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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIENCIAS HUMANAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
ANÁLISE DO NEXO CAUSAL ENTRE O TRABALHO EM
SAÚDE MENTAL E O ESTRESSE OCUPACIONAL DE SEUS
PROFISSIONAIS NO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS-SP
Teresa Cristina Gayoso Sobreira
São Carlos, Janeiro de 2004
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIENCIAS HUMANAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
ANÁLISE DO NEXO CAUSAL ENTRE O TRABALHO EM
SAÚDE MENTAL E O ESTRESSE OCUPACIONAL DE SEUS
PROFISSIONAIS NO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS-SP
Teresa Cristina Gayoso Sobreira
Monografia apresentada como conclusão da
disciplina Pesquisa em Psicologia 5-8, sob orientaç ão da
Profa. Georgina C. de Oliveira Faneco Maniakas.
São Carlos, Janeiro de 2004
10
Dedico este trabalho a minha família que
sempre me apoiou, incentivou e esteve ao
meu lado, mesmo nos momentos
tempestuosos; à minha orientadora e
amiga, aos meus amigos de ontem e de
hoje, a todos aqueles de alguma forma
colaboraram para que este se
concretizasse.
11
Agradeço a Deus e ao meu Anjo da Guarda que me auxi liaram nesta
jornada tão difícil que é concretizar um projeto, a meus pais que
proporcionaram as ferramentas e o apoio necessário, as minhas
amigas de turma que me fizeram enxergar um futuro n esta profissão
e um sonho a ser perseguido, em especial, Thaís Bar ros e Marina
Ceres, companheiras inseparáveis de alegrias e tris tezas, aos
amigos de ontem que estão hoje distantes e à minha orientadora,
que no transcorrer deste trabalho tornou-se uma ami ga e só fez
aumentar minha admiração.
12
“ É do contato forçado com uma tarefa
desinteressante que nasce uma imagem de
indignidade. A falta de significação, a frustração
narcísica, a inutilidade dos gestos, formam ciclo p or
ciclo, uma imagem narcísica pálida, feia, miserável .
Outra vivencia, não menos presente do que a da
indignidade, o sentimento de inutilidade remete,
primeiramente, à falta de qualificação e de finalid ade do
trabalho.”
Cristophe Dejours
13
SUMÁRIO
Resumo
I. Introdução..................................... ..........................................08
II.Método.................................... ................................................25
2.1Participantes.........................................................................28 2.2 Material................................................................................28 2.3 Instrumento..........................................................................28 2.4 Procedimento.......................................................................28 2.5 Análise de dados..................................................................29
III. Resultados ............................................................................................30
IV. Discussão .............................................................................................49
V. Conclusão.......................................... ......................................62
VI. Referências Bibliográficas ................................................................66
Anexos
Anexo 1: Inventário....... .............................................................73
Anexo 2: Termo de Consenti mento Livre e
Esclarecido............94
Anexo 3: Resumo para o Com itê de Ética em
Pesquisa...........97
Anexo 4: Carta de encaminh amento do projeto ao
Comitê.......108
Anexo 5: Termo de compromi sso da
pesquisadora..................109
Anexo 6: Folha de rosto pa ra o Comitê de
Ética.......................110
Anexo 7: Protocolo de auto rização do Comitê de
Ética.............112
14
RESUMO
Em 1992, o relatório geral da ONU deu ao estresse a denominação de mal
do século. Esse estado de tensão, de fato, é cada vez mais comum em nossa era,
especialmente nos exigentes e competitivos ambientes de trabalho e tem
despertado interesse em muitos especialistas no assunto. De acordo com Perez
Ramos (1992), o fenômeno de estresse nas instituições incide e coloca em
situações de risco a motivação, o desempenho, a produtividade, a auto-estima e a
saúde de seus membros.
Sendo assim, esta pesquisa objetivou estabelecer a relação causal entre
trabalho e estresse ocupacional (até o seu extremo, a síndrome de Burnout) entre
os profissionais de Saúde Mental de São Carlos, além de estagiários da UFSCar
que atuam diretamente na área, por meio da aplicação de um inventário que
permitiu avaliar a prevalência – ou não – de fatores de estresse ocupacional em
relação a indicadores de qualidade de vida, considerando as condições e a
organização do trabalho nas unidades de referência.
Para sua avaliação foram utilizados como modelos indicadores de
Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde (Fleck, 1999 – WHOQOL-
100) que considera a saúde não apenas ausência de doença, mas um estado de
bem estar físico, mental e social, o questionário de Saúde Geral de Goldberg
(Goldberg, 1972 – adaptação brasileira: Pasquali, Gouveia & Andriola, 1996), o
qual foi construído para avaliar a saúde mental das pessoas, além do Inventário
de Ônus da Pessoa que Cuida (Novack & Guest, 1989), relativo ao cuidador em
saúde.
Os resultados deste estudo apontam para um indicativo de fatores
desencadeantes do quadro de estresse devido às condições / organização do
trabalho em Saúde Mental no município de São Carlos, sugerindo ainda, que os
participantes podem encontrar-se estressados em diferentes níveis deste quadro.
15
INTRODUÇÃO
Diversos são os modelos teóricos que procuram analisar as relações entre
trabalho e saúde mental. Alguns se situam na linha do estresse, outros procuram
entender essas relações a partir dos efeitos psicopatológicos do trabalho e a sua
psicodinâmica, que coloca no centro das discussões as relações intersubjetivas.
Dentre os modelos de explicação das relações entre saúde mental e trabalho
podemos definir duas principais correntes: a psicopatologia do trabalho -
denominada psicodinâmica do trabalho a partir dos estudos Dejours e o desgaste
mental ocasionado pela organização do trabalho.
A Psicopatologia do trabalho é definida como a “análise dinâmica dos
processos psíquicos mobilizados pela confrontação do sujeito com a realidade do
trabalho” (Dejours, 1994:120). Sofrimento psíquico e desgaste mental são exemplos
de patologias do trabalho. Diversos são também os indicadores de sofrimento
utilizados nesses estudos. Derriennic (1996), abordou o sofrimento psíquico
selecionando quatro modalidades: o sentimento de solidão, a lassidão, a inibição e a
propensão à agressividade. Ainda no grupo das psicopatologias, os estudos de
Seligmann-Silva (1994:79) têm como conceito chave o desgaste mental ("perda de
capacidade potencial e/ou efetiva corporal e psíquica" entendendo que "no trabalho
alienado há uma utilização deformada e deformante das potencialidades psíquicas”).
Como estuda os fenômenos psíquicos do trabalhador, o qual tem destituído
seu aparelho psíquico em conseqüência do modo de organização do trabalho, a
psicopatologia do trabalho procura investigar como os trabalhadores sobrevivem na
normalidade, ou seja, como conseguem manter-se, de alguma forma “equilibrados”,
se todos os dias necessitam suportar as diversas contrariedades e em graus
variados, impostas pelo seu trabalho, construindo mecanismos de defesa individuais
e, principalmente, coletivos; os quais levam à repressão de seus impulsos libidinais e
à alienação, pela qual o trabalhador passa a confundir seus desejos com a injunção
organizacional substituindo seu livre arbítrio, acabam tendo que criar meios para não
serem atingidos pela realidade do trabalho, esquivando-se do sofrimento.
Na psicodinâmica do trabalho (Dejours et.al, 1994) as relações interpessoais
ganham o centro. Não é a psicopatologia, e sim as relações intersubjetivas, que
estabelecem no trabalho, o seu objeto. A idéia central é a de que o sujeito no
16
trabalho está, permanentemente, negociando a melhor forma de trabalhar. Na
medida, em que ele contribui para a realização do trabalho, qualquer que seja o
produto, espera que isso seja reconhecido. Mais do que isso, o indivíduo deseja que
o reconhecimento ocorra não apenas pela existência da contribuição, mas que ela
seja julgada pelos pares como boa contribuição.
Os julgamentos pelos pares se referem à contribuição dos sujeitos, sempre
relativos ao trabalho realizado, que traz em sua superfície os traços das regras da
atividade, do saber-fazer, da originalidade, e não ao sujeito. A retribuição no registro
da identidade, no registro do "ser" é obtida como retorno dos efeitos do
reconhecimento no registro do "ter". O reconhecimento da qualidade do trabalho
realizado se traduz em retribuição simbólica que pode tomar sentido em relação aos
anseios subjetivos quanto à realização de si. Na dinâmica de
construção/fortalecimento da identidade, o reconhecimento do fazer vem
necessariamente, em primeiro lugar. A relação "mobilização subjetiva-realização de
si" é mediada pelo real que constitui o trabalho, que é diferente do sentido ideal que
deveria ter o trabalho e sua organização.
Da mesma forma, a relação entre trabalho e identidade é mediada pelo outro,
no julgamento de reconhecimento. Dejours propõe as bases para uma análise
psicodinâmica do trabalho, assentando-a sobre um triângulo fundamental que
articula trabalho, sofrimento e reconhecimento. De forma resumida, a construção do
sentido do trabalho pelo reconhecimento, gratificando o sujeito em relação a suas
expectativas frente à realização de si (edificação da identidade no campo social)
pode transformar o sofrimento em prazer (Dejours, 1992).
Acrescenta-se, ainda, que a carga psíquica do trabalho resulta da
confrontação do desejo do trabalhador à injunção do empregador, contida na
organização do trabalho, sendo que a mesma aumenta quando a liberdade de
organização do trabalho diminui, ou seja, a carga psíquica do trabalho torna-se
muito maior e mais difícil de ser elaborada, levando ao sofrimento:
“...quando o rearranjo da organização do trabalho não é
mais possível, quando a relação do trabalhador com a organização
do trabalho é bloqueada, o sofrimento começa: a energia pulsional
quer não acha descarga no exercício do trabalho se acumula no
17
aparelho psíquico, ocasionando um sentimento de desprazer e
tensão...” (Dejours et al.,1994:29)
A psicodinâmica do trabalho enfatiza a centralidade do trabalho na vida dos
trabalhadores, analisando os aspectos dessa atividade que podem favorecer a
saúde ou a doença. Ao analisar a inter-relação entre saúde mental e trabalho,
Dejours (1986) acentua o papel da organização do trabalho no que tange aos efeitos
negativos ou positivos que aquela possa exercer sobre o funcionamento psíquico e à
vida mental do trabalhador. Este autor conceitua organização do trabalho como a
divisão das tarefas e a divisão dos homens. A divisão das tarefas engloba o
conteúdo das tarefas, o modo operatório e tudo que é prescrito pela organização do
trabalho, incitando o sentido e o interesse do trabalho para o sujeito. A divisão dos
homens compreende a forma pela qual as pessoas são divididas em uma
empresa/instituição e as relações humanas que aí se estabelecem, mobilizando os
investimentos afetivos, o amor e o ódio, a amizade, a solidariedade, a confiança,
entre outros.
Mais recentemente, Dejours et al. (1994) passaram a acentuar o fato de que a
relação entre a organização do trabalho e o ser humano encontra-se em constante
movimento. Do ponto de vista da Ergonomia, a análise da organização do trabalho
deve levar em conta: a organização do trabalho prescrita (formalizada pela
organização/instituição) e a organização do trabalho real (o modo operatório dos
trabalhadores). Segundo Dejours, o descompasso entre as duas favoreceria o
aparecimento do sofrimento mental, uma vez que levaria o trabalhador à
necessidade de transgredir para poder executar a tarefa.
É na regulação da relação entre trabalhador e organização do trabalho que o
ocorre o que Dejours chamou de “erosão da vida mental” (Dejours, 1987), ou seja,, a
implantação de um comportamento condicionado favorável à produção através desta
erosão, onde o sofrimento surge como intermediário à submissão do corpo. Desta
forma, coloca que o sofrimento é o próprio instrumento e produtor de trabalho.
O papel de destaque representado pela organização do trabalho está de
acordo com as propostas de psicodinâmica do trabalho (Dejours et al., 1994) e das
teorias de estresse (Karasek & Theorell, 1990). De maneira geral, pode-se afirmar
que, quanto menor a autonomia do trabalhador na organização da sua atividade,
maior é a possibilidade de que a atividade gere transtornos à saúde mental. Novas
18
formas de organização do trabalho, novas tecnologias e a precarização do trabalho
trazem o temor do desemprego e a intensificação do trabalho. Percebe-se que o
excesso de trabalho e a pressão por produção ocorrem em todos os graus da
hierarquia.
O espectro da inter-relação saúde mental e trabalho abrange, portanto, do
mal-estar ao quadro psiquiátrico, incluindo o sofrimento mental. Para Dejours et al.
(1994) o sofrimento mental‚ pode ser concebido como a experiência subjetiva
intermediária entre doença mental descompensada e o conforto (ou bem-estar)
psíquico, colocado como objeto de estudo da psicopatologia do trabalho. A não-
caracterização do papel do trabalho como agravante ou desencadeante de distúrbios
psíquicos ocasiona prejuízos não só à qualidade de vida e à eficácia de um
tratamento, como aos direitos legais do trabalhador, que deixa de usufruir os
benefícios previdenciários aos quais, eventualmente, tenha direito.
As teorias do estresse restringem seu foco às relações saúde mental-trabalho,
que são mediadas pela reação de estresse. Nesse campo, principalmente, na linha
de Karasek, podem ser encontradas importantes contribuições que procuram
explicar, da bioquímica e fisiologia aos aspectos psicológicos relacionados às
relações interpessoais, esse intrincado processo que articula trabalho, estresse e
doença.
Em todas as abordagens, uma parcela importante de responsabilidade na
gênese do sofrimento psíquico ou do estresse vinculado à atividade, tem sido
atribuída à organização do trabalho (Dejours, 1993; Seligmann-Silva, 1994). A
literatura da área em ergonomia mostra que a forma como o trabalho está
organizado é diferente do planejado pelos órgãos de percepção (Duarte, 1986). Por
isto, Wisner (1977) apud Seligmann-Silva (1986), acentua a importância de uma
descrição da população real de trabalhadores, de uma análise precisa do trabalho e
de suas condições de execução, e de um inventário real dos diversos aspectos da
carga laboral diária.
Assim, a distância entre o trabalho prescrito e o trabalho real (Daniellou,
1992; Guérin et al., 1991), entre aquele determinado pelas instâncias de concepção
das instituições ou organizações, e o efetivamente realizado, com variabilidades e
contingências específicas, vai determinar um trabalho particular e real. É neste
contexto, que potenciais situações produtoras de sofrimento devem ser discutidas.
19
Tal abordagem apresenta um alto grau de complexidade, a começar pela
ampla variação do conceito de estresse, pois alguns autores dizem que representa
uma adaptação inadequada a mudança imposta pela situação externa, uma tentativa
frustrada de lidar com os problemas (Helman, 1994), ou ainda, poderia ser definido
como um referente, tanto para descrever uma situação de muita tensão, quanto para
definir a tensão a tal situação (Lipp & Rocha, 1994). Destacam-se, nesse campo, os
autores de vários países e concepções, tais como, Frankenhaeuser & Gardell,
(1976), Kalimo (1980), Levi (1987), os quais definem, por exemplo, estresse como
um desequilíbrio entre as demandas do trabalho e a capacidade de resposta dos
trabalhadores, além do pioneiro Selye (1959), que definiu estresse como sendo,
essencialmente, o grau de desgaste total causado pela vida, destacando-se,
também Karasek, Theorel e Lazarus.
Nas teorias que tomam o estresse como categoria mediadora entre o trabalho
e a saúde, há uma grande pbalho e a saúde, há uma grande pcas, como a
cardiovascular por um lado, e por outro com o esgotamento e o "burnout" que são
manifestações psicopatológicas diretamente vinculadas ao estresse. É importante
ressaltar que o estresse em si não é patológico. É uma reação natural do organismo
humano quando colocado diante de alguma situação de ameaça.
No âmbito desta vertente, observa-se a preocupação com a determinação dos
fatores potencialmente estressantes em uma situação de trabalho. Karasek &
Theorell (1990) apud Seligmann-Silva (1994) propõem um modelo com uma
abordagem tridimensional, contemplando os seguintes aspectos:
"exigência/controle" (demand/control); "tensão/ aprendizagem" (strain/learning) e
suporte social. A situação saudável de trabalho seria a que permitisse o
desenvolvimento do indivíduo, alternando exigências e períodos de repouso com o
controle do trabalhador sobre o processo de trabalho.
Dentre os diversos modelos teóricos que assumem esta linha interpretativa,
acrescenta-se outro modelo de Karasek, o qual centra-se no par demanda/latitude
de decisão. Situações de trabalho, onde existe, grande demanda e estreita latitude
de decisão, podem levar ao esgotamento dos trabalhadores. Ao contrário, condições
com alto nível de demandas, porém oferecendo aos trabalhadores ampla latitude de
decisão, induzem menores taxas de esgotamento. O suporte social media essa
relação, por exemplo; a coesão da equipe, que representa um forte fator de proteção
à saúde dos trabalhadores.
20
Lazarus (1993) descreve quatro pressupostos essenciais que devem ser
observados: o agente estresse, uma avaliação que diferencia tipos de estresse
(dano, ameaça e desafio), o processo de “coping” para lidar com os estresse e um
padrão complexo de efeitos na mente e no corpo, referido como reação ao estresse.
Os processos de coping são concebidos como as estratégias e esforços cognitivos e
comportamentais que os indivíduos utilizam para lidar com as demandas
específicas decorrentes de situações de estresse e avaliadas como excedendo seus
recursos pessoais (Antoniazzi, Delláglio, & Bandeira, 1998; Folkman e Lazarus,
1993) apud Abreu, Stoll, Ramos, Baumgardt, & Kristensen (2002).
Fatores intrapsiquicos relacionados ao serviço também contribuem para a
pessoa manter-se estresse, como é o caso da sensação de insegurança no
emprego, de insuficiência profissional, pressão para comprovação de eficiência ou
até mesmo, a impressão continuada de estar cometendo erros profissionais, além
destes fatores, ainda o trabalhador carrega consigo o seu histórico de vida, trazendo
para o ambiente de trabalho fatos e fatores externos ao mesmo, da vida familiar e
pessoal.
O extremo oposto, ou seja, ter uma vida sem motivações, sem projetos, sem
mudanças na ocupação ao longo de muitos anos, sem perspectivas de crescimento
profissional, assim como, passar por períodos de desocupação no emprego,
também podem provocar o estresse ocupacional ou, em ultimo grau, a síndrome de
burnout. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a saúde pode ser
lesada, não apenas pela presença de fatores agressivos (fatores de risco,
sobrecarga), mas também pela ausência de fatores ambientais (fatores de
“subcarga”, tais como: falta de atividade muscular, de comunicação com outras
pessoas, monotonia no trabalho, falta de responsabilidade individual ou de desafios).
Os agentes de estresse estão no ambiente de trabalho a todo tempo, e a sua
sobrecarga pode ser considerada fator desencadeante importante para o inicio do
estresse patológico no trabalho. A sobrecarga de estímulos estresse é um estado,
no qual, as exigências do ambiente ultrapassam nossa capacidade de adaptação.
Existem quatro fatores principais que contribuem para a demanda excessiva de
agentes estressantes no trabalho: urgência de tempo, responsabilidade excessiva,
falta de apoio e expectativas excessivas internas e externas. Outros fatores
considerados seriam: ruídos; alterações de sono; falta de perspectivas; mudanças
21
constantes; determinadas pela empresa, devido às novas demandas/tecnologias,
devido ao mercado ou impostas por condições pessoais e subjetivas.
A Síndrome de Burnout, que é uma resposta ao estresse ocupacional crônico,
a qual afeta, principalmente, profissionais que se ocupam em prestar assistência às
pessoas, segundo Maslach (1977), vem ocorrendo com grande freqüência,
atualmente. É um processo em que há o esgotamento emocional e uma escassa
realização pessoal, ocorrendo forte despersonalização, não resultando somente do
estresse em si, mas do “estresse não mediado”, do não moderado, do sem
possibilidade de solução (Farber, citado em Roazzi, Carvalho, & Guimarães, 2000)
apud Abreu, Stoll, Ramos, Baumgardt, & Kristensen (2002)
O individuo nesta condição, deixa de investir em seu trabalho e nas relações
afetivas que dele decorrem, tornando-se incapaz de se envolver com o mesmo
(Codo, & Vaquez-Menezes,1999). Sua dimensão multidimensional é composta de
três componentes: a exaustão emocional (sentimento muito forte de tensão
emocional, o qual produz sensação de esgotamento, de falta de energia e de
recursos emocionais próprios para lidar com as rotinas da prática profissional e
representa a dimensão indivcidual da síndrome), despersonalização (sentimentos e
atitudes e negativistas, indiferentes e cínicas em relação ao pacientes/clientes) e
redução de realização pessoal (afeta as habilidades interpessoais relacionadas com
a pratica profissional, o que influi, diretamente na forma de atendimento).
