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EAP Ergonomia: programas e recursos _________________________________________________________________ ÍNDICE Pág. 1-Introdução ...................................................................................................................04 2- A Ergonomia Contemporânea e Atual .....................................................................08 2.1 O Progresso Histórico da Ergonomia ............................................................09 2.1.1 Ergonomia na primeira metade do século......................................09 2.1.2 Ergonomia II Guerra Mundial..........................................................10 2.1.3 Ergonomia na Reconstrução Européia............................................11 2.1.4 As Ergonomias Contemporâneas....................................................11 2.2 O Período Manufatureiro x Trabalhador Coletivo...........................................12 2.3 A Obra de Ramazzini .....................................................................................14 2.4 A obra de Taylor..............................................................................................15 2.5 A obra de Ford................................................................................................21 2.6 O Just in Time e o Kan-Ban............................................................................25 2.7 O Balanço do Neoliberalismo.........................................................................28 2.8 A Intervenção Ergonômica.............................................................................38 2.9 Macroergonomia............................................................................................39 2.10 Antropotecnologia..........................................................................................40 2.11 Ação Ergonômica...........................................................................................41 2.12 Discussão LER/DORT no Brasil....................................................................42 2.13 Conceitos Básicos de Ergonomia..................................................................45 2.14 Três princípios básicos da física....................................................................50 3. Fisiologia do Trabalho..................................................................................................51 3.1 Articulações do Corpo Humano.......................................................................55 3.2 Coluna Vertebral.............................................................................................57 3.3 Posturas Adotadas no Trabalho......................................................................60 3.4 Análise da Postura...........................................................................................61 3.5 A Fadiga..........................................................................................................61 3.6 Monotonia no Trabalho...................................................................................62 3.7 Ler/Dort: aspectos Gerais, acometimentos e sintomas..................................66 4. Estruturação da Análise Ergonômica.........................................................................73 4.1 Os 5 fundamentos da Intervenção Ergonômica..............................................75 4.2 Check List de Triagem Administrativo e Geral................................................79 4.3 Ferramentas de Avaliação..............................................................................81 4.3.1 Moore & Garg.................................................................................81 4.3.2 Sue Rodgers..................................................................................82 4.3.3 Rula................................................................................................83 4.3.4 NIOSH............................................................................................83 4.4.5 Tabela Snook & Cirello..................................................................99 4.4 Ergonomia Cognitiva e Psicologia Organizacional.......................................101 5. Processo Ergonômico Corporativo.......................................................................104 5.1 Implementação e Construção do Plano Global...........................................105 5.2 Livro de Evidência.......................................................................................118
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5.3 Guia de Melhoria do Trabalho..........................................................................122 6. Antropometria................................................................................................................133 6.1 Estudo Antropométrico.....................................................................................134 6.2 Distribuição e Medidas Antropométricas..........................................................138 6.2.1 Posição sentada...............................................................................138 6.2.2 Posição em pé..................................................................................145 6.3 Medidas Comuns do Corpo.............................................................................147 6.4 Antropometria Estática.....................................................................................150 6.5 Recomendações Posturais Básicas.................................................................158 6.6 Antropometria Dinâmica...................................................................................159 7. Análise dos Fatores de Risco....................................................................................166 7.1 Diretriz para esforços das mãos / braços.......................................................167 7.2 Posturas dignas de preocupações..................................................................170 7.3 Outros Fatores de Risco..................................................................................172 7.4 Esforço Muscular x Análise da Postura...........................................................175 7.5 Biomecânica do Polegar..................................................................................179 7.6 Vibração transmitida por ferramentas............................................................198 8. Gerenciamento de Produtos Ergonômicos...............................................................200 8.1 Construção de Produtos Ergonômicos...........................................................201 8.1.1 Cadeiras.........................................................................................201 8.1.2 Apoio para os pés...........................................................................205 9. Referência Bibliográfica..............................................................................................212
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EAP Ergonomia: programas e recursos ___________________________________________________________________
1.Introdução
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1. INTRODUÇÃO
Para que possamos entender melhor o impacto sofrido pela sociedade,
empresas, instituições e pessoas com os diversos casos de lesões ocupacionais,
queixas e deformidades produtivas observadas nos últimos anos, se faz
necessário buscar a resposta num conjunto de acontecimento com a própria
história do homem. Foi em 1857 que o termo Ergonomia foi utilizado pela primeira
vez por um polaco, de nome Wojciech Jastrzebowski que intitula uma das suas
obras Ensaios de Ergonomia ou ciência do trabalho, “A ergonomia como uma
ciência do Trabalho requer que entendemos a atividade humana em termos de
esforço, pensamento, relacionamento e dedicação”. A Ergonomia deriva das
palavras gregas ergon (trabalho) e nomos (leis), definida como a ciência da
utilização das forças e das capacidades humanas, englobando ações complexas e
abrangentes.
Cem anos depois, no início da década de 50, que um inglês, Murrel,
engenheiro de origem, começa a dar um conteúdo mais preciso a este termo, e
faz o reconhecimento desta disciplina científica criando a primeira associação
nacional de Ergonomia, a Ergonomic Research Society, que reunia fisiologistas,
psicólogos e engenheiros que se interessavam pela adaptação do trabalho ao
homem. E foi a partir daí que a Ergonomia se desenvolveu em outros países
industrializados e em vias de desenvolvimento.
O termo Ergonomia foi adaptado nos principais países europeus, onde se
fundou em 1959 em Oxford, a Associação Internacional de Ergonomia (IEA –
International Ergonomics Association), e foi em 1961 que esta Associação realizou
o seu primeiro congresso em Estocolmo. Nos Estados Unidos foi criada a Human
Factors Society em 1957, e até hoje o termo mais freqüente naquele país continua
a ser Human Factors (Fatores Humanos).
Toda a prática ergonômica desenvolvida pelo Ergonomista é realizada
interagindo com outros profissionais numa equipe multidisciplinar, no sentido da
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otimização do “comportamento organizacional”, do incremento da qualidade do
produto e / ou serviço final, da melhoria da qualidade de vida no trabalho, e da
aquisição e desenvolvimento de novas competências, por parte dos colaboradores
da organização.
A ação do ergonomista consiste em colocar à disposição dos órgãos de
gestão, informação precisa e operacional acerca da realidade de trabalho para
que as decisões ao nível Organizacional, Técnico, Social e Humano permitam
alcançar com eficiência e eficácia os objetivos definidos.
Um dos principais aspectos na busca por eficiência - que qualquer empresa
que queira atravessar o milênio deve considerar - é a organização do trabalho. As
novas tecnologias, associadas às técnicas administrativas, que privilegiam a
qualidade e a produtividade, surgem em ritmo cada vez mais intenso.
A visão ergonômica se insere como um dos aspectos principais da
tendência contemporânea de crescimento que, além de aumentar a produtividade,
garante conforto, segurança e maior eficiência na execução do trabalho.
A ergonomia e seus procedimentos equilibram a necessidade por
produtividade sem esquecer do bem-estar dos trabalhadores. Ela evita
procedimentos não compatíveis com os princípios da Qualidade Total e das
modernas técnicas de gerenciamento. Com o seu emprego, evita-se energias
dependidas inutilmente pelos trabalhadores, as fadigas físicas e mentais, além do
absenteísmo, elemento nocivo ao trabalho.
A saúde do trabalhador é um campo em crescimento nas áreas
administrativas e de pessoal. Cada vez mais fica evidente a importância de
adequar o ambiente, mobiliário e instrumental de trabalho às necessidades
(características) do ser humano, no sentido de evitar danos à saúde e
conseqüentemente quedas de produtividade.
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Como definição devemos saber: “Ergonomia é uma disciplina científica que
trata da compreensão das interações entre os seres humanos e outros elementos
de um sistema, e a aplicação de teorias, princípios, dados e métodos ao design a
fim de otimizar o bem estar humano e o desempenho global dos sistemas”.–
Assoc.Internacional de Ergonomia [IEA], San Diego, USA Agosto 2000 e Assoc.
Brasileira de Ergonomia [ABERGO], Gramado, BRA Set 2001.
O foco da Ergonomia é Viabilizar mudanças no sistema de trabalho a partir de
uma compreensão elaborada da realidade da atividade.
A Ergonomia rege os seguintes Critérios:
� Conforto;
� Segurança;
� Eficiência;
� Confiabilidade e
� Usuabilidade.
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EAP Ergonomia: programas e recursos ___________________________________________________________________
2. A Ergonomia
Contemporânea e
Atual
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2. A ERGONOMIA CONTEMPORÂNEA E ATUAL
2.1- O Progresso histórico da Ergonomia
As relações entre homem e o trabalho se perdem na origem dos tempos.
Em termos arqueológicos os Homo habilis, que significa homem habilidoso, ou
aquele que fabrica seus próprios instrumentos, foram os primeiros a produzirem
seus utensílios simples de pedra lascada, dando continuidade em um processo de
melhoria de manuseabilidade e que teve por resultados produtivos, o ganho de
eficiência na caça e na coleta.
Os descendentes dos Homo habilis logo começaram a se deslocar de seu
local de origem para colonizar ambientes menos hospitaleiros na Europa e na
Ásia. Para isso fizeram uso de sua inteligência superior, que lhes permitia
construir abrigos, confeccionar peças de vestuário, dominar o fogo, construir
pequenos machados primitivos, habilitando-os a sobreviver e prosperar.
Com a difusão do uso do metal em época relativamente recente os seres
humanos praticamente deixaram de usar artefatos de pedra, desenvolveram
inúmeros instrumentos, utilizando para isso novos processos de forjaria e
fundição.
2.1.1 Ergonomia na primeira metade do século
A virada do século XIX para o século XX foi caracterizada pela mudança
dos fisiologistas aos engenheiros como os principais agentes ergonômicos.
Forma-se a Ergonomia Clássica no início do pós-guerra. A definição de
Ergonomia adotada por estas pessoas foi a seguinte: Ergonomia é o estudo do
relacionamento entre homem e seu trabalho, equipamento e ambiente, e aplicação
dos conhecimentos de anatomia, fisiologia, e psicologia na solução dos problemas
surgidos desse relacionamento.
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Esta Ergonomia engloba diversas disciplinas científicas como mostra o
quadro abaixo:
Disciplinas Formadoras Autores
Filosofia Platão, Aristoteles
Medicina Ramazzini, Villermé, Tissot
Físico-Química Lavouiser, Coulomb
Fisiologia do trabalho Amar, Chaveau, Marey
Engenharia do trabalho Da Vinci, Vauban, Jacquart
Organização Taylor, Gilbreth, Ford
2.1.2 Ergonomia na II Guerra Mundial
Na II Guerra Mundial pela falta de compatibilidade entre o projeto das
máquinas e dispositivos e os aspectos mecânicos-fisiológicos do ser humano se
agravou com o aperfeiçoamento técnicos dos motores. Os aviões, por exemplo,
passaram a voar mais alto e mais rápido. Os pilotos sofriam de falta de oxigênio, e
vários outros “defeitos” no sub-sistema fisiológico. Os projetistas não
consideraram o funcionamento do organismo em diversas altitudes, tendo como
conseqüência a perda de vários aviões.
Nessas novas circunstancia na Inglaterra e nos Estados Unidos foram
formados novos grupos interdisciplinares, agora com a participação de psicólogos
junto à equipe de engenheiros e médicos. Os trabalhos eram de aumentar a
eficácia de combate, segurança e o conforto dos soldados, e a adaptação dos
equipamentos às características físicas e psicofisiológicas.
Assim sendo a Ergonomia se alimentou de dados e estudos de manutenção
bélica.
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Segundo Iida (1990), os pesquisadores que haviam participado desse
esforço de guerra, decidiram continuar a empreitada voltando-se para a produção
civil, utilizando métodos, técnicas e dados obtidos para a indústria.
Em decorrência desses aspectos da guerra surge em 1947 a primeira
sociedade de Ergonomia do mundo, a Ergonomics Research Society. Nasce a
corrente a corrente de Ergonomia chamada de Fatores Humanos (Human Factors
Emgineering).
2.1.3 A Ergonomia na Reconstrução Européia
No período pós-guerra com o projeto de reconstrução do parque industrial
europeu surgia uma abertura para o estudo das condições de trabalho, tendo
como abordagem a fábrica de automóveis Renault.
Destas, preocupações nasce em 1949 com Suzane Pacaud, a análise da
atividade em situação real, resgatada em 1955 por Obrendame & Faverge como
Análise do Trabalho. A proposta veio a ser formalizada somente em 1966 por
Alain Wisner como Análise Ergonômica do Trabalho (AET).
2.1.4 As Ergonomias Contemporâneas
A década de 1970, marca a passagem definitiva da análise situada para o
campo da ação com uma crescente integração da Ergonomia na prática industrial.
Surge em especial na Europa um conceito novo, a Intervenção Ergonômica.
No limiar dos anos 80, ampliaram este quadro fazendo brotar duas novas
considerações. A primeira delas nos Estados Unidos e Países Nórdicos, preconiza
que os projetos de melhoria ergonômica são melhores sucedidos quando inseridos
na estratégia organizacional, o que foi chamado a partir de 1990 de
MacroErgonomia (Brown Jr., 1990). A segunda nova vertente amplia o debate
para o nível das contingências sociais e culturais, que foi acunhada pelo seu autor
12
em 1974 de Antropotecnologia (Wisner 1974, 1980). Essas são as 3 formas da
ação Ergonômica contemporânea.
2.2 O Período Manufatureiro x Trabalhador Coletivo
O período manufatureiro é o próprio trabalhador coletivo, é a composição
de muitos trabalhadores parciais.
As aptidões de cada indivíduo ocasionam a formação de equipes, que
muitas vezes são mal planejadas, instituindo para um indivíduo lento acompanhar
os mais rápidos. Portanto, se suas peculiaridades naturais são a base sobre a
qual vem implantar-se a divisão do trabalho, a divisão heterogênea descreve uma
curva perigosa para os não habilitados.
Hoje o trabalhador coletivo é uma realidade presente em todos os locais, e
a força do trabalho depende da formação desse grupo. O trabalhador coletivo
possui todas as capacidades produtivas. Quanto mais incompleto for o trabalhador
parcial, mais perfeito será ele como parte do trabalhador coletivo, isto porque a
somatória dos esforços diluirão as eventuais perdas com ganhos dos mais
habilidosos.
A sistemática de distribuição dos trabalhadores pelo grau de dificuldade dos
postos em função da habilidade individual, é um mecanismo muito utilizado a fim
de suprimir perdas. Ocorre que os operadores mais habilidosos são normalmente
locados nos postos mais difíceis, e os operadores mais lentos são locados nos
postos supostamente mais fáceis. Este quadro que aparentemente é injusto
oferece aos trabalhadores mais habilidosos uma oportunidade melhor para o seu
desenvolvimento profissional, visto que seus postos mais complexos são alvos da
atenção da chefia. Desta forma os postos mais complexos tornam-se atrativos
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para a grande maioria dos funcionários, quais procuram tomar parte desta
possível ascensão.
Entretanto quando um funcionário lento consegue um lugar neste tipo de
trabalho, necessita desdobrar-se par atingir o esperado, ocasionando muitas
vezes a fadiga psicomotora, qual no decorrer do tempo pode se transformar em
doenças ocupacionais. Se por um lado, um posto extremamente leve é favorável
para o não aparecimento de fadigas, por outro lado segrega parte dos funcionários
em funções sem especialidade nenhuma, e impede o reconhecimento profissional
necessário para o ser humano. Ao lado da graduação hierárquica, temos então a
divisão dos trabalhadores em hábeis e inábeis, e com as atuais técnicas
racionalizadoras, que via de regra eliminam naturalmente as operações mais
simples, paralelamente automatizando as operações mais complexas.
Há uma migração de funcionários inábeis para os postos mais complexos, o
que no ponto de vista lesivo representa um fator potencial real, para o
aparecimento de lesões, visto que estes operadores inábeis, quando locados em
postos complexos, sem nenhum tipo de atrativo ultrapassam suas capacidades
naturais. Em contrapartida esta nova filosofia elimina a possibilidade de ascensão,
pois todos os postos passam a ser considerados homogêneos. Neste caso os
operadores mais hábeis perdem a oportunidade de promoção, passam a dividir
seus postos com operadores menos qualificados e iniciam um processo de auto
desmotivação. Portanto o profissional hábil deve ser desnecessário, caso os
sistemas continuem simplificando-se e especializando-se. O indivíduo é dividido,
transformando em mecanismo automático de um trabalho parcial, que impede o
operador de conhecer o processo completo, ou mesmo o produto concebido.
Desta forma observamos diversos trabalhadores que montam pecinhas do
produto. Estes operários não estão envolvidos com o produto, portanto, não
possuem um contrato com a qualidade ou mesmo produtividade, eles
simplesmente montam pecinhas.
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Esta especialização induz aos empobrecimentos intelectuais, que por sua
vez, acaba se refletindo na própria empresa, pois idéias valorosas, são
substituídas por opiniões difusas, resultantes do desconhecimento total do
universo produtivo.
Esta patologia industrial cruel para os mais capacitados, representa hoje um
quadro mundial de difícil solução em curto prazo, pois os mecanismos utilizados
para a concepção do parque industrial mundial, apresentam processos
extremamente empobrecidos e específicos. No Brasil a situação é certamente
pior, pois a chamada reserva de mercado que perdurou por mais de 20 anos nos
delegou um parque industrial extremamente antiquado.
2.3 A Obra de Ramazzini
Em 1700 um médico chamado BERNARDINO RAMAZZINI, escreve um
livro intitulado A DOENÇA DOS TRABALHADORES, este livro mostrava diversas
atividades, e os males sofridos pelos trabalhadores em funções diversas, muitas
comuns ainda hoje e outras extintas. Estes ofícios descritos, como; Doença dos
lapidários, Doença das lavadeiras, Doença dos banhistas, Doença dos salineiros,
Doença dos corredores, etc... Entretanto uma doença em especial nos chama a
atenção. A doença dos escribas e notários, qual foi descrita assim:
Conheci um homem notário de profissão que ainda vive, o qual dedicou toda a
sua vida a escrever, lucrando bastante com isso; primeiro começou a sentir grande
lassidão no braço e não pode melhorar com remédio algum e, finalmente, contraiu
uma completa paralisia do braço direito. A fim de reparar o dano, tentou escrever
com a mão esquerda; porém ao cabo de algum tempo, esta também apresentou a
mesma doença.
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2.4 A Obra de Taylor
Frederick Winslow Taylor (1856-1915), engenheiro americano que iniciou,
no final do século passado o movimento de “administração científica” do trabalho.
O exame da obra de Taylor é de particular importância para entender um
dos componentes da matriz ideológica do movimento de “racionalização” industrial
De fato a “Administração Científica” marcou as técnicas de organização e
gestão do trabalho e da produção. Isto fica evidente ao examinarmos os manuais
de engenharia de produção, de ergonomia e de psicologia industrial. Todos eles
estão permeados da ideologia Taylorista, traduzido explicitamente pelos seus
“princípios”, ou implicitamente pelos seus pressupostos.
No entanto não quer dizer que o Taylorismo seja aplicável a qualquer tipo
de industria. Existem aquelas em que as características materiais do processo
produtivo ou o porte da empresa dificultam sua difusão. Tal é o caso das indústrias
de processos e da construção civil ou das empresas que têm produtos muito
diversificados.
Antes de anunciar seus princípios, Taylor analisou as administrações
tradicionais, que ao seu ver, funcionava com os mecanismos de “iniciativa e
incentivo”. O administrador mais experimentado deixa assim ao arbítrio do
operário, o problema da escolha do método mais adequado, e mais econômico
para realizar o trabalho. Ele acredita que sua função seja induzir o trabalhador a
usar a atividade, o melhor esforço, os conhecimentos tradicionais, a habilidade, a
inteligência e a boa vontade, em duas palavras - sua iniciativa, no sentido de dar
maior rendimento ao patrão. Acompanhando esta iniciativa, o administrador
deveria fornecer um comportamento que poderia assumir várias formas, “por
exemplo”, promessa de rápida promoção ou melhoria de salário decorrente do
aumento do número de peças produzidas.
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A crítica de Taylor sobre o sistema de “iniciativa e incentivo” estava
fundamentada no fato de que a persuasão do operário só poderia ser feita após o
controle e conhecimento do trabalho. Em outras palavras, a administração não
poderá depender exclusivamente da iniciativa operária, mesmo porque os
métodos de trabalho ainda guardavam algumas tradições das corporações de
ofício, e se demonstravam obsoletos em face das necessidades econômicas de
aumentar a produção naquele momento histórico.
Primeiro Princípio
Taylor identificava, assim como a raiz dos problemas de controle e
desconhecimento por parte da administração empresarial de como realizar o
trabalho. Esta preocupação, a nosso ver, está muito mais associada ao controle
do ritmo de trabalho e à sua intensificação do que propriamente à apropriação do
saber operário, apesar de sua obra propalar o oposto - a gerência não quer
realizar o trabalho, mas identificar qual a possibilidade de aumentar a extração de
excedente econômico.
O primeiro princípio Taylorista propõe, portanto a interferência e disciplina
do conhecimento operário sob o comando da gerência:
“À gerência é atribuída à função de reunir os conhecimentos tradicionais
que os trabalhadores possuíam, e então classificá-los a normas, leis ou fórmulas
úteis ao operário para a execução do seu trabalho diário”.
Uma das técnicas que divulgava para alcançar os seus objetivos era a
“análise científica” do trabalho. Tratava do estudo do movimento elementar de
cada operário, decifrando quais são úteis para assim eliminar os inúteis, e assim
aumentar a intensificação do trabalho. Tal análise era acompanhada do registro
dos tempos com o intuito de identificar o “tempo ótimo” para realizar uma tarefa. A
gerência passava assim a fixar “cientificamente” um ritmo de trabalho projetado,
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em lugar de determinar subjetivamente um quantum de trabalho a executar
segundo a experiência do próprio trabalhador.
O estudo de tempos é o elemento da administração científica que torna
possível a transferência da habilidade da administração para os operários.
Consistem de duas categorias gerais, a primeira - a fase analítica, e a segunda
fase construtiva.
A fase analítica do estudo de tempos é a seguinte:
a) dividir o trabalho de um homem que executa qualquer função em movimentos
elementares;
b) selecionar todos os movimentos desnecessários e eliminá-los;
c) observar como vários operários habilidosos executam cada movimento
elementar, e com auxílio de um cronômetro, escolher o melhor e mais rápido
método de se executar cada um deles;
d) descrever, registrar e codificar cada movimento elementar com seu respectivo
tempo, de forma que possa ser facilmente identificável;
e) estudar e registrar a porcentagem que deve ser adicionada ao tempo
selecionado de um bom operário, para cobrir esperas inevitáveis, interrupções,
pequenos acidentes etc;
f) estudar e registrar a porcentagem que deve ser adicionada ao tempo
selecionado, para cobrir a inexperiência do operário nas primeiras vezes que ele
executa a operação. (Esta porcentagem é alta em tarefas compostas de um
número elevado de elementos diversos, que formam uma longa seqüência não
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repetitiva. O fator diminui, entretanto quando a tarefa consiste de menor número
de elementos compondo uma seqüência de maior repetitividade);
g) estudar e registrar a percentagem de tempo, que deve ser tolerada para
descanso e os intervalos em que o descanso deve ser efetuado a fim de eliminar a
fadiga física.
A fase construtiva pode ser sumarizada como segue:
h)Combinar em vários grupos os movimentos elementares, que são usados
freqüentemente na mesma seqüência, em operações semelhantes; registrá-los e
arquivá-los de tal forma que eles possam ser facilmente encontrados;
i) destes registros, é fácil selecionar-se as seqüências adequadas de movimentos,
que devem ser usados por um operário produzindo determinado artigo; somando-
se os tempos relativos a esses movimentos e adicionando-se tolerâncias
correspondentes, obteremos o tempo-padrão para a execução da tarefa em
estudo;
j) a análise de uma operação, quase sempre revela imperfeições nas condições
que cercam esta operação, tais como: o uso de ferramentas inadequadas, o
emprego de máquinas obsoletas e a existência de más condições sanitárias etc. E
o conhecimento adquirido através da análise muitas vezes permite a padronização
das ferramentas e das condições de trabalho e o desenvolvimento de melhores
maquinas e métodos.
Na visão de Taylor existia um modo ótimo de realizar o trabalho, e com o
estudo de tempos e movimentos seria possível alcançar e padronizar.
Outra idéia subjacente a esses estudos era a identificação do tempo de
execução dos movimentos elementares do corpo humano. Este foi o caminho
desenvolvido em várias atividades com o surgimento de tabelas de tempos
elementares predeterminados com o M.T.M. (Methods-Time Measurement).
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Conforme podemos observar, também, neste “estudo de tempos”, Taylor
não deixava de considerar a fadiga operária, e com esse propósito efetuou várias
investigações:
Entre as várias investigações empreendidas nesta época uma delas
consiste na tentativa de encontrar normas ou leis que habilitem um chefe a
conhecer, de antemão, que quantidade de certo trabalho, pesado e contínuo, um
homem habituado a ele podia fazer diariamente, isto é, estudar o efeito da fadiga
provocada por trabalho pesado sobre um trabalhador de primeira ordem.
A determinação da fadiga diária era essencial porque podia prejudicar o
ritmo de trabalho. Todavia, a fadiga acumulada por anos de atividade e camuflada
pela rotação nos empregos, evidentemente, não era objeto de estudo.
Segundo Princípio
O segundo princípio tratava da seleção e treinamento e estava intimamente
relacionado com o anterior. Se o trabalho já foi estudado, analisado e simplificado,
enfim dominado pela gerência, o trabalhador adequado pode ser escolhido mais
facilmente, pois o que se procura não é um homem que conheça um ofício ou que
tenha várias habilidades para desenvolver qualquer trabalho. Não há necessidade
de “homens extraordinários”. Não se desejam qualidades profissionais, mas
habilidades pessoais específicas para atender à exigência do trabalho. Em face
da seleção científica do trabalhador, dos 75 carregadores de barras de ferro só
aproximadamente 1 em 8 era capaz fisicamente de carregar 47 ½ toneladas por
dia. Com a melhor das intenções, os outros 7 eram homens fisicamente inaptos
para trabalho neste ritmo. O único homem entre oito capaz de realizar a tarefa,
não tinha em nenhum sentido característico algum de superioridade sobre os
outros. Apenas era um homem do tipo bovino - espécime difícil de encontrar, e
assim muito valorizado. Era tão estúpido quanto incapaz de realizar a maior parte
dos outros trabalhos. A seleção, então, não consistiu em achar homens
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extraordinários, mas simplesmente escolher entre homens comuns e poucos
especialmente apropriados para tarefas complexas.
Em um relato sobre a organização da maior fábrica de esferas de aço
temperado para mancais de bicicletas, Taylor deparou-se com a falta de
adaptação dos trabalhadores às exigências de inspeção das esferas defeituosas.
Após estudos elaborados em um laboratório de fisiologia de uma universidade, ele
pôde ter as bases científicas para efetuar a seleção:
“Para benefício das raparigas, bem como da companhia, tornava-se,
necessário dispensar todas as moças que não apresentavam uma certa
adaptabilidade com as exigências. E infelizmente, isso implicava no afastamento
de grande parte das moças mais inteligentes, esforçadas e leais, somente porque
não possuíam percepção rápida seguida de rápida reação”.
Terceiro princípio
Dentro de sua ótica, restava a Taylor propor à gerência uma de suas
principais funções: o planejamento e controle do trabalho. Era assim, contra o
sistema de administração de sua época que deixava a um operário antigo, o
contramestre, a responsabilidade pela administração da produção. Em seu lugar
defendia a existência de especialistas responsáveis por cada uma das funções
produtivas (disciplina, preparação, métodos, preparação do trabalho, etc).
Criava-se, então, uma nova estrutura administrativa na fábrica que seria
paradigma a ser seguida pelas organizações industriais. Surgiam os
departamentos de programação e controle da produção, tempos e métodos,
controle de qualidade, arranjo industrial, ferramentaria etc. Todos exercendo
atividades que antes cabiam ao coletivo de trabalhadores sob a supervisão do
contramestre.
21
O elemento central da programação do trabalho passava a ser a “tarefa”,
como designava Taylor, ou a “ordem de produção”, como seria difundida na
literatura sobre o assunto:
“A idéia da tarefa é o mais importante elemento na administração científica.
Na tarefa é especificado o que deve ser feito e também como fazê-lo, além do
tempo exato concebido para a execução. A administração científica em grande
parte, consiste em preparar e fazer executar essas tarefas".
Estes princípios, resumidamente colocados, mostram como serviriam de
base para a organização do trabalho fabril. O trabalho de Taylor, não deve ser
visto, assim como um simples estudo de tempos e movimentos, isto porque é
orientador de muitas técnicas de gestão de produção. Além disso, não se limita ao
campo de atuação do engenheiro, mas também incursiona nas demais profissões
que cuidam da atividade fabril, como,por exemplo,o selecionador e treinador de
pessoal, o ergonomista, o médico do trabalho etc.
2.5 A Obra de Ford
Em 1903, inaugurava-se a Ford Motor Company. Nesse tempo fabricar
automóveis era função reservada a profissionais que obtiveram sua formação nas
oficinas de bicicletas e viaturas de Michigan e Ohio. A montagem final era uma
operação que exigia muita habilidade e a presença de certo número de mecânicos
qualificados e competentes que viabilizavam o processo.
Foi somente dez anos mais tarde, em 1913, que Ford aplicaria pela primeira
vez plenamente os princípios da linha de montagem. Subtraiu a idéia do sistema
de carretilhas aéreas usadas nos matadouros de Chicago para esquartejar reses.
A esteira rolante passou a ter um funcionamento ininterrupto, combinando
operações extremamente parceladas. Com base nessa experiência, Ford
descreveu os seis princípios:
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1) sempre que for possível, o trabalhador não dará um passo supérfluo;
2) não permitir, em caso algum que ele se canse inutilmente com movimentos à
direita ou à esquerda, sem proveito algum. As regras gerais que nos levaram a
consegui-los são as seguintes:
2a - tanto os trabalhadores quanto às peças devem ser dispostas na ordem
natural de operações, de modo que toda a peça ou aparelho percorra o menor
caminho possível durante a montagem;
2b - empreguem-se planos inclinados ou aparelhos similares, de modo que o
operário sempre possa colocar no mesmo lugar as peças em que trabalhou, e
sempre ao seu alcance. Todas as vezes que for possível deve-se usar a
gravitação como meio de transporte, para chegar às mãos do operário;
2c - construa-se uma rede auxiliar para a montagem dos carros, pela qual
deslizando as peças que devem ser ajustadas, cheguem ao ponto exato onde são
necessários;
O sucesso dessa nova organização apareceu nos resultados da produção:
o tempo da montagem do chassi reduziu-se de 12 horas e 8 minutos, para 1 hora
e 33 minutos. Esta atividade ficou separada em 45 operações extremamente
simplificadas.
Fixo no seu posto de trabalho, o homem passou a ser quase um
componente da máquina. Os seus movimentos deveriam ser feitos
mecanicamente.
Aquele trabalhador qualificado, antes necessário no processo de
montagem, era eliminado. Em seu lugar surgia um novo homem, cuja única função
era repetir indefinitivamente movimentos padronizados, desprovidos de qualquer
conhecimento profissional.
23
Para certa classe de homens, o trabalho repetitivo, ou a reprodução
contínua de uma produção idêntica, por processos que não variam nunca,
constitui um espetáculo horrível. A mim me causa horror. Por preço algum do
mundo poderia fazer todos os dias as mesmas coisas. Entretanto, atrevo-me a
dizer que para a maioria, a repetição nada tem de desagradável.
Com efeito, para certos temperamentos a obrigação de pensar é uma
verdadeira tortura, porque o ideal consiste em operações que de modo algum
exijam instinto criador. Os serviços que exigem esforço mental e físico gozam de
limitada popularidade e não encontram aceitação. Palavras de Ford.
É evidente a vantagem econômica do trabalhador desqualificado sobre o
seu antecessor. Por este motivo todos os trabalhos foram levados a mais extrema
simplificação, de acordo com os princípios já lançados por Taylor. As estatísticas
da Ford comprovavam o significado da nova ordem na esfera produtiva:
“Uns 43% de todos os serviços, não requerem mais do que um dia de
aprendizagem; 36% requerem de um até oito dias; 6% de uma a duas semanas;
14% de um mês a um ano; 1% de um ano a seis anos. Este último trabalho revela
Ford, é a fabricação dos instrumentos que como a soldadura requer uma
aprendizagem especial”.
O resultado dessa simplificação e parcelamento extremos do trabalho
levou-o a perceber que eram reduzidas as necessidades de todo o potencial
humano para o trabalho. Eis o seu relato:
“Com extrema facilidade nos inclinamos a crer, sem investigação alguma,
que a perfeita posse de todas as faculdades constitui a condição fundamental para
o melhor rendimento em qualquer classe de trabalho. Com o intuito de fazer um
juízo real disto, mandei classificar todas as diversas operações da fábrica segundo
a espécie de máquina e do trabalho".
24
A estatística demonstrou que se contavam na fábrica 7.882 espécies
distintas de operações, entre as quais 949 classificadas como trabalho que exigia
homens sãos e fortes, de perfeita saúde; 3.338 espécies exigiam o
desenvolvimento físico comum e força normal. Entre as 3.595 espécies restantes
nenhuma exigia esforço físico, de modo que podia efetuá-las o homem mais fraco
e débil, mulheres ou meninos.
Os trabalhos mais fáceis por sua vez, classificados para verificar quais
deles exigiam o uso completo das faculdades; comprovou-se então que 670
trabalhos podiam ser confiados a homens sem ambas as pernas; 237 requeriam o
uso de uma só perna; em dois casos podia-se prescindir dos dois braços; em 715
casos de um braço, e em 10 casos a operação podia ser feita por um cego.
Portanto a seleção de homens para o trabalho poderia ser feita de uma
forma diferente. Taylor já dizia, em um de seus princípios, que não se deveriam
procurar pessoas excepcionais para o trabalho, mas homens comuns apropriados
para o tipo de trabalho exigido. Contudo, se uma pequena parcela do corpo
humano era solicitada, porque utilizar um organismo completo? Em verdade, a
realidade estatística da investigação de Ford dava-lhe condições de aprofundar
ainda mais a aplicação da “Seleção Científica”:
À primeira vista, poderia parecer que o emprego de pessoas em condições
diferentes às normais seria uma obra de caridade. Todavia, não era essa a
orientação do pensamento de Ford:
“A caridade tornar-se-á desnecessária se os que vivem dela forem retirados
da classe improdutiva e postos na classe produtiva...”.
A empresa organizada para o bem público dispensa a necessidade de
filantropia. Este sentimento, apesar da nobreza dos seus intuitos nada faz para dar
aos protegidos a necessária confiança em si...”
25
Neste conjunto de transformações os ciclos operacionais são maciçamente
reduzidos, entretanto surge no Japão uma nova filosofia, que via de regra é
paradoxalmente contrária às instituídas por Taylor e Ford. Nos referimos ao
discurso de Ohno, que lançou dentro das empresas da Toyota, novas ondas
administrativas, que em breve banharam todo o mar industrial. Estes novos
conceitos são importantes para o entendimento da questão DORT, em virtude da
proposta de desespecialização do trabalho.
2.6 O Just in Time e o Kan-Ban
O método de produção just-in-time é indicado por Ohno como constituindo o
segundo grande pilar do espírito Toyota. Como anteriormente, um pouco de
história é necessário.
Nascimento do sistema KAN-BAN: Ohno e o sistema de supermercados
É efetivamente no contexto do começo dos anos 50, marcados, lembremo-
nos pelas demissões em massa e pelo aumento das encomendas de guerra
endereçadas a casa Toyota, que nasce verdadeiramente o sistema Kan-Ban. Os
fornecimentos especiais destinados às tropas norte americanas terão uma ocasião
propícia à elaboração de um dos elementos chave que asseguram o
funcionamento do sistema Kan-Ban.
Por questões já indicadas, Toyota escolhe enfrentar este brutal aumento de
demanda sem aumentar seu pessoal. Assim a única via aberta era de uma
racionalização do trabalho apoiada no maior rendimento possível do trabalho vivo
centrado não na repetição de tarefas, mas na sua “ampliação” em fórmulas como
aquelas já experimentadas no setor têxtil. Baseando-se na manipulação ou na
observação simultânea de várias máquinas diferentes, esta via permitia
eficazmente, maximizar taxas de ocupação das ferramentas e dos homens.
26
É necessário esclarecer que, desde esta época, começo dos anos 50, ainda
que introduzindo nas oficinas os princípios de autonomação e de auto-ativação,
Ohno trabalha ardorosamente no projeto de um fluxo de produção sem abalos.
Segundo Nogusci, (1987), ele parecia desenvolver e idéia de criar um sistema
onde o próprio trabalhador buscaria suas peças no posto de trabalho, em oposição
ao princípio fordista, em que o trabalhador aguarda as peças que lhe vêm do
começo da cadeia. Mas o novo método não tinha ainda sido aplicado, nem mesmo
por Ohno.
Se nos referimos à história de Toyota tal como se escreve, no ano de 1954,
um pequeno artigo publicado num jornal profissional que chamou muito a atenção
das pessoas dentro da empresa. Aquele artigo indicava que a companhia
americana Lokheed, fabricante de aviões adotara um sistema chamado de
supermercado graças ao qual conseguira economizar 250 mil dólares por ano.
Ohno já havia ouvido falar deste sistema através de seus amigos que estavam nos
Estados Unidos, mas não havia ligado à produção. Segundo a lenda, este artigo
fez com que Ohno se decidisse a dar o primeiro passo e o conduziu a importar a
inovação elaborada na distribuição para tentar aplicá-la e introduzi-la no nível dos
próprios processos de fabricação.
O princípio aplicado por Ohno foi o seguinte: o trabalhador do posto de
trabalho posterior (aqui tomado como cliente) se abastece, sempre que
necessário, de peças, (os produtos comprados), no posto de trabalho anterior, (a
seção). Assim sendo, o lançamento da fabricação no posto anterior só se faz para
realimentar a loja, (a seção), em peças, (produtos), vendidas.
Assim surgiu o princípio do Kan-Ban que constitui, em matéria de gestão de
produção, a maior inovação organizacional da segunda metade do século. E três
meses após o começo dos primeiros experimentos, o sistema de supermercado -
modelo inspirador e arquétipo do método Kan-Ban – foi efetivamente instalado
numa das fábricas dirigidas por Ohno.
27
Os notáveis resultados deste sistema possibilitaram pouco a pouco sua
extensão a outras fábricas Toyota. Como conseqüências posteriores, citaremos
duas:
- De um lado o sistema Kan-Ban permitiu descentralizar ao menos uma parte das
tarefas do processo de controle de fabricação. Tarefas até então realizadas,
(seguindo as recomendações fordistas clássicas), por um departamento
especializado “o de métodos”, confiando tais responsabilidades aos chefes de
equipe.
- Por outro lado esta extensão permitiu integrar as tarefas de controle de qualidade
dos produtos às próprias tarefas de fabricação, quando até então eram
centralizadas num departamento particular chamado na empresa Toyota:
Departamento Central do Controle de Qualidade - (Wada, 1984).
Tendo chegado a este ponto, é possível delinear aqui algumas proposições
conceituais emanadas do Kan- Ban.
