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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL “MANOEL GUEDES” Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” Curso de Habilitação Profissional de Técnico em Segurança do Trabalho FUNDAMENTOS E TÉCNICAS DE ERGONOMIA

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL “MANOEL GUEDES”

Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes”

Curso de Habilitação Profissional de Técnico em Segurança do Trabalho

FUNDAMENTOS E TÉCNICAS DE ERGONOMIA

Tatuí-SP

2012

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INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA DO TRABALHO

A Psicologia Industrial foi a primeira forma adotada pelo que hoje conhecemos como

Psicologia Organizacional, Psicologia do Trabalho, Psicologia Ocupacional ou Psicologia

Industrial e Organizacional, variando um pouco o “objeto” construído, mas todas

apresentando uma certa regularidade discursiva e convergência no que tange ao objetivo,

finalidade social, compromisso ético, alvo das ações, bases teóricas e elementos

discursivos.

A Psicologia Industrial remonta sua origem aos cenários norte-americanos e anglo-saxão

do início do século XX, quando a Revolução Industrial já havia se consolidado e o

Taylorismo começa a entrar em cena e a fornecer resultados positivos ao aumento de

lucratividade das indústrias, através de controle mais elaborado do processo produtivo e

aumento da eficiência.

Neste momento a Psicologia buscava se firmar como ciência, distanciando-se da filosofia

e fisiologia tendo como pilares o behaviorismo, o funcionalismo e a psicologia das

diferenças individuais.

Nesse contexto a Psicologia voltada para o trabalho surge, atrelada aos interesses das

indústrias. O primeiro livro de Psicologia utilizado pelo Industrial foi Psychology and

industial efficiency, de Hugo Münsterberg, e apresentava o estudo da produtividade

(output) em função do esforço (input).

Neste início a Psicologia Industrial procurava medir o limite de esforço dos trabalhadores,

para assim criar quotas de produção; se encarregava das práticas de seleção e colocação

profissional, além da orientação vocacional baseada em testes e estudos sobre condições

de trabalho visando aumentar a produtividade.

Em 1924, com os estudos de Hawthorne houve uma mudança na forma de encarar as

relações de grupo através da introdução do estudo das Relações Humanas, mas não

necessariamente uma mudança nos processos de produção, apenas acrescentando uma

nova forma de entender a forma como as relações informais trabalhavam junto às

relações formais e técnicas do trabalho e são capazes de alterar os resultados da

produção.

Em 1925 são publicados novos estudos sobre motivação, comunicação e comportamento

de grupo (Gilmer, 1961, p 15).

Durante a Segunda Guerra Mundial, segundo afirma Siegel (1969, p.14), muitas técnicas

foram desenvolvidas, como as de colocação de pessoal (personnel assessment),

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treinamento, classificação de pessoal e avaliação de desempenho. Outra área que surgiu

nesse momento, mas só veio se consolidar depois foi a engineering psychology, que

visava projetar equipamentos de acordo com as capacidades e limitações dos operadores

humanos.

Foi principalmente no período pós-guerra que surgiram maiores desenvolvimentos da

Psicologia Industrial, quando o psicodrama e a sociometria de Moreno seriam aplicados

ao trabalho, assim como a teoria das dinâmicas de grupo de Lewin, e juntaram-se a

seleção, a classificação de pessoas, avaliação de desempenho, treinamento, liderança,

etc.

A diferença principal entre a Psicologia Industrial e a Psicologia Organizacional é que

enquanto esta se ocupa da organização das estruturas aquela está mais voltada aos

postos de trabalho. A psicologia organizacional vem surgir no momento em que os

psicólogos deixam de estudar apenas os postos de trabalho e passam a contribuir

também na discussão das estruturas da organização, sendo assim uma ampliação da

psicologia industrial.

“No passado, os psicólogos industriais tomaram muitas coisas como certas. A estrutura

toda da indústria, suas tradições e superstições, têm sido aceitas quase sem perguntas e

tem-se a impressão de que os seres humanos foram feitos para adaptar-se à industria,

em vez de suceder o contrário”. (BROWN, 1976. P. 23)

A fim de garantir a sobrevivência empresarial, a psicologia passou a incorporar novas

técnicas já que os seus antigos instrumentos não asseguravam a produtividade e

eficiência. Técnicas comportamentais passaram a ser valorizadas, aplicando uma

abordagem contingencialista ao tentar influenciar o comportamento humano através do

ambiente de trabalho, dando espaço ao surgimento do estudo da satisfação. Ainda na

área comportamental podemos destacar ainda o estudo do comportamento do

consumidor, outra área que ganhou destaque dentro da Psicologia Organizacional.

Quando a psicologia industrial passa a apresentar objetivos mais voltados para os

indivíduos que para a própria empresa, estudando o trabalho humano em todos os seus

significados e manifestações (Lima, 1995, p. 53), com uma visão mais ampla do homem

que trabalha e do trabalho do homem, ela passa a ser a Psicologia do Trabalho.

Este fato marca a passagem da obsessão pela produtividade para uma compreensão

mais próxima do homem que trabalha, aumentando o campo de pesquisa em Psicologia

do Trabalho, sendo menos instrumental.

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Aspecto Comportamental

A área de psicologia nas organizações, em termos gerais, desenvolve-se em torno de um

conjunto de questões que afetam os seres humanos. Nos últimos trinta anos, a psicologia

organizacional passou por uma significativa transformação e busca responder uma série

de conflitos ligados a convivência humana: motivação no trabalho, qualidade,

produtividade competitividade, satisfação do cliente e moral do grupo.Todas estas

necessidades humanas disputam espaços e revelam o contexto acirrado do processo de

mudanças. Mas como manejar todas essas variáveis?

As experiências do dia a dia demonstram que, nas organizações, uma dos fatores de

peso é o grupo de trabalho. Suas relações e equilíbrio dependem do nível das relações

humanas.

Por que os Conflitos Organizacionais?

Porque se lida com pessoas, e cada uma é exclusiva em seu jeito de ser e querer. O

mundo profissional exige de cada indivíduo regras e normas que nem sempre são fáceis

e possíveis de atingir. Isto é diferente, por exemplo, do ambiente de casa, onde se é o

que quer ser.

O ambiente de trabalho exige uma postura eficiente em termos de resultados. A produção

de bens e serviços não pode ser desenvolvida por pessoas que trabalham sozinhas.

As organizações têm e definem seus objetivos e criam estruturas técnicas e humana para

atingir resultados pelas pessoas via "trabalho".

O trabalho, por sua vez, é a representação social do indivíduo, no qual ele concretiza

suas necessidades de sobrevivência e realização pessoal, permanecendo nesta relação

em média 75% do seu tempo. A educação do indivíduo é feita com base no aprendizado

de valores e crenças da sua família, acrescida do seu contexto social. Quando este

indivíduo vai para o ambiente profissional, ele apresenta sua resposta física, mental,

social e afetiva, justamente porque ele dá prioridade aos seus interesses, às suas

necessidades. E é justamente nessa tendência que aparecem as grandes indagações:

Como se entender com os outros?

Como se fazer entender?

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Por que não se pode ser racional e objetivo no trabalho e deixar de lado as

questões pessoais?

Como conviver com valores, normas e culturas tão diferentes nas organizações?

Como organizar o trabalho para atingir os resultados almejados?

Como criar condições de trabalho e sistemas de recompensas e punições,

mantendo os padrões de excelência de empregados e empregadores?

Como manter a motivação e a satisfação das pessoas no trabalho?

Como conciliar objetivos sociais, organizacionais e individuais?

A utilização adequada dos seres humanos em qualquer sistema empresarial sempre foi

um desafio para a psicologia organizacional porque, para estas perguntas, não existem

fórmulas.

Dependem do indivíduo, de sua vontade, conhecimento, habilidade e atitudes. Uma

variável importante a considerar nos conflitos organizacionais é a defasagem entre o

processo tecnológico e o humano.

Depende, também, das organizações, dos seus gestores, de tratar as pessoas com suas

características próprias de personalidade e de entendê-las a partir de suas diferenças

individuais, além dos incentivos adequados à sua motivação. è necessário que as

organizações desenvolvam essa compreensão, mas é vital que o indivíduo também

cresça, conheça a si mesmo e realize com clareza o seu papel.

É importante ficar claro que cada um deve fazer a sua parte para que o ambiente de

trabalho seja agradável produtivo.

Este enfoque integra o conceito de qualidade de vida no trabalho e visualiza o ser

humano em toda a sua dimensão física, emocional, mental e espiritual.

Conceito de Qualidade de Vida no Trabalho Começa pelo Entendimento da

Personalidade Humana

A personalidade humana representa a caracteriza a maneira de ser de cada pessoa. È a

integração evolutiva dos aspectos físicos, de temperamento e de caráter de cada

indivíduo.

A constituição é a estrutura física do indivíduo, as características pessoais de sexo, raça,

e traços físicos. Influencia o temperamento o caráter.

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O temperamento é a tendência herdada do indivíduo para reagir ao meio de maneira

própria. È involuntário.

O caráter é herdado do meio e é voluntário. Trata-se das formas de comportamento mais

elaboradas, determinadas por influências ambientais, sociais e culturais.

A compreensão do comportamento humano é importante, pois permite analisar, avaliar e

controlar as próprias reações e as do grupo de trabalho com objetivo de fortalecer as

relações.

Todo grupo é formado por indivíduos que diferem uns dos outros. Cada elemento traz

consigo interesses de ordem geral e particular - impulsos e motivações, esperanças e

aspirações que, às vezes, o indivíduo transforma em seus próprios objetivos.

A participação em um grupo de trabalho não é tarefa fácil, e a fim de se obter sucesso, é

necessário conhecer o grupo. Para isso é necessário, antes, conhecer-se melhor.

"Homem conhece-te a ti mesmo, e conhecerás o universo"

(Sócrates)

Quantos nos conheceram realmente?

Como somos?

Como somos vistos pelos colegas?

Como gostaríamos de ser vistos pelas pessoas?

Na verdade, o conhecimento de si mesmo é o conhecimento real do que se passa no

interior de um indivíduo. Esse interior contém uma série de informações que não são

conhecidas pelo ser humano.

A noção que se tem das tendências, interesses, sentimentos, emoções, pensamentos e

raciocínios é, de certa forma, vaga e imprecisa.

Para conhecer-se melhor, deve-se considerar a imagem feita de si mesmo (auto

percepção) e a imagem feita pelos outros (hetero-percepção).

O elemento que permite esse autoconhecimento é a capacidade de dar e receber

feedback. “O indivíduo só se conhece por meio do grupo".

Sete Recomendações para Construir Positivamente os Resultados de Grupo de

trabalho

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Orientação: explicar porque o indivíduo está ali, saber o que cada um pensa de si mesmo

e provocar a aceitação e o companheirismo.

Construir a confiança: informar ás pessoas com quem elas vão trabalhar. A questão é

cada saber quem é quem e o que cada um espera do outro.

Clarificar os objetivos e papéis: deixar claro o que cada um deve fazer e quais são as

prioridades do grupo.

Tomada de decisão: estabelecer como o tempo, o pessoal de apoio, e outros recursos

que serão administrados. Deixar claro para onde o grupo está indo.

Implementação: seqüenciar o trabalho, determinando tempo e a organização do grupo. O

famoso Quem faz o quê, quando e onde.

Alto desempenho: provocar a sinergia do grupo e deixá-lo perceber que a sinergia dá

resultado.

Renovação: colher os resultados do que foi aprendido e preparar-se para um novo ciclo

de ação. Responder á questão individual

"por que continuar?".

O Indivíduo e o seu Contexto Motivacional

Os motivos ou necessidades são as molas propulsoras da ação.

O termo necessidades significa simplesmente algo dentro do indivíduo que o predispõe a

agir. Portanto, os objetivos estão fora e os motivos estão dentro do ser humano.

Todos necessitam de algumas coisas para sobreviver e sentir-se satisfeito com suas

vidas. Por isso, são desenvolvidas maneiras de satisfazer tais necessidades, e há um

esforço p ara manter um equilíbrio entre elas e as fontes que as satisfazem.

O comportamento, as atitudes e as reações de um indivíduo no grupo de trabalho são

influenciados pelos motivos que o levam a trabalhar ou ter o gosto pelo trabalho.

Para alguns, pode parecer que o indivíduo trabalha somente por causa do dinheiro. Isso,

entretanto, é falso. Existem outros fatores e motivos que o levam a trabalhar, como há,

também, motivos que dificultam ou impedem o indivíduo trabalhar.

O estudo dos motivos que levam o indivíduo a trabalhar é importante para entender-se a

dinâmica do grupo e compreendê-lo no trabalho.

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Esses estudos levam a três teorias sobre motivação:

1. Hierarquia das necessidades humanas (Abraham Maslow): Maslow propõe que as

pessoas são motivadas por uma série de necessidades, desde as básicas ou

primitivas até as mais sofisticadas. Quando cada pessoa "alcança" satisfação razoável

de uma dada necessidade, movimenta-se para satisfazer uma necessidade maior. As

necessidades de Maslow são:

Fisiológicas: de caráter físico, como comer, vestir, e habitar.

Segurança: de caráter econômico, como Trabalho, estabilidade, seguros e bens.

Sociais: de caráter social como, afeto, amor, aceitação e integração no grupo.

Status: de caráter psicológico, como auto-estimam, desejo de prestígio, poder,

reconhecimento, competência, importância e apreço aos demais.

Auto-realizarão: de caráter psicológico, como utilização de suas potencialidades.

"O que o homem é capaz de ser, deve ser": muitos trabalhadores geralmente são

capazes de satisfazer suas necessidades básicas com os seus salários. Quando isso

acontece, tendem a mover-se em direção ás necessidades mais altas, especialmente as

sociais status.

Aprendizado e crescimento em uma carreira tendem a resultar em auto estima. Se o

trabalhador não conseguir a auto realização dentro do trabalho, tenderá a procurá-la em

outras a ocupações ou interesses fora do trabalho.

2.Teoria da motivação de dois fatores (Frederic Herzberg): Herzberg redefiniu a hierarquia

de Maslow, para os trabalhadores contemporâneos.

Constatando que dois níveis fundamentais (fisiológicas e segurança) são razoavelmente

bem satisfeitos, ele estabeleceu que tais níveis tendem a não ser motivadores na maioria

das situações. Segundo ele, os motivadores (sociais e auto-realizarão) estão claramente

nos três níveis superiores

Fatores Higiênicos Fatores motivadores

Fatores econômicos Realização

Fatores físicos Reconhecimento

Segurança Participação

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Fatores Sociais Crescimento

Para Herzbeg, os fatores motivadores devem ser parte do trabalho e da situação de

trabalho. Os fatores higiênicos devem ser propiciados para manterem-se os trabalhadores

sendo desmotivadores.

3. Teoria do enriquecimento do trabalho (Scott Myers): Myers demonstrou que a

motivação pode ser aumentada tornando-se o trabalho mais interessante e pessoalmente

compensador. Seus estudos enfatizam tanto a reestruturação do trabalho presente como

o desenvolvimento dos líderes. Para tornar o trabalho mais interessante e compensador

para o trabalhador, o líder deve:

Ajudar o trabalhador a fazer mais planejamento de trabalho;

Fazer mais o trabalhador participar mais das decisão de trabalho;

Dar feedback regular no desempenho;

Não intervir excessivamente;

Está disponível a ajudar;

Ser entusiasta a RESPEITO DA ORGANIZAÇÃO, DO TRABALHO E DAS

PESSOAS

O Indivíduo e o seu Processo de Comunicação

A comunicação é a principal e, talvez, a única ferramenta que o homem possui para

relacionar com os outros homens, e as relações humanas dependem exclusivamente dos

processos de comunicação entre as pessoas.

Comunicar é tornar comum uma mensagem por meio dos códigos verbais e não verbais.

À primeira vista, parece fácil, porém a comunicação eficiente entre as pessoas é tão difícil

quanto é importante o seu estabelecimento.

São elementos indispensáveis para a qualidade da comunicação humana:

Dar e receber o feedback;

Impedir que os ruídos externos e internos distorçam a mensagem;

Conter a própria hostilidade;

Prestar atenção às idéias;

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Usar o julgamento da razão e não o pessoal (dos valores);

Ouvir a mensagem completa;

Resistir às distrações;

Procurar entender o ponto de vista do outro;

Deixar de lado preconceitos e preferências.

Tipos de comunicação

Verbal: A palavra falada ou escrita; tem limitações.

Não verbal: Expressão facial, movimentação dos olhos, trajetos e movimentos da

cabeça; postura e movimentos do corpo; componentes não verbais da voz e da

aparência.

Nas relações interpessoais, tanto elementos verbais como não verbais são importantes

para que o processo se complete.

Um dos problemas no processo de comunicação é a tendência natural das pessoas de

julgarem as outras a partir de suas próprias referências e valores.

A empatia é a capacidade manifestada por uma pessoa de sentir o que sentia se

estivesse na situação da outra e constitui em elemento fundamental para a comunicação

entre as pessoas.

Relacionamento Sadio no Contexto do Trabalho

As pesquisas na área comportamental confirmam que a qualidade e a produtividade do

grupo de trabalho estão na qualidade de relacionamento de seus membros, manifestas

pela coesão, cooperação e harmonia no grupo. Essas maneiras de interagir com os

outros facilitam as operações conjuntas.

Para atingir este nível de relação nas organizações, é necessário desenvolver habilidades

especiais como:

Discernimento (bom senso): distinguir as partes de um todo; tomando decisões

com base na análise consciente dos fatos;

Empatia: significa colocar-se psicologicamente no lugar do outro;

Auto-estima: é a força viva que leva a um maior ou menor estado de motivação;

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Motivação: gostar de si mesmo e estar contente consigo mesmo;

Afetividade: é a aproximação entre pessoas quando demonstram mesmo valor e

natureza igualitária (interagir pela alegria e amizade)

Capacidade de pensar, agir e reagir: ser flexível adaptando-se as situações e

necessidades do meio.

Capacidade de negociar: para fazer o outro aderir as idéias, planos, objetivos e

crenças propostas por alguém no trabalho.

Aspectos Motivacionais da Liderança para o Desempenho Individual e Grupal

As organizações têm sido desafiadas a adaptar-se a um mundo novo, e a figura central

desse cenário são as pessoas . Neste contexto, a mudança de postura é um elemento

básico para reajustar-se à nova realidade, embora mudar nem sempre seja uma

experiência agradável. È um processo dinâmico que requer paciência, capacidade

analítica e persistência. Há resistência em mudar porque isso implica sair de uma área de

conforto e entrar em contato com as dificuldades pessoais. Mudar é a capacidade de

enfrentar os próprios medos, sejam eles infundados ou reais emprestados ou

desconhecidos.

Esses medos podem ser paternais, físicos, intelectuais, espirituais ou interpessoais, e

foram adquiridos ao longo da construção da história de vida de cada um. O importante

nesse contexto é conhecê-los e enfrentá-los.

O ser humano cresce a partir do momento em que opta sair da área de conforto e

conviver com as ameaças e as incertezas, tendo vontade em vista que a mudança é

inevitável e independente da própria vontade, mas o crescimento, a transformação neste

processo é opção pessoal.

Quando o indivíduo é autêntico em suas relações de trabalho encontra abrigo nas

verdadeiras equipes e líderes, há espaço para emergirem os mais genuínos sentimentos

humanos, como auto-afirmação, integração, racionalidade, intuição, lógica, emoção,

humanismo, razão e coração.

Como está o seu relacionamento com os pares na empresa onde você trabalha?

Acredito que boa parte das pessoas ainda convive com esse tipo de problema na

organização onde atua; seria injusto generalizar e falar que todas as empresas têm algum

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tipo de conflito interno, causado pelos indivíduos que interagem diariamente no ambiente

de trabalho, mas o fato é que no mundo empresarial eles existem e podem prejudicar o

desempenho da equipe, assim como os resultados esperados pelas empresas,

impactando inclusive no clima organizacional. Às vezes, os problemas de relacionamento

não são visíveis, ficam mascarados e embutidos intrinsecamente em cada um, onde só

podemos percebê-los por meio de ações, do comportamento e no modo de agir com os

outros membros da equipe.

A necessidade de trocar informações sobre o trabalho e de cooperar com a equipe

permite o relacionamento entre os indivíduos, o que acaba sendo imprescindível para a

organização, pois, as mesmas, valorizam cada vez mais tal capacidade; o relacionamento

interpessoal é, sem sombra de dúvida, um dos fatores que influenciam no dia-a-dia e no

desempenho de um grupo, cujo resultado depende de parcerias internas para obter

melhores ganhos. No ambiente organizacional é importante saber conviver com as

pessoas, até mesmo por ser um cenário muito dinâmico e que obriga uma intensa

interação com os outros, inclusive com as mudanças que ocorrem no entorno, seja de

processos, cultura ou até mesmo diante de troca de lideranças.

A contribuição dos pares e a forma que eles são tratados ajudam o colaborador atingir

suas metas e desenvolver suas atribuições de maneira eficaz. Para isso, é necessário

saber lidar com a diversidade existente na empresa, respeitando as diferenças e as

particularidades de cada um; com isso, é possível conquistar o apoio dos demais e fazer

um bom trabalho, afinal, ninguém trabalha sozinho.

O papel do gerente nesse processo é de extrema importância, pois é de sua

responsabilidade administrar os conflitos existentes entre as pessoas do time, e fazer com

que o clima interno seja agradável, permitindo um ambiente sinérgico e que prevaleça a

união e a cooperação entre todos. Essa forma de conduta está relacionada ao estilo de

gestão que se aplica e suas ações, e pode influenciar no desempenho dos liderados; este

gestor terá que dar o exemplo para os demais, saber como falar com seus colaboradores,

pois a maneira com que irá tratá-los poderá refletir no relacionamento entre a gerência x

colaborador e, conseqüentemente, nas metas e objetivos da empresa.

No entanto, sabemos que tem gente que não consegue lidar com pessoas adversas e

com opiniões diferentes da sua, e deixam se levar por uma impressão negativa sem ao

menos procurar compreendê-las e conhecê-las mais detalhadamente. Outro vilão que

pode prejudicar o relacionamento entre os membros de uma equipe é o mau humor; o

que faz com que essas pessoas (mal humoradas) criem uma espécie de escudo e fiquem

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isoladas das demais. Isso impede que seus colegas se aproximem para pedir algum tipo

de ajuda, ou até mesmo para bater um papo.

Essa dificuldade de relacionamento acaba impactando no desempenho de uma pessoa

em relação às tarefas que desenvolve na organização, pois ela irá evitar a sua exposição

e nem sempre poderá contar com alguém para auxiliá-la, e devido a isso acaba fazendo,

na maioria das vezes, seu trabalho de maneira individualizada. Deixa-se, também, de

ouvir opiniões diferentes e de compartilhar escolhas e alternativas com os demais, o que

pode causar certo risco dependendo da decisão tomada. Em outras palavras, o mau

humor certamente causará prejuízos ao trabalho em equipe e, por tabela, aos resultados

em geral.

Quando a empresa enfrenta problemas de relacionamento, a área de Recursos Humanos

junto à gerência tem a missão de sanar a dificuldade o quanto antes para não

comprometer o clima de trabalho. É necessário identificar as causas para minimizar o

efeito que este fator pode gerar, assim como sensibilizar os colaboradores para que eles

não deixem que essa variável prejudique o desenvolvimento das tarefas, pois os clientes

internos e externos podem não ser atendidos com prontidão e eficácia, resultando em

queda na qualidade do atendimento e na produtividade.

As divergências e as “brigas” internas podem ser resolvidas com um bom treinamento e

atividades grupais, procurando valorizar a integração e focar a importância de se ter um

excelente relacionamento com os membros da equipe. O gerente também terá que fazer

o seu papel, dando apoio, feedbacks e fazendo coaching com seus colaboradores,

evitando, assim, qualquer tipo de atrito que possa ocorrer futuramente no time. Contudo,

isso não depende somente do gestor: todos terão que estar envolvidos nesse processo.

Os funcionários também têm um papel importante para a construção de uma ambiente

saudável, pois depende de suas condutas e atitudes para acabar com problemas desse

tipo.

Para manter um clima agradável e sem manifestação de atritos, é necessário que as

pessoas deixem de agir de forma individualizada e passem a interagir como uma equipe,

promovendo relações amigáveis e fazendo com que cada um procure cooperar com o

outro, mas, para isso, é preciso que cada um faça a sua parte, pois se todos não

estiverem dispostos a contribuir, não iremos chegar a lugar algum. Pense nisso!

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AULA 01

INTRODUÇÃO: O que é Ergonomia?

Histórico e Fases da Ergonomia

Abrangência da Ergonomia

Desde os tempos do Homem das Cavernas, a Ergonomia já existia e era aplicada.

Quando se descobriu que uma pedra poderia ser afiada até ficar pontiaguda e

transformar-se numa lança ou num machado, ali estava se aplicando a

Ergonomia. Quando se posicionavam galhos ou troncos de árvores sob rochas ou

outros obstáculos, como alavanca, novamente ali estava a Ergonomia.

Portanto, a Ergonomia é a ciência aplicada a facilitar o trabalho executado pelo

homem, sendo que se interpreta aqui a palavra “trabalho” como algo muito

abrangente, em todos os ramos e áreas de atuação.

O nome Ergonomia deriva-se de duas palavras gregas: ERGOS (trabalho) e

NOMOS (leis, normas e regras). É uma ciência que pesquisa, estuda, desenvolve

e aplica regras e normas a fim de organizar o trabalho, tornando este último

compatível com as características físicas e psíquicas do ser humano.

CONCEITO IMPORTANTE:

A ERGONOMIA TEM POR OBJETIVO ADAPTAR TUDO COM

QUE O SER HUMANO SE RELACIONA ÀS

CARACTERÍSTICAS DO PRÓPRIO SER HUMANO, A FIM DE

PRESERVAR SUA SAÚDE FÍSICA, EMOCIONAL E PSÍQUICA.

Para que isto seja possível, uma infinidade de outras ciências são usadas pela

Ergonomia, para que o profissional que desenvolve projetos Ergonômicos obtenha os

conhecimentos necessários e suficientes e resolva uma série de problemas

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identificados num ambiente de trabalho, ou no modo como o trabalho é organizado e

executado.

Exemplos: FISIOLOGIA E ANATOMIA

ANTROPOMETRIA E BIOMECÂNICA

HIGIENE DO TRABALHO E TOXICOLOGIA

DOENÇAS OCUPACIONAIS

FÍSICA

Oficialmente, a Ergonomia nasceu em 1.949, derivada da 2ª Guerra Mundial. Durante a

guerra, centenas de aviões, tanques, submarinos e armas foram rapidamente

desenvolvidas, bem como sistemas de comunicação mais avançados e radares. Ocorre

que muitos destes equipamentos não estavam adaptados às características perceptivas

daqueles que os operavam, provocando erros, acidentes e mortes.

Como cada soldado ou piloto morto representava problemas seriíssimos para as Forças

Armadas, estudos e pesquisas foram iniciados por Engenheiros, Médicos e Cientistas,

a fim de que projetos fossem desenvolvidos para modificar comandos (alavancas,

botões, pedais) e painéis, além do campo visual das máquinas de guerra. Iniciava-se,

assim, a adaptação de tais equipamentos aos soldados que tinham que utilizá-los em

condições críticas, ou seja, em combate.

Após a guerra, diversos profissionais envolvidos em tais projetos reuniram-se na

Inglaterra, para trocar idéias sobre o assunto. Na mesma época, a Marinha e a Força

Aérea dos Estados Unidos montaram laboratórios de pesquisa de Ergonomia (lá

conhecida por Human Factors, ou Fatores Humanos), com os mesmos objetivos.

Posteriormente, com o Programa de Corrida Espacial e a Guerra Fria entre URSS e os

EUA, a Ergonomia ganha impressionante avanço junto à NASA. Com o enorme

desenvolvimento tecnológico divulgado por esta, a Ergonomia rapidamente se

disseminou pelas indústrias de toda a América do Norte e Europa.

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Assim, percebe-se uma PRIMEIRA FASE da Ergonomia, referente às dimensões de

objetos, ferramentas, painéis de controle dos postos de trabalho usados por operários.

O objetivo dos cientistas, nesta fase, concentrava-se mais ao redimensionamento dos

postos de trabalho, possibilitando um melhor alcance motor e visual aos trabalhadores.

Numa SEGUNDA FASE, a Ergonomia passa a ampliar sua área de atuação, e passa a

projetar postos de trabalho que isolam os trabalhadores do ambiente industrial

agressivo, seja por agentes físicos (calor, frio, ruído, etc.), seja pela intoxicação por

agentes químicos (vapores, gases, particulados sólidos, etc.).

Em uma fase mais recente (TERCEIRA FASE), à época da década de 80, a Ergonomia

passa a atuar em outro ramo científico, mais relacionado com o processo cognitivo do

ser humano, ou seja, estudando e elaborando sistemas de transmissão de informações

mais adequadas às capacidades mentais do homem, muito comuns junto à informática

e ao controle automático de processos industriais. Tal fase intensificou sua atuação

mais na região da Europa, disseminando-se a seguir pelo resto do mundo.

Por fim, na atualidade, pesquisas mais recente estão se desenvolvendo em relação à

PSICOPATOLOGIA DO TRABALHO e na ANÁLISE COLETIVA DO TRABALHO.

Especificamente a Escola Francesa de Ergonomia interessou-se por tais ciências e as

vem divulgando pelo mundo, inclusive no Brasil.

A primeira estuda as reações PSICOSSOMÁTICAS dos trabalhadores e seu sofrimento

frente às situações problemáticas da rotina do trabalho, principalmente levando em

consideração que muitas destas situações não são previstas pela empresa, e muito

menos aceitas por estas.

Já a Análise Coletiva do Trabalho estabeleceu um importante diálogo entre o

Ergonomista e grupos de trabalhadores, que passam a expressar livremente suas

críticas, idéias e sugestões relacionadas aos problemas que os fazem sofrer em seu

trabalho, sem pressões por parte das chefias, o que é essencial.

Com o objetivo de resumir o que estudamos até aqui, vejamos a tabela a seguir, na

qual podemos identificar as formas de atuação do Ergonomista e seus objetivos.

Lembramos, ainda, que o OBJETIVO PRINCIPAL do Ergonomista é o de ADEQUAR O

TRABALHO AO HOMEM, seja este trabalho de qualquer característica, em qualquer

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área de atuação. Portanto, qualquer agressão física ou psíquica deverá ser isolada ou

eliminada em relação ao trabalhador.

FASE ATUAÇÃO EXEMPLOS

1a DIMENSIONAL Botões, pedais, alavancas, painéis.

2a AMBIENTAL

Cabines, salas, galpões, divisões, iluminação,

ventilação, isolamento termo-acústico, cores

nas paredes e objetos, sinalização.

3a ORGANIZACIONAL

Horários, pausas para descanso,

relacionamento entre trabalhadores e chefia,

sono, rodízio em tarefas repetitivas,

treinamento, integração.

Como você pode observar a análise Ergonômica não é restrita, mas muito ampla e

evoluiu com o passar do tempo. Não apenas devem ser levados em consideração os

dados dimensionais do posto de trabalho e do ambiente à sua volta, mas também como

o trabalho é organizado pela empresa. Veja alguns dos fatores organizacionais que

devem ser observados:

- A relação que existe entre os diversos segmentos hierárquicos da empresa

(pois neles são tomadas decisões);

- O treinamento dos trabalhadores, preparando-os ao tipo de trabalho que

devem realizar ocasião na qual os detalhes de segurança são passados;

- A previsão de falhas que podem ocorrer no sistema produtivo (que

independem da atuação dos trabalhadores), mas que influenciam

diretamente na velocidade e ritmo dentro do qual o trabalho é realizado;

17

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18

- O dimensionamento da equipe de trabalhadores em função do número

previsto de produtos a serem produzidos, ou de serviços a serem

executados

18

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19

AULA 02

Noções Básicas de Anatomia e Fisiologia

Identificação das Limitações do Organismo Humano

Sabendo-se que a Ergonomia tem por objetivo adequar o trabalho às características

do homem, sejam físicas, sejam psíquicas, é necessário ter-se conhecimentos

mínimos de como nosso organismo funciona e quais são as limitações do nosso corpo,

para que se possam desenvolver projetos que correspondam a tais características.

Através de conhecimentos de Anatomia e Fisiologia, compreenderemos o porquê de

algumas das reações adversas no organismo humano.

- A Anatomia estuda a localização dos órgãos de nosso corpo, bem

como lhes dá uma terminologia adequada, conforme tal localização.

- Já a Fisiologia estuda como funcionam os órgãos e qual a relação de

interdependência de cada órgão com os sistemas que compõem o

organismo humano.

O Ergonomista possui conhecimentos mais voltados aos Sistemas Locomotores

(ossos, músculos, tendões, tecidos) e Sangüíneos (artérias, veias e capilares).

Sistema Locomotor

Subdividiremos o estudo de tal sistema em Esquelético e Músculo-Ligamentar. O

primeiro representa a estrutura de sustentação de todo o corpo, tanto como base à

movimentação, quanto para proteger órgãos vitais. O segundo possibilita justamente os

movimentos do corpo e a força aplicada nos diversos segmentos, bem como a

velocidade e precisão de tais movimentos.

Sistema Esquelético

A título de organização do estudo deste sistema, o mesmo pode ser dividido em três

partes fundamentais: Cabeça, Tronco e Membros, a saber:

19

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20

- a cabeça, na extremidade superior do esqueleto, sustentada pela coluna

vertebral;

- o tronco, na região central do corpo, abrangendo a coluna vertebral e as

costelas;

- os membros, superiores e inferiores, compreendendo, acima, os braços,

antebraços, punhos e mãos e, abaixo, as pernas e pés;

- as cinturas, escapular (acima) e pélvica (abaixo).

Das partes acima descritas, algumas merecem destaque para o estudo e aplicação da

Ergonomia, em função das posturas adotadas por nosso organismo, quando em

atividade.

1) COLUNA VERTEBRAL

A coluna vertebral é uma estrutura flexível composta por 33 vértebras, localizadas em

quatro regiões distintas, a saber, (de cima p/baixo): Região Cervical, Região Torácica

ou Dorsal, Região Lombar e Região Sacro-coccigeana. Também se verificam as

curvaturas que a coluna vertebral apresenta, quando vista lateralmente: A Lordose

Cervical, a Cifose Dorsal e a Lordose Lombar. Veja a Ilustração 1:

Ilustração 1:

CURVATURA - CERVICAL – LORDOSE

CURVATURA - DORSAL – CIFOSE

CURVATURA - LOMBAR – LORDOSE

CURVATURA - SACROCOCIGEANA

Entre as vértebras, observa-se uma articulação cartilaginosa, conhecida como DISCO

INTERVERTEBRAL. A Ilustração 2, representada por uma perspectiva, nos dá uma

20

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21

visão do disco sobre uma vértebra, subdividido em duas partes: um NÚCLEO

PULPOSO (N) e os ANÉIS FIBROSOS (A). A Ilustração 3 mostra a vértebra vista de

cima.

Ilustração 2 Ilustração 3

Uma das características da coluna vertebral é a sua grande mobilidade. As Ilustrações

4 e 5 demonstram esta característica, com a flexão da coluna (esquerda) e a flexão e

extensão específicas da região cervical:

Ilustração 4 Ilustração 5

21

N

A

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22

1.A) LIMITAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL

O amortecimento das pressões exercidas sobre cada vértebra, que forma o conjunto da

COLUNA VERTEBRAL, é desempenhado essencialmente pelos núcleos polpudos

(NP’s), que distribuem radialmente a pressão recebida. Veja a Ilustração 2, acima.

Isto equivale a dizer que o núcleo, que se encontra dentro dos anéis, tende sempre a

aumentar seu diâmetro quando recebe a carga de cima para baixo, fazendo pressão

sobre as paredes dos anéis que o envolvem, enquanto diminui de altura.

A B

A - Núcleo entre vértebras em situação de repouso

B - Núcleo entre vértebras em situação de carga incidindo sobre a coluna

Ocorre que o disco intervertebral apresenta uma degeneração natural que se acentua

a partir dos 20 anos de idade, época em que as artérias que alimentam a região da

coluna vertebral começam a se fechar, interrompendo a vaso-irrigação e sua

alimentação.

Assim, o disco passa a receber alimentação de líquidos nutrientes que se encontram na

região à sua volta, principalmente aqueles que permanecem no tecido esponjoso que

reveste as faces superiores e inferiores dos corpos vertebrais.

Contudo, claro está que quando a coluna recebe uma carga sobre o conjunto de

vértebras, o líquido é expulso da região na qual se encontra naturalmente, dada a

pressão ali concentrada. O comportamento é similar a uma esponja.

Tal fato é muito importante, vez que pressionada, a coluna vertebral não se alimenta

e que tal situação facilita ainda mais a degeneração dos discos intervertebrais. Sem

alimentação, a característica fibro-elástica destes tende a diminuir o que inicia um

PROCESSO DE ROMPIMENTO DAS PAREDES DOS ANÉIS QUE ENVOLVEM O NP,

22

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23

toda vez que este tenta se deslocar de sua origem. Na Ilustração 3, este rompimento é

visível.

Como já vimos à coluna é composta por 33 vértebras, cada uma apoiada sobre um

disco que está sobre a vértebra imediatamente abaixo. Esta característica possibilita a

todo o conjunto uma mobilidade extraordinária, dentro de limites impostos pela própria

estrutura anatômica de cada região da coluna.

A mobilidade do conjunto, entretanto, representa não apenas flexibilidade útil para

desenvolvê-lo de inúmeras tarefas efetuadas pelo ser humano, mas alguns riscos à

região da coluna vertebral, como agora observaremos.

Como se viu, os discos degeneram com o passar do tempo, perdendo a elasticidade

necessária. Com isto, a capacidade de amortecer pressões diminui e há uma tendência

do NP extravasar-se da região central que originalmente ocupa.

Tal situação é agravada ainda mais quando a coluna vertebral sai da posição em

que suas curvaturas naturais são alteradas (como quando nos abaixamos para

pegar algo que está no chão, mantendo as pernas eretas e a coluna “dobrada” – veja a

Ilustração 4). Nesta postura, os NP são arremessados para trás (região posterior do

corpo), pressionando os anéis desta região. Quanto mais esta postura se repete,

mais e mais os anéis são pressionados. A Ilustração 5 também serve para demonstrar

este princípio, pois se a cabeça ficar abaixada, as vértebras cervicais ficarão sob tal

condição.

1.B) DOENÇAS DA COLUNA

A. PROTUSÃO INTRADISCAL

A protusão intradiscal é um problema grave. Ocorre quando a postura

acima detalhada se repete com freqüência nas atividades rotineiras de um

trabalhador ou mesmo quando eventuais, mas nos indivíduos que já apresentam

degeneração nos discos intervertebrais.

23

Page 24: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

24

Caracteriza-se pelo fato do núcleo pulposo ser constantemente

empurrado para trás, rompendo os anéis fibrosos que o envolvem, um por um,

até chegar na região periférica do disco. Esta região passa a apresentar um

volume mais acentuado, pressionando um ligamento que corre de cima a baixo na

coluna, o Ligamento Posterior. Terminações nervosas aí localizadas provocam

fortes dores no indivíduo, acompanhadas de espasmos musculares. É possível

ver uma protusão na Ilustração 3, no lado direito do disco.

B. HÉRNIA DE DISCO

A hérnia de disco é um problema ainda mais grave que a protusão

intradiscal. Na hérnia, o NP, após ter rompido todos os anéis, consegue

extravasar-se de dentro do anel e sai do disco intervertebral, empurrando os

tecidos da região, pressionando-os (veja a Ilustração 6, abaixo). Esta lesão se

verifica mais na região lombar, principalmente quando o indivíduo flexiona o

tronco para erguer cargas (hérnia posterior) e quando o rotaciona lateralmente,

movimentando a carga da direita para a esquerda, por exemplo (hérnia póstero-

lateral). É possível ver uma hérnia pressionando uma terminação nervosa na

Ilustração 3, no lado esquerdo do disco.

Ilustração 6: Hérnia de disco póstero-lateral

Fibras do anel rompidas

Medula

NP vazado (hérnia)

24

Page 25: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

25

Revisando: a Ilustração 7 nos dá uma visão do progresso dos sinais clínicos, à medida

em que o trabalhador vai sofrendo uma protrusão, hérnia e a invasão do material do NP

na medula:

Ilustração 7: 0 – Disco saudável; 1 – Protrusão póstero lateral direita; 2 – Hérnia

póstero-lateral direita pressionando; 3 - Hérnias póstero-lateral direita invasiva a medula

C. BICO DE PAPAGAIO

É uma lesão derivada da hérnia de disco e muito mais grave. Caracteriza-se pela

formação de protuberâncias ósseas nas paredes externas do corpo da vértebra, mais

precisamente em locais onde há contato de um corpo de vértebra com outro, ocasião

em que os dois entram em atrito.

Este contato entre uma vértebra e a outra se dá pela ausência do Núcleo Pulposo no

disco intervertebral, já herniado (extravasado).

O tecido ósseo, quando submetido a pressões concentradas em determinados pontos,

inicia um processo de multiplicação de suas células, formando um CALO ÓSSEO. Tal

processo verifica-se como uma reação de defesa do tecido ósseo, mas traz o

25

Page 26: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

26

inconveniente de produzir, quando não controlada, a calcificação indesejada de

PROTUBERÂNCIAS (chamadas de osteófitos), resultando em problemas graves de

coluna.

Na vértebra, o tecido vai ficando mais denso na região central do corpo, empurrando os

tecidos vizinhos, até chegar à periferia do corpo, onde se formam as protuberâncias.

Veja a Ilustração 8, a seguir.

Um esclarecimento importante se faz presente: tanto a hérnia do disco quanto o bico de

papagaio, por poderem pressionar nervos, podem produzir dores que se estendem às

pernas, a chamada dor ciática (ver item D, a seguir).

Ilustração 8: Bico de papagaio (osteófito)

D. DOR CIÁTICA

É uma das conseqüências mais comuns dos problemas anteriores. A dor ciática se dá a

partir da pressão que o núcleo pulposo herniado ou o osteófito fazem sobre o conjunto

de raízes nervosas que formam o nervo ciático. Estas raízes saem do espaço existente

entre as vértebras L4 e L5 (ou seja, quarta vértebra lombar e quinta vértebra lombar) e

S1 (primeira vértebra sacral). Também pode surgir dor proveniente das raízes que

formam o nervo femoral, provenientes dos espaços entre L2 e L3. A Ilustração 9

permite uma visão destas duas situações:

26

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27

Ilustração 9: Raízes do nervo femoral/ Raízes do nervo ciático

2. ORIENTAÇÃO POSTURAL

Uma das obrigatoriedades estabelecidas pelo governo, por meio do Ministério do

Trabalho e Emprego, é a de que as empresas devem dar orientação postural aos

seus funcionários, para que evitem doenças de coluna. Tal obrigação está na NR 17 –

Ergonomia, conforme o item 17.2.3:

“17.2.3. Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de cargas,

que não as leves, deve receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos

métodos de trabalho que deverá utilizar com vistas a salvaguardar sua saúde e

prevenir acidentes”.

O Setor de Segurança do trabalho da empresa deve programar palestras orientativas

quanto a tal aspecto, informando aos trabalhadores os tipos de doenças que podem vir

a adquirir, caso não respeitem ao procedimento de levantamento de cargas com flexão

das pernas (correto), pois costumam fazer o contrário, ou seja, flexionam o tronco

(errado).

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28

 

ERRADO CERTO

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AULA 03

Noções Básicas de Anatomia e Fisiologia

Identificação das Limitações do Organismo Humano

3) MÚSCULOS

Os músculos são tecidos que se caracterizam por ampla flexibilidade, por contração e

alongamento de suas células, conhecidas por MIOFIBRILAS. Tais células são

especialistas em retirar energia química proveniente dos alimentos que ingerimos e

transportada pelo sangue, transformando-a em energia mecânica. O trabalho produzido

pelos músculos é possibilitado pela vaso-irrigação que lhes garante a devida

alimentação, mas dentro de determinadas condições.

Ilustração 1: Sistema Muscular

A contração dos músculos recebe duas classificações básicas:

Contração Isotônica ou DINÂMICA: o tamanho do músculo é alterado, mas não

há aumento de tensão em sua parte interna. Exemplo: Fletir o antebraço sobre o

braço.

Contração Isométrica ou ESTÁTICA: ocorre o contrário, ou seja, não é alterado

o tamanho do músculo, mas há um aumento de sua tensão interna. Exemplo:

Sustentar uma carga com a mão, enquanto o braço permanece estendido.

29

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30

Tal classificação é muito importante, pois as diferentes contrações implicam num

consumo variável de oxigênio pelo músculo.

Assim, a contração DINÂMICA implica em maior consumo de oxigênio, mas possibilita

um fluxo sangüíneo facilitado aos tecidos musculares, pois neste tipo de contração,

há períodos intercalados de contração e relaxamento dos músculos.

Já na contração ESTÁTICA, há um aumento de pressão muscular externa sobre as

artérias e vasos capilares, deixando-os parcial ou totalmente fechados, diminuindo

muito o fluxo sangüíneo, e sem que haja relaxamento durante a atividade. Cada

fibra muscular aperta a fibra vizinha, reduzindo, assim, o fluxo (veja a Ilustração 2).

Com esta diminuição do fluxo sangüíneo, a taxa de oxigênio nos tecidos cai e, ao

mesmo tempo, aumenta a taxa de ácido lático, que é responsável por dores

musculares. Dependendo do tempo de duração da contração, para realizar-se a

atividade, haverá também a presença de ESPASMOS MUSCULARES, que prejudicam

a precisão dos trabalhos.

Ilustração 2:

Outro detalhe muito importante relacionado à alimentação dos músculos, seja qualquer

a contração por eles apresentada, refere-se à CARGA HEMODINÂMICA, que é a

coluna a ser vencida pelo fluxo sangüíneo, quando um membro está elevado.

Um ótimo exemplo é o do braço estendido acima do nível da cabeça, abduzido sobre

o ombro, desenvolvendo alguma atividade (apertar parafusos com uma chave

combinada, muito comum para mecânicos embaixo de veículos). Com os braços

elevados, o fluxo de sangue encontra enorme dificuldade em subir até a

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extremidade (ponta das mãos), resultando em dormência no braço. Veja a Foto 01 –

Pintores abaixo de um ônibus:

Na Foto 01, que vimos acima, há várias situações que promovem seqüelas à saúde

dos pintores. Observe que eles trabalham com o braço acima da linha do ombro e que

o pescoço está em extensão.

A postura, sendo estática, faz com que os músculos fiquem tensos todo o tempo, pois

devem sustentar a cabeça na posição “para cima”. Com isto, acumula-se o ácido lático

nas fibras musculares, aparecendo rapidamente dor no pescoço. Como a postura é

mantida por muito tempo, pode surgir uma inflamação nos músculos envolvidos,

conhecida por miosite. Com os braços ocorre o mesmo.

4) TENDÕES

São feixes de fibras formadas de tecido conjuntivo, denso e modelado, vez que tais

fibras encontram-se orientadas em direções bem definidas, de modo a oferecer

resistência alta em relação às forças que atuam sobre o tecido. Os tendões são

estruturas anatômicas VISCO-ELÁSTICAS, ou seja, possuem certo grau de

elasticidade, mas este é inferior à elasticidade apresentada pelas fibras dos músculos,

31

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cuja capacidade de contração e expansão é muito maior, pois os músculos, como

acima vimos, são abastecidos por sangue, o que não se dá com os tendões.

Uma das características mais importantes dos tendões, em fisiologia, refere-se ao

TEMPO DE REPOUSO necessário para que o tecido que os forma consiga retornar ao

seu estado natural. Quando se sobrecarrega um tendão, solicitando-o em demasia, o

mesmo tende a sofrer lesões nas fibras do tecido conjuntivo, pois o limite de

elasticidade é facilmente ultrapassado.

Tal problema é grave na medida em que um tendão lesionado possui recuperação

bastante lenta, pois são estruturas que recebem alimentação indireta (se alimentam

de substâncias nutritivas presentes em tecidos vizinhos, este últimos, vasoirrigados).

Portanto, se compararmos a alimentação de um músculo com a de um tendão,

veremos que o primeiro, além de se alimentar muito bem, tem um ótimo sistema de

remoção de resíduos metabólicos, pois o sangue que volta ao coração carrega várias

impurezas.

Já o tendão, que não apresenta boa alimentação, também não tem um bom sistema de

remoção de resíduos, ou seja, se um músculo apresentar uma inflamação, a

recuperação será rápida (em dias) e se um tendão apresentar inflamação, a

recuperação levará meses.

Os tendões são responsáveis pela transmissão de forças atuantes nos músculos,

conferindo movimento aos segmentos corporais, pois servem de elemento de ligação

entre o corpo central do músculo e os ossos.

Determinados grupos musculares, como os que atuam nos membros superiores e

inferiores, possuem feixes de tendões que se movimentam dentro de bainhas (túneis),

conhecidas por BAINHAS SINOVIAIS. Veja a Ilustração 3:

32

Page 33: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

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Ilustração 3:

5) DOENÇAS ENVOLVENDO MÚSCULOS, TENDÕES E NERVOS - DORT

Dezenas de doenças podem acometer músculos, tendões e nervos dos membros

superiores e inferiores, bem como a região do pescoço. Até 1.998 eram conhecidas

como LER – Lesões por Esforços Repetitivos, mas tal designação era, de fato

errada, pois considerava, pelo nome, que as lesões seriam derivadas exclusivamente

do fato da pessoa desenvolver atividades repetitivas. O que se descobriu depois é que

existem muitos outros fatores que levam a tais tipos de lesões.

Assim, a partir da publicação da Ordem de Serviço 606 do MPAS, a designação foi

mudada para DORT – Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. Esta

designação, por sinal, indica que a lesão, para que seja reconhecida, deve ter nexo

ocupacional. Tal designação não impede, contudo, que o trabalhador, mesmo que sofra

fatores externos ao trabalho, como a prática de esportes (que também pode provocar

lesões), não tenha no ambiente de trabalho, situações em que também esteja sofrendo

riscos que levem ao desenvolvimento de lesões.

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CONCEITO: TRAUMAS OU LESÕES PROVOCADAS POR POSTURAS

INADEQUADAS E ESFORÇOS EXCESSIVOS SOBRE MÚSCULOS, TENDÕES E

NERVOS, QUE SE MANIFESTAM PRINCIPALMENTE NAS MÃOS, BRAÇOS,

OMBROS E PESCOÇO.

Quatro são os PRINCIPAIS FATORES DE RISCO que levam às lesões:

1 - POSTURA INADEQUADA (com ângulo-limite);

2 - FORÇA EXCESSIVA APLICADA NUMA REGIÃO DO CORPO;

3 - REPETITIVIDADE (fazer uma só coisa e muitas vezes);

4 - COMPRESSÃO DE TECIDOS NUM PONTO DO CORPO.

1 - POSTURA INADEQUADA (com ângulo-limite)

Diversas situações de trabalho implicam em posturas inadequadas, com desequilíbrio

do corpo ou de uma parte do corpo, principalmente nas articulações. Toda articulação

tem o que chamamos de ângulo neutro, ângulo de conforto e de ângulo-limite.

Vejamos a Ilustração 4, a seguir:

Ilustração 4

FLEXÃO NEUTRO EXTENSÃO

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Page 35: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

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DESVIO RADIAL NEUTRO DESVIO ULNAR

Nas ilustrações, vemos que as mãos que aparecem na coluna do meio, em “NEUTRO”,

não apresentam angulação em relação ao antebraço. Em “FLEXÃO” e em

“EXTENSÃO”, observamos que a mão chegou a um limite a partir do qual não

consegue mais prosseguir. Para o desvio “RADIAL” e “ULNAR”, acontece o mesmo. O

ângulo de conforto é um ângulo que se localiza entre o neutro e o limite.

Pois bem, estes limites determinam o que chamamos de “ângulo-limite” de uma

articulação e toda vez que isto acontece, os tendões da região ficam estrangulados

(contra estruturas ósseas da área) e passam a sofrer atrito. O resultado final disto é

uma inflamação, que pode limitar-se ao tendão, ou também atingir o tendão + a

bainha sinovial que o recobre.

Acrescente-se que a força muscular obtida de uma articulação diminui à medida em

que o aumenta-se o ângulo da mesma. Em ângulo neutro, a força é de 100%. Em

extensão, consegue-se apenas 75% de força na articulação do punho e, em flexão,

apenas 45%. Se houver contração muscular estática, a força no membro cai para

apenas 60%.

Quando é apenas o tendão que se inflama, temos a TENDINITE. Quando, além do

tendão, também se inflama a bainha sinovial, temos a TENOSSINOVITE. Veja a

Ilustração 5:

Bainha Sinovial

Tendão

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Um exemplo de tarefa executada com ângulo-limite é visto na Foto 02: um Torneiro

está dando acabamento em peças, usando uma lixa acoplada a um pedaço de madeira.

Observe que o cotovelo está acima da linha do ombro; a articulação do punho esquerda

está em desvio radial e o dedo polegar está totalmente abduzido, enquanto faz

pressão sobre a madeira. Esta postura pode resultar numa doença chamada Doença

de DeQuervain, inflamação nos dois tendões que correm numa única bainha sinovial

do polegar.

2 - FORÇA EXCESSIVA APLICADA NUMA REGIÃO DO CORPO

Para piorar, se a mão estiver aplicando força sobre uma ferramenta, por exemplo, ou

na torção de roupas, além de estrangularmos os tendões, estaremos fazendo muita

força, o que aumenta muito o consumo de oxigênio nos tecidos da região e também

pressiona tendões e nervos contra ossos (problema que já vimos na situação anterior).

O uso constante de ferramentas manuais, pneumáticas e/ou elétricas, como chaves-de-

fenda, raspadeiras, lixadeiras, rebitadeiras, leva ao mesmo resultado, com inflamação e

36

Page 37: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

37

dor da região. Na Foto 02, acima, vimos que o Torneiro fazia pressão com o polegar de

encontro à madeira.

3 - REPETITIVIDADE (fazer uma só coisa e muitas vezes)

Além das posturas inadequadas, temos um agravante: fazer isto durante muitas horas

e muitas vezes. Claro está que se os nervos, tendões e músculos ficarem

pressionados e estrangulados por horas a fio, pelo fato da pessoa fazer só uma coisa

o dia todo, o problema será agravado. Quando a repetitividade é um problema isolado,

a lesão também pode se manifestar (ou seja, sem postura inadequada e sem o uso da

força), mas isto é raro de acontecer, pois normalmente um posto de trabalho apresenta

de dois a quatro diferentes riscos para o aparecimento de DORT.

Para se saber se um posto de trabalho apresenta ou não repetitividade, basta saber se

um ciclo da tarefa é completado em até 30 segundos. Exemplo: os digitadores.

4 - COMPRESSÃO DE TECIDOS NUM PONTO DO CORPO

O exemplo da chave-de-fenda é muito bom, pois a palma da mão terá os tecidos

(tendões, músculos e nervos) da área onde o cabo da ferramenta fica pressionando

esmagados, sem circulação sangüínea. O uso de tesouras, gatilhos, travas, alicates

(como na Ilustração 6 abaixo), se prolongado por horas, resultará neste tipo de

problema. Observe que a ilustração demonstra que a articulação está em ângulo-limite.

Ilustração 6:

37

Page 38: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

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Além dos quatro principais fatores de risco, podem ser encontrados outros fatores que

tornam o aparecimento das lesões facilitado:

HORAS EXTRAS E DOBRAS DE TURNO - a exposição ocupacional aos fatores

críticos listados anteriormente é acentuada quanto maior for o tempo de

exposição a tais fatores. Se na jornada de trabalho normal já se verificam casos

de lesões, o que não dizer em relação a uma sobre jornada?

VIBRAÇÃO - diversas ferramentas de trabalho são pneumáticas, como

marteletes, esmerilhadeiras, entre outras. A vibração produzida quando do uso de

tais ferramentas acentua os outros fatores, principalmente se considerarmos a

dificuldade do fluxo sangüíneo naquela região localizada do corpo (a vibração

praticamente expulsa o sangue dos capilares por ela atingidos).

FRIO - ambientes com baixa temperatura aceleram o aparecimento das lesões em

função da VASOCONSTRIÇÃO periférica (o sangue se desloca da superfície do

corpo, em direção dos órgãos centrais, como o coração). Pouco irrigados, os

tecidos e músculos da periferia tendem a um estado de dor e tensão,

pressionando bainhas e tendões e estrangulando a passagem destes entre os

ossos.

TENSÃO PROVOCADA POR FATORES ORGANIZACIONAIS - a empresa pode

pressionar psicologicamente seus funcionários, aumentando o ritmo de trabalho,

eliminando pausas de repouso, diminuindo o número de funcionários numa seção,

restringindo o uso de sanitários, etc. Tais fatores aumentam o aparecimento de

dor no corpo das pessoas, por INSATISFAÇÃO, o que resulta na eliminação da

liberação de substâncias analgésicas naturais, encontradas no líquido encefálico.

A ausência de pausas, nas quais poderia ocorrer uma recuperação dos tecidos

mais solicitados no trabalho, acelera o processo de lesionamento de tais tecidos.

SEXO FEMININO - há uma predisposição de que as mulheres desenvolvam com

mais facilidade as lesões do que os homens (77% da população brasileira

38

Page 39: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

39

acometida por DORTs no Brasil é de mulheres). Tal característica está

relacionada à menor resistência verificada nos músculos, ligamentos e tendões do

organismo feminino, acrescida de alterações hormonais profundas (gravidez,

pílula, por exemplo) e também em função da sobre jornada cumprida em casa,

representada pelos afazeres domésticos (lavar e torcer roupas, esfregar pisos,

carregar crianças no colo, etc.).

6) DOENÇAS - FASES

Qualquer que seja o DORT que a pessoa venha a manifestar, sempre

apresentará quatro fases distintas, que demonstram a evolução (piora) do quadro

clínico:

FASE I - Nesta fase o portador da doença pode referir sensação de peso e

desconforto no membro afetado, dor espontânea  localizada nos membros

superiores ou cintura escapular, às vezes com pontadas que aparecem

esporadicamente durante a jornada  de trabalho e sem interferência com a

produtividade. Não há irradiação nítida de dor e a melhora ocorre com o repouso.

É em geral  leve e fugaz estando geralmente ausentes alguns sinais clínicos

característicos das afecções. O prognóstico é bom.

FASE II - a dor é em geral mais persistente e intensa e aparece durante a jornada

de trabalho de forma intermitente. É tolerável e permite o desempenho das

funções laborais, mas já com reconhecida redução de produtividade nos períodos

de  exacerbação. A dor torna-se mais localizada e pode estar acompanhada de

parestesia* e calor, além de leves distúrbios de  sensibilidade. Pode haver uma

irradiação definida, sendo a recuperação em geral mais demorada.

Ocasionalmente pode aparecer quadro doloroso fora do ambiente de trabalho,

durante atividades domésticas e ou sociais. O prognóstico é favorável.

FASE III - a dor torna-se persistente, mais forte e com irradiação mais definida. O

repouso em geral só atenua a intensidade da dor. São freqüentes a perda de força 39

Page 40: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

40

muscular e parestesias. Há sensível queda de produtividade e pode surgir

impossibilidade de exercer as funções laborais. Os sinais clínicos estão presentes,

com edema freqüente e hipertonia muscular constante. Ocorrem alterações de

sensibilidade e força. Aparecem quadros com comprometimento neurológico

compressivo. Neste estágio o retorno às atividades laborais é problemático. O

prognóstico é reservado.

FASE IV - a dor é forte, intensa e contínua, por vezes insuportável, levando o

paciente a intenso sofrimento. Os movimentos acentuam consideravelmente a dor, que

em geral se irradia por todo o membro afetado. A perda de força muscular e a perda

dos movimentos se fazem presentes. As atrofias**, principalmente dos dedos, são

comuns. A capacidade laboral é anulada e a invalidez se caracteriza. Neste estágio são

comuns alterações psicológicas com quadros de depressão, ansiedade e angústia.

* parestesia = sensações involuntárias manifestadas na pele, como queimação,

dormência, coceira.

** atrofia = os músculos definham, há perda de movimentos, a pele fica sem

elasticidade.

7) DOENÇAS - TIPOS

Diversos são os tipos de DORTs reconhecidos pelo governo federal. A partir da

publicação do Decreto 3.048, de 06 de maio de 1.999 (Regulamento da Previdência

Social), foi apresentada uma ampla lista de doenças relacionadas ao trabalho e, dentre

elas, diversos DORTs, como a seguir veremos:

DOENÇAS DO SISTEMA OSTEOMUSCULAR E DO TECIDO CONJUNTIVO,

RELACIONADAS COM O TRABALHO - (Grupo XIII da CID-10)

40

Page 41: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

41

DOENÇAS AGENTES ETIOLÓGICOS OU

FATORES DE RISCO DE

NATUREZA OCUPACIONAL

III - Outras Artroses (M19.-) Posições forçadas e gestos

repetitivos (Z57.8)

IV - Outros transtornos articulares não

classificados em outra parte: Dor Articular

(M25.5)

1. Posições forçadas e gestos

repetitivos (Z57.8)

2. Vibrações localizadas

(W43.-; Z57.7) (Quadro XXII)

V - Síndrome Cervicobraquial (M53.1) 1. Posições forçadas e gestos

repetitivos (Z57.8)

2. Vibrações localizadas

(W43.-; Z57.7) (Quadro XXII)

VI - Dorsalgia (M54.-): Cervicalgia (M54.2);

Ciática (M54.3); Lumbago com Ciática

(M54.4)

1. Posições forçadas e gestos

repetitivos (Z57.8)

2. Ritmo de trabalho penoso

(Z56.3)

3. Condições difíceis de

trabalho (Z56.5)

VII - Sinovites e Tenossinovites (M65.-): Dedo

em Gatilho (M65.3); Tenossinovite do

Estilóide Radial (De Quervain) (M65.4);

Outras Sinovites e Tenossinovites (M65.8);

Sinovites e Tenossinovites, não especificadas

(M65.9)

1. Posições forçadas e gestos

repetitivos (Z57.8)

2. Ritmo de trabalho penoso

(Z56.3)

3. Condições difíceis de

trabalho (Z56.5)

41

Page 42: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

42

VIII - Transtornos dos tecidos moles

relacionados com o uso, o uso excessivo e a

pressão, de origem ocupacional (M70.-):

Sinovite Crepitante Crônica da mão e do

punho (M70.0); Bursite da Mão (M70.1);

Bursite do Olécrano (M70.2); Outras Bursites

do Cotovelo (M70.3); Outras Bursites Pré-

rotulianas (M70.4); Outras Bursites do Joelho

(M70.5); Outros transtornos dos tecidos moles

relacionados com o uso, o uso excessivo e a

pressão (M70.8); Transtorno não especificado

dos tecidos moles, relacionados com o uso

excessivo e a pressão (M70.9)

1. Posições forçadas e gestos

repetitivos (Z57.8)

2. Ritmo de trabalho penoso

(Z56.3)

3. Condições difíceis de

trabalho (Z56.5)

IX - Fibromatose da Fascia Palmar:

"Contratura ou Moléstia de Dupuytren"

(M72.0)

1. Posições forçadas e gestos

repetitivos (Z57.8)

2. Vibrações localizadas

(W43.-; Z57.7) (Quadro XXII)

DOENÇAS AGENTES ETIOLÓGICOS OU

FATORES DE RISCO DE NATUREZA

OCUPACIONAL

42

Page 43: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

43

X - Lesões do Ombro (M75.-): Capsulite

Adesiva do Ombro (Ombro Congelado,

Periartrite do Ombro) (M75.0); Síndrome

do Manguito Rotatório ou Síndrome do

Supraespinhoso (M75.1); Tendinite

Bicipital (M75.2); Tendinite Calcificante

do Ombro (M75.3); Bursite do Ombro

(M75.5); Outras Lesões do Ombro

(M75.8); Lesões do Ombro, não

especificadas (M75.9)

1. Posições forçadas e gestos

repetitivos (Z57.8)

2. Ritmo de trabalho penoso (Z56)

3. Vibrações localizadas (W43.-;

Z57.7) (Quadro XXII)

XI - Outras entesopatias (M77.-):

Epicondilite Medial (M77.0); Epicondilite

lateral ("Cotovelo de Tenista"); Mialgia

(M79.1)

1. Posições forçadas e gestos

repetitivos (Z57.8)

2. Vibrações localizadas (W43.-;

Z57.7) (Quadro XXII)

XII - Outros transtornos especificados

dos tecidos moles (M79.8)

1. Posições forçadas e gestos

repetitivos (Z57.8)

2. Vibrações localizadas (W43.-;

Z57.7) (Quadro XXII)

XVIII - Doença de Kienböck do Adulto

(Osteo-condrose do Adulto do Semilunar

do Carpo) (M93.1) e outras

Osteocondro-patias especificadas

(M93.8)

Vibrações localizadas (W43.-; Z57.7)

(Quadro XXII)

DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO RELACIONADAS COM O TRABALHO -

(Grupo VI da CID-10)

43

Page 44: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

44

DOENÇAS AGENTES ETIOLÓGICOS OU

FATORES DE RISCO DE NATUREZA

OCUPACIONAL

VIII -Transtornos do plexo braquial

(Síndrome da Saída do Tórax,

Síndrome do Desfiladeiro Torácico)

(G54.0)

Posições forçadas e gestos repetitivos

(Z57.8)

IX - Mononeuropatias dos Membros

Superiores (G56.-): Síndrome do Túnel do

Carpo (G56.0); Outras Lesões do Nervo

Mediano: Síndrome do Pronador Redondo

(G56.1); Síndrome do Canal de Guyon

(G56.2); Lesão do Nervo Cubital (ulnar):

Síndrome do Túnel Cubital(G56.2); Lesão

do Nervo Radial (G56.3); Outras

Mononeuropatias dos Membros Superiores:

Compressão do Nervo Supra-escapular

(G56.8)

Posições forçadas e gestos repetitivos

(Z57.8)

X - Mononeuropatias do membro

inferior (G57.-): Lesão do Nervo

Poplíteo Lateral (G57.3)

Posições forçadas e gestos repetitivos

(Z57.8)

RELAÇÃO EXEMPLIFICATIVA ENTRE O TRABALHO E ALGUMAS

PATOLOGIAS

ORDEM DE SERVIÇO 606 DO MPAS - 05/08/98

44

Page 45: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

45

LESÕES

CAUSAS

OCUPACIONAISEXEMPLOS

Bursite do cotovelo

(olecraniana)

Compressão do cotovelo

contra superfícies duras.

Apoiar o cotovelo

em mesas.

Contratura de fáscia

palmar

Compressão palmar

associada à vibração.

Operar

compressores

pneumáticos

(marteletes).

Dedo em Gatilho (Veja

Prancha 01 – pg. 23)

Compressão palmar

associada à realização

de força.

Apertar alicates e

tesouras.

Epicondilites do Cotovelo

(Veja a Prancha 04 –

pg. 26)

Movimentos com

esforços estáticos e

preensão prolongada de

objetos, principalmente

com o punho

estabilizado em flexão

dorsal e nas

pronossupinações com

utilização de força.

Apertar parafusos,

desencapar fios,

tricotar, operar

motosserra.

Síndrome do Canal

Cubital*

Flexão extrema do

cotovelo com ombro

abduzido. Vibrações.

Apoiar cotovelo em

mesa.

RELAÇÃO EXEMPLIFICATIVA ENTRE O TRABALHO E ALGUMAS

PATOLOGIAS

ORDEM DE SERVIÇO 606 DO MPAS - 05/08/98

45

Page 46: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

46

LESÕES

CAUSAS

OCUPACIONAISEXEMPLOS

Síndrome do Canal de

Guyon

Compressão da borda

ulnar do punho.Carimbar.

Síndrome do

Desfiladeiro Toráxico

(Veja Prancha 05 –

pg. 27)

Compressão sobre o

ombro, flexão lateral do

pescoço, elevação do

braço.

Fazer trabalho

manual sob

veículos, trocar

lâmpadas, pintar

paredes, lavar

vidraças, apoiar

telefones entre o

ombro e a cabeça.

Síndrome do

Interósseo Anterior

Compressão da metade

distal do antebraço.

Carregar objetos

pesados apoiados

no antebraço.

Síndrome do Pronador

Redondo

Esforço manual do

antebraço em pronação.

Carregar pesos,

praticar musculação,

apertar parafusos.

Síndrome do Túnel do

Carpo (Veja Prancha

03 – pg. 25)

Movimentos repetitivos

de flexão, mas também

extensão com o punho,

principalmente se

acompanhados por

realização de força.

Digitar, fazer

montagens

industriais,

empacotar.

Tendinite da Porção

Longa do

Manutenção do

antebraço supinado e

fletido sobre o braço ou

Carregar pesos.

46

Page 47: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

47

Bícepsdo membro superior em

abdução.

Tendinite do Supra-

Espinhoso (Veja a

Prancha 04 – pg. 26)

Elevação com abdução

dos ombros associada à

força.

Carregar pesos

sobre o ombro, jogar

vôlei ou peteca.

Tenossinovite de

DeQuervain (Veja

Prancha 02 – pg. 24)

Estabilização do

polegar em pinça

seguida de rotação ou

desvio ulnar do carpo,

principalmente se

acompanhado de

realização de força.

Torcer roupas,

apertar botão com o

polegar.

Tenossinovite dos

extensores dos dedos

(Veja Prancha 02 –

pg. 24)

Fixação

antigravitacional do

punho.

Movimentos repetitivos

de flexão e extensão

dos dedos.

Digitar, operar

mouse. Empacotar.

* Síndrome do canal cubital: É a compressão do nervo ulnar ao nível do túnel

cubital. Quando o cotovelo progressivamente flexionado e o ombro abduzido, há

um aumento da pressão intraneural estimulando os flexores que estreitam o túnel

em aproximadamente 55%, achatando e alongando o nervo cubital em quase

5mm. Traumas agudos, processos degenerativos e infecciosos, anomalias

musculares, tumores de partes moles, seqüelas de fraturas, esforços de preensão

e flexão, ferramentas inadequadas e vibrações são as causas predisponentes

mais comuns. Mais uma vez, o diagnóstico é essencialmente clínico.

47

Page 48: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

48

8) PREVENÇÃO

Um programa de prevenção das Lesões por Esforços Repetitivos em uma empresa

inicia-se pela criteriosa identificação dos fatores de risco (descritos anteriormente)

presentes na situação de trabalho. A cada situação corresponde um conjunto de

medidas de controle específicas, evitando o surgimento e a progressão da doença.

A Norma Regulamentadora 17 do Ministério do Trabalho estabelece que compete ao

empregador realizar a Análise Ergonômica do Trabalho, para avaliar a adaptação

das condições laborais às características psicofisiológicas do trabalhador. As medidas

de controle a serem adotadas envolvem o dimensionamento adequado do posto de

trabalho, os equipamentos e as ferramentas, as condições ambientais e a organização

do trabalho.

No dimensionamento do posto de trabalho, deve-se avaliar as exigências a que está

submetido o trabalhador (visuais, articulares, circulatórias, antropométricas, etc.) e as

exigências que estão relacionadas com a tarefa, ao material e à organização da

empresa. Por exemplo, deve-se adequar o mobiliário e os equipamentos de modo a

reduzir a intensidade dos esforços aplicados e corrigir posturas desfavoráveis,

valorizando a alternância postural (flexibilidade).

Sabe-se que os confortos térmico, visual e acústico favorecem a adoção de gestos de

ação, observação e comunicação, garantindo o cumprimento da atividade com menor

desgaste físico e mental, e maior eficiência e segurança para os trabalhadores.

Veremos em detalhes a abordagem postural dos trabalhadores na Aula 4.

Quanto à organização do trabalho, deve-se permitir que o trabalhador possa agir

individual e coletivamente sobre o conteúdo do trabalho, a divisão das tarefas, a divisão

dos homens e as relações que mantêm entre si. A divisão das tarefas vai do seu

conteúdo ao modo operatório e ao que é prescrito pela organização do trabalho.

A Norma Regulamentadora 17 estabelece que nas atividades que exijam sobrecarga

muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e

inferiores, a partir da análise ergonômica do trabalho, deve ser observado o seguinte:

48

Page 49: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

49

a) todo sistema de avaliação de desempenho para efeito de remuneração e

vantagens de qualquer espécie deve levar em consideração as repercussões

sobre a saúde dos trabalhadores;

b) devem ser incluídas pausas de descanso.

O resultado do programa de prevenção depende da participação e compromisso dos

diferentes profissionais da empresa: trabalhadores, supervisores, cipeiros, engenheiros

e técnicos de segurança do trabalho, médico do trabalho, gerentes e diretores.

Os dois programas obrigatórios previstos desde 1.994 pelo MTE também devem estar

integrados à Análise Ergonômica do Trabalho: o PCMSO (exames médicos) e o

PPRA (identificação de riscos, adoção de medidas de controle). A Nota Técnica 060/01

do MTE deverá ser consultada em conjunto com a NR 17 (estes dois diplomas legais se

encontram no final da apostila).

PEQUENO GLOSSÁRIO:

Compressão do nervo mediano – Inflamação que envolve músculos e tendões

contíguos ao nervo mediano, que passa a ser pressionado.

Epicondilite medial – Inflamação de fáscias, tecidos sinoviais e tendões na

região dos músculos flexores do carpo (punho) no cotovelo.

Epicondilite lateral – Inflamação de fáscias, tecidos sinoviais e tendões na

região dos músculos extensores do carpo (punho) no cotovelo.

Pronação – Posição na qual o antebraço

permanece na posição horizontal, com a palma da

mão voltada para baixo. Os dedos podem estar

abertos ou fechados. Ver ilustração ao lado "b".

49

Page 50: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

50

Síndrome do Pronador Redondo – ocorre pela

compressão do nervo mediano abaixo da prega do

cotovelo, com dor na região proximal do antebraço e

nos três primeiros dedos.

Sinovite – Inflamação de tecidos sinoviais.

Supinação - Posição na qual o antebraço

permanece na posição horizontal, com a palma da

mão voltada para cima. Os dedos podem estar

abertos ou fechados. Ver ilustração ao lado "a".

TENOSSINOVITE DOS EXTENSORES DOS DEDOS (B)

1. Retináculo da articulação do carpo 2. Bainhas sinoviais dos tendões extensores

3. Tendão abdutor do polegar 4. Tendão extensor do polegar

5. Tendões extensores dos dedos

50

Page 51: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

51

PRANCHA 03: SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO

1. Nervo Mediano 2. Retináculo da articulação do carpo

PRANCHA 04: TENDINITE DO MÚSCULO SUPRA-ESPINHOSO (A)

EPICONDILITE (B)

1. Tendão do músculo supra-espinhoso; 2. Epicôndilo lateral;

3. Epicôndilo medial.

51

Page 52: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

52

PRANCHA 05: SÍNDROME DO DESFILADEIRO TORÁXICO

1. tendões do desfiladeiro; 2. clavícula; 3. artéria; 4. veia.

52

Page 53: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

53

AULA 04

Análise Postural do Corpo Humano

CONCEITO:

A POSTURA DO CORPO É COMPREENDIDA

COMO O ARRANJO RELATIVO ENTRE AS

PARTES QUE COMPÕEM ESTE CORPO.

A BOA POSTURA é aquela que se caracteriza pelo EQUILÍBRIO entre os

diversos segmentos corporais estruturais (ossos e músculos, de modo geral),

protegendo o organismo contra agressões e deformidades. Na BOA postura,

portanto, as estruturas orgânicas desempenham suas funções de modo eficiente.

Por conclusão, a MÁ POSTURA pode ser conceituada como aquela em que há

DESEQUILÍBRIO entre aquelas partes do corpo e também na qual o

relacionamento entre as estruturas é ineficiente, induzindo o organismo à

agressões e lesões diversas, localizadas ou generalizadas.

FATORES QUE INFLUEM NA ADOÇÃO DE POSTURAS

As posturas são intercaladas por gestos, que são adotados para a realização de

tarefas. Mas é preciso analisar POR QUE os gestos são adotados pelo trabalhador,

levando-o à adoção desta ou daquela postura. Vários são os FATORES que influem e,

até mesmo obrigam o trabalhador à adoção de POSTURAS INADEQUADAS, levando

seu organismo a agressões e lesões diversas.

- Fatores relacionados à Natureza da Tarefa

Dependendo do tipo de tarefa, esta é mais voltada à atividade mental ou à atividade

física. Cada atividade implicará na adoção de posturas que correspondem à natureza.

53

Page 54: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

54

Exemplos:

A- Um operador de painel que trabalha numa sala de controle de uma fábrica,

sentado, observando dezenas de mostradores, controlando variáveis de um

processo industrial. A atividade é de natureza mental.

B- Um desenhista que está trabalhando em uma prancheta, executando um

desenho técnico com instrumentos (esquadros, compasso, etc.). A atividade é de

natureza mental, mas implica também em esforços físicos.

C- Um estivador que trabalha junto a uma correia transportadora de sacos de

café, no cais do porto. Seu trabalho implica em permanente movimentação e

esforço físico.

- Fatores Físicos Ambientais

Compreendem aqueles relacionados ao ruído, calor, frio, iluminamento do posto de

trabalho, no qual está o trabalhador. As pessoas nem percebem, mas estes são alguns

fatores que implicam na adoção de posturas. Exemplos a seguir:

A- Um metalúrgico controla a qualidade de peças produzidas numa linha de montagem

e sua movimentação nesta linha, observando tais peças através de uma pequena

abertura existente num tapume que serve de proteção. O tapume não foi previsto

originalmente para a linha de produção, mas o próprio metalúrgico o colocou defronte

à linha, pois as peças que por ali passam ainda estão incandescentes, irradiando calor

em excesso, que não é suportado pelo organismo humano. O trabalhador acabou

inclinando a cabeça até a altura da abertura existente no tapume, a fim de obter um

ângulo de visão das peças.

B- Um digitador trabalha sentado defronte à uma janela. A claridade vinda de fora

lhe provoca ofuscamento e fadiga visual. O digitador procura desviar o olhar,

mantendo a cervical rígida, para que o monitor de vídeo encubra o clarão da janela.

Veja a Foto 01:

54

Page 55: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

55

Foto 01: janela atrás do micro produz ofuscamento (agente físico - iluminamento)

- Fatores Dimensionais

Os fatores dimensionais de um posto de trabalho são os que MAIS INFLUENCIAM na

adoção de posturas e gestos dos trabalhadores. Referem-se ao tamanho e à

localização de alavancas, botões, pedais, teclados, volantes, tampos de mesas e

bancadas, comandos de máquinas e equipamentos. Também a presença de

estruturas, degraus, passagens, influenciam na postura adotada. Exemplos a seguir:

Ilustração 1: Operária trabalha em prensa: Banqueta permite que o joelho bata no

painel.Tampa de proteção faz cotovelo ficar na altura do ombro. O encosto não está

sendo usado = tensão muscular na região lombar.

55

Page 56: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

56

Foto 02: Bancada de trabalho para estanhar contatos eletromecânicos: O operário

flexiona toda a coluna para obter alcance dos contatos, pois a bancada é muito baixa

(Estatura do operário = 1,90 m).

- Fatores Temporais

São de grande importância, derivados de atividades desenvolvidas sob pressão de

tempo, em função da tensão nervosa à qual o trabalhador se expõe.

Vamos imaginar a situação de uma operária numa linha de montagem com esteira: O

controle da velocidade da esteira rolante que corre junto às bancadas de trabalho não é

da operária, sujeitando-a à velocidade imposta por sua chefia. Ela sabe muito bem

que se a velocidade é aumentada na linha de montagem, um “recado” está sendo

enviado à todas as operárias: “TRABALHEM MAIS RÁPIDO”.

Tal situação às leva muitas vezes a um descontrole emocional, pois estão sendo

pressionadas a aumentar o ritmo de trabalho. Esta situação costuma fazer com que a

concentração mental das trabalhadoras aumente muito, implicando-as a APROXIMAR

O TRONCO E A CABEÇA AO PLANO DE TRABALHO DA BANCADA, ALTERANDO

A POSTURA. É uma tentativa de se ficar “mais perto do trabalho”.

56

Page 57: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

57

O TRABALHO NA POSTURA SENTADA - CONCEITOS A SEREM RESPEITADOS:

1) O ASSENTO:

o Superfície macia, com revestimento em espuma;

o Forração lisa, perfurada;

o Borda frontal arredondada;

o Altura regulável;

o Giratório (sempre que possível).

2) O ENCOSTO:

o Altura regulável;

o Inclinável, conforme movimentos do tronco;

o Definição da inclinação (+ ou - ereto, com trava);

o Superfície macia, com revestimento em espuma;

o Forração lisa, perfurada;

o Espaço livre para a região sacrococigeana.

3) A BASE:

o Pés fixos para recepções, salas de aula comuns e auditórios;

o Pés com rodízios para trabalho de escritório e atendimento a público;

o Número de rodízios: cinco (menos que isto, pode desequilibrar e

tombar);

o Estrutura em aço com revestimento em tinta epóxi eletrodepositada;

o Mecanismos macios, sem trancos nas travas.

CONCEITO IMPORTANTÍSSIMO:

Nunca projetar um posto de trabalho levando em conta APENAS o

assento (cadeira, banqueta, etc.). É importante considerar o assento e a SUPERFÍCIE

DE TRABALHO com a qual o assento está relacionado.

57

Page 58: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

58

VEJA A ILUSTRAÇÃO 2 A SEGUIR, E PERCEBA A IMPORTÂNCIA DESTE

CONCEITO:

A – Tampo de bancada muito alto, ou

cadeira muito baixa. A postura corporal fica

forçada, com braços e ombros elevados e

ângulo do joelho acima da linha das

nádegas.

B - Tampo de bancada e assento da

cadeira na relação adequada, mas se

observa a ausência do APOIO PARA OS

PÉS, que estão apenas tocando levemente

o piso. Esta condição inicia um processo

de má circulação sangüínea nas pernas,

causando dormência e dores. Os pés

devem estar com toda a sola “plantada” no

piso.

C – Cadeira muito alta, mantendo uma boa

relação entre ombros e braços e a altura da

bancada, mas oferecendo uma péssima

condição para as pernas, pois os pés estão

“flutuando” no espaço. A ausência do

APOIO PARA OS PÉS é mais do que

evidente, provocando esmagamento da

parte inferior das nádegas e coxas,

pressão excessiva na dobra inferior do

joelho e falta de circulação sangüínea até

os pés.

58

Page 59: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

59

MUITO IMPORTANTE:

DE NADA ADIANTARIA ESPECIFICAR UMA CADEIRA COM TODAS AS

REGULAGENS, CONFORTÁVEL, MAS NÃO OFERECER O APOIO PARA OS

PÉS.

Outra importante consideração refere-se ao assento muito macio, QUE NÃO

OFERECE QUASE NENHUMA RESISTÊNCIA. Ocorre que a face posterior das

coxas, quando encontra-se totalmente apoiada no assento, terá um lento, mas

progressivo esmagamento de tecidos superficiais daquela região, com pressão exercida

sobre os vasos capilares. Tal pressão dificultará a circulação sangüínea e os pés em

breve ficarão “formigando”, mesmo que apoiados.

Também é importante relatar o que acontece com o assento duro: Vejamos, como

exemplo, o que ocorre com a cadeira de madeira. A superfície, não sendo revestida,

produz uma concentração de pressão sobre a parte inferior da cintura pélvica, sobre

duas tuberosidades localizadas na base da bacia. É que todo o peso do corpo que se

encontra acima da bacia é concentrado nesta região, apenas sobre dois pontos,

sem que haja uma distribuição da carga sobre uma superfície uniforme e mais ampla.

Ilustração 3:

59

VISTA LATERAL

TUBEROSIDADES

Page 60: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

60

Portanto, o assento da cadeira não deve ser constituído apenas com uma tábua de

madeira, nem receber um revestimento tipo “almofada de sofá”.

O ideal é que a estrutura do assento seja em prancha de madeira moldada e revestida

de espuma com uns 05 centímetros de espessura. A borda frontal deve ser

arredondada. O dimensionamento das cadeiras deve, desde 1997, respeitar ao

conteúdo da NBR 13962, da ABNT. O apoio para os pés está previsto na NBR 13965,

que trata de mobiliário para informática. O item que o especifica é o 4.2.1 apóia-pés.

Agora, vamos abordar um outro assunto importante: OS ALCANCES. Veremos o

ALCANCE MOTOR e o ALCANCE VISUAL e como os dois se relacionam.

O ALCANCE MOTOR relaciona-se a tudo aquilo que precisamos

alcançar com as mãos ou com os pés (alavancas, botões, chaves,

objetos, peças, pedais, etc.).

O ALCANCE VISUAL relaciona-se a tudo que devemos ver e que

conseguimos interpretar (visores, mostradores, telas, teclados,

painéis, trajetórias, etc.).

Os dois alcances estão diretamente relacionados, SÃO INSEPARÁVEIS EM ANÁLISE

ERGONÔMICA. A POSTURA CORPORAL é determinada, muitas vezes, em função da

dificuldade de um dos dois alcances. Ou dos dois!

Vejamos um exemplo, o do antigo caixa de banco, pelas Fotos 03 e 04:

60

Page 61: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

61

Repare que o caixa de banco costumava trabalhar muito de pé, mesmo tendo à sua

disposição uma banqueta. É que a superfície de trabalho do caixa não se limitava a um

balcão, mas possuía uma gaveta de grandes proporções, que, para ser aberta, invadia

o espaço ocupado pelo tronco do funcionário, na área do abdômen, caso este ficasse

sentado na banqueta.

Para ficar sentado, o caixa devia posicionar a banqueta longe do balcão, para dar

espaço à gaveta que era aberta constantemente. Se ficasse afastado, não alcançava o

topo do vidro que estava no fundo e acima do balcão. Assim, preferia ficar de pé,

postura na qual obtinha maior mobilidade em relação ao posto de trabalho.

Neste exemplo, vimos que há alcance visual, mas o alcance motor é prejudicado.

Outro fator que chama a atenção na postura é que a funcionária improvisou um “apoio

para os pés” original: um cesto de lixo. Isto se dá pelo fato do aro circular que está na

banqueta não atender às suas necessidades posturais, pois o aro limita o apoio apenas

a uma posição. Se a pessoa quer colocar os pés para a frente, não pode (ficariam no

ar...). Assim, o cesto de lixo virou apoio para os pés...

ÁREAS DE ALCANCE

Já que estamos abordando este importante tema, vejamos a Ilustração 4 na página

seguinte, para compreendermos quais as áreas de alcance numa superfície de

trabalho.

Observando a Ilustração 4 veja que os braços fazem movimentos circulares. Portanto,

tudo aquilo que devemos alcançar com as mãos precisa estar dentro de um envoltório

de alcance que também mantenha a disposição CIRCULAR.

Assim, só são aceitas as disposições em formato de semi-círculo e aquilo que mais

utilizamos deve ficar numa área mais próxima e bem à frente do usuário (alcance

motor com o antebraço = área de alcance ótimo). Já aquilo que não usamos tanto,

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com freqüência menor, deve estar um pouco mais longe, com alcance motor de “braço

inteiro” = área de alcance máximo.

Ilustração 4: área de alcance ótimo (ante-braço) e máximo (braço inteiro).

MUITO IMPORTANTE:

A ERGONOMIA ACEITA ALGUMAS SITUAÇÕES EM QUE DISPOSITIVOS QUE

DEVEM SER ALCANÇADOS MANUALMENTE ESTEJAM FORA DA ÁREA DE

ALCANCE MÁXIMO, DESDE QUE NÃO SEJAM QUASE USADOS = USO

EVENTUAL.

CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS NA ANÁLISE POSTURAL

ERGONÔMICA:

- Os alcances não são os únicos fatores a serem observados quando se

analisa um posto de trabalho. Pode-se ter um posto com área de alcance

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ótimo, mas com a articulação do punho em ângulo-limite, o que pode

desencadear DORT;

- Igualmente pode-se ter alcance ótimo para as mãos, mas a cervical pode

estar numa péssima posição, com a cabeça flexionada, prejudicando a

circulação sangüínea nos músculos cervicais, levando à dor;

- Outros fatores podem estar presentes, mesmo que o alcance seja ótimo:

um exemplo é o trabalho feito em tampos de mesa, bancada, prancheta,

etc. que apresentam quinas vivas. Tais quinas estrangulam tendões do

ante-braço, além de prejudicar a circulação sangüínea;

- O alcance visual não se equivale ao alcance motor, quando se trata da

distância muito próxima de um objeto em relação aos olhos. Quanto mais

se aproximar um objeto dos olhos, mais difícil será o seu foco (chama-se

“mecanismo de acomodação”). Uma distância mínima de 40 cm é

recomendada para que a pessoa não desenvolva fadiga visual nos

músculos que controlam este mecanismo. Tais músculos precisam apertar

o cristalino, uma lente que está atrás da íris, que é a responsável pelo foco.

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64

AULA

05

Antropometria

CONCEITO

É a ciência relacionada às DIMENSÕES DO CORPO HUMANO E A RELAÇÃO QUE

EXISTE ENTRE OS DIVERSOS SEGMENTOS CORPORAIS (ângulos entre os

segmentos das articulações). As dimensões antropométricas estão diretamente

envolvidas com ALCANCES MOTORES e POSTURAS de um indivíduo.

OBJETIVOS DA ANTROPOMETRIA

- Para que as dimensões dos segmentos corporais e dos ângulos entre estes

segmentos são levantadas?

- Por que é importante conhecer as diferenças dimensionais existentes entre

uma população?

Vamos responder a tais questões fazendo uso, inicialmente, de um exemplo. Vamos

supor que numa linha de produção, com 100 postos de trabalho, encontramos

operários e operárias. As bancadas de trabalho são fixas (sempre a mesma altura,

sempre a mesma profundidade, etc.) e as cadeiras usadas são do mesmo fabricante,

todas iguais.

A população de trabalhadores, contudo, é DIFERENTE. Um homem de 25 anos de

idade, 1,85 de altura e 90 quilos de peso trabalha ao lado de uma mulher com 40 anos

de idade, 1,52 de altura e 54 quilos de peso. Os dois devem trabalhar sentados,

alcançar os mesmos objetos e montá-los. Depois, devem colocar o objeto já

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montado numa única esteira que passa acima da bancada, numa altura padronizada

em toda a linha de montagem.

Observando-se as duas pessoas trabalhando, podemos observar vários problemas e

diferenças:

1- enquanto o homem não apresenta a menor dificuldade em alcançar o fundo da

bancada, onde se localizam algumas peças em caixas plásticas, a mulher

necessita debruçar o tronco à frente, esticando o braço para atingir tal região;

2- o homem apoia facilmente os pés no piso da área. A mulher, para conseguir tal

postura, senta na ponta da cadeira, afastando a região lombar do encosto;

3- para colocar uma peça na esteira rolante, o homem levanta levemente o

antebraço e alcança a esteira. Para fazer o mesmo, a mulher tem que esticar

todo o braço;

4- ao levantar da cadeira, o homem necessita de cuidados, pois pode bater a

cabeça numa estrutura de tubulações e bandejas elétricas existentes na área.

Com a mulher isto não acontece;

5- o espaço existente abaixo do tampo da bancada é apertado para as pernas do

homem, cujos joelhos esbarram numa cantoneira. Isto, contudo, não ocorre

com a mulher;

6- a largura do assento da cadeira, usada pelo homem, possui dimensões

adequadas. A mulher, quando sentada, sente que a borda lateral do assento

pressiona a face posterior das coxas e nádegas, o que lhe dá uma sensação

de “aperto”.

Obviamente os exemplos continuariam. Contudo, já esclarecem um fator dimensional

importantíssimo relacionado ao posto de trabalho: Os componentes do posto (cadeira,

bancada, prateleiras, piso, teto, etc.) são FIXOS e isto é traduzido por uma

INADEQUAÇÃO em relação às dimensões corporais dos trabalhadores, pois estas

últimas VARIAM de trabalhador para trabalhador.

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Page 66: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

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Portanto, podemos concluir nossa linha de raciocínio, afirmando o seguinte:

A ANTROPOMETRIA estuda as dimensões do corpo humano e as diferenças

dimensionais apresentadas por uma população de trabalhadores, a fim de projetar

POSTOS DE TRABALHO que atendam às necessidades posturais de PELO MENOS

90% da população estudada.

E estes os postos, para que atendam às necessidades posturais TANTO dos HOMENS,

QUANTO das MULHERES, precisam de FLEXIBILIDADE em seus componentes. Esta

característica é que atenderá cada necessidade postural do indivíduo, segundo suas

dimensões corporais.

Vejamos a situação da mulher, exemplificada acima.

Quando a área de produção foi projetada, não se LEVOU EM CONSIDERAÇÃO que a

POPULAÇÃO DE TRABALHADORES apresenta DIMENSÕES CORPORAIS

DIFERENTES, pois não existe um OPERÁRIO PADRÃO. Podemos considerar, por

exemplo, que todos que trabalham na linha de montagem têm 1,75 de altura? Claro

que não, e é isto que verifica-se com a operária do exemplo anterior. Veja:

1- a cadeira não possui regulagens da altura de assento. Uma altura

padronizada foi fixada, como se o tamanho das pernas de TODOS OS

OPERÁRIOS fosse IGUAL. Assim, a operária, que tem pernas pequenas,

se vê numa situação difícil, pois a cadeira que usa foi especificada para ser

usada por um HOMEM de 1,75 de altura;

2- o encosto da cadeira torna-se inútil, pois a operária sente a necessidade

de apoiar os pés no piso da área, para que tenha uma movimentação mais

facilitada de seu corpo. Contudo, para apoiar os pés, a operária tem que

posicionar a cintura pélvica mais á frente, AFASTANDO A REGIÃO

LOMBAR DO ENCOSTO, que passa a NÃO SER USADO (perceba, o

encosto é, agora, INÚTIL);

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Page 67: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

67

3- o braço é esticado por que quando a esteira ia ser implantada na área, um

HOMEM foi sentado na cadeira e pediram para que ele levantasse o

antebraço até uma altura aparentemente confortável, o que realmente

ocorreu. O HOMEM achou que estava ótimo e a esteira foi ali posicionada,

mas ninguém perguntou a alguma MULHER se o alcance era compatível

com as suas dimensões.

Mas será que apenas esta diferença influencia o arranjo dimensional dos postos de

trabalho? Não, pois há outros fatores a serem considerados:

- a idade do trabalhador. Quanto mais idoso, menos mobilidade terá o corpo do

indivíduo, pela própria degeneração que se verifica nos tecidos, articulações e na

própria coluna vertebral;

- a região onde nasceu o trabalhador. Compare um homem nascido no Sul do

país com aquele que nasceu no Nordeste e as diferenças antropométricas ficarão

bastante acentuadas;

- o poder aquisitivo do trabalhador. Quanto mais pobre, pior a alimentação e, por

conseqüência da subnutrição, alterações nas dimensões corporais são

verificadas;

- a roupa usada no desenvolver dos trabalhos e os EPI’s (Equipamentos de

Proteção Individual). Um capacete altera a estatura do trabalhador. Uma luva

dificulta os movimentos de precisão, pois diminui o tato, sem falar que o diâmetro

do dedo aumenta.

O POSTO DE TRABALHO FLEXÍVEL

Uma cadeira ergonômica é um bom exemplo de posto de trabalho flexível, pois

apresenta regulagens de altura, de inclinação, o assento é giratório, locomove-se sobre

rodízios, facilitando a movimentação da pessoa que está sentada.

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Page 68: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

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Contudo, certos equipamentos de grande porte impossibilitam a colocação de

plataformas ou superfícies de trabalho com regulagens individuais, como os grandes

painéis de controle. As próprias bancadas de trabalho onde correm linhas de

montagem, com dezenas de metros de comprimento, tornariam a produção

entrecortada e dificultada, caso cada trabalhador alterasse a altura e a profundidade do

tampo, conforme sua vontade.

Entretanto, sabe-se que uma única medida padronizada resulta na inadequação

postural de inúmeros trabalhadores. O que fazer nestas situações?

Geralmente quando o projetista (engenheiro ou arquiteto) se defronta com tal realidade,

opta por levantar a MÉDIA das dimensões antropométricas da população de

trabalhadores, iludindo-se por um conceito muito difundido, ou seja: se adotar as

medidas da MÉDIA, atenderá a maioria dos trabalhadores, o que resulta em GRAVE

ERRO PROJETUAL.

Tal ilusão é justificada em função dos projetos que, por muito tempo, vieram do exterior

e foram implantados na indústria brasileira, que os comprova em “PACOTES

FECHADOS”. Lá no exterior, principalmente em países europeus de área geográfica

limitada e POPULAÇÃO HOMOGÊNEA, a MÉDIA ANTROPOMÉTRICA é um hábito e é

corretamente aplicada em projetos.

Entretanto, tal realidade é inaplicável no BRASIL, pois já vimos as características das

dimensões corporais do povo brasileiro, uma verdadeira mistura de raças. Em nosso

país, para atender às necessidades dimensionais de 90% da população de

trabalhadores, devemos aplicar as medidas MÍNIMAS ou MÁXIMAS obtidas no

levantamento antropométrico efetuado na empresa, segundo alguns conceitos a serem

respeitados.

EXEMPLO: Na linha de montagem acima citada, homens e mulheres devem trabalhar

em postura sentada, defronte uma bancada onde montam peças. Após um

levantamento antropométrico, as medidas dos segmentos corporais foram organizadas

numa tabela.

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Page 69: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

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Observa-se que para o projeto da bancada em questão, mais o banco adotado, foram

consideradas algumas medidas mínimas e outras máximas. Isto se deve ao fato de

que a população envolvida possui alguns indivíduos com segmentos corporais

pequenos e outros com segmentos grandes.

Só que todos farão uso do posto de trabalho, portanto este último precisa adequar-se a

toda população e não apenas a alguns usuários.

Como podemos observar na tabela a seguir, as medidas mínimas eqüivalem ao

chamado PERCENTIL 5% da população de usuários e as máximas ao PERCENTIL

95%.

Do mesmo modo, se consultarmos a tabela na coluna de 95%, isto significa que apenas

5% da população de trabalhadores têm a medida daquele segmento maior que a

população toda.

CRITÉRIOS PARA DIMENSIONAMENTO DOS POSTOS DE TRABALHO

Analisemos uma das medidas constantes na tabela, como a medida F (comprimento do

braço). No posto de Trabalho, adotou-se a medida mínima, para que todos os

trabalhadores tivessem a profundidade do tampo da bancada adequada ao tamanho do

braço, principalmente levando-se em consideração a menor dimensão (61,6 cm.).

Já no caso da estatura (medida A), levou-se em consideração a medida máxima, ou

seja, a população masculina de maior estatura, para que ao levantar-se da cadeira, os

indivíduos mais altos não batessem a cabeça no teto da área. Como se observa,

NENHUMA das medidas da tabela adotou a MÉDIA ANTROPOMÉTRICA.

Lembremos que estes conceitos de medidas mínimas e máximas são aplicáveis para

postos fixos. O melhor, contudo, é adotar mobiliário e equipamento que seja flexível,

dotado de múltiplas regulagens, como as cadeiras ergonômicas, bancos de

automóveis e carrinhos hidráulicos, sempre que possível.

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A B

A - Cadeira ergonômica, com regulagens de altura e inclinação do assento e

encosto, giratória, ajuste para a altura dos braços (que podem ser removidos,

caso se queira) e rodízios para facilitar a locomoção.

B – Carrinho com plataforma hidráulica de altura regulável, facilitando o

alcance da mão do trabalhador à carga transportada, sem ter que se debruçar

sobre a plataforma.

C D

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C – Comandos altos, numa prensa, dificultando o alcance das mãos do

trabalhador. Lembrar que os braços acima da linha dos ombros dificultam a

circulação de sangue, provocam tensão muscular e dor (ALCANCE MOTOR

INADEQUADO), bem como o ALCANCE VISUAL dos comandos está acima da

linha de visão do trabalhador (fazendo com que este levante a cabeça).

D – Comandos na altura adequada, numa prensa, facilitando o alcance das

mãos do trabalhador, bem como o alcance visual.

Bem, podemos responder às perguntas do início da aula: as medidas e ângulos do

corpo humano devem ser levantados e organizados, para que se possa dimensionar

cada posto de trabalho em conformidade com a população da empresa em que se está

atuando. Só assim os mobiliários, veículos, máquinas, painéis, bancadas, etc. estarão

se adaptando ao ser humano.

Um exemplo da falta de aplicação da antropometria é visível nesta bancada de testes

para Eletricista:

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Observe como os conhecimentos adquiridos nas aulas anteriores são aplicáveis com

esta simples situação de trabalho:

- A banqueta tem assento em madeira = as tuberosidades isquiáticas estão

“gritando”, pois não há qualquer revestimento macio (em espuma);

- O apoio para os pés não existe, apenas o da banqueta = os pés são

obrigados a permanecer numa única posição;

- As borneiras localizadas ao fundo da área de teste estão em alcance

máximo = o Eletricista, para que alcance as borneiras, deve esticar os

braços e, ainda, deslocar o tronco do encosto da banqueta. Em

antropometria, nunca o alcance motor de um fundo de bancada que é muito

usado poderia ser aceito em tal profundidade;

- Os músculos ao redor da coluna vertebral ficam tensos = dor;

- As gavetas da bancada (para ferramentas) obstruem o espaço lateral das

pernas, apesar da banqueta ser giratória (não dá quase para girá-la...).

Seria melhor um gaveteiro móvel ou um carrinho e a retirada das gavetas.

- Outro exemplo: um setor de revisão de bobinas de motores elétricos.

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- A banqueta desta vez é estofada, mas o Eletricista não a usa...não dá (não

há espaço para as pernas quando se senta defronte à bobina) = trabalho

constante em pé;

- Os cavaletes usados para se apoiar a bobina não têm regulagem de altura

= o Eletricista se abaixa para ver o que está fazendo e alcançar os contatos

a serem refeitos: aqui, várias são as conseqüências:

Cervical, dorsal e lombar em flexão = dor;

Trabalho constante em pé = mais dor para a lombar e dificuldade

para circulação venosa nas pernas (carga hemodinâmica);

Repare que a articulação do carpo constantemente fica em

desvio ulnar, além de prono-supinações = risco de DORT;

Os braços trabalham sem apoio, mas em área de alcance ótimo

(que, neste caso, não adianta nada...) = risco de DORT.

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AULA 06

Fadiga

CONCEITO

A fadiga é definida pela Ergonomia como um estado reversível de diminuição de

nossa capacidade funcional, seja de um órgão específico, seja de todo o

organismo.

Esta aula você conhece muito bem! A fadiga é nossa companheira inseparável.

Dormimos pouco, nos alimentamos de forma inadequada, nossa memória é muito

solicitada, pois estudamos, trabalhamos, discutimos com o chefe no nosso emprego,

pegamos congestionamentos no trânsito, estamos sempre correndo atrás do relógio,

etc., etc.

Resumindo numa só palavra: CANSAÇO! Mas veja o detalhe: este estado é

reversível, recuperável, a não ser que a fadiga entre num outro estágio, o da

EXAUSTÃO. Vejamos a fadiga em sua INTENSIDADE e na sua MANIFESTAÇÃO:

A INTENSIDADE:

FADIGA AGUDA - é aquela que se manifesta todos os dias, aparecendo só por

alguns momentos. Com uma boa noite de sono, adeus fadiga aguda!

FADIGA CRÔNICA - muuuuito pior! Acumula-se dia-a-dia, semana-a-semana,

pois os períodos de sono, pausas e descanso, que deveriam recuperar nosso

estado funcional, são insuficientes e o cansaço acumula-se. É típica de

estudantes de cursos noturnos.

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Page 75: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

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A MANIFESTAÇÃO:

FADIGA FÍSICA - Manifesta-se só no corpo. Por exemplo, fadiga muscular, fadiga

visual. Pode ser aguda, quando a dor, o incômodo, passam rapidinho, ou

acumular-se, transformando-se em crônica, quando permanecerá por muito

tempo.

FADIGA PSÍQUICA - muuuuito pior! Manifesta-se na mente, na memória, no

estado emocional do indivíduo, e também no corpo, deixando-o profundamente

irritado, mal-humorado, impaciente. As manifestações são traduzidas por sinais

PSICOSSOMÁTICOS, tais como gastrite, úlcera, colite, dor-de-cabeça, tonturas,

palpitações, chegando até aos chiliques e explosões. A causa está na não

aceitação, por parte do indivíduo, da realidade que este é obrigado a vivenciar. É

crônica.

EXAUSTÃO - muuuuuuuuuito pior!!! A exaustão é um estágio que beira o colapso!

Quando o indivíduo não consegue mais se concentrar, a memória embaralha,

descasca a banana, joga a banana no lixo e come a casca, dorme com a roupa do

próprio corpo e, pasmem!!, esquece que tem prova na semana de provas! A

exaustão demonstra que não só os períodos de descanso estão sendo

insuficientes, bem como INEXISTEM!

Os exauridos são extremamente debilitados, tanto no aspecto físico (desabam no

sofá e “desmaiam”), quanto no mental (fica tudo embaralhado!) e psíquico (batem

na esposa, chutam o cachorro, xingam o próprio chefe, vomitam palavrões no

trânsito, quebram toda a louça da cozinha, etc.).

FADIGA FÍSICA

Veremos algumas situações de fadiga física, conforme a localização no corpo.

FADIGA MUSCULAR - ocorre quando mantemos os músculos em CONTRAÇÃO

ESTÁTICA (você já sabe o que é isto), sem apoio, sustentando cargas ou o seu próprio

peso.

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FADIGA VISUAL - manifesta-se por vista turva, embaralhada, ardência,

lacrimejamento. Ocorre pelo uso excessivo da vista, principalmente frente ao

mecanismo de acomodação (foco) de objetos muito próximos aos olhos e de exigências

visuais complexas, além do problema de ofuscamento e da falta de um nível de

iluminamento adequado no ambiente de trabalho.

Ilustração 01: objetos muito pequenos e muito próximos dos olhos.

ACOMODAÇÃO VISUAL:

A Ilustração 01 acima detalha a fadiga visual pelo uso excessivo do mecanismo de

acomodação da vista (foco), quando de objetos muito próximos dos olhos (distância <

30 cm). O foco é determinado pela atuação dos MÚSCULOS CILIARES (músculos

cujas fibras encontram-se dispostas em círculo, ao redor do CRISTALINO – ver

Ilustração 02 a seguir), que ficam contraídos quanto mais próximo estiver o objeto

para o qual olhamos. Assim, deduz-se que o processo de focalização PARA PERTO

exige contração muscular, sendo que esta situação não se verifica quando focamos

PARA LONGE. A fadiga está, portanto, diretamente relacionada às distâncias de

visualização do trabalho.

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MOVIMENTOS REPETITIVOS DOS OLHOS:

Também as atividades repetitivas e constantes de INSPEÇÃO VISUAL de produtos

está relacionada à fadiga visual. Determinadas operações de controle de qualidade

visual em linhas de produção acabam resultando em tontura, ardência, pois os

movimentos dos produtos, bem como o tamanho pequeno do objeto vistoriado, fazem

com que o trabalhador sobrecarregue os olhos, pelo uso excessivo de movimentos de

vai-e-vem.

Músculos ciliares

Cristalino

Ilustração 02: Músculos ciliares ao redor do Cristalino são responsáveis pelo

mecanismo de acomodação (foco).

FADIGA POR TRABALHO NOTURNO ou em TURNOS DE REVEZAMENTO

Todo organismo obedece a ciclos temporais, que comandam suas funções. Com o ser

humano não é diferente e, dentro das 24 horas do dia, o organismo comporta-se de

modo diferenciado, respeitando um CICLO, conhecido como CIRCADIANO.

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Page 78: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

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Tal ciclo coordena uma série de reações involuntárias do organismo, ou seja, aquilo

que vulgarmente chamamos de RELÓGIO BIOLÓGICO. Assim é que a temperatura

interna do corpo trabalha dentro de uma faixa, que chega a variar até 1,2 graus Celsius.

O estado de vigília x sono também manifesta-se em horários distintos.

Nosso corpo necessita do sono para que recupere sua capacidade funcional. O sono,

de sua vez, possui diferentes estágios de profundidade, nos quais a qualidade varia.

Os dois estágios iniciais do sono são LEVES e é muito fácil acordar quando nos

encontramos em tal fase. Já os dois estágios mais profundos, são do sono PESADO,

considerado como um sono de melhor qualidade, no qual há recuperação do

organismo em função do repouso ali obtido, tanto mental quanto físico.

O ritmo de sono x vigília é coordenado pelo centro nervoso do hipotálamo. Atinge-se o

ápice da vigília por volta do horário do meio-dia e o do sono por volta da meia-noite,

momento em que nosso sistema nervoso vai “desligando” o organismo.

Contudo, trabalhadores que se ativam nas grandes indústrias de transformação, como

petroquímicas, refinarias, siderúrgicas, ou aqueles que trabalham no setor básico de

utilidades (energia elétrica, saneamento básico, telefonia, etc.), vivenciam diferentes

horários de trabalho, revezando-se em regime de rodízio. São os chamados turnos

alternantes de revezamento. Percebe-se, pois, que o organismo humano já possui um

ciclo definido pelo hipotálamo, para que se “desligue” em horários certos e se “religue”

em outros, mas o regime de trabalho em turnos obriga o trabalhador a uma situação de

dessincronização destes ciclos.

Imagine a situação do trabalhador que entra no turno de “zero-hora”. Quando inicia

suas atividades, o trabalhador deveria estar começando a dormir, não a trabalhar! Seu

organismo procura, a todo custo, desligar-se, pois assim o quer o hipotálamo, mas não

consegue em função da situação externa vivenciada pelo indivíduo, que o força a ficar

acordado.

Pode-se alegar que o trabalhador pode dormir durante o dia, o que possibilitaria sua

recuperação e repouso, o que, na verdade, é uma ilusão. Durante o dia, o hipotálamo

orienta o organismo para um estado de vigília, contrário ao sono, portanto. Trava-se, 78

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então, uma verdadeira luta no organismo e o resultado é catastrófico: o trabalhador

dorme, mas a qualidade do sono é baixa, pois só se atinge o estágio de sono LEVE (no

qual praticamente não se descansa), com períodos entrecortados e curtos de sono

PESADO, insuficientes à recuperação.

Há também fatores externos diurnos, que em muito prejudicam o sono durante o dia. O

ruído característico das ruas com buzinas, freadas, escapamentos furados, caminhão

de entrega de gás, crianças brincando, etc., acaba por acordar várias vezes o indivíduo,

que passa à uma condição de cochilos, totalmente diversa do sono noturno ao qual

estamos acostumados, este sim repousante.

FADIGA POR EXPOSIÇÃO AO CALOR

Manifesta-se pela conjugação de diferentes fatores, a saber:

TEMPERATURA

RADIAÇÃO

VENTILAÇÃO

EVAPORAÇÃO

TIPO DE ATIVIDADE

A temperatura elevada aparece geralmente por fontes expressivas de calor (fornos,

caldeiras, área de fundição de peças, etc.) no ambiente freqüentado pelo trabalhador. É

medida em IBUTG (Índice de Bulbo Úmido e Termômetro de Globo) e os limites de

tolerância aplicáveis encontram-se no Anexo 3 da NR-15, da Portaria 3.214/78 do MTb.

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Os meios pelos quais o calor chega ao organismo são por radiações não ionizantes

(ondas eletromagnéticas - infravermelhas), convecção e condução, sem falar em raios

solares, quando tratam-se de serviços externos.

O fator ventilação é preponderante: em ambientes fechados, a ventilação geralmente é

prejudicada, principalmente se a circulação de ar for apenas de ar viciado, do próprio

ambiente. O correto é insuflar ar externo, mais fresco (desde que não poluído).

Exposto o corpo ao ambiente quente, há vasodilatação periférica, colocando em ação

as glândulas sudoríparas. A evaporação é o único meio para trocar calor com o

ambiente, pois o suor esfria a superfície da pele e, evaporando, faz com que o corpo se

resfrie. Contudo, quando os ambientes são quentes e úmidos, a evaporação não se dá,

pois o teor de umidade presente no ambiente faz com que o suor permaneça no corpo

por saturação, deixando-o encharcado.

O tipo de atividade está diretamente relacionado à fadiga física. Atividades pesadas

provocam alta taxa metabólica, com dispêndio energético elevado. Quanto mais pesada

a atividade, maior deverá ser o tempo de pausa para o organismo, inclusive porque o

próprio corpo produzirá mais calor interno sob tais condições.

FADIGA PSÍQUICA

Já comentamos que a fadiga psíquica aparece em função da não aceitação, por parte

do trabalhador, da realidade que o mesmo é obrigado a vivenciar.

Contudo esta realidade pode ter, ou não, uma origem OCUPACIONAL. Quando a

origem não é ocupacional, qualificamo-la de origem DE CONTEXTO.

Vejamos alguns fatores de fadiga psíquica, pela origem:

OCUPACIONAL

Salário baixo;

Ameaça constante de demissão;

Chefia insegura, incompetente, indecisa;80

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Chefia intolerante, que humilha os subordinados, com cenas de “baixaria”;

Ambiente de trabalho agressivo (ruído, calor, vapores tóxicos, risco de

acidentes, etc.);

Jornada de trabalho excessiva (dobras, horas-extras);

Ausência de pausas, rodízios;

Horários inadequados de trabalho;

Ritmos excessivos, velocidades insuportáveis, organização do trabalho nos

padrões Tayloristas - exemplo: 500 toques por minuto, para os digitadores;

Protecionismo (o sobrinho do gerente é promovido, mas você não...);

Falta de reconhecimento, por parte da empresa, das necessidades do

trabalhador (em qualquer nível - pode ser a falta de um bebedouro, um

banheiro muito longe, um EPI sem condições de uso, iluminação deficiente no

posto de trabalho, demora para a manutenção de um equipamento, etc.).

DE CONTEXTO

Transporte deficiente;

Condições de moradia precárias;

Desajustes familiares;

Padrão de vida baixo;

Condições de higiene/alimentação precárias;

Violência urbana, neurose das grandes metrópoles, insegurança.

UMA SOLUÇÃO PARA A FADIGA: A A.C.T. - ANÁLISE COLETIVA DO TRABALHO

Face às dificuldades encontradas pelos trabalhadores e também aos conflitos típicos

entre os diferentes cargos de uma empresa, é comum que certos bloqueios ocorram

quando um profissional comparece às áreas e procura levantar as situações acima

exemplificadas.

Muitos dos trabalhadores temem represálias por parte da empresa e se calam, ao invés

de “abrir o jogo”, por pior que seja a situação vivenciada no trabalho. É preciso, pois, 81

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82

adotar-se uma estratégia de levantamento, que possibilite ao trabalhador sentir-se

amparado e seguro. É justamente em função de tal dificuldade que surgiu a ACT.

A ACT é um método que atua como agente de ligação entre aquilo que o trabalhador

sente em seu trabalho e a empresa, mas sem a interferência interna e pressões desta

última. Basicamente, o método de ACT engloba:

- O interesse da empresa em conhecer os problemas vivenciados pelos

trabalhadores e o objetivo primordial de melhorar as condições do

trabalho desenvolvido por estes;

- O contado com o Sindicato da classe trabalhadora envolvida (petroleiros,

metalúrgicos, construção civil, etc.), que facilita bastante o

relacionamento entre o Ergonomista e os trabalhadores;

- Um local considerado neutro (uma universidade, por exemplo), ou seja,

um local no qual o trabalhador se sinta à vontade e que não tenha

“paredes com ouvidos”;

- O anonimato dos trabalhadores garantido, para que não sintam qualquer

medo de perseguição por parte da empresa ou de chefias inescrupulosas

e incompetentes (MUITO COMUM e, diga-se, já assisti cenas

profundamente lamentáveis e humilhantes quanto a este aspecto);

- Total liberdade para que o trabalhador possa se expressar a respeito

daquilo que faz, como faz, o que gosta mais de fazer, do que não gosta,

etc. É certo que o especialista em Ergonomia deve acompanhar os

relatos e fazer perguntas-chaves.

Através da ACT é que o Ergonomista consegue perceber inúmeras situações de

trabalho que, sozinho, jamais captaria, mesmo comparecendo ao local de trabalho. A

Dra. Leda Leal Ferreira, uma das maiores especialistas no assunto, relata que tal

método é um verdadeiro sucesso e que enriquece sobremaneira a análise ergonômica.

82

Page 83: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

83

A importância da ACT relaciona-se diretamente ao FATOR HUMANO dentro do

trabalho, possibilitando à empresa:

A- Tomar consciência das dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores

e tomar providências quanto aos aspectos negativos por eles

levantados;

B- Descobrir que os trabalhadores, mesmo em situações difíceis e

incômodas, têm orgulho de seu trabalho e gostam de trabalhar,

ocasião em que são mencionados os aspectos positivos abordados

pelo pessoal entrevistado.

Os aspectos positivos, por sinal, também possibilitam que o Setor de Medicina e

Segurança do Trabalho redimensione as equipes de trabalho e faça uma readequação

das funções, segundo as condições físicas e psíquicas deste ou daquele trabalhador,

conforme suas capacidades.

Por exemplo, ao tomar conhecimento de atividades mais leves e fáceis de serem

executadas num setor da empresa, dentre um universo de atividades levantadas, o

Médico do Trabalho pode encaminhar temporariamente, para outro setor, um

trabalhador que apresente incapacidades ou limitações psico-fisiológicas, de modo a

facilitar a sua recuperação.

Áreas que merecem uma atenção maior do setor de Higiene do Trabalho podem ser

incluídas num cronograma, de modo a iniciar uma série de mudanças no ambiente de

trabalho, o que antes poderia estar camuflado. Os aspectos negativos dão tal visão.

Desvios de função são detectados (um soldador que também acaba fazendo serviços

de mecânico), ou a sobrecarga de trabalho concentrada neste ou naquele setor, o que

permite redimensionar a organização do trabalho e corrigir as falhas. Esta proposta,

que já identificávamos no início de 1.994, foi implantada pelo governo no final daquele

ano, por meio do PPRA.

É muito importante que o relatório de ACT encaminhado às chefias mantenha os

nomes dos trabalhadores em segredo, pois os problemas devem chegar ao Chefe,

83

Page 84: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

84

que é aquele que tem poder para tomar providências (e resolver o problema, claro!),

mas não interessa saber quem foi que disse isto ou aquilo, pois sabemos que sempre

há um fator pessoal no relacionamento entre as pessoas que trabalham numa mesma

empresa.

CIRCADIANO, CICLO: significa “cerca de um dia”, ou seja, equivale ao período

aproximado de 24 horas. Do latim “circa dies”.

HIPOTÁLAMO: núcleo nervoso localizado na base do cérebro, que coordena diversas

funções vitais do organismo.

MORBIDADE: condição na qual um indivíduo apresenta grande debilidade de força,

resultando em doença e fraqueza generalizadas.

O que é Ergonomia? O termo Ergonomia é derivado das palavras gregas Ergon

(trabalho) e nomos (regras). Nos Estados Unidos, usa-se também, como sinônimo,

human factors (fatores humanos).

Ergonomics Research Society, Inglaterra, 1949: Sociedade de Pesquisa em

Ergonomia.Ergonomia “é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho,

equipamento e ambiente, e particularmente a aplicação dos conhecimentos de

anatomia, fisiologia e psicologia na solução de problemas surgidos desse

relacionamento”.

Associação Internacional de Ergonomia (IEA), 1961: Representa associações de 40

diferentes países com 19 mil sócios.Ergonomia (ou human factors) “é uma disciplina

científica que estuda interações dos homens com outros elementos do sistema, fazendo

aplicações da teoria, princípios e métodos de projeto, com o objetivo de melhorar o

bem-estar humano e o desempenho global do sistema.”.

Segundo Itiro Iida: “Ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem.”

Outras definições: Em 1972, Wisner considera que Ergonomia é “o conjunto dos

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85

conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários para a concepção de

ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de

conforto, de segurança e eficácia”. Em 1983, Lomov e Venda, em função das várias

denominações utilizadas. Ergonomia, Ergologia, Humam Factors -, refletem sobre a

finalidade deste campo de estudo: “Qualquer que seja o nome utilizado, o que se

pretende é o estudo dos diferentes aspectos laborais com o propósito de otimizá-los”.

Em 1989, no Congresso Internacional de Ergonomia, adotou-se o seguint conceito:

“A Ergonomia é o estudo científico da relação entre o homem e seus meios, métodos e

espaços de trabalho. Seu objetivo é elaborar, mediante a constituição de diversas

disciplinas científicas que a compõem, um corpo de conhecimentos que, dentro de uma

perspectiva de aplicação, deve resultar numa melhor adaptação do homem aos meios

tecnológicos e aos ambientes de trabalho e de vida”.

Nascimento e Evolução da Ergonomia: Pode-se dizer que a Ergonomia surgiu

quando o homem começou a utilizar objetos que facilitavam a sua vida. Na produção

artesanal havia a preocupação de se adaptar os objetos artificiais e o meio ambiente

natural ao homem.

Século 18 – Revoluções Industriais: As fábricas eram: sujas; barulhentas;perigosas

escuras. Tinham jornadas de trabalho de até 16 horas. Regime de trabalho de semi-

escravidão sem direito a férias. No início do século 20 surge nos Estados Unidos o

Movimento da Administração Científica, que ficou conhecido como Taylorismo. Na

Europa, principalmente na Alemanha, França e países escandinavos, por volta de 1900,

começam a surgir pesquisas na área de fisiologia do trabalho, na tentativa de transferir

para o terreno prático os conhecimentos em fisiologia desenvolvidos em laboratórios.

Durante a 1ª Guerra Mundial (1914-1917), fisiologistas e psicólogos foram chamados

para colaborarem no esforço de aumentar a produção de armamentos.Na 2ª Guerra

Mundial (1939-1945), foram utilizados conhecimentos científicos e tecnológicos

disponíveis, para construir instrumentos bélicos complexos como submarinos, tanques,

aviões...O objetivo era adaptar os instrumentos bélicos às características e capacidades

do operador, melhorando o desempenho e reduzindo a fadiga e os acidentes. Após a 2ª

Grande Guerra, estes conhecimentos começam a ser aplicados na vidacivil. Porém os

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86

Estados Unidos, através do seu Departamento de Defesa, começou a apoiar pesquisas

na área. Só recentemente começou a ser aplicada, em maior grau, na indústria não-

bélica. Em 1857, o polonês Woitej Yastembowsky publicou um artigo intitulado “Ensaios

de Ergonomia ou ciência do trabalho, baseada nas leis objetivas da ciência sobre a

natureza”. Em 12 de julho de 1949, reuniram-se na Inglaterra um grupo de cientistas e

um grupo de pesquisadores interessados em discutir e formalizar a existência desse

novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência. Em 16 de fevereiro de 1950, foi

proposto o nome ERGONOMIA por estes mesmos pesquisadores, que na ocasião

fundaram a Ergonomics Research Society, na Inglaterra. A partir daí a ergonomia se

expandiu no mundo industrializado. Em 1961 foi fundada, na Europa, a “Associação

Internacional de Ergonomia – IEA”. A Associação Brasileira de Ergonomia – ABERGO

(www.abergo.org.br) foi Fundada em 1983, filiada a IEA. No Brasil existe a Norma

Regulamentadora NR 17 – Ergonomia, Portaria nº. 3.214 de 08.06.1978 do Ministério

do Trabalho, modificada pela Portaria nº. 3.751 de 23.08.1990 do Ministério do

Trabalho. Hoje a ergonomia difundiu-se em praticamente todos os países do mundo.

Taylorismo é um termo que deriva de Frederick Winslow Taylor (1856-1915), um

engenheiro americano que iniciou, no início do século 20, o movimento de

“administração científica do trabalho”.

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Apresentação

Portaria nº 56, de 17 de setembro de 2003

ANEXO I - NR-11

1. Fueiros

2. Carro porta-bloco e carro transportador

3. Pátio de estocagem

4. Cavaletes

5. Movimentação de chapas com uso de ventosas

6. Movimentação de chapas com cabos de aço, cintas,correias e correntes

7. Movimentação de chapas com uso de garras

8. Disposições gerais

Glossário

Apresentação

Desde as primeiras reuniões da Subcomissão Permanente Nacional do Setor de

Mármore e Granito - SPNMG, os representantes dos trabalhadores apresentaram a

necessidade de serem estabelecidas regras mínimas para a movimentação,

armazenagem e manuseio de chapas de mármore, granito e

outras rochas, visto que as estatísticas disponíveis vinham apontando uma grande

acidentalidade e uma alta taxa de mortalidade decorrente dessas atividades. Assim, a 87

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88

Subcomissão tomou como prioridade a discussão da matéria, demandando às suas

bancadas dos trabalhadores e empregadores que se debruçassem, de forma madura e

responsável, sobre o tema. O objetivo é construir um regulamento técnico que atenda

aos trabalhadores e empregadores do setor.

Após várias reuniões tripartites e encontros bipartites, e tendo a inestimável

colaboração da Regional da Fundacentro no estado do Espírito Santo, a Subcomissão

aprovou o Regulamento Técnico de Procedimentos Para Movimentação, Armazenagem

e Manuseio de Chapas de Mármore, Granito e Outras Rochas, submetendo-o à análise

da Comissão Permanente Nacional do Setor Mineral – CPNM, e da Comissão Tripartite

Paritária Permanente –CTPP, seguindo o modelo tripartite que vem sendo adotado com

sucesso na normatização da área de segurança e saúde no trabalho do Ministério do

Trabalho e Emprego. Devemos destacar que a Portaria que publicou o “Regulamento

Técnico”, considerando os aspectos econômicos e financeiros que impactam na adoção

de suas exigências, concedeu prazos diferenciados para o cumprimento de algumas

exigências, conforme negociado na Subcomissão.

Cabe-nos reconhecer o esforço e a participação madura e intensa das bancadas dos

empregadores e trabalhadores na construção do Regulamento, esforço e participação

que tiveram como objetivo primeiro a melhoria das condições de segurança e saúde

dos trabalhadores do setor.

O nosso objetivo com esta publicação é divulgar o Regulamento aprovado, agregando

um glossário com fotografias explicativas de forma a facilitar a sua compreensão e seu

cumprimento, contribuindo, dessa forma, para o alcance de ambientes de trabalho

melhores e mais seguros para os trabalhadores do setor de mármore, granito e outras

rochas e colaborando também para agregar valor aos produtos deste importante

segmento econômico nacional.

Mário BONCIANI

Diretor do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho TEM

PORTARIA N° 56, DE 17 DE SETEMBRO DE 2003

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89

Aprova e inclui na NR-11 o Regulamento

Técnico de Procedimentos sobre Movimentação

e Armazenagem de Chapas de Mármore,

Granito e Outras Rochas.

A SECRETÁRIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO e o DIRETOR DE

SEGURANÇA

E SAÚDE NO TRABALHO, no uso de suas atribuições legais, e,

considerando o número elevado de acidentes do trabalho na movimentação

de chapas de mármore, granito e outras rochas; considerando as

deliberações da Comissão Permanente Nacional do

Setor Mineral e da Subcomissão Permanente Nacional do Setor de

Mármore e Granito, que aprovou a proposta de estabelecimento de

normatização técnica sobre movimentação e armazenagem de chapas de

mármore, granito e outras rochas, resolvem:

Art. 1º Acrescentar o item 11.4 e o subitem 11.4.1 na NR-11 (Transporte,

Movimentação, (Armazenagem e Manuseio de Materiais), aprovada pela

Portaria nº 3.214/78, que passa a vigorar com a seguinte redação:

“... 11.4 Movimentações, Armazenagem e Manuseio de Chapas de

Mármore,

Granito e outras rochas.

11.4.1 “A movimentação, armazenagem e manuseio de chapas de

mármore, granito e outras rochas devem obedecer ao disposto no

Regulamento Técnico de Procedimentos constante no Anexo I desta NR.”

Art. 2º Acrescentar o Anexo I (Regulamento Técnico de Procedimentos

para Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Chapas de Mármore,

Granito e Outras Rochas) à NR-11, conforme anexo a esta Portaria.

Art. 3º As exigências prescritas nos itens 1 (Fueiros) e 5 (Movimentação de

chapas com uso de ventosas), do referido Anexo I, devem ser

implementadas num prazo máximo de 6 (seis) meses.

89

Page 90: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

90

Art. 4º As exigências prescritas nos itens 2 (Carro porta-bloco e carro

transportador) e 4 (Cavaletes), do referido Anexo I, devem ser

implementadas no prazo de 12 (doze) meses.

§ 1º Enquanto as exigências prescritas no item 4 (Cavaletes) do Anexo

I estiverem sendo implantados, os cavaletes que se encontram em uso

devem ter esta condição comprovada por inspeção, observando-se, ainda,

os seguintes requisitos:

a) a proteção lateral não poderá ser usada como apoio natural para as

chapas;

b) deverá ser destinada uma área, devidamente demarcada no piso, de no

mínimo 1,20m de largura, em torno dos cavaletes, para a circulação de

pessoas.

§ 2º Enquanto as exigências prescritas no item 2 (Carro porta-bloco

e carro transportador) do Anexo I estiverem sendo implantadas, os carros

porta-blocos e carros transportadores que se encontram em uso devem ter

essa condição comprovada por profissional legalmente habilitado.

Art. 5º Em cinco anos, contados da data da publicação desta Portaria, todas

as empresas que manuseiam chapas de mármore, granito e outras rochas

devem instalar sistema de movimentação mecânica por pontes-rolantes,

talhas ou similar, eliminando o uso de carrinhos de duas rodas para o

transporte de chapas.

Art. 6º As infrações ao disposto no item 11.4.1 da NR-11, serão punidas na

gradação I-4, conforme os anexos I e II da NR-28.

Art. 7º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

ANEXO I

NR-11

REGULAMENTO TÉCNICO DE PROCEDIMENTOS PARA

MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E MANUSEIO DE CHAPAS DE

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91

MÁRMORE, GRANITO E OUTRAS ROCHAS

1. Fueiros

1.1. As chapas serradas, ainda sobre o carro transportador e dentro do

alojamento do tear, devem receber proteção lateral para impedir a queda

das mesmas – proteções denominadas L ou Fueiro – observando-se os

seguintes requisitos mínimos:

a) os equipamentos devem ser calculados e construídos de maneira que

ofereçam as necessárias garantias de resistência e de segurança e serem

conservados em perfeitas condições de trabalho;

b) em todo equipamento será indicado, em lugar visível, o nome do

fabricante, o responsável técnico e a carga máxima de trabalho permitida;

c) os encaixes dos Ls (Fueiros) devem possuir sistema de trava que impeça

a saída acidental dos mesmos.

2. Carro porta-bloco e carro transportador

2.1. O uso de carros porta-blocos e carros transportadores devem obedecer

aos seguintes requisitos mínimos:

a) os equipamentos devem ser calculados e construídos de maneira que

ofereçam as necessárias garantias de resistência e de segurança e serem

conservados em perfeitas condições de trabalho, atendendo as instruções

do fabricante;

b) em todo equipamento, deve ser indicado, em lugar visível, o nome do

fabricante, o responsável técnico e a carga máxima de trabalho permitida;

c) tanto o carro transportador como o porta-bloco devem dispor de proteção

das partes que ofereçam risco para o operador, com atenção especial aos

itens:

• condições dos cabos de aço;

• ganchos e suas proteções;

91

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92

• proteção das roldanas;

• proteção das rodas do carro;

• proteção das polias e correias;

• proteção das partes elétricas.

d) o operador do carro transportador e do carro porta-bloco bem como a

equipe que trabalhar na movimentação do material, deve receber

treinamento adequado e específico para a operação;

e) além de treinamento, informações e instruções, os trabalhadores devem

receber orientação em serviço, que consistirá de período no qual

desenvolverão suas atividades sob orientação de outro trabalhador

experiente ou sob supervisão direta, com duração mínima de 30 (trinta)

dias;

f) para operação de máquinas, equipamentos ou processos diferentes

daqueles a que o operador estava habituado, deve ser feito novo

treinamento, de modo a qualificá-lo à utilização dos mesmos;

g) após a retirada do carro porta-bloco do alojamento do tear, as proteções

laterais devem permanecer até a retirada de todas as chapas;

h) nenhum trabalho pode ser executado com pessoas entre as chapas;

i) devem ser adotados procedimentos para impedir a retirada de chapas de

um único lado do carro transportador, com objetivo de manter a

estabilidade do mesmo;

j) a operação do carro transportador e do carro porta-bloco deve ser

realizada por no mínimo duas pessoas treinadas, conforme a alínea “d”.

3. Pátio de estocagem

3.1. Nos locais do pátio onde for realizada a movimentação e

armazenagem

de chapas, devem ser observados os seguintes critérios:

a) o piso não deve ser escorregadio, não ter saliências e ser horizontal,

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93

facilitando o deslocamento de pessoas e materiais;

b) o piso deve ser mantido em condições adequadas, devendo a empresa

garantir que o mesmo tenha resistência suficiente para suportar as cargas

usuais;

c) recomenda-se que a área de armazenagem de chapas seja protegida

contra intempéries.

3.2. As empresas que estejam impedidas de atender ao prescrito no item

3.1 devem possuir projeto alternativo com as justificativas técnicas da

impossibilidade, além de medidas acessórias para garantir segurança e

conforto nas atividades de movimentação e armazenagem das chapas.

4. Cavaletes

4.1. Os cavaletes devem estar instalados sobre bases construídas de

material resistente e impermeável, de forma a garantir perfeitas condições

de estabilidade e de posicionamento, observando- se os seguintes

requisitos:

a) os cavaletes devem garantir adequado apoio das chapas e possuir altura

mínima de 1,50m;

b) os cavaletes verticais devem ser compostos de seções com largura

máxima de 22 cm;

c) os palitos dos cavaletes verticais devem ter espessura que possibilite

resistência aos esforços das cargas usuais e serem soldados, garantindo a

estabilidade e impedindo o armazenamento de mais de 10 (dez) chapas em

cada seção;

d) cada cavalete vertical deve ter no máximo 6m de comprimento com um

reforço nas extremidades;

e) deve ser garantido um espaço, devidamente sinalizado, com no mínim

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80 cm entre cavaletes verticais;

f) a distância entre os cavaletes e as paredes do local de armazenagem

deve ser de no mínimo 50 cm;

g) os cavaletes devem ser conservados em perfeitas condições de uso;

h) em todo cavalete, deve ser indicado, em lugar visível, o nome do

fabricante, o responsável técnico e a carga máxima de trabalho permitida;

i) a área de circulação de pessoas deve ser demarcada e possuir no

mínimo 1,20m de largura;

j) o espaço destinado para carga e descarga de materiais deve possuir

largura de no mínimo uma vez e meia a largura do maior veículo utilizado e

ser devidamente demarcado no piso;

l) os cavaletes em formato triangular devem ser mantidos em adequadas

condições de utilização, comprovadas por vistoria realizada por profissional

legalmente habilitado;

m) as atividades de retirada e colocação de chapas em cavaletes devem

ser realizadas sempre com pelo menos uma pessoa em cada extremidade

da chapa.

4.2. Recomenda-se a adoção de critérios para a separação no

armazenamento das chapas, tais como cor, tipo do material ou outros

critérios de forma a facilitar a movimentação das mesmas.

4.3. Recomenda-se que as empresas mantenham nos locais de

armazenamento, os projetos, os cálculos e as especificações técnicas dos

cavaletes.

5. Movimentação de chapas com uso de ventosas

5.1. Na movimentação de chapas com o uso de ventosas, devem ser

observados os seguintes requisitos mínimos:

a) a potência do compressor deve atender às necessidades de pressão das

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ventosas para sustentar as chapas quando de sua movimentação;

b) as ventosas devem ser dotadas de válvulas de segurança, com acesso

facilitado ao operador, respeitando os aspectos ergonômicos;

c) as mangueiras e conexões devem possuir resistência compatível com a

demanda de trabalho;

d) as ventosas devem ser dotadas de dispositivo auxiliar que garanta a

contenção da mangueira, evitando seu ricochete amento em caso de

desprendimento acidental;

e) as mangueiras devem estar protegidas, firmemente presas aos tubos de

saída e de entrada e, preferencialmente, afastadas das vias de circulação;

f) o fabricante do equipamento deve fornecer manual de operação em

português, objetivando treinamento do operador;

g) as borrachas das ventosas devem ter manutenção periódica e imediata

substituição em caso de desgaste ou defeitos que as tornem impróprias

para uso;

h) o empregador deve destinar área específica para a movimentação de

chapas com uso de ventosa, de forma que o trabalho seja realizado com

total segurança. Esta área deve ter sinalização adequada na vertical e no

piso;

i) procedimentos de segurança devem ser adotados para garantir a

movimentação segura de chapas na falta de energia elétrica.

5.2. Recomenda-se que os equipamentos de movimentação de chapas, a

vácuo, possuam alarme sonoro e visual que indiquem pressão fora dos

limites de segurança estabelecido.

6. Movimentação de chapas com cabos de aço, cintas, correias e

correntes

6.1. Na movimentação de chapas, com a utilização de cabos de

14

Subcomissão Permanente Nacional do Mármore e Granito aço, cintas,

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correias e correntes, devem ser consideradas a capacidade de sustentação

das mesmas e a capacidade de carga do equipamento de içar, atendendo

às especificações técnicas e recomendações do fabricante.

6.2. Correntes e cabos de aço devem ser adquiridos exclusivamente de

fabricantes ou de representantes autorizados, sendo proibida a aquisição

de sucatas, em especial de atividades portuárias.

6.3. O empregador deve manter as notas fiscais de aquisição dos cabos de

aço e correntes no estabelecimento à disposição da fiscalização.

6.4. Em todo equipamento, deve ser indicado, em lugar visível, o nome do

fabricante, o responsável técnico e a carga máxima de trabalho permitida.

6.5. Os cabos de aço, correntes, cintas e outros meios de suspensão ou

tração e suas conexões devem ser instalados, mantidos e inspecionados

conforme especificações técnicas do fabricante.

6.6. O empregador deve manter em arquivo próprio o registro de inspeção

e manutenção dos cabos de aço, cintas, correntes e outros meios de

suspensão em uso.

6.7. O empregador deve destinar área específica com sinalização

adequada, na vertical e no piso, para a movimentação de chapas com uso

de cintas, correntes, cabos de aço e outros meios de suspensão.

7. Movimentação de chapas com uso de garras

7.1. A movimentação de chapas com uso de garras só pode ser realizada

pegando-se uma chapa por vez e por no mínimo três trabalhadores, e

observando-se os seguintes requisitos mínimos:

a) não ultrapassar a capacidade de carga dos elementos de sustentação e

a capacidade de carga da ponte rolante ou de outro tipo de equipamento de

içar, atendendo às especificações técnicas e recomendações do fabricante;

b) em todo equipamento de içar deve ter indicado, em lugar visível, o nome

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97

do fabricante, o responsável técnico e a carga máxima de trabalho

permitida;

c) as áreas de movimentação devem propiciar condições de forma que o

trabalho seja realizado com total segurança e serem sinalizadas de forma

adequada, na vertical e no piso.

7.2. As empresas devem ter livro próprio para registro de inspeção e

manutenção dos elementos de sustentação usados na movimentação de

chapas com uso de garras.

7.2.1. As inspeções e manutenções devem ser realizadas por profissional

legalmente habilitado e dado conhecimento ao empregador.

8. Disposições gerais

8.1. Durante as atividades de preparação e retirada de chapas serradas do

tear, devem ser tomadas providências para impedir que o quadro inferior

portas-lâmina do tear caia sobre os trabalhadores.

8.2. As instruções, visando à informação, qualificação e treinamento dos

trabalhadores, devem ser redigidos em linguagem compreensível e

adotando metodologias, técnicas e materiais que facilitem o aprendizado

para preservação de sua segurança e saúde.

8.3. Na construção dos equipamentos utilizados na movimentação e

armazenamento de chapas, devem ser observadas no que couber as

especificações das normas da ABNT e outras nacionalmente aceitas.

8.4. Fica proibido o armazenamento e a disposição de chapas sobre

paredes, colunas, estruturas metálicas ou outros locais que não sejam os

cavaletes especificados neste Regulamento Técnico de Procedimentos.

Glossário

97

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98

Carro porta-bloco: Carro que fica sob o tear com o bloco.

Carro transportador: Carro que leva o carro porta-bloco até o tear.

Cavalete triangular: Peça metálica, em formato triangular, com uma base

de apoio, usada para armazenagem de chapas de mármore, granito e

98

Page 99: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

99

outras rochas.

Cavalete vertical: Peça metálica,

em formato de pente, colocada na vertical apoiada sobre base metálica,

usada para armazenamento de chapas de mármore, granito e outras

rochas.

Chapas de mármore ou granito:

Produto da serragem do bloco, com medidas variáveis, podendo ser de 3m

por 1,50m com espessuras de 2 cm a 3cm.

99

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100

Cintas: Equipamento utilizado para a movimentação de cargas diversas.

Fueiro: Peça metálica em formato de L (para os carros porta-blocos mais

antigos), ou simples, com um de seus lados encaixados sobre a base do

100

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101

carro porta-bloco, que tem por finalidade garantir a estabilidade das chapas

durante e após a serrada e enquanto as chapas estiverem sobre o carro.

Palitos: Hastes metálicas usadas nos cavaletes verticais para apoio das

chapas de mármore, granito e outras rochas.

101

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102

Tear: Equipamento robusto composto de um quadro de lâminas de aço

que, apoiadas sobre o bloco de pedra, quando acionadas, fazem um

movimento de vai-e-vem, serrando a pedra de cima para baixo, sendo

imprescindível o uso gradual de areia, granalha de aço e água para que

seja possível o transpasse do bloco de rochas.

102

Page 103: Apostila finalizada_revisada_25.09.2012

103

Ventosa: Equipamento a vácuo usado na movimentação de chapas de

mármore, granito e outras rochas.

103