogo a

q u e s tã o da dominação e de su a s r e la ç õ e s com as c u l tu r a s : node e x i s t i r

um povo m in o r i tá r io q u e , em s i tu a ç a o de dominaçao p o r p a r te de uma

o u t r a so c ie d a d e , s e ja r e s p e i ta d o em su a e s p e c if ic id a d e c u l t u r a l , com

ou sem o abandono da p r ó p r ia l ín g u a , e não s e j a im pedido de e sc o lh e r

l iv re m en te os caminhos de su a in s e rç ã o - cm g e ra l d e se ja d a - n e ssa

so c ied a d e dom inante?

A re n i idade h i s t ó r i c a vem dem onstrando a m ilê n io s e con­

t in u a dem onstrando no B r a s i l a tu a l - e aqui retom em -se todos os r a s o i

a p re se n tad o s no começo d e s sa a p re se n ta ç a o - que t a l nao e x i s te nem

nunca e x i s t i u . Cabem ao B r a s i l , a e s se r e s p e i t o , a s p a la v ra s de Eduar­

do G aleano: "As c u l tu r a s d o m in an tes , c u l tu r a s de c la s s e s dom inantes

dominadas dc f o r a , re v e lam -se p a te tic a m e n te in cap azes de o f e re c e r r a iz ,

id e n t id a d e c d e s t in o às nações que dizem r e p re s e n ta r . (K. G aleano,

re v o lu ç ão corno r e v e la ç ã o , i n E n co n tro de i n t e l e c tu a i s p e la so b e ra n ia

dos povos dc n o ssa A m érica, e d . I lu c i te c , 1982, p . 4 l ) .

Con i s s o a hum anidade vem v erd ad e iram en te p e rd en d o , v ia

d e sap arec im en to de lín g u a s e c u l tu r a s in c o n tá v e is , e lo s p re c io so s d'a

memória de seu p ro c esso de a u to f a z e r - s c e a u to c o n h e c c r-s e . T e r r ív e l ',

como t e r r í v e i s s.ìo as ru ín a s m a te r ia is de ta n ta s c iv i l i z a ç õ e s .

Ilá s a íd a p a ra e s s a m ard i a aparen tem en te in ex o ráv e l no

caminho da (a u to ) d e s t ru iç ã o ? T eo ricam en te , p a ra que houvesse b a s La-

188

r i a q u e , além de t e r uma c o n sc iê n c ia c la r a do p ro c esso dc su a a u to -

c r ra ç ã o h i s t ó r i c a , a humanidade co n seg u isse tomar nas mãos o p ro ­

p r io d e s t in o . Na p r á t i c a , e s s a t a r e f a j á começou, há algumas d écad as ,

com a R evolução Russa de 1917, que mudou o d e s t in o h i s tó r ic o a té en­

tão m ais ou menos p r e v is ív e l e d ra m á tic o , dc dezenas de pòvos m in o ri­

t á r i o s d e sp rezad o s . A cam inhada c o n tin u a h o je , na l u ta p e la re c o n s tru ­

ção n a c io n a l em preendida p o r inumerò« povos do T e rc e iro Mundo da A f r i ­

c a , A sia e America L a t in a , que vêm se l ib e r ta n d o da o p ressão c o lo n ia l

e n e o - c o lo n ia l . E c o n tin u a também n a l u t a /e sp r.ran ça p e la l ib e r ta ç ã o

de todos a q u eles p a ís e s q u e , como o B r a s i l , continuam dom inados.

189

ATIVIDADES DA DIRETORIA

PROCLAMA (2 «Al. PREVISTO PARA 0

V i l i nCSTITllTO BRASII.P.IRO OK UbCUfSTICA

0 V i l i I n s t i t u t o B r a s i l e i r o de L i n g u i s t i c a ( V i l i IBL) , c e c a lu n a r

an R e c ife de 12 de j a n e i r o a 09 de f e v e r e i r o de 19B3 8ob o p a t r o c in i o d a i n s t i ­

tu iç ã o a c sd ê o ic a a u f i c r i ã , a U n iv e rs id a d e P e d c ra l de Pernonhi.cu e o rg a n i raçã o

d a ABBAI.XV.

0 e v a n ro t e r á cubo .sede o O n e r o do A r te s o Cumini cação c c o n ta r á

ccm ò ap o io do D epar canea to de L e tr a s a tra v é * do M astrado »an L e tra * e L in g u is ­

t i c a .

S e r io o f e r e c id o s IO curaoa a n ív e l de P o s-C ra d u e ç a o , p a lo p e r io d o

da 4 sexanas con 10 h o ra a g o la cada un a v a lo r de 2 c r é d i t o s , co n c ed id o s p e la

W W , a t r a v é s de s e u C urso de M estrado c» L e t r a s e L i n g u i s t i c a .

E s p a r s - se una f r e q ü ê n c ia o id i a de 15 a lu n n a p o r c u r s o , com i n s c r i -

.ç o e s t e i t a « s o te c i p a d n a c n ra , p e l a s q u a is se c o b ra rá C r i 1 .0 0 0 ,0 0 p a r a e s tu d a n ­

te s a Cr$ 5 .0 0 0 ,0 0 p a r a p r o f e s s o r e s .

F e u s a -s e t a o f e r e c e r 3 b o ls a s p o r c u r s o , o que d a r i a un t o t a l de

30 h o la a s d a C r | 5 0 .0 0 0 .0 0 c i d a . O* cu rso s s se rem o f e r e c id o s a os r e s p e c t iv o s

p ro f e s s o re s s io os s e g u in t e s :

P ro f e s s o re s

M argarida B a s i l i o (PUC/KI0)

F ra n c is co c o n e s de M atos OTTE)

M ario A lb e r to P e r in i (OH*:)

A ta l ih s T . de C a s t i l h o (UNICAMP)

l-u ir Anrùciio K a rcu sch i (UVPL)

An th o n , fteycs (FÜC/SP e C o nselho B r i t â n ic o )

C ursos

1 . l e x ic o l o g ie do P o rtu g u ês

2 . L i n g u is t i c a e R rdaçã»

.3. L i n g ü ís t i c a e L e i tu r a

A. L i n g ü í s t i c a P o rtu g u ês«

5 . l i n g u i s t i c a T a x tu a l

6 . A n á lise do D is c u rs o

19C

7I Tipologia Linguistica Lucy Soke (UHICAMP)B. Patologia da Linguagen Antonio rimino (PUC/SP)9. Lingua Indígena Adair Pimentel Palscio (UKPK)

10. Tagaênica Lorain« Bridgcman (Sumer Institute of Linguistics)Bst«« cursos form programados tendo an vista não seren normalmente

oferecidos en Progranas de Pós-Graduação an Lingüística. Os professores convida­dos são sspecialistss provenientes de 5 universidades do país.

Terão lugar; durante o T ill IBI., dois eventos especiais: 1- Reunião de Coordenadores de Progranas de PÓs-Craduação en Letras e Lingüística e um Sim­pósio sobre a Relevância Científica e Pedagógica da Lingüística no Braail.

PILIAÇÃO PA ABR&LIX X AILA

A AB ML IN, a partir d« agosto deste ano, está filiada ã Associa­

tion International« de Linguistique Appliquée (AILA). AILA « a organisaçao

I ut emaci eoa! que congrega entidades nacionais de linguistica aplicada (ou de

linguistica - nias sentido abrangente) . Fundada em outubro de 1964 en Nancy,

França, en sua fase in icia l a AIM tinha como objetivo principal aa aplicações

da lingüística a processanento de dados 1 inglilsticos, tradução, lesicografia

e ensino de línguas. Nestes quase 20 anos de vida institucional, a AILA diver­

sificou teu campo de interesse e de ação. Segundo os Estatutos da AILA, são

objetivos dessa Associação:

1.1 pronover pesquisas no campo da linguistica aplicada.

1.2 coordenar pesquiaes feitas por associados.

1.3 fa c ilitar © lntercãabio e a distribuição de documentos o fic i­

ais a respeito da lingüística aplicada.

1.4 ajudar no estabelecimento de instituições de linguistica apli­

cada cm universidades.

131

1 .5 o r g a n iz a r e r e a l i z a r , c a d a 3 a n o « , un c o n g re s s o in t e r n a c i o n a l

de l i n g u i s t i c a a p l ic a d a .

1 .6 o rg a n iz a r , e n tre o» Congregano In te rn a n i on a i a , x cn in ã rio s e

co lõqu ios de L in g u is tic a A plicada.

1 .7 c o o p e ra r c o n as a s so c ia m o la n a c io n a is d a l i n g u i s t i c a ( a p l ic a d a ) .

Ao f i l i a r - s e 5 AI LA, b eo e f i c i« r - s B - * n a AURAI.IN c s e u s a s s o c ia d o s

a tra v é s de:

( a ) p a r t i c i p a ç ã o nos te u u iõ e a do C o n itõ I n te r n a c io n a l d a AILA - a

ABRALIN pode c o v i a r on r e p r e s e n t a n te cm c a r ã t c r o f i c i a l .

(b ) I n te r c a s t) ! o da in fo rm açõ es s o b re p e s q u is a s d e ' l i n g u i s t i c a a -

p l i c a d a com a AILA c a s s o c ia ç õ e s n a c io n a is d e LA.

( c ) r c c e b in c n to de una q u o ta do B o le t i« d s AT LA.

(d ) ca d a tnenbro d a ABBAITN pO«le p a r t i c i p a r no C ongresso I n t e r n a c io ­

n a l d a ATLA com ura d e s c o n to e s p e c i a l , a n u n c ia d o cn c i r c u l a r no

aoo a n t e r i o r eo da r e a l i z a ç ã o do e v e n to .

(c ) R e a b r e s d a ABBAI.HI podem c o n t r i b u i r com as p e s q u is a s ou O u tra s

a t iv id a d e s d e s e n v o lv id a s p e lo s C om issões C i e n t i f i c a s d a A1I.A,

p o r o c a s i ã o do C ongresso I n te r n a c io n a l .