Conceituação
Se nos ativer ao mínimo essencial, tudo se sustenta nas proposições
seguintes:
1) - três inovações organizacionais de base:
a) No fundo o Kan-Ban se apresenta antes de qualquer coisa como uma
revolução nas técnicas de controle do processo de fabricação e encomendas e de
otimização do lançamento das fabricações. Em relação à lógica fordista, há uma
inversão das regras tradicionais: o processo de fabricação, em lugar de ser feito
em cadeia, de montante à jusante da cadeia de produção, é feito de jusante à
montante. O ponto de partida é o das encomendas já endereçadas à fábrica e dos
produtos já vendidos.
28
b) Além desta inversão no sentido geral das instruções de fabricação, a chave do
método consiste em estabelecer paralelamente ao desenrolar dos fluxos reais da
produção, (que vão dos postos anteriores aos postos posteriores), um fluxo de
informação invertido que vai de jusante à montante da cadeia produtiva, e onde
cada posto posterior emite uma instrução destinada ao posto que lhe é
imediatamente anterior. Esta instrução consiste na encomenda do número e da
especificação exata das peças necessárias ao posto anterior para executar sua
própria encomenda.
c) Desde o posto posterior, a série de encomendas, de posto a posto, remonta em
direção ao posto anterior, de tal maneira que em dado momento, só há em
produção, no departamento considerado, a quantidade de peças exatamente
necessárias; assim é realizado o princípio “estoque zero” ao qual se pode, de
maneira geral reportar a contribuição do Kan-Ban.
d) Todo o sistema de circulação das informações, (e logo de instruções implícitas
de produção e de lançamento das fábricas), é realizado através de “caixas” nas
quais são colocados cartazes, (em japonês Kan Ban), em que são inscritas
“encomendas” que os diferentes postos de fabricação, encaminham uns aos
outros.
e) Há assim “Kan Ban que circulam no sentido posto posterior - posto anterior,
posto posterior, e que correspondem às entregas das peças demandadas”. A
inovação como se vê, é puramente organizacional e conceitual.
2.7 Balanço do Neoliberalismo
O neoliberalismo nasceu logo depois da II Guerra Mundial, na região da
Europa, e da América do Norte, onde imperava o capitalismo puro. Foi uma
reação teórica e política contra o Estado intervencionista e de bem estar. Seu
texto de origem é “O Caminho da Servidão”, de Friedrich Hayek, escrito em 1944.
29
Trata-se de um ataque contra qualquer limitação dos mecanismos de
mercado por parte do Estado, denunciadas como uma ameaça letal, à liberdade,
não somente econômica, mas também política. O alvo imediato de Hayek, naquele
momento, era o partido Trabalhista inglês, às vésperas da eleição geral de 1945
na Inglaterra, que este partido efetivamente venceria.
Três anos depois, em 1947, enquanto as bases do Estado de bem-estar na
Europa do pós-guerra efetivamente se constroem não somente na Inglaterra, mas
também em outros países, neste momento Hayek convocou aqueles que
compartilhavam sua orientação ideológica para uma reunião na pequena estação
de Mont Pélerin, na Suíça. Entre os célebres participantes estavam não somente
adversários firmes do Estado de bem-estar europeu, mas também inimigos férreos
do New Deal norte americano. Na seleta assistência encontravam-se Milton
Friedman, Karl Popper, Lionel Robbins, Salvador de Madariaga, entre outros. Ali
se fundou a Sociedade de Mont Pélerin, uma espécie de franco-maçonaria
neoliberal, altamente dedicada e organizada, com reuniões internacionais a cada
dois anos. Seu propósito era combater o Keynesianismo e o solidarismo reinantes
e preparar as bases de um outro tipo de capitalismo, duro e livre de regras para o
futuro. As condições para este trabalho não eram de todo favoráveis, uma vez que
o capitalismo avançado estava entrando numa longa fase de auge, sem
precedentes - sua idade de ouro, - apresentando o crescimento mais rápido da
história, durante as décadas de 50 e 60.
Hayek, e seus companheiros argumentavam que o novo igualitarismo deste
período, promovido pelo Estado do bem-estar, destruía a liberdade dos cidadãos e
a vitalidade da concorrência da qual dependia a prosperidade de todos.
Desafiando o consenso oficial da época, eles argumentavam que a
desigualdade era um valor positivo - na realidade imprescindível em si -, pois disso
precisavam as sociedades ocidentais. Esta mensagem permaneceu na teoria por
mais ou menos 20 anos.
30
A chegada da grande crise do modelo econômico do pós-guerra, em 1973,
quando o mundo capitalista avançado caiu numa longa e profunda recessão,
combinando, pela primeira vez, baixas taxas de crescimento com altas taxas de
inflação, mudou tudo. A partir dai, as idéias neoliberais passaram a ganhar
terreno.
As raízes das crises, afirmaram Hayek e seus companheiros, estavam
localizados no poder excessivo dos sindicatos, e de maneira geral do movimento
operário, que havia corroído as bases de acumulação capitalista com suas
pressões reivindicativas sobre os salários e com sua pressão parasitária para que
o Estado aumentasse cada vez mais os gastos sociais.
Esses dois processos destruíram os níveis necessários de lucros das
empresas e desencadearam processos inflacionários, que não podiam deixar de
terminar numa crise generalizada das economias de mercado. A estabilidade
monetária deveria ser a meta suprema de qualquer governo. Para isso seria
necessária uma disciplina orçamentária, com a contenção dos gastos com o bem-
estar, e a restauração da taxa “natural” de desemprego, ou seja, a criação de um
exército de reserva de trabalho para quebrar os sindicatos. Ademais, reformas
fiscais eram imprescindíveis, para incentivar os agentes econômicos. Em outras
palavras, isso significava reduções de impostos sobre os rendimentos mais altos e
sobre as rendas.
Desta forma, uma nova e saudável desigualdade voltaria dinamizar as
economias avançadas, então às voltas com a estagnação, resultado direto dos
legados combinados de Keynes e de Beveridge, ou seja, a intervenção anticíclica
e a redistribuição social as quais haviam tão desastrosamente deformado o curso
normal da acumulação e do livre mercado. O crescimento retomaria quando a
estabilidade monetária e os incentivos essenciais houvessem sido restituídos.
A hegemonia deste programa não se realizou do dia para a noite. Levou
mais ou menos uma década, os anos 70, quando a maioria dos governos da
31
OCDE - Organização Européia para o Comércio e Desenvolvimento - tratava de
aplicar remédios Keynesianos às crises econômicas. Mas ao final da década, em
1979, surgiu a oportunidade. Na Inglaterra, foi eleito o governo Thatcher, o
primeiro regime de um país de capitalismo avançado publicamente empenhado
em por em prática o programa neoliberal. Um ano depois, em 1980, Reagan
chegou à presidência dos Estados Unidos. Em 1982, Khol derrotou o regime social
liberal de Helmut Schimidt, na Alemanha. Em 1983, a Dinamarca, Estado Modelo
do bem-estar escandinavo, caiu sob o controle de uma coalizão clara de direita, o
governo de Schluter. Em seguida quase todos os países do norte da Europa
ocidental, com exceção da Suécia e da Áustria, também viraram à direita. A partir
dai, a onda de direitização desses anos tinha um fundo político para além da crise
econômica do período. Em 1978, a segunda guerra fria eclodiu com a intervenção
soviética no Afeganistão, e a decisão Norte Americana de incrementar uma nova
geração de foguetes nucleares na Europa ocidental. O ideário do neoliberalismo
havia sempre incluído, como componente central, o anticomunismo mais
intransigente de todos as correntes capitalistas do pós-guerra. O novo combate
contra o império do mal - a servidão fortaleceu o poder de atração do
neoliberalismo político, consolidando o predomínio da nova direita na Europa e na
América do Norte. Os anos 80 viram o “triunfo” da ideologia neoliberalista nesta
região do capitalismo avançado.
O que fizeram, na prática, os governantes neoliberais deste período? O
modelo Inglês foi, ao mesmo tempo, o pioneiro e o mais puro.
Os governos Thatcher contraíram a emissão monetária, elevaram as taxas
de juros, baixaram drasticamente os impostos sobre os rendimentos altos,
aboliram controles sobre os fluxos financeiros, criaram níveis de desemprego
massivos, aplastaram greves, impuseram uma nova legislação anti-sindical e
cortaram gastos sociais. E, finalmente - esta foi uma medida surpreendentemente
tardia - se lançaram num amplo programa de privatizações, começando por
32
habitação pública e passando em seguida as indústrias básicas como o aço, a
eletricidade, o petróleo, o gás e a água.
Esse pacote de medidas é o mais sistemático e ambicioso de todos as
experiências neoliberais em países de capitalismo avançado.
A variante norte americana era bem mais distinta. Nos Estados Unidos,
onde quase não existiam um Estado de bem-estar do tipo europeu, a prioridade
neoliberal estava voltada para a competição militar com a União Soviética,
concebida como uma estratégia para quebrar a economia soviética, por esta via
derrubar o regime comunista na Rússia. Deve-se ressaltar que, na política interna,
Reagan também reduziu os impostos em favor dos ricos, elevou as taxas de juros
e aplastou à única greve séria de sua gestão. Mas decididamente, não respeitou a
disciplina orçamentária; ao contrário lançou-se numa corrida armamentista sem
precedentes, envolvendo gastos militares enormes, que criaram um déficit público
muito maior do que qualquer outro presidente norte-americano. Mas esse recurso
a um Keynesianismo militar disfarçado, decisivo para uma recuperação das
economias capitalistas da Europa ocidental e da América do Norte, não foi
imitado. Somente os Estados Unidos, por causa de seu peso na economia
mundial, podiam dar-se ao luxo do déficit massivo na balança de pagamentos que
resultou de tal política.
No continente europeu, os governantes de direita deste período - amiúde
com fundo católico - praticaram em geral um neoliberalismo mais cauteloso e
matizado que as potências anglo-saxônicas, mantendo a ênfase na disciplina
orçamentária e nas reformas fiscais, mais do que em cortes brutais de gastos
sociais ou enfrentamentos deliberados com os sindicatos. Contudo, à distância
entre estas políticas e as da social-democracia governante anterior já era grande.
E, enquanto a maioria dos países no norte da Europa elegia governos de
direita empenhados em várias versões do neoliberalismo, no sul do continente -
território de De Gaulle, Franco, Salazar, Fanfani, Papadopoulos, etc - previamente
33
uma região muito mais conservadora politicamente, chegavam ao poder, pela
primeira vez, governos de esquerda, chamados de euro-sociais: Miterrand, na
França, Gonzáles, na Espanha; Soáres, em Portugal; Craxi, na Itália; Papandre ou
na Grécia. Todos se apresentavam como uma alternativa progressista, baseada
em movimentos operários ou populares, contrastando com a linha reacionária de
Reagan, e Thatcher, Khol, e outros nomes do norte da Europa. Não, há dúvida,
com efeito, de que pelo menos Miterrand e Papandreou, se esforçaram para
realizar uma política de deflação e redistribuição, de pleno emprego e de proteção
social. Foi uma tentativa de criar um equivalente no sul da Europa do que havia
sido a social-democracia do pós-guerra no norte do continente em seus anos de
ouro. Mas o projeto fracassou, e já em 1982 e 1983 o governo socialista na França
se viu forçado pelos mercados financeiros internacionais a mudar seu curso
dramaticamente, e reorientar-se para fazer uma política muito próxima à ortodoxia
neoliberal, com propriedade para a estabilidade monetária, a contenção do
orçamento, concessões fiscais aos detentores de capital e abandono do pleno
emprego.
No final da década, o nível de desemprego na França socialista era mais
alto do que na Inglaterra. conservadora, como Thatcher se gabava amiúde de
assinalar. Na Espanha, o governo de Gonzales jamais tratou de realizar uma
política Keynesiana ou redistributiva. Ao contrário, desde o início do regime do
partido no poder se mostrou firmemente monetarista em sua política econômica:
grande amigo do capital financeiro, favorável ao princípio de privatizações e
sereno quando o desemprego na Espanha rapidamente alcançou o recorde
europeu de 20% da população ativa.
Enquanto isso, no outro lado do mundo, na Austrália e na Nova Zelândia, o
mesmo padrão assumiu proporções verdadeiramente dramáticas. Sucessivos
governos trabalhistas ultrapassaram os conservadores locais de direita com
programas de neoliberalismo radical.
34
O Estado de bem-estar, com todas as suas transferências de pagamentos
generosos desligados de critérios, de esforços ou de méritos, destroem a
moralidade básica do trabalho e o sentido de responsabilidade individual. Há
excessiva proteção e burocracia. Deve-se dizer que a revolução thatcheriana, ou
seja, o anti-keynesianismo ou liberal, parou - numa avaliação positiva - no meio do
caminho na Europa ocidental e é preciso completá-la.
Este tipo de extremismo neoliberal, por influente que seja nos países pós-
comunistas, também desencadeou uma reação popular, como se pode ver nas
últimas eleições na Polônia, na Hungria e na Lituânia, onde partidos ex-
comunistas ganharam e agora governam de novo seus países. Mas na prática,
suas políticas no governo não se distinguem muito daquela de seus adversários
declaradamente neoliberais.
A analogia com o euro-socialismo do sul da Europa é evidentemente, em
ambos os casos há uma variante mansa - pelo menos no discurso, senão sempre
nas ações - de um paradigma neoliberal comum na direita e na esquerda oficial. O
dinamismo continuado como força ideológica em escala mundial está sustentada
em grande parte, hoje por este “efeito de demonstração” do mundo pós-soviético.
Os neoliberais podem gabar-se de estar na frente de uma transformação
sócio-econômica gigantesca que vai perdurar por décadas.
O impacto do triunfo neoliberal no leste europeu tardou a ser sentido em
outras partes do globo, particularmente, pode-se dizer, aqui na América Latina,
que hoje em dia se converte na terceira grande cena de experimentações
neoliberais. De fato ainda que no seu conjunto tenha chegado à hora das
privatizações massivas, depois dos países da OCDE e da antiga União Soviética,
genealogicamente este continente foi testemunha da primeira experiência
neoliberal sistemática do mundo. Refiro-me, bem entendido ao Chile sob a
ditadura de Pinnochet. Aquele regime tem a hora de ter sido o verdadeiro do ciclo
neoliberal da história contemporânea. O Chile de Pinochet começou seus
35
programas de maneira dura: desregulação, desemprego, repressão sindical,
redistribuição de renda em favor dos ricos, privatizações de bens públicos. Tudo
isso foi começado no Chile, quase um decênio antes de Thatcher, na Inglaterra.
No Chile, naturalmente, a inspiração teórica da experiência pinochetista era mais
norte americana do que austríaca. Friedman, e não Hayek, como era de se
esperar nas Américas.
Mas é de se notar que a experiência chilena dos anos 70 interessou
muitíssimo a certos conselheiros britânicos importantes para Thatcher, e sempre
existiram excelentes relações entre os dois regimes nos anos 80.
O neoliberalismo chileno, bem entendido, pressupunha a abolição da
democracia e a instalação de uma das mais cruéis ditaduras militares do pós-
guerra. Mas a democracia em si-mesma - como explicava Hayek - jamais havia
sido um valor central do neoliberalismo. A liberdade da democracia, explicava
Hayek, podia facilmente tornar-se incompatível, se a maioria democrática
decidisse interferir com os direitos incondicionais de cada agente econômico de
dispor de sua renda e de sua propriedade como quisesse. Neste sentido
Friedmane Hayek podiam olhar com admiração a experiência chilena, sem
nenhuma inconsistência intelectual compromisso de seus princípios. Mas esta
admiração foi realmente merecida, dado que - à diferença das economias de
capitalismo avançado sob os regimes neoliberais dos anos 80 - a economia
chilena cresceu a um ritmo alucinante sob o regime de Pinochet, como segue
fazendo com a continuidade da política econômica dos governos pós-Pinochet dos
últimos anos.
Se o Chile, nesse sentido, foi a experiência-piloto para o novo
neoliberalismo dos países avançados do Ocidente, a América Latina também
proveu a experiência-piloto para o neoliberalismo do Oriente pós-soviético. Aqui
me refiro, bem entendido, à Bolívia, onde, em 1985, Jeffry Sachs já aperfeiçoou
seu tratamento de choque, mais tarde aplicado na Polônia e na Rússia, mas
36
originalmente para o governo do general Banzer, depois aplicado
imperturbavelmente por Victor Paz Estenssoro, quando surpreendentemente este
último foi eleito presidente, em vez de Banzer. Na Bolívia, no fundo da Experiência
não havia necessidade de quebrar um movimento operário poderoso, como no
Chile, mas para a hiperinflação. E o regime que adotou o plano de Sachs não era
nenhuma ditadura, mas o herdeiro do partido populista que havia feito a revolução
social de 1952.
Em outras palavras, a América Latina também iniciou a variante neoliberal
“progressista”, mais tarde difundida no sul da Europa, nos anos de euro-
socialismo. Mas o Chile e a Bolívia eram experiências isoladas até o final dos anos
80.
A virada continental em direção ao neoliberalismo não começou antes da
presidência de Salinas, no México, em 88, seguida da chegada ao poder de
Menem, na Argentina, em 89, da segunda presidência de Carlos Andrés Perez, no
mesmo ano, na Venezuela, e da eleição de Fujimoro, em 90. Nenhum desses
governantes confessou ao povo antes de ser eleito, o que efetivamente fez depois
de eleito.
Das quatro experiências viáveis desta década, podemos dizer que três
registraram êxitos impressionantes em curto prazo México, Argentina e Peru - e
uma fracassou: Venezuela. A diferença é significativa. A condição política da
deflação, da desregulamentação, do desemprego, da privatização das economias
mexicana, Argentina e peruana foi uma concentração de poder executivo
formidável: algo que sempre existiu no México, um regime de partido único, com
efeito, mas Menem e Fugimori tiveram de inovar na Argentina e no Peru com uma
legislação de emergência, auto-golpes e reforma da constituição. Esta dose de
autoritarismo político não foi factível na Venezuela, com democracia partidária
mais contínua e sólida do que em qualquer outro país da América do Sul, o único
37
a escapar de ditaduras militares e de regimes oligárquicos desde os anos 50. Daí
o colapso da segunda presidência de Carlos Andrés.
Mas seria arriscado concluir que somente regimes autoritários podem impor
com êxito políticas neoliberais na América Latina. A Bolívia, onde todos os
governos eleitos depois de 1985, tanto de Paz Zamora, quanto de Sanches
Losada, continuaram com a mesma linha, está ai para comprovar o oposto. A lição
que fica da longa experiência boliviana é esta: há um equivalente funcional ao
trauma da ditadura militar como mecanismo para induzir democrática e não
coercitivamente um povo a aceitar políticas neoliberais das mais drásticas. Este
equivalente é a hiperinflação. Suas conseqüências são muito parecidas.
A região do capitalismo mundial que apresenta mais êxitos nos últimos 20
anos é também a menos neoliberal, ou seja, as economias do extremo oriente -
Japão, Coréia, Formosa, Cingapura, Malásia. Por quanto tempo estes
permanecerão fora da esfera de influência do neoliberalismo? Tudo que podemos
dizer é que este é um movimento ideológico, em escala verdadeiramente mundial,
como o capitalismo jamais havia produzido no passado.
Trata-se de um corpo de doutrina coerente, autoconsciente, militante,
lucidamente decidido a transformar todo o mundo à sua imagem, em sua ambição
estrutural e sua extensão internacional. Promove a competição massiva entre as
instituições, desconhecendo obstáculos sentimentais ou regionais. A globalização
por sua vez trilhou os caminhos do neoliberalismo, adentrando facilmente pela
porta aberta deixada pelo ideário preconizado por Hayek.
As modificações descritas anteriormente que precederam o contexto atual,
passam despercebidas por muitos, e erroneamente são consideradas como
“insignificantes”. Devemos entender que a profundidade destas modificações,
alterou toda a estrutura sócio-política, produtiva, comportamental, financeira da
sociedade, indústria e das instituições. As filosofias entregues à posteridade, não
conheceram obstáculos políticos, físicos, étnicos ou qualquer tipo pragmático que
38
impedisse sua evolução natural. Muitos tentaram impedir, e o resultado legou seus
preceptores ao esquecimento ou descrédito. Conhecer, Taylor, Ford, Casal
Gilbreth, Toyoda, Ohno, Hayek, Friedman, é certamente entender os passos
percorridos pelo homem durante esta jornada maravilhosa que legou aos dias de
hoje toda a tecnologia que nos beneficia no dia a dia, entretanto é imperativo
perceber que os sistemas de trabalho mudaram muito, e trilham ainda caminhos
incertos, evidenciando novos horizontes a cada instante. Portanto a resposta
sobre o aumento vertiginoso dos casos de doenças ligadas diretamente aos ciclos
de trabalho, esta definitivamente respondida. Entretanto o que pode haver no
futuro é uma grande incógnita, visto que a tendência de racionalização continua
presente.
A nova filosofia industrial futura deve permear os conceitos criados a partir
da necessidade do aumento do ciclo, diminuição da força, melhoria postural,
eliminação da compressão mecânica e finalmente a melhoria global do posto de
trabalho em função da necessidade.
2.8 A Intervenção Ergonômica
O conceito de Intervenção Ergonômica foi desenvolvido pela escola
francesa de Ergonomia (Wisner, 1974, Duraffourg et al. 1977, Guerin et al. 1991).
A efetividade da Ergonomia consiste no fato de resultar em transformações
positivas no ambiente de trabalho.
A caracterização de uma Intervenção Ergonômica se dá pela construção
que viabiliza as mudanças necessárias, e que possa inserir os resultados da
Ergonomia e valores das organizações que recebem os resultados. Essa
construção divide a intervenção nas seguintes etapas: a Instrução da Demanda, a
Análise da atividade e dos Fatores de Risco, a Concepção de Soluções
Ergonômicas e a Implementação Ergonômica.
39
A instrução da Demanda compreende todo o encaminhamento contratual
da intervenção, o que passa pelo ajuste e foco do problema, identificação do
processo, organização, levantamento dos recursos humanos, e determinar as
formas de apresentação de resultados.
A Análise da Atividade e dos Riscos Ergonômicos consiste na coleta de
dados e informações. Por fator de risco entenderemos a condição ou prática que
desafie a produtividade, a qualidade, ou traga prejuízos ao conforto, segurança e
bem estar do trabalhador.
A Concepção de Soluções Ergonômicas pode variar de acordo com a
natureza do problema. E a Implementação Ergonômica constitui a fase final de
uma intervenção.
Os trabalhos em Ergonomia apresentam dupla vertente: científica e prática.
Os resultados práticos são as mudanças implantadas nas organizações onde as
intervenções são realizadas, necessitando para isso a integração de diversos
campos e áreas de conhecimento.
2.9 Macroergonomia
A partir de 1990 mudanças positivas têm acontecido na intervenção
ergonômica. Preconiza-se, hoje, a metodologia de abordagem sob o nome de
Macroergonomia, uma nova vertente que indica às empresas a busca de um
equilíbrio sociotécnico entre as pessoas, as tecnologias e a organização.
Esta ergonomia não faz, portanto, abordagens pontuais e/ou localizadas,
como normalmente vinham sendo feitas e, sim de uma forma em que contemple
as interfaces físicas, cognitivas e organizacionais. A metodologia da AET -
Avaliação Ergonômica de Trabalho possibilita contemplar todas esta interfaces.
40
O trabalho é ordenado de uma forma sugerida pela International
Ergonomics Association que, apesar de ter uma finalidade didática para
compreensão de conceitos, norteia a divisão do trabalho em:
- a Ergonomia Física nos permitirá enfocar os aspectos físicos de uma situação
de trabalho e suas interfaces com o trabalhador durante a jornada de trabalho. No
campo dos postos de trabalho se verificam problemas diversos com posturas e
problemas antropométricos, principalmente no manuseio de máquinas. No campo
ambiental a Ergonomia têm contribuições relativas à higiene industrial, para que
dê melhor conforto ao trabalhador durante o exercício de suas atividades.
- a Ergonomia Cognitiva tratará dos aspectos mentais da atividade de trabalho
de pessoas e indivíduos, homens e mulheres. A atividade humana no processo de
trabalho é estudada como sujeito da operação, apontando as suas características
no desenvolvimento de suas tarefas.
- a Ergonomia Organizacional buscará o reconhecimento do contexto
organizacional e o que ele poderá estar interferindo na atividade de trabalho, de
uma forma sistêmica, no âmbito interno e externo da empresa. Como resultado
poderá permitir que a organização elabore novas propostas de mudanças
organizacionais para melhorias de desempenho, conforto e segurança para os
trabalhadores.
2.10 Antropotecnologia
O termo cunhado por Alain Wisner, Antropotecnologia é a combinação de
aspectos ergonômicos e macroergonômicos, a construção da sua noção nasce de
uma ação ergonômica em uma empresa petrolífera cuja extração de óleo se dava
em distintos países e com leis e costumes diversificados.
41
A quase totalidade de pesquisa em Antropotecnologia entre 1985 e 1991,
mostraram que a importação de tecnologias atinge graus de sucesso
extremamente diversificados.
O campo da Antropotecnologia tem sido mais efetivamente um campo de
estudos do que um campo de realizações até porque estas ações não ocorrem
isoladamente de outros processos nas organizações. Em geral a compra de
tecnologia é um processo estabelecido nos maiores níveis da empresa ou da
organização, mas infelizmente a Ergonomia não é suficientemente aprendida
nestes espaços de decisão.
2.11 Ação Ergonômica
Ação Ergonômica é um conjunto de princípios e conceitos eficazes para
viabilizar as mudanças necessárias para adequação do trabalho às
características, habilidades e limitações dos trabalhadores no processo de
produção de bens e serviços.
Deste modo a Ação Ergonômica parte dos fundamentados ergonômicos
(conhecimentos sobre as características, habilidades e limitações da pessoa
humana – Ergonomia Física), aborda a cognição do trabalho (Ergonomia
Cognitiva), estabelece um foco na organização do trabalho (descreve as
atividades de trabalho – Ergonomia Situada), conduz uma avaliação custo-
efetividade – (Macroergonomia) e insere mudanças de cultura da organização
(Antropotecnologia).
A Ação Ergonômica se caracteriza como uma consultoria dinâmica, que
parte inicialmente da organização, e partir vai construindo um objeto preciso de
intervenção e focos definidos da sua ação.
Como podemos perceber o campo da Ergonomia é efetivamente amplo.
Isto levou os profissionais que trabalham com ergonomia a desenvolver maneiras
para solucionar problemas que surgem na vida profissional. Essas maneiras se
42
diferenciam quanto à forma de atacar os problemas (abordagem), quanto a forma
de encaminhar soluções (perspectivas) e quanto à forma de agir numa realidade
efetiva (finalidade).
1) Quanto à perspectiva: Ergonomia de Concepção e de Intervenção
Esta distinção se estabelece a partir do timing da ação ergonômica: ou age
em nível de projeto (Ergonomia de Concepção), ou sobre uma realidade existente
(Ergonomia de Intervenção).
A experiência em Ergonomia recomenda que se tome a intervenção como
acúmulo de experiências para a concepção.
Ergonomia de intervenção: é a resposta a uma demanda do cliente, que
deverá ser trabalhada e uma solução deverá ser encaminhada. Os procedimentos
básicos para a sua aplicabilidade é o método e técnica de Análise Ergonômica do
Trabalho. A intervenção de produção não necessariamente significa uma mudança
física.
Ergonomia de Concepção: a ergonomia de concepção pode ser
sintetizada com a elaboração de novos produtos, processos, métodos de trabalho
ou sistemas informatizado.
2.12 Discussão Ler/ Dort no Brasil
As Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e /ou Distúrbios Ósteo-
músculares relacionados ao Trabalho (DORT) acometem principalmente
músculos, ligamentos, tendões, nervos e ossos, resultando em dor, fadiga e queda
da performance.
No que se refere à questão LER-DORT, o Brasil possui uma característica
peculiar muito interessante, os índices epidêmicos observados em diversos
países, também se evidenciaram aqui, entretanto em períodos diferentes.
43
Estamos nos referindo ao rápido crescimento dos índices, que apontaram a partir
da década de 90 para uma curva ascendente, rumo a uma epidemia desenfreada.
A dúvida instituída em decorrência deste fato, merece algumas linhas de
explanação, isto porque as epidemias mencionadas em outros países haviam
acontecido entre os anos 70 e 80, portanto, mais de uma década anterior à
epidemia observada no Brasil. O estudo deste fato nos leva a uma conclusão
fundamental em busca do entendimento dos fatores que levaram e levam as
empresas a ingressarem no rol das grandes geradoras de doentes.
O fato na verdade se revela muito simples, e está relacionado ao período
em que houve a intensificação na implementação das técnicas racionalizadoras,
cujo jargão preconizava aprimorar os sistema a fim de promover um número maior
de empresas competitivas entre si e também contra as empresas internacionais.
Devemos entender que o Brasil permaneceu com sistemas ultrapassados
antes da década de 90, em função da falta de competitividade existente neste
período, ocasionada principalmente pelo regime militar que perdurou por 25 anos
aproximadamente, sistema que entregou o país a uma reserva de mercado
paternalista no ponto de vista competitivo, ocasionando uma espécie de
comodismo industrial. Nossas industrias gozavam do protecionismo
governamental, marcado pelos oligopólios empresariais. Desta forma não havia
motivo para modernizar nosso parque.
Em 1989 com a abertura do mercado a situação se inverteu; as industrias
brasileiras, buscando competir com outras empresas mundiais começaram a
aplicar diversas técnicas racionalizadoras com grande velocidade. No entanto, a
aplicação destas técnicas em equipamentos antiquados ocasionaram uma
situação dramática, pois a redução dos ciclos e a conseqüente concentração dos
movimentos e forças, ocasionaram um aumento eloqüente dos números de
doentes ocupacionais. E quando existir a necessidade de formar um plano médico
44
para tratamento dos possíveis doentes, a hegemonia pertence ao departamento
médico.
Em suma; o gerenciamento global depende de uma análise prévia
dependente diretamente do nível em que a empresa se encontra em relação ao
risco potencial ou real de gerar casos de LER. Portanto é recomendável que se
faça uma avaliação prévia, qual definirá o corpo básico para a formação do
comitê, qual o profissional indicado para gerenciar o grupo e que tipo de
intervenção recomendada para cada caso, levando-se em conta que tanto maior
será o envolvimento do corpo médico em função da gravidade pontual das
queixas, em oposição à inserção projetual, certamente mais preventiva.
O Brasil à Globalização e as LER/DORT Recorrentes
O Brasil possui um universo de equipamentos, máquinas, dispositivos,
ferramentas, processos e métodos, atrasados tecnologicamente é verdade em
decorrência dos longos anos de regime militar que imputaram um parque industrial
defasado em relação aos países industrializados. As empresas por sua vez
entraram no marasmo e ócio, resultante da falta de competitividade, ou mesmo
pela impossibilidade de importação dos maquinários necessários para esta
necessária evolução. Seja qual for o motivo, o fato cabal e incontestável aponta
hoje como ícone deste atraso, uma série destas empresas que sobraram pela falta
de competitividade, uma vez que foram incapazes de se aprimorar devido a total
defasagem. Outras empresas buscaram na racionalização total a arma para a
sobrevivência, buscando desta forma tirar o atraso de 30 anos em meses de
trabalho, contratando consultorias de Tempos e Métodos despreparadas, quais
diretamente mergulham os funcionários no trabalho desumano, pois a inserção de
seus ideários simplistas, somente alterava o método, oferecendo um trabalho cada
vez mais rápido nos mesmos equipamentos e máquinas. A empresa assim colhe o
NACO fugaz de lucro aparente, assinando um contrato de alto risco com a
posteridade.
45
A modernização do parque industrial brasileiro deverá seguir, não somente
a redução dos tempos, mas à incorporação de planos que brindem todos o
complexo técnico e administrativo. É necessário que uma visão holística tome
conta dos ideários produtivos, permitindo que os investimentos evoluam todo o
sistema, numa condição humana e técnica, pois não é possível reduzir
demasiadamente os ciclos com a simples aquisição de máquinas cada vez mais
rápidas, ou sistemas que aumentem a velocidade pela simples demonstração
matemática.
2.13 Conceitos Básicos da Ergonomia
Existem alguns conceitos chave subjacentes à Ergonomia que devem ser
realçados. São eles:
• Tarefa
• Atividade
• Comportamento
• Performance ou Desempenho
• Competência
• Carga de Trabalho
Tarefa
Citando autores clássicos em Ergonomia, como Leplat ou Laville, o conceito
de tarefa corresponde a um trabalho prescrito. Deste modo, pode ser definido, de
forma simples, como um objetivo a atingir em determinadas condições de
execução, ou seja, o que o operador tem que fazer.
Para realizar as suas tarefas, o operador utiliza meios, materiais,
instrumentos, ferramentas, etc., que lhe são facultados para o efeito. São
igualmente definidas as condições em que a tarefa deve ser realizada: um tempo,
um espaço, uma ordem de operações, um envolvimento físico, normas a respeitar.
46
Deste modo, a análise da tarefa centra-se no conjunto das condições de
trabalho, pondo em evidência os fatores que influenciam a atividade dos
trabalhadores. Assim, os elementos constituintes da tarefa são os objetivos (de
produção, de qualidade, viabilidade), os procedimentos (métodos de trabalho,
ordens ou instruções, normas, constrangimentos temporais), os meios disponíveis
(matérias, máquinas, ferramentas, documentação), o envolvimento físico
(espacial, ruído, trabalho noturno) e as condições sociais do trabalho (qualificação,
modalidades de remuneração, tipos de controles e sanções).
Atividade
Se a tarefa indica o que deve ser feito pelo operador, a atividade indica a
forma como se faz. A noção de atividade refere-se ao que o indivíduo põe em jogo
para executar a tarefa, constituindo um processo complexo que vai da percepção
à ação. Este processo é desencadeado por um estímulo que é percebido,
determinando o tratamento correspondente ao nível do sistema nervoso central,
seguido da correspondente tomada de decisão, que se manifesta por meio de uma
ação que deverá ter um resultado esperado num tempo útil.
O objeto da Ergonomia é a atividade dos trabalhadores, a fim de se
conhecer as funções humanas solicitadas e compreender as modalidades da sua
entrada em jogo. A partir deste conhecimento, podem ser estudados e previstos
os riscos para a saúde quando há uma solicitação extrema das funções
implicadas; podem ser determinadas as causas objetivas e não intencionais
destas modalidades de funcionamento, assim como os riscos sobre a saúde e a
produção. Identificadas as causas, é possível transformar a situação de trabalho.
É tradicional distinguir a existência de duas componentes da atividade
humana: uma componente não visível, correspondendo à atividade do conjunto de
processos internos, que vai determinar a outra componente, externa ou manifesta,
que corresponde ao comportamento observável.
47
Comportamento
O comportamento pode ser considerado como a parte observável da
atividade global do indivíduo na sua interação com o envolvimento. Apesar das
visões mais cognitivistas ou behaviouristas, esta definição, é aceitável em
Ergonomia, pois se trata de insistir sobre a dimensão relacional entre o homem e a
situação de trabalho.
Isto significa que a origem do comportamento não está, nem no indivíduo,
nem no meio, mas sim na relação entre os dois. Esta posição implica que o
comportamento não pode ser reduzido aos seus traços sem correr o risco duma
redução abusiva, ou seja, o desempenho não prediz necessariamente o
comportamento e muito menos os processos não observáveis que lhe são
subjacentes ou o custo dessa atividade.
Performance ou Desempenho
Em sentido estrito, a Performance pode ser entendida como o resultado
obtido na seqüência da atividade. Este resultado é comparado com o objetivo da
tarefa, ou seja, com o resultado desejado, podendo ser expresso em termos de
êxito, falha ou nível alcançado.
O conceito de Desempenho, em Francês e Inglês, Performance, representa
a capacidade do homem para compreender, agir ou identificar, que é explicada
pela interação de três fatores: as competências, as motivações e o envolvimento
de trabalho (Keravel, 1997). Assim, mesmo que se assegure um ótimo
envolvimento de trabalho e as competências adequadas às situações a gerir,
haverá certamente um mau desempenho por falta de motivação para utilizar os
saberes pertinentes. Do mesmo modo, por muito que a motivação anime os
operadores e o envolvimento de trabalho seja adequado, se existe falta de
competências específicas, o desempenho será também deficiente.
O envolvimento de trabalho, com as suas componentes físicas,
organizacionais e psicológicas devem permitir a expressão das competências e
48
motivações dos operadores. A compreensão dos fundamentos da motivação,
assim como dos seus fatores de influência e desenvolvimento, favorece a sua
manifestação. O sucesso de toda a atividade depende, pois, da vontade partilhada
pelo conjunto dos operadores para realizar uma missão, uma produção ou uma
melhoria.
Competência
A noção de competência, também não deve limitar-se a um saber fazer
específico inerente a uma dada tarefa, mas deverá passar pela mobilização de
conhecimentos e referências teóricas, assim como saberes práticos e pelo
tratamento apropriado da especificidade em jogo. Se o desenvolvimento de
competências se centrar na aprendizagem e treino da execução das tarefas
inerentes a um dado posto de trabalho, então o operador está limitado na
mobilização de competências, o que tem geralmente efeitos negativos a diferentes
níveis: ao nível da saúde, porque vai seguramente estar confinado a uma elevada
repetitividade; no nível da segurança, porque terá pouca margem de manobra
para antecipar ou adaptar os seus comportamentos às variações do sistema; ao
nível da produtividade qualitativa, porque não está preparado para identificar,
corrigir ou prevenir erros. Assim, compreender os mecanismos e as circunstâncias
das dificuldades do operador constitui uma prioridade do sistema de produção, no
sentido de melhor orientar as escolhas de investimentos em matéria de ajudas
técnicas ou organizacionais e da formação.
Carga de Trabalho
O termo carga sugere a idéia de um fardo imposto a alguém. Tratando-se da
carga de trabalho, o conceito envolve a carga imposta (solicitações, exigências,
constrangimentos), assim como as suas repercussões sobre o comportamento e
as funções do operador em atividade. O conceito de carga de trabalho pode ser
utilizado referindo-se exclusivamente à tarefa ou simultaneamente à tarefa e ao
envolvimento físico e social, constituindo, assim, a carga global de trabalho
49
(Sanders, 1989).
Chiles e Alluisi (1979), encarando a carga de trabalho como solicitação,
consideram que “o nível de carga é determinado pelo conjunto de exigências
profissionais impostas ao operador, implicando necessariamente ações
apropriadas por parte do operador”. Manifestas ou não, físicas, sensoriais,
perceptivo-motoras, cognitivas, verbais ou combinadas, estas ações são
indispensáveis ao cumprimento das suas tarefas. Sublinhando que, neste
contexto, o termo exigência significa obrigação de agir, estes autores limitam a
avaliação da carga de trabalho à das exigências profissionais e da performance.
Na mesma perspectiva, Laville (1976) considera que a carga de trabalho
depende do conteúdo da tarefa e das imposições temporais em que é executada.
Numa perspectiva diferente, para Leplat (1977), o termo carga designa as
conseqüências da execução da tarefa sobre o trabalhador; a tarefa propriamente
dita e os constrangimentos que impõe são agrupados sob a designação de
exigências do trabalho. Esta perspectiva enquadra-se na problemática da carga de
trabalho, na medida em que coloca o homem no centro das preocupações. Além
disso, o termo exigências caracteriza melhor as solicitações intrínsecas da tarefa.
Convém, no entanto, distinguir as exigências, dos factores físicos e psicossociais,
que não podem ser considerados como exigências no verdadeiro sentido do
termo.
De um ponto de vista fisiológico, a carga de trabalho é o custo do trabalho
para o organismo humano (Brouha, 1957). Na mesma perspectiva, Strasser
(1979) diz que a carga de trabalho é determinada pelo custo fisiológico e
psicológico do trabalho. Segundo Monod e Lille (1976), o conceito de carga de
trabalho integra, numa relação causal, o conjunto das reações do homem no posto
de trabalho (astreintes) resultantes dos constrangimentos (contraintes) que se
exercem sobre o trabalhador no seu posto. A carga de trabalho designa as
variáveis independentes (contraintes) e as variáveis dependentes (astreintes) que
se manifestam por sinais objetivos e subjetivos, fisiológicos e psicológicos. Esta
50
definição oferece a vantagem de estabelecer um vasto quadro conceptual que
permite analisar os fatores de carga e os seus efeitos sobre o homem no trabalho.
2.14 Três princípios básicos da física devem ser considerados em qualquer
análise ergonômica:
1- A análise Temporal do Trabalho - que preconiza o estudo do trabalho em
função do tempo ou faixa de tempo. 2- Cinemática - que se preocupa com os aspectos geométricos do
movimento (posicionamento, velocidade e aceleração). 3- Cinética - o estudo das forças que influenciam os movimentos.
.
51
EAP Ergonomia: programas e recursos ___________________________________________________________________
3.Fisiologia
do Trabalho
52
3. FISIOLOGIA DO TRABALHO
A palavra fisiologia é composta por 2 palavras gregas: Physis, que pode
significar aquilo que faz com que as coisas venham a ser o que são, é o perpétuo
movimento de vir-a-ser, brotamento. Physis foi traduzida para o latim pela palavra
“natura” que deu origem a natureza em português. A segunda palavra é logo, que
significa razão, raciocínio, estudo. Então, Fisiologia pode significar o estudo das
naturezas. Fisiologia humana o estudo da natureza humana, ou melhor, o estudo
dos fenômenos do corpo humano. A Fisiologia do Trabalho tem como objeto de
estudo os fenômenos do corpo humano nas situações de trabalho.
Durante a Revolução Industrial muitos surgiram muito problemas de
acidentes e doenças trazendo preocupação tanto para os empresários como para
os próprios trabalhadores. Neste momento são convocados os cientistas para
estudar tais situações de trabalho e oferecer apoio para as modificações
necessárias. Desenvolve-se daí a Fisiologia do trabalho.
O Trabalho Muscular
O movimento é uma característica fundamental do corpo humano. Ele é
realizado pelas contrações dos músculos esqueléticos que agem sobre um
sistema de alavanca e polias formado pelos ossos, tendões e ligamentos.
Os músculos do corpo humano classificam-se em três tipos: estriados ou
esqueléticos, lisos e cardíacos. Cerca de 40% dos músculos do corpo são
estriados, responsáveis pelo controle voluntário.
O movimento desejado é obtido através da interação de um grande número
de fatores anatômicos, fisiológicos, bioquímicos e biomecânicos.
Portanto, precisamos entender isoladamente alguns mecanismos
envolvidos na contração muscular. Os músculos são comandados pelo sistema
nervoso central, e as informações são transmitidas através do sistema nervoso
periférico, formando o Sistema Nervoso. O Sistema Nervoso é constituído por
53
neurônios os quais se caracterizam pelas propriedades de irritabilidade
(sensibilidade a estímulos) e condutibilidade (condução dos impulsos).
Cada músculo tem um nervo motor (grupo de fibras nervosas) que entra
nele. O músculo possui muitas unidades motoras, que responde de forma
graduada dependendo do número de unidades motoras que se ativem.
A maquinaria contrátil da fibra muscular está formada por cadeias protéicas
que se deslizam para encurtar a fibra muscular. Entre elas há a miosina e a actina,
que constituem os filamentos grossos e finos, respectivamente. Quando um
impulso chega através de uma fibra nervosa, o músculo se contrai.
Quando uma fibra muscular se contrai, se encurta e alarga. Seu
comprimento diminui a 2/3 ou à metade. Deduz-se que a amplitude do movimento
depende do comprimento das fibras musculares. O período de recuperação do
músculo esquelético é tão curto que o músculo pode responder a um segundo
estímulo quando ainda perdura a contração correspondente ao primeiro. A
superposição provoca um efeito de esgotamento superior ao normal.
Depois da contração, o músculo se recupera, consome oxigênio e elimina
bióxido de carbono e calor em proporção superior à registrada durante o repouso,
determinando o período de recuperação.
O fato de que consome oxigênio e libera bióxido de carbono sugere que a
contração é um processo de oxidação, mas, aparentemente, não é essencial, já
que o músculo pode se contrair na ausência de oxigênio, como em períodos de
ação violenta; mas, nesses casos, se cansa mais rápido e podem aparecer
cãibras.
www.afh.bio.br
54
A fisiologia do trabalho distingue duas formas de esforço muscular:
• Trabalho muscular dinâmico (rítmico)
• Trabalho muscular estático (postural).
O trabalho muscular dinâmico caracteriza-se por uma seqüência rítmica de
contração e relaxamento da musculatura em atividade. Neste tipo de trabalho o
músculo age como uma bomba sobre a circulação sanguínea: a contração expulsa
o sangue dos músculos, enquanto que o relaxamento favorece o influxo de
sangue renovado. O trabalho muscular dinâmico, desde com o ritmo adequado,
pode ser realizado por um longo período sem cansar.
O trabalho muscular estático caracteriza por um estado de contração
prolongada da musculatura que geralmente implica no trabalho de manutenção da
postura. Neste tipo de trabalho o músculo permanece num estado de alta tensão,
produzindo força durante um longo período. Os vasos sanguíneos ficam
estreitados pela pressão interna deixando de fluir mais sangue para o músculo,
resultando na utilização da sua própria reserva. A carga de trabalho estático
ocorre praticamente todo tipo de trabalho: ficar em pé por um longo período,
levantar e carregar peso. Se o trabalho estático for repetido as conseqüências
podem ser deste uma fadiga penosa até dores insuportáveis.
Alavancas
Os músculos, as articulações e os ossos são responsáveis por formarem
diversas alavancas no nosso corpo.
Para cada movimento existe pelos menos 2 músculos que trabalham
antagonicamente, ou seja, quando um determinado músculo está contraindo para
realizar o movimento, o outro esta relaxado.
O corpo trabalha com três tipos de alavancas: interfixa (o apoio situa-se
entre a força e a resistência), interpotente ( a força aplicada entre o ponto de apoio
55
e a resistência), e inter-resistente (resistência situa-se entre o ponto de apoio e a
força).
3.1 Articulações do Corpo Humano
As articulações dão resistência e mobilidade ao esqueleto, permitem o
amortecimento dos choques das extremidades ósseas, permitem a conexão de
estruturas ósseas diferentes, e participam da formação do esqueleto e do
crescimento ósseo.
As articulações móveis têm a coordenação e limitação de seus movimentos
provocada por vários fatores: tensão ligamentar e muscular por determinadas
estruturas ósseas.
O movimento articular deve ocorrer sem atrito, para não desgastar a
articulação. O perfeito funcionamento articular depende da cartilagem macia e
constante lubrificação pela produção do líquido sinovial.
Articulação do Membro Superior e Cintura Escapular
Cada membro superior é composto de braço, antebraço, pulso e mão. O
osso do braço – úmero – articula-se no cotovelo com os ossos do antebraço: rádio
e ulna. O pulso constitui-se de ossos pequenos e maciços, os carpos. A palma da
mão é formada pelos metacarpos e os dedos, pelas falanges.
Os membros estão unidos ao corpo mediante um sistema ósseo que
toma o nome de cintura ou de cinta. A cintura superior se chama cintura
torácica ou escapular (formada pela clavícula e pela escápula)
Articulação do Cotovelo
A articulação do cotovelo é uma articulação composta compreendendo três
articulações envolvidas pela cápsula articular comum.
56
A articulação umero-ulnar é sinovial do tipo gínglimo (ou em dobradiça) e
atua de forma preponderante na articulação do cotovelo, permitindo, no entanto,
ligeiros ajustes lateral e medial durante o movimento do rádio na pronação e
supinação. Sendo que sua estabilidade, não é afetada com a retirada cirúrgica da
cabeça do rádio. A articulação úmero-radial, é uma juntura sinovial trocóide que
acompanha a ulna nos movimentos de dobradiça do cotovelo e neste movimento,
a face superior côncava da cabeça do rádio desliza-se sobre o capítulo do úmero
na pronação e supinação girando como pivô contra o capitulo, e sua cápsula, é a
mesma da articulação úmero-ulnar. A articulação rádio-ulnar proximal, é uma
articulação sinovial que compreende movimentos de rotação do rádio sobre a
incisura radial da ulna nos movimentos de supinação e pronação.
Os ossos do cotovelo são fixados na articulação pela própria cápsula
articular, reforçado lateralmente pelo ligamento colateral radial que fixa a porção
distal do úmero à porção proximal da ulna e à porção proximal do rádio e, o
ligamento anular que fixa e dá suporte aos movimentos de rotação do rádio.
Medialmente, este suporte e feito pelo ligamento colateral ulnar ligando a
porção proximal da ulna à porção distal do úmero.
Compondo ainda para com os movimentos de flexão e abdução do
cotovelo, a inserção do músculo bíceps braquial inserido na tuberosidade do rádio
e ulna, e, braquial se inserindo na tuberosidade da ulna.
E como pode ser notado, como proteção para impacto do olecrânio, ainda
existe a bolsa olecraniana.
Articulação do Ombro
O ombro é uma articulação complexa formada por 3 ossos (clavícula,
escápula e úmero) que são mantidos unidos por músculos, tendões e ligamentos.
Esta é a articulação mais móvel do corpo e é presa por um grupo de tendões.
Encontra-se ainda no ombro bursas que são "saquinhos" cheios de líquido da
consistência de um óleo de motor.
O ombro pode movimentar o braço em círculo completo. Quando isso
57
acontece outras articulações também trabalham juntas, tal como a
acromioclavicular.
Por ser a articulação que mais se movimenta o ombro é também o mais
instável e por isso mais favorável a lesões.
O manguito rotator é um grupo de músculos (subescapular,
supraespinhoso, infraespinhoso e redondo menor) que cobre a cabeça do úmero e
tem grande importância na estabilização, na força e na mobilidade do ombro.
3.2 Coluna Vertebral
A Coluna Vertebral é constituída de 33 vértebras, que se classificam em
cinco grupos: 7 cervicais, 12 Torácicas, 5 lombares, 5 sacrais e 4 coccígenas.
58
Entre cada vértebra existe um disco cartilaginoso denominado de Disco
Intervertebral. É formado de uma massa gelatinosa. Ele atua na absorção de
impactos.
Para manter as vértebras conectadas são necessários os ligamentos,
mantém os ossos conectados e dão suporte a coluna.
A coluna vertebral ainda tem a função de proteger a medula espinhal que
faz parte do sistema nervoso central.
Coluna Lombar Dor lombar (lombalgia)
Hérnia de Disco
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� As LER/DORT afetam a coluna vertebral podem ser:
Lombalgia: A dor na região lombar, independentemente da causa, recebe o nome
de lombalgia. A lombalgia pode ser classificada em dois tipos: aguda e crônica.
Ambas podem ser altamente incapacitantes para as atividades da vida diária, do
trabalho, do lazer e do esporte.
Lombalgia Aguda: É uma dor de início súbito, geralmente bruscos, e às vezes
conhecida como lumbago.
Lombalgia Crônica: Muitas vezes tem início impreciso, com períodos de melhora e
piora.
A grande maioria das vezes a lombalgia aguda é produzida por lesões nos
ligamentos ou músculos da coluna, ou ainda por lesões nos discos intervertebrais.
Mais raramente a causa pode ser fratura das vértebras, geralmente associada à
osteoporose, defeitos congênitos, tumores ou traumas violentos. No caso de
lesões de disco invertebral, um deslocamento de estruturas pode comprimir raízes
nervosas, caracterizando uma hérnia de disco, que se acompanha de dores
irradiadas para uma das pernas ou para ambas, mas geralmente com uma delas
mais comprometida.
Hérnia de Disco: A hérnia de disco surge como resultado de diversos
pequenos traumas na coluna que vão, com o passar do tempo, lesando as
estruturas do disco intervertebral, ou pode acontecer como conseqüência de um
trauma severo sobre a coluna. A hérnia de disco surge quando o núcleo do disco
intervertebral migra de seu local, no centro do disco para a periferia, em direção
ao canal medular ou nos espaços por onde saem as raízes nervosas, levando à
compressão das raízes nervosas. Geralmente é decorrente de movimentos
repetitivos da flexão coluna acima de 90º.
60
3.3 Posturas Adotadas no Trabalho
O trabalho em pé:
O ficar de pé no local de trabalho exige um trabalho estático de
imobilismo para as articulações de quadris, joelhos e pés e a fadiga muscular.
Além disso, ficar de pé por um longo período, resulta em um aumento importante
da pressão hidrostática do sangue nas veias dos membros inferiores, resultando
em acúmulo de líquidos tissulares nas extremidades.
Algumas orientações de mecanismos para minimizar esse trabalho
estático podem ser dadas como, alternância na distribuição de peso entre um pé e
o outro, e realizar alongamentos de cervical e tronco durante toda jornada de
trabalho.
As conseqüências desse tipo de posição de trabalho são:
- acúmulo de sangue nos membros inferiores, com possibilidade de edema;
- exigência excessiva das válvulas venosas;
- nutrição inadequada da pele;
- formação de úlceras.
O trabalho sentado
No começo deste século começou a crescer o ponto de vista de que
a postura sentada o bem estar e o rendimento no trabalho é maior com menos
fadiga. No sentar o trabalho muscular estático com imobilismos articular é
diminuído.
No trabalho sentado encontramos algumas vantagens (alívio das
pernas, consumo reduzido de energia, alívio da circulação sanguinea) e
desvantagens (flacidez dos músculos da barriga e cifose).
61
3.4 Análise da Postura
Na prática, durante a jornada de trabalho, um trabalhador pode assumir
centenas de posturas diferentes.Em cada tipo postura, um diferente conjunto de
musculatura é acionado.
Uma simples observação visual não é suficiente para analisar as posturas
detalhadamente. Para isso foram desenvolvidas diversas técnicas para o registro
e análise da postura.
1) Sistema OWAS: Ovako Working Posture Analysing Sistem – Foi proposto
por três pesquisadores filandeses. Eles começaram com análises
fotográficas das principais posturas. A seguir foi feita uma avaliação quanto
ao desconforto, e montada uma classificação da postura no trabalho:
Classe 1: postura normal, que dispensa cuidados.
Classe 2: postura que deve ser verificada durante a próxima revisão rotineira.
Classe 3: postura que deve merecer atenção em curto prazo
Classe 4: postura que deve merecer atenção imediata.
2) Registro eletromiográfo (EMG) – Registro eletrônico da atividade muscular.
Esse método tem a vantagem de fornecer informações objetivas do registro
da atividade muscular, porém tem a desvantagem de ser um equipamento
dispendioso.
3.5 A Fadiga
Fadiga pode ser definida como o efeito de um trabalho continuado, que
provoca uma redução da capacidade do organismo e uma degradação
qualitativa do trabalho.
62
Existem diversos fatores envolvidos no processo da fadiga são eles:
fisiológicos (relacionados com a duração e intensidade do trabalho físico e
intelectual), psicológicos (monotonia, falta de motivação), ambientais e sociais.
De acordo com o tipo de trabalho a fadiga pode ser classificada em fadiga
física e psíquica. A fadiga física pode ser caracterizada por: termos
bioquímicos, provocada por esforços estáticos ou dinâmicos, reparável com o
descanso. A fadiga psíquica envolve aspectos psicofisiológicos e não é
facilmente reparável com o sono. As tarefas com excesso de carga mental
provocam a diminuição da precisão, retardando as respostas sensoriais.
Uma pessoa fatigada tende a aceitar menores padrões de precisão e
segurança, podendo aumentar os índices de erros.
A fadiga fisiológica decorre do esgotamento das reservas de energia, que se manifesta pelo baixo teor de glicose, resultando em acúmulo de ácido lático nos
músculos. A fadiga desde que não ultrapasse certos limites, é reversível e o corpo
se recupera com pausas concebidas durante o trabalho. Já, quando a fadiga está
instalada cronicamente a pessoa não se recupera com o descanso e sono, além
de aumentar a probabilidade de doenças cardíacas e mentais.
3.6 Monotonia no Trabalho
Os sistemas tradicionais de Taylor e Ford, somados as atuais gestões
produtivas, terminaram por especializar demasiadamente ofícios antes ricos em
movimentos diferenciados, fato que ocasionou não somente a sobrecarga de
estruturas específicas do corpo humano, mas também tornaram os ofícios
extremamente desagradáveis em face da monotonia recorrente.
Aparentemente quanto menor o ciclo e mais curto o tempo de trabalho
maior será a produção no fim do dia, entretanto a própria cronoanálise prova que
este conceito é questionável em virtude das perdas existentes em ciclos
63
demasiadamente curtos. Ocorre que os ciclos extremamente curtos 1 a 20
segundos contém perdas significativas intrínsecas provenientes do fato de pegar e
colocar a peça na esteira ou mesa, promovendo perdas significativas no decorrer
do dia, é o que chamamos de “tempos mortos”. Por exemplo, num determinado
posto de trabalho cujo ciclo compreende 5 segundos, há 1.3 segundos para pega
e retorno de cada peça na esteira, ocasionando uma perda de 26%. Isto é: parte
importante do tempo total do ciclo é ocupado por “tempos mortos”. Os sistemas
enriquecidos reduzem este impacto, reservando o tempo real do ciclo para
agregações proveitosas, qual é a função vital dos estudos sobre métodos de
produção. Todos os trabalhadores necessitam exercitar sua atenção e
habilidade através de atividades devidamente definidas, evitando ofícios tediosos
monótonos. Trabalhos repetitivos contidos em ciclos curtos redundam em perda
de atenção e conseqüentemente má qualidade e produção. No decorrer do dia o
operador sentirá forte sonolência, realizará parte de suas tarefas a partir da
mecanização de movimentos.
Objetivando sair da condição monótona, há por parte de muitos
colaboradores ações muito conhecidas, quais representam uma linguagem que na
maior parte das vezes representa uma ação inconsciente na busca de alívio e
reanimação. é o que podemos observar facilmente em fábricas que possuem
linhas de produção com alto grau de exigência e ciclos massivamente curtos,
promovendo situações graves em função do absenteísmo elevado e constantes
saídas dos funcionários das linhas de produção. Este fenômeno conhecido dos
supervisores e gerentes de produção, leva a diversas divagações a respeito, uma
vez que para muitos supervisores e gerentes, existe uma tendência à vadiagem.
Todavia atestados médicos, saídas inesperadas, contínuas idas ao banheiro, etc,
demonstram, não necessariamente vadiagem dos operadores como muitos
pensam, mas indícios fortes de condições sofríveis oriundas de trabalhos mal
planejados, monótonos e estressantes.
64
Operações monótonas nem sempre se caracterizam por atribuições
manuais - a fragmentação do trabalho, a falta de exigência intelectual, a
mecanização dos movimentos, são qualidades comuns dos trabalhos
contemporâneos. Escritórios e fábricas limpas, organizadas, ricas em premiações
por produtividade e qualidade, algumas vezes não possuem boa qualidade no
trabalho realizado, em contrapartida há grande quantidade.
Faz-se necessário, portanto promover avaliações sobre as condições
cognitivas através de estudos avançados, consubstanciados por estudos
específicos das condições existentes no local. O ser humano interage diretamente
com todos os fatores que o rodeiam, mesmo aqueles fatores que aparentemente
não apresentam nenhuma importância real. Ocorre que cores, tamanho e forma
de letras, espaço, ruído, iluminação e principalmente organização do trabalho,
oferecem grande importância para o projeto, declinar de qualquer valor destes,
impõe real potencial de exposição aos trabalhadores.
O intelecto humano deve impreterivelmente ser utilizado para a execução
da tarefas, os apertadores de parafusos são realidades que existiram no passado.
Entretanto não é fácil definir o grau de complexidade que deva ser atribuída à
determinada tarefa, uma vez que não existe uma equação que razoe
perfeitamente sobre o grau de eficiência em função da complexidade atribuída,
talvez a maior prova que nos leve a instituir programas mais participativos vêm
das próprias indústrias. Os funcionários hoje são mais conhecidos como
colaboradores, uma vez que participam das elaborações projetuais de diversos
departamentos. No entanto esta discussão sobre trabalhos mais participativos
revela também algumas dificuldades inerentes, uma vez que encontramos muitos
operadores intelectualmente privilegiados, em contrapartida operadores humildes
com baixo nível de instrução e alta dificuldade de aprendizagem. Como então
estabelecer o enriquecimento ou implementar células de produção a fim de
quebrar a monotonia da função, uma vez que há possibilidade de ultrapassar a
capacidade laborativa de alguns e no mesmo instante ficar longe da capacidade
65
intelectual de outros? Para responder tal argumento, devemos em primeiro lugar
entender o seguinte:
- alguns funcionários são intelectualmente privilegiados e altamente
produtivos
- alguns funcionários são intelectualmente privilegiados e não produtivos
- alguns funcionários são intelectualmente não privilegiados e produtivos
- alguns funcionários são intelectualmente não privilegiados e não
produtivos
Estas formas diversas de se dividir grupos de funcionários pelo critério
mencionado, somente poderá ser realizada pelo chefe de produção, exatamente
aquele que conhece muito bem sua equipe. A distribuição portanto deve ser feita
por grupo concomitante. Não devemos atribuir uma tarefa complexa ao indivíduo
ou grupo de indivíduos “simplórios”, ao mesmo tempo não devemos expor um
indivíduo intelectualmente privilegiado a um trabalho monótono e repetitivo. É
necessário formar a equipe pelas características de cada indivíduo ou grupo de
indivíduos, em função da característica exigida pelo posto de trabalho.
Grau de eficiência no trabalho x complexidade “conjetura”
A expressão “enriquecimento da tarefa” não somente propõe uma
reestruturação da atividade executada. O termo define uma reestruturação
66
holística do modo operatório, alterando a seqüência de movimentos, distanciando
os movimentos lesivos, melhorando o comprometimento do operador com a
atividade. Enriquecer a tarefa apresenta um, método consagrado que visa brindar
o homem sem declinar em nenhum momento da empresa. No ponto de vista
fisiológico e mental as possíveis conseqüências de um trabalho altamente
especializado e repetitivo são muito conhecidas: atrofia mental e física dos órgãos
não envolvidos durante a atividade, aumento do número de acidentes em função
da desatenção e finalmente redução da satisfação no trabalho, portanto perda de
comprometimento profissional.
Regras básicas para a redução da monotonia no trabalho
- a troca de tarefas é possível e deve ser realizada entre os postos
- enriquecimento de tarefas deve ser realizado
- implementação de células de produção
- o trabalho não deve ser composto por poucos movimentos
- o processo deve estar sob controle
- os contatos sociais são importantes durante a jornada de trabalho
- os métodos de montagem devem ser simplificados quando muito
complexos
- o nível de ruído e iluminação deve ser controlado “vide
recomendação”
- a temperatura deve ser agradável.
3.7 LER/DORT: aspectos gerais, acometimentos e sintomas
As Lesões por Esforços Repetitivos (LER)/ Distúrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho (DORT) representam um dos grupos de doenças
ocupacionais mais polêmicos no Brasil e em outros países.
Reconhecidas pela Previdência Social desde 1987 (MINISTÉRIO DE
67
ESTADO DA PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL, 1987), têm sido, nos
últimos anos, dentre as doenças ocupacionais registradas, as mais prevalentes,
segundo estatísticas referentes à população trabalhadora segurada (INSTITUTO
NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, 1997).
Esta proposta de protocolo foi elaborada com base no protocolo do Centro de
Referência em Saúde do Trabalhador da Secretaria de Estado da Saúde de São
Paulo (CEREST/SP), com sugestões de diversos serviços e pessoas,
particularmente do PST-Botucatu, CRST-Campinas, CESAT-Bahia, Coordenação
de S.T.-B.H./M.G. e dos membros do comitê de LER do Ministério da Saúde.
Em função da diversidade de experiências na abordagem das LER/DORT entre os
serviços de Saúde do Trabalhador do SUS, que inclui desde equipes recém-
formadas até serviços que já vêm realizando avaliações e reavaliações de práticas
e procedimentos, identificando os nós críticos na abordagem das LER/DORT, este
Comitê definiu pela elaboração de um Protocolo, que sendo acessível ao conjunto
dos serviços, sem pretender abordar todos os aspectos necessários,
representasse um primeiro texto técnico de uma série que poderá atender às
diferentes demandas. Portanto, este texto, ao mesmo tempo em que pode ensejar
uma uniformidade de procedimentos nos serviços, não objetiva, neste primeiro
momento, exaurir as questões envolvidas na abordagem das LER/DORT.
� Os LER/DORT que afetam o antebraço, punho e a mão podem ser:
Síndrome do túnel do carpo: A Síndrome do Túnel do Carpo é o nome de
uma situação na qual um nervo que passa na região do punho (o chamado
nervo mediano) fica submetido a uma compressão contínua, pelas estruturas
do próprio punho. Os sintomas típicos são a dormência e o formigamento nas
mãos, principalmente nas extremidades dos dedos. Esses sintomas ocorrem
ou pioram durante a noite, fazendo com que as pessoas tenham que levantar
pelo incômodo proporcionado; algumas vezes pode surgir dor em todo membro
superior. O quadro pode prolongar-se por meses ou até anos, e tende a ser
progressivo. Nos casos mais avançados pode haver perda de força para
68
segurar objetos com a mão. O diagnóstico da Síndrome do Túnel do Carpo é
baseado nos sintomas característicos e na comprovação da compressão do
nervo por um exame chamado eletroneuromiografia, o qual constata um atraso
na condução de estímulo elétrico pelo nervo mediano ao nível do punho. Na
maioria dos casos a compressão sofrida por este nervo nesta região deve-se a
um estreitamento no canal por onde ele passa, uma espécie de túnel na região
dos ossos do carpo (o Túnel do Carpo), muitas vezes devido a uma inflamação
crônica não específica de tendões que também passam por esse canal, e de
ligamentos da região.
Tendinite: Todas as palavras terminadas com o sufixo”ite” indicam um
processo inflamatório.
Definição: Inflamação aguda ou crônica dos tendões. Se manifestam com mais
freqüência nos músculos flexores dos dedos, e geralmente são provocados por
dois fatores: movimentação freqüente, e período de repouso insuficiente.
Manifesta-se principalmente através de dor na região que é agravada por
movimentos voluntários. Associados à dor, manifestam-se também edema e
crepitação na região. Essa inflamação pode ter duas causas, que são:
Mecânica (esforços prolongados e repetitivos, além de sobrecarga),
e Química (desidratação, quando os músculos e tendões não estão
suficientemente drenados, a alimentação incorreta e toxinas no organismo
podem conduzir a uma tendinite).
A tendinite tem sido alvo de preocupação tanto da medicina do esporte
quanto da medicina do trabalho. Há uma variedade de tipos de atletismo e de
ocupações que podem estar sujeitas ao problema, todas sempre relacionadas
com esforços demasiados ou repetitivos (LER: Lesões por Esforço Repetitivo).
Jogadores de futebol, handebol, vôlei, feirantes (que carregam pesadas
caixas), estivadores e até mesmo dançarinos. Ultimamente, a área de
informática tem mostrado esse problema, com o esforço repetido dos
digitadores no teclado. Sem contar os pianistas, que por estudo sistemático de
suas partituras musicais podem ser acometidos de tendinite.
69
Tenossinovite: Inflamação aguda ou crônica das bainhas dos tendões. Assim
como a tendinite os dois principais fatores causadores da lesão são:
movimentação freqüente, e período de repouso insuficiente. Manifesta-se
principalmente através de dor na região que é agravada por movimentos
voluntários. Associados à dor, manifestam-se também edema e crepitação na
região.No final deste século tem sido freqüente o surgimento de novos casos
da doença que já está sendo considerada o mal do avanço tecnológico.
A doença atinge a classe de trabalhadores que utilizam movimentos
repetitivos das mãos, como por exemplo, digitadores, caixas, datilógrafos,
pianistas, tricoteiras, jornalistas, trabalhadores de perfuradeiras vibratórias
além dos remarcadores de supermercados.
A Tenossinovite surge do atrito excessivo do tendão que liga o músculo ao
osso. Este tendão é protegido por uma bainha que é sempre cheia de um
líquido. Estes movimentos repetitivos é que provocam a inflamação do tendão,
causando a doença. Os trabalhos em locais de baixa temperatura e esforços
de peso acima dos seis quilos também podem causar o problema.
Doença de DeQuervain: Constrição dolorosa da bainha comum dos tendões do
longo abdutor do polegar e do extensor curto do polegar. Estes dois tendões
têm uma característica anatômica interessante: correm dentro da mesm
bainha; quando friccionados, costumam se inflamar. O principal sintoma é a
dor muito forte, no dorso do polegar. Um dos principais fatores causadores
deste tipo de lesão está no ato de fazer força torcendo o punho.
Síndrome do Canal de Guyon: Equivalente à Síndrome do Túnel do Carpo,
porém mais rara, atingindo o nervo ulnar, na sua passagem através do Canal
de Guyon ou túnel em torno do osso pisiforme.
70
Síndrome do Pronador Redondo: Ocorre pelo compressão do nervo mediano
abaixo da prega do cotovelo. Essa compressão pode acontecer entre os dois
ramos musculares do músculo pronador redondo, ou da fáscia do bíceps, ou
na arcada dos flexores dos dedos.
� As LER/ DORT que afetam o cotovelo podem ser:
Epicondilite: Provocadas por ruptura ou estiramento dos pontos de inserção dos
músculos flexores ou extensores do carpo no cotovelo, ocasionando processo
inflamatório local que atinge tendões, fáscias musculares, músculos e tecidos
sinoviais. No epicôndilo lateral inserem-se especialmente os músculos extensores,
e no epicôndilo medial os músculos flexores. Por isso existem 2 tipos de
epicondilite:
- Epicondilite medial: pode haver comprometimento do nervo ulnar;
- Epicondilite lateral: pode haver comprometimento do nervo radial.
Em ambos os casos o acometimento é devido à proximidade dos citados
nervos aos epicôndilos.
� As LER/DORT afetam o ombro podem ser:
Tendinite: Inflamação aguda ou crônica dos tendões que compõem a
articulação do ombro.
Síndrome do desfiladeiro torácico: É devida à compressão do plexo
braquial em sua passagem pelo chamado desfiladeiro torácico, formado pela
clavícula, primeira costela, músculos escalenos interior e médio e fáscias
dessa região, que determinam um estreito canal, que pode tornar-se ainda
mais exíguo quando encontramos pequenas alterações anatômicas ou outras
alterações decorrentes de traumas locais, vícios de postura e fatores
71
ocupacionais, tais como carregar carga pesada nos ombros ou trabalhar
com a cabeça elevada, ou também de utilização do membro superior.
Bursite: O ombro possui grandes bolsas (bursas) para movimentos livres de
atrito entre os tendões e seus tecidos subjacentes. Cada uma delas poderá
inflamar-se, porque você esteve usando o ombro de forma errada durante alguma
atividade ou devido a uma lesão num tendão ou em alguma das outras estruturas
articulares, que causou irritação.
Toda vez que você move o ombro de modo a contrair ou
irritar a bolsa inflamada há uma reação de dor. No topo
do ombro, a bursite provoca dor quando você estende o
braço lateralmente ou quando o volta para frente com a
palma da mão virada para baixo. Estando a bursite
localizada na parte posterior do ombro, a dor se
manifesta pela torção do braço em ambas as direções.
Pode haver também uma sensação de “mordida” num
determinado ponto do movimento do ombro.
É difícil distinguir a dor da bursite e a de um estiramento de músculo ou
tendão. A principal diferença é que a Segunda se manifesta pelo acionamento ou
alongamento do músculo, ao passo que a primeira está relacionada com o
movimento do ombro, mesmo estando você completamente relaxado, por exemplo
se deixa os braços oscilarem à deriva na superfície da água numa piscina. A
bursite pode tornar-se mais dolorosa, se o problema se agravar, mas a dor será
sentida sempre no mesmo lugar, toda vez que a bolsa é contraída numa posição
que a irrite.
Síndrome do Manguito rotador: Os músculos que compõem o manguito podem
sofrer lesões, porém o mais freqüente é a lesão crônica em movimentos
repetitivos de ombro acima de 100º e abaixo de 120º, podendo resultar em edema
72
até a ruptura total de um ou vários músculos do manguito. Existe uma relação
entre a síndrome de impacto e a degeneração do manguito. O impacto ocorre
entre o manguito (geralmente o supra espinhoso) e a porção Ântero-inferior do
acrômio, o ligamento coraco-acromial e a articulação acromioclavicular.
Os sintomas LER/DORT são:
• Limitação de movimentos;
• Deformidade;
• Diminuição da força;
• Perda da capacidade funcional;
• Dormência;
• Ardência ;
• Dor;
• Formigamento;
• Cãibra;
• Enrijecimento.
73
EAP Ergonomia: programas e recursos ___________________________________________________________________
4.Estruturação da
Análise Ergonômica
74
4. ESTRUTURAÇÃO DA ANÁLISE ERGONÔMICA
Matriz da Análise Ergonômica do Trabalho
Para a Ergonomia a mensuração admite dimensões quantitativas, que
correspondem ao senso comum acerca de mensurações, mas também,
qualitativas, como por exemplo, as que registram uma mudança de estado, ou
uma mudança de atitude.
Para que o ergonomista desenvolva uma Análise Ergonômica do Trabalho
(AET), faz-se necessário inicialmente estruturar todo o processo ergonômico,
seguindo esses quatro passos fundamentais.
Após, seguirmos e realizarmos todos esses passos, praticamente a Análise
Ergonômica do Trabalho já poderá ser desenvolvida e completada.
75
4.1: 1º Passo: Análise dos 5 Fundamentos da Intervenção Ergonômica
1. Reduzir a força 2. Eliminar posturas incorretas 3. Reduzir a repetitividade 4. Eliminar a compressão mecânica 5. Reduzir o grau de tensão no trabalho. Reduzindo a força
Como regra geral o trabalho não deve exigir mais do que 20% da
capacidade máxima de um determinado grupo muscular, de forma prolongada ou
repetitiva.Outra regra importante é procurar um bom ajuste na relação (intensidade
de força) x (duração da mesma). Por exemplo, quando se reduz a intensidade de
uma força para 10% da força máxima daquele grupo muscular, o trabalho poderá
ser desenvolvido 5 a 6 vezes mais rapidamente do que este mesmo grupo
executando 60% ou mais de sua força máxima.Isto quer dizer que a fadiga no
trabalho é influenciada mais pela intensidade da força que pela duração da
mesma.
Eliminando posturas incorretas
- Mudar a ferramenta de posição para evitar flexão do ombro
- Possibilitar a mudança do trabalhador ao redor do ponto de trabalho
- Utilizar apóia braços
- A altura do ponto de trabalho deve ser obtida através do estudo
antropométrico
Quando o trabalho exigir abdução constante dos braços, providenciar
suporte macio para os braços.
Reduzindo a repetitividade
76
Trabalhos que tenham um ciclo inferior a 30 seg, ou cujo qualquer de seus
movimentos ocupar mais de 50% do ciclo total é considerado trabalho repetitivo.
Método muito interessante que consiste na reestruturação da tarefa, de
modo que cada trabalhador ocupe um número maior de atividades, aumentando a
distancia entre movimentos lesivos, reduzindo, portanto a repetitividade.
Mecanismos que Intensificam a redução da repetitividade
• Mecanização: Utilizar dispositivos automáticos, visando eliminar
operações muito repetitivas.
• Rodízios: Existem dois aspectos importantes para a aplicação de
qualquer rodízio entre postos: a quantidade de rodízio necessária
e a qualidade do rodízio.
A escolha do tipo ideal de rodízio esta intrinsecamente ligada à
classificação dos postos, visto que somente através do mapeamento de todas as
operações, o ergonomista poderá identificar os movimentos predominantes de
cada operação, para assim fazer a escolha correta de um outro posto que não
possua tais movimentos. O rodízio deve ser encarado como paliativo, e não
solução do problema, muitas modificações são demoradas, principalmente
aquelas que dependem de mudanças no produto.
Redução da compressão mecânica
- Almofada para apoiar os cotovelos
- Borda da mesa arredondada
- Manoplas tão largas quanto o possível (30 a 35 mm) preensão (6 a
10 mm) pinça
77
- Manoplas cobertas com plástico semideformável ou espuma
- Os cabos devem ultrapassar a palma da mão
- As tesouras ou similares devem possuir molas fracas
- Quando necessário às mesas devem possuir bordas almofadadas
- As ferramentas devem possuir bordas arredondadas
- As ferramentas devem ter bom atrito, evitando necessidade do
aumento da força para pega
Redução do grau de tensão no trabalho
Trata-se de um conjunto de medidas de Engenharia Industrial, Relações
Trabalhistas e Manufatura, que resulta num clima mais descontraído e menos
tenso. A padronização e definição das regras de produção, representa hoje objeto
valioso de estudo de diversos especialistas da área, qual via de regra preconizam
em seus ideários à necessidade de sistemas mais voltados ao controle dos
processos e menos rígidos com os homens.
Ao instituir a linha de montagem, fazer um estudo correto de cronoánalise
antes de estabelecer o tempo-padrão.
- Instituir sistema de auditagem das velocidades das linhas
- Evitar o uso do tempo observado ou medido através de poucas
leituras.
- Dimensionar o TEMPO PADRÃO, levando-se em conta as folgas
necessárias para fadiga, perdas inevitáveis, necessidades pessoais e
ergonomia.
- Desenvolver alternativas para substituição de pessoal nas esteiras de
produção, não permitindo em hipótese alguma que um funcionário
faça o trabalho de dois.
- Preferir a situação em que o próprio funcionário passa a peça para
frente, ao invés da condição em que a peça chega até
ele.(recomendação válida somente para peças pequenas)
78
- Nunca aumentar a velocidade da linha sem estudo específico da
Engenharia Industrial.
- Fazer cuidadosamente a programação da produção, evitando correria
de última hora.
- Não permitir aumento de velocidade nas últimas horas do dia, visando
tirar o atraso.
- Identificar os gargalos da linha.
- Identificar a capacidade do processo.
- Eliminar prêmios e exortações injustas, Ex: obj 1000 - parabéns 1010 -
péssimo 990
- Esclarecer aos trabalhadores as metas, prazos e meios de se
conseguir a produção almejada.
- Eliminar o medo da demissão caso o objetivo não for alcançado.
- Eliminar premiações por pessoa.
- Eliminar o método do Terrorismo Gerencial. “O gerente mandou“
- Cuidado com a discriminação velada aos que não atingem a
produção.
