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UNIRONDON. DISCIPLINA: Economia. Turma: 1 ano. PROFESSOR: ANTONINO.
A ECONOMIA POSITIVA
1.1 - CONCEITOS BSICOS FUNDAMENTAIS.
O Conceito de Economia.
A palavra Economia deriva do grego oikosnomos (de oikos = casa, e nomos = lei), que significa a
administrao de uma casa, ou do Estado, e pode ser assim definida: Economia a cincia social que
estuda como o indivduo e a sociedade decidem (escolhem) empregar recursos produtivos escassos na
produo de bens e servios, de modo a distribu-los entre as vrias pessoas e grupos da sociedade, a fim
de satisfazer as necessidades humanas.
Dessa maneira, a Economia tem por finalidade estudar a atividade produtiva como um todo.
Essa definio contm vrios conceitos importantes que so a base e objeto de estudo da atividade
econmica que so: Escolha, escassez, necessidades, recursos, produo e distribuio.
Em qualquer sociedade, os recursos ou fatores de produo so escassos; contudo, as
necessidades humanas so ilimitadas, e sempre se renovam. Isso obriga a sociedade a escolher entre
alternativas de produo e de distribuio dos resultados da atividade produtiva aos vrios grupos da
sociedade.
Para que a Economia possa atingir esse objetivo, ela focaliza sua ateno sobre todo o processo de
produo de produtos e servios.
Isso envolve o conhecimento e anlise dos recursos necessrios para a produo dos bens e servios
produzidos pela sociedade, que visam atender as necessidades humanas.
Para atender essa finalidade a economia procura identificar: a quantidade disponvel desses recursos, a
forma como esses recursos so empregados, quais tipos de produtos so produzidos com esses recursos;
a qualidade e quantidade dos produtos que so produzidos; a que fins destinam esses produtos; como
so distribudos esses produtos em escala social; procura ainda averiguar se a quantidade e qualidade dos
produtos so suficientes para atender as necessidades sociais, e assim sucessivamente.
Baseada nessas proposies a Cincia Econmica se depara com vrios problemas, sejam eles de ordem
econmica ou social.
O primeiro desses problemas se relaciona questo da compatibilidade.
Assim, como possvel Economia compatibilizar a quantidade de recursos disponveis com as
necessidades humanas?
O problema est relacionado ao fato de que os recursos disponveis so limitados e as necessidades
humanas so ilimitadas.
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Para entender melhor essa situao, faz-se necessrio que saibamos o que queremos dizer com recursos
limitados e necessidades ilimitadas.
Quando falamos em recursos na linguagem econmica queremos dizer, fatores de produo.
- Mas, o qu so esses to propalados fatores de produo?
Os fatores de produo podem ser entendidos como a quantidade de recursos necessrios produo de
bens e servios que visam atender as necessidades humanas.
Esses fatores de produo na atualidade esto divididos em cinco tipos de recursos.
So eles: a terra, o capital, o trabalho, a tecnologia e a capacidade empresarial.
Para seqncia de nosso entendimento descreveremos cada um deles separadamente:
Por fator de produo Terra, denomina-se a quantidade de recursos naturais existentes e disponveis
na natureza que podem ser utilizados para a produo de quaisquer tipos de bens visando atender as
necessidades humanas.
Esses recursos naturais podem ser de origem animal, vegetal, mineral, fluvial, marinho, etc. Esto
includos entre esses recursos, por exemplo: os peixes, as aves, as florestas, o espao areo, as jazidas
minerais, os rios, lagos, etc.
Por fator de produo Trabalho, conceitua-se como sendo todo esforo humano seja ele fsico ou
intelectual, que visa produzir um bem ou servio necessrio ao atendimento das necessidades humanas.
Para definir Capital, entendemos esse (o capital), como a quantidade de bens produtivos como
mquinas, equipamentos, instalaes, pontes, estradas, rodovias, ferrovias, empresas, instituies
educacionais, etc. que so utilizadas na produo e no transporte de bens e servios tambm, necessrios
satisfao das necessidades humanas.
Existem dois tipos de capitais bem definidos e diferenciados entre si que so: o capital produtivo, que
traduzido sob a forma de bens e servios, como foi descrito acima, e o capital financeiro, que pode ser
traduzido como a quantidade de recursos financeiros necessrios para dar impulso e continuidade, pode-
se dizer assim, ao processo de produo.
A movimentao dos bens e servios pela sociedade dar origem ao fluxo real, e a movimentao dos
recursos financeiros por essa mesma sociedade dar-se- origem ao fluxo nominal. (Sobre esses dois itens
voltaremos a falar em tpicos posteriores).
Por Capacidade Tecnolgica conceituamos o emprego de tcnicas inovadoras que tendem a
minimizar custos, aumentar a produtividade e conseqentemente reduzir os preos, tornando-os
acessveis s camadas mais desprovidas da populao.
A capacidade tecnolgica est relacionada ao emprego do conhecimento, das habilidades inatas do
profissional, utilizando todo o seu conhecimento e aprendizado, visando melhorar a vida da populao,
atravs de novos instrumentos e procedimentos sociais, que so obtidos ao longo de seus estudos e
vivncia dentro da comunidade.
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Um exemplo bem prtico de capacidade tecnolgica o emprego do computador na convivncia social
e produtiva melhorando substancialmente as relaes entre os indivduos e facilitando sobremaneira o
processo de comunicao e outros meios dentro da sociedade.
Para ser mais especifico, podemos entender a capacidade tecnolgica como sendo os resultados da soma
de novas pesquisas, novos estudos, que geraram novos desenvolvimentos de atividades, que
possibilitaram as invenes, que, por conseguinte, geraram as inovaes. Dai a expresso, capacidade
tecnolgica.
A capacidade empresarial, assim como a capacidade tecnolgica so expresses mais recentes que
foram incorporados aos conceitos de fatores de produo.
Por capacidade empresarial queremos definir a capacidade criativa e empreendedora do gestor visando
melhorar a situao econmico-financeira da empresa, atravs da utilizao de novas tcnicas, novos
modelos, novas formas de convivncia de grupos produtivos, mobilizao de recursos atravs do arrojo
e conhecimento, da viso do negcio, fazer novos empreendimentos, adoo de novas tcnicas
empreendedoras, diferenciando-o do gestor comum, que neste caso, aquele que s acompanha o
processo de produo.
Essa a distino bsica entre gestor de produo e o empresrio inovador, segundo concepo de
Schumpeter (1).
Uma vez detectados a existncia desses recursos em uma determinada regio ou pas, os economistas
procuram fazer a melhor combinao possvel desses fatores, a fim de produzir bens e servios
necessrios satisfao das necessidades dos seres humanos.
por isso que em Economia, a Produo considerada a atividade econmica fundamental, como bem
explicita Rossetti (2).
Atravs desses procedimentos, procurando produzir bens e servios, visando atender as necessidades
humanas que a Economia se defronta com seu dilema fundamental.
O dilema fundamental da Cincia Econmica corresponde sua incapacidade em produzir todos os
bens e servios necessrios satisfao das necessidades humanas.
Isso ocorre porque as quantidades de recursos existentes so limitadas e as necessidades humanas so
ilimitadas.
No que concerne aos "bens", em economia, eles so obtidos como resultados das atividades dos seres
humanos, principalmente atravs do fator de produo trabalho, em combinao com outros tipos de
fatores. Por conseguinte, os bens esto divididos em tangveis e intangveis.
So exemplos de bens tangveis, todos os bens que podem ser tocados pelo ser humano, como os
computadores, os televisores, etc. So exemplos de bens intangveis as marcas, as patentes, etc.
Os servios tambm so resultados do trabalho ou desgaste fsico necessrio para a sua produo,
tambm em combinao com outros fatores.
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Da deduz-se que, tanto os bens e servios econmicos, so resultados da atividade humana, sendo
praticamente impossvel a sua existncia, sem a participao do homem na sua produo.
por isso que os bens e servios dependem dos fatores de produo, e estes por sua vez, so limitados.
J, por outro lado, as necessidades humanas so ilimitadas uma vez que elas so determinadas pelas
condies psicolgicas do individuo, variando por isso, de pessoa para pessoa.
Dentro desse enfoque que fica caracterizado o dilema fundamental da Economia.
Uma vez conhecidos os fatores de produo ou recursos produtivos existentes em cada pas ou cada
regio, a Economia vai tratar de fazer a melhor combinao possvel dos recursos existentes nesse meio,
visando maximizar a sua utilizao.
Ai, nesse contexto, aparece uma das questes-chave da Economia, que denominada de Eficincia
produtiva.
Entendemos como Eficincia produtiva, a capacidade do ser humano em fazer a melhor combinao
possvel de todos os recursos existentes a fim de minimizar os custos, aumentar a produtividade do
sistema produtivo, evitando ao mesmo tempo os desperdcios, maximizando assim, o grau de utilizao
dos fatores de produo.
Atravs do processo de combinao dos fatores de produo, a Economia se depara ainda, com uma
outra questo-chave que a eficcia alocativa.
Por eficcia alocativa entendemos um processo de escolha do que deve ser produzido na Economia, a
fim de aumentar ao mximo a eficincia dos recursos produtivos visando atender as prioridades da
populao, em um determinado momento.
Quando falamos em eficcia alocativa, queremos dizer prioridades, ou escolhas do que deve ser
produzido.
Normalmente as economias que dispem de recursos de produo limitados, como, por exemplo: o
Japo, que no dispe do fator de produo "terra" em quantidade suficiente, para atender as
necessidades de sua populao, optou por investir pesadamente no fator de produo "tecnologia",
atravs das pesquisas e desenvolvimento, atendendo aos requisitos bsicos da inovao, que, por
conseguinte, so componentes fundamentais da descoberta de novas tecnologias.
Assim, o Japo, ao invs de se preocupar em produzir produtos agrcolas, pode-se dizer assim, se
preocupa em produzir televisores, aparelhos de som, videocassetes, que so produtos bem mais caros
que os produtos agrcolas e trazem ainda vantagens comparativas para o Japo em termos de lucros.
Mantida essa tica, o Japo vende a sua produo baseada na tecnologia e com o capital que obtm
nessas vendas compra os produtos agrcolas dos pases que detm grande quantidade dessa produo,
desfrutando de um lucro razovel nessa transao.
