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8 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIENCIAS HUMANAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA ANÁLISE DO NEXO CAUSAL ENTRE O TRABALHO EM SAÚDE MENTAL E O ESTRESSE OCUPACIONAL DE SEUS PROFISSIONAIS NO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS-SP Teresa Cristina Gayoso Sobreira São Carlos, Janeiro de 2004

ANÁLISE DO NEXO CAUSAL ENTRE O TRABALHO EM …bdsepsi/232a.pdf · que no transcorrer deste trabalho tornou-se uma amiga e só fez aumentar minha admiração. 12 “ É do contato

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIENCIAS HUMANAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

ANÁLISE DO NEXO CAUSAL ENTRE O TRABALHO EM

SAÚDE MENTAL E O ESTRESSE OCUPACIONAL DE SEUS

PROFISSIONAIS NO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS-SP

Teresa Cristina Gayoso Sobreira

São Carlos, Janeiro de 2004

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIENCIAS HUMANAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

ANÁLISE DO NEXO CAUSAL ENTRE O TRABALHO EM

SAÚDE MENTAL E O ESTRESSE OCUPACIONAL DE SEUS

PROFISSIONAIS NO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS-SP

Teresa Cristina Gayoso Sobreira

Monografia apresentada como conclusão da

disciplina Pesquisa em Psicologia 5-8, sob orientaç ão da

Profa. Georgina C. de Oliveira Faneco Maniakas.

São Carlos, Janeiro de 2004

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Dedico este trabalho a minha família que

sempre me apoiou, incentivou e esteve ao

meu lado, mesmo nos momentos

tempestuosos; à minha orientadora e

amiga, aos meus amigos de ontem e de

hoje, a todos aqueles de alguma forma

colaboraram para que este se

concretizasse.

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Agradeço a Deus e ao meu Anjo da Guarda que me auxi liaram nesta

jornada tão difícil que é concretizar um projeto, a meus pais que

proporcionaram as ferramentas e o apoio necessário, as minhas

amigas de turma que me fizeram enxergar um futuro n esta profissão

e um sonho a ser perseguido, em especial, Thaís Bar ros e Marina

Ceres, companheiras inseparáveis de alegrias e tris tezas, aos

amigos de ontem que estão hoje distantes e à minha orientadora,

que no transcorrer deste trabalho tornou-se uma ami ga e só fez

aumentar minha admiração.

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“ É do contato forçado com uma tarefa

desinteressante que nasce uma imagem de

indignidade. A falta de significação, a frustração

narcísica, a inutilidade dos gestos, formam ciclo p or

ciclo, uma imagem narcísica pálida, feia, miserável .

Outra vivencia, não menos presente do que a da

indignidade, o sentimento de inutilidade remete,

primeiramente, à falta de qualificação e de finalid ade do

trabalho.”

Cristophe Dejours

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SUMÁRIO

Resumo

I. Introdução..................................... ..........................................08

II.Método.................................... ................................................25

2.1Participantes.........................................................................28 2.2 Material................................................................................28 2.3 Instrumento..........................................................................28 2.4 Procedimento.......................................................................28 2.5 Análise de dados..................................................................29

III. Resultados ............................................................................................30

IV. Discussão .............................................................................................49

V. Conclusão.......................................... ......................................62

VI. Referências Bibliográficas ................................................................66

Anexos

Anexo 1: Inventário....... .............................................................73

Anexo 2: Termo de Consenti mento Livre e

Esclarecido............94

Anexo 3: Resumo para o Com itê de Ética em

Pesquisa...........97

Anexo 4: Carta de encaminh amento do projeto ao

Comitê.......108

Anexo 5: Termo de compromi sso da

pesquisadora..................109

Anexo 6: Folha de rosto pa ra o Comitê de

Ética.......................110

Anexo 7: Protocolo de auto rização do Comitê de

Ética.............112

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RESUMO

Em 1992, o relatório geral da ONU deu ao estresse a denominação de mal

do século. Esse estado de tensão, de fato, é cada vez mais comum em nossa era,

especialmente nos exigentes e competitivos ambientes de trabalho e tem

despertado interesse em muitos especialistas no assunto. De acordo com Perez

Ramos (1992), o fenômeno de estresse nas instituições incide e coloca em

situações de risco a motivação, o desempenho, a produtividade, a auto-estima e a

saúde de seus membros.

Sendo assim, esta pesquisa objetivou estabelecer a relação causal entre

trabalho e estresse ocupacional (até o seu extremo, a síndrome de Burnout) entre

os profissionais de Saúde Mental de São Carlos, além de estagiários da UFSCar

que atuam diretamente na área, por meio da aplicação de um inventário que

permitiu avaliar a prevalência – ou não – de fatores de estresse ocupacional em

relação a indicadores de qualidade de vida, considerando as condições e a

organização do trabalho nas unidades de referência.

Para sua avaliação foram utilizados como modelos indicadores de

Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde (Fleck, 1999 – WHOQOL-

100) que considera a saúde não apenas ausência de doença, mas um estado de

bem estar físico, mental e social, o questionário de Saúde Geral de Goldberg

(Goldberg, 1972 – adaptação brasileira: Pasquali, Gouveia & Andriola, 1996), o

qual foi construído para avaliar a saúde mental das pessoas, além do Inventário

de Ônus da Pessoa que Cuida (Novack & Guest, 1989), relativo ao cuidador em

saúde.

Os resultados deste estudo apontam para um indicativo de fatores

desencadeantes do quadro de estresse devido às condições / organização do

trabalho em Saúde Mental no município de São Carlos, sugerindo ainda, que os

participantes podem encontrar-se estressados em diferentes níveis deste quadro.

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INTRODUÇÃO

Diversos são os modelos teóricos que procuram analisar as relações entre

trabalho e saúde mental. Alguns se situam na linha do estresse, outros procuram

entender essas relações a partir dos efeitos psicopatológicos do trabalho e a sua

psicodinâmica, que coloca no centro das discussões as relações intersubjetivas.

Dentre os modelos de explicação das relações entre saúde mental e trabalho

podemos definir duas principais correntes: a psicopatologia do trabalho -

denominada psicodinâmica do trabalho a partir dos estudos Dejours e o desgaste

mental ocasionado pela organização do trabalho.

A Psicopatologia do trabalho é definida como a “análise dinâmica dos

processos psíquicos mobilizados pela confrontação do sujeito com a realidade do

trabalho” (Dejours, 1994:120). Sofrimento psíquico e desgaste mental são exemplos

de patologias do trabalho. Diversos são também os indicadores de sofrimento

utilizados nesses estudos. Derriennic (1996), abordou o sofrimento psíquico

selecionando quatro modalidades: o sentimento de solidão, a lassidão, a inibição e a

propensão à agressividade. Ainda no grupo das psicopatologias, os estudos de

Seligmann-Silva (1994:79) têm como conceito chave o desgaste mental ("perda de

capacidade potencial e/ou efetiva corporal e psíquica" entendendo que "no trabalho

alienado há uma utilização deformada e deformante das potencialidades psíquicas”).

Como estuda os fenômenos psíquicos do trabalhador, o qual tem destituído

seu aparelho psíquico em conseqüência do modo de organização do trabalho, a

psicopatologia do trabalho procura investigar como os trabalhadores sobrevivem na

normalidade, ou seja, como conseguem manter-se, de alguma forma “equilibrados”,

se todos os dias necessitam suportar as diversas contrariedades e em graus

variados, impostas pelo seu trabalho, construindo mecanismos de defesa individuais

e, principalmente, coletivos; os quais levam à repressão de seus impulsos libidinais e

à alienação, pela qual o trabalhador passa a confundir seus desejos com a injunção

organizacional substituindo seu livre arbítrio, acabam tendo que criar meios para não

serem atingidos pela realidade do trabalho, esquivando-se do sofrimento.

Na psicodinâmica do trabalho (Dejours et.al, 1994) as relações interpessoais

ganham o centro. Não é a psicopatologia, e sim as relações intersubjetivas, que

estabelecem no trabalho, o seu objeto. A idéia central é a de que o sujeito no

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trabalho está, permanentemente, negociando a melhor forma de trabalhar. Na

medida, em que ele contribui para a realização do trabalho, qualquer que seja o

produto, espera que isso seja reconhecido. Mais do que isso, o indivíduo deseja que

o reconhecimento ocorra não apenas pela existência da contribuição, mas que ela

seja julgada pelos pares como boa contribuição.

Os julgamentos pelos pares se referem à contribuição dos sujeitos, sempre

relativos ao trabalho realizado, que traz em sua superfície os traços das regras da

atividade, do saber-fazer, da originalidade, e não ao sujeito. A retribuição no registro

da identidade, no registro do "ser" é obtida como retorno dos efeitos do

reconhecimento no registro do "ter". O reconhecimento da qualidade do trabalho

realizado se traduz em retribuição simbólica que pode tomar sentido em relação aos

anseios subjetivos quanto à realização de si. Na dinâmica de

construção/fortalecimento da identidade, o reconhecimento do fazer vem

necessariamente, em primeiro lugar. A relação "mobilização subjetiva-realização de

si" é mediada pelo real que constitui o trabalho, que é diferente do sentido ideal que

deveria ter o trabalho e sua organização.

Da mesma forma, a relação entre trabalho e identidade é mediada pelo outro,

no julgamento de reconhecimento. Dejours propõe as bases para uma análise

psicodinâmica do trabalho, assentando-a sobre um triângulo fundamental que

articula trabalho, sofrimento e reconhecimento. De forma resumida, a construção do

sentido do trabalho pelo reconhecimento, gratificando o sujeito em relação a suas

expectativas frente à realização de si (edificação da identidade no campo social)

pode transformar o sofrimento em prazer (Dejours, 1992).

Acrescenta-se, ainda, que a carga psíquica do trabalho resulta da

confrontação do desejo do trabalhador à injunção do empregador, contida na

organização do trabalho, sendo que a mesma aumenta quando a liberdade de

organização do trabalho diminui, ou seja, a carga psíquica do trabalho torna-se

muito maior e mais difícil de ser elaborada, levando ao sofrimento:

“...quando o rearranjo da organização do trabalho não é

mais possível, quando a relação do trabalhador com a organização

do trabalho é bloqueada, o sofrimento começa: a energia pulsional

quer não acha descarga no exercício do trabalho se acumula no

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aparelho psíquico, ocasionando um sentimento de desprazer e

tensão...” (Dejours et al.,1994:29)

A psicodinâmica do trabalho enfatiza a centralidade do trabalho na vida dos

trabalhadores, analisando os aspectos dessa atividade que podem favorecer a

saúde ou a doença. Ao analisar a inter-relação entre saúde mental e trabalho,

Dejours (1986) acentua o papel da organização do trabalho no que tange aos efeitos

negativos ou positivos que aquela possa exercer sobre o funcionamento psíquico e à

vida mental do trabalhador. Este autor conceitua organização do trabalho como a

divisão das tarefas e a divisão dos homens. A divisão das tarefas engloba o

conteúdo das tarefas, o modo operatório e tudo que é prescrito pela organização do

trabalho, incitando o sentido e o interesse do trabalho para o sujeito. A divisão dos

homens compreende a forma pela qual as pessoas são divididas em uma

empresa/instituição e as relações humanas que aí se estabelecem, mobilizando os

investimentos afetivos, o amor e o ódio, a amizade, a solidariedade, a confiança,

entre outros.

Mais recentemente, Dejours et al. (1994) passaram a acentuar o fato de que a

relação entre a organização do trabalho e o ser humano encontra-se em constante

movimento. Do ponto de vista da Ergonomia, a análise da organização do trabalho

deve levar em conta: a organização do trabalho prescrita (formalizada pela

organização/instituição) e a organização do trabalho real (o modo operatório dos

trabalhadores). Segundo Dejours, o descompasso entre as duas favoreceria o

aparecimento do sofrimento mental, uma vez que levaria o trabalhador à

necessidade de transgredir para poder executar a tarefa.

É na regulação da relação entre trabalhador e organização do trabalho que o

ocorre o que Dejours chamou de “erosão da vida mental” (Dejours, 1987), ou seja,, a

implantação de um comportamento condicionado favorável à produção através desta

erosão, onde o sofrimento surge como intermediário à submissão do corpo. Desta

forma, coloca que o sofrimento é o próprio instrumento e produtor de trabalho.

O papel de destaque representado pela organização do trabalho está de

acordo com as propostas de psicodinâmica do trabalho (Dejours et al., 1994) e das

teorias de estresse (Karasek & Theorell, 1990). De maneira geral, pode-se afirmar

que, quanto menor a autonomia do trabalhador na organização da sua atividade,

maior é a possibilidade de que a atividade gere transtornos à saúde mental. Novas

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formas de organização do trabalho, novas tecnologias e a precarização do trabalho

trazem o temor do desemprego e a intensificação do trabalho. Percebe-se que o

excesso de trabalho e a pressão por produção ocorrem em todos os graus da

hierarquia.

O espectro da inter-relação saúde mental e trabalho abrange, portanto, do

mal-estar ao quadro psiquiátrico, incluindo o sofrimento mental. Para Dejours et al.

(1994) o sofrimento mental‚ pode ser concebido como a experiência subjetiva

intermediária entre doença mental descompensada e o conforto (ou bem-estar)

psíquico, colocado como objeto de estudo da psicopatologia do trabalho. A não-

caracterização do papel do trabalho como agravante ou desencadeante de distúrbios

psíquicos ocasiona prejuízos não só à qualidade de vida e à eficácia de um

tratamento, como aos direitos legais do trabalhador, que deixa de usufruir os

benefícios previdenciários aos quais, eventualmente, tenha direito.

As teorias do estresse restringem seu foco às relações saúde mental-trabalho,

que são mediadas pela reação de estresse. Nesse campo, principalmente, na linha

de Karasek, podem ser encontradas importantes contribuições que procuram

explicar, da bioquímica e fisiologia aos aspectos psicológicos relacionados às

relações interpessoais, esse intrincado processo que articula trabalho, estresse e

doença.

Em todas as abordagens, uma parcela importante de responsabilidade na

gênese do sofrimento psíquico ou do estresse vinculado à atividade, tem sido

atribuída à organização do trabalho (Dejours, 1993; Seligmann-Silva, 1994). A

literatura da área em ergonomia mostra que a forma como o trabalho está

organizado é diferente do planejado pelos órgãos de percepção (Duarte, 1986). Por

isto, Wisner (1977) apud Seligmann-Silva (1986), acentua a importância de uma

descrição da população real de trabalhadores, de uma análise precisa do trabalho e

de suas condições de execução, e de um inventário real dos diversos aspectos da

carga laboral diária.

Assim, a distância entre o trabalho prescrito e o trabalho real (Daniellou,

1992; Guérin et al., 1991), entre aquele determinado pelas instâncias de concepção

das instituições ou organizações, e o efetivamente realizado, com variabilidades e

contingências específicas, vai determinar um trabalho particular e real. É neste

contexto, que potenciais situações produtoras de sofrimento devem ser discutidas.

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Tal abordagem apresenta um alto grau de complexidade, a começar pela

ampla variação do conceito de estresse, pois alguns autores dizem que representa

uma adaptação inadequada a mudança imposta pela situação externa, uma tentativa

frustrada de lidar com os problemas (Helman, 1994), ou ainda, poderia ser definido

como um referente, tanto para descrever uma situação de muita tensão, quanto para

definir a tensão a tal situação (Lipp & Rocha, 1994). Destacam-se, nesse campo, os

autores de vários países e concepções, tais como, Frankenhaeuser & Gardell,

(1976), Kalimo (1980), Levi (1987), os quais definem, por exemplo, estresse como

um desequilíbrio entre as demandas do trabalho e a capacidade de resposta dos

trabalhadores, além do pioneiro Selye (1959), que definiu estresse como sendo,

essencialmente, o grau de desgaste total causado pela vida, destacando-se,

também Karasek, Theorel e Lazarus.

Nas teorias que tomam o estresse como categoria mediadora entre o trabalho

e a saúde, há uma grande pbalho e a saúde, há uma grande pcas, como a

cardiovascular por um lado, e por outro com o esgotamento e o "burnout" que são

manifestações psicopatológicas diretamente vinculadas ao estresse. É importante

ressaltar que o estresse em si não é patológico. É uma reação natural do organismo

humano quando colocado diante de alguma situação de ameaça.

No âmbito desta vertente, observa-se a preocupação com a determinação dos

fatores potencialmente estressantes em uma situação de trabalho. Karasek &

Theorell (1990) apud Seligmann-Silva (1994) propõem um modelo com uma

abordagem tridimensional, contemplando os seguintes aspectos:

"exigência/controle" (demand/control); "tensão/ aprendizagem" (strain/learning) e

suporte social. A situação saudável de trabalho seria a que permitisse o

desenvolvimento do indivíduo, alternando exigências e períodos de repouso com o

controle do trabalhador sobre o processo de trabalho.

Dentre os diversos modelos teóricos que assumem esta linha interpretativa,

acrescenta-se outro modelo de Karasek, o qual centra-se no par demanda/latitude

de decisão. Situações de trabalho, onde existe, grande demanda e estreita latitude

de decisão, podem levar ao esgotamento dos trabalhadores. Ao contrário, condições

com alto nível de demandas, porém oferecendo aos trabalhadores ampla latitude de

decisão, induzem menores taxas de esgotamento. O suporte social media essa

relação, por exemplo; a coesão da equipe, que representa um forte fator de proteção

à saúde dos trabalhadores.

20

Lazarus (1993) descreve quatro pressupostos essenciais que devem ser

observados: o agente estresse, uma avaliação que diferencia tipos de estresse

(dano, ameaça e desafio), o processo de “coping” para lidar com os estresse e um

padrão complexo de efeitos na mente e no corpo, referido como reação ao estresse.

Os processos de coping são concebidos como as estratégias e esforços cognitivos e

comportamentais que os indivíduos utilizam para lidar com as demandas

específicas decorrentes de situações de estresse e avaliadas como excedendo seus

recursos pessoais (Antoniazzi, Delláglio, & Bandeira, 1998; Folkman e Lazarus,

1993) apud Abreu, Stoll, Ramos, Baumgardt, & Kristensen (2002).

Fatores intrapsiquicos relacionados ao serviço também contribuem para a

pessoa manter-se estresse, como é o caso da sensação de insegurança no

emprego, de insuficiência profissional, pressão para comprovação de eficiência ou

até mesmo, a impressão continuada de estar cometendo erros profissionais, além

destes fatores, ainda o trabalhador carrega consigo o seu histórico de vida, trazendo

para o ambiente de trabalho fatos e fatores externos ao mesmo, da vida familiar e

pessoal.

O extremo oposto, ou seja, ter uma vida sem motivações, sem projetos, sem

mudanças na ocupação ao longo de muitos anos, sem perspectivas de crescimento

profissional, assim como, passar por períodos de desocupação no emprego,

também podem provocar o estresse ocupacional ou, em ultimo grau, a síndrome de

burnout. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a saúde pode ser

lesada, não apenas pela presença de fatores agressivos (fatores de risco,

sobrecarga), mas também pela ausência de fatores ambientais (fatores de

“subcarga”, tais como: falta de atividade muscular, de comunicação com outras

pessoas, monotonia no trabalho, falta de responsabilidade individual ou de desafios).

Os agentes de estresse estão no ambiente de trabalho a todo tempo, e a sua

sobrecarga pode ser considerada fator desencadeante importante para o inicio do

estresse patológico no trabalho. A sobrecarga de estímulos estresse é um estado,

no qual, as exigências do ambiente ultrapassam nossa capacidade de adaptação.

Existem quatro fatores principais que contribuem para a demanda excessiva de

agentes estressantes no trabalho: urgência de tempo, responsabilidade excessiva,

falta de apoio e expectativas excessivas internas e externas. Outros fatores

considerados seriam: ruídos; alterações de sono; falta de perspectivas; mudanças

21

constantes; determinadas pela empresa, devido às novas demandas/tecnologias,

devido ao mercado ou impostas por condições pessoais e subjetivas.

A Síndrome de Burnout, que é uma resposta ao estresse ocupacional crônico,

a qual afeta, principalmente, profissionais que se ocupam em prestar assistência às

pessoas, segundo Maslach (1977), vem ocorrendo com grande freqüência,

atualmente. É um processo em que há o esgotamento emocional e uma escassa

realização pessoal, ocorrendo forte despersonalização, não resultando somente do

estresse em si, mas do “estresse não mediado”, do não moderado, do sem

possibilidade de solução (Farber, citado em Roazzi, Carvalho, & Guimarães, 2000)

apud Abreu, Stoll, Ramos, Baumgardt, & Kristensen (2002)

O individuo nesta condição, deixa de investir em seu trabalho e nas relações

afetivas que dele decorrem, tornando-se incapaz de se envolver com o mesmo

(Codo, & Vaquez-Menezes,1999). Sua dimensão multidimensional é composta de

três componentes: a exaustão emocional (sentimento muito forte de tensão

emocional, o qual produz sensação de esgotamento, de falta de energia e de

recursos emocionais próprios para lidar com as rotinas da prática profissional e

representa a dimensão indivcidual da síndrome), despersonalização (sentimentos e

atitudes e negativistas, indiferentes e cínicas em relação ao pacientes/clientes) e

redução de realização pessoal (afeta as habilidades interpessoais relacionadas com

a pratica profissional, o que influi, diretamente na forma de atendimento).

Seligmann-Silva (1994) identifica a existência de um campo de estudo

interdisciplinar voltado para a análise das conexões entre saúde mental e trabalho,

mediante a integração de "olhares" distintos, apresentando o conceito de desgaste

como opção conceitual integradora. O desgaste psíquico foi associado à imagem de

"mente consumida" por Seligmann-Silva reunindo três abrangências: a primeira,

compreendendo quadros clínicos relacionados ao desgaste orgânico da mente (seja

em acidentes do trabalho, seja pela ação de produtos tóxicos); a segunda,

compreendendo as variações do "mal-estar", das quais a fadiga (mental e física) é

uma das analisadas; e a terceira, quando se verificam os desgastes que afetam a

identidade do trabalhador, ao atingir valores e crenças, que podem ferir a dignidade

e a esperança.

Entretanto, uma dificuldade importante para o desenvolvimento dos estudos

que possibilitem a comprovação da conexão entre estresse e trabalho, refere-se à

22

ausência na Classificação Internacional das Doenças (CID-10), de um grupo

diagnóstico de distúrbios psíquicos relacionados especificamente com o trabalho.

Embora a CID-10 ofereça, no capítulo XXI, uma lista fatores que podem

influenciar o estado de saúde e contato com serviços de saúde (Z00-Z99), onde

encontramos o código Z50, referente a cuidados envolvendo o uso de

procedimentos de reabilitação, o código Z-56, referente a problemas relacionados

com o emprego e/ou desemprego, o código Z60, referente a problemas relacionados

a ambiente social e o código Z73, referente a problemas relacionados a dificuldades

de gerenciamento da própria vida, e admita que os “eventos estressantes ou as

circunstâncias desagradáveis continuadas são o fator causal primário e determinante

e o transtorno não teria ocorrido sem o seu impacto”1, no que concerne ao

diagnóstico Seligmann-Silva (1995:289) observa que não encontramos vinculação

entre os quadros clínicos e o trabalho:

"não existe um consenso que tenha permitido uma

classificação dos distúrbios psíquicos vinculados ao trabalho,

existe uma concordância da importância etiológica do trabalho,

mas não a respeito do modo como se exerce a conexão

trabalho/psiquismo de forma suficiente a permitir um quadro

teórico. Os distintos modelos teóricos vêm trazendo dificuldades

para a clínica e prevenção".

Nesse sentido, o que se pode fazer é associar à hipótese diagnóstica o

código Z-56, para referir que o problema está relacionado com o emprego e/ou

desemprego, o que é, obviamente, insuficiente para traduzir o nexo causal entre a

patologia e o trabalho.

Após analisar as descrições clínicas e diretrizes para diagnóstico constantes

da Classificação Internacional das Doenças, Seligmann-Silva (1995) ponderou que

os títulos transtornos neuróticos, transtornos relacionados ao estresse e transtornos

somatoformes (F40 - F48, Capítulo V da CID 10) são os que se apresentam na

maior parte dos diagnósticos em que a dimensão psicossocial do trabalho pode

assumir relevância fundamental. A autora aponta, ainda, as seguintes síndromes

1 Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10: referência rápida. Organização Mundial da Saúde. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997, p. 158.

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neuróticas, como as que com freqüência, apresentam relação com o trabalho:

síndrome do esgotamento profissional (Estafa ou Síndrome de Burnout); síndrome

da fadiga crônica (fadiga patológica, fadiga industrial); síndromes pós-traumáticas;

síndromes depressivas e paranóides.

Dentre as Síndromes Neuróticas descritas por Seligmann-Silva, nos casos

analisados foram identificados os de fadiga crônica, síndrome pós-traumáticas,

síndromes depressivas e paranóides.

A Síndrome da Fadiga Crônica corresponde à fadiga acumulada ao longo de

períodos de duração variável, diante de uma situação de trabalho que não permite

recuperação suficiente por intermédio de sono e repouso. A característica principal é

a fadiga constante, física e mental, acompanhada de distúrbios de sono, cansaço,

irritabilidade e desânimo.

A neurose traumática é descrita como quadro imediato de irritabilidade,

angústia difusa, reações emocionais exageradas. Além disso, o indivíduo revê e

revive mentalmente a cena traumática, acompanhada de mal-estar, às vezes com

sudorese e taquicardia. Os pesadelos também repetem o evento traumático com

distúrbios do sono, irritabilidade e um estado de tensão no qual ocorrem

sobressaltos, como se a pessoa estivesse em permanente estado de prontidão.

A Síndrome Paranóide, descrita por Seligmann-Silva (1995), como quadro do

tipo neurótico em que, se desenvolve fortes sentimentos de insegurança, com

vivências de ameaça em situação na qual sejam identificados aspectos e pressões

de tipo potencialmente persecutório, com dispositivos rígidos de controle. Quanto

maiores forem as barreiras à comunicação e maior o isolamento do trabalhador,

maior a facilidade de que se desenvolvam essas manifestações. Tais manifestações

de ansiedade de teor persecutório podem intensificar-se a ponto de perturbar

seriamente os relacionamentos interpessoais e o desempenho. Paralelamente,

podem surgir graus de irritabilidade e também, com freqüência, distúrbios do sono.

Seligmann-Silva (1995) descreve que as síndromes depressivas podem ter

sua patogenia, desencadeamento e evolução nitidamente associados às vivências

do trabalho, podendo a depressão manifestar-se em quadros agudos ou crônicos

típicos (tristeza, vivências de perda ou fracasso e falta de esperança). No entanto, os

quadros depressivos associados ao trabalho muitas vezes não são típicos; revelam-

se de forma mais sutil, apresentando como principal manifestação o desânimo diante

da vida e do futuro.

24

Outros quadros identificados neste estudo que estão relacionados com a

situação de trabalho foram: quadros de distúrbios psicossomáticos, como crise

hipertensiva e gastrite e transtornos orgânicos de personalidade ou psicose

orgânicas.

No que se refere, à evolução dos quadros clínicos, convém atentar para os

casos de afastamento do trabalho com retorno à mesma situação de trabalho ou

para os casos de mudanças de função, sem o respaldo de uma adequada política de

readaptação, o que resultaria na piora da sintomatologia. É importante avaliar

cuidadosamente o retorno ao trabalho, após afastamentos por distúrbios psíquicos,

sendo necessárias ações integradas e acompanhamento multidisciplinar,

abrangendo o tratamento com medicação, psicoterapia e suporte por parte dos

colegas e das chefias2.

Uma série de aspectos da situação de trabalho e extra-trabalho podem atuar

de forma conjunta no desencadeamento de transtornos mentais. É importante

observar como estes vários aspectos se inter-relacionam.

Considerando as dificuldades de estabelecer o nexo com o trabalho e o

diagnóstico dos distúrbios psíquicos é fundamental: capacitar os profissionais dos

serviços de saúde para que considerem a importância da situação de trabalho como

um dos determinantes no processo saúde/doença; reestruturar os sistemas de

informações em saúde, envolvendo um sistema de vigilância epidemiológica com

notificação dos casos com suspeita de relação com o trabalho, independentemente

da caracterização por parte da Previdência Social; e desenvolver ações

interinstitucionais e multidisciplinares em Saúde Mental e Trabalho.

Sendo assim, o trabalho ocupa um papel central na vida das pessoas e é um

fator relevante na formação da identidade e na inserção social das mesmas.Neste

contexto, considera-se que o bem-estar adquirido pelo equilíbrio entre as

expectativas em relação à atividade profissional e à concretização das mesmas é um

2 Na maioria dos casos estudados, muitos foram demitidos com o quadro clínico em atividade. A

demissão representa a exclusão dos trabalhadores, funcionando na situação de trabalho (com organizações

rígidas, pressão do tempo e das gerências etc.), como selecionadora de trabalhadores. Além de gerarem a

perda do direito à assistência por parte do convênio, as demissões levam à perda da identidade profissional

e à piora da qualidade de vida, com a diminuição dos recursos financeiros.

25

dos fatores que constituem a qualidade de vida. Esta é proporcionada pela

satisfação de condições objetivas, tais como renda, emprego, objetos possuídos e

qualidade de habitação; e de condições subjetivas, tais como segurança, privacidade

e afeto (Wilheim & Déak, citado em Cardoso, 1999), bem como motivação, relações

de auto–estima, apoio e reconhecimento social.

Uma relação satisfatória com a atividade de trabalho é fundamental para o

desenvolvimento nas diferentes áreas da vida humana e esta relação depende, em

grande escala, dos suportes afetivos e sociais, que os indivíduos recebem, durante

seu percurso profissional. O suporte afetivo, que provém do relacionamento com as

pessoas, com as quais é possível compartilhar preocupações, amarguras,

esperanças, de modo que sua presença, possa trazer sentimentos de segurança,

conforto e confiança. O suporte social aplica-se ao quadro de relações gerais, as

quais se estabelecem, naturalmente entre os colegas de trabalho, vizinhos e

conhecidos, o que também pode favorecer o aprofundamento de relacionamentos

que, mais tarde, venham fazer parte do suporte afetivo.

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JUSTIFICATIVA

No ambiente de trabalho os estímulos estresse são muitos. Pode-se

experimentar ansiedade significativa (reação de alarme) diante de desentendimentos

com colegas, diante da sobrecarga e da corrida contra o tempo, diante da

insatisfação salarial e, dependendo das pessoas, até o tocar do telefone gera

irritação. A desorganização no ambiente ocupacional também é prejudicial,

geralmente as condições pioram quando não há clareza de regras, normas e das

tarefas que deve desempenhar cada trabalhador, assim como ambientes insalubres,

a falta de ferramentas e material adequado de trabalho ou de segurança.

Um dos agravantes dessa situação é a limitação que a sociedade submete as

pessoas quanto às manifestações de suas angústias, frustrações e emoções. Por

causa das normas e regras sociais as pessoas acabam ficando prisioneiras do

politicamente correto, obrigadas aparentar um comportamento motor ou emocional

muitas vezes incongruente com seus reais sentimentos de agressão e medo.

A Síndrome de Burnout, entendida como o grau mais extremo do estresse no

trabalho, foi observada, originalmente, em profissões da saúde, tais como: médicos,

psicólogos, enfermeiros, entre outros, e atualmente atinge qualquer profissional que

tenha contato mais exigente e direto com as pessoas que carecem de cuidados mais

intensivos:

“Entre os profissionais da saúde, eventos potencializadores de

estresse podem surgir, dependendo do tipo de atividade realizada.

Entretanto, existe uma evidência crescente demonstrando que os

profissionais da área de saúde mental, por fatores relacionados à

natureza de sua profissão, apresentam-se, particularmente, mais

vulneráveis a esse tipo de manifestação e seus efeitos” (Rabin,

Feldman, & Kaplan, 1999) apud Abreu, Stoll, Ramos, Baumgardt, &

Kristensen (2002)

Uma das possíveis explicações para tal fato seria a de que os profissionais da

saúde idealizam a sua prática, como sendo aquela que serve para ajudar as

27

pessoas; e isto nem sempre ocorre, indicando que este profissional poderia sentir-

se mais gratificado se visse em sua prática um meio de apoio aos pacientes, e não

de cura. Também o local de trabalho, influencia fortemente, o grau de realização

pessoal e a possibilidade de desenvolver de quadros de estresse à Síndrome de

Burnout.

O burnout está caracterizado como:

a. Exaustão emocional: ocorre quando a pessoa percebe nela mesma a impressão

de que não dispõe de recursos suficientes para dar aos outros.Psicologicamente,

surgem também sintomas de cansaço, irritabilidade, propensão a acidentes, sinais

de depressão e/ou ansiedade, uso abusivo de álcool, cigarros ou outras drogas,

surgimento ou reagudização de doenças, principalmente, aquelas denominadas de

adaptação ou psicossomáticas.

b. Despersonalização: aqui o termo está sendo empregado no sentido sociológico e

corresponde ao desenvolvimento por parte do profissional de atitudes negativas e

insensíveis em relação às pessoas com as quais trabalha. A pessoa passa a tratar

os outros como objetos.

c. Diminuição da realização e produtividade profissional: em geral conduz a uma

avaliação negativa e baixa de si mesmo.

d. Depressão: é uma sensação de ausência de prazer de viver, de tristeza que afeta

os pensamentos, os sentimentos e o comportamento social. Algumas vezes,

canaliza-se a vida para uma única coisa, como o trabalho ou esporte, e ocorre

desequilíbrio de relacionamento familiar e social.

Conforme afirmou Dejours, o funcionamento mental poderia se definir "como o

modo pelo qual cada trabalhador ajusta as relações entre seu desejo e a realidade,

entre seu passado, desde a infância, e seu presente, onde figura entre outras coisas

o trabalho".

Quando se fala em desejo e passado, está se referindo, principalmente, aos

desejos mais inconscientes, que surgem do drama, do teatro das primeiras relações

humanas da infância. O que o autor quer dizer é que o mundo do trabalho deve

oferecer, para um bom funcionamento mental, algum tipo de significação, de

ressonância simbólica para o sujeito trabalhador, para sua personalidade. Mas não é

só isto. O trabalho pode também, além de satisfação e significados simbólicos,

fornecer satisfações concretas de bem estar físico, biológico e nervoso, um certo

"prazer de funcionar".

28

O sofrimento, o incômodo e os esforços, sentidos como demasiados, porque

ultrapassam o limite subjetivo do trabalhador, serão então explicativos dos

problemas de saúde mental e os psicossomáticos, quando diante dos contextos de

trabalho, que provocam estas sensações, os trabalhadores não têm ou conseguem

manter o controle. A ausência de controle também explica a construção e adoção de

comportamentos adaptativos - “os jeitinhos” - que visam à adaptação a estes

problemas de saúde, não significando, entretanto; que as pessoas estejam

saudáveis e possuam qualidade de vida.

A evolução dos quadros clínicos mantém estreita associação com o suporte

fornecido (ou não) pelos serviços de saúde, pelas empresas, sindicatos, familiares e

instituições, entendendo-se tal suporte como um conjunto de ações que resgatem a

identidade profissional e social dos trabalhadores.

Entretanto, estabelecer o nexo entre adoecimento e situação de trabalho não

é simples, uma vez que tal processo é específico para cada indivíduo, envolvendo

sua história de vida e de trabalho. Para estabelecer o nexo, torna-se fundamental

coletar dados que apresentem uma descrição detalhada da situação de trabalho,

quanto ao ambiente, à organização e à percepção da influência do trabalho no

processo de adoecer.

Considerando o adoecimento como um processo gradativo, que se inicia de

forma insidiosa, que de um simples cansaço ou irritação pode configurar um quadro

de fadiga aguda ou crônica, ou Síndrome de Burnout, consideramos essencial

verificar as condições de trabalho a que se sentem expostos, os profissionais de

Saúde Mental do Município de São Carlos, estagiários da UFScar e voluntários

desta rede, uma vez que os transtornos mentais dos usuários com os quais

convivem no cotidiano (neuroses graves, psicoses e dependência química), e/ou as

condições de trabalho naquela unidade de referência, encontram-se dentro dos

parâmetros de risco à saúde mental do trabalhador, principalmente se o trabalhador,

dependendo de sua função, não se encontra suficientemente preparado para realizar

o seu trabalho ou apresenta alguma vulnerabilidade individual específica.

Conforme observa a CID-10:

“Embora estresses psicossociais menos graves (“ eventos da

vida”) podem precipitar o início ou contribuir para a

apresentação de uma variedade muito ampla de transtornos

29

(....), sua importância etiológica não é sempre clara e em cada

caso se percebe que depende da vulnerabilidade individual....”3

Embora, para finalidade diagnóstica, a CID-10 considere estresse somente a

partir do transtorno instalado, ela também considera que:

“Os eventos estressantes ou as circunstâncias desagradáveis continuadas

são o fator causal primário e determinante e o transtorno não teria ocorrido sem o

seu impacto”4.

Em relação aos transtornos presentes em F43 – Reação a estresse grave e

transtornos de ajustamento – ela considera:

“Os transtornos nesta seção podem, portanto, ser

considerados como respostas mal-adaptativas a estresse grave

ou continuado, porque eles interferem com mecanismos de

adaptação bem sucedidos e assim levam a problemas no

funcionamento social”5.

No entanto, em relação à proposta desse estudo, ressalta-se, que:

a. utilizamos o termo transtorno, como definido pela Organização Mundial da Saúde

(1992) “para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou comportamentos

clinicamente reconhecível, associado, na maioria dos casos, a angústia e

interferência com o funcionamento pessoal”6

b. a utilização dos critérios diagnósticos da CID-10 para a avaliação do dados

coletados se restringirá a instrumento de apoio para identificar quadros clínicos

instalados, pois, como diversos estudiosos afirmam, as circunstâncias que envolvem

o nexo causal entre estresse e trabalho surge de forma insidiosa, apresentando

sinais que, muitas vezes, são interpretados apenas como distúrbios de natureza

3 Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10: referência rápida. Organização Mundial da Saúde. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997, p. 158. 4 Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10: referência rápida. Organização Mundial da Saúde. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997, p. 158. 5 Idem ibid. 6 Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10: referência rápida. Organização Mundial da Saúde. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997, p. 333.

30

neuro-fisiológica, sem preocupação em estabelecer a ligação entre essas

disfunções e os eventos que circundam o seu surgimento ou manutenção.

a. Os sinais de natureza neuro-fisiológica a que nos referimos abrangem:

2.1.1 – tremores ou sensação de fraqueza

2.1.2 – tensão ou dor muscular

2.1.3– inquietação

2.1.4 – fadiga fácil

2.1.5 – falta de ar ou sensação de fôlego curto

2.1.6 – palpitações

2.1.7 – mãos frias e úmidas, sudorese

2.1.8 – boca seca

2.1.9 – vertigens e tonturas

2.1.10 – náuseas ou diarréias

2.1.11 – rubor ou calafrios

2.1.12 – polaciúria

2.1.13 – bolo na garganta

2.1.14 – impaciência

2.1.15 – resposta exagerada à surpresa

2.1.16 – pouca concentração ou memória prejudicada

2.1.17 – dificuldade de conciliar e manter o sono

2.1.18 – irritabilidade.

Os sinais, supra-citados, são manifestações que indicam um desequilíbrio do

Sistema Nervoso Central (SNC), invariavelmente presentes, em maior ou menor

intensidade, variação e freqüência, em quadros de estresse, cujo evento eestresseor

de origem deve ser identificado.

Assim sendo, devido à ampla variedade de estudos e propostas de

questionários e pelas razões acima expostas, foi elaborado um inventário que

possibilitasse contemplar o possível nexo causal entre o estresse e as relações no

trabalho, priorizando os aspectos que levaram a Organização Mundial de Saúde a

definir saúde não apenas como ausência de doença, mas um estado de bem estar

físico, mental e social.

31

OBJETIVOS

Sabendo que o trabalho dos profissionais de Saúde Mental expõe o indivíduo

a pressões e atividades de várias ordens, potencialmente maléficas, ou seja, ao

estresse ocupacional ou até mesmo à “síndrome de burnout”, o presente trabalho

teve como objetivo analisar se existia ou não uma relação causal entre trabalho e

estresse ocupacional e/ou “Síndrome de Burnout”, considerando as condições e a

organização do trabalho nas unidades de referência em Saúde Mental, avaliando se

há indícios de quadros de estresse entre os profissionais, estagiários da UFSCar e

voluntários do município de São Carlos que atuam na área, e se há alguma

sintomatologia característica do estresse presente na amostra do estudo.

.

32

II. MÉTODO

Estudar as condições de saúde e qualidade de vida dos trabalhadores ou

profissionais de Saúde Mental, de qualquer instituição de saúde é de grande

importância. Entende-se que essa importância se acentua quando as organizações

de Saúde mental propõem realizar seus atendimentos dentro da abordagem

biopsicossocial.

E dentro desta perspectiva, pretende-se verificar a existência ou não do

nexo causal entre o trabalho, suas condições e organização, associada às

possibilidades de quadros de estresse ocupacional e/ou “síndrome de burnout”,

numa perspectiva qualitativa.

Este tipo de pesquisa é adequado, devido ao valor subjetivo do trabalho

para os indivíduos, pois mesmo sofrendo influência direta do meio sócio-cultural, o

seu caráter subjetivo apresenta-se com maior destaque em sua economia

psicossomática, ou seja, os indivíduos traçam suas ações e reações, também e

principalmente no trabalho, segundo a sua subjetividade.

Portanto, trata-se de um estudo qualitativo, cuja significação é alcançada

pela diversificação das situações vivenciadas pelos trabalhadores e da escolha de

categorias que permitem uma aproximação do fenômeno estudado (Minayo, 1993).

Segundo Minayo (1993), em pesquisas qualitativas existe uma preocupação menor

com a generalização e maior com o aprofundamento e abrangência da compreensão

seja de um grupo social, de uma organização, de uma política ou de uma

representação, motivo pelo qual o critério de amostragem não é numérico: "(...) uma

amostragem qualitativa: a) privilegia os sujeitos sociais que detêm os atributos que o

investigador pretende conhecer; b) considera-os em número suficiente para permitir

uma reincidência das informações, porém não despreza informações ímpares cujo

potencial explicativo tem que ser levado em conta; c) entende que na

homogeneidade fundamental relativa aos atributos, o conjunto de informantes possa

ser diversificado para possibilitar a apreensão de semelhanças e diferenças; d)

esforça-se para que a escolha do locus e do grupo de observação e informantes

contenham o conjunto das experiências e expressões que se pretende objetivar com

a pesquisa" (Minayo, 1993:102).

Portanto, ao verificarmos que o trabalho tem um envolvimento direto com a

subjetividade individual e coletiva, principalmente no que diz respeito ao

reconhecimento do trabalho individual e das estratégias de defesas coletivas,

33

apresenta-se como meio verificador destas relações o estudo qualitativo porque

enfoca diretamente o contexto subjetivo humano, o qual transforma a sociedade e

suas relações e é alterado pela mesma.

A flexibilidade, versatilidade e complexidade da subjetividade permitem que

o homem seja capaz de gerar, permanentemente, processos culturais que, por sua

vez, levam à reconstituição da subjetividade, tanto social quanto individual. Os novos

processos de subjetivação implicados nesses processos culturais se integram como

momentos constitutivos do desenvolvimento da cultura.

A subjetividade individual é determinada socialmente, mas não por um

determinismo linear externo, do social ao subjetivo, e sim em um processo de

constituição, que integra de forma simultânea, as subjetividades social e individual.

O indivíduo é elemento constituinte da subjetividade social e, simultaneamente, se

constitui nela.(Rey, 2002).

“...O sujeito é histórico, uma vez que representa a síntese

subjetivada de sua história pessoal, e é social, porque sua vida se

desenvolve em sociedade, e nela produz novos sentidos e

significações que, ao constituir-se subjetivamente, se convertem em

constituintes de novos momentos de seu desenvolvimento subjetivo.

Por sua vez, suas ações na vida social constituem um dos elementos

essenciais das transformações da subjetividade social.” (Rey,

2002:38)

O modo pelo qual, os indivíduos vivem esta subjetividade, oscila entre os

extremos: uma relação de alienação e opressão, em que o indivíduo se submete à

subjetividade, produzindo um processo de singularização.A história e o contexto que

caracterizam o desenvolvimento do sujeito marcam sua singularidade, que é

expressão da riqueza e plasticidade do fenômeno subjetivo. O social, o econômico,

o político e outras formas constitutivas da vida social, se constituem subjetivamente,

a partir das estruturas de sentido que caracterizam cada um dos momentos da

subjetividade social.

A subjetividade social tem seu sentido modificado, sem modificar as ações

do grupo e pessoas em sua estrutura atual, a qual, por meio de suas instituições,

exerce forte controle sobre os sujeitos individuais. No entanto, em um momento

concreto, diante de uma modificação na trama social, e diante de uma ação

34

emergente inesperada, que poderia ter sido insignificante em outra conjuntura,

integra-se à uma ação intensiva, o sistema de sentidos que vinha sendo gerado,

mudando a estrutura social atual. Esses fenômenos são vistos cada vez com maior

freqüência.

O homem é interativo, ou seja, os processos que caracterizam suas relações

se constituem em sua expressão subjetiva, isto é, não se pode isolar suas

características psicológicas do contexto em que se manifestam.

Diante destas considerações, acrescenta-se que a rotina de trabalho impõe

situações, muitas vezes, incompatíveis com o perfil psicológico do trabalhador, com

conseqüências, nem sempre explícitas que são estudadas pela psicopatologia do

trabalho (Souza, 1992)

Segundo Dejours (1997:58):

“...Trabalhar, pois, não é somente executar os atos técnicos,

é também fazer funcionar o tecido social e as dinâmicas

intersubjetivas indispensáveis à psicodinâmica do

reconhecimento, que, como vimos anteriormente, é o caráter

necessário em vista da mobilização subjetiva da personalidade e

da inteligência...”

O reconhecimento pelos colegas e superiores, a possibilidade de discussão e

adequação do conteúdo pulsional dos trabalhadores, na organização do trabalho,

em qualquer circunstancia, frente à sua subjetividade do profissional, transforma o

estudo da Psicopatologia do Trabalho em conjunto com o estudo do fator humano,

em uma pesquisa de extremo valor nos dias atuais, já que para uma boa qualidade

de vida, é necessário, que se tenha uma boa qualidade de carga laboral diária, ou

seja, que o trabalho seja meio de prazer ao homem e não de alienação e sofrimento.

Como afirmaria Dejours (1997:55):

“Na perspectiva de uma teoria do fator humano, esse ponto é

absolutamente essencial: o reconhecimento é a forma especifica

da retribuição moral simbólica dada ao ego, como compensação

por sua contribuição à eficácia da organização do trabalho, isto é,

pelo engajamento de sua subjetividade e inteligência.”

35

2.1 Participantes

Os participantes deste estudo foram profissionais de Saúde Mental de São

Carlos, e estagiários da UFSCar que atuaram especificamente na área, não havendo

nenhuma participação de voluntários do citado município. Participaram dessa

pesquisa 30 pessoas atuantes em Saúde Mental do município de São Carlos, sendo

13 profissionais e 17 estagiários de todas as unidades que atendem a população em

Saúde Mental.

Visto que existem participantes os quais possuem vínculos empregatícios

municipais/estaduais/federais, optamos pela construção e aplicação de um

inventário, excluindo a identidade e, quaisquer dados que pudessem tornar o sujeito

passível de reconhecimento, a fim de preservar totalmente seu anonimato.

2.2 Material

Foram utilizados papel e caneta para a formulação e preenchimento dos

inventários durante a fase de coleta de dados, e microcomputador para a fase de

análise e tratamento dos dados.

2.3 Instrumento

O instrumento utilizado foi um inventário construído segundo adequação ao

objetivo da pesquisa, baseado em análise teórica do tema e nos modelos de

questionários e inventários de indicadores de Qualidade de Vida, tal como o da

Organização Mundial de Saúde (Fleck, 1999-WHOQOL-100) que considera a saúde

não apenas ausência de doença, mas um estado de bem estar físico, mental e

social, além do questionário de Saúde Geral de Goldberg (Goldberg, 1972-

adaptação brasileira: Pasquali, Gouveia & Andriola, 1996), o qual foi construído

para avaliar a saúde mental e o Inventário de Ônus da Pessoa que Cuida (Novack &

Guest, 1989), relativo ao cuidador em saúde.

2.4 Procedimento

Todos os participantes em potencial, ou seja, profissionais, voluntários e

estagiários do município de São Carlos, que atuam em Saúde Mental, foram

convidados a participar da pesquisa, através do contato individual com a

pesquisadora, quando esta expôs a proposta deste estudo, sua justificativa, bem

como o caráter absolutamente sigiloso dos dados que serão colhidos por meio de

36

um inventário. Após o esclarecimento geral e a assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido, redigido segundo as exigências da Resolução

196/96, foi entregue o inventário redigido e criado pela pesquisadora para que fosse

respondido pelo participante.

O inventário foi entregue pela pesquisadora, individualmente, acompanhado

de envelope para sua devolução lacrada, em 15 dias a partir da data de entrega do

mesmo. O inventário, dentro do envelope lacrado, deveria ser devolvido diretamente

à proponente desta pesquisa, em data e local previamente acordados.

A pesquisadora esteve à disposição permanente para esclarecer quaisquer

dúvidas que pudessem surgir no preenchimento do Inventário e sobre os objetivos

do estudo.

O tratamento dos dados incluiu a tabulação e compilação dos dados;

análise dos resultados segundo critérios que puderam estabelecer ou não o nexo

causal entre a organização do trabalho e o quadro de estresse ocupacional de

profissionais desta área da saúde.

Finalmente, a devolutiva dos resultados foi feita a cada um dos participantes

da pesquisa que assim desejaram deixando assinalado no Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido, à Coordenação do Curso de Psicologia e ao Departamento de

Psicologia, à Coordenação do Projeto de Extensão "Saúde Mental e Cidadania".

Também será oferecido à Secretaria Municipal de Saúde de São Carlos.

2.5 Análise dos dados

A metodologia estatística utilizada consiste, basicamente no uso de estatísticas

descritivas, gráficos e tabelas. Como medida de posição (locação), x , foi utilizada a

média amostral, dada por:

∑=

=n

iix

nx

1

1 (1)

onde xi é a variável em estudo e n o número de observações. As medidas de

dispersão utilizadas foram a variância e o desvio-padrão, definidos, respectivamente,

por:

2

1

2 )(1

1

σσ

σ

=

−−

= ∑=

n

ii xx

n (2) e (3)

37

Em alguns casos, mostrou-se interessante o calculo da correlação amostral

entre duas ou mais variáveis (correlação parcial). Para tal, foi utilizado o coeficiente

de correlação, definido como:

yxXY

yxxyE

σσρ −= )(

(4)

A respeito da ordenação das variáveis, as respostas qualitativas obtidas dos

participantes foram ordenadas de 0 (zero) a 4 (quatro), sendo que o menor valor

(zero) representa nada ou não e o maior valor (quatro), muito ou extremamente. A

classificação consiste, simplesmente, num ranqueamento das respostas.

Finalmente, a análise da frequência relativa dos dados (percentis) foi também

amplamente utilizada. Todos os cálculos, gráficos e tabelas foram obtidos pelo uso

do pacote estatístico SPSS (Statistical Package for Social Science), marca

registrada da SPSS Inc..

38

RESULTADOS

A amostra utilizada neste estudo é composta por 30 atuantes da área de

saúde mental, sendo 53,3% estagiários e 46,7% profissionais. Um ponto que merece

destaque, inclusive no tangente à validade da pesquisa, é que 40% dos participantes

atuam exclusivamente no atendimento de pacientes.

As questões do inventário foram divididas em seis (6) grandes grupos

relativos à organização e condição de trabalho e a fatores pessoais ligados a estas

duas dimensões para que fosse feita a análise quantitativa dos dados obtidos.

Os grupos são: condição/organização do trabalho; fatores e eventos

relativos à atividade; eventos influenciados pelas condições e organização do

trabalho; fatores ligados à vida pessoal; avaliações/mudanças e sintomas

físicos/psíquicos.

Devido ao pequeno número da amostra de profissionais que participaram

da pesquisa em detrimento dos estagiários, não pode ser realizada uma comparação

de todos os grupos e itens do inventário, o que seria muito interessante, já que o

tempo de atividade e o grau de envolvimento/responsabilidade do participante pôde

influenciar fortemente nas relações do profissional com a instituição e com as

pessoas que a mesma atende. Para algumas questões, que também terão uma

análise qualitativa, alguma comparação pôde ser feita.

GRUPO I: CONDIÇÃO/ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

A Frequência Semanal média de trabalho, por grupos é de 3.875 dias por

semana para os profissionais e 1.5 dias por semana para os estagiários. A média

geral obtida é de 2.29 dias por semana. No que se refere à horas dedicadas,

obtivemos 23.41 horas e 6.75 horas para, respectivamente, profissionais e

estagiários. A média total foi de 12.41 horas.

Referente a frequência de trabalho, 36,7% afirmaram trabalhar apenas um

(1) dia por semana, 20% dois (2) dias por semana, 10% três (3) dias e 33,3% cinco

(5) dias por semana.

Já 36.7% afirmaram não ter pausa no trabalho, contra 26,6% com pausas

quase sempre ou sempre.

39

Relativo à autonomia, 26.7% consideraram possuir pouca autonomia sobre a

realização de seu trabalho, 33.3% nem muita/nem pouca e, finalmente 20%

afirmaram ter bastante autonomia.

Curiosamente, quanto à utilidade na equipe, os resultados foram diversos:

30% considerou que seja muito pouco útil, 10% nem pouco/nem muito e 36.7%

bastante útil e 16.7% extremamente útil.

E no item tempo/adequação da atividade que exercem os participantes, os

resultados estão apresentados na tabela abaixo:

Frequência Percentagem Porcentagem Acumulada

Nada 9 30.0 30.0

Muito Pouco 10 33.3 63.3

Nem pouco/Nem muito 10 33.3 96.7

Bastante 1 3.3 100.0

Total 30 100.0

Tabela 1: Relação Tempo\Adequação na Atividade exercida.

GRUPO II: FATORES /EVENTOS RELATIVOS A ATIVIDADE:

Os resultados referentes aos fatores e eventos relativos à atividade do

profissional de saúde mental estão divididos em 5 subitens, apresentados abaixo.

2.1- SENTIMENTOS EM RELAÇÃO À ATIVIDADE

Dos participantes, 16,7% afirmaram sentir-se muito satisfeito e 40% satisfeito,

36.7% afirmaram estar satisfeitos, porém fatigados e apenas 3.3% admitiram estar

fatigados. Nenhum entrevistado afirma estar muito fatigado.

56.7% afirmaram estar insatisfeitos no final do dia de trabalho e 26,7%

afirmam estar insatisfeitos ou muito insatisfeitos. 56.7% sentem-se no estado

indicado acima desde o início de suas atividades clínicas, 16.7% afirma ter sentido

este estado atualmente e 20% há seis meses.

Os itens cansaço e irritação durante a atividade apresentaram muitas

variações, sendo os resultados obtidos respectivamente: 10% e 20% nada, 40% e

43,3%, muito pouco, 13,3% e 16,7% nem muito/nem pouco e 33,3% e 20%

bastante. Nenhum indivíduo mostrou-se extremamente irritado, porém, 3,3% dos

participantes admitiram estar extremamente cansado.

40

Em relação à concentração no trabalho, verificamos a formação de dois

grupos heterogêneos: 43.3% afirmaram conseguir concentrar-se muito pouco,

enquanto outros 43,3% afirmaram concentrar-se bastante.

Em relação a completar as atividades durante o turno normal de trabalho,

novamente, verificamos dois grupos: 33,3% admitem que completa muito pouco do

total de seus afazeres, enquanto 43,3% afirmaram completar grande parte de suas

obrigações.

Os itens afeição e convívio estão apresentados na tabela abaixo:

Afeição/Convívio Frequência Porcentagem Porcentagem acumulada

Não 7 2 23.3 6.7 23.3 6.7

Muito Pouco 8 7 26.7 23.3 50.0 30.0

Nem Muito / Nem Pouco 9 10 30.0 33.3 80.0 63.3

Bastante 5 7 16.7 23.3 96.7 86.7

Extremamente 1 4 3.3 13.3 100.0 100.0

Total 30 30 100.0 100.0

Tabela 2: Afeição e Convívio no Ambiente de Trabalho

Em relação ao medo no exercício de suas atividades, 66,7% afirmaram

sentir-se amedrontado poucas vezes, porém 23,3% afirmaram ter medo quase

sempre.

Para pressão no trabalho o padrão encontrado mostra que aqueles

indivíduos que apresentam pouco ou nenhuma pressão sentem esta por fatores

“externos”, enquanto que, quando a pressão é maior esta parece vir por parte dos

colegas de trabalho.

Pressão/Pressão Por

Colegas de Trabalho Frequência Porcentagem Porcentagem acumulada

Não 10 10 33.3 33.3 33.3 33.3

Muito Pouco 4 8 13.3 26.7 46.7 60.0

Nem Muito / Nem Pouco 6 6 20.0 20.0 66.7 80.0

Bastante 9 4 30.0 13.3 96.7 93.3

Extremamente 1 2 3.3 6.7 100.0 100.0

Total 30 30 100.0 100.0 100 100

Tabela 3: Pressão na atividade e pressão por parte dos colegas

41

A análise dos dados referentes à capacidade de superar dificuldades no

trabalho mostra que 26,7% não encontram nenhuma dificuldade, 16,7% muito pouca

dificuldade, 23.3% nem muita/nem pouca, 27.6% bastante e 6,7% extremamente.

Como a frequência acumulada até o ponto de indiferença, ou seja, o total

de pessoas que sentem nenhuma, muito pouco ou nem muito/nem pouca dificuldade

é de 66.7%, sugerindo que os indivíduos da amostra tendem a encontrar problemas

na superação das dificuldades do trabalho.

Na relação prazer-exaustão no exercício das atividades, os resultados mais

marcantes foram que 60% dos participantes afirmaram sentir prazer poucas vezes

ou somente às vezes. Em contrapartida, 36.7% afirmaram sentir exaustão poucas

vezes, 20% às vezes e 13,3% sempre.

Relativo à satisfação em prestar auxílio aos colegas de trabalho, 33.3%

mostraram-se muito insatisfeitos, 16,7% insatisfeito ou satisfeito, 10% indiferentes e

20% muito satisfeito.

40% dos participantes afirmaram achar muito pouco importante ajudar seus

colegas, enquanto que apenas 13,3% julgaram importante ajudar sempre.

Corroborando estes resultados, a frequência acumulada até a indiferença dos

atuantes em saúde mental, que confia no colega é de 69,0%, o que pode indicar um

certo receio ou individualidade na divisão do tratamento do paciente.

A tabela abaixo apresenta as porcentagens relativas às questões 43, 44, 45,

ou seja, felicidade, satisfação, desempenho.

Valor Felicidade (%) Satisfação (%) Desempenho (%)

Muito Insatisfeito 6.7 10.0 --

Insatisfeito 40.0 30.0 36.7

Indiferente 26.7 26.7 26.7

Satisfeito 20.0 30.0 26.7

Muito Satisfeito 6.7 3.3 10.0

Total 100.0 100.0 100.0

Tabela 4: Satisfação, Felicidade e Desempenho

No que se refere à valorização no ambiente de trabalho, os resultados foram

variados: 16,7 % afirmaram não se considerar valorizado, 20% poucas vezes

valorizado; 26.7% às vezes; 13,3% quase sempre e 23,3 % sempre valorizado.

42

Sentir-se incomodado ao perceber dificuldades na realização do trabalho,

apenas 3,3% afirmaram que nada sentem, contra 80% de frequência acumulada de

muito pouco à extremamente incomodado.

Outro resultado interessante é que 60% dos participantes afirmaram ser

poucas vezes, ou apenas às vezes, capazes de realizar suas tarefas, enquanto

apenas 13,3% afirmaram serem sempre capazes de fazê-las. Concordando com

esta informação, 53,3% afirmaram estar muito insatisfeitos ou insatisfeitos com sua

capacidade de realização de tarefas, sendo que, novamente, apenas 13.3%

mostraram-se muito satisfeitos com sua capacidade.

DUMMY

ProfissionaisEstagiários

Méd

ia d

a V

ariá

vel (

0-4)

2.5

2.0

1.5

1.0

.5

interf.prob.pessoais

culpado

Os itens culpa e interferência dos problemas pessoais estão representadas no

gráfico acima. Neste caso, as variáveis foram separadas entre os grupos:

profissionais e estagiários. O interessante a ser notado é que os profissionais

conseguem diferenciar os problemas pessoais daqueles que são de suas atividades,

enquanto que os estagiários não. Por outro lado, no item culpa, a diferença é bem

menos discrepante.

Finalmente 36,7% dizem sentir nenhum desânimo, enquanto 36,7% dizem

sentir pouco ou apenas às vezes e 26,6% sentem desânimo sempre ou quase

sempre.

2.2- AMBIENTE DE TRABALHO :

No item satisfação ao chegar no local de trabalho, 46.7% afirmaram estar

satisfeitos e 33.3% satisfeitos, porém fatigados. Apenas 6.7% afirmaram muito

insatisfeitos e 13.3% fatigados. Nenhum participante afirma sentir-se extremamente

fatigado.

43

Uma outra observação importante é que 30% dos participantes

consideraram que não possuem materiais suficientes e adequados para a realização

de seu trabalho. Por outro lado, 46.7% consideraram que sempre possuem materiais

adequados.

43.3% dos participantes afirmaram que o ambiente físico de trabalho não é

nem muito/nem pouco agradável sendo que, apenas 6.7% afirmaram trabalhar num

ambiente físico extremamente agradável. Quanto ao local de trabalho ser agradável,

13.3% o considera desagradável, 30 % muito pouco agradável, 26.7% são

indiferentes, 20% o acham bastante agradável e apenas 10% extremamente

agradável.

Por fim, o “clima” no ambiente de trabalho, ou seja, o clima organizacional,

no ambiente de trabalho apresentou resultados bastante diversos, sumarizados na

tabela abaixo:

Afeição/Convívio Frequência Porcentagem

Não 4 13.3

Muito Pouco 9 30.0

Nem Muito / Nem Pouco 7 23.3

Bastante 6 20.0

Extremamente 4 13.3

Total 30 100.0

Tabela 5: Correlação entre Afeição e Convívio

No referente à segurança, 73.4% sentem-se satisfeito ou muito satisfeito com

a segurança no trabalho. Finalmente, no tangente a poder de decisão, 53.2%

consideraram possuir muito pouco o nem muito nem pouco poder de decisão,

enquanto que 30% consideram possuir bastante. Finalmente, apenas 10% dizem

possuir muito poder de decisão.

2.3- MOTIVAÇÃO :

Dos participantes, 76,7% dizem nunca se atrasar para o trabalho, sendo

que, apenas 10% se atrasam às vezes e 6.7% sempre se atrasam.

Quanto a se manter em atividade, 10% afirmaram não conseguir, 33.3% da

amostra muito pouco, 10% nem muito/ nem pouco, 23.3% bastante e 20%

extremamente. Como possível consequência do resultado acima, observamos que,

44

46.7% dos participantes não gastam muito tempo para realizar suas atividades, 30%

apenas às vezes e por fim, 3.3% sempre gasta tempo demais na execução de suas

atividades. Um resultado interessante obtido é que 16.7% afirmaram não gostar da

atividade que realiza, 50% gosta bastante e apenas 13.3% extremamente.

Em relação à autonomia sobre suas atividades, os resultados estão na tabela

abaixo:

Frequência Porcentagem Porcentagem Acumulada

Não 3 10.0 10.0

Muito Pouco 8 26.7 36.7

Nem Muito / Nem Pouco 10 33.3 70.0

Bastante 6 20.0 90.0

Extremamente 3 10.0 100.0

Total 30 100.0

Tabela 6: Autonomia

A vinculação da estabilidade financeira com o trabalho realizado apresentou a

seguinte distribuição:

Frequência Porcentagem Porcentagem Acumulada

Não 16 53.3 55.2

Muito Pouco 7 23.3 79.3

Nem Muito / Nem Pouco 1 3.3 82.8

Bastante 4 13.3 96.6

Extremamente 1 3.3 100.0

Total 29 96.7

Tabela 7: Estabilidade financeira.

Por grupos, ao compararmos as finanças dos indivíduos que já haviam

trabalhado com saúde mental com aqueles que nunca haviam trabalhado, obtivemos

o gráfico abaixo, onde se nota, como esperado, que as finanças influenciam àqueles

que já estavam envolvidos com o trabalho há mais tempo.

45

DUMMY

ProfissionaisEstagiários

Méd

ia d

a V

ariá

vel (

0-4)

1.4

1.2

1.0

.8

.6

.4

.2

0.0

Finanças

Participação

Anterior

Os resultados referentes à motivação foram compilados na tabela abaixo:

Motivação

Trabalhar

Motivação

Durante o Trabalho

Motivação

Ambiente de Trabalho

Motivação

Equipe

Porcentagens (%)

Não 3.3 0 3.3 3.4

Muito Pouco 43.3 63.3 30.0 17.2

Nem Muito / Nem Pouco 26.7 13.3 33.3 31.0

Bastante 26.7 23.3 30.0 31.0

Extremamente 0 0 3.3 17.2

Total 100 100 100 100

Tabela 8: Motivação no trabalho: vários aspectos

O gráfico abaixo representa estas mesmas informações, porém, separadas

por grupos:

46

DUMMY

ProfissionaisEstagiários

Mea

n

2.4

2.2

2.0

1.8

1.6

1.4

1.2

1.0

Motivação

Motivação Durante

o Trabalho

Motivação no

Ambiente de Trabalho

Motivação na

Equipe

Finalmente, quanto ao preparo para o exercício da função, obtivemos os

seguintes resultados:

Frequência Porcentagem Porcentagem Acumulada

Nada 1 3.4 3.4

Muito Pouco 5 17.2 20.7

Nem Muito / Nem Pouco 9 31.0 51.7

Bastante 9 31.0 82.8

Extremamente 5 17.2 100.0

Total 29 100.0

Tabela 9: Preparo no exercício da função

2.4 Equipe:

No tangente ao trabalho em equipe, verificou-se que 36.7% compartilham

muito pouco de suas idéias, 26.7%, nem muito nem pouco, outros 26.7% bastante,

sendo que 3.3% compartilham extremamente ou nada.

A importância revelada pelos participantes no que se relaciona à existência

do trabalho em equipe, tanto para os usuários/pacientes, quanto para eles próprios

como profissionais/estagiários apresentou a seguinte distribuição de freqüências:

47

Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem

Usuários Profissionais

Nada 13 43.3 13 43.3

Muito Pouco 0 0 0 0

Nem Muito / Nem Pouco 2 6.7 3 10.0

Bastante 3 10.0 3 10.0

Extremamente 12 40.0 11 36.7

Total 30 100.0 30 100.0

Tabela 10: Importância do trabalho em equipe

46,7% dos participantes afirmaram ser indiferentes em relação à influência

de problemas pessoais no funcionamento da equipe multidisciplinar, 16.7% acham

que há extrema influência, 26.6% dizem que este problema afeta muito pouco ou

nem muito nem pouco a equipe, e apenas 6.7% afirmaram que não afeta em nada.

Finalmente, os méritos dos funcionários da equipe encontram-se na tabela abaixo:

Frequência Porcentagem Porcentagem Acumulada

Nada 2 6.9 6.9

Muito Pouco 4 13.8 20.7

Nem Muito / Nem Pouco 5 17.2 37.9

Bastante 14 48.3 86.2

Extremamente 4 13.8 100.0

Total 29 100.0

Tabela 11: Méritos recebidos

2.5 Realização da Atividade:

Os resultados referentes à realização das atividades diárias e sobre a

abrangência destas consta da tabela abaixo:

Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem

Nada 3 10.0 6 20.0

Muito Pouco 9 30.0 4 13.3

Nem Muito / Nem Pouco 7 23.3 7 23.3

Bastante 8 26.7 6 20.0

Extremamente 3 10.0 6 20.0

Total 30 100.0 29 96.7

Tabela 12: Realização das atividades diárias e abrangência das mesmas

48

26.7% dos participantes afirmaram que não consegue terminar as suas

atividades diárias. Dos participantes que conseguem, 33.3% afirmaram que isto

ocorre poucas vezes e 30% quase sempre. Apenas 6.7% sempre terminam suas

atividades e 3.3% quase sempre.

Quanto à paciência para realização do trabalho e para com as pessoas

neste envolvidas, temos os seguintes resultados:

Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem

Não 8 26.7 6 20.0

Poucas Vezes 12 40.0 10 33.3

Às vezes 1 3.3 5 16.7

Quase sempre 7 23.3 5 16.7

Sempre 2 6.7 4 13.3

Total 30 100.0 30 100.0

Tabela 13: Paciência na atividade e para com os pacientes/usuários

Por grupos, observamos o seguinte:

DUMMY

ProfissionaisEstagiários

Mea

n

2.5

2.0

1.5

1.0

.5

paciencia ativd

paciencia pessoas

Os profissionais são mais pacientes do que os estagiários, seja na realização

de suas atividades individuais, seja nas coletivas. Passando à análise dos

problemas que ocorrem no trabalho, obtemos os seguintes resultados:

49

Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem

Não 3 10.0 3 10.0

Poucas Vezes 12 40.0 6 20.0

Às vezes 7 23.3 13 43.3

Quase sempre 4 13.3 4 13.3

Sempre 4 13.3 3 10.0

Total 30 100.0 29 96.7

Tabela 14: Problemas que ocorrem no trabalho

É interessante notar que, muitos dos participantes, possuem dificuldades em

enfrentar seus problemas, porém uma parcela maior consegue ajudar seus colegas

quando necessário.

Quanto ao apoio necessário à realização do trabalho, 16.7% afirmaram não

receber nenhum apoio, 16.7% recebem muito pouco apoio, 33.3% às vezes, 13.3%

quase sempre e 20.% sempre recebem o apoio necessário.

O item disponibilidade de informações está demonstrado na tabela abaixo:

Frequência Porcentagem

Não 6 20.0

Poucas Vezes 10 33.3

Às vezes 3 10.0

Quase sempre 4 13.3

Sempre 7 23.3

Total 30 100.0

Tabela 15: Disponibilidade de informações

Em seguida, a tabela abaixo compara a influência dos problemas pessoais

na realização do trabalho individual e no trabalho em grupo (comparação entre as

questões 62 e 63):

Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem

Nada 6 20.0 4 13.3

Muito Pouco 10 33.3 4 13.3

Nem Muito / Nem Pouco 3 10.0 8 26.7

Bastante 4 13.3 10 33.3

Extremamente 7 23.3 3 10.0

Total 30 100.0 29 96.7

Tabela 16: Influência de problemas pessoais

50

Relativo à satisfação com a resolução de conflitos no ambiente de trabalho

obteve-se:

Frequência Porcentagem Frequência Acumulada

Nada 1 3.3 3.3

Muito Pouco 4 13.3 16.7

Nem Muito / Nem Pouco 8 26.7 43.3

Bastante 8 26.7 70.0

Extremamente 9 30.0 100.0

Total 30 100.0

Tabela 17: Satisfação com a resolução de conflitos

Finalmente, a tabela abaixo compara a satisfação dos participantes nos

itens distribuição no local de trabalho e função e/ou atividade estar adequada ao

seu perfil:

Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem

Valor 3 10.0 12 40.0

Muito Insatisfeito 8 26.7 11 36.7

Insatisfeito 5 16.7 3 10.0

Indiferente 8 26.7 3 10.0

Satisfeito 4 13.3 1 3.3

Muito Satisfeito 28 93.3 30 100.0

Tabela 18: Distribuição de trabalho e adequação da função

51

Por grupos obtemos:

DUMMY

ProfissionaisEstagiários

Mea

n

2.5

2.0

1.5

1.0

.5

0.0

sat.dist.trabalho

satisf.função

GRUPO III. Eventos Influenciados Pelas Condições de Trabalho

Pela natureza similar das perguntas e a continuidade destas na amostra, os

resultados obtidos neste ítem estão resumidos nas tabelas abaixo:

Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem

Preocupação Perda de Sono Dificuldade com o Sono Dificuldade Continuar

Dormindo

Muito

Insatisfeito 11 36.7 20 66.7 17 56.7 21 70.0

Insatisfeito 3 10.0 1 3.3 2 6.7 2 6.7

Indiferente 8 26.7 5 16.7 5 16.7 3 10.0

Satisfeito 6 20.0 2 6.7 3 10.0 2 6.7

Muito

Satisfeito 2 6.7 2 6.7 3 10.0 2 6.7

Total 30 100.0 30 100.0 30 100.0 30 100.0

Tabela 19: Preocupação, Perda e dificuldade com o sono e de continuar dormindo

52

Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem

Noites Agitadas Disposição Geral Irritação ao Acordar Ao Pensar no Trabalho

Muito

Insatisfeito 14 46.7 6 20.0 12 40.0 1 3.3

Insatisfeito 4 13.3 13 43.3 5 12 10 33.3

Indiferente 5 16.7 2 6.7 7 5 10 33.3

Satisfeito 4 13.3 5 16.7 3 7 4 13.3

Muito

Satisfeito 3 10.0 3 10.0 3 3 5 16.7

Total 30 100.0 29 96.7 30 3� 30 100.0

Tabela 20: Noites agitadas; disposição geral, irritação ao acordar e ao pensar no trabalho

Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem

Feliz em Não Trabalhar Satisfação com o Salário

Muito Insatisfeito 2 6.7 1 3.3

Insatisfeito 3 10.0 2 6.7

Indiferente 6 20.0 12 40.0

Satisfeito 14 46.7 4 13.3

Muito Satisfeito 4 13.3 8 26.7

Total 29 96.7 27 90.0

Tabela 21: Felicidade em não trabalhar e satisfação com salário

GRUPO IV – FATORES LIGADOS A MUDANÇA

Os resultados relacionados a este item encontram-se na tabela abaixo:

Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem

Conciliação

Relacionamento

Familiar Atividades de Lazer Saídas de Casa

Não 8 26.7 10 33.3 8 26.7 12 40.0

Poucas Vezes 7 23.3 6 20.0 7 23.3 6 20.0

Às vezes 3 10.0 4 13.3 4 13.3 2 6.7

QuaseSempre 6 20.0 7 23.3 5 16.7 2 6.7

Sempre 5 16.7 3 10.0 6 20.0 8 26.7

Total 29 96.7 10 33.3 30 100.0 30 100.0

Tabela 22: Vida pessoal do trabalhador

53

Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem

Encontrar Amigos Atenção Dispensada Oportunidades Lazer Rotina de Casa

Não 9 30.0 8 26.7 4 13.3 5 16.7

Poucas

Vezes

10 33.3 3 10.0 14 46.7 4 13.3

Às

vezes

2 6.7 6 20.0 4 13.3 6 20.0

Quase

Sempre

7 23.3 8 26.7 6 20.0 5 16.7

Sempre 2 6.7 5 16.7 2 6.7 9 30.0

Total 30 100.0 30 100.0 30 100.0 29 96.7�

Tabela 23: Vida pessoal do trabalhador.

Frequência Porcentagem

Não 4 13.3

Poucas Vezes 1 3.3

Às vezes 12 40.0

Quase Sempre 5 16.7

Sempre 5 16.7

Total 27 90.0

Tabela 23: Vida pessoal do trabalhador.

GRUPO V. AVALIAÇÕES

Os itens mudanças e grau de satisfação em relação a possíveis mudanças

encontram-se na tabela abaixo:

Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem

Mudanças Condições de Atendimento Mudanças no Funcionamento da

Unidade

Grau de Satisfação com a

Modificação

Não 6 20.0 5 16.7 3 10.0

Poucas Vezes 7 23.3 8 26.7 2 6.7

Às vezes 9 30.0 8 26.7 9 30.0

Quase Sempre 4 13.3 3 10.0 6 20.0

Sempre 3 10.0 5 16.7 9 30.0

Total 29 96.7 29 96.7 29 96.7

Tabela 24: Satisfação em relação a possíveis mudanças ocorridas

54

Relativo à avaliação da qualidade de vida obtemos os seguintes resultados:

3.33% dos participantes consideraram muito ruim, 33.3% ruim, 36.7% são

indiferentes, 23.3% boa e apenas 3.3% muito boa. Para a qualidade do atendimento

no local de trabalho 6.7% consideram a qualidade muito ruim, 20% ruim, 36.7% são

indiferentes, 23.3% boa e 10% muito boa.

Estes resultados parecem muito negativos, sendo necessária uma

investigação mais subjetiva para podermos relacionar com um quadro de estresse.

Finalmente, quanto ao desejo de mudança de instituição, 20% não sentem vontade,

6.7% poucas vezes, 26.7% às vezes, 26.7% quase sempre e 16.7% sempre.

A capacidade atual de trabalho encontra-se na tabela abaixo:

Frequência Porcentagem

Muito Ruim 3 10.0

Ruim 7 23.3

Indiferente 3 10.0

Boa 15 50.0

Muito Boa 2 6.7

Total 30 100.0

Tabela 25: Capacidade de trabalho

GRUPO VI – SINTOMAS EXPLÍCITOS

Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Dores Falta de Apetite Tremores/Fraqueza Inquietação

Não 12 40.0 25 83. 17 56.7 9 30.0 Poucas Vezes 4 13.3 1 3.3 4 13.3 4 13.3 Às vezes 7 23.3 4 13.3 6 20.0 9 30.0 QuaseSempre 5 16.7 -.- -.- 3 10.0 7 23.3 Sempre 2 6.7 -.- -.- -.- -.- 1 3.3

Total 30 100.0 30 100 30 100 30 100.0

Tabela 26: Sintomas físicos observados I

Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Falta de ar Palpitações Boca Seca Mãos Frias

Não 25 83.3 24 80.0 23 76.7 21 70.0 Poucas Vezes 2 6.7 2 6.7 1 3.3 3 10.0 Às vezes 1 3.3 2 6.7 4 13.3 3 10.0 QuaseSempre -.- -.- 2 6.7 1 3.3 2 6.7 Sempre 2 6.7 -.- -.- 1 3.3 1 3.3

Total 30 100.0 30 100.0 30 100.0 30 100.0

Tabela 27: Sintomas físicos observados II

55

Frequência PorcentagemFrequência PorcentagemFrequênciaPorcentagemFrequência Porcentagem Sudorese Náuseas Rubor/Calafrios Bolo na Garganta

Não 27 90. 18 60.0 22 73.3 17 56.7 Poucas Vezes -.- -.- 4 13.3 4 13.3 1 3.3 Às vezes 2 6.7 7 23.3 3 10.0 6 20.0 QuaseSempre -.- -.- 1 3.3 4 13.3 Sempre 1 3.3 1 3.3 -.- -.- 2 6.7 Total 30 100.0 30 100.0 30 100.0 30 100.0

Tabela 28: Sintomas físicos observados III

Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem Memória Prejudicada Diarréia

Não 9 30.0 26 86. Poucas Vezes 2 6.7 -.- -.- Às vezes 11 36.7 2 6.7 Quase Sempre 4 13.3 1 3.3 Sempre 4 13.3 1 3.3 Total 30 100.0 30 100.0

Tabela 29: Sintomas físicos observados IV

56

IV. DISCUSSÃO

Seguindo a tendência observada na revisão bibliográfica, o presente estudo

assumirá uma perspectiva psicossocial.

O estresse pode ser definido como uma reação muito complexa, composta de

alterações psico-fisiológicas que ocorrem quando o indivíduo é forçado a enfrentar

situações que ultrapassem sua habilidade de enfrentamento (Lipp, 1997). A função

destas respostas é a adaptação do indivíduo à nova situação, gerada pelo estímulo

desafiador. O estresse pode produzir efeitos negativos como a fadiga, tensão

muscular, entre outros; que podem aparecer não só quando ocorre uma experiência

trágica, como a morte de algum amigo ou parente, mas também em outras situações

diversas, como mudanças de emprego, trabalho com excesso de tarefas que devem

ser realizadas em curto espaço de tempo, pressão constante no trabalho, exigências

ocupacionais exageradas e outros fatores (Everly, 1995).

O que determina se os sintomas de estresse vão ocorrer é a capacidade do

organismo de atender às exigências do momento, independentemente, destas

serem de natureza positiva ou negativa. A resistência aos desafios enfrentados é

também influenciada consideravelmente pelas estratégias de enfrentamento, ou

coping, presentes no repertório da pessoa, como fora citado anteriormente pela

bibliografia estudada.

O processo do estresse se divide em três fases: alerta ou alarme, resistência

e exaustão, sendo que os sintomas se diferenciam dependendo da seriedade do

estresse. Inúmeras complicações podem surgir como parte de reações a situações

estressantes: arteriosclerose, distúrbios no ritmo cardíaco, enfarte e derrame

cerebral. Outras doenças que podem ocorrer em função do estresse são diabetes,

câncer (em face de diminuição da imunidade), úlceras, gastrites, doenças

inflamatórias, colites, problemas dermatológicos (micoses, psoríase, queda de

cabelo), problemas relacionados à obesidade e problemas sexuais como impotência

e frigidez entre outros. Além das patologias físicas e mentais que podem ocorrer, há

também uma queda na habilidade de se concentrar e de pensar de modo lógico com

conseqüente queda da produtividade.

Adotando a perspectiva psicossocial, toma-se a síndrome de burnout como

um processo, no qual os aspectos do contexto de trabalho e interpessoais

contribuem efetivamente para o seu desenvolvimento e que se iniciam com quadros

de estresse ocupacionais comuns.

57

O conceito mais aceito nesta perspectiva é o adotado por Maslach e

Jackson (conforme citação de Maslach, 1994, p. 61 e Robayo-Tamayo, 1997, p. 6),

segundo os quais, a referida síndrome consiste em "uma reação à tensão emocional

crônica por tratar excessivamente com outros seres humanos, particularmente

quando eles estão preocupados ou com problemas".

Trata-se de uma síndrome multidimensional, caracterizada por três

componentes no qual o processo se inicia com o desenvolvimento dos sentimentos

de baixa realização pessoal e esgotamento emocional em paralelo. Posteriormente,

em resposta a ambos, como uma estratégia de afrontamento ou defensiva, instala-

se a despersonalização.

Constitui-se em uma fase final ou um tipo específico de reação ao estresse

ocupacional prolongado, que envolve atitudes e comportamentos negativos com

respeito aos clientes, ao trabalho e à organização. Associa-se à busca de significado

existencial para o trabalho (pessoas altamente motivadas para o trabalho).

Os resultados encontrados neste estudo chamam atenção, por sua vez, para

a importância da organização como mediadora do referido relacionamento entre as

variáveis, o que se coaduna com a tendência na revisão bibliográfica de priorizar

aspectos organizacionais (coletivos e mais amplos) em oposição aos aspectos mais

individualizados e restritos. Também concordam com as sugestões de Maslach e

Leiter (1997/1999) de enfatizar a promoção dos valores humanos como estratégia

preventiva do estresse e da síndrome de burnout.

Muitos itens analisados podem ser considerados importantes e indicativos

de estresse, principalmente, se combinados; portanto não será possível neste

estudo realizar tal análise. Assim, será dado destaque para alguns deles, para os

mais discrepantes e àqueles que demonstraram, em algum grau, a ligação entre o

tipo de organização do trabalho e o estresse (ou indicativo dele) dos profissionais

que participaram deste estudo.

Existem alguns indicadores de estresse, os quais estão presentes nos itens do

inventário e que puderam ser analisados, confirmando sua presença ou não, na

amostra do estudo. São eles: queda da eficiência, ausências repetidas, insegurança

nas decisões, protelação na tomada de decisões, sobrecarga voluntária de trabalho,

uso abusivo de medicamentos, irritabilidade constante, explode facilmente, grande

nível de tensão, sentimento de frustração, sentimentos de onipotência, desconfiança

eclosão ou agravamento de doenças (França & Rodrigues, 1997)

58

A situação estressante também pode ser detectada no funcionamento dos

grupos e organizações. No caso dos grupos: competição, politicagem,

comportamento hostil com as pessoas, perda de tempo com discussões inúteis,

pouca contribuição no trabalho, membros trabalham isoladamente, problemas

comuns não são compartilhados, alto nível de insegurança e grande dependência do

líder. Nas organizações: greves, atrasos constantes nos prazos, ociosidades,

sabotagem, absenteísmo, alta rotatividade de funcionários, altas taxas de doenças,

baixo nível de esforço vínculos empobrecidos, relacionamento entre funcionários

caracterizados por: rivalidades, desconfiança, desrespeito, desqualificação. (França

& Rodrigues, 1997)

Existem alguns fatores estressantes evidentes no trabalho: liderança do tipo

autoritária, execução de tarefas sob pressão, falta de conhecimentos no processo de

avaliação de desempenho e de promoção, carência de autoridade e de orientação,

excesso de trabalho, grau de interferência na vida particular que os trabalhadores

podem ter.

Ainda acrescenta-se a estes o conflito entre a organização e o indivíduo:

metas e estrutura da organização versus as necessidades individuais de autonomia,

realização e identidade; e a produção em larga escala (que no caso da saúde

publica, vemos nos atendimentos em massa e de forma rápida, para que possa ser

atendido o maior número de pessoas possíveis, como se este fosse um indicador de

qualidade para a população ou para aos profissionais) versus a satisfação no

trabalho individual.

A análise desta pesquisa será feita através de considerações dos itens mais

importantes que abordam os fatores causadores de estresse, levando-se em

consideração o modelo biopsicossocial, numa análise qualitativa, mas que se apóia

em dados reais analisados também quantitativamente.

Constatou-se na análise do primeiro grupo de itens que a frequência de

trabalho variou devido à participação de estagiários, os quais não tem tantos

horários a serem cumpridos nas instituições, mas destaca-se que uma quantia

razoável de participantes (33,3%) trabalha todos os dias atendendo os

pacientes/usuários. O tipo de atividade e a quantidade em que o mesmo ocorre é um

fator importante que pode causar algum dano, físico ou psíquico para o trabalhador,

seja ele de qualquer área, e por isto, qualquer organização deve estar atenta para

que seus funcionários não fiquem sobrecarregados e esteja atuando em funções

59

adequadas. Além disto, uma pausa durante a atividade sempre ajuda na dinâmica

do trabalho, mesmo que seja pequena, por isto, vê-se que é importante verificar esta

questão nas unidades em que houve participação neste estudo, já que 36,7% dos

participantes afirmaram não ter nenhuma pausa durantes suas atividades.

” Se uma parada no trabalho não vem interromper a evolução

do processo, se nenhuma modificação da organização do trabalho

intervem, então a fadiga desembocará na patologia” E logo, a seguir

afirma: “ duas modalidades são aqui possíveis, em função da

estrutura mental: a descompensação somática ou a

descompensação psiconeuróticas. A sobrecarga psíquica produzira

um delírio, se se tratar de uma estrutura (de personalidade)

psicótica, uma depressão se se tratar de uma estrutura neurótica”

((Camon, Silva, Steiner & Silva,1986, pág.69)

Em relação à autonomia, constatou-se que há algum problema, pois 26.7%

afirmaram não ter nenhuma e 33,3% nem pouca /nem muita, ou seja, não

conseguem nem ter a dimensão se estão tendo ou não domínio sobre sua própria

atividade e este é um forte fator gerador de estresse, pois quando não há nenhum

tipo de autonomia, o trabalhador pode estar sofrendo e o trabalho pode se tornar

“penoso”, pois o “trabalhador não é o sujeito da situação” (Sato, 1991)

Em organizações em que o trabalho é desenvolvido de forma coercitiva muitos

potenciais podem ser desperdiçados, pois não são exercitados nas atividades, em

função da forma como o trabalho é organizado, principalmente a impossibilidade de

uso da criatividade, a falta de autonomia, a ocorrência de tarefas enfadonhas e

arbitrariamente decididas em seu ritmo, intensidade e duração, além das relações de

trabalho serem fragmentadas e competitivas. Isto se configura em trabalho alienante.

O segundo grupo traz questões muito importantes, pois se trata dos temas

sentimentos em relação ao trabalho, motivação e prazer.

Em relação ao sentimento de satisfação no trabalho, pode ser verificado que

uma parcela considerável sente-se satisfeita, mas 36.7% dos participantes estão

também fatigados. Destaca-se o período final de trabalho em que mais da metade

(56.7%) encontra-se insatisfeito e que esta sensação ocorre desde o inicio das

atividades clínicas destes participantes na mesma porcentagem, nas suas

60

respectivas unidades em que trabalham. Estes dados indicam que estes

profissionais e estagiários já podem estar em uma linha limite de inicio ou

continuidade do desenvolvimento de um quadro de estresse.

Se o trabalho impede a adequada descarga de tensão, via exercício da

atividade mental, em função do conteúdo e organização, parte desta tensão será

represada, acumulando-se no aparelho mental, causando mais tensão, desprazer e

sofrimento, o que pode conduzir à fadiga. Outra parte da energia transborda e será

descarregada pelas vias locomotora e vegetativa. Sobrecarregando-se estas vias

como consequência poderá haver o desencadeamento ou reagudização de diversas

doenças. (França & Rodrigues, 1997)

A fadiga patológica pode dar lugar a depressões profundas, crises de agitação

psicomotora, reações psicóticas e outros quadros de sofrimento mental. Dejours

(1980), visualizando de maneira crucial a importância dos fatores emocionais e de

interação social originados pela organização laboral, afirmou que todo o excesso de

carga psíquica conduziria ao aparecimento de fadiga e de sofrimento. Outros fatores

são acrescentados - o cansaço, a indisposição geral e desânimo para a não

participação em atividades de lazer, ficando o individuo, restrito ao repouso em suas

horas “livres” (horas que na verdade são invadidas pelas conseqüências do trabalho)

(Camon, Silva, Steiner & Silva, 1986, pág.85)

Relativo ao item concentração de trabalho, os dados mostraram um equilíbrio

entre os extremos; tal fato nos mostra que seria preciso verificar quais são as

variáveis que levam a esta diferença entre grupos de atuantes, para que fosse feita a

correção adequada da situação; e que todos pudessem manter-se concentrados em

suas atividades, levando-se em consideração que este é um fator muito subjetivo,

pois pode envolver problemas individuais e pessoais. Isto também ocorreu com o

fator completar as atividades no horário de trabalho estipulado, mas neste caso,

deve ser observada a organização do trabalho e quais são as variáveis que devem

ser modificadas para que todas as atividades sejam completadas diariamente.

Para os fatores afeição e convívio, verificou-se que os participantes mantêm

um certo equilíbrio em suas atitudes, pois a maior porcentagem aparece na média,

ou seja, não há nem pouca e nem muita afeição dos participantes e um número bem

baixo afirma que é extremamente afetuoso e assinala também isto para o fator

convívio, indicando, portanto, que o convívio nas unidades/instituições em que

atuam não está ocorrendo de maneira adequada e saudável.

61

O fator medo para realizar suas atividades não teve altas porcentagens,

mostrando que os participantes estão sentindo-se capacitados para exercer suas

atividades e sem restrições para enfrentar os problemas diários de seu trabalho.

Relativo a pressão no trabalho, que pode ser considerado um dos fatores mais

importantes da causa de estresse, obteve-se dados, os quais nos indicam que a

pressão mais sentida pelos participantes é a que ocorre por parte dos próprios

colegas, apesar de ser bem alto o percentual de pressão durante as atividades. É

como Dejours afirma, a “idéia” que os trabalhadores tem de si mesmos é muito

importante, pois eles criam uma imagem de profissional que deve ser mantida e

respeitada conforme uma hierarquia real ou ideal de cada organização. Então, neste

caso temos a imagem nítida de que isto realmente ocorre nas organizações, pois o

conceito que os colegas de trabalho tem uns dos outros se torna fator de pressão no

trabalho.

Em relação ao fator prazer no exercício das atividades temos outro dado

muito importante, que pode caracterizar um quadro de estresse. Os dados indicam

que mais da metade dos participantes sentem prazer poucas vezes, ou somente às

vezes. Em contrapartida, para o fator exaustão, os dados não são tão significativos,

comparados com o de prazer, pois poucos participantes sentem exaustão nas suas

atividades, sempre ou às vezes. Assim, seria necessário mais algum tipo de análise

destes itens, pois eles apresentaram-se com dados antagônico e são um dos

maiores geradores de estresse ocupacional. O sentimento de desprazer pode levar a

sérias conseqüências psicopatológicas para o indivíduo que não tiver como canalizar

sua energia e puder adaptar-se a situação de trabalho.

“...Dejours considera que, embora tendo ação basicamente

desencadeante, a vida laboral também pode ter uma ação

“favorecedora do aparecimento de uma descompensação”. E que,

para a manifestação da psicopatologia, “entram em jogo, três

componentes da relação homem/organização: a fadiga ...o sistema

frustração/agressividade reativa que deixa sem saída uma parte

importante da energia pulsional; e a organização do trabalho, enquanto

correia de transmissão de uma vontade estranha que se opõe aos

investimentos pulsionais e à sublimações”. E seria pelo bloqueio

crônico imposto à livre vida mental que a organização do trabalho

62

agiria, possivelmente, para exercer a ação predisponente sobre as

crises psiconeuróticas”. (Camon, Silva, Steiner & Silva, 1986,

pág.68,69)

A análise dos dados mostrou um importante indicador de que pode estar

havendo algum problema na organização do trabalho do serviço em saúde mental

do município de São Carlos, pois houve um percentual considerável (40%) de

participantes que afirmaram não achar importante ajudar seus colegas de trabalho e

um alto percentual (69%) que não confia nos mesmos. Estes dados, possivelmente

indicam que as relações de trabalho e de convivência estão em crise e isto pode

levar a sérios problemas internos nas unidades onde ocorre este atendimento.

Estes dados comprovam até aqui a existência de expressões diretas de

sofrimento, tais como apresentadas por Dejours (1994): destruição muito

preocupante da confiança recíproca, da unidade e da solidariedade, o que constitui

um a formas direta de expressão das tensões e do sofrimento e o desenvolvimento

de um “individualismo” e de um fechamento de cada um em sua esfera privada.

Sublinhando que este fechamento individualista, que certamente é uma válvula de

segurança, é também causa de sofrimento nas relações de trabalho e o sinal de uma

desorganização dos vínculos afetivos e profissionais entre os trabalhadores.

Atualmente, está sendo dada uma ênfase ao trabalho em equipe, em qualquer

tipo de organização, mesmo assim, verificou-se neste estudo, que onde ocorre este

tipo de trabalho, o mesmo pode estar sendo desenvolvido de forma totalmente

incorreta e sem alcançar os objetivos a que se destina, ou seja, uma melhora nas

relações de trabalho, maior produção e uso do conhecimento e melhor qualidade no

atendimento dos usuários/pacientes ou qualquer outro serviço prestado à

comunidade.

Outros fatores que corroboram com os dados anteriores são os verificados

em relação à felicidade, satisfação e desempenho no trabalho, pois os maiores

percentuais estão nos itens insatisfeito e indiferente.

Ainda obteve-se um alto percentual de participantes que poucas vezes ou ás

vezes sentem se capazes de realizar suas atividades e confirmando este dado, mais

da metade admitiu estar insatisfeita ou muito insatisfeita com sua capacidade de

realização de tarefas do dia-a-dia.

63

Em relação à interferência de problemas pessoais e ao fator culpa, foi

possível realizar a análise entre profissionais e estagiários e a conclusão foi de que

profissionais conseguem, realmente, manter separadas as questões pessoais das do

trabalho mais facilmente que os estagiários, os quais estão começando na atividade

e, provavelmente, não tem ainda muitas habilidades para tratar com os problemas

do dia-a-dia. Mas em relação á culpa, os dados são parecidos, ambos os grupos

conseguem não se sentir culpados durante suas atividades.

Maslach e Leiter (1997/1999) enfatizam os fatores do ambiente de trabalho,

defendendo que a identificação dos desencadeadores permite o planejamento de

ações preventivas. Apresentam, então, uma sistematização das principais causas da

síndrome de burnout, destacando os seguintes aspectos: o excesso de trabalho, a

falta de controle, remuneração insuficiente, colapso da união, ausência de equidade

e valores conflitantes. Quanto ao excesso de trabalho, refere-se tanto a excesso de

volume como no excesso pela qualidade e/ou diversidade de tarefas.

Em relação aos valores conflitantes, não se considera pertinente apenas o

exame dos conflitos entre valores dos empregados e da instituição como um todo,

mas também entre valores declarados e a prática da organização. Recomenda-se,

explicitamente, que seja apreciada a coerência entre valores atribuídos como ideais

à organização, a missão, os objetivos e as políticas organizacionais.

Relativo ao ambiente de trabalho, tanto quanto o físico, quanto ao clima entre

os colegas e pacientes/usuários atendidos, percebe-se que, aproximadamente,

metade dos participantes não está satisfeita e uma considerável parcela (33.3%)

acha-se fatigada quando está no seu local de trabalho. Apenas 20% dos

participantes consideram um ambiente agradável para se trabalhar. Sentir-se bem

no ambiente de trabalho é preponderante para que o mesmo não seja prejudicial,

pois se o individuo se percebe sem material/informação, sem acesso às decisões

mais corriqueiras, sem o apoio quando necessário e também sem estar em um local

onde sinta, que há pelo menos um certo grau de coleguismo, e um mínimo grau de

boa convivência; ele não poderá ter uma vida saudável.

Ainda neste sentido, observou-se que mais da metade dos participantes

afirmam que tem muito pouco poder de decisão. Estes dados confirmam a

importância de uma melhor análise das condições e organização do trabalho nas

unidades de atendimento em saúde mental do município de São Carlos, para que

sejam encontradas as falhas e seja refeito o seu planejamento.

64

Um fator positivo apontado pelos participantes é a segurança, quase todos

(73,4%) sentem-se seguros em seu ambiente de trabalho. Isto é muito importante,

pois a segurança no trabalho é fundamental, tanto pelo cuidado físico, quanto pelo

mental.

A grande maioria dos participantes afirmou nunca se atrasar para o trabalho,

este seria um fator bem positivo, mas em contrapartida mais da metade não

consegue manter-se em atividade (concentrados, engajados, sentindo

prazer/realização) ou mantêm-se muito pouco e uma das conseqüências visíveis

neste trabalho é que quase metade não gasta muito tempo com suas atividades, ou

seja, faz tudo bem rápido, de maneira que seja somente quantidade e não qualidade

do seu serviço.

Em contrapartida, a metade afirmou gostar muito do que faz, percebe-se,

então, que profissionais e estagiários da área não conseguem ainda perceber-se

dentro da própria organização.

É importante ressaltar que seria necessário um estudo mais aprofundado da

questão da motivação, pois pode haver interferências variadas nas respostas dos

participantes, ou por desconhecimento dos seus próprios sentimentos, ou por medo

ou por estar já em algum grau “desinteressado”, a ponto de não se importar com o

que acontece a sua volta, deixando que o tempo passe sem procurar modificar seu

ambiente de trabalho.

Como afirmou Dejours (1992): ...” a boa qualidade da relação motivação

satisfação e, particularmente, o prazer proveniente do conteúdo significativo e

simbólico do trabalho são absolutamente necessários à manutenção da performance

“ergonômica” e à atenuação do medo. Para ser perfeita,a adequação homem-

trabalho exige não apenas um conteúdo excepcionalmente interessante da tarefa,

mas também uma seleção rigorosa entre os candidatos à profissão...”

Outro item que influência fortemente a motivação é o salário ou a condição

financeira que a atividade proporciona, observou-se que isto é fato, já que para

aquele s que recebem salários, ou seja, os profissionais realmente sentem-se mais

motivados para o trabalho.

Quando a análise passa para questões mais primordiais da motivação, que

são àquelas referentes ao trabalho em si, verifica-se que quando as questões se

direcionam para a individualidade dos participantes, estes se sentem nada ou pouco

motivados em sua maioria, mas quando a questão abrande o coletivo, uma grande

65

parcela dos participantes acreditam e afirmam que a equipe com a qual trabalha

esteja motivada.

Relativo a estar preparado para exercer a função, os participantes

praticamente, se dividiram. Este deveria ser um fator a ser reconsiderado, pois estar

seguro de que é capas de cumprir suas tarefas é muito importante para auto-estima

e para que haja melhor engajamento do trabalhador.

O item equipe também demonstrou dados importantes das organizações em

saúde mental de São Carlos, pois mais da metade considera que não tenha

nenhuma participação ou quando há alguma é muito pouca e somente 26.7%

afirmou que a participação seria bastante. É muito importante que a equipe seja

coesa e que não haja diferenças hierárquicas, pois as equipes devem ser criadas

para melhorar os atendimentos dos pacientes, já que devem ser atendidos de forma

biopsicossocial.

Ainda há muito que desenvolver nos futuros e nos já profissionais quanto ao

bom funcionamento de uma equipe, pois no item importância da equipe para os

mesmos, praticamente, a mesma porcentagem, que seria a metade do total de

participantes, afirmou que não acha importante tanto para os pacientes/usuários,

quanto para eles mesmos.

Para o item influência de problemas pessoais na equipe, metade afirmou que

não existe e uma parcela pequena acha que não tem nenhum tipo de influência. E

também afirmam que existe algum tipo de reconhecimento ou mérito aos

participantes das equipes.

Relativo ao trabalho em grupo ou individual, os participantes afirmam que há

menor influência no trabalho em grupo, isto poderia ser um indicativo de que há um

certo grau de individualismo.

No entanto, a maioria consegue terminar suas atividades diárias somente

poucas vezes ou quase sempre, indicando o que já foi exposto acima, a respeito da

falta de concentração, e de manter-se em atividade.

Em relação ao fator ao item paciência, para a realização do trabalho a

maioria respondeu que não tem paciência ou ela é pouca, mas em relação aos

pacientes/usuários, a porcentagem variou de forma equilibrada entre não ter

paciência e ter extremamente. Isto demonstra certa conscientização dos

participantes em relação aos pacientes, por saberem que devem receber cuidados

que almejam também a paciência tanto no pronto atendimento, quanto durante o

66

tratamento terapêutico que, realmente, existem problemas a serem tratados relativos

às condições/organização do trabalho, pois se este se tornou fato de impaciência, é

porque não está contemplando os interesses e sendo prazeroso para aqueles que

trabalham na área de saúde mental do município de São Carlos.

Ainda nesta questão, percebe-se uma diferença entre estagiários e

profissionais quando se trata de atividades individuais ou coletivas, pois os dados

demonstram que os profissionais são mais pacientes.

Também, uma maioria possui dificuldades para enfrentar seus problemas,

ficam protelando, deixando de resolvê-los, provavelmente por medo de tentar

algumas mudanças no sistema e por entraves burocráticos e políticos. Mas em

compensação, uma grande parte consegue auxiliar seu colega se necessário.

No apoio para realização do trabalho, os participantes estão mais

equilibrados e em alguns momentos conseguem receber o apoio necessário. Mas

para receber informações no trabalho, apresentam muita dificuldade, o que pode

advir de motivos variados, como a falta de comunicação, de tempo disponível e

programado, a falta de confiança, de coleguismo, entre outras.

Na questão de resolução de conflitos no trabalho mais da metade da

amostra esta satisfeita com a mesma.

Finalizando este grupo de questões, foi abordado o item que trata da

satisfação dos participantes com sua distribuição de trabalho e com sua função,

observando-se que a maior parte está satisfeita com a distribuição, mas não com a

sua função exatamente. Comparando os dois tipos de participantes, obteve-se que

os estagiários estão bem menos satisfeitos com suas funções, do que os

profissionais. Este resultado, provavelmente deve-se ao fato de que como

estagiários ainda são atuantes que não estão totalmente preparados para todo e

qualquer tipo de atividade na área, ainda não passaram pelos problemas do dia-a-

dia do atendimento em saúde mental, portanto mais suscetíveis a sentirem-se

desagradados com suas funções.

Iniciando o grupo seguinte, o estudo é remetido a questões de preocupação

gerada pelo trabalho e outras mais relativas à sua influencia em demais setores da

vida pessoal do trabalhador.

Relativo ao item preocupação uma parcela considerável (46.7%) dos

participantes está levando preocupações para casa após o trabalho e isto gera

conseqüências em sua vida. Mais da metade (70%) dos participantes está perdendo

67

o sono, ou seja, não consegue ter um sono tranqüilo, mantendo a mesma

porcentagem para aqueles que estão com dificuldades durante o sono e para

continuar dormindo, após terem acordado uma vez. Confirma-se estes dados pelas

porcentagens encontradas: 70% da amostra está muito insatisfeita com as

dificuldades para continuar dormindo e 56.7% também se encontra muito insatisfeita

com suas dificuldades com o sono.

A disposição geral que os participantes possuem atualmente também está

prejudicada, pois 63.3% sentem-se muito insatisfeitos (20%) ou insatisfeitos (43.3%)

com a mesma, sendo este um indicativo de que os problemas no trabalho afetam o

individuo de forma global, pois esta questão abrange todas as áreas da vida do

participante.

A irritação, como um dos fortes fatores de estresse, aparece em altas

porcentagens. Os participantes indicaram que se sentem muito irritados ao acordar e

uma parcela considerável deles também se sente irritada quando pensa no trabalho

Complementando estas informações e dados, os participantes indicam que se

sentem felizes em não ir trabalhar e que são em parcela considerável (40%)

indiferente ao seu salário, o que pode ser um fator preocupante, pois o salário é o

meio pelo qual qualquer individuo trabalhador obtém o seu sustento e de sua família,

e se o mesmo torna-se indiferente, pode ser indicativo de outros problemas a serem

descobertos e sanados, como o estresse.

O quarto grupo de questões menciona quesitos como vida familiar e lazer.

Pelos dados dos participantes, quase metade deles (46.7%) não está satisfeita ou

consegue conciliar sua vida familiar com a laboral. Mais da metade (53.3%) também

não consegue manter um bom relacionamento familiar, mesmo que seja algumas

vezes.

O lazer também está sendo prejudicado, pois 50% dos participantes

afirmaram que não tem atividades de lazer ou tem poucas vezes. Além de que 40%

dos participantes afirmaram que não saem de casa e 20% sai poucas vezes para

atividades que não seja de trabalho, e o encontro com amigos também tem ocorrido

pouco ou nenhum vez. As oportunidades de lazer estão em geral prejudicadas, mas

a atenção dada aos familiares e a rotina de casa não.

O próximo grupo trata da importante questão da avaliação das condições de

trabalho e de como ele está ocorrendo, focando principalmente a questão de

mudanças, mas observando também a qualidade de vida.

68

Analisando os resultados obtidos observa-se que os participantes estão

satisfeitos com as mudanças, mas uma parcela expressiva acredita que as

mudanças foram mais gerais, mas não especificamente nas unidades em que

atuam.

A qualidade de vida também foi considerada ruim por quase metade da

amostra e uma parcela considerável de 36.7% considera este item com indiferença,

não sabe avaliar o que é um indicio de falta de percepção de direitos e de ver

possibilidades de mudanças em sua profissão e em seu ambiente de trabalho como

um todo.

A qualidade de vida no trabalho é uma compreensão abrangente e

comprometida das condições de vida no trabalho, que inclui aspectos de bem-estar,

garantia da saúde e segurança física, mental e social, e capacitação para realizar

tarefas com segurança e bom uso de energia pessoal. Não depende só de uma

parte, ou seja, depende simultaneamente do indivíduo e da organização, e é este o

desafio que abrange o indivíduo e a organização.

Na qualidade do atendimento, os dados são um pouco mais equilibrados,

mas a resposta indiferente permanece com alto grau de preenchimento e,

provavelmente, pelos mesmos motivos acima, ou seja, esta parcela de participantes

não possui um critério de avaliação consistente.

A mudança de instituição teve dados equilibrados; praticamente metade da

amostra afirmou que tem algumas vezes ou sempre vontade e a outra metade afirma

que não. Este grupo termina com um dado positivo em que mais da metade dos

participantes considerou sua capacidade de trabalho atual boa ou muito boa.

O último grupo trata da sintomatologia física do estresse, ou seja, dos

sintomas explícitos que atingem o organismo do indivíduo. Nenhum dos sintomas

investigados apresentou altas porcentagens de ocorrência. Para náuseas, bolo na

garganta e memória prejudicada uma parcela de 30% dos participantes, em média,

respondeu que às vezes apresenta estes sintomas.

VI.CONCLUSÃO

69

Muitas transformações no mundo do trabalho têm ocorrido, entre as quais

estão as referentes à tecnologia, aos estilos de gestão organizacional, à

transitoriedade do emprego e ao crescimento na importância do setor de serviços no

cenário econômico. Constroem-se novas formas de organizar o trabalho e relações

do ser humano com o mesmo. Cargos com atribuições mais variadas e mais

complexas, estruturas com menos níveis hierárquicos e mais responsabilidades na

base da pirâmide e maior atenção à relação do trabalhador com o usuário

demandam novas exigências de qualidade na execução das tarefas, mais

qualificação e novas competências do trabalhador.

Estas transformações do mundo do trabalho concretizam-se também no

setor de prestação de serviços de saúde pública, e especificamente no de Saúde

Mental. À medida que se focaliza a relação com o usuário e as novas competências

do trabalhador, percebe-se que a tendência é necessitar da criatividade, da

capacidade reflexiva do próprio trabalhador, de seu efetivo envolvimento e, em

última análise, de sua própria saúde. Em outras palavras, a saúde mental deste

trabalhador passa, então, a ser necessidade da organização para atingir seus

objetivos, quando por políticas de redução de custo subtrai-se o amparo ao

trabalhador e amplia-se a ameaça do desemprego. Forja-se, assim, a relevância

sócio-econômica para os estudos sobre a saúde mental no trabalho focalizando os

profissionais desta área.

O trabalhador não chega à empresa/organização como uma nova máquina,

tem uma história de vida que gera aspirações, desejos, motivações, necessidades

psicológicas e interage com sua historia passada. Isto tudo confere ao individuo

características únicas e pessoais.

Foram demonstradas em várias pesquisas as evidentes correlações entre o

estresse no trabalho e a existência, no ambiente de trabalho, dos estressores

psicossociais dos tipos ambigüidade, sobrecarga e conflito de papéis e insuficiência

de recursos, com as seguintes conseqüências: maior insatisfação no trabalho com

pouco vinculo em relação a ele e tendência a abandonar o emprego; pouca

confiança na organização; pouca motivação para mudanças; maior incidência de

problemas psicossomáticos.

Maslach e Leiter (1997/1999) discutem os custos implicados na indiferença ao

problema por parte da organização e defendem que a melhor forma de preveni-lo e

tratá-lo é considerá-lo como problema coletivo e organizacional e não como

70

individual. Seria pertinente contra-argumentar que na conjuntura atual, na qual se

refazem as oportunidades de emprego, conseqüências como a propensão ao

abandono do emprego e o absenteísmo não se concretizam. Entretanto, é também

pertinente considerar a análise de Codo (1993), segundo a qual a persistência da

síndrome e a generalização da sua incidência conduzem os trabalhadores a

apresentarem uma "retirada" psíquica do trabalho. Esta consiste na manutenção do

vínculo empregatício, com enfraquecimento do envolvimento com o trabalho e as

decisões que lhe são inerentes.

O desconhecimento dos riscos, as dificuldades de capacitação e mudança

profissional, as condições sociais e econômicas, com frequência, transformam um

ideal de trabalho em uma situação que neurotiza quem trabalha, quem utiliza o

serviço e quem investe, esperando lucro e retorno do investimento.

Alguns profissionais conseguem transformar a ameaça gerada pela crise em

oportunidade de mudança, transformando o sofrimento doentio em sofrimento

criativo, como afirma Dejours. Este não é um processo muito simples, pois implica

reconhecer que existem dificuldades, que elas não estão sendo positivas para a vida

no trabalho e, a partir daí comunicar-se e desenvolver ações que mudem hábitos e

condições de trabalho que sejam insatisfatórias. Estes novos hábitos e atitudes

devem, principalmente, resgatar os valores humanos no trabalho, respeitar as

necessidades que o trabalho e a organização tem a cumprir e manter um padrão de

exigência sobre a qualidade de vida no trabalho.

No caso em que o trabalho é predominantemente mental, como dos

participantes desta pesquisa, existem necessidades especificas, relativas às

condições de lazer e da realização de uma inserção social significativa, afetiva e

cultural. Esta necessidade, entretanto, esbarra numa outra questão: além de

alienado, no trabalho que exige bastante concentração, de modo continuo, o

pensamento está basicamente condicionado - em todo os raciocínios e decisões -

por situações muito específicas presas no processo de trabalho e ao funcionamento

e “linguagem” de seu equipamento/serviço. Deste modo, além de alienado, o

trabalho torna-se também alienante para quem o executa. O que redunda em

desinteresse pela vida social, embotamento afetivo e isolamento.

Além da relevância acadêmica da pesquisa a busca da consecução do

objetivo da mesma é justificada se são consideradas as conseqüências individuais e

organizacionais: manifestações psicossomáticas; prejuízos nas relações

71

interpessoais, além daquelas do ambiente de trabalho; baixa satisfação e

envolvimento no trabalho; propensão a abandonar a organização, absenteísmo e,

principalmente, queda da qualidade de serviços na organização e de vida do

trabalhador.

Os resultados deste estudo corroboram as expectativas da pesquisadora,

pois demonstraram a existência de fatores desencadeantes do quadro de estresse

devido às condições /organização do trabalho em Saúde Mental do município de

São Carlos, já que todas as questões foram formuladas considerando a vida laboral

dos participantes e as conseqüências para os demais setores de sua vida.

Não houve a participação de todos os profissionais e estagiários que atuam

na área, apesar de todos terem sido convidados, pois a participação era voluntária.

Mas houve uma participação considerável, levando-se em conta o número total de

atuantes nesta área em São Carlos e de tipos de profissionais e estagiários, sendo

estes da Psicologia, Terapia Ocupacional, Enfermagem e Medicina (neste último

caso, só de profissionais).

Os dados obtidos sugerem que os participantes possam estar estressados

em diferentes níveis deste quadro e talvez até exista algum caso isolado de burnout,

que é bem mais difícil de ser detectado por não ser uma patologia aguda e surgir

repentinamente.

O resultado obtido no item autonomia, por exemplo; pode levar, segundo

Dejours (1994), a situações de defesa, que seriam: uma atitude de fechamento em

uma autonomia aparentemente “máxima”, de segredo, imprudência, de silêncios

frente à hierarquia superior e, às vezes, frente aos próprios colegas: “a ideologia de

cada um por si”. Através de outros dados da pesquisa, algumas destas situações

foram confirmadas por uma parcela expressiva dos participantes.

Outras questões, tais como o convívio e a contribuição entre colegas, a

importância que consideraram em relação à equipe, qualidade de vida, possibilidade

de lazer, noites bem dormidas, por exemplo, revelaram-se fatores preocupantes,

pois não foram detectadas altas porcentagens que indicassem satisfação ou

satisfação plena entre os participantes; estes são fatores que podem indicar se um

indivíduo está estressado ou não, em conjunto com outros.

Puderam ser levantados também dados importantes como a pequena

participação de médicos psiquiatras, talvez pela falta de tempo (o que indicaria um

forte fator estressante), de interesse pelo tema/pesquisa, ou até mesmo pelo temor

72

da identificação através de algum dado do inventário, o que foi exposto verbalmente

por outros participantes quando devolveram o inventário em branco, justificando sua

não participação por este motivo, apesar da garantia do anonimato. Não houve

também nenhuma participação de voluntários.

Tendo em vista a análise do nexo causal entre as condições/organização de

trabalho e os possíveis casos de estresse nos profissionais e estagiários em Saúde

Mental de São Carlos, e pretendendo também analisar se é satisfatória sua

qualidade de vida, os resultados encontrados corroboram a existência do referido

relacionamento conforme apontado na bibliografia consultada.

As pesquisas na área de estresse têm incluído o estudo dos efeitos negativos

do estresse no que se refere à profissão. Muitas ocupações têm recebido atenção,

sendo que, no Brasil, já se encontram trabalhos sobre o estresse ocupacional de

policiais militares (Romano, 1989), executivos (Soares, 1990), de psicólogos

(Covolan, 1989), bancários (Silva, 1992), atletas (Maciel, 1997), professores

(Reinhold, 1997), jornalistas (Proença, 1998), médicos (Lipp, Sassi & Batista, 1997)

entre outros.

Pela importância do tema para a sociedade, organizações e indivíduos este

estudo poderia ter continuidade, assim como outras tantas pesquisas estão sendo

desenvolvidas como as acima citadas, através da investigação de questões

subjetivas e com maiores detalhamentos, pois este serviu como meio para um

panorama geral de como se encontra organizado o atendimento em saúde mental do

município de São Carlos e quais suas conseqüências na qualidade de vida daqueles

que atuam neste segmento da saúde.

VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXO 1:

INVENTÁRIO

80

Este inventário é sobre como você sente e vive seu ambiente de trabalho e

suas implicações para sua qualidade de vida. Procure responder todas as questões,

se não tiver certeza, procure responder na alternativa que lhe parece mais

adequada.

Você deve assinalar a alternativa que melhor corresponda aos seus

conhecimentos, sentimentos e expectativas.

Lembre-se de que todas as respostas são confidenciais e de que o seu

inventário será anônimo, já que este estudo não pretende realizar análises

individuais, mas uma análise coletiva dos fatores do trabalho em Saúde Mental e sua

organização no município de São Carlos, os quais podem gerar um possível quadro

de estresse ocupacional, que poderá mais tarde, culminar na Síndrome de Burnout

que é o quadro mais grave do estresse, quando o indivíduo tem sua qualidade de

vida prejudicada por completo, apresentando um quadro de “desistência da vida”,

tanto social, quanto afetiva e profissional.

Após o preenchimento do inventário, as folhas devem ser guardadas no envelope

entregue pela pesquisadora, o qual deve ser lacrado e devolvido pessoalmente à

pesquisadora que irá buscá-lo em cada Unidade de atendimento, em data

combinada entre as partes, dentro do prazo apresentado na metodologia da

pesquisa. O intervalo para esta devolução é de 30 dias após a entrega do inventário.

A conclusão dos resultados, depois dos mesmos receberem um tratamento

estatístico e serem analisados, será enviada a todos os participantes da pesquisa

como consta no Termo de Consentimento Esclarecido, à Coordenação do Curso de

Psicologia, ao Departamento de Psicologia e à Pró-Reitoria de Extensão por meio da

Coordenadora do Projeto de Extensão “Saúde Mental e Cidadania” e oferecido à

Secretaria Municipal de Saúde de São Carlos Tanto o Curso quanto o

Departamento de Psicologia terá total liberdade para publicação dos resultados,

para que a sociedade possa tomar medidas que melhorem sua qualidade de vida no

ambiente de trabalho e, conseqüentemente, na sua vida pessoal e sócio-cultural.

Portanto, esta pesquisa pretende verificar como ocorrem as relações de

trabalho e o quadro de estresse em profissionais da saúde mental e em todos que

tiverem qualquer espécie de contato com pacientes de Saúde Mental como

cuidadores ou seus auxiliares, acrescentando conhecimento científico para esta

81

área, o qual possibilitará mais uma forma de reconhecer como melhorar a

qualidade de vida destes profissionais e cuidadores em geral.

Dados gerais sobre o participante:

a. Idade:_______________________________

b. Escolaridade:__________________________

c. Função:______________________________

d. A quanto tempo trabalha com Saúde Mental:_________________________

e. Unidade em que atua:__________________________________________

1-Você já teve alguma experiência com Saúde Mental anterior a atual?

( ) não ( )sim.

2-Qual é o tipo de contato que você tem com o(s) usuário(s) desta unidade de

atendimento em que você atua ?

( ) Acolhimento direto dos usuários

( ) Atendimento (clínico, oficinas, enfermaria, farmácia)

( ) Recepção/orientação

( ) Acompanhamento das atividades

( ) Suporte ao usuário em relação aos cuidados pessoais

3- Com que freqüência na semana, você exerce esta atividade?

( ) Todos os dias

( ) 4 dias

( ) 3 dias

( ) 2 dias

( ) 1 dia

4- Quantas horas você calcula, em média, que são gastas com estas atividades?

( ) 40 horas

( ) 30 horas

( ) 20 horas

( ) 12 horas

( ) outras. Quantas? _______________

5- Como você se sente no exercício desta atividade?

( ) muito satisfeito

( ) satisfeito

82

( ) satisfeito, mas fatigado

( ) somente fatigado

( ) muito fatigado

6-Ao chegar ao seu local/ unidade de trabalho , você se sente:

( ) muito satisfeito

( ) satisfeito

( ) satisfeito, mas fatigado

( ) somente fatigado

( ) muito fatigado

7- Como você se sente ao final do seu período de trabalho?

( ) muito insatisfeito

( ) insatisfeito

( ) nem satisfeito/nem insatisfeito

( ) satisfeito

( ) muito satisfeito

8- Há quanto tempo você sente o que assinalou acima?

( ) desde quando você iniciou o trabalho neste local/ unidade

( ) há 6 meses

( ) há 3 meses

( ) atualmente

9- Durante as suas atividades você se sente cansado?

( ) nada

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

10- Durante suas atividades você se sente irritado?

( ) nada

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

11- Você tem sido capaz de se concentrar em seu trabalho?

( ) nada

83

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

12- Você tem se atrasado para chegar ao trabalho?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

13- Você tem conseguido manter-se em atividade e ocupado ?

( ) não

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

14- Você tem gasto muito tempo para executar suas tarefas ?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

15- Você se interessa pelas atividades que realiza?

( ) não

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

16- Você tem achado que, de modo geral, tem dado boa conta de seus afazeres?

( ) não

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

17- Você tem sido capaz de sentir “calor humano” e afeição por aqueles que o

cercam em seu trabalho?

84

( ) não

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

18- Você tem achado fácil conviver com outras pessoas em seu trabalho?

( ) não

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

19- Você tem tempo para uma pausa(s) ou intervalo(s) em seu trabalho?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

20- Caso trabalhe em equipe, você acredita que sua função é útil na mesma?

( ) não

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

21- Você possui autonomia sobre suas atividades?

( ) não

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

22- Você consegue compartilhar suas dúvidas e idéias com colegas de trabalho?

( ) não

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

85

23- Você consegue realizar, diariamente, todas as atividades de sua função?

( ) não

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

24- Você acredita que sua função abrange todas as atividades que podem ser

realizadas?

( ) não

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

25- Você sente medo de realizar seu trabalho?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

26- Você tem se sentido sob pressão em seu trabalho?

( ) não

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

27- Você tem sentido pressão em seu trabalho por parte de seus colegas?

( ) não

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

28- Você tem se sentido incapaz de superar suas dificuldades no trabalho?

( ) não

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

86

( ) bastante

( ) extremamente

29-Você tem conseguido terminar todas as tarefas que inicia em seu trabalho?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

30- Você consegue sentir prazer na prática de suas atividades diárias em seu

local/unidade de trabalho?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

31- você tem paciência para realizar as suas atividades de trabalho?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

32- Você tem paciência com as pessoas envolvidas em/com seu trabalho?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

33- Você tem sentido que suas atividades estão exaustivas para você?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

34- Você tem se sentido capaz de enfrentar os problemas no seu trabalho?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

35- Você consegue ajudar seus colegas de trabalho, quando necessário?

87

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

36- Você sente-se satisfeito em ajudar seus colegas de trabalho, quando

necessário?

( ) muito insatisfeito

( ) insatisfeito

( ) nem satisfeito/nem insatisfeito

( ) satisfeito

( ) muito satisfeito

37- Você acha importante ajudar seus colegas de trabalho, nas atividades diárias?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

38- Você confia em seus colegas de trabalho?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

39- Em que medida você considera importante o trabalho em equipe no atendimento

aos usuários?

( ) nada

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

40- E para os profissionais?

( ) nada

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

88

41- Você acha, suficientes e adequados, os materiais para a realização do seu

trabalho?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

42- Você acha agradável seu local de trabalho?

( ) não

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

43- Você sente-se feliz na realização do seu trabalho?

( ) não

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

44- Você se sente satisfeito com seu trabalho?

( ) muito insatisfeito

( ) insatisfeito

( ) nem satisfeito/nem insatisfeito

( ) satisfeito

( ) muito satisfeito

45- Você se sente satisfeito com seu desempenho em seu trabalho?

( ) muito insatisfeito

( ) insatisfeito

( ) nem satisfeito/nem insatisfeito

( ) satisfeito

( ) muito satisfeito

46- Você se sente valorizado em seu ambiente de trabalho?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

89

( ) sempre

47- Em que medida, as características do seu trabalho correspondem às suas

expectativas e necessidades?

( ) nada

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

48- Em que medida você tem poder de decisão, em seu trabalho, na realização de

suas atividades?

( ) nada

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

49- Em que medida, o ambiente físico de trabalho deste local/ unidade é

satisfatório?

( ) nada

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

50- Em que medida, o “clima” do seu ambiente de trabalho é satisfatório?

( ) nada

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

51- Quanto você se sente incomodado por alguma dificuldade em exercer as

atividades do dia-a-dia?

( ) nada

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

90

( ) extremamente

52- Você recebe o apoio que necessita no seu trabalho?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

53- Você tem disponibilidade de informações em / do seu trabalho?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

54- Você se sente capaz de realizar suas tarefas?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

55- Em que medida sente-se satisfeito com sua capacidade de realizar suas tarefas

de trabalho?

( ) satisfeito

( ) muito satisfeito

( ) insatisfeito

( ) muito insatisfeito

( ) nem satisfeito/nem insatisfeito

56- Você se sente satisfeito com sua segurança no trabalho?

( ) satisfeito

( ) muito satisfeito

( ) insatisfeito

( ) muito insatisfeito

( ) nem satisfeito/nem insatisfeito

57- Em que medida, sua situação financeira, estável ou não, está vinculada ao seu

trabalho?

( ) nada

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

91

( ) bastante

( ) extremamente

58- Você se sente motivado para trabalhar?

( ) nada

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

59- Você se sente motivado durante o seu trabalho (atividade)?

( ) nada

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

60- Você se sente motivado em seu ambiente de trabalho?

( ) nada

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

61- Em que medida, para você, a equipe de trabalho está motivada para exercer as

suas próprias atividades?

( ) nada

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

62- Em que medida, há influência de problemas pessoais no funcionamento das

atividades realizadas em seu trabalho?

( ) nada

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

92

63. Em que medida, há influência de problemas pessoais no funcionamento da

equipe multidisciplinar?

( ) nada

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

64- Você se sente satisfeito com a resolução de conflitos, surgidos no ambiente de

trabalho?

( ) satisfeito

( ) muito satisfeito

( ) insatisfeito

( ) muito insatisfeito

( ) nem satisfeito/nem insatisfeito

65- Você se sente satisfeito com o reconhecimento do mérito dos funcionários ou da

equipe multidisciplinar?

( ) satisfeito

( ) muito satisfeito

( ) muito insatisfeito

( ) insatisfeito

( ) nem satisfeito/nem insatisfeito

66- Você se sente satisfeito com a distribuição de trabalho no local/ unidade em que

atua ?

( ) satisfeito

( ) muito satisfeito

( ) insatisfeito

( ) muito insatisfeito

( ) nem satisfeito/nem insatisfeito

67- Em que medida você está satisfeito com sua atual função/atividade?

( ) satisfeito

( ) muito satisfeito

( ) muito insatisfeito

( ) insatisfeito

( ) nem satisfeito/nem insatisfeito

93

68- Em que medida seus problemas pessoais interferem no seu trabalho?

( ) nada

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

69 - Em que medida você se sente culpado quando não consegue cumprir com

sucesso suas atividades?

( ) nada

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

70- Você julga adequados, o tempo e o tipo de atividades, que realiza?

( ) nada

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

71- Como você avaliaria sua capacidade de trabalho atualmente?

( ) muito ruim

( ) ruim

( ) nem boa/nem ruim

( ) boa

( ) muito boa

72- Você leva preocupação do seu trabalho para casa?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

73- Você tem perdido o sono por causa destas preocupações?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

94

( ) sempre

74- Você tem dificuldades para conciliar o sono?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

75- Você tem dificuldades para continuar dormindo?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

76- Você tem tido noites agitadas e mal dormidas?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

77- Você tem disposição geral para realizar seu trabalho?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

78- Você se sente irritado/cansado quando acorda?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

79- Quando você acorda, e pensa em seu trabalho, você se sente:

( ) muito satisfeito

( ) satisfeito

( ) satisfeito, mas fatigado

( ) somente fatigado

( ) muito fatigado

80- Você se sente feliz quando não precisa ir trabalhar?

( ) nada

95

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

81- Você está satisfeito com seu salário?

( ) muito satisfeito

( ) satisfeito

( ) insatisfeito,

( ) muito insatisfeito

( ) nem satisfeito/nem insatisfeito

82-Você consegue conciliar sua vida familiar e afetiva com seu trabalho?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

83-Você tem conseguido manter um bom relacionamento familiar e afetivo?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

84-Você realiza atividades de lazer?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

85-Você tem saído de casa com a mesma freqüência de costume?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

86-Você se encontra com amigos?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

96

( ) sempre

87- Você está satisfeito com a atenção que dispensa aos seus familiares e amigos?

( ) satisfeito

( ) muito satisfeito

( ) insatisfeito

( ) muito insatisfeito

( ) nem satisfeito/nem insatisfeito

88- Em que medida você tem oportunidade de realizar atividades de lazer?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

89- Em que medida os acontecimentos, em seu trabalho, estão influenciando a

rotina em sua casa?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

90- Em que medida você está satisfeito com os bens materiais adquiridos e as

necessidades supridas por meio de seu trabalho?

( ) satisfeito

( ) muito satisfeito

( ) insatisfeito

( ) muito insatisfeito

( ) nem satisfeito/nem insatisfeito

91- Como você avalia as mudanças ocorridas (se ocorreram), nos 3 últimos

anos,(até o momento), nas condições de atendimento em Saúde Mental do

Município de São Carlos?

( ) muito ruins

( ) ruins

( ) nem boas/nem ruins

( ) boas

( ) muito boa

97

92- Para você, ocorreram mudanças no funcionamento do local/ unidade em que

atua?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

93- O seu grau de satisfação no trabalho tem se modificado?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

94- Em que medida, você se sente preparado para realizar a sua função neste

local/ unidade de atendimento?

( ) nada

( ) muito pouco

( ) nem pouco/nem muito

( ) bastante

( ) extremamente

95- Como você avaliaria sua qualidade de vida?

( ) muito ruim

( ) ruim

( ) nem boa/nem ruim

( ) boa

( ) muito boa

96- Como você avaliaria a qualidade de atendimento no local/ unidade em que

atua?

( ) muito ruim

( ) ruim

( ) nem boa/nem ruim

( ) boa

( ) muito boa

97- Você sente vontade de trabalhar em outra organização/instituição?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

98

( ) quase sempre

( ) sempre

98- Você tem se sentido desanimado?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

99- Você tem sentido dores?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

100- Você tem sentido falta de apetite?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

101-você tem sentido tremores ou sensação de fraqueza?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

102-Você tem se sentido inquieto?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

103- Você sente falta de ar ou sensação de fôlego curto?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

104- Você tem sentido palpitações?

99

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

105- você tem sentido sua boca seca?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

106- Você tem sentido as mãos frias e úmidas?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

107- Você tem sentido sudorese excessiva?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

108- Você tem sentido náuseas?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

109- Você tem sentido rubor ou calafrios?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

110- Você tem sentido um “bolo na garganta” (angústia)?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

100

111- Você tem sentido sua memória prejudicada?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

112- Você tem passado por quadro de diarréia?

( ) não ( )sim . Com que freqüência? ( ) poucas vezes

( ) às vezes

( ) quase sempre

( ) sempre

101

Anexo 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

A partir de seu interesse em participar da pesquisa “ANÁLISE DO NEXO

CAUSAL ENTRE O TRABALHO EM SAÚDE MENTAL E O GRAU DE ESTRESSE

OCUPACIONAL DOS SEUS PROFISSIONAIS NO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS”,

estamos solicitando o seu consentimento por meio de sua assinatura neste Termo

de Compromisso Livre e Esclarecido, se você estiver totalmente de acordo com o

exposto abaixo.

A pesquisa tem como objetivo avaliar se os índices de qualidade de vida são

satisfatórios, diante da possível relação causal entre trabalho e estresse ocupacional

ou seu quadro mais grave, a “Síndrome de Burnout”, considerando as condições e a

organização do trabalho nas unidades de atendimento de referencia, avaliando o

nível de estresse entre os profissionais de Saúde Mental de São Carlos, seus

auxiliares, além de estagiários da UFSCar e voluntários deste município, e a

sintomatologia característica do estresse presente na amostra do estudo, a qual

será realizada por meio do preenchimento de um inventário, criado a partir dos

modelos de indicadores de Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde

(Fleck,1999-WHOQOL-100) que considera a saúde não apenas ausência de

doença, mas um estado de bem estar físico, mental e social , o questionário de

Saúde Geral de Goldberg (Goldberg,1972-adaptação brasileira: Pasquali, Gouveia &

Andriola,1996), o qual foi construído para avaliar a Saúde Mental das pessoas,

além do Inventário de Ônus da Pessoa que Cuida (Novack & Guest, 1989), relativo

ao cuidador em saúde, no qual solicitaremos que responda questões referentes ao

seu dia-a-dia no trabalho, em casa, em relação seus colegas e familiares.

102

O Inventário somente será entregue, após a sua anuência com os termos

desse Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, por meio de sua assinatura. Os

dados da folha de rosto serão de conhecimento exclusivo da orientadora e

pesquisadora, e ninguém mais terá acesso a qualquer dado que permita sua

identificação. Gostaríamos de assinalar que, com exceção da Folha de Rosto, o

Inventário foi construído no sentido de impossibilitar totalmente a identificação de

quem o responde.

O procedimento para a entrega do material aos participantes após a

assinatura deste Termo será realizado da seguinte maneira: os inventários serão

entregues dentro de envelopes de mesmo tamanho, cor e formato, o qual deverá ser

devolvido lacrado, com um primeiro prazo para devolução de 15 dias após o

recebimento do mesmo, e um segundo e último prazo 30 dias após o mesmo.

Somente a pesquisadora está autorizada a receber os envelopes com os

Inventários, que ficarão de posse da pesquisadora e orientadora, no Departamento

de Psicologia da UFSCar.

Asseguramos que a pesquisa não trará riscos, gastos ou desconfortos de

qualquer ordem, e você, mesmo tendo se comprometido em responder o Inventário,

poderá optar por não fazê-lo, sem prejuízo de nenhuma espécie à sua pessoa, e

sem necessitar justificar sua decisão. Lembramos que, em qualquer época, você

poderá solicitar esclarecimentos sobre a pesquisa, inclusive após a entrega do

Inventário, durante a fase de compilação e tratamento de dados.

Em relação ao tratamento dos dados, asseguramos que este se dará de

forma absolutamente sigilosa, no Departamento de Psicologia da UFSCar.

Os resultados serão disponibilizados aos participantes da pesquisa, à

Coordenação do Curso de Psicologia e oferecidos à Secretaria Municipal de Saúde

de São Carlos, especialmente se forem constatados índices significativos na relação

entre stress ocupacional e o trabalho realizado na área de saúde mental neste

município.

Esclarecemos que o resultado da pesquisa será utilizado, pela pesquisadora,

para concluir sua Monografia de Pesquisa do Curso de Psicologia e que,

eventualmente, poderá ser apresentado em Congressos, reuniões científicas ou

publicações da área.

Em todas as situações supracitadas, estaremos sempre garantindo o seu

anonimato.

103

Agradecemos por sua colaboração, e apenas solicitamos que assinale o meio

pelo qual poderemos enviar-lhe os resultados da pesquisa.

Orientadora: Pesquisadora:

Profa. Georgina Faneco Maniakas Teresa Cristina Gayoso Sobreira

End.: Rod. Washington Luís, km. 235 End. Alameda das Rosas, 195

São Carlos, SP São Carlos, SP

Fone: 260-8361 / 260- 8462 Fone:261-2323/ 9766-5691

E-mail: [email protected] E-mail: [email protected]

De acordo,

Nome:________________________________________________________

Assinatura:____________________________________________________

São Carlos, _____ de ______________________ de 2003.

Devolutiva dos resultados:

( ) pelo e-mail :___________________________________________________

(...) no endereço ___________________________________________________

Cep:_____ Cidade: ________________ Estado:___

(....) outros. Qual ? _________________________________________________

(....) não desejo receber os resultados

104

Anexo 3

RESUMO PARA O COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

1-) DESCRIÇÃO DA PESQUISA, CONTENDO:

a-) Descrição dos propósitos

O trabalho é um tema que permeia a sociedade desde a sua constituição. A

sobrevivência do ser humano depende da obtenção de certas condições mínimas,

como comida, roupas, moradia, lazer, e em qualquer modelo de sociedade atual,

estes bens são produzidos por seres humanos, e a energia empregada na produção

dos bens é chamada trabalho. Portanto, o trabalho é de fundamental importância

para o indivíduo que o realiza, nas mais diversas áreas e profissões.

Diante deste fato, estudar a saúde do trabalhador, em âmbitos gerais, mas

principalmente, em relação à sua saúde mental, traz benefícios diretos à sociedade

e ao indivíduo. Estudos desta questão surgem com mais força e tornam-se, cada vez

mais pertinentes na atualidade, já que o trabalho e suas conseqüências, apesar de

terem sido estudados por vários vezes, apresenta-se como pedra fundamental do

funcionamento social e cultural dos dias atuais, principalmente, diante da

globalização, a qual gerou um excesso de mudanças sócio-culturais e na

organização e condições de trabalho.

Quando a relação entre trabalho e saúde mental é abalada, surgem os

quadros de estresse ocupacional, os quais podem abranger os mais diferentes

graus, até alcançar seu estado mais grave que é a Síndrome de Burnout ou de

fadiga crônica. Este abalo ocorre através dos vários estímulos estressores do

ambiente de trabalho e das relações de dominação e de falta de poder de decisão

dos profissionais em suas atividades, pois em sua maior parte, eles devem seguir

regras e acatar decisões que não passam por sua opinião e que, muitas vezes, não

estão preparados para a realização da atividade em questão ou não obtém/sentem

nenhum prazer em estar realizando a mesma.

Ao acatar estas regras e tarefas, o indivíduo sofre mentalmente, necessitando

suportar as diversas contrariedades e em graus variados, impostas pelo seu

trabalho, construindo mecanismos de defesa individuais e, principalmente, coletivos;

os quais levam à repressão de seus impulsos libidinais e à alienação, pela qual o

trabalhador passa a confundir seus desejos com a injunção organizacional

105

substituindo seu livre arbítrio, tendo que criar meios para não serem atingidos pela

realidade do trabalho, esquivando-se desse sofrimento, tentando fingir que a

organização do seu trabalho está de acordo com o que ele desejava.

Portanto, sabendo que o trabalho dos profissionais de Saúde Mental expõe o

indivíduo a pressões e atividades de várias ordens, potencialmente maléficas, ou

seja, ao estresse ocupacional ou até mesmo à “síndrome de burnout”, o presente

trabalho tem como objetivo avaliar se os índices de qualidade de vida são

satisfatórios, diante da relação causal entre trabalho e estresse ocupacional ou na

sua conseqüência mais grave que é a “Síndrome de Burnout” e considerando as

condições e a organização do trabalho nas unidades de atendimento e referência

em Saúde Mental de São Carlos, pretende-se avaliar o nível de estresse entre os

profissionais, auxiliares, estagiários e voluntários em Saúde Mental do município de

São Carlos e a sintomatologia característica do estresse presente na amostra do

estudo, se o mesmo for constatado.

b-) Antecedentes científicos e dados que justifiquem a pesquisa

Conforme Dejours et al. (1994) o sofrimento mental ‚ pode ser concebido

como a experiência subjetiva intermediária entre doença mental descompensada e o

conforto (ou bem-estar) psíquico, colocado como objeto de estudo da psicopatologia

do trabalho. A não-caracterização do papel do trabalho como agravante ou

desencadeante de distúrbios psíquicos ocasiona prejuízos não só à qualidade de

vida e à eficácia deseja que o reconhecimento ocorra não apenas pela existência da

contribuição, mas que ela seja julgada pelos pares como boa contribuição.

No caso do Brasil, o contexto sócio econômico a que estão sujeitos os

profissionais de saúde mental deve ser sempre considerado, pois o sofrimento

psíquico e social que os pacientes apresentam, as condições de atendimento, os

baixos salários e o pequeno tempo disponível de atendimento aliado à ocorrência

de uma hierarquia de trabalho que dificulta a relação entre os colegas de trabalho e

dos profissionais com o cliente são fatores os quais acarretam o quadro de estresse

ocupacional que leva ao sofrimento mental.

Para estudar a relação entre trabalho e o sofrimento mental existe a

Psicopatologia do Trabalho, a qual estuda os fenômenos psíquicos do trabalhador, o

qual tem destituído seu aparelho psíquico em conseqüência do modo de

organização do trabalho, procurando investigar como os trabalhadores sobrevivem

106

na normalidade, ou seja, como conseguem manter-se de alguma forma

“equilibrados” se, todos os dias, necessitam suportar as diversas contrariedades e

em graus variados impostas pelo seu trabalho, construindo mecanismos de defesa

individuais e, principalmente, coletivos; os quais levam à repressão de seus impulsos

libidinais e à alienação, pela qual o trabalhador passa a confundir seus desejos com

a injunção organizacional substituindo seu livre arbítrio, acabam tendo que criar

meios para não serem atingidos pela realidade do trabalho, esquivando-se do

sofrimento.

Já, Psicodinâmica do Trabalho (Dejours et.al, 1994) as relações interpessoais

ganham o centro. Não é a psicopatologia, e sim as relações intersubjetivas, que

estabelecem no trabalho, o seu objeto. A idéia central é a de que o sujeito no

trabalho está, permanentemente, negociando a melhor forma de trabalhar. Na

medida, em que ele contribui para a realização do trabalho, qualquer que seja o

produto, espera que isso seja reconhecido. Mais do que isso, o indivíduo deseja que

o reconhecimento ocorra não apenas pela existência da contribuição, mas que ela

seja julgada pelos pares como boa contribuição.

Desta forma, a carga psíquica do trabalho resulta da confrontação do desejo

do trabalhador à injunção do empregador, contida na organização do trabalho, sendo

que a mesma aumenta quando a liberdade de organização do trabalho diminui, ou

seja, a carga psíquica do trabalho torna-se muito maior e mais difícil de ser

elaborada, levando ao sofrimento:

“...quando o rearranjo da organização do trabalho não é

mais possível, quando a relação do trabalhador com a organização

do trabalho é bloqueada, o sofrimento começa: a energia pulsional

quer não acha descarga no exercício do trabalho se acumula no

aparelho psíquico, ocasionando um sentimento de desprazer e

tensão...” (Dejours et al.,1994:29)

A psicodinâmica do trabalho ainda enfatiza a centralidade do trabalho na vida

dos trabalhadores, analisando os aspectos dessa atividade que podem favorecer a

saúde ou a doença. Ao analisar a inter-relação entre saúde mental e trabalho,

Dejours (1986) acentua o papel da organização do trabalho no que tange aos efeitos

107

negativos ou positivos que aquela possa exercer sobre o funcionamento psíquico e à

vida mental do trabalhador.

Este autor conceitua organização do trabalho como a divisão das tarefas e a

divisão dos homens. A divisão das tarefas engloba o conteúdo das tarefas, o modo

operatório e tudo que é prescrito pela organização do trabalho, incitando o sentido e

o interesse do trabalho para o sujeito. A divisão dos homens compreende a forma

pela qual as pessoas são divididas em uma empresa/instituição e as relações

humanas que aí se estabelecem, mobilizando os investimentos afetivos, o amor e o

ódio, a amizade, a solidariedade, a confiança, entre outros.

O papel de destaque representado pela organização do trabalho está de

acordo com as propostas de psicodinâmica do trabalho (Dejours et. al., 1994) e das

teorias de estresse (Karasek & Theorell, 1990). De maneira geral, pode-se afirmar

que, quanto menor, a autonomia do trabalhador, na sua atividade, maiores são as

possibilidades de que a atividade gere transtornos à saúde mental. Novas formas de

organização do trabalho, novas tecnologias e a precarização do trabalho trazem o

temor do desemprego e a intensificação do trabalho. Percebe-se que o excesso de

trabalho e a pressão por produção ocorrem em todos os graus da hierarquia.

Em todas as abordagens, uma parcela importante de responsabilidade na

gênese do sofrimento psíquico ou do estresse vinculado à atividade, tem sido

atribuída à organização do trabalho (Dejours, 1993; Seligmann-Silva, 1994). A

literatura da área em ergonomia mostra que a forma como o trabalho está

organizado é diferente do planejado pelos órgãos de percepção (Duarte, 1986). Por

isto, Wisner (1977) apud Seligmann-Silva (1986), acentua a importância de uma

descrição da população real de trabalhadores, de uma análise precisa do trabalho e

de suas condições de execução, e de um inventário real dos diversos aspectos da

carga laboral diária.

Assim, a distância entre o trabalho prescrito e o trabalho real (Daniellou,

1992; Guérin et al., 1991), entre aquele determinado pelas instâncias de concepção

das instituições ou organizações, e o efetivamente realizado, com variabilidades e

contingências específicas, vai determinar um trabalho particular e real. É neste

contexto, que potenciais situações produtoras de sofrimento devem ser discutidas.

Fatores intrapsiquicos relacionados ao serviço também contribuem para a

pessoa manter-se estressada, como é o caso da sensação de insegurança no

emprego, de insuficiência profissional, pressão para comprovação de eficiência ou

108

até mesmo, a impressão continuada de estar cometendo erros profissionais, além

destes fatores, ainda o trabalhador carrega consigo o seu histórico de vida traz para

o ambiente de trabalho fatos e fatores externos ao mesmo, da vida familiar e

pessoal.

Os agentes estressores estão no ambiente de trabalho a todo tempo, e a sua

sobrecarga pode ser considerada fator desencadeante importante para o inicio do

estresse patológico no trabalho. A sobrecarga de estímulos estressores é um

estado, no qual, as exigências do ambiente ultrapassam nossa capacidade de

adaptação. Existem quatro fatores principais que contribuem para a demanda

excessiva de agentes estressores no trabalho: urgência de tempo, responsabilidade

excessiva, falta de apoio e expectativas excessivas internas e externas. Outros

fatores considerados seriam: ruídos, alterações de sono, falta de perspectivas,

mudanças constantes, determinadas pela empresa, devida às novas

demandas/tecnologias, devido ao mercado ou impostas por condições pessoais e

subjetivas.

A Síndrome de Burnout, que é uma resposta ao estresse ocupacional crônico,

a qual afeta, principalmente, profissionais que se ocupam em prestar assistência às

pessoas, segundo Maslach (1977), vem ocorrendo com grande freqüência,

atualmente. É um processo em que há o esgotamento emocional e uma escassa

realização pessoal, ocorrendo forte despersonalização, não resultando somente do

estresse em si, mas do “estresse não mediado”, do não moderado, do sem

possibilidade de solução (Farber, citado em Roazzi, Carvalho, & Guimarães, 2000)

apud Abreu, Stoll, Ramos, Baumgardt, & Kristensen (2002).

O individuo nesta condição, deixa de investir em seu trabalho e nas relações

afetivas que dele decorrem, tornando-se incapaz de se envolver com o mesmo

(Codo, & Vaquez-Menezes, 1999). Sua dimensão multidimensional é composta de

três componentes: a exaustão emocional (sentimento muito forte de tensão

emocional, o qual produz sensação de esgotamento, de falta de energia e de

recursos emocionais próprios para lidar com as rotinas da prática profissional e

representa a dimensão indivcidual da síndrome), despersonalização (sentimentos e

atitudes e negativistas, indiferentes e cínicas em relação ao pacientes/clientes) e

redução de realização pessoal (afeta as habilidades interpessoais relacionadas com

a pratica profissional, o que influi, diretamente na forma de atendimento).

109

Como outra possibilidade, Seligmann-Silva (1994) identifica a existência de

um campo de estudo interdisciplinar voltado para a análise das conexões entre

saúde mental e trabalho, mediante a integração de "olhares" distintos, apresentando

o conceito de desgaste como opção conceitual integradora. O desgaste psíquico foi

associado à imagem de "mente consumida" por Seligmann-Silva reunindo três

abrangências: a primeira, compreendendo quadros clínicos relacionados ao

desgaste orgânico da mente (seja em acidentes do trabalho, seja pela ação de

produtos tóxicos); a segunda, compreendendo as variações do "mal-estar", das

quais a fadiga (mental e física) é uma das analisadas; e a terceira, quando se

verificam os desgastes que afetam a identidade do trabalhador, ao atingir valores e

crenças, que podem ferir a dignidade e a esperança.

c-) Descrição detalhada e ordenada do projeto

Neste estudo pretende-se realizar uma análise da relação entre a saúde dos

trabalhadores em Saúde Mental de São Carlos, e o possível quadro de estresse

ocupacional, em seus graus variados, devido à organização e condições de trabalho

deficitárias ou problemáticas, e as possíveis conseqüências para a qualidade de vida

destes trabalhadores.

A coleta de dados ocorrerá através do preenchimento de um Inventário,

criado a partir do Questionário de Qualidade de Vida da Organização Mundial de

Saúde (Fleck, 1999-WHOQOL-100), um Questionário de Saúde Geral de Goldberg

(Goldberg, 1972-adaptação brasileira: Pasquali, Gouveia & Andriola, 1996), que foi

construído para avaliar a saúde mental das pessoas, além do Inventário de Ônus da

Pessoa que Cuida (Novack & Guest, 1989), relativo ao cuidador em saúde.

Este será entregue a todos os cuidadores em Saúde Mental (profissionais,

auxiliares, estagiários da UFSCar e voluntários), sendo que a participação na

pesquisa é voluntária. Será orientação para que todos entreguem seus envelopes

lacrados, contendo o Inventário, que não apresentará nenhuma espécie de

identificação, os quais devem ser depositados em urna lacrada fornecida pela

pesquisadora, para que haja total segurança dos dados, impedindo qualquer

possibilidade de identificação daqueles que desejarem participar deste estudo.

O Inventário é totalmente anônimo, já que, principalmente, há participantes

com vínculos empregatícios com instituições da cidade. Será dado um prazo máximo

para a devolução de 30 (trinta) dias após a entrega do mesmo, sendo que a

110

devolução do Inventário deverá ser feita diretamente para a pesquisadora, em local

e data previamente combinados. A avaliação dos dados ocorrerá após o término da

coleta, ou seja, passado os 30 (trinta) dias da entrega dos inventários aos

participantes interessados em respondê-lo. Os inventários serão mantidos sob a

absoluta responsabilidade da pesquisadora.

A tabulação dos dados, bem como a sua compilação, serão realizadas em

local privativo, para que ocorra o tratamento dos dados de forma a indicar ou não, o

nexo causal entre o trabalho em Saúde Mental nos consultórios, nas unidades de

atendimento e referência de São Carlos e na UFSCar e o estresse ocupacional dos

profissionais e demais cuidadores. Esta etapa será realizada no LIEPH (Laboratório

Interdisciplinar para o Estudo do Psiquismo Humano), Departamento de Psicologia,

UFSCar, onde os inventários permanecerão guardados em total segurança total

todos os inventários.

d-) Análise crítica dos riscos e benefícios que a pesquisa pode trazer

Prevendo o risco de algum participante ser identificado, foi elaborado um

inventário sem identificadores pessoais, ao invés de um questionário, evitando,

assim, toda e qualquer possibilidade de identificação dos participantes que forem

funcionários municipais, estaduais ou federais, ou seja, que tenham vínculos

empregatícios em qualquer unidade de atendimento ou referência do município de

São Carlos, além dos estagiários da UFSCar e dos voluntários que atendem em

Saúde Mental, que poderão participar desta pesquisa. A entrega dos inventários

deverá ser em envelope padrão, lacrado que deverá ser entregue à pesquisadora,

em data combinada por ambas as partes, dentro do prazo máximo estipulado para

preenchimento do inventário, que será de trinta dias.

Outra medida, usada pela pesquisadora para eliminar qualquer possível risco

de identificação, será a recomendação de que todos os inventários sejam entregues

em envelopes lacrados diretamente à própria, em data marcada antecipadamente,

independentemente de seu preenchimento, já que o participante tem total liberdade

para desistir da pesquisa, mesmo tendo recebido o Inventário, após preencher o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Já, os benefícios surgirão, se a hipótese levantada pela pesquisadora, for

comprovada, e esta proporcionará o conhecimento de possíveis problemas, os quais

poderão ser sanados através de mudanças na organização do trabalho e em suas

111

condições, para que os cuidadores em Saúde Mental do município de São Carlos

tenham melhor qualidade de vida, tornando o atendimento também de melhor

qualidade.

Para que isto ocorra, ao final da análise de dados e conclusão da pesquisa,

será feita a devolutiva dos resultados será feita a cada um dos participantes da

pesquisa, à Coordenação do Curso de Psicologia, ao Departamento de Psicologia

por meio da Coordenação do Projeto de Extensão em Saúde Mental e Cidadania e

oferecido à Secretaria Municipal de Saúde de São Carlos, apresentando os

resultados e conclusões da pesquisa. Como esta é uma monografia de conclusão

Curso, seus resultados estarão disponíveis para Coordenação do Curso de

Psicologia, e eventualmente, poderão ser publicados em revistas especializadas e

apresentados em congressos da área.

e-) Duração total da pesquisa

A pesquisa será desenvolvida em 2 semestres, iniciando-se por uma reunião

de apresentação dos seu objetivo e justificativa com os interessados, para que haja

conhecimento e consentimento dos participantes da instituição, os quais receberão

todas as informações necessárias sobre a metodologia e avaliação dos resultados.

f-) Explicitação das responsabilidades do pesquisador e da instituição

A pesquisadora responsável pelo projeto em questão compromete-se a

conduzir a pesquisa, segundo os princípios dispostos na Resolução 196/96 do

Ministério da Saúde, após a sua aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa,

garantindo também que seu início se dará somente após a autorização do

participante por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,

resguardando a identidade e o sigilo sobre os dados obtidos com os participantes,

ao disponibilizar os resultados da pesquisa.

A pesquisadora compromete-se a manter o Inventário sob sua total

responsabilidade. Além da pesquisadora e da orientadora, ninguém mais terá

acesso à tabulação e compilação dos dados, impedindo todas e quaisquer

possibilidades, por mais remotas que sejam, de identificação do participante. Para

maior segurança o tratamento e análise dos dados ocorrerão na UFSCar, em local

privativo (LIEPH, DPsi), onde todos os inventários permanecerão em total

segurança.

112

g-) Critérios para suspender e encerrar a pesquisa

Caso nenhum dos princípios da resolução 196/96 do Ministério da Saúde,

forem infringidos resultando em prejuízo aos participantes ou à pesquisa, ou se os

participantes não entrarem em desacordo com a pesquisadora, a pesquisa só será

encerrada quando todos os procedimentos metodológicos (coleta, análise e

interpretação dos dados; resultados e conclusão) forem cumpridos. Caso contrário, a

pesquisa será suspensa imediatamente.

h-) Local da pesquisa e infra-estrutura do projeto.

O presente estudo pretende ser realizado com os cuidadores em Saúde

Mental do município de São Carlos (funcionários profissionais, estagiários da

UFSCar, voluntários da área), contatados diretamente ou por meio de suas

associações, sendo que o local e a apresentação do Projeto, assim como, a entrega

do Inventário, deverá ser definida por cada um ou cada grupo de interessados.

i-) Demonstrativo da infra-estrutura necessária ao desenvolvimento da pesquisa

e para atender eventuais problemas dela resultantes, com a concordância

documentada da instituição

As associações de profissionais que atuam na área de Saúde Mental, as

unidades de referência do município e os Serviços dos Cursos da UFSCar que

atuam em Saúde Mental possuem infra-estrutura suficiente para dar suporte a esta

pesquisa, no sentido de contatar os cuidadores em saúde mental da cidade. O

LIEPH (Laboratório Interdisciplinar para o Estudo do Psiquismo Humano), do

Departamento de Psicologia possui infra-estrutura necessária para dar suporte ao

tratamento dos dados.

j-) Orçamento financeiro

Não há recurso financeiro para a realização do projeto.

k-) Se vão ser publicados os resultados da pesquisa, sejam eles favoráveis ou

não

Por ser uma monografia de final de curso, os resultados ficarão à disposição

na Coordenação do Curso de Psicologia, sendo favoráveis ou não, com cópia

entregue a cada um dos participantes da pesquisa, e ao Departamento de

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Psicologia, por meio da Coordenação do Projeto de Extensão em Saúde Mental e

Cidadania. Será oferecida uma cópia à Secretaria Municipal de Saúde de São

Carlos. A publicação dos resultados ficará a cargo do Curso de Graduação em

Psicologia, conforme interesse e necessidade, sendo realizada em artigos de

revistas especializadas ou em congressos da área.

l-) Sobre a propriedade e destinação dos conhecimentos.

Os conhecimentos obtidos com o presente estudo são destinados à Universidade

Federal de São Carlos (UFSCar), a cada um dos participantes da pesquisa, à

Coordenação do Curso de Psicologia, e ao Departamento de Psicologia por meio da

Coordenação do Projeto de Extensão em Saúde Mental e Cidadania. Também serão

oferecidos à Secretaria Municipal de Saúde de São Carlos.

2-) INFORMAÇÕES RELATIVAS AOS SUJEITOS DA PESQUISA :

a-) Características da população

A população, que será participante deste estudo, compõe o quadro geral de

profissionais em Saúde Mental, auxiliares, voluntários e estagiários da UFSCar, que

atendem nessa área no município de São Carlos. Todos serão convidados a

participar da pesquisa, de forma voluntária, por isso não há previsão do número

exato de participantes, até que todos os T.C.L.E. sejam assinados e que os

Inventários sejam devolvidos.

b-) Descrever claramente os métodos que possam afetar os sujeitos

Não haverá identificação do participante, de nenhuma espécie, pois os

cuidados tomados foram relacionados ao colocar como procedimento o convite a

todos os profissionais, voluntários, auxiliares e estagiários da UFSCar. Lembramos

que, mesmo tendo assinado o T.C.L.E., o participante não é obrigado a responder o

Inventário, estando livre para entregá-lo em branco ou nem mesmo devolvê-lo, se

assim o desejar.

c-) Identificar os dados e registros a serem obtidos

A obtenção dos dados será feita através do Inventário elaborado pela

pesquisadora para este fim, no qual são apresentadas questões de múltipla escolha,

114

baseadas em fatores teóricos e práticos da teoria de estresse ocupacional e do

trabalho dos cuidadores em Saúde Mental.

d-) Informar-se se a pesquisa será usada para outros fins.

Este estudo pretende auxiliar na possível melhora das relações, da

organização do trabalho e da qualidade de vida de todos que têm atividades na área

de Saúde Mental, portanto poderá ser utilizado como base para traçar uma meta de

melhorias nesta área, se comprovada a hipótese levantada pela pesquisadora.

e-) Planos de recrutamento, procedimentos e critérios para inclusão ou

exclusão

Todo e qualquer profissional, auxiliar, voluntário e estagiário, seja ele federal,

estadual ou municipal, ou que trabalhe de forma privada, serão convidados a

participar da pesquisa, sendo que não existe uma obrigatoriedade dos mesmos

nesta participação. A todos será recomendado que entreguem seus envelopes

lacrados contendo o Inventário, preenchido ou não, para que possam ser então,

incluídos ou excluídos seus dados, garantindo, impreterivelmente, seu anonimato.

f-) Descrever a possibilidade de risco e avaliar a sua gravidade

Os inventários serão consultados em local privado (LIEPH, DPsi, UFSCar) e

os dados coletados ficarão sob total responsabilidade da pesquisadora. Não será

divulgada qualquer informação que possa levar a identificação do usuário. Assim

sendo, consideramos que o risco deste procedimento é mínimo ou inexistente.

g-) Apresentar previsão de ressarcimento de gastos aos sujeitos

Não haverá nenhum gasto para os participantes da pesquisa.

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Anexo 4

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

São Carlos, 17 de fevereiro de 2003

Prezado Prof. Dr. Jorge Oishi,

Presidente do comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos

UFSCar

Venho por meio desta, encaminhar o Projeto “ANÁLISE DO NEXO CAUSAL

ENTRE O TRABALHO EM SAÚDE MENTAL E O ESTRESSE OSCUP ACIONAL

DE SEUS PROFISSIONAIS NO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS” elaborado nas

disciplinas Pesquisa 5 e 6, do Curso de Psicologia, pela aluna Teresa Cristina

Gayoso Sobreira sob minha orientação, com vistas à elaboração de Monografia de

Pesquisa (disciplinas Pesquisa 7 e 8 ), nos dois próximos semestres de 2003.

Tendo em vista que o caráter didático da disciplina vem de encontro á

proposta educativa do Comitê de Ética, propusemos pesquisas com seres humanos

(no caso, cuidadores em geral de saúde mental do município de São Carlos) para

que os alunos de Graduação se familiarizem com as exigências da Resolução

196/96 e apresentem seus projetos ao Comitê de Ética em Pesquisa, para serem

avaliados.

Sem mais,

Atenciosamente,

Prof. Georgina Faneko Maniakas

Orientadora do Projeto

116

Anexo 5

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUIMANAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

TERMO DE COMPROMISSO

Eu, Georgina Faneko Maniakas, docente do Departamento de Psicologia da

Universidade federal de São Carlos-UFSCar, sou responsável pela orientação da

Monografia de Pesquisa “ Análise do Nexo Causal entre o trabalho em Saúde

Mental e o Grau de Estresse Ocupacional de seus pro fissionais no município

de São Carlos” que deverá se desenvolvida de acordo com as exigências da

Resolução 196/96, durante os dois próximos semestres letivos de 2003, pela

discente do 7º semestre do Curso de Graduação em Psicologia, Teresa Cristina

Gayoso Sobreira.

Como orientadora e pesquisadora responsável, comprometo-me a conduzir a

pesquisa de acordo com os princípios éticos que norteiam a Resolução 196/96.

________________________________

Georgina Faneko Maniakas

São Carlos, 17 fevereiro de 2003

117

Anexo 6

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Anexo 7