79
4.2: 2º Passo: Aplicação do Check List Administrativo e Geral
EHS N.º /
AVALIAÇÃO ERGONÔMICA GERAL - FÁBRICA POSTO TRABALHO/OPERAÇÃO :( CHECK LIST DE TRIAGEM ) N.º PEÇA / CONJUNTO :
Situação Atual Situação Proposta Outras:
QUESTÕES QUESTÕES
1 A temperatura está ambiente ? N.A. NÃO 0 SIM 1 26 O diâmetro de pega no utensílio está adequado? N.A. NÃO 0 SIM2 Há flexibilidade para variação postural ? N.A. NÃO 0 SIM 1 27 A posição de pinça das mãos é exercida com força? N.A. SIM 0 NÃO3 O ciclo de trabalho é menor que 30 segundos ? N.A. SIM 0 NÃO 1 28 A força exercida pelos dedos é pequena? N.A. NÃO 0 SIM4 Há repetitividade de algum tipo de movimento ? N.A. SIM 0 NÃO 1 29 Há flexão ou extensão significativa e obrigatória dos punhos? N.A. SIM 0 NÃO5 Há pequena pausa entre um ciclo e outro do trabalho ? N.A. NÃO 0 SIM 1 30 Há desvio lateral significativo e obrigatório dos punhos? N.A. SIM 0 NÃO6 Há rodízio de tarefas ? N.A. NÃO 0 SIM 1 31 Sustenta-se pesos com os membros superiores ? (+ 5 Kg) N.A. SIM 0 NÃO7 Há frequência em horas extras ? N.A. SIM 0 NÃO 1 32 Há elevação dos braços ou abertura lateral dos ambros? (+ 60º) N.A. SIM 0 NÃO8 Há flexibilidade de horário no trabalho ? N.A. NÃO 0 SIM 1 33 Há elevação dos braços acima do nível dos ombros? N.A. SIM 0 NÃO9 O rítmo exige demanda de atenção ? N.A. SIM 0 NÃO 1 34 A coluna permanece em posição neutra o maior tempo? N.A. NÃO 0 SIM
10 O posto de trabalho tem regulagens satisfatórias ? N.A. NÃO 0 SIM 1 35 Há trabalho em pé parado acima de 60% do tempo da jornada ? N.A. SIM 0 NÃO11 Há flexibilidade na disposição das ferramentas/utensílios? N.A. NÃO 0 SIM 1 36 Faz-se esforço forte com a coluna ? (+ 10 Kg) N.A. SIM 0 NÃO12 Há ferramentas vibratórias? N.A. SIM 0 NÃO 1 37 Há necessidade de abaixar-se com frequencia? (1 x/min) N.A. SIM 0 NÃO13 A vibração se estende por todo o corpo? N.A. SIM 0 NÃO 1 38 Estando sentado, fica-se em posição estática ? (apoio/neutralidade) N.A. SIM 0 NÃO14 O tronco e cabeça estão na vertical ? (neutralidade) N.A. NÃO 0 SIM 1 39 Há espaço suficiente para as pernas (sentado) ? N.A. NÃO 0 SIM15 Há contrações estáticas por tempo prolongado ?(+ 20 seg.) N.A. SIM 0 NÃO 1 40 A cadeira é ergonômica e regulável? N.A. NÃO 0 SIM16 O pescoço está envolvido? N.A. SIM 0 NÃO 1 41 Os pés estão apoiados? (sentado) N.A. NÃO 0 SIM17 Existe dificuldade visual? N.A. SIM 0 NÃO 1 42 Aperta-se pedais mais do que 3 vezes por minuto ? N.A. SIM 0 NÃO18 Os braços trabalham na vertical ou próximo? N.A. NÃO 0 SIM 1 43 A altura do pedal é inferior à 10 cm ? N.A. NÃO 0 SIM19 Há postura forçada dos MMSS? (alcance e neutralidade) N.A. SIM 0 NÃO 1 44 A ferramenta pesa mais de 1 Kg.? N.A. SIM 0 NÃO20 Os objetos manipulados estão dentro do alcance ? (50 cm) N.A. NÃO 0 SIM 1 45 Há balancim colocado corretamente nas ferramentas? N.A. NÃO 0 SIM21 Ombros sofrem movimentos giratórios N.A. SIM 0 NÃO 1 46 Distância horizontal da manipulação de cargas é menor 25 cm? N.A. NÃO 0 SIM22 O contato da mão é com metal? N.A. SIM 0 NÃO 1 47 Deslocamento vertical acima/abaixo 25 cm relação à cintura? N.A. SIM 0 NÃO23 Há contato frequente das mãos/punhos com quinas vivas? N.A. SIM 0 NÃO 1 48 As peças manipuladas são de grande volume? N.A. SIM 0 NÃO24 A tarefa pode ser feita sem luvas? N.A. NÃO 0 SIM 1 49 O trabalho exige pouco da capacidade cárdio-respiratória? N.A. NÃO 0 SIM
25 As mãos fazem pouca ou nenhuma força? N.A. NÃO 0 SIM 1
91 a 100% pontos = Excelente Computar somente ítens Itens Favoráveis: Total Respostas : 71 a 90% pontos = Boa aplicáveis e percentual 51 a 70% pontos = Aceitável proporcional. % : Condição Ergonômica: 31 a 50% pontos = Moderada Menos 31% pontos = a Melhorar Observações :
AVALIADOR :
DATA :
CHECK LIST PARA MAPEAMENTO ERGONÔMICO
/ /
80
EHS N.º /
AVALIAÇÃO SIMPLIFICADA ADMINISTRAÇÃO POSTO TRABALHO/OPERAÇÃO :ÁREA :
Situação Atual Situação Proposta Outras:QUESTÕES QUESTÕES
1 Esforço muscular estático? N.A. SIM NÃO 1 21 O teclado é destacável do vídeo? N.A. NÃO 0 SIM 1
2 Cadeira estofada? N.A. NÃO 0 SIM 1 22 O teclado tem seu próprio suporte? N.A. NÃO 0 SIM 1
3 Altura do assento da cadeira é regulável? N.A. NÃO 0 SIM 1 23 A altura do suporte do teclado é regulável? N.A. NÃO 0 SIM 1
4 Apoio dorsal da cadeira é regulável ? ( inclinação e altura ) N.A. NÃO 0 SIM 1 24 Este ajuste pode ser feito facilmente? N.A. NÃO 0 SIM 1
5 Acionamento fácil das regulagens da cadeira? N.A. NÃO 0 SIM 1 25 As dimensões são apropriadas, inclusive para o mouse? N.A. NÃO 0 SIM 1
6 Assento com borda arredondada? N.A. NÃO 0 SIM 1 26 Há suporte para o punho ? N.A. NÃO 0 SIM 1
7 A cadeira está com boa estabilidade ? N.A. NÃO 0 SIM 1 27 É possível mexer o teclado mais para perto ou longe? N.A. NÃO 0 SIM 1
8 Forma do encosto acompanha curvatura da coluna? N.A. NÃO 0 SIM 1 28 Existe suporte para documentos? (distância / ângulo / regulagem) N.A. NÃO 0 SIM 1
9 Espaço para acomodação das nádegas? N.A. NÃO 0 SIM 1 29 O espaço para o documento é suficiente? N.A. NÃO 0 SIM 1
10 Cadeira giratória? N.A. NÃO 0 SIM 1 30 A legibilidade do documento é satisfatória? N.A. NÃO 0 SIM 1
11 Rodízios adequados? N.A. NÃO 0 SIM 1 31 Há apoio disponível para os pés? N.A. NÃO 0 SIM 1
12 A cadeira tem 5 patas ? N.A. NÃO 0 SIM 1 32 O sistema de trabalho permite variação postural? N.A. NÃO 0 SIM 1
13 Os braços da cadeira prejudicam a aproximação? N.A. SIM 0 NÃO 1 33 A iluminação do ambiente está entre 450 e 550 lux? (medir com EHS)N.A. NÃO 0 SIM 1
14 A mesa tem espaço apropriado para a função? N.A. NÃO 0 SIM 1 34 A temperatura é adequada? (24+/- 2ºC - medir com Isotherm) N.A. NÃO 0 SIM 1
15 Mesa tem regulagem de altura? N.A. NÃO 0 SIM 1 35 O nível sonoro é menor que 65 decibéis? (medir com EHS) N.A. NÃO 0 SIM 1
16 A borda da mesa é arredondada ? N.A. NÃO 0 SIM 1 36 Existem pausas pré programadas? (Ergo Centre) N.A. NÃO 0 SIM 1
17 Espaço sufuciente para as pernas ? ( altura, largura e prof )N.A. NÃO 0 SIM 1 37 Uso frequente do telefone para a função? N.A. SIM 0 NÃO 1
18 Altura do monitor está adequada ao usuário? N.A. NÃO 0 SIM 1 38 Existe Head Set? N.A. NÃO 0 SIM 1
19 A visão está livre de reflexos? N.A. NÃO 0 SIM 1 39 Utiliza Notebook? N.A. SIM 0 NÃO 1
20 Há tremores na tela? N.A. SIM 0 NÃO 1 40 Existe suporte / mouse / teclado acoplados ao notebook? N.A. NÃO 0 SIM 1
91 a 100% pontos = Excelente Computar somente ítens Itens Favoráveis: Total Respostas : 71 a 90% pontos = Boa aplicáveis e percentual 51 a 70% pontos = Aceitável proporcional. % : Condição Ergonômica : 31 a 50% pontos = Moderada Menos 31% pontos = a Melhorar Observações :
AVALIADOR :
DATA :
CHECK LIST PARA MAPEAMENTO ERGONÔMICO
acetitável
81
4.3: 3º Passo: Aplicação das Ferramentas de Avaliação
4.3.1 Ferramenta: Moore & Garg
Índice de Moore e Garg
LINHA AUDITOR
POSTO DATAClassificação Caracterização Mult. Enc. Observações
Intensidade do esforço ( FIT )
Leve Tranquilo 1.0Médio Percebe-se algum esforço 3.0Pesado Esforço nítido; sem expressão facial 6.0Muito Pesado Esforço nítido; muda a expressão facial 9.0Próx. máximo Usa tronco e membros 13.0
XDuração do Esforço ( FDE )
< 10% do ciclo 0.510-29% do ciclo 1.030-49% do ciclo 1.550-79% do ciclo 2.0> 80% do ciclo 3.0
XFrequencia do Esforço ( FFE )
< 4 por minuto 0.54 - 8 por minuto 1.09 - 14 por minuto 1.515-19 por minuto 2.0> 20 por minuto 3.0
XPostura da Mão-Punho ( FPMP )
Muito boa Neutro 1.0Boa Próxima do neutro 1.0Razoável Não neutro 1.5Ruim Desvio nítido 2.0Muito ruim Desvio próximo do máximo 3.0
XRitmo do trabalho ( FRT )
Muito lento =< 80% 1.0Lento 81-90% 1.0Razoável 91-100% 1.0Rápido 100-115% ( apertado porém acompanha ) 1.5Muito rápido > 115% ( apertado, não acompanha ) 2.0
XDuração do trabalho ( FDT )
=< 1 hora por dia 0.251-2 horas por dia 0.502-4 horas por dia 0.754-8 horas por dia 1.0 > 8 horas por dia 1.5
ÍNDICE ( FITxFDExFFExFPMPxFRTxFDT ) = 0,00
< 3.0 Baixo Risco
Interpretação 3.0 - 7.0 Duvidoso RESULTADO
> 7.0 Risco
82
4.3.2 Ferramenta: SueRodgers
ANÁLISE DE POSTOS DE TRABALHO MÉTODO
Revisado 2001 SUE RODGERSThomas E. Bernard
LINHA AUDITOR VERDE Outros
DATA
NÍVEL 1- Baixo TEMPO 1= 0 a 6 seg ESFORÇOS 1 = 0 a 1 AMARELO 1 2 3DE 2- Moderado DE 2= 6 a 20seg POR 2 = 1 a 5 1 3 2
ESFORÇO 3- Pesado ESFORÇO 3= 20 a 30seg MINUTO 3 = 5 a 15 2 1 34 > 30seg 4 > 15 2 2 2
E D E D E D 2 3 1 PESCOÇO 2 3 2
3 1 2
OMBROS
VERMELHOTRONCO 2 2 3
3 1 3BRAÇOS 3 2 1
3 2 2
MÃOS-PUNHO
DEDOS VIOLETA 3 2 33 3 1
PERNAS 3 3 2PÉS / DEDOS X4X
XX4
NÍVEL DE ESFORÇO RESULTADO
BAIXO ( 0 - 30% ) MODERADO ( 30 - 70% ) PESADO ( 70 - 100 % )PESCOÇO A cabeça gira parcialmente A cabeça gira totalmente para o lado Igual ao moderado porém
A cabeça esta ligeiramente para frente A cabeça esta totalmene para trás com aplicação de forçaA cabeça está para frente aprox. 20 º A cabeça esta flexionada acima de 20º
OMBROS Braços ligeiramente abduzidos Braços abduzidos sem suporte Aplica força ou sustentandoBraços extendidos com algum suporte Braços flexionados (nível Do ombro) pesos com os braços
separados do corpo
TRONCO Inclina ligeiramente para o lado Flexiona para frente sem carga Levantando ou aplicandoFlexiona ligeiramente o tronco Levanta carga de peso moderado força com rotação
próximo ao corpo Grande força com flexãoTrabalho próximo ao nível da cabeça do tronco
BRAÇOS Braços ligeiramente afastados do Rotação do braço, exigindo força Aplicação de grande forçaANTE-BRAÇOS corpo sem carga moderada ( 1 <F< 2 Kg) com rotação
Aplicação de pouca força ou Levantamento de cargas levantando pequena carga com os braços extendidospróxima ao corpo (F<1 kg) (F > 2Kg)
MÃOS Aplicação de pequena força em Area de agarre grande ou estreita Pinçamento com dedosPUNHOS objetos próximos ao corpo Moderado angulo do punho especial - Punho angulado com forçaDEDOS Punho reto, com aplicação de força mente em flexão (F > 1 Kg)
para agarre pequena (F < 1 Kg) Uso de luvas com força moderada Superfície escorregadia ( 1 < F < 2Kg) ( F > 2Kg)
PERNAS Parado, caminhando sem Flexão para frente Exercendo grandes forças JOELHOS flexionar-se Inclinar-se sobre a mesa de trabalho para levantamento dePÉS Peso do corpo sobre os dois pés Peso do corpo sobre um pé algum objetoDEDOS Girar o corpo sem exercer força Agachar-se exercendo
força
83
4.3.3 Ferramenta: RULA
A - Análise dos Membros Superiores e Punhos PONTUAÇÃO B - Análise de Pescoço, Tronco e PernasPasso 1: Identificar a posição do seguimento superior dos braços Tabela A Passo 9: Identificar a posição do pescoçoObservar a Figura 1 e pontuar utilizando o seguinte critério PUNHO Observar a Figura 4 e pontuar utilizando o seguinte critério
1 2 3 41 = Para 20º de extensão e 20º de flexão Braço Ante- 1 = Para flexão de 0º a 10º2 = Para extensão maior que 20º Braço 1 2 1 2 1 2 1 2 2 = Para flexão de 10º a 20º2 = Para flexão entre 20º e 45º 3 = Para flexão maior que 20º3 = Para flexão entre 45º e 90º 1 1 2 2 2 2 3 3 3 4 = Extensão4 = Para flexão maior que 90º +1 = Adicionar 1 para pescoço rotacionado+1= Adicionar 1, quando o ombro estiver elevado. 1 2 2 2 2 2 3 3 3 3 +1 = adicionar 1 para inclinação lateral do pescoço+1= Adicionar 1 para braço abduzido-1= Subtrair 1 quando o braço estiver suportado por algum apoio 3 2 3 2 3 3 3 4 4 = Pontuação final para pescoço
Pontuação final para braços=1 2 2 2 3 3 3 4 4 Passo 10: Identificar a posição do tronco
Passo 2: Identificar a posição dos antebraços Observar a Figura 5 e pontuar utilizando o seguinte critérioObservar a Figura 2 e pontuar utilizando o seguinte critério 2 2 2 2 2 3 3 3 4 4
1 = Para trabalho sentado com as costas bem apoiadas e ângulo1 = Para flexão entre 60º e 100º 3 2 3 3 3 4 4 4 5 entre coxas/tronco entre 90º e 110º.2 = Para flexão com menos que 60º e mais que 100º 2 = Para flexão do tronco para posição em pé entre 0º e 20º+1 = Adicionar 1, quando o antebraço trabalhar cruzando a linha 1 2 3 3 3 4 4 5 5 3 = Para flexão do tronco para posição em pé entre 20º e 60º média do corpo 4 = Para flexão do tronco maior que 60º na posição em pé+1 = Adicionar 1 quando o antebraço estiver aberto em relação ao 3 2 2 3 3 3 4 4 5 5 +1 = Adicionar 1 para rotacionamento do tronco tronco. +1 = Adicionar 1 para inclinação lateral do tronco
3 2 3 3 4 4 4 5 5 = Pontuação final para o troncoPontuação final para antebraço=
1 3 4 4 4 4 4 5 5 Passo 11: PernasPasso 3: Identificar a posição do punho 1= Para pés e pernas apoiados na posição sentadoObservar a Figura 3 e pontuar utilizando o seguinte critério 4 2 3 4 4 4 4 4 5 5 1 = Para posição em pé com o peso do corpo distribuído em ambos os pés
2 = Para pés e pernas sem suporte, em pé ou sentado1 = Para punho em posição neutra 3 3 4 4 5 5 5 6 6 = Pontuação final para pernas.2 = Para flexão ou extensão entre 0º e 15º3 = Para flexão ou extensão maior que 15º 1 5 5 5 5 5 5 6 7 Tronco+1 = para próximo ao máximo 1 2 3 4 5 6
5 2 5 6 6 6 6 7 7 7Pescoço 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2
Pontuação final para punho= 3 6 6 6 7 7 7 7 8 1 2 1 2 2 3 3 4 4 4 4 4 Tabela B1 2 2 2 3 4 4 5 5 5 5 5
Passo 4: Lateralização do punho 1 7 7 7 7 7 8 8 9 2 2 2 3 3 4 4 5 5 5 6 6+1 = Para desvio radial ou ulnar 2 3 2 3 3 4 4 5 6 6 6 6+1 = Para trabalho com rotação de punho. 6 2 7 8 8 8 8 9 9 9 3 4 4 4 4 5 5 6 6 6 6 6
Pontuação da laterização do punho=3 9 9 9 9 9 9 9 9 Passo 12: Resumo da pontuação de posturas na Tabela B
Passo 5: Resumo da pontuação da tabela A Use os valores dos passos 8,9 e 10 para localizar a pontuaçãoUse os valores dos passos 1,2,3 e 4 para identificar a Tabela C de posturas na tabela Bpontuação da postura na Tabela A 1 2 3 4 5 6 7+ =Pontuação de Postura
Pontuação da postura - Tabela A= 1 1 2 3 3 4 5 52 2 2 3 4 4 5 5 + Passo 13: Adicionar a pontuação do trabalho muscular
Passo 6: Adicionar a pontuação do Trabalho Muscular. 3 3 3 3 4 4 5 6 Se a postura é estática = adicionar 1Se a postura é estática = adicionar 1 + 4 3 3 3 4 5 6 6 Se a postura é dinâmica, mais que 4 mov./minuto: adicionar 1Se a postura é dinâmica, mais que 4 mov./minuto: adicionar 1 5 4 4 4 5 6 7 7 = Pontuação do esforço muscular
Pontuação do trabalho muscular = 6 4 4 5 6 6 7 77 5 5 6 6 7 7 7 Passo 14: Adicionar pontuação de força/carga
Passo 7: Pontuação da força/carga adicional 8+ 5 5 6 7 7 7 7 0 = Carga intermitente ou força menor que 2 Kg0 = Carga intermitente ou força menor que 2 Kg + 1 = carga intermitente ou força de 2 a 10 Kg 1 = carga intermitente ou força de 2 a 10 Kg + 2 = Repetição ou carga estática e forças de 2 a 10 Kg2 = Repetição ou carga estática e forças de 2 a 10 Kg 3 = Repetição ou carga estática e forças maiores que 10 Kg3 = Repetição ou carga estática e forças maiores que 10 Kg 3 = Carga ou força com aceleração do movimento 3 = Carga ou força com aceleração do movimento (Ação de sacudir e/ou dar solavancos) (Ação de sacudir e/ou dar solavancos) Cruzamento: Linha x Coluna = Pontuação de força/carga
Pontuação de força/carga=Passo 15: Identificação da coluna correspondente na Tabela C.
Passo 8: Identificação da linha correspondente da Tabela C = A pontuação obtida da análise do pescoço, tronco e pernasA pontuação obtida da análise dos membros superiores e punho = será usada para identificar a coluna correspondente na tabela Cserá usada para identificar a linha correspondente na tabela C = Pontuação final do pescoço, tronco e pernas
Pontuação final dos membros superiores e punho =
Nome: Função/Operação: Luminosidade:
Área/Departamento: Analista: Data: Temperatura:
Pontuação Final
2345
RULA - Avaliação Rápida da Postura dos Membros Superiores
Laterização - Punho
Pernas
1
4.3.4 Ferramenta: NIOSH
O Guia NIOSH de Levantamento de Cargas (1991)
� O Instituto Nacional de Segurança e Saúde (NIOSH -- National Institute of Safety & Health) oferece um modelo de avaliação de risco denominado Guia NIOSH de Levantamento de Cargas (NIOSH Lifting Guide), o qual poderá ser utilizado como ferramenta para avaliar o esforço físico despendido na execução de tarefas manuais de levantamento que exijam a utilização das duas mãos. NIOSH 1991 (EQUAÇÃO REVISADA DE LEVANTAMENTO DE CARGAS)
84
Os males atribuídos ao levantamento manual de cargas para atividades
continuas, são uma das preocupações dos profissionais de Saúde e Segurança
Ocupacional. Apesar dos esforços no controle, incluindo programas direcionados a
trabalhadores e postos, os males da coluna relacionados ao trabalho continuam
aumentando com significativa proporção, lesando pessoas e aumentando os
custos no tratamento para reabilitação.
Somente nos E.U.A., segundo o Departamento de Estatística do
Ministério do Trabalho (D.O.L.), os traumas na coluna são aproximadamente 20 %
de todas as lesões e queixas relacionadas ao trabalho e em torno de 25 % dos
custos de afastamentos remunerados dos trabalhadores. O mais recente relatório
do Conselho Nacional de Segurança do Trabalho (EUA) indica que a sobrecarga
física é a causa mais comum de doenças ocupacionais, contabilizando 31 % de
todas as doenças. A coluna é a parte do corpo mais lesada (22% dos 1,7 milhões
de lesões) e a mais dispendiosa do sistema de compensação dos trabalhadores.
Mais de 10 anos atrás, o Instituto Nacional de Saúde e Segurança
Ocupacional (NIOSH) reconheceu o aumento dos problemas de lesões nas costas
relacionadas ao trabalho, e publicou o Guia Prático de Levantamento manual de
Cargas (NIOSH WPG, 1981). O NIOSH WPG (1981) continha um sumário da
literatura relacionado ao manuseio de cargas anterior a 1981; procedimentos
analíticos e a equação de levantamento de carga para calcular o peso
recomendado durante uma tarefa simétrica utilizando-se as duas mãos; e um dado
aproximado para controle dos riscos de lesões no levantamento manual. Este
dado foi chamado de limite de ação (AL), um termo resultante que designou o
peso recomendado derivado da equação de levantamento.
Em 1985 o NIOSH conveniado ao Comitê "ad hoc" de experts revisaram a
literatura corrente sobre levantamento, incluindo a equação NIOSH WPG (1981).
A literatura revisada foi sumarizada em um documento intitulado "Documentação
Científica de Auxílio à Equação Revisada de Levantamento de Carga NIOSH
1991. Baseado nos resultados da literatura revisada, o comitê recomendou
critérios definindo a capacidade de levantamento para trabalhadores sadios.
85
O Comitê utilizou estes critérios para formular a equação revisada de
levantamento e foi formado por M.M.Ayoub, Donald B. Chaffin, Colin G. Drury,
Arun Garg e Suzanne Rodgers, os representantes do NIOSHI incluíram Vem Putz-
Anderson e Thomas R. Waters.
Todavia, a equação revisada não é infalível, o limite de peso
recomendado derivado da equação é consistente com a literatura, mas deve ser
interpretado como um dado técnico e não definitivo. Além disso, a aplicação
adequada da equação revisada é mais apropriada para proteger a saúde dos
trabalhadores em face da grande variedade de tarefas de levantamento, do que
antigos métodos que confiavam em um único fator ou critério.
Finalmente, podemos salientar que a equação de levantamento NIOSH
1991 é somente uma das ferramentas para prevenção de lesões nas costas e
afastamentos, uma vez que não é a única. Além disso, o levantamento de cargas
é somente um dos fatores que podem gerar estas lesões. Outras causas tem sido
estabelecidas como fatores de risco como a vibração em todo o corpo, postura
estática, prolongado período de trabalho sentado e traumas diretos sobre as
costas. Portanto a aplicação da equação revisada NIOSH 1991 deve ser parte, de
um processo de investigação/prevenção de queixas relacionadas à coluna/costas,
direcionando os usuários a solução dos problemas dos postos de trabalho.
O Guia NIOSH de Levantamento de Cargas assume um formato algébrico
geral, da seguinte forma: RWL = LC X HM X VM X DM X AM X FM X CM Limite de Peso Recomendado (RWL)
• O RWL é o principal produto da Equação de Levantamento da NIOSH (NIOSH Lifting Equation)
• O RWL é definido para uma tarefa ou condição específica
� O RWL representa o peso da carga que 99% das pessoas saudáveis
do sexo masculino e 75% das pessoas saudáveis do sexo feminino
86
poderiam erguer num determinado espaço de tempo (1, 2 ou 8 horas)
Esta equação não se aplicará caso ocorra alguma das seguintes
situações:
• Erguer/baixar utilizando apenas uma das mãos • Erguer/baixar durante mais de 8 horas • Erguer/baixar enquanto sentado ou ajoelhado • Erguer/baixar num espaço restrito de trabalho • Erguer/baixar objetos instáveis • Erguer/baixar ao mesmo tempo em que carrega, empurra ou puxa • Erguer/baixar fazendo movimentos bruscos (velocidade acima de
aproximadamente 30" (76 cm)/segundo) • Erguer/baixar com carrinho de mão ou pá • Erguer/baixar com contato pé/piso inadequado (coeficiente de fricção entre
a sola do calçado e o piso < 0.4) • Erguer/baixar em ambiente inadequado (isto é: com temperaturas acima
dos limites entre 66-79°F (19-26°C), e/ou umidade relativa fora dos limites de 35-50% Constantes do Guia NIOSH de Levantamento de Cargas
Constante Sistema Métrico Sistema usual nos EUA
LC = Constante de Carga 23 kg 51 LB
HM = Multiplicador horizontal (24/H) (10/H)
VM = Multiplicador vertical (1 – 0.003 V – 75) (1 – 0.0075V – 30)
DM = Multiplicador de distância (0.82 +4.5/D) (0.82 + 1.8/D)
AM = Multiplicador de assimetria (1 – 0.00032A) (1 – 0.0032A)
FM = Multiplicador de freqüência Faixa .21 – 1.00 Faixa .21 – 1.00
CM = Multiplicador de contato 1.00, .95 ou .90 1.00, .95 ou .90
87
Variáveis do Guia NIOSH de Levantamento de Cargas a serem medidas
• H = Localização Horizontal A localização horizontal se refere à distância entre o ponto médio das
mãos do operador e o ponto médio dos seus tornozelos. Essa distância não poderá ser menor do que 10" (25 cm) nem maior do que 25" (63 cm).
Multiplicador Horizontal (HM) H (pol/cm) HM H (pol/cm) HM <10/25.4 1.00 18/45.7 0.56 10/25.4 1.00 19/48.3 0.53 11/27.9 0.91 20/50.8 0.50 12/30.5 0.83 21/53.3 0.48 13/33 0.77 22/55.9 0.45 14/35.6 0.71 23/58.4 0.43 15/38 0.67 24/61 0.42 16/40.6 0.63 25/63.5 0.40 17/43.2 0.59 >25/63.5 0
• Multiplicador Horizontal
• Tirar as medidas e lançar o valor no espaço correspondente na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES.
• Partindo das medidas escolhidas, selecionar os valores e modificador correspondente. Lançar no modificador correspondente na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES.
• A entrada de dados no computador/ferramenta eletrônica poderá ser feita mais tarde para se chegar à resposta ou completar a multiplicação na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES e definir o RWL.
• Observar que o maior decréscimo é de 60% a 25" (63cm). • Ter em mente que, caso o objeto do levantamento a ser
feito esteja a mais de 25" (63cm) de distância dos tornozelos, este não deverá ocorrer.
• No entanto, do ponto de vista prático, caso o objeto do levantamento a ser feito esteja a mais de 25" (63cm), ainda se poderia considerar a utilização de 0,40 como o modificador, sabendo-se que o valor irá subestimar o RWL.
88
• V = Localização
Localização vertical é a distância do solo até a altura das mãos, no item existente no início do levantamento. Uma localização vertical não poderá ser menor do que 0" (0 cm) nem maior do que 70" (178 cm).
V(pol/cm) VM V(pol/cm) VM 0 0.78 38/96.5 0.94 2/5 0.79 40/101.6 0.93 4/10.2 0.81 42/106.7 0.91 6/15.2 0.82 44/111.8 0.90 8/20.3 0.84 46/116/8 0.88 10/25.4 0.85 48/121.9 0.87 12/30.5 0.87 50/127 0.85 14/35.6 0.88 52/132.1 0.84 16/40.6 0.90 54/137.2 0.82 18/45.7 0.91 56/142.2 0.81 20/50.8 0.93 58/147.3 0.79 22/55.9 0.94 60/152.4 0.78 24/61 0.96 62/157.5 0.76 26/66 0.97 64/162.6 0.75 28/71.1 0.99 66/167.6 0.73 30/76.2 1.00 68/172.7 0.72 32/81.3 0.99 70/177.8 0.70 34/86.4 0.97 >70/177.8 0 36/91.4 0.96 · Tirar as medidas e lançar o valor no espaço correspondente na
PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES. · Partindo das medidas colhidas, selecionar os valores e modificador
correspondente. Registrar no modificador correspondente na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES.
· A entrada de dados no computador/ferramenta eletrônica poderá ser feita mais tarde para se chegar à resposta ou completar a multiplicação na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES e definir o RWL.
· Observar o valor do modificador vertical de 1 a 30” (76 cm). · Observar que o maior decréscimo foi de 30% a 70" (178cm). · Ter em mente que, caso o objeto do levantamento a ser feito esteja
a mais de 70" (178 cm) de altura, ele não deverá ser executado. · No entanto, do ponto de vista prático, caso o objeto do levantamento
a ser feito esteja a mais de 70" (178cm) de altura, ainda poderia se considerar a
89
utilização de 0,70 como o modificador, mesmo sabendo que o valor irá subestimar o RWL.
• D = Distância Percorrida
Distância percorrida é a medida do deslocamento vertical ocorrido durante um levantamento. Por exemplo, ao se levantar uma caixa a 27" (68 cm) e colocá-la numa prateleira a 37" (94 cm), a distância percorrida será de 10" (25 cm). A distância mínima percorrida é de 10" (25 cm) enquanto que a máxima é de 65" (165 cm).
Multiplicador de Distância (DM) D (pol/cm) DM D(pol/cm) DM <10/25.4 1.00 24/61 0.90 10/25.4 1.00 25/63.5 0.89 11/27.9 0.98 30/76.2 0.88 12/30.5 0.97 35/88.9 0.87 13/33 0.96 40/101.6 0.87 14/35.6 0.95 45/114.3 0.86 15/38.1 0.94 50/127 0.86 16/40.6 0.93 55/139.7 0.85 17/43.2 0.93 60/152.4 0.85 18/45.7 0.92 65/165.1 0.85 19/48.3 0.91 70/177.8 0.85 20/50.8 0.91 >70/177.8 0 22/55.9 0.90 Multiplicador de Distância (DM) • Tirar as medidas e lançar o valor no espaço correspondente na
PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES. • Partindo das medidas escolhidas, selecionar os valores e modificador
correspondente. Lançar no modificador correspondente na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES.
• A entrada de dados no computador/ferramenta eletrônica poderá ser feita mais tarde para se chegar à resposta ou completar a multiplicação na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES e definir o RWL.
• Tirar as medidas e lançar o valor no espaço correspondente na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES.
• Partindo das medidas colhidas, selecionar os valores e modificador correspondente. Lançar no modificador correspondente na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES.
A entrada de dados no computador/ferramenta eletrônica poderá ser feita mais tarde para se chegar à resposta ou completar a multiplicação na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES e definir o RWL.
90
• Lançar o valor do modificador vertical de 1 a 30” (76 cm). • Lançar que a maior redução foi de 15% a 70" (178cm). • Ter em mente que, caso a distância percorrida pelo objeto do
levantamento a ser feito seja maior do que 70" (178 cm), ele não deverá ser executado.
• No entanto, do ponto de vista prático, caso a distância percorrida pelo objeto do levantamento a ser feito seja maior do que 70" (178cm), ainda poderia se considerar a utilização de 0,70 como o modificador, mesmo sabendo que o valor irá subestimar o RWL.
A = Ângulo de Assimetria Ângulo de assimetria se refere à quantidade de torção existente no
início de um levantamento. O valor mínimo é 0° e o máximo 135°. Multiplicador de Assimetria (AM) A (graus) AM A (graus) AM 0 1.00 75 0.76 5 0.98 80 0.74 10 0.97 85 0.73 15 0.95 90 0.71 20 0.94 95 0.70 25 0.92 100 0.68 30 0.90 105 0.66 35 0.89 110 0.65 40 0.87 115 0.63 45 0.86 120 0.62 50 0.84 125 0.60 55 0.82 130 0.58 60 0.81 135 0.57 65 0.79 >135 0 70 0.78 Multiplicador de Assimetria (AM)
• Tirar as medidas e lançar o valor no espaço correspondente na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES.
• Partindo das medidas colhidas, selecionar os valores e modificador correspondente. Lançar no modificador correspondente na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES.
91
• A entrada de dados no computador/ferramenta eletrônica poderá ser feita mais tarde para se chegar à resposta ou completar a multiplicação na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES e definir o RWL.
• Lançar que a maior redução foi de 43% a 135 graus. • Ter em mente que, caso o levantamento a ser feito seja de mais de 135
graus, ele não deverá ser executado. • No entanto, do ponto de vista prático, não são muitos os indivíduos que
conseguem fazer uma torção de mais de 90 graus sem tirar os pés do lugar. Notar, também, que a alteração no modificador referente a cada variável é relativamente pequena. Não exagerar em sua análise. F = Frequência A freqüência é simplesmente o número de levantamentos
executados por minuto. E não existe um número máximo de freqüência. Tabela de Multiplicador de Frequência (FM) Duração de Tarefa Frequência de ≤ 8 HRS ≤ 2 HRS
≤ 1 HRS Levantamentos/ V<30" V>30" V<30" V>30" V<30" V>30" min. (75cm) (75cm) (75cm) (75cm) (75cm)
(75cm) 0.2 0.85 0.85 0.95 0.95 1.00 1.00 0.5 0.81 0.81 0.92 0.92 0.97 0.97 1 0.75 0.75 0.88 0.88 0.94 0.94 2 0.65 0.65 0.84 0.84 0.91 0.91 3 0.55 0.55 0.79 0.79 0.88 0.88 4 0.45 0.45 0.72 0.72 0.84 0.84 5 0.35 0.35 0.60 0.60 0.80 0.80 6 0.27 0.27 0.50 0.50 0.75 0.75 7 0.22 0.22 0.42 0.42 0.70 0.70 8 0.18 0.18 0.35 0.35 0.60 0.60 9 0.00 0.15 0.35 0.30 0.52 0.52 10 0.00 0.13 0.26 0.26 0.45 0.45 11 0.00 0.00 0.00 0.23 0.41 0.41 12 0.00 0.00 0.00 0.21 0.37 0.37 13 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.34 14 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.31 15 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.28 >15 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
92
Multiplicador de Frequência (FM)
• Tirar as medidas e lançar o valor no espaço correspondente na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES.
• Partindo das medidas colhidas, selecionar os valores e modificador correspondente. Lançar no modificador correspondente na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES.
• A entrada de dados no computador/ferramenta eletrônica poderá ser feita mais tarde para se chegar à resposta ou completar a multiplicação na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES e definir o RWL.
• Ter em mente que a freqüência dos levantamentos poderá ser muito alta, portanto não deveriam ser executados.
• Ter em mente que caso o levantamento a ser feito seja de uma altura menor do que 30”(75cm), a pessoa estará erguendo, também, seu próprio corpo.
• No entanto, do ponto de vista prático, caso a freqüência de levantamentos a serem feitos seja maior do que 6 levantamentos por minuto, será mais difícil fazer, do ponto de vista cardiovascular D = Duração Existem três opções para o componente duração. Caso um operador
passe um total de uma hora ou menos executando uma tarefa que exija levantamento, o componente duração será 1 (um). Caso ele passe entre uma e duas horas executando uma tarefa que exija levantamento, o componente duração será 2 (dois). Caso o operador passe mais do que duas horas executando uma tarefa que exija levantamento, o componente de duração será 8 (oito).
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Classificação do contato (Coupling), ou nível como uma carga é segurada
Multiplicador de Contato (CM) Contato V<30 pol. V>30 pol. (75 cm) (75 cm) Boa 1.0 1.0 Razoável 0.95 1.0 Ruim 0.90 0.90
Bom Razoável Ruim No caso de recipientes cuja forma física seja considerada ótima, como é o caso de algumas caixas e engradados. Um “Bom” contato mão/objeto poderia ser definido como alças ou recortes para as mãos com forma física otimizada.
No caso de recipientes cuja forma física seja considerada ótima, um contato mão/objeto considerado “Razoável” poderia ser definido como alças ou recortes para as mãos com forma física pouco otimizada
No caso de recipientes cuja forma física seja considerada pouco otimizada ou de peças avulsas ou objetos de formato irregular que sejam volumosos, de difícil manuseio ou tenham arestas vivas.
No caso de peças soltas ou objetos de formato irregular, que não sejam normalmente acondicionados em recipientes, tais como peças fundidas, estoque, e suprimentos, um “Bom” contato mão/objeto seria definido como pega confortável em que a mão pode facilmente envolver o objeto.
No caso de recipientes de forma física otimizada, sem alças ou recortes para as mãos ou utilizados para peças soltas ou objetos de formato irregular, um contato “Razoável” mão/objeto será definido como uma pega em que a mão poderá ser flexionada em cerca de 90 graus
Elevação de sacos de formato não rígido (isto é: sacos que dobram ao meio).
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Tirar as medidas e lançar o valor no espaço correspondente na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES.
• Partindo das medidas colhidas, selecionar os valores e modificador
correspondente. Lançar no modificador correspondente na PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES.
Registros sobre contato
• Um desenho de alça otimizado terá diâmetro entre 0,75" (2 cm) e 1,5" (4 cm), e comprimento de 4.5" (11 cm), vão de 2" (5 cm), formato cilíndrico e uma superfície lisa e anti-deslizante.