Seligmann-Silva (1994) identifica a existência de um campo de estudo
interdisciplinar voltado para a análise das conexões entre saúde mental e trabalho,
mediante a integração de "olhares" distintos, apresentando o conceito de desgaste
como opção conceitual integradora. O desgaste psíquico foi associado à imagem de
"mente consumida" por Seligmann-Silva reunindo três abrangências: a primeira,
compreendendo quadros clínicos relacionados ao desgaste orgânico da mente (seja
em acidentes do trabalho, seja pela ação de produtos tóxicos); a segunda,
compreendendo as variações do "mal-estar", das quais a fadiga (mental e física) é
uma das analisadas; e a terceira, quando se verificam os desgastes que afetam a
identidade do trabalhador, ao atingir valores e crenças, que podem ferir a dignidade
e a esperança.
Entretanto, uma dificuldade importante para o desenvolvimento dos estudos
que possibilitem a comprovação da conexão entre estresse e trabalho, refere-se à
22
ausência na Classificação Internacional das Doenças (CID-10), de um grupo
diagnóstico de distúrbios psíquicos relacionados especificamente com o trabalho.
Embora a CID-10 ofereça, no capítulo XXI, uma lista fatores que podem
influenciar o estado de saúde e contato com serviços de saúde (Z00-Z99), onde
encontramos o código Z50, referente a cuidados envolvendo o uso de
procedimentos de reabilitação, o código Z-56, referente a problemas relacionados
com o emprego e/ou desemprego, o código Z60, referente a problemas relacionados
a ambiente social e o código Z73, referente a problemas relacionados a dificuldades
de gerenciamento da própria vida, e admita que os “eventos estressantes ou as
circunstâncias desagradáveis continuadas são o fator causal primário e determinante
e o transtorno não teria ocorrido sem o seu impacto”1, no que concerne ao
diagnóstico Seligmann-Silva (1995:289) observa que não encontramos vinculação
entre os quadros clínicos e o trabalho:
"não existe um consenso que tenha permitido uma
classificação dos distúrbios psíquicos vinculados ao trabalho,
existe uma concordância da importância etiológica do trabalho,
mas não a respeito do modo como se exerce a conexão
trabalho/psiquismo de forma suficiente a permitir um quadro
teórico. Os distintos modelos teóricos vêm trazendo dificuldades
para a clínica e prevenção".
Nesse sentido, o que se pode fazer é associar à hipótese diagnóstica o
código Z-56, para referir que o problema está relacionado com o emprego e/ou
desemprego, o que é, obviamente, insuficiente para traduzir o nexo causal entre a
patologia e o trabalho.
Após analisar as descrições clínicas e diretrizes para diagnóstico constantes
da Classificação Internacional das Doenças, Seligmann-Silva (1995) ponderou que
os títulos transtornos neuróticos, transtornos relacionados ao estresse e transtornos
somatoformes (F40 - F48, Capítulo V da CID 10) são os que se apresentam na
maior parte dos diagnósticos em que a dimensão psicossocial do trabalho pode
assumir relevância fundamental. A autora aponta, ainda, as seguintes síndromes
1 Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10: referência rápida. Organização Mundial da Saúde. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997, p. 158.
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neuróticas, como as que com freqüência, apresentam relação com o trabalho:
síndrome do esgotamento profissional (Estafa ou Síndrome de Burnout); síndrome
da fadiga crônica (fadiga patológica, fadiga industrial); síndromes pós-traumáticas;
síndromes depressivas e paranóides.
Dentre as Síndromes Neuróticas descritas por Seligmann-Silva, nos casos
analisados foram identificados os de fadiga crônica, síndrome pós-traumáticas,
síndromes depressivas e paranóides.
A Síndrome da Fadiga Crônica corresponde à fadiga acumulada ao longo de
períodos de duração variável, diante de uma situação de trabalho que não permite
recuperação suficiente por intermédio de sono e repouso. A característica principal é
a fadiga constante, física e mental, acompanhada de distúrbios de sono, cansaço,
irritabilidade e desânimo.
A neurose traumática é descrita como quadro imediato de irritabilidade,
angústia difusa, reações emocionais exageradas. Além disso, o indivíduo revê e
revive mentalmente a cena traumática, acompanhada de mal-estar, às vezes com
sudorese e taquicardia. Os pesadelos também repetem o evento traumático com
distúrbios do sono, irritabilidade e um estado de tensão no qual ocorrem
sobressaltos, como se a pessoa estivesse em permanente estado de prontidão.
A Síndrome Paranóide, descrita por Seligmann-Silva (1995), como quadro do
tipo neurótico em que, se desenvolve fortes sentimentos de insegurança, com
vivências de ameaça em situação na qual sejam identificados aspectos e pressões
de tipo potencialmente persecutório, com dispositivos rígidos de controle. Quanto
maiores forem as barreiras à comunicação e maior o isolamento do trabalhador,
maior a facilidade de que se desenvolvam essas manifestações. Tais manifestações
de ansiedade de teor persecutório podem intensificar-se a ponto de perturbar
seriamente os relacionamentos interpessoais e o desempenho. Paralelamente,
podem surgir graus de irritabilidade e também, com freqüência, distúrbios do sono.
Seligmann-Silva (1995) descreve que as síndromes depressivas podem ter
sua patogenia, desencadeamento e evolução nitidamente associados às vivências
do trabalho, podendo a depressão manifestar-se em quadros agudos ou crônicos
típicos (tristeza, vivências de perda ou fracasso e falta de esperança). No entanto, os
quadros depressivos associados ao trabalho muitas vezes não são típicos; revelam-
se de forma mais sutil, apresentando como principal manifestação o desânimo diante
da vida e do futuro.
24
Outros quadros identificados neste estudo que estão relacionados com a
situação de trabalho foram: quadros de distúrbios psicossomáticos, como crise
hipertensiva e gastrite e transtornos orgânicos de personalidade ou psicose
orgânicas.
No que se refere, à evolução dos quadros clínicos, convém atentar para os
casos de afastamento do trabalho com retorno à mesma situação de trabalho ou
para os casos de mudanças de função, sem o respaldo de uma adequada política de
readaptação, o que resultaria na piora da sintomatologia. É importante avaliar
cuidadosamente o retorno ao trabalho, após afastamentos por distúrbios psíquicos,
sendo necessárias ações integradas e acompanhamento multidisciplinar,
abrangendo o tratamento com medicação, psicoterapia e suporte por parte dos
colegas e das chefias2.
Uma série de aspectos da situação de trabalho e extra-trabalho podem atuar
de forma conjunta no desencadeamento de transtornos mentais. É importante
observar como estes vários aspectos se inter-relacionam.
Considerando as dificuldades de estabelecer o nexo com o trabalho e o
diagnóstico dos distúrbios psíquicos é fundamental: capacitar os profissionais dos
serviços de saúde para que considerem a importância da situação de trabalho como
um dos determinantes no processo saúde/doença; reestruturar os sistemas de
informações em saúde, envolvendo um sistema de vigilância epidemiológica com
notificação dos casos com suspeita de relação com o trabalho, independentemente
da caracterização por parte da Previdência Social; e desenvolver ações
interinstitucionais e multidisciplinares em Saúde Mental e Trabalho.
Sendo assim, o trabalho ocupa um papel central na vida das pessoas e é um
fator relevante na formação da identidade e na inserção social das mesmas.Neste
contexto, considera-se que o bem-estar adquirido pelo equilíbrio entre as
expectativas em relação à atividade profissional e à concretização das mesmas é um
2 Na maioria dos casos estudados, muitos foram demitidos com o quadro clínico em atividade. A
demissão representa a exclusão dos trabalhadores, funcionando na situação de trabalho (com organizações
rígidas, pressão do tempo e das gerências etc.), como selecionadora de trabalhadores. Além de gerarem a
perda do direito à assistência por parte do convênio, as demissões levam à perda da identidade profissional
e à piora da qualidade de vida, com a diminuição dos recursos financeiros.
25
dos fatores que constituem a qualidade de vida. Esta é proporcionada pela
satisfação de condições objetivas, tais como renda, emprego, objetos possuídos e
qualidade de habitação; e de condições subjetivas, tais como segurança, privacidade
e afeto (Wilheim & Déak, citado em Cardoso, 1999), bem como motivação, relações
de auto–estima, apoio e reconhecimento social.
Uma relação satisfatória com a atividade de trabalho é fundamental para o
desenvolvimento nas diferentes áreas da vida humana e esta relação depende, em
grande escala, dos suportes afetivos e sociais, que os indivíduos recebem, durante
seu percurso profissional. O suporte afetivo, que provém do relacionamento com as
pessoas, com as quais é possível compartilhar preocupações, amarguras,
esperanças, de modo que sua presença, possa trazer sentimentos de segurança,
conforto e confiança. O suporte social aplica-se ao quadro de relações gerais, as
quais se estabelecem, naturalmente entre os colegas de trabalho, vizinhos e
conhecidos, o que também pode favorecer o aprofundamento de relacionamentos
que, mais tarde, venham fazer parte do suporte afetivo.
26
JUSTIFICATIVA
No ambiente de trabalho os estímulos estresse são muitos. Pode-se
experimentar ansiedade significativa (reação de alarme) diante de desentendimentos
com colegas, diante da sobrecarga e da corrida contra o tempo, diante da
insatisfação salarial e, dependendo das pessoas, até o tocar do telefone gera
irritação. A desorganização no ambiente ocupacional também é prejudicial,
geralmente as condições pioram quando não há clareza de regras, normas e das
tarefas que deve desempenhar cada trabalhador, assim como ambientes insalubres,
a falta de ferramentas e material adequado de trabalho ou de segurança.
Um dos agravantes dessa situação é a limitação que a sociedade submete as
pessoas quanto às manifestações de suas angústias, frustrações e emoções. Por
causa das normas e regras sociais as pessoas acabam ficando prisioneiras do
politicamente correto, obrigadas aparentar um comportamento motor ou emocional
muitas vezes incongruente com seus reais sentimentos de agressão e medo.
A Síndrome de Burnout, entendida como o grau mais extremo do estresse no
trabalho, foi observada, originalmente, em profissões da saúde, tais como: médicos,
psicólogos, enfermeiros, entre outros, e atualmente atinge qualquer profissional que
tenha contato mais exigente e direto com as pessoas que carecem de cuidados mais
intensivos:
“Entre os profissionais da saúde, eventos potencializadores de
estresse podem surgir, dependendo do tipo de atividade realizada.
Entretanto, existe uma evidência crescente demonstrando que os
profissionais da área de saúde mental, por fatores relacionados à
natureza de sua profissão, apresentam-se, particularmente, mais
vulneráveis a esse tipo de manifestação e seus efeitos” (Rabin,
Feldman, & Kaplan, 1999) apud Abreu, Stoll, Ramos, Baumgardt, &
Kristensen (2002)
Uma das possíveis explicações para tal fato seria a de que os profissionais da
saúde idealizam a sua prática, como sendo aquela que serve para ajudar as
27
pessoas; e isto nem sempre ocorre, indicando que este profissional poderia sentir-
se mais gratificado se visse em sua prática um meio de apoio aos pacientes, e não
de cura. Também o local de trabalho, influencia fortemente, o grau de realização
pessoal e a possibilidade de desenvolver de quadros de estresse à Síndrome de
Burnout.
O burnout está caracterizado como:
a. Exaustão emocional: ocorre quando a pessoa percebe nela mesma a impressão
de que não dispõe de recursos suficientes para dar aos outros.Psicologicamente,
surgem também sintomas de cansaço, irritabilidade, propensão a acidentes, sinais
de depressão e/ou ansiedade, uso abusivo de álcool, cigarros ou outras drogas,
surgimento ou reagudização de doenças, principalmente, aquelas denominadas de
adaptação ou psicossomáticas.
b. Despersonalização: aqui o termo está sendo empregado no sentido sociológico e
corresponde ao desenvolvimento por parte do profissional de atitudes negativas e
insensíveis em relação às pessoas com as quais trabalha. A pessoa passa a tratar
os outros como objetos.
c. Diminuição da realização e produtividade profissional: em geral conduz a uma
avaliação negativa e baixa de si mesmo.
d. Depressão: é uma sensação de ausência de prazer de viver, de tristeza que afeta
os pensamentos, os sentimentos e o comportamento social. Algumas vezes,
canaliza-se a vida para uma única coisa, como o trabalho ou esporte, e ocorre
desequilíbrio de relacionamento familiar e social.
Conforme afirmou Dejours, o funcionamento mental poderia se definir "como o
modo pelo qual cada trabalhador ajusta as relações entre seu desejo e a realidade,
entre seu passado, desde a infância, e seu presente, onde figura entre outras coisas
o trabalho".
Quando se fala em desejo e passado, está se referindo, principalmente, aos
desejos mais inconscientes, que surgem do drama, do teatro das primeiras relações
humanas da infância. O que o autor quer dizer é que o mundo do trabalho deve
oferecer, para um bom funcionamento mental, algum tipo de significação, de
ressonância simbólica para o sujeito trabalhador, para sua personalidade. Mas não é
só isto. O trabalho pode também, além de satisfação e significados simbólicos,
fornecer satisfações concretas de bem estar físico, biológico e nervoso, um certo
"prazer de funcionar".
28
O sofrimento, o incômodo e os esforços, sentidos como demasiados, porque
ultrapassam o limite subjetivo do trabalhador, serão então explicativos dos
problemas de saúde mental e os psicossomáticos, quando diante dos contextos de
trabalho, que provocam estas sensações, os trabalhadores não têm ou conseguem
manter o controle. A ausência de controle também explica a construção e adoção de
comportamentos adaptativos - “os jeitinhos” - que visam à adaptação a estes
problemas de saúde, não significando, entretanto; que as pessoas estejam
saudáveis e possuam qualidade de vida.
A evolução dos quadros clínicos mantém estreita associação com o suporte
fornecido (ou não) pelos serviços de saúde, pelas empresas, sindicatos, familiares e
instituições, entendendo-se tal suporte como um conjunto de ações que resgatem a
identidade profissional e social dos trabalhadores.
Entretanto, estabelecer o nexo entre adoecimento e situação de trabalho não
é simples, uma vez que tal processo é específico para cada indivíduo, envolvendo
sua história de vida e de trabalho. Para estabelecer o nexo, torna-se fundamental
coletar dados que apresentem uma descrição detalhada da situação de trabalho,
quanto ao ambiente, à organização e à percepção da influência do trabalho no
processo de adoecer.
Considerando o adoecimento como um processo gradativo, que se inicia de
forma insidiosa, que de um simples cansaço ou irritação pode configurar um quadro
de fadiga aguda ou crônica, ou Síndrome de Burnout, consideramos essencial
verificar as condições de trabalho a que se sentem expostos, os profissionais de
Saúde Mental do Município de São Carlos, estagiários da UFScar e voluntários
desta rede, uma vez que os transtornos mentais dos usuários com os quais
convivem no cotidiano (neuroses graves, psicoses e dependência química), e/ou as
condições de trabalho naquela unidade de referência, encontram-se dentro dos
parâmetros de risco à saúde mental do trabalhador, principalmente se o trabalhador,
dependendo de sua função, não se encontra suficientemente preparado para realizar
o seu trabalho ou apresenta alguma vulnerabilidade individual específica.
Conforme observa a CID-10:
“Embora estresses psicossociais menos graves (“ eventos da
vida”) podem precipitar o início ou contribuir para a
apresentação de uma variedade muito ampla de transtornos
29
(....), sua importância etiológica não é sempre clara e em cada
caso se percebe que depende da vulnerabilidade individual....”3
Embora, para finalidade diagnóstica, a CID-10 considere estresse somente a
partir do transtorno instalado, ela também considera que:
“Os eventos estressantes ou as circunstâncias desagradáveis continuadas
são o fator causal primário e determinante e o transtorno não teria ocorrido sem o
seu impacto”4.
Em relação aos transtornos presentes em F43 – Reação a estresse grave e
transtornos de ajustamento – ela considera:
“Os transtornos nesta seção podem, portanto, ser
considerados como respostas mal-adaptativas a estresse grave
ou continuado, porque eles interferem com mecanismos de
adaptação bem sucedidos e assim levam a problemas no
funcionamento social”5.
No entanto, em relação à proposta desse estudo, ressalta-se, que:
a. utilizamos o termo transtorno, como definido pela Organização Mundial da Saúde
(1992) “para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou comportamentos
clinicamente reconhecível, associado, na maioria dos casos, a angústia e
interferência com o funcionamento pessoal”6
b. a utilização dos critérios diagnósticos da CID-10 para a avaliação do dados
coletados se restringirá a instrumento de apoio para identificar quadros clínicos
instalados, pois, como diversos estudiosos afirmam, as circunstâncias que envolvem
o nexo causal entre estresse e trabalho surge de forma insidiosa, apresentando
sinais que, muitas vezes, são interpretados apenas como distúrbios de natureza
3 Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10: referência rápida. Organização Mundial da Saúde. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997, p. 158. 4 Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10: referência rápida. Organização Mundial da Saúde. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997, p. 158. 5 Idem ibid. 6 Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10: referência rápida. Organização Mundial da Saúde. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997, p. 333.
30
neuro-fisiológica, sem preocupação em estabelecer a ligação entre essas
disfunções e os eventos que circundam o seu surgimento ou manutenção.
a. Os sinais de natureza neuro-fisiológica a que nos referimos abrangem:
2.1.1 – tremores ou sensação de fraqueza
2.1.2 – tensão ou dor muscular
2.1.3– inquietação
2.1.4 – fadiga fácil
2.1.5 – falta de ar ou sensação de fôlego curto
2.1.6 – palpitações
2.1.7 – mãos frias e úmidas, sudorese
2.1.8 – boca seca
2.1.9 – vertigens e tonturas
2.1.10 – náuseas ou diarréias
2.1.11 – rubor ou calafrios
2.1.12 – polaciúria
2.1.13 – bolo na garganta
2.1.14 – impaciência
2.1.15 – resposta exagerada à surpresa
2.1.16 – pouca concentração ou memória prejudicada
2.1.17 – dificuldade de conciliar e manter o sono
2.1.18 – irritabilidade.
Os sinais, supra-citados, são manifestações que indicam um desequilíbrio do
Sistema Nervoso Central (SNC), invariavelmente presentes, em maior ou menor
intensidade, variação e freqüência, em quadros de estresse, cujo evento eestresseor
de origem deve ser identificado.
Assim sendo, devido à ampla variedade de estudos e propostas de
questionários e pelas razões acima expostas, foi elaborado um inventário que
possibilitasse contemplar o possível nexo causal entre o estresse e as relações no
trabalho, priorizando os aspectos que levaram a Organização Mundial de Saúde a
definir saúde não apenas como ausência de doença, mas um estado de bem estar
físico, mental e social.
31
OBJETIVOS
Sabendo que o trabalho dos profissionais de Saúde Mental expõe o indivíduo
a pressões e atividades de várias ordens, potencialmente maléficas, ou seja, ao
estresse ocupacional ou até mesmo à “síndrome de burnout”, o presente trabalho
teve como objetivo analisar se existia ou não uma relação causal entre trabalho e
estresse ocupacional e/ou “Síndrome de Burnout”, considerando as condições e a
organização do trabalho nas unidades de referência em Saúde Mental, avaliando se
há indícios de quadros de estresse entre os profissionais, estagiários da UFSCar e
voluntários do município de São Carlos que atuam na área, e se há alguma
sintomatologia característica do estresse presente na amostra do estudo.
.
32
II. MÉTODO
Estudar as condições de saúde e qualidade de vida dos trabalhadores ou
profissionais de Saúde Mental, de qualquer instituição de saúde é de grande
importância. Entende-se que essa importância se acentua quando as organizações
de Saúde mental propõem realizar seus atendimentos dentro da abordagem
biopsicossocial.
E dentro desta perspectiva, pretende-se verificar a existência ou não do
nexo causal entre o trabalho, suas condições e organização, associada às
possibilidades de quadros de estresse ocupacional e/ou “síndrome de burnout”,
numa perspectiva qualitativa.
Este tipo de pesquisa é adequado, devido ao valor subjetivo do trabalho
para os indivíduos, pois mesmo sofrendo influência direta do meio sócio-cultural, o
seu caráter subjetivo apresenta-se com maior destaque em sua economia
psicossomática, ou seja, os indivíduos traçam suas ações e reações, também e
principalmente no trabalho, segundo a sua subjetividade.
Portanto, trata-se de um estudo qualitativo, cuja significação é alcançada
pela diversificação das situações vivenciadas pelos trabalhadores e da escolha de
categorias que permitem uma aproximação do fenômeno estudado (Minayo, 1993).
Segundo Minayo (1993), em pesquisas qualitativas existe uma preocupação menor
com a generalização e maior com o aprofundamento e abrangência da compreensão
seja de um grupo social, de uma organização, de uma política ou de uma
representação, motivo pelo qual o critério de amostragem não é numérico: "(...) uma
amostragem qualitativa: a) privilegia os sujeitos sociais que detêm os atributos que o
investigador pretende conhecer; b) considera-os em número suficiente para permitir
uma reincidência das informações, porém não despreza informações ímpares cujo
potencial explicativo tem que ser levado em conta; c) entende que na
homogeneidade fundamental relativa aos atributos, o conjunto de informantes possa
ser diversificado para possibilitar a apreensão de semelhanças e diferenças; d)
esforça-se para que a escolha do locus e do grupo de observação e informantes
contenham o conjunto das experiências e expressões que se pretende objetivar com
a pesquisa" (Minayo, 1993:102).
Portanto, ao verificarmos que o trabalho tem um envolvimento direto com a
subjetividade individual e coletiva, principalmente no que diz respeito ao
reconhecimento do trabalho individual e das estratégias de defesas coletivas,
33
apresenta-se como meio verificador destas relações o estudo qualitativo porque
enfoca diretamente o contexto subjetivo humano, o qual transforma a sociedade e
suas relações e é alterado pela mesma.
A flexibilidade, versatilidade e complexidade da subjetividade permitem que
o homem seja capaz de gerar, permanentemente, processos culturais que, por sua
vez, levam à reconstituição da subjetividade, tanto social quanto individual. Os novos
processos de subjetivação implicados nesses processos culturais se integram como
momentos constitutivos do desenvolvimento da cultura.
A subjetividade individual é determinada socialmente, mas não por um
determinismo linear externo, do social ao subjetivo, e sim em um processo de
constituição, que integra de forma simultânea, as subjetividades social e individual.
O indivíduo é elemento constituinte da subjetividade social e, simultaneamente, se
constitui nela.(Rey, 2002).
“...O sujeito é histórico, uma vez que representa a síntese
subjetivada de sua história pessoal, e é social, porque sua vida se
desenvolve em sociedade, e nela produz novos sentidos e
significações que, ao constituir-se subjetivamente, se convertem em
constituintes de novos momentos de seu desenvolvimento subjetivo.
Por sua vez, suas ações na vida social constituem um dos elementos
essenciais das transformações da subjetividade social.” (Rey,
2002:38)
O modo pelo qual, os indivíduos vivem esta subjetividade, oscila entre os
extremos: uma relação de alienação e opressão, em que o indivíduo se submete à
subjetividade, produzindo um processo de singularização.A história e o contexto que
caracterizam o desenvolvimento do sujeito marcam sua singularidade, que é
expressão da riqueza e plasticidade do fenômeno subjetivo. O social, o econômico,
o político e outras formas constitutivas da vida social, se constituem subjetivamente,
a partir das estruturas de sentido que caracterizam cada um dos momentos da
subjetividade social.
A subjetividade social tem seu sentido modificado, sem modificar as ações
do grupo e pessoas em sua estrutura atual, a qual, por meio de suas instituições,
exerce forte controle sobre os sujeitos individuais. No entanto, em um momento
concreto, diante de uma modificação na trama social, e diante de uma ação
34
emergente inesperada, que poderia ter sido insignificante em outra conjuntura,
integra-se à uma ação intensiva, o sistema de sentidos que vinha sendo gerado,
mudando a estrutura social atual. Esses fenômenos são vistos cada vez com maior
freqüência.
O homem é interativo, ou seja, os processos que caracterizam suas relações
se constituem em sua expressão subjetiva, isto é, não se pode isolar suas
características psicológicas do contexto em que se manifestam.
Diante destas considerações, acrescenta-se que a rotina de trabalho impõe
situações, muitas vezes, incompatíveis com o perfil psicológico do trabalhador, com
conseqüências, nem sempre explícitas que são estudadas pela psicopatologia do
trabalho (Souza, 1992)
Segundo Dejours (1997:58):
“...Trabalhar, pois, não é somente executar os atos técnicos,
é também fazer funcionar o tecido social e as dinâmicas
intersubjetivas indispensáveis à psicodinâmica do
reconhecimento, que, como vimos anteriormente, é o caráter
necessário em vista da mobilização subjetiva da personalidade e
da inteligência...”
O reconhecimento pelos colegas e superiores, a possibilidade de discussão e
adequação do conteúdo pulsional dos trabalhadores, na organização do trabalho,
em qualquer circunstancia, frente à sua subjetividade do profissional, transforma o
estudo da Psicopatologia do Trabalho em conjunto com o estudo do fator humano,
em uma pesquisa de extremo valor nos dias atuais, já que para uma boa qualidade
de vida, é necessário, que se tenha uma boa qualidade de carga laboral diária, ou
seja, que o trabalho seja meio de prazer ao homem e não de alienação e sofrimento.
Como afirmaria Dejours (1997:55):
“Na perspectiva de uma teoria do fator humano, esse ponto é
absolutamente essencial: o reconhecimento é a forma especifica
da retribuição moral simbólica dada ao ego, como compensação
por sua contribuição à eficácia da organização do trabalho, isto é,
pelo engajamento de sua subjetividade e inteligência.”
35
2.1 Participantes
Os participantes deste estudo foram profissionais de Saúde Mental de São
Carlos, e estagiários da UFSCar que atuaram especificamente na área, não havendo
nenhuma participação de voluntários do citado município. Participaram dessa
pesquisa 30 pessoas atuantes em Saúde Mental do município de São Carlos, sendo
13 profissionais e 17 estagiários de todas as unidades que atendem a população em
Saúde Mental.
Visto que existem participantes os quais possuem vínculos empregatícios
municipais/estaduais/federais, optamos pela construção e aplicação de um
inventário, excluindo a identidade e, quaisquer dados que pudessem tornar o sujeito
passível de reconhecimento, a fim de preservar totalmente seu anonimato.
2.2 Material
Foram utilizados papel e caneta para a formulação e preenchimento dos
inventários durante a fase de coleta de dados, e microcomputador para a fase de
análise e tratamento dos dados.
2.3 Instrumento
O instrumento utilizado foi um inventário construído segundo adequação ao
objetivo da pesquisa, baseado em análise teórica do tema e nos modelos de
questionários e inventários de indicadores de Qualidade de Vida, tal como o da
Organização Mundial de Saúde (Fleck, 1999-WHOQOL-100) que considera a saúde
não apenas ausência de doença, mas um estado de bem estar físico, mental e
social, além do questionário de Saúde Geral de Goldberg (Goldberg, 1972-
adaptação brasileira: Pasquali, Gouveia & Andriola, 1996), o qual foi construído
para avaliar a saúde mental e o Inventário de Ônus da Pessoa que Cuida (Novack &
Guest, 1989), relativo ao cuidador em saúde.
2.4 Procedimento
Todos os participantes em potencial, ou seja, profissionais, voluntários e
estagiários do município de São Carlos, que atuam em Saúde Mental, foram
convidados a participar da pesquisa, através do contato individual com a
pesquisadora, quando esta expôs a proposta deste estudo, sua justificativa, bem
como o caráter absolutamente sigiloso dos dados que serão colhidos por meio de
36
um inventário. Após o esclarecimento geral e a assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, redigido segundo as exigências da Resolução
196/96, foi entregue o inventário redigido e criado pela pesquisadora para que fosse
respondido pelo participante.
O inventário foi entregue pela pesquisadora, individualmente, acompanhado
de envelope para sua devolução lacrada, em 15 dias a partir da data de entrega do
mesmo. O inventário, dentro do envelope lacrado, deveria ser devolvido diretamente
à proponente desta pesquisa, em data e local previamente acordados.
A pesquisadora esteve à disposição permanente para esclarecer quaisquer
dúvidas que pudessem surgir no preenchimento do Inventário e sobre os objetivos
do estudo.
O tratamento dos dados incluiu a tabulação e compilação dos dados;
análise dos resultados segundo critérios que puderam estabelecer ou não o nexo
causal entre a organização do trabalho e o quadro de estresse ocupacional de
profissionais desta área da saúde.
Finalmente, a devolutiva dos resultados foi feita a cada um dos participantes
da pesquisa que assim desejaram deixando assinalado no Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido, à Coordenação do Curso de Psicologia e ao Departamento de
Psicologia, à Coordenação do Projeto de Extensão "Saúde Mental e Cidadania".
Também será oferecido à Secretaria Municipal de Saúde de São Carlos.
2.5 Análise dos dados
A metodologia estatística utilizada consiste, basicamente no uso de estatísticas
descritivas, gráficos e tabelas. Como medida de posição (locação), x , foi utilizada a
média amostral, dada por:
∑=
=n
iix
nx
1
1 (1)
onde xi é a variável em estudo e n o número de observações. As medidas de
dispersão utilizadas foram a variância e o desvio-padrão, definidos, respectivamente,
por:
2
1
2 )(1
1
σσ
σ
=
−−
= ∑=
n
ii xx
n (2) e (3)
37
Em alguns casos, mostrou-se interessante o calculo da correlação amostral
entre duas ou mais variáveis (correlação parcial). Para tal, foi utilizado o coeficiente
de correlação, definido como:
yxXY
yxxyE
σσρ −= )(
(4)
A respeito da ordenação das variáveis, as respostas qualitativas obtidas dos
participantes foram ordenadas de 0 (zero) a 4 (quatro), sendo que o menor valor
(zero) representa nada ou não e o maior valor (quatro), muito ou extremamente. A
classificação consiste, simplesmente, num ranqueamento das respostas.
Finalmente, a análise da frequência relativa dos dados (percentis) foi também
amplamente utilizada. Todos os cálculos, gráficos e tabelas foram obtidos pelo uso
do pacote estatístico SPSS (Statistical Package for Social Science), marca
registrada da SPSS Inc..
38
RESULTADOS
A amostra utilizada neste estudo é composta por 30 atuantes da área de
saúde mental, sendo 53,3% estagiários e 46,7% profissionais. Um ponto que merece
destaque, inclusive no tangente à validade da pesquisa, é que 40% dos participantes
atuam exclusivamente no atendimento de pacientes.
As questões do inventário foram divididas em seis (6) grandes grupos
relativos à organização e condição de trabalho e a fatores pessoais ligados a estas
duas dimensões para que fosse feita a análise quantitativa dos dados obtidos.
Os grupos são: condição/organização do trabalho; fatores e eventos
relativos à atividade; eventos influenciados pelas condições e organização do
trabalho; fatores ligados à vida pessoal; avaliações/mudanças e sintomas
físicos/psíquicos.
Devido ao pequeno número da amostra de profissionais que participaram
da pesquisa em detrimento dos estagiários, não pode ser realizada uma comparação
de todos os grupos e itens do inventário, o que seria muito interessante, já que o
tempo de atividade e o grau de envolvimento/responsabilidade do participante pôde
influenciar fortemente nas relações do profissional com a instituição e com as
pessoas que a mesma atende. Para algumas questões, que também terão uma
análise qualitativa, alguma comparação pôde ser feita.
GRUPO I: CONDIÇÃO/ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
A Frequência Semanal média de trabalho, por grupos é de 3.875 dias por
semana para os profissionais e 1.5 dias por semana para os estagiários. A média
geral obtida é de 2.29 dias por semana. No que se refere à horas dedicadas,
obtivemos 23.41 horas e 6.75 horas para, respectivamente, profissionais e
estagiários. A média total foi de 12.41 horas.
Referente a frequência de trabalho, 36,7% afirmaram trabalhar apenas um
(1) dia por semana, 20% dois (2) dias por semana, 10% três (3) dias e 33,3% cinco
(5) dias por semana.
Já 36.7% afirmaram não ter pausa no trabalho, contra 26,6% com pausas
quase sempre ou sempre.
39
Relativo à autonomia, 26.7% consideraram possuir pouca autonomia sobre a
realização de seu trabalho, 33.3% nem muita/nem pouca e, finalmente 20%
afirmaram ter bastante autonomia.
Curiosamente, quanto à utilidade na equipe, os resultados foram diversos:
30% considerou que seja muito pouco útil, 10% nem pouco/nem muito e 36.7%
bastante útil e 16.7% extremamente útil.
E no item tempo/adequação da atividade que exercem os participantes, os
resultados estão apresentados na tabela abaixo:
Frequência Percentagem Porcentagem Acumulada
Nada 9 30.0 30.0
Muito Pouco 10 33.3 63.3
Nem pouco/Nem muito 10 33.3 96.7
Bastante 1 3.3 100.0
Total 30 100.0
Tabela 1: Relação Tempo\Adequação na Atividade exercida.
GRUPO II: FATORES /EVENTOS RELATIVOS A ATIVIDADE:
Os resultados referentes aos fatores e eventos relativos à atividade do
profissional de saúde mental estão divididos em 5 subitens, apresentados abaixo.
2.1- SENTIMENTOS EM RELAÇÃO À ATIVIDADE
Dos participantes, 16,7% afirmaram sentir-se muito satisfeito e 40% satisfeito,
36.7% afirmaram estar satisfeitos, porém fatigados e apenas 3.3% admitiram estar
fatigados. Nenhum entrevistado afirma estar muito fatigado.
56.7% afirmaram estar insatisfeitos no final do dia de trabalho e 26,7%
afirmam estar insatisfeitos ou muito insatisfeitos. 56.7% sentem-se no estado
indicado acima desde o início de suas atividades clínicas, 16.7% afirma ter sentido
este estado atualmente e 20% há seis meses.
Os itens cansaço e irritação durante a atividade apresentaram muitas
variações, sendo os resultados obtidos respectivamente: 10% e 20% nada, 40% e
43,3%, muito pouco, 13,3% e 16,7% nem muito/nem pouco e 33,3% e 20%
bastante. Nenhum indivíduo mostrou-se extremamente irritado, porém, 3,3% dos
participantes admitiram estar extremamente cansado.
40
Em relação à concentração no trabalho, verificamos a formação de dois
grupos heterogêneos: 43.3% afirmaram conseguir concentrar-se muito pouco,
enquanto outros 43,3% afirmaram concentrar-se bastante.
Em relação a completar as atividades durante o turno normal de trabalho,
novamente, verificamos dois grupos: 33,3% admitem que completa muito pouco do
total de seus afazeres, enquanto 43,3% afirmaram completar grande parte de suas
obrigações.
Os itens afeição e convívio estão apresentados na tabela abaixo:
Afeição/Convívio Frequência Porcentagem Porcentagem acumulada
Não 7 2 23.3 6.7 23.3 6.7
Muito Pouco 8 7 26.7 23.3 50.0 30.0
Nem Muito / Nem Pouco 9 10 30.0 33.3 80.0 63.3
Bastante 5 7 16.7 23.3 96.7 86.7
Extremamente 1 4 3.3 13.3 100.0 100.0
Total 30 30 100.0 100.0
Tabela 2: Afeição e Convívio no Ambiente de Trabalho
Em relação ao medo no exercício de suas atividades, 66,7% afirmaram
sentir-se amedrontado poucas vezes, porém 23,3% afirmaram ter medo quase
sempre.
Para pressão no trabalho o padrão encontrado mostra que aqueles
indivíduos que apresentam pouco ou nenhuma pressão sentem esta por fatores
“externos”, enquanto que, quando a pressão é maior esta parece vir por parte dos
colegas de trabalho.
Pressão/Pressão Por
Colegas de Trabalho Frequência Porcentagem Porcentagem acumulada
Não 10 10 33.3 33.3 33.3 33.3
Muito Pouco 4 8 13.3 26.7 46.7 60.0
Nem Muito / Nem Pouco 6 6 20.0 20.0 66.7 80.0
Bastante 9 4 30.0 13.3 96.7 93.3
Extremamente 1 2 3.3 6.7 100.0 100.0
Total 30 30 100.0 100.0 100 100
Tabela 3: Pressão na atividade e pressão por parte dos colegas
41
A análise dos dados referentes à capacidade de superar dificuldades no
trabalho mostra que 26,7% não encontram nenhuma dificuldade, 16,7% muito pouca
dificuldade, 23.3% nem muita/nem pouca, 27.6% bastante e 6,7% extremamente.
Como a frequência acumulada até o ponto de indiferença, ou seja, o total
de pessoas que sentem nenhuma, muito pouco ou nem muito/nem pouca dificuldade
é de 66.7%, sugerindo que os indivíduos da amostra tendem a encontrar problemas
na superação das dificuldades do trabalho.
Na relação prazer-exaustão no exercício das atividades, os resultados mais
marcantes foram que 60% dos participantes afirmaram sentir prazer poucas vezes
ou somente às vezes. Em contrapartida, 36.7% afirmaram sentir exaustão poucas
vezes, 20% às vezes e 13,3% sempre.
Relativo à satisfação em prestar auxílio aos colegas de trabalho, 33.3%
mostraram-se muito insatisfeitos, 16,7% insatisfeito ou satisfeito, 10% indiferentes e
20% muito satisfeito.
40% dos participantes afirmaram achar muito pouco importante ajudar seus
colegas, enquanto que apenas 13,3% julgaram importante ajudar sempre.
Corroborando estes resultados, a frequência acumulada até a indiferença dos
atuantes em saúde mental, que confia no colega é de 69,0%, o que pode indicar um
certo receio ou individualidade na divisão do tratamento do paciente.
A tabela abaixo apresenta as porcentagens relativas às questões 43, 44, 45,
ou seja, felicidade, satisfação, desempenho.
Valor Felicidade (%) Satisfação (%) Desempenho (%)
Muito Insatisfeito 6.7 10.0 --
Insatisfeito 40.0 30.0 36.7
Indiferente 26.7 26.7 26.7
Satisfeito 20.0 30.0 26.7
Muito Satisfeito 6.7 3.3 10.0
Total 100.0 100.0 100.0
Tabela 4: Satisfação, Felicidade e Desempenho
No que se refere à valorização no ambiente de trabalho, os resultados foram
variados: 16,7 % afirmaram não se considerar valorizado, 20% poucas vezes
valorizado; 26.7% às vezes; 13,3% quase sempre e 23,3 % sempre valorizado.
42
Sentir-se incomodado ao perceber dificuldades na realização do trabalho,
apenas 3,3% afirmaram que nada sentem, contra 80% de frequência acumulada de
muito pouco à extremamente incomodado.
Outro resultado interessante é que 60% dos participantes afirmaram ser
poucas vezes, ou apenas às vezes, capazes de realizar suas tarefas, enquanto
apenas 13,3% afirmaram serem sempre capazes de fazê-las. Concordando com
esta informação, 53,3% afirmaram estar muito insatisfeitos ou insatisfeitos com sua
capacidade de realização de tarefas, sendo que, novamente, apenas 13.3%
mostraram-se muito satisfeitos com sua capacidade.
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ProfissionaisEstagiários
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interf.prob.pessoais
culpado
Os itens culpa e interferência dos problemas pessoais estão representadas no
gráfico acima. Neste caso, as variáveis foram separadas entre os grupos:
profissionais e estagiários. O interessante a ser notado é que os profissionais
conseguem diferenciar os problemas pessoais daqueles que são de suas atividades,
enquanto que os estagiários não. Por outro lado, no item culpa, a diferença é bem
menos discrepante.
Finalmente 36,7% dizem sentir nenhum desânimo, enquanto 36,7% dizem
sentir pouco ou apenas às vezes e 26,6% sentem desânimo sempre ou quase
sempre.
2.2- AMBIENTE DE TRABALHO :
No item satisfação ao chegar no local de trabalho, 46.7% afirmaram estar
satisfeitos e 33.3% satisfeitos, porém fatigados. Apenas 6.7% afirmaram muito
insatisfeitos e 13.3% fatigados. Nenhum participante afirma sentir-se extremamente
fatigado.
43
Uma outra observação importante é que 30% dos participantes
consideraram que não possuem materiais suficientes e adequados para a realização
de seu trabalho. Por outro lado, 46.7% consideraram que sempre possuem materiais
adequados.
43.3% dos participantes afirmaram que o ambiente físico de trabalho não é
nem muito/nem pouco agradável sendo que, apenas 6.7% afirmaram trabalhar num
ambiente físico extremamente agradável. Quanto ao local de trabalho ser agradável,
13.3% o considera desagradável, 30 % muito pouco agradável, 26.7% são
indiferentes, 20% o acham bastante agradável e apenas 10% extremamente
agradável.
Por fim, o “clima” no ambiente de trabalho, ou seja, o clima organizacional,
no ambiente de trabalho apresentou resultados bastante diversos, sumarizados na
tabela abaixo:
Afeição/Convívio Frequência Porcentagem
Não 4 13.3
Muito Pouco 9 30.0
Nem Muito / Nem Pouco 7 23.3
Bastante 6 20.0
Extremamente 4 13.3
Total 30 100.0
Tabela 5: Correlação entre Afeição e Convívio
No referente à segurança, 73.4% sentem-se satisfeito ou muito satisfeito com
a segurança no trabalho. Finalmente, no tangente a poder de decisão, 53.2%
consideraram possuir muito pouco o nem muito nem pouco poder de decisão,
enquanto que 30% consideram possuir bastante. Finalmente, apenas 10% dizem
possuir muito poder de decisão.
2.3- MOTIVAÇÃO :
Dos participantes, 76,7% dizem nunca se atrasar para o trabalho, sendo
que, apenas 10% se atrasam às vezes e 6.7% sempre se atrasam.
Quanto a se manter em atividade, 10% afirmaram não conseguir, 33.3% da
amostra muito pouco, 10% nem muito/ nem pouco, 23.3% bastante e 20%
extremamente. Como possível consequência do resultado acima, observamos que,
44
46.7% dos participantes não gastam muito tempo para realizar suas atividades, 30%
apenas às vezes e por fim, 3.3% sempre gasta tempo demais na execução de suas
atividades. Um resultado interessante obtido é que 16.7% afirmaram não gostar da
atividade que realiza, 50% gosta bastante e apenas 13.3% extremamente.
Em relação à autonomia sobre suas atividades, os resultados estão na tabela
abaixo:
Frequência Porcentagem Porcentagem Acumulada
Não 3 10.0 10.0
Muito Pouco 8 26.7 36.7
Nem Muito / Nem Pouco 10 33.3 70.0
Bastante 6 20.0 90.0
Extremamente 3 10.0 100.0
Total 30 100.0
Tabela 6: Autonomia
A vinculação da estabilidade financeira com o trabalho realizado apresentou a
seguinte distribuição:
Frequência Porcentagem Porcentagem Acumulada
Não 16 53.3 55.2
Muito Pouco 7 23.3 79.3
Nem Muito / Nem Pouco 1 3.3 82.8
Bastante 4 13.3 96.6
Extremamente 1 3.3 100.0
Total 29 96.7
Tabela 7: Estabilidade financeira.
Por grupos, ao compararmos as finanças dos indivíduos que já haviam
trabalhado com saúde mental com aqueles que nunca haviam trabalhado, obtivemos
o gráfico abaixo, onde se nota, como esperado, que as finanças influenciam àqueles
que já estavam envolvidos com o trabalho há mais tempo.
45
DUMMY
ProfissionaisEstagiários
Méd
ia d
a V
ariá
vel (
0-4)
1.4
1.2
1.0
.8
.6
.4
.2
0.0
Finanças
Participação
Anterior
Os resultados referentes à motivação foram compilados na tabela abaixo:
Motivação
Trabalhar
Motivação
Durante o Trabalho
Motivação
Ambiente de Trabalho
Motivação
Equipe
Porcentagens (%)
Não 3.3 0 3.3 3.4
Muito Pouco 43.3 63.3 30.0 17.2
Nem Muito / Nem Pouco 26.7 13.3 33.3 31.0
Bastante 26.7 23.3 30.0 31.0
Extremamente 0 0 3.3 17.2
Total 100 100 100 100
Tabela 8: Motivação no trabalho: vários aspectos
O gráfico abaixo representa estas mesmas informações, porém, separadas
por grupos:
46
DUMMY
ProfissionaisEstagiários
Mea
n
2.4
2.2
2.0
1.8
1.6
1.4
1.2
1.0
Motivação
Motivação Durante
o Trabalho
Motivação no
Ambiente de Trabalho
Motivação na
Equipe
Finalmente, quanto ao preparo para o exercício da função, obtivemos os
seguintes resultados:
Frequência Porcentagem Porcentagem Acumulada
Nada 1 3.4 3.4
Muito Pouco 5 17.2 20.7
Nem Muito / Nem Pouco 9 31.0 51.7
Bastante 9 31.0 82.8
Extremamente 5 17.2 100.0
Total 29 100.0
Tabela 9: Preparo no exercício da função
2.4 Equipe:
No tangente ao trabalho em equipe, verificou-se que 36.7% compartilham
muito pouco de suas idéias, 26.7%, nem muito nem pouco, outros 26.7% bastante,
sendo que 3.3% compartilham extremamente ou nada.
A importância revelada pelos participantes no que se relaciona à existência
do trabalho em equipe, tanto para os usuários/pacientes, quanto para eles próprios
como profissionais/estagiários apresentou a seguinte distribuição de freqüências:
47
Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem
Usuários Profissionais
Nada 13 43.3 13 43.3
Muito Pouco 0 0 0 0
Nem Muito / Nem Pouco 2 6.7 3 10.0
Bastante 3 10.0 3 10.0
Extremamente 12 40.0 11 36.7
Total 30 100.0 30 100.0
Tabela 10: Importância do trabalho em equipe
46,7% dos participantes afirmaram ser indiferentes em relação à influência
de problemas pessoais no funcionamento da equipe multidisciplinar, 16.7% acham
que há extrema influência, 26.6% dizem que este problema afeta muito pouco ou
nem muito nem pouco a equipe, e apenas 6.7% afirmaram que não afeta em nada.
Finalmente, os méritos dos funcionários da equipe encontram-se na tabela abaixo:
Frequência Porcentagem Porcentagem Acumulada
Nada 2 6.9 6.9
Muito Pouco 4 13.8 20.7
Nem Muito / Nem Pouco 5 17.2 37.9
Bastante 14 48.3 86.2
Extremamente 4 13.8 100.0
Total 29 100.0
Tabela 11: Méritos recebidos
2.5 Realização da Atividade:
Os resultados referentes à realização das atividades diárias e sobre a
abrangência destas consta da tabela abaixo:
Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem
Nada 3 10.0 6 20.0
Muito Pouco 9 30.0 4 13.3
Nem Muito / Nem Pouco 7 23.3 7 23.3
Bastante 8 26.7 6 20.0
Extremamente 3 10.0 6 20.0
Total 30 100.0 29 96.7
Tabela 12: Realização das atividades diárias e abrangência das mesmas
48
26.7% dos participantes afirmaram que não consegue terminar as suas
atividades diárias. Dos participantes que conseguem, 33.3% afirmaram que isto
ocorre poucas vezes e 30% quase sempre. Apenas 6.7% sempre terminam suas
atividades e 3.3% quase sempre.
Quanto à paciência para realização do trabalho e para com as pessoas
neste envolvidas, temos os seguintes resultados:
Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem
Não 8 26.7 6 20.0
Poucas Vezes 12 40.0 10 33.3
Às vezes 1 3.3 5 16.7
Quase sempre 7 23.3 5 16.7
Sempre 2 6.7 4 13.3
Total 30 100.0 30 100.0
Tabela 13: Paciência na atividade e para com os pacientes/usuários
Por grupos, observamos o seguinte:
DUMMY
ProfissionaisEstagiários
Mea
n
2.5
2.0
1.5
1.0
.5
paciencia ativd
paciencia pessoas
Os profissionais são mais pacientes do que os estagiários, seja na realização
de suas atividades individuais, seja nas coletivas. Passando à análise dos
problemas que ocorrem no trabalho, obtemos os seguintes resultados:
49
Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem
Não 3 10.0 3 10.0
Poucas Vezes 12 40.0 6 20.0
Às vezes 7 23.3 13 43.3
Quase sempre 4 13.3 4 13.3
Sempre 4 13.3 3 10.0
Total 30 100.0 29 96.7
Tabela 14: Problemas que ocorrem no trabalho
É interessante notar que, muitos dos participantes, possuem dificuldades em
enfrentar seus problemas, porém uma parcela maior consegue ajudar seus colegas
quando necessário.
Quanto ao apoio necessário à realização do trabalho, 16.7% afirmaram não
receber nenhum apoio, 16.7% recebem muito pouco apoio, 33.3% às vezes, 13.3%
quase sempre e 20.% sempre recebem o apoio necessário.
O item disponibilidade de informações está demonstrado na tabela abaixo:
Frequência Porcentagem
Não 6 20.0
Poucas Vezes 10 33.3
Às vezes 3 10.0
Quase sempre 4 13.3
Sempre 7 23.3
Total 30 100.0
Tabela 15: Disponibilidade de informações
Em seguida, a tabela abaixo compara a influência dos problemas pessoais
na realização do trabalho individual e no trabalho em grupo (comparação entre as
questões 62 e 63):
Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem
Nada 6 20.0 4 13.3
Muito Pouco 10 33.3 4 13.3
Nem Muito / Nem Pouco 3 10.0 8 26.7
Bastante 4 13.3 10 33.3
Extremamente 7 23.3 3 10.0
Total 30 100.0 29 96.7
Tabela 16: Influência de problemas pessoais
50
Relativo à satisfação com a resolução de conflitos no ambiente de trabalho
obteve-se:
Frequência Porcentagem Frequência Acumulada
Nada 1 3.3 3.3
Muito Pouco 4 13.3 16.7
Nem Muito / Nem Pouco 8 26.7 43.3
Bastante 8 26.7 70.0
Extremamente 9 30.0 100.0
Total 30 100.0
Tabela 17: Satisfação com a resolução de conflitos
Finalmente, a tabela abaixo compara a satisfação dos participantes nos
itens distribuição no local de trabalho e função e/ou atividade estar adequada ao
seu perfil:
Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem
Valor 3 10.0 12 40.0
Muito Insatisfeito 8 26.7 11 36.7
Insatisfeito 5 16.7 3 10.0
Indiferente 8 26.7 3 10.0
Satisfeito 4 13.3 1 3.3
Muito Satisfeito 28 93.3 30 100.0
Tabela 18: Distribuição de trabalho e adequação da função
51
Por grupos obtemos:
DUMMY
ProfissionaisEstagiários
Mea
n
2.5
2.0
1.5
1.0
.5
0.0
sat.dist.trabalho
satisf.função
GRUPO III. Eventos Influenciados Pelas Condições de Trabalho
Pela natureza similar das perguntas e a continuidade destas na amostra, os
resultados obtidos neste ítem estão resumidos nas tabelas abaixo:
Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem
Preocupação Perda de Sono Dificuldade com o Sono Dificuldade Continuar
Dormindo
Muito
Insatisfeito 11 36.7 20 66.7 17 56.7 21 70.0
Insatisfeito 3 10.0 1 3.3 2 6.7 2 6.7
Indiferente 8 26.7 5 16.7 5 16.7 3 10.0
Satisfeito 6 20.0 2 6.7 3 10.0 2 6.7
Muito
Satisfeito 2 6.7 2 6.7 3 10.0 2 6.7
Total 30 100.0 30 100.0 30 100.0 30 100.0
Tabela 19: Preocupação, Perda e dificuldade com o sono e de continuar dormindo
52
Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem
Noites Agitadas Disposição Geral Irritação ao Acordar Ao Pensar no Trabalho
Muito
Insatisfeito 14 46.7 6 20.0 12 40.0 1 3.3
Insatisfeito 4 13.3 13 43.3 5 12 10 33.3
Indiferente 5 16.7 2 6.7 7 5 10 33.3
Satisfeito 4 13.3 5 16.7 3 7 4 13.3
Muito
Satisfeito 3 10.0 3 10.0 3 3 5 16.7
Total 30 100.0 29 96.7 30 3� 30 100.0
Tabela 20: Noites agitadas; disposição geral, irritação ao acordar e ao pensar no trabalho
Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem
Feliz em Não Trabalhar Satisfação com o Salário
Muito Insatisfeito 2 6.7 1 3.3
Insatisfeito 3 10.0 2 6.7
Indiferente 6 20.0 12 40.0
Satisfeito 14 46.7 4 13.3
Muito Satisfeito 4 13.3 8 26.7
Total 29 96.7 27 90.0
Tabela 21: Felicidade em não trabalhar e satisfação com salário
GRUPO IV – FATORES LIGADOS A MUDANÇA
Os resultados relacionados a este item encontram-se na tabela abaixo:
Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem
Conciliação
Relacionamento
Familiar Atividades de Lazer Saídas de Casa
Não 8 26.7 10 33.3 8 26.7 12 40.0
Poucas Vezes 7 23.3 6 20.0 7 23.3 6 20.0
Às vezes 3 10.0 4 13.3 4 13.3 2 6.7
QuaseSempre 6 20.0 7 23.3 5 16.7 2 6.7
Sempre 5 16.7 3 10.0 6 20.0 8 26.7
Total 29 96.7 10 33.3 30 100.0 30 100.0
Tabela 22: Vida pessoal do trabalhador
53
Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem
Encontrar Amigos Atenção Dispensada Oportunidades Lazer Rotina de Casa
Não 9 30.0 8 26.7 4 13.3 5 16.7
Poucas
Vezes
10 33.3 3 10.0 14 46.7 4 13.3
Às
vezes
2 6.7 6 20.0 4 13.3 6 20.0
Quase
Sempre
7 23.3 8 26.7 6 20.0 5 16.7
Sempre 2 6.7 5 16.7 2 6.7 9 30.0
Total 30 100.0 30 100.0 30 100.0 29 96.7�
Tabela 23: Vida pessoal do trabalhador.
Frequência Porcentagem
Não 4 13.3
Poucas Vezes 1 3.3
Às vezes 12 40.0
Quase Sempre 5 16.7
Sempre 5 16.7
Total 27 90.0
Tabela 23: Vida pessoal do trabalhador.
GRUPO V. AVALIAÇÕES
Os itens mudanças e grau de satisfação em relação a possíveis mudanças
encontram-se na tabela abaixo:
Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem
Mudanças Condições de Atendimento Mudanças no Funcionamento da
Unidade
Grau de Satisfação com a
Modificação
Não 6 20.0 5 16.7 3 10.0
Poucas Vezes 7 23.3 8 26.7 2 6.7
Às vezes 9 30.0 8 26.7 9 30.0
Quase Sempre 4 13.3 3 10.0 6 20.0
Sempre 3 10.0 5 16.7 9 30.0
Total 29 96.7 29 96.7 29 96.7
Tabela 24: Satisfação em relação a possíveis mudanças ocorridas
54
Relativo à avaliação da qualidade de vida obtemos os seguintes resultados:
3.33% dos participantes consideraram muito ruim, 33.3% ruim, 36.7% são
indiferentes, 23.3% boa e apenas 3.3% muito boa. Para a qualidade do atendimento
no local de trabalho 6.7% consideram a qualidade muito ruim, 20% ruim, 36.7% são
indiferentes, 23.3% boa e 10% muito boa.
Estes resultados parecem muito negativos, sendo necessária uma
investigação mais subjetiva para podermos relacionar com um quadro de estresse.
Finalmente, quanto ao desejo de mudança de instituição, 20% não sentem vontade,
6.7% poucas vezes, 26.7% às vezes, 26.7% quase sempre e 16.7% sempre.
A capacidade atual de trabalho encontra-se na tabela abaixo:
Frequência Porcentagem
Muito Ruim 3 10.0
Ruim 7 23.3
Indiferente 3 10.0
Boa 15 50.0
Muito Boa 2 6.7
Total 30 100.0
Tabela 25: Capacidade de trabalho
GRUPO VI – SINTOMAS EXPLÍCITOS
Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Dores Falta de Apetite Tremores/Fraqueza Inquietação
Não 12 40.0 25 83. 17 56.7 9 30.0 Poucas Vezes 4 13.3 1 3.3 4 13.3 4 13.3 Às vezes 7 23.3 4 13.3 6 20.0 9 30.0 QuaseSempre 5 16.7 -.- -.- 3 10.0 7 23.3 Sempre 2 6.7 -.- -.- -.- -.- 1 3.3
Total 30 100.0 30 100 30 100 30 100.0
Tabela 26: Sintomas físicos observados I
Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Falta de ar Palpitações Boca Seca Mãos Frias
Não 25 83.3 24 80.0 23 76.7 21 70.0 Poucas Vezes 2 6.7 2 6.7 1 3.3 3 10.0 Às vezes 1 3.3 2 6.7 4 13.3 3 10.0 QuaseSempre -.- -.- 2 6.7 1 3.3 2 6.7 Sempre 2 6.7 -.- -.- 1 3.3 1 3.3
Total 30 100.0 30 100.0 30 100.0 30 100.0
Tabela 27: Sintomas físicos observados II
55
Frequência PorcentagemFrequência PorcentagemFrequênciaPorcentagemFrequência Porcentagem Sudorese Náuseas Rubor/Calafrios Bolo na Garganta
Não 27 90. 18 60.0 22 73.3 17 56.7 Poucas Vezes -.- -.- 4 13.3 4 13.3 1 3.3 Às vezes 2 6.7 7 23.3 3 10.0 6 20.0 QuaseSempre -.- -.- 1 3.3 4 13.3 Sempre 1 3.3 1 3.3 -.- -.- 2 6.7 Total 30 100.0 30 100.0 30 100.0 30 100.0
Tabela 28: Sintomas físicos observados III
Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Memória Prejudicada Diarréia
Não 9 30.0 26 86. Poucas Vezes 2 6.7 -.- -.- Às vezes 11 36.7 2 6.7 Quase Sempre 4 13.3 1 3.3 Sempre 4 13.3 1 3.3 Total 30 100.0 30 100.0
Tabela 29: Sintomas físicos observados IV
56
IV. DISCUSSÃO
Seguindo a tendência observada na revisão bibliográfica, o presente estudo
assumirá uma perspectiva psicossocial.
O estresse pode ser definido como uma reação muito complexa, composta de
alterações psico-fisiológicas que ocorrem quando o indivíduo é forçado a enfrentar
situações que ultrapassem sua habilidade de enfrentamento (Lipp, 1997). A função
destas respostas é a adaptação do indivíduo à nova situação, gerada pelo estímulo
desafiador. O estresse pode produzir efeitos negativos como a fadiga, tensão
muscular, entre outros; que podem aparecer não só quando ocorre uma experiência
trágica, como a morte de algum amigo ou parente, mas também em outras situações
diversas, como mudanças de emprego, trabalho com excesso de tarefas que devem
ser realizadas em curto espaço de tempo, pressão constante no trabalho, exigências
ocupacionais exageradas e outros fatores (Everly, 1995).
O que determina se os sintomas de estresse vão ocorrer é a capacidade do
organismo de atender às exigências do momento, independentemente, destas
serem de natureza positiva ou negativa. A resistência aos desafios enfrentados é
também influenciada consideravelmente pelas estratégias de enfrentamento, ou
coping, presentes no repertório da pessoa, como fora citado anteriormente pela
bibliografia estudada.
O processo do estresse se divide em três fases: alerta ou alarme, resistência
e exaustão, sendo que os sintomas se diferenciam dependendo da seriedade do
estresse. Inúmeras complicações podem surgir como parte de reações a situações
estressantes: arteriosclerose, distúrbios no ritmo cardíaco, enfarte e derrame
cerebral. Outras doenças que podem ocorrer em função do estresse são diabetes,
câncer (em face de diminuição da imunidade), úlceras, gastrites, doenças
inflamatórias, colites, problemas dermatológicos (micoses, psoríase, queda de
cabelo), problemas relacionados à obesidade e problemas sexuais como impotência
e frigidez entre outros. Além das patologias físicas e mentais que podem ocorrer, há
também uma queda na habilidade de se concentrar e de pensar de modo lógico com
conseqüente queda da produtividade.
Adotando a perspectiva psicossocial, toma-se a síndrome de burnout como
um processo, no qual os aspectos do contexto de trabalho e interpessoais
contribuem efetivamente para o seu desenvolvimento e que se iniciam com quadros
de estresse ocupacionais comuns.