C ou ta « lu a ln e n te s AILA con 17 com issoes c i e n t i f i c a s :

1. E n s in o de l ín g u a s a a d u lto s

2 . L ín g u a s p a r a f in a a s p e c t t i eoa

3 . L e x ic o g r a f i a * L e x ic o lo g ie

4 . T e rm in o lo g ia

5 . L i u ftU ís ri ca C o n p u ta c io n e i

6 . L i n g u i s t i c a C o n t r a s t i v i

7 . T ecnologia E d u c ac io n a l e A prend i ra g e n de L tnguaa

B. A v a lia ç ã o e t e s t e s

9 . A n s i la * do d is c u r s o

1 0 . Eus in o - ao re n d i zag e« de l i n g u a m a te rn a

192

11. P la n a jam eu to L i n g ü í i t i c o

1 2 . T r a in a æ n t o e Form açao d» p ro cesso r« »

13 . T radução .

14 . R e tó r ic a o E s t i l í s t i c a

13. P s i c o l i n g U í s t i c a

16 . S o c io l in g t t í s t i c a

17 . A q u is iç ã o de lin g u a g ro

(£ ) a s s o c ia d o s podem a d q u i r i r os A nais de C o n g resso s a p re ç o s e s ­

p e c i a i s .

(g ) cm v i r t u d e de s u a f i l i a ç ã o ã Al LA, ca<la a s s o c ia d o d a ABRALIX í .

a u to m a tic a m e n te , o m b ro d a A1IA. SÓ ona ca so s d e p a í s e s a i ad a

não f i l i a d o s â A IM c p o« a lv e i p i s i t e a r * s s f i l i a ç ã o in d iv id u a l .

O u tra s in fo rm a ç õ e s : e s c r e v e r a O r. F ra n c is c o Gomes d e M atos, msobro

do B ureau d a A llA , K cs lro d o em t . a t r a s e I .in g & ís t ic a , C .À .C ., OTTI - 30 .0 0 0 - Re­

c i f e - P ern a itbuco.

EUJCADORRS KSUlEYEM A ABRAM N

A P r e s id ê n c ia d a ABRALIN e n v io u c a r t a «ISTO H a p ro p õ s ic o d s u -

n s m a te r ia so b re e n s in o de l ín g u a p o r tu g u e s a p u b lic a d a no número d a q u e la r e ­

v i s t a . Em con seq U ên c ia d a p u b lic a ç ã o do depoim ento do P r o f . Gooes da M atos,

a s e g u ir r e p ro d u z id a , fo ram r e c e b id a s duas c a r t a s de in s ig n e s e d u c a d o re s , Dr»

A bgar R en a u lt e L a f a y e t t e P o n d e , c u jo s t e a lo s a p re s e n ta n o s :

CARTA D£ OOmS DP- MATOS A ISTO 1.

Senhor D ire to r :A Associação B r a s i le i r a de L in g ü ís t ic a (ABRALIN) g o s ta r ia de e s c la ­

re c e r, a p ro p o s ito da na te r ia *A lín g u a destravada* (nÇ ? 8 6 ), que:1 . í i n f e l i z a gene ra liza çã o segundo a qua l o e ns ino de português

fo i re le g a d o , nas Faculdades de L e tra s , a um plano s e cundá rio , p a rtic o la rm e n te eoo re la çã o ã l in g ü í s t ic a . A descrição exa ta da re a lid a d e ? a de que cr português ten carga h o rá r ia dominante ou predom inante , cabendo ã l in g ü ís t ic a un espaço ben

reduz ido no c u r r íc u lo .

293

2. Ao I n v i s de n in ln iz a r - s e as c o n tr ib u iç õ e s da c iê n c ia da ling u a g e m

no c u rs o do L e t ra s C . . .m e r a m e n t e . . . « le n e n to a u x i l i a r do conhecim en to do p o r tu ­

g u ê s " ) , p o d e r - s e - ia c o n p re c n d e r o pape l fo rm a t iv o da l in g u ì s t i c a no p re p a ro de f u ­tu ro s p ro fe s s o re s . lia dos o b je t iv o s p r im o r d ia l i de que« m in is t r a cu rso s do l i n - •

g O ís t lc a na Graduação ê a ju d a r os b a c h a re la n d o s a a d q u i r i r r o un g ra u ra z o a v e l de o b je t iv id a d e s o b re a o rg a n iz a ç ã o e os usos de um in s tru m e n to de com unicação in ­t r a e I n t e r in d iv id u a l . Nessa o r ie n ta ç ã o l i n g ü í s t i c a v is a -s e ã fo n ta ç à o e ao c u l ­

t i v o de a t i tu d e s l i n g ü í s t i c a s p o s i t i v a s , d e n tre as q u a is : le a ld a d e l i n g ü í s t i c a ,

r e s p e i to a d i v e rs iv id a d o dos usos de u m l í n g u a , a u to -c o n f ia n ç a cono u s u á r io de

p o r tu g u ê s , v a lo r iz a ç ã o de una educação l i n g u is t i c a pe rm anen te , f irm e p ro p o s ito ite a p r i iw r a r - s e 1 In gOi s t i c a r ie n te .

3 . A n a io r p a r te dos assoc iados da AflRALIN a tu a en D epartam entos de L e t r a s , d e d ic a n d o -s e à d e s c r lç a o -e x p lic a ç ã o c ie n t í f i c a da l ín g u a p o rtu g u e sa (em suas d iv e rs a s v a rie d a d e s r e g io n a is , s o c ia is , p r o f is s io n a is ) ou a a p lic a ç õ e s do

Id é ia s e r e s u lta d o s de p e s q u is o s l in g ü í s t i c a s i i d e n t i f i c a ç ã o , e lu c id a ç ã o e so­

lu ç ã o de p ro b le n a s l i n g ü í s t i c o s , dos q u a is o e n s in o e o ap rim o ram en to dos usos

da l ín g u a m a te rna te n in p o r tá n c ia p r i ó r i t a r la . 0 l i n g ü is t a in te ra g e com p r o f i s ­

s io n a is de n u l t e s o u tro s campos de a t iv id a d e p r o f is s io n a l : p s ic ó lo g o s , a n t ro p ó lo ­g o s , s o c ió lo g o s , e d u c a d o re s , com unicadores s o c ia is , f o n ia t r a s , fo n o a u d iõ lo g o s ,

té c n ic o s em c o n p o ta ç ã o . o r ie n ta d o re s p e d a q õ g ic o s , a u to re s de m a te r ia l d id á t ic o .0 f a to de 2 /3 do c o rp o a s s o c ia t iv o da ABRALlN a tu a r en l in g ü í s t i c a do P ortuguês

ou <*o L in g ü í s t ic a A p lic a d a ao E n s ín o -A p r in o ra n e n to do p o rtu g u ê s e v id e n c ia nossa

in te n ç ã o de sennos o r o d u t lv a n e n te ú t e is a causa fu n dam en ta l da Educação no B r o s t l : a ju d a r m ilh õ e s dc u s u á r io s de p o rtu g u ê s a se tra n s fo rm a re m eio fa la n te s - re d a to re s

e f i c a zes.

Que a c o n t r ib u iç ã o c le n t í f lc o - p e d a g õ g lc a da l in g ü í s t i c a s e ja a v a l ia ­da com o b je t iv id a d e f a c t u a l cm vez dc in p re s s io n ls t ic a m e n te , e is a mensagem da AßRALIN.

P ara c o n c lu i r , a ABRAi IN , a tra v é s de sua D i r e t o r ia , endossa as pon­d e ra ç õ e s s e n s a ta s e p re c is a s da P ro fa . M a ria B e a t r iz N asc im en to O ecat (nó288 ) e a g ra d e c e a p u b lic a ç ã o d e s ta .

CARTA DE A9GAK RENAULT'a A8RALIX

I l u s t r e c o le g a P ro fe s s o r D o u to r F ra n c is c o Gones.de M a tos,En re s p o s ta ao seu c a r tã o que aconpanhou a c ó p ia de sua c a r ta Ï r e ­

v is t a ISTO T , c o m u n ic o -lh e gue l i , com m u ito p ra z e r e p t o v e i t o , as Suas d e c la ­

ra ç õ e s e que t e r e i a u a io r s a t is fa ç ã o no e n canin h amento äs mãos cto P re s id e n te do C bnse lho F e d e ra l de Educação de q u a lq u e r c o n tr ib u iç ã o que d e s e je fa z e r às m o d i f i ­cações no C u rso de L e t ra s .

iS*

Apraz-me tambën d e c la ra r - lh e que e s c re v i à D ire to ra do Curso de L in ­g u is t ic a e T e o ria L i t e r á r ia da Faculdade de L e tra s da U n ive rs idade Federai de H i­nas G era is e a e la t iv e oportun idade de a f l r n a r que as In f lu e n c ia s dos estudos de L ln g flT s tlc o nos estudos de Lingua Portuguesa ne parecem de natureza re f le x a e po­dem t e r o rigem no fa to de serem c le s , além de sanamente im p o rta n te , re la tiva m e n te novos en nosso p a ís ; daT, 'na o p in iã o de i lu s t r e s co legas neus, que merecen toda a nrinha c o n fia n ç a , os e fe i to s n e ga tivos observados em m u itas in s t i tu iç õ e s .

CAUTA DE LATAYITTE PONnfl A AH RAUN

Senhor P re s id e n te :Apraz-ne acusar o recebim ento de seu o fT c io datado de 26 de Ju lh o ú l ­

t im o , que encaminha có p ia de c a r ta a MST0 í " e de resposta do em inente P ro f. Ab- g a r Renault ã essa e n tid a d e .

Ao agradecer o e n v io dos documentos, comunico a Vossa E xce lênc ia que e s te Conselho m u ito es tim ará recebe r a co laboração de tra b a lh o s dessa Associação, en p ro v e ito do c u r r íc u lo do curso de L e tra s .

Keste en se jo , r e i t e r o a Vossa E xce lê n c ia os p ro te s to s de e levada con­

s id e ração e apreço.