• Um recorte para as mãos otimizado terá as seguintes características aproximadas: 1.5" (4 cm) de altura, comprimento, formato semi-ovalado, vão de 4.5" (11 cm), superfície lisa e anti-deslizante, e .25" (63 cm) de espessura de recipiente (por ex.: papelão de espessura dupla)
• Um design otimizado de recipiente terá 16" (41 cm) de largura, 12" (30 cm) de altura e uma superfície lisa, anti-deslizante.
• Um trabalhador deverá ser capaz de encaixar os dedos a quase 90° por debaixo do recipiente, tal como necessário para erguer uma caixa de papelão do solo.
• Um recipiente é considerado menos do que otimizado quando tem largura de > 16" (41 cm), altura de > 12" (30 cm), superfícies ásperas ou deslizantes, arestas vivas, centro de massa assimétrica, conteúdo instável, ou requer o uso de luvas para o seu manuseio. Um objeto solto é considerado volumoso quando não pode ser facilmente equilibrado entre empunhaduras.
• Um trabalhador deverá ser capaz de envolver o objeto confortavelmente com as mãos, sem que isso cause desvios excessivos dos pulsos ou posturas desajeitadas. A empunhadura não deverá exigir emprego excessivo de força.
Índice de Levantamento (LI)
• O índice de levantamento poderá ser utilizado para estabelecer a pouca qualidade do levantamento. O índice de levantamento:
− Oferece uma estimativa relativa do esforço físico associado a uma tarefa de levantamento específica;
− Definido como a relação entre o peso da carga erguida e o RWL.
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LI = Peso da Carga/ RWL Se:
LI>3 VERMELHO LI>1 AMARELO LI<1
Um LI abaixo de 1.0 indica que a tarefa é considerada de baixo risco. Um LI entre 1 e 3 indica que existe algum risco na tarefa de levantamento.
Um LI de 3 ou acima indica um risco imediato para a maior parte dos operadores.
Um levantamento com LI entre 1 e 3 requer controles administrativos ou de engenharia para melhoria das condições de levantamento. Considere que um LI>1.5 deve ser revisto com seriedade para que seja alterado de alguma forma. Um levantamento com LI>3 requer controles de engenhariapara melhorá-lo.
96
VERDE PLANILHA DE CÁLCULOS E ANOTAÇÕES: RWL = Limite de Peso Recomendado RWL = 51*10/H*(1-.0075|V-30|)*(.82+1.8/D)*(1-.0032A)*CM*FM (no caso de
libras) RWL = 23*25/H*(1-.0075|V-75|)*(.82+4.5/D)*(1-.0032A)*CM*FM (no caso de
quilogramas) RWL = Constante de Carga x HM x VM x DM x AM x CM x FM D) Índice de Levantamento = Peso real (lb.) / RWL (lb.) = A) Medidas (TIRADAS DO PRÓPRIO LEVANTAMENTO): ____in/cm (HM) ____in/cm (VM) ____in/cm (DM) graus(AM)____ ____bom, razoável, ruim (CM) ____levantamentos por minuto(FM) B) Multiplicadores (TIRADOS DAS TABELAS DAS DIRETRIZES DO
NIOSH): RWL(lb)= 51 x____(HM) x ____(VM) x ____(DM) x ____(AM) x ____(CM) x
____(FM) RWL(kg) = 23 x ____(HM) x ____(VM) x ____(DM) x ____(AM) x ____(CM)
x ____(FM) C) RWL = ____lb. RWL = ____kg. Vantagens do uso da Equação de Levantamento NIOSH
• A equação identifica as variáveis de maior impacto sobre a segurança do empregado.
• As perguntas poderão ser utilizadas para comparar o risco relativo de muitas tarefas Para aplicar as tabelas psicofísicas, deverão ser conhecidas ou medidas as
seguintes informações a respeito das tarefas:
• Distância percorrida enquanto empurrando/puxando (pés/m) • Freqüência de empurros (empurros/min)
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• Altura das mãos ao empurrar (cintura/ombro) • Força inicial necessária para mover o objeto (lb/kg) • Força sustentada necessária para manter o objeto em
movimento (normalmente medida com um calibre de empurro/puxão) (lb/kg)
98
NIOSH - 1991EQUAÇÃO REVISADA DE LEVANTAMENTO DE CARGAS
Posto Trabalho Empresa
Área Turno Auditor Data
RWL = LC x HM x VM x DM x AM x FM x CM
CargaConstante LC 23 kg
Multiplicador H>=25 XHorizontal HM ( 25 / H ) H<63 H =
Multiplicador XVertical VM 1 - ( 0,003 x | V - 75 | ) V<175 V =
Multiplicador D>=25 Xde Distância DM 0,82 + ( 4,5 / D ) D<175 D =
MultiplicadorAssimétrico AM 1 - ( 0,0032 x A ) A<135 A =
Multiplicador Xde Frequência FM Tabela 1 F =
Multiplicador Xda Pega CM Tabela 2 Pega
=RWL
L (Peso do Objeto) Maior peça
LI = LLI < 1 Baixo Risco RWL
1 <= LI < 2 Risco Moderado
LI >= 2 Alto Risco LI = #DIV/0!
TORÇÃO DO TRONCO "A"
99
4.4.5 Ferramenta: Tabela Snook & Cirello
A ferramenta Snook & Cirello deve ser aplicada quando uma determinada
tarefa utiliza-se de empurrar ou puxar algum objeto. Essa Tabela é dividida em
tabela para empurrar e tabela para puxar, e também dependendo do sexo
masculino/ feminino.
Guia Psicofísico para Empurrar da Liberty Mutual (Snook, Ciriello)
Tabela1 - Forças máximas aceitáveis para o esforço de empurrar - para homens (kg)
2,1 m empurrar 7,6 m empurrar 15,2m empurrar 30,5 m empurrar 45,7 m empurrar 61,0 m empurrarUma vez cada Uma vez cada Uma vez cada Uma vez cada Uma vez cada Uma vez cada
5 12 1 2 5 30 8 15 22 1 2 5 30 8 25 35 1 2 5 30 8 1 2 5 30 8 1 2 5 30 8 2 5 30 8 s min h s min h s min h min h min h min h
Força Incial(3)90 20 22 25 25 26 26 30 14 16 21 21 22 22 26 16 18 19 19 20 21 25 15 16 19 19 24 13 14 16 16 20 12 14 14 1875 26 29 32 32 34 34 40 18 20 27 27 28 28 34 21 23 25 25 26 27 32 19 21 25 25 31 16 18 21 21 26 16 18 18 23
144 50 32 36 40 40 42 42 50 23 25 33 33 35 35 42 26 29 31 31 33 33 40 24 27 31 31 38 20 23 26 26 33 20 22 22 2825 38 43 47 47 50 51 60 27 31 40 40 42 42 51 31 35 37 37 40 40 48 28 32 37 37 46 24 27 32 32 39 23 27 27 3410 44 49 55 55 58 58 70 31 35 46 46 48 49 58 36 40 43 43 45 46 55 32 37 42 42 53 28 31 35 36 48 27 31 31 3990 21 24 26 26 28 28 34 16 18 23 23 25 25 30 18 21 22 22 23 24 28 17 19 22 22 27 14 16 19 19 23 14 16 16 2075 28 31 34 34 36 36 44 21 23 30 30 32 32 39 24 27 28 28 30 30 36 21 24 28 28 35 18 21 24 24 30 18 21 20 26
95 50 30 34 38 43 43 45 54 26 29 36 38 40 40 48 29 33 35 35 37 38 45 27 30 35 35 44 23 26 30 30 37 22 26 26 3225 41 46 51 53 54 55 65 31 35 45 45 48 48 58 35 40 42 42 45 45 54 32 36 42 42 52 27 31 36 36 45 27 31 31 3810 47 53 59 59 62 63 75 35 40 52 52 55 56 66 40 46 49 49 52 52 62 37 41 48 48 60 32 36 41 41 52 31 35 35 4490 19 22 24 24 25 26 31 13 14 20 20 21 21 26 15 17 19 19 20 20 24 14 16 19 19 23 12 14 16 16 20 12 14 14 1775 25 28 31 31 33 33 40 16 19 26 26 27 28 33 19 21 24 24 26 26 31 18 21 24 24 30 16 18 21 21 26 15 18 18 22
64 50 32 35 39 39 41 41 50 20 23 32 32 34 35 41 23 27 30 30 32 33 39 23 26 30 30 37 20 22 26 26 32 19 22 22 2825 38 42 46 46 49 50 59 25 28 39 39 41 41 50 28 32 36 36 39 39 47 28 31 36 36 45 24 27 31 31 39 23 26 26 3310 43 48 53 53 57 57 68 28 32 45 45 47 48 57 32 37 42 42 44 45 54 32 36 41 41 52 27 31 36 36 44 26 30 30 38
Força Mantida(4)90 10 13 15 16 18 18 22 8 9 13 13 15 16 18 8 9 11 12 13 14 16 8 10 12 13 16 7 8 10 11 13 7 8 9 1175 13 17 21 22 24 25 30 10 13 17 18 20 21 25 11 13 15 16 18 18 22 11 13 16 18 22 10 11 13 15 18 9 11 13 15
144 50 17 22 27 28 31 32 38 13 16 22 23 26 27 32 14 17 20 20 23 24 28 15 17 20 23 28 12 14 17 19 23 12 14 16 1925 21 27 33 34 38 40 47 16 20 28 29 32 33 39 17 20 24 25 28 29 34 18 21 25 29 34 15 18 21 24 28 15 17 20 2410 25 31 38 40 45 46 34 19 31 32 33 38 39 46 20 24 28 29 33 34 40 21 25 29 33 39 18 21 24 28 33 17 20 23 2890 10 13 16 17 19 19 23 8 10 13 13 15 15 18 8 10 11 12 13 13 16 8 10 12 13 16 7 8 9 11 13 7 8 9 1175 16 18 22 22 25 26 31 11 13 17 18 20 21 25 11 13 15 16 18 18 21 11 13 16 18 21 9 11 13 15 18 9 11 12 15
95 50 18 23 28 29 33 34 40 14 17 22 23 26 27 32 14 17 19 20 23 23 28 15 17 20 23 27 13 14 17 19 23 12 14 16 1925 22 28 34 35 40 41 49 17 21 27 29 32 33 39 18 21 24 25 26 29 34 18 21 25 28 33 15 18 21 24 28 15 17 20 2310 26 35 40 41 46 48 57 20 24 32 33 37 38 45 20 25 28 29 32 33 40 21 25 29 33 39 17 20 24 27 32 17 20 23 2790 10 13 16 16 18 19 23 8 10 12 13 14 15 18 8 10 11 11 12 13 15 8 9 11 13 15 7 8 9 11 13 7 8 9 1075 14 18 21 22 25 26 31 11 13 17 17 19 20 24 11 13 14 15 17 17 21 11 13 15 17 20 9 11 12 14 17 9 10 12 14
64 50 18 23 28 29 32 33 39 14 17 21 22 25 26 31 14 17 19 19 22 22 27 16 16 19 22 26 12 14 16 18 22 12 14 15 18
25 22 28 34 35 39 41 48 17 21 26 27 31 33 37 18 21 23 24 27 28 33 17 20 24 27 32 14 17 20 23 27 14 17 19 22
10 26 32 39 41 46 48 56 19 25 30 32 36 37 44 21 25 27 28 31 32 38 20 24 28 32 37 17 20 23 26 31 16 19 22 26
(1) Distância vertical do chão para mãos (2) Percentil desejado de população industrial (3) A força solicitada para iniciar o movimento; (4) A força solicitada para manter um objeto em movimento.
Alt.Pega (1)
Porc.%(2)
100
Guia Psicofísico para Empurrar da Liberty Mutual (Snook, Ciriello)
Tabela5- Forças máximas aceitáveis para esforço de empurrar - para mulheres (kg)
2,1 m empurrar 7,6 m empurrar 15,2m empurrar 30,5 m empurrar 45,7 m empurrar 61,0 m empurrarUma vez cada Uma vez cada Uma vez cada Uma vez cada Uma vez cada Uma vez cada
5 12 1 2 5 30 8 15 22 1 2 5 30 8 25 35 1 2 5 30 8 1 2 5 30 8 1 2 5 30 8 2 5 30 8 s min h s min h s min h min h min h min h
Força Incial(3)90 14 15 17 18 20 21 22 15 16 16 16 18 19 20 12 14 14 14 15 16 17 12 13 14 15 17 12 13 14 15 17 12 13 14 1575 17 18 21 22 24 25 27 18 19 19 20 22 23 24 15 17 17 17 19 20 21 15 16 17 19 21 15 16 17 19 21 14 15 17 19
144 50 20 22 25 26 29 30 32 21 23 23 24 26 27 29 18 20 20 20 22 23 25 18 19 21 22 25 18 19 21 22 25 17 18 20 2225 24 25 29 30 33 35 37 25 26 27 28 31 32 34 20 23 23 24 26 27 29 20 22 24 26 29 20 22 24 26 29 20 21 23 2610 26 28 33 34 38 39 41 28 30 30 31 34 36 38 23 26 26 26 29 31 32 23 25 27 29 33 23 25 27 29 33 22 24 26 2990 14 15 17 18 20 21 22 14 15 16 17 19 19 21 11 13 14 14 16 16 17 12 14 15 16 18 12 14 15 16 18 12 13 14 1675 17 18 21 22 24 25 27 17 18 20 20 22 23 25 14 16 17 17 19 20 21 15 16 18 19 21 15 16 18 19 21 15 16 17 19
95 50 20 22 25 26 29 30 32 20 21 23 25 27 28 30 16 19 20 21 23 24 25 18 20 21 23 26 18 20 21 23 26 18 19 20 2325 24 25 29 30 33 35 37 23 25 27 28 31 33 34 19 22 23 24 27 28 29 21 23 24 26 30 20 22 24 26 30 20 22 24 2710 26 28 33 34 38 39 41 26 28 31 32 35 37 39 22 24 26 27 30 31 33 24 26 28 30 33 24 26 28 30 33 23 25 26 3090 11 12 14 14 16 17 18 11 12 14 14 16 16 17 9 11 12 12 13 14 15 11 12 12 13 15 11 12 12 13 15 10 11 12 1375 14 15 17 17 19 20 21 14 15 17 17 19 20 21 11 13 14 15 16 17 18 13 14 15 16 18 13 14 15 16 18 12 13 14 16
64 50 16 15 17 17 19 20 21 16 18 20 21 23 24 25 14 15 17 18 19 20 21 15 17 18 19 22 15 17 18 19 22 15 16 17 1925 19 20 23 24 27 28 30 19 21 23 24 27 28 29 16 18 20 20 23 24 25 18 19 21 22 25 18 19 21 22 25 17 19 20 2210 21 23 26 27 30 31 33 22 23 26 27 30 31 33 18 20 22 23 25 26 28 20 22 23 25 28 20 22 23 25 28 19 21 23 25
Força Mantida(4)90 6 8 10 10 11 12 14 6 7 7 7 8 9 11 5 6 6 6 7 7 9 5 6 6 6 8 5 5 5 6 8 4 4 4 675 9 12 14 14 16 17 21 9 10 11 11 12 13 16 7 8 9 9 10 11 13 7 8 9 9 12 7 8 8 8 11 6 6 6 9
144 50 12 16 19 20 21 23 28 12 14 14 15 16 17 21 10 11 12 12 14 14 18 10 11 12 12 16 9 10 11 11 15 8 8 9 1225 16 20 24 25 27 29 36 15 17 18 18 20 22 27 12 14 15 16 17 18 22 13 14 15 15 21 11 13 13 14 19 10 10 11 1510 18 23 28 29 32 34 42 18 20 21 22 24 26 32 14 17 18 18 20 22 27 15 17 17 18 25 14 15 16 17 22 12 12 13 1790 6 7 9 9 10 11 13 6 7 8 8 9 9 11 5 6 6 7 7 8 10 5 6 6 7 9 5 6 6 6 8 4 4 5 675 8 11 13 13 15 16 19 9 10 11 11 13 13 17 7 8 9 10 11 11 14 8 9 9 10 13 7 8 8 9 12 6 6 6 9
95 50 11 15 18 18 20 21 26 12 13 15 15 17 18 22 9 11 13 13 14 15 19 10 12 12 13 17 10 11 11 12 16 8 9 9 1225 14 18 22 23 25 27 33 15 17 19 19 21 23 28 12 14 16 16 18 19 24 13 15 15 16 22 12 14 14 15 20 11 11 12 1510 17 22 26 27 30 32 39 17 20 22 23 25 27 33 14 17 19 19 21 23 28 16 18 18 19 26 14 16 17 18 24 13 13 14 1890 5 6 8 8 9 9 12 6 7 7 7 8 9 11 5 6 6 6 7 7 9 5 6 6 6 8 5 5 5 6 7 4 4 4 675 7 9 11 12 13 14 17 8 10 10 11 12 12 15 7 8 9 9 10 10 13 7 8 8 8 11 7 7 8 8 11 6 6 6 8
64 50 10 13 15 16 17 18 23 11 13 14 14 16 17 21 9 11 12 12 13 14 17 10 11 11 12 16 9 10 10 11 15 8 8 8 11
25 12 16 19 20 22 23 29 14 17 18 18 20 21 26 12 14 15 15 17 18 22 12 14 14 15 20 11 13 13 14 19 10 10 11 14
10 15 19 23 23 26 28 34 17 20 21 21 23 25 31 14 16 17 18 20 21 26 15 16 17 18 24 13 15 16 16 22 12 12 13 17
(1) Distância vertical do chão para mãos (2) Percentil desejado para a população industrial (3) A força solicitada para iniciar o movimento; (4) A força solicitada para manter um objeto em movimento
Alt.Pega (1)
Porc.%(2)
Guia Psicofísico para Puxar da Liberty Mutual (Snook, Ciriello)
Tabela2 - Forças máximas aceitáveis para esforço de puxar - para homens (kg)
2,1 m puxar 7,6 m puxar 15,2m puxar 30,5 m puxar 45,7 m puxar 61,0 m empurrarUma vez cada Uma vez cada Uma vez cada Uma vez cada Uma vez cada Uma vez cada
5 12 1 2 5 30 8 15 22 1 2 5 30 8 25 35 1 2 5 30 8 1 2 5 30 8 1 2 5 30 8 2 5 30 8 s min h s min h s min h min h min h min h
Força Incial(3)90 14 16 18 18 19 19 23 11 13 16 16 17 18 21 13 15 15 15 16 17 20 12 13 15 15 19 10 11 13 13 16 10 11 11 1475 17 19 22 22 23 24 28 14 15 20 20 21 23 26 16 18 19 19 20 20 24 14 16 19 19 23 12 14 16 16 20 12 14 14 17
144 50 20 23 26 26 28 28 33 16 18 24 24 25 26 31 19 21 22 22 24 24 29 17 19 22 22 27 17 19 19 19 24 14 16 16 2025 24 27 31 31 32 33 39 19 21 28 28 29 30 36 22 25 26 26 28 28 33 20 22 26 26 32 17 19 22 22 28 16 19 19 2410 26 30 34 34 36 37 44 21 24 31 31 33 33 40 24 28 29 29 31 31 38 22 25 29 29 37 20 22 25 25 31 18 21 21 2790 19 22 25 25 27 27 32 15 18 23 23 24 24 29 18 20 21 21 23 23 28 16 18 21 21 26 14 16 18 18 23 13 16 16 1975 23 27 31 31 32 33 39 19 21 28 28 29 29 36 22 25 26 26 28 28 33 20 22 26 26 32 17 19 22 22 28 16 19 19 24
95 50 28 32 36 36 39 39 47 23 26 33 33 35 35 42 26 29 21 31 33 33 40 24 27 31 31 38 20 23 27 27 33 20 23 23 2825 33 37 42 42 45 45 54 26 3 39 39 41 41 49 30 34 36 36 38 39 46 27 31 36 36 45 24 27 31 31 38 23 26 26 3310 37 42 43 48 51 51 61 30 33 43 43 46 47 56 33 38 41 41 43 44 52 31 35 40 40 50 30 34 39 39 43 26 30 30 3790 22 25 28 28 30 30 36 18 20 26 26 27 28 33 20 23 24 24 26 26 31 18 21 24 24 30 16 18 21 21 26 15 18 18 2275 27 30 34 34 37 37 44 21 24 31 31 33 34 40 24 28 29 29 31 32 38 22 25 29 29 36 19 22 25 25 31 19 21 21 27
64 50 32 36 41 41 44 44 53 25 29 37 37 40 40 48 29 33 35 35 37 38 45 27 30 35 35 43 23 26 30 30 37 22 26 26 3225 37 42 48 48 51 51 61 30 34 44 44 46 47 56 34 39 41 41 43 44 52 31 35 41 41 50 27 30 35 35 43 26 30 30 3710 42 48 54 54 57 58 69 33 38 42 45 52 53 63 38 43 46 46 49 49 59 35 39 46 46 57 30 34 39 39 49 29 34 34 42
Força Mantida(4)90 8 10 12 13 15 15 18 6 8 10 11 12 12 15 7 8 9 9 10 11 13 7 8 9 11 13 6 7 8 9 10 6 7 7 975 10 13 16 17 19 20 23 8 10 13 14 16 16 19 9 10 12 12 14 14 17 9 10 12 14 17 7 9 10 11 14 7 8 10 11
144 50 13 16 20 21 23 24 28 10 13 16 17 19 20 23 11 13 14 15 17 17 20 11 13 15 17 20 9 11 12 14 17 9 10 12 1425 15 20 24 25 28 29 34 12 15 15 20 23 24 28 13 15 17 18 20 21 24 13 15 18 20 24 11 13 15 17 20 11 12 14 1710 17 22 27 28 32 33 39 14 17 22 23 26 27 32 14 17 19 20 23 24 28 15 17 23 24 28 12 14 17 19 23 12 14 16 1990 10 13 16 17 19 20 24 8 10 13 14 16 16 19 9 10 12 12 14 14 17 9 10 12 14 17 7 9 10 12 144 7 9 10 1275 13 17 21 22 25 26 30 11 13 17 18 20 21 25 11 14 15 15 16 18 22 12 13 16 18 22 10 11 13 15 18 9 11 13 15
95 50 16 21 26 27 31 31 37 13 17 21 22 25 26 31 14 17 19 19 22 23 27 16 17 19 22 27 13 14 16 19 22 12 14 16 1825 19 26 31 33 37 38 45 16 20 26 27 30 31 37 17 20 22 23 26 27 32 17 20 23 27 32 14 17 19 22 26 14 16 19 2210 22 29 36 37 42 43 51 18 23 29 31 34 36 42 19 23 26 27 30 31 37 19 23 27 31 36 16 19 22 25 30 16 19 21 2590 11 14 17 18 20 21 25 9 11 14 15 17 17 20 9 11 12 13 15 15 18 9 11 13 15 18 8 9 11 12 15 8 9 10 1275 16 19 23 23 26 27 32 11 14 19 19 22 22 26 12 14 16 17 19 19 23 12 14 17 19 23 10 12 14 16 19 10 12 13 16
64 50 17 23 28 29 32 34 40 14 18 23 24 27 28 33 15 18 20 21 23 24 28 15 18 21 24 27 13 15 17 20 23 12 14 16 20
25 20 27 33 33 39 40 48 17 21 27 28 32 33 39 18 21 24 25 28 29 34 18 21 25 28 33 15 18 21 24 28 15 17 20 25
10 23 31 36 40 45 46 54 19 24 31 32 37 38 45 20 24 27 28 32 33 39 21 24 28 32 36 17 20 24 27 32 17 20 23 27
(1) Distância vertical do chão para mãos (2) Porcentagem de população industrial (3) A força solicitada para adquirir um objeto em movimento (4) A força solicitada para manter um objeto em movimento
Alt.Pega (1)
Porc.%(2)
101
Guia Psicofísico para Puxar da Liberty Mutual (Snook, Ciriello)
Tabela6 - Forças máximas aceitáveis para esforço de puxar - para mulheres (kg)
2,1 m puxar 7,6 m puxar 15,2m puxar 30,5 m puxar 45,7 m puxar 61,0 m empurrarUma vez cada Uma vez cada Uma vez cada Uma vez cada Uma vez cada Uma vez cada
5 12 1 2 5 30 8 15 22 1 2 5 30 8 25 35 1 2 5 30 8 1 2 5 30 8 1 2 5 30 8 2 5 30 8 s min h s min h s min h min h min h min h
Força Incial(3)90 13 16 17 18 20 21 22 13 14 16 16 18 19 20 10 12 13 14 15 16 17 12 13 14 15 17 12 13 14 15 17 12 13 14 1575 16 19 20 21 24 25 26 16 17 19 19 21 22 24 12 14 16 16 18 19 20 14 16 17 18 20 14 15 16 18 20 14 15 16 18
144 50 19 22 24 25 28 29 31 19 20 22 23 25 26 28 14 16 19 19 21 22 24 17 18 20 21 24 17 18 20 21 24 16 18 19 2125 21 25 28 29 32 33 35 21 25 26 26 29 30 32 16 19 21 22 25 26 27 19 21 23 24 27 19 20 22 24 27 19 20 22 2510 24 28 31 32 36 37 39 24 26 28 29 32 34 36 18 21 24 25 27 29 30 22 24 25 27 31 21 23 25 27 31 21 23 24 2790 14 16 18 19 21 22 23 14 15 16 17 19 20 21 10 12 14 14 16 17 18 13 14 15 16 18 13 14 15 16 18 12 13 14 1675 16 19 21 22 25 26 27 17 18 19 20 22 23 25 12 15 17 17 19 20 21 15 16 18 19 21 15 16 18 19 21 15 16 17 19
95 50 19 23 25 26 29 30 32 19 21 23 24 26 27 29 14 17 19 20 22 23 25 18 19 21 22 25 18 19 21 22 25 17 18 20 2225 22 26 29 30 33 35 37 22 24 26 27 30 31 33 16 20 22 23 26 27 28 20 22 24 25 29 20 22 24 25 29 20 21 23 2610 25 29 32 33 37 39 41 25 27 29 30 33 35 37 18 22 25 26 29 30 32 23 25 26 28 32 23 25 26 28 32 22 24 25 2990 15 17 19 20 22 23 24 15 16 17 18 20 21 22 11 13 15 15 17 18 19 13 14 15 17 19 13 14 15 17 19 13 14 15 1775 17 20 22 23 26 27 28 17 19 20 21 23 24 26 13 15 17 18 20 21 22 16 17 18 20 22 16 17 18 20 22 15 16 18 20
64 50 20 24 26 27 30 32 33 20 22 24 25 28 29 30 15 18 20 21 23 24 25 18 20 22 23 26 18 20 22 23 26 18 19 21 2325 23 27 30 31 35 36 38 23 25 27 29 32 33 35 17 21 23 24 27 28 30 21 23 25 27 30 21 23 25 27 30 21 22 24 2710 26 31 34 35 39 40 43 29 28 31 32 35 37 39 19 23 26 27 30 31 33 24 26 28 30 34 24 26 28 30 34 23 25 27 30
Força Mantida(4)90 6 9 10 10 11 12 15 7 8 9 9 10 11 13 6 7 7 8 8 9 11 6 7 7 8 10 6 6 7 7 9 5 5 5 775 8 12 13 14 15 16 20 9 11 12 12 13 14 18 7 9 10 10 11 12 15 8 9 10 10 14 8 9 9 9 12 7 7 7 10
144 50 10 16 17 18 19 21 25 12 13 15 16 17 18 22 9 11 13 13 14 15 19 11 12 12 13 17 10 11 11 12 16 8 9 9 1225 13 19 21 21 23 25 31 14 16 18 19 21 22 27 11 14 15 16 17 19 23 13 15 15 16 21 12 12 14 14 19 10 11 11 1510 15 22 24 25 27 29 36 16 19 21 22 24 26 32 13 16 18 18 20 22 27 15 17 17 18 25 14 15 16 17 23 12 12 13 1790 6 9 10 10 11 12 14 7 8 9 9 10 10 13 5 6 7 7 8 9 11 6 7 7 7 10 5 6 6 7 9 5 5 5 775 8 12 13 13 15 16 19 9 10 11 12 13 14 17 7 8 10 10 11 12 14 8 9 9 10 13 7 8 9 9 12 6 7 7 9
95 50 10 15 16 17 19 20 25 11 13 15 15 16 18 22 9 11 12 13 14 15 18 10 12 12 13 17 9 11 11 12 15 8 8 9 1225 12 18 20 21 23 24 30 14 16 18 18 20 22 27 11 13 15 15 17 18 22 12 14 15 15 21 11 13 13 14 19 10 10 11 1510 14 21 23 24 26 26 35 16 18 21 21 23 25 31 13 15 17 18 20 21 26 15 16 17 18 24 13 15 16 16 22 12 12 13 1790 5 8 9 9 10 11 13 6 7 8 8 9 10 12 5 6 7 7 7 8 10 6 6 6 7 9 5 6 6 6 8 4 5 5 675 7 11 12 12 13 14 18 8 9 11 11 12 13 16 7 8 9 9 10 11 13 7 8 9 9 12 7 8 8 8 11 6 6 6 9
64 50 9 14 15 16 17 18 23 10 12 13 14 15 16 20 8 10 11 12 13 14 17 9 11 11 12 16 9 10 10 11 14 8 8 8 11
25 11 17 18 19 21 22 27 13 15 16 17 19 20 24 10 12 14 14 16 17 21 11 13 13 14 19 11 12 12 13 17 9 10 10 13
10 13 20 21 22 24 26 32 15 17 19 20 22 23 26 12 14 16 16 18 19 24 13 15 16 16 22 12 14 14 15 20 11 11 12 16
(1) Distância vertical do chão para mãos (2) Porcentagem de população industrial
(3) A força solicitada para adquirir um objeto em movimento
(4) A força solicitada para manter um objeto em movimento
Alt.Pega (1)
Porc.%(2)
4.4: 4º Passo: Avaliação Ergonômica
4.5: 5º: Análise Ergonômica do Trabalho (AET)
4.6: Ergonomia Cognitiva e Psicologia Organizacional
A atividade de trabalho tem um significado claro para o ergonomista: trata-
se da resposta comportamental da pessoa frente à situação de trabalho para
realizar a sua tarefa.
Ergonomia Cognitiva Falaremos agora de um importante aspecto da Ergonomia Contemporânea
que é a Ergonomia de Cognição, ou seja, o estudo dos aspectos mentais
envolvidos na atividade de trabalho.
102
O ergonomista deve conhecer a dimensão cognitiva em uma situação
profissional. O estudo cognitivo se insere numa superação da concepção clássica
que propõem uma divisão entre o trabalho manual e o trabalho mental.
No plano tecnológico os estudos de cognição se explicam pela evolução
das tarefas profissionais. Com o desenvolvimento da automação industrial e
comercial, nos tornamos programadores de alguma coisa, seja no ambiente de
domiciliar ou de trabalho. Esta abundante literatura se originou dos estudos de
aviação militar onde os ergonomistas estavam preocupados em evitar erros dos
pilotos.
Nesse movimento apreende-se a importância dos atos do pensamento do
trabalhador na consecução de suas tarefas.
O grande perigo do campo cognitivo é seu aspecto fortemente abstrato, na
medida que não vemos o pensamento em si. Porém, apresenta como assunto a
mobilização das capacidades mentais do indivíduo na situação de trabalho,
resultado da extensa experiência e vivência pelos operadores.
Portanto, a ciência cognitiva tem como foco estudar a capacidade e os
processos de formação e produção de conhecimento na interface homem-
máquina.
Psicologia Organizacional Em qualquer organização, manter as pessoas trabalhando de forma
eficiente sempre foi um assunto complicado. As pessoas passam a maior parte do
seu tempo vivendo ou trabalhando dentro de organizações. As organizações
necessitam do comprometimento dos seus colaboradores para alcançar as metas
e os objetivos organizacionais traçados pelo planejamento estratégico da
empresa.
Toda organização é formada por pessoas, seres humanos, que se
comunicam, se relacionam, têm sentimentos e emoções. Schein (1985) define
cultura organizacional como sendo um padrão de suposições básicas – inventadas
103
ou desenvolvidas pelos membros da empresa para lidar com problemas de
adaptação externa e integração interna.
Para manter as pessoas nas organizações, é necessário que se criem
condições que facilitem um alto nível de rendimento durante toda longo período, é
que também permitam a cada funcionário, o atendimento de algumas de suas
necessidades individuais.
Superar os problemas que ocorrem nas organizações exige a capacidade
de assimilar e comunicar informações de modo confiável e válido e flexibilidade
interna e criatividade para efetuar as mudanças que são impostas pela informação
obtida.
104
EAP Ergonomia: programas e recursos ___________________________________________________________________
5.Processo
Ergonômico
Corporativo
105
5. PROCESSO ERGONÔMICO CORORATIVO
5.1 Implementação e Construção do Plano Global
A busca de soluções verdadeiras e fundamentadas deve partir de uma
lógica mensurável, metodológica e passível de ser implementada nas diversas
realidades existentes; seja no complexo comercial, industrial ou de serviços. A
administração da ergonomia seja no campo projetual, de contenção de correção ou
mesmo na intenção prevencionista, deve ser objeto de uso dos diversos
profissionais que direta ou indiretamente se envolvam com as propostas cuja
implementação altere um sistema qualquer.
A partir do entendimento dos diversos campos do conhecimento humano,
quais estão intrinsecamente ligados ao próprio homem, é fácil supor que nenhuma
profissional poderá dominar perfeitamente a ciência chamada ergonomia. O
trabalho humano se envolve com sérias questões ligadas à psicologia humana, às
dificuldades técnicas ligadas às propostas de engenharia, aos fatores relacionados
à segurança do trabalho ou direcionados à saúde dos colaboradores. O trabalho
humano se relaciona com o meio ambiente, com a motivação, com as dificuldades
estruturais, locais regionais ou ambientais, o trabalho humano visto num prisma
holístico se envolve em todos os instantes com qualquer atividade, ofício, esporte,
informação, sem discriminação de raça, credo situação financeira ou social.
Portanto como poderia um profissional se considerar hábil o suficiente para
dominar tantas tecnologias e conhecimentos.
Diante destas afirmações, sugerimos como ponto de partida para a
inserção do complexo ergonômico na empresa, a formação de um COMITÊ de
ERGONOMIA, composto por profissionais das diversas áreas existentes. A partir da
formação deste comitê será possível discutir um tema sob a luz das diversas
realidades existentes numa grande empresa, assim como os diversos temas que
compõe um problema industrial.
106
A natureza do comitê esta inscrita na própria necessidade de discussão em
grupo, sua função será corroborar com discussões construtivas, que
proporcionarão as ações cabíveis em cada caso. Não obstante esta a necessidade
de amparo técnico e informativo, permitindo que assuntos médicos possam ser
entendidos pelos engenheiros, assim como limitações técnicas razoadas pelos
médicos. Não devem ser declinadas quaisquer discussões, mesmo que
aparentemente confidenciais; para que isto ocorra torna-se importante à correta
escolha dos elementos que integrarão o comitê, proporcionando à empresa um
grupo de trabalho maduro e produtivo, que via de regra estará discutindo profundas
alterações no campo técnico administrativo da empresa.
Não basta simplesmente formar um comitê objetivando satisfazer as
cobranças dos sindicatos, ou entidades oficiais; é necessário formar uma equipe
balanceada e voltada para a filosofia que deveria ser a ícone do labor de qualquer
empresa, isto é; aprimorar todo o sistema dos negócios, deste sua concepção, sua
construção até sua utilização.
Nestes três campos de atuação das engenharias podemos encontrar
fortemente as bases elementares da ergonomia. Inserir este complexo ergonômico,
portanto, também refere um trabalho em equipe, equipe formada por profissionais
de diversas áreas, voltados diretamente à necessidade de inserir estas técnicas
ergonômicas diretamente nos sistemas existentes, propondo uma mudança
estrutural de filosofia, onde o objetivo primaz esteja na melhoria entre a relação das
regras humanas com as fortes regras industriais.
Interessante hoje encontrar empresas que pregam a filosofia de satisfação
total do cliente como ponto de partida para a continuidade de seus negócios, mas
não analisam profundamente esta questão, uma vez que um produto somente
poderá satisfazer o cliente quando possui alto grau de qualidade, baixo preço e
rápida entrega. Muito bem! Como podemos produzir com qualidade sem
ergonomia? Será que um operário produz satisfatoriamente em estado de fadiga?
Evidentemente não!
107
Os funcionários também são clientes, clientes dos processos métodos
equipamentos e dispositivos escolhidos para a manufatura do produto. Os
engenheiros que elaboram tais sistemas, também são clientes, clientes dos
treinamentos realizados, clientes da vontade política da empresa. Portanto antes de
filosofarmos sobre os clientes dos nossos produtos, devemos dissertar sobre o
primeiro cliente. Isto é nosso próprio funcionário!
À mudança deve ser total, e deve partir do presidente da empresa,
instituindo um clima favorável e terreno fértil para o surgimento e amadurecimento
do complexo ergonômico. Melhorar as condições de trabalho não deve ser
encarado como um sacrifício hediondo, mas um investimento saudável no futuro da
entidade.
Empresas que buscam eliminar as queixas com a implementação imediata
de pausas, ginásticas, treinamentos posturais sem o devido estudo das condições
dos riscos existentes; isto é, sem a implementação de um PLANO GLOBAL, podem
num ponto de vista mais técnico, ocultar ou mascarar não conformidades
importantes, e na maior parte das vezes de fácil resolução e correção.
As ações devem ser frutos de uma análise pormenorizada de todo o
sistema, deve estar ligada ao conjunto de ações necessárias, nunca deve ser
encarada como solução definitiva, isto porque estamos lidando com processos e
sistemas altamente dinâmicos e intrinsecamente ligados às necessidades voláteis
do mercado. Cabe ressaltar que não estamos depreciando ou desmerecendo
qualquer ação ou profissional que milite ou não por estas áreas, estamos afirmando
que qualquer ação deve ser fruto de um estudo fundamentado, e deve fazer parte
de um PLANO GLOBAL completo e elucidativo. Ações administrativas não
eliminam os problemas, apenas reduzem o impacto imposto por uma ou mais
condições inadequadas.
O trabalho ergonômico deve permear as diversas atuações dos diversos
departamentos que compõe o conjunto de uma empresa. Sua penetração deve
108
atingir as diversas etapas do desenvolvimento de qualquer projeto, retratando não
somente os aspectos existentes mas também os aspectos passados e futuros.
A idéia de que o início do processo ergonômico dentro de uma empresa se
faz naturalmente devido à tendência mundial em aprimorar os processos produtivos
é um grande engano. Normalmente existe o conhecimento sobre uma ou outra
grande empresa que aplicou ergonomia em seu processo produtivo, mas não
existem informações suficientes sobre como estas implementações foram
realizadas e qual motivo que realmente iniciou tal processo. Para muitos diretores e
gerentes ergonomia não representa uma prioridade, visto que no entender destes
profissionais, estas inovações não passam de melhorias no conforto. Puro engano,
ergonomia hoje é reconhecidamente uma ferramenta fundamental para a melhoria
dos sistemas produtivos.
A banalização da produtividade como único objetivo, levou muitas
empresas a implementarem processos pragmáticos preconizados por consultorias
em gestões de produtividade, estes ideários são baseados freqüentemente em
literaturas fundamentadas por grandes instituições; o risco esta exatamente nos
processos residuais destas gestões, que via de regra não são devidamente
explanados. A redução dos ciclos, a concentração dos esforços, a aproximação dos
movimentos não são abordados durante uma explanação que têm por único
objetivo instituir uma nova ordem produtiva. A empresa contratante posteriormente
percebe que piorou demasiadamente seus processos no ponto de vista
ergonômico, em face do aumento da procura ao ambulatório; relatos
coincidentemente fortes de dores nos braços, dores nas costas ou dores difusas
pelos membros superiores comprovam o impacto da transformação produtiva.
Os médicos do trabalho por sua vez se queixam pelo aumento do número
de reclamantes, os supervisores se queixam pelo aumento do número de
afastamentos promovidos pelo ambulatório, e pela constante queda nos índices de
produtividade, finalmente os gerentes de qualidade se queixam pelo retrocesso dos
índices de qualidade.
109
Posteriormente o absenteísmo explode influenciando negativamente todos
os parâmetros mensuráveis existentes no campo produtivo.
Existe a partir deste momento uma busca sutil, que justifique tal
sintomatologia empresarial. Os médicos culpam a produção, principalmente devido
aos relatos dos funcionários que mencionam aumentos da velocidade no fim do
turno, os supervisores culpam os médicos, que segundo suas observações afastam
facilmente os funcionários queixosos. Esta discussão infrutífera, freqüentemente
atrasa o processo ergonômico necessário, visto que nesta “queda de braço”, a
empresa incorre para o início da banalização da ergonomia. Os supervisores se
unem aos engenheiros buscando provas sobre a coerência do processo produtivo,
relatos de funcionários que se ocupam em atividades extra ofício, ou informações
sobre outras empresas que trabalham “mais“ e praticamente não existem
queixas!!!, os médicos se unem aos profissionais das áreas de segurança e RH,
colecionando provas sobre aumentos da velocidade, alterações constantes nos
processos e métodos e relatos importantes sobre injustiças feitas no decorrer do
labor quotidiano.
Ambos se preparam para expor tais informações aos diretores, tentando
convencê-los sobre a inconsistência da informação do outro. O fato é inegável; Os
índices de qualidade, produtividade e absentísmo degradam assustadoramente,
não existe mais como negar uma epidemia dentro da empresa.
Neste momento aparece outro componente diferencial – estamos nos
referindo ao próprio funcionário, que percebendo a guerra inglória entre os seus
supostos superiores hierárquicos, “àqueles que resolveriam seu problema”, buscam
na ajuda de uma entidade externa a solução dos seus problemas. Os sindicatos
percebendo os anseios dos funcionários iniciam uma batalha paralela. Não importa
mais quem têm razão; os médicos ou os supervisores uma vez que a empresa esta
errada! Deixou escapar dos portões da fábrica um assunto facilmente contornável.
Agora para a empresa é imprescindível iniciar algum tipo de ação.
110
Construção do PLANO GLOBAL
A proposta metodológica para inserção ponto a ponto dos itens que
julgamos ser essenciais para o pleno domínio da questão denominada
ERGONOMIA, será explanada detalhadamente a fim de abordarmos todos os
segmentos que compõe o PLANO GLOBAL. Este conjunto de ações, fruto do
desenvolvimento prático e teórico adquirido por anos de experiência como
ergonomistas numa grande multinacional, e posteriormente aperfeiçoado em
função das nossas novas atividades como consultores de ergonomia de grandes
empresas situadas no país.
Diversas modificações implementadas no modo de produção desde sua
origem na pré-história até os dias de hoje, evidenciaram uma forte relação do
trabalho com o modo escolhido para a execução desta tarefa. Os processos e
métodos outrora definidos pelos próprios trabalhadores, hoje são instituídos por
departamentos de engenharia que utilizam como ferramenta de análise sistemas
destinados exatamente à eliminação dos chamados “tempos mortos”. Os estudos
de engenharia delimitam praticamente a forma do produto, o método e processo de
produção, assim como o número de pessoas para a montagem do mesmo. Estes
estudos sofrem freqüentes ajustes em função da competição acirrada entre os
diversos segmentos de negócios, ou pelo aparecimento de novas técnicas.
A competição poderá agravar-se em função de outras situações, como
ocorre em alguns produtos específicos, por exemplo; existe uma conhecida e
desigual disputa, reflexo de subsídios importantes ofertados por países
desenvolvidos, ou pelo emprego de mão de obra escrava, ou mesmo pelo trabalho
de presidiários, ambos observados em países subdesenvolvidos.
Preços muito abaixo dos custos de produção dos concorrentes. Esta é a
realidade de muitos segmentos de negócios, na tentativa de igualar os preços,
ocorre uma busca insana por ferramentas que reduzam os custos operacionais. Os
111
ciclos são reduzidos, demissões, horas extras e finalmente o simples e antigo
método do aumento das velocidades.
Com a banalização do sistema produtivo ocorre a fertilização do terreno
para o aparecimento dos infortúnios decorrentes das sobrecargas físicas e
cognitivas, somados ao aumento do número de acidentes.
Outro agravante está presente na persistência deste tipo de atitude, e
praticamente sua consagração perante os bastidores das organizações.
Argumentados pelo fato de que muitas empresas conseguiram “vencer” a barreira
dos custos, e pior, viram outras que não seguiram seus passos, anunciarem suas
respectivas inviabilizações.
Não podemos ignorar a realidade - a disputa pela redução dos custos é
tema de diversas e acaloradas discussões, quais não terminarão tão cedo!
Em face destas evidências, não podemos defender em momento algum a
permanência do negócio nos patamares anteriores a década de 90, logo devemos
firmar nossa posição que visa demonstrar a possibilidade de inserção de qualquer
técnica produtiva junto com determinações ergonômicas vigentes, proporcionando
um sistema competitivo e ao mesmo tempo saudável.
Se não houver uma mudança radical na forma irracional que se institui
programas para a redução dos custos por meio da racionalização simples, é
possível prever três tipos de empresas:
1º As que tiveram problemas relacionados aos DORT
2º As que têm problemas relacionados aos DORT
3º E as empresas que terão problemas relacionados aos DORT
Evidentemente que as afirmações possuem afirmações aparentemente
simplistas e severas, entretanto devemos considerar que em decorrência da
112
necessidade de sobrevivência, muitas empresas “grandes, médias e pequenas”,
instituirão mais cedo ou mais tarde programas para racionalização dos seus
sistemas sem com isso aplicar um programa ergonômico eficiente.
Para finalizarmos esta introdução sobre a importância da formação de um
comitê, que deverá gerir adequadamente o programa de ergonomia, é conclusivo
afirmar que estamos lidando com uma realidade complexa e altamente dinâmica.
Hora permeando as realidades sociais e cognitivas, hora ingressando nos
contextos técnicos, hora fluindo para os ideários médicos. Exigindo desta forma a
abordagem do tema por profissionais das diversas áreas.
PRIMEIRO ANO
AO – PRÉ LAUDOSugerimos à realização de um pré-laudo antes do início
efetivo dos trabalhos que visam fundamentalmente eliminar os riscos ergonômicos
existentes, assim como preparar os diversos departamentos para uma subseqüente
e nova ideologia voltada à ergonomia de concepção. Gostaríamos de relatar que
também não aplicávamos tal instrumento, mas a falta de conhecimento sobre
detalhes dos sistemas produtivos durante os treinamentos, nos impedia algumas
vezes de razoar perfeitamente sobre determinado problema.
O pré-laudo poderá ser realizado por qualquer ergonomista experimente,
seu objetivo não se resume ao levantamento minucioso das condições
ergonômicas existentes, mas formar uma idéia básica que permita priorizar cada
item do plano em função de suas respectivas importâncias.
O pré-laudo portanto, poderá ser obtido rapidamente, uma vez que a forma
de coletagem dos dados é possível através da verificação visual simples. Como
mencionamos anteriormente um bom ergonomista pode realizar facilmente esta
tarefa em pouco tempo.
A construção do corpo do plano, portanto focará os pontos mais prioritários,
evitando desta forma o remanejo do plano durante sua fase de implementação, ou
113
mesmo redundâncias desnecessárias comuns e dispendiosas, oriundas do mal
planejamento.
Uma empresa automobilística, por exemplo, que queira iniciar um plano
avançado a fim de aprimorar a linguagem ergonômica entre seus diversos
departamentos, e paralelamente iniciar um plano para a inserção da ergonomia de
concepção em suas diversas áreas de engenharia, deverá primeiramente pré-
avaliar todo o complexo fabril através do pré-laudo, a fim de ajustar o PLANO.
A forma tradicional para definir a priorização de fatores não conformes é
decorrente principalmente do próprio ponto de vista da empresa, oriundo de suas
experiências e treinamentos anteriores, ou mesmo da forma que alguns
profissionais formadores de opinião entendem o conteúdo do complexo, desta
maneira outra grande vantagem para a inserção do pré-laudo antes do início da
elaboração do PLANO, esta exatamente na possibilidade de evidenciar os pontos
mais falhos da empresa, quais poderão “encorpar” a elaboração final do PLANO.
Não devemos confundir, “pré-laudo com apresentação da área”.
Examinemos agora a diferença entre estas duas condições, para que o simples
passeio pela área não se transforme numa verificação produtiva em busca dos
pontos falhos.
Quando uma empresa contrata os serviços de um profissional de
ergonomia, ocorrem normalmente uma série de eventos que antecedem o início
dos trabalhos propriamente ditos; são negociações normais que visam solucionar
dúvidas sobre o conteúdo do treinamento, apresentação das ferramentas que
deverão ser utilizadas para análise posterior, custos de cada evento etc. O
profissional de ergonomia necessitará percorrer rapidamente os locais produtivos,
sem com isso caracterizar um pré-laudo; seu objetivo neste momento é conhecer a
empresa, definir rapidamente qual o tipo de manuseio predominante, ciclos e
complexidade do processo.
114
Finalmente o início do pré-laudo é iniciado através do estudo rápido dos
postos operacionais. Cada verificação não deverá ultrapassar 5 minutos; a
elaboração do relatório ocupará aproximadamente 20 minutos.
O relatório final deverá propor ações rápidas, expor as condições mais
severas, identificar posturas inadequadas e vícios posturais. Sua constituição
simples, descritiva, isenta de cálculos ou estudos mais precisos permitira formar
uma idéia aproximada da real situação. A escolha de um bom profissional para a
elaboração desta atividade é crucial, uma vez que as diversas conclusões não se
originam de planilhas ou ferramentas, mas da pura observação e experiência do
consultor.
A forma de condução da operação poderá se tornar improdutiva quando o
profissional de ergonomia for direcionado aos locais que a empresa julga
prioritários. A questão é exatamente esta; como é possível uma empresa não
expert no assunto, direcionar um profissional gabaritado, a fim de expor seus
maiores problemas? Não estamos recriminando a empresa, mas sim a forma de
condução, visto que, para um profissional de consultoria, mesmo com anos de
experiência, se torna impossível conhecer todo o complexo visitando somente
poucas áreas ou em função das deliberações.
Por outro lado, ao invés de se deixar levar pelo colaborador da empresa
aos locais de risco, o consultor se comportar como um investigador, auditando
rapidamente todos os locais será possível confrontar suas observações com os
relatos da própria empresa, será possível desta forma construir um mapa
praticamente irrefutável, cujo descritivo compare (queixas x observações). Desta
forma haverá possibilidade mesmo antes do inicio dos treinamentos, de iniciar
intervenções importantes, visto que a constatação do risco indicada pelo consultor
em consonância com queixas anteriores comprovadas pelos médicos.
A ergonomia é um assunto extremamente vasto e complexo, principalmente
no que se refere à realidade produtiva e industrial. Os grupos musculares utilizados
115
para as diversas operações de montagem de um caminhão, evidentemente diferem
dos utilizados na montagem de um celular ,por exemplo; isto que dizer que para o
treinamento das equipes destas duas empresas não é possível utilizar os mesmos
enfoques - sem com isso declinar das bases ergonômicas que abordam os temas
não predominantes àquelas empresas, uma vez que a montagem de celulares
possui uma área específica de montagem de racks pesados e grandes, enquanto
fábricas de caminhões possuem áreas para a montagem dos sistemas eletrônicos
pequenos e sensíveis.
Quais perguntas o ergonomista deve formular para a realização do pré-
laudo numa empresa?
* Para o médico:
- Existem casos novos?
- Existe alguma área reincidente?
- Existem funcionários afastados? Quantos?
- Existem funcionários reabilitados? Quantos?
- Em quais áreas eles estão localizados?
- Existiu um período definido, em que se iniciou ou agravou-se este
processo?
* Para os engenheiros:
- Existe estudo de cronoanálise realizado?
- Existe algum tipo de estudo que leve em consideração o biótipo dos
funcionários para o desenvolvimento dos postos, ou compra de equipamentos ou
produtos?
116
- A relação produção x número de operadores sofre algum tipo de estudo
em função das mudanças de volume?
- A empresa utiliza tabelas antropométricas, ou estudos realizados em
populações de outros países para o desenvolvimento dos sistemas operacionais?
- Integrantes da produção possuem a autoridade para alterar processos ou
métodos definidos, se assim julgarem conveniente?
- Existe algum tipo de livro de evidências, que denote as alterações
realizadas nos últimos anos?
- Os engenheiros costumam auditar o processo, a fim de verificar falhas ou
distorções?
* Para os Supervisores de Produção
- A forma de abordagem feita pelos superiores aos seus subordinados, em
seu parecer é:
amigável;
impessoal;
ríspida;
grosseira;
- Qual a forma utilizada para eliminar a sobra oriunda do atraso de
produção no decorrer do dia de trabalho?
aumento simples da velocidade da esteira;
aumento da velocidade da esteira com o proporcional acréscimo do número
de operadores;
117
colocação de mais peças nos espaços;
alterar os horários de paradas “lanche, almoço e banheiro” para eliminar o
banco;
- Qual procedimento é tomado a fim de evitar atrasos, quando um operador
falta ou se ausenta temporariamente do posto?
substituição do mesmo por reservas previamente treinadas;
distribuição de suas tarefas para os outros operadores;
redução proporcional da velocidade;
- As horas extras, variações de velocidades, alterações de volumes nos
últimos dias do mês. ocorrem com qual freqüência?
nunca ocorrem
algumas vezes
freqüentemente
Estas perguntas devidamente respondidas somadas ao pré-laudo realizado
anteriormente permitirá ao ergonomista formar uma idéia muito clara da situação
real e administrativa da empresa; perceber quais os departamentos menos
preparados e quais as ações mais urgentes, permitindo desta forma delinear
perfeitamente o PLANO GLOBAL necessário para sanear completamente as não
conformidades. Ao mesmo tempo deverá entregar aos responsáveis ações de fácil
e rápida implementação obtidas durante as verificações proveitosas.
No ponto de vista médico existe grande motivação para a implementação
do questionário em face dos evidentes apontamentos e relatos. Estes relatos
auxiliam a conclusão do “nexo”, e contribuem para a documentação proveitosa
118
relativa à linearidade necessária de informações que caracterizam um processo
verdadeiro.
Entretanto o ponto mais atrativo em decorrência da elaboração do
questionário é certamente o controle estatístico dos diversos quesitos relatados. O
local mais afetado, o percentual de queixas por segmento, a descrição do nível do
desconforto, a freqüência e finalmente a evolução durante a jornada, demonstram a
influência direta do labor no agravamento deste desconforto permitindo razoar
perfeitamente sobre o impacto físico ou cognitivo impetrado.
O relato dos usuários se faz necessário uma vez que parte importante das
não conformidades descreve componentes não dimensionais, ou fatores lesivos
ligados ao plano doméstico ou do lazer. Estes componentes apesar de não ligados
ao labor, acabam influindo diretamente no desenvolvimento da tarefa através de
dores e desconfortos, ou mesmo o recorrente agravamento da lesão; isto mesmo.
É positivo razoar sobre a possibilidade do agravamento da lesão em função da
própria execução da tarefa, uma vez que movimentos similares aos agressores
originais podem contribuir para o agravamento da lesão, desta forma os meios
convencionais de análise somente indicarão o risco ergonômico presente no local
de trabalho, evidenciando exigências biomecânicas e outros fatores presente
durante a execução da tarefa, em contrapartida não buscarão na palavra do
usuário fatores que também podem influir na carga física e cognitiva. Portanto será
possível encontrar funcionários relatando fortes e freqüentes dores, quais evoluem
no decorrer do labor, mas no ponto de vista técnico não procedem uma vez que
operam equipamentos leves e tranqüilos.Desta forma devemos buscar nas tarefas
extra ofícios, respostas para estas questões.
5.2 Livro de Evidência
Novas metodologias e materias de estudos tem sido desenvolvidos para o
melhor entendimento de todos sobre o Processo Ergonômico.
119
O Processo Ergonômico do Trabalho apropriado para ás pessoas pode ser
um objetivo conjuntamente compartilhado pelos trabalhadores e as pessoas do
departamento administrativo.
A implantação apropriada do processo ergonômico pode ajudar as
companhias a conseguir e fornecer um ambiente de trabalho com grande
segurança, produtividade e gualidade no produto.
O livro de Evidência é dividido em 3 capítulos:
1º O processo Ergonômico – Uma breve história
2º Por que Documentar?
3º Como Documentar?
Capítulo 1) O processo Ergonômico – Uma breve história
O Processo Ergonômico constistirá de 3 etapas importantíssimas:
1) Início da Implementação do Processo: será composto por 5 passos
1. Fixar o compromisso da liderança;
2. Selecionar os membros do Comitê Ergonômico Local;
3. Treinar o Comitê;
4. Desenvolver estratégias da missão ergonômica;
5. Desenvolver processo para o grupo de trabalho.
2) O Ciclo de Melhoria do Trabalho: a 2ª etapa é o desenvolver o Ciclo de
Melhoria do Trabalho, seguindo 6 passos principais:
1. Identificar os trabalhos prioritários;
2. Avaliar sobrecargas do trabalho;
3. Desenvolver soluções;
4. Implementar soluções;
120
5. Documentar projetos;
6. Acompanhar os projetos realizados.
3) A 3ª etapa consistirá em desenvolver objetivos á longo prazo. O
sucesso das implementações das soluções faz-se necessário á busca de
estratégias á longo prazo, como os treinamentos especializados e avançados, a
comunicação ergonômica, a revisão do processo instalado, entre outros.
Capítulo 2) Por que Documentar?
Documentar significa coletar, organizar, e armazenar os registros escritos
do início até o fim do projeto.
Sem uma documentação apropriada e organizada, a eficiência do processo
do projeto possa ser que não ocorrá.
Existem pelo menos 8 boas razões para organizar a documentação do
processo ergonômico:
1) Assegurar projetos que prosseguem organizados: A boa prática de
documentar tem mostrato um grande impacto dentro do dia-a-dia do
funcionamento do grupo ergonômico local, pois ajuda os membros a organizar
todos os recursos e projetos que devem ser prioritários, e reorganizar os
desenvolvidos.
2) Desenvolver fatores para justificar a melhoria ergonômica: Um dos
fatores utilizados são os indicadores, que envolvem desde o acompanhamento do
procedimento médico até os esforços operacionais.
3) Construir uma história de sucesso: Um dos objetivos á longo prazo para
se conseguir sucesso no projeto é a Comunicação Ergonômica de toda a
Companhia.
4) Formar uma biblioteca de informação dos projetos futuros com atributos
similares:
121
A documentação efetiva ajuda o Comitê interno a trilhar soluções
ergonômicas para projetos futuros, ou mesmo reprojetos das soluções já
implementadas. Quando a documentação encontra-se organizada facilita toda a
busca das informações colhidas, otimizando tempo e energia para possíveis
mudanças.
Uma boa biblioteca de informações também benificía quando por algum
motivo o ciclo de melhoria tem que ser interrompido.
5) Apontar problemas no trabalho ou na operação: Um boa documentaçaõ
registrada e organizada permite ao Comitê focar esforços nos trabalhos de
prioridades, começando pela causa da raíz dos problema.
6) Esforços proativos ergonômicos: Quando os problemas foram
solucionados, as informações documentadas podem ser utilizadas proativamente
para a criação de estações de trabalho.
7) Monitorar continuamente e valiar as gualidades e sucesso do processo
ergonômico.
8) Encontrar regulamentos dos requerimentos (exemplo, OSHA).
Capítulo 3) Como Documentar?
Criar e manter organizada toda a documentação requer cooperação e
esforço de todo time ergonômico envolvido. O comitê tem responsabilidade
primária desta ação.
O Livro de Evidência está organizado com 3 partes em relação ao processo
de documentação:
1) Documentando o Time.
122
2) Documentando o Comprometimento (Ações).
3) Documentando o Projeto.
5.3 Guia do Ciclo de Melhoria do Trabalho
O Guia Técnico do Processo Ergonômico e a Melhoria do Trabalho
Este é o primeiro livro que se dirige ás necessidades e interesses de
pessoas não especializadas. Este livro foi projetado para pessoas como você
mesmo, que têm muito conhecimento e experiência, mas que não é um
especialista em ergonomia.
O que você tem á sua frente é uma referência completa, para uma
abordagem prática, objetiva para a tarefa de identificar, analisar e corrigir
trabalhos que possam estar mal projetados sob o ponto de vista ergonômico.
O Guia Técnico é uma parte do Adequando-se os Trabalhos ás pessoas:
um pacote com um Processo Ergonômico, que inclui:
• O Guia de Implementação: informações essenciais sobre o
processo ergonômico, e orientações para o início deste
processo em sua fábrica.
• Videotapes com o Comprometimento das Lideranças:
complementa o Guia de implantação, é projetado para
orientar os membros da Comissão local de Ergonomia.
• O Videotape de Conscientização: suplementa o Guia técnico.
Inclui demonstração de como analisar os trabalhos
123
focalizando problemas ergonômicos e exemplos de como
implementar princípios ergonômicos em sua fábrica.
• Um curso recomendado para Treinamento da Comissão
Local de Ergonomia: oferece introdução abrangente ás
técnicas e princípios básicos de Ergonomia para a
identificação, análise e correção dos problemas do trabalho.
1. O que é Ergonomia ?
2. O Processo Ergonômico e Você
3. Como Usar Este Livro
O restante da Introdução é divida em 3 partes:
Parte 1: O que é Ergonomia? Porque nós precisamos dela
e o que ela pode fazer em nossas fábricas.
Parte 2: O Processo Ergonômico e Você: Um estudo de
algumas das características chaves do Processo Ergonômico
e sua participação nele.
Parte 3: Como Utilizar este Livro: O que há neste livro,
como ele está organizado, recomendações de como
usá-lo para fazer ergonomia funcionar na sua fábrica.
124
O Guia Técnico do Processo Ergonômico
O livro que você acabou de abrir é uma referência completa, para uma
abordagem prática, objetiva para a tarefa de identificar, analisar e corrigir
trabalhos mal projetados sob o ponto de vista ergonômico.
As pessoas sem formação científica ou de engenharia, podem ser treinadas
para aplicar princípios ergonômicos básicos com o objetivo de melhorar os
trabalhos significativamente.
Para que tudo possa ficar claro dividiremos a introdução em 3 partes:
1) O que é Ergonomia?
2) O Processo Ergonômico e Você.
3) Como Usar Este Livro.
O que é Ergonomia?
Ergonomia quer dizer adequar os trabalhos ás pessoas. Alguns trabalhos
ultrapassam as limitações humanas, resultando em cansaço, dores e / ou
limitações de movimento. Para tentar minimizar ou solucionar estes problemas
entende-se por Ergonomia.
O processo ergonômico hle dará a oportunidade de ajudar a resolver
problemas em sua fábrica, mas antes é necessário entender as respostas para
seis questões chaves:
1. O que pode acontecer quando um trabalho está mal projetado?
2. Quais são os efeitos destas condições?
3. Como que os trabalhadores respondem a um projeto de trabalho mal
elaborado?
4. Como a ergonomia soluciona estes problemas?
5. Quais são os benefícios da Ergonomia?
6. Se a ergonomia é tão benéfica, porque ela não foi ou não está sendo
usada mais freqüentemente, em mais lugares até o presente momento?
125
O Processo Ergonômico e Você
Você é uma parte importante para o processo ergonômico.
Se você é um membro do Comitê local de Ergonomia, ou se você está
trabalhando com esta comissão para melhoria dos trabalhos em sua fábrica, você
pode contribuir significantemente para o sucesso dos esforços locais e dos
esforços ao longo de toda a organização.
Como Usar Este Livro
As partes principais do Guia serão divididas em sete capítulos. Sendo que:
Capítulo 1: serão discutidos os Efeitos de um Projeto Mal Elaborado,
que oferece a base que você precisa, antes de começar melhorar os
trabalhos em sua fábrica.
Capítulos 2 ao 7: irão levá-lo a percorrer os seis passos do ciclo de me-
lhoria do trabalho.
O Ciclo de Melhoria do Trabalho ilustra como cada novo trabalho cria, com
base na experiência e resultado dos trabalhos anteriores.
O Guia Técnico do Processo Ergonômico foi projetado para oferecer um
conhecimento básico dos princípios de Ergonomia e técnicas em combinação com
o treinamento formal. Deve ser utilizado como um livro de consulta.
Será apresentada recomendações de como usar este livro como manual de
instrução para adquirir um conhecimento básico de Ergonomia.
Parte 1: O que é Ergonomia?
Ergonomia quer dizer adequar os trabalhos ás pessoas, de modo que as
pessoas possam beneficiar-se do melhor modo possível de um ambiente sadio,
positivo e seguro. Alguns trabalhos não fazem concessões as imitações humanas,
126
resultando em cansaço em demasia no final do dia, dificultando o relacionamento
social e familiar.
Existem algumas coisas que podemos fazer com relação a estes
problemas. É isto que se entende por Ergonomia
O processo ergonômico lhe dará a oportunidade de ajudar a resolver
problemas em sua fábrica, mas antes para isso é necessário entender as
respostas para 6 questões chaves:
1. O que pode acontecer quando um trabalho não está
projetado para se adequar ao trabalhador?
O problema começa com um projeto mal elaborado. Em termos
ergonômicos o projeto mal elaborado do trabalho quer dizer que há expectativa
com relação ao elemento humano no global do sistema. Quando os limites do
corpo são desprezados, pode-se chegar á distração, erros, acidentes e problemas
de saúde de longa duração.
Alguns movimentos devem ser evitados, como:
� Flexionar o tronco sobre a sua bancada de trabalho
durante todo o dia;
� Esticar-se para o alcance ou pega;
� Erguer caixas ou sacos volumosos;
� Trabalhar com os braços acima da linha da sua
cabeça;
� Esforça-se para ler uma letra miúda;
� Esforça-se para escutar em uma área com muito
barulho.
127
2. Quais são os efeitos destas condições?
Condições de trabalho como estas, atingem o trabalhador. Os efeitos
imediatos, ou em curto prazo, podem ser:
• O desconforto
• A fadiga
• A sobrecarga visual
• Dores
• Sobrecarga mental
Quando os trabalhadores estão cansados, desconfortáveis ou com
dores, o senso comum nos diz que existe uma maior probabilidade de erros e
acidentes durante o trabalho.
Em longo prazo, tais condições podem causar lesões mais sérias,
podendo levar até a invalidez. Podemos exemplificar as lesões como: síndrome do
túnel do carpo, lombalgias, tendinites, dedo em gatilho, entre outras.
Você provavelmente conhece pessoas que estão afastadas do serviço ou
com incapacidade para executar seus trabalhos por causa de problemas como
estes.
3. Como que os trabalhadores respondem a um projeto
de trabalho mal elaborado?
As pessoas lidam de maneiras diferentes com relação á dor, ao
desconforto, á fadiga e á inconveniência causadas por um projeto mal elaborado.
Os seguintes tipos de respostas são possíveis:
• Absenteísmo: as pessoas podem ser forçadas a se
ausentar para conseguir algum alívio.
128
• Rodízios: as pessoas podem ser forçadas a mudar de
trabalho dentro da fábrica, ou a abandonar o seu
trabalho.
1. O que é Ergonomia ?
2. O Processo Ergonômico e Você
3. Como Usar Este Livro
• Reclamações: as pessoas podem reclamar de seus
trabalhos junto a colegas, supervisores ou
representantes dos empregados.
• Desempenho inadequado: as pessoas, quando
apresentam desconforto enquanto trabalham, em
geral não conseguem produzir no mesmo ritmo ou no
melhor ritmo possível.
Um projeto mal elaborado pode causar sofrimento tanto para o
trabalhador afetado como para os seus familiares.
Eventualmente, estas respostas humanas normais e
compreensíveis afetarão toda a operação, podendo resultar em:
- maior chance de acidentes / incidentes;
- problemas de produção;
- queda da qualidade;
- maior taxas de erros;
- maior taxa de sucateamento;
129
Em resumo, todos perdem quando o projeto de trabalho é mal elaborado -
trabalhadores, suas famílias e toda a operação. Entre os possíveis tipos de perda
podemos incluir:
Portanto, o projeto mal elaborado pode apresentar como resultado 5
conseqüências possíveis:
1. Perda econômica para os trabalhadores afetados e
suas famílias.
2. Perda da Qualidade de vida do trabalhador.
3. Perda da capacidade do trabalhador de conseguir
renda.
4. Perda operacional com relação à eficiência,
conhecimento, experiência dos trabalhadores
lesionados que não podem continuar em seus
trabalhos.
4. Como a ergonomia soluciona estes problemas?
• Trabalhos já existentes: A ergonomia utiliza
conhecimentos de muitas ciências diferentes para
analisar a interação entre o trabalhador e o ambiente
de trabalho. Nós usamos a Ergonomia para identificar
quais elementos do ambiente de trabalho afetam
negativamente o trabalhador e para identificar as
exigências do trabalho.
•
Esses elementos negativos e as exigências excessivas são
chamados de:
130
A. Sobrecargas do trabalho: para reduzir estas
sobrecargas, são necessárias modificações no
método de trabalho, os locais de trabalho ou as
ferramentas. É isto que chamamos adaptação
do trabalho às pessoas.
B. Novos Trabalhos: O melhor modo de se
proteger os trabalhadores é projetar o trabalho
desde o seu início, de modo que ele se adapte
ou se ajuste aos limites humanos.
O ideal é que ambas as atividades, correção de trabalhos já existentes ou
o projeto de novos trabalhos, segundo os princípios ergonômicos, devem
acontecer durante todo o tempo em toda a fábrica.
1. O que é Ergonomia ?
2. O Processo Ergonômico e Você
3. Como Usar Este Livro
5. Quais são os benefícios da Ergonomia?
Um Processo Ergonômico de sucesso apresentará como resultado muitos
benefícios pessoais e operacionais. Entre eles são:
• Saúde e Segurança
- Reduções de lesões e doenças ocupacionais;
- Reduções de acidentes / incidentes durante o
trabalho;
• Qualidade de vida no trabalho
131
- Melhoria da auto-estima e motivação do
empregado em relação ao trabalho;
• Benefícios Operacionais
- Redução do Custo com assistência médica;
- Melhoria da qualidade do produto;
- Redução da taxa de absenteísmo.
6. Se a ergonomia é tão benéfica, por que ela não foi
usada ou não está sendo usada mais freqüentemente,
em mais lugares até o presente momento?
Existem muitas razões para essas questões, basicamente estas razões
estão relacionadas a quatro barreiras que você pode conhecer e saber como lidar
com elas.
1. Existência de pouco conhecimento geral sobre ergonomia:
A ergonomia não é uma ciência nova, porém poucas
pessoas estavam capacitadas para aplicá-la. Por muito
tempo a maioria das pessoas não sabiam que as
limitações e as capacidades humanas estavam sendo
desprezadas no projeto de um trabalho, ou se elas
sabiam, elas aceitaram que muitos trabalhos são
realmente difíceis; ou que elas não sabiam o que fazer.
2. Ausência de conhecimento específico sobre o trabalho: As
pessoas que projetam o trabalho, em geral, estão muito
distantes do ambiente real das operações e não sabem
qual problema o operador pode estar tendo. Muitos
trabalhadores não sabem que os seus trabalhos podem
132
ser as causas principais das suas contínuas dores e de
outros problemas físicos.
3. Ausência de comunicação entre as pessoas e as unidades
organizacionais responsáveis pelo projeto de trabalho: O
projeto de trabalho é um processo complexo que envolve
muitas unidades organizacionais. A comunicação sobre a
ergonomia, em geral, é mal feita, especialmente quando a
ergonomia não é prioridade de todas as unidades.
4. O conflito de metas entre as unidades organizacionais:
Em qualquer organização, cada unidade tem seus
próprios interesses e metas, os quais podem estar em
conflito com as demais unidades. A menos que os setores
tenham um interesse em comum em promover
Ergonomia.
Um processo ergonômico auxiliará a vencer as barreiras de comunicação
e conhecimento, mostrando como se formar um Comitê Local de Ergonomia,
como instruir o Comitê para se desenvolver e implantar melhorias ergonômicas. O
Guia de Implantação, incluído neste trabalho, oferece orientações para se fazer o
processo ergonômico ter sucesso em sua fábrica.
133
EAP Ergonomia: programas e recursos ___________________________________________________________________
6.Antropometria
134
6. ANTROPOMETRIA
6.1 Estudo Antropométrico
A palavra antropometria pode ser dividida em suas duas partes: Antro =
homem, ser humano e Metria = medição, processo ou técnica de mensuração.
Portanto, o Estudo antropométrico, é a técnica que visa a obtenção de medidas
do corpo ou partes do corpo, através de uma leitura de parte, ou toda a população
de um determinado local. A aplicação desta técnica é muito abrangente, servindo
como base para o desenvolvimento de praticamente todos os utensílios
manuseados ou utilizados pelo ser humano.
Sua aplicação pode abranger o dimensional dos pés de uma determinada
população para a confecção de sapatos, ou o estudo pormenorizado de poucos
indivíduos para a confecção interna da cabine do ônibus espacial por exemplo.
Como podemos observar o estudo antropométrico é certamente um dos quesitos
básicos para o desenvolvimento de um produto, sistema ou processo. O estudo da
população envolvida oferece ao projetista os dados necessários para o
desenvolvimento conceitual, ou mesmo para a correção de uma determinada
tarefa.
A obtenção das medidas corporais é possível, graças a alguns
equipamentos existentes no mercado. -Escala Antropométrica - Cadeira
Antropométrica - Antropomêtro - Softwares, ou em alguns casos por programas de
computador. Neste último caso, os dados são fornecidos por estudos pré-
existentes, feitos por grandes entidades “normalmente internacionais”, estes
programas são concebidos de forma que, a obtenção de todos os dados se
viabilize através da inserção de um só dado de parte do corpo. Portanto o
programa permite por analogia que os outros dados faltantes sejam deduzidos em
função do dado fornecido, assim quando é inserido, por exemplo 177cm de altura,
o programa entende que todos as outras características corporais de um indivíduo
de 177cm devam ser apresentadas. Desta forma o usuário do programa recebe
135
todos os dados corporais de um indivíduo de 177cm, inserindo somente uma
informação. Aparentemente o programa é perfeito, entretanto devemos ressaltar
que existem diferenças importantes entre a população que originou os dados
imputados, em comparação à nossa população por exemplo.
A utilização do estudo antropométrico nos possibilita ingressar em outra
etapa importante para o desenvolvimento do projeto, estamos nos referindo à
possibilidade de levantarmos a CURVA DE GAUSS. Esta curva em forma de U
invertido representa à distribuição que uma determinada amostragem possui num
determinado momento. Esta distribuição possui esta forma devido à tendência de
centralização das medidas ou valores em torno de um ponto médio. Desta forma é
possível por analogia ingressar nos dados que mais nos interessam, uma vez que
é possível coletar um número específico, parte de um valor, uma faixa ou qualquer
parte da amostragem para o desenvolvimento de uma proposta qualquer.
A coletagem dos dados representa 100% da população existente,
entretanto, não é sempre viável desenvolver uma proposta para 100% da
população em decorrência da inviabilidade operacional, ou mesmo em função do
aumento exponencial dos custos que esta atitude ocasionaria. Muitos especialista
indicam um range de 90%, isto é; haverá um corte dos 5% nos extremos superior
e inferior da curva, embora outros autores mencionem 95% do range. Quanto
maior for o range escolhido, maior será a dificuldade de adequações e
conseqüentemente maior o custo operacional, em contrapartida maior será o
número de beneficiados.
Se faz necessário também considerarmos neste momento outro fenômeno
importante. - A existência de uma tipologia diferenciada de indivíduos em função
da região, etnia, condição social, colonização etc. Este fato incontestável
observado em muitas partes do mundo, se evidencia com maior profundidade aqui
no Brasil, a ponto de não conseguirmos identificar claramente qual é o “tipo
brasileiro” característico.
Em geral as populações das empresas brasileiras também oferecem
divergências corporais significativas em decorrência do fato mencionado acima,
136
não possibilitando desta forma que o estudo de uma empresa, signifique a
adequação ideal para outra. Devemos entender estes preceitos, e abrir nossas
mentes para uma realidade indiscutível quanto à diversidade corporal existente,
oriunda principalmente de colonizações totalmente variadas.
O estudo antropométrico é uma ferramenta necessária para a definição do
projeto, correção dimensional, verificação estática, e contrariamente ao que muitos
pensam, responsável direta por parte importante da dinâmica dos movimentos.
Caso o dimensional de um posto de trabalho estiver mal elaborado,
certamente o operador realizará posturas inadequadas. Este fato pode ser
facilmente observado em postos cujos pontos de trabalho estão muito altos,
obrigando o operador abduzir os ombros, ou flexionar os punhos, em contrapartida
quando o ponto de trabalho estiver abaixo do recomendado, haverá flexão do
tronco.
Curva de Gauss – Forma para Obtenção
Forma matemática para obtenção da curva de Gauss. “Exemplo”
Xi Fi
157 1
160 3
162 3
165 8
167 15
170 29
172 34
175 19
178 9
180 7
182 3
184 2
186 1
134 TOTAL
Cálculo da Média: X » Média
X=(1x157)+(3x160)+(3x162)+(8x165)+(15x167)+(29x170)+(34x172)+(19x175)+(9x178)+(7x180)+(3x2)+(2x1
84)+(1x186)
134
137
_ _
X = 23013 X = 171.74
134
Cálculo para obtenção dos 5 e 95%
Total 134
5% = 134 x 5 = 6.7
100
95% = 134 x 95 = 127 ( 127 - 134 = 6.7 )
100
138
M 26
M 19
M 00 M 02
M1
M0
M0
M1
M 01
M 25
M 05
M1
M1
6.2 Distribuição e Medidas Antropométricas 6.2.1 Posição Sentada
M00 Distância entre o cotovelo e piso – digitação M01 Distância entre o tampo da mesa e piso – escrito M02 Altura recomendada para o assento M03 Limite do alcance normal M04 Espaço mínimo sob a mesa para encaixe das pernas M05 Distância entre o tampo da mesa e a linha dos olhos M13 Largura da mão M14 Comprimento da mão M17 Distância ótima para pega em preensão M18 Largura da coxa M19 Espaço entre assento e parte inferior do tampo M25 Distância entre o topo da cabeça e base da cadeira M26 Comprimento do braço
� Vãos: projetar tendo em vista a pessoa com corpo com maiores dimensões. − Exemplo: Vãos de portas devem ser adequados a homens
corpulentos. � Alcances: projetar tendo em vista a pessoa de menores dimensões.