Conhecidos os fatores de produo, feita a escolha de que produzir, aproveitando ao mximo a
eficincia produtiva, agora; por sua vez, a Economia vai tratar da distribuio dos bens e servios que
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foram produzidos na sociedade de forma eqitativa, procurando atender a maior parcela da populao
possvel.
Quando a Economia alcana esse estgio do processo produtivo, ela (a Economia), atinge a sua terceira
questo-chave, que denominada de "justia distributiva".
A justia distributiva est relacionada questo da distribuio dos bens e servios de forma eqitativa
dentro da sociedade como um todo.
Para fazer essa distribuio, a Economia obedece a determinados critrios.
Esses critrios so estabelecidos por lei a fim de que toda a populao tenha conhecimento da forma de
distribuio da riqueza social.
Quando a Economia passa para esse estgio, ela est dentro dos preceitos da sua quarta "questo-chave"
que o ordenamento institucional.
O ordenamento institucional corresponde ao estabelecimento de leis e regras que vo identificar todos
os agentes envolvidos, a riqueza produzida e a forma como essa riqueza ser distribuda dentro da
sociedade obedecendo a determinados critrios.
Dentro do sistema de produo, resta saber que, quem estabelece todo esse processo, so os chamados
"agentes econmicos".
Em uma economia fechada, isto , sem a participao do setor externo, pode-se considerar como
agentes econmicos as famlias, as empresas e o governo.
As famlias, as empresas e o governo so considerados agentes econmicos porque, so eles, que detm
o controle do processo produtivo e da capacidade de produo.
As famlias, porque so donas dos fatores de produo; vende esses fatores para as empresas para obter
renda que o recurso financeiro que elas precisam para comprar os bens e servios que necessitam.
De posse dos fatores de produo, que nesse caso se transformam em insumos e matrias-primas, as
empresas tambm chamadas unidades de produo, tratam de transformar as matrias-primas em
produtos acabados, sejam eles bens ou servios.
Para isso, as empresas tambm contratam os servios das unidades familiares pagando-as sob a forma de
rendas como salrios, juros, aluguis, lucros, etc.
Portanto, as empresas podem ser consideradas unidades transformadoras ou unidades produtoras dentro
do processo de produo, sendo considerada por isso, tambm um agente econmico.
O governo considerado agente econmico, porque, alm de agente regulador da produo, atravs do
controle do processo produtivo e distributivo, utilizando o ordenamento institucional para isso, o
responsvel pelo fornecimento dos bens pblicos para a sociedade, na forma de construo de pontes,
estradas, rodovias, ferrovias, etc.
Para isso, o governo contrata os servios das empresas e tambm das unidades familiares. A temos o
complemento do processo de produo, que fechado atravs do chamado sistema de produo.
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Dentro do sistema de produo, quando empregamos, alm das famlias, das empresas e do governo,
empregamos ainda o setor externo, teremos um sistema econmico aberto, se caracterizando dessa
forma, como um sistema completo, em virtude de que passa a englobar as atividades de exportao e
importao.
Esse sistema movimentado atravs dos chamados fluxos.
Os fluxos so divididos em fluxo real e fluxo nominal.
Temos fluxo real, quando h na economia a movimentao de bens e servios.
Temos fluxo nominal no sistema econmico, quando h a movimentao do capital financeiro, que
ocorre sob a forma de pagamento pela utilizao dos fatores de produo, dos bens e servios utilizados
e consumidos no sistema econmico como um todo.
Esse pagamento ocorre atravs da renda que as famlias recebem dentro do processo de produo.
Essas rendas so divididas sob a forma de: salrio que a renda do trabalhador; o juro que a renda do
banqueiro; o lucro que a renda do capitalista; o aluguel que a renda do locador, os royalties que so as
rendas obtidas pela locao das marcas e patentes, etc.
E por isso que se costuma afirmar que a Economia no se preocupa apenas com a produo em si, mas
tambm com o controle dessa produo e sua distribuio no sistema, de maneira que haja menor
injustia possvel.
A forma como as produes dos bens so distribudas e alocadas podem gerar fatores de desajustes no
sistema, como a pobreza, por exemplo, que traz consigo, a fome, a misria, a prostituio etc.
Ao contrrio da pobreza esto a riqueza e o bem estar que so desejos almejados pela sociedade.
A Economia, em virtude disso, tambm se preocupa com esses fatores. Da dizermos que, o trinmio:
riqueza, pobreza e bem estar tambm so preocupaes da Economia.
Aparentemente a descrio do funcionamento e do comportamento do sistema econmico parece
bastante simples.
Entretanto, essa simplicidade fica apenas na aparncia, uma vez que, as mobilizaes dos recursos
produtivas envolvem interesses diversos, dentre os quais: questionamentos quanto a forma da
distribuio dos recursos, a extenso da distribuio desses recursos, quais os agentes que sero
melhores contemplados com a distribuio dos recursos, o grau de beneficio de cada agente envolvido e
tambm o nvel de riqueza desejada na Economia, a maneira como essa riqueza ser atingida, etc.
Procurando contemplar ao mximo todos, ou quase todos os interesses envolvidos, a Economia se
dividiu em dois campos distintos de observao, que so a Macroeconomia e a Microeconomia.
A Macroeconomia procura estudar a Economia como um todo, seu comportamento de uma forma
geral; seu desempenho total, etc.
Ou seja, a Economia est preocupada com o todo do sistema econmico. Supondo que o sistema
econmico fosse uma floresta, conforme costumamos observar, a Macroeconomia est preocupada com
o estudo do comportamento da floresta em si.
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J a Microeconomia, tem uma abordagem mais limitada que a abordagem macroeconmica, se
preocupando apenas com o comportamento das unidades individuais das empresas, do consumidor, etc.
Supondo ainda que o sistema econmico fosse uma floresta, a Microeconomia estaria nesse caso,
preocupada com o estudo das rvores que compem essa floresta.
Para facilitar ainda mais suas anlises, os Economistas dividiram as atividades econmicas em setores, de
acordo com o envolvimento dos fatores de produo utilizados.
De acordo com os recursos ou fatores de produo utilizados, os setores da economia esto divididos
em setores primrio, secundrio e tercirio.
Entendemos por setor primrio, aquele setor da economia que est relacionado com a extrao vegetal,
animal e mineral, na sua forma bruta, sem o beneficiamento desses recursos.
O setor secundrio caracterizado pelo setor de transformao desses fatores, atravs das atividades das
indstrias de transformao e beneficiamento, que so as unidades produtivas.
O setor tercirio compreende as atividades do: comrcio, bancos, do governo, etc.
Dentre esses trs setores, o mais importante, pode-se dizer assim, o setor secundrio, uma vez que
este, um setor de beneficiamento e envolve a utilizao em grande escala da tecnologia e da capacidade
empresarial.
Quanto mais refinados e embutidos de tecnologia so os produtos produzidos por esse setor, maior ser
o grau de desenvolvimento da economia, e mais avanado ser o pas detentor desse tipo de produo.
As atividades do setor primrio esto diminuindo em grau de importncia, uma vez que as atividades
produtivas do setor secundrio esto englobando quase todas as atividades extrativas atravs da
utilizao da mecanizao.
As atividades do setor primrio tm maior grau de importncia nos pases subdesenvolvidos, por estes
no disporem de recursos mais sofisticados para extrao das riquezas naturais.
As atividades do setor tercirio so dependentes das atividades dos setores primrio e secundrio,
variando de importncia de acordo com o desenvolvimento tanto do setor primrio quanto do setor
secundrio.
Esse grau de dependncia ocorre mais do setor secundrio. Praticamente uma economia que tem o setor
secundrio bem desenvolvido, tem grandes perspectivas de possuir um setor tercirio rico e que
comercializa produtos diversificados.
Assim, uma Economia que pratica a extrao de bananas, no setor primrio, atravs de um processo
rudimentar, por exemplo, e d seqncia ao processo de produo por intermdio do beneficiamento
dessa mesma banana no setor secundrio, fabricando doces de bananas, ainda como exemplo,
fatalmente o seu setor tercirio s comercializar bananas.
A no ser que, o pas ou a economia em anlise, seja aberto, e tenha acesso a riquezas produzidas em
outros pases, podendo assim comercializar outras espcies de produtos.
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Um exemplo disso o caso da economia paraguaia ou boliviana, que vende de tudo e praticamente no
produz nada do que necessrio para o consumo da populao local.
Nesse caso, esses tipos de economias so dependentes e perifricas, pode-se dizer assim, podendo ser,
no longo prazo, englobadas pelas economias mais avanadas.
Essa forma de classificao a maneira mais simples, de identificar o grau de desenvolvimento de um
pas.
Se um pas comercializa mais produtos nativos oriundos das atividades primrias, costuma-se dizer que
esse pas pobre ou subdesenvolvido.
Se o pas comercializa mais produtos industrializados e de grande valor comercial, costuma-se afirmar
que esse pas desenvolvido, e assim sucessivamente.
Existem ainda alguns pases que vivem mais de aplicaes financeiras de outros pases utilizando esses
recursos para movimentar suas economias. Porm esses tipos de atividades so excees regra, uma
vez que, apenas alguns pases europeus que so pequenos, como a Sua, por exemplo, usam desses
artifcios.
Atualmente, alguns pequenos pases do Caribe e da sia, tambm utilizam esse tipo de atividade,
remunerando as aplicaes, com juros, atravs do mercado de capitais, dos recursos financeiros que so
depositados e utilizados nesses pases.
Esses setores podem ser resumidos de acordo com a figura esquemtica a seguir:
No caso brasileiro, o IBGE apresenta a seguinte classificao para os setores da economia:
Setor primrio (agropecurio): Produo vegetal, produo animal e derivados e extrao vegetal.
Setor secundrio (industrial): Indstria extrativa mineral, de transformao, da construo civil e servios
industriais de utilidade pblica.
Setor tercirio (servios): Comrcio, transportes, comunicaes, instituies financeiras, administrao
pblica, aluguis e outros servios.
A tabela a seguir fornece uma viso aproximada do emprego de fatores de produo nos diversos
setores, em economias subdesenvolvidas e desenvolvidas.
SETORES ECONOMIA SUBDESENVOLVIDA ECONOMIA DESENVOLVIDA
Primrio
- absorve grande parte da populao ativa;
- uso predatrio da terra.
- uso crescente e intensivo de capital;
- pouco emprego relativo da for a de trabalho.