195

TESES E DISSERTAÇÕES

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

CURSO: MESTRADO EM EDUCAÇÃO

ENDEREÇO: Av. R e ito r M iguel Calmon, S/N - V ale do C anela - Facu ldade

de Rducaçao UFBA - 40 .000 - S a lv ad o r - BA

I - DISSERTAÇÕES DE »STRADO ~

TÍTULO: "A n á lis e C o n tra s tiv a dos S istem as L e x ic a is das L íngua* F ran ­

c e s a e P o rtu g u e sa " .

AUTOR: C e lin a de A raú jo S d ie in o w itz

ANO DE CONCLUSÃO: 1975

TÍTULO: "H a b ilid a d e de E x p ressão E s c r i t a e N ív e l de K sc o la rid a d e " ,

AUTOR: R e n ira L isb o a de Moura Lima

AMO DE CONCLUSÃO: 1975

TÍTULO: "Linguagem O ra l e D e f ic iê n c ia O r to g rà f ic a " .

AUTOR: J u d i th Mendes de A g u ia r F r e i t a s

ANO DE CONCLUSÃO: 1976

TÍTULO: "A spectos C o g n itiv o s D esenvolv idos p o r E x e rc íc io s E s c r i to s de

Comunicação e E xpressão na 6 - S e r ie do E nsino de 19 G rau , em

Q u atro F.s c o la s de M aceió - A lag o as . E studo Q u a l i t a t iv o " .

AUTOR: M aria V i to r ia D orta C outinho

ANO DE CONCLUSÃO: 1978

196

TITULO: "Compreensão de ConecCivos Temporais que Expressara Sucessão

p o r C rian ç as de Q uatro Anoa de Id ad e" .

AÜTOR: (Je ra ld P e te r M orris

ANO DK CONCLUSÃO: 1978

TÍTULO; "A Compreensão e a E xp ressão de F om as V erbais cm C rianças

de Q uatro Anos de Id a d e " .

AUTOR: E v e lin e Gonçalves M orris

ANO DE CONCLUSÃO: 1978

TÍTULO: "P ercep ção d a E s t r i t u r a S in t ã t i c a na Compreensão de T e x to s '.

AUTOR: Ana M aria de C arvalho Luz

ANO DE CONCLUSÃO: 1978

TÍTULO: "Egbc KÍ Kcré ly a O lá - B iy í" .

AUTOR: Iracem a L u ifa de Souza

ANO PR CONCLUSÃO: 1978

197

INSTITUIÇÃO; UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

CURSO: MESTRADO EH LETRAS - ÃREA DE LINGÜÍSTICA

ENDEREÇO: Av. Joann A n g e lin a , 183 - N azaré - 40 .000 - S a lv ad o r - BA

T - DISSERTAÇÕES PE MESTRADO

TÎTL'l.O: "0 P ro cesso D egenerativo dos P re f ix o s V e rb a is A lem ães".

AUTOR: D enise Chaves de Menezes S ch ey erl

ANO DE CONCLUSÃO: 1980

TÍTULO: "O P r in c íp io de H ie ra rq u ização T on al: C o n sta ta ç õ es E m píricas

cm N aobiquara c Mamaindc".

AUTOR: M aria A n to n ie ta Coelho F e rre iT a Cornea

ANO DK CONCLUSÃO: 1980

TÍTinX); "Um S istem a N -Ã rio de Traços T o n a is " .

AUTOR: M aria Cardozo P i r e s da S ilv a

ANO DE CONCLUSÃO: 1980

TÍTULO: "lima P ro p o s ta de A n á lise P ragm atico S em an tica p a m o S istem a

de V e r if ic a ç ã o e O rien tação em N am biquara".

AUTOR: M aria L úcia F e r r e i r a R odriguez

ANO DF. CONCLUSÃO: 1989

TÍTULO: "Uma D efin ição de N asa lidadc cm S is tem as L in g U ís tic o s " .

AUTOR: M aria T h eresa B orges S ilv a

ANO DE CONCLUSÃO: 1980

TÍTULO: "D m lau tizaçoes".

AUTOR: M aria V i tó r ia A lves de O liv e r ra

ANO DF. CONCLUSÃO: 1983

TÍTULO; "C o n siderações Sobre a Mudançs L in g ü ís t i c a : o V ocalism o L a t i ­

no- Romance".

196

AUTOR; T e re sa L eal C onçalves P e r e i r a

ANO DE CONCLUSÃO: 1982

TÌTOLO: "Un P ro c e sso de D egeneraçâo dos Scgraentoa".

AUTOR: Suzana H elena Longo Sampaio

ANO HF. OONCLUSÃO: 1980

TÍTULO: "O S is tem a «le V e r i f ic a ç ã o era M aoaindé: uma P ro p o s ta de Ana­

l i s e P rag m ãtico -S em ãn tica" .

AUTOR: T ân ia P e d ro sa B a rre t to

ANO DE CONCLUSÃO: 1980

TÍTULO: "A P a l a t a l i ra çã o de t e K no fbcro-R oroancc".

AUTOR: V era I.Gcia N ascim ento B r i to

ANO DE CONCLUSÃO: 1980

TÍTULO: "As C a te g o r ia s de Modo, Tempo e A s p e c to .e s T ex to s Komânicos

do S ìc u lo XVI".

AUTOR: C é lia Marques T e l le s ,

ANO OK CONCLUSÃO: 1982

TÍTULO: "E B tru tu ra s R e la t iv a s nq Produção E s c r i t a de Alunos do 29

O rau".

AUTOR: E m ilia H elena M onte iro de Almeida

ANO DE CONCLUSÃO: 1982

TÎTII1A): "C o n sid e raçõ es L exem aticas a P ro p o s ito da T radução P o rtu g u e­

s a de A r th u r de S a l le s da T rag e d ia de W illiam S h a k e sp e are ,

MACBETH".

AUTOR: H ild a M aria F e r r e i r a de C arvalho

ANO 1>F. CONCLUSÃO: 1982

TÍTULO: "R e lev â n c ia de uma P e r s p e c t iv a T e le o lo g ic a p a ra a E laboração

«le Gramáticas".AUTOR: M ichael L e s l ie Di M in g e r

ANO DK CONCLUSÃO: 1982

199

INSTITUIÇÃO: UNIYERSIDAIlE FEDERAL DA BAHIA

CURSO: »STRADO EM LETRAS - ÀREA DE LÌNGUA PORTUGUESA

ENDEREÇO: Av. Joann A n g é lic a , 183 - N azar« - 40 .000 - S a lv ad o r - BA

1 - DISSERTAÇÕES DE »STRADO

TÍTULO: "S obre a A d je tiv a ç a õ en S e rg ip e (E ara n c i a

AUTOR: C a r io ta d a S i l v e i r a F e r r e i r a

ANO |)K CONCLUSÃO: 1980

TfTUI.0: "0 E spelho de N a rc iso : a Linguagem coto I d e o lo g ia C u ltu ra l

Id e a lism o e no Marxismo".

AUTOR: C id S e ix as P raga F ilh o

ANO DK CONCLUSÃO: 1980

TÍTULO: "V ogais Antes de Acento em R ib e irS p o l is - SE".

AUTOR: J a c y ra Andrade M otta

ANO DE CONCLUSÃO: 1980

TÍTULO: " O r to g ra f ia G ra m a tic a l: C oncordância em Numero eni Redações

de Alunos da 5® S é r ie do 19 G rau".

AUTOR: J u d i th Mendes de A guiar F r e i ta s

ANO DE CONCLUSÃO: 1980

TÍTULO: "0 Apagamento do Tema en E s t r u tu r a s S i n t é t i c a s do P o rtu g u ê s" .

AUTOR: M aria C e lia C o r t iz o de A rgolo Nobre

ANO DK CONCLUSÃO: 198ü

TÍTULO: "Desempenho L in g u is t ic o em Im ig ra n te s G alegos n a B a h ia " .

AUTOR: M aria d e i R o sá r io S u a rez de Albán

700

ANO DF. CONCLUSÃO: I98ü

TÏTÜLO; " lé x ic o e E x p licação I n i e r d i a l e t a l no APFK".

At.TOR: N adja M aria Crux de Andrade

ANO DE CONCLUSÃO: 1980

TÌTOLO: "P ro ce sso s de Negação do D ia le to de G araru (S e rg ip e ) " .

AUTOR: Suzana A lic e M arce lin o da S i lv a Cardoeo

ANO DE CONCLUSÃO: 1980

TÍTULO: "A Nas a lid a d e no D ia le to R ural S e rg ip an o ".

AUTOR: V era L u cia Sampaio Rollcc*>erg

ANO DE C0KCMTSÃ0: 1980

TÍTU1.0: "A C oncoTdsncia S u je ito -V e rb o nua D ia le to B a ian o ".

AUTOR: C o n s tâ n c ia M aria Borges de Souza

ANO DK CONCLUSÃO: 1982

TÍTULO: "A C oncordância S u je tto -V c rb o em São Jo se das I ta p o ro ro

AUTOR: Ju v e n a l V ie ir a Comes F i lh o

ANO DE CONCLUSÃO: 1982

TÍTULO: "R egência c Desempenho e a S a lv ad o r" .

AUTOR: Norma Lopea F o n to u ra

ANO DE CONCLUSÃO: 1982

TÍTULO: "R elação e n tr e Nomes e C a r a c te r í s t ic a s doB Personagens

co Romances de Machado de A s s is " .

AUTOR: Z u le ic a B a rre to S an tos

ANO DE CONCLUSÃO: 1982

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CURSO: PÔS-CRADUAÇÎO EM LETRAS

ENDEREÇO: Campus U n iv e r s i tá r io - T rindade - UFSC

1 - DISSERTAÇÕES DE MESTRADO

TÍTULO: "G ram ática de C asos: um E studo E x p erim en ta l"

AUTOR: N ilc é ia Lemos P e landre

ANO DE CONCLUSÃO: 1981

TÍTULO: " in v e rs ã o S i l a b ic a : um Jogo L in g u is t ic o ”

AUTOR: C laudete Lueyk

ANO PE (X)NQ.USÃO: 1982

TÏTL1.Q: " P e r f i l de C rian ç as ín d ia s B r a s i l e i r a s em Idade E s c o la r : A l­

fa b e tiz a ç ã o "

AUTOR: A bigayl Lea da S i lv a

ANO DE CONCLUSÃO: 1982

TÍTULO: "A Linguagein.-e a T r a j e tó r i a In -C o n sc in o te do S e n tid o "

AUTOR: F e l ic i o W esslin g M arg o tti

ANO DE CONCLUSÃO: 1982

TÍTULO: "P red icad o V erbo-Nom ina!: um Experim ento"

AUTOR: M aria H elena de Bem S ilv a

ANO DE OOWaUSfo: 1982

5n?

INSTITUIÇÃO: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÖI.ICA DE CAMPINAS

CURSO: PÔS-CRADUAÇÃO EM LETRASI

ENDEREÇO: P raça Im acu lad a , 105 - B a ir ro S w ift - C .P . 317 - 13 .100 -

Campinati - SP

I - DISSERTAÇÕES DE MESTRADO

TÍTULO: " R e tó r ic a e Id e o lo g ia n a Mensagem P u b l i c i t á r i a "

AUTOR: Jo rg e dos S an to s M artin s

ANO DE CONCLUSÃO: 1982

TÍTULO: "S obre D eriv ação de P a la v ra s e Lacunas D e r iv a c io n a is "

AUTOR: Norma de Moura R ib e iro T o rres

ANO DE CONCLUSÃO: 1982

TÍTULO: "A proveitam en to dos Sons do A parelho Ponador p a ra F in s E s té ­

t ic o s no T e a tro "

AUTOR: R oberto A bdelnur Camargo

ANO DE CONCLUSÃO: 1982

TÍTULO: "im a C o n tr ib u iç ã o ao E studo dos Moda is I n g le s e s CAN, COULD,

MAY, MIGHT, MUST c SHOULD"

AUTOR: M aria L ig ia R e la Ribas

ANO HE CONCLUSÃO: 1982

TÍTULO: "A lguns Problem as R e la t iv o s ao Complemento P re d ic a t iv o em

P o rtu g u ês"

AUTOR: Landò L ofrano

ANO DE CONCLUSÃO: 1982

203

INSTITUIÇÃO: PONTIFÍCIA WIVERSILADE CATÖLICA DE SÄ0 PAULO

CURSO; PROGRAMA DP. ESTUDOS PÕS-GRADUADOS EM LÍNGUA PORTUGUESA

ENDEREÇO: Rua Monte A le g re , 984 - s a l a 25 - 05014 - Sao P au lo - SP

I - DISSERTAÇÕES DE MESTRADO

TÍTULO: "Os Sintagm a* P r e p o s ic ionndoa como M odificadores N om inais"

AUTOR: In gedore C ru n fe ld V i l la ç a Koch

ANO DK CONCLUSÃO: 1977

TÍTULO: "Ura Estudo da Noção de G ram ática"

AUTOR: Kence Chedid

ANO DE CONCLUSÃO: 1978

TÍTULO: "Uo Escudo dos D itongo* O ra is em P o rtu g u ês"

AUTOR: M ario C esa r A lves de Lemr* de Moraes

AKO DE CONCLUSÃO: 1978

TÍTULO: " C o n tr ib u iç ã o ã Pedagogia d a G ra n a tic a em L íngua P o rtu g u ês

AUTOR: M aria E liz a b e th M otta Z a n e t t i B a p t i s t s

ANO DE CONCLUSÃO: 1978

TÍTULO: "Um E studo do Acento em P o rtu g u ê s"

AUTOR: R egina Buongermino

AKO DK CONCLUSÃO: 1978

TÍTULO: "O S ig n if ic a d o L in g U ía tic o da O raçao Tem poral"

AUTOR: A m ilcar M onte iro V aranda

ANO PR CONCLUSÃO: 1978

TÍTULO: "Uma A n ã liae de A spectos da S itu a ç ã o do F.nsino de L íngua P or­

tu g u e s a , no Curso de M ag ÍB tério , em S a lv ad o r"

AUTOR: M aria Am élia Chagas C a ia rs a

ANO DE CONCLUSÃO: .1978

TiTULO: "A E xpressão de Lugar co P ortuguês"

AUTOR: V irg ín ia E liz a b e th F e r r a r e s i P c l iz e r Franco P in to

ANO DE CONCLUSÃO: 1978

TÍTULO: "Un E studo dos E n con tros C onsonantal* em P o rtu g u ês"

AUTOR: V aleuska F ran ça Cury

ANO DE CONCLUSÃO: 1979

TÍTULO: "Um E studo S in ta t ic o -S e m â n tic o do A d je tiv o e Consequentemen­

t e do S u b s ta n tiv o "

AUTOR: M ir ic a N o m in a P a d ia l Fogaça P e r e ir a

ANO DE CONCLUSÃO: 1979

TÍTULO:- "D esv ios S in t á t i c o s e de Pontuação : su as C onseqllencias E s t i ­

l í s t i c a s "

AUTOR: D ie l i V essa to Palma

ANO DE CONCLUSÃO: 1979

TÍTULO: "Um E studo dos Fonemas / s / J*J e das l e t r a s " s " , "« * " , " c " ,

" ç " e " z " em P o rtu g u ês"

AUTOR : L eda T e rc s in h a M artin s

ANO DK CONCLUSÃO: 1979

TÍTULO: "Cm E studo S in ta tic o -S e m â n tir .o da C o rre la çã o Modo-Tcmporal"

AUTOR: G ilb e r to F ran co sconi

ANO DE CONCLUSÃO: 1979

20S

TÍTULO: "C o n tr ib u iç ã o ao E studo S in ta t ic o -S e m â n tic o em P o rtu g u ês -

a Oração Adversa t iv a "

AUTOR; Ci Id a M aria l.in s de A raújo

ANO DE CONCLUSÃO: 1979

TTTIJTjOí "C o n tr ib u iç ã o p a ra <im Rs tudo T ip o lo g ic o da M etafo ra baseado

na A n ã liae Semica"

AUTOR: M aria L aura P in h e iro R ic c ia rd i

ANO DE CONCLUSÃO: 1979

TÍTULO: " C a ra c te r iz a ç ã o C o n o ta tiv a c a D esvios M o d ificadores do Con­

teú d o Sem ântico"

AUTOR: M aria Jo sé O rm aatroni

ANO T)E CONCLUSÃO: 1979

TÍTULO: "Um Escudo S in tâ tico -S em ân c ico da Comparação em P o rtu g u ês

AUTOR: M iguel S a l le s

ANO l)C CONCLUSÃO: 1979

TÍTULO: "Um E studo da L ctras"X " cm PortuR ucs"

AOTOR: H e lo ís a R ib e iro de P ro sp ero

ANO l)K CONCLUSÃO: 1980

TÍTULO: "Um Estudo das P a lav ra » Chamadas D enotat iv a s"

AUTOR: M arlene K ara b o iad de M attos Paulo

ANO DE CONCLUSÃO: 1980

TÍTU1.0: "Um Kstudo da C o rre fe rê n c ia e n tr e Sintagm a« do P o rtu g u ê s"

AUTOR: P au lo de T arso GaLembe.ck

ANO DE CONCLUSÃO: 1980

TÍTULO: A prendizado de Português - u n a P ro p o s ta p a ra Manaus"

AUTOR: C arloe A lb e rto Suntos Almeida

ANO DE CONCLUSÃO: 1980

?ns

TÍTULO; "Um E s tu d o de T r i to n g o en P o r tu g u ê s . C o n t r ib u iç ã o a uma T eo­

r i a d a S í la b a P o rtu g u esa"

AUTOR: S i l v i a In êa C on eg lian C a r r i lh o de V asconcelos

A!10 PE CONCLUSÃO: 1980

T ÍTULO: "A luno de P o rtu g u ê s : s e r - p e n s a n te . I l u s t r a d o com E studo de

S ignos l .in g llís t ic o s de Melo c Fim"

AUTOR: A ra lys B orges do F r e i ta s

ANO DE CONCLUSÃO: 1980

TÍTULO: "0 E n sin o d a L íngua M aterna n a Pré-E B C ola . C o n tr ib u iç ã o pa ra

a Form ulação de O b je tiv o s"

AUTOR: E ly ana A p a rec id a Antunes C avalca R eis Lobo

ANO DE CONCLUSÃO: 1980

TlTULO: "Um E studo d a Noção de P a ra g ra fo . S u b s íd io s p a ra uma T e o r ia

da Redaçao"

AUTOR: Jo ão H il to n Sáycg do S iq u e ir a

ANO DE CONCLUSÃO: 1980

TÍTULO: "A O ração d i to C oncessiva"

AUTOR: Mary F ra n c is c o do Careno

ANO DK CONCLUSÃO: 1981

TÍTULO: "A spectos d a C oncordância V erbal em L íngua P o rtu g u esa"

AUTOR: Jo su é F r e i t a s Campos

ANO DE CONCLUSÃO: 1981

TÍTULO: " C o n tr ib u iç ã o à H is to r ia d a G ram ática P o rtu g u e sa - 0 S écu lo

m "AUTOR: Ncuso M aria O l iv e i r a B arbosa B astos

ANO DE CONCLUSÃO: 1981

?07

TÍTULO: "Uma Abordagem S i t u a t i co -S c m in tic a da Noção de S u je i to "

AUTOR : A nncciIdo b a t i s t a de C arvalho

Alto DE CONCLUSÃO: 1981

TÍTULO: "T exto - o R eflex o e a R e flex ão do Texto"

AUTOR: M aria dos P ra z e re a M airinho Comes

ANO DE CONCLUSÃO: 1981

TÏTl'1.0: " c o n tr ib u iç ã o a uma G ram ática P o rtu g u e sa de T ex to : E studo

C r í t i c o das C onjunções "e" e "ou"

AUTOR: S u e li C ria t i n a M arquesi

ANO DE CONCLUSÃO: 1981

t TtuIX): "Uma C o n tr ib u iç ã o p a ra o E studo da Negação em P o rtu g u ês"

AUTOR: Ana C a ta r in a F a b r íc io Mendes

AKO DE CONCLUSÃO: 1981

T im i A): "Um E stu d o da F lex ão de P lu r a l dos Nomes em P o rtu g u ê s . Sub­

s íd io s p a ra a M o rfo g ra f rn â tic a "

AUTOR: Àurea C arm ela T anjoni

ANO DE CONCLUSÃO: 1982

TÍTULO: "C o n tr ib u iç ã o da S em ân tica a uma G ram ática P o rtu g u e sa de Tex-, //

t o I l u s t r a d a com E studo do A dvérbio

AUTOR: O lin d a M aria Malmegrit» Rocha

ANO DE CONCLUSÃO: 1982

TÍTULO: "0 ’L u g a r’ em O bras D id á tic a s do P rim e iro Q u a r te l do S écu lo

XX"

AUTOR: Wanda de M agalhaes P in to S eab ra

ANO PE CONCLUSÃO : 1982

?08

I I - TESRS DH DOUTORADO

TÍTULO: "Uma C o n tr ib u iç ã o p a ra o Estudo da Negaçao em P o rtu g u ê s"

AUTOR: Ana C a ta r in a P a b r íc io Hendes

ANO DR CONCLUSXo: 1931 --------------------------- »

TÍTULO: "A spectos d a Argum entação em Língua P o rtuguesa"

AUTOR: In g cd o re C ru n fe ld V i l la ç a Koch

ANO DK CONCLUSÃO: 1981

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÖLICA l>0 RIO GRANDE DO SUL

‘ r LINGÜÍSTICA

■" - 90 .000 - P d rto A leg re - RS

1 ' *-

TÍTULO: "A P ercep ção Feu .

AUTOR: Laujro P o ersch

ANO m CONCLUSÃO: 1981

TÍTULO: "A E s t i l í s t i c a do A d je tiv o n a Obra P o e t ic a de L i l a R ip o - '

AUTOR: l.eda T e re s in h a Ramos 011c

ANO DE CONCLUSÃO: 1981

TÍTULO: "A G ram ática do Im p era tiv o no P lano S in c ro n ic o : E studo com

Base no D ia lo g o D ram ático".

AUTOR: M arisa Lima T rin d ad e

ANO DR CONCLUSÃO: 1981

TÍTULO: "A E sc o la c* o D esenvolvim ento da E xpressão E s c r i t a " .

AUTOR: E lcem ina L u c ia B a lv ed i P a g lio sa

ANO DK CONCLUSÃO: 1981

209

TÏTUI.O: "A A q u is ição do Código E s c r i to : o Desempenho dos Alunos do

Program a de A lf a b e t i2oçao F u n c io n a l do MORRAI.".

AUTOR: Regina de F ig u e ire d o A velar

ANO l)K CONCLUSÃO: 1982

TÍTULO: "E studo C o n tra s tiv o das Formas V e rb a is Fundam entais S im ples

do Português e da F ra n c ês" .

AUTOR: Val da G enerino T e rz ak is

ANO 1)K CONCLUSÃO: 1982

TÍTULO: "0 I n f i n i t i v o do Português e o I n f i n i t i v o do F ran cês: uma A-

n n l i s e C o n tra s t iv a " .

AUTOR: M aria Jo se Roa

ANO DE CONCLUSÃO: 1982

TITULO: "A In s tru m e n ta l id.-ide no Ensino da L e i tu r a em I n g le s : uma A-

bordagem C oniunicativa".

AUTOR: Fatim a M ore ira H arbich

ANO DF, CONCLUSÃO: 1982

TÍTULO: "A spectos S in ta tic o -S e re a n tic o s de Desempenho L in g ü ís t ic o Es­

c r i t o de Alunos de S e r ie com A udição Normal e de Alunos

com D e f ic iê n c ia A u d itiv a " .

AUTOR: N eiva M aria T eb a ld i

ANO DE CONCLUSÃO: 1982

210

INSTITUIÇÃO: UNIYEPSIDADE CATÖLICA DO PARAMI

niPSO: HI STRADO KM LETRAS

KNDKRF.ÇO: Rua Im aculada C o n ce ição , 1155 - P rado V elho - 80 .000 -

C u r i t ib a - PR

I - DISSERTAÇÕES DE MESTRADO

TÍTULO: "D iscu rso c R eenuncia ção : uma L e i tu r a C r í t i c a " .

AUTOR: R o g ério E lp íd io Chociay

ANO DE CONCLUSÃO: 1979

TÍTULO: "Origem e D e stin o do Modelo de C o n s tru tu ra " .

AUTOR: Ludoviko C a r n a s c ia l i dos S an tos

ANO DF. CONCLUSÃO: 1979

TÍTULO: "A V alidade Ha Mensagem nas C lasse s de A lfa b e t iz a ç ã o " .

AUTOR: M aria Ig n cz do O L iv c ira C u in araes

ANO DE - CONCLUSÃO: 1979

TÍTULO: "Edèmentos p a ra uoa F i l o s o f i a Ha Linguagem em O .D n cro t" .

AUTOR: Ines L acerda A rau jo

ANO DE CONCLUSÃO: 1980

TÍTULO: "Um E studo de I n t e r f e r ê n c i a L e x ic a l" .

AUTOR: N a ir Nodoca Takeuchi

ANO DK CONCLUSÃO: 1980

TÍTULO: "Modo V erbal na S u bord inada P len a O b je tiv a D i r e ta " .

AUTOR: M artin s l la g o s tin

ASO DE CONCLUSÃO: 1981

211

TÍTULO: "V o ca b u lá r io d a Jangada de I to m aracá".

AUTOR: J a n i r a P a r ia s de M attos

AKO OK CONCLUSÃO: 1981

TÍTULO: "S u g es tõ es do P r in c íp io s e P ro c e sso s de E nsino da l.íngua P o r­

tu g u e s a no 1? 8 ra u " .

AUTOR: M aria Igne* M arins

ASO- Æ CONCI.LSÀe: 1982

TÍTULO: "A spectos L in g U ís lic o s n a R ecuperação do A fa s ic o " .

AUTOR: C a rlo s M artin s B e llo

AMO DL COKCI.USÄU: 1982

TlTlIl.0: "0 P ro c e sso de E x tin ção de L íngua Caingangue no P o s to In d íg e ­

n a M nngueiriiiha".

AUTOR: Ja c o C esar P ic c o l i

ANO DH CONCLUSÃO: 1982

21?

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADK DK SÃO PAULO

CURSO: PÕS-CRADUAÇÀO KM LINGÜÍSTICA

CKDKRKÇO: Facu ldado dc F i l o s o f i a , L e tra s e C iê n c ia s llumanas - l'SP

C .P . 8105 - Cidade. U n iv e r s i tá r ia - 05508 - São Paulo - SP.

I T DISSERTAÇÕES I« «STRADO

ríTULo/fcon t r i b u i ção no E studo d a s Orações Subord inadas A d v erb ia is nas

L ínguas Romani ca«"

AUTOR: C lov ie B a r ia te de Morais

ANO DK CONCLUSÃO: 1970

TÍTULO: "D e sc r iç ã o F o n o lo g ica do Português da C idade de São P au lo " .

AUTOR: Idméa Sem eghini P ro sp ero Machado de S iq u e ir a

ANO DK CONCLUSÃO: 1970

TÍTULO: "C om portanento F o n e tic o -F o n o log ico da L íngua na T e lev isão Pau­

l i s t a " .

AUTOR: R egina C e lia P a g l iu c h i da S i lv e i r a

ANO DE CONCLUSÃO: 197U

TÍTULO: "As p re p o s iç õ e s dc V alo r L o ca tiv o d e , i n , ad c seu D esenvolvi­

m ento Roman i c o " .

AUTOR: U g h e tta B assi F ru g o li

ANO DF. CONCLUSÃO: 1970

TÍTULO: "Com portam ento F o n e tico -F o n o ló g ico da R egião dc l tü " .

AUTOR: Zi Id a M aria Z a n p a ro ll i

ANO DK C0NCLDSÃ0: 1970

T Ín iU ):*N otaa a uma A n á lis e E s t r u tu r a l do Verbo em P o rtu g u ê s" .

AUTOR: B ui de L ourdes P u l c in e l l i O rland i

AVO PE œSCIMSÂO: 1970

213

TÌTOLO:"E 1 cmentoa p a ra ima In s c r iç ã o da E s t r u tu r a e Funções do S in ­

tagma c i r c u n s ta n c ia l na C rô n ica B r a s i l e i r a 1'.

AUTOR: M aria A parecida B arbosa

ANO DE CONCLUSÃO: 1971

TtTUI-Oi "E lem entos p a ra uma A n a lise E s tru tu ra l -F u n c io n a l do L cx ico " .

AUTOR: Iracem a F alcão P ire s

ANO DE CONCLUSÃO: 1971

TÌTOLO: "C o n trib u iç ão p a ra um Hstudo da A q u isição do S ix tc n a Fonolò­

g ico P o rtu g a is p e la C ria n ç a " .

AI.TOR: A ntonio Suarez Abreu

ANO DE CONCLUSÃO: 1971

TÌTOLO:"N otas a uma A n a lise Foneti co-F ono log i ca do S is tem a L in g u is ­

t ic o R agionai da P a ra íb a " .

ALTOR: M aria do S ocorro S i lv a de Aragâo

ANO DE CONCLUSÃO: 1973

TÌTOLO: "Os C onectivos"

AUTOR: H ildo Honôrio do Couto

AHO DE CONCLUSAO: 1973

TÍTULO: "S u b síd io s p a ra urta A n a lise das M anchetes de N o t íc ia s Popu­

la r e s " .

AITOR: O rlando l.ourcnço P inucci

ANO OK CONCLUSA»: 1973

TÌTOLO: *Subaídioa paa.-i uma D escrição do SM c do SC no E nunciado Sim-

p l e s í f r a s e mínima) cm Romance» M o d e rn is ta a " .

AUTO*’: Devino João Zambonin

ANO DF CONCLUSÃO: 1973

TÍTULO : "A lg u n s A s p e c to s d a s I n t e r - R e l a ç õ e s M o r fo -T a x ic a s n a L in g u a ­

gem do Al f á h e to " .

AUTOR: Jo rg e de O l iv e i r a

ANO UÈ CONCLUSA»; 1973

TÍTULO: "L ex ia s Complexas e T e x tu a is em Hugo de C arvalho Ramos e Car­

mo B ernardi*«".

AUTOR: A p arec id a He P a u la L in a

ANO DK COMI. US AO: 1973

TÍTIflO: " C a r a c t e r í s t i c a s da Linguagem F a lad a e E s c r i t a em C o ia n ia " .

AUTOR: E ly de O l iv e i r a Chaves F a Ianque

ANO DE CONCLUSÃO: 1973

TÍTULO: " J o rg e de Lima sob o P rism a das T e o ria s do C írc u lo L in g ü ís ­

t i c o de P raga c de Roman Jak o b so n " .

AUTOR: Norma Simão Adad M irando la

ANO DE CONCLUSÃO: 1973

TÍTULO: "P ro ce sso s de E s t ru tu ra ç ã o da L íngua P o rtu g u e sa ” .

AUTOR: B raz Jo s e Coelho

ANO DE CONCLUSÃO: 1974

TÍTULO: "Um E studo d as E s t r u tu ra s M o rfd -S in tá tic o -S e c á n tic a s da Ad-

j e t iv a ç ã o " .

AUTOR: L ucinda F e r r e i r a B r i to

ANO PC CONCLUSÃO: 1974

TÍTULO: "N otas a uma A n á lise S em an tica de D isc u rso em E nunciados de

P o l í t i c a I n te r n a c io n a l" .

AUTOR: M ilto n Jo s é de Almeida

ANO DE CONCLUSÃO: 1974

216

TÍTULO: "C ousid e raçõ es so b re o Comportamento Fonètico»-Fonologi t:o de

c r ia n ç a s F ara i f t ic o - C e r e b r a l . T ip o E s p á s t ic o " .

AITTQK: Suzana H agalhaes H aia V ie ir a

ANO DK CONCLUSÃO: 197«

TÍTULO:"Noções E lem en tares de G ram ática T rans fo rn a c io n a l A p licad a ã

L íngua P o rtu g u ê s« " .

AUTOR: A ugusto Je su s Mene Goyano

ANO DE CONCLUSÃO: 1975

TÍTULO:"M odelo T eo rico de Compurlam entos L in g U ís tic o -P e d a g õ g ic o s" .

AUTOR: P au lo M arcelino

ANO PB CONI.USÃO: 1975

TÍTULO:"Ante ro de O u en ta l: «ima P ro p o s ta S em ân tica".

AUTOR: Komildo A ntônio S an t'A nna

ANO 1Æ CONCLUSÃO: 1975

TÍTULO: "C o n tr ib u iç ã o p a ra um E studo S in t í t ic o -S e m a n tic o do Verbo

em P o rtu g u ê s" .

AUTOR: E c le a Campos F e r r e i r a

ANO DK. CONCLUSÃO: 1975

TÍTUI.Q:"A lguns A spectos da E s tru tu ra ç ã o S in ta t ic o -S e m a n t ic a da Quan-

L íf i cação na Linguagem L i t e r á r i a em P o rtu g u ê s" .

AUTOR: I re n i Ide P e r e i r a dos S a n to s

ANO DZ CONCLUSÃO: 1975

TÍTULO: "Um D ia le ! <> S o c ia l noá Contos dc B ernardo E l l i s " .

AUTOR: Am pliilophio A len ca r P i Ilio

ANO DF. CONCLUS AO : 1975

TÍTULO: "V isão C r í t i c a de T extos l i ( e r á r i o s p a ra o E n sin o da L íngua

P o rtu g u e sa : uma A n á lise L ex ica C o m p ara tiv a" .

AUTOR: L u a d ir B nrufi ANO DE CONCLUSÃO: 1975

216

TÍTULO: "Lex i c o lo g ia e E nsino do LëxLco"

AUTOR: A ngela Jungmann Conçoives

AMO DB CONCLUSÃO: 1975

TÍTULO: "C o n tr ib u iç ã o p a ra uma D escrição Sem antica do Campo Onomasio­

lo g ic o e S em asio lò g ico 'c av a lo "

AUTOR: S on ia « a r ia D'Albuquerijwe

ANO OK (XìNCLUSAO: 1975

TÍTULO : "Problem as T rans l in g ü í s t i c o s de uma P r a t ic a T eò rica da R ees-

c r i l u r a : a T radução" ,

AUTOR : H arlcne S te in P is c h e r

ANO DE CONCLUSÃO: 1975

TÍTULO: " In tro d u ç õ e s a uma A n a lis e daa E s tru tu ra s e das R elações F or-

m a is-F u n c io n a is do L ex ieo do P o rtu g u ês do B r a s i l" .

AUTOR : Ruth Taseko Baba

ANO DE CONCLUSÃO: 1976

TÍTULO: "Da M odalidade e A u x i l ia r iz a ç ã o Verbal eiu Lingua P o rtu g u esa" .

AUTOR: E duardo R oberto Ju n q u e ira Guimatács

ANO DE CONCLUSÃO: 1976

TÍTULO: "A spectos T ax ico s e T ax ico s da E s t r u tu r a da S ig n if ic a ç ã o em

L íngua P o rtu g u e sa " .

AUTOR: G e lò lio Gohçalvcs Pontes

ANO DE CONCLUSÃO: 1976

TÍTULO : "C o n tr ib u iç ã o p a ra uma A n a lis e In s tru m en ta l da A centuação e

In to n aç ãp do P a r tu g u e s" .

AUTOR: Norma Hochgreb Fernandes

ANO DK CONCLUSÃO: 1977

217

TÍTULO : "S em ió tica N a r ra t iv o : um Estudo das E s t r u tu r a s N a r r a t iv a s " .

AUTOR: .lose L uiz D aniel

ANO DK CONCLUSÃO: 1977

T ir in o : "O Papel da I n t e r f e r ê n c ia da L ingua M atern a , o P o rtu g u ê s , na

Aprendizagem do In g le s " .

AUTOR: líi ree- C harara M onteiro

ANO DE (XWCI.USÃO: 1977

TÍTULO: "T exto e P rê -T ex to : u Ager.ci amento D i s c u c iv o da S ig n if ic a ç ã o

no P ro c e sso K e ta l in g ü í s t i c o da L e i tu r a " .

AUTOR: L ia i’e r e i r a Ja rd im

ANO DF. CON CU SÃO: 1978

TÍTULO: "V o ca b u lá r io , Im ita ça o e Compreensão de P re -E sc o la re s em N í­

v e is Socio-Econom icos D is t in to s " .

AUTOR: M aria B ern ad e te Fernandes dc O l iv e i r a

ANO DE CONCLUSÃO: 1978

TÍTULO: "A n a lise do D iálogo em Textos e Redações A trav és do S istem a

S a v i" .

AUTOR: N eusa Ramos de C arvalho e S ilv a

ANO DE CONCLUSÃO: 1978

TÍTULO: "Uma A n a lis e do D iscu rso C a té q u e tico de A n c h ie ta " .

AUTOR: H elena H athsue Nagamine Bramino

ANO DE IDNCLUSÃO: 1979

TÍTULO: "Origem e D estin o do Modelo dc C onstr u l u r a " .

AUTOR: I.udoviko C a rn a s c ia l i dos Santos

ANO DE CONaUSÃO: 19 79

218

TÌTOLO: "O ln tc r re la c io n .u m -n to S e m an tiro -G ram a tica l na O u a n tif ic a ç u o

L in g u is t i c a " .

AUTOK: Wilma Sayeg

ANO DH CONCLUSÃO: 1979

T ÍTULO: " C o n tr ib u iç ã o Ho Us tudo do L éxico de Guim arães R osa".

AUTOR: li dna M aria F . dos S an to s N ascim ento

ANO OK CONCLUSXO: 1979

TÍTULO: "0 Campo Sem ântico das P la n ta s M e d ic in a is e n tr e o s ín d io s

K aiovss de A o anbai" .

AUTOR: W ilson Galhego G arc ia

ANO DK CONCLUSÃO: 1979

TÍTULO: "A I lu s ã o Ha F .s c r i ta " .

AUTOR: Jo se G aston H i lg e r t

ANO DE CONCLUSÃO: 1979

TÍTULO: "As R egiões de A le x an d ria e Fayuni no K g ito : E studo Toponim i-

co" .

AUTOR: Mensa Nei f Nabhao

AHO DE CONCLUSÃO: 1979

TÍ'riH.0: " E s tru tu ra ç ã o T âx ica dos A rquilexem as V erb o -n o m in a is" .

AUTQR; V era L ú c ia P e r e i r a dos San tos

ANO DE CONCLUSÃO: 1979

TÍTULO: " E s tru tu ra ç ã o o Iso ssem ias da H is to r ia do Joao de C a la is " .

AUTOR: F r a n c is ca Nonna F ech ine B orges’

ANO PE CONCLUSÃO: 1979?

TÍTULOÍA s i tu a ç ã o L in g U ís tíc n da Sardenha".

AUTOR: G esuina Domenica F e r r e t t i

ANO DC CONCLPSÃ0: 1980

- 219

TÍTULO: "A Açno C a te q u é tic a do Padre A n ch ie ta ObRervada a P a r t i r de

auas Composições T e a t r a i s ” .

AUTOR: M aria A n to n ia G ra n v ille

ANO OH CONCLUSÃO: 1980

TÍTULO: "A Reprodução da F a la no J o r n a l - S u b s íd io s p a ra o E studo da

Linguagem da Im prensa".

AUTOR: M aria do S ocorro Nobrega Fernandes

ANO DF. CONCLUSÃO: 1980

TÍTULO: "A I lu s ã o d a L iberdade D is c u rs iv a " .

AUTOR: Jo s e L u iz F i o r i n

ANO UK CONCLUSÃO: 1980

TÍTULO: "0 D em onstra tivo Romanico".

AUTOR: O n é lia de Lima S al um

ANO DK CONCLUSÃO: 1980

TÍTULO: "A C o m b in a tò ria do E p i te to n a G ram atica dos C asos" .

AUTOR: T ib c rb o de Souza F i l a r d i

ANO DE 00NU.USÃ0: 1980

TÍTULO: " L i s t a B á sica de P e r ió d ic o s p a ra o C urso de Graduação em En­

fermagem e O b s te t r í c i a no B r a s i l : E stu d o B ib lio m é tr ic o ,

1966-1976".

AUTOR: Carmen S y lv ia Aran te s L ea l A g u ia r i

ANO DE CONCLUSÃO: 1980

TÍTUIXI: "A lguns A spectos da A d je tiv a ça o S u b s ta n t iv a i e V erbal cm Crô­

n ic a ? B r a s i l e i r a s " .

AUTOR: C é l ia M aria M into F ran c isco n

ANO DE CONCLUSÃO: 1981

220

TÍTULO: "E lab o ração e T e s te de um M a te ria l de H is tó r ia do B r a s i l : As­

p e c to V ocabular e F ig u ra tiv o " .

AUTOR: M aria T ereza O liv a P i r e s de M ello

ANO DE CONCLUSÃO: 1981

TÍTULO: "A spectos L in g ü ís t ic o s do D iscurso E sq u iz o frê n ic o : um E studo

C o n tro s t iv o com a Linguagem Normal".

AUTOR: M aria B e a t r iz L u ti

ANO DE CONCLUSÃO: 1981

TfTUI.0: "A Kormaçao e a Evolução dos S ufixos G rego-L atinos - s k - / - s c -

e - Í Z - / - Í Z - : S u b s íd io s p a ra o E studo das C onjugações ViVas

na România".

AUTOR: H é lio P im en te l

ANO DK CONCLUSÃO: 1981

TITULO : "R edações de V e s t ib ü lan d o s: V alo res In c u lc a d o s e Desempenho

L in g u is t ic o " .

AUTOR: M aria A p arec id a Baccega

ANO PK CQNCUJSÀOi 1981

TÏTULO: "0 A d je tiv o Romanico: S u b s íd io s p a ra o seu E stu d o " .

AUTOR: L in e id e do Lago S a lv ad o r Mosca

ANO l)K CONCLUSÃO: 1981

TÍTULO: " C r ia t iv id a d e em Redações e I n t e l i g ib i l i d a d e de T ex tos: um

Kstudo q uase E x p erim en ta l comAlunos de 5 - s é r i e usando a Tec­

n ic a de C lo ze" .

AUTOR: H enrique Kopke P i lh o

ANO DE CONCLUSÃO: 1982

TÍTULO:"Ç abdaànnna, 'o Fogo I n te rn o do S ig n o ’ S a n s c r i to " .

AUTOR: C a rlo s A lb e rto Ha Fonseca

ANODK CONCLUSÃO: 1982

??1

TÍTULO: " 'H is tó r ia , Sociedade e D iscu rso J o r n a l í s t i c o - A n a lis e de Al­

guns J o r n a is V eicu lados era Corumbá - MS d u ra n te o E stad o No­

v o".

AUTOR: K a ti K lian a C aetano

ANO DE CONCLUSÃO: 19S2

11 - TESES DE DOUTORADO

TÍTULO: "M orfo log ia e S in ta x e do G en itiv o L a tin o : E studo Ì l i s to r i c o " .

AUTOR: Theodoro H enrique M aurer J r .

ANO DE CONCLUSÃO: 1944

T ÍTULO: "Da P a r t íc u la Hab. a do T u p i-C u a ra n i" .

AUTOR: C arloa Drumond

ANO DK COSCLLSXO: 1946

TÍTULO: "A C o n trib u iç ão L in g ü ís t ic a do C r is tia n ism o na Romania A n ti­

ga"-AUTOR: I s a a c N ico lau Salura

ANO DE OONCI.USÃO: 1954

TÍTULO: "R echerches s u r le p rocède de l ’ a l l i t c r a t i o n c h e r A r is to p h a n " .

AUTOR: Cidinar Teodoro P a is

ANO DE CONCLUSÃO: 1966

TÍTULO: " In tro d u çã o ao E stu d o do A specto V erbal na L íngua P o r tu g u e sa " .

AUTOR: A ta lib a T e ix e ir a de C a s t ilh o

AMO DE CONCLUSÃO: 1966

TÍTULO: "C onsiderações em Tom o da Toponimia P a s t o r i l N o rd e s t in a " .

AUTOR: Erasmo D’A ln e id a M agalhães

ANO HK CONCLUSÃO: 1968

222

TÍTUCO: "A n á lis e Com putacional de Fernando P esso a : E n sa io da E s t a t í s ­

t i c a L e x ic a " .

AUTOR: M aria T ereza de A lm eida Camargo Biderman

ANO DE CONCLUSÃO: 1969

TÍTULO: "A M ais A n tig a V ersão P o rtu g u e sa dos Q uatro L iv ro s dos D iá lo ­

gos de São G reg S rio " .

AUTOR: Rosa V irg in ia M attos e S i lv a

ANO DE CONCLUSÃO: 1971

TÍTULO: "P a ra una K tn o é id e t ic a « s t r u c tu r a l d e l G uarani Contem poraneo:

Y opara".

AUTOR: Germanin M ario A le ja n d ro F ernandez G u iz z e tti

ANO DF. C0KCLUSÃ01972

TÍTULO: "A P e r i f r a s e V erbal P o rtu g u e sa : In tro d u ç ã o ao E studo da su a

E s t r u tu r a e Função".

AUTOR: A nton io S i l v e i r a R eis

ANO DE CONCLUSÃO: 1972

TÍTULO: "A spectos Q u a n t i ta t iv o s e Form ais do~ S istem a F o n o lo g ico da

L íngua PoT tuguesa ContempoTanca do B ra s i 1".

AUTOR: Oswaldo S a n g io rg i

ANO DK CONCLUSÃO: 1973

TÍTULO: "A n a lis e C o n tra s tiv a do C o n s t i tu in te ’ a u x i l i a r ' cm P o rtu g u ês

e F ran cês e su a s D e c o rrê n c ia s" .

AUTOR: Jo ao Teodoro D’Olìm M arota

ANO PE CONCLUSÃO: 1973

TÍTULO:"AspectoB E s t r u tu r a i s do L éx ico P o rtu g u ê s" .

AUTOK: Fernando Marson

ANO DK CONCLUSÃO: 1973

223 .

IÍTU1.0; " R e la to re s c P ro c e sso s de T ra n s fe re n c ia : E s tru tu ra s S i n t ã t i c o -

Sem ântícas e R elações Q u a n t i t a t iv a s " .

AUTOR : M aria Adél i a P e r r e i r a >Sauro

ANO DE CONCLUSÃO: 1973

TÍTULO: "A DÕixis P e s s o a l" .

AUTOR: Ig n a c io A ss is da S i lv a

ANO DE CONCLUSÃO: 1973

TÍTULO: "A n a lis e M o rfo -S in ta tic a do Pronome na l.fngua P o rtu g u e sa " .

AUTOR: Anna M aria Marques C in tr a

ANO DE CONCLUSÃO: 1973

TÍTULO: "0 D ia le to C a ip ir a n a R egião de P ir a c ic a b a " .

AUTOR: Ada N a ta l R odrigues

ANO DE CONCLUSÃO: 1973

TÏTUD0: " P e r s p e c tiv a da E tim o lo g ia p a ra o E studo E tiB olog ico-Sem ânti* -

co da F a m ília K ara" .

AUTOR: I z id o ro B l ik s te in

ANO DE CONCLUSÃO: 1973

TÍTULO: "A lguns 'C asos C la r í s s im o s ' num T exto K a iv á-G u a rn n i" ,

AUTOR: J u m Jaco b P h il ip s o n

ANO DE CONCLUSÃO: 1973

TÍTULO: "Os Meios de E x p ressão de Joao C abral de M ello N e to ".

AUTOR: M aria L ú cia P in h e ir o Sampaio

ANO DE CONCLUSÃO: 1973

TÍTULO: "0 G erundio no P o rtu g u ê s : E stu d o H is to r ic o - D e s c r i t iv o " .

AUTOR: O d e tte G e rtru d es L u iza A ltmann de Souza Campos

724

ANO DE CONCLUSÃO: 1973

TÎTllU); "Duas L ínguas en C o n ta to : a P o rtuguesa e a A lena. Problema*

de Commi ração Dem onstrados A través do Jo rn a l "D eutsche

N a c h ric h te n " .

AUTOR: R oberto P re is

ANO DE CONCLUSÃO: 1973

TÍTULO: "0 D ia le lo V eg lio to : P ro b le m á tic a G e ra l, T extos Fundam entais

e Levantam ento F o n e tic o , M orfo log ico e S in tá t i c o " .

AUTOR: M aria L u iza Fernandez M iazzi

ANO DE CONCLUSÃO: 1973

TÍTULO: "C o n tr ib u iç ã o ao E studo das Orações Subordinadas A d je tiv a s

n as Língua* Romàni c a s " .

AUTOR: C ló v is B a r le ta de M orais

ANO DE OONCLUSÃO: 1973

TÍTULO: "S is te m a , Norma e D ia as is tc m a na C a ra c te r iz a ç ã o FonolSgica

R egional da P a ra íb a " .

AUTOR: M aria do S o co rro S i lv a de Aragão

ANO DK CONCLUSÃO: 1974

TÍTULO: "P a ra um Modelo T eo rico da C o n b in a to ria S em io -T lx íca" .

AUTOR: M aria A ap rcc id a B arbosa

ANO PR (DNCLUSÃO: 1974

TÍTULO: "C o n tr ib u iç ã o p a ra u» Kstudo do D esenvolvim ento de C rom áticas

P u n o ló g icas I n f a n t i s " .

AÜTOR: A nton io Suaréz Abreu

ANO DE CONCLUSÃO: 1974

TÍTULO: "As E s tT u tu ra s S in tS tfc o -S e n a n tic a s dos Verbos de Movimento

em P o rtu g u ê s" .

AUTOR: Teimo C o rre ia A rTais

ANO DE COtCLUSÃO : 1974

225

TÍTULO; "Form ulas de T ratam ento n as L ínguas Roroânicas: P o rtu g u ês e

Romeno".

— i t i co K rota V ila s Boas Mota

ANO DE CONCLUSÃO: 1974

t TtuU ): " E s tru tu ra s S i lá b ic a s do Português do B r a s i l " .

AUTOR; F ra n c is H enrik A ubert

ANO DE CONCLUSÃO: 1975

TÍTULO; "0 S istem a dos Pronomes P e sso a is no P ro ia P o rtu g u e sa do Sécu­

lo XIV e I n íc io s do Sccu lo XVI".

AUTOR; Jo se Amarai de A lac id a Prado

ANO DE CONCLUSÃO: 1975

TÍTULO; "Comportamento da Função E s t i l í s t i c a no N ív e l F ono lo g ico " .

AUTOR : Mara S o f ia Z ano tto He Paschoal

ANO OK CONCLUSÃO; 1976

•TÍTULO: "A C o d ificação Sem ântica do D iscu rso L in g u is t ic o : A apectos

B ásico s e A n á lise Sem êaica".

AUTOR; M ilto n Jo se de Almeida

ANO D« CONCLUSÃO: 1976

TÍTUI.Q: "A Norma P o n it i co -F o n o ló g ica do P a ra i f t ic o -C e re b ra l" .

AUTOR: Suzana Magalhães Maia V ie ira

ANO DE CONCLUSÃO; 1976

TÍTULO; "R ep resen tação S in tã tic o -S e m â n tic a do Deverb a l eoa P o rtu g u ê s" .

AUTOR; M aria A ngela Russo Ahud de Toledo

ANO DE CONCLUSÃO: 1976

TÍTULO: C o n trib u iç ão p a ra o E studo du Verbo em P o rtu g u ê s . A n á lise Mor

fo -F u n c io n al e Q u a n tif ic a ç ã o " .

AUTOR: Bni de Lourdes P u lc in e l l i O rlan d i

226

ANO DK CONCLUSÃO: 1976

TÍTULO: "A sp ecto s da C o n strução P ro g re s s iv a do Modelo da Perform ance

no Domínio da P rodução R e la t iv o s ao Componente S in t á t i c o " .

AUTOR: Idméa Sem eghini Machado de S iq u e ir a

ANO 3E CONCLUSÃO: 1976

TÍTULO:"V erbo» de Com unicação. E studo S in ta tic o -R e m ã n tic o " .

AUTOR: D iana Luz P esso a de B arros

AMO PR CONCLUSÃO: 1976

TÍTULO: " C r ia t iv id a d e V erbal e Á d je tiv a ç a o em R edação: um E studo Ex­

p e rim e n ta l com a T écn ica fle C lo ze " .

AUTOR: S a r i t a M aria A ffonso Moyses

AKO I»: CONCLUSÃO: 1976

TÍTULO: "A spectos E p is tcm o lS g ico s e M etodologicoc n a E lab o ração de Mo­

d e lo s L e x ic a i s . A n á lis e Q u a n t i t a t iv a " .

AUTOR: L u ad ir B a ru fi

AMO DK CONCLUSÃO: 1976

TÍTULO: "A E xplanação L in g u is t i c a em P rag m ática s KmeTgentes".AUTOR: Leonor S c l i a r C abral

ANO DE CONCLUSÃO: 1977

TÍTULO: "0 P a la r em U b a tu -M irin " .

AUTOR: O lym pic C orrea de Mendonça

ANO OU CONCLUSÃO: 1973

TÍTULO: "Problem aa de S in ta x e : E n sa io de I n te r p r e ta ç ã o G lo ssem atica"

AUTOR: F lã v ia dc B arro s Carone

ANO DE CONCLUSÃO: 197«\

TÍTULO: "A I lu s ã o do R e fe re n c ia l"

AUTOR: Ione M aria C h is len e B entz

ANO DE CONCLUSÃO: 1979

227

TÍTULO: "M o d a lid a d e c A rg um en tação L in g ü í s t i c a ( a n a l i s e d e e n u n c ia d o s

no p assad o em l ín g u a p o rtu g u e s a )" :

AUTOR: Eduardo R o b erto J u n q u e ira Guinarão*

.mo PE CONCLUSÃO: 1979

TÍTULO: " E s t r u tu ra s L in g ü ís t ic a s e A n á lise do Texto L i t e r á r i o . (E le ­

m entes p a ra um modelo l in g ü ís t ic o -m a te m á t ico de a n á l i s e e s ­

t i l í s t i c a ) " :

AUTOS: Jo sc Jo rg e P e r a l t a

ANO PK CONCLUSÃO: 1979

TÍTULO: "A M otivação Toponím ica. P r in c íp io s T c ã r ic o s e M odelos Ta­

x i onôm icos".

AUTOR: M aria V ic e n tin a de P a u la do Amaral Dick

AKO DK CONCLUSÃO: 1980

TÍTULO: "A Formação do S in tagm a Nominal e do Nome como Base p a ra De­

term in ação do Gênero cm P o rtu g u ê s" .

AUTOR: N ild em ir F e r r e i r a dc C arvalho

ANO DK CONCLUSÃO: 1980

TÍTU1X): "A O raçao R e la t iv a e o D esenvolvim ento da S ubo rd in ação Roma­

n ic a " .

AUTOR: V ilm a de K a tin sk y B a rre to de Souza

ANO DE CONCLUSÃO: 1980

iTÍTULO: " A n á l is e -do Comportamento F onolog ico da J u n tu ra In te r -V o c a -

b u la r no P o rtu g u ê s do B r a s i l (v a ria n te , p a u l i s t a ) uma P e sq u i­

s a L in g u is t ic a con T ratam ento C om putac ional" .

AUTOR: Z ild a M aria Z a p p a ro li de C astro M ello

ANO DE CONCLUSÃO: 1980

2?8

TÍTULO; "A prendizagem da P lu r a i iz a ç á o e® P o rtu g u ê s . IH Ps tudo T rans­

v e r s a l dò P ré -E s c o la r à 8 - S c r ic do 19 Graul1..

AUTOK: Teodoro Negri

ANO IH: CQHCI.USÀOì 1981

TÍTULO:"O T e a tro I n f a n t i l de M aria ClaT* Machado: E s t r u tu r a s N a r r a t i -

Das e D is c u r s iv a s , P rodução e S u s ten tação de Id e o lo g ia " .

AUTOR; H e r c f l ia T avares de M iranda T e lle s P e re ir a

ANO DE CONCLUSÃO: 1981

TÍTULO: "A C onstrução d a S ign i Ti edição nos Contos de Ruben F onseca".

AUTOR: Ninií Rosa d a Penha Lourenço

ANO PB CONCLUSÃO: 1981

TÍTULO: "P ara uma A n á lis e M alem àlica ds E s tru tu ra ç ã o M o río -S in ta t ic o -

-S em ân tica da Q u a n tif ic a ç ã o na C rônica B r a s i l e i r a Contempo­

rân ea" .

AUTOR: - t r e n i Ide P e r e i r a dos S an tos

ANO WÎ CONCLUS At): 1981

TÍTULO: "Q uestões dc Ordem, Q uestões de Desordem; mu Lance de Dados

que Jam ais A b o lirá o A caso".

AUTOR: E lis a b e th B r a i t R odrigues de O liv e ira

ANO UK CONCU.sXO: 1981

TÍTULO: " E s t r u tu ra e Função no Sintagm a Nominal Tupi a P a r t i r do Mo­

d e lo T eo rico d c R j t t i e r " .

AUTOR: N a ir dos S an tos

ANO DE CONCLUSÃO: 1981

229

T II - CONCURSOS DE LIVRE-DOCÊNCIA

TÍTULO: "A Unidade da Romania O c id e n ta l" . '

AUTOR: Thcodoro H enrique M aurer J r .

AMO W. CONCLUSÃO: 1949

TÍTULO: "C o n trib u iç ão do B ororo ä Toponimia B r a s i l e i r a : E n sa io L in g ü ís ­

t ic o e A n trop o -G eo g rafico ".

AUTOR: C arlo s Drummond

ANO DK COMÇI.IISXO: 1963

TÍTnX): "A Semana A s tro ló g ic a e a J u d e u -C r is tn : In tro d u çã o â P ro b le ­

m atica da N om enclatura Semanal Romanica".

AUTOR: I s a a c M icòlau Salum

ANO DE CONCLUSÃO: 1967

TÍTULO: "P ro cesso s Form ais da Linguagem A fe t iv a em P la u to " .

AUTORi Cidm.ir Teodoro P a is

ANO W CONCI.11 SAP: 1969

TÍTULO: " S is temas dc P re p o s iç õ es em P o rtu g u ê s" .

AUTOR: F ra n c is c o da S i lv a Borba

AMO DE CONCLUSÃO: 1971

TÍTULO: "A C a te g o r ia do G enero".

AUTO?.: M aria T ereza de Almeida CanaTgo Biderman

ANO DE CONCLUSÃO: 1974

TÍTULO: "o Campo M orfo-Sem antico de 'C a b e ç a '" .

AUTOR: I z id o ro Bl i k s t e i n

ANO DE CONCLUSÃO: 1977

TÍTULO: "P ara um Demorlo T eò rico de S istem a Sim iõtico T-ingU’ s* ' c° ’

nam ica d a s E s t r u tu r a s L éx ica s" .

AUTOR: M aria A p arec id a B arbosa

ANO DE CONCLUSÃO: 1978

230

TÍTULO: "D ig re ssõ es a p a r t i t de um M an u sc rito (m a n u sc r ito do sé c u lo

X V III, in te re s s a n d o 3 ' l in g u a g e r a l ' ) " .

AUTOR: Erasmo D 'A lm eida M agalhães

ANO UK CONCLUSÃO; 1981

IV - CONCURSOS 1)C CÁTEDRA

TÍTULO: "0 L atim V u lg a r" .

AUTOR: Theodoro H enrique M aurer J r .

ANO 1)K CONCLUSÃO: 1951

TÍTULO: "A Probi crauti r.a da N om enclacura Semanal Rom ànica".

AUTOR: I s a a c N ico lau Sal um

ANO DE CONCLUSÃO: 1968

231