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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL “MANOEL GUEDES”
Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes”
Curso de Habilitação Profissional de Técnico em Segurança do Trabalho
FUNDAMENTOS E TÉCNICAS DE ERGONOMIA
Tatuí-SP
2012
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INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA DO TRABALHO
A Psicologia Industrial foi a primeira forma adotada pelo que hoje conhecemos como
Psicologia Organizacional, Psicologia do Trabalho, Psicologia Ocupacional ou Psicologia
Industrial e Organizacional, variando um pouco o “objeto” construído, mas todas
apresentando uma certa regularidade discursiva e convergência no que tange ao objetivo,
finalidade social, compromisso ético, alvo das ações, bases teóricas e elementos
discursivos.
A Psicologia Industrial remonta sua origem aos cenários norte-americanos e anglo-saxão
do início do século XX, quando a Revolução Industrial já havia se consolidado e o
Taylorismo começa a entrar em cena e a fornecer resultados positivos ao aumento de
lucratividade das indústrias, através de controle mais elaborado do processo produtivo e
aumento da eficiência.
Neste momento a Psicologia buscava se firmar como ciência, distanciando-se da filosofia
e fisiologia tendo como pilares o behaviorismo, o funcionalismo e a psicologia das
diferenças individuais.
Nesse contexto a Psicologia voltada para o trabalho surge, atrelada aos interesses das
indústrias. O primeiro livro de Psicologia utilizado pelo Industrial foi Psychology and
industial efficiency, de Hugo Münsterberg, e apresentava o estudo da produtividade
(output) em função do esforço (input).
Neste início a Psicologia Industrial procurava medir o limite de esforço dos trabalhadores,
para assim criar quotas de produção; se encarregava das práticas de seleção e colocação
profissional, além da orientação vocacional baseada em testes e estudos sobre condições
de trabalho visando aumentar a produtividade.
Em 1924, com os estudos de Hawthorne houve uma mudança na forma de encarar as
relações de grupo através da introdução do estudo das Relações Humanas, mas não
necessariamente uma mudança nos processos de produção, apenas acrescentando uma
nova forma de entender a forma como as relações informais trabalhavam junto às
relações formais e técnicas do trabalho e são capazes de alterar os resultados da
produção.
Em 1925 são publicados novos estudos sobre motivação, comunicação e comportamento
de grupo (Gilmer, 1961, p 15).
Durante a Segunda Guerra Mundial, segundo afirma Siegel (1969, p.14), muitas técnicas
foram desenvolvidas, como as de colocação de pessoal (personnel assessment),
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treinamento, classificação de pessoal e avaliação de desempenho. Outra área que surgiu
nesse momento, mas só veio se consolidar depois foi a engineering psychology, que
visava projetar equipamentos de acordo com as capacidades e limitações dos operadores
humanos.
Foi principalmente no período pós-guerra que surgiram maiores desenvolvimentos da
Psicologia Industrial, quando o psicodrama e a sociometria de Moreno seriam aplicados
ao trabalho, assim como a teoria das dinâmicas de grupo de Lewin, e juntaram-se a
seleção, a classificação de pessoas, avaliação de desempenho, treinamento, liderança,
etc.
A diferença principal entre a Psicologia Industrial e a Psicologia Organizacional é que
enquanto esta se ocupa da organização das estruturas aquela está mais voltada aos
postos de trabalho. A psicologia organizacional vem surgir no momento em que os
psicólogos deixam de estudar apenas os postos de trabalho e passam a contribuir
também na discussão das estruturas da organização, sendo assim uma ampliação da
psicologia industrial.
“No passado, os psicólogos industriais tomaram muitas coisas como certas. A estrutura
toda da indústria, suas tradições e superstições, têm sido aceitas quase sem perguntas e
tem-se a impressão de que os seres humanos foram feitos para adaptar-se à industria,
em vez de suceder o contrário”. (BROWN, 1976. P. 23)
A fim de garantir a sobrevivência empresarial, a psicologia passou a incorporar novas
técnicas já que os seus antigos instrumentos não asseguravam a produtividade e
eficiência. Técnicas comportamentais passaram a ser valorizadas, aplicando uma
abordagem contingencialista ao tentar influenciar o comportamento humano através do
ambiente de trabalho, dando espaço ao surgimento do estudo da satisfação. Ainda na
área comportamental podemos destacar ainda o estudo do comportamento do
consumidor, outra área que ganhou destaque dentro da Psicologia Organizacional.
Quando a psicologia industrial passa a apresentar objetivos mais voltados para os
indivíduos que para a própria empresa, estudando o trabalho humano em todos os seus
significados e manifestações (Lima, 1995, p. 53), com uma visão mais ampla do homem
que trabalha e do trabalho do homem, ela passa a ser a Psicologia do Trabalho.
Este fato marca a passagem da obsessão pela produtividade para uma compreensão
mais próxima do homem que trabalha, aumentando o campo de pesquisa em Psicologia
do Trabalho, sendo menos instrumental.
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Aspecto Comportamental
A área de psicologia nas organizações, em termos gerais, desenvolve-se em torno de um
conjunto de questões que afetam os seres humanos. Nos últimos trinta anos, a psicologia
organizacional passou por uma significativa transformação e busca responder uma série
de conflitos ligados a convivência humana: motivação no trabalho, qualidade,
produtividade competitividade, satisfação do cliente e moral do grupo.Todas estas
necessidades humanas disputam espaços e revelam o contexto acirrado do processo de
mudanças. Mas como manejar todas essas variáveis?
As experiências do dia a dia demonstram que, nas organizações, uma dos fatores de
peso é o grupo de trabalho. Suas relações e equilíbrio dependem do nível das relações
humanas.
Por que os Conflitos Organizacionais?
Porque se lida com pessoas, e cada uma é exclusiva em seu jeito de ser e querer. O
mundo profissional exige de cada indivíduo regras e normas que nem sempre são fáceis
e possíveis de atingir. Isto é diferente, por exemplo, do ambiente de casa, onde se é o
que quer ser.
O ambiente de trabalho exige uma postura eficiente em termos de resultados. A produção
de bens e serviços não pode ser desenvolvida por pessoas que trabalham sozinhas.
As organizações têm e definem seus objetivos e criam estruturas técnicas e humana para
atingir resultados pelas pessoas via "trabalho".
O trabalho, por sua vez, é a representação social do indivíduo, no qual ele concretiza
suas necessidades de sobrevivência e realização pessoal, permanecendo nesta relação
em média 75% do seu tempo. A educação do indivíduo é feita com base no aprendizado
de valores e crenças da sua família, acrescida do seu contexto social. Quando este
indivíduo vai para o ambiente profissional, ele apresenta sua resposta física, mental,
social e afetiva, justamente porque ele dá prioridade aos seus interesses, às suas
necessidades. E é justamente nessa tendência que aparecem as grandes indagações:
Como se entender com os outros?
Como se fazer entender?
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Por que não se pode ser racional e objetivo no trabalho e deixar de lado as
questões pessoais?
Como conviver com valores, normas e culturas tão diferentes nas organizações?
Como organizar o trabalho para atingir os resultados almejados?
Como criar condições de trabalho e sistemas de recompensas e punições,
mantendo os padrões de excelência de empregados e empregadores?
Como manter a motivação e a satisfação das pessoas no trabalho?
Como conciliar objetivos sociais, organizacionais e individuais?
A utilização adequada dos seres humanos em qualquer sistema empresarial sempre foi
um desafio para a psicologia organizacional porque, para estas perguntas, não existem
fórmulas.
Dependem do indivíduo, de sua vontade, conhecimento, habilidade e atitudes. Uma
variável importante a considerar nos conflitos organizacionais é a defasagem entre o
processo tecnológico e o humano.
Depende, também, das organizações, dos seus gestores, de tratar as pessoas com suas
características próprias de personalidade e de entendê-las a partir de suas diferenças
individuais, além dos incentivos adequados à sua motivação. è necessário que as
organizações desenvolvam essa compreensão, mas é vital que o indivíduo também
cresça, conheça a si mesmo e realize com clareza o seu papel.
É importante ficar claro que cada um deve fazer a sua parte para que o ambiente de
trabalho seja agradável produtivo.
Este enfoque integra o conceito de qualidade de vida no trabalho e visualiza o ser
humano em toda a sua dimensão física, emocional, mental e espiritual.
Conceito de Qualidade de Vida no Trabalho Começa pelo Entendimento da
Personalidade Humana
A personalidade humana representa a caracteriza a maneira de ser de cada pessoa. È a
integração evolutiva dos aspectos físicos, de temperamento e de caráter de cada
indivíduo.
A constituição é a estrutura física do indivíduo, as características pessoais de sexo, raça,
e traços físicos. Influencia o temperamento o caráter.
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O temperamento é a tendência herdada do indivíduo para reagir ao meio de maneira
própria. È involuntário.
O caráter é herdado do meio e é voluntário. Trata-se das formas de comportamento mais
elaboradas, determinadas por influências ambientais, sociais e culturais.
A compreensão do comportamento humano é importante, pois permite analisar, avaliar e
controlar as próprias reações e as do grupo de trabalho com objetivo de fortalecer as
relações.
Todo grupo é formado por indivíduos que diferem uns dos outros. Cada elemento traz
consigo interesses de ordem geral e particular - impulsos e motivações, esperanças e
aspirações que, às vezes, o indivíduo transforma em seus próprios objetivos.
A participação em um grupo de trabalho não é tarefa fácil, e a fim de se obter sucesso, é
necessário conhecer o grupo. Para isso é necessário, antes, conhecer-se melhor.
"Homem conhece-te a ti mesmo, e conhecerás o universo"
(Sócrates)
Quantos nos conheceram realmente?
Como somos?
Como somos vistos pelos colegas?
Como gostaríamos de ser vistos pelas pessoas?
Na verdade, o conhecimento de si mesmo é o conhecimento real do que se passa no
interior de um indivíduo. Esse interior contém uma série de informações que não são
conhecidas pelo ser humano.
A noção que se tem das tendências, interesses, sentimentos, emoções, pensamentos e
raciocínios é, de certa forma, vaga e imprecisa.
Para conhecer-se melhor, deve-se considerar a imagem feita de si mesmo (auto
percepção) e a imagem feita pelos outros (hetero-percepção).
O elemento que permite esse autoconhecimento é a capacidade de dar e receber
feedback. “O indivíduo só se conhece por meio do grupo".
Sete Recomendações para Construir Positivamente os Resultados de Grupo de
trabalho
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Orientação: explicar porque o indivíduo está ali, saber o que cada um pensa de si mesmo
e provocar a aceitação e o companheirismo.
Construir a confiança: informar ás pessoas com quem elas vão trabalhar. A questão é
cada saber quem é quem e o que cada um espera do outro.
Clarificar os objetivos e papéis: deixar claro o que cada um deve fazer e quais são as
prioridades do grupo.
Tomada de decisão: estabelecer como o tempo, o pessoal de apoio, e outros recursos
que serão administrados. Deixar claro para onde o grupo está indo.
Implementação: seqüenciar o trabalho, determinando tempo e a organização do grupo. O
famoso Quem faz o quê, quando e onde.
Alto desempenho: provocar a sinergia do grupo e deixá-lo perceber que a sinergia dá
resultado.
Renovação: colher os resultados do que foi aprendido e preparar-se para um novo ciclo
de ação. Responder á questão individual
"por que continuar?".
O Indivíduo e o seu Contexto Motivacional
Os motivos ou necessidades são as molas propulsoras da ação.
O termo necessidades significa simplesmente algo dentro do indivíduo que o predispõe a
agir. Portanto, os objetivos estão fora e os motivos estão dentro do ser humano.
Todos necessitam de algumas coisas para sobreviver e sentir-se satisfeito com suas
vidas. Por isso, são desenvolvidas maneiras de satisfazer tais necessidades, e há um
esforço p ara manter um equilíbrio entre elas e as fontes que as satisfazem.
O comportamento, as atitudes e as reações de um indivíduo no grupo de trabalho são
influenciados pelos motivos que o levam a trabalhar ou ter o gosto pelo trabalho.
Para alguns, pode parecer que o indivíduo trabalha somente por causa do dinheiro. Isso,
entretanto, é falso. Existem outros fatores e motivos que o levam a trabalhar, como há,
também, motivos que dificultam ou impedem o indivíduo trabalhar.
O estudo dos motivos que levam o indivíduo a trabalhar é importante para entender-se a
dinâmica do grupo e compreendê-lo no trabalho.
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Esses estudos levam a três teorias sobre motivação:
1. Hierarquia das necessidades humanas (Abraham Maslow): Maslow propõe que as
pessoas são motivadas por uma série de necessidades, desde as básicas ou
primitivas até as mais sofisticadas. Quando cada pessoa "alcança" satisfação razoável
de uma dada necessidade, movimenta-se para satisfazer uma necessidade maior. As
necessidades de Maslow são:
Fisiológicas: de caráter físico, como comer, vestir, e habitar.
Segurança: de caráter econômico, como Trabalho, estabilidade, seguros e bens.
Sociais: de caráter social como, afeto, amor, aceitação e integração no grupo.
Status: de caráter psicológico, como auto-estimam, desejo de prestígio, poder,
reconhecimento, competência, importância e apreço aos demais.
Auto-realizarão: de caráter psicológico, como utilização de suas potencialidades.
"O que o homem é capaz de ser, deve ser": muitos trabalhadores geralmente são
capazes de satisfazer suas necessidades básicas com os seus salários. Quando isso
acontece, tendem a mover-se em direção ás necessidades mais altas, especialmente as
sociais status.
Aprendizado e crescimento em uma carreira tendem a resultar em auto estima. Se o
trabalhador não conseguir a auto realização dentro do trabalho, tenderá a procurá-la em
outras a ocupações ou interesses fora do trabalho.
2.Teoria da motivação de dois fatores (Frederic Herzberg): Herzberg redefiniu a hierarquia
de Maslow, para os trabalhadores contemporâneos.
Constatando que dois níveis fundamentais (fisiológicas e segurança) são razoavelmente
bem satisfeitos, ele estabeleceu que tais níveis tendem a não ser motivadores na maioria
das situações. Segundo ele, os motivadores (sociais e auto-realizarão) estão claramente
nos três níveis superiores
Fatores Higiênicos Fatores motivadores
Fatores econômicos Realização
Fatores físicos Reconhecimento
Segurança Participação
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Fatores Sociais Crescimento
Para Herzbeg, os fatores motivadores devem ser parte do trabalho e da situação de
trabalho. Os fatores higiênicos devem ser propiciados para manterem-se os trabalhadores
sendo desmotivadores.
3. Teoria do enriquecimento do trabalho (Scott Myers): Myers demonstrou que a
motivação pode ser aumentada tornando-se o trabalho mais interessante e pessoalmente
compensador. Seus estudos enfatizam tanto a reestruturação do trabalho presente como
o desenvolvimento dos líderes. Para tornar o trabalho mais interessante e compensador
para o trabalhador, o líder deve:
Ajudar o trabalhador a fazer mais planejamento de trabalho;
Fazer mais o trabalhador participar mais das decisão de trabalho;
Dar feedback regular no desempenho;
Não intervir excessivamente;
Está disponível a ajudar;
Ser entusiasta a RESPEITO DA ORGANIZAÇÃO, DO TRABALHO E DAS
PESSOAS
O Indivíduo e o seu Processo de Comunicação
A comunicação é a principal e, talvez, a única ferramenta que o homem possui para
relacionar com os outros homens, e as relações humanas dependem exclusivamente dos
processos de comunicação entre as pessoas.
Comunicar é tornar comum uma mensagem por meio dos códigos verbais e não verbais.
À primeira vista, parece fácil, porém a comunicação eficiente entre as pessoas é tão difícil
quanto é importante o seu estabelecimento.
São elementos indispensáveis para a qualidade da comunicação humana:
Dar e receber o feedback;
Impedir que os ruídos externos e internos distorçam a mensagem;
Conter a própria hostilidade;
Prestar atenção às idéias;
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Usar o julgamento da razão e não o pessoal (dos valores);
Ouvir a mensagem completa;
Resistir às distrações;
Procurar entender o ponto de vista do outro;
Deixar de lado preconceitos e preferências.
Tipos de comunicação
Verbal: A palavra falada ou escrita; tem limitações.
Não verbal: Expressão facial, movimentação dos olhos, trajetos e movimentos da
cabeça; postura e movimentos do corpo; componentes não verbais da voz e da
aparência.
Nas relações interpessoais, tanto elementos verbais como não verbais são importantes
para que o processo se complete.
Um dos problemas no processo de comunicação é a tendência natural das pessoas de
julgarem as outras a partir de suas próprias referências e valores.
A empatia é a capacidade manifestada por uma pessoa de sentir o que sentia se
estivesse na situação da outra e constitui em elemento fundamental para a comunicação
entre as pessoas.
Relacionamento Sadio no Contexto do Trabalho
As pesquisas na área comportamental confirmam que a qualidade e a produtividade do
grupo de trabalho estão na qualidade de relacionamento de seus membros, manifestas
pela coesão, cooperação e harmonia no grupo. Essas maneiras de interagir com os
outros facilitam as operações conjuntas.
Para atingir este nível de relação nas organizações, é necessário desenvolver habilidades
especiais como:
Discernimento (bom senso): distinguir as partes de um todo; tomando decisões
com base na análise consciente dos fatos;
Empatia: significa colocar-se psicologicamente no lugar do outro;
Auto-estima: é a força viva que leva a um maior ou menor estado de motivação;
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Motivação: gostar de si mesmo e estar contente consigo mesmo;
Afetividade: é a aproximação entre pessoas quando demonstram mesmo valor e
natureza igualitária (interagir pela alegria e amizade)
Capacidade de pensar, agir e reagir: ser flexível adaptando-se as situações e
necessidades do meio.
Capacidade de negociar: para fazer o outro aderir as idéias, planos, objetivos e
crenças propostas por alguém no trabalho.
Aspectos Motivacionais da Liderança para o Desempenho Individual e Grupal
As organizações têm sido desafiadas a adaptar-se a um mundo novo, e a figura central
desse cenário são as pessoas . Neste contexto, a mudança de postura é um elemento
básico para reajustar-se à nova realidade, embora mudar nem sempre seja uma
experiência agradável. È um processo dinâmico que requer paciência, capacidade
analítica e persistência. Há resistência em mudar porque isso implica sair de uma área de
conforto e entrar em contato com as dificuldades pessoais. Mudar é a capacidade de
enfrentar os próprios medos, sejam eles infundados ou reais emprestados ou
desconhecidos.
Esses medos podem ser paternais, físicos, intelectuais, espirituais ou interpessoais, e
foram adquiridos ao longo da construção da história de vida de cada um. O importante
nesse contexto é conhecê-los e enfrentá-los.
O ser humano cresce a partir do momento em que opta sair da área de conforto e
conviver com as ameaças e as incertezas, tendo vontade em vista que a mudança é
inevitável e independente da própria vontade, mas o crescimento, a transformação neste
processo é opção pessoal.
Quando o indivíduo é autêntico em suas relações de trabalho encontra abrigo nas
verdadeiras equipes e líderes, há espaço para emergirem os mais genuínos sentimentos
humanos, como auto-afirmação, integração, racionalidade, intuição, lógica, emoção,
humanismo, razão e coração.
Como está o seu relacionamento com os pares na empresa onde você trabalha?
Acredito que boa parte das pessoas ainda convive com esse tipo de problema na
organização onde atua; seria injusto generalizar e falar que todas as empresas têm algum
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tipo de conflito interno, causado pelos indivíduos que interagem diariamente no ambiente
de trabalho, mas o fato é que no mundo empresarial eles existem e podem prejudicar o
desempenho da equipe, assim como os resultados esperados pelas empresas,
impactando inclusive no clima organizacional. Às vezes, os problemas de relacionamento
não são visíveis, ficam mascarados e embutidos intrinsecamente em cada um, onde só
podemos percebê-los por meio de ações, do comportamento e no modo de agir com os
outros membros da equipe.
A necessidade de trocar informações sobre o trabalho e de cooperar com a equipe
permite o relacionamento entre os indivíduos, o que acaba sendo imprescindível para a
organização, pois, as mesmas, valorizam cada vez mais tal capacidade; o relacionamento
interpessoal é, sem sombra de dúvida, um dos fatores que influenciam no dia-a-dia e no
desempenho de um grupo, cujo resultado depende de parcerias internas para obter
melhores ganhos. No ambiente organizacional é importante saber conviver com as
pessoas, até mesmo por ser um cenário muito dinâmico e que obriga uma intensa
interação com os outros, inclusive com as mudanças que ocorrem no entorno, seja de
processos, cultura ou até mesmo diante de troca de lideranças.
A contribuição dos pares e a forma que eles são tratados ajudam o colaborador atingir
suas metas e desenvolver suas atribuições de maneira eficaz. Para isso, é necessário
saber lidar com a diversidade existente na empresa, respeitando as diferenças e as
particularidades de cada um; com isso, é possível conquistar o apoio dos demais e fazer
um bom trabalho, afinal, ninguém trabalha sozinho.
O papel do gerente nesse processo é de extrema importância, pois é de sua
responsabilidade administrar os conflitos existentes entre as pessoas do time, e fazer com
que o clima interno seja agradável, permitindo um ambiente sinérgico e que prevaleça a
união e a cooperação entre todos. Essa forma de conduta está relacionada ao estilo de
gestão que se aplica e suas ações, e pode influenciar no desempenho dos liderados; este
gestor terá que dar o exemplo para os demais, saber como falar com seus colaboradores,
pois a maneira com que irá tratá-los poderá refletir no relacionamento entre a gerência x
colaborador e, conseqüentemente, nas metas e objetivos da empresa.
No entanto, sabemos que tem gente que não consegue lidar com pessoas adversas e
com opiniões diferentes da sua, e deixam se levar por uma impressão negativa sem ao
menos procurar compreendê-las e conhecê-las mais detalhadamente. Outro vilão que
pode prejudicar o relacionamento entre os membros de uma equipe é o mau humor; o
que faz com que essas pessoas (mal humoradas) criem uma espécie de escudo e fiquem
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isoladas das demais. Isso impede que seus colegas se aproximem para pedir algum tipo
de ajuda, ou até mesmo para bater um papo.
Essa dificuldade de relacionamento acaba impactando no desempenho de uma pessoa
em relação às tarefas que desenvolve na organização, pois ela irá evitar a sua exposição
e nem sempre poderá contar com alguém para auxiliá-la, e devido a isso acaba fazendo,
na maioria das vezes, seu trabalho de maneira individualizada. Deixa-se, também, de
ouvir opiniões diferentes e de compartilhar escolhas e alternativas com os demais, o que
pode causar certo risco dependendo da decisão tomada. Em outras palavras, o mau
humor certamente causará prejuízos ao trabalho em equipe e, por tabela, aos resultados
em geral.
Quando a empresa enfrenta problemas de relacionamento, a área de Recursos Humanos
junto à gerência tem a missão de sanar a dificuldade o quanto antes para não
comprometer o clima de trabalho. É necessário identificar as causas para minimizar o
efeito que este fator pode gerar, assim como sensibilizar os colaboradores para que eles
não deixem que essa variável prejudique o desenvolvimento das tarefas, pois os clientes
internos e externos podem não ser atendidos com prontidão e eficácia, resultando em
queda na qualidade do atendimento e na produtividade.
As divergências e as “brigas” internas podem ser resolvidas com um bom treinamento e
atividades grupais, procurando valorizar a integração e focar a importância de se ter um
excelente relacionamento com os membros da equipe. O gerente também terá que fazer
o seu papel, dando apoio, feedbacks e fazendo coaching com seus colaboradores,
evitando, assim, qualquer tipo de atrito que possa ocorrer futuramente no time. Contudo,
isso não depende somente do gestor: todos terão que estar envolvidos nesse processo.
Os funcionários também têm um papel importante para a construção de uma ambiente
saudável, pois depende de suas condutas e atitudes para acabar com problemas desse
tipo.
Para manter um clima agradável e sem manifestação de atritos, é necessário que as
pessoas deixem de agir de forma individualizada e passem a interagir como uma equipe,
promovendo relações amigáveis e fazendo com que cada um procure cooperar com o
outro, mas, para isso, é preciso que cada um faça a sua parte, pois se todos não
estiverem dispostos a contribuir, não iremos chegar a lugar algum. Pense nisso!
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AULA 01
INTRODUÇÃO: O que é Ergonomia?
Histórico e Fases da Ergonomia
Abrangência da Ergonomia
Desde os tempos do Homem das Cavernas, a Ergonomia já existia e era aplicada.
Quando se descobriu que uma pedra poderia ser afiada até ficar pontiaguda e
transformar-se numa lança ou num machado, ali estava se aplicando a
Ergonomia. Quando se posicionavam galhos ou troncos de árvores sob rochas ou
outros obstáculos, como alavanca, novamente ali estava a Ergonomia.
Portanto, a Ergonomia é a ciência aplicada a facilitar o trabalho executado pelo
homem, sendo que se interpreta aqui a palavra “trabalho” como algo muito
abrangente, em todos os ramos e áreas de atuação.
O nome Ergonomia deriva-se de duas palavras gregas: ERGOS (trabalho) e
NOMOS (leis, normas e regras). É uma ciência que pesquisa, estuda, desenvolve
e aplica regras e normas a fim de organizar o trabalho, tornando este último
compatível com as características físicas e psíquicas do ser humano.
CONCEITO IMPORTANTE:
A ERGONOMIA TEM POR OBJETIVO ADAPTAR TUDO COM
QUE O SER HUMANO SE RELACIONA ÀS
CARACTERÍSTICAS DO PRÓPRIO SER HUMANO, A FIM DE
PRESERVAR SUA SAÚDE FÍSICA, EMOCIONAL E PSÍQUICA.
Para que isto seja possível, uma infinidade de outras ciências são usadas pela
Ergonomia, para que o profissional que desenvolve projetos Ergonômicos obtenha os
conhecimentos necessários e suficientes e resolva uma série de problemas
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identificados num ambiente de trabalho, ou no modo como o trabalho é organizado e
executado.
Exemplos: FISIOLOGIA E ANATOMIA
ANTROPOMETRIA E BIOMECÂNICA
HIGIENE DO TRABALHO E TOXICOLOGIA
DOENÇAS OCUPACIONAIS
FÍSICA
Oficialmente, a Ergonomia nasceu em 1.949, derivada da 2ª Guerra Mundial. Durante a
guerra, centenas de aviões, tanques, submarinos e armas foram rapidamente
desenvolvidas, bem como sistemas de comunicação mais avançados e radares. Ocorre
que muitos destes equipamentos não estavam adaptados às características perceptivas
daqueles que os operavam, provocando erros, acidentes e mortes.
Como cada soldado ou piloto morto representava problemas seriíssimos para as Forças
Armadas, estudos e pesquisas foram iniciados por Engenheiros, Médicos e Cientistas,
a fim de que projetos fossem desenvolvidos para modificar comandos (alavancas,
botões, pedais) e painéis, além do campo visual das máquinas de guerra. Iniciava-se,
assim, a adaptação de tais equipamentos aos soldados que tinham que utilizá-los em
condições críticas, ou seja, em combate.
Após a guerra, diversos profissionais envolvidos em tais projetos reuniram-se na
Inglaterra, para trocar idéias sobre o assunto. Na mesma época, a Marinha e a Força
Aérea dos Estados Unidos montaram laboratórios de pesquisa de Ergonomia (lá
conhecida por Human Factors, ou Fatores Humanos), com os mesmos objetivos.
Posteriormente, com o Programa de Corrida Espacial e a Guerra Fria entre URSS e os
EUA, a Ergonomia ganha impressionante avanço junto à NASA. Com o enorme
desenvolvimento tecnológico divulgado por esta, a Ergonomia rapidamente se
disseminou pelas indústrias de toda a América do Norte e Europa.
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Assim, percebe-se uma PRIMEIRA FASE da Ergonomia, referente às dimensões de
objetos, ferramentas, painéis de controle dos postos de trabalho usados por operários.
O objetivo dos cientistas, nesta fase, concentrava-se mais ao redimensionamento dos
postos de trabalho, possibilitando um melhor alcance motor e visual aos trabalhadores.
Numa SEGUNDA FASE, a Ergonomia passa a ampliar sua área de atuação, e passa a
projetar postos de trabalho que isolam os trabalhadores do ambiente industrial
agressivo, seja por agentes físicos (calor, frio, ruído, etc.), seja pela intoxicação por
agentes químicos (vapores, gases, particulados sólidos, etc.).
Em uma fase mais recente (TERCEIRA FASE), à época da década de 80, a Ergonomia
passa a atuar em outro ramo científico, mais relacionado com o processo cognitivo do
ser humano, ou seja, estudando e elaborando sistemas de transmissão de informações
mais adequadas às capacidades mentais do homem, muito comuns junto à informática
e ao controle automático de processos industriais. Tal fase intensificou sua atuação
mais na região da Europa, disseminando-se a seguir pelo resto do mundo.
Por fim, na atualidade, pesquisas mais recente estão se desenvolvendo em relação à
PSICOPATOLOGIA DO TRABALHO e na ANÁLISE COLETIVA DO TRABALHO.
Especificamente a Escola Francesa de Ergonomia interessou-se por tais ciências e as
vem divulgando pelo mundo, inclusive no Brasil.
A primeira estuda as reações PSICOSSOMÁTICAS dos trabalhadores e seu sofrimento
frente às situações problemáticas da rotina do trabalho, principalmente levando em
consideração que muitas destas situações não são previstas pela empresa, e muito
menos aceitas por estas.
Já a Análise Coletiva do Trabalho estabeleceu um importante diálogo entre o
Ergonomista e grupos de trabalhadores, que passam a expressar livremente suas
críticas, idéias e sugestões relacionadas aos problemas que os fazem sofrer em seu
trabalho, sem pressões por parte das chefias, o que é essencial.
Com o objetivo de resumir o que estudamos até aqui, vejamos a tabela a seguir, na
qual podemos identificar as formas de atuação do Ergonomista e seus objetivos.
Lembramos, ainda, que o OBJETIVO PRINCIPAL do Ergonomista é o de ADEQUAR O
TRABALHO AO HOMEM, seja este trabalho de qualquer característica, em qualquer
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área de atuação. Portanto, qualquer agressão física ou psíquica deverá ser isolada ou
eliminada em relação ao trabalhador.
FASE ATUAÇÃO EXEMPLOS
1a DIMENSIONAL Botões, pedais, alavancas, painéis.
2a AMBIENTAL
Cabines, salas, galpões, divisões, iluminação,
ventilação, isolamento termo-acústico, cores
nas paredes e objetos, sinalização.
3a ORGANIZACIONAL
Horários, pausas para descanso,
relacionamento entre trabalhadores e chefia,
sono, rodízio em tarefas repetitivas,
treinamento, integração.
Como você pode observar a análise Ergonômica não é restrita, mas muito ampla e
evoluiu com o passar do tempo. Não apenas devem ser levados em consideração os
dados dimensionais do posto de trabalho e do ambiente à sua volta, mas também como
o trabalho é organizado pela empresa. Veja alguns dos fatores organizacionais que
devem ser observados:
- A relação que existe entre os diversos segmentos hierárquicos da empresa
(pois neles são tomadas decisões);
- O treinamento dos trabalhadores, preparando-os ao tipo de trabalho que
devem realizar ocasião na qual os detalhes de segurança são passados;
- A previsão de falhas que podem ocorrer no sistema produtivo (que
independem da atuação dos trabalhadores), mas que influenciam
diretamente na velocidade e ritmo dentro do qual o trabalho é realizado;
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- O dimensionamento da equipe de trabalhadores em função do número
previsto de produtos a serem produzidos, ou de serviços a serem
executados
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AULA 02
Noções Básicas de Anatomia e Fisiologia
Identificação das Limitações do Organismo Humano
Sabendo-se que a Ergonomia tem por objetivo adequar o trabalho às características
do homem, sejam físicas, sejam psíquicas, é necessário ter-se conhecimentos
mínimos de como nosso organismo funciona e quais são as limitações do nosso corpo,
para que se possam desenvolver projetos que correspondam a tais características.
Através de conhecimentos de Anatomia e Fisiologia, compreenderemos o porquê de
algumas das reações adversas no organismo humano.
- A Anatomia estuda a localização dos órgãos de nosso corpo, bem
como lhes dá uma terminologia adequada, conforme tal localização.
- Já a Fisiologia estuda como funcionam os órgãos e qual a relação de
interdependência de cada órgão com os sistemas que compõem o
organismo humano.
O Ergonomista possui conhecimentos mais voltados aos Sistemas Locomotores
(ossos, músculos, tendões, tecidos) e Sangüíneos (artérias, veias e capilares).
Sistema Locomotor
Subdividiremos o estudo de tal sistema em Esquelético e Músculo-Ligamentar. O
primeiro representa a estrutura de sustentação de todo o corpo, tanto como base à
movimentação, quanto para proteger órgãos vitais. O segundo possibilita justamente os
movimentos do corpo e a força aplicada nos diversos segmentos, bem como a
velocidade e precisão de tais movimentos.
Sistema Esquelético
A título de organização do estudo deste sistema, o mesmo pode ser dividido em três
partes fundamentais: Cabeça, Tronco e Membros, a saber:
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- a cabeça, na extremidade superior do esqueleto, sustentada pela coluna
vertebral;
- o tronco, na região central do corpo, abrangendo a coluna vertebral e as
costelas;
- os membros, superiores e inferiores, compreendendo, acima, os braços,
antebraços, punhos e mãos e, abaixo, as pernas e pés;
- as cinturas, escapular (acima) e pélvica (abaixo).
Das partes acima descritas, algumas merecem destaque para o estudo e aplicação da
Ergonomia, em função das posturas adotadas por nosso organismo, quando em
atividade.
1) COLUNA VERTEBRAL
A coluna vertebral é uma estrutura flexível composta por 33 vértebras, localizadas em
quatro regiões distintas, a saber, (de cima p/baixo): Região Cervical, Região Torácica
ou Dorsal, Região Lombar e Região Sacro-coccigeana. Também se verificam as
curvaturas que a coluna vertebral apresenta, quando vista lateralmente: A Lordose
Cervical, a Cifose Dorsal e a Lordose Lombar. Veja a Ilustração 1:
Ilustração 1:
CURVATURA - CERVICAL – LORDOSE
CURVATURA - DORSAL – CIFOSE
CURVATURA - LOMBAR – LORDOSE
CURVATURA - SACROCOCIGEANA
Entre as vértebras, observa-se uma articulação cartilaginosa, conhecida como DISCO
INTERVERTEBRAL. A Ilustração 2, representada por uma perspectiva, nos dá uma
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visão do disco sobre uma vértebra, subdividido em duas partes: um NÚCLEO
PULPOSO (N) e os ANÉIS FIBROSOS (A). A Ilustração 3 mostra a vértebra vista de
cima.
Ilustração 2 Ilustração 3
Uma das características da coluna vertebral é a sua grande mobilidade. As Ilustrações
4 e 5 demonstram esta característica, com a flexão da coluna (esquerda) e a flexão e
extensão específicas da região cervical:
Ilustração 4 Ilustração 5
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N
A
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1.A) LIMITAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL
O amortecimento das pressões exercidas sobre cada vértebra, que forma o conjunto da
COLUNA VERTEBRAL, é desempenhado essencialmente pelos núcleos polpudos
(NP’s), que distribuem radialmente a pressão recebida. Veja a Ilustração 2, acima.
Isto equivale a dizer que o núcleo, que se encontra dentro dos anéis, tende sempre a
aumentar seu diâmetro quando recebe a carga de cima para baixo, fazendo pressão
sobre as paredes dos anéis que o envolvem, enquanto diminui de altura.
A B
A - Núcleo entre vértebras em situação de repouso
B - Núcleo entre vértebras em situação de carga incidindo sobre a coluna
Ocorre que o disco intervertebral apresenta uma degeneração natural que se acentua
a partir dos 20 anos de idade, época em que as artérias que alimentam a região da
coluna vertebral começam a se fechar, interrompendo a vaso-irrigação e sua
alimentação.
Assim, o disco passa a receber alimentação de líquidos nutrientes que se encontram na
região à sua volta, principalmente aqueles que permanecem no tecido esponjoso que
reveste as faces superiores e inferiores dos corpos vertebrais.
Contudo, claro está que quando a coluna recebe uma carga sobre o conjunto de
vértebras, o líquido é expulso da região na qual se encontra naturalmente, dada a
pressão ali concentrada. O comportamento é similar a uma esponja.
Tal fato é muito importante, vez que pressionada, a coluna vertebral não se alimenta
e que tal situação facilita ainda mais a degeneração dos discos intervertebrais. Sem
alimentação, a característica fibro-elástica destes tende a diminuir o que inicia um
PROCESSO DE ROMPIMENTO DAS PAREDES DOS ANÉIS QUE ENVOLVEM O NP,
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toda vez que este tenta se deslocar de sua origem. Na Ilustração 3, este rompimento é
visível.
Como já vimos à coluna é composta por 33 vértebras, cada uma apoiada sobre um
disco que está sobre a vértebra imediatamente abaixo. Esta característica possibilita a
todo o conjunto uma mobilidade extraordinária, dentro de limites impostos pela própria
estrutura anatômica de cada região da coluna.
A mobilidade do conjunto, entretanto, representa não apenas flexibilidade útil para
desenvolvê-lo de inúmeras tarefas efetuadas pelo ser humano, mas alguns riscos à
região da coluna vertebral, como agora observaremos.
Como se viu, os discos degeneram com o passar do tempo, perdendo a elasticidade
necessária. Com isto, a capacidade de amortecer pressões diminui e há uma tendência
do NP extravasar-se da região central que originalmente ocupa.
Tal situação é agravada ainda mais quando a coluna vertebral sai da posição em
que suas curvaturas naturais são alteradas (como quando nos abaixamos para
pegar algo que está no chão, mantendo as pernas eretas e a coluna “dobrada” – veja a
Ilustração 4). Nesta postura, os NP são arremessados para trás (região posterior do
corpo), pressionando os anéis desta região. Quanto mais esta postura se repete,
mais e mais os anéis são pressionados. A Ilustração 5 também serve para demonstrar
este princípio, pois se a cabeça ficar abaixada, as vértebras cervicais ficarão sob tal
condição.
1.B) DOENÇAS DA COLUNA
A. PROTUSÃO INTRADISCAL
A protusão intradiscal é um problema grave. Ocorre quando a postura
acima detalhada se repete com freqüência nas atividades rotineiras de um
trabalhador ou mesmo quando eventuais, mas nos indivíduos que já apresentam
degeneração nos discos intervertebrais.
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Caracteriza-se pelo fato do núcleo pulposo ser constantemente
empurrado para trás, rompendo os anéis fibrosos que o envolvem, um por um,
até chegar na região periférica do disco. Esta região passa a apresentar um
volume mais acentuado, pressionando um ligamento que corre de cima a baixo na
coluna, o Ligamento Posterior. Terminações nervosas aí localizadas provocam
fortes dores no indivíduo, acompanhadas de espasmos musculares. É possível
ver uma protusão na Ilustração 3, no lado direito do disco.
B. HÉRNIA DE DISCO
A hérnia de disco é um problema ainda mais grave que a protusão
intradiscal. Na hérnia, o NP, após ter rompido todos os anéis, consegue
extravasar-se de dentro do anel e sai do disco intervertebral, empurrando os
tecidos da região, pressionando-os (veja a Ilustração 6, abaixo). Esta lesão se
verifica mais na região lombar, principalmente quando o indivíduo flexiona o
tronco para erguer cargas (hérnia posterior) e quando o rotaciona lateralmente,
movimentando a carga da direita para a esquerda, por exemplo (hérnia póstero-
lateral). É possível ver uma hérnia pressionando uma terminação nervosa na
Ilustração 3, no lado esquerdo do disco.
Ilustração 6: Hérnia de disco póstero-lateral
Fibras do anel rompidas
Medula
NP vazado (hérnia)
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Revisando: a Ilustração 7 nos dá uma visão do progresso dos sinais clínicos, à medida
em que o trabalhador vai sofrendo uma protrusão, hérnia e a invasão do material do NP
na medula:
Ilustração 7: 0 – Disco saudável; 1 – Protrusão póstero lateral direita; 2 – Hérnia
póstero-lateral direita pressionando; 3 - Hérnias póstero-lateral direita invasiva a medula
C. BICO DE PAPAGAIO
É uma lesão derivada da hérnia de disco e muito mais grave. Caracteriza-se pela
formação de protuberâncias ósseas nas paredes externas do corpo da vértebra, mais
precisamente em locais onde há contato de um corpo de vértebra com outro, ocasião
em que os dois entram em atrito.
Este contato entre uma vértebra e a outra se dá pela ausência do Núcleo Pulposo no
disco intervertebral, já herniado (extravasado).
O tecido ósseo, quando submetido a pressões concentradas em determinados pontos,
inicia um processo de multiplicação de suas células, formando um CALO ÓSSEO. Tal
processo verifica-se como uma reação de defesa do tecido ósseo, mas traz o
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inconveniente de produzir, quando não controlada, a calcificação indesejada de
PROTUBERÂNCIAS (chamadas de osteófitos), resultando em problemas graves de
coluna.
Na vértebra, o tecido vai ficando mais denso na região central do corpo, empurrando os
tecidos vizinhos, até chegar à periferia do corpo, onde se formam as protuberâncias.
Veja a Ilustração 8, a seguir.
Um esclarecimento importante se faz presente: tanto a hérnia do disco quanto o bico de
papagaio, por poderem pressionar nervos, podem produzir dores que se estendem às
pernas, a chamada dor ciática (ver item D, a seguir).
Ilustração 8: Bico de papagaio (osteófito)
D. DOR CIÁTICA
É uma das conseqüências mais comuns dos problemas anteriores. A dor ciática se dá a
partir da pressão que o núcleo pulposo herniado ou o osteófito fazem sobre o conjunto
de raízes nervosas que formam o nervo ciático. Estas raízes saem do espaço existente
entre as vértebras L4 e L5 (ou seja, quarta vértebra lombar e quinta vértebra lombar) e
S1 (primeira vértebra sacral). Também pode surgir dor proveniente das raízes que
formam o nervo femoral, provenientes dos espaços entre L2 e L3. A Ilustração 9
permite uma visão destas duas situações:
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Ilustração 9: Raízes do nervo femoral/ Raízes do nervo ciático
2. ORIENTAÇÃO POSTURAL
Uma das obrigatoriedades estabelecidas pelo governo, por meio do Ministério do
Trabalho e Emprego, é a de que as empresas devem dar orientação postural aos
seus funcionários, para que evitem doenças de coluna. Tal obrigação está na NR 17 –
Ergonomia, conforme o item 17.2.3:
“17.2.3. Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de cargas,
que não as leves, deve receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos
métodos de trabalho que deverá utilizar com vistas a salvaguardar sua saúde e
prevenir acidentes”.
O Setor de Segurança do trabalho da empresa deve programar palestras orientativas
quanto a tal aspecto, informando aos trabalhadores os tipos de doenças que podem vir
a adquirir, caso não respeitem ao procedimento de levantamento de cargas com flexão
das pernas (correto), pois costumam fazer o contrário, ou seja, flexionam o tronco
(errado).
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ERRADO CERTO
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AULA 03
Noções Básicas de Anatomia e Fisiologia
Identificação das Limitações do Organismo Humano
3) MÚSCULOS
Os músculos são tecidos que se caracterizam por ampla flexibilidade, por contração e
alongamento de suas células, conhecidas por MIOFIBRILAS. Tais células são
especialistas em retirar energia química proveniente dos alimentos que ingerimos e
transportada pelo sangue, transformando-a em energia mecânica. O trabalho produzido
pelos músculos é possibilitado pela vaso-irrigação que lhes garante a devida
alimentação, mas dentro de determinadas condições.
Ilustração 1: Sistema Muscular
A contração dos músculos recebe duas classificações básicas:
Contração Isotônica ou DINÂMICA: o tamanho do músculo é alterado, mas não
há aumento de tensão em sua parte interna. Exemplo: Fletir o antebraço sobre o
braço.
Contração Isométrica ou ESTÁTICA: ocorre o contrário, ou seja, não é alterado
o tamanho do músculo, mas há um aumento de sua tensão interna. Exemplo:
Sustentar uma carga com a mão, enquanto o braço permanece estendido.
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Tal classificação é muito importante, pois as diferentes contrações implicam num
consumo variável de oxigênio pelo músculo.
Assim, a contração DINÂMICA implica em maior consumo de oxigênio, mas possibilita
um fluxo sangüíneo facilitado aos tecidos musculares, pois neste tipo de contração,
há períodos intercalados de contração e relaxamento dos músculos.
Já na contração ESTÁTICA, há um aumento de pressão muscular externa sobre as
artérias e vasos capilares, deixando-os parcial ou totalmente fechados, diminuindo
muito o fluxo sangüíneo, e sem que haja relaxamento durante a atividade. Cada
fibra muscular aperta a fibra vizinha, reduzindo, assim, o fluxo (veja a Ilustração 2).
Com esta diminuição do fluxo sangüíneo, a taxa de oxigênio nos tecidos cai e, ao
mesmo tempo, aumenta a taxa de ácido lático, que é responsável por dores
musculares. Dependendo do tempo de duração da contração, para realizar-se a
atividade, haverá também a presença de ESPASMOS MUSCULARES, que prejudicam
a precisão dos trabalhos.
Ilustração 2:
Outro detalhe muito importante relacionado à alimentação dos músculos, seja qualquer
a contração por eles apresentada, refere-se à CARGA HEMODINÂMICA, que é a
coluna a ser vencida pelo fluxo sangüíneo, quando um membro está elevado.
Um ótimo exemplo é o do braço estendido acima do nível da cabeça, abduzido sobre
o ombro, desenvolvendo alguma atividade (apertar parafusos com uma chave
combinada, muito comum para mecânicos embaixo de veículos). Com os braços
elevados, o fluxo de sangue encontra enorme dificuldade em subir até a
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extremidade (ponta das mãos), resultando em dormência no braço. Veja a Foto 01 –
Pintores abaixo de um ônibus:
Na Foto 01, que vimos acima, há várias situações que promovem seqüelas à saúde
dos pintores. Observe que eles trabalham com o braço acima da linha do ombro e que
o pescoço está em extensão.
A postura, sendo estática, faz com que os músculos fiquem tensos todo o tempo, pois
devem sustentar a cabeça na posição “para cima”. Com isto, acumula-se o ácido lático
nas fibras musculares, aparecendo rapidamente dor no pescoço. Como a postura é
mantida por muito tempo, pode surgir uma inflamação nos músculos envolvidos,
conhecida por miosite. Com os braços ocorre o mesmo.
4) TENDÕES
São feixes de fibras formadas de tecido conjuntivo, denso e modelado, vez que tais
fibras encontram-se orientadas em direções bem definidas, de modo a oferecer
resistência alta em relação às forças que atuam sobre o tecido. Os tendões são
estruturas anatômicas VISCO-ELÁSTICAS, ou seja, possuem certo grau de
elasticidade, mas este é inferior à elasticidade apresentada pelas fibras dos músculos,
31
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cuja capacidade de contração e expansão é muito maior, pois os músculos, como
acima vimos, são abastecidos por sangue, o que não se dá com os tendões.
Uma das características mais importantes dos tendões, em fisiologia, refere-se ao
TEMPO DE REPOUSO necessário para que o tecido que os forma consiga retornar ao
seu estado natural. Quando se sobrecarrega um tendão, solicitando-o em demasia, o
mesmo tende a sofrer lesões nas fibras do tecido conjuntivo, pois o limite de
elasticidade é facilmente ultrapassado.
Tal problema é grave na medida em que um tendão lesionado possui recuperação
bastante lenta, pois são estruturas que recebem alimentação indireta (se alimentam
de substâncias nutritivas presentes em tecidos vizinhos, este últimos, vasoirrigados).
Portanto, se compararmos a alimentação de um músculo com a de um tendão,
veremos que o primeiro, além de se alimentar muito bem, tem um ótimo sistema de
remoção de resíduos metabólicos, pois o sangue que volta ao coração carrega várias
impurezas.
Já o tendão, que não apresenta boa alimentação, também não tem um bom sistema de
remoção de resíduos, ou seja, se um músculo apresentar uma inflamação, a
recuperação será rápida (em dias) e se um tendão apresentar inflamação, a
recuperação levará meses.
Os tendões são responsáveis pela transmissão de forças atuantes nos músculos,
conferindo movimento aos segmentos corporais, pois servem de elemento de ligação
entre o corpo central do músculo e os ossos.
Determinados grupos musculares, como os que atuam nos membros superiores e
inferiores, possuem feixes de tendões que se movimentam dentro de bainhas (túneis),
conhecidas por BAINHAS SINOVIAIS. Veja a Ilustração 3:
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33
Ilustração 3:
5) DOENÇAS ENVOLVENDO MÚSCULOS, TENDÕES E NERVOS - DORT
Dezenas de doenças podem acometer músculos, tendões e nervos dos membros
superiores e inferiores, bem como a região do pescoço. Até 1.998 eram conhecidas
como LER – Lesões por Esforços Repetitivos, mas tal designação era, de fato
errada, pois considerava, pelo nome, que as lesões seriam derivadas exclusivamente
do fato da pessoa desenvolver atividades repetitivas. O que se descobriu depois é que
existem muitos outros fatores que levam a tais tipos de lesões.
Assim, a partir da publicação da Ordem de Serviço 606 do MPAS, a designação foi
mudada para DORT – Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. Esta
designação, por sinal, indica que a lesão, para que seja reconhecida, deve ter nexo
ocupacional. Tal designação não impede, contudo, que o trabalhador, mesmo que sofra
fatores externos ao trabalho, como a prática de esportes (que também pode provocar
lesões), não tenha no ambiente de trabalho, situações em que também esteja sofrendo
riscos que levem ao desenvolvimento de lesões.
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CONCEITO: TRAUMAS OU LESÕES PROVOCADAS POR POSTURAS
INADEQUADAS E ESFORÇOS EXCESSIVOS SOBRE MÚSCULOS, TENDÕES E
NERVOS, QUE SE MANIFESTAM PRINCIPALMENTE NAS MÃOS, BRAÇOS,
OMBROS E PESCOÇO.
Quatro são os PRINCIPAIS FATORES DE RISCO que levam às lesões:
1 - POSTURA INADEQUADA (com ângulo-limite);
2 - FORÇA EXCESSIVA APLICADA NUMA REGIÃO DO CORPO;
3 - REPETITIVIDADE (fazer uma só coisa e muitas vezes);
4 - COMPRESSÃO DE TECIDOS NUM PONTO DO CORPO.
1 - POSTURA INADEQUADA (com ângulo-limite)
Diversas situações de trabalho implicam em posturas inadequadas, com desequilíbrio
do corpo ou de uma parte do corpo, principalmente nas articulações. Toda articulação
tem o que chamamos de ângulo neutro, ângulo de conforto e de ângulo-limite.
Vejamos a Ilustração 4, a seguir:
Ilustração 4
FLEXÃO NEUTRO EXTENSÃO
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DESVIO RADIAL NEUTRO DESVIO ULNAR
Nas ilustrações, vemos que as mãos que aparecem na coluna do meio, em “NEUTRO”,
não apresentam angulação em relação ao antebraço. Em “FLEXÃO” e em
“EXTENSÃO”, observamos que a mão chegou a um limite a partir do qual não
consegue mais prosseguir. Para o desvio “RADIAL” e “ULNAR”, acontece o mesmo. O
ângulo de conforto é um ângulo que se localiza entre o neutro e o limite.
Pois bem, estes limites determinam o que chamamos de “ângulo-limite” de uma
articulação e toda vez que isto acontece, os tendões da região ficam estrangulados
(contra estruturas ósseas da área) e passam a sofrer atrito. O resultado final disto é
uma inflamação, que pode limitar-se ao tendão, ou também atingir o tendão + a
bainha sinovial que o recobre.
Acrescente-se que a força muscular obtida de uma articulação diminui à medida em
que o aumenta-se o ângulo da mesma. Em ângulo neutro, a força é de 100%. Em
extensão, consegue-se apenas 75% de força na articulação do punho e, em flexão,
apenas 45%. Se houver contração muscular estática, a força no membro cai para
apenas 60%.
Quando é apenas o tendão que se inflama, temos a TENDINITE. Quando, além do
tendão, também se inflama a bainha sinovial, temos a TENOSSINOVITE. Veja a
Ilustração 5:
Bainha Sinovial
Tendão
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36
Um exemplo de tarefa executada com ângulo-limite é visto na Foto 02: um Torneiro
está dando acabamento em peças, usando uma lixa acoplada a um pedaço de madeira.
Observe que o cotovelo está acima da linha do ombro; a articulação do punho esquerda
está em desvio radial e o dedo polegar está totalmente abduzido, enquanto faz
pressão sobre a madeira. Esta postura pode resultar numa doença chamada Doença
de DeQuervain, inflamação nos dois tendões que correm numa única bainha sinovial
do polegar.
2 - FORÇA EXCESSIVA APLICADA NUMA REGIÃO DO CORPO
Para piorar, se a mão estiver aplicando força sobre uma ferramenta, por exemplo, ou
na torção de roupas, além de estrangularmos os tendões, estaremos fazendo muita
força, o que aumenta muito o consumo de oxigênio nos tecidos da região e também
pressiona tendões e nervos contra ossos (problema que já vimos na situação anterior).
O uso constante de ferramentas manuais, pneumáticas e/ou elétricas, como chaves-de-
fenda, raspadeiras, lixadeiras, rebitadeiras, leva ao mesmo resultado, com inflamação e
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dor da região. Na Foto 02, acima, vimos que o Torneiro fazia pressão com o polegar de
encontro à madeira.
3 - REPETITIVIDADE (fazer uma só coisa e muitas vezes)
Além das posturas inadequadas, temos um agravante: fazer isto durante muitas horas
e muitas vezes. Claro está que se os nervos, tendões e músculos ficarem
pressionados e estrangulados por horas a fio, pelo fato da pessoa fazer só uma coisa
o dia todo, o problema será agravado. Quando a repetitividade é um problema isolado,
a lesão também pode se manifestar (ou seja, sem postura inadequada e sem o uso da
força), mas isto é raro de acontecer, pois normalmente um posto de trabalho apresenta
de dois a quatro diferentes riscos para o aparecimento de DORT.
Para se saber se um posto de trabalho apresenta ou não repetitividade, basta saber se
um ciclo da tarefa é completado em até 30 segundos. Exemplo: os digitadores.
4 - COMPRESSÃO DE TECIDOS NUM PONTO DO CORPO
O exemplo da chave-de-fenda é muito bom, pois a palma da mão terá os tecidos
(tendões, músculos e nervos) da área onde o cabo da ferramenta fica pressionando
esmagados, sem circulação sangüínea. O uso de tesouras, gatilhos, travas, alicates
(como na Ilustração 6 abaixo), se prolongado por horas, resultará neste tipo de
problema. Observe que a ilustração demonstra que a articulação está em ângulo-limite.
Ilustração 6:
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Além dos quatro principais fatores de risco, podem ser encontrados outros fatores que
tornam o aparecimento das lesões facilitado:
HORAS EXTRAS E DOBRAS DE TURNO - a exposição ocupacional aos fatores
críticos listados anteriormente é acentuada quanto maior for o tempo de
exposição a tais fatores. Se na jornada de trabalho normal já se verificam casos
de lesões, o que não dizer em relação a uma sobre jornada?
VIBRAÇÃO - diversas ferramentas de trabalho são pneumáticas, como
marteletes, esmerilhadeiras, entre outras. A vibração produzida quando do uso de
tais ferramentas acentua os outros fatores, principalmente se considerarmos a
dificuldade do fluxo sangüíneo naquela região localizada do corpo (a vibração
praticamente expulsa o sangue dos capilares por ela atingidos).
FRIO - ambientes com baixa temperatura aceleram o aparecimento das lesões em
função da VASOCONSTRIÇÃO periférica (o sangue se desloca da superfície do
corpo, em direção dos órgãos centrais, como o coração). Pouco irrigados, os
tecidos e músculos da periferia tendem a um estado de dor e tensão,
pressionando bainhas e tendões e estrangulando a passagem destes entre os
ossos.
TENSÃO PROVOCADA POR FATORES ORGANIZACIONAIS - a empresa pode
pressionar psicologicamente seus funcionários, aumentando o ritmo de trabalho,
eliminando pausas de repouso, diminuindo o número de funcionários numa seção,
restringindo o uso de sanitários, etc. Tais fatores aumentam o aparecimento de
dor no corpo das pessoas, por INSATISFAÇÃO, o que resulta na eliminação da
liberação de substâncias analgésicas naturais, encontradas no líquido encefálico.
A ausência de pausas, nas quais poderia ocorrer uma recuperação dos tecidos
mais solicitados no trabalho, acelera o processo de lesionamento de tais tecidos.
SEXO FEMININO - há uma predisposição de que as mulheres desenvolvam com
mais facilidade as lesões do que os homens (77% da população brasileira
38
39
acometida por DORTs no Brasil é de mulheres). Tal característica está
relacionada à menor resistência verificada nos músculos, ligamentos e tendões do
organismo feminino, acrescida de alterações hormonais profundas (gravidez,
pílula, por exemplo) e também em função da sobre jornada cumprida em casa,
representada pelos afazeres domésticos (lavar e torcer roupas, esfregar pisos,
carregar crianças no colo, etc.).
6) DOENÇAS - FASES
Qualquer que seja o DORT que a pessoa venha a manifestar, sempre
apresentará quatro fases distintas, que demonstram a evolução (piora) do quadro
clínico:
FASE I - Nesta fase o portador da doença pode referir sensação de peso e
desconforto no membro afetado, dor espontânea localizada nos membros
superiores ou cintura escapular, às vezes com pontadas que aparecem
esporadicamente durante a jornada de trabalho e sem interferência com a
produtividade. Não há irradiação nítida de dor e a melhora ocorre com o repouso.
É em geral leve e fugaz estando geralmente ausentes alguns sinais clínicos
característicos das afecções. O prognóstico é bom.
FASE II - a dor é em geral mais persistente e intensa e aparece durante a jornada
de trabalho de forma intermitente. É tolerável e permite o desempenho das
funções laborais, mas já com reconhecida redução de produtividade nos períodos
de exacerbação. A dor torna-se mais localizada e pode estar acompanhada de
parestesia* e calor, além de leves distúrbios de sensibilidade. Pode haver uma
irradiação definida, sendo a recuperação em geral mais demorada.
Ocasionalmente pode aparecer quadro doloroso fora do ambiente de trabalho,
durante atividades domésticas e ou sociais. O prognóstico é favorável.
FASE III - a dor torna-se persistente, mais forte e com irradiação mais definida. O
repouso em geral só atenua a intensidade da dor. São freqüentes a perda de força 39
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muscular e parestesias. Há sensível queda de produtividade e pode surgir
impossibilidade de exercer as funções laborais. Os sinais clínicos estão presentes,
com edema freqüente e hipertonia muscular constante. Ocorrem alterações de
sensibilidade e força. Aparecem quadros com comprometimento neurológico
compressivo. Neste estágio o retorno às atividades laborais é problemático. O
prognóstico é reservado.
FASE IV - a dor é forte, intensa e contínua, por vezes insuportável, levando o
paciente a intenso sofrimento. Os movimentos acentuam consideravelmente a dor, que
em geral se irradia por todo o membro afetado. A perda de força muscular e a perda
dos movimentos se fazem presentes. As atrofias**, principalmente dos dedos, são
comuns. A capacidade laboral é anulada e a invalidez se caracteriza. Neste estágio são
comuns alterações psicológicas com quadros de depressão, ansiedade e angústia.
* parestesia = sensações involuntárias manifestadas na pele, como queimação,
dormência, coceira.
** atrofia = os músculos definham, há perda de movimentos, a pele fica sem
elasticidade.
7) DOENÇAS - TIPOS
Diversos são os tipos de DORTs reconhecidos pelo governo federal. A partir da
publicação do Decreto 3.048, de 06 de maio de 1.999 (Regulamento da Previdência
Social), foi apresentada uma ampla lista de doenças relacionadas ao trabalho e, dentre
elas, diversos DORTs, como a seguir veremos:
DOENÇAS DO SISTEMA OSTEOMUSCULAR E DO TECIDO CONJUNTIVO,
RELACIONADAS COM O TRABALHO - (Grupo XIII da CID-10)
40
41
DOENÇAS AGENTES ETIOLÓGICOS OU
FATORES DE RISCO DE
NATUREZA OCUPACIONAL
III - Outras Artroses (M19.-) Posições forçadas e gestos
repetitivos (Z57.8)
IV - Outros transtornos articulares não
classificados em outra parte: Dor Articular
(M25.5)
1. Posições forçadas e gestos
repetitivos (Z57.8)
2. Vibrações localizadas
(W43.-; Z57.7) (Quadro XXII)
V - Síndrome Cervicobraquial (M53.1) 1. Posições forçadas e gestos
repetitivos (Z57.8)
2. Vibrações localizadas
(W43.-; Z57.7) (Quadro XXII)
VI - Dorsalgia (M54.-): Cervicalgia (M54.2);
Ciática (M54.3); Lumbago com Ciática
(M54.4)
1. Posições forçadas e gestos
repetitivos (Z57.8)
2. Ritmo de trabalho penoso
(Z56.3)
3. Condições difíceis de
trabalho (Z56.5)
VII - Sinovites e Tenossinovites (M65.-): Dedo
em Gatilho (M65.3); Tenossinovite do
Estilóide Radial (De Quervain) (M65.4);
Outras Sinovites e Tenossinovites (M65.8);
Sinovites e Tenossinovites, não especificadas
(M65.9)
1. Posições forçadas e gestos
repetitivos (Z57.8)
2. Ritmo de trabalho penoso
(Z56.3)
3. Condições difíceis de
trabalho (Z56.5)
41
42
VIII - Transtornos dos tecidos moles
relacionados com o uso, o uso excessivo e a
pressão, de origem ocupacional (M70.-):
Sinovite Crepitante Crônica da mão e do
punho (M70.0); Bursite da Mão (M70.1);
Bursite do Olécrano (M70.2); Outras Bursites
do Cotovelo (M70.3); Outras Bursites Pré-
rotulianas (M70.4); Outras Bursites do Joelho
(M70.5); Outros transtornos dos tecidos moles
relacionados com o uso, o uso excessivo e a
pressão (M70.8); Transtorno não especificado
dos tecidos moles, relacionados com o uso
excessivo e a pressão (M70.9)
1. Posições forçadas e gestos
repetitivos (Z57.8)
2. Ritmo de trabalho penoso
(Z56.3)
3. Condições difíceis de
trabalho (Z56.5)
IX - Fibromatose da Fascia Palmar:
"Contratura ou Moléstia de Dupuytren"
(M72.0)
1. Posições forçadas e gestos
repetitivos (Z57.8)
2. Vibrações localizadas
(W43.-; Z57.7) (Quadro XXII)
DOENÇAS AGENTES ETIOLÓGICOS OU
FATORES DE RISCO DE NATUREZA
OCUPACIONAL
42
43
X - Lesões do Ombro (M75.-): Capsulite
Adesiva do Ombro (Ombro Congelado,
Periartrite do Ombro) (M75.0); Síndrome
do Manguito Rotatório ou Síndrome do
Supraespinhoso (M75.1); Tendinite
Bicipital (M75.2); Tendinite Calcificante
do Ombro (M75.3); Bursite do Ombro
(M75.5); Outras Lesões do Ombro
(M75.8); Lesões do Ombro, não
especificadas (M75.9)
1. Posições forçadas e gestos
repetitivos (Z57.8)
2. Ritmo de trabalho penoso (Z56)
3. Vibrações localizadas (W43.-;
Z57.7) (Quadro XXII)
XI - Outras entesopatias (M77.-):
Epicondilite Medial (M77.0); Epicondilite
lateral ("Cotovelo de Tenista"); Mialgia
(M79.1)
1. Posições forçadas e gestos
repetitivos (Z57.8)
2. Vibrações localizadas (W43.-;
Z57.7) (Quadro XXII)
XII - Outros transtornos especificados
dos tecidos moles (M79.8)
1. Posições forçadas e gestos
repetitivos (Z57.8)
2. Vibrações localizadas (W43.-;
Z57.7) (Quadro XXII)
XVIII - Doença de Kienböck do Adulto
(Osteo-condrose do Adulto do Semilunar
do Carpo) (M93.1) e outras
Osteocondro-patias especificadas
(M93.8)
Vibrações localizadas (W43.-; Z57.7)
(Quadro XXII)
DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO RELACIONADAS COM O TRABALHO -
(Grupo VI da CID-10)
43
44
DOENÇAS AGENTES ETIOLÓGICOS OU
FATORES DE RISCO DE NATUREZA
OCUPACIONAL
VIII -Transtornos do plexo braquial
(Síndrome da Saída do Tórax,
Síndrome do Desfiladeiro Torácico)
(G54.0)
Posições forçadas e gestos repetitivos
(Z57.8)
IX - Mononeuropatias dos Membros
Superiores (G56.-): Síndrome do Túnel do
Carpo (G56.0); Outras Lesões do Nervo
Mediano: Síndrome do Pronador Redondo
(G56.1); Síndrome do Canal de Guyon
(G56.2); Lesão do Nervo Cubital (ulnar):
Síndrome do Túnel Cubital(G56.2); Lesão
do Nervo Radial (G56.3); Outras
Mononeuropatias dos Membros Superiores:
Compressão do Nervo Supra-escapular
(G56.8)
Posições forçadas e gestos repetitivos
(Z57.8)
X - Mononeuropatias do membro
inferior (G57.-): Lesão do Nervo
Poplíteo Lateral (G57.3)
Posições forçadas e gestos repetitivos
(Z57.8)
RELAÇÃO EXEMPLIFICATIVA ENTRE O TRABALHO E ALGUMAS
PATOLOGIAS
ORDEM DE SERVIÇO 606 DO MPAS - 05/08/98
44
45
LESÕES
CAUSAS
OCUPACIONAISEXEMPLOS
Bursite do cotovelo
(olecraniana)
Compressão do cotovelo
contra superfícies duras.
Apoiar o cotovelo
em mesas.
Contratura de fáscia
palmar
Compressão palmar
associada à vibração.
Operar
compressores
pneumáticos
(marteletes).
Dedo em Gatilho (Veja
Prancha 01 – pg. 23)
Compressão palmar
associada à realização
de força.
Apertar alicates e
tesouras.
Epicondilites do Cotovelo
(Veja a Prancha 04 –
pg. 26)
Movimentos com
esforços estáticos e
preensão prolongada de
objetos, principalmente
com o punho
estabilizado em flexão
dorsal e nas
pronossupinações com
utilização de força.
Apertar parafusos,
desencapar fios,
tricotar, operar
motosserra.
Síndrome do Canal
Cubital*
Flexão extrema do
cotovelo com ombro
abduzido. Vibrações.
Apoiar cotovelo em
mesa.
RELAÇÃO EXEMPLIFICATIVA ENTRE O TRABALHO E ALGUMAS
PATOLOGIAS
ORDEM DE SERVIÇO 606 DO MPAS - 05/08/98
45
46
LESÕES
CAUSAS
OCUPACIONAISEXEMPLOS
Síndrome do Canal de
Guyon
Compressão da borda
ulnar do punho.Carimbar.
Síndrome do
Desfiladeiro Toráxico
(Veja Prancha 05 –
pg. 27)
Compressão sobre o
ombro, flexão lateral do
pescoço, elevação do
braço.
Fazer trabalho
manual sob
veículos, trocar
lâmpadas, pintar
paredes, lavar
vidraças, apoiar
telefones entre o
ombro e a cabeça.
Síndrome do
Interósseo Anterior
Compressão da metade
distal do antebraço.
Carregar objetos
pesados apoiados
no antebraço.
Síndrome do Pronador
Redondo
Esforço manual do
antebraço em pronação.
Carregar pesos,
praticar musculação,
apertar parafusos.
Síndrome do Túnel do
Carpo (Veja Prancha
03 – pg. 25)
Movimentos repetitivos
de flexão, mas também
extensão com o punho,
principalmente se
acompanhados por
realização de força.
Digitar, fazer
montagens
industriais,
empacotar.
Tendinite da Porção
Longa do
Manutenção do
antebraço supinado e
fletido sobre o braço ou
Carregar pesos.
46
47
Bícepsdo membro superior em
abdução.
Tendinite do Supra-
Espinhoso (Veja a
Prancha 04 – pg. 26)
Elevação com abdução
dos ombros associada à
força.
Carregar pesos
sobre o ombro, jogar
vôlei ou peteca.
Tenossinovite de
DeQuervain (Veja
Prancha 02 – pg. 24)
Estabilização do
polegar em pinça
seguida de rotação ou
desvio ulnar do carpo,
principalmente se
acompanhado de
realização de força.
Torcer roupas,
apertar botão com o
polegar.
Tenossinovite dos
extensores dos dedos
(Veja Prancha 02 –
pg. 24)
Fixação
antigravitacional do
punho.
Movimentos repetitivos
de flexão e extensão
dos dedos.
Digitar, operar
mouse. Empacotar.
* Síndrome do canal cubital: É a compressão do nervo ulnar ao nível do túnel
cubital. Quando o cotovelo progressivamente flexionado e o ombro abduzido, há
um aumento da pressão intraneural estimulando os flexores que estreitam o túnel
em aproximadamente 55%, achatando e alongando o nervo cubital em quase
5mm. Traumas agudos, processos degenerativos e infecciosos, anomalias
musculares, tumores de partes moles, seqüelas de fraturas, esforços de preensão
e flexão, ferramentas inadequadas e vibrações são as causas predisponentes
mais comuns. Mais uma vez, o diagnóstico é essencialmente clínico.
47
48
8) PREVENÇÃO
Um programa de prevenção das Lesões por Esforços Repetitivos em uma empresa
inicia-se pela criteriosa identificação dos fatores de risco (descritos anteriormente)
presentes na situação de trabalho. A cada situação corresponde um conjunto de
medidas de controle específicas, evitando o surgimento e a progressão da doença.
A Norma Regulamentadora 17 do Ministério do Trabalho estabelece que compete ao
empregador realizar a Análise Ergonômica do Trabalho, para avaliar a adaptação
das condições laborais às características psicofisiológicas do trabalhador. As medidas
de controle a serem adotadas envolvem o dimensionamento adequado do posto de
trabalho, os equipamentos e as ferramentas, as condições ambientais e a organização
do trabalho.
No dimensionamento do posto de trabalho, deve-se avaliar as exigências a que está
submetido o trabalhador (visuais, articulares, circulatórias, antropométricas, etc.) e as
exigências que estão relacionadas com a tarefa, ao material e à organização da
empresa. Por exemplo, deve-se adequar o mobiliário e os equipamentos de modo a
reduzir a intensidade dos esforços aplicados e corrigir posturas desfavoráveis,
valorizando a alternância postural (flexibilidade).
Sabe-se que os confortos térmico, visual e acústico favorecem a adoção de gestos de
ação, observação e comunicação, garantindo o cumprimento da atividade com menor
desgaste físico e mental, e maior eficiência e segurança para os trabalhadores.
Veremos em detalhes a abordagem postural dos trabalhadores na Aula 4.
Quanto à organização do trabalho, deve-se permitir que o trabalhador possa agir
individual e coletivamente sobre o conteúdo do trabalho, a divisão das tarefas, a divisão
dos homens e as relações que mantêm entre si. A divisão das tarefas vai do seu
conteúdo ao modo operatório e ao que é prescrito pela organização do trabalho.
A Norma Regulamentadora 17 estabelece que nas atividades que exijam sobrecarga
muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e
inferiores, a partir da análise ergonômica do trabalho, deve ser observado o seguinte:
48
49
a) todo sistema de avaliação de desempenho para efeito de remuneração e
vantagens de qualquer espécie deve levar em consideração as repercussões
sobre a saúde dos trabalhadores;
b) devem ser incluídas pausas de descanso.
O resultado do programa de prevenção depende da participação e compromisso dos
diferentes profissionais da empresa: trabalhadores, supervisores, cipeiros, engenheiros
e técnicos de segurança do trabalho, médico do trabalho, gerentes e diretores.
Os dois programas obrigatórios previstos desde 1.994 pelo MTE também devem estar
integrados à Análise Ergonômica do Trabalho: o PCMSO (exames médicos) e o
PPRA (identificação de riscos, adoção de medidas de controle). A Nota Técnica 060/01
do MTE deverá ser consultada em conjunto com a NR 17 (estes dois diplomas legais se
encontram no final da apostila).
PEQUENO GLOSSÁRIO:
Compressão do nervo mediano – Inflamação que envolve músculos e tendões
contíguos ao nervo mediano, que passa a ser pressionado.
Epicondilite medial – Inflamação de fáscias, tecidos sinoviais e tendões na
região dos músculos flexores do carpo (punho) no cotovelo.
Epicondilite lateral – Inflamação de fáscias, tecidos sinoviais e tendões na
região dos músculos extensores do carpo (punho) no cotovelo.
Pronação – Posição na qual o antebraço
permanece na posição horizontal, com a palma da
mão voltada para baixo. Os dedos podem estar
abertos ou fechados. Ver ilustração ao lado "b".
49
50
Síndrome do Pronador Redondo – ocorre pela
compressão do nervo mediano abaixo da prega do
cotovelo, com dor na região proximal do antebraço e
nos três primeiros dedos.
Sinovite – Inflamação de tecidos sinoviais.
Supinação - Posição na qual o antebraço
permanece na posição horizontal, com a palma da
mão voltada para cima. Os dedos podem estar
abertos ou fechados. Ver ilustração ao lado "a".
TENOSSINOVITE DOS EXTENSORES DOS DEDOS (B)
1. Retináculo da articulação do carpo 2. Bainhas sinoviais dos tendões extensores
3. Tendão abdutor do polegar 4. Tendão extensor do polegar
5. Tendões extensores dos dedos
50
51
PRANCHA 03: SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO
1. Nervo Mediano 2. Retináculo da articulação do carpo
PRANCHA 04: TENDINITE DO MÚSCULO SUPRA-ESPINHOSO (A)
EPICONDILITE (B)
1. Tendão do músculo supra-espinhoso; 2. Epicôndilo lateral;
3. Epicôndilo medial.
51
52
PRANCHA 05: SÍNDROME DO DESFILADEIRO TORÁXICO
1. tendões do desfiladeiro; 2. clavícula; 3. artéria; 4. veia.
52
53
AULA 04
Análise Postural do Corpo Humano
CONCEITO:
A POSTURA DO CORPO É COMPREENDIDA
COMO O ARRANJO RELATIVO ENTRE AS
PARTES QUE COMPÕEM ESTE CORPO.
A BOA POSTURA é aquela que se caracteriza pelo EQUILÍBRIO entre os
diversos segmentos corporais estruturais (ossos e músculos, de modo geral),
protegendo o organismo contra agressões e deformidades. Na BOA postura,
portanto, as estruturas orgânicas desempenham suas funções de modo eficiente.
Por conclusão, a MÁ POSTURA pode ser conceituada como aquela em que há
DESEQUILÍBRIO entre aquelas partes do corpo e também na qual o
relacionamento entre as estruturas é ineficiente, induzindo o organismo à
agressões e lesões diversas, localizadas ou generalizadas.
FATORES QUE INFLUEM NA ADOÇÃO DE POSTURAS
As posturas são intercaladas por gestos, que são adotados para a realização de
tarefas. Mas é preciso analisar POR QUE os gestos são adotados pelo trabalhador,
levando-o à adoção desta ou daquela postura. Vários são os FATORES que influem e,
até mesmo obrigam o trabalhador à adoção de POSTURAS INADEQUADAS, levando
seu organismo a agressões e lesões diversas.
- Fatores relacionados à Natureza da Tarefa
Dependendo do tipo de tarefa, esta é mais voltada à atividade mental ou à atividade
física. Cada atividade implicará na adoção de posturas que correspondem à natureza.
53
54
Exemplos:
A- Um operador de painel que trabalha numa sala de controle de uma fábrica,
sentado, observando dezenas de mostradores, controlando variáveis de um
processo industrial. A atividade é de natureza mental.
B- Um desenhista que está trabalhando em uma prancheta, executando um
desenho técnico com instrumentos (esquadros, compasso, etc.). A atividade é de
natureza mental, mas implica também em esforços físicos.
C- Um estivador que trabalha junto a uma correia transportadora de sacos de
café, no cais do porto. Seu trabalho implica em permanente movimentação e
esforço físico.
- Fatores Físicos Ambientais
Compreendem aqueles relacionados ao ruído, calor, frio, iluminamento do posto de
trabalho, no qual está o trabalhador. As pessoas nem percebem, mas estes são alguns
fatores que implicam na adoção de posturas. Exemplos a seguir:
A- Um metalúrgico controla a qualidade de peças produzidas numa linha de montagem
e sua movimentação nesta linha, observando tais peças através de uma pequena
abertura existente num tapume que serve de proteção. O tapume não foi previsto
originalmente para a linha de produção, mas o próprio metalúrgico o colocou defronte
à linha, pois as peças que por ali passam ainda estão incandescentes, irradiando calor
em excesso, que não é suportado pelo organismo humano. O trabalhador acabou
inclinando a cabeça até a altura da abertura existente no tapume, a fim de obter um
ângulo de visão das peças.
B- Um digitador trabalha sentado defronte à uma janela. A claridade vinda de fora
lhe provoca ofuscamento e fadiga visual. O digitador procura desviar o olhar,
mantendo a cervical rígida, para que o monitor de vídeo encubra o clarão da janela.
Veja a Foto 01:
54
55
Foto 01: janela atrás do micro produz ofuscamento (agente físico - iluminamento)
- Fatores Dimensionais
Os fatores dimensionais de um posto de trabalho são os que MAIS INFLUENCIAM na
adoção de posturas e gestos dos trabalhadores. Referem-se ao tamanho e à
localização de alavancas, botões, pedais, teclados, volantes, tampos de mesas e
bancadas, comandos de máquinas e equipamentos. Também a presença de
estruturas, degraus, passagens, influenciam na postura adotada. Exemplos a seguir:
Ilustração 1: Operária trabalha em prensa: Banqueta permite que o joelho bata no
painel.Tampa de proteção faz cotovelo ficar na altura do ombro. O encosto não está
sendo usado = tensão muscular na região lombar.
55
56
Foto 02: Bancada de trabalho para estanhar contatos eletromecânicos: O operário
flexiona toda a coluna para obter alcance dos contatos, pois a bancada é muito baixa
(Estatura do operário = 1,90 m).
- Fatores Temporais
São de grande importância, derivados de atividades desenvolvidas sob pressão de
tempo, em função da tensão nervosa à qual o trabalhador se expõe.
Vamos imaginar a situação de uma operária numa linha de montagem com esteira: O
controle da velocidade da esteira rolante que corre junto às bancadas de trabalho não é
da operária, sujeitando-a à velocidade imposta por sua chefia. Ela sabe muito bem
que se a velocidade é aumentada na linha de montagem, um “recado” está sendo
enviado à todas as operárias: “TRABALHEM MAIS RÁPIDO”.
Tal situação às leva muitas vezes a um descontrole emocional, pois estão sendo
pressionadas a aumentar o ritmo de trabalho. Esta situação costuma fazer com que a
concentração mental das trabalhadoras aumente muito, implicando-as a APROXIMAR
O TRONCO E A CABEÇA AO PLANO DE TRABALHO DA BANCADA, ALTERANDO
A POSTURA. É uma tentativa de se ficar “mais perto do trabalho”.
56
57
O TRABALHO NA POSTURA SENTADA - CONCEITOS A SEREM RESPEITADOS:
1) O ASSENTO:
o Superfície macia, com revestimento em espuma;
o Forração lisa, perfurada;
o Borda frontal arredondada;
o Altura regulável;
o Giratório (sempre que possível).
2) O ENCOSTO:
o Altura regulável;
o Inclinável, conforme movimentos do tronco;
o Definição da inclinação (+ ou - ereto, com trava);
o Superfície macia, com revestimento em espuma;
o Forração lisa, perfurada;
o Espaço livre para a região sacrococigeana.
3) A BASE:
o Pés fixos para recepções, salas de aula comuns e auditórios;
o Pés com rodízios para trabalho de escritório e atendimento a público;
o Número de rodízios: cinco (menos que isto, pode desequilibrar e
tombar);
o Estrutura em aço com revestimento em tinta epóxi eletrodepositada;
o Mecanismos macios, sem trancos nas travas.
CONCEITO IMPORTANTÍSSIMO:
Nunca projetar um posto de trabalho levando em conta APENAS o
assento (cadeira, banqueta, etc.). É importante considerar o assento e a SUPERFÍCIE
DE TRABALHO com a qual o assento está relacionado.
57
58
VEJA A ILUSTRAÇÃO 2 A SEGUIR, E PERCEBA A IMPORTÂNCIA DESTE
CONCEITO:
A – Tampo de bancada muito alto, ou
cadeira muito baixa. A postura corporal fica
forçada, com braços e ombros elevados e
ângulo do joelho acima da linha das
nádegas.
B - Tampo de bancada e assento da
cadeira na relação adequada, mas se
observa a ausência do APOIO PARA OS
PÉS, que estão apenas tocando levemente
o piso. Esta condição inicia um processo
de má circulação sangüínea nas pernas,
causando dormência e dores. Os pés
devem estar com toda a sola “plantada” no
piso.
C – Cadeira muito alta, mantendo uma boa
relação entre ombros e braços e a altura da
bancada, mas oferecendo uma péssima
condição para as pernas, pois os pés estão
“flutuando” no espaço. A ausência do
APOIO PARA OS PÉS é mais do que
evidente, provocando esmagamento da
parte inferior das nádegas e coxas,
pressão excessiva na dobra inferior do
joelho e falta de circulação sangüínea até
os pés.
58
59
MUITO IMPORTANTE:
DE NADA ADIANTARIA ESPECIFICAR UMA CADEIRA COM TODAS AS
REGULAGENS, CONFORTÁVEL, MAS NÃO OFERECER O APOIO PARA OS
PÉS.
Outra importante consideração refere-se ao assento muito macio, QUE NÃO
OFERECE QUASE NENHUMA RESISTÊNCIA. Ocorre que a face posterior das
coxas, quando encontra-se totalmente apoiada no assento, terá um lento, mas
progressivo esmagamento de tecidos superficiais daquela região, com pressão exercida
sobre os vasos capilares. Tal pressão dificultará a circulação sangüínea e os pés em
breve ficarão “formigando”, mesmo que apoiados.
Também é importante relatar o que acontece com o assento duro: Vejamos, como
exemplo, o que ocorre com a cadeira de madeira. A superfície, não sendo revestida,
produz uma concentração de pressão sobre a parte inferior da cintura pélvica, sobre
duas tuberosidades localizadas na base da bacia. É que todo o peso do corpo que se
encontra acima da bacia é concentrado nesta região, apenas sobre dois pontos,
sem que haja uma distribuição da carga sobre uma superfície uniforme e mais ampla.
Ilustração 3:
59
VISTA LATERAL
TUBEROSIDADES
60
Portanto, o assento da cadeira não deve ser constituído apenas com uma tábua de
madeira, nem receber um revestimento tipo “almofada de sofá”.
O ideal é que a estrutura do assento seja em prancha de madeira moldada e revestida
de espuma com uns 05 centímetros de espessura. A borda frontal deve ser
arredondada. O dimensionamento das cadeiras deve, desde 1997, respeitar ao
conteúdo da NBR 13962, da ABNT. O apoio para os pés está previsto na NBR 13965,
que trata de mobiliário para informática. O item que o especifica é o 4.2.1 apóia-pés.
Agora, vamos abordar um outro assunto importante: OS ALCANCES. Veremos o
ALCANCE MOTOR e o ALCANCE VISUAL e como os dois se relacionam.
O ALCANCE MOTOR relaciona-se a tudo aquilo que precisamos
alcançar com as mãos ou com os pés (alavancas, botões, chaves,
objetos, peças, pedais, etc.).
O ALCANCE VISUAL relaciona-se a tudo que devemos ver e que
conseguimos interpretar (visores, mostradores, telas, teclados,
painéis, trajetórias, etc.).
Os dois alcances estão diretamente relacionados, SÃO INSEPARÁVEIS EM ANÁLISE
ERGONÔMICA. A POSTURA CORPORAL é determinada, muitas vezes, em função da
dificuldade de um dos dois alcances. Ou dos dois!
Vejamos um exemplo, o do antigo caixa de banco, pelas Fotos 03 e 04:
60
61
Repare que o caixa de banco costumava trabalhar muito de pé, mesmo tendo à sua
disposição uma banqueta. É que a superfície de trabalho do caixa não se limitava a um
balcão, mas possuía uma gaveta de grandes proporções, que, para ser aberta, invadia
o espaço ocupado pelo tronco do funcionário, na área do abdômen, caso este ficasse
sentado na banqueta.
Para ficar sentado, o caixa devia posicionar a banqueta longe do balcão, para dar
espaço à gaveta que era aberta constantemente. Se ficasse afastado, não alcançava o
topo do vidro que estava no fundo e acima do balcão. Assim, preferia ficar de pé,
postura na qual obtinha maior mobilidade em relação ao posto de trabalho.
Neste exemplo, vimos que há alcance visual, mas o alcance motor é prejudicado.
Outro fator que chama a atenção na postura é que a funcionária improvisou um “apoio
para os pés” original: um cesto de lixo. Isto se dá pelo fato do aro circular que está na
banqueta não atender às suas necessidades posturais, pois o aro limita o apoio apenas
a uma posição. Se a pessoa quer colocar os pés para a frente, não pode (ficariam no
ar...). Assim, o cesto de lixo virou apoio para os pés...
ÁREAS DE ALCANCE
Já que estamos abordando este importante tema, vejamos a Ilustração 4 na página
seguinte, para compreendermos quais as áreas de alcance numa superfície de
trabalho.
Observando a Ilustração 4 veja que os braços fazem movimentos circulares. Portanto,
tudo aquilo que devemos alcançar com as mãos precisa estar dentro de um envoltório
de alcance que também mantenha a disposição CIRCULAR.
Assim, só são aceitas as disposições em formato de semi-círculo e aquilo que mais
utilizamos deve ficar numa área mais próxima e bem à frente do usuário (alcance
motor com o antebraço = área de alcance ótimo). Já aquilo que não usamos tanto,
61
62
com freqüência menor, deve estar um pouco mais longe, com alcance motor de “braço
inteiro” = área de alcance máximo.
Ilustração 4: área de alcance ótimo (ante-braço) e máximo (braço inteiro).
MUITO IMPORTANTE:
A ERGONOMIA ACEITA ALGUMAS SITUAÇÕES EM QUE DISPOSITIVOS QUE
DEVEM SER ALCANÇADOS MANUALMENTE ESTEJAM FORA DA ÁREA DE
ALCANCE MÁXIMO, DESDE QUE NÃO SEJAM QUASE USADOS = USO
EVENTUAL.
CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS NA ANÁLISE POSTURAL
ERGONÔMICA:
- Os alcances não são os únicos fatores a serem observados quando se
analisa um posto de trabalho. Pode-se ter um posto com área de alcance
62
63
ótimo, mas com a articulação do punho em ângulo-limite, o que pode
desencadear DORT;
- Igualmente pode-se ter alcance ótimo para as mãos, mas a cervical pode
estar numa péssima posição, com a cabeça flexionada, prejudicando a
circulação sangüínea nos músculos cervicais, levando à dor;
- Outros fatores podem estar presentes, mesmo que o alcance seja ótimo:
um exemplo é o trabalho feito em tampos de mesa, bancada, prancheta,
etc. que apresentam quinas vivas. Tais quinas estrangulam tendões do
ante-braço, além de prejudicar a circulação sangüínea;
- O alcance visual não se equivale ao alcance motor, quando se trata da
distância muito próxima de um objeto em relação aos olhos. Quanto mais
se aproximar um objeto dos olhos, mais difícil será o seu foco (chama-se
“mecanismo de acomodação”). Uma distância mínima de 40 cm é
recomendada para que a pessoa não desenvolva fadiga visual nos
músculos que controlam este mecanismo. Tais músculos precisam apertar
o cristalino, uma lente que está atrás da íris, que é a responsável pelo foco.
63
64
AULA
05
Antropometria
CONCEITO
É a ciência relacionada às DIMENSÕES DO CORPO HUMANO E A RELAÇÃO QUE
EXISTE ENTRE OS DIVERSOS SEGMENTOS CORPORAIS (ângulos entre os
segmentos das articulações). As dimensões antropométricas estão diretamente
envolvidas com ALCANCES MOTORES e POSTURAS de um indivíduo.
OBJETIVOS DA ANTROPOMETRIA
- Para que as dimensões dos segmentos corporais e dos ângulos entre estes
segmentos são levantadas?
- Por que é importante conhecer as diferenças dimensionais existentes entre
uma população?
Vamos responder a tais questões fazendo uso, inicialmente, de um exemplo. Vamos
supor que numa linha de produção, com 100 postos de trabalho, encontramos
operários e operárias. As bancadas de trabalho são fixas (sempre a mesma altura,
sempre a mesma profundidade, etc.) e as cadeiras usadas são do mesmo fabricante,
todas iguais.
A população de trabalhadores, contudo, é DIFERENTE. Um homem de 25 anos de
idade, 1,85 de altura e 90 quilos de peso trabalha ao lado de uma mulher com 40 anos
de idade, 1,52 de altura e 54 quilos de peso. Os dois devem trabalhar sentados,
alcançar os mesmos objetos e montá-los. Depois, devem colocar o objeto já
64
65
montado numa única esteira que passa acima da bancada, numa altura padronizada
em toda a linha de montagem.
Observando-se as duas pessoas trabalhando, podemos observar vários problemas e
diferenças:
1- enquanto o homem não apresenta a menor dificuldade em alcançar o fundo da
bancada, onde se localizam algumas peças em caixas plásticas, a mulher
necessita debruçar o tronco à frente, esticando o braço para atingir tal região;
2- o homem apoia facilmente os pés no piso da área. A mulher, para conseguir tal
postura, senta na ponta da cadeira, afastando a região lombar do encosto;
3- para colocar uma peça na esteira rolante, o homem levanta levemente o
antebraço e alcança a esteira. Para fazer o mesmo, a mulher tem que esticar
todo o braço;
4- ao levantar da cadeira, o homem necessita de cuidados, pois pode bater a
cabeça numa estrutura de tubulações e bandejas elétricas existentes na área.
Com a mulher isto não acontece;
5- o espaço existente abaixo do tampo da bancada é apertado para as pernas do
homem, cujos joelhos esbarram numa cantoneira. Isto, contudo, não ocorre
com a mulher;
6- a largura do assento da cadeira, usada pelo homem, possui dimensões
adequadas. A mulher, quando sentada, sente que a borda lateral do assento
pressiona a face posterior das coxas e nádegas, o que lhe dá uma sensação
de “aperto”.
Obviamente os exemplos continuariam. Contudo, já esclarecem um fator dimensional
importantíssimo relacionado ao posto de trabalho: Os componentes do posto (cadeira,
bancada, prateleiras, piso, teto, etc.) são FIXOS e isto é traduzido por uma
INADEQUAÇÃO em relação às dimensões corporais dos trabalhadores, pois estas
últimas VARIAM de trabalhador para trabalhador.
65
66
Portanto, podemos concluir nossa linha de raciocínio, afirmando o seguinte:
A ANTROPOMETRIA estuda as dimensões do corpo humano e as diferenças
dimensionais apresentadas por uma população de trabalhadores, a fim de projetar
POSTOS DE TRABALHO que atendam às necessidades posturais de PELO MENOS
90% da população estudada.
E estes os postos, para que atendam às necessidades posturais TANTO dos HOMENS,
QUANTO das MULHERES, precisam de FLEXIBILIDADE em seus componentes. Esta
característica é que atenderá cada necessidade postural do indivíduo, segundo suas
dimensões corporais.
Vejamos a situação da mulher, exemplificada acima.
Quando a área de produção foi projetada, não se LEVOU EM CONSIDERAÇÃO que a
POPULAÇÃO DE TRABALHADORES apresenta DIMENSÕES CORPORAIS
DIFERENTES, pois não existe um OPERÁRIO PADRÃO. Podemos considerar, por
exemplo, que todos que trabalham na linha de montagem têm 1,75 de altura? Claro
que não, e é isto que verifica-se com a operária do exemplo anterior. Veja:
1- a cadeira não possui regulagens da altura de assento. Uma altura
padronizada foi fixada, como se o tamanho das pernas de TODOS OS
OPERÁRIOS fosse IGUAL. Assim, a operária, que tem pernas pequenas,
se vê numa situação difícil, pois a cadeira que usa foi especificada para ser
usada por um HOMEM de 1,75 de altura;
2- o encosto da cadeira torna-se inútil, pois a operária sente a necessidade
de apoiar os pés no piso da área, para que tenha uma movimentação mais
facilitada de seu corpo. Contudo, para apoiar os pés, a operária tem que
posicionar a cintura pélvica mais á frente, AFASTANDO A REGIÃO
LOMBAR DO ENCOSTO, que passa a NÃO SER USADO (perceba, o
encosto é, agora, INÚTIL);
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3- o braço é esticado por que quando a esteira ia ser implantada na área, um
HOMEM foi sentado na cadeira e pediram para que ele levantasse o
antebraço até uma altura aparentemente confortável, o que realmente
ocorreu. O HOMEM achou que estava ótimo e a esteira foi ali posicionada,
mas ninguém perguntou a alguma MULHER se o alcance era compatível
com as suas dimensões.
Mas será que apenas esta diferença influencia o arranjo dimensional dos postos de
trabalho? Não, pois há outros fatores a serem considerados:
- a idade do trabalhador. Quanto mais idoso, menos mobilidade terá o corpo do
indivíduo, pela própria degeneração que se verifica nos tecidos, articulações e na
própria coluna vertebral;
- a região onde nasceu o trabalhador. Compare um homem nascido no Sul do
país com aquele que nasceu no Nordeste e as diferenças antropométricas ficarão
bastante acentuadas;
- o poder aquisitivo do trabalhador. Quanto mais pobre, pior a alimentação e, por
conseqüência da subnutrição, alterações nas dimensões corporais são
verificadas;
- a roupa usada no desenvolver dos trabalhos e os EPI’s (Equipamentos de
Proteção Individual). Um capacete altera a estatura do trabalhador. Uma luva
dificulta os movimentos de precisão, pois diminui o tato, sem falar que o diâmetro
do dedo aumenta.
O POSTO DE TRABALHO FLEXÍVEL
Uma cadeira ergonômica é um bom exemplo de posto de trabalho flexível, pois
apresenta regulagens de altura, de inclinação, o assento é giratório, locomove-se sobre
rodízios, facilitando a movimentação da pessoa que está sentada.
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Contudo, certos equipamentos de grande porte impossibilitam a colocação de
plataformas ou superfícies de trabalho com regulagens individuais, como os grandes
painéis de controle. As próprias bancadas de trabalho onde correm linhas de
montagem, com dezenas de metros de comprimento, tornariam a produção
entrecortada e dificultada, caso cada trabalhador alterasse a altura e a profundidade do
tampo, conforme sua vontade.
Entretanto, sabe-se que uma única medida padronizada resulta na inadequação
postural de inúmeros trabalhadores. O que fazer nestas situações?
Geralmente quando o projetista (engenheiro ou arquiteto) se defronta com tal realidade,
opta por levantar a MÉDIA das dimensões antropométricas da população de
trabalhadores, iludindo-se por um conceito muito difundido, ou seja: se adotar as
medidas da MÉDIA, atenderá a maioria dos trabalhadores, o que resulta em GRAVE
ERRO PROJETUAL.
Tal ilusão é justificada em função dos projetos que, por muito tempo, vieram do exterior
e foram implantados na indústria brasileira, que os comprova em “PACOTES
FECHADOS”. Lá no exterior, principalmente em países europeus de área geográfica
limitada e POPULAÇÃO HOMOGÊNEA, a MÉDIA ANTROPOMÉTRICA é um hábito e é
corretamente aplicada em projetos.
Entretanto, tal realidade é inaplicável no BRASIL, pois já vimos as características das
dimensões corporais do povo brasileiro, uma verdadeira mistura de raças. Em nosso
país, para atender às necessidades dimensionais de 90% da população de
trabalhadores, devemos aplicar as medidas MÍNIMAS ou MÁXIMAS obtidas no
levantamento antropométrico efetuado na empresa, segundo alguns conceitos a serem
respeitados.
EXEMPLO: Na linha de montagem acima citada, homens e mulheres devem trabalhar
em postura sentada, defronte uma bancada onde montam peças. Após um
levantamento antropométrico, as medidas dos segmentos corporais foram organizadas
numa tabela.
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Observa-se que para o projeto da bancada em questão, mais o banco adotado, foram
consideradas algumas medidas mínimas e outras máximas. Isto se deve ao fato de
que a população envolvida possui alguns indivíduos com segmentos corporais
pequenos e outros com segmentos grandes.
Só que todos farão uso do posto de trabalho, portanto este último precisa adequar-se a
toda população e não apenas a alguns usuários.
Como podemos observar na tabela a seguir, as medidas mínimas eqüivalem ao
chamado PERCENTIL 5% da população de usuários e as máximas ao PERCENTIL
95%.
Do mesmo modo, se consultarmos a tabela na coluna de 95%, isto significa que apenas
5% da população de trabalhadores têm a medida daquele segmento maior que a
população toda.
CRITÉRIOS PARA DIMENSIONAMENTO DOS POSTOS DE TRABALHO
Analisemos uma das medidas constantes na tabela, como a medida F (comprimento do
braço). No posto de Trabalho, adotou-se a medida mínima, para que todos os
trabalhadores tivessem a profundidade do tampo da bancada adequada ao tamanho do
braço, principalmente levando-se em consideração a menor dimensão (61,6 cm.).
Já no caso da estatura (medida A), levou-se em consideração a medida máxima, ou
seja, a população masculina de maior estatura, para que ao levantar-se da cadeira, os
indivíduos mais altos não batessem a cabeça no teto da área. Como se observa,
NENHUMA das medidas da tabela adotou a MÉDIA ANTROPOMÉTRICA.
Lembremos que estes conceitos de medidas mínimas e máximas são aplicáveis para
postos fixos. O melhor, contudo, é adotar mobiliário e equipamento que seja flexível,
dotado de múltiplas regulagens, como as cadeiras ergonômicas, bancos de
automóveis e carrinhos hidráulicos, sempre que possível.
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A B
A - Cadeira ergonômica, com regulagens de altura e inclinação do assento e
encosto, giratória, ajuste para a altura dos braços (que podem ser removidos,
caso se queira) e rodízios para facilitar a locomoção.
B – Carrinho com plataforma hidráulica de altura regulável, facilitando o
alcance da mão do trabalhador à carga transportada, sem ter que se debruçar
sobre a plataforma.
C D
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C – Comandos altos, numa prensa, dificultando o alcance das mãos do
trabalhador. Lembrar que os braços acima da linha dos ombros dificultam a
circulação de sangue, provocam tensão muscular e dor (ALCANCE MOTOR
INADEQUADO), bem como o ALCANCE VISUAL dos comandos está acima da
linha de visão do trabalhador (fazendo com que este levante a cabeça).
D – Comandos na altura adequada, numa prensa, facilitando o alcance das
mãos do trabalhador, bem como o alcance visual.
Bem, podemos responder às perguntas do início da aula: as medidas e ângulos do
corpo humano devem ser levantados e organizados, para que se possa dimensionar
cada posto de trabalho em conformidade com a população da empresa em que se está
atuando. Só assim os mobiliários, veículos, máquinas, painéis, bancadas, etc. estarão
se adaptando ao ser humano.
Um exemplo da falta de aplicação da antropometria é visível nesta bancada de testes
para Eletricista:
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Observe como os conhecimentos adquiridos nas aulas anteriores são aplicáveis com
esta simples situação de trabalho:
- A banqueta tem assento em madeira = as tuberosidades isquiáticas estão
“gritando”, pois não há qualquer revestimento macio (em espuma);
- O apoio para os pés não existe, apenas o da banqueta = os pés são
obrigados a permanecer numa única posição;
- As borneiras localizadas ao fundo da área de teste estão em alcance
máximo = o Eletricista, para que alcance as borneiras, deve esticar os
braços e, ainda, deslocar o tronco do encosto da banqueta. Em
antropometria, nunca o alcance motor de um fundo de bancada que é muito
usado poderia ser aceito em tal profundidade;
- Os músculos ao redor da coluna vertebral ficam tensos = dor;
- As gavetas da bancada (para ferramentas) obstruem o espaço lateral das
pernas, apesar da banqueta ser giratória (não dá quase para girá-la...).
Seria melhor um gaveteiro móvel ou um carrinho e a retirada das gavetas.
- Outro exemplo: um setor de revisão de bobinas de motores elétricos.
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- A banqueta desta vez é estofada, mas o Eletricista não a usa...não dá (não
há espaço para as pernas quando se senta defronte à bobina) = trabalho
constante em pé;
- Os cavaletes usados para se apoiar a bobina não têm regulagem de altura
= o Eletricista se abaixa para ver o que está fazendo e alcançar os contatos
a serem refeitos: aqui, várias são as conseqüências:
Cervical, dorsal e lombar em flexão = dor;
Trabalho constante em pé = mais dor para a lombar e dificuldade
para circulação venosa nas pernas (carga hemodinâmica);
Repare que a articulação do carpo constantemente fica em
desvio ulnar, além de prono-supinações = risco de DORT;
Os braços trabalham sem apoio, mas em área de alcance ótimo
(que, neste caso, não adianta nada...) = risco de DORT.
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AULA 06
Fadiga
CONCEITO
A fadiga é definida pela Ergonomia como um estado reversível de diminuição de
nossa capacidade funcional, seja de um órgão específico, seja de todo o
organismo.
Esta aula você conhece muito bem! A fadiga é nossa companheira inseparável.
Dormimos pouco, nos alimentamos de forma inadequada, nossa memória é muito
solicitada, pois estudamos, trabalhamos, discutimos com o chefe no nosso emprego,
pegamos congestionamentos no trânsito, estamos sempre correndo atrás do relógio,
etc., etc.
Resumindo numa só palavra: CANSAÇO! Mas veja o detalhe: este estado é
reversível, recuperável, a não ser que a fadiga entre num outro estágio, o da
EXAUSTÃO. Vejamos a fadiga em sua INTENSIDADE e na sua MANIFESTAÇÃO:
A INTENSIDADE:
FADIGA AGUDA - é aquela que se manifesta todos os dias, aparecendo só por
alguns momentos. Com uma boa noite de sono, adeus fadiga aguda!
FADIGA CRÔNICA - muuuuito pior! Acumula-se dia-a-dia, semana-a-semana,
pois os períodos de sono, pausas e descanso, que deveriam recuperar nosso
estado funcional, são insuficientes e o cansaço acumula-se. É típica de
estudantes de cursos noturnos.
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A MANIFESTAÇÃO:
FADIGA FÍSICA - Manifesta-se só no corpo. Por exemplo, fadiga muscular, fadiga
visual. Pode ser aguda, quando a dor, o incômodo, passam rapidinho, ou
acumular-se, transformando-se em crônica, quando permanecerá por muito
tempo.
FADIGA PSÍQUICA - muuuuito pior! Manifesta-se na mente, na memória, no
estado emocional do indivíduo, e também no corpo, deixando-o profundamente
irritado, mal-humorado, impaciente. As manifestações são traduzidas por sinais
PSICOSSOMÁTICOS, tais como gastrite, úlcera, colite, dor-de-cabeça, tonturas,
palpitações, chegando até aos chiliques e explosões. A causa está na não
aceitação, por parte do indivíduo, da realidade que este é obrigado a vivenciar. É
crônica.
EXAUSTÃO - muuuuuuuuuito pior!!! A exaustão é um estágio que beira o colapso!
Quando o indivíduo não consegue mais se concentrar, a memória embaralha,
descasca a banana, joga a banana no lixo e come a casca, dorme com a roupa do
próprio corpo e, pasmem!!, esquece que tem prova na semana de provas! A
exaustão demonstra que não só os períodos de descanso estão sendo
insuficientes, bem como INEXISTEM!
Os exauridos são extremamente debilitados, tanto no aspecto físico (desabam no
sofá e “desmaiam”), quanto no mental (fica tudo embaralhado!) e psíquico (batem
na esposa, chutam o cachorro, xingam o próprio chefe, vomitam palavrões no
trânsito, quebram toda a louça da cozinha, etc.).
FADIGA FÍSICA
Veremos algumas situações de fadiga física, conforme a localização no corpo.
FADIGA MUSCULAR - ocorre quando mantemos os músculos em CONTRAÇÃO
ESTÁTICA (você já sabe o que é isto), sem apoio, sustentando cargas ou o seu próprio
peso.
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FADIGA VISUAL - manifesta-se por vista turva, embaralhada, ardência,
lacrimejamento. Ocorre pelo uso excessivo da vista, principalmente frente ao
mecanismo de acomodação (foco) de objetos muito próximos aos olhos e de exigências
visuais complexas, além do problema de ofuscamento e da falta de um nível de
iluminamento adequado no ambiente de trabalho.
Ilustração 01: objetos muito pequenos e muito próximos dos olhos.
ACOMODAÇÃO VISUAL:
A Ilustração 01 acima detalha a fadiga visual pelo uso excessivo do mecanismo de
acomodação da vista (foco), quando de objetos muito próximos dos olhos (distância <
30 cm). O foco é determinado pela atuação dos MÚSCULOS CILIARES (músculos
cujas fibras encontram-se dispostas em círculo, ao redor do CRISTALINO – ver
Ilustração 02 a seguir), que ficam contraídos quanto mais próximo estiver o objeto
para o qual olhamos. Assim, deduz-se que o processo de focalização PARA PERTO
exige contração muscular, sendo que esta situação não se verifica quando focamos
PARA LONGE. A fadiga está, portanto, diretamente relacionada às distâncias de
visualização do trabalho.
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MOVIMENTOS REPETITIVOS DOS OLHOS:
Também as atividades repetitivas e constantes de INSPEÇÃO VISUAL de produtos
está relacionada à fadiga visual. Determinadas operações de controle de qualidade
visual em linhas de produção acabam resultando em tontura, ardência, pois os
movimentos dos produtos, bem como o tamanho pequeno do objeto vistoriado, fazem
com que o trabalhador sobrecarregue os olhos, pelo uso excessivo de movimentos de
vai-e-vem.
Músculos ciliares
Cristalino
Ilustração 02: Músculos ciliares ao redor do Cristalino são responsáveis pelo
mecanismo de acomodação (foco).
FADIGA POR TRABALHO NOTURNO ou em TURNOS DE REVEZAMENTO
Todo organismo obedece a ciclos temporais, que comandam suas funções. Com o ser
humano não é diferente e, dentro das 24 horas do dia, o organismo comporta-se de
modo diferenciado, respeitando um CICLO, conhecido como CIRCADIANO.
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Tal ciclo coordena uma série de reações involuntárias do organismo, ou seja, aquilo
que vulgarmente chamamos de RELÓGIO BIOLÓGICO. Assim é que a temperatura
interna do corpo trabalha dentro de uma faixa, que chega a variar até 1,2 graus Celsius.
O estado de vigília x sono também manifesta-se em horários distintos.
Nosso corpo necessita do sono para que recupere sua capacidade funcional. O sono,
de sua vez, possui diferentes estágios de profundidade, nos quais a qualidade varia.
Os dois estágios iniciais do sono são LEVES e é muito fácil acordar quando nos
encontramos em tal fase. Já os dois estágios mais profundos, são do sono PESADO,
considerado como um sono de melhor qualidade, no qual há recuperação do
organismo em função do repouso ali obtido, tanto mental quanto físico.
O ritmo de sono x vigília é coordenado pelo centro nervoso do hipotálamo. Atinge-se o
ápice da vigília por volta do horário do meio-dia e o do sono por volta da meia-noite,
momento em que nosso sistema nervoso vai “desligando” o organismo.
Contudo, trabalhadores que se ativam nas grandes indústrias de transformação, como
petroquímicas, refinarias, siderúrgicas, ou aqueles que trabalham no setor básico de
utilidades (energia elétrica, saneamento básico, telefonia, etc.), vivenciam diferentes
horários de trabalho, revezando-se em regime de rodízio. São os chamados turnos
alternantes de revezamento. Percebe-se, pois, que o organismo humano já possui um
ciclo definido pelo hipotálamo, para que se “desligue” em horários certos e se “religue”
em outros, mas o regime de trabalho em turnos obriga o trabalhador a uma situação de
dessincronização destes ciclos.
Imagine a situação do trabalhador que entra no turno de “zero-hora”. Quando inicia
suas atividades, o trabalhador deveria estar começando a dormir, não a trabalhar! Seu
organismo procura, a todo custo, desligar-se, pois assim o quer o hipotálamo, mas não
consegue em função da situação externa vivenciada pelo indivíduo, que o força a ficar
acordado.
Pode-se alegar que o trabalhador pode dormir durante o dia, o que possibilitaria sua
recuperação e repouso, o que, na verdade, é uma ilusão. Durante o dia, o hipotálamo
orienta o organismo para um estado de vigília, contrário ao sono, portanto. Trava-se, 78
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então, uma verdadeira luta no organismo e o resultado é catastrófico: o trabalhador
dorme, mas a qualidade do sono é baixa, pois só se atinge o estágio de sono LEVE (no
qual praticamente não se descansa), com períodos entrecortados e curtos de sono
PESADO, insuficientes à recuperação.
Há também fatores externos diurnos, que em muito prejudicam o sono durante o dia. O
ruído característico das ruas com buzinas, freadas, escapamentos furados, caminhão
de entrega de gás, crianças brincando, etc., acaba por acordar várias vezes o indivíduo,
que passa à uma condição de cochilos, totalmente diversa do sono noturno ao qual
estamos acostumados, este sim repousante.
FADIGA POR EXPOSIÇÃO AO CALOR
Manifesta-se pela conjugação de diferentes fatores, a saber:
TEMPERATURA
RADIAÇÃO
VENTILAÇÃO
EVAPORAÇÃO
TIPO DE ATIVIDADE
A temperatura elevada aparece geralmente por fontes expressivas de calor (fornos,
caldeiras, área de fundição de peças, etc.) no ambiente freqüentado pelo trabalhador. É
medida em IBUTG (Índice de Bulbo Úmido e Termômetro de Globo) e os limites de
tolerância aplicáveis encontram-se no Anexo 3 da NR-15, da Portaria 3.214/78 do MTb.
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Os meios pelos quais o calor chega ao organismo são por radiações não ionizantes
(ondas eletromagnéticas - infravermelhas), convecção e condução, sem falar em raios
solares, quando tratam-se de serviços externos.
O fator ventilação é preponderante: em ambientes fechados, a ventilação geralmente é
prejudicada, principalmente se a circulação de ar for apenas de ar viciado, do próprio
ambiente. O correto é insuflar ar externo, mais fresco (desde que não poluído).
Exposto o corpo ao ambiente quente, há vasodilatação periférica, colocando em ação
as glândulas sudoríparas. A evaporação é o único meio para trocar calor com o
ambiente, pois o suor esfria a superfície da pele e, evaporando, faz com que o corpo se
resfrie. Contudo, quando os ambientes são quentes e úmidos, a evaporação não se dá,
pois o teor de umidade presente no ambiente faz com que o suor permaneça no corpo
por saturação, deixando-o encharcado.
O tipo de atividade está diretamente relacionado à fadiga física. Atividades pesadas
provocam alta taxa metabólica, com dispêndio energético elevado. Quanto mais pesada
a atividade, maior deverá ser o tempo de pausa para o organismo, inclusive porque o
próprio corpo produzirá mais calor interno sob tais condições.
FADIGA PSÍQUICA
Já comentamos que a fadiga psíquica aparece em função da não aceitação, por parte
do trabalhador, da realidade que o mesmo é obrigado a vivenciar.
Contudo esta realidade pode ter, ou não, uma origem OCUPACIONAL. Quando a
origem não é ocupacional, qualificamo-la de origem DE CONTEXTO.
Vejamos alguns fatores de fadiga psíquica, pela origem:
OCUPACIONAL
Salário baixo;
Ameaça constante de demissão;
Chefia insegura, incompetente, indecisa;80
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Chefia intolerante, que humilha os subordinados, com cenas de “baixaria”;
Ambiente de trabalho agressivo (ruído, calor, vapores tóxicos, risco de
acidentes, etc.);
Jornada de trabalho excessiva (dobras, horas-extras);
Ausência de pausas, rodízios;
Horários inadequados de trabalho;
Ritmos excessivos, velocidades insuportáveis, organização do trabalho nos
padrões Tayloristas - exemplo: 500 toques por minuto, para os digitadores;
Protecionismo (o sobrinho do gerente é promovido, mas você não...);
Falta de reconhecimento, por parte da empresa, das necessidades do
trabalhador (em qualquer nível - pode ser a falta de um bebedouro, um
banheiro muito longe, um EPI sem condições de uso, iluminação deficiente no
posto de trabalho, demora para a manutenção de um equipamento, etc.).
DE CONTEXTO
Transporte deficiente;
Condições de moradia precárias;
Desajustes familiares;
Padrão de vida baixo;
Condições de higiene/alimentação precárias;
Violência urbana, neurose das grandes metrópoles, insegurança.
UMA SOLUÇÃO PARA A FADIGA: A A.C.T. - ANÁLISE COLETIVA DO TRABALHO
Face às dificuldades encontradas pelos trabalhadores e também aos conflitos típicos
entre os diferentes cargos de uma empresa, é comum que certos bloqueios ocorram
quando um profissional comparece às áreas e procura levantar as situações acima
exemplificadas.
Muitos dos trabalhadores temem represálias por parte da empresa e se calam, ao invés
de “abrir o jogo”, por pior que seja a situação vivenciada no trabalho. É preciso, pois, 81
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adotar-se uma estratégia de levantamento, que possibilite ao trabalhador sentir-se
amparado e seguro. É justamente em função de tal dificuldade que surgiu a ACT.
A ACT é um método que atua como agente de ligação entre aquilo que o trabalhador
sente em seu trabalho e a empresa, mas sem a interferência interna e pressões desta
última. Basicamente, o método de ACT engloba:
- O interesse da empresa em conhecer os problemas vivenciados pelos
trabalhadores e o objetivo primordial de melhorar as condições do
trabalho desenvolvido por estes;
- O contado com o Sindicato da classe trabalhadora envolvida (petroleiros,
metalúrgicos, construção civil, etc.), que facilita bastante o
relacionamento entre o Ergonomista e os trabalhadores;
- Um local considerado neutro (uma universidade, por exemplo), ou seja,
um local no qual o trabalhador se sinta à vontade e que não tenha
“paredes com ouvidos”;
- O anonimato dos trabalhadores garantido, para que não sintam qualquer
medo de perseguição por parte da empresa ou de chefias inescrupulosas
e incompetentes (MUITO COMUM e, diga-se, já assisti cenas
profundamente lamentáveis e humilhantes quanto a este aspecto);
- Total liberdade para que o trabalhador possa se expressar a respeito
daquilo que faz, como faz, o que gosta mais de fazer, do que não gosta,
etc. É certo que o especialista em Ergonomia deve acompanhar os
relatos e fazer perguntas-chaves.
Através da ACT é que o Ergonomista consegue perceber inúmeras situações de
trabalho que, sozinho, jamais captaria, mesmo comparecendo ao local de trabalho. A
Dra. Leda Leal Ferreira, uma das maiores especialistas no assunto, relata que tal
método é um verdadeiro sucesso e que enriquece sobremaneira a análise ergonômica.
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A importância da ACT relaciona-se diretamente ao FATOR HUMANO dentro do
trabalho, possibilitando à empresa:
A- Tomar consciência das dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores
e tomar providências quanto aos aspectos negativos por eles
levantados;
B- Descobrir que os trabalhadores, mesmo em situações difíceis e
incômodas, têm orgulho de seu trabalho e gostam de trabalhar,
ocasião em que são mencionados os aspectos positivos abordados
pelo pessoal entrevistado.
Os aspectos positivos, por sinal, também possibilitam que o Setor de Medicina e
Segurança do Trabalho redimensione as equipes de trabalho e faça uma readequação
das funções, segundo as condições físicas e psíquicas deste ou daquele trabalhador,
conforme suas capacidades.
Por exemplo, ao tomar conhecimento de atividades mais leves e fáceis de serem
executadas num setor da empresa, dentre um universo de atividades levantadas, o
Médico do Trabalho pode encaminhar temporariamente, para outro setor, um
trabalhador que apresente incapacidades ou limitações psico-fisiológicas, de modo a
facilitar a sua recuperação.
Áreas que merecem uma atenção maior do setor de Higiene do Trabalho podem ser
incluídas num cronograma, de modo a iniciar uma série de mudanças no ambiente de
trabalho, o que antes poderia estar camuflado. Os aspectos negativos dão tal visão.
Desvios de função são detectados (um soldador que também acaba fazendo serviços
de mecânico), ou a sobrecarga de trabalho concentrada neste ou naquele setor, o que
permite redimensionar a organização do trabalho e corrigir as falhas. Esta proposta,
que já identificávamos no início de 1.994, foi implantada pelo governo no final daquele
ano, por meio do PPRA.
É muito importante que o relatório de ACT encaminhado às chefias mantenha os
nomes dos trabalhadores em segredo, pois os problemas devem chegar ao Chefe,
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que é aquele que tem poder para tomar providências (e resolver o problema, claro!),
mas não interessa saber quem foi que disse isto ou aquilo, pois sabemos que sempre
há um fator pessoal no relacionamento entre as pessoas que trabalham numa mesma
empresa.
CIRCADIANO, CICLO: significa “cerca de um dia”, ou seja, equivale ao período
aproximado de 24 horas. Do latim “circa dies”.
HIPOTÁLAMO: núcleo nervoso localizado na base do cérebro, que coordena diversas
funções vitais do organismo.
MORBIDADE: condição na qual um indivíduo apresenta grande debilidade de força,
resultando em doença e fraqueza generalizadas.
O que é Ergonomia? O termo Ergonomia é derivado das palavras gregas Ergon
(trabalho) e nomos (regras). Nos Estados Unidos, usa-se também, como sinônimo,
human factors (fatores humanos).
Ergonomics Research Society, Inglaterra, 1949: Sociedade de Pesquisa em
Ergonomia.Ergonomia “é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho,
equipamento e ambiente, e particularmente a aplicação dos conhecimentos de
anatomia, fisiologia e psicologia na solução de problemas surgidos desse
relacionamento”.
Associação Internacional de Ergonomia (IEA), 1961: Representa associações de 40
diferentes países com 19 mil sócios.Ergonomia (ou human factors) “é uma disciplina
científica que estuda interações dos homens com outros elementos do sistema, fazendo
aplicações da teoria, princípios e métodos de projeto, com o objetivo de melhorar o
bem-estar humano e o desempenho global do sistema.”.
Segundo Itiro Iida: “Ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem.”
Outras definições: Em 1972, Wisner considera que Ergonomia é “o conjunto dos
84
85
conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários para a concepção de
ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de
conforto, de segurança e eficácia”. Em 1983, Lomov e Venda, em função das várias
denominações utilizadas. Ergonomia, Ergologia, Humam Factors -, refletem sobre a
finalidade deste campo de estudo: “Qualquer que seja o nome utilizado, o que se
pretende é o estudo dos diferentes aspectos laborais com o propósito de otimizá-los”.
Em 1989, no Congresso Internacional de Ergonomia, adotou-se o seguint conceito:
“A Ergonomia é o estudo científico da relação entre o homem e seus meios, métodos e
espaços de trabalho. Seu objetivo é elaborar, mediante a constituição de diversas
disciplinas científicas que a compõem, um corpo de conhecimentos que, dentro de uma
perspectiva de aplicação, deve resultar numa melhor adaptação do homem aos meios
tecnológicos e aos ambientes de trabalho e de vida”.
Nascimento e Evolução da Ergonomia: Pode-se dizer que a Ergonomia surgiu
quando o homem começou a utilizar objetos que facilitavam a sua vida. Na produção
artesanal havia a preocupação de se adaptar os objetos artificiais e o meio ambiente
natural ao homem.
Século 18 – Revoluções Industriais: As fábricas eram: sujas; barulhentas;perigosas
escuras. Tinham jornadas de trabalho de até 16 horas. Regime de trabalho de semi-
escravidão sem direito a férias. No início do século 20 surge nos Estados Unidos o
Movimento da Administração Científica, que ficou conhecido como Taylorismo. Na
Europa, principalmente na Alemanha, França e países escandinavos, por volta de 1900,
começam a surgir pesquisas na área de fisiologia do trabalho, na tentativa de transferir
para o terreno prático os conhecimentos em fisiologia desenvolvidos em laboratórios.
Durante a 1ª Guerra Mundial (1914-1917), fisiologistas e psicólogos foram chamados
para colaborarem no esforço de aumentar a produção de armamentos.Na 2ª Guerra
Mundial (1939-1945), foram utilizados conhecimentos científicos e tecnológicos
disponíveis, para construir instrumentos bélicos complexos como submarinos, tanques,
aviões...O objetivo era adaptar os instrumentos bélicos às características e capacidades
do operador, melhorando o desempenho e reduzindo a fadiga e os acidentes. Após a 2ª
Grande Guerra, estes conhecimentos começam a ser aplicados na vidacivil. Porém os
85
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Estados Unidos, através do seu Departamento de Defesa, começou a apoiar pesquisas
na área. Só recentemente começou a ser aplicada, em maior grau, na indústria não-
bélica. Em 1857, o polonês Woitej Yastembowsky publicou um artigo intitulado “Ensaios
de Ergonomia ou ciência do trabalho, baseada nas leis objetivas da ciência sobre a
natureza”. Em 12 de julho de 1949, reuniram-se na Inglaterra um grupo de cientistas e
um grupo de pesquisadores interessados em discutir e formalizar a existência desse
novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência. Em 16 de fevereiro de 1950, foi
proposto o nome ERGONOMIA por estes mesmos pesquisadores, que na ocasião
fundaram a Ergonomics Research Society, na Inglaterra. A partir daí a ergonomia se
expandiu no mundo industrializado. Em 1961 foi fundada, na Europa, a “Associação
Internacional de Ergonomia – IEA”. A Associação Brasileira de Ergonomia – ABERGO
(www.abergo.org.br) foi Fundada em 1983, filiada a IEA. No Brasil existe a Norma
Regulamentadora NR 17 – Ergonomia, Portaria nº. 3.214 de 08.06.1978 do Ministério
do Trabalho, modificada pela Portaria nº. 3.751 de 23.08.1990 do Ministério do
Trabalho. Hoje a ergonomia difundiu-se em praticamente todos os países do mundo.
Taylorismo é um termo que deriva de Frederick Winslow Taylor (1856-1915), um
engenheiro americano que iniciou, no início do século 20, o movimento de
“administração científica do trabalho”.
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Apresentação
Portaria nº 56, de 17 de setembro de 2003
ANEXO I - NR-11
1. Fueiros
2. Carro porta-bloco e carro transportador
3. Pátio de estocagem
4. Cavaletes
5. Movimentação de chapas com uso de ventosas
6. Movimentação de chapas com cabos de aço, cintas,correias e correntes
7. Movimentação de chapas com uso de garras
8. Disposições gerais
Glossário
Apresentação
Desde as primeiras reuniões da Subcomissão Permanente Nacional do Setor de
Mármore e Granito - SPNMG, os representantes dos trabalhadores apresentaram a
necessidade de serem estabelecidas regras mínimas para a movimentação,
armazenagem e manuseio de chapas de mármore, granito e
outras rochas, visto que as estatísticas disponíveis vinham apontando uma grande
acidentalidade e uma alta taxa de mortalidade decorrente dessas atividades. Assim, a 87
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Subcomissão tomou como prioridade a discussão da matéria, demandando às suas
bancadas dos trabalhadores e empregadores que se debruçassem, de forma madura e
responsável, sobre o tema. O objetivo é construir um regulamento técnico que atenda
aos trabalhadores e empregadores do setor.
Após várias reuniões tripartites e encontros bipartites, e tendo a inestimável
colaboração da Regional da Fundacentro no estado do Espírito Santo, a Subcomissão
aprovou o Regulamento Técnico de Procedimentos Para Movimentação, Armazenagem
e Manuseio de Chapas de Mármore, Granito e Outras Rochas, submetendo-o à análise
da Comissão Permanente Nacional do Setor Mineral – CPNM, e da Comissão Tripartite
Paritária Permanente –CTPP, seguindo o modelo tripartite que vem sendo adotado com
sucesso na normatização da área de segurança e saúde no trabalho do Ministério do
Trabalho e Emprego. Devemos destacar que a Portaria que publicou o “Regulamento
Técnico”, considerando os aspectos econômicos e financeiros que impactam na adoção
de suas exigências, concedeu prazos diferenciados para o cumprimento de algumas
exigências, conforme negociado na Subcomissão.
Cabe-nos reconhecer o esforço e a participação madura e intensa das bancadas dos
empregadores e trabalhadores na construção do Regulamento, esforço e participação
que tiveram como objetivo primeiro a melhoria das condições de segurança e saúde
dos trabalhadores do setor.
O nosso objetivo com esta publicação é divulgar o Regulamento aprovado, agregando
um glossário com fotografias explicativas de forma a facilitar a sua compreensão e seu
cumprimento, contribuindo, dessa forma, para o alcance de ambientes de trabalho
melhores e mais seguros para os trabalhadores do setor de mármore, granito e outras
rochas e colaborando também para agregar valor aos produtos deste importante
segmento econômico nacional.
Mário BONCIANI
Diretor do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho TEM
PORTARIA N° 56, DE 17 DE SETEMBRO DE 2003
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Aprova e inclui na NR-11 o Regulamento
Técnico de Procedimentos sobre Movimentação
e Armazenagem de Chapas de Mármore,
Granito e Outras Rochas.
A SECRETÁRIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO e o DIRETOR DE
SEGURANÇA
E SAÚDE NO TRABALHO, no uso de suas atribuições legais, e,
considerando o número elevado de acidentes do trabalho na movimentação
de chapas de mármore, granito e outras rochas; considerando as
deliberações da Comissão Permanente Nacional do
Setor Mineral e da Subcomissão Permanente Nacional do Setor de
Mármore e Granito, que aprovou a proposta de estabelecimento de
normatização técnica sobre movimentação e armazenagem de chapas de
mármore, granito e outras rochas, resolvem:
Art. 1º Acrescentar o item 11.4 e o subitem 11.4.1 na NR-11 (Transporte,
Movimentação, (Armazenagem e Manuseio de Materiais), aprovada pela
Portaria nº 3.214/78, que passa a vigorar com a seguinte redação:
“... 11.4 Movimentações, Armazenagem e Manuseio de Chapas de
Mármore,
Granito e outras rochas.
11.4.1 “A movimentação, armazenagem e manuseio de chapas de
mármore, granito e outras rochas devem obedecer ao disposto no
Regulamento Técnico de Procedimentos constante no Anexo I desta NR.”
Art. 2º Acrescentar o Anexo I (Regulamento Técnico de Procedimentos
para Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Chapas de Mármore,
Granito e Outras Rochas) à NR-11, conforme anexo a esta Portaria.
Art. 3º As exigências prescritas nos itens 1 (Fueiros) e 5 (Movimentação de
chapas com uso de ventosas), do referido Anexo I, devem ser
implementadas num prazo máximo de 6 (seis) meses.
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Art. 4º As exigências prescritas nos itens 2 (Carro porta-bloco e carro
transportador) e 4 (Cavaletes), do referido Anexo I, devem ser
implementadas no prazo de 12 (doze) meses.
§ 1º Enquanto as exigências prescritas no item 4 (Cavaletes) do Anexo
I estiverem sendo implantados, os cavaletes que se encontram em uso
devem ter esta condição comprovada por inspeção, observando-se, ainda,
os seguintes requisitos:
a) a proteção lateral não poderá ser usada como apoio natural para as
chapas;
b) deverá ser destinada uma área, devidamente demarcada no piso, de no
mínimo 1,20m de largura, em torno dos cavaletes, para a circulação de
pessoas.
§ 2º Enquanto as exigências prescritas no item 2 (Carro porta-bloco
e carro transportador) do Anexo I estiverem sendo implantadas, os carros
porta-blocos e carros transportadores que se encontram em uso devem ter
essa condição comprovada por profissional legalmente habilitado.
Art. 5º Em cinco anos, contados da data da publicação desta Portaria, todas
as empresas que manuseiam chapas de mármore, granito e outras rochas
devem instalar sistema de movimentação mecânica por pontes-rolantes,
talhas ou similar, eliminando o uso de carrinhos de duas rodas para o
transporte de chapas.
Art. 6º As infrações ao disposto no item 11.4.1 da NR-11, serão punidas na
gradação I-4, conforme os anexos I e II da NR-28.
Art. 7º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
ANEXO I
NR-11
REGULAMENTO TÉCNICO DE PROCEDIMENTOS PARA
MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E MANUSEIO DE CHAPAS DE
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MÁRMORE, GRANITO E OUTRAS ROCHAS
1. Fueiros
1.1. As chapas serradas, ainda sobre o carro transportador e dentro do
alojamento do tear, devem receber proteção lateral para impedir a queda
das mesmas – proteções denominadas L ou Fueiro – observando-se os
seguintes requisitos mínimos:
a) os equipamentos devem ser calculados e construídos de maneira que
ofereçam as necessárias garantias de resistência e de segurança e serem
conservados em perfeitas condições de trabalho;
b) em todo equipamento será indicado, em lugar visível, o nome do
fabricante, o responsável técnico e a carga máxima de trabalho permitida;
c) os encaixes dos Ls (Fueiros) devem possuir sistema de trava que impeça
a saída acidental dos mesmos.
2. Carro porta-bloco e carro transportador
2.1. O uso de carros porta-blocos e carros transportadores devem obedecer
aos seguintes requisitos mínimos:
a) os equipamentos devem ser calculados e construídos de maneira que
ofereçam as necessárias garantias de resistência e de segurança e serem
conservados em perfeitas condições de trabalho, atendendo as instruções
do fabricante;
b) em todo equipamento, deve ser indicado, em lugar visível, o nome do
fabricante, o responsável técnico e a carga máxima de trabalho permitida;
c) tanto o carro transportador como o porta-bloco devem dispor de proteção
das partes que ofereçam risco para o operador, com atenção especial aos
itens:
• condições dos cabos de aço;
• ganchos e suas proteções;
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• proteção das roldanas;
• proteção das rodas do carro;
• proteção das polias e correias;
• proteção das partes elétricas.
d) o operador do carro transportador e do carro porta-bloco bem como a
equipe que trabalhar na movimentação do material, deve receber
treinamento adequado e específico para a operação;
e) além de treinamento, informações e instruções, os trabalhadores devem
receber orientação em serviço, que consistirá de período no qual
desenvolverão suas atividades sob orientação de outro trabalhador
experiente ou sob supervisão direta, com duração mínima de 30 (trinta)
dias;
f) para operação de máquinas, equipamentos ou processos diferentes
daqueles a que o operador estava habituado, deve ser feito novo
treinamento, de modo a qualificá-lo à utilização dos mesmos;
g) após a retirada do carro porta-bloco do alojamento do tear, as proteções
laterais devem permanecer até a retirada de todas as chapas;
h) nenhum trabalho pode ser executado com pessoas entre as chapas;
i) devem ser adotados procedimentos para impedir a retirada de chapas de
um único lado do carro transportador, com objetivo de manter a
estabilidade do mesmo;
j) a operação do carro transportador e do carro porta-bloco deve ser
realizada por no mínimo duas pessoas treinadas, conforme a alínea “d”.
3. Pátio de estocagem
3.1. Nos locais do pátio onde for realizada a movimentação e
armazenagem
de chapas, devem ser observados os seguintes critérios:
a) o piso não deve ser escorregadio, não ter saliências e ser horizontal,
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facilitando o deslocamento de pessoas e materiais;
b) o piso deve ser mantido em condições adequadas, devendo a empresa
garantir que o mesmo tenha resistência suficiente para suportar as cargas
usuais;
c) recomenda-se que a área de armazenagem de chapas seja protegida
contra intempéries.
3.2. As empresas que estejam impedidas de atender ao prescrito no item
3.1 devem possuir projeto alternativo com as justificativas técnicas da
impossibilidade, além de medidas acessórias para garantir segurança e
conforto nas atividades de movimentação e armazenagem das chapas.
4. Cavaletes
4.1. Os cavaletes devem estar instalados sobre bases construídas de
material resistente e impermeável, de forma a garantir perfeitas condições
de estabilidade e de posicionamento, observando- se os seguintes
requisitos:
a) os cavaletes devem garantir adequado apoio das chapas e possuir altura
mínima de 1,50m;
b) os cavaletes verticais devem ser compostos de seções com largura
máxima de 22 cm;
c) os palitos dos cavaletes verticais devem ter espessura que possibilite
resistência aos esforços das cargas usuais e serem soldados, garantindo a
estabilidade e impedindo o armazenamento de mais de 10 (dez) chapas em
cada seção;
d) cada cavalete vertical deve ter no máximo 6m de comprimento com um
reforço nas extremidades;
e) deve ser garantido um espaço, devidamente sinalizado, com no mínim
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80 cm entre cavaletes verticais;
f) a distância entre os cavaletes e as paredes do local de armazenagem
deve ser de no mínimo 50 cm;
g) os cavaletes devem ser conservados em perfeitas condições de uso;
h) em todo cavalete, deve ser indicado, em lugar visível, o nome do
fabricante, o responsável técnico e a carga máxima de trabalho permitida;
i) a área de circulação de pessoas deve ser demarcada e possuir no
mínimo 1,20m de largura;
j) o espaço destinado para carga e descarga de materiais deve possuir
largura de no mínimo uma vez e meia a largura do maior veículo utilizado e
ser devidamente demarcado no piso;
l) os cavaletes em formato triangular devem ser mantidos em adequadas
condições de utilização, comprovadas por vistoria realizada por profissional
legalmente habilitado;
m) as atividades de retirada e colocação de chapas em cavaletes devem
ser realizadas sempre com pelo menos uma pessoa em cada extremidade
da chapa.
4.2. Recomenda-se a adoção de critérios para a separação no
armazenamento das chapas, tais como cor, tipo do material ou outros
critérios de forma a facilitar a movimentação das mesmas.
4.3. Recomenda-se que as empresas mantenham nos locais de
armazenamento, os projetos, os cálculos e as especificações técnicas dos
cavaletes.
5. Movimentação de chapas com uso de ventosas
5.1. Na movimentação de chapas com o uso de ventosas, devem ser
observados os seguintes requisitos mínimos:
a) a potência do compressor deve atender às necessidades de pressão das
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ventosas para sustentar as chapas quando de sua movimentação;
b) as ventosas devem ser dotadas de válvulas de segurança, com acesso
facilitado ao operador, respeitando os aspectos ergonômicos;
c) as mangueiras e conexões devem possuir resistência compatível com a
demanda de trabalho;
d) as ventosas devem ser dotadas de dispositivo auxiliar que garanta a
contenção da mangueira, evitando seu ricochete amento em caso de
desprendimento acidental;
e) as mangueiras devem estar protegidas, firmemente presas aos tubos de
saída e de entrada e, preferencialmente, afastadas das vias de circulação;
f) o fabricante do equipamento deve fornecer manual de operação em
português, objetivando treinamento do operador;
g) as borrachas das ventosas devem ter manutenção periódica e imediata
substituição em caso de desgaste ou defeitos que as tornem impróprias
para uso;
h) o empregador deve destinar área específica para a movimentação de
chapas com uso de ventosa, de forma que o trabalho seja realizado com
total segurança. Esta área deve ter sinalização adequada na vertical e no
piso;
i) procedimentos de segurança devem ser adotados para garantir a
movimentação segura de chapas na falta de energia elétrica.
5.2. Recomenda-se que os equipamentos de movimentação de chapas, a
vácuo, possuam alarme sonoro e visual que indiquem pressão fora dos
limites de segurança estabelecido.
6. Movimentação de chapas com cabos de aço, cintas, correias e
correntes
6.1. Na movimentação de chapas, com a utilização de cabos de
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Subcomissão Permanente Nacional do Mármore e Granito aço, cintas,
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correias e correntes, devem ser consideradas a capacidade de sustentação
das mesmas e a capacidade de carga do equipamento de içar, atendendo
às especificações técnicas e recomendações do fabricante.
6.2. Correntes e cabos de aço devem ser adquiridos exclusivamente de
fabricantes ou de representantes autorizados, sendo proibida a aquisição
de sucatas, em especial de atividades portuárias.
6.3. O empregador deve manter as notas fiscais de aquisição dos cabos de
aço e correntes no estabelecimento à disposição da fiscalização.
6.4. Em todo equipamento, deve ser indicado, em lugar visível, o nome do
fabricante, o responsável técnico e a carga máxima de trabalho permitida.
6.5. Os cabos de aço, correntes, cintas e outros meios de suspensão ou
tração e suas conexões devem ser instalados, mantidos e inspecionados
conforme especificações técnicas do fabricante.
6.6. O empregador deve manter em arquivo próprio o registro de inspeção
e manutenção dos cabos de aço, cintas, correntes e outros meios de
suspensão em uso.
6.7. O empregador deve destinar área específica com sinalização
adequada, na vertical e no piso, para a movimentação de chapas com uso
de cintas, correntes, cabos de aço e outros meios de suspensão.
7. Movimentação de chapas com uso de garras
7.1. A movimentação de chapas com uso de garras só pode ser realizada
pegando-se uma chapa por vez e por no mínimo três trabalhadores, e
observando-se os seguintes requisitos mínimos:
a) não ultrapassar a capacidade de carga dos elementos de sustentação e
a capacidade de carga da ponte rolante ou de outro tipo de equipamento de
içar, atendendo às especificações técnicas e recomendações do fabricante;
b) em todo equipamento de içar deve ter indicado, em lugar visível, o nome
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do fabricante, o responsável técnico e a carga máxima de trabalho
permitida;
c) as áreas de movimentação devem propiciar condições de forma que o
trabalho seja realizado com total segurança e serem sinalizadas de forma
adequada, na vertical e no piso.
7.2. As empresas devem ter livro próprio para registro de inspeção e
manutenção dos elementos de sustentação usados na movimentação de
chapas com uso de garras.
7.2.1. As inspeções e manutenções devem ser realizadas por profissional
legalmente habilitado e dado conhecimento ao empregador.
8. Disposições gerais
8.1. Durante as atividades de preparação e retirada de chapas serradas do
tear, devem ser tomadas providências para impedir que o quadro inferior
portas-lâmina do tear caia sobre os trabalhadores.
8.2. As instruções, visando à informação, qualificação e treinamento dos
trabalhadores, devem ser redigidos em linguagem compreensível e
adotando metodologias, técnicas e materiais que facilitem o aprendizado
para preservação de sua segurança e saúde.
8.3. Na construção dos equipamentos utilizados na movimentação e
armazenamento de chapas, devem ser observadas no que couber as
especificações das normas da ABNT e outras nacionalmente aceitas.
8.4. Fica proibido o armazenamento e a disposição de chapas sobre
paredes, colunas, estruturas metálicas ou outros locais que não sejam os
cavaletes especificados neste Regulamento Técnico de Procedimentos.
Glossário
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Carro porta-bloco: Carro que fica sob o tear com o bloco.
Carro transportador: Carro que leva o carro porta-bloco até o tear.
Cavalete triangular: Peça metálica, em formato triangular, com uma base
de apoio, usada para armazenagem de chapas de mármore, granito e
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outras rochas.
Cavalete vertical: Peça metálica,
em formato de pente, colocada na vertical apoiada sobre base metálica,
usada para armazenamento de chapas de mármore, granito e outras
rochas.
Chapas de mármore ou granito:
Produto da serragem do bloco, com medidas variáveis, podendo ser de 3m
por 1,50m com espessuras de 2 cm a 3cm.
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Cintas: Equipamento utilizado para a movimentação de cargas diversas.
Fueiro: Peça metálica em formato de L (para os carros porta-blocos mais
antigos), ou simples, com um de seus lados encaixados sobre a base do
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carro porta-bloco, que tem por finalidade garantir a estabilidade das chapas
durante e após a serrada e enquanto as chapas estiverem sobre o carro.
Palitos: Hastes metálicas usadas nos cavaletes verticais para apoio das
chapas de mármore, granito e outras rochas.
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Tear: Equipamento robusto composto de um quadro de lâminas de aço
que, apoiadas sobre o bloco de pedra, quando acionadas, fazem um
movimento de vai-e-vem, serrando a pedra de cima para baixo, sendo
imprescindível o uso gradual de areia, granalha de aço e água para que
seja possível o transpasse do bloco de rochas.
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Ventosa: Equipamento a vácuo usado na movimentação de chapas de
mármore, granito e outras rochas.
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