− Exemplo: O alcance à frente deve ser adequado a mulheres miúdas.
139
� Adaptabilidade: projetar de modo que o empregado possa ajustar a estação de trabalho ou equipamento para corresponder às suas características físicas.
� Se possível, não projetar para a média da população: − Ao se projetar para a média da população, faz-se a maior
exclusão possível. − Não existe tal coisa como “pessoa média”, pois “ao projetar
considerando a média, se exclui a maior parte da população.” Aplicação de dados antropométricos
− Selecione medições que tenham relação direta com as dimensões definidas no projeto
− Determine o princípio de projeto (alcance x vão) aplicável a cada medição.
− Para assegurar a compatibilidade de todos os valores selecionados de um projeto, combine-os em um desenho, maquete ou modelo de computador.
− Para se ter diferentes partes do corpo na postura ideal, pode ser necessário adotar soluções de meio termo. Cada pessoa é diferente de todas as demais.
Altura na posição sentado
� Distância vertical da superfície do assento ao topo da cabeça, com a pessoa sentada ereta, olhando diretamente para frente, e tendo os joelhos em ângulo reto.
� Útil para se determinar o espaço livre para a cabeça, quanto sentado, em espaço confinado ou entre divisórias.
� Medição do espaço livre. Deverá ser suficiente para a pessoa de maior tamanho. Espaço mínimo para as pernas (sentado)
� Distância vertical do assento à parte superior da coxa em sua máxima altura vertical, medida com a pessoa sentada ereta e com os joelhos em ângulo reto.
� Útil na determinação do espaço livre para a cabeça, quando uma pessoa está sentada em espaço confinado ou entre divisórias.
� Essencial para se estabelecer as dimensões embaixo de uma superfície de trabalho, de tal modo que seja previsto espaço adequado entre a parte superior da coxa e a parte inferior da superfície de trabalho.
140
� Auxilia na determinação da altura de assentos. � Medição do espaço livre. Deverá ser suficiente para a pessoa de maior
tamanho.
Altura dos joelhos
� Distância vertical medida do chão ao ponto mais alto da coxa, com a pessoa sentada ereta e tendo os joelhos em ângulo reto.
� Útil para se determinar o vão necessário entre os joelhos e a parte inferior da superfície de trabalho, quando sentado.
� Medição do espaço livre. Deverá ser suficiente para a pessoa de maior tamanho.
Altura poplítea (sentado)
� Distância vertical do chão à parte inferior da coxa, estando a pessoa sentada ereta, com os joelhos em ângulo reto e tendo os pés no chão.
� Útil na determinação de altura de superfícies de trabalho e faixas de alturas de assentos para fins de ajuste.
141
� É desejável que haja ajuste de altura para atender diferentes percentis.
Distância nádega-panturrilha
� Distância horizontal do plano do ponto de trás das nádegas à parte de trás da perna na altura do joelho, medida com o sujeito sentado ereto e com os joelhos em ângulo reto.
� Útil para se determinar o comprimento do assento. Deverão ser considerados o ângulo do assento e a inclinação da sua extremidade dianteira.
� É desejável que haja adaptabilidade para atender diferentes percentis.
Altura do apoio de cotovelo (sentado)
142
� Distância vertical da superfície de assento à parte inferior do cotovelo direito, medida com o sujeito sentado ereto e com o braço direito vertical ao lado e o antebraço em ângulo reto em relação ao braço.
� A altura do apoio de cotovelo, junto com outros dados e considerações adequadas, é útil para se determinar alturas dos apoios de braços, superfícies de trabalho, mesas e consoles para operadores sentados.
� É desejável que haja adaptabilidade para atender diferentes percentis. Altura dos olhos
� Distância vertical do assento ao canto interno do olho, medido com a
pessoa sentada ereta.
� Útil para se determinar linhas de visão e campos ótimos de visão para o operador sentado de terminais de vídeo, monitores, etc.
� É desejável que haja adaptabilidade para atender diferentes percentis. Altura dos ombros (sentado)
� Distância vertical do assento ao ponto mais alto da extremidade lateral do
ombro medido com a pessoa sentada ereta.
� Importante para se determinar altura de prateleiras para evitar alcances acima dos ombros.
� Medição de alcance: na maior parte dos casos, devem ser atendidas pessoas de menor estatura.
Diretrizes de estação de trabalho com assento
As diretrizes de projeto fornecidas são relativas ao Ponto de Referência do Assento (PRA). Define-se o PRA como a interseção do plano do encosto com o plano do assento.
− O trabalho é desempenhado otimamente
20 cm a 30 cm acima do PRA − O trabalho é desempenhado otimamente
35 cm a 61 cm horizontalmente ao PRA − A figura abaixo ilustra a área de trabalho ideal.
143
Área de alcance do trabalho � A área normal de trabalho pode ser convenientemente alcançada através
do movimento do antebraço, com o braço pendendo lateralmente na posição vertical natural.
� A área de trabalho máxima é aquela que pode ser alcançada, estendendo-se o braço a partir do ombro.
� Sempre que possível todos os materiais, ferramentas, controles e recipientes, deverão ser dispostos no interior do envelope normal.
� Quando são dadas duas dimensões, a dimensão maior refere-se ao percentil 95 masculino, enquanto que a menor refere-se ao percentil 5 feminino. Área de trabalho primária – faixa horizontal
• A. Raio de alcance normal Max = 14" (36 cm) • B. Distância sentado/em pé Max = 8"-13" (20 - 33 cm) • C. Raio de alcance prolongado Max = 27" (68 cm) • D. Distância ideal de início do trabalho Ideal = 1"- 4" (2 - 10 cm) • E. Área de trabalho ótima 10" x 10" ( 25 x 25 cm) • F. Largura dos ombros 12" - 17" (30 - 43 cm)
Variáveis do trabalho sentado
• A. Altura do trabalho sentado — ajustável 61 - 79 cm Se não for de altura ajustável, trabalhar a 68 cm
• B. Ângulo da superfície de trabalho — ajustável - 6 a 30° • C. Máxima espessura da superfície de trabalho 5 cm • D. Profundidade do espaço para joelhos Min =38 cm • E. Largura do espaço para joelhos Min = 51 cm • F. Espaço livre vertical para as coxas Min = 19 cm • G. Distância para início do trabalho 10 cm • H. Profundidade do espaço livre para os pés 10 cm • I. Espaço livre para os joelhos com apoio dos pés 61 - 79 cm • J. Distância ao espaço livre da parte posterior dos dedos do pé 71 cm • K. Altura de trabalho das mãos 20 - 30 cm
Dimensões do assento
� Altura do assento: − A faixa ideal de ajuste de altura, do chão ao topo do assento,
é de 38 a 84 cm. − O assento de escritórios normalmente tem altura entre 35 e 48
cm, enquanto que o assento industrial pode ser de até de 84 cm de altura do chão.
� Profundidade do assento:
144
− O comprimento máximo do assento é de 38 a 48 cm − Os assentos devem possuir uma inclinação para baixo na
borda frontal. � Largura do assento:
− A largura mínima do assento é de 46 cm � Inclinação do assento:
− O ângulo do assento deve ser ajustável; preferivelmente de 0° a 10° do plano horizontal.
� Ângulo do encosto em relação ao assento: − Nas cadeiras de encosto ajustável ou sistemas articulados
assento/encosto, a faixa mínima do ângulo de reclino em relação ao assento deve ser de 90° a 105° do plano horizontal.
� Encosto: − O encosto deverá ter pelo menos 33 cm de largura e deverá
ter mais do que 35 cm de altura − O encosto deverá ser ajustável independentemente do ajuste
de inclinação do assento
• Apoio de braço: − A distância interna entre os apoios de braço deverá ser de 46
a 56 cm. − O apoio de braço deverá ter pelo menos 5 cm de largura e 16
cm de comprimento. • Altura do encosto:
− O encosto deverá ter pelo menos 35 cm de comprimento e deverá ser de altura ajustável.
• Apoio lombar: − Um assento que proporcione apoio lombar dará suporte à
coluna e um certo alivio à musculatura. − O apoio lombar restaura parcialmente a lordose (ou curva
lombar) da coluna na região lombar, importante para o conforto do empregado.
145
M 15
M 08
M 10
M 09
M 20
M 21
M 24
M 22
M 23
M 11 M 12
6.2.2 Postura em pé
M06 Largura dos ombros M07 Estatura do indivíduo M08 Distância do piso ao nível dos olhos M09 Altura indicada para o apoia pés (trabalho em pé x sentado) M10 Distância entre o cotovelo e chão (trabalho em pé) M11 Comprimento do braço e antebraço (alcance máximo) M12 Altura máxima para alcance
146
M15 Comprimento do pé M16 Largura do pé M20 Distância entre topo da cabeça e pivô dos ombros M21 Distância entre pivô do ombro e pivô femural M22 Distância entre pivô femural e pivô do joelho M23 Distância entre o pivô do joelho e pivô do calcanhar M24 Distância entre o piso e pivô do calcanhar
M 06
M 07
147
6.3 Medidas comuns do corpo (em pé)
• Nas seguintes medições de espaço não é dada margem para os sapatos; entretanto, se usa normalmente uma margem de 2 cm.
Estatura
� Distância vertical da superfície de apoio dos pés até o topo da cabeça, estando o individuo em posição ereta.
� Fazer uma compensação para operadores que se erguem na ponta dos pés, estendem os braços para cima, se elevam durante o caminhar ou ficam em pé em objetos (como paletes) acima da superfície do chão.
� Importante para o espaço livre acima da cabeça para luminárias • Questão do espaço livre: projetar para a pessoa de maior tamanho
Altura dos olhos em pé
� Distância vertical da superfície de apoio dos pés até os olhos, estando o indivíduo em posição ereta.
� Importante para alturas de displays suspensos e acesso da visão acima de
obstáculos.
� É desejável que haja adaptabilidade para atender diferentes percentis Altura dos ombros (em pé)
� Distância vertical da superfície de apoio dos pés ao topo dos ombros, estando o individuo em posição ereta.
� Define o ponto mais alto da zona de conforto (a parte mais baixa é a altura
dos joelhos)
� O manejo manual de materiais abaixo do nível dos ombros reduzirá a probabilidade de CTDs
� Dimensão de alcance: deve ser levado em conta o tamanho da menor
pessoa
148
Altura dos cotovelos (em pé)
� Distância vertical da superfície de apoio dos pés à parte inferior do cotovelo, estando o antebraço horizontal e o indivíduo em posição ereta.
� Define a parte superior da zona ótima de conforto (a parte inferior é a altura do apoio das mãos)
� Útil para: alturas de esteiras e acessos. � Se possível, deverá ser selecionada uma faixa. Se for fixa, definir a altura
tendo em vista indivíduos altos e providenciar plataformas para as pessoas mais baixas.
� É desejável que haja adaptabilidade para atender diferentes percentis. Altura do apoio das mãos (em pé)
� Distância vertical da superfície de apoio dos pés à palma do operador quando o braço é mantido para baixo e a mão é estendida na posição horizontal.
� Define a parte inferior da zona de conforto ótima (a parte superior é a altura
do cotovelo na posição em pé)
� Com esta medição podemos determinar alturas de corrimãos
� É desejável que haja adaptabilidade para atender diferentes percentís Altura dos joelhos (em pé)
� Distância vertical da superfície de apoio ao alto do joelho, estando o indivíduo em posição ereta
� Não devem ser projetadas tarefas de manuseio de materiais
abaixo desta altura
� Medição de alcance vertical: projetar para as pessoas mais altas
149
Exercícios conceituais
1 - Considerando os freqüentes ferimentos causados pelos carrinhos de
supermercado nos tornozelos dos clientes. Como você realizaria uma intervenção que evitasse tal risco?
2 - Porque os leitores óticos situados defronte aos caixas dos supermercados
não estão de acordo com as necessidades humanas?
3 - Porque as cadeiras universitárias usuais não oferecem conforto aos alunos?
4 - Que fatores você levaria em consideração para o desenvolvimento de um
posto de: digitação - motorista de automóvel - operador de torno - cabine de um avião - marceneiro - secretária - caixa de banco-
5 - Descrever 3 situações reais do mercado, cuja concepção ergonômica esta incorreta:
1-
_______________________________________________________ 2-
_______________________________________________________ 3-
_______________________________________________________
6 - O “tanque de lavar roupa” da sua casa, foi fixado em função de qual parâmetro?
150
6.4 Antropometria Estática
A utilização adequada das medidas coletadas durante o estudo
antropométrico de uma determinada população, permite resolver grande parte dos
problemas ergonômicos, bastando para isso entender que o corpo humano faz
parte de uma geometria típica da nossa espécie, sem com isso afirmar que
diferenças importantes entre os indivíduos não possam ser encontradas. Com
efeito, a antropometria das partes humanas, demonstrada pela curva de Gauss,
propõe uma forma típica, seja qual for o parâmetro escolhido.
O estudo estático visa no primeiro momento projetual, conceber valores que
premiam funcionalmente o projeto ou desenho em função das necessidades dos
usuários, estabelecendo para isso, o melhor dimensionamento possível para
correto uso, deslocamento, encaixe ou acesso. Para que isto se torne possível, é
necessário que o maior número de informações esteja em posse dos elaborados
do projeto, tais informações oriundas de fontes diferentes devem propor
exatamente uma interface perfeita entre as necessidades para a manufatura do
produto em favor das necessidades humanas.
Algumas premissas básicas são necessárias para dar início ao projeto numa
visão mais ergonômica, tais conhecimentos poderiam ser apresentados assim
Conhecimento do sistema
Conhecimento da antropometria populacional, biomecânica dos movimentos
e complexo das forças aplicadas.
Conhecimento do método
Conhecimento do processo
Conhecimento do produto
O estudo dimensional da população merece entre outras considerações
pertinentes, um perfeito razoamento sobre as diferenças peculiares existentes
entre os indivíduos de um determinado grupo de usuários, fato que via de regra
pode influenciar positivamente ou negativamente na elaboração ou fechamento da
proposta. As diferenças corporais são muitas vezes encaradas com naturalidade,
151
no entanto para quem elabora um produto qualquer, estas diferenças podem
significar a inviabilização da proposta. Evidentemente que esta inviabilização
depende mais de situações peculiares em comparação às situações mais
freqüentes uma vez que pessoas com peculiaridades dimensionais felizmente
fazem parte de uma minoria.
Outro ponto a ser discutido refere exatamente à inexistência de uma
característica básica de alguns povos, situação típica de grande parte da
população brasileira, que reconhecidamente partilha sua formação da união de
diversas etnias. Imagine a dificuldade que nós brasileiros teríamos em formar um
gráfico com a medida padrão de nossa população, visto que um país com
dimensões continentais, formado historicamente pela colonização portuguesa,
seguida por diversas invasões e finalmente receptora contumaz de imigrantes
Italianos, Alemães, Poloneses, Japoneses etc... Estes se misturaram entre si, com
os negros e paralelamente com os próprios índios, instituindo no pais um grupo
extremamente heterogêneo na forma corporal, cultural e social.
Hoje se questiona muito à necessidade de um estudo antropométrico que
defina o biótipo do brasileiro, entretanto a tarefa se mostra extremamente difícil e
trabalhosa, em face das evidências apresentadas acima. Em contrapartida, estas
diferenças dimensionais viabilizaram em muitos locais, o desenvolvimento peculiar
de sistemas, costumes e produtos, quais no ponto de vista prático alicerçaram
uma notável gama de variedades produtivas. Atualmente os usuários mais
seletivos, negam produtos que não atendam às expectativas, fundamentando
ainda mais à necessidade do uso de projetos voltados aos consumidores, portanto
o uso incorreto das medidas ou desrespeito a elas, pode significar a negação do
produto, milhões de dólares em desperdícios, dores, queixas, perda de mercado
etc...
Outra forma incorreta de obtenção de dados para design de produtos, aponta
à utilização de tabelas elaboradas em outros países. Ocorre que o biótipo dos
europeus é diferente do biótipo brasileiro, que é diferente do americano, que é
152
diferente do japonês, etc...Estas diferenças podem se acentuar, em função de
determinadas regiões.
Por exemplo, os pés dos europeus se mostram mais compridos e finos do
que os pés dos brasileiros, tipicamente mais curtos e altos (Lacerda 1984).
As diferenças étnicas são algumas vezes significativas, instituindo à
necessidade de avaliar o impacto que um determinado projeto ocasionaria numa
modificação qualquer proposta na matriz situada em outro país, por exemplo. Para
que possamos entender melhor o porque da explanação, citaremos alguns
exemplos importantes: Os pigmeus da África Central, medem em média 143cm
para os homens, enquanto os negros neolíticos que habitam a região sul do
Sudão medem 182cm.Isso significa, que a diferença entre o mais alto e o mais
baixo, é de aproximadamente 30%.
Hoje com a globalização, há uma preocupação crescente em relação aos
produtos comercializados. Novos produtos mais flexíveis e ajustáveis,
considerados “lançamentos mundiais” começam a tomar conta das prateleiras,
evidenciando uma tendência marcante.
- uma vez que o desenvolvimento das propostas no que se refere aos
usuários deveria estar ligada ao conhecimento por parte dos projetistas ao biótipo
das diversas populações usuárias, mas como sabemos não reflete a realidade. Os
projetos mundiais, portanto devem passar por estudos que avaliassem melhor o
impacto na devidas populações usuárias. Alguns produtos não ofereceriam riscos,
mas outros certamente impactariam diretamente nas estruturas corporais dos
clientes. Exemplificaremos alguns problemas relacionados à inadequação do
produto frente à população usuária. Estes problemas são freqüentes, e facilmente
observáveis, sendo que provavelmente todos nós já vivenciamos tais situações:
Sapatos apertados - As medidas dos sapatos brasileiros, representam um
estudo europeu. Os pés dos brasileiros são mais gordos e curtos, enquanto os
europeus possuem pés mais longos e finos, assim é fácil de entender o porque há
necessidade de “lacear” o sapato.
153
Distância entre os assentos dos ônibus - qualquer pessoa que possua mais
de 170cm, não encaixa devidamente as pernas entre os bancos.
Caracterização de 3 grupos pela forma corporal: Endomorfo - formas arredondadas e macias “forma de pêra“
Mesomorfo - tipo musculoso, de formas angulosas. Ectomorfo - corpo e membros finos Pesquisa feita por (Sheldon 1940) A diferença nas proporções corporais existe até na medida dos pés, assim
como constatou Lacerda (1984).Os pés dos brasileiros são relativamente mais
curtos e mais “gordos”, em relação aos pés dos europeus mais finos e longos.
Comparação entre as medidas dos pés europeus e brasileiros (Lacerda 1984)
Outro fator importante a ser considerado, é a etnia do indivíduo, pois ela
determina as proporções corporais, estas proporções não sofrem alterações,
mesmo que haja evolução na estatura do indivíduo.
154
Proporções típicas de cada etnia (Newman e White, 1951 - Siqueira 1976).
Crescimento Populacional: Fenômeno interessante que ocorre em
praticamente todos os países industrializados, evidencia o crescimento da
população geração a geração uma vez que as populações mais jovens se
mostram cada vez mais altas em comparação aos seus pais. Este fenômeno
ocasionado por uma alimentação rica em proteínas, somado aos exercícios físicos
nas escolas, mostra um jovem corporalmente diferente.
Recomendamos, portanto que se faça uma revisão dos valores obtidos no
estudo antropométrico original, caso algumas das situações abaixo discriminadas
ocorrer.
POPULAÇÃO
JOVEM ROTATIVIDADE DEMISSÕES ESTUDO ANTROPOMÉTRICO PROMOÇÕES
CONTRATAÇÕES TRANSFERÊNCIAS
155
No momento em que o mundo procura uma nova realidade projetual, as
medidas antropométricas anteriormente peculiares e destinadas a uma população
específica, perderam suas finalidades regionalistas. Assim como nos referimos
anteriormente muitos produtos são distribuídos para diversos povos, obrigando os
fabricantes a procurar um novo tipo de design, que sirva para qualquer biotipo
humano, ou fabricar produtos com diversos tipos de ajustes.
A antropometria estática requer valores representativos da população
através do estudo antropométrico desta mesma população usuária, permitindo
desta maneira que se elabore uma perfeita harmonia do desenho em favor dos
limites humanos encontrados. Este estudo assim como verificamos, não é estático
mas dinâmico e mutável uma vez que seres humanos crescem, engordam,
envelhecem, etc.
O dimensionamento humano é parte integrante e fundamental de
praticamente todas as propostas que visem elaborar qualquer elemento utilizado
por pessoas, em qualquer fase, mesmo em sua de fabricação ou utilização. Desta
forma podemos concluir que dificilmente encontraremos algum produto, que não
tenha qualquer tipo de manuseio.
As figuras abaixo indicam valores que devem ser confrontados com os
valores provenientes do estudo antropométrico.
Variações extremas do corpo (Diffrient et al, 1974)
156
Grandjean 1974
A figura demonstra a preocupação com a área de alcance normal e máxima.
Distâncias e limites recomendados para partes do corpo humano:
157
r > 120 r > 220 r > 550 r > 850
a > 40 a > 50 a > 130
b > 120 b > 200 b > 850
a > 40 a > 130 a > 130
> 120 b > 200 b > 850
158
6.5 Recomendações posturais básicas
Peças volumosas devem ser posicionadas em função do ponto natural de trabalho do operador “m10”, não em função da altura da mesa. A figura propõe o trabalho em pé em decorrência do dimensionamento grande da peça.
159
Largura mínima para mesa em função da largura dos ombros. Obs: Distância entre botoeiras, usar “M06”
Posição Vertical Horizontal
Em pé 203cm 76cm
Em pé 203cm 102cm
pernas dobradas
Ajoelhado 122cm 117cm
Deitado 46cm 243cm
Apesar dos valores recomendados acima, sugerimos que se utilize os valores obtidos a partir do estudo antropométrico da população.
6.6 Antropometria Dinâmica
Membros Superiores
A biomecânica dos movimentos se constitui no estudo analítico do
deslocamento de um segmento do corpo para realizar uma determinada tarefa. No
ponto de vista dos técnicos, engenheiros e profissionais ligados às áreas de
engenharia, este estudo via de regra representa o segmento mais complexo da
160
análise ergonômica, uma vez que se faz necessário desenvolver uma “visão” mais
acurada dos movimentos humanos. Este complexo de deslocamentos, cujos
nomes soam estranhamente, oferecem severa dificuldade para os indivíduos não
treinados.
O primeiro passo para a correta análise dinâmica de uma atividade, é
entender que os movimentos possuem nomes bem definidos, e apesar das
sutilezas diferenciais entre alguns deles, é fundamental diferenciar
adequadamente cada movimento. Posteriormente, num segundo passo, se faz
necessário lançar adequadamente cada movimento numa planilha analítica,
buscando quantificar o risco.
A identificação de todos os movimentos observados num determinado ciclo
evidenciará um estudo detalhado sobre todos os movimentos existentes. Ocorre
que partes das análises não são eficazes, uma vez que não existe a preocupação
com a identificação de todos os movimentos, mas para o apontamento daqueles
movimentos que o auditor julgar mais prioritários, proporcionando um quadro irreal
da situação ergonômica, pois muitas vezes movimentos aparentemente
insignificantes, demonstram numa visão detalhada alta lesividade. Isto ocorre
devido a forças inerentes, compressões mecânicas, vibrações, ou a soma de
diversos fatores somados a este movimento considerado inicialmente
insignificante.
O estudo ergonômico minucioso deve levar em consideração todos os
movimentos existentes, e somente após a correlação entre os diversos fatores, há
possibilidade de desprezar qualquer segmento. Um ciclo de trabalho é construído
de diversos movimentos, que paralelamente possui intrinsecamente envolvido
outros parâmetros como a força, repetitividade, posturas, compressão mecânica,
vibração e muitos outros, evidenciando um complexo de possibilidades e
correlações lesivas ou não.
Este complexo demonstra ao longo de diversas análises que, não existe um
“posto lesivo”, mas momentos lesivos dentro de um ciclo qualquer. Portanto,
quanto mais detalhada for a discriminação dos movimentos e todos os agregados
161
de um determinado ciclo de trabalho, maior será a possibilidade de obtenção de
uma análise precisa.
Desta forma podemos afirmar que o motorista de táxi é acometido por
fortes dores nas costas devido à somatória de diversos fatores, não somente pela
postura típica do motorista:
Inadequação do banco
Postura
Stress
Contração estática
Excesso de trabalho
A importância de cada fator como causador depende do grau de exposição,
que via de regra varia de caso para caso. Por exemplo, o motorista de táxi que
vive no interior pode se queixar de dores da mesma forma que um motorista que
trabalhe nos grandes centros, mas certamente a parcela de stress do motorista
urbano é significativamente maior que a observada no motorista que trabalha no
interior. Em contrapartida, “e supondo apenas”, o motorista do interior que dirige
em estradas de terra certamente sentirá o efeito dos constantes impactos, de uma
forma mais severa que o motorista da cidade. Desta forma é possível que ações
corretivas diferentes, sejam necessárias em ofícios iguais, uma vez que o
detalhamento das operações nos mostrou atividades aparentemente similares,
mas diferentes no que diz respeito à exposição de fatores lesivos, desta forma a
priorização das ações para o motorista da cidade difere significativamente da
priorização das ações necessárias para o motorista do interior.
A utilização do recurso do uso de câmera lenta, como forma de aprimorar a
técnica de visualização dos movimentos, é reconhecidamente positiva, tanto no
ponto de vista de coleta dos dados como para cronometragem dos movimentos
curtos e rápidos.
162
Nota: Uma vez que muitos funcionários alteram seus ritmos normais de
trabalho quando percebem que estão sendo filmados, torna-se necessário que
haja certeza, sobre a normalidade da filmagem.
Atividades humanas freqüentemente são compostas por movimentos
diferenciados e complexos, geridos através da simples vontade do indivíduo em
executar, o meio é um fantástico sistema de músculos, veias, nervos, ossos e
tendões. Os movimentos, principalmente os realizados pelos membros superiores,
demonstram uma fantástica gama de possibilidades, visto que cada movimento,
pode por definição ser simples ou composto, originando outro movimento inédito.
Esta possibilidade imensa de variações viabiliza inumeráveis tarefas, no
entanto algumas posturas não são adequadas, e podem proporcionar incômodos
ou lesões. Os movimentos incorretos, portanto, têm por origem a própria vontade
do indivíduo, ou pode ser fruto de uma imposição externa. Seja qual for a origem
da postura inadequada, há necessidade de correção imediata.
Em continuidade ao nosso ideário sobre movimentos incorretos,
poderíamos numa análise simplista e incorreta, supor que todos os trabalhos são
lesivos, pois em praticamente todos os ofícios podemos encontrar movimentos
inadequados, mas ao mesmo tempo, devemos considerar também que muitas
atividades possuem movimentos inadequados e mesmo assim não promovem
lesões em seus trabalhadores. Aparentemente existe uma antítese sobre os
fundamentos que definem movimentos lesivos, mas sob luz da verdade,
observamos que a lesividade é fruto de uma relação entre fatores, e qualquer
análise que venha a definir o risco de um posto em ocasionar DORT, tomando
como base somente um fator, é certamente incorreta. Não queremos ser
“repetitivos”, pois o assunto fora mencionado anteriormente da mesma forma, mas
a abordagem sobre movimentos e posturas merece ser devidamente explanado
em decorrência da tendência comum dos analistas em pré-julgar de forma
negativa um posto pelo simples fato de existir um movimento incorreto. A
lesividade é uma conclusão final, nunca deve ser um parecer inicial.
163
O entendimento da questão transcende o simplismo utilizado por muitos
como forma de analisar postos de trabalho. Primeiro: devemos aceitar que
praticamente todos os trabalhos são repetitivos, “alguns com maior intensidade do
que outros”, segundo: grande parcela dos ofícios possui movimentos lesivos,
terceiro: todos os trabalhos possuem algum tipo de esforço para a execução da
tarefa. Entretanto nem todos os trabalhos são lesivos.
Haverá maior ou menor incidência de casos, em função da relação
existente entre os fatores coligados ou separados, estes limites deverão ser
obtidos através de uma equação ou planilha de análise.
Neste momento enquanto discutimos sobre aspectos típicos da
antropometria dinâmica, não poderíamos deixar de ressaltar também à
importância do estudo da cronoanálise como forma de definição dos limites
humanos em função dos tempos envolvidos. Isto porque esta ferramenta de
engenharia permite com certo grau de confiabilidade, quantificar matematicamente
os tempos necessários para a realização de uma determinada tarefa, o estudo
fracionado dos movimentos e finalmente os componentes para definição da folga
necessária em função das dificuldades intrínsecas envolvidas durante a
elaboração da tarefa.
Estudos recentes indicam 4 fatores principais como fontes geradoras de
lesões às estruturas humanas. São elas:
Força
Repetitividade
Postura inadequada
Compressão mecânica
Cada um destes fatores é por si gerador de casos quando exceder os
limites naturais humanos, sendo que a interação entre eles aumenta a incidência
dentro de uma curva exponencial e imprevisível.
Por analogia concluímos que estes fatores por estarem coligados dentro de
um ciclo de trabalho, também estão coligados um ao outro pela própria
164
necessidade de montagem. Desta forma quanto menor o ciclo maior a
proximidade entre movimentos incorretos no decorrer do dia, conseqüentemente
maiores a concentração de força, e finalmente menor o tempo de recuperação das
estruturas.
A recuperação dos tecidos somente é possível com o incremento de
técnicas que permitam que as estruturas trabalhem alternadamente numa
seqüência similar ao 0 e 1, (zero - parado e um operando). Não estamos nos
referindo ao tipo de trabalho alternado, onde o operador trabalha e para. Estamos
nos referindo a troca de movimentos dentro do próprio ciclo de trabalho, onde um
grupo muscular é ativado ocasionando algum movimento e logo em seguida
descansa, numa terceira etapa um outro músculo é acionado e estes primeiros
descansam e assim sucessivamente, caracterizando um sistema complexo de
movimento onde o trabalho extremamente simples e repetitivo é abandonado.
A força atualmente é considerada o fator mais lesivo entre os causadores
principais dos DORT, e infelizmente sua correta forma de obtenção é praticamente
desconhecida entre os analistas de postos. Este fato imputa às análises um erro
capital quanto à profundidade e confiabilidade necessária, pois não devemos
simplesmente considerar a força, mas a medir corretamente.
A utilização de dinamômetros, eletromiografias de superfície e outras
técnicas permitem que estas forças existentes possam ser coletadas e analisadas,
evitando desta forma, considerações empíricas e subjetivas. As forças acreditem;
é o elemento que mais engana o analista!
A relação entre as forças envolvidas no ciclo de trabalho e as posturas
existentes é direta, visto que haverá aumento da sobrecarga física caso uma
postura correta passe a ser realizada de forma incorreta, portanto quando o ciclo é
reduzido há concentração de forças, pois mais vezes por hora estas sobrecargas
serão necessárias.
Portanto para que possamos realizar um bom projeto, conceitual ou
corretivo, é necessário que tenhamos em primeiro lugar formas para obter todos
os valores que direta ou indiretamente possam ocasionar fadiga às estruturas dos
165
operadores. Equipamentos como dinamômetros, torquímetros, eletromiógrafos de
superfície e outros se mostram fundamentais para uma boa análise.
Os membros superiores, possuem dezenas de ossos, centenas de
músculos, 3 nervos principais (radial, mediano e ulnar), que se dividem em
dezenas de ramificações. Sua formidável capacidade de movimentação,
inigualável mesmo com a atual tecnologia, foi primordial para o desenvolvimento
humano, e representa ainda hoje um espetacular meio de trabalho. Estes
membros superiores, porém, possuem limitações claras quanto à durabilidade e
resistência mecânica, similares aos mecanismos muito precisos, que operam bem
em condições favoráveis e definidas.
Para que possamos entender melhor este formidável complexo estrutural
que chamamos de máquina humana, é preciso primeiramente entender seus
limites. Observando através destas limitações os caminhos projetuais necessários,
oferecendo ao nosso projeto valores compatíveis às necessidades individuais ou
coletivas.
166
EAP Ergonomia: programas e recursos ___________________________________________________________________
7. Análise Básica
dos Fatores de
Risco
167
Os principais Fatores de Risco são: esforço muscular, a postura
inadequada e a repetitividade.
A Força é definida como a necessidade de superar resistência na
realização de atividade. Quanto maior a força aplicada maior é o risco de
desconfortos. Os atos de esforços comuns a avaliar são:
7.1 Diretrizes para esforços das mãos/braços Objetivos:
� Promover o entendimento do relacionamento entre esforços vigorosos e as doenças músculo-esqueléticas.
� Promover o entendimento de como utilizar as diretrizes para esforços das mãos/braços para avaliar os esforços vigorosos.
� Promover o entendimento de como utilizar as diretrizes para esforços das mãos/braços para auxiliar no desenvolvimento de soluções efetivas de projetos para a prevenção de doenças músculo-esqueléticas.
1) Pressão com o polegar 2) Pressão com os dedos 3) Rotação do antebraço 4) Rotação do antebraço 5) Empurrar com uma mão 6) Empunhamento Firme 7) Puxar com uma das mãos 8) Puxar para baixo 9) Pinçamento
Porque e como foram desenvolvidas as diretrizes de esforço das mãos/braços
� Os engenheiros precisam das informações pertinentes à ergonomia para projetar corretamente os produtos e linhas de montagem
168
� As diretrizes de esforço das mãos/braços foram baseadas na metodologia Projeto para Montagem (Projeto for Assembly).
� As diretrizes de esforço das mãos/braços têm como base as informações provenientes dos principais textos de ergonomia, relatórios de pesquisas e atas de conferências, utilizando a percepção profissional de engenheiros e ergonomistas muito experientes.
Quando utilizar as diretrizes de esforço das mãos/ braços
� Durante a fase de desenvolvimento Projetoers e projetistas poderão estabelecer metas de projeto e avaliar projetos.
� Durante a pré-produção. Engenheiros de produção poderão estabelecer e avaliar as características do processo e da estação de trabalho.
� Durante a produção. O pessoal de produção e segurança do trabalho poderá avaliar e fazer a auditoria das operações de montagem existentes.
Utilização dos dados de força
� Capacidade de força máxima do grupo populacional selecionado
� Modificando fatores � Repetições � Nível de risco ergonômico baseado na porcentagem de força
disponível utilizada. Como avaliar os projetos existentes: 1. Medir as forças
� Medição da força exige criatividade e uma boa compreensão do seu propósito.
� Propósito: Determinar se a porcentagem de capacidade de força máxima que está sendo utilizada excede ou não os limites aceitáveis estabelecidos para repetições de aplicação de força.
� A precisão exigida depende na proximidade da porcentagem do ponto de equilíbrio entre níveis de risco.
169
2. Selecionar a força máxima referente à população desejada
� Para aplicação de força da extremidade superior, o projeto tem como objetivo basear a força aceitável na capacidade máxima de força do quinto percentil feminino.
� Caso seja sabido que a força de trabalho da tarefa é composta apenas de homens, então o projeto é baseado no quinto percentil de força máxima masculina.
� Essa força máxima estabelece o ponto inicial para o limite do projeto. O limite do projeto propriamente dito será menor do que esse máximo, devido às reduções feitas para a duração, repetição de nível de risco desejado
3. Determinar os modificadores
� Para estabelecer a força máxima permitida no projeto, iniciamos com a aplicação de força simples máxima que toda a população de trabalho poderá exercer e, em seguida, ajustamos a mesma levando em conta as características específicas do trabalho.
� A duração é o único modificador de força máxima no caso de aplicativos de força pela extremidade superior. O Empunhamento Firme e o Puxar para Baixo possuem modificadores adicionais.
� A repetição também serve como modificador, porém é aplicada ao determinarmos a percentagem de força máxima aceitável.
4. Calcular a força máxima ajustada A força máxima ajustada é calculada multiplicando-se a força máxima pelos
modificadores. Isto representa a força máxima que todos os membros do grupo populacional poderão exercer, dadas as alterações relativas às características reais do trabalho.
5. Calcular a porcentagem de força máxima utilizada Dividir a força real relativa à tarefa pela força máxima ajustada para a
população. Isto representa a porção de capacidade da força que está sendo exercida para executar a aplicação de força numa única vez.
6. Determinar as repetições
� As repetições são classificadas em uma das três categorias seguintes: (1) > 10 por minuto (2) 2-10 por minuto (3) < 2 por minuto
170
7. Determinar o nível de risco das repetições e porcentagem de força máxima
utilizada � O risco de aplicação de força depende de duas coisas:
( ) Porcentagem de capacidade máxima de força ( ) Freqüência de aplicação de força
� Quanto maior o número de repetições, mais baixa a porcentagem permitida de capacidade máxima de força que será considerada aceitável.
� Para se estabelecer o nível de risco, a repetição deverá ser classificada apenas como:
− Alta (>10 por minuto) − Moderada (2-10 por minuto) − Baixa (<2 por minuto)
Exemplo: Avaliação de Risco de postos de trabalho existentes
O problema: � Estão ocorrendo lesões numa linha de montagem existente. Na
montagem do copo do liquidificador, gira-se a base no copo de vidro. � A base tem 100 mm de diâmetro e é empunhada com a mão e dedos. O
tempo de montagem é de 1,2 segundo. A razão de repetição é de 4 vezes por minuto. O torque necessário é de 12 polegadas-libras (1,35 N-m)
Será que essa tarefa contribui para provocar lesões? Solução:
� O torque máximo ajustado é de 14 polegadas-libras (1-6 N-m) � O torque atual de 12 polegadas-libras (1,35 N-m) equivale a 83% da força
máxima, e situa-se na faixa de “alto risco”. � O torque deverá ser reduzido para um máximo de 30% do torque máximo
ajustado: Torque máximo X modificador de duração X modificador de risco = 14,0 polegadas-
libras x 1,0 x 0,3 = 4,0 polegadas-libras (0,5 N-m). 7.2 Posturas dignas de preocupação
A postura é definida como a posição do corpo. O “Estatismo” é a permanência do corpo na mesma posição por períodos prolongados. Quanto maior o desvio e o período de postura estática maior o risco de desconfortos.
Encontramos como conseqüências da postura inadequada os seguintes estados: perda da força muscular, maior tensão sobre os tecidos conjuntivos e menor circulação.
171
Posturas digna de preocupação: Mãos e Punhos :
• Flexão
• Extensão
• Desvio Ulnar
• Desvio Radial
Braços e Ombros
• Alongamento para a frente
• Mãos acima de ombros
• Abdução (levantamento)
Coluna e Pescoço
172
• Flexão
• Extensão
• Rotação
Pernas:
• Cócoras
• Ajoelhar
A Repetição é definida como a execução ininterrupta do mesmo movimento. O movimento acelerado com poucos intervalos pode gerar maior risco de desconforto.
7.3 Outros fatores de risco
Vibração
Vibração é qualquer movimento que um corpo executa em torno de um
ponto fixo referencial, apresentando oscilações mecânicas regulares ou irregulares
173
(regularmente, como no caso da vibração ocasionada por um motor, ou
irregularmente como no caso do balanço de um barco no mar).
A natureza destas vibrações, e seus efeitos sobre as pessoas, foram
devidamente descritos por Wisner, Grether, e nas publicações ISO.
Para o correto entendimento do risco ocasionado pela exposição do ser
humano a um sistema vibratório qualquer, torna-se necessário coletar cinco
quantidades físicas dimensionais:
- a freqüência, medida em ciclos por segundo ou hertz (Hz)
- a intensidade do deslocamento (em cm ou mm) ou aceleração máxima
sofrida pelo corpo medida em g(g=9.81m x s-2).
- a direção do movimento, definida por três eixos triorgonais: x de costas
para frente, y da direita para a esquerda, e z dos pés à cabeça.
- a quarta grandeza diz respeito ao conhecimento da freqüência de
ressonância do corpo em exposição e o ponto de aplicação no corpo
- e a quinta grandeza refere à duração do fenômeno
As vibrações nas freqüências mais baixas “1 a 80 Hz” são particularmente
danosas ao organismo humano, provocando lesões nos ossos, juntas e tendões,
embora reconhecidamente a complexidade das diversas estruturas que compõe o
corpo humano apresentem diferentes freqüências de ressonância. Algumas partes
do organismo podem amortecer os efeitos da vibração, outras podem amplificar
estas vibrações. Esta amplificação ocorre quando partes do corpo passam a vibrar
na mesma freqüência da fonte, e então se inicia o processo conhecido como
ressonância.
O corpo inteiro é mais sensível na faixa de 4 a 8 Hz, que corresponde à
freqüência de ressonância na direção vertical (eixo z). Na direção horizontal e
lateral, as ressonâncias ocorrem a freqüências mais baixas, de 1 a 2 Hz. Se no
entanto se considerarmos apenas partes do corpo, observaríamos que cada
segmento reagiria a uma determinada freqüência diferente:
174
Freqüência de ressonância em partes do corpo ombros -3 - 5 hz olhos - 60 a 90 Hz cabeça - 20 Hz tronco - 3 Hz coluna vertebral -3 a 4 Hz coxa - 9 Hz perna - 5 Hz mão - 20 -200 Hz mão apertada - 50 - 210 Hz antebraço - 10 - 30 Hz
Em geral, quanto maior a massa do corpo, mais baixa será sua freqüência de ressonância, e quanto menor a massa mais alta a freqüência. Especificamente nestas freqüências existe uma certa fragilização das estruturas.
Tempos máximos de exposição permitidos às vibrações longitudinais (eixo z) e transversais (eixos x, y).
Baixas freqüências (4 a 20 Hz) e acelerações de 0,06 a 0,09g comuns em transportes coletivos são particularmente incomodas, ocasionando náuseas e vômitos. As vibrações inferiores a 1 Hz, como aquelas provocadas pelas ondas do mar também causam enjôos e indisposição geral. As mulheres são mais sensíveis do que os homens, assim como as crianças entre 1 e 12 anos de idade.
Durante a elaboração do projeto estas freqüências de ressonância devem ser evitadas, caso impossível devemos isolar a fonte com mantas de borracha ou qualquer tipo de dispositivo que atenue a transmissão da vibração para as mãos
175
ou outras partes do corpo dos operadores. Nos casos em que a vibração se faz pela transmissão da máquina para o chão, e do chão para os pés dos operadores deverá ser colocado um tapete “tipo anti-fadiga” para minimizar esta transmissão.
� Estresse de impacto
– Possível compressão de nervos e vasos sanguíneos – Possível excesso de desgaste e fricção de tecidos
conjuntivos
7.4 Esforço Muscular x Análise Postural
No interior dos músculos existem inúmeros vasos sangüíneos muito finos,
cujos diâmetros são da ordem de (0,0007 mm), chamados de capilares, e são
através desses capilares que o sangue é transportado, levando oxigênio,
nutrientes, proteínas etc, ou retirando os subprodutos do metabolismo.
A obtenção correta do esforço muscular é um fator primordial para uma
correta análise ergonômica, visto que representa o fator mais lesivo entre os
fatores conhecidos. O esforço muscular como fonte lesiva pode ser identificado de
duas formas:
Instantâneo - explosão de força num curto espaço de tempo Cumulativo ou
repetitivo-esforço contínuo no decorrer do dia.
A carga manuseada é por definição de fácil analogia, visto que basta
utilizarmos uma balança para que a massa do objeto seja conhecida. No entanto
para outros tipos de esforços, os músculos reagem não somente a massa, mas
por vezes, em função de diversos outros fatores intrínsecos, quais oferecem
elementos de difícil obtenção. Estes elementos podem expor as estruturas às
condições desfavoráveis, enquanto a massa manuseada apresentar baixa carga.
Este fenômeno do aumento excessivo das forças em função do distanciamento da
carga pode ser obtido através do estudo conhecido como princípio das alavancas,
impondo aos analistas à necessidade de um olhar mais clínico de todos os fatores
que podem estar contidos num simples manusear de cargas. Outro fator que pode
comprometer a intensidade da força de um determinado grupamento muscular, é
observado através do estudo da facilidade ou não da pega, uma vez que o atrito
176
entre as partes poderá influir diretamente na força para o agarre. A geometria da
peça, por sua vez poderá também alterar a força necessária para o agarre, e
dependendo da forma escolhida inviabilizar o trabalho necessário.
Neste conjunto de regras não há espaço para suposições, o “conceito de
força” é pessoal e altamente variável de indivíduo para indivíduo, tornando
perigoso, portanto, qualquer conclusão baseada em suposições empíricas ou
pessoais. A força utilizada deve ser obtida através de equipamentos específicos,
como dinamômetro ou torquímetro, tornando possível desta forma quantificar de
forma exata as exigências impostas pelo equipamento ou processo de montagem.
O uso da eletromiografia de superfície também representa uma boa
ferramenta de análise uma vez que permite ao analista obter parâmetros sobre a
força realizada por determinados grupamentos musculares requisitados, através
do posicionamento de sensores estrategicamente colocados sobre a pele do
operador enquanto o mesmo executa sua função laborativa. Esta metodologia
requer algum conhecimento prévio sobre a disposição das estruturas humanas,
embora sua utilização na prática se mostre fácil. Em contrapartida durante a
elaboração do projeto não existe um operador trabalhando, ou simulações que
possam representar o processo real de montagem, desta forma não é possível
coletar dados em função da simulação do esforço por parte de um indivíduo. A
regra neste caso é coletar os esforços necessários pela analogia dos esforços
requeridos num modelo previamente concebido, ou mesmo através de simulações
ou razoamentos de operações similares, mesmo porque a utilização de modelos
ou pilotos antes da aprovação de qualquer produto, é um procedimento comum
nas industrias, desta forma os engenheiros podem facilmente realizar as
avaliações necessárias sobre o impacto dos esforços pela simples utilização de
um dinamômetro durante os “job” ou “pilotos”, sem com isto criar um novo sistema,
basta se utilizar o sistema usual.
Em contrapartida a utilização do dinamômetro é limitada quanto a sua
aplicabilidade em operações complexas, onde se observam movimentos
177
compostos ou diversificados. Neste caso a utilização do eletromiógrafo será mais
indicado.
Características importantes da relação esforço x fadiga
O músculo se fadiga rapidamente sem irrigação sangüínea, não sendo
possível mantê-lo por mais de um ou dois minutos.
O sangue deixa de circular nos músculos contraídos, quando estes atingem
60%ou mais de sua força máxima.
A maioria das pessoas não consegue manter o esforço máximo por mais de
alguns segundos.
Caso o indivíduo estiver exercendo 50% da sua força máxima, a fadiga
existirá após um ou dois minutos.
Se a contração atingir entre 15 a 20% da força máxima do músculo, a
circulação continua normalmente por um período muito maior.
Em oposição à permanência dos músculos contraídos, a contração e
relaxamento alternado fazem que o próprio músculo funcione como bomba
sangüínea, ativando a circulação nos capilares, aumentando o volume do sangue
circulado em até 20 vezes em comparação a situação de repouso.Isso quer dizer
que o músculo passa a receber mais sangue, e conseqüentemente mais oxigênio,
aumentando, portanto sua resistência contra a fadiga.Este fato explica porque
anteriormente as máquinas de escrever, ergonômicamente mal elaboradas
mantinham um número pequeno de queixas em comparação aos atuais teclados
de computador. Numa análise superficial, podermos razoar que; apesar de mal
concebida a máquina de escrever mantinha o operador exercendo atividades
diferenciadas “trocar papel, usar corretivos, puxar alavanca etc”, proporcionando
uma sistemática claramente dinâmica em comparação aos atuais teclados
evidentemente simplistas no ponto de vista biomecânico.
178
Esforço Dinâmico - é caracterizado pela alteração rítmica de
contração e extensão, tensão e relaxamento dos músculos.
Esforço Estático - em oposição ao esforço dinâmico, caracteriza-se
pelo prolongado estado de contração dos músculos numa determinada
posição.
O músculo opera em condições desfavoráveis de irrigação durante o
trabalho estático, enquanto há equilíbrio durante o trabalho dinâmico.
No trabalho dinâmico, os músculos atuam como bombas sangüíneas, o
suprimento de oxigênio normalmente se mostra suficiente para manter as
estruturas em equilíbrio. Entretanto no trabalho estático, os vasos mantêm uma
pressão interna danosa ocasionada pelo sangue armazenado. Este sangue
ocasionará dor e fadiga nas estruturas devido ao armazenamento do ácido lático e
outros subprodutos indesejáveis que não podem ser eliminados, acarretando num
curto espaço de tempo a falência das estruturas caso não haja reversão do
quadro.
No gráfico abaixo podemos observar a relação entre o esforço estático x
tempo despendido para a operação
179
Força
7.5 Biomecânica do pegar
Muitas tarefas dependem fundamentalmente da habilidade das mãos para
desenvolver manobras adequadas com determinada exigência de força ou para
executar tarefas de fino manejo. As mãos se apresentam como as verdadeiras
ferramentas ou interfaces para a execução laboral de grande parte das nossas
tarefas, talvez em face do próprio desenvolvimento da habilidade do pegar com o
polegar opositor.
O tamanho do objeto poderá influenciar fortemente na força aplicada
pelas estruturas das mãos, independentemente da massa do próprio produto, isto
porque a geometria da mão humana requer um tipo de desenho adequado para
seu perfeito encaixe, o desrespeito a esta regra ocasionará grande mudança na
potência para a execução do labor requerido.
O exemplo fornecido abaixo refere duas condições de pega em duas latas
de tamanhos diferentes, porém de pesos iguais e força para fechamento das
tampas também iguais. A força gerada pelas estruturas das mãos quando se
fecham os dedos sobre a tampa poderá ser obtida através do ângulo de abertura
dos próprios dedos.
180
O tendão (T) que puxa o osso da segunda junção dos dedos, esta conectado com o músculo do braço. A direção de puxar (F) é semelhante ao componente (Fy), e esta quase paralelo a ela. O ângulo ß entre (F) e (Fy) é pequeno, conseqüentemente (Fy) a componente que esta puxando o dedo é relativamente grande, enquanto (Fx), a componente que estabiliza a junção entre as duas ligações médias dos dedos é pequena. Se a força necessária para fechar o dedo (Fy) é 50N, a força do músculo (F) puxando o tendão é:
F= Fy / cos ß = 50/cos15o = 52N
Portanto a força necessária para fechar o dedo é muito próxima ao valor necessário para fechar a tampa. Em contrapartida, a mão aberta mais distendida, não oferece as mesmas condições, visto que a última ligação dos dedos exerce muita pressão sobre o dedo. O puxar de (F) esta perto da componente (Fx), que atua para estabilizar a junção. Em contrapartida o componente (Fy), atuando para pressionar o dedo, está submetido a um ângulo de 75graus, qual oferece grande mudança na força necessária para fechamento da tampa.
A Segunda lata maior também requer 50N para o fechamento da tampa, mas a exigência sobre as estruturas das mãos é significativamente maior, e poderá ser obtida assim:
F= 50/cos75o = 193N
Este substancial aumento sobre a força do músculo (F), é causada pelas mudanças entre os ângulos da mão.
181
Muitos construtores fazem opção do “corrimão” grosso em detrimento do corrimão fino, esta escolha poderá impedir que um indivíduo faça um agarre seguro quando se desequilibrar na escada, por exemplo.
Outros exemplos de interferência do angulo de abertura das mãos sobre a exigência da força aplicada pelas estruturas.
Respostas Exercício 1 - F1 = Fy1/cosβ ⇒ F1 = 40/cos15 ⇒ F1=40/0.966
F1= 41.40 N
Exercício 2 - F2= Fy2/cosββββ ⇒⇒⇒⇒ F2 = 40/cos81 ⇒⇒⇒⇒ F2 = 40 / 0.156
F2 = 256.40 N No início das discussões, relações de equilíbrio estático e estudos de
posturas inadequadas, foram utilizadas para estimar a força estática do músculo. A biomecânica dinâmica por sua vez representa o estudo do homem em face da exigência do processo laborativo dentro das condições normais de movimentos.
As regras para o estudo da relação entre as forças exigidas pelos equipamentos, dispositivos, partes e peças contra as forças realmente aplicadas pelas estruturas humanas, estão contidas em princípios físicos e químicos conhecidos. Desta forma será possível encontrar esforços através dos princípios das alavancas, estudos matemáticos e princípios físicos consagrados.
182
Ferramentas mal elaboradas normalmente exigem do trabalhador
posturas inadequadas, ocasionando fadiga, perda de concentração e perda de
produtividade. São encontradas em grande número dentro das industrias, quais
não se apercebem dos transtornos que estas condições oferecem para todo o
sistema
A inadequação ergonômica reflete falhas conceituais básicas, que
poderiam ser suprimidas facilmente, caso os engenheiros incluíssem em suas
propostas conceitos da biomecânica dos movimentos. Declinar-se destas
necessidades é oferecer ao trabalhador ofícios que via de regra impedem
trabalhos contínuos, uma vez que o operador certamente incluirá diversas pausas
na busca de minimizar os efeitos danosos oriundos das exigências laborativas mal
planejadas.
183
Estudo das Forças Envolvidas no Trabalho
Qualquer tipo de atividade exige algum tipo de gasto energético, mesmo
que esta atividade aparentemente não represente esforço físico algum. Os
esforços muitas vezes passam despercebidos numa análise superficial, mas aos
olhos do analista que busca uma verificação ergonômica precisa, isto não deverá
acontecer.
A máxima força potencial de cada músculo depende principalmente:
Idade - Sexo- Biótipo-Treinamento- Motivação- Condição Biomecânica
A figura abaixo demonstra a força em relação à idade para indivíduos de ambos os sexos.
homem
mulher
Podemos observar na figura acima, uma parábola que descreve
graficamente a força humana no decorrer de sua vida, e a relação entrem a força
do homem e da mulher. A diferença de dois terços “2/3” é uma condição estimada,
pois como sabemos esta diferença pode se acentuar ou reduzir caso a caso.
Ponto de trabalho ideal: Os trabalhos pesados devem ser abolidos dos
meios industriais, entretanto sabemos que isso não será sempre possível. Embora
em alguns países, como o Japão, por exemplo, exista uma linha bastante
ordenada no sentido da eliminação completa dos trabalhos pesados.
Este objetivo vem sendo seguido pelas engenharias das fábricas
japonesas que se perceberam da baixa produtividade dos trabalhos pesados. Os
japoneses simplesmente observaram a constante necessidade dos funcionários
184
saírem dos postos para descansarem, este suposto “abandono”, tácito, é
observado em constantes saídas para o banheiro, procura ao ambulatório, saída
para cafés, etc...A perda produtiva neste tipo de trabalho chega a 50 %. Este
índice é desastroso para qualquer empresa que busque excelência em seus
objetivos institucionais.
Botoeiras
Diâmetro força
19 - 38 mm 0.28 - 2.27 Kgf
Nota: Se faz necessário razoar sobre estas recomendações em oposição ao risco de acidente. Quando a recomendação ergonômica proporcionar algum tipo de risco de acidente, deverá prevalecer a segurança.
Informações adicionais - O acionamento de botoeiras poderá representar risco de lesões (DORT) nos seguintes casos:
- Excesso de força para acionamento. - O operador esmurra ao invés de acionar. - A locação da botoeira esta incorreta. - Existe proteção contra acionamento acidental, qual induzirá à posição
incorreta dos punhos ou ombros. - Existem quinas vivas na botoeira. - A botoeira é demasiadamente pequena.
185
Analogia de situações.
Abaixo algumas intervenções interessantes realizadas para aliviar
posturas inadequadas. Embora possa parecer óbvio, a maior parte das intervenções ergonômicas são realmente simples.
INCORRETO CORRETO
Fig-A
Fig-B
186
Fig C
Fig-D
187
Fig - E
Fig -F
188
Fig-G
Fig -H
Fig - I
189
Fig - J
Fig-k
190
Fig - L
Utilização do formulário de identificação de fatores de risco
� Observe vários trabalhadores durante a realização da atividade em questão (se possível, grave tudo em vídeo).
� No formulário, faça um círculo em toda postura inadequada observada. � Se tal posição for mantida por mais de dez segundos, assinale a opção
“postura estática” para a parte do corpo correspondente. � Se o nível de repetição numa determinada parte do corpo parece adequado
à descrição, assinale a opção “repetição”. � No formulário, faça um círculo ao redor de toda força sendo exercida pelo
trabalhador. � Circule ou assinale “vibração” ou “estresse de impacto”, se observar um ou
ambos na atividade em questão. � Anotações e esboços devem ser feitos na área de observações do
formulário. � Some o número de fatores de risco observados e anote o total no canto
inferior direito.
OBSERVAÇÕES: � Esta é uma análise visual simples de fatores de risco, e não uma análise
ergonômica detalhada. � Este formulário deve ser utilizado para identificar atividades sujeitas a
fatores de risco que mereçam uma análise mais detalhada. � Este formulário serve apenas para indicar a presença ou ausência de
fatores de risco, e não o grau de seriedade dos mesmos.
191
Parte do
corpo Postura Esforço
excessivo Repetição
Mãos/
punho
s
Ombros
Colun
a
Pescoço
Pernas
Martel Gira
Acima
dos ombros
Alonga-
mento
para a
frente Empurrar/puxar
FATORES DE RISCO________________
Estática
Perm.
> 10
Perm.
> 10
Perm.
> 10
Perm.
> 10
Perm.
> 10
Moviment
o rápido,
contínuo,
poucas
pausas?
Movimento
contínuo,
pausas
infreqüentes?
Movimento
contínuo,
pausas
infreqüentes?
Levant Empurrar/pu
Movimento
contínuo,
pausas
infreqüentes?
Movimento
contínuo,
pausas
infreqüentes?
Outros
Vibraç
Estresse de
Abduçã
o
Rotaçã
o
Flexão Extensão
Rotaçã
o
Flexão Extensão
Flexão
Extensã
o Desvio ulnar
Desvio radial
Cócoras Ajoelhar
Apert Compri
192
Ferramentas e Dispositivos
As ferramentas manuais certamente representam o grande avanço que
permitiu a evolução da espécie humana assim como a conhecemos hoje, pois à
luz dos primeiros momentos, a nossa frágil espécie somente sobreviveu, através
do esforço em sobrepujar a força das intempéries através da utilização de
artefatos inteligentemente adaptados, paralelamente permitindo a caça de animais
de médio e grande porte. Esta capacidade em desenvolver artefatos, aumentou
significativamente suas limitadas capacidades naturais, proporcionando ao longo
de milênios de evolução um terreno fértil para a instalação das primeiras
civilizações.
A revolução industrial por sua vez representou para os amantes da
história das ferramentas e dispositivos profundas e fundamentais inovações,
ressaltando como síntese deste período à substituição da força de trabalho
humana pela força das máquinas a vapor.
Foi MacCoy um inventor americano, que no fim do século 19,
desenvolveu a primeira ferramenta pneumática manual, aumentando
significativamente a capacidade humana em desenvolver trabalhos manuais. A
partir deste momento as ferramentas manuais passam a ocupar um lugar de
destaque dentro das industrias, evoluindo espetacularmente num curto espaço de
tempo em decorrência do aumento produtivo ocasionado.
Praticamente todos os trabalhos exigem algum tipo de intervenção
manual, seja direta ou indireta. Mesmo em maquinarias automáticas, se torna
necessário em algum instante apertar um botão, ou corretamente segurar um
volante para dirigir um sofisticado equipamento. O manejo fino ou grosseiro,
portanto, e apesar das automações impostas, não foi declinado, e em muitos
casos foi severamente intensificado.
Robôs sofisticados, ou com a utilização de uma simples pinça possuem
algo em comum, ambos em alguma fase de sua existência necessitaram ser
manuseado pelo homem. Esta afirmação aparentemente óbvia demonstra no seu
193
conteúdo pragmático uma forte interação entre produto x homem, nos levando á
repensar sobre o verdadeiro significado da palavra “automático”, uma vez que,
mesmo o mais sofisticado dos robôs, advém do trabalho manual humano.
Ergonomia x pequenos dispositivos e ferramentas
No que se refere ao manuseio propriamente dito, a manutenção das
ferramentas e dispositivos requer o treinamento dos profissionais técnicos, quais
via de regra cuidam diariamente da manutenção destas ferramentas. A
necessidade deste treinamento advém principalmente de um aspecto interessante,
estamos nos referindo ao desgaste dos equipamentos. É comum esperarmos dos
funcionários, queixas eloqüentes sobre o desgaste ou mal funcionamento das
ferramentas; isto ocorre quando o desgaste ou mal funcionamento ocorre num
curto espaço de tempo, entretanto na maiorias das vezes este desgaste é lento,
quase imperceptível, tornando impossível notar diferenças de um dia para o outro.
Neste caso não existe queixa, pois da mesma forma que não nos apercebemos do
desgaste e endurecimento da embreagem do nosso carro, eles não se apercebem
do desgaste dos seus equipamentos.
Muitas vezes observamos colaboradores “esmurrando” partes da
ferramenta a fim de encaixar adequadamente - suas mãos demonstram através de
calos, ferimentos ou sinais físicos o tempo longo na permanência da atividade
inadequada. Preferimos culpar o usuário pelo ato, mas se faz necessário razoar
sobre as condições que o (a) levaram a praticar tal procedimento.
194
Desgaste de ferramentas Uso Desgaste indevido natural Quebra Fadiga DESGASTE Mudança de material Projeto mal concebido Falta manutenção
Fluxograma de atuações defronte uma ferramenta defeituosa
ORIGEM Auditoria Queixa Análise Análise COMITÊ
Engenharias Novos Projetos CORREÇÃO
195
Recomendações dimensionais sobre ferramentas manuais
Diâmetro para preensão Diâmetro para manoplas Mulheres 30 mm 6mm ⇒ F < 7Kgf Homens 34 mm 20mm ⇒ F > 9Kgf
Diâmetro para pega Diâmetro correto para
pinçamento 40mm a 75mm 6mm a 10mm
Espaço necessário para o perfeito encaixe da mão
196
197
Projeto de ferramentas x risco de acidentes
EXERCÍCIOS
198
Qual o desvio ulnar “x” ocasionado pelas condições observadas no desenho acima?
Identifique o desvio “x” ocasionado pela inadequação dimensional
Para que não ocorra desvios indesejáveis do punho direito, qual ângulo “x” é recomendado para o antebraço? Encontre o valor “x”, que proporcione neutralidade ao punho direito.
Resposta dos exercícios
Exercício 1 X = 30 graus Exercício 2 X = 15 graus Exercício 3 X = 25 graus
7.6 Vibração transmitida por ferramentas
Em particular discutiremos este item com muita atenção em virtude dos
inúmeros casos reais de doenças “dedos brancos”, ocasionadas pelo contato
direto entre as estruturas das mãos com a ferramenta que transmite a vibração. A
199
exposição excessiva também poderá causar problemas vasculares, danos nos
nervos, ossos ou juntas, uma vez que haverá redução do fluxo sanguíneo nas
extremidades. Inicialmente uma sensação de dormência e perda de sensibilidade,
posteriormente, através da contínua exposição e associada à força necessária
para o manuseio destas ferramentas, poderá haver uma evolução para danos
irreversíveis. Vibrações que variam de 25 - 150Hz, e aceleração de 1.5g à 80g são
comumente associadas a um mal chamado de dedos brancos, pessoas afetadas
por este mal perdem a sensibilidade, tornando-se incapazes de realizar tarefas de
manejo fino.
A força exercida numa determinada tarefa também representa um
componente importantíssimo para o agravamento do risco ocasionado por
manejos em pontos vibratórios. Um determinado operador pode simplesmente
manusear a ferramenta com leves toques e estar pouco submetido à determinada
vibração, enquanto outro colega realizando a mesma função se utilize grande
vigor para manusear a ferramenta recebendo desta forma toda a vibração gerada.
Outro fator importante aponta para o formato da manopla, cabo ou
qualquer ponto de contato entre a fonte e o trabalhador, isto porque quanto maior
a área de contato maior a transmissão da vibração.
Seja qual for o caso, a origem vibracional deve ser eliminada ou isolada,
evitando que a transmissão se faça da origem para o trabalhador, como medida
extrema reduzir drasticamente o tempo de exposição nesta condição.
200
EAP Ergonomia: programas e recursos ___________________________________________________________________
8. Gerenciamento
de Produtos
Ergonômicos
201
81. Construção de Produtos Ergonômicos
8.1.1 Cadeiras
A cadeira representa mais que um simples acessório, é um instrumento
de status, representa o poder de seu possuidor! Herança dos reis talvez, visto que
até hoje, quanto maior a patente, mais alto é o espaldar da cadeira, não é fácil
discutir sobre este item, visto que fatalmente chegaremos à conclusão de que a
cadeira mais simples, muitas vezes é melhor ergonômicamente do que muitas
cadeiras sofisticadas. Surpreendemos certa vez um gerente “emprestando” a
cadeira da secretária quando esta se ausentava, talvez na busca de aliviar as
dores cervicais ou lombares, no entanto a devolução era quase que imediata
quando a secretária chegava, pois sua cadeira portentosa não poderia ficar no
canto da sala. A solução veio em seguida com a importação de um belo apoio
lombar, corrigindo desta forma a deficiência de sua cadeira sofisticada.
As cadeiras de gerentes e diretores normalmente não possuem um
adequado encaixe para as escapulas, instituindo uma pequena e dolorosa
projeção da região torácica para frente.
Princípios gerais sobre o assento
Na posição sentada, o corpo entra em contato com o assento praticamente
através de sua estrutura óssea.Esse contato é feito por dois ossos arredondados
em suas extremidades e configurados como duas pirâmides invertidas. Situados
na bacia são chamadas de tuberosidades isquiáticas, recobertas por uma fina
camada de tecido muscular e uma grossa pele, adequadas, portanto para suportar
grandes pressões que podem chegar a suportar em 25cm de pele 75% do peso do
corpo.
Por este motivo estofamentos muito macios não proporcionam um bom
suporte, visto que distribuem a pressão para outras partes das nádegas e coxas,
que são fisiologicamente inadequadas para suportarem compressão, ocasionando
estrangulamento da circulação sangüínea em veias e capilares. A dormência,
202
dores e fadiga são efeitos desta condição. Os assentos muito duros em
contrapartida são extremamente desconfortáveis, obrigando o usuário levantar-se
diversas vezes para aliviar o mal estar. A solução está numa condição
intermediária, através da aquisição de assentos feitos com espumas injetadas e
média dureza.O material deverá ser antiderrapante, permitir a perspiração
(transpiração através do material), evitar plásticos lisos e impermeáveis.
O contato da nádega com a superfície através das tuberosidades
isquiáticas impõe a definição do design do assento em favor de cadeiras
produzidas com espumas injetadas e desenho que não ocasione obstrução dos
vasos e microvasos.
A circulação normal do sangue, que é realizado por veias, artérias e
vasos, esta em desvantagem em comparação a posição em pé, visto que andando
os músculos das pernas e pés funcionam como bombas auxiliares, melhorando o
bombeamento sanguíneo.
Neste mesmo ponto de vista, mas em oposição a fluxo sanguíneo
observado durante o posicionamento em pé, é notório que durante o
posicionamento sentado ocorre à compressão na parte posterior das coxas, que
funciona como um obstáculo, reduzindo desta maneira o diâmetro de muitas veias.
Esta condição poderá ser mais grave quando funcionários baixos se posicionam
em cadeiras altas (tipo balcão), quais não possuem apoio para os pés ou mesmo
padronização da altura das mesas.
A utilização de caixas, pedaços de madeira, etc..Reflete muitas vezes
esta condição, instituindo além da compressão demasiada das estruturas
203
inferiores, perigosas posturas dos membros superiores, fruto da tentativa
encontrar alívio para seu desconforto.
Outra forma de assento que atualmente esta sendo utilizado em muitos
postos de trabalho, e propõe um tipo de sentar intermediário entre o sentado
tradicional e o posicionamento em pé, é comumente chamado de cadeira para
trabalho semi-sentado. Estas cadeiras oferecem um apoio estofado para encosto
das nádegas do operador num ângulo acentuado se comparado à cadeira
tradicional. Estas cadeiras em sua grande maioria são desconfortáveis, visto que
possuem um assento similar aos utilizados em bicicletas, estes assentos não
oferecem o elemento básico da boa concepção do sentar. Isto é; o peso não esta
corretamente distribuído sobre as ísquias, alterando perigosamente uma
necessidade humana básica.
204
Cadeira alta
valor mínimo q - raio da pata cadeira baixa 265 cadeira alta 300
205
8.1.2 Apoio para os Pés
Muitas dúvidas surgem quanto a real necessidade da utilização do apoio
para os pés se faz presente. Qual modelo, altura dimensionamento, tipo de
material e resistência oferecem um leque grande de possibilidades, e para que
possamos compreender melhor, se faz necessário apresentar alguns conceitos
básicos a respeito das relações existentes entre o posicionamento das pernas e
pés proporcionado pelo sentar.
São três as observações básicas que via de regra, permitem iniciarmos o
estudo da necessidade ou não do apoio para os pés.
1º - O trabalho é executado exclusivamente sentado
2º - O trabalho pode ser realizado em pé e sentado
3º - O trabalho é realizado exclusivamente em pé
206
No primeiro caso o trabalho é realizado exclusivamente na posição
sentado. O apoio para os pés é necessário, desde que, a altura da mesa ou ponto
de trabalho impossibilite o posicionamento dos pés do usuário no chão. O
operador por sua vez, no intuito de melhorar sua fadiga iminente volta os pés no
sentido de apoiá-los na própria base da cadeira, condição que leva o usuário a
lançar o tronco à frente.
No segundo caso, o trabalho pode ser realizado em pé, assim como,
sentado “posicionamento típico de postos industriais”, neste caso, os apoios para
os pés também são necessários, visto que o ajuste da cadeira é feito em função
do ponto ideal de trabalho “normalmente locado na mesma altura dos cotovelos
dos operadores em relação ao chão”. Este ajuste alto da cadeira ocasiona uma
diferença importante entre os pés do operador e o chão quando este se sentar,
evidenciando a necessidade de apoio próprio para as estruturas, visto que neste
caso não há possibilidade do operador posicionar os pés sobre a base da cadeira.
Freqüentemente é possível observar nas linhas de produção, operadores
posicionando os pés sobre caixas, engradados ou mesmo perigosamente sob as
estruturas da própria linha, quais comportam além de diversos componentes
elétricos o retorno da esteira. Este procedimento conhecido entre os supervisores
de segurança que via de regra mencionam acidentes a respeito, identifica à
necessidade do uso de locais próprios para a locação dos pés dos operadores.
No terceiro caso é observado um trabalho exclusivamente em pé, não
existe a necessidade do apoio tradicional para os pés. Entretanto, uma linha de
ergonomistas defende à necessidade do uso de uma espécie de banquinho, qual
é utilizado para o apoio alternado dos pés durante a atividade laborativa. Assim o
operador hora apóia o pé esquerdo sobre o banquinho, hora apóia o pé direito.
Conclusão
O projeto do apoio adequado para o posicionamento dos pés em função
do trabalho operacional, requer um estudo pregresso e detalhado das funções
executadas. As dificuldades para um bom projeto do apoio para os pés, estão
207
relacionadas principalmente à própria dinâmica dos movimentos, mas também não
se deve declinar das observações sobre os envoltórios, o mobiliário, assim como
as diferenças antropométricas, étnicas, formais, culturais - “modo para sentar”,
“forma do sapato”, etc...
Metodologia para um correto projeto de apoio para os pés
Sabemos que muitos autores mencionam a necessidade de um ajuste
fácil de altura, também referem à inclinação fixa de 15º da base como ideal,
promovendo desta forma uma suposta relação ideal entre as estruturas dos
membros inferiores e o correto posicionamento do sentar. Nossa opinião diverge
destes autores no que se refere à pré-definição do ângulo, visto que inclinação de
15 graus pode promover o posicionamento incorreto dos pés das mulheres,
quando estas estiverem calçando sapatos com saltos altos.
O desenvolvimento de qualquer produto ergonômico deve considerar o
usuário como fonte de informações, não nos referimos somente às dimensões do
ser humano, mas aos diversos aspectos técnicos, sociais e cognitivos que compõe
o local propriamente dito.
Apóia pés para escritório
A necessidade do apóia pés para escritório se faz quando a relação
“altura da mesa x ajuste da cadeira”, proponha o que podemos chamar de “pés
suspensos”. Esta situação evidentemente interligada ao dimensionamento do
indivíduo, esta também relacionada com o tipo de atividade executada, a largura
do tampo, o dimensionamento do produto, barras na parte inferior do tampo, tipo
de teclado, e outras situações semelhantes.
Tomemos como exemplo, uma mesa com 74cm do tampo ao chão e 3 cm
de espessura, condição que representa a maior parte dos mobiliários produzidos
no Brasil. Neste caso o indivíduo ideal deverá possuir 175cm, sendo que os
208
funcionários que possuam alturas superiores a esta, podem facilmente posicionar
seus pés no chão, entretanto os funcionários baixos, normalmente ajustam as
cadeiras para o correto posicionamento dos membros superiores, ocasionando a
“suspensão dos pés”, quais instintivamente são locados sobre as bases das
cadeiras giratórias na tentativa de aliviar o incomodo, esta postura é péssima para
os membros superiores, pois com os pés para trás, ocasionam o desequilíbrio de
toda a estrutura superior.
Altura ideal do apoio para os pés em função de uma mesa padrão “74cm”.
O apóia pés ideal para cada altura de indivíduo abaixo de 175 cm de
altura, em função da mesa de 174cm é respectivamente: Mesa Indivíduo Apóia pés ideal 74 175 0 74 172 2 74 170 3.1 74 167 4.1 74 165 5.2 74 162 6 74 160 6.9 74 157 8 74 154 9.2 74 152 11
Podemos observar na última linha da tabela, que o apóia para os pés
deveria conter um range de 11cm para um indivíduo de 152cm, o que no ponto de
vista prático é um problema real, visto que os fabricantes de apoio para os pés
não industrializam equipamentos com tal range. Talvez porque muitos
simplesmente se baseiem em produtos importados.
Quanto à inclinação
Os estudos que consubstanciaram a utilização de uma base em balanço substituindo a base tradicional em 15 graus, podem ser resumidos da seguinte forma:
Sapatos sem saltos. Fig 01
209
Observar que existe uma relação entre tronco x cadeira x apóia pés
θ1 = θ2 = θ3 O conceito que sugere a inclinação de 15 graus para os apóia pés, têm
por gênese conceitual o estudo apresentado pela “Figura 01”, visto que o melhor
ponto operacional para os membros superiores indica uma inclinação entre 10 e
15 graus para o tronco na posição sentada, esta inclinação é transferida para os
pés numa relação intrínseca entre as estruturas. O ângulo de 15 graus para os
pés, portanto representa os mesmos 15 graus para o posicionamento da coluna
humana, e são adequados para indivíduos que utilizam saltos baixos. No entanto
quando houver a interferência de saltos altos, há necessidade de cálculo desta
interferência para determinação do novo ângulo da bandeja “figura 2”.
Abaixo descrevemos algumas situações em que poderíamos esperar uma
angulação de 15 graus entre os pés do operador e o chão:
- o indivíduo não possui em seus sapatos saltos proeminentes - a inclinação do tronco esta entre 100 e 115 graus - o apóia pés esta devidamente locado - o indivíduo não possui necessidade de alternância das posturas
Porque o angulo de 15 graus não pode ser considerado regra:
A relação existente entre o posicionamento do tronco e o angulo que os
pés e o chão formam durante o ato de sentar, pode ser explicada pelo princípio de
perpendicularidade existente entre os pés e a parte inferior da perna, este
princípio nos mostra que o angulo de 90 graus é uma necessidade intrínseca entre
210
estas estruturas. O desenho abaixo demonstra como a relação de
perpendicularidade é real e necessária.
O angulo de 90 graus é uma constante nesta relação entre os segmentos
demonstrados, isto é; a parte inferior da perna e os pés. Portanto seja qual for o
tipo de apóia pés desenvolvido haverá a necessidade de respeito a esta regra.
θ1 = θ2 = θ3
Estudo da inclinação para apóia pés quando houver uso de saltos nos sapatos
θ1 = θ2 = θ3 ≠ θ4
O salto alterou o angulo esperado, ocasionando o aumento da inclinação real.
Exemplo: Figura 2
211
∆ = 5cm
Portanto inclinação real é obtida da seguinte forma:
θ3 = 15 graus “mesmo da inclinação do encosto” Sen θ4 = cat op = 5 θ4 = 12.5 graus
hip 23
Portanto o ângulo necessário para atender a usuária é θθθθ3 + θθθθ4 = 27.5 graus.
O projeto deve favorecer a variação angular livre ou controlada do ângulo das bandejas, em face dos muitos fatores que alteram a inclinação esperada de 15 graus.
.
212
EAP Ergonomia: programas e recursos ___________________________________________________________________
9.Referência
Bibliográfica
213
9. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Norma Regulamentadora – NR 17 – “Ergonomia”.
Norma Regulamentadora – NR 15 – “Atividades e Operações Insalubres”.
Manual de Aplicação da Norma Regulamentadora nº17-2 TEM.IT, 2002.
NBR 5413/1992 – “Iluminamento de Interiores”. Apostila Programa de Engenharia de Produção COPPE (Curso de Especialização
em Ergonomia)
Guia para Análise Ergonômica do Trabalho (AET) na Empresa, Mário César Vidal.
Ergonomia na Empresa – Útil, Prática e Aplicada, Mário César Vidal.
Ergonomia Aplicada ao Trabalho, volumes 1 e 2 de Hudson Araújo Couto.
Como Gerenciar as Questões de L.E.R./D.O.R.T de Hudson Araújo Couto.
Guia de Melhoria no Trabalho – Processo Ergonômico Global Ford (Adaptando o Trabalho ás Pessoas).
Ergonomic Design for People at Work (volumes 1 e 2) Kodak – Human Factors.
Handbook of Human Factors and Ergonomics, 2ª ed. Gavriel Salvendy.
Apostila de Treinamento Proderg
214
Referência Bibliográfica Ergodesign: produtos e processos. MORAES, Anamaria e FRISONI, Bianka Cappucci. Rio de Janeiro, 2AB, 2001. 206p. Ergonomia: conceitos e aplicações. MORAES, Anamaria de e MONT´ALVÃO, Claudia. Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), 2AB - Série Oficina, 2000. 2a Ed. 132p. www.apergo.pt/ergonomia
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