Secundrio.
- pouco desenvolvido;
- escasso emprego de equipamentos.
- uso crescente e intensivo de capital..
Tercirio
- uso extensivo da fora de trabalho, inclusive
em atividades marginais (comrcio de rua,
lavadores e vigias de, carros).
- participao crescente de capital;
- contnua absoro da fora de trabalho em
larga escala.
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Ainda h a subdiviso da populao por parte da Cincia Econmica a qual denominada de
Demografia Econmica.
Essa subdiviso se faz para se determinar a parte da populao que est efetivamente participando do
processo de produo.
Assim da populao total, que a quantidade total de habitantes de um pas em um determinado
perodo de tempo, a Economia extrai a populao economicamente mobilizvel, a populao
economicamente ativa, o nus demogrfico, o nmero de desempregados que, por conseguinte est
subdividido em desemprego voluntrio, desemprego involuntrio e desemprego friccional.
Por populao economicamente mobilizvel consideramos a quantidade da populao na faixa dos 16
aos 65 anos de idade que est em condies de trabalhar.
O nus demogrfico compreende o nmero da populao que est compreendido na faixa do zero aos
16 anos e os acima de 65 anos de idade.
Por populao economicamente ativa compreendemos a quantidade da populao que est efetivamente
trabalhando com carteira assinada.
O desemprego se subdivide em desemprego voluntrio, involuntrio e friccional.
Desemprego voluntrio compreende a faixa da populao economicamente mobilizvel que no se
sujeita a trabalhar para receber os salrios pagos pelo mercado. Essa populao compreende a populao
subterrnea ou populao com emprego informal como camels, donos de bares, vendedores
ambulantes, etc.
O Desemprego involuntrio compreendido por aquelas pessoas que mesmo se sujeitando a trabalhar
com o salrio pago pelo mercado no encontra trabalho no mercado.
O Desemprego friccional caracterizado pela parte da populao que sai de um emprego, procura se
especializar para trabalhar em outra atividade mais rentvel; ou ainda, aquelas pessoas que saram do
emprego por terem passado em concursos, e sendo assim esperam ser chamadas para a nova atividade a
fim de voltarem ao mercado de trabalho.
Essas so apenas classificaes que procuram simplificar o estudo e a compreenso da Economia.
A Economia tambm utiliza instrumentos de mensurao.
A mensurao feita, primeiro, pela transformao das unidades no monetrias - que so dadas em
unidades de medida ou de peso, como os pesos em toneladas, os volumes em metros cbicos, etc. - em
unidades monetrias, para facilitar o sistema de contagem de tudo que foi produzido num determinado
perodo de tempo, a fim de se obter o Produto Interno Bruto (PIB).
Alm de transformao da produo em unidades monetrias, a produo total quantificada atravs da
contagem da produo final.
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A transformao do quantum produzido em unidades monetrias necessria, para facilitar o processo
de quantificao, uma vez que impossvel quantificar todos os bens em toneladas, barris, metros
cbicos, metros quadrados, etc.
Os nmeros de instrumentos de medidas seriam tamanhos que tornariam os processos de quantificaes
econmicas praticamente impossveis.
Ainda para evitar o problema de dupla contagem, os bens produzidos em cada setor so contabilizados
pela produo final.
Assim, os carros, por exemplo, so contados pela quantidade produzida e no pela quantidade dos
recursos incorporados durante a sua produo.
Existe ainda outra forma de se quantificar o PIB de uma economia atravs do processo do valor
adicionado.
O valor adicionado consiste em se quantificar os valores que so adicionados em cada etapa do processo
de produo tomando-se o cuidado de no somar duas vezes os valores que so adicionados em cada
uma dessas etapas.
Alm de serem adotadas para facilitar a quantificao de tudo o que foi produzido na Economia atravs
do PIB, as unidades monetrias so os instrumentos de trocas bsicos usados dentro do sistema
econmico.
Nesse caso, a moeda passa a ter um papel preponderante dentro das relaes sociais de produo.
Seu conceito por excelncia de intermediria de troca e de liquidez imediata.
A moeda ainda, segundo Keynes, assume trs formas fundamentais, que so: intermediria de troca,
reserva de valor, unidade de conta, alm ainda de servir como padro de pagamento diferido.
Em virtude da intensificao da atividade bancria, temos em nossos dias, dois tipos de moedas
preponderantes, que so: o papel moeda em si, e a moeda escritural.
A moeda escritural o tipo de moeda que criada, quando abrimos uma conta corrente em um banco e
depositamos nossa renda nessa conta.
Assim sendo, o banco tambm tem capacidade de criar moeda, atravs da moeda escritural, que obtida,
quando os bancos emprestam o volume dos depsitos efetuados pelos clientes aos investidores
desejosos de liquidez, para investimentos e manuteno de capital de giro, por exemplo.
Definio de Bens de Capital, Bens de Consumo, Bens Intermedirios e Fatores de Produo.
Os Bens de Capital so aqueles utilizados na fabricao de outros bens, mas que no se desgastam
totalmente no processo produtivo. o caso, por exemplo, de mquinas, equipamentos e instalaes. So
usualmente classificados no Ativo Fixo das empresas, e uma de suas caractersticas contribuir para a
melhoria da produtividade da mo de obra.
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Os Bens de Consumo destinam-se diretamente ao atendimento das necessidades humanas. De acordo
com sua durabilidade, podem ser classificados como durveis (por exemplo, geladeiras, foges,
automveis) ou como no durveis (alimentos, produtos de limpeza, etc.).
Os bens intermedirios so aqueles que so transformados ou agregados na produo de outros bens
e que so consumidos totalmente no processo produtivo (insumos, matrias primas e componentes).
Diferenciam-se dos finais, que so vendidos para consumo ou utilizao final. Os Bens de Capital,
como no so consumidos no processo produtivo so tambm bens finais.
Os fatores de produo, chamados recursos de produo da economia, so constitudos pelos recursos
humanos (trabalho e capacidade empresarial), terra, capital e tecnologia.
Argumentos Positivos versus Argumentos Normativos
A Economia uma cincia social e utiliza fundamentalmente uma anlise positiva, que dever explicar
os fatos da realidade. Os argumentos positivos esto contidos na anlise que no envolve juzo de valor,
estando esta estritamente limitada a argumentos descritivos, ou medies cientficas. Ela se refere a
proposies bsicas, do tipo, se ocorre uma situao A, ento haver um reflexo em B. Por exemplo, se
o preo da gasolina aumentar em relao a todos os outros preos, ento a quantidade que as pessoas
iro comprar de gasolina cair. uma anlise do que .
Nesse aspecto, a Economia se aproxima da Fsica e da Qumica, que so cincias consideradas
virtualmente isentas de juzo de valor.
Em Economia, entretanto, defrontamo-nos com um problema diferente. Ela trata do comportamento
de pessoas, e no de molculas, como na Qumica. Freqentemente nossos valores interferem na anlise
do fato econmico.
Nesse sentido, definimos tambm argumentos normativos, que uma anlise que contm, explcita ou
implicitamente, um juzo de valor sobre alguma medida econmica.
Por exemplo, na afirmao o preo da gasolina no deve subir expressamos uma opinio ou juzo de
valor, ou seja, se uma coisa boa ou m. uma anlise do que deveria ser.
Suponha, por exemplo, que desejemos uma melhoria na distribuio de rendo do pas. um julgamento
de valor em que acreditamos. O administrador de poltica econmica (policymaker) dispe de algumas
opes para alcanar esse objetivo (aumentar salrios, combater a inflao, criar empregos etc.).
A Economia Positiva ajudar a escolher o instrumento de poltica econmica mais adequado. Se a
economia est prxima da plena capacidade de produo, aumentos de salrios, por encarecerem o custo
da mo-de-obra, podem levar a um aumento de desemprego, isto , o contrrio do desejado quanto
melhoria na distribuio de renda.
Esse um argumento da Economia Positiva, indicando que aumentos salariais, nessas circunstncias,
no constituem a poltica mais adequada. Dessa forma, a Economia Positiva pode ser utilizada como
base para a escolha da poltica mais apropriada, de forma a atender os objetivos individuais ou da nao.
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Diviso do Estudo Econmico.
A anlise econmica, para fins metodolgicos e didticos, como j explicitado anteriormente,
normalmente dividida em quatro reas de estudo:
Microeconomia ou Teoria de Formao de Preos. Estuda a formao de preos em mercado
especficos, ou seja, como consumidores e empresas interagem no mercado e como decidem os preos e
a quantidade para satisfazer a ambos simultaneamente.
Macroeconomia. Estuda a determinao e o comportamento dos grandes agregados nacionais, como o
produto interno bruto (PIB), investimento agregado, a poupana agregada, o nvel geral de preos, entre
outros. Seu enfoque basicamente de curto prazo (ou conjuntural).
Economia Internacional. Estuda as relaes econmicas entre residentes e no residentes do pas, as
quais envolvem transaes com bens e servios e transaes financeiras.
Desenvolvimento Econmico. Preocupa-se com a melhoria do padro de vida da coletividade ao longo
do tempo. O enfoque tambm macroeconmico, mas centrado em questes estruturais e de longo
prazo (progresso tecnolgico, estratgias de crescimento, etc.)
A INTERAO DOS AGENTES ECONMICOS E AS QUESTES - CHAVE DA
ECONOMIA.
So consideradas questes chave da Economia: a eficincia produtiva; a eficcia alocativa; a justia distributiva e o
ordenamento institucional.
EFICINCIA PRODUTIVA: a questo chave que diz respeito mobilizao dos fatores de
produo de que todas as economias dispem, independentemente de seus estgios de desenvolvimento
e de seus padres culturais.
Todas as naes dispem dos mesmos recursos, ainda que em estgios diferenciados de
desenvolvimento. E todas se defrontam com a exigncia de mobiliz-los segundo os mximos padres
possveis de eficincia.
A razo essencial da busca por EFICINCIA PRODUTIVA decorre de que os recursos so escassos,
no sentido de que o suprimento de todos eles finito ou limitado. Alm disso, o conceito econmico de
escassez tem a ver com as ilimitveis necessidades sociais.
Estas superam a dotao de recursos: os agentes buscam sempre ampliar seus nveis de satisfao,
atravs de maior suprimento e de maior variedade de bens e servios. Mais ainda: buscam produtos de
qualidade cada vez mais apurada e de desempenho cada vez mais avanado. Ao mesmo tempo,
procuram aprimorar os recursos e empreg-los, de tal forma que se minimizem as taxas ocorrentes e
ociosidade e desemprego e se maximizem os retornos.
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Neste sentido, a busca pela EFICINCIA PRODUTIVA pressupe, pelo menos, as seguintes
condies:
Utilizao de todos os recursos disponveis, no sentido de que no se observe a indesejvel
ocorrncia de quaisquer formas de subemprego ou desemprego. Esta condio implica AUSNCIA DE
CAPACIDADE OCIOSA. Usualmente, conceituada como PLENO-EMPREGO.
Mobilizao e combinao dos recursos disponveis sob PADRES TIMOS DE
DESEMPENHO e de ORGANIZAO DO PROCESSO PRODUTIVO, no sentido de que no se
observe subaproveitamento do potencial mximo disponvel.
Conceitualmente, a eficincia produtiva alcanada quando, alm de estarem plenamente empregados e
no ociosos, os recursos mobilizados esto operando no limite mximo de seus potenciais.
EFICCIA ALOCATIVA: Dado o conflito entre a escassa disponibilidade de meios e a multiplicidade
crescente de necessidades a atender, no basta que os recursos estejam empregados segundo padres de
mxima eficincia produtiva: este um requisito necessrio, mas no suficiente. Alm dele, coloca-se a
questo da EFICINCIA ALOCATIVA, que diz respeito ESCOLHA DOS BENS E SERVIOS
FINAIS, DE CONSUMO E DE ACUMULAO, QUE A ECONOMIA PRODUZIR.
Sendo escassos os recursos e ilimitveis as necessidades manifestadas pela sociedade conceitualmente
impossvel produzir todos os bens e servios requeridos para satisfazer a todas as necessidades sociais
efetivamente existentes e a todos os desejos individuais latentes. ESCASSEZ IMPLICA ESCOLHAS. E
escolhas implicam CUSTOS DE OPORTUNIDADE expresso que, neste caso, tem a ver com os
desejos e as necessidades que deixam de ser atendidos sempre que outros so priorizados.
LIMITAO DE MEIOS, MULTIPLICIDADE DE FINS, PRIORIZAO DOS FINS QUE
SERO ALCANADOS e decises sobre as ALTERNATIVAS DE EMPREGO DOS MEIOS. Esses
quatro pontos fundamentais dos modernos conceitos de economia tm tudo a ver com a questo chave
da EFICCIA ALOCATIVA.
EFICCIA ALOCATIVA est associada, a escolhas socialmente eficazes, que reproduzem as escalas
de preferncias da sociedade, por determinadas combinaes de bens e servios finais, privados e
pblicos. Afinal, as diferentes combinaes de produtos finais que uma moderna economia pode
produzir, deve existir uma que atende, em grau timo, as aspiraes e s prioridades sociais.
Atuando como agente econmico, o governo reduz o poder aquisitivo da sociedade, por tributos diretos
e indiretos. Com a receita tributria, investe em infra-estrutura econmica e social e na produo de bens
e servios pblicos e semipblicos. Sobre os padres de sua atuao podem ser levantados vrios pontos
intimamente ligados questo da EFICINCIA ALOCATIVA.
Conceitualmente, considera-se que o resultado da ao produtiva preenche as condies da EFICCIA
ALOCATIVA quando.
- O processo de alocao dos recursos tende a uma ESCALA DE PRIORIDADES que satisfaa s
EXIGNCIAS MNIMAS requeridas pelos diferentes grupos sociais da nao. Afinal, por serem
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escassos os recursos, certamente no ser possvel atender totalidade dos desejos manifestados por
todos os grupos sociais. Mas considerar-se- eficaz o processo de escolha sempre que existir uma cesta
mnima de bens e servios qual presumivelmente, todos possam ter acesso, antes que produtos menos
essenciais sejam produzidos.
- Satisfeitas as requisies mnimas vitais da sociedade, os recursos ainda disponveis so destinados
produo de um conjunto dado de produtos cuja diversificao seja suficientemente ampla, abrangendo
as demais exigncias manifestadas pela sociedade.
A JUSTIA DISTRIBUTIVA a terceira questo chave da economia. O preenchimento das
condies das duas outras questes no constitui condio suficiente para uma justa distribuio do
produto social. A eficincia produtiva limita-se ao pleno emprego dos recursos. A eficcia alocativa diz
respeito otimizao do processo de escolha sobre o que produzir. J a justia distributiva tem a ver
com a estrutura de repartio da renda agregada.
Esta terceira questo-chave diz respeito a uma das mais controversas reas da reflexo econmica. Seu
ponto crucial definir qual a estrutura de repartio da renda e da riqueza que melhor reflete as
capacidades e os esforos individuais.
As controvrsias em torno dessa questo-chave decorrem de uma multiplicidade de fatores. Alguns
resultam das dificuldades para se definir formalmente se dada estrutura de repartio da renda agregada
revela-se equnime com dada variao de capacitaes, esforos e contribuies. J outros fatores tm a
ver com diferentes posies poltico-ideolgicas, muitas das quais formatadas a partir de
inconformismos com as estruturas de repartio concretamente resultantes da operao dos sistemas
econmicos. Pela natureza desses fatores, a desradicalizao do equacionamento dessa questo-chave
tem sido uma tendncia que tem prevalecido. Segundo essa tendncia, a justia distributiva implica a
satisfao das duas seguintes condies.
Equidade da distribuio do produto social. Conceitualmente, equidade e igualdade absoluta no so
expresses sinnimas. Esta ltima significa que todas se encontram situados rigorosamente em uma
mesma linha; aquela admite posies abaixo e acima de determinada linha de riqueza mdia, desde que a
distncia entre as posies individuais sejam equiparveis aos nveis das respectivas capacidades postas a
servio do esforo social de produo.
Adoo de princpios e critrios distributivos que no impliquem perda de estmulos socialmente teis.
O ORDENAMENTO INSTITUCIONAL. A quarta questo-chave diz respeito s formas como a
sociedade se organiza para buscar eficincia econmica, alocar recursos com eficcia e repartir o
resultado do esforo social de produo. Trata-se de questo tambm controversa, dado que no h uma
nica possibilidade de ORDENAMENTO INSTITUCIONAL, mas, teoricamente, pelo menos trs.
O ordenamento do processo econmico atravs da LIBERDADE DE EMPREENDIMENTO e da
livre manifestao das chamadas FORAS DE MERCADO. Neste caso, os agentes econmicos
desfrutam de ampla liberdade, quer quanto destinao dos recursos de sua propriedade ou domnio,
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quer quanto escolha dos bens e servios cuja produo ser priorizada. E a estrutura de repartio
um vetor resultante da livre interao dos agentes econmicos: prevalecem as foras da competio.
O ordenamento do processo econmico atravs de um sistema de COMANDO CENTRALIZADO.
Neste caso, os agentes econmicos no so guiados pela mo invisvel das foras do mercado livre,
mas por ordens expressas, emitidas por comandos centralizados autoritrios ou por centrais de
planificao. A escolha dos bens e servios que sero produzidos e a prpria estrutura da repartio do
produto social resultam de decises de um organismo central que exerce autoridade de comando e
controla a economia como um todo.
O ordenamento do processo econmico atravs de SISTEMAS MISTOS, em que as foras de mercado
coexistem com mecanismos especficos de comando e regulao, exercidos pela autoridade pblica.
Neste caso, h restries plena liberdade e as escolhas sociais resultam tanto de influncias originrias
do mercado quanto de determinaes de rgos de comando. Dada parcela dos recursos disponveis ou
dos resultados do esforo social de produo apropriada pela autoridade pblica, que redistribui, direta
ou indiretamente, segundo escalas de prioridades politicamente decididas.
O SISTEMA ECONMICO: UMA VISO DE CONJUNTO
M. Bernstein resume o conceito de sistema econmico a partir desses trs conjuntos de elementos
como: SISTEMAS ECONMICOS so arranjos historicamente constitudos, a partir dos quais os AGENTES
ECONMICOS so levados a empregar RECURSOS e a interagir via produo, distribuio e uso dos produtos
gerados, dentro de mecanismos INSTITUCIONAIS de controle e de disciplina, que envolvem desde o emprego dos fatores
produtivos at as formas de atuao, as funes e os limites de cada um dos agentes.
Um sistema econmico tambm pode ser definido como sendo a forma poltica, social e econmica
pela qual est organizada uma sociedade. um particular sistema de organizao da produo,
distribuio e consumo de todos os bens e servios que as pessoas utilizam buscando uma melhoria no
padro de vida e bem estar.
Os principais elementos constitutivos dos sistemas econmicos compreendem:
Um estoque de recursos produtivos ou fatores de produo: aqui se incluem os recursos humanos
(trabalho e capacidade empresarial), o capital, a terra, as reservas naturais e a tecnologia.
Complexo de unidades de produo: constitudo pelas empresas.
Conjunto de instituies polticas, jurdicas, econmicas e sociais: que so a base de organizao da
sociedade.
Os sistemas econmicos podem ser classificados em:
Sistema capitalista, ou economia de mercado aquele regido pela fora de mercado, predominando a
livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produo.
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Pelo menos at o incio do Sculo XX, prevalecia nas economias ocidentais o sistema de concorrncia
pura, onde no havia a interveno do Estado na atividade econmica. Era a filosofia do liberalismo.
Principalmente a partir de 1930, passaram a predominar os sistemas de economia mista, onde ainda
prevalecem as foras de mercado, mas com a atuao do Estado, tanto na alocao e distribuio de
recursos como na prpria produo de bens e servios, nas reas de infra-estrutura, energia, saneamento
e telecomunicaes.
Sistema socialista, ou economia centralizada, ou ainda economia planificada, aquele em que as
questes econmicas fundamentais so resolvidas por um rgo central de planejamento, a propriedade
pblica dos fatores de produo, chamadas nessas economias de meios de produo, englobando os
bens de capital, terra, prdios, bancos, matrias-primas.
Os problemas Econmicos Fundamentais.
Da escassez dos recursos ou fatores de produo, associada s necessidades ilimitadas do homem,
originam-se os chamados problemas econmicos fundamentais: o que e quanto produzir? Como
produzir? Par quem produzir?
O que e quanto produzir. Dada a escassez de recursos de produo, a sociedade ter de escolher,
dentro do leque de possibilidades de produo, quais produtos sero produzidos e as respectivas
quantidades a serem aplicadas.
Como produzir. A sociedade ter de escolher ainda quais recursos de produo sero utilizados para a
produo de bens e servios, dado o nvel tecnolgico que existe. A concorrncia entre os diferentes
produtores acaba decidindo como vo ser produzidos os bens e servios. Os produtores escolheram
dentre os mtodos mais eficientes, aquele que tiver o menor custo de produo possvel.
Para quem produzir. A sociedade ter tambm de decidir como seus membros participaram da
distribuio dos resultados de sua produo. A distribuio da renda dependera no s da oferta e da
demanda nos mercados de servios produtivos, ou seja, da determinao dos salrios, das rendas da
terra, dos juros e dos benefcios do capital, mas, tambm, da repartio inicial da propriedade e da
maneira como ela se transmite por herana.
Em economias de mercado, esses problemas so resolvidos predominantemente pelo mecanismo de
preos atuando por meio da oferta e da demanda.
Nas economias centralizadas essas questes so decididas por um rgo central de planejamento, a partir
de um levantamento dos recursos de produo disponveis e das necessidades do pas. Ou seja, a maioria
dos preos dos bens e servios, salrios e quotas de produo e de recursos so calculadas nos
computadores desse rgo, e no pela oferta e demanda no mercado.
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RECURSOS, AGENTES E INSTITUIES: AS TRS CATEGORIAS QUE FORMAM AS
BASES DE QUALQUER SISTEMA ECONMICO. COMPLEXO DE INSTITUIES
OS AGENTES ECONMICOS: QUALIFICAES E FUNES
H trs diferentes grupos de agentes econmicos que interagem, participando direta ou indiretamente de
todas as transaes que se realizam dentro de determinado sistema econmico:
As unidades familiares
As empresas
O governo.
O conceito de UNIDADES FAMILIARES engloba todos sos tipos de unidades domsticas,
unipessoais ou familiares, com ou sem laos de parentesco, segundo as quais a sociedade como um todo
se encontra segmentada. As UNIDADES FAMILIARES so as detentoras dos fatores de produo ou
recursos de produo. So recursos de produo: a terra (recursos naturais renovveis ou no); o capital
Elementos constitutivos
do sistema econmico
como um todo: recursos,
agentes e instituies.
ESTOQUE DE FATORES DE PRODUO
Reservas naturais Recursos humanos Capital Capacidade tecnolgica Capacidade empresarial
QUADRO DE AGENTES ECONMICOS
Unidades familiares Empresas Governo
COMPLEXO DE INSTITUIES
Jurdicas Polticas Sociais
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(mquinas, equipamentos, pontes, estradas, rodovias, ferrovias, fbricas, etc); o trabalho (esforo fsico
ou intelectual do indivduo); a tecnologia e a capacidade empresarial.
As UNIDADES FAMILIARES participam do processo de produo vendendo os recursos de
produo necessrios para a produo de bens e servios a fim de atender as necessidades humanas. Elas
vendem os fatores de produo para obter renda e assim adquirir os bens e servios de que necessitam
para satisfazerem as suas necessidades.
As EMPRESAS so os agentes econmicos para os quais convergem os recursos de produo
disponveis. So as unidades de produo que os empregam e combinam para a gerao dos bens e
servios que atendero s necessidades de consumo e de acumulao da sociedade. Neste sentido,
empresas e unidades de produo so expresses sinnimas, do ponto de vista da teoria econmica.
O GOVERNO destaca-se como agente econmico devido s particularidades que envolvem suas aes
econmicas. Segundo o conceito de Edey e Peacock, o governo um AGENTE COLETIVO que
contrata diretamente o trabalho de unidades familiares e que adquire uma parcela da produo das
empresas PARA PROPORCIONAR BENS E SERVIOS TEIS SOCIEDADE COMO UM
TODO. Trata-se, pois, de um centro de produo de BENS E SERVIOS COLETIVOS. Suas receitas
resultam de retiradas compulsrias do poder aquisitivo das unidades familiares e das empresas, feitas por
meio do sistema tributrio; e a maior parte de suas despesas se caracteriza por pagamentos efetuados aos
agentes envolvidos no fornecimento dos bens e servios sociedade.
A INTERAO DOS AGENTES ECONMICOS
Os processos, os mecanismos e os instrumentos de interao dos agentes econmicos decorrem de dois
fatores fundamentais:
A diversidade das necessidades humanas, que conduz organizao de sistemas de trocas.
A diversidade de capacitaes das pessoas e naes, determinadas por heranas culturais ou por
vocaes naturais, que conduz especializao e diviso social do trabalho.
A diversidade das necessidades observada mesmo sob situaes primitivas de vida e de organizao
social. Os primeiros grupamentos humanos, que trocaram gradativamente a vida nmade por formas
mais sedentrias de organizao social, exigiam diversificado suprimento de bens e servios: produtos
destinados alimentao e proteo em relao ao meio ambiente; instrumentos para caa e pesca e
tambm para a defesa do grupo quando da invaso de seu territrio por outros grupos; utenslios de uso
domstico, objetos de adorno e instrumentos para prticas coletivas, festivas e religiosas.
Estes conjuntos de necessidades de naturezas diversos exigiam capacitaes diferenciadas, de guerreiros,
agricultores, pastores, artesos e sacerdotes cada qual dedicando-se preponderantemente a uma destas
atividades e satisfazendo s necessidades individuais e dos grupos atravs de sistemas primitivos de
trocas.
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Surgiram assim trs importantes fatores de propulso do progresso econmico: a diviso do trabalho, a
especializao e as trocas. Estes fatores promoveram mudanas substantivas na organizao da vida
econmica.
Possibilitaram aperfeioamentos em todos os campos e conduziram a formas cada vez mais complexas
de produo mas tambm mais eficientes. A diversidade dos bens e servios se ampliou, criando-se
novas necessidades. E as capacitaes acompanharam o ritmo das mudanas, atendendo s novas
exigncias e at antecipando outras.
Como desdobramento natural da multiplicao de necessidades e capacitaes, as redes de troca se
tornaram mais complexas, estenderam-se geograficamente, ganharam novas amplitudes e passaram a
exigir instrumentos que as viabilizassem. A auto-suficincia foi substituda pela interao.
O processo de interao, resultante do trinmio diviso do trabalho-especializao-trocas, no obstante
de crescente complexidade, fundamentou-se em pelo menos dois visveis benefcios, ambos decorrentes
do princpio das VANTAGENS COMPARATIVAS:
MAIOR EFICINCIA
GANHOS DE ESCALA
A MAIOR EFICINCIA e os GANHOS DE ESCALA resultam, fundamentalmente, das vantagens
comparativas derivadas da especializao. As ESPECIALIZAES REDUZEM CUSTOS
ASSOCIADOS AO TEMPO DE EXECUO E AMPLIAM OS BENEFCIOS ASSOCIADOS
QUALIDADE.
Fundamentalmente na DIVISO DO TRABALHO e na ESPECIALIZAO, beneficiando-se de
VANTAGENS COMPARATIVAS, as modernas economias alcanaram ESCALAS DE PRODUO
impensveis nos sculos precedentes.
Essas GRANDES ESCALAS resultaram da DIVISO SOCIAL DO TRABALHO.
A diviso do trabalho e a especializao, bases da diversificao da produo e dos ganhos de escala tm,
como contrapartidas, a interao entre os agentes econmicos e o estabelecimento de um SISTEMA DE
TROCAS.
O instrumento utilizado para realizar as transaes e permitir a formao do SISTEMA SOCIAL DE
TROCAS, ou mais simplesmente, o SISTEMA DE TROCAS a MOEDA.
Conceitualmente a MOEDA denominada de INSTRUMENTO DE TROCAS.
Nas modernas economias, a moeda corrente caracteriza-se por ser fiduciria, de emisso no lastreada
em ativos metlicos, de curso forado e de poder liberatrio garantido por disposies legais. E tambm
servindo como meio de pagamento de larga e crescente utilizao, desenvolveu-se e se consolidou a
MOEDA ESCRITURAL, tambm denominada MOEDA BANCRIA ou INVISVEL.
MOEDA BANCRIA ou INVISVEL trata-se dos depsitos a vista, mantidos pelos agentes
econmicos nas instituies bancrias. Os saldos destes depsitos, mais o papel-moeda e as moedas
metlicas divisionais nas mos do pblico constituem os meios de pagamento nas economias modernas.
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A denominao de MOEDA ESCRITURAL, dada aos depsitos vista nas instituies bancrias,
decorre da forma mais utilizada para sua movimentao como meio de pagamento. Esta se d por
transferncia de saldos, por lanamentos e dbito e a crdito, com os quais se liquidam as transaes
entre os agentes econmicos. Esta forma de moeda corresponde, geralmente, a mais de 80% dos meios
de pagamentos na atualidade. Os restantes 20% apresentam-se sob a forma visvel de moeda manual.
Exercendo suas funes clssicas, a moeda o elo de interligao das transaes praticadas pelos agentes
econmicos. Totalizadas essas transaes definem os principais fluxos macroeconmicos, subgrupveis
em fluxos reais e fluxos monetrios.
Os FLUXOS REAIS definem-se a partir de suprimentos de recursos de produo, de seu emprego e de
sua combinao pelas unidades de produo, bem como pela resultante gerao de bens e servios
intermedirios e finais. Denominam-se REAIS por sua concretude fsica, representada, de um lado, pelo
emprego efetivo de fatores produtivos e, de outro lados, pelos produtos gerados, quer se destinem a
reprocessamentos, ao consumo final ou ao processo de acumulao.
Os FLUXOS MONETRIOS definem-se como contrapartida dos fluxos reais. Traduzem-se, de um
lado, pelos pagamentos de remuneraes aos fatores de produo empregados; de outro lado, pelos
preos pagos aos bens e servios adquiridos, independentemente de sua destinao.
INFLAO : O que corri o valor real da moeda, que a liquidez mxima da economia e que
representa diretamente o valor da renda das famlias, a INFLAO.
Em ambiente de alta inflao h baixo poder aquisitivo da populao. Isso porque inflao elevada
implica em alta de preos. Os preos, estando elevados, o poder aquisitivo da populao caem. Esse o
conceito de inflao.
Dessa maneira, quando falamos em inflao em uma determinada economia, queremos dizer que essa
economia est infectada por uma situao de preos elevados. Assim, inflao quer dizer alta
generalizada de preos de que resulta uma contnua perda de poder aquisitivo da moeda.
Maior inflao, menor capacidade de consumo das famlias, principalmente daquelas famlias que no
tm conta corrente ou qualquer ativo financeiro aplicado em bancos.
Para se protegerem da inflao, os bancos tm um mecanismo de defesa desse fenmeno que
representado pela correo monetria.
A correo monetria, criada pelo economista brasileiro Otvio Gouva de Bulhes, um ndice que
visa corrigir o valor da moeda automaticamente de acordo com a variao inflacionria.
O pblico leigo imagina que existe apenas um tipo de inflao. Entretanto, temos vrios tipos de
inflaes que se manifestam, de acordo com o comportamento dos recursos de produo.
Quando esses recursos de produo se tornam escassos, seus preos se elevam. Precisando desses
recursos para produzir determinado tipo de servio ou bem, as famlias ao adquiri-los, costumam
repassar a variao dos preos desses produtos para os consumidores finais.
A, nesse caso, temos o que se pode chamar de inflao de custos.
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Inflao de custos trata-se de movimentos de alta de originrios da expanso dos custos dos fatores
mobilizados no processamento da produo de bens e servios. H tambm vrias fontes para os surtos
inflacionrios de custos: a expanso de tributos indiretos pode desencadear um processo de alta que se
auto-alimentar em espiral; a expanso dos custos do fator trabalho tambm pode dar origem as altas
generalizadas de preos; por fim, a ampliao das margens de lucros ainda que setorialmente localizadas,
podem propagar-se ao longo da cadeia de produo, empurrando os preos para cima.
A inflao de custos pode ser associada a uma inflao tipicamente de oferta. O nvel da demanda
permanece o mesmo, mas os custos de certos fatores importantes aumentam. Com isso, ocorre uma
retrao da produo, deslocando a curva da oferta do produto para trs, provocando um aumento dos
preos de mercado.
As causas mais comuns dos aumentos dos custos de produo so:
Aumentos salariais: um aumento das taxas de salrios que supere os aumentos da produtividade da
mo de obra acarreta um aumento dos custos unitrios de produo, que so normalmente repassados
aos preos dos produtos. Isso ocorre, normalmente, em setores que tm sindicatos com grande poder de
barganha.
Aumentos de custos de matrias primas: por exemplo, as crises do petrleo da dcada de 70 ao
elevar sensivelmente os preos dessa matria prima, provocaram um brutal aumento nos custos de
produo, em particular nos custos de transporte e de energia com base no diesel que forosamente
foram repassados aos preos dos produtos e dos servios. Os aumentos de preos agrcolas, no
sazonais, devido a fatores como geadas, secas, etc., tambm caracterizam uma inflao de custos. Os
aumentos de preos de matrias primas tambm so conhecidos na literatura econmica como choques
de ofertas.
Estrutura de mercado: A inflao de custos tambm est associada ao fato de algumas empresas com
elevado poder de monoplio ou oligoplio terem condies de elevar seus lucros acima da elevao dos
custos de produo. Muitos economistas acreditam que o fenmeno da estagflao (estagnao
econmica com inflao) pode ser devido ao fato de que, mesmo em perodos de queda da atividade
produtiva, as firmas com poder oligopolista tm condies de manter suas margens de lucros sobre
custos (mark up), ao aumentar o preo de seus produtos finais.
Assim podemos resumir a inflao de custos como sendo: processo inflacionrio gerado (ou acelerado)
pela elevao dos custos de produo, especialmente das taxas de juros, de cmbio, de salrios ou dos
processos de importaes.
Inflao de demanda. Tambm chamada de inflao dos compradores, o processo inflacionrio
gerado pela expanso dos rendimentos. Ocorre que os meios de pagamento crescem alm da capacidade
de expanso da economia, ou antes que a produo esteja em plena capacidade, o que impede que a
maior demanda decorrente da expanso dos rendimentos seja atendido. Com isso, aumentam os preos
e, por extenso, os salrios e os rendimentos que geram, dando origem a uma espiral inflacionria.
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Inflao de papel-moeda. Expresso utilizada para designar uma inflao decorrente de emisso
excessiva de moeda (papel) no conversvel. Nos pases onde existia a conversibilidade interna do papel
moeda, sempre que as emisses desta superavam as possibilidades governamentais de converte-las em
metal precioso, dizia-se que havia uma inflao de papel moeda.
Inflao galopante. Surto inflacionrio em que os preos sobem rapidamente, a inflao se mantm alta
(no mnimo de 20 a 50%) e se torna crnica, tendendo a se realimentar.
O Brasil sofreu inflao galopante em 1958-1964. E a partir de 1968, a economia pde se adaptar a esse
carrossel de preos crescentes por mecanismos de correo monetria. Mas, caso haja perda de
confiana na moeda, a remarcao desenfreada de preos podem resultar da hiperinflao.
Inflao inercial. Processo inflacionrio muito intenso, gerado pelo reajuste pleno de preos, de acordo
com a inflao observada no perodo imediatamente anterior; os contratos contm clusulas de
indexao que restabelecem seus valores reais aps intervalos fixos de tempo. Na medida em que esses
intervalos so cada vez menores e os reajustes cada vez maiores e conseguidos com a mesma intensidade
para todos os preos, estes tendem a ficar alinhados. Embora variando com grande intensidade, um
congelamento manteria as mesmas posies relativas anteriores garantindo a neutralidade da operao,
isto , no haveria nem ganhadores nem perdedores se a inflao deixasse de existir repentinamente pelo
congelamento de preos.
Inflao reprimida. Tambm chamada de inflao contida ou oprimida, aquela que se caracteriza por
uma taxa de elevao dos preos inferior taxa de expanso do meio circulante. Essa no-elevao dos
preos, em geral conseqncia de bem-sucedidos controles governamentais sobre os preos. Quando
vrios setores da economia planejam despesas que excedem a capacidade de produo dessa economia,
os planos no podem ser cumpridos. Uma possibilidade de ajustamento ento seria dada pelo aumento
dos preos, visto que a presso da demanda atuaria nesse sentido. Mas, estando sob controle, os preos
no podem se alterar. O hiato inflacionrio permanece sob a forma de inflao reprimida.
A inflao estrutural. As teorias estruturalistas buscam explicaes para inflaes altas e crnicas, como
as que ocorreram na maior parte das economias de baixa renda nas dcadas de 50 e 60. As causas deste
tipo de inflao so, em sntese:
A baixa elasticidade de oferta dos produtos agrcolas decorrentes da estrutura de propriedade de terra, os
mtodos de produo rural e da crescente migrao das populaes rurais para as reas urbanas.
O desequilbrio crnico do balano de pagamentos, que exige forte excedente de exportao sobre
importaes, sob o efeito de custos de intercmbio deteriorados.
A desigual distribuio da renda e da riqueza de que resultam as lutas travadas pelos diversos grupos
sociais para recomposio de seu poder de compra.
A rigidez e a tendncia expansionista dos oramentos pblicos, dadas as crescentes responsabilidades
infra-estrutura e sociais do governo, correspondidas pela expanso da capacidade de tributao.
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Efeitos provados por taxas elevadas de inflao.
Poderamos ser levados a pensar que, se todos os preos se elevassem (impostos, salrios, aluguis,
tarifas e preos pblicos, preos de bens e servios) s mesmas taxas, ningum perderia, ocorreria apenas
uma elevao no nvel geral de preos, mas no se alterariam os preos relativos. Isso, contudo, no o
que ocorre num processo inflacionrio, intenso, onde a velocidade de aumento difere entre os vrios
bens e servios, e, assim, alguns segmentos so mais onerados que outros. Os efeitos mais perversos do
processo inflacionrio ocorrem no perfil da distribuio de renda, no balano de pagamentos, nas
finanas pblicas e na formao de expectativas.
Uma das distores mais srias provocadas pela inflao diz respeito reduo relativa do poder
aquisitivo das classes que dependem de rendimentos fixos, com prazos legais de reajustes. Nesse caso
esto os assalariados, que, com o passar do tempo, vo ficando com seus oramentos cada vez mais
reduzidos, at a chegada de um novo reajuste. Os comerciantes, industriais e o prprio governo tm
condies de repassar os aumentos de custos provocados pela inflao, garantindo, assim, a manuteno
de sua parcela no produto nacional. Ademais, dentro da categoria assalariada, os que mais sofrem so
aquelas famlias de baixo nvel de renda. Como todo o salrio que recebem destina-se a sua subsistncia,
elas no tm meios de aplicar seu dinheiro, de forma a se defender da inflao (no tm condies de
indexar a moeda em seu poder).
Na verdade, so elas, principalmente, que pagam o chamado imposto inflacionrio. O imposto
inflacionrio representa uma espcie de taxao que o Banco Central impe coletividade, pelo fato de
deter o monoplio das emisses. O Banco Central pode pagar dvidas e obrigaes simplesmente
emitindo mais moeda, ou seja, ele nunca tem perda de seu poder de compra. Mas as pessoas que
mantm moeda que no rendem juros (no indexada) sofrem a corroso monetria provocada pela
inflao elevada. O imposto inflacionrio , assim, um tributo altamente regressivo, pois os mais pobres
so os principais atingidos.
A distoro provocada por altas taxas de inflao afeta tambm o balano de pagamentos. Elevadas
taxas de inflao, em nveis superiores ao aumento de preos internacionais, encarecem o produto
nacional relativamente ao produzido externamente. Assim, devem provocar um estmulo s importaes
e um desestmulo s exportaes, diminuindo o saldo da balana comercial. Nessas condies, as
autoridades, na tentativa de recuperar o saldo comercial, normalmente lanam mo de desvalorizaes
cambiais, as quais, tornando a moeda nacional mais barata relativamente moeda estrangeira, podem
estimular a colocao de nossos produtos no exterior, ao mesmo tempo em que se desestimulam as
importaes. Entretanto, as importaes essenciais, das quais o pas no pode prescindir (como
petrleo, fertilizantes, equipamentos sem similar nacional), tornar-se-o inevitavelmente mais caras,
pressionando para cima os custos de produo. Fecha-se um verdadeiro crculo vicioso, com nova
elevao de preos provocada pelo repasse do aumento dos custos aos preos dos produtos finais.
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Outra distoro provocada por altas taxas de inflao d-se sobre as finanas pblicas. Segundo o
chamado Efeito Tanzi ou Efeito Olivera-Tanzi, a inflao tende a corroer o valor da arrecadao fiscal
do governo, pela defasagem existente entre o fato gerador e o recolhimento efetivo do imposto. Maior a
inflao, menor a arrecadao real do governo.
Finalmente, deve ser destacado o efeito que altas taxas de inflao provocam sobre as expectativas da
coletividade, ou seja, quanto ao futuro quadro econmico. Particularmente, o setor empresarial
bastante sensvel influncia da inflao no que diz respeito s expectativas sobre o futuro, dada a
instabilidade e imprevisibilidade de seus lucros. O empresrio permanecer em compasso, de espera,
enquanto a situao perdurar, e dificilmente tomar iniciativas no sentido de aumentar seus
investimentos na expanso da capacidade produtiva, o que acabar prejudicando o nvel de emprego da
economia. a chamada inflao de expectativas ou inflao psicolgica.
Fluxo circular da renda
A coleta de informaes sistematizadas das atividades econmicas propicia a ao governamental e dos
agentes econmicos, no sentido da obteno de melhores resultados.
Considere-se, inicialmente, uma economia que no tenha governo, nem realize transaes com outros
pases, como mostrado na figura a seguir:
As famlias entregam s empresas os fatores de produo e, em troca, recebem salrios, aluguis,
juros e lucros. Para sua sobrevivncia, as famlias pessoas fsicas precisam adquirir bens e
servios produzidos pelas empresas. Para adquirir esses bens e servios, as famlias cedero, em troca,
aquilo que receberam como salrios, aluguis, juros e lucros. Nesse processo, so identificados dois
fluxos: um de produtos (bens e servios) e outro de renda (salrios, aluguis, juros e lucros). Isso o que
ocorre no dia-a-dia da economia. Esses fluxos caracterizam o que conhecemos como fluxo circular da
renda.
O fluxo circular da renda pode ser analisado sob o ponto de vista do fluxo real (fluxo de fatores de
produo e fluxo de bens e servios finais) ou de sua expresso em moeda - o fluxo monetrio.
O fluxo monetrio medido pelo dispndio das famlias em bens e servios finais produzidos pelas
empresas ou pela remunerao percebidas pelas famlias em troca dos fatores de produo.
H uma equivalncia entre o fluxo de dispndio de bens e servios finais (produtos) e o fluxo da
remunerao dos fatores produtivos. Da surge a identidade renda / produto.
Se o objetivo contabilizar a produo de um determinado pas durante um certo perodo de tempo, o
fluxo demonstrado na Figura acima, admite duas formas de anlise: uma, pelo lado da renda, e outra,
pelo lado do produto.
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Se forem somados os salrios, aluguis, juros e lucros pagos num determinado perodo normalmente
um ano , ser obtida a renda a custo de fatores (cf), pois o custo dos fatores de produo adquiridos
pelas empresas equivalente aos salrios, juros, lucros e aluguis pagos por elas.
A interao unidades familiares, empresas e governo: a interdependncia dos fluxos reais e
monetrios consolidados.
Pagamentos Remunerao pelos produtos de fatores (bens e servios) empregados e adquiridos. pagamento de transferncias.
Bens e servios Tributos
Pagamento de Fornecimento de fatores Tributos. de produo. Fornecimento de bens e servios pblicos e investimentos na formao de capital fixo de interesse pblico (infra estrutura econmica e social). Em contrapartida ao fluxo circular da renda aparece fluxo circular do produto que caracterizado pela
aquisio das matrias primas por parte das empresas em relao s famlias, transformao dessas
matrias primas em produtos acabados atravs do processo de produo e venda desses produtos
acabados s famlias.
EMPRESAS
UNIDADES FAMILIARES
FLUXO REAL
Fatores de Produo
Produtos
FLUXO MONETRIO
Remunerao dos Fatores
Pagamentos dos produtos adquiridos
GOVERNO
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A EFICINCIA PRODUTIVA: AS CURVAS APARENTES (OU FRONTEIRAS) DAS
POSSIBILIDADES DE PRODUO.
Formalmente, qual o significado de EFICINCIA PRODUTIVA? O que significa o pleno emprego dos
recursos disponveis? Quando que uma economia alcana o limite mximo da eficincia? De que
fatores dependem a expanso das FRONTEIRAS DE PRODUO? E quais so as melhores
alternativas para destinao dos recursos escassos?
Todas essas perguntas tm respostas bastante simples:
EFICINCIA PRODUTIVA: significa empregar a pleno emprego, trazendo para zero as taxas de
subemprego e de desemprego involuntrios.
A expresso PLENO EMPREGO abrange todos os fatores de produo, no apenas de fator trabalho.
Pressupe assim, manter ocupada a produo economicamente mobilizvel, utilizar plenamente os bens
de capital disponveis e operar o processo produtivo segundo os melhores padres tecnolgicos
conhecidos.
O LIMITE MXIMO DA EFICINCIA alcanado quando, j operando a pleno emprego, no h
mais qualquer ociosidade a ser aproveitada. Alcanando esse limite, qualquer crescimento na produo
de determinado bem ou servio implicar na reduo de outro.
A EXPANSO DAS FRONTEIRAS DE PRODUO funo de acrscimos na dotao dos fatores
tcnicos, trabalho e capital, ou, ento, de desenvolvimento e tecnologias mais avanadas, que permitem
produzir mais com os mesmos recursos disponveis. Movimento como esses aumentam as possibilidades
de produo da economia.
AS POSSIBILIDADES DE PRODUO EXISTENTES podem ser destinadas a multiplicidades de
combinaes de diferentes categorias de bens e servios. difcil determinar qual a melhor combinao.
As combinaes praticadas resultam ou de decises de governantes ou de decises descentralizadas
resultantes da livre atuao das empresas e das unidades familiares. A melhor a que estiver mais
ajustada a uma escala de necessidades hierarquizadas, definitivas para a sociedade como um todo.
Os movimentos de trocas existentes so inevitveis. A hiptese inicial da teoria econmica de que os
movimentos de trocas ocorrem a pleno emprego dos fatores de produo (terra, capital, trabalho,
tecnologia e capacidade empresarial), tambm denominados de recursos de produo. No h como
aumentar a produo de qualquer um dos bens, sem sacrificar a do outro. Isso significa que qualquer
combinao envolve CUSTOS DE OPORTUNIDADE. CUSTOS DE OPORTUNIDADES
significam que, dado um limite mximo de recursos existentes, para que um indivduo possa adquirir um
determinado bem, tem necessariamente que desistir da aquisio do outro. Logicamente, o indivduo
ter que adquirir aquele produto que ele tiver maior vantagem comparativa no momento de sua
aquisio.
A ocorrncia de custos de oportunidades, quaisquer que sejam as alternativas adotadas, inexorvel.
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Todos os agentes econmicos, considerados isoladamente ou em conjunto, defrontam com esta
inexorvel lei econmica. As unidades familiares podem ter aspiraes ilimitveis, mas defrontam com a
amarga realidade dos recursos escassos, definidos por oramentos restritos: a aquisio de uma casa de
praia envolve um CUSTO DE OPORTUNIDADE, representado, por exemplo, pela no-aquisio de
uma casa de campo. Um novo televisor pode significar o adiamento da satisfao de muitas outras
necessidades. Mesmo pessoas que dispem de grandes fortunas no escapam da inexorabilidade dos
custos de oportunidade: ainda que possam ter todos os bens e servios que desejarem, no podero
desfrutar de todos simultaneamente nem tero de qualquer um deles, suprimentos infinitos.
Conceito de Custos de Oportunidade.
A transferncia dos fatores de produo de um bem A para produzir um bem B implica um custo de
oportunidade que igual ao sacrifcio de se deixar de produzir parte do bem A para se produzir mais do
bem B. O custo de oportunidade tambm chamado de custo alternativo, por representar o custo da
produo alternativa sacrificada, ou custo implcito. Por exemplo, no diagrama a seguir, para aumentar a
produo de alimentos de 320 para 480 toneladas (passar do ponto C para o D) o custo de
oportunidades em termos de X igual a 50, que a quantidade sacrificada desse bem para se produzir
mais 160 toneladas de Y.
de esperar que o custo de oportunidade sejam crescentes, j que quando aumentamos a produo de
um bem, os fatores de produo transferidos dos outros produtos se tornam cada vez menos aptos para
a nova finalidade, ou seja, a transferncia vai ficando cada vez mais difcil e onerosa, e o grau de
sacrifcio vai aumentando. Esse fato justifica o formato cncavo da curva de possibilidades de produo:
acrscimos iguais na produo de alimentos implicam decrscimos cada vez maiores na produo de
mquinas, como mostra o grfico a seguir.
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A Curva (ou fronteira) de possibilidades de produo: combinaes mximas possveis de
produo de X e Y, com pleno emprego dos recursos disponveis.
Pontos coordenados (X e Y) resultantes da (b) Curva resultante da unio dos pontos
transposio de dados. As seis alternativas coordenados (A a F): a definio da fronteira
de produo a pleno emprego. de produo.
Os Quatro Pontos Notveis das Curvas de Possibilidades de Produo
As questes-chave da EFICINCIA PRODUTIVA e da EFICCIA ALOCATIVA, seus fundamentos
e principais desdobramentos podero ser, ainda, mais bem entendidas, com o auxlio de um dos mais
conhecidos instrumentos da teoria econmica bsica: a curva (ou fronteira) das possibilidades de
produo.
Para construir uma curva deste tipo, vamos utilizar os dados da tabela acima, plotando as seis diferentes
combinaes de produo de X e Y de nossa economia imaginria, respectivamente nos eixos das
abscissas e das ordenadas. o que foi feito na figura acima. esquerda, em (a), foram transpostos os
dados das seis alternativas consideradas; direita, em (b), com a unio dos pontos obtidos pela
transposio dos dados, obtivemos a curva de possibilidades de produo de nossa economia imaginria.
A curva obtida revela as combinaes mximas dos produtos X e Y que a economia capaz de produzir.
Como uma das hipteses bsicas de construo do modelo foi o pleno emprego dos recursos de
produo disponveis, a curva resultante representa uma espcie de FRONTEIRA DE PRODUO,
uma barreira de transposio impossvel. Mo mximo, com os recursos de que dispe, operando
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segundo padres de mxima eficincia, a economia poder escolher por algum ponto ao longo da curva.
Ir alm dela, com os recursos atualmente disponveis, impossvel.
Na figura apresentada a seguir, identificamos os quatro pontos notveis em que uma economia pode
situar-se, conhecida sua curva de possibilidades de produo:
PONTO O. Nesse ponto, a economia reduziu a zero sua produo, tanto de X, quanto de Y. Trata-se
de uma situao identificada como de PLENO DESEMPREGO. Obviamente, uma posio que se
configura apenas no plano terico, pois na realidade seria insustentvel. Nesse ponto, a economia no
estar utilizando, para quaisquer fins, os recursos de produo de que dispes. Conseqentemente, estar
com a produo zerada. evidente que nenhuma economia em qualquer tempo e lugar se situou nessa
posio. Seria uma situao de plena inanio, segundo a qual nem mesmo a produo mnima de
subsistncia para atendimento de necessidades fisiolgicas estaria sendo realizada.
PONTO Q. Nesse ponto, a economia est operando com capacidade ociosa. Indica uma posio
intermediria ente os extremos do pleno desemprego e do pleno emprego. Significa que uma parte dos
recursos de produo no est sendo mobilizada. Trata-se de uma situao comum e, sob certos
aspectos, normal. Normalmente, h pessoas desempregadas, algumas at por razes voluntrias. Uma
parte das mquinas estar parada, ainda que seja para operaes de manuteno. Outras mquinas
estaro sendo subutilizadas, no operando a plena carga. Algumas edificaes tero espaos ociosos e, na
extrao de reservas da natureza, alm da ociosidade de mquinas e homens, estar ocorrendo certa taxa
de desperdcios dos recursos extrados. Enfim, os nveis globais de produo estaro aqum daqueles
que poderiam estar sendo efetivamente obtidos.
PONTO P. Este ponto indica uma situao ideal, mas dificilmente alcanvel na realidade. Ele
representa o PLENO EMPREGO. um dos mais importantes objetivos de qualquer sociedade, tanto
sob pontos de vista econmicos, como tambm sociais. Mas, rigorosamente, o alcance do pleno
emprego muito difcil. Sempre se verifica, ainda que bastante reduzida, alguma taxa de desemprego. A
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operao a pleno emprego uma situao extremada, vivida talvez pelas naes em perodos de guerra,
quando so efetivamente mobilizadas todas as foras de combate e, na retaguarda, todas as
possibilidades de produo que no tenham sido ainda danificadas. Economia de guerra, esforo de
guerra e pleno emprego seriam assim, de certa forma, expresses equivalentes.
PONTO R. Este quarto ponto notvel define um NIVEL IMPOSSIVEL DE PRODUO,
relativamente s possibilidades demarcadas pela curva. Trata-se de posio inalcanvel no perodo
imediato. Por estar situada alm das fronteiras de produo da economia. O ponto R, ou qualquer outro
situado direita da curva ou fora da fronteira, s ser alcanvel em perodos futuros, desde que
ocorram deslocamentos positivos, para mais, da curva de possibilidades de produo. E deslocamentos
assim so possveis, desde que ocorram investimentos em formao de capital fixo, aumento de
contingente humano economicamente mobilizvel, novas descobertas para melhor aproveitamento de
reservas naturais e melhorias qualitativas nas tecnologias de produo.
O MERCADO: ESTRUTURAS E MECANISMOS BSICOS.
Os mercados podem ser, efetivamente, instrumentos de organizao da economia. Embora as diferentes
estruturas de mercado no sejam igualmente eficientes do ponto de vista social, outros mecanismos de
organizao da economia no produziram resultados equivalentes aos que as modernas economias
conseguiram atravs do mercado. Mercados transparentes e atomizados, em que os preos so
parmetros de informaes e de decises, podem gerar eficincia econmica em escala tima e
maximizao do bem-estar social. E mesmo por mercados menos perfeitos, podem transitar resultados
de interesse social, como economia de escala e progresso tcnico (CLEM TISDEL. Microeconomics:
The Theory of Economic Allocation)
Embora vrios conceitos de Mercado sejam possveis, o que enfatiza seus atributos econmicos
fundamenta-se nas tenses decorrentes de duas foras, em princpio antagnicas as da procura e as da
oferta.
Os fatores que as determinam e suas configuraes definem antagonismos e conflitos de interesse, que,
no entanto, tendem para solues, medida que se estabelecem as relaes de troca que equilibram os
interesses envolvidos.
Em mercados de escambo, sem interveno monetria, essas relaes se definem por quantidades de
troca equivalentes; em mercados monetizados, por preos e remuneraes.
Nos dois casos, as negociaes que se estabelecem entre os agentes envolvidos tendem sempre para uma
posio de equilbrio.
Preos de equilbrio so, assim, resultados de tenses e conflitos solucionados atravs do entrechoque
das foras de oferta e de procura, que se manifestam e se movimentam em diferentes tipos de mercados.
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As conformaes bsicas da procura e da oferta expressam por escalas ou curvas so em principio,
opostas. Os fatores que as determinam, embora no necessariamente conflituosos em todos os aspectos,
so de naturezas diferentes. E os deslocamentos de cada uma dessas expresses decorrem tambm de
diferentes motivos.
Cada um desses fatores e, motivos se expressam nos mercados, em que as foras dos que exercem a
oferta e a procura podem ou no ser equivalentes.
A equivalncia de foras obviamente maior nos mercados em que a concorrncia entre os agentes
envolvidos descrita como perfeita. Onde prevalecem imperfeies, as foras em choque de
geralmente no se equivalem. E outras caractersticas que as configuram podem tambm desequilibrar o
livre jogo das foras da oferta e da procura.
Conseqentemente no so iguais, em diferentes estruturas de concorrncia, os resultados aferidos pelas
agentes econmicos envolvidos. E, em uma avaliao de maior abrangncia, os resultados sociais
tambm diferem de uma estrutura para outra.
O MERCADO: CONCEITO, TIPOLOGIA E ESTRUTURAS.
Em sua acepo primitiva, a palavra Mercado dizia respeito a um lugar determinado onde os agentes
econmicos realizavam suas transaes. Os textos de histria econmica citam os grandes mercados da
Antiguidade, como o de Marselha, no Mediterrneo; de Bizncio e de Calcednia na sia; de Nucratis,
no Egito; de Veneza e de Gnova, na Itlia Medieval.
O mercado permanece, por tradio, como um lugar definido, especialmente edificado para o encontro
de produtores e consumidores. Nesses mercados locais, geralmente o que mais se vende so produtos,
tambm locais, destinados a suprimentos bsicos.
Mas, atualmente, o conceito de mercado uma abstrao. Como observa John Kenneth Galbraith, j
no existe a conotao geogrfica. Executivos de grandes empresas industriais ou do setor financeiro
falam das dificuldades com que eles se defrontam no mercado. E eles no esto se referindo a nenhum
lugar, mas a uma abstrao econmica.
Na realidade, o mercado define-se pela existncia de foras aparentemente antagnicas: as da procura e
as da oferta. Quando ambas ocorrem simultaneamente, definem um mercado.
Quando h procura por trabalhadores e pessoas dispostas a trabalhar ou ento quando h pessoas
aplicando e outras procurando por emprstimos nos bancos; quando empresas emitem debntures ou
aes e pessoas procuram por esses ttulos, quando, enfim recursos humanos, financeiros e de capital
so ofertados e procurados, pode-se dizer que h um Mercado de recursos. Ou ento, mais
especificamente, mercado de trabalho, mercado financeiro, mercado de capitais. Todos so abstraes, que dizem
respeito oferta e procura dos recursos correspondentes.
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Foras da mesma natureza, de procura e de oferta, tambm ocorrem ps-processo produtivos,
relacionados aos bens e servios produzidos. Quando h procura por bens primrios ou industrializados
ou por servios como transporte, comunicaes, seguros e hotelaria, dizemos que h mercado para esses
diferentes tipos de bens e servios: genericamente mercado de produtos.
Ou ento, mais especificamente, mercado de boi gordo, mercado de soja, mercado de caf, mercado de
mquinas agrcolas, mercado de automveis, mercado de seguros. Tambm aqui, a referncia a
abstrao. No nos referimos aos locais onde as transaes desses bens e servios ocorrem, mas s
foras que definem a oferta e a procura correspondente.
Ainda conceitualmente, dizemos que o mercado de fatores um mercado derivado do de produtos.
Havendo procura e oferta no primeiro, haver no segundo. Quando um enfraquece ou se fortalece, leva,
conseqentemente, ao enfraquecimento ou ao fortalecimento do outro.
Os estados de tenso resultante do entrechoque dessas foras estabelecem os padres de desempenho
desses diferentes mercados, em determinadas circunstncias: diz-se que o mercado est firme, quando as
foras da procura parecem superar as de oferta; estvel, quando as duas foras se mantm equilibradas;
frouxo, quando as foras da procura parecem menos vigorosas que a capacidade de oferta. H ainda
outras qualificaes relacionadas a mercados. Quando se diz que um mercado est em expanso, porque
nele esto ocorrendo simultaneamente deslocamentos para mais na procura e na oferta.
Contrariamente, quando um mercado est em contrao, perdendo expresso econmica, porque nele a
procura e a oferta esto contraindo-se. No mercado de produtos, por exemplo, podem ser observados e
at medidos movimentos desta natureza.
Os ciclos de vida dos produtos tm muito a ver com a expanso e a retrao dos seus mercados.
Na maior parte dos casos, as fases iniciais de lanamento de um produto no mercado, quando este
bem-sucedido, caracterizam-se por expanso: aumentam a procura e a oferta, ambas deslocando-se para
mais. Depois, vem uma fase de estabilizao do mercado; por fim, de maturidade e declnio. Na ltima
fase, o mercado como um todo se contrai a demanda se reduz, provocando reduo da oferta - e,
derivadamente, retrao nos mercados dos recursos at ento destinados produo. Houve poca em
que o mercado de galochas esteve em expanso. Depois declinou. Hoje praticamente j no existe. O
mercado de computadores gigantes j apresentou taxas de cresci
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