57
O conceito mais aceito nesta perspectiva é o adotado por Maslach e
Jackson (conforme citação de Maslach, 1994, p. 61 e Robayo-Tamayo, 1997, p. 6),
segundo os quais, a referida síndrome consiste em "uma reação à tensão emocional
crônica por tratar excessivamente com outros seres humanos, particularmente
quando eles estão preocupados ou com problemas".
Trata-se de uma síndrome multidimensional, caracterizada por três
componentes no qual o processo se inicia com o desenvolvimento dos sentimentos
de baixa realização pessoal e esgotamento emocional em paralelo. Posteriormente,
em resposta a ambos, como uma estratégia de afrontamento ou defensiva, instala-
se a despersonalização.
Constitui-se em uma fase final ou um tipo específico de reação ao estresse
ocupacional prolongado, que envolve atitudes e comportamentos negativos com
respeito aos clientes, ao trabalho e à organização. Associa-se à busca de significado
existencial para o trabalho (pessoas altamente motivadas para o trabalho).
Os resultados encontrados neste estudo chamam atenção, por sua vez, para
a importância da organização como mediadora do referido relacionamento entre as
variáveis, o que se coaduna com a tendência na revisão bibliográfica de priorizar
aspectos organizacionais (coletivos e mais amplos) em oposição aos aspectos mais
individualizados e restritos. Também concordam com as sugestões de Maslach e
Leiter (1997/1999) de enfatizar a promoção dos valores humanos como estratégia
preventiva do estresse e da síndrome de burnout.
Muitos itens analisados podem ser considerados importantes e indicativos
de estresse, principalmente, se combinados; portanto não será possível neste
estudo realizar tal análise. Assim, será dado destaque para alguns deles, para os
mais discrepantes e àqueles que demonstraram, em algum grau, a ligação entre o
tipo de organização do trabalho e o estresse (ou indicativo dele) dos profissionais
que participaram deste estudo.
Existem alguns indicadores de estresse, os quais estão presentes nos itens do
inventário e que puderam ser analisados, confirmando sua presença ou não, na
amostra do estudo. São eles: queda da eficiência, ausências repetidas, insegurança
nas decisões, protelação na tomada de decisões, sobrecarga voluntária de trabalho,
uso abusivo de medicamentos, irritabilidade constante, explode facilmente, grande
nível de tensão, sentimento de frustração, sentimentos de onipotência, desconfiança
eclosão ou agravamento de doenças (França & Rodrigues, 1997)
58
A situação estressante também pode ser detectada no funcionamento dos
grupos e organizações. No caso dos grupos: competição, politicagem,
comportamento hostil com as pessoas, perda de tempo com discussões inúteis,
pouca contribuição no trabalho, membros trabalham isoladamente, problemas
comuns não são compartilhados, alto nível de insegurança e grande dependência do
líder. Nas organizações: greves, atrasos constantes nos prazos, ociosidades,
sabotagem, absenteísmo, alta rotatividade de funcionários, altas taxas de doenças,
baixo nível de esforço vínculos empobrecidos, relacionamento entre funcionários
caracterizados por: rivalidades, desconfiança, desrespeito, desqualificação. (França
& Rodrigues, 1997)
Existem alguns fatores estressantes evidentes no trabalho: liderança do tipo
autoritária, execução de tarefas sob pressão, falta de conhecimentos no processo de
avaliação de desempenho e de promoção, carência de autoridade e de orientação,
excesso de trabalho, grau de interferência na vida particular que os trabalhadores
podem ter.
Ainda acrescenta-se a estes o conflito entre a organização e o indivíduo:
metas e estrutura da organização versus as necessidades individuais de autonomia,
realização e identidade; e a produção em larga escala (que no caso da saúde
publica, vemos nos atendimentos em massa e de forma rápida, para que possa ser
atendido o maior número de pessoas possíveis, como se este fosse um indicador de
qualidade para a população ou para aos profissionais) versus a satisfação no
trabalho individual.
A análise desta pesquisa será feita através de considerações dos itens mais
importantes que abordam os fatores causadores de estresse, levando-se em
consideração o modelo biopsicossocial, numa análise qualitativa, mas que se apóia
em dados reais analisados também quantitativamente.
Constatou-se na análise do primeiro grupo de itens que a frequência de
trabalho variou devido à participação de estagiários, os quais não tem tantos
horários a serem cumpridos nas instituições, mas destaca-se que uma quantia
razoável de participantes (33,3%) trabalha todos os dias atendendo os
pacientes/usuários. O tipo de atividade e a quantidade em que o mesmo ocorre é um
fator importante que pode causar algum dano, físico ou psíquico para o trabalhador,
seja ele de qualquer área, e por isto, qualquer organização deve estar atenta para
que seus funcionários não fiquem sobrecarregados e esteja atuando em funções
59
adequadas. Além disto, uma pausa durante a atividade sempre ajuda na dinâmica
do trabalho, mesmo que seja pequena, por isto, vê-se que é importante verificar esta
questão nas unidades em que houve participação neste estudo, já que 36,7% dos
participantes afirmaram não ter nenhuma pausa durantes suas atividades.
” Se uma parada no trabalho não vem interromper a evolução
do processo, se nenhuma modificação da organização do trabalho
intervem, então a fadiga desembocará na patologia” E logo, a seguir
afirma: “ duas modalidades são aqui possíveis, em função da
estrutura mental: a descompensação somática ou a
descompensação psiconeuróticas. A sobrecarga psíquica produzira
um delírio, se se tratar de uma estrutura (de personalidade)
psicótica, uma depressão se se tratar de uma estrutura neurótica”
((Camon, Silva, Steiner & Silva,1986, pág.69)
Em relação à autonomia, constatou-se que há algum problema, pois 26.7%
afirmaram não ter nenhuma e 33,3% nem pouca /nem muita, ou seja, não
conseguem nem ter a dimensão se estão tendo ou não domínio sobre sua própria
atividade e este é um forte fator gerador de estresse, pois quando não há nenhum
tipo de autonomia, o trabalhador pode estar sofrendo e o trabalho pode se tornar
“penoso”, pois o “trabalhador não é o sujeito da situação” (Sato, 1991)
Em organizações em que o trabalho é desenvolvido de forma coercitiva muitos
potenciais podem ser desperdiçados, pois não são exercitados nas atividades, em
função da forma como o trabalho é organizado, principalmente a impossibilidade de
uso da criatividade, a falta de autonomia, a ocorrência de tarefas enfadonhas e
arbitrariamente decididas em seu ritmo, intensidade e duração, além das relações de
trabalho serem fragmentadas e competitivas. Isto se configura em trabalho alienante.
O segundo grupo traz questões muito importantes, pois se trata dos temas
sentimentos em relação ao trabalho, motivação e prazer.
Em relação ao sentimento de satisfação no trabalho, pode ser verificado que
uma parcela considerável sente-se satisfeita, mas 36.7% dos participantes estão
também fatigados. Destaca-se o período final de trabalho em que mais da metade
(56.7%) encontra-se insatisfeito e que esta sensação ocorre desde o inicio das
atividades clínicas destes participantes na mesma porcentagem, nas suas
60
respectivas unidades em que trabalham. Estes dados indicam que estes
profissionais e estagiários já podem estar em uma linha limite de inicio ou
continuidade do desenvolvimento de um quadro de estresse.
Se o trabalho impede a adequada descarga de tensão, via exercício da
atividade mental, em função do conteúdo e organização, parte desta tensão será
represada, acumulando-se no aparelho mental, causando mais tensão, desprazer e
sofrimento, o que pode conduzir à fadiga. Outra parte da energia transborda e será
descarregada pelas vias locomotora e vegetativa. Sobrecarregando-se estas vias
como consequência poderá haver o desencadeamento ou reagudização de diversas
doenças. (França & Rodrigues, 1997)
A fadiga patológica pode dar lugar a depressões profundas, crises de agitação
psicomotora, reações psicóticas e outros quadros de sofrimento mental. Dejours
(1980), visualizando de maneira crucial a importância dos fatores emocionais e de
interação social originados pela organização laboral, afirmou que todo o excesso de
carga psíquica conduziria ao aparecimento de fadiga e de sofrimento. Outros fatores
são acrescentados - o cansaço, a indisposição geral e desânimo para a não
participação em atividades de lazer, ficando o individuo, restrito ao repouso em suas
horas “livres” (horas que na verdade são invadidas pelas conseqüências do trabalho)
(Camon, Silva, Steiner & Silva, 1986, pág.85)
Relativo ao item concentração de trabalho, os dados mostraram um equilíbrio
entre os extremos; tal fato nos mostra que seria preciso verificar quais são as
variáveis que levam a esta diferença entre grupos de atuantes, para que fosse feita a
correção adequada da situação; e que todos pudessem manter-se concentrados em
suas atividades, levando-se em consideração que este é um fator muito subjetivo,
pois pode envolver problemas individuais e pessoais. Isto também ocorreu com o
fator completar as atividades no horário de trabalho estipulado, mas neste caso,
deve ser observada a organização do trabalho e quais são as variáveis que devem
ser modificadas para que todas as atividades sejam completadas diariamente.
Para os fatores afeição e convívio, verificou-se que os participantes mantêm
um certo equilíbrio em suas atitudes, pois a maior porcentagem aparece na média,
ou seja, não há nem pouca e nem muita afeição dos participantes e um número bem
baixo afirma que é extremamente afetuoso e assinala também isto para o fator
convívio, indicando, portanto, que o convívio nas unidades/instituições em que
atuam não está ocorrendo de maneira adequada e saudável.
61
O fator medo para realizar suas atividades não teve altas porcentagens,
mostrando que os participantes estão sentindo-se capacitados para exercer suas
atividades e sem restrições para enfrentar os problemas diários de seu trabalho.
Relativo a pressão no trabalho, que pode ser considerado um dos fatores mais
importantes da causa de estresse, obteve-se dados, os quais nos indicam que a
pressão mais sentida pelos participantes é a que ocorre por parte dos próprios
colegas, apesar de ser bem alto o percentual de pressão durante as atividades. É
como Dejours afirma, a “idéia” que os trabalhadores tem de si mesmos é muito
importante, pois eles criam uma imagem de profissional que deve ser mantida e
respeitada conforme uma hierarquia real ou ideal de cada organização. Então, neste
caso temos a imagem nítida de que isto realmente ocorre nas organizações, pois o
conceito que os colegas de trabalho tem uns dos outros se torna fator de pressão no
trabalho.
Em relação ao fator prazer no exercício das atividades temos outro dado
muito importante, que pode caracterizar um quadro de estresse. Os dados indicam
que mais da metade dos participantes sentem prazer poucas vezes, ou somente às
vezes. Em contrapartida, para o fator exaustão, os dados não são tão significativos,
comparados com o de prazer, pois poucos participantes sentem exaustão nas suas
atividades, sempre ou às vezes. Assim, seria necessário mais algum tipo de análise
destes itens, pois eles apresentaram-se com dados antagônico e são um dos
maiores geradores de estresse ocupacional. O sentimento de desprazer pode levar a
sérias conseqüências psicopatológicas para o indivíduo que não tiver como canalizar
sua energia e puder adaptar-se a situação de trabalho.
“...Dejours considera que, embora tendo ação basicamente
desencadeante, a vida laboral também pode ter uma ação
“favorecedora do aparecimento de uma descompensação”. E que,
para a manifestação da psicopatologia, “entram em jogo, três
componentes da relação homem/organização: a fadiga ...o sistema
frustração/agressividade reativa que deixa sem saída uma parte
importante da energia pulsional; e a organização do trabalho, enquanto
correia de transmissão de uma vontade estranha que se opõe aos
investimentos pulsionais e à sublimações”. E seria pelo bloqueio
crônico imposto à livre vida mental que a organização do trabalho
62
agiria, possivelmente, para exercer a ação predisponente sobre as
crises psiconeuróticas”. (Camon, Silva, Steiner & Silva, 1986,
pág.68,69)
A análise dos dados mostrou um importante indicador de que pode estar
havendo algum problema na organização do trabalho do serviço em saúde mental
do município de São Carlos, pois houve um percentual considerável (40%) de
participantes que afirmaram não achar importante ajudar seus colegas de trabalho e
um alto percentual (69%) que não confia nos mesmos. Estes dados, possivelmente
indicam que as relações de trabalho e de convivência estão em crise e isto pode
levar a sérios problemas internos nas unidades onde ocorre este atendimento.
Estes dados comprovam até aqui a existência de expressões diretas de
sofrimento, tais como apresentadas por Dejours (1994): destruição muito
preocupante da confiança recíproca, da unidade e da solidariedade, o que constitui
um a formas direta de expressão das tensões e do sofrimento e o desenvolvimento
de um “individualismo” e de um fechamento de cada um em sua esfera privada.
Sublinhando que este fechamento individualista, que certamente é uma válvula de
segurança, é também causa de sofrimento nas relações de trabalho e o sinal de uma
desorganização dos vínculos afetivos e profissionais entre os trabalhadores.
Atualmente, está sendo dada uma ênfase ao trabalho em equipe, em qualquer
tipo de organização, mesmo assim, verificou-se neste estudo, que onde ocorre este
tipo de trabalho, o mesmo pode estar sendo desenvolvido de forma totalmente
incorreta e sem alcançar os objetivos a que se destina, ou seja, uma melhora nas
relações de trabalho, maior produção e uso do conhecimento e melhor qualidade no
atendimento dos usuários/pacientes ou qualquer outro serviço prestado à
comunidade.
Outros fatores que corroboram com os dados anteriores são os verificados
em relação à felicidade, satisfação e desempenho no trabalho, pois os maiores
percentuais estão nos itens insatisfeito e indiferente.
Ainda obteve-se um alto percentual de participantes que poucas vezes ou ás
vezes sentem se capazes de realizar suas atividades e confirmando este dado, mais
da metade admitiu estar insatisfeita ou muito insatisfeita com sua capacidade de
realização de tarefas do dia-a-dia.
63
Em relação à interferência de problemas pessoais e ao fator culpa, foi
possível realizar a análise entre profissionais e estagiários e a conclusão foi de que
profissionais conseguem, realmente, manter separadas as questões pessoais das do
trabalho mais facilmente que os estagiários, os quais estão começando na atividade
e, provavelmente, não tem ainda muitas habilidades para tratar com os problemas
do dia-a-dia. Mas em relação á culpa, os dados são parecidos, ambos os grupos
conseguem não se sentir culpados durante suas atividades.
Maslach e Leiter (1997/1999) enfatizam os fatores do ambiente de trabalho,
defendendo que a identificação dos desencadeadores permite o planejamento de
ações preventivas. Apresentam, então, uma sistematização das principais causas da
síndrome de burnout, destacando os seguintes aspectos: o excesso de trabalho, a
falta de controle, remuneração insuficiente, colapso da união, ausência de equidade
e valores conflitantes. Quanto ao excesso de trabalho, refere-se tanto a excesso de
volume como no excesso pela qualidade e/ou diversidade de tarefas.
Em relação aos valores conflitantes, não se considera pertinente apenas o
exame dos conflitos entre valores dos empregados e da instituição como um todo,
mas também entre valores declarados e a prática da organização. Recomenda-se,
explicitamente, que seja apreciada a coerência entre valores atribuídos como ideais
à organização, a missão, os objetivos e as políticas organizacionais.
Relativo ao ambiente de trabalho, tanto quanto o físico, quanto ao clima entre
os colegas e pacientes/usuários atendidos, percebe-se que, aproximadamente,
metade dos participantes não está satisfeita e uma considerável parcela (33.3%)
acha-se fatigada quando está no seu local de trabalho. Apenas 20% dos
participantes consideram um ambiente agradável para se trabalhar. Sentir-se bem
no ambiente de trabalho é preponderante para que o mesmo não seja prejudicial,
pois se o individuo se percebe sem material/informação, sem acesso às decisões
mais corriqueiras, sem o apoio quando necessário e também sem estar em um local
onde sinta, que há pelo menos um certo grau de coleguismo, e um mínimo grau de
boa convivência; ele não poderá ter uma vida saudável.
Ainda neste sentido, observou-se que mais da metade dos participantes
afirmam que tem muito pouco poder de decisão. Estes dados confirmam a
importância de uma melhor análise das condições e organização do trabalho nas
unidades de atendimento em saúde mental do município de São Carlos, para que
sejam encontradas as falhas e seja refeito o seu planejamento.
64
Um fator positivo apontado pelos participantes é a segurança, quase todos
(73,4%) sentem-se seguros em seu ambiente de trabalho. Isto é muito importante,
pois a segurança no trabalho é fundamental, tanto pelo cuidado físico, quanto pelo
mental.
A grande maioria dos participantes afirmou nunca se atrasar para o trabalho,
este seria um fator bem positivo, mas em contrapartida mais da metade não
consegue manter-se em atividade (concentrados, engajados, sentindo
prazer/realização) ou mantêm-se muito pouco e uma das conseqüências visíveis
neste trabalho é que quase metade não gasta muito tempo com suas atividades, ou
seja, faz tudo bem rápido, de maneira que seja somente quantidade e não qualidade
do seu serviço.
Em contrapartida, a metade afirmou gostar muito do que faz, percebe-se,
então, que profissionais e estagiários da área não conseguem ainda perceber-se
dentro da própria organização.
É importante ressaltar que seria necessário um estudo mais aprofundado da
questão da motivação, pois pode haver interferências variadas nas respostas dos
participantes, ou por desconhecimento dos seus próprios sentimentos, ou por medo
ou por estar já em algum grau “desinteressado”, a ponto de não se importar com o
que acontece a sua volta, deixando que o tempo passe sem procurar modificar seu
ambiente de trabalho.
Como afirmou Dejours (1992): ...” a boa qualidade da relação motivação
satisfação e, particularmente, o prazer proveniente do conteúdo significativo e
simbólico do trabalho são absolutamente necessários à manutenção da performance
“ergonômica” e à atenuação do medo. Para ser perfeita,a adequação homem-
trabalho exige não apenas um conteúdo excepcionalmente interessante da tarefa,
mas também uma seleção rigorosa entre os candidatos à profissão...”
Outro item que influência fortemente a motivação é o salário ou a condição
financeira que a atividade proporciona, observou-se que isto é fato, já que para
aquele s que recebem salários, ou seja, os profissionais realmente sentem-se mais
motivados para o trabalho.
Quando a análise passa para questões mais primordiais da motivação, que
são àquelas referentes ao trabalho em si, verifica-se que quando as questões se
direcionam para a individualidade dos participantes, estes se sentem nada ou pouco
motivados em sua maioria, mas quando a questão abrande o coletivo, uma grande
65
parcela dos participantes acreditam e afirmam que a equipe com a qual trabalha
esteja motivada.
Relativo a estar preparado para exercer a função, os participantes
praticamente, se dividiram. Este deveria ser um fator a ser reconsiderado, pois estar
seguro de que é capas de cumprir suas tarefas é muito importante para auto-estima
e para que haja melhor engajamento do trabalhador.
O item equipe também demonstrou dados importantes das organizações em
saúde mental de São Carlos, pois mais da metade considera que não tenha
nenhuma participação ou quando há alguma é muito pouca e somente 26.7%
afirmou que a participação seria bastante. É muito importante que a equipe seja
coesa e que não haja diferenças hierárquicas, pois as equipes devem ser criadas
para melhorar os atendimentos dos pacientes, já que devem ser atendidos de forma
biopsicossocial.
Ainda há muito que desenvolver nos futuros e nos já profissionais quanto ao
bom funcionamento de uma equipe, pois no item importância da equipe para os
mesmos, praticamente, a mesma porcentagem, que seria a metade do total de
participantes, afirmou que não acha importante tanto para os pacientes/usuários,
quanto para eles mesmos.
Para o item influência de problemas pessoais na equipe, metade afirmou que
não existe e uma parcela pequena acha que não tem nenhum tipo de influência. E
também afirmam que existe algum tipo de reconhecimento ou mérito aos
participantes das equipes.
Relativo ao trabalho em grupo ou individual, os participantes afirmam que há
menor influência no trabalho em grupo, isto poderia ser um indicativo de que há um
certo grau de individualismo.
No entanto, a maioria consegue terminar suas atividades diárias somente
poucas vezes ou quase sempre, indicando o que já foi exposto acima, a respeito da
falta de concentração, e de manter-se em atividade.
Em relação ao fator ao item paciência, para a realização do trabalho a
maioria respondeu que não tem paciência ou ela é pouca, mas em relação aos
pacientes/usuários, a porcentagem variou de forma equilibrada entre não ter
paciência e ter extremamente. Isto demonstra certa conscientização dos
participantes em relação aos pacientes, por saberem que devem receber cuidados
que almejam também a paciência tanto no pronto atendimento, quanto durante o
66
tratamento terapêutico que, realmente, existem problemas a serem tratados relativos
às condições/organização do trabalho, pois se este se tornou fato de impaciência, é
porque não está contemplando os interesses e sendo prazeroso para aqueles que
trabalham na área de saúde mental do município de São Carlos.
Ainda nesta questão, percebe-se uma diferença entre estagiários e
profissionais quando se trata de atividades individuais ou coletivas, pois os dados
demonstram que os profissionais são mais pacientes.
Também, uma maioria possui dificuldades para enfrentar seus problemas,
ficam protelando, deixando de resolvê-los, provavelmente por medo de tentar
algumas mudanças no sistema e por entraves burocráticos e políticos. Mas em
compensação, uma grande parte consegue auxiliar seu colega se necessário.
No apoio para realização do trabalho, os participantes estão mais
equilibrados e em alguns momentos conseguem receber o apoio necessário. Mas
para receber informações no trabalho, apresentam muita dificuldade, o que pode
advir de motivos variados, como a falta de comunicação, de tempo disponível e
programado, a falta de confiança, de coleguismo, entre outras.
Na questão de resolução de conflitos no trabalho mais da metade da
amostra esta satisfeita com a mesma.
Finalizando este grupo de questões, foi abordado o item que trata da
satisfação dos participantes com sua distribuição de trabalho e com sua função,
observando-se que a maior parte está satisfeita com a distribuição, mas não com a
sua função exatamente. Comparando os dois tipos de participantes, obteve-se que
os estagiários estão bem menos satisfeitos com suas funções, do que os
profissionais. Este resultado, provavelmente deve-se ao fato de que como
estagiários ainda são atuantes que não estão totalmente preparados para todo e
qualquer tipo de atividade na área, ainda não passaram pelos problemas do dia-a-
dia do atendimento em saúde mental, portanto mais suscetíveis a sentirem-se
desagradados com suas funções.
Iniciando o grupo seguinte, o estudo é remetido a questões de preocupação
gerada pelo trabalho e outras mais relativas à sua influencia em demais setores da
vida pessoal do trabalhador.
Relativo ao item preocupação uma parcela considerável (46.7%) dos
participantes está levando preocupações para casa após o trabalho e isto gera
conseqüências em sua vida. Mais da metade (70%) dos participantes está perdendo
67
o sono, ou seja, não consegue ter um sono tranqüilo, mantendo a mesma
porcentagem para aqueles que estão com dificuldades durante o sono e para
continuar dormindo, após terem acordado uma vez. Confirma-se estes dados pelas
porcentagens encontradas: 70% da amostra está muito insatisfeita com as
dificuldades para continuar dormindo e 56.7% também se encontra muito insatisfeita
com suas dificuldades com o sono.
A disposição geral que os participantes possuem atualmente também está
prejudicada, pois 63.3% sentem-se muito insatisfeitos (20%) ou insatisfeitos (43.3%)
com a mesma, sendo este um indicativo de que os problemas no trabalho afetam o
individuo de forma global, pois esta questão abrange todas as áreas da vida do
participante.
A irritação, como um dos fortes fatores de estresse, aparece em altas
porcentagens. Os participantes indicaram que se sentem muito irritados ao acordar e
uma parcela considerável deles também se sente irritada quando pensa no trabalho
Complementando estas informações e dados, os participantes indicam que se
sentem felizes em não ir trabalhar e que são em parcela considerável (40%)
indiferente ao seu salário, o que pode ser um fator preocupante, pois o salário é o
meio pelo qual qualquer individuo trabalhador obtém o seu sustento e de sua família,
e se o mesmo torna-se indiferente, pode ser indicativo de outros problemas a serem
descobertos e sanados, como o estresse.
O quarto grupo de questões menciona quesitos como vida familiar e lazer.
Pelos dados dos participantes, quase metade deles (46.7%) não está satisfeita ou
consegue conciliar sua vida familiar com a laboral. Mais da metade (53.3%) também
não consegue manter um bom relacionamento familiar, mesmo que seja algumas
vezes.
O lazer também está sendo prejudicado, pois 50% dos participantes
afirmaram que não tem atividades de lazer ou tem poucas vezes. Além de que 40%
dos participantes afirmaram que não saem de casa e 20% sai poucas vezes para
atividades que não seja de trabalho, e o encontro com amigos também tem ocorrido
pouco ou nenhum vez. As oportunidades de lazer estão em geral prejudicadas, mas
a atenção dada aos familiares e a rotina de casa não.
O próximo grupo trata da importante questão da avaliação das condições de
trabalho e de como ele está ocorrendo, focando principalmente a questão de
mudanças, mas observando também a qualidade de vida.
68
Analisando os resultados obtidos observa-se que os participantes estão
satisfeitos com as mudanças, mas uma parcela expressiva acredita que as
mudanças foram mais gerais, mas não especificamente nas unidades em que
atuam.
A qualidade de vida também foi considerada ruim por quase metade da
amostra e uma parcela considerável de 36.7% considera este item com indiferença,
não sabe avaliar o que é um indicio de falta de percepção de direitos e de ver
possibilidades de mudanças em sua profissão e em seu ambiente de trabalho como
um todo.
A qualidade de vida no trabalho é uma compreensão abrangente e
comprometida das condições de vida no trabalho, que inclui aspectos de bem-estar,
garantia da saúde e segurança física, mental e social, e capacitação para realizar
tarefas com segurança e bom uso de energia pessoal. Não depende só de uma
parte, ou seja, depende simultaneamente do indivíduo e da organização, e é este o
desafio que abrange o indivíduo e a organização.
Na qualidade do atendimento, os dados são um pouco mais equilibrados,
mas a resposta indiferente permanece com alto grau de preenchimento e,
provavelmente, pelos mesmos motivos acima, ou seja, esta parcela de participantes
não possui um critério de avaliação consistente.
A mudança de instituição teve dados equilibrados; praticamente metade da
amostra afirmou que tem algumas vezes ou sempre vontade e a outra metade afirma
que não. Este grupo termina com um dado positivo em que mais da metade dos
participantes considerou sua capacidade de trabalho atual boa ou muito boa.
O último grupo trata da sintomatologia física do estresse, ou seja, dos
sintomas explícitos que atingem o organismo do indivíduo. Nenhum dos sintomas
investigados apresentou altas porcentagens de ocorrência. Para náuseas, bolo na
garganta e memória prejudicada uma parcela de 30% dos participantes, em média,
respondeu que às vezes apresenta estes sintomas.
VI.CONCLUSÃO
69
Muitas transformações no mundo do trabalho têm ocorrido, entre as quais
estão as referentes à tecnologia, aos estilos de gestão organizacional, à
transitoriedade do emprego e ao crescimento na importância do setor de serviços no
cenário econômico. Constroem-se novas formas de organizar o trabalho e relações
do ser humano com o mesmo. Cargos com atribuições mais variadas e mais
complexas, estruturas com menos níveis hierárquicos e mais responsabilidades na
base da pirâmide e maior atenção à relação do trabalhador com o usuário
demandam novas exigências de qualidade na execução das tarefas, mais
qualificação e novas competências do trabalhador.
Estas transformações do mundo do trabalho concretizam-se também no
setor de prestação de serviços de saúde pública, e especificamente no de Saúde
Mental. À medida que se focaliza a relação com o usuário e as novas competências
do trabalhador, percebe-se que a tendência é necessitar da criatividade, da
capacidade reflexiva do próprio trabalhador, de seu efetivo envolvimento e, em
última análise, de sua própria saúde. Em outras palavras, a saúde mental deste
trabalhador passa, então, a ser necessidade da organização para atingir seus
objetivos, quando por políticas de redução de custo subtrai-se o amparo ao
trabalhador e amplia-se a ameaça do desemprego. Forja-se, assim, a relevância
sócio-econômica para os estudos sobre a saúde mental no trabalho focalizando os
profissionais desta área.
O trabalhador não chega à empresa/organização como uma nova máquina,
tem uma história de vida que gera aspirações, desejos, motivações, necessidades
psicológicas e interage com sua historia passada. Isto tudo confere ao individuo
características únicas e pessoais.
Foram demonstradas em várias pesquisas as evidentes correlações entre o
estresse no trabalho e a existência, no ambiente de trabalho, dos estressores
psicossociais dos tipos ambigüidade, sobrecarga e conflito de papéis e insuficiência
de recursos, com as seguintes conseqüências: maior insatisfação no trabalho com
pouco vinculo em relação a ele e tendência a abandonar o emprego; pouca
confiança na organização; pouca motivação para mudanças; maior incidência de
problemas psicossomáticos.
Maslach e Leiter (1997/1999) discutem os custos implicados na indiferença ao
problema por parte da organização e defendem que a melhor forma de preveni-lo e
tratá-lo é considerá-lo como problema coletivo e organizacional e não como
70
individual. Seria pertinente contra-argumentar que na conjuntura atual, na qual se
refazem as oportunidades de emprego, conseqüências como a propensão ao
abandono do emprego e o absenteísmo não se concretizam. Entretanto, é também
pertinente considerar a análise de Codo (1993), segundo a qual a persistência da
síndrome e a generalização da sua incidência conduzem os trabalhadores a
apresentarem uma "retirada" psíquica do trabalho. Esta consiste na manutenção do
vínculo empregatício, com enfraquecimento do envolvimento com o trabalho e as
decisões que lhe são inerentes.
O desconhecimento dos riscos, as dificuldades de capacitação e mudança
profissional, as condições sociais e econômicas, com frequência, transformam um
ideal de trabalho em uma situação que neurotiza quem trabalha, quem utiliza o
serviço e quem investe, esperando lucro e retorno do investimento.
Alguns profissionais conseguem transformar a ameaça gerada pela crise em
oportunidade de mudança, transformando o sofrimento doentio em sofrimento
criativo, como afirma Dejours. Este não é um processo muito simples, pois implica
reconhecer que existem dificuldades, que elas não estão sendo positivas para a vida
no trabalho e, a partir daí comunicar-se e desenvolver ações que mudem hábitos e
condições de trabalho que sejam insatisfatórias. Estes novos hábitos e atitudes
devem, principalmente, resgatar os valores humanos no trabalho, respeitar as
necessidades que o trabalho e a organização tem a cumprir e manter um padrão de
exigência sobre a qualidade de vida no trabalho.
No caso em que o trabalho é predominantemente mental, como dos
participantes desta pesquisa, existem necessidades especificas, relativas às
condições de lazer e da realização de uma inserção social significativa, afetiva e
cultural. Esta necessidade, entretanto, esbarra numa outra questão: além de
alienado, no trabalho que exige bastante concentração, de modo continuo, o
pensamento está basicamente condicionado - em todo os raciocínios e decisões -
por situações muito específicas presas no processo de trabalho e ao funcionamento
e “linguagem” de seu equipamento/serviço. Deste modo, além de alienado, o
trabalho torna-se também alienante para quem o executa. O que redunda em
desinteresse pela vida social, embotamento afetivo e isolamento.
Além da relevância acadêmica da pesquisa a busca da consecução do
objetivo da mesma é justificada se são consideradas as conseqüências individuais e
organizacionais: manifestações psicossomáticas; prejuízos nas relações
71
interpessoais, além daquelas do ambiente de trabalho; baixa satisfação e
envolvimento no trabalho; propensão a abandonar a organização, absenteísmo e,
principalmente, queda da qualidade de serviços na organização e de vida do
trabalhador.
Os resultados deste estudo corroboram as expectativas da pesquisadora,
pois demonstraram a existência de fatores desencadeantes do quadro de estresse
devido às condições /organização do trabalho em Saúde Mental do município de
São Carlos, já que todas as questões foram formuladas considerando a vida laboral
dos participantes e as conseqüências para os demais setores de sua vida.
Não houve a participação de todos os profissionais e estagiários que atuam
na área, apesar de todos terem sido convidados, pois a participação era voluntária.
Mas houve uma participação considerável, levando-se em conta o número total de
atuantes nesta área em São Carlos e de tipos de profissionais e estagiários, sendo
estes da Psicologia, Terapia Ocupacional, Enfermagem e Medicina (neste último
caso, só de profissionais).
Os dados obtidos sugerem que os participantes possam estar estressados
em diferentes níveis deste quadro e talvez até exista algum caso isolado de burnout,
que é bem mais difícil de ser detectado por não ser uma patologia aguda e surgir
repentinamente.
O resultado obtido no item autonomia, por exemplo; pode levar, segundo
Dejours (1994), a situações de defesa, que seriam: uma atitude de fechamento em
uma autonomia aparentemente “máxima”, de segredo, imprudência, de silêncios
frente à hierarquia superior e, às vezes, frente aos próprios colegas: “a ideologia de
cada um por si”. Através de outros dados da pesquisa, algumas destas situações
foram confirmadas por uma parcela expressiva dos participantes.
Outras questões, tais como o convívio e a contribuição entre colegas, a
importância que consideraram em relação à equipe, qualidade de vida, possibilidade
de lazer, noites bem dormidas, por exemplo, revelaram-se fatores preocupantes,
pois não foram detectadas altas porcentagens que indicassem satisfação ou
satisfação plena entre os participantes; estes são fatores que podem indicar se um
indivíduo está estressado ou não, em conjunto com outros.
Puderam ser levantados também dados importantes como a pequena
participação de médicos psiquiatras, talvez pela falta de tempo (o que indicaria um
forte fator estressante), de interesse pelo tema/pesquisa, ou até mesmo pelo temor
72
da identificação através de algum dado do inventário, o que foi exposto verbalmente
por outros participantes quando devolveram o inventário em branco, justificando sua
não participação por este motivo, apesar da garantia do anonimato. Não houve
também nenhuma participação de voluntários.
Tendo em vista a análise do nexo causal entre as condições/organização de
trabalho e os possíveis casos de estresse nos profissionais e estagiários em Saúde
Mental de São Carlos, e pretendendo também analisar se é satisfatória sua
qualidade de vida, os resultados encontrados corroboram a existência do referido
relacionamento conforme apontado na bibliografia consultada.
As pesquisas na área de estresse têm incluído o estudo dos efeitos negativos
do estresse no que se refere à profissão. Muitas ocupações têm recebido atenção,
sendo que, no Brasil, já se encontram trabalhos sobre o estresse ocupacional de
policiais militares (Romano, 1989), executivos (Soares, 1990), de psicólogos
(Covolan, 1989), bancários (Silva, 1992), atletas (Maciel, 1997), professores
(Reinhold, 1997), jornalistas (Proença, 1998), médicos (Lipp, Sassi & Batista, 1997)
entre outros.
Pela importância do tema para a sociedade, organizações e indivíduos este
estudo poderia ter continuidade, assim como outras tantas pesquisas estão sendo
desenvolvidas como as acima citadas, através da investigação de questões
subjetivas e com maiores detalhamentos, pois este serviu como meio para um
panorama geral de como se encontra organizado o atendimento em saúde mental do
município de São Carlos e quais suas conseqüências na qualidade de vida daqueles
que atuam neste segmento da saúde.
VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
73
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ANEXO 1:
INVENTÁRIO
80
Este inventário é sobre como você sente e vive seu ambiente de trabalho e
suas implicações para sua qualidade de vida. Procure responder todas as questões,
se não tiver certeza, procure responder na alternativa que lhe parece mais
adequada.
Você deve assinalar a alternativa que melhor corresponda aos seus
conhecimentos, sentimentos e expectativas.
Lembre-se de que todas as respostas são confidenciais e de que o seu
inventário será anônimo, já que este estudo não pretende realizar análises
individuais, mas uma análise coletiva dos fatores do trabalho em Saúde Mental e sua
organização no município de São Carlos, os quais podem gerar um possível quadro
de estresse ocupacional, que poderá mais tarde, culminar na Síndrome de Burnout
que é o quadro mais grave do estresse, quando o indivíduo tem sua qualidade de
vida prejudicada por completo, apresentando um quadro de “desistência da vida”,
tanto social, quanto afetiva e profissional.
Após o preenchimento do inventário, as folhas devem ser guardadas no envelope
entregue pela pesquisadora, o qual deve ser lacrado e devolvido pessoalmente à
pesquisadora que irá buscá-lo em cada Unidade de atendimento, em data
combinada entre as partes, dentro do prazo apresentado na metodologia da
pesquisa. O intervalo para esta devolução é de 30 dias após a entrega do inventário.
A conclusão dos resultados, depois dos mesmos receberem um tratamento
estatístico e serem analisados, será enviada a todos os participantes da pesquisa
como consta no Termo de Consentimento Esclarecido, à Coordenação do Curso de
Psicologia, ao Departamento de Psicologia e à Pró-Reitoria de Extensão por meio da
Coordenadora do Projeto de Extensão “Saúde Mental e Cidadania” e oferecido à
Secretaria Municipal de Saúde de São Carlos Tanto o Curso quanto o
Departamento de Psicologia terá total liberdade para publicação dos resultados,
para que a sociedade possa tomar medidas que melhorem sua qualidade de vida no
ambiente de trabalho e, conseqüentemente, na sua vida pessoal e sócio-cultural.
Portanto, esta pesquisa pretende verificar como ocorrem as relações de
trabalho e o quadro de estresse em profissionais da saúde mental e em todos que
tiverem qualquer espécie de contato com pacientes de Saúde Mental como
cuidadores ou seus auxiliares, acrescentando conhecimento científico para esta
81
área, o qual possibilitará mais uma forma de reconhecer como melhorar a
qualidade de vida destes profissionais e cuidadores em geral.
Dados gerais sobre o participante:
a. Idade:_______________________________
b. Escolaridade:__________________________
c. Função:______________________________
d. A quanto tempo trabalha com Saúde Mental:_________________________
e. Unidade em que atua:__________________________________________
1-Você já teve alguma experiência com Saúde Mental anterior a atual?
( ) não ( )sim.
2-Qual é o tipo de contato que você tem com o(s) usuário(s) desta unidade de
atendimento em que você atua ?
( ) Acolhimento direto dos usuários
( ) Atendimento (clínico, oficinas, enfermaria, farmácia)
( ) Recepção/orientação
( ) Acompanhamento das atividades
( ) Suporte ao usuário em relação aos cuidados pessoais
3- Com que freqüência na semana, você exerce esta atividade?
( ) Todos os dias
( ) 4 dias
( ) 3 dias
( ) 2 dias
( ) 1 dia
4- Quantas horas você calcula, em média, que são gastas com estas atividades?
( ) 40 horas
( ) 30 horas
( ) 20 horas
( ) 12 horas
( ) outras. Quantas? _______________
5- Como você se sente no exercício desta atividade?
( ) muito satisfeito
( ) satisfeito
82
( ) satisfeito, mas fatigado
( ) somente fatigado
( ) muito fatigado
6-Ao chegar ao seu local/ unidade de trabalho , você se sente:
( ) muito satisfeito
( ) satisfeito
( ) satisfeito, mas fatigado
( ) somente fatigado
( ) muito fatigado
7- Como você se sente ao final do seu período de trabalho?
( ) muito insatisfeito
( ) insatisfeito
( ) nem satisfeito/nem insatisfeito
( ) satisfeito
( ) muito satisfeito
8- Há quanto tempo você sente o que assinalou acima?
( ) desde quando você iniciou o trabalho neste local/ unidade
( ) há 6 meses
( ) há 3 meses
( ) atualmente
9- Durante as suas atividades você se sente cansado?
( ) nada
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
10- Durante suas atividades você se sente irritado?
( ) nada
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
11- Você tem sido capaz de se concentrar em seu trabalho?
( ) nada
83
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
12- Você tem se atrasado para chegar ao trabalho?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
13- Você tem conseguido manter-se em atividade e ocupado ?
( ) não
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
14- Você tem gasto muito tempo para executar suas tarefas ?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
15- Você se interessa pelas atividades que realiza?
( ) não
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
16- Você tem achado que, de modo geral, tem dado boa conta de seus afazeres?
( ) não
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
17- Você tem sido capaz de sentir “calor humano” e afeição por aqueles que o
cercam em seu trabalho?
84
( ) não
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
18- Você tem achado fácil conviver com outras pessoas em seu trabalho?
( ) não
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
19- Você tem tempo para uma pausa(s) ou intervalo(s) em seu trabalho?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
20- Caso trabalhe em equipe, você acredita que sua função é útil na mesma?
( ) não
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
21- Você possui autonomia sobre suas atividades?
( ) não
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
22- Você consegue compartilhar suas dúvidas e idéias com colegas de trabalho?
( ) não
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
85
23- Você consegue realizar, diariamente, todas as atividades de sua função?
( ) não
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
24- Você acredita que sua função abrange todas as atividades que podem ser
realizadas?
( ) não
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
25- Você sente medo de realizar seu trabalho?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
26- Você tem se sentido sob pressão em seu trabalho?
( ) não
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
27- Você tem sentido pressão em seu trabalho por parte de seus colegas?
( ) não
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
28- Você tem se sentido incapaz de superar suas dificuldades no trabalho?
( ) não
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
86
( ) bastante
( ) extremamente
29-Você tem conseguido terminar todas as tarefas que inicia em seu trabalho?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
30- Você consegue sentir prazer na prática de suas atividades diárias em seu
local/unidade de trabalho?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
31- você tem paciência para realizar as suas atividades de trabalho?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
32- Você tem paciência com as pessoas envolvidas em/com seu trabalho?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
33- Você tem sentido que suas atividades estão exaustivas para você?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
34- Você tem se sentido capaz de enfrentar os problemas no seu trabalho?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
35- Você consegue ajudar seus colegas de trabalho, quando necessário?
87
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
36- Você sente-se satisfeito em ajudar seus colegas de trabalho, quando
necessário?
( ) muito insatisfeito
( ) insatisfeito
( ) nem satisfeito/nem insatisfeito
( ) satisfeito
( ) muito satisfeito
37- Você acha importante ajudar seus colegas de trabalho, nas atividades diárias?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
38- Você confia em seus colegas de trabalho?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
39- Em que medida você considera importante o trabalho em equipe no atendimento
aos usuários?
( ) nada
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
40- E para os profissionais?
( ) nada
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
88
41- Você acha, suficientes e adequados, os materiais para a realização do seu
trabalho?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
42- Você acha agradável seu local de trabalho?
( ) não
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
43- Você sente-se feliz na realização do seu trabalho?
( ) não
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
44- Você se sente satisfeito com seu trabalho?
( ) muito insatisfeito
( ) insatisfeito
( ) nem satisfeito/nem insatisfeito
( ) satisfeito
( ) muito satisfeito
45- Você se sente satisfeito com seu desempenho em seu trabalho?
( ) muito insatisfeito
( ) insatisfeito
( ) nem satisfeito/nem insatisfeito
( ) satisfeito
( ) muito satisfeito
46- Você se sente valorizado em seu ambiente de trabalho?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
89
( ) sempre
47- Em que medida, as características do seu trabalho correspondem às suas
expectativas e necessidades?
( ) nada
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
48- Em que medida você tem poder de decisão, em seu trabalho, na realização de
suas atividades?
( ) nada
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
49- Em que medida, o ambiente físico de trabalho deste local/ unidade é
satisfatório?
( ) nada
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
50- Em que medida, o “clima” do seu ambiente de trabalho é satisfatório?
( ) nada
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
51- Quanto você se sente incomodado por alguma dificuldade em exercer as
atividades do dia-a-dia?
( ) nada
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
90
( ) extremamente
52- Você recebe o apoio que necessita no seu trabalho?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
53- Você tem disponibilidade de informações em / do seu trabalho?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
54- Você se sente capaz de realizar suas tarefas?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
55- Em que medida sente-se satisfeito com sua capacidade de realizar suas tarefas
de trabalho?
( ) satisfeito
( ) muito satisfeito
( ) insatisfeito
( ) muito insatisfeito
( ) nem satisfeito/nem insatisfeito
56- Você se sente satisfeito com sua segurança no trabalho?
( ) satisfeito
( ) muito satisfeito
( ) insatisfeito
( ) muito insatisfeito
( ) nem satisfeito/nem insatisfeito
57- Em que medida, sua situação financeira, estável ou não, está vinculada ao seu
trabalho?
( ) nada
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
91
( ) bastante
( ) extremamente
58- Você se sente motivado para trabalhar?
( ) nada
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
59- Você se sente motivado durante o seu trabalho (atividade)?
( ) nada
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
60- Você se sente motivado em seu ambiente de trabalho?
( ) nada
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
61- Em que medida, para você, a equipe de trabalho está motivada para exercer as
suas próprias atividades?
( ) nada
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
62- Em que medida, há influência de problemas pessoais no funcionamento das
atividades realizadas em seu trabalho?
( ) nada
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
92
63. Em que medida, há influência de problemas pessoais no funcionamento da
equipe multidisciplinar?
( ) nada
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
64- Você se sente satisfeito com a resolução de conflitos, surgidos no ambiente de
trabalho?
( ) satisfeito
( ) muito satisfeito
( ) insatisfeito
( ) muito insatisfeito
( ) nem satisfeito/nem insatisfeito
65- Você se sente satisfeito com o reconhecimento do mérito dos funcionários ou da
equipe multidisciplinar?
( ) satisfeito
( ) muito satisfeito
( ) muito insatisfeito
( ) insatisfeito
( ) nem satisfeito/nem insatisfeito
66- Você se sente satisfeito com a distribuição de trabalho no local/ unidade em que
atua ?
( ) satisfeito
( ) muito satisfeito
( ) insatisfeito
( ) muito insatisfeito
( ) nem satisfeito/nem insatisfeito
67- Em que medida você está satisfeito com sua atual função/atividade?
( ) satisfeito
( ) muito satisfeito
( ) muito insatisfeito
( ) insatisfeito
( ) nem satisfeito/nem insatisfeito
93
68- Em que medida seus problemas pessoais interferem no seu trabalho?
( ) nada
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
69 - Em que medida você se sente culpado quando não consegue cumprir com
sucesso suas atividades?
( ) nada
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
70- Você julga adequados, o tempo e o tipo de atividades, que realiza?
( ) nada
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
71- Como você avaliaria sua capacidade de trabalho atualmente?
( ) muito ruim
( ) ruim
( ) nem boa/nem ruim
( ) boa
( ) muito boa
72- Você leva preocupação do seu trabalho para casa?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
73- Você tem perdido o sono por causa destas preocupações?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
94
( ) sempre
74- Você tem dificuldades para conciliar o sono?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
75- Você tem dificuldades para continuar dormindo?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
76- Você tem tido noites agitadas e mal dormidas?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
77- Você tem disposição geral para realizar seu trabalho?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
78- Você se sente irritado/cansado quando acorda?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
79- Quando você acorda, e pensa em seu trabalho, você se sente:
( ) muito satisfeito
( ) satisfeito
( ) satisfeito, mas fatigado
( ) somente fatigado
( ) muito fatigado
80- Você se sente feliz quando não precisa ir trabalhar?
( ) nada
95
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
81- Você está satisfeito com seu salário?
( ) muito satisfeito
( ) satisfeito
( ) insatisfeito,
( ) muito insatisfeito
( ) nem satisfeito/nem insatisfeito
82-Você consegue conciliar sua vida familiar e afetiva com seu trabalho?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
83-Você tem conseguido manter um bom relacionamento familiar e afetivo?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
84-Você realiza atividades de lazer?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
85-Você tem saído de casa com a mesma freqüência de costume?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
86-Você se encontra com amigos?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
96
( ) sempre
87- Você está satisfeito com a atenção que dispensa aos seus familiares e amigos?
( ) satisfeito
( ) muito satisfeito
( ) insatisfeito
( ) muito insatisfeito
( ) nem satisfeito/nem insatisfeito
88- Em que medida você tem oportunidade de realizar atividades de lazer?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
89- Em que medida os acontecimentos, em seu trabalho, estão influenciando a
rotina em sua casa?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
90- Em que medida você está satisfeito com os bens materiais adquiridos e as
necessidades supridas por meio de seu trabalho?
( ) satisfeito
( ) muito satisfeito
( ) insatisfeito
( ) muito insatisfeito
( ) nem satisfeito/nem insatisfeito
91- Como você avalia as mudanças ocorridas (se ocorreram), nos 3 últimos
anos,(até o momento), nas condições de atendimento em Saúde Mental do
Município de São Carlos?
( ) muito ruins
( ) ruins
( ) nem boas/nem ruins
( ) boas
( ) muito boa
97
92- Para você, ocorreram mudanças no funcionamento do local/ unidade em que
atua?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
93- O seu grau de satisfação no trabalho tem se modificado?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
94- Em que medida, você se sente preparado para realizar a sua função neste
local/ unidade de atendimento?
( ) nada
( ) muito pouco
( ) nem pouco/nem muito
( ) bastante
( ) extremamente
95- Como você avaliaria sua qualidade de vida?
( ) muito ruim
( ) ruim
( ) nem boa/nem ruim
( ) boa
( ) muito boa
96- Como você avaliaria a qualidade de atendimento no local/ unidade em que
atua?
( ) muito ruim
( ) ruim
( ) nem boa/nem ruim
( ) boa
( ) muito boa
97- Você sente vontade de trabalhar em outra organização/instituição?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
98
( ) quase sempre
( ) sempre
98- Você tem se sentido desanimado?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
99- Você tem sentido dores?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
100- Você tem sentido falta de apetite?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
101-você tem sentido tremores ou sensação de fraqueza?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
102-Você tem se sentido inquieto?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
103- Você sente falta de ar ou sensação de fôlego curto?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
104- Você tem sentido palpitações?
99
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
105- você tem sentido sua boca seca?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
106- Você tem sentido as mãos frias e úmidas?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
107- Você tem sentido sudorese excessiva?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
108- Você tem sentido náuseas?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
109- Você tem sentido rubor ou calafrios?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
110- Você tem sentido um “bolo na garganta” (angústia)?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
100
111- Você tem sentido sua memória prejudicada?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
112- Você tem passado por quadro de diarréia?
( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes
( ) às vezes
( ) quase sempre
( ) sempre
101
Anexo 2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
A partir de seu interesse em participar da pesquisa “ANÁLISE DO NEXO
CAUSAL ENTRE O TRABALHO EM SAÚDE MENTAL E O GRAU DE ESTRESSE
OCUPACIONAL DOS SEUS PROFISSIONAIS NO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS”,
estamos solicitando o seu consentimento por meio de sua assinatura neste Termo
de Compromisso Livre e Esclarecido, se você estiver totalmente de acordo com o
exposto abaixo.
A pesquisa tem como objetivo avaliar se os índices de qualidade de vida são
satisfatórios, diante da possível relação causal entre trabalho e estresse ocupacional
ou seu quadro mais grave, a “Síndrome de Burnout”, considerando as condições e a
organização do trabalho nas unidades de atendimento de referencia, avaliando o
nível de estresse entre os profissionais de Saúde Mental de São Carlos, seus
auxiliares, além de estagiários da UFSCar e voluntários deste município, e a
sintomatologia característica do estresse presente na amostra do estudo, a qual
será realizada por meio do preenchimento de um inventário, criado a partir dos
modelos de indicadores de Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde
(Fleck,1999-WHOQOL-100) que considera a saúde não apenas ausência de
doença, mas um estado de bem estar físico, mental e social , o questionário de
Saúde Geral de Goldberg (Goldberg,1972-adaptação brasileira: Pasquali, Gouveia &
Andriola,1996), o qual foi construído para avaliar a Saúde Mental das pessoas,
além do Inventário de Ônus da Pessoa que Cuida (Novack & Guest, 1989), relativo
ao cuidador em saúde, no qual solicitaremos que responda questões referentes ao
seu dia-a-dia no trabalho, em casa, em relação seus colegas e familiares.
102
O Inventário somente será entregue, após a sua anuência com os termos
desse Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, por meio de sua assinatura. Os
dados da folha de rosto serão de conhecimento exclusivo da orientadora e
pesquisadora, e ninguém mais terá acesso a qualquer dado que permita sua
identificação. Gostaríamos de assinalar que, com exceção da Folha de Rosto, o
Inventário foi construído no sentido de impossibilitar totalmente a identificação de
quem o responde.
O procedimento para a entrega do material aos participantes após a
assinatura deste Termo será realizado da seguinte maneira: os inventários serão
entregues dentro de envelopes de mesmo tamanho, cor e formato, o qual deverá ser
devolvido lacrado, com um primeiro prazo para devolução de 15 dias após o
recebimento do mesmo, e um segundo e último prazo 30 dias após o mesmo.
Somente a pesquisadora está autorizada a receber os envelopes com os
Inventários, que ficarão de posse da pesquisadora e orientadora, no Departamento
de Psicologia da UFSCar.
Asseguramos que a pesquisa não trará riscos, gastos ou desconfortos de
qualquer ordem, e você, mesmo tendo se comprometido em responder o Inventário,
poderá optar por não fazê-lo, sem prejuízo de nenhuma espécie à sua pessoa, e
sem necessitar justificar sua decisão. Lembramos que, em qualquer época, você
poderá solicitar esclarecimentos sobre a pesquisa, inclusive após a entrega do
Inventário, durante a fase de compilação e tratamento de dados.
Em relação ao tratamento dos dados, asseguramos que este se dará de
forma absolutamente sigilosa, no Departamento de Psicologia da UFSCar.
Os resultados serão disponibilizados aos participantes da pesquisa, à
Coordenação do Curso de Psicologia e oferecidos à Secretaria Municipal de Saúde
de São Carlos, especialmente se forem constatados índices significativos na relação
entre stress ocupacional e o trabalho realizado na área de saúde mental neste
município.
Esclarecemos que o resultado da pesquisa será utilizado, pela pesquisadora,
para concluir sua Monografia de Pesquisa do Curso de Psicologia e que,
eventualmente, poderá ser apresentado em Congressos, reuniões científicas ou
publicações da área.
Em todas as situações supracitadas, estaremos sempre garantindo o seu
anonimato.
103
Agradecemos por sua colaboração, e apenas solicitamos que assinale o meio
pelo qual poderemos enviar-lhe os resultados da pesquisa.
Orientadora: Pesquisadora:
Profa. Georgina Faneco Maniakas Teresa Cristina Gayoso Sobreira
End.: Rod. Washington Luís, km. 235 End. Alameda das Rosas, 195
São Carlos, SP São Carlos, SP
Fone: 260-8361 / 260- 8462 Fone:261-2323/ 9766-5691
E-mail: gfmaniakas@terra.com.br E-mail: te.psi@bol.com.br
De acordo,
Nome:________________________________________________________
Assinatura:____________________________________________________
São Carlos, _____ de ______________________ de 2003.
Devolutiva dos resultados:
( ) pelo e-mail :___________________________________________________
(...) no endereço ___________________________________________________
Cep:_____ Cidade: ________________ Estado:___
(....) outros. Qual ? _________________________________________________
(....) não desejo receber os resultados
104
Anexo 3
RESUMO PARA O COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
1-) DESCRIÇÃO DA PESQUISA, CONTENDO:
a-) Descrição dos propósitos
O trabalho é um tema que permeia a sociedade desde a sua constituição. A
sobrevivência do ser humano depende da obtenção de certas condições mínimas,
como comida, roupas, moradia, lazer, e em qualquer modelo de sociedade atual,
estes bens são produzidos por seres humanos, e a energia empregada na produção
dos bens é chamada trabalho. Portanto, o trabalho é de fundamental importância
para o indivíduo que o realiza, nas mais diversas áreas e profissões.
Diante deste fato, estudar a saúde do trabalhador, em âmbitos gerais, mas
principalmente, em relação à sua saúde mental, traz benefícios diretos à sociedade
e ao indivíduo. Estudos desta questão surgem com mais força e tornam-se, cada vez
mais pertinentes na atualidade, já que o trabalho e suas conseqüências, apesar de
terem sido estudados por vários vezes, apresenta-se como pedra fundamental do
funcionamento social e cultural dos dias atuais, principalmente, diante da
globalização, a qual gerou um excesso de mudanças sócio-culturais e na
organização e condições de trabalho.
Quando a relação entre trabalho e saúde mental é abalada, surgem os
quadros de estresse ocupacional, os quais podem abranger os mais diferentes
graus, até alcançar seu estado mais grave que é a Síndrome de Burnout ou de
fadiga crônica. Este abalo ocorre através dos vários estímulos estressores do
ambiente de trabalho e das relações de dominação e de falta de poder de decisão
dos profissionais em suas atividades, pois em sua maior parte, eles devem seguir
regras e acatar decisões que não passam por sua opinião e que, muitas vezes, não
estão preparados para a realização da atividade em questão ou não obtém/sentem
nenhum prazer em estar realizando a mesma.
Ao acatar estas regras e tarefas, o indivíduo sofre mentalmente, necessitando
suportar as diversas contrariedades e em graus variados, impostas pelo seu
trabalho, construindo mecanismos de defesa individuais e, principalmente, coletivos;
os quais levam à repressão de seus impulsos libidinais e à alienação, pela qual o
trabalhador passa a confundir seus desejos com a injunção organizacional
105
substituindo seu livre arbítrio, tendo que criar meios para não serem atingidos pela
realidade do trabalho, esquivando-se desse sofrimento, tentando fingir que a
organização do seu trabalho está de acordo com o que ele desejava.
Portanto, sabendo que o trabalho dos profissionais de Saúde Mental expõe o
indivíduo a pressões e atividades de várias ordens, potencialmente maléficas, ou
seja, ao estresse ocupacional ou até mesmo à “síndrome de burnout”, o presente
trabalho tem como objetivo avaliar se os índices de qualidade de vida são
satisfatórios, diante da relação causal entre trabalho e estresse ocupacional ou na
sua conseqüência mais grave que é a “Síndrome de Burnout” e considerando as
condições e a organização do trabalho nas unidades de atendimento e referência
em Saúde Mental de São Carlos, pretende-se avaliar o nível de estresse entre os
profissionais, auxiliares, estagiários e voluntários em Saúde Mental do município de
São Carlos e a sintomatologia característica do estresse presente na amostra do
estudo, se o mesmo for constatado.
b-) Antecedentes científicos e dados que justifiquem a pesquisa
Conforme Dejours et al. (1994) o sofrimento mental ‚ pode ser concebido
como a experiência subjetiva intermediária entre doença mental descompensada e o
conforto (ou bem-estar) psíquico, colocado como objeto de estudo da psicopatologia
do trabalho. A não-caracterização do papel do trabalho como agravante ou
desencadeante de distúrbios psíquicos ocasiona prejuízos não só à qualidade de
vida e à eficácia deseja que o reconhecimento ocorra não apenas pela existência da
contribuição, mas que ela seja julgada pelos pares como boa contribuição.
No caso do Brasil, o contexto sócio econômico a que estão sujeitos os
profissionais de saúde mental deve ser sempre considerado, pois o sofrimento
psíquico e social que os pacientes apresentam, as condições de atendimento, os
baixos salários e o pequeno tempo disponível de atendimento aliado à ocorrência
de uma hierarquia de trabalho que dificulta a relação entre os colegas de trabalho e
dos profissionais com o cliente são fatores os quais acarretam o quadro de estresse
ocupacional que leva ao sofrimento mental.
Para estudar a relação entre trabalho e o sofrimento mental existe a
Psicopatologia do Trabalho, a qual estuda os fenômenos psíquicos do trabalhador, o
qual tem destituído seu aparelho psíquico em conseqüência do modo de
organização do trabalho, procurando investigar como os trabalhadores sobrevivem
106
na normalidade, ou seja, como conseguem manter-se de alguma forma
“equilibrados” se, todos os dias, necessitam suportar as diversas contrariedades e
em graus variados impostas pelo seu trabalho, construindo mecanismos de defesa
individuais e, principalmente, coletivos; os quais levam à repressão de seus impulsos
libidinais e à alienação, pela qual o trabalhador passa a confundir seus desejos com
a injunção organizacional substituindo seu livre arbítrio, acabam tendo que criar
meios para não serem atingidos pela realidade do trabalho, esquivando-se do
sofrimento.
Já, Psicodinâmica do Trabalho (Dejours et.al, 1994) as relações interpessoais
ganham o centro. Não é a psicopatologia, e sim as relações intersubjetivas, que
estabelecem no trabalho, o seu objeto. A idéia central é a de que o sujeito no
trabalho está, permanentemente, negociando a melhor forma de trabalhar. Na
medida, em que ele contribui para a realização do trabalho, qualquer que seja o
produto, espera que isso seja reconhecido. Mais do que isso, o indivíduo deseja que
o reconhecimento ocorra não apenas pela existência da contribuição, mas que ela
seja julgada pelos pares como boa contribuição.
Desta forma, a carga psíquica do trabalho resulta da confrontação do desejo
do trabalhador à injunção do empregador, contida na organização do trabalho, sendo
que a mesma aumenta quando a liberdade de organização do trabalho diminui, ou
seja, a carga psíquica do trabalho torna-se muito maior e mais difícil de ser
elaborada, levando ao sofrimento:
“...quando o rearranjo da organização do trabalho não é
mais possível, quando a relação do trabalhador com a organização
do trabalho é bloqueada, o sofrimento começa: a energia pulsional
quer não acha descarga no exercício do trabalho se acumula no
aparelho psíquico, ocasionando um sentimento de desprazer e
tensão...” (Dejours et al.,1994:29)
A psicodinâmica do trabalho ainda enfatiza a centralidade do trabalho na vida
dos trabalhadores, analisando os aspectos dessa atividade que podem favorecer a
saúde ou a doença. Ao analisar a inter-relação entre saúde mental e trabalho,
Dejours (1986) acentua o papel da organização do trabalho no que tange aos efeitos
107
negativos ou positivos que aquela possa exercer sobre o funcionamento psíquico e à
vida mental do trabalhador.
Este autor conceitua organização do trabalho como a divisão das tarefas e a
divisão dos homens. A divisão das tarefas engloba o conteúdo das tarefas, o modo
operatório e tudo que é prescrito pela organização do trabalho, incitando o sentido e
o interesse do trabalho para o sujeito. A divisão dos homens compreende a forma
pela qual as pessoas são divididas em uma empresa/instituição e as relações
humanas que aí se estabelecem, mobilizando os investimentos afetivos, o amor e o
ódio, a amizade, a solidariedade, a confiança, entre outros.
O papel de destaque representado pela organização do trabalho está de
acordo com as propostas de psicodinâmica do trabalho (Dejours et. al., 1994) e das
teorias de estresse (Karasek & Theorell, 1990). De maneira geral, pode-se afirmar
que, quanto menor, a autonomia do trabalhador, na sua atividade, maiores são as
possibilidades de que a atividade gere transtornos à saúde mental. Novas formas de
organização do trabalho, novas tecnologias e a precarização do trabalho trazem o
temor do desemprego e a intensificação do trabalho. Percebe-se que o excesso de
trabalho e a pressão por produção ocorrem em todos os graus da hierarquia.
Em todas as abordagens, uma parcela importante de responsabilidade na
gênese do sofrimento psíquico ou do estresse vinculado à atividade, tem sido
atribuída à organização do trabalho (Dejours, 1993; Seligmann-Silva, 1994). A
literatura da área em ergonomia mostra que a forma como o trabalho está
organizado é diferente do planejado pelos órgãos de percepção (Duarte, 1986). Por
isto, Wisner (1977) apud Seligmann-Silva (1986), acentua a importância de uma
descrição da população real de trabalhadores, de uma análise precisa do trabalho e
de suas condições de execução, e de um inventário real dos diversos aspectos da
carga laboral diária.
Assim, a distância entre o trabalho prescrito e o trabalho real (Daniellou,
1992; Guérin et al., 1991), entre aquele determinado pelas instâncias de concepção
das instituições ou organizações, e o efetivamente realizado, com variabilidades e
contingências específicas, vai determinar um trabalho particular e real. É neste
contexto, que potenciais situações produtoras de sofrimento devem ser discutidas.
Fatores intrapsiquicos relacionados ao serviço também contribuem para a
pessoa manter-se estressada, como é o caso da sensação de insegurança no
emprego, de insuficiência profissional, pressão para comprovação de eficiência ou
108
até mesmo, a impressão continuada de estar cometendo erros profissionais, além
destes fatores, ainda o trabalhador carrega consigo o seu histórico de vida traz para
o ambiente de trabalho fatos e fatores externos ao mesmo, da vida familiar e
pessoal.
Os agentes estressores estão no ambiente de trabalho a todo tempo, e a sua
sobrecarga pode ser considerada fator desencadeante importante para o inicio do
estresse patológico no trabalho. A sobrecarga de estímulos estressores é um
estado, no qual, as exigências do ambiente ultrapassam nossa capacidade de
adaptação. Existem quatro fatores principais que contribuem para a demanda
excessiva de agentes estressores no trabalho: urgência de tempo, responsabilidade
excessiva, falta de apoio e expectativas excessivas internas e externas. Outros
fatores considerados seriam: ruídos, alterações de sono, falta de perspectivas,
mudanças constantes, determinadas pela empresa, devida às novas
demandas/tecnologias, devido ao mercado ou impostas por condições pessoais e
subjetivas.
A Síndrome de Burnout, que é uma resposta ao estresse ocupacional crônico,
a qual afeta, principalmente, profissionais que se ocupam em prestar assistência às
pessoas, segundo Maslach (1977), vem ocorrendo com grande freqüência,
atualmente. É um processo em que há o esgotamento emocional e uma escassa
realização pessoal, ocorrendo forte despersonalização, não resultando somente do
estresse em si, mas do “estresse não mediado”, do não moderado, do sem
possibilidade de solução (Farber, citado em Roazzi, Carvalho, & Guimarães, 2000)
apud Abreu, Stoll, Ramos, Baumgardt, & Kristensen (2002).
O individuo nesta condição, deixa de investir em seu trabalho e nas relações
afetivas que dele decorrem, tornando-se incapaz de se envolver com o mesmo
(Codo, & Vaquez-Menezes, 1999). Sua dimensão multidimensional é composta de
três componentes: a exaustão emocional (sentimento muito forte de tensão
emocional, o qual produz sensação de esgotamento, de falta de energia e de
recursos emocionais próprios para lidar com as rotinas da prática profissional e
representa a dimensão indivcidual da síndrome), despersonalização (sentimentos e
atitudes e negativistas, indiferentes e cínicas em relação ao pacientes/clientes) e
redução de realização pessoal (afeta as habilidades interpessoais relacionadas com
a pratica profissional, o que influi, diretamente na forma de atendimento).
109
Como outra possibilidade, Seligmann-Silva (1994) identifica a existência de
um campo de estudo interdisciplinar voltado para a análise das conexões entre
saúde mental e trabalho, mediante a integração de "olhares" distintos, apresentando
o conceito de desgaste como opção conceitual integradora. O desgaste psíquico foi
associado à imagem de "mente consumida" por Seligmann-Silva reunindo três
abrangências: a primeira, compreendendo quadros clínicos relacionados ao
desgaste orgânico da mente (seja em acidentes do trabalho, seja pela ação de
produtos tóxicos); a segunda, compreendendo as variações do "mal-estar", das
quais a fadiga (mental e física) é uma das analisadas; e a terceira, quando se
verificam os desgastes que afetam a identidade do trabalhador, ao atingir valores e
crenças, que podem ferir a dignidade e a esperança.
c-) Descrição detalhada e ordenada do projeto
Neste estudo pretende-se realizar uma análise da relação entre a saúde dos
trabalhadores em Saúde Mental de São Carlos, e o possível quadro de estresse
ocupacional, em seus graus variados, devido à organização e condições de trabalho
deficitárias ou problemáticas, e as possíveis conseqüências para a qualidade de vida
destes trabalhadores.
A coleta de dados ocorrerá através do preenchimento de um Inventário,
criado a partir do Questionário de Qualidade de Vida da Organização Mundial de
Saúde (Fleck, 1999-WHOQOL-100), um Questionário de Saúde Geral de Goldberg
(Goldberg, 1972-adaptação brasileira: Pasquali, Gouveia & Andriola, 1996), que foi
construído para avaliar a saúde mental das pessoas, além do Inventário de Ônus da
Pessoa que Cuida (Novack & Guest, 1989), relativo ao cuidador em saúde.
Este será entregue a todos os cuidadores em Saúde Mental (profissionais,
auxiliares, estagiários da UFSCar e voluntários), sendo que a participação na
pesquisa é voluntária. Será orientação para que todos entreguem seus envelopes
lacrados, contendo o Inventário, que não apresentará nenhuma espécie de
identificação, os quais devem ser depositados em urna lacrada fornecida pela
pesquisadora, para que haja total segurança dos dados, impedindo qualquer
possibilidade de identificação daqueles que desejarem participar deste estudo.
O Inventário é totalmente anônimo, já que, principalmente, há participantes
com vínculos empregatícios com instituições da cidade. Será dado um prazo máximo
para a devolução de 30 (trinta) dias após a entrega do mesmo, sendo que a
110
devolução do Inventário deverá ser feita diretamente para a pesquisadora, em local
e data previamente combinados. A avaliação dos dados ocorrerá após o término da
coleta, ou seja, passado os 30 (trinta) dias da entrega dos inventários aos
participantes interessados em respondê-lo. Os inventários serão mantidos sob a
absoluta responsabilidade da pesquisadora.
A tabulação dos dados, bem como a sua compilação, serão realizadas em
local privativo, para que ocorra o tratamento dos dados de forma a indicar ou não, o
nexo causal entre o trabalho em Saúde Mental nos consultórios, nas unidades de
atendimento e referência de São Carlos e na UFSCar e o estresse ocupacional dos
profissionais e demais cuidadores. Esta etapa será realizada no LIEPH (Laboratório
Interdisciplinar para o Estudo do Psiquismo Humano), Departamento de Psicologia,
UFSCar, onde os inventários permanecerão guardados em total segurança total
todos os inventários.
d-) Análise crítica dos riscos e benefícios que a pesquisa pode trazer
Prevendo o risco de algum participante ser identificado, foi elaborado um
inventário sem identificadores pessoais, ao invés de um questionário, evitando,
assim, toda e qualquer possibilidade de identificação dos participantes que forem
funcionários municipais, estaduais ou federais, ou seja, que tenham vínculos
empregatícios em qualquer unidade de atendimento ou referência do município de
São Carlos, além dos estagiários da UFSCar e dos voluntários que atendem em
Saúde Mental, que poderão participar desta pesquisa. A entrega dos inventários
deverá ser em envelope padrão, lacrado que deverá ser entregue à pesquisadora,
em data combinada por ambas as partes, dentro do prazo máximo estipulado para
preenchimento do inventário, que será de trinta dias.
Outra medida, usada pela pesquisadora para eliminar qualquer possível risco
de identificação, será a recomendação de que todos os inventários sejam entregues
em envelopes lacrados diretamente à própria, em data marcada antecipadamente,
independentemente de seu preenchimento, já que o participante tem total liberdade
para desistir da pesquisa, mesmo tendo recebido o Inventário, após preencher o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Já, os benefícios surgirão, se a hipótese levantada pela pesquisadora, for
comprovada, e esta proporcionará o conhecimento de possíveis problemas, os quais
poderão ser sanados através de mudanças na organização do trabalho e em suas
111
condições, para que os cuidadores em Saúde Mental do município de São Carlos
tenham melhor qualidade de vida, tornando o atendimento também de melhor
qualidade.
Para que isto ocorra, ao final da análise de dados e conclusão da pesquisa,
será feita a devolutiva dos resultados será feita a cada um dos participantes da
pesquisa, à Coordenação do Curso de Psicologia, ao Departamento de Psicologia
por meio da Coordenação do Projeto de Extensão em Saúde Mental e Cidadania e
oferecido à Secretaria Municipal de Saúde de São Carlos, apresentando os
resultados e conclusões da pesquisa. Como esta é uma monografia de conclusão
Curso, seus resultados estarão disponíveis para Coordenação do Curso de
Psicologia, e eventualmente, poderão ser publicados em revistas especializadas e
apresentados em congressos da área.
e-) Duração total da pesquisa
A pesquisa será desenvolvida em 2 semestres, iniciando-se por uma reunião
de apresentação dos seu objetivo e justificativa com os interessados, para que haja
conhecimento e consentimento dos participantes da instituição, os quais receberão
todas as informações necessárias sobre a metodologia e avaliação dos resultados.
f-) Explicitação das responsabilidades do pesquisador e da instituição
A pesquisadora responsável pelo projeto em questão compromete-se a
conduzir a pesquisa, segundo os princípios dispostos na Resolução 196/96 do
Ministério da Saúde, após a sua aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa,
garantindo também que seu início se dará somente após a autorização do
participante por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
resguardando a identidade e o sigilo sobre os dados obtidos com os participantes,
ao disponibilizar os resultados da pesquisa.
A pesquisadora compromete-se a manter o Inventário sob sua total
responsabilidade. Além da pesquisadora e da orientadora, ninguém mais terá
acesso à tabulação e compilação dos dados, impedindo todas e quaisquer
possibilidades, por mais remotas que sejam, de identificação do participante. Para
maior segurança o tratamento e análise dos dados ocorrerão na UFSCar, em local
privativo (LIEPH, DPsi), onde todos os inventários permanecerão em total
segurança.
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g-) Critérios para suspender e encerrar a pesquisa
Caso nenhum dos princípios da resolução 196/96 do Ministério da Saúde,
forem infringidos resultando em prejuízo aos participantes ou à pesquisa, ou se os
participantes não entrarem em desacordo com a pesquisadora, a pesquisa só será
encerrada quando todos os procedimentos metodológicos (coleta, análise e
interpretação dos dados; resultados e conclusão) forem cumpridos. Caso contrário, a
pesquisa será suspensa imediatamente.
h-) Local da pesquisa e infra-estrutura do projeto.
O presente estudo pretende ser realizado com os cuidadores em Saúde
Mental do município de São Carlos (funcionários profissionais, estagiários da
UFSCar, voluntários da área), contatados diretamente ou por meio de suas
associações, sendo que o local e a apresentação do Projeto, assim como, a entrega
do Inventário, deverá ser definida por cada um ou cada grupo de interessados.
i-) Demonstrativo da infra-estrutura necessária ao desenvolvimento da pesquisa
e para atender eventuais problemas dela resultantes, com a concordância
documentada da instituição
As associações de profissionais que atuam na área de Saúde Mental, as
unidades de referência do município e os Serviços dos Cursos da UFSCar que
atuam em Saúde Mental possuem infra-estrutura suficiente para dar suporte a esta
pesquisa, no sentido de contatar os cuidadores em saúde mental da cidade. O
LIEPH (Laboratório Interdisciplinar para o Estudo do Psiquismo Humano), do
Departamento de Psicologia possui infra-estrutura necessária para dar suporte ao
tratamento dos dados.
j-) Orçamento financeiro
Não há recurso financeiro para a realização do projeto.
k-) Se vão ser publicados os resultados da pesquisa, sejam eles favoráveis ou
não
Por ser uma monografia de final de curso, os resultados ficarão à disposição
na Coordenação do Curso de Psicologia, sendo favoráveis ou não, com cópia
entregue a cada um dos participantes da pesquisa, e ao Departamento de
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Psicologia, por meio da Coordenação do Projeto de Extensão em Saúde Mental e
Cidadania. Será oferecida uma cópia à Secretaria Municipal de Saúde de São
Carlos. A publicação dos resultados ficará a cargo do Curso de Graduação em
Psicologia, conforme interesse e necessidade, sendo realizada em artigos de
revistas especializadas ou em congressos da área.
l-) Sobre a propriedade e destinação dos conhecimentos.
Os conhecimentos obtidos com o presente estudo são destinados à Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar), a cada um dos participantes da pesquisa, à
Coordenação do Curso de Psicologia, e ao Departamento de Psicologia por meio da
Coordenação do Projeto de Extensão em Saúde Mental e Cidadania. Também serão
oferecidos à Secretaria Municipal de Saúde de São Carlos.
2-) INFORMAÇÕES RELATIVAS AOS SUJEITOS DA PESQUISA :
a-) Características da população
A população, que será participante deste estudo, compõe o quadro geral de
profissionais em Saúde Mental, auxiliares, voluntários e estagiários da UFSCar, que
atendem nessa área no município de São Carlos. Todos serão convidados a
participar da pesquisa, de forma voluntária, por isso não há previsão do número
exato de participantes, até que todos os T.C.L.E. sejam assinados e que os
Inventários sejam devolvidos.
b-) Descrever claramente os métodos que possam afetar os sujeitos
Não haverá identificação do participante, de nenhuma espécie, pois os
cuidados tomados foram relacionados ao colocar como procedimento o convite a
todos os profissionais, voluntários, auxiliares e estagiários da UFSCar. Lembramos
que, mesmo tendo assinado o T.C.L.E., o participante não é obrigado a responder o
Inventário, estando livre para entregá-lo em branco ou nem mesmo devolvê-lo, se
assim o desejar.
c-) Identificar os dados e registros a serem obtidos
A obtenção dos dados será feita através do Inventário elaborado pela
pesquisadora para este fim, no qual são apresentadas questões de múltipla escolha,
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baseadas em fatores teóricos e práticos da teoria de estresse ocupacional e do
trabalho dos cuidadores em Saúde Mental.
d-) Informar-se se a pesquisa será usada para outros fins.
Este estudo pretende auxiliar na possível melhora das relações, da
organização do trabalho e da qualidade de vida de todos que têm atividades na área
de Saúde Mental, portanto poderá ser utilizado como base para traçar uma meta de
melhorias nesta área, se comprovada a hipótese levantada pela pesquisadora.
e-) Planos de recrutamento, procedimentos e critérios para inclusão ou
exclusão
Todo e qualquer profissional, auxiliar, voluntário e estagiário, seja ele federal,
estadual ou municipal, ou que trabalhe de forma privada, serão convidados a
participar da pesquisa, sendo que não existe uma obrigatoriedade dos mesmos
nesta participação. A todos será recomendado que entreguem seus envelopes
lacrados contendo o Inventário, preenchido ou não, para que possam ser então,
incluídos ou excluídos seus dados, garantindo, impreterivelmente, seu anonimato.
f-) Descrever a possibilidade de risco e avaliar a sua gravidade
Os inventários serão consultados em local privado (LIEPH, DPsi, UFSCar) e
os dados coletados ficarão sob total responsabilidade da pesquisadora. Não será
divulgada qualquer informação que possa levar a identificação do usuário. Assim
sendo, consideramos que o risco deste procedimento é mínimo ou inexistente.
g-) Apresentar previsão de ressarcimento de gastos aos sujeitos
Não haverá nenhum gasto para os participantes da pesquisa.
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Anexo 4
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
São Carlos, 17 de fevereiro de 2003
Prezado Prof. Dr. Jorge Oishi,
Presidente do comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos
UFSCar
Venho por meio desta, encaminhar o Projeto “ANÁLISE DO NEXO CAUSAL
ENTRE O TRABALHO EM SAÚDE MENTAL E O ESTRESSE OSCUP ACIONAL
DE SEUS PROFISSIONAIS NO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS” elaborado nas
disciplinas Pesquisa 5 e 6, do Curso de Psicologia, pela aluna Teresa Cristina
Gayoso Sobreira sob minha orientação, com vistas à elaboração de Monografia de
Pesquisa (disciplinas Pesquisa 7 e 8 ), nos dois próximos semestres de 2003.
Tendo em vista que o caráter didático da disciplina vem de encontro á
proposta educativa do Comitê de Ética, propusemos pesquisas com seres humanos
(no caso, cuidadores em geral de saúde mental do município de São Carlos) para
que os alunos de Graduação se familiarizem com as exigências da Resolução
196/96 e apresentem seus projetos ao Comitê de Ética em Pesquisa, para serem
avaliados.
Sem mais,
Atenciosamente,
Prof. Georgina Faneko Maniakas
Orientadora do Projeto
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Anexo 5
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUIMANAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
TERMO DE COMPROMISSO
Eu, Georgina Faneko Maniakas, docente do Departamento de Psicologia da
Universidade federal de São Carlos-UFSCar, sou responsável pela orientação da
Monografia de Pesquisa “ Análise do Nexo Causal entre o trabalho em Saúde
Mental e o Grau de Estresse Ocupacional de seus pro fissionais no município
de São Carlos” que deverá se desenvolvida de acordo com as exigências da
Resolução 196/96, durante os dois próximos semestres letivos de 2003, pela
discente do 7º semestre do Curso de Graduação em Psicologia, Teresa Cristina
Gayoso Sobreira.
Como orientadora e pesquisadora responsável, comprometo-me a conduzir a
pesquisa de acordo com os princípios éticos que norteiam a Resolução 196/96.
________________________________
Georgina Faneko Maniakas
São Carlos, 17 fevereiro de 2003
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