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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE PROCESSOS
INSTITUCIONAIS
LUIS BOUQUILLARD RIBEIRO FERNANDES
BIBLIOTECAS NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA:
ESTUDO DE CASO EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO
SUPERIOR
NATAL – RN
2017
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE PROCESSOS
INSTITUCIONAIS
LUIS BOUQUILLARD RIBEIRO FERNANDES
BIBLIOTECAS NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA:
ESTUDO DE CASO EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO
SUPERIOR
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Gestão de Processos Institucionais da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito parcial para obtenção do título de Mestre.
Linha de pesquisa: Política e Gestão Institucional
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Rique Caricio
NATAL – RN
2017
Fernandes, Luis Bouquillard Ribeiro. Bibliotecas no contexto da educação a distância: estudo decaso em uma Instituição de Ensino Superior / Luis BouquillardRibeiro Fernandes. - 2017. 130f.: il.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro deCiências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-graduação emGestão de Processos Institucionais, 2017. Orientador: Prof. Dr. Marcelo Rique Caricio. Coorientador: Prof.ª Dr.ª Patricia Borba Vilar Guimarães.
1. Educação a distância. 2. Polos de apoio presencial. 3.Biblioteca. I. Caricio, Marcelo Rique. II. Guimarães, PatriciaBorba Vilar. III. Título.
RN/UF/BS-CCHLA CDU 37.018.43
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNSistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes -CCHLA
LUIS BOUQUILLARD RIBEIRO FERNANDES
BIBLIOTECAS NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA:
ESTUDO DE CASO EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO
SUPERIOR
Aprovado em: ______ / ____________ / ________
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________________
Prof. Dr. Marcelo Rique Caricio
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Orientador
____________________________________________________________
Profa. Dra. Patrícia Borba Vilar Guimarães
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Examinador Interno
____________________________________________________________
Profa. Dra. Adriana Carla Silva de Oliveira
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte
Examinador Externo
NATAL – RN
2017
Este trabalho é dedicado às pessoas que são a razão
de ser da minha vida: meus pais, João e Enilde;
minhas filhas Daniela e Amanda.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por conceder-me a vida, a família, os amigos, o trabalho, a educação ... o
seu AMOR.
Aos meus pais João Batista Fernandes e Enilde Ribeiro Fernandes, por seu amor,
carinho, compreensão e incentivo, nesta longa e árdua, porém prazerosa caminhada em
direção ao saber e o conhecimento.
A minha companheira Francy Soares, que nesses últimos dois anos foi testemunha
diária dessa minha luta para alcançar este objetivo;
Ao meu orientador, Prof. Dr. Marcelo Rique Caricio, que sempre me atendeu para
que pudéssemos concluir essa jornada.
A Professora Dra. Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo, Coordenadora Geral da
Secretaria de Educação a Distância da UFRN, que me apoiou desde o início desse projeto.
A cada coordenador de polo da UAB/UFRN que contribuiu com esta pesquisa,
informando as condições atuais das bibliotecas sob sua gestão.
A cada professor do Mestrado Profissional em Gestão de Processos Institucionais
(MPGPI), em especial aqueles que estiveram presentes na banca de seleção do curso:
Professora Dra. Patrícia Borba Vilar Guimarães, Professor Dr. Sebastião Faustino Pereira
Filho e o Professor Dr. Sérgio Luis Rizzo Dela Savia, que acreditaram na minha proposta
de pesquisa.
A todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para que esse objetivo
fosse alcançado.
As universidades serão o que são suas bibliotecas. (GELFAND, 1968).
RESUMO
Esta pesquisa tem como principal objetivo analisar a realidade atual de bibliotecas
inseridas no contexto da educação a distância, no âmbito de uma Instituição de Ensino
Superior (IES). O estudo é desenvolvido na Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN), onde desde 2005 oferta cursos de graduação e pós-graduação na modalidade de
educação a distância. Esta IES, utiliza polos de apoio presencial da Universidade Aberta
do Brasil (UAB), como unidades de apoio operacional para acolher os alunos em alguns
dos encontros presenciais exigidos durante os cursos. Os polos estão localizados em
diversos municípios do Estado do Rio Grande do Norte, devendo estar adequadamente
estruturados, contendo ambientes administrativos e acadêmicos, sendo que um dos mais
importantes é a biblioteca. Uma unidade de informação dessa natureza precisa ser
organizada em conformidade com o marco regulatório da EAD, especialmente de acordo
com os seguintes instrumentos normativos do Ministério da Educação (MEC):
instrumento para credenciamento institucional e Referenciais de Qualidade para
Educação Superior a Distância. A metodologia utilizada nesta pesquisa corresponde a um
estudo de caso, de natureza exploratória e descritiva, com abordagem quanti-qualitativa.
Os atores participantes da pesquisa são os coordenadores dos polos da UAB/UFRN. Os
principais resultados apontam que a maioria das bibliotecas não estão adequadamente
estruturadas para o atendimento ao seu público alvo, uma vez que não estão
informatizadas; não oferecem importantes serviços, tais como: normalização de
documentos e elaboração de ficha catalográfica; também não dispõem de bibliotecários
atuando nessas unidades de informação. Nesse sentido, entende-se que as seguintes ações
podem ser desenvolvidas a fim de melhorar a oferta de produtos e serviços informacionais
aos usuários da EAD: a participação da biblioteca universitária da IES ofertante dos
cursos, nesse processo; a criação de um setor específico, para o atendimento aos diversos
atores participantes dessa modalidade de ensino na instituição; a contratação de
bibliotecários, para atuar nas bibliotecas dos polos e na equipe profissional
multidisciplinar da EAD da UFRN.
Palavras-chave: Educação a distância. Universidade Aberta do Brasil. Polos de apoio
presencial. Bibliotecas.
ABSTRACT
This research has as main objective to analyse the current reality of libraries inserted on
distance learning context, within the ambit of a Higher Education Institution (HEI). The
study is developed in the Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), which
offers undergraduate and graduate courses through the distance learning study mode since
2005. The mentioned HEI utilises face-to-face support centres from the Universidade
Aberta do Brasil (UAB) [a Brazilian government system integrated by public universities
that offers higher education distance learning courses in order to facilitate the access of a
certain portion of the population to higher education] as operational support units to
receive students in a few face-to-face meetings required during the courses. Centres are
located in several cities of Rio Grande do Norte state, and they must have an adequate
structure, containing administrative and academic environments, one of the most
important being the library. An informational unit of this nature needs to be organised in
conformity with the distance learning regulatory framework, especially according to the
following normative instruments from the Ministério da Educação (MEC) [Ministry of
Education]: institutional accreditation instrument and Referenciais de Qualidade para
Educação Superior a Distância [Quality Benchmarks for Distance Learning Higher
Education]. The methodology used in this search corresponds to an exploratory and
descriptive case study with a quantitative-qualitative approach. The participants of this
research are the UAB/UFRN centre coordinators. Major results indicate that most of the
libraries are not structurally adequate to serve its target audience, since they are not
computerised; do not offer important services as document normalisation and preparation
of catalogue records; also, they do not have librarians working in these information units.
In this sense, it is understood that the upcoming actions can be developed in order to
improve the supply of informational products and services to distance learning users:
participation of the library from the courses supplier HEI in this process; creation of a
specific sector to assist the various actors participating in this education modality in the
institution; librarians hiring, to act in the centres libraries and in the multidisciplinary
professional team of the UFRN distance learning.
Keywords: Distance learning. Universidade Aberta do Brasil. Face-to-face support
centres. Libraries.
LISTAS DE QUADROS
Quadro 1 - Serviços desenvolvidos por uma biblioteca ................................................. 32
Quadro 2 - Tipos de bibliotecas e características ........................................................... 35
Quadro 3 - Tipos de bibliotecas: evolução tecnológica .................................................. 37
Quadro 4 - Fontes de informação virtual/digital: primária, secundária e terciária ......... 39
Quadro 5 - Informações sobre o polo preenchidas pela IES .......................................... 44
Quadro 6 - Avaliação de dimensão única: polo de apoio presencial .............................. 44
Quadro 7 - Credenciamento Institucional para EAD...................................................... 46
Quadro 8 - Serviço de Referência Virtual (SRV): produtos e serviços .......................... 56
Quadro 9 - Atribuições do bibliotecário ......................................................................... 59
Quadro 10 - Centros Acadêmicos e cursos que participam da EAD .............................. 65
Quadro 11 - Equipe profissional multidisciplinar - SEDIS ............................................ 71
Quadro 12 - Polos da UAB/UFRN ................................................................................. 74
Quadro 13 - Informações adicionais dos coordenadores sobre as bibliotecas dos polos
...................................................................................................................................... 105
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Organograma da SEDIS ................................................................................ 70
Figura 2 - Biblioteca Digital da SEDIS . ........................................................................ 73
Figura 3 - Bibliotecas dos polos da UAB/UFRN . ......................................................... 77
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Acervo da biblioteca: atualização ................................................................ 88
Gráfico 2 - Acervo das bibliotecas: relacionadas com disciplinas dos cursos ............... 90
Gráfico 3 - Informatização das bibliotecas ..................................................................... 92
Gráfico 4 - Existência de bibliotecários nos polos da UAB/UFRN ............................. 100
Gráfico 5 - Existência de auxiliares de biblioteca nos polos da UAB/UFRN .............. 102
Gráfico 6 - Utilização das bibliotecas pelos usuários dos polos da UAB/UFRN ........ 104
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Bibliotecas nos polos da UAB/UFRN: aspectos estruturais ......................... 85
Tabela 2 - Produtos oferecidos pelas bibliotecas dos polos da UAB/UFRN ................. 93
Tabela 3 - Serviços disponibilizados pelas bibliotecas dos polos da UAB/UFRN ........ 96
Tabela 4 - Existência de salas para estudo individual e em grupo nas bibliotecas dos
polos ............................................................................................................................... 98
LISTA DE SIGLAS
AVA Ambientes Virtuais de Aprendizagem
BCZM Biblioteca Central Zila Mamede
BD Biblioteca digital
BDTD Biblioteca Digital de Teses e Dissertações
BH Biblioteca híbrida
BV Biblioteca virtual
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CETEB Centro de Ensino Tecnológico de Brasília
CONAB Companhia Nacional de Abastecimento
CRAI El Centro de Recursos para el Aprendizaje e Investigación
EAD Educação a distância
FUNPEC Fundação Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IES Instituições de Ensino Superior
INEP Instituto Nacional de Estudos Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação
MPGPI Mestrado em Gestão de Processos Institucionais
NTIC Novas Tecnologias de Informação e Comunicação
PPGPI Pós-Graduação em Gestão de Processos Institucionais
REUNI Reestruturação e Expansão das Universidades Federais
SEDIS Secretaria de Educação a Distância
SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SERES Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior
SIGAA Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas
SIGADMIN Sistema Integrado de Gestão da Administração e Comunicação
SIGED Sistema Integrado de Gestão Eletrônica de Documentos
SIGPP Sistema Integrado de Gestão de Planejamento e Projetos
SIGRH Sistema Integrado de Gestão de Recursos Humanos
SINAES Sistema Nacional de Educação Superior
SIPAC Sistema Integrado de Gestão de Patrimônio, Administração e Contratos
SISBI Sistema de Bibliotecas
SR Serviço de Referência
SRV Serviço de Referência Virtual
UAB Universidade Aberta do Brasil
UFBA Universidade Federal da Bahia
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UFPE Universidade Federal de Pernambuco
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 16
1.1 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 19
1.2 PROBLEMA ............................................................................................................ 20
1.3 HIPÓTESE ............................................................................................................... 27
1.4 OBJETIVOS ............................................................................................................. 28
1.4.1 Objetivo geral ....................................................................................................... 28
1.4.2 Objetivos específicos ............................................................................................ 28
2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 29
2.1 BIBLIOTECAS, SIM! MAS, NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA? ......................... 29
2.1.1 Bibliotecas dos polos da UAB: parâmetros normativos ................................... 41
2.1.2 Bibliotecas na EAD: desafios para polos da UAB ............................................ 51
2.2 A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA E O BIBLIOTECÁRIO NA EAD ................ 53
2.2.1 A importância da biblioteca universitária para EAD ...................................... 54
2.2.2 O papel do bibliotecário na EAD ....................................................................... 58
3 ESTUDO DE CASO .................................................................................................. 64
3.1 A UFRN NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: O AMBIENTE DA PESQUISA ...... 64
3.1.1 Secretaria de Educação a Distância (SEDIS) .................................................... 69
3.1.2 Polos de apoio presencial da UAB/UFRN ......................................................... 74
3.1.3 Bibliotecas dos polos de apoio presencial da UAB/UFRN ............................... 76
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................... 78
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ................................................................... 78
4.2 POPULAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................... 80
4.3 COLETA DOS DADOS ........................................................................................... 81
4.4 ANÁLISE DOS DADOS ......................................................................................... 83
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 85
5.1 BIBLIOTECAS DOS POLOS DA UAB/UFRN: SITUAÇÃO ATUAL ................. 85
5.1.1 Bibliotecas dos polos: aspectos estruturais ........................................................ 85
5.1.2 Acervo da biblioteca: atualização ...................................................................... 87
5.1.3 Acervo da biblioteca: compatibilidade com as disciplinas dos cursos ............ 89
5.1.4 Bibliotecas informatizadas .................................................................................. 91
5.1.5 Produtos oferecidos pelas bibliotecas ................................................................ 93
5.1.6 Serviços oferecidos pelas bibliotecas .................................................................. 95
5.1.7 Existência de salas para estudo individual e em grupo .................................... 98
5.1.8 Existência de bibliotecários no polo ................................................................... 99
5.1.9 Existência de auxiliares de biblioteca no polo ................................................. 102
5.1.10 Utilização das bibliotecas pelos usuários ....................................................... 104
5.1.11 Considerações finais dos coordenadores dos polos sobre as bibliotecas .... 105
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 108
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 112
APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO APLICADO AOS COORDENADORES DOS
POLOS UAB/UFRN .................................................................................................... 121
APÊNDICE B – MEMORIAL DESCRITIVO ........................................................... 126
16
1 INTRODUÇÃO
Cada vez mais a educação a distância (EAD) vem se consolidando em nosso país.
Essa modalidade de ensino oferece diversas possibilidades de acesso ao ensino superior,
beneficiando milhares de pessoas que até poucos anos não tinham como realizar a tão
sonhada formação acadêmica.
Muitas Instituições de Ensino Superior (IES), viram na EAD uma alternativa para
atender a uma parcela significativa da população brasileira, geograficamente dispersa em
nosso país. Até o final do século passado, milhares de pessoas se limitavam apenas ao
ensino de nível médio ou técnico profissionalizante. Algumas universidades federais, no
entanto, iniciaram suas atividades nessa modalidade de ensino, sendo crescente o número
de IES ofertantes de cursos de graduação e até pós-graduação.
Alguns fatores podem ser destacados como contribuintes para que a EAD viesse
a se consolidar no Brasil. Um deles corresponde ao advento das novas tecnologias de
informação e comunicação (NTIC), que desde os anos 90 vem se desenvolvendo e
oferecendo diversas possibilidades de acesso a informação e ao conhecimento.
A iniciativa do governo federal em criar programas governamentais que apoiam o
projeto de EAD, podem ser descritos como um outro importante fator que influenciou
positivamente no crescimento da oferta de cursos de graduação e pós-graduação no
âmbito de importantes universidades públicas, na modalidade a distância.
Um dos principais programas governamentais é o Universidade Aberta do Brasil
(UAB). Trata-se de um projeto que visa promover uma articulação entre as universidades
federais e os municípios, credenciando esses últimos à implementação de polos de apoio
presenciais, tendo como finalidade apoiar os alunos ingressantes nos cursos, em algumas
de suas atividades acadêmicas.
Os polos, nesse sentido, são unidades operacionais que devem dispor de uma
infraestrutura suficientemente necessária para receber os alunos matriculados nos cursos
de EAD. Podem ser denominados ainda de núcleos ou centros de atendimento presencial,
oferecendo os seguintes ambientes administrativos e acadêmicos: coordenação,
secretaria, salas para tutores presenciais, laboratórios de informática, salas de vídeo e web
conferência, salas de aula e ainda bibliotecas.
17
Estudos recentes apontam, no entanto, que este último ambiente nem sempre está
adequadamente estruturado para o cumprimento de seu papel, frente às necessidades
acadêmicas de seus usuários. Ferrugini e Sena (2014), por exemplo, evidenciam esta
afirmação, uma vez que identificaram algumas dificuldades encontradas em diversos
contextos universitários atuantes na EAD.
O presente relato de pesquisa, portanto, aborda o tema bibliotecas no contexto da
educação a distância, tendo como ambiente de pesquisa a Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN) e os polos da UAB - onde essa IES oferta cursos de graduação,
modalidade licenciatura a distância – visando a diagnosticar a adequação às normativas e
verificando a realidade atual das bibliotecas existentes nesses centros de atendimento.
A pesquisa tem um duplo propósito: o primeiro corresponde à realização de uma
análise da situação atual das bibliotecas dos polos da UAB/UFRN, utilizando como
parâmetro a Legislação em vigor sobre EAD e alguns instrumentos normativos do MEC;
o segundo, fornecer subsídios para que a UFRN possa analisar a possibilidade da
implementação de ações que viabilizem um melhor atendimento aos usuários da EAD,
potenciais utilizadores daquelas bibliotecas.
Os principais autores utilizados como fonte de informação para esta pesquisa, são
Miranda (1980), Targino (1984), Marchiori (1997), Maciel (2000), Souza (2001) e Lemos
(2008), todos especialistas em Biblioteconomia e Ciência da Informação. As
contribuições destes estudiosos sobre o assunto estão direcionadas à uma abordagem
sobre conceitos e características sobre bibliotecas, fundamentais para o desenvolvimento
do estudo.
Outros contribuintes com a pesquisa são Blattmann (2001), Sembay (2009),
Rocha (2011), Lucena, Silva e Sena (2014), Matos Filha e Cianconi (2015), além de Costa
e Jesus (2015). Esses pesquisadores discorrem sobre a questão das bibliotecas no contexto
da educação a distância, relatando alguns problemas ainda existentes em unidades de
informação dessa natureza, assim como apresentam sugestões para melhorias na oferta
de produtos e serviços informacionais aos usuários da EAD.
A revisão da literatura do estudo está dividida em duas partes. Inicialmente aborda
o tema bibliotecas no contexto da educação a distância. Nesse primeiro momento,
verifica-se conceitos e características sobre bibliotecas; os instrumentos normativos do
MEC, que norteiam a implementação e funcionamento das bibliotecas na EAD;
18
apresentando, por último, alguns desafios enfrentados por polos da UAB, em diferentes
contextos universitários.
Na segunda etapa da revisão da literatura, a abordagem está direcionada para duas
estratégias de ação fundamentais para que aquela modalidade de ensino ganhe em
qualidade na oferta de produtos e serviços informacionais. A primeira diz respeito a uma
participação mais efetiva da IES na EAD, através de sua biblioteca acadêmica, enquanto
que a segunda considera a necessidade da participação de bibliotecários nesse sistema,
quer exercendo atividades nos polos ou ainda fazendo parte da equipe profissional
multidisciplinar exigida para EAD.
Em relação a metodologia utilizada, o trabalho se apresenta como um estudo de
caso, de natureza exploratória e descritiva, com abordagem quanti-qualitativa. O
instrumento utilizado foi um questionário aplicado aos os coordenadores dos polos da
UAB/UFRN. Estes, além de professores, são gestores dessas unidades de atendimento
presencial, sendo que neste estudo são caracterizados como população a ser investigada
na pesquisa.
O estudo de caso foi desenvolvido na Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN), uma IES que oferta cursos de EAD desde 2005. A UFRN dispõe de uma
unidade institucional criada especificamente para o acompanhamento desses cursos: a
Secretaria de Educação a Distância (SEDIS). Esta, por sua vez, desenvolve atividades
pedagógicas e utiliza amplamente as tecnologias, para conduzir as diversas atividades no
âmbito dessa modalidade de ensino, além de orientar os polos de EAD, em suas atividades
e procedimentos acadêmicos.
Ao término desta pesquisa, algumas sugestões são apresentadas para
SEDIS/UFRN, enquanto outras são direcionadas aos polos da UAB/UFRN. Embora de
forma resumida, essas recomendações têm como finalidade oportunizar uma reflexão
entre os atores vinculados a EAD na UFRN, na perspectiva que melhorias futuras venham
a ser desenvolvidas em relação ao atendimento aos usuários da EAD, sendo esses reais
ou potenciais utilizadores das bibliotecas inseridas na EAD dessa IES.
19
1.1 JUSTIFICATIVA
O elemento decisivo que motivou à realização desta pesquisa, foi por considerar
o ensino a distância tão importante quanto o modelo de educação tradicional. Prova maior
desta afirmação, é que inúmeras universidades federais vêm investindo nessa modalidade
de ensino, expandindo seus cursos de extensão, graduação e pós-graduação, atendendo a
milhares de pessoas que não tinham uma real oportunidade de acesso à formação superior.
A UFRN, conforme mencionado anteriormente, é uma das IES que nos últimos
anos investiu na EAD, sendo escolhida como ambiente para o desenvolvimento desta
investigação. Através de sua Secretaria de Educação a Distância (SEDIS), esta
universidade federal vem empreendendo esforços no sentido de oferecer cursos a
distância com o mesmo padrão de qualidade existente nos seus cursos presenciais.
Enquanto unidade institucional, a SEDIS é uma Secretaria, com status de Pró-
reitoria na UFRN, que tem como principal objetivo fomentar a educação na modalidade
a distância, dispondo de uma boa estrutura física, tecnológica e de recursos humanos.
Utiliza polos de apoio da UAB que estão localizados em municípios do Estado do Rio
Grande do Norte. Nesse sentido, este estudo se apresenta como uma importante
contribuição para os diversos atores que participam – ou podem ser inseridos - nesse
sistema de ensino.
Um dos principais grupos de atores que podem ser beneficiados com o estudo são
os coordenadores dos polos da UAB/UFRN. Isso porque com as informações aqui
descritas, espera-se que esses gestores tenham maiores subsídios para identificar os
pontos fracos existentes nessas unidades de informação, possibilitando ainda que os
mesmos possam organizar (ou reorganizar) as bibliotecas que, de certo modo, estão sob
sua responsabilidade. É importante destacar que as informações aqui descritas são apenas
a título de contribuição, sendo que em nenhum momento pretende-se interferir na forma
como as bibliotecas dos polos estão sendo administradas.
Um outro grupo de atores que pode ser beneficiado com esta pesquisa corresponde
aos alunos dos cursos de Ciência da Informação da UFRN. Isso porque esta abordagem
pode ser vista como uma primeira iniciativa no que diz respeito a investigações dessa
natureza, no âmbito desta IES. Além disso, é possível afirmar que na EAD o futuro
bibliotecário encontra um vasto campo de atuação, podendo exercer atividades em um
20
dos polos de EAD ou atuando em outras unidades de vivenciam essa modalidade de
ensino, mesmo que incialmente exerçam tais atividades na condição de estagiários.
Ainda considerando alguns atores vinculados a EAD, o trabalho ora desenvolvido
pode ser objeto de interesse de outros personagens, tais como: professores que se
interessem pelo tema; tutores presenciais ou tutores que trabalham a distância – ambos
devendo manter um contato permanente com os alunos da EAD; e, principalmente, os
próprios discentes desta modalidade de ensino, que através deste estudo terão a
oportunidade de conhecer alguns produtos e serviços informacionais, fundamentais para
que os mesmos consigam realizar suas pesquisas e trabalhos acadêmicos com um maior
padrão de qualidade.
Independentemente do benefício que pode ser oferecido aos atores acima
descritos, cumpre-nos o dever de lembrar que qualquer iniciativa desenvolvida no sentido
de melhorar o funcionamento de bibliotecas em nosso país, vai de encontro aos interesses
da nossa sociedade que, em muitos casos, é carente de um atendimento de qualidade no
serviço público. Nesse sentido, esta pesquisa pode ser objeto de interesse de outras
instituições públicas, que estão atuando na EAD, carentes de melhorias em suas
bibliotecas ou mais especificamente no que diz respeito à oferta de produtos e serviços
informacionais aos seus usuários.
1.2 PROBLEMA
O ensino a distância é uma realidade na vida de milhares de pessoas,
principalmente daquelas que moram em regiões mais interioranas do nosso país e não tem
como se deslocar para grandes metrópoles, a fim de obter capacitação ou qualificação
profissional. Trata-se de uma modalidade de ensino que vem se desenvolvendo no Brasil
desde o início do século passado. Alguns dos momentos marcantes da EAD no Brasil são
o ensino por correspondência, em 1904; a educação pelo rádio, em 1923; a criação das
tvs educativas pelo poder público, em 1965; o projeto Minerva, em 1970; o uso do
computador nas universidades, em 1985. (MATTAR, 2014).
O autor destaca ainda o uso de mídias de armazenamento (videoaulas, disquetes,
CD-ROM, dentre outros), como recursos complementares, em 1985; o uso das
21
teleconferências, em programas de capacitação, em 1990; a oferta de cursos superiores a
distância por mídia impressa, em 1994; a criação de Ambientes Virtuais de Aprendizagem
(AVA), em 1997; a publicação de Decretos e Portarias que normatizam a EAD, a partir
de 1998; além da publicação dos Referenciais de Qualidade para Educação Superior a
Distância, em 2003. (MATTAR, 2014).
Considerando sua inserção na educação superior, o ensino a distância apresenta,
nos dias atuais, uma grande e variada oferta de cursos de extensão, graduação e pós-
graduação. De acordo com o Art. 1º do Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017, EAD
pode ser compreendida como:
[...] a modalidade educacional na qual a mediação didático-
pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorra com
a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação,
com pessoal qualificado, com políticas de acesso, com
acompanhamento e avaliação compatíveis, entre outros, e
desenvolva atividades educativas por estudantes e profissionais
da educação que estejam em lugares e tempos diversos.
Dentro da perspectiva do ensino superior, a EAD corresponde a um caráter
inovador de ensino-aprendizagem, considerando sua metodologia de ensino e
flexibilidade, o uso intenso dos meios de comunicação e das novas tecnologias de
informação. (ARENTIO, 2000). O autor afirma ainda tratar-se de um sistema de ensino
que exige um compromisso pessoal com a autoaprendizagem, fundamental para que uma
formação de qualidade venha a ser estabelecida.
Além disso, requer que os diversos atores participantes desta modalidade de
ensino, incorporem novos hábitos em relação à aquisição do conhecimento, sendo
proativos em suas atividades acadêmicas. Ou seja, a prática da transmissão de
conhecimento nos dias atuais requer não apenas que o professor pesquise e apresente
novas informações aos seus alunos. Faz-se necessário que esses últimos, sobretudo na
EAD, busquem a informação, utilizando para isso as mais diversas possibilidades e
recursos tecnológicos voltados para o acesso a informação e o conhecimento.
No entanto, para que isso possa ser concretizado, não apenas pelos discentes, mas
também por docentes que vivenciam a prática do ensino a distância, é fundamental que
esses atores adquiram determinadas competências. A esse respeito, Behar (2013)
22
apresenta algumas das principais competências necessárias para um bom desempenho na
EAD:
• Competência computacional – que está relacionada à aquisição de conhecimentos
básicos para utilização de computadores;
• Competência comunicacional – que está relacionada à expressão oral, gestual e
escrita;
• Competência multimídia – que está relacionada à utilização de diferentes tipos de
mídia;
• Competência informacional – que está relacionada à busca, avaliação e utilização
de informações.
A autora explica ainda que essas competências envolve uma série de
conhecimentos, habilidades e atitudes, fundamentais para que os mais diversos atores da
EAD consigam desenvolver suas atividades de forma qualitativa. A competência
informacional, por exemplo, abrange a necessidade do conhecimento da utilização de
diversos sites de busca; a capacidade de identificar informações confiáveis a partir de
diversas fontes de informação virtuais; ou ainda a iniciativa de buscar e ler textos em
diversas fontes de informação.
De um modo geral, a prática do ensino a distância em nosso país vem se
desenvolvendo através de diferentes modelos de EAD. Vidal e Maia (2010, apud
Vianney, 2009), destacam os seguintes modelos de ensino a distância mais utilizados no
Brasil, compreendendo o período de 1994 até os dias atuais:
1. O modelo tele-educação com transmissão ao vivo e via satélite em canal aberto
para todo o país;
2. O modelo vídeo-educação com reprodução pré-gravada e forma de tele aulas;
3. O modelo semipresencial, com uma proposta de interiorização universitária que
combina a educação a distância com a presencial em polos regionais, que
funcionam como unidades presenciais de apoio para o acesso dos alunos a
laboratórios, bibliotecas, salas de aula para realização de tutoria presencial em
parceria com as prefeituras municipais;
23
4. O modelo de universidade virtual, com uma EAD caracterizada pelo uso intensivo
de tecnologias digitais para entrega de conteúdos e atividades para os alunos e
para promover a interação destes com professores, colegas e suporte técnico e
administrativo;
5. O modelo em que os alunos dos cursos a distância permanecem períodos regulares
na instituição (de forma presencial) onde não realizam apenas provas, mas
atividades de laboratórios, por exemplo.
Em todos os modelos de EAD acima descritos, o fator tecnologia sempre esteve
presente, contribuindo significativamente para que um projeto desta natureza tivesse
êxito. Atualmente, através das novas possibilidades de informação e comunicação, as IES
conseguem transmitir as informações e os conhecimentos necessários à formação
acadêmica de pessoas que não tem acesso ao campus de uma IES. Isto é, a relação docente
x discente - que antes se limitava através de encontros presenciais, em salas de aulas ou
em outros ambientes físicos - agora é estabelecida mediante relações de interação virtual.
Um segundo fator contribuinte para a implementação da EAD, corresponde ao
amparo legal que, desde os anos noventa, vem sendo construído (e reconstruído) em nosso
país. Através dessas diretrizes, as IES e demais instituições que participam desta
modalidade de ensino vem procurando ajustar suas ações e procedimentos, com a
finalidade de obter autorização e credenciamento para oferta de cursos de graduação e
pós-graduação a distância. As principais diretrizes para EAD em nosso país foram
estabelecidas nos seguintes documentos:
• A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Lei nº 9.394, de 20 de dezembro
de 1996, pode ser considerada como a diretriz inicial que faz referência ao ensino
a distância. Em seu Artigo 80, afirma que “O Poder Público incentivará o
desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os
níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada”. (BRASIL, 1996).
• O Decreto n° 5.622 de 20 de dezembro de 2005 que, dentre outras coisas,
estabeleceu as primeiras diretrizes que permitiram o credenciamento de uma
instituição junto ao MEC – revogado recentemente;
24
• O Decreto n° 5.773 de 09 de maio de 2006, que dispõe sobre o exercício das
funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior
e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino;
• Os Referenciais de Qualidade para Educação Superior a Distância1. Trata-se de
um documento elaborado pelo MEC em 2003 e reeditado em 2007, no âmbito da
Secretaria de Educação a Distância (SEED) – hoje Secretaria de Regulação e
Supervisão da Educação Superior (SERES).
• O Decreto 5.800 de 08 de junho de 2006, que “dispõe sobre o Sistema
Universidade Aberta do Brasil”. De acordo com seu Artigo 1º, está “voltado para
o desenvolvimento da modalidade de educação a distância, com a finalidade de
expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior no
País”. (BRASIL, Decreto 5.800, 2006).
• O Decreto 9.057 de 25 de maio de 2017, que revoga o Decreto 5.622, sendo,
portanto, considerando como novo marco regulatório da EAD;
• A Portaria normativa n° 11 de 20 de junho de 2017, que “Estabelece normas para
o credenciamento de instituições e a oferta de cursos superiores a distância, em
conformidade com o Decreto no 9.057, de 25 de maio de 2017.
Alguns desses documentos normativos serão discutidos no decorrer deste estudo.
Neste primeiro momento da pesquisa, porém, optou-se por destacar aquele que faz
referência ao Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB). Isso porque o Sistema UAB
corresponde a um dos projetos de maior destaque na modalidade de EAD, uma vez que
oportuniza a integração entre as IES, envolvendo ainda a participação de Estados ou
Municípios que demonstrem interesse em ingressar nesse projeto de formação acadêmica.
Nesse sentido, ainda em seu Artigo 1°, são objetivos do Sistema UAB:
I - Oferecer, prioritariamente, cursos de licenciatura e de formação
inicial e continuada de professores da educação básica;
II - Oferecer cursos superiores para capacitação de dirigentes, gestores
e trabalhadores em educação básica dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios;
III - Oferecer cursos superiores nas diferentes áreas do conhecimento;
IV - Ampliar o acesso à educação superior pública;
1 A partir desse momento utilizaremos: Referenciais de Qualidade para EAD.
25
V - Reduzir as desigualdades de oferta de ensino superior entre as
diferentes regiões do País;
VI - Estabelecer amplo sistema nacional de educação superior a
distância; e
VII - Fomentar o desenvolvimento institucional para a modalidade de
educação a distância, bem como a pesquisa em metodologias
inovadoras de ensino superior apoiadas em tecnologias de informação
e comunicação. (BRASIL, Decreto 5.800, 2006).
Nota-se que existe uma grande preocupação do governo federal em combater um
dos maiores problemas existentes em nosso país, que corresponde a qualificação daqueles
professores que estão em sala de aula, mas não devidamente habilitados para o exercício
da função. Isto é, antes da UAB havia uma grande barreira entre os professores e as IES.
Enquanto os primeiros nem sempre tinham a condição de viajar às cidades onde existe
universidades, o segundo não tinham recursos financeiros suficientes para atender a uma
grande demanda de professores dispersos nos mais diversos municípios do nosso país.
É importante acrescentar que a UAB não é uma instituição que atende diretamente
aos usuários interessados em cursos de EAD, mas sim exerce um papel de articulação
entre as IES, os governos estaduais e municipais. Ou seja, é composto por Universidades
e Institutos técnicos federais devidamente credenciados para ofertar cursos de graduação
e pós-graduação, tendo ainda a participação direta dos Estados e Municípios, conforme
está descrito no Artigo 2º, ainda do Decreto n° 5.800 de 2006:
O Sistema UAB cumprirá suas finalidades e objetivos sócio
educacionais em regime de colaboração da União com entes
federativos, mediante a oferta de cursos e programas de educação
superior a distância por instituições públicas de ensino superior, em
articulação com polos de apoio presencial.
Observa-se que, embora tenha sido mencionado a participação dos Estados e
Municípios como entidades que participam desse processo, o texto acima destaca os
“polos de apoio presencial” como principais ambientes organizacionais aptos para o
desenvolvimento das ações votadas para EAD. Isso porque os polos de apoio presencial
- ou mais recentemente denominados de polos de EAD - são os ambientes operacionais
que foram idealizados para o atendimento aos usuários dessa modalidade de ensino. De
acordo com o Decreto 9.057 de 25 de maio de 2017, em seu Art. 5º:
26
O polo de educação a distância é a unidade acadêmica e operacional
descentralizada, no País ou no exterior, para o desenvolvimento de
atividades presenciais relativas aos cursos ofertados na modalidade a
distância.
Parágrafo único. Os polos de educação a distância deverão manter
infraestrutura física, tecnológica e de pessoal adequada aos projetos
pedagógicos ou de desenvolvimento da instituição de ensino e do curso.
É no polo onde os alunos recebem os materiais didáticos referente a cada
disciplina ofertada durante um curso de graduação ou pós-graduação. Em um polo de
EAD os discentes recebem o apoio dos tutores presenciais - professores contratados por
um período pré-determinado para auxiliar os alunos na utilização dos recursos
tecnológicos, motivando-os e orientando-os sobre as atividades virtuais que devem ser
realizadas e postadas nos ambientes virtuais de aprendizagem.
De um modo geral, um polo de apoio presencial deve disponibilizar um
atendimento de qualidade aos seus usuários, sendo que para isso precisa estar
adequadamente estruturado, disponibilizando os seguintes ambientes administrativos e
acadêmicos: coordenação pedagógica; secretaria administrativa; auditório; laboratórios
de informática; laboratórios para aulas práticas (cursos de Física e Química, por
exemplo); salas de aula; e ainda biblioteca.
A coordenação pedagógica, por exemplo, tem por finalidade acompanhar o
trabalho desenvolvido pelos tutores presenciais, monitorando as ações desenvolvidas por
esses atores e os orientando em atividades específicas a serem realizadas no polo.
Também é responsável pela aplicação das avaliações presenciais, periodicamente
realizadas, devendo ainda acompanhar o desempenho dos alunos durante o curso,
atendendo suas solicitações de uso dos ambientes do polo para realização de estudos
individuais ou em grupo.
Os demais setores existentes no polo devem desempenhar um papel mais
específico, voltado para o atendimento as reais necessidades dos usuários da EAD, como
é o caso da utilização dos laboratórios de informática. Neste ambiente os usuários da EAD
têm ao seu dispor computadores com acesso à Internet, dando condições aos usuários de
acessar os ambientes e plataformas virtuais da IES ofertante dos cursos. Do mesmo
modo, os demais setores existentes nos polos devem estar disponibilizados para
realização de atividades específicas a serem desenvolvidas pelos discentes da EAD.
27
No entanto, estudos apontam que nem sempre essa teoria condiz com a prática.
Ou seja, é possível afirmar que em alguns casos determinados polos enfrentam
dificuldades para disponibilizar alguns desses setores de forma adequada aos seus
usuários. Ao que parece, um dos setores que podem ser apontados como carentes de
melhorias são as bibliotecas desses centros de atendimento presencial. Estudos recentes,
como os de Ferrugini e Sena (2014), além de Jesus (2015), identificaram essa realidade,
evidenciando o que foi afirmado anteriormente.
O presente relato de pesquisa, portanto, aborda o tema bibliotecas no contexto da
EAD. Considera que este pode ser visto como um dos problemas ainda enfrentados por
algumas IES, que enfrentam dificuldades no sentido de disponibilizar bibliotecas
adequadas ao seu público alvo. O trabalho em questão corresponde a um estudo de caso
desenvolvido na UFRN, onde verifica-se a unidade institucional que é responsável pelos
cursos de EAD nessa IES, estabelecendo um foco de análise nas bibliotecas dos polos de
apoio presencial da UAB, atualmente vinculadas a esta universidade.
É importante salientar que o estudo não tem por finalidade apontar deficiências
nas bibliotecas dos polos. Necessita, porém, analisar a situação atual dessas unidades de
informação, uma vez que através delas pretende-se desenvolver uma contribuição para
que a UFRN e os polos da UAB vinculados a esta IES, tenham uma real possibilidade de
qualificar o atendimento aos seus usuários da EAD. Nesse sentido, a seguinte questão
norteadora da pesquisa foi estabelecida:
Até que ponto as bibliotecas dos polos de apoio presencial da UAB/UFRN estão
adequadamente estruturadas para o atendimento aos seus usuários?
1.3 HIPÓTESE
As bibliotecas dos polos de apoio presencial da UAB/UFRN não estão
adequadamente estruturadas para o atendimento aos seus usuários, uma vez que nem
sempre dispõem de:
• Espaço físico satisfatório;
• Acervo atualizado e compatível com as disciplinas ofertadas pelos cursos;
28
• Informatização;
• Produtos diversos: livros, jornais, revistas, coleção de referência, multimeios, etc.;
• Serviços diversos: Empréstimo, normalização de documentos, elaboração de ficha
catalográfica, acesso à Internet, etc.;
• Espaços para estudo individual e/ou em grupo;
• Bibliotecários e auxiliares de biblioteca.
1.4 OBJETIVOS
1.4.1 Objetivo geral
Analisar a realidade atual de bibliotecas dos polos de apoio presencial da
UAB/UFRN.
1.4.2 Objetivos específicos
• Diferenciar os diversos tipos e categorias de bibliotecas;
• Identificar os principais produtos e serviços que podem existir nessas unidades de
informação;
• Investigar o marco regulatório da EAD, especialmente os instrumentos
normativos do Ministério da Educação (MEC), que credenciam e orientam a
disponibilização de bibliotecas nos polos da UAB;
• Identificar e caracterizar os polos de apoio presencial da UAB, onde a UFRN
oferta cursos de graduação na modalidade a distância;
• Identificar a realidade atual das bibliotecas dos polos da UAB/UFRN.
29
2 REVISÃO DA LITERATURA
A revisão da literatura desta pesquisa está dividida em dois momentos. No
primeiro, discorre sobre o modelo de biblioteca que deve ser disponibilizado aos usuários
da EAD, apresentando os parâmetros normativos em vigor que estão direcionados à
implementação e organização dessas bibliotecas. Em seguida, abarca duas ações
fundamentais para apoiar os usuários da EAD em relação ao acesso à informação e
conhecimento: a participação da biblioteca universitária e do bibliotecário nesse sistema
de ensino.
2.1 BIBLIOTECAS, SIM! MAS, NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA?
As bibliotecas dos polos de apoio presencial da UAB – ou “polos de EAD”,
conforme está descrito na nova regulamentação para o ensino a distância em nosso país -
são um tipo de unidade de informação2 idealizadas para apoiar os alunos matriculados em
cursos de EAD, no que concerne a realização de suas pesquisas e desenvolvimento de
trabalhos acadêmicos. Assim como ocorre no ensino presencial, faz-se necessário que
exista nessas bibliotecas uma variedade de produtos (materiais bibliográficos), tais como:
livros; jornais; revistas; coleção de referência (dicionários, enciclopédias, atlas, etc.);
multimeios; dentre outros itens.
Também é importante que exista serviços específicos para atender as diversas
necessidades acadêmicas dos alunos da EAD. Apenas para mencionar alguns desses
serviços, pode-se citar: empréstimo (com a possibilidade de renovação e posterior
devolução); empréstimos entre bibliotecas; orientação para o acesso as fontes de
informação científica; orientação em relação à utilização de bibliotecas virtuais e digitais;
normalização de trabalhos acadêmicos; elaboração de ficha catalográfica; acesso à
Internet.
Assim como as bibliotecas que atendem aos usuários do ensino presencial, as
bibliotecas dos polos de apoio presencial da UAB devem ser compreendidas como uma
instituição social. Isso porque, em geral, essas unidades de informação estão vinculadas
2 São denominados Unidades de informação: Arquivos, Bibliotecas, Museus, Centros de Informação, dentre
outros. (SOUSA, 2001).
30
a União, um Estado ou Município do nosso país. A partir dessas considerações iniciais,
compreende-se que a definição de Targino (1984) sobre biblioteca, também pode ser
utilizada às unidades de informação inseridas no contexto da EAD. De acordo com a
autora:
Biblioteca é o local, onde uma coleção organizada e constituída de
acordo com a demanda e necessidade dos usuários efetivos e potenciais
a que se destina, está à disposição aos interessados, para suprir suas
necessidades informativas, educacionais [...]. Para tanto, requer
recursos humanos, materiais e financeiros que assegurem a
continuidade e atualização dos serviços. (TARGINO, 1984, p. 59).
Ou seja, uma biblioteca dessa natureza não deve ser um simples ambiente para
guardar, mesmo que de forma organizada, livros e/ou materiais didáticos a serem
disponibilizados aos alunos e demais atores partícipes da EAD. Não devem, portanto,
caracterizar-se como um depósito de livros. Esforços permanentes devem ser
empreendidos por seus órgãos mantenedores, visando disponibilizar nesses ambientes
informacionais, os mais diversos recursos (materiais, financeiros, tecnológicos,
humanos).
Além disso, essas bibliotecas precisam funcionar de forma dinâmica, interagindo
com seu público alvo da melhor maneira possível. Miranda (1980, p. 41), acrescenta que
biblioteca é “um organismo vivo interativo, dinâmico, que só existe com a participação
da comunidade, não apenas no seu uso, mas, sobretudo, da definição de sua própria
organização”. Entende-se com essa afirmação que uma biblioteca para usuários da EAD,
deve ser estruturada reconhecendo os hábitos de estudo desses usuários, os principais
recursos utilizados por eles em relação à busca pela informação, sobretudo considerando
as inovações tecnológicas cada vez mais presentes no universo do ensino a distância.
Uma outra questão que merece ser observada, é que essas bibliotecas terão um
bom desempenho frente aos seus objetivos, tão somente se forem vistas e tratadas como
uma organização. Conforme destaca Maciel (2000), uma unidade de informação deve ser
vista como uma organização, com ações planejadas e organizadas como ocorre em uma
empresa. Destaca, no entanto, que essas ações não necessariamente devem visar fins
lucrativos, mas com resultados programados e avaliados em determinados períodos.
Ainda segundo essa autora, apenas através da utilização dessa estratégia, uma biblioteca
31
conseguirá competir efetivamente em um ambiente de inovações e incertezas, cada vez
mais presentes em nosso cotidiano.
Diante dessas considerações iniciais, convém que se estabeleça uma melhor
diferenciação sobre o que vem a ser os produtos e serviços informacionais, ambos
fundamentais em uma biblioteca, estando essa unidade de informação inserida no ensino
presencial ou a distância. De acordo com Almeida (2000, p. 85), “entendem-se como
produtos das unidades de informação tanto as publicações e o site da unidade de
informação quanto outras formas de divulgação e comunicação, como palestras, cursos,
atividades de extensão e projetos”.
Obviamente que o conceito de produtos de uma unidade de informação vai muito
além do que foi acima descrito. Embora não seja objetivo deste estudo apresentar e
estabelecer definições sobre cada um dos produtos informacionais que podem existir em
uma biblioteca, convém destacar alguns dos produtos mais utilizados nesses ambientes
informacionais. Nesse sentido, apresenta-se os seguintes itens ou materiais bibliográficos
abaixo, estes descritos por Duarte (2015, p. 613):
• Livro;
• Periódico;
• Folder;
• Recurso em Braille;
• Texto falado;
• Videotexto; Audiolivro;
• Computador para consulta à base de dados;
• Informações aos visitantes em forma de brindes;
• Panfleto;
• Clipagem; Manual;
• Catálogo;
• Base de dados;
• Inventário;
• Lista;
• Cartilha.
32
Em relação aos serviços que podem ser encontrados em uma biblioteca,
tradicionalmente, identificam-se os serviços-meio e serviços-fins. Estes, se subdividindo
em outros serviços, cada uma com uma função específica na unidade de informação,
porém atuando em conjunto para o alcance do objetivo maior da biblioteca que
corresponde a disponibilização de informação ao seu público alvo. Através do quadro 1,
é possível identificar alguns dos principais serviços:
Quadro 1 - Serviços desenvolvidos por uma biblioteca
Funções da biblioteca (serviços desenvolvidos)
Serviços-meio
Reunir
- Seleção: escolha dos documentos para compor o acervo da
biblioteca.
- Aquisição: procedimento utilizado para adquirir os
materiais bibliográficos para biblioteca. Os livros e outros
itens, podem ser adquiridos através de compra, permuta ou
doação.
- Tombamento: registro do livro e demais materiais da
biblioteca, identificando os itens como pertencentes a
unidade de informação.
- Conservação: processo de preservação dos itens existentes
na biblioteca, por meio de controle ambiental,
conscientização dos usuários e tratamento específicos para
cada tipo de material bibliográfico.
Organizar
- Classificação: organização dos livros e demais itens da
biblioteca que compõem o acervo, mediante utilização de um
plano de classificação estabelecido e reconhecidamente
utilizado.
- Catalogação: é a descrição de um determinado material
bibliográfico, considerando suas particularidades e a
distinguindo de outros itens.
- Preparação: corresponde a fixação de etiquetas e demais
ações que possibilitem a localização dos livros nas estantes.
Serviços-fins
Difundir
- Consulta: é a busca pela informação, podendo ser realizada
de forma direta (nas estantes) ou indireta (através do catálogo
da biblioteca).
- Empréstimo: os livros e demais itens da biblioteca podem
ser emprestados aos usuários da unidade de informação, com
exceção dos materiais de referência (dicionários,
enciclopédias, atlas, dentre outros). Um único exemplar de
um livro existente na biblioteca, em geral, é disponibilizado
apenas para consulta no âmbito da unidade de informação.
- Serviço de Referência: apoio às diversas necessidades de
informação ou serviços biblioteconômicos, dos usuários da
biblioteca (orientação à pesquisa, normalização de
documentos, dentre outros). Atualmente destaca-se o Serviço
33
de Referência Virtual (SRV), que possibilita o atendimento
ao usuário, sem necessariamente este ter que estar na
biblioteca.
Fonte: Adaptado de Sousa (2001) e Silva (2009).
Ao observamos o quadro acima, verifica-se que os serviços-meio estão
direcionados para reunião e organização dos materiais bibliográficos adquiridos. No
primeiro caso, envolve o processo de seleção; aquisição; tombamento e conservação dos
livros e demais materiais bibliográficos obtidos pela unidade de informação. No segundo,
exige uma maior capacitação técnica dos recursos humanos que trabalham na biblioteca,
uma vez que envolve o processo de classificação; catalogação; e preparação dos livros
para serem colocados nas estantes e, consequentemente, disponibilizados aos usuários.
Os serviços fins, por sua vez, corresponde a relação direta da biblioteca com seu
público alvo. Possibilita que estes últimos possam realizar consultas, verificando o acervo
existente; realizem empréstimos dos materiais bibliográficos de seu interesse, quer
através de um sistema de empréstimo pessoal ou mediante solicitação à uma outra
biblioteca participante da mesma instituição e que esteja habilitada para esta ação; além
de usufruir de serviços específicos que em geral são oferecidas por bibliotecas.
Há de se considerar, no entanto, que nos dias atuais existe uma gama maior de
serviços que podem estar à disposição dos usuários de uma biblioteca. Muitos desses
serviços, convém destacar, são provenientes das novas tecnologias de informação e
comunicação. Como este trabalho não têm a pretensão de explorar e/ou definir cada um
deles, reafirmamos, apresenta-se abaixo tão somente alguns dos possíveis serviços que
podem ser disponibilizados, de forma virtual, por uma biblioteca:
• Disseminação Seletiva da Informação – DSI
• Comutação Bibliográfica – COMUT;
• Apresentação de mostruários e exposições;
• Realização de eventos e campanhas;
• Divulgação na web;
• Serviços de sinalização;
• Serviço de disponibilização de salas individuais;
• Serviço que primam por acessibilidade;
• Levantamento bibliográfico;
34
• Pesquisa de opinião (enquetes, estudos, outros);
• Respostas técnicas;
• Acesso público à internet;
• Alertas bibliográficos;
• Análise de ambientes;
• Uso das Redes sociais para divulgar informações;
• Blogs com informações úteis;
• Serviços de referência digital;
• Serviço de referência virtual;
• Pergunta ao bibliotecário;
• Referência online;
• Perguntas frequentes;
• Formação de interagentes;
• Treinamentos específicos;
• Diretório de recursos eletrônicos;
• Base de dados;
• Assistência por telefone;
• Serviço de informação utilitária;
• Serviço de automação;
• Serviço de atendimento aos deficientes visuais;
• Biblioterapia. (DUARTE, 2015, p. 613).
Verificando a diversidade dos serviços acima relacionados, é possível afirmar que
uma biblioteca de um polo de apoio presencial da UAB, que disponibilize tais serviços,
estará exercendo um papel qualitativo no atendimento ao seu público. Do contrário, há
grandes possibilidades de a unidade de informação dessa natureza não conseguir atender
as reais necessidades de seus usuários. Isso pode implicar, inclusive, no distanciamento
dos mesmos em relação a unidade de informação.
É importante destacar, porém, que em nosso país algumas bibliotecas são bem
estruturadas – considerando, dentre outras coisas, a oferta de produtos e serviços
informacionais - enquanto que outras necessitam de melhorias e maiores investimentos,
estes podendo ser de ordem física, material, tecnológica ou de recursos humanos. Essa
estruturação a que nos referimos, muito tem a ver com o tipo ou categoria de biblioteca.
De acordo com o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP): “O tipo de uma
35
biblioteca é determinado pelas funções e serviços que oferecem, pela comunidade que
atende, e pelo seu vínculo institucional”. A fim de melhor identificarmos essas diferenças,
elaborou-se o quadro 2, que contempla diversas categorias de bibliotecas.
Quadro 2 - Tipos de bibliotecas e características
Tipo de Biblioteca Características
Biblioteca pública
Tem por objetivo atender por meio do seu acervo e de seus
serviços, os diferentes interesses de leitura e informação da
comunidade em que está localizada, colaborando para
ampliar o acesso à informação, à leitura e ao livro, de forma
gratuita. Em sua maioria é criada e mantida pelo Estado
(Município, Estado ou Federação).
Biblioteca pública temática
São bibliotecas públicas que se caracterizam como
bibliotecas especializadas em uma determinada
área/assunto. O ambiente configura-se de maneira a
representar a área/assunto em foco, assim como as coleções
que compõe o seu acervo, os serviços que oferecem e a
programação cultural. Sendo uma biblioteca pública,
diferenciam-se das bibliotecas especializadas por atender a
todos os públicos, bebes, crianças, jovens, adultos, pessoas
da melhor idade e pessoas com necessidades especiais.
Biblioteca comunitária
Espaço de incentivo à leitura e acesso ao livro. É criada e
mantida pela comunidade local, sem vínculo direto com o
Estado.
Ponto de leitura
Espaços de incentivo à leitura e acesso ao livro, criados em
comunidades, fábricas, hospitais, presídios e instituições
em geral.
Biblioteca Nacional
Tem por função reunir e preservar toda produção
bibliográfica do país. Em cada país existe uma Biblioteca
Nacional. Toda produção bibliográfica do país deve ser
enviada para a Biblioteca Nacional, isto é garantido pela lei
de Deposito Legal.
Biblioteca escolar
Tem por objetivo atender os interesses de leitura e
informação da sua comunidade e trabalha em consonância
com o projeto pedagógico da escola a qual está inserida.
Está localizada dentro de uma unidade de ensino pré-
escolar, fundamental e/ou médio.
Biblioteca universitária
Tem por objetivo apoiar as atividades de ensino, pesquisa
e extensão por meio de seu acervo e dos seus serviços. É
vinculada a uma unidade de ensino superior, podendo ser
uma instituição pública ou privada. A Biblioteca
Universitária dá continuidade ao trabalho iniciado pela
Biblioteca Escolar.
Biblioteca especializada
Voltada a um campo específico do conhecimento. Seu
acervo e seus serviços atendem às necessidades de
informação e pesquisa de usuários interessados em uma ou
mais áreas específicas do conhecimento. É vinculada a uma
instituição pública, ou privada podendo também se
caracterizar como uma biblioteca universitária, quando
vinculada a uma unidade de ensino superior.
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Biblioteca centro de referência
Bibliotecas especializadas que atuam com o foco no acesso,
disseminação, produção e utilização da informação para
um determinado público. Também denominados como
Centro de Informação e Referência. Muitas delas não
possuem acervo próprio e trabalham exclusivamente com a
referenciação de documentos sobre determinado assunto
(resumos e resenhas).
Fonte: SNBP, 2017.
Dos tipos de unidades de informação acima descritos, três categorias se
evidenciam, se consideramos sua relação com o ensino a distância: as bibliotecas
universitárias; as bibliotecas públicas; e as bibliotecas escolares, ambas vinculadas a
União, a um Estado ou a um Município, respectivamente. Ou seja, cada uma desses tipos
ou categorias de unidade de informação, possuem determinadas particularidades,
podendo estar ou não em condições de atender adequadamente ao seu público alvo.
Em geral, as bibliotecas universitárias se destacam, uma vez que disponibilizam
uma maior oferta - quantitativa e qualitativa - de produtos e serviços informacionais aos
seus usuários. Isto é, o acervo existente nestas bibliotecas é vasto, contempla todas as
áreas do conhecimento e são disponibilizados no formato tradicional - impresso, ofertado
ainda através de diversas formatos virtuais e digitais, cada vez mais acessíveis ao seu
público alvo e à população de um modo geral.
As bibliotecas públicas e escolares, por sua vez, nem sempre dispõem de tamanha
sorte. Não generalizando, obviamente, mas há casos em que sua estrutura física é
deficitária; o acervo está desatualizado e necessitando de renovação; não dispõem de
bibliotecários e nem auxiliares de bibliotecas; podendo ainda estar informatizadas, mas
não necessariamente automatizadas. Considerando esta última possibilidade, Côrte e
Bandeira (2011, p. 133), lembram que:
O maior benefício da informatização é a rapidez, agilidade e eficiência
no atendimento e na prestação de serviços, isto é, a otimização das
atividades não só em relação aos usuários, como também no que diz
respeito ao controle e formação do acervo, levantamento bibliográfico,
catalogação, empréstimos, comutação, reclamação de obras em atraso
e em processamento técnico.
Do mesmo modo, a automação é essencial para manter uma maior interação entre
as bibliotecas e seus usuários. Conforme esclarecem Marques e Prudêncio (2009, p. 2):
37
Automatizar significa a utilização de máquinas na execução de tarefas
que antes eram executadas pelo homem. Nas bibliotecas e centros de
informação, a automação surge para oferecer um atendimento eficaz e
eficiente ao usuário, poupar tempo, otimizar os processos, atender a
demanda, auxiliar a aquisição, tornar a organização mais precisa e
principalmente atender às necessidades do usuário em curto espaço e
tempo.
Ou seja, com a informatização e automação das bibliotecas, as diversas atividades
técnicas desenvolvidas nessas unidades de informação - classificação, catalogação,
empréstimo, referência, dentre outros - ganham em praticidade e dinamicidade. Nesse
sentido, as bibliotecas passam a utilizar softwares específicos, voltados para a realização
dessas atividades, exigindo ainda mais capacitação dos recursos humanos existentes
nessas unidades de informação.
E por falar em tecnologia, convém destacar que embora as bibliotecas inseridas
na EAD estejam vinculadas a uma modalidade de ensino onde a utilização das tecnologias
de informação e comunicação é intensa, o formato dessas unidades de informação é
híbrido. Isto é, as bibliotecas utilizam materiais impressos, disponibilizando ainda a opção
de os usuários acessarem bibliotecas virtuais, bibliotecas digitais, além de diversas fontes
de informação em meio eletrônico.
Para uma melhor compreensão sobre esses diversos formatos tecnológicos de
acesso a informação científica, recorremos a Marchiori (1994) e Blattmann (2001), que
estabelecem as seguintes definições sistematizadas no quadro 3:
Quadro 3 - Tipos de bibliotecas: evolução tecnológica
Tipos de bibliotecas Definição
Biblioteca virtual (BV)
A biblioteca virtual (BV): é conceitualizada como um tipo de
biblioteca que, para existir, depende da tecnologia da
realidade virtual. Neste caso, um software próprio acoplado
a um computador sofisticado reproduz o ambiente de uma
biblioteca em duas ou três dimensões, criando um ambiente
de total imersão e interação. É então possível, ao entrar em
uma biblioteca virtual, circular entre as salas, selecionar um
livro nas estantes, “tocá-lo”, abri-lo e lê-lo.
Biblioteca digital (BD)
A biblioteca digital (BD): difere das demais, porque a
informação que ela contém existe apenas na forma digital,
podendo residir em meios diferentes de armazenagem, como
as memórias eletrônicas (discos magnéticos e óticos). Desta
forma, a biblioteca digital não contém livros na forma
38
convencional e a informação pode ser acessada, em locais
específicos e remotamente, por meio de redes de
computadores.
Biblioteca híbrida (BH)
A biblioteca hibrida (BH): não só proporciona o acesso aos
recursos eletrônicos (isto é, digitais) ou a combinação de
fontes na Web e também nas demais fontes de informação
tradicionais, mas integra, por meio das tecnologias
disponíveis, todas as formas de informação, oferecendo ao
usuário o melhor de ambos ambientes, sejam serviços
digitais ou não digitais.
Fonte: Marchiori (1997, p. 4) e Blattmann (2001, p. 103).
Considerando a possibilidade de acesso as bibliotecas virtuais e digitais, não
poderíamos deixar de mencionar algumas das plataformas que são mais utilizadas pela
comunidade acadêmica nos dias atuais, fundamentais também à utilização no ensino a
distância. Trata-se de bibliotecas virtuais, bibliotecas digitais e ainda Repositórios
Digitais, comumente utilizados por pesquisadores e comunidade acadêmica de uma IES,
mas que estão disponíveis ainda para o público em geral:
• Biblioteca Digital de Teses e Dissertação (BDTD): corresponde a uma
biblioteca digital que abarca as teses e dissertações desenvolvidas no Brasil,
abrangendo assuntos das mais diversas áreas do conhecimento científico. Esta BD
é mantida pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
(IBICT).
• Scientific Electronic Library Online (SCIELO): é uma biblioteca eletrônica,
abrangendo uma coleção de periódicos científicos brasileiros que abarcam todas
as áreas do conhecimento. Os periódicos podem ser pesquisados por lista
alfabética, por assunto ou ainda por títulos. A busca por artigos pode ser feita por
índice de autores ou por assunto.
• Repositórios Digitais: são bases de dados online, de acesso aberto, que reúnem a
produção científica de uma IES, sendo que os utilizadores encontrarão a produção
científica desenvolvida por pesquisadores nas mais diversas áreas temáticas.
• Portal Domínio Público: trata-se de uma biblioteca digital desenvolvida em
software livre, contendo diversas possibilidades de acesso a informação científica,
incluído obras clássicas de autores consagrados, como a obra completa de
Machado de Assis, apenas a título de exemplo;
39
• Portal Periódicos CAPES/MEC: é uma biblioteca virtual que disponibiliza
materiais de bibliográficos referenciais ou de texto completo, sendo que a busca
pode ser realizada por assunto, livros, periódicos ou ainda base de dados.
• Biblioteca Virtual em Saúde (BVS): disponibiliza milhares de produtos
informacionais na área da saúde. A coleção de fontes de informação do Portal é
composta por bases de dados bibliográficas, sendo possível obter acesso a outros
tipos de fontes de informação, tais como recursos educacionais abertos, sites de
internet e eventos científicos.
É importante ressaltar que há inúmeras outras possibilidades de acesso a
informação virtual/digital, estas disponibilizadas através de fontes primárias, secundárias
ou terciárias. A esse respeito, Cunha (2016) apresenta como fontes primárias, por
exemplo: legislação, normas técnicas, periódicos, relatórios técnicos, teses e dissertações,
etc.; fontes secundárias: atlas, bibliografias, biografias, catálogos de bibliotecas,
dicionários, enciclopédias, etc.; fontes terciárias: bibliotecas e centros de informação,
diretórios, dentre outros. Muitas delas disponíveis virtualmente, conforme descrito no
quadro 4.
Quadro 4 - Fontes de informação virtual/digital: primária, secundária e terciária
Fonte de
informação
Tipologia Onde encontrar
Primária
Legislação Sites governamentais da União, Estado
e Municípios.
Periódico Portal de periódicos da CAPES, dentre
outras.
Teses e Dissertações
Bibliotecas digitais e Repositórios
Institucionais das IES. Em destaque, a
Biblioteca Digital de Teses e
Dissertações e os Repositórios
Institucionais das IES.
Atlas e mapas
A utilização do Google Maps faz com
que o pesquisador consiga informações
detalhadas sobre o mundo todo. Trata-se
de um recurso que permite, inclusive,
verificar aspectos locais ou regionais
que antes seria possível apenas in loco.
Bibliografias Uma grande variedade de sites
disponibiliza este tipo de informação.
Dicionários
Através de uma simples pesquisa no
Google ou Yahoo, por exemplo,
40
Secundária
diversas fontes de informação desta
natureza são encontradas.
Filmes e vídeos
O YouTube se apresenta como uma
poderosa fonte de informação,
disponibilizando o acesso a milhões de
vídeos, muitos deles educacionais.
Blogues
Alguns desenvolvidos por
pesquisadores e especialistas sobre as
mais diversas áreas do conhecimento,
possibilitando a interação com o leitor.
Terciária
Bibliotecas digitais das IES
Embora o acesso ao acervo esteja
limitado à comunidade acadêmica da
instituição, é possível pesquisar nos
catálogos os itens existentes. Alguns
deles disponíveis na íntegra, como
alguns artigos em formato PDF.
Fonte: Dados da pesquisa, 2017.
Estas são apenas algumas das possibilidades reais de acesso a informação, sendo
que muitas delas vem sendo utilizadas amplamente, quer no ensino presencial ou na
modalidade a distância. Aliás, considerando este último contexto, sobretudo por sua
grande utilização de materiais didáticos específicos e ambientes virtuais de aprendizagem
desenvolvidos para o público alvo da EAD, parece-nos correto afirmar que em um futuro
próximo as bibliotecas dos polos de apoio presencial da UAB, não necessariamente,
precisarão de uma estrutura física da forma como a conhecemos hoje.
Isso porque cada vez mais os usuários da EAD têm a sua disposição recursos
tecnológicos que são atualizados constantemente, possibilitando que os usuários das
bibliotecas tenham maiores possibilidades de acesso virtual a serviços acadêmicos e de
informação. É perceptível que mesmo no ensino presencial a prática da utilização dos
recursos tecnológicos para fins educacionais aumenta a cada ano. Cunha (2008), nos
primeiros anos deste século, já havia previsto essa nossa realidade atual. Dizia aquele
autor há quase dez anos:
Nos tempos atuais é crescente o percentual de pessoas que estão lendo
mais e copiando documentos em seus computadores pessoais. Tais fatos
farão com que a biblioteca não tenha tanta necessidade de expandir a
sua área física nem prover mais mesas e cadeiras para leitura; também
farão com que economize seus recursos com gastos com espaço físico
e com a expansão do quadro de pessoal; assim ela concentrará recursos
na modernização do seu parque tecnológico. (CUNHA, 2008, p. 10).
41
Com efeito, o que foi previsto por aquele especialista em Biblioteconomia e
Ciência da Informação, está cada vez mais evidente. Nos dias atuais, as diversas
possibilidades de acesso a informação (científicas ou não-científicas) existentes, são
perceptíveis até mesmo àqueles que não estão vinculados ao ensino formal (nível
fundamental, médio ou superior). Com efeito, é possível admitir que o uso de periféricos,
tais como: computadores; Smartphones; Tablets; dentre outros, é algo comum, objeto de
uso de crianças nos primeiros anos de idade e até mesmo idosos.
Um segundo motivo que nos direciona a visualizar as bibliotecas dos polos de
EAD mais flexíveis - ao menos em relação a sua estrutura física - baseia-se nas recentes
mudanças na legislação que abarca o ensino a distância no Brasil. Embora reconhecendo
que uma biblioteca, enquanto instituição social, ainda deve seguir diversos parâmetros
normativos, parece-nos correto afirmar para EAD essas unidades de informação
caminham à uma adequação com o perfil do seu público alvo.
Esta, no entanto, corresponde apenas a uma primeira impressão que temos sobre
o assunto, uma vez que ainda é recente a publicação da nova regulamentação do ensino a
distância, podendo ocorrer algumas adequações por parte do governo federal. De
qualquer modo, o que dispomos atualmente nos condiciona a elaborar uma reflexão sobre
a realidade atual dessas unidades de informação, considerando a legislação vigente e
alguns problemas que foram identificados em alguns contextos universitários, conforme
verificaremos nos tópicos seguintes.
2.1.1 Bibliotecas dos polos da UAB: parâmetros normativos
Assim como ocorre no ensino presencial, as bibliotecas planejadas, organizadas e
disponibilizadas aos usuários da EAD devem observar critérios e diretrizes normativas,
respeitando a legislação em vigor no nosso país. A esse respeito, Santos Filho (2009, p.
89) lembra que de acordo com a LDB, as bibliotecas são consideradas “como item
obrigatório nos planos de desenvolvimento de instituições de ensino, seja qual for o nível,
desde o infantil ao superior”. Mattos Filha e Cianconi (2015, p. 411), acrescentam que
No Brasil, a avaliação e o planejamento para EAD são feitos pelo MEC,
em parceria com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
42
Educacionais Anísio Teixeira (INEP), através do Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Superior (SINAES) e por meio de dispositivos
legais.
Essas autoras consideram, no entanto, que nossa legislação precisa ser mais
abrangente no que diz respeito ao planejamento e avaliação das bibliotecas. De fato, ao
observar a legislação sobre este assunto, é possível identificar diversos dispositivos legais
que tratam sobre a questão das bibliotecas na EAD. Estas normas, porém, expressam o
que é necessário para composição das bibliotecas dos polos da UAB, mas não especificam
como se deve proceder em relação a alguns dos itens exigidos.
De acordo com algumas diretrizes estabelecidas pelo MEC, por exemplo, os
bibliotecários são descritos como item obrigatório, devendo estar presente nas bibliotecas
dos polos da UAB. Da mesma forma, podemos identificar outras exigências estabelecidas
pelo MEC, aspectos relacionados à infraestrutura das bibliotecas; o acervo que deve
existir nessas unidades de informação; a necessidade de ambientes para estudo individual
e em grupo; a informatização e tecnologias utilizadas nesses ambientes informativos,
dentre outros aspectos.
A tipologia dos documentos legais, onde verifica-se diretrizes em relação as
bibliotecas na EAD, correspondem a Decretos - emitidos pelo poder executivo federal do
nosso país; instrumentos normativos desenvolvidos pelo MEC – utilizados para fins de
autorização e credenciamento dos cursos; um documento que deve ser utilizado como
referência de qualidade para EAD – abordando diversos aspectos dessa modalidade de
ensino. Abaixo descreveremos estes instrumentos normativos, considerando sua
abordagem em relação as bibliotecas na EAD.
O primeiro documento legal a ser mencionado nesta pesquisa é o Decreto nº
5.622, de 19 de dezembro de 2005, que tinha como objetivo regulamentar o art. 80 da Lei
nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. No entanto, este documento foi recentemente
revogado, sendo substituído pelo Decreto 9.057 de 25 de maio de 2017. Apesar disso,
optou-se por destaca-lo neste estudo, uma vez que por muito tempo foi utilizado como
parâmetro para EAD, destacando em seu Artigo 12 aspectos relacionados às bibliotecas
dos polos:
X - Descrição detalhada dos serviços de suporte e infraestrutura
adequados à realização do projeto pedagógico, relativamente a: [...] d)
bibliotecas adequadas, inclusive com acervo eletrônico remoto e acesso
43
por meio de redes de comunicação e sistemas de informação, com
regime de funcionamento e atendimento adequados aos estudantes de
educação a distância. (BRASIL, Decreto 5.622, 2005).
Observa-se nesse documento que as bibliotecas na EAD deveriam dispor em
recursos tecnológicos, com a finalidade de qualificar a oferta de informação aos usuários
da EAD, sendo estes critérios para fins de credenciamento. O documento em questão
ainda mencionava sobre a necessidade de a unidade de informação funcionar de forma
compatível com os horários do seu público alvo. Entretanto, conforme dito anteriormente,
este Decreto foi revogado, não devendo ser utilizado para fins de avaliação das bibliotecas
dos polos de EAD.
O segundo documento corresponde ao Decreto 5.773, de 09 de maio de 2006, que
“dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições
de educação superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema federal
de ensino”. (BRASIL, Decreto 5.773, 2006). O seu Artigo 16, estabelece os elementos
que devem estar contidos no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) de uma IES,
dentre os quais está a biblioteca:
VII - infraestrutura física e instalações acadêmicas, especificando: a)
com relação à biblioteca: acervo de livros, periódicos acadêmicos e
científicos e assinaturas de revistas e jornais, obras clássicas,
dicionários e enciclopédias, formas de atualização e expansão,
identificando sua correlação pedagógica com os cursos e programas
previstos; vídeos, DVD, CD, CD-ROMS e assinaturas eletrônicas;
espaço físico para estudos e horário de funcionamento, pessoal técnico
administrativo e serviços oferecidos. (BRASIL, Decreto 5.773, 2006).
Acima é possível identificar as exigências em relação aos materiais bibliográficos
que, necessariamente, devem ser disponibilizados aos usuários dessas bibliotecas. A
exigência não se limita ao acervo (que deve ter diversos tipos de materiais, inclusive
eletrônicos), mas também faz menção ao horário de funcionamento dessas unidades de
informação, além dos recursos humanos necessários para o atendimento aos usuários das
bibliotecas. Convém destacar que não há um detalhamento sobre esses dois itens,
conforme mencionou anteriormente Mattos Filha e Cianconi (2015).
O terceiro documento que é o Instrumento para credenciamento do polo de
apoio presencial para EAD. Este documento normativo, elaborado no âmbito do MEC,
44
tem como objetivo verificar as seguintes informações: a) informações gerais sobre o polo,
geradas pelo e-MEC; b) informações sobre o polo, preenchidas pela IES ofertante dos
cursos; e, c) avaliação de dimensão única, voltada para o projeto do polo. Neste
documento encontraremos uma série de questionamentos sobre o polo, dos quais
destacamos aqueles que estão direcionados às bibliotecas, conforme é possível observar
no quadro 5:
Quadro 5 - Informações sobre o polo preenchidas pela IES
Item de verificação Objetivos das informações
Biblioteca: infraestrutura de
pessoal projetada.
Saber se há bibliotecários e auxiliares de biblioteca,
considerando ainda seu grau de formação.
Quadro geral de tecnologias e
equipamentos do polo
(bibliotecas virtuais).
Dentre os diversos questionamentos feitos sobre as
tecnologias utilizadas no polo, pergunta-se se há bibliotecas
virtuais. Objetiva-se com essas informações, saber a
quantidade, se é de uso exclusivo para EAD ou
compartilhado.
Espaços gerais (biblioteca). Aqui verifica-se se há um espaço específico para biblioteca,
se é de uso exclusivo para EAD ou compartilhado.
Biblioteca (equipamentos) Neste item, objetiva-se saber quais os equipamentos existem
na unidade de informação, tais como aparelho telefônico,
computadores e impressoras, por exemplo.
Fonte: BRASIL, SINAES, Credenciamento de polo, 2010.
São informações que uma IES deveria disponibilizar aos avaliadores do MEC,
sendo que posteriormente essas informações poderiam ser verificadas in loco por
representantes daquele Ministério. Este instrumento de verificação, tem ainda o propósito
de verificar outros importantes aspectos do polo, utilizando critérios de análise, conforme
podemos observar no quadro 6.
Quadro 6 - Avaliação de dimensão única: polo de apoio presencial
Categoria
de análise
Indicador Critério de análise
Biblioteca (instalações para o
acervo e funcionamento)
Quando as instalações para o acervo e
funcionamento da biblioteca atendem aos
requisitos de dimensão, limpeza, iluminação,
acústica, ventilação segurança, conservação e
comodidade necessária à atividade proposta.
Biblioteca: instalação para
estudos individuais e em grupo
Quando existem instalações para estudos
individuais e em grupo e elas atendem às
necessidades do (s) curso (s).
Quando o acervo atende aos programas das
disciplinas da primeira metade do (s) curso (s),
em quantidade suficiente, na proporção de um
45
Infraestrutura Livros da bibliografia básica (1) exemplar para até oito (8) alunos, previstos
para cada turma, referentes aos títulos indicados
na bibliografia básica (mínimo de 3
bibliografias), e é atualizado e tombado junto ao
patrimônio da IES.
Livros da bibliografia
complementar
Quando o acervo atende as indicações
complementares feitas pelos programas das
disciplinas ofertadas.
Periódicos especializados
Quando existe assinatura de periódicos
especializados, indexados e correntes, sob a
forma impressa ou informatizada, abrangendo
todas as áreas temáticas, distribuídas entre as
principais áreas dos cursos.
Fonte: BRASIL, SINAES, Credenciamento de polo, 2010.
Neste instrumento normativo, foram estabelecidos critérios de análise que podem
categorizar cada item acima, atribuindo conceitos que vão de 1 a 5. Assim sendo, esses
critérios podem descrever a situação da biblioteca, considerando cada um dos indicadores
como precários, insuficientes, suficientes, adequados, ou ainda atendendo plenamente às
expectativas institucionais e dos usuários.
Os critérios de análise que apontem precariedade ou insuficiência nas condições
dos indicadores descritos, podem gerar problemas para o polo, que vão desde uma
exigência na adequação dos ambientes frente ás condições exigidas, ou mesmo o
descredenciamento desses núcleos de atendimento presencial pata funcionamento. Os
demais demonstram que o polo está em condições de exercer o seu papel, no que diz
respeito ao atendimento aos usuários da EAD.
Ocorre, porém, que este documento normativo, ao que parece, não mais será
utilizado para fins de avaliação. Isso porque com a publicação da Portaria n° 11, de 20 de
junho de 2017, novos procedimentos de avaliação foram estabelecidos. Agora, a própria
IES ofertante dos cursos poderá, em sua sede, apresentar as informações necessárias para
fins de avaliação do MEC. Ao menos é o que está descrito no Artigo 5° do referido
documento:
Art. 5° As avaliações in loco nos processos de EAD serão concentradas
no endereço sede da IES.
§ 1° A avaliação in loco no endereço sede da IES visará à verificação
da existência e adequação de metodologias, infraestrutura física,
tecnológica e de pessoal que possibilitem a realização das atividades
previstas no PDI e no Projeto Pedagógico do Curso - PPC.
46
§ 2° Durante a avaliação in loco no endereço sede, as verificações
citadas no § 1° também devem ser realizadas, por meio documental ou
com a utilização de recursos tecnológicos disponibilizados pelas IES,
para os Polos de EAD previstos no PDI e nos PPC, e os ambientes
profissionais utilizados para estágio supervisionado e atividades
presenciais. (BRASIL, Portaria ministerial nº 11 do MEC, 2017).
Entende-se, a priori, que o Instrumento para credenciamento do polo de apoio
presencial para EAD também deve ser desconsiderado para fins de avaliação das
bibliotecas dos polos de EAD. Isso não quer dizer, porém, que haverá uma perda de
qualidade nas unidades de informação, uma vez que as IES estarão obrigadas a monitorar
ainda mais de perto as atividades nos seus respectivos polos.
O quarto documento que a ser descrito neste estudo é o Instrumento de
credenciamento institucional para oferta da modalidade de EAD. Este instrumento
normativo foi organizado considerando três dimensões: Dimensão: I, que trata da
organização institucional para EAD; Dimensão II, que aborda a questão do corpo social
necessário para efetivação do projeto de ensino a distância; Dimensão 3, que estabelece
as diretrizes relacionadas às instalações físicas.
Nas últimas dimensões descritas, há diretrizes que estão direcionadas às
bibliotecas dos polos de EAD, contendo indicadores e critérios de análise. Ao contrário
do que ocorreu com o documento para credenciamento dos polos, este instrumento
normativo ainda deve ser considerado, ao menos até o presente momento. Nesse sentido,
é imperativo que o mesmo seja mencionado, descrevendo o que foi abordado sobre as
bibliotecas na EAD, conforme o quadro 7:
Quadro 7 - Credenciamento Institucional para EAD
Dimensão Indicador Critério de análise
Corpo
social
Corpo técnico administrativo
para atuar na gestão das
bibliotecas dos polos de apoio
presencial.
Quando os profissionais técnico-administrativos,
tem qualificação ou experiência profissional para
atuar na gestão de um sistema de bibliotecas com
diferentes unidades.
Biblioteca: instalações para o
gerenciamento central das
bibliotecas dos polos de apoio
presencial e manipulação dos
respectivos acervos.
Quando as instalações para o gerenciamento
central das bibliotecas dos polos de apoio
presencial e manipulação central do acervo, que
atendem os polos de apoio presencial, satisfazem
os requisitos de dimensão, limpeza, iluminação,
acústica, ventilação, segurança, conservação e
comodidade necessária à atividade proposta.
47
Instalações
físicas
Biblioteca: informatização do
sistema de bibliotecas (que
administra as bibliotecas dos
polos de apoio presencial).
Quando a informatização do sistema de
bibliotecas (que administra as bibliotecas dos
polos de apoio presencial) atende as necessidades
de registro e de utilização.
Biblioteca: política de
aquisição, expansão e
atualização do acervo das
bibliotecas dos polos de apoio
presencial.
Quando a instituição apresenta uma política de
aquisição, expansão e atualização do acervo das
bibliotecas dos polos de apoio presencial,
considerando a proposta pedagógica dos cursos e
a demanda dos docentes.
Fonte: BRASIL, SINAES, Credenciamento Institucional para EAD, 2010.
Conforme podemos observar no quadro acima, a primeira dimensão diz respeito
a existência de corpo administrativo para atuar na gestão das bibliotecas dos polos. Nesse
sentido, a nota máxima de avaliação será dada caso os profissionais técnico-
administrativos tenham qualificação ou experiência profissional de, pelo menos, um ano
para atuar na gestão de um sistema de bibliotecas;
As demais diretrizes estão direcionadas às instalações físicas que, conforme
verificamos, no primeiro caso observa os itens da dimensão: limpeza, iluminação,
acústica, ventilação, segurança, conservação e comodidade necessária à atividade
proposta; Em seguida, verifica a informatização do sistema de bibliotecas, fundamentais
àquela unidades de informação; avaliando, por fim, o grau de excelência da política de
aquisição, expansão e atualização do acervo das bibliotecas dos polos de apoio presencial.
É importante ainda destacar que este documento normativo atribui pontuações
semelhantes ao do instrumento utilizado para credenciamento do polo, também
estabelecendo conceitos que podem ir de 1 a 5, para cada indicador observado.
Lembrando que essa numeração segue uma ordem crescente de avaliação dos critérios de
análise, conforme demostrado anteriormente.
Complementando os instrumentos normativos que abarcam orientações para
disponibilização de bibliotecas na EAD, convém destacar os Referenciais de Qualidade
para EAD. Este documento apresenta orientações específicas sobre a forma como as
bibliotecas devem ser disponibilizadas aos alunos vinculados a um polo da UAB. A
primeira orientação que merece destaque é de ordem estrutural. Isto é, de acordo com os
Referencias de Qualidade para EAD:
As bibliotecas dos polos devem possuir acervo atualizado, amplo e
compatível com as disciplinas ministradas nos cursos ofertados.
Seguindo a concepção de amplitude de meios de comunicação e
informação da educação à distância, o material oferecido na biblioteca
48
deve ser disponibilizado em diferentes mídias. É importante, também,
que a biblioteca esteja informatizada, permitindo que sejam realizadas
consultas online, solicitação virtual de empréstimos dos livros, entre
outras atividades de pesquisa que facilitem o acesso ao conhecimento.
Além disso, a biblioteca deve dispor em seu espaço interno de salas de
estudos individuais e em grupo. (BRASIL. Ministério da Educação,
2007, p. 26).
Apesar dessas diretrizes estarem reunidas em um único parágrafo, é possível
identificar aqueles recursos que são considerados como essenciais para uma unidade de
informação dessa natureza: biblioteca com acervo atualizado e disponibilizado em
diferentes mídias; devidamente informatizada; dispondo ainda de ambientes específicos
para estudo individual e em grupo. No entanto, acredita-se que em um futuro próximo
este documento será revisado, considerando, sobretudo, o que consta na recém-publicada
Portaria n° 11, do MEC. Está descrito no Artigo 11 deste documento que:
O polo EAD deverá apresentar identificação inequívoca da IES
responsável pela oferta dos cursos, manter infraestrutura física,
tecnológica e de pessoal adequada ao projeto pedagógico dos cursos a
ele vinculados, ao quantitativo de estudantes matriculados e à legislação
específica, para a realização das atividades presenciais, especialmente:
I - Salas de aula ou auditório;
II - Laboratório de informática;
III - Laboratórios específicos presenciais ou virtuais;
IV - Sala de tutoria;
V - Ambiente para apoio técnico-administrativo;
VI - Acervo físico ou digital de bibliografias básica e complementar;
VII - Recursos de Tecnologias de Informação e Comunicação -TIC; e
VIII - Organização dos conteúdos digitais. (BRASIL, Portaria
ministerial nº 11 do MEC, 2017, grifo nosso).
Ao que parece, existe uma possibilidade da não obrigatoriedade das bibliotecas
nos polos, conforme descrito nos Referencias de Qualidade para EAD e demais
instrumentos normativos apresentados neste estudo. Inclusive, em palestra proferida na
Câmara dos Deputados do nosso país, abordando o tema “Os desafios da Educação a
Distância no Brasil”, o diretor de EAD da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
49
de Nível Superior CAPES, Carlos Lenuzza, evidencia aspectos relacionados à
modernização das bibliotecas dos polos3.
No que tange à administração pública, pela primeira vez a
modernidade advinda da educação a distância passa a ser
reconhecida, que são as bibliotecas e laboratórios virtuais, que
hoje passam a fazer parte do rol que poderá integrar os nossos
polos, facilitando a ação no interior do país. (Informação verbal).
Parece-nos correto afirmar, portanto, que com a nova regulamentação para EAD,
especialmente o trecho que tem relação direta com as bibliotecas – “Acervo físico ou
digital de bibliografias básica e complementar” – essas unidades de informação poderão
ser implementadas considerando uma maior compatibilidade com o ensino a distância e,
sobretudo, com o perfil e interesse de seus usuários. Por tratar-se de uma considerável
mudança normativa em relação as unidades de informação na EAD, ainda em construção,
convém que as IES acompanhem mais de perto esta regulamentação, preferencialmente
se manifestando sobre o tema.
Enquanto novas publicações normativas não surgem, detalhando novas ações que
poderão ser empreendidas às bibliotecas dos polos, convém que se destaque uma outra
orientação expressa nos Referenciais de Qualidade para EAD, que tem relação com esses
ambientes informacionais. Desta vez, o foco está direcionado à uma necessidade de
recursos humanos devidamente capacitados para o atendimento aos usuários,
reconhecendo o bibliotecário como um ator importante e fundamental para estar atuando
no polo.
O polo de apoio presencial [...], além da estrutura física adequada, deve
contar com uma equipe capacitada [...] composta pelo coordenador do
polo, os tutores presenciais, técnicos de laboratório de ensino (quando
for o caso), técnicos para laboratório de informática, bibliotecário,
pessoal de secretaria. (BRASIL, Ministério da Educação, 2007, p. 28,
grifo nosso)
3 Notícia disponibilizada por Gisele Novais, no endereço eletrônico da UAB. Disponível em:
http://www.capes.gov.br/sala-de-imprensa/noticias/8427-diretor-da-capes-fala-sobre-desafios-da-ead-na-
camara-dos-deputados , em 07 de junho de 2017.
50
Foram apresentados acima alguns dos principais documentos legais, diretrizes e
orientações para implementação de bibliotecas nos polos de EAD. Os documentos
correspondem a Decretos e outros instrumentos normativos, ambos desenvolvidos pelo
poder executivo federal. Destacou-se o Decreto 9.057 e a Portaria n° 11, de 25 de maio e
20 de junho de 2017, respectivamente, uma vez que os mesmos são considerados como a
nova regulamentação para essa modalidade de ensino. Apesar desses instrumentos
normativos, convém o acompanhamento de novas publicações frente a outras possíveis
mudanças que possam surgir, no que diz respeito às bibliotecas dos polos de EAD.
Finalizamos esta etapa da pesquisa, registrando que em um futuro próximo
teremos um novo instrumento normativo direcionado às bibliotecas, estando essas
unidades de informação atendendo aos alunos de cursos presenciais ou na modalidade a
distância. Trata-se do Projeto de Lei do Senado (PLS) nº 28, de 2015, de autoria do
Senador Cristovam Buarque, que está em tramitação no Senado Federal. De acordo com
o Artigo 1º “Esta Lei institui a Política Nacional de Bibliotecas”. (BRASIL, Projeto de
Lei do Senado 028/2015). Os demais Artigos descrevem a relevância desta Lei, dos quais
destacamos o:
Art. 5º Para efeito desta Lei, considera-se biblioteca todo espaço físico
ou virtual que mantenha bens simbólicos organizados, tecnicamente
tratados, em condições de busca, recuperação e disseminação, e que
ofereça, de forma sistemática e continuada, entre outros, serviços de
consulta e empréstimo a seus grupos de usuários preferenciais.
Art. 7º Toda biblioteca deve contar com bibliotecários em número
proporcional e adequado ao atendimento dos usuários, conforme dispõe
a legislação que regulamenta o exercício da profissão no Brasil.
Art. 18. É obrigatório à União, aos estados, aos municípios e ao Distrito
Federal consignarem em seus orçamentos verbas destinadas à criação,
à manutenção e à expansão dos programas de acesso ao livro, de
incentivo à leitura e das coleções do acervo das bibliotecas sob as suas
responsabilidades.
Parágrafo único. A obrigação de que trata o caput deste artigo se estende
a todas as instituições de quaisquer níveis e modalidades de educação e
ensino. (BRASIL, Projeto de Lei do Senado 028/2015)
Corresponde, portanto, a um novo instrumento norteador no que diz respeito a
questão das bibliotecas, estejam elas inseridas no modelo tradicional de educação, ou no
ensino a distância. Principalmente considerando o que está descrito no Artigo 18 do
51
documento supracitado, entende-se que através desta Lei as entidades federativas, como
um todo, necessariamente deverão investir na estruturação das bibliotecas sob sua gestão.
Nesse sentido, espera-se que as bibliotecas, em qualquer modalidade de ensino, ganhem
em qualidade. As dos polos de apoio presencial da UAB, em especial, superando alguns
desafios que ainda são perceptíveis, conforme veremos a seguir.
2.1.2 Bibliotecas na EAD: desafios para polos da UAB
Alguns polos de apoio presencial da UAB, embora tenham obtido autorização para
funcionamento, ainda não estão devidamente estruturados para o atendimento efetivo ao
seu público alvo, especialmente no que diz respeito às suas bibliotecas. Em muitos casos,
isso pode ocorrer devido a limitação dos recursos financeiros de seu órgão mantenedor,
o que implica na impossibilidade do desenvolvimento de novas ações voltadas para
superar algumas das barreiras existentes. Nesse sentido, muito problemas podem ser
identificados.
Ferrugini e outros pesquisadores (2014), em seu artigo intitulado “Educação a
distância no Brasil: potencialidades e fragilidades”, mencionam a falta de materiais
bibliográficos no formato impresso e de qualidade nas bibliotecas dos polos de apoio
presencial da UAB. Ainda de acordo com esses pesquisadores, a indisponibilidade de
bibliotecas físicas e virtuais de qualidade podem ser apontadas como uma grande
fragilidade existente nessa modalidade de ensino, comprometendo assim a qualidade dos
cursos de EAD.
No mesmo ano, Sena (2014), também identificou algumas dificuldades existentes
nessas unidades de informação. Em seu estudo denominado “A biblioteca universitária
na educação a distância: papel, características e desafios” - pesquisa desenvolvida no
âmbito da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) - aquela pesquisadora
identificou, dentre outras coisas, os seguintes problemas:
• Número reduzido de funcionários atuando nas bibliotecas [...];
• Número insuficientes de funcionários para manterem as
bibliotecas abertas em todos os horários de funcionamento dos
polos;
• Bibliotecas pertencentes aos polos e divididas com escolas;
52
• Dimensão física das bibliotecas inadequada ao número de
usuários em potencial;
• Inexistência de área para o armazenamento do acervo;
• Número reduzido de produtos e serviços ofertados aos
usuários; • Ausência de estudo de usuários. (SENA, 2014, p. 107).
Cada um dos itens acima descritos pode comprometer negativamente o
desempenho das bibliotecas. A pouca quantidade de funcionários, por exemplo, pode
fazer com que as bibliotecas não estejam funcionando em horários de interesse dos
discentes. Do mesmo modo, os problemas relacionados ao espaço físico, podem
desestimular o uso desses ambientes informacionais por parte de seus usuários. Além
disso, a não realização de estudos de usuários da biblioteca, impede que os gestores
conheçam seus usuários reais e em potencial, assim como suas necessidades acadêmicas
e de informação. Aqui convém esclarecer que
Estudo de usuários são investigações que se fazem para saber o que os
indivíduos precisam em matéria de informação, ou então, para saber se
as necessidades de informação por parte dos usuários de uma biblioteca
ou de um centro de informação estão sendo satisfeitas de maneira
adequada. (FIGUEIREDO, 1994, p. 7).
Outro estudo que pode ser mencionado é o de Jesus (2015). Este pesquisador
desenvolveu na Universidade Federal da Bahia (UFBA), uma outra investigação sobre as
bibliotecas no contexto da EAD. Em sua dissertação de mestrado, intitulada “As
bibliotecas nos polos de apoio presencial de educação a distância no Estado da Bahia”,
aquele pesquisador constatou que
Entre os aspectos problemáticos observados estão a falta de
bibliotecário no quadro profissional dos polos, as bibliografias básica e
complementar em sua maioria no formato impresso, não inclusão de
recursos tecnológicos de redes sociais no ambiente da biblioteca, falta
de cooperação das bibliotecas das universidades mantenedoras dos
cursos no polo. (JESUS, 2015, p. 7).
Aqui destacamos a ausência do bibliotecário, descrita nas duas últimas pesquisas
mencionadas. Obviamente que a inexistência de um acervo que esteja em conformidade
com as disciplinas ofertadas pelos cursos, também comprometem a oferta de informação
aos usuários. Do mesmo modo, a inexistência de uma maior interação tecnológica,
53
apresenta-se como um ponto negativo, comprometendo assim o desempenho de uma
biblioteca no contexto da EAD.
Como podemos perceber, diversas barreiras ainda podem ser encontradas em um
determinado polo de apoio presencial da UAB, no âmbito de uma IES. Assim sendo, cabe
aos gestores dos polos desenvolverem maiores investigações sobre a realidade de suas
bibliotecas, buscando alternativas que viabilizem um melhor funcionamento dessas
unidades de informação.
Uma IES, portanto, precisa olhar com atenção essa possível realidade existente
nos polos da UAB, onde ofertam seus cursos de graduação e pós-graduação, a distância.
Além disso, parece-nos correto afirmar que mesmo que essa universidade não venha a ser
o órgão mantenedor do polo, isto não a isenta de uma certa responsabilidade em relação
a construção de uma proposta ou estratégia de ação que ajude aqueles núcleos de
atendimento presencial a superar essa barreira.
Nesse sentido, duas ações podem ser pensadas e implementadas, visando ampliar
e qualificar a oferta de produtos e serviços informacionais aos usuários da EAD. A
primeira diz respeito a uma participação ainda mais efetiva da IES em relação aos polos.
Esta ação pode ser realizada mediante a inserção da biblioteca acadêmica da instituição,
no sentido de apoiar os polos em suas atividades. A segunda, está direcionada à
contratação de bibliotecários para atuar em diversas áreas da EAD, sendo que este
profissional da informação deve exercer atividades que vão além dos polos da UAB,
conforme veremos nos tópicos seguintes.
2.2 A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA E O BIBLIOTECÁRIO NA EAD
Neste capítulo abordaremos duas ações que podem ser vistos como essenciais para
que uma IES venha a obter qualidade na oferta de seus cursos de EAD. A primeira
corresponde a uma participação mais efetiva da Instituição, através de sua biblioteca
universitária. A segunda, diz respeito a participação dos bibliotecários nesse sistema de
ensino.
54
2.2.1 A importância da biblioteca universitária para EAD
As bibliotecas universitárias precisam contribuir com as bibliotecas dos polos
UAB para que essas últimas consigam desenvolver suas atividades da melhor maneira
possível. Uma IES, que ingressou na modalidade a distância, não apenas tem a condição,
mas também o dever de empreender esforços no sentido de oportunizar aos alunos da
EAD maiores possibilidades de acesso à informação e conhecimento. É o que defende
Silva (2014, p. 14), quando considera que
As Bibliotecas Universitárias precisam ir além do seu público de ensino
presencial, para atender os alunos dos cursos a distância que se
relacionam ao processo de aprendizagem baseada nas possibilidades
virtuais, mas que, no plano concreto, são alunos reais, e não virtuais, e,
como tal, apresentam necessidades de informação e precisam ser
atendidos em suas especificidades e singularidades.
Aqui a autora aborda uma realidade que pode ser identificada em muitas
universidades atuantes no ensino a distância. Isto é, pode haver casos em que os alunos
da EAD, não necessariamente estejam tendo acesso ao mesmo suporte de apoio
informacional fornecido aos alunos dos cursos presenciais, principalmente em relação à
utilização dos diversos produtos e serviços informacionais existentes na IES. Isso, no
entanto, deve ser analisado o quanto antes, uma vez que usuários presencias ou virtuais,
em geral, possuem o mesmo tipo de vínculo com a IES, devendo essa universidade criar
mecanismos que ao menos amenizem essa possível desigualdade.
Nesse sentido, uma biblioteca universitária poderia desenvolver ações diversas no
âmbito da EAD, tais como: oferecer treinamentos aos funcionários das bibliotecas dos
polos; orientar essas unidades de informação sobre procedimentos para organização e
preservação dos itens no acervo; ou ainda disponibilizar produtos e serviços on-line para
os usuários da EAD, procedimentos que mencionamos apenas a título de exemplo. Aqui
convém que mencionemos outras ações que podem ser desenvolvidas, muitas delas com
um grau de importância maior do que apresentamos a pouco.
Rocha (2011), por exemplo, defende a criação de uma rede de informações para o
compartilhamento de acervos eletrônicos entre a IES e as bibliotecas dos Polos. Aquela
pesquisadora sugere ainda a formação de um sistema de parceria, com o objetivo de
55
disseminar as informações contidas nos periódicos eletrônicos, bases de dados e acervos
digitais. Além disso, propõe:
• Formulação de processos padronizados em relação à aquisição e
distribuição do acervo para as bibliotecas dos Polos;
• Adoção de gestão centralizada para as bibliotecas dos polos,
visando agilizar procedimentos técnicos e administrativos;
• Criação de um modelo padrão de biblioteca para os polos para
assegurar a qualidade dos serviços prestados e a infraestrutura
necessária. (ROCHA, 2011, p. 46).
Em relação a essa padronização, uma situação em comum que pode ser
identificada em bibliotecas inseridas no contexto da EAD, é que muitas dessas unidades
de informação podem estar funcionando em um espaço físico pequeno, insuficiente para
organização do acervo que, em geral, cresce a cada ano. Nesse sentido, a biblioteca
acadêmica da IES poderia, através de seus bibliotecários, elaborar uma proposta de
modelo padrão de biblioteca, a ser utilizado por todas as unidades de informação
existentes nos polos da UAB, onde aquela IES está ofertando cursos.
Lucena (2014), também nos direciona à alguns importantes procedimentos que
podem ser adotados por uma IES, considerando a participação da biblioteca universitária.
Essa autora considera que a organização de eventos de caráter institucional, envolvendo
membros da equipe multidisciplinar da EAD e do Sistema Integrado de Bibliotecas da
IES ofertante dos cursos, seriam importantes para promoção do conhecimento mútuo dos
atores envolvidos nesse sistema de ensino.
Uma outra participação da biblioteca universitária na EAD, pode ser através da
oferta de produtos e serviços informacionais aos usuários dessa modalidade de ensino.
Essa participação pode ser de forma virtual, onde o usuário da EAD teria o apoio da
biblioteca acadêmica da IES onde possui vínculo. Semelhante proposta foi realizada por
Nascimento (2012) para o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), no
RN.
Embora o ambiente de pesquisa não tenha sido em uma IES, o estudo
desenvolvido a esse respeito é bastante significativo, à medida que estabelece uma
proposta compatível com o perfil dos usuários da EAD. Diz respeito à adoção de um
Serviço de Referência Virtual (SRV) que, de acordo com a American Library Association
(ALA) apud Pagani e Lucas (2016, p. 522), corresponde a um:
56
Serviço de referência iniciado eletronicamente onde os clientes utilizam
computadores ou outras tecnologias para se comunicarem com a
unidade de informação sem estarem fisicamente presentes. Os canais de
comunicação utilizados frequentemente no serviço de referência virtual
incluem bate-papo, videoconferência, serviço de voz por IP,
compartilhamento de tela, e-mail e mensagens instantâneas.
Nascimento (2012, p. 170), afirma que “as bibliotecas que trabalham com
produtos e serviços informacionais, devem oferece-los com qualidade objetivando
satisfazer as necessidades de seus usuários”. Nesse sentido, propôs para o SENAC/RN
que os seguintes produtos e serviços fossem disponibilizados aos usuários, conforme é
possível observar no quadro 8:
Quadro 8 - Serviço de Referência Virtual (SRV): produtos e serviços
Produtos e serviços de referência virtual – SENAC RN
Produtos
- Catálogo on-line: através do sistema “em nuvem” a
clientela de usuários utiliza-se de pesquisas, avaliação e
indicação de material informacional.
- Elaboração de ficha catalográfica: Trata-se da
elaboração de uma ficha, fazendo a representação
descritiva de algum documento, de acordo com as regras do
Código de Catalogação Anglo-Americano. (AACR2).
- Links de base de dados de acesso público: aqui seriam
disponibilizados links que levariam à base de dados. Dessa
forma os usuários são levados a conteúdos nunca antes
consultados.
- Repositório institucional digital: disponibilização dos
documentos em formato digital, na íntegra, para que
pesquisadores das mais diversas linhas de pesquisa tenham
acesso a ele, sem que necessariamente obtenham o modelo
impresso.
Serviços
- Orientação à elaboração de trabalhos acadêmicos:
aqui o bibliotecário orienta os usuários com relação a forma
de ele elaborar seus trabalhos acadêmicos, segundo as
normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT).
- Levantamento informacional: consiste em realizar um
levantamento de documentos informacionais relacionados
às necessidades dos usuários quanto a determinados
assuntos, uma vez que eles nem sempre têm facilidade em
encontrar documentos relevantes para suas pesquisas.
57
- Normalização de trabalhos acadêmicos: serviço que
normaliza os trabalhos enviados pelos usuários, de acordo
com as normas da ABNT.
- Comutação bibliográfica: o Programa de Comutação
Bibliográfica (COMUT), é um serviço oferecido pelo
Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
(IBICT). Através dele é possível a obtenção de cópias de
documentos técnicos científicos disponíveis nos acervos
das principais bibliotecas brasileira e em serviços de
informação internacionais. Fonte: Nascimento (2012, p. 171-172).
É importante destacar que, em geral, as IES já disponibilizam esses produtos e
serviços informacionais à sua comunidade acadêmica, quer estejam vinculados aos cursos
de extensão, graduação ou pós-graduação. É importante que cada instituição, no entanto,
verifique se seus usuários da modalidade de EAD também estão sendo atendidos. Até
porque a rotina e hábitos de estudos desse grupo de discentes é diferenciada, podendo
ocorrer que os mesmos pouco ou raramente frequentem as bibliotecas da instituição a que
estão vinculados. De qualquer modo, Galvão Neto e Silva (2010, p. 74) observam que:
A criação da referência virtual é uma tendência na disponibilização de
produtos e serviços em bibliotecas. Com o advento das tecnologias,
mais precisamente a Internet, tornam-se perceptíveis mudanças que
vêm ocorrendo nos serviços das bibliotecas, oferecidos, muitas vezes,
de forma virtual para seus usuários.
Um SRV, portanto, corresponde a um processo de comunicação contemporâneo,
uma vez que abarca diversas possibilidades de acesso à produtos e serviços
informacionais, antes disponíveis apenas no interior de uma biblioteca. Contribui de
forma significativa para o atendimento as necessidades de informação do público alvo
dessas unidades de informação, estejam esses usuários vinculados ao ensino presencial
ou a distância. Além disso, um serviço dessa natureza se renova a cada dia,
acompanhando a constante evolução tecnológica, em especial aquelas que podem ser
disponibilizadas pela Internet.
Uma outra contribuição que merece destaque é a de Costa (2015). Essa
pesquisadora também apresenta uma importante sugestão às IES que atuam no ensino a
distância. A autora sugere a criação de um setor específico na biblioteca acadêmica da
IES, visando atender aos usuários da EAD. Essa ação, inclusive, foi implementada na
58
biblioteca universitária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde criou-
se um setor de apoio às bibliotecas do polo da EAD, visando uma maior oferta de recursos
informacionais para os alunos dessa modalidade de ensino na instituição.
Considera-se essa última proposta, inclusive, como uma das mais relevantes para
uma IES que esteja inserida na EAD. Em primeiro lugar, porque essa modalidade de
ensino apresenta algumas particularidades, como é o caso da oferta de materiais didáticos
elaborados especificamente para as disciplinas ofertadas nos cursos, muitos deles
disponíveis no formato impresso e virtual. Segundo, e talvez o mais importante, porque a
quase totalidade das atividades acadêmicas desenvolvidas pelos usuários da EAD são
realizadas virtualmente, em ambientes virtuais de aprendizagem ou plataformas
específicas para encontros realizados entre os diversos atores que participam desse
processo.
Nesse sentido, um setor específico que abarca produtos e serviços informacionais,
um atendimento personalizado aos usuários da EAD - presencial ou virtualmente - vem a
somar aos diversos recursos que contribuem com a formação acadêmica dos alunos da
EAD. É importante considerar, no entanto, que ao se pensar em uma espécie de setor ou
serviço direcionado aos usuários da EAD, focado ainda no apoio às bibliotecas dos polos
de apoio presencial da UAB, exige que recursos humanos capacitados também sejam
inseridos. Mais especificamente, que existam bibliotecários atuando a frente de tais
serviços, pois somente dessa forma alguns benefícios serão efetivados à IES e polos,
conforme veremos no tópico seguinte.
2.2.2 O papel do bibliotecário na EAD
O bibliotecário é necessário para EAD, assim como também o são os auxiliares
de biblioteca. A diferença entre esses dois atores é que, enquanto o primeiro desenvolve
ações de maior complexidade, o segundo desenvolve serviços de apoio na biblioteca.
Conforme explica Silva e Araújo (2003), o bibliotecário cuida de toda logística que
envolve o planejamento, a organização e implantação de bibliotecas. Sousa (2001, p. 16)
complementa, afirmando que o bibliotecário “é o profissional qualificado para implantar,
implementar, administrar unidades de informação e documentação, bem como gerenciar
recursos informacionais da geração ao uso da informação”.
59
O auxiliar de biblioteca, por sua vez, apoia e executa as mais diversas tarefas
auxiliares em uma unidade de informação, tais como restauração de livros ou localização
dos um livro nas estantes, apenas a título de exemplo. Em se tratando de uma biblioteca
pequena, esse profissional da informação desenvolve quase a totalidade dos serviços,
considerando serem de menor complexidade. Mesmo assim, é importante ressaltar, é
imprescindível a existência de um bibliotecário, como responsável por esse tipo de
unidade de informação.
Diversas são as atribuições dos bibliotecários, muitas delas podendo exercer maior
peso, dependendo do tipo ou categoria de biblioteca em que estiver atuando. Na tentativa
de descrevermos algumas que são comuns para os vários tipos de unidades de informação
existentes, destacamos o que foi descrito pela Federação Internacional de Associações de
Bibliotecários e Bibliotecas (IFLA). De acordo com essa entidade, esse profissional da
informação precisa estar capacitado para assumir diversas atividades ao mesmo tempo,
conforme algumas podem ser observadas abaixo:
Quadro 9 - Atribuições do bibliotecário
Algumas atribuições dos bibliotecários
Atribuições Ações desenvolvidas
Planejamento e administração
- Analisar as necessidades de informação;
- Formular e implantar políticas para o desenvolvimento dos
serviços;
- Planejar serviços para o público e participar da prestação dos
serviços;
- Desenvolver políticas e sistemas de aquisição dos recursos da
biblioteca;
- Organizar e administrar serviços e sistemas de bibliotecas e
informação.
Fornecimento de informações
- Recuperar e fornecer informações
- Responder a questões de referência e informação
- Assistir os clientes no uso dos recursos e informações da
biblioteca;
- Proporcionar serviços de orientação dos leitores.
Marketing - Fazer a promoção dos serviços da biblioteca.
Organização da informação
- Criar e manter base de dados para atender às necessidades da
biblioteca e seus clientes;
- Projetar serviços e sistemas de bibliotecas e informação para
atender às necessidades do público;
- Catalogar e classificar materiais da biblioteca;
- Manter-se a par das mudanças nas profissões ligadas à
informação e tecnologias relevantes.
Avaliação e monitoramento
- Avaliar serviços e sistemas de bibliotecas e medir seu
desempenho;
- Selecionar, avaliar, administrar e treinar pessoal.
60
Administração das instalações - Participação no planejamento do projeto e decoração das
bibliotecas novas e remodeladas.
Desenvolvimento das coleções - Selecionar e adquirir materiais de biblioteca para o acervo.
Educação dos clientes
- Oferecer oportunidades de educação e treinamento para
comunidade;
- Desenvolver serviços para atender às necessidades de grupos
especiais.
Fonte: IFLA (2012).
Em conformidade com algumas das atribuições descritas no quadro 9, é possível
identificar o grau de complexidade a que esse profissional da informação está submetido.
É importante acrescentar que tais atribuições são necessárias, mas isso não quer dizer que
esse profissional da informação consiga abarcar todas essas ações de forma impecável.
Afinal, é natural que um profissional com qualquer formação acadêmica, tenha maiores
aptidões para um ou outra atribuição.
Um bibliotecário deve estar atento às diversas e incontáveis possibilidades de
acesso a informação e ao conhecimento, sobretudo aquelas que estão disponíveis
virtualmente. Foi-se o tempo em que a relação entre esses profissionais da informação se
dava tão somente no âmbito da instituição em que estavam inseridos. Nos dias atuais, é
comum haver um constante processo de interação e compartilhamento de informação e
conhecimento entre diversos atores qualificados nessa área, muito deles, inclusive,
exercendo atividades em instituições fora do nosso país. De acordo com Silva e Cunha
(2002, p. 81):
[...] os bibliotecários são levados cada vez mais a participar ativamente
do fluxo internacional de informações por meio de prestação de
serviços a usuários virtuais que podem estar localizados em qualquer
local do planeta. Em contrapartida, estes mesmos profissionais se
beneficiam e utilizam serviços provenientes deste fluxo internacional.
Estão em constante processo de interação e compartilhamento de informação e
conhecimento, o que traz benefícios individuais e institucionais. Sobretudo, beneficiando
os usuários, razão de ser de qualquer biblioteca ou centro de informação. E, dentro dessa
perspectiva, é possível verificar o papel do bibliotecário em um universo onde se utiliza
amplamente as novas tecnologias educacionais, como é o caso do ensino a distância e
dentro do contexto das bibliotecas utilizadas na EAD.
61
Nas bibliotecas dos polos das UAB os bibliotecários são considerados como
essenciais, uma vez que apenas eles têm a real condição de organizar aquelas unidades de
informação. Alguns pesquisadores consideram, ainda, que os bibliotecários devem fazer
parte da equipe que compõe os recursos humanos de um polo da UAB. Outros que este
profissional desenvolve um papel de professor no âmbito da biblioteca, à medida que
ensina o usuário a buscar a informação de maneira mais eficiente.
Mostafa (2003) e Sembay (2009), por exemplo, entendem que o bibliotecário pode
participar dessa modalidade de ensino, atuando como uma espécie de educador,
colaborando diretamente como o processo de ensino aprendizagem. Nesse sentido, esse
profissional da informação estaria atuando na organização, elaboração de conteúdos,
análise de fontes de informação tradicionais e online, treinamento de recursos
tecnológicos, estimulação de ações para dinamizar o acesso e o uso de conteúdos, entre
outros serviços que dinamizam os processos de EAD.
Silva (2014, p. 17), corrobora e complementa o que foi afirmado anteriormente,
explicando que o bibliotecário
[...] deve auxiliar o usuário na pesquisa, localização de fontes de
informação, orientação do uso adequado da tecnologia e trabalho
colaborativo entre instituições e pares. Isso permitirá maior autonomia
dos usuários em acessar documentos no formato digital, tais como:
artigos de periódicos, resenhas, capítulos de livros, e-books, diferentes
tipos de bases de dados, redes sociais e fóruns temáticos.
Mas a participação desse profissional da informação não deve ser limitada apenas
em um polo de apoio presencial da UAB. Alguns estudiosos entendem que esse
profissional da informação deve fazer parte da equipe profissional multidisciplinar de
uma IES, que atua diretamente na EAD. Spudeit, Viapiana e Vitorino (2010, p. 62), por
exemplo, explicam que
O bibliotecário da equipe multidisciplinar dos cursos da modalidade
EAD orienta os alunos quanto ao acesso a material informacional
complementar, indica fontes de pesquisa, intermedia o acesso a fontes
impressas de informação disponíveis em outras unidades de informação
tradicionais ou eletrônicas, executa buscas personalizadas, seleciona
links e disponibiliza conteúdos referentes ao programa disciplinar do
curso, auxilia na busca e acesso a bases de dados e bibliotecas virtuais,
capacitando os alunos para uso dos recursos virtuais e facilitando
através de tutoriais ou treinamentos virtuais a localização de fontes de
62
informação, enfim, fazendo um indispensável apoio a educação que fará
a diferença nas bases do conhecimento construído pelo aluno num curso
virtual.
Considerando essa última afirmação, Souto (2002) expressa concordância sobre a
possibilidade de o bibliotecário fazer parte da equipe multidisciplinar da EAD em uma
instituição, acrescentando que esse profissional da informação pode atuar tanto na
estruturação do material didático, na identificação de fontes de informação pertinentes
para cada usuário, na interação com os discentes, orientando-os na obtenção de
informações de seu interesse, diante das infinitas possibilidades de acesso a informação
científica. O autor considera ainda a possibilidade de adoção de um novo termo para esse
profissional da informação na EAD, que poderia ser chamado de cibertecário.
Embora discordemos dessa sugestão do autor, pois consideramos desnecessária e
defendemos o termo bibliotecário, o certo é que esse profissional da informação é
comprovadamente necessário para atuar em qualquer área ou nível educacional,
gerenciando as unidades de informações existentes, atualizando-se constantemente com
as novas possibilidades de acesso a informação e ao conhecimento. É pertinente, portanto,
que uma IES atuante na EAD reveja a configuração dos seus recursos humanos, levando
em conta a importância desse profissional da informação para aquela modalidade de
ensino, na perspectiva que venha a contribuir diretamente com os diversos atores
envolvidos nesse processo.
A revisão da literatura desta pesquisa objetivou apresentar algumas informações
que contribuam com gestores de polos de apoio presencial da UAB, no estabelecimento
de uma visão diferenciada sobre as bibliotecas existentes nesses centros de atendimento.
Além dos produtos e serviços apresentados nesta pesquisa, as bibliotecas foram
diferenciadas considerando suas categoriais e evolução tecnológica. Mais
especificamente no caso das bibliotecas dos polos, verificou-se os principais instrumentos
normativos que direcionam a organização e funcionamento desses ambientes
informacionais.
Por fim, identificou-se que existe algumas barreiras que precisam ser superadas a
fim de melhorar o desempenho de algumas bibliotecas dos polos vinculadas a uma IES.
Do mesmo modo, destacou-se algumas ações desenvolvidas no âmbito de importantes
IES, visando a melhoria da oferta de produtos e serviços informacionais aos usuários da
EAD. A partir desse momento, porém, inicia-se a investigação na UFRN, conforme
63
proposta estabelecida no início dessa pesquisa. Isto é, a realização do estudo de caso que
tem como principal objetivo analisar a realidade atual das bibliotecas dos polos de apoio
presencial da UAB/UFRN.
64
3 ESTUDO DE CASO
A partir desse momento verifica-se o ambiente da pesquisa. Isto é, o estudo de
caso realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O estudo foi
desenvolvido nessa IES, tendo como principal objeto de investigação as bibliotecas
inseridas no contexto da EAD, enfatizando as unidades de informação que encontram-se
dispersas em diversos municípios do RN, mais precisamente em polos de apoio presencial
da UAB.
3.1 A UFRN NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: O AMBIENTE DA PESQUISA
A UFRN é reconhecida como uma das mais importantes IES do nosso país.
Considerada a 23ª (vigésima terceira) melhor Universidade Federal, segundo o Ranking
Universitário Folha de 2016, tem como missão:
Educar, produzir e disseminar o saber universal, preservar e difundir as
artes e a cultura, e contribuir para o desenvolvimento humano,
comprometendo-se com a justiça social, a sustentabilidade
socioambiental, a democracia e a cidadania. (UFRN, PDI, 2017).
De acordo com seu Estatuto, publicado no Diário Oficial da União (DOU) nº 173,
seção 1, de 06 de setembro de 2002, a UFRN foi criada a partir da Lei Estadual nº 2.307,
de 25 de junho de 1958, sendo federalizada pela Lei nº 3.849, de 18 de dezembro de 1960,
com plano de reestruturação aprovado pelo Decreto nº 62.091, de 09 de janeiro de 1968,
modificado pelo Decreto nº 74.211, de 24 de junho de 1974. (UFRN, 2002).
Para que seus objetivos institucionais venham a ser alcançados, essa universidade
federal dispõe de uma ampla e complexa estrutura organizacional, assim como ocorre nas
maiores universidades do mundo. Dessa forma, além da Reitoria, a UFRN é composta
por:
• 08 Pró-Reitorias, que funcionam em consonância com o Plano de
Desenvolvimento Institucional – PDI da Universidade;
65
• 04 Secretarias, que são órgãos executivos com atuação setorial e específica,
visando o fomento, coordenação, articulação e apoio às a atividades fins da
universidade;
• 08 Centros Acadêmicos, que são órgãos coordenadores, supervisores e
articuladores das atividades de ensino, pesquisa e extensão;
• 11 órgãos de natureza técnica, cultural e recreativa, tais como Escolas e Institutos
– alguns vinculados a Reitoria;
• 03 museus, que além de sua importância cultural à sociedade, se apresentam como
campo de estágio para os discentes da instituição;
• 03 Superintendências, responsáveis pelo gerenciamento da comunicação,
infraestrutura e tecnologia da universidade;
• 03 hospitais universitários, sendo um especificamente caracterizado como
maternidade;
• 10 Núcleos especializados em determinados campos do conhecimento,
desempenhando atividades voltadas para o ensino, pesquisa e extensão;
• 22 bibliotecas universitárias, sendo uma central e as demais classificadas como
bibliotecas setoriais;
• 01 Editora universitária, que além de publicar a produção técnico-científica da
UFRN, pode publicar ainda títulos clássicos da literatura do Estado do RN;
• 01 Restaurante universitário, que atende a comunidade acadêmica.
Ao verificarmos as unidades institucionais acima descritas, é possível afirmar que
a UFRN é uma instituição pública de ensino superior detentora de todos os recursos
necessários para qualificar a oferta de produtos e serviços informacionais à sua
comunidade acadêmica, independente do vínculo de modalidade de ensino (presencial ou
a distância) a que estejam inseridos.
Dos centros acadêmicos, por exemplo, podemos mencionar aqueles que tem
relação direta com os cursos de EAD. Ao observarmos o quadro 10, verifica-se a
distribuição de 09 (nove) cursos, vinculados a 05 (cinco) centros acadêmicos da UFRN
que participam desse processo.
Quadro 10 - Centros Acadêmicos e cursos que participam da EAD
Centros Acadêmicos Cursos
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Centro de Biociências (CB) Ciências Biológicas
Centro de Ciências Exatas e da Terra (CCET) Física
Química
Matemática
Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA) Administração Pública
Centro de Ciências Humanas Letras e Artes (CCHLA) Geografia
História
Centro de Educação (CE) Letras
Pedagogia
Fonte: UFRN, 2017.
Além disso, convém destacar que o CCSA dispõe de um curso que não tem relação
com o ensino a EAD, no entanto muito pode contribuir com a melhoria dessa modalidade
de ensino na instituição. O curso de Ciência da Informação da UFRN qualifica
anualmente diversos profissionais da informação para o exercício da função, sendo que
mesmo durante o curso oportuniza que os discentes desenvolvam estágios
supervisionados, podendo ser realizado em instituições públicas ou privada. A EAD na
UFRN, portanto, tem uma dupla possibilidade de obtenção de recursos humanos para
atuar nessa modalidade de ensino.
Uma outra unidade institucional que merece destaque é a Superintendência de
Informática da UFRN (SINFO). A SINFO, conforme está descrito em seu endereço
eletrônico, atua no desenvolvimento, disponibilização e manutenção dos Sistemas
Institucionais Integrados de Gestão (SIG), utilizados no âmbito da UFRN; é responsável
por toda infraestrutura de redes na instituição; disponibiliza estudos e desenvolve ações
referentes a pesquisa e inovação; auxiliam na gestão e na rotina de diversas instituições
públicas federais em todo país.
Dos SIG utilizados nesta IES, destacamos o Sistema Integrado de Gestão de
Atividades Acadêmicas (SIGAA), uma vez que é o que nos interessa para esta pesquisa.
O SIGAA corresponde a uma importante plataforma virtual que disponibiliza à
comunidade acadêmica da UFRN o acesso as mais diversas atividades acadêmicas:
ensino; pesquisa; extensão; ambiente virtuais; comunidades virtuais; e ainda biblioteca.
Esta última possibilidade de acesso, oportuniza aos docentes e discentes o acesso à
diversas serviços, dos quais destacamos:
• Realização do cadastro para utilização dos serviços da biblioteca da instituição;
• Realização de pesquisa do material existente no acervo das bibliotecas;
67
• Realização de pesquisa sobre artigos disponíveis;
• Visualização dos empréstimos ativos, renovação, além do acesso ao histórico dos
empréstimos realizados;
• Disseminação seletiva da informação;
• Serviços diretos ao usuário: ficha catalográfica, normalização e empréstimo entre
bibliotecas;
• Serviços agendados ao usuário: orientação de normalização; orientação à
pesquisas; treinamento do Portal da CAPES; além do agendamento para visitas
programadas à biblioteca.
• Acesso ao Repositório Institucional da UFRN.
Em suma, através do SIGAA a comunidade acadêmica da UFRN pode não apenas
ter acesso a informações importantes sobre o acervo existente na instituição, mas também
realizar ações que qualifiquem seus trabalhos acadêmicos. Ainda, os docentes e
especialmente os discentes que tiverem dificuldades para o desenvolvimento dessas
ações, podem solicitar o apoio institucional através das bibliotecas que compõe o Sistema
de Bibliotecas (SISBI). É importante ressaltar, no entanto, que em geral o atendimento é
feito na principal biblioteca da instituição: Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM).
O SISBI, conforme mencionado, é mais uma unidade institucional da UFRN que
pode contribuir de forma significativa com o ensino a distância nessa IES. Além do que
já foi descrito, convém destacar que trata-se de um Sistema de Bibliotecas que
compreende todas as bibliotecas da UFRN, dos quais a BCZM é a principal unidade de
informação dessa IES. De um modo geral, o acervo desta biblioteca abarca todas as áreas
do conhecimento científico, além de disponibilizar serviços de extrema relevância à
comunidade acadêmica da universidade, muitos deles virtualmente, conforme
anteriormente mencionado. Acrescenta-se, ainda, os diversos e importantes Serviços de
Informação Digital da instituição disponíveis aos usuários:
• Repositório Institucional da UFRN: reúne a produção acadêmica desenvolvida
por docentes e discentes de pós-graduação da instituição;
• Portal de Periódicos Eletrônicos da UFRN: abarca revistas científicas produzidas
no âmbito da universidade;
68
• Biblioteca Digital de Monografias da UFRN: reúne os trabalhos de conclusão de
curso (TCC) de graduação e especialização, produzidos por discentes vinculados
aos diversos centros acadêmicos da UFRN.
Acima foi posto em destaque algumas das unidades que participam (ou podem
participar) das atividades desenvolvidas na EAD no âmbito da UFRN. Com exceção dos
cursos de Ciência de Informação da UFRN e do SISBI, as demais unidades estão cada
vez mais presentes no dia-a-dia da EAD na instituição.
De um modo geral, qualquer atividade relacionada ao ensino a distância têm o
acompanhamento de uma das Secretarias que desempenham um importante papel nessa
IES. Trata-se da Secretaria de Educação a Distância (SEDIS), unidade institucional
voltada para EAD.
A SEDIS, foi objeto de estudo de Araújo (2014). Esta pesquisadora, em seu estudo
denominado “Avaliação de implementação da Educação Superior a Distância: o caso da
Secretaria de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte –
SEDIS/UFRN”, identificou naquela ocasião os quatro pilares que podem ser apontados
como fundamentais para o funcionamento da EAD na UFRN:
• O primeiro corresponde a produção do material didático que é disponibilizado aos
usuários dessa modalidade de ensino;
• O segundo diz respeito aos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), que
corresponde ao maior elo entre os docentes e discentes que vivenciam a
modalidade de ensino a distância na UFRN;
• O terceiro trata-se do sistema de tutoria, dos quais é formado por tutores a
distância e presenciais, ambos sob a supervisão dos coordenadores dos cursos;
• Por último, os polos da UAB/UFRN, dotado de uma estrutura física suficiente
para apoiar os discentes em suas atividades ou encontros periódicos agendados
pelos docentes.
69
Cada um desses pilares representa um importante papel na instituição, voltado
para os objetivos da EAD, conforme alguns dos aspectos estão detalhados a partir do
tópico seguinte.
3.1.1 Secretaria de Educação a Distância (SEDIS)
A SEDIS tem suas ações direcionadas para o ensino superior a distância daquela
IES. As atividades no âmbito da EAD nessa IES foram desenvolvidas a partir de 2005,
sendo que o alicerce da EAD na UFRN foi iniciado no Plano de Desenvolvimento
Institucional 1999-2008. Naquela ocasião, duas iniciativas foram essenciais para
viabilização desse projeto.
O primeiro consistia na criação de uma estrutura física que viesse a centralizar as
ações da EAD, dando-lhe visibilidade administrativa e de identidade. O segundo,
direcionado à formação de uma equipe de pesquisadores que pudessem contribuir didática
e pedagogicamente com esse desafio. (DANTAS, RÊGO, 2011, p. 113).
Reconhecida como uma unidade organizacional da UFRN, com status de Pró-
reitoria, a SEDIS tem suas competências e atribuições descritas no Regimento Interno da
Reitoria - UFRN, a partir dos seguintes artigos:
Art. 232. A Secretaria de Educação a Distância, diretamente
subordinada à Reitoria, é o órgão responsável pela articulação e pelo
fomento de programas e políticas, em nível institucional, das ações de
educação a distância, bem como por suporte e assessoria a essas ações.
Art. 233. As ações de Educação a Distância serão executadas,
prioritariamente, pelos Centros Acadêmicos e pelas Unidades
Acadêmicas Especializadas, em suas respectivas áreas, sob
acompanhamento da Secretaria de Educação a Distância e observada a
legislação vigente. (BRASIL, 2015).
Enquanto o primeiro artigo conceitua aquela Secretaria, o segundo esclarece que
são os Centros Acadêmicos e Unidades Acadêmicas Especializadas, responsáveis e
organizadores dos cursos ofertados, sendo estes presenciais ou a distância. A esse
respeito, Dantas e Rêgo (2011) esclarecem que os cursos ofertados pela UFRN no ensino
a distância, têm o apoio do corpo docente da instituição, sendo que alguns desses
70
professores também atuam como coordenadores de curso, coordenadores pedagógicos e
coordenadores de tutoria, por exemplo.
A SEDIS foi estruturada em conformidade com o Artigo 234 do Regimento
Interno da Reitoria, dispondo hoje da seguinte estrutura organizacional: Gabinete do
secretário; Assessoria técnica; Coordenadoria pedagógica; Coordenadoria de tecnologia
de informação; Coordenadoria administrativa e de projetos; Coordenadoria de produção
de material didático; além da secretaria administrativa da SEDIS, estando essa estrutura
representada em conformidade com o seguinte organograma:
Figura 1 - Organograma da SEDIS
Fonte: SEDIS, 2017.
Cada um dos setores identificados na figura 1, devem atuar no sentido de
disponibilizar serviços específicos para EAD, a maioria deles de ordem pedagógica e
tecnológica. Desse modo, construiu-se um corpo funcional que atua em cada um daqueles
setores, caracterizando-se no que Rosini (2013) chama de equipe profissional
multidisciplinar para EAD. Ainda segundo esse autor, corresponde a um grupo de
profissionais que necessitam estar altamente conectados com os usuários daquela
modalidade de ensino.
Os recursos humanos existentes na SEDIS, é composto por docentes da UFRN;
servidores técnicos administrativos desta IES; funcionários terceirizados, contratados
pela Fundação Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura (FUNPEC); além de
funcionários terceirados por outras empresas que direcionam suas ações para serviços de
Coordenação geral (Secretária EAD e Secretária Adjunta)
Coordenadoria pedagógica
Coordenadoria de Tecnologia da
Informação
Coordenadoria de produção de
materiais didáticos
Coordenadoria administrativa e de
projetos
Assessoria técnicaSecretaria
Administrativa
71
apoio de limpeza e vigilância. Através do quadro 11, é possível identificar a equipe
profissional multidisciplinar para EAD na UFRN:
Quadro 11 - Equipe profissional multidisciplinar - SEDIS
Setores Profissionais
Coordenação geral - Secretária de Educação a Distância (Ocupa ainda o cargo
de Coordenadora local da UAB)
- Secretária Adjunta de Educação a Distância
Vice-Coordenação e fomento
UAB
Vice-Coordenadora local da UAB
Secretaria administrativa - Secretária executiva
Coordenadoria pedagógica - Coordenadora pedagógica
Coordenadoria de tecnologia da
informação
- Coordenador de tecnologia da informação
Suporte tecnológico - Analista de suporte
- Administrador de redes
- Técnicos em informática
Desenvolvimento e suporte dos
AVA
- Programador
- Analista de Tecnologia da informação
- Técnico em tecnologia da informação
- Desenvolvedor de software educacional
- Editor
Revisão dos materiais didáticos - Coordenadora de revisão
- Revisores
- Designer gráfico
- Programadora visual
Editoração - Técnico em assuntos educacionais
- Programador visual
Audiovisual - Editor de vídeo
- Editor de imagem
Materiais interativos - Revisora de textos
- Programador visual
- Diagramador
- Ilustrador
Legendagem, Audiodescrição e
Libras
- Coordenador de Legendagem e Audiodescrição
- Programador visual
- Revisor
Formação permanente - Analista de mídias sociais
- Pedagoga
Fonte: SEDIS, 2017.
Percebe-se que a SEDIS é uma unidade institucional da UFRN que possui um
corpo funcional diversificado e, ao mesmo tempo, orientado às ações pedagógicas e
tecnológicas. O que não poderia ser diferente, considerando o contexto em que se insere
essa modalidade de ensino. É importante destacar, no entanto, que inexiste nessa equipe
72
profissional multidisciplinar, um bibliotecário. Lembrando que esse profissional da
informação é considerado por muitos como essencial para EAD.
Em relação a área pedagógica, toda estrutura organizacional da SEDIS permite o
desenvolvimento das ações necessárias para o projeto de EAD na UFRN. Uma delas, é
elaboração e distribuição dos materiais didáticos. Esses materiais são disponibilizados
aos alunos regularmente matriculados nos cursos de licenciatura e bacharelado desta IES,
na modalidade a distância, no formato impresso e digital.
No primeiro caso, o material impresso é enviado aos polos de apoio presencial da
UAB/UFRN para serem entregues aos alunos. A cada período uma nova remessa de
materiais didáticos são enviados aos polos, considerando o número de discentes
regularmente matriculados nas disciplinas ofertadas. Simultaneamente, a SEDIS
disponibiliza os mesmos materiais didáticos, mas dessa vez através dos seguintes AVA:
o Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment (Moodle)4; e na biblioteca
digital da SEDIS.
No “Moodle Mandacaru”, versão atual disponível para uso na EAD da UFRN, o
aluno não apenas desenvolve suas atividades acadêmicas, mas tem acesso aos materiais
didáticos. Os usuários da EAD desta IES, podem ter acesso também a artigos, vídeos e
sugestões de professores sobre outras fontes de informação que direcionam o discente ao
encontro assuntos correspondentes às disciplinas ofertadas nos cursos.
Além disso, nessa plataforma o usuário cadastrado tem acesso à uma biblioteca,
onde encontra os itens anteriormente descritos. É através do Moodle que ocorre a
interação síncrona ou assíncrona entre docentes e discentes da instituição. Nesse AVA os
docentes podem aplicar trabalhos e mesmo avaliações virtuais, previamente agendadas.
Na biblioteca digital da SEDIS, figura 2, o aluno e demais usuários da EAD
encontram não apenas os materiais didáticos mencionados anteriormente. Materiais
interativos contribuem com o ensino a distância devido a virtualidade de diversas
atividades necessárias para atividades práticas. Permite que alunos dos cursos de
Química, Matemática e Geografia, por exemplo, consigam desenvolver atividades
diversas, virtualmente. Além disso, há vídeos aulas que poderão contribuir na formação
acadêmica desses discentes.
4 Na SEDIS/UFRN, foi atribuído o nome de Moodle Mandacaru a esse AVA.
73
Figura 2 - Biblioteca Digital da SEDIS
Fonte: SEDIS, 2017.
Essa biblioteca não disponibiliza, no entanto, produtos e serviços que poderiam
contribuir com os usuários da EAD em sua rotina de estudos e desenvolvimento de
trabalhos acadêmicos. Inexiste nesse ambiente virtual, por exemplo, link para as
plataformas digitais da UFRN (Bibliotecas Digitais de Teses e Dissertações, Repositório
Institucional, Biblioteca Digital de Monografias, Portal de Periódicos Eletrônicos).
Também não existe uma opção de solicitação de serviços, tais como: orientação à
normalização de trabalhos acadêmicos; elaboração de ficha catalográfica; orientação à
pesquisa; dentre outros.
Apesar desta última informação apresentada, onde demostra a existência de uma
biblioteca digital específica para alunos da EAD, porém necessitando de melhorias e de
uma maior oferta de produtos e serviços informacionais, é possível afirmar que a SEDIS
possui uma rica estrutura física, de recursos humanos e tecnológica. Ou seja, além de
atuar em sua própria estrutura organizacional, ao que parece, dispõe dos recursos
necessários para apoiar os polos da UAB/UFRN em suas atividades administrativas e
acadêmicas, podendo implementar melhorias para o apoio às bibliotecas no contexto da
EAD, conforme veremos a seguir.
74
3.1.2 Polos de apoio presencial da UAB/UFRN
Atualmente os polos de apoio da UAB, que ofertam cursos da UFRN, estão
distribuídos em quinze municípios do Estado do Rio Grande do Norte. Quatro desses
polos são unidades organizacionais pertencentes aquela IES, sendo que os demais polos,
são mantidos pelos municípios que solicitaram e se comprometeram em disponibilizar
ambientes físicos para apoiar os alunos em suas atividades acadêmicas.
Utilizaremos o quadro 12, para apresentar os polos da UAB/UFRN, suas
respectivas instituições mantenedoras, demostrando ainda a localização de cada um e os
cursos oferecidos nessas unidades de apoio presencial aos usuários da EAD.
Quadro 12 - Polos da UAB/UFRN
Polos
UAB/UFRN
Localização / Endereço Mantenedor Cursos oferecidos
Caicó
Rua José Evaristo, S/N –
Penedo – Caicó – RN
UFRN / Centro de
Ensino Superior do
Seridó
Adm. Pública
Ciências
Biológicas
Educação Física
Geografia
Pedagogia
Letras
Química
Matemática
Caraúbas Rua Alfredo Alves de
Azevedo – 212 – Caraúbas –
RN
Prefeitura municipal de
Caraúbas
Educação Física
História
Pedagogia
Currais Novos
Sítio Totoró, S/N – Zona
Rural – Currais Novos
UFRN / Centro de
Ensino Superior do
Seridó
Adm. Pública
Ciências
Biológicas
Educação Física
Geografia
Pedagogia
Letras
História
Física
Química
Matemática
Extremoz Rua Projetada, Loteamento
Áurea de Góis – Centro –
Extremoz – RN
Prefeitura municipal de
Extremoz
Química
Grossos Rua Coronel Solon, 10 –
Boa Esperança – Grossos –
RN
Prefeitura municipal de
Grossos
Educação Física
Pedagogia
Guamaré Rua Monsenhor José
Tibúrcio, S/N – Guamaré –
RN
Prefeitura municipal de
Guamaré
Ciências
Biológicas
Educação Física
75
Lages
Rua Coronel Joaquim
Teixeira, S/N – Centro -
Lages – RN
Prefeitura municipal de
Lages (Escola Municipal
Monsenhor Vicente)
Adm. Pública
Ciências
Biológicas
Geografia
Matemática
Química
Luís Gomes Avenida Senhora Santana,
17 – Centro – Luís Gomes
(Colégio municipal Padre
Osvaldo
Prefeitura municipal de
Luís Gomes
Ciências
Biológicas
Educação Física
Geografia
Pedagogia
Macau
Rua Padre João Clemente,
S/N – Porto São Pedro –
Macau – RN
UFRN
Adm. Pública
Ciências
Biológicas
Educação Física
Geografia
Pedagogia
Letras
História
Física
Química
Matemática
Marcelino
Vieira
Rua Nossa Senhora de
Fátima, 3 – Centro –
Marcelino Vieira – RN
Prefeitura municipal de
Marcelino Vieira
Educação Física
Geografia
Pedagogia
Letras
Martins Rua Desembargador
Hemetério, S/N – Centro –
Martins – RN
Prefeitura municipal de
Martins
Educação Física
Geografia
Pedagogia
Natal Avenida Coronel Estevam,
3705 – Nossa Senhora de
Nazaré – Natal – RN
Prefeitura municipal de
Natal
Letras
Pedagogia
Nova Cruz
Rua Assis Jatobriá, S/N –
Alto de Santa Luzia – Nova
Cruz – RN
UFRN
Ciências
Biológicas
Educação Física
Geografia
Pedagogia
Letras
Química
Matemática
Parnamirim Rua Castor Vieira Régis,
424 – Cohabinal –
Parnamirim – RN
Prefeitura municipal de
Parnamirim
Adm. Pública
História
Letras
Pedagogia
São Gonçalo do
Amarante
Rua Cajupiranga, 55 –
Conjunto Amarante – São
Gonçalo do Amarante – RN
Prefeitura municipal de
São Gonçalo do
Amarante
História
Matemática
Pedagogia
Fonte: CAPES, 2017.
Conforme podemos observar acima, os polos existentes nos municípios de Caicó,
Currais Novos, Macau e Nova Cruz, possuem uma estrutura organizacional que é mantida
76
pela UFRN, uma vez que o prédio é patrimônio desta IES. Os demais polos, conforme foi
dito anteriormente, são mantidos pelas respectivas prefeituras municipais, sendo estas
responsáveis por toda infraestrutura física, material, tecnológica e de recursos humanos.
Os polos mantidos pela UFRN apresentam uma maior estrutura física, maior
quantidade de recursos materiais, tecnológicos e humanos. Ao menos é o que espera-se
encontrar nesses ambientes organizacionais, uma vez que entre 2007 e 2011 fortes
investimentos foram feitos pelo governo federal, no sentido de melhorar as condições
estruturais das universidades públicas. Aqui convém destacar o programa de
Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), como expoente maior
dessas mudanças nas IES nos últimos anos.
Em relação aos polos dos municípios, pareceu-nos correto afirmar que muitos
ainda encontram algumas dificuldades, no sentido de melhorar sua estrutura física e
condições de atendimento. Reconhecendo que há exceções, os municípios do Estado do
Rio Grande do Norte, nem sempre desenvolvem maiores investimentos para educação,
fator que influencia na melhoria das escolas e por consequência dos polos da UAB, onde
muitos estão localizados.
Uma vez que identificamos e caracterizamos os polos da UAB/UFRN, sendo que
não desenvolvemos maiores informações sobre esses centros de atendimento presencial
por não ser esse o objetivo da nossa pesquisa, consideramos ainda oportuno comentar
sobre as bibliotecas daqueles polos. Propósito maior dessa pesquisa, essas unidades de
informação, ao que parece, estão longe de atender as diretrizes do MEC, especialmente
aquelas diretrizes identificadas nos Referenciais de Qualidade para EAD.
3.1.3 Bibliotecas dos polos de apoio presencial da UAB/UFRN
As bibliotecas dos polos da UAB/UFRN, estando elas mantidas pelo Governo
Federal, Estado ou algum Município, devem seguir aquelas orientações que apresentamos
anteriormente. Baseando-se nos instrumentos normativos do MEC, essas bibliotecas
devem dispor de recursos que as direcionem para um atendimento efetivo e de qualidade
ao seu público alvo.
77
Ocorre, porém, que essa pode não ser uma realidade existente naqueles polos. Em
uma breve observação no endereço eletrônico da SEDIS, podemos identificar fotos de
algumas bibliotecas, sendo que essas imagens nos levam a supor que muito ainda há de
se fazer por melhorar aqueles ambientes informacionais. Apresentamos a figura 3, na
perspectiva de ilustrar o que afirmamos a pouco.
Figura 3 - Bibliotecas dos polos da UAB/UFRN
Fonte: SEDIS, 2017.
Podemos perceber nessas três unidades de informação - onde optamos pela não
identificação do polo - que: a) há pouco mobiliário na biblioteca do Polo UAB/UFRN A;
b) o acervo da biblioteca do Polo da UAB/UFRN B, é bastante limitado; e c) a existência,
inadequada, de carteiras escolares no ambiente destinado para biblioteca do polo
UAB/UFRN C.
Analisar a realidade atual dessas unidades de informação, portanto, corresponde
ao principal objetivo deste trabalho, conforme descrito nas considerações iniciais do
estudo. Nesse sentido, a partir desse momento, a atenção está direcionada para o objetivo
central da pesquisa, sendo que antes apresentamos os procedimentos metodológicos
adotados.
Biblioteca do polo UAB/UFRN A
Biblioteca do polo UAB/UFRN B
Biblioteca do polo UAB/UFRN C
78
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Nesta fase do estudo os seguintes procedimentos metodológicos são descritos:
caracterização da pesquisa; população participante da pesquisa; coleta de dados; análise
dos dados obtidos.
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
Com base no objetivo geral adotado para este estudo, compreende-se que essa
pesquisa é de natureza exploratória e descritiva. De acordo com Gil (2002, p. 41), as
pesquisas exploratórias
[...] têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses.
Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o
aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições.
Com efeito, buscou-se com o desenvolvimento da revisão da literatura deste
trabalho, além de resgatar conceitos e características sobre as bibliotecas, enquanto
instituição social, obter uma maior familiaridade com a questão das bibliotecas inseridas
no contexto da EAD. Mais especificamente, verificando alguns aspectos relacionados às
bibliotecas dos polos de apoio presencial da UAB.
Nesse sentido, o foco foi direcionado à uma investigação sobre essas bibliotecas,
priorizando as seguintes informações: sistema normativo, que norteia e orienta à
implementação, organização e funcionamento das bibliotecas; algumas dificuldades
enfrentadas por IES, que atuam na EAD, no que concerne essas unidades de informação;
ações ou sugestões desenvolvidas por pesquisadores sobre esse tema, na perspectiva de
encontrar alternativas para um melhor funcionamento dessas bibliotecas.
O estudo é caracterizado ainda como descritivo. “As pesquisas descritivas têm
como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou
fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis”. (GIL, 2002, p. 42).
79
Vergara (2011, p. 42), acrescenta que esse tipo de pesquisas “não tem compromisso de
explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação”.
Este estudo tem como principal objetivo analisar a realidade atual das bibliotecas
dos polos da UAB/UFRN. Para isso, portanto, diversos aspectos sobre essas unidades de
informação foram investigados, desde a verificação da estrutura física, perpassando por
questões tecnológicas e de recursos humanos, que devem existir nas bibliotecas.
Em relação a natureza da pesquisa sob a ótica dos seus objetivos, optou-se por
uma abordagem quanti-qualitativa. É importante esclarecer que, enquanto o método
quantitativo “caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto na modalidade de coleta
de informações, tanto no tratamento dessas através de técnicas estatísticas”
(RICHARDSON, 1989, p. 29), a abordagem qualitativa corresponde a “um meio para
explorar e para entender o significado que os indivíduos ou os grupos atribuem a um
problema social ou humano”. (CRESWELL, 2010, p. 43).
Em relação aos procedimentos, considera-se que o estudo de caso corresponde ao
método de pesquisa adequado para esse trabalho. Segundo Gil (2002, p. 54), estudo de
caso “consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a
permitir o seu amplo e detalhado conhecimento [...]”. No entender de um dos maiores
estudiosos sobre esse método, trata-se de “uma investigação empírica que investiga um
fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto real” (YIN, 2001, p. 32).
Gil (2002, p. 54-55), retoma, destacando que
a. Para a realização de estudos de caso não são definidos
procedimentos metodológicos rígidos.
b. Os propósitos do estudo de caso não são os de proporcionar o
conhecimento preciso das características de uma população,
mas sim o de proporcionar uma visão global do problema ou de
identificar possíveis fatores que o influenciam ou são por ele
influenciados.
c. É possível a realização de estudos de caso em períodos mais
curtos e com resultados passíveis de confirmação por outros
estudos.
Yin (2001), explica ainda que esse método de pesquisa pode ser desenvolvido
abarcando um caso único ou múltiplos casos. Considera-se esta pesquisa, portanto, como
80
uma abordagem de múltiplos casos, uma vez que contempla diversas bibliotecas inseridas
no contexto da EAD, estando essas unidades de informação presentes em polos de apoio
presencial da UAB, que ofertam cursos de graduação da UFRN. Ou seja, são bibliotecas
que, apesar de suas particularidades, devem estar funcionando em conformidade com um
sistema normativo vigente, podendo ainda serem vistas como instituições sociais,
conforme foi discutido na revisão da literatura deste estudo.
4.2 POPULAÇÃO DA PESQUISA
A população da pesquisa é composta por todos os 15 (quinze) coordenadores dos
polos da UAB/UFRN. Os coordenadores foram escolhidos por serem os responsáveis
diretos pela gestão do polo, devendo zelar por toda infraestrutura existente naquelas
unidades de atendimento presencial. Esses professores - e ao mesmo tempo gestores dos
polos - devem, portanto, observar os pontos fracos existentes no polo sob sua
responsabilidade, tomando as medidas necessárias a fim de sanar as dificuldades
encontradas.
Nesse sentido, um primeiro contato foi mantido com o público alvo desta pesquisa
no dia 02 de fevereiro de 2017, quando ocorreu um encontro de coordenadores dos polos
da UAB/UFRN, na SEDIS. Naquela oportunidade, aproveitamos para conversar com os
coordenadores sobre esta proposta de estudo e informamos que em breve estaríamos
solicitando a contribuição dos mesmos. No encontro estavam presentes 12 (doze) do
quantitativo total de coordenadores de polo da UAB/UFRN, sendo que todos
manifestaram-se positivamente no sentido de contribuir com o estudo.
Após a realização desse encontro, iniciamos a elaboração do questionário. Este
documento foi desenvolvido em conformidade com os instrumentos normativos do MEC,
especialmente considerando o que está descrito nos Referenciais de Qualidade para EAD.
Em um primeiro momento idealizamos identificar cada polo, descrevendo: o nome, local
e responsável por sua gestão. No entanto, após apresentação deste instrumento de coleta
de dados à alguns coordenadores, optamos por acatar a sugestão desses professores, no
sentido de manter a confidencialidade das unidades de atendimento presencial, assim
como dos seus respectivos gestores.
81
4.3 COLETA DOS DADOS
Em relação às técnicas para coleta de dados e informações, Yin (2001) esclarece
que diversas fontes de evidência podem ser utilizadas. Embora o autor destaca a
documentação; os registros em arquivos; as entrevistas; a observação direta; a observação
participante; e os artefatos físicos, não descarta, porém, a utilização de outras técnicas,
como é o caso dos questionários, por exemplo. Nesse sentido, além da análise documental
– legislação sobre bibliotecas dos polos da EAD, dois instrumentos de coleta de dados
foram utilizados neste estudo: observação participante e questionário.
No que diz respeito a observação participante, convém esclarecer que corresponde
a um procedimento onde “pesquisador-observador torna-se parte integrante de uma
estrutura social e, na relação face a face com os sujeitos da pesquisa, coleta dados e
informações”. (MARTINS; LINTZ, 2000, p. 55). Mais especificamente no que concerne
um estudo de caso:
A observação participante é uma modalidade especial de observação na
qual você não é apenas um observador passivo. Em vez disso, você
pode assumir uma variedade de funções dentro de um estudo de caso e
pode, de fato, participar dos eventos que estão sendo estudados. (YIN,
2001, p. 116).
Nesse sentido, esse procedimento possibilitou que observássemos, no período de
janeiro a junho de 2017, a baixa frequência de usuários na biblioteca de um dos polos da
UAB/UFRN - onde exercemos atividades administrativas; que os livros existentes na
biblioteca, raramente são solicitados para empréstimo; que nessa biblioteca há muitos
livros desatualizados e sem relação com as disciplinas ofertadas nos cursos; que os
recursos humanos existentes na biblioteca deste polo, não está capacitada para o exercício
da função de bibliotecário, ou ao menos auxiliar de biblioteca.
A segunda técnica utilizada para obtenção das informações necessárias ao
desenvolvimento deste estudo foi a elaboração de um questionário. Esse instrumento de
coleta de dados foi escolhido, sobretudo, considerando que não foram efetivadas visitas
aos polos da UAB/UFRN, a fim de verificarmos in loco a realidade atual das bibliotecas.
Desse modo, o questionário (Apêndice A) foi elaborado contendo questões fechadas,
abertas e mistas. De acordo com Martins Júnior (2009, p. 209-210):
82
• Questões abertas – São aquelas em que o pesquisador solicita
que o sujeito emita uma opinião, usando para isso suas próprias
palavras.
• Questões fechadas – São aquelas em que as alternativas são
fixas e preestabelecidas pelo pesquisador, após consultar a
literatura, sua experiência naquele assunto ou o senso comum.
• Questões mistas - São aquelas em que são colocadas algumas
alternativas fixas, já preestabelecidas pelo pesquisador, e, no
final, é deixado um espaço a fim de que o sujeito emita uma
opinião particular, além das anteriormente previstas.
Nesse sentido, 8 (oito) questões foram fechadas, direcionadas aos seguintes
questionamentos: existência de biblioteca no polo; tamanho do espaço físico destinado à
biblioteca; adequação do espaço físico; atualização do acervo; compatibilidade do acervo
com as disciplinas ofertadas; informatização da biblioteca; espaço para estudo individual;
espaço para estudo em grupo;
Outras 5 (cinco) questões foram mistas, abordando sobre: produtos oferecidos
pela biblioteca; serviços disponibilizados pela biblioteca; existência de bibliotecário no
polo; existência de auxiliares de biblioteca; percepção dos coordenadores em relação a
utilização das bibliotecas pelos usuários.
A última questão disponibilizada aos entrevistados, foi aberta. Isto é, oportunizou
que os coordenadores de polo pudessem emitir sua opinião sobre aspectos diversos, tais
como: dificuldades encontradas pelo polo, em relação às bibliotecas; espaço físico;
acervo; serviços; recursos humanos; dentre outros.
Esse instrumento de coleta de dados foi enviado, via e-mail, para o público alvo
da pesquisa no dia 18 de março de 2017. No dia seguinte, o primeiro coordenador atendeu
a nossa solicitação.
No dia 20 de março de 2017, recebemos um e-mail de um outro coordenador de
polo, solicitando maiores esclarecimentos sobre a pesquisa, ação que foi concretizada. O
coordenador, aproveitou a ocasião e informou que a biblioteca de seu polo havia
adquirido novos livros para o seu acervo. Contudo, como esse não se configurava em um
83
procedimento escolhido para coleta de dados, optamos por desconsiderar tal informação,
enfatizando tão somente o que estivesse nos questionários.
De um modo geral, os questionários foram sendo devolvidos de forma lenta e
gradativa, mais especificamente entre os meses de março a junho deste ano. Além disso,
obtivemos apenas 09 (nove) respostas, contrariando nossa expectativa que era obter a
participação de todos os 15 (quinze) polos da UAB/UFRN. Apesar disso, consideramos
ser um número satisfatório, uma vez que corresponde a 60% do total das unidades
pesquisadas.
4.4 ANÁLISE DOS DADOS
Considerando que “nos estudos de caso não se pode falar num esquema rígido de
análise e interpretação” (GIL, 2008, p. 156), optou-nesta pesquisa pela utilização de duas
técnicas, sendo uma utilizada para analisar as questões fechadas existentes no
questionário (técnica de análise quantitativa); enquanto que a outra foi adotada na
avaliação das questões abertas e semiabertas existentes no instrumento de coleta de dados
(técnica de análise qualitativa). A primeira corresponde a análise estatística de dados, que
segundo Gerhard e Silveira (2009, p. 81)
[...] implica processamento de dados, através da geração (normalmente
mediante o emprego de técnicas de cálculo matemático), da
apresentação (os dados podem ser organizados em gráficos ou tabelas)
e da interpretação. A descrição das variáveis é imprescindível como um
passo para a adequada interpretação dos resultados de uma
investigação. (GERHARD; SILVEIRA, 2009, p. 81).
Isto é, em quase todas as questões existentes no questionário, utilizou-se gráficos
ou tabelas para descrever os dados obtidos. Para que esses dados fossem convertidos nas
informações necessárias para posterior análise, utilizou-se o programa Microsoft Excel
como ferramenta para quantificação dos dados obtidos.
Em seguida, foi utilizado o procedimento de análise de dados baseado na revisão
da literatura desenvolvida nesta pesquisa. Esse procedimento é permitido em uma
84
investigação do tipo estudo de caso. Segundo Yin (2001, p. 33), uma pesquisa do tipo
estudo de caso “beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para
conduzir a coleta e a análise de dados”.
Ainda em relação a esse segundo procedimento de análise, Yin (2001, p. 54)
afirma que
A utilização da teoria, ao realizar estudos de caso, não apenas representa
uma ajuda imensa na definição do projeto de pesquisa e na coleta de
dados adequados, como também torna-se o veículo principal para a
generalização dos resultados do estudo de caso.
Nesse sentido, as características das bibliotecas, enquanto instituição social e,
principalmente, as normas vigentes para implementação, organização e funcionamento
das bibliotecas dos polos de apoio presencial da UAB, são utilizadas como parâmetro de
análise desta pesquisa. Em suma, este último procedimento de análise “refletem o
conjunto de questões da pesquisa, as revisões feitas na literatura sobre o assunto e as
novas interpretações que possam surgir”. (YIN, 2001, p. 133).
85
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 BIBLIOTECAS DOS POLOS DA UAB/UFRN: SITUAÇÃO ATUAL
Esta etapa do estudo está direcionada à investigação sobre a realidade atual das
bibliotecas dos polos da UAB/UFRN. Os seguintes resultados foram obtidos, mediante
questionário aplicado aos coordenadores dos polos da UAB/UFRN, conforme
mencionado anteriormente.
5.1.1 Bibliotecas dos polos: aspectos estruturais
Neste primeiro item buscou-se identificar aspectos de ordem estrutural sobre as
bibliotecas dos polos da UAB/UFRN. Os dados descritos abaixo, correspondem às
respostas sistematizadas referente as questões 01, 02 e 03, do questionário apresentado
aos coordenadores dos polos. Mais especificamente, foi questionado a esses gestores
sobre a existência de bibliotecas nos polos; o tamanho aproximado dessas unidades de
informação; além da adequação desses espaços para serem utilizados como biblioteca.
Tabela 1 - Bibliotecas nos polos da UAB/UFRN: aspectos estruturais
Questão Tópicos Quanti
dade
Considerações apresentadas pelos
coordenadores de polo
01 Biblioteca no polo 09 Existe biblioteca no polo
02
Tamanho da biblioteca
04
01
02
02
Até 60m²
Entre 60m² e 80m²
Entre 80m² e 100m²
Acima de 100m²
03 Espaço físico da
biblioteca
06
03
Adequado
Inadequado
Fonte: Dados da pesquisa, 2017.
Conforme podemos observar na tabela 1, os primeiros resultados desta pesquisa
podem ser considerados como positivos. Primeiro, porque todos os polos possuem
86
biblioteca, atendendo assim aos seguintes instrumento normativos: Instrumento para
credenciamento institucional e Referenciais de Qualidade para EAD. Além disso, é
importante destacar que o simples fato de existir biblioteca nos polos, contempla ainda a
Lei nº 12.244 de 24 de maio de 2010, que trata da universalização nas bibliotecas nas
instituições de ensino do país.
É possível verificar que essas unidades de informação possuem tamanhos
variados. Isto é, enquanto quatro polos possuem apenas um pequeno ambiente disponível
para o funcionamento da unidade de informação – menos de 60m² -, outros dispõem de
um maior espaço físico – com destaque para duas unidades de informação que
ultrapassam os 100m² de espaço destinado à biblioteca. Obviamente que uma biblioteca
que tenha mais espaço, pode oportunizar uma melhor distribuição e organização do
acervo, assim como proporcionar melhores condições de trabalho aos seus funcionários,
implicando em um melhor atendimento aos usuários.
Não desconsiderando a importância do espaço físico, mas é importante destacar
que o fato de um polo ter um espaço maior do que outro para biblioteca, não quer dizer
que uma unidade de informação venha a ser melhor do que a outra. Até porque uma
biblioteca pode funcionar de forma eficiente em um espaço físico pequeno, enquanto
outra pode não desenvolver bem suas atividades, mesmo dispondo de um maior espaço
físico. Isto é, o que vai fazer com que uma biblioteca se destaque frente as necessidades
de seu público alvo é a existência dos recursos (materiais, tecnológicos, humanos)
considerados como essenciais para o funcionamento dessas unidades de informação.
Inclusive, ao que parece, a questão do espaço físico realmente não se configura
como um problema para alguns coordenadores dos polos da UAB/UFRN. A maioria dos
entrevistados (seis coordenadores) consideram o espaço destinado à unidade de
informação adequado, o que é visto como um ponto de extrema importância. Aqui
convém lembrar o que alerta Almeida (2000), quando afirma que um espaço físico
inadequado para uma biblioteca pode gerar conflitos, comprometendo negativamente a
produtividade e a qualidade no atendimento, tornando-se um fator contribuinte para uma
baixa frequência de usuários nesse tipo de unidade de informação.
É imprescindível, portanto, que providencias sejam tomadas pelas entidades
mantenedoras das três bibliotecas que foram consideradas como tendo um espaço físico
inadequado. Ao menos a curto prazo, no entanto, é possível pensar em alternativas para
que essas unidades de informação funcionem da melhor forma possível. Uma estratégia
87
utilizada na Europa, por exemplo, poderia ser adotada pelos gestores dessas bibliotecas.
Isto é, a prática da adoção do crescimento zero para biblioteca, ao que parece, poderia ser
utilizada pelos gestores dos polos da UAB/UFRN. A esse respeito, Figueiredo (1991, p.
31) explica que
Na Inglaterra, há o conceito de limitar o tamanho das bibliotecas
universitárias, de acordo, principalmente, com o número de alunos. É o
que se chama de crescimento zero ou de biblioteca que se auto renova
com a entrada de material novo contrabalançada com a retirada de
material obsoleto ou sem consulta.
Esse procedimento, portanto, poderia ser adotado nas bibliotecas dos polos da
UAB/UFRN, até mesmo por aqueles coordenadores que resolvam inovar em suas
bibliotecas, otimizando o espaço físico da unidade de informação. Isso, é importante
enfatizar, priorizando sempre a manutenção no acervo dos materiais bibliográficos que
tenham relação com as diversas disciplinas que estão sendo ofertadas pelos cursos de
EAD, exigência presente nos Referenciais de Qualidade para EAD.
Por fim, convém ainda lembrar que cada polo apresenta determinadas
particularidades, como a quantidade dos cursos ofertados, por exemplo. Considerando
essa perspectiva, quanto mais cursos em um polo, teoricamente, mais alunos estão
vinculados a esse centro de atendimento presencial. Nesse sentido, fundamenta-se a
necessidade da realização de estudos periódicos sobre o perfil dos usuários do polo, uma
vez estes são potenciais utilizadores das bibliotecas. Esse “estudo de usuários” contribuirá
para que os gestores identifiquem as reais necessidades acadêmicas e de informação dos
alunos e demais potenciais usuários das unidades de informação.
5.1.2 Acervo da biblioteca: atualização
A quarta questão apresentada aos coordenadores de polo de apoio presencial da
UAB/UFRN, buscou a obtenção de informações desses gestores em relação ao acervo das
bibliotecas, no que diz respeito a sua atualização.
88
Gráfico 1 - Acervo da biblioteca: atualização
Fonte: Dados da pesquisa, 2017.
Conforme podemos observar no gráfico 1, 08 (oito) coordenadores de polo
demostram satisfação em relação ao acervo da biblioteca que está sob sua gestão,
destacando ainda que 03 (três) desses gestores foram ainda mais categóricos, ao
expressarem um maior grau de concordância com o que fora questionado.
Este corresponde a mais um ponto positivo para essas bibliotecas, uma vez que
contempla as orientações expressas nos Referenciais de Qualidade para EAD e,
principalmente, atende as exigências do Decreto n° 5.773 de 09 de maio de 2006.
Lembrado que este último instrumento normativo exige, dentre outros itens, que exista
nas bibliotecas: acervo de livros, periódicos acadêmicos e científicos, jornais, obras
clássicas, dicionários e enciclopédias, dentre outros materiais bibliográficos.
O Instrumento de credenciamento institucional para oferta da modalidade de
EAD, também é contemplado. Nele, há indicadores específicos que tratam sobre esse
item. Ou seja, discorre sobre a necessidade de uma política de aquisição, expansão e
atualização do acervo das bibliotecas dos polos de apoio presencial.
Contudo, não podemos esquecer das recentes mudanças na Regulamentação da
EAD em nosso país. Nesse sentido, verifica-se a Portaria n° 11, do MEC – em seu Artigo
11 -, que menciona sobre a existência de acervo físico. Um detalhe a ser observado neste
documento é que o acervo pode ser disponibilizado também virtualmente. Ou seja, é
possível afirmar que a atualização do acervo das bibliotecas dos polos da UAB/UFRN
3
5
0
1
00
1
2
3
4
5
6
Concordo
totalmente
Concordo em
parte
Indiferente Discordo em
parte
Discordo
totalmente
Atualização do acervo da biblioteca
89
será uma constante, sobretudo porque a SEDIS disponibiliza material didático para os
cursos de EAD, sendo estes materiais revisados e atualizados constantemente, estando
disponíveis no formato impresso e virtual.
Cumpre-nos ainda o dever de lembrar que muitas são as possibilidades de acesso
a informação científica no formato virtual. Algumas delas, inclusive, podem não ser mais
necessárias fisicamente nas bibliotecas dos polos, como é o caso de algumas fontes de
informação primárias: legislações, teses de doutorado, dissertações de mestrado,
periódicos – nas mais diversas áreas do conhecimento, além de mapas e atlas. Este último,
inclusive, pode ser descrito como totalmente ultrapassado, uma vez que através do Google
Maps é possível “viajar” em questão de segundos para os lugares mais longínquos do
mundo.
Do mesmo modo, algumas fontes de informação, secundárias e terciárias, podem
não ser mais necessárias para as bibliotecas dos polos, isso se considerarmos o formato
tradicionalmente utilizado. Aqui utilizaremos como exemplo: bibliografias, dicionários,
vídeos educacionais, dentre outras possibilidades de acesso à informação científica. Todo
esse material está disponível virtualmente, de forma vasta e qualitativa. No que concerne
a UFRN, convém lembrar que assim como ocorre nas demais IES do nosso país, essa
universidade disponibiliza diversas possibilidades de acesso a informação científica
produzida no âmbito da instituição, como é o caso da Biblioteca Digital de Monografias
ou mesmo o Repositório Institucional da UFRN.
Diante de tais considerações, acredita-se que outros procedimentos podem ser
adotados pela UFRN, no sentido de ampliar a oferta de informação aos seus usuários da
EAD. Aqui fazemos referência a possibilidade de implementar melhorias na biblioteca
digital da SEDIS. Essas melhorias podem contemplar uma maior disponibilização de
fontes de informação científicas primárias, secundárias e terciárias, devendo essas serem
pensadas em conformidade com o perfil e necessidades de informação dos usuários
matriculados nos cursos de educação a distância desta IES.
5.1.3 Acervo da biblioteca: compatibilidade com as disciplinas dos cursos
A quinta questão procurou descobrir até que ponto o acervo da biblioteca estava
compatível com as disciplinas ofertadas pelos cursos a distância da UFRN.
90
Gráfico 2 - Acervo das bibliotecas: relacionadas com disciplinas dos cursos
Fonte: Dados da pesquisa, 2017.
Os dados apresentados no gráfico 2, demostram que este corresponde a um outro
ponto positivo existente nas bibliotecas dos polos. Isso porque a grande maioria dos
entrevistados (7 coordenadores) afirmaram que os materiais bibliográficos existentes nas
bibliotecas atendem, ao menos em parte, aos instrumentos normativos que rezam sobre
este item. Além disso, um único gestor apresentou uma discordância parcial sobre o que
fora questionado. E isso, de certo modo, demostra que esta única biblioteca, mesmo que
timidamente, atende às exigências expressas nos instrumentos normativos.
Convém lembrar que o Decreto 5.773 de 09 de maio de 2006, assim como o
Instrumento para credenciamento Institucional, trazem considerações sobre a necessidade
de uma correlação dos materiais bibliográficos existentes nas bibliotecas com os cursos e
programas ofertados pela IES. No entanto, são nos Referenciais de Qualidade para EAD
onde encontramos orientações mais específicas a esse respeito: “As bibliotecas dos polos
devem possuir acervo atualizado, amplo e compatível com as disciplinas ministradas
nos cursos ofertados”. (BRASIL. Ministério da Educação, 2007, p. 26, grifo nosso).
Aqui é importante destacar que, apesar da existência da nova Regulamentação
para EAD, é fundamental que os gestores dos polos e responsáveis por suas respectivas
bibliotecas continuem observando as exigências dos instrumentos normativos acima
1
7
0
1
00
1
2
3
4
5
6
7
8
Concordo
totalmente
Concordo em
parte
Indiferente Discordo em
parte
Discordo
totalmente
Acervo compatível com as disciplinas dos cursos
91
descritos. Isso porque tal regulamentação ainda é muito recente e passível de alterações,
sendo que ao mesmo tempo assegura alguns procedimentos utilizados às IES, como o
esclarece o Artigo 21 do Decreto 9.057 de 25 de maio de 2017: “O disposto neste Decreto
não afasta as disposições específicas referentes aos sistemas públicos de educação a
distância, à Universidade Aberta do Brasil e à Rede E-TEC Brasil”. (BRASIL, Decreto
9.057, 2017).
De qualquer modo, entende-se que a existência de materiais bibliográficos que
não tenham relação com as disciplinas dos cursos de EAD, poderiam ser retirados do
acervo de uma biblioteca com problemas com o espaço físico, por exemplo. Isso, porque
esses itens em nada contribuem com a tão esperada qualidade dessas bibliotecas. Isto é,
um polo que ofereça cursos de Matemática, Física e Química, por exemplo, não
necessitaria de ter em sua biblioteca itens referentes aos assuntos de Filosofia, Psicologia
ou Religião, estes últimos também a título de exemplo.
Ou seja, a existência de materiais que pouco ou raramente são utilizados pelos
usuários da biblioteca, podem estar tão somente comprometendo o pouco espaço físico
da unidade de informação e, em alguns casos, a caracterizando como um mero depósito
de livros. Além do mais, conforme foi comentado no início dessa etapa da pesquisa, o
pouco espaço em uma biblioteca pode influenciar no mal desempenho dos funcionários,
comprometer negativamente a organização do acervo e, principalmente, afastar os
usuários da unidade de informação.
Diante de tais considerações, entende-se ser fundamental a criação de uma política
de descarte dos livros e demais materiais bibliográficos existentes nas bibliotecas dos
polos. Para isso, é importante destacar, a UFRN e sua principal biblioteca acadêmica pode
contribuir com essa estratégia de ação. Ou seja, bibliotecários que fazem parte do SISBI
podem apoiar a SEDIS na elaboração de um manual que atenda ao conjunto das
bibliotecas dos polos de apoio presencial da UAB/UFRN, formulando diretrizes para
padronização do acervo a ser disponibilizado aos usuários da EAD.
5.1.4 Bibliotecas informatizadas
Uma outra questão que buscou-se conhecer junto aos coordenadores dos polos,
foi se as bibliotecas existentes naqueles centros de atendimento presencial estavam
92
informatizadas. Neste item, os resultados não foram considerados positivos, conforme
podemos observar no gráfico 3.
Gráfico 3 - Informatização das bibliotecas
Fonte: Dados da pesquisa, 2017.
De acordo com 78% dos respondentes, as bibliotecas ainda não estão
informatizadas. Ou seja, essas unidades de informação, em sua grande maioria, estão
funcionando em conformidade com aquele modelo antigo e ultrapassado de biblioteca,
onde a recuperação e disponibilização da informação ao seu público alvo pode ocorrer de
forma lenta e precária.
Lembrando que essas unidades de informação devem ter computadores e
impressoras (equipamentos); deve existir um sistema de bibliotecas que as administre
(instalações físicas); permitindo, assim, que os usuários consigam realizar pesquisas on-
line, utilizando as mais diversas e infinitas fontes de informação virtuais e digitais. Isso
tudo está evidenciado no Instrumento para credenciamento Institucional, assim como nos
Referenciais de Qualidade para EAD.
É importante ainda destacar que as fontes de informação virtuais e digitais a que
nos referimos – podendo ser primárias, secundárias e terciárias – estão cada vez mais
acessíveis, sendo geradas no âmbito da própria IES ou disponibilizadas em ambientes ou
plataformas virtuais de outras instituições de ensino, conforme foi comentado no decorrer
desta pesquisa. Além disso, não se pode ignorar que a EAD é uma modalidade de ensino
2; 22%
7; 78%
Informatização da biblioteca do polo
Sim Não
93
que utiliza amplamente as novas tecnologias, a fim de promover o compartilhamento de
informações e conhecimentos necessários à formação acadêmica de seu público alvo.
A ausência de produtos e serviços que possam ser disponibilizados virtualmente
em uma biblioteca de polo de EAD, nesse sentido, contraria o processo de modernização
e inovação em atividades meio e fins, que tão somente traz benefícios para qualquer
usuário de uma biblioteca, beneficiando ainda a própria unidade de informação. Em
outras palavras, uma biblioteca informatizada – e automatizada - além de facilitar o
trabalho dos funcionários, pode ser considerado como um item que contribui para uma
maior aproximação dos usuários em relação as bibliotecas dos polos da UAB/UFRN.
É fundamental, portanto, que providências sejam adotadas pelos gestores dos
polos, buscando junto as suas entidades mantenedoras, investimentos para informatização
e automatização dessas bibliotecas. Dessa forma, as bibliotecas atenderão ao quesito
qualidade, melhorando suas atividades meio e fins, beneficiando diretamente os seus
usuários. Por fim, entende-se que se faz necessário que, ao menos, um computador venha
a ser disponibilizado em cada uma dessas bibliotecas, sendo este equipamento destinado
à utilização dos usuários.
5.1.5 Produtos oferecidos pelas bibliotecas
A sétima questão descrita no questionário, discorre sobre os produtos oferecidos
pelas bibliotecas dos polos da UAB/UFRN, aos seus usuários. Dos principais produtos –
ou materiais bibliográficos – que foram levados em consideração nesta pesquisa, destaca-
se: livros; jornais; revistas; coleção de referência (dicionários, enciclopédias, atlas,
manuais, etc.); multimeios (CD, DVD, fotografias, dentre outros).
Tabela 2 - Produtos oferecidos pelas bibliotecas dos polos da UAB/UFRN
Materiais bibliográficos
(produtos)
Quantidade de
bibliotecas
Percentual
Livros 9 100%
Jornais 0 0%
Revistas 6 67%
Coleção de referência
Multimeios
6
6
67%
67%
Outros 0 0%
Fonte: Dados da pesquisa, 2017.
94
De acordo com a tabela 2, todas as bibliotecas (100%) possuem livros em seu
acervo. Outros materiais bibliográficos também estão presentes em 67% dessas unidades
de informação, tais como revistas, coleção de referência e multimeios, cada. Verifica-se
ainda que nenhuma biblioteca é assinante de jornais.
Conforme foi comentado no decorrer deste estudo uma biblioteca, enquanto
instituição social, deve dispor de diversos tipos de materiais bibliográficos. Essa
variedade de itens é importante pois atende aos mais diversos interesses de leitura e
pesquisa, contemplando assim os mais diversos tipos de usuários. Vimos em Duarte
(2015), que livros, periódicos, videotexto e Audiolivro, são apenas alguns desses
materiais. Convém ainda destacar que, de acordo com os Referenciais de Qualidade para
EAD, os acervos das bibliotecas dos polos devem ser disponibilizados em diferentes
mídias, não admitindo a exclusão do material bibliográfico no formato impresso.
Ocorre, porém, que essa exigência de acervo impresso às bibliotecas dos polos
nos parece um tanto ultrapassada. Primeiro porque, conforme destacou Cunha (2008),
cada vez mais os discentes estão utilizando os computadores para pesquisa. Segundo,
porque os discentes da EAD, ao menos os da UFRN, utilizam amplamente os materiais
didáticos desenvolvidos especificamente para os cursos, oferecidos inclusive em formato
digital; terceiro, porque muitos dos produtos exigidos nas bibliotecas, no seu formato
tradicional, hoje estão facilmente acessíveis aos usuários de qualquer modalidade de
ensino, isso em formato virtual, tais como: dicionários, vídeos, atlas, mapas, periódicos,
dentre outros.
Em relação aos jornais, convém lembrar que em um passado não tão distante,
muitas bibliotecas – escolares e públicas, principalmente – necessitavam desse tipo de
material impresso, o que parece ser desnecessário nos dias de hoje, devido as diversas
possibilidades de acesso a informação via Internet. Além disso, poderia até ser
desnecessário comentar, mas não podemos deixar de reconhecer que a Internet, de um
modo geral, nos oferece um universo infinito de informações, muitas delas apresentadas
em diversas plataformas virtuais e endereços eletrônicos de jornais e revistas, nacionais
e internacionais, disponíveis em tempo real ou não.
Diante de tais considerações, é importante destacar que embora as bibliotecas
híbridas apresentem uma vantagem ao disponibilizar o acesso a materiais bibliográficos
95
no formato virtual/digital e ao mesmo tempo no formato tradicional - impresso, parece-
nos correto afirmar que estamos caminhando para um novo modelo de biblioteca, ao
menos a ser utilizado na EAD. Isso porque a cada dia as possibilidades de acesso a
produtos e serviços informacionais podem ser realizadas virtualmente, estando agora
amparados pela nova Regulamentação para EAD.
Ou seja, a Portaria 11 do MEC, em seu Art. 11, menciona a possibilidade de
existência do acervo físico ou digital, respeitando a legislação específica. Aqui convém
aguardar se não haverá mudanças em alguns instrumentos normativos, como os
Referenciais de Qualidade para EAD, uma vez que com a recente publicação desta nova
Regulamentação para EAD, possíveis ações podem ser adotadas pelo MEC em relação a
questão da obrigatoriedade de acervo físico nas bibliotecas dos polos.
Por hora, e mais especificamente no caso da UFRN, é importante considerar a
importância dos materiais didáticos utilizados nos cursos de EAD desta Instituição.
Lembrando que estes materiais estão disponíveis aos usuários da EAD no formato
impresso e digital, sendo que neste segundo caso podem ser encontrados no Moodle
Mandacaru ou ainda na biblioteca digital da SEDIS, conforme comentado no decorrer
desta pesquisa.
Além disso, convém lembrar, os usuários da EAD desta universidade têm ainda
outras opções de acesso a informação e conhecimento científico, no formato virtual. Quer
mediante utilização do SIGAA e, sobretudo, recorrendo ao site da BCZM, onde neste
último podem acessar diversos links que os direcionarão a bibliotecas virtuais,
repositórios digitais, base de dados, periódicos eletrônicos, dentre outras importantes
fontes de informação científica.
5.1.6 Serviços oferecidos pelas bibliotecas
Em seguida, foi perguntado aos coordenadores dos polos da UAB/UFRN, quais
seriam os serviços disponibilizados aos usuários das bibliotecas.
96
Tabela 3 - Serviços disponibilizados pelas bibliotecas dos polos da UAB/UFRN
Serviços prestados
Quantidade
de
bibliotecas
Percentual
Empréstimo, renovação e devolução 8 89%
Empréstimo entre bibliotecas 2 22%
Orientação à elaboração de trabalhos acadêmicos 1 11%
Normalização de documentos
Elaboração de fichas catalográficas
1
2
11%
22%
Acesso à Internet 5 56%
Orientação portal CAPES 3 33%
Orientação bibliotecas e repositórios digitais 3 33%
Outros 0 0%
Fonte: Dados da pesquisa, 2017.
Observando a tabela 3, verifica-se o quanto as bibliotecas dos polos da
UAB/UFRN estão limitadas em relação a oferta de serviços aos seus usuários, uma vez
que apenas o serviço de empréstimo, renovação e devolução ganha destaque, estando
presente na quase totalidade dessas bibliotecas (89%).
O acesso à Internet apresenta-se como o segundo serviço que ganha destaque
nessas unidades de informação, de acordo com 56% dos respondentes. Poucas destas
unidades de informação, no entanto, disponibilizam importantes serviços, tais como:
orientação ao Portal Capes (33%) ou orientação para o acesso aos repositórios digitais da
UFRN ou de outras IES.
Uma biblioteca deve oferecer um conjunto de importantes serviços aos seus
usuários ou, ao menos, alguns que atendam minimamente as necessidades acadêmicas de
seu público alvo. Acredita-se que, em se tratando de unidades de informação que estão
inseridas no universo na EAD, serviços virtuais deveriam estar sendo amplamente
oferecidos.
No decorrer deste estudo, identificamos importantes serviços, apontados por
Duarte (2015), que devem existir em uma biblioteca. Considerando as bibliotecas dos
polos e a proposta daquele autor, é possível destacar alguns dos serviços que,
necessariamente, devem ser implementados nas bibliotecas dos polos da UAB/UFRN:
Disseminação Seletiva da Informação – DSI; Apresentação de mostruários e exposições;
Divulgação na web; Levantamento bibliográfico; Pesquisa de opinião (enquetes, estudos,
outros); Uso das Redes sociais para divulgar informações; Pergunta ao bibliotecário;
Diretório de recursos eletrônicos; Assistência por telefone.
97
Também tivemos a oportunidade de comentar nesta pesquisa sobre a importância
do Serviço de Referência Virtual (SRV) como uma excelente alternativa para atender aos
usuários do ensino a distância, conforme foi exemplificado no caso do SENAC/RN,
podendo ser desenvolvido um projeto semelhante na UFRN. Nesse sentido, serviços
como orientação à pesquisa; orientação para o acesso ao Portal de periódicos da Capes;
orientação para o acesso a Repositórios e biblioteca digitais; elaboração de ficha
catalográfica; normalização de documentos; dentre outros, podem ser ofertados. Todos
esses serviços, inclusive, tendo o apoio de diversos canais de comunicação, tais como o
bate-papo; e-mail; ou mensagens instantâneas - via Whatsapp, por exemplo.
É importante lembrar que a UFRN disponibiliza, através do SIGAA, opções de
solicitação de importantes serviços da BCZM, conforme também foi destacado no
decorrer desta pesquisa. Cabe aos gestores e demais professores da EAD verificar se seus
alunos estão cientes dessas possibilidades, até porque não nos parece justo que um
discente da EAD não usufrua desses serviços por falta de conhecimento ou apoio
institucional. Ou seja, trata-se de uma questão que não condiz com a grandeza da UFRN,
uma vez que essa IES preza pela qualidade no atendimento à sua comunidade acadêmica,
dos quais os usuários da EAD também fazem parte.
Dito isto, consideramos ser fundamental a participação da SEDIS diretamente
nesse processo. Como estratégia de ação, essa Secretaria acrescentaria em sua estrutura
organizacional um setor específico para que os usuários da EAD pudessem ser atendidos
presencial e, principalmente, virtualmente. Mas a SEDIS não necessariamente deve atuar
sozinha nessa forma de ofertar serviços de atendimento virtual aos usuários da EAD. Ou
seja, a BCZM assim como o curso de Ciência da Informação da UFRN poderiam ser
fortes contribuintes.
A BCZM porque dispõe de profissionais de grande capacidade técnica,
bibliotecários que podem contribuir com propostas para melhoria na oferta de informação
aos usuários da EAD. O curso de Ciência da Informação da UFRN, por sua vez, teria um
novo campo de estágio para os seus alunos, capacitando-os para atuação em um universo
que a cada ano cresce, gerando mais possibilidades de trabalho na educação formal, nos
três níveis educacionais (fundamental, médio e superior). Com efeito, uma integração
entre essas unidades institucionais agregaria valor à oferta de produtos e serviços aos
usuários da EAD na UFRN.
98
5.1.7 Existência de salas para estudo individual e em grupo
A nona e décima questão apresentada aos coordenadores de polo, diz respeito a
existência de ambientes específicos na biblioteca do polo para que os usuários possam
estudar individualmente ou em grupo.
Tabela 4 - Existência de salas para estudo individual e em grupo nas bibliotecas dos polos
Questão Tópicos Quantidade Considerações apresentadas pelos
coordenadores de polo
09 Existência de
sala para estudo
individual
4
5
Sim
Não
10 Existência de
sala para estudo
em grupo
8
1
Sim
Não
Fonte: Dados da pesquisa, 2017.
De acordo com os dados descritos na tabela 4, verifica-se que nem todas as
unidades de informação estão estruturadas para atender ao usuário individualmente,
considerando a disponibilização de um ambiente específico para estudo. Ou melhor,
pouco mais da metade das bibliotecas (cinco unidades de informação) não estão
estruturadas para tal finalidade. Por outro lado, a quase totalidade das bibliotecas dos
polos da UAB/UFRN (oito unidades de informação) disponibilizam aos seus usuários
espaços para que estudo em grupo possam ser realizados.
É importante destacar que no espaço físico destinado às bibliotecas dos polos,
conforme foi observado em algumas fotos no decorrer desta pesquisa, as salas destinadas
para estudo individual e em grupo corresponde tão somente a mesas e cadeiras existentes
nas bibliotecas, para fins de utilização pelos usuários. Não se trata, portanto, do que está
proposto nos Referenciais de Qualidade para EAD. Isto é, que exista espaços físicos
destinados para esta finalidade.
Aqui não vemos esse item como um problema, mas sim como algo que deve ser
repensando. Isto é, embora o Instrumento para credenciamento institucional discorra
sobre o assunto, onde o mesmo é categórico ao afirmar que se faz necessário “limpeza,
iluminação, acústica, ventilação, segurança, conservação e comodidade necessária à atividade
proposta”. (BRASIL, SINAES, Credenciamento Institucional para EAD, 2010), convém o
99
entendimento que nossa realidade atual - o contexto social em que vivemos - e o perfil dos
usuários da EAD, também devem ser considerados.
Nesse sentido, dentro da perspectiva de melhorias nas bibliotecas dos polos da
UAB/UFRN, considerando o item salas para estudo individual e em grupo, parece-nos
correto afirmar que uma alternativa seria que alguns polos utilizem as salas de tutores
como um ambiente compartilhado com os alunos, possibilitando que estes últimos
possam utilizar estes ambientes para estudo individual (ou mesmo em grupo) e assim
terem maiores condições de obter êxito em seus estudos.
Além disso, é importante registrar que essa proposta considera a previsão de
Cunha (2008), lembrando que há quase dez anos atrás este autor afirmou ser crescente o
percentual de pessoas que estão lendo mais e copiando documentos em seus
computadores pessoais, considerando ainda que isso implicaria em uma menor
necessidade de expansão da área física de uma biblioteca. Consequentemente, haveria
uma menor exigência para um grande número de mesas cadeiras para leitura ou, nos casos
das bibliotecas dos polos, desnecessário deveria ser a obrigatoriedade ou recomendação
de construção de salas para estudo individual ou em grupo.
5.1.8 Existência de bibliotecários no polo
Um dos itens mais importantes para uma biblioteca corresponde aos seus recursos
humanos, sendo que nas unidades de informação inseridas no contexto da EAD isso não
pode ser diferente. Nesse sentido, foi questionado aos coordenadores de polo sobre a
existência de bibliotecários atuando nas bibliotecas.
100
Gráfico 4 - Existência de bibliotecários nos polos da UAB/UFRN
Fonte: Dados da pesquisa. 2017.
De acordo com o gráfico 4, a grande maioria das bibliotecas dos polos da
UAB/UFRN não dispõe de um bibliotecário. Ou seja, 7 (sete) unidades de informação
precisam rever essa situação, buscar formas de atender esta que é uma das principais
exigências dos instrumentos normativos do MEC (Instrumento par credenciamento
institucional e Referenciais de Qualidade para EAD, por exemplo). Ainda segundo os
coordenadores dos polos: professores, com licenciatura em Letras, Pedagogia ou História;
servidor público; técnico administrativo, contratado pelo município; são alguns dos
profissionais que estão sendo responsáveis por algumas das bibliotecas dos polos.
Conforme foi comentado no decorrer desta pesquisa, o bibliotecário é um
profissional da informação que, necessariamente, deve existir em um polo de apoio
presencial. Inclusive, pode desenvolver uma efetiva contribuição para os polos e a IES
ofertante dos cursos, se for incorporado a equipe multidisciplinar da EAD. Nesse caso,
mais especificamente, se fizer parte da equipe de profissionais da SEDIS/UFRN.
A ausência deste profissional da informação implica em grandes prejuízos para o
polo, refletindo ainda para instituição ofertante dos cursos. Considera-se como maior
prejuízo, a possibilidade de o polo ser prejudicado em um processo de avaliação realizado
pelo MEC, uma vez que diversos instrumentos normativos especificam sobre a exigência
deste profissional da informação na EAD.
Além disso, sem bibliotecários atuando no polo, outros prejuízos poderão ser
facilmente identificados nessas unidades de informação, inviabilizando a tão esperada
2
7
0
2
4
6
8
Sim Não
Existência de bibliotecário no polo
Sim
Não
101
qualidade desejada por todos. Isto é, a capacidade de uma biblioteca atender bem aos seus
usuários será quase nula com a ausência deste profissional da informação, pois sem ele:
• A biblioteca do polo não estará devidamente organizada;
• Os serviços-meio (catalogação, classificação e preparação dos livros para o acervo
e posterior empréstimo aos usuários), praticamente inexistirão;
• Os serviços-fins (normalização, elaboração de ficha catalográfica, orientação à
pesquisa, dentre outros), também não estarão disponíveis aos usuários das
bibliotecas.
É importante destacar, porém, que um bibliotecário poderia desenvolver muitas
dessas ações e ainda acompanhar o desempenho da biblioteca do polo, mesmo à distância.
Nesse sentido, a IES ofertante dos cursos poderia contribuir, através de sua biblioteca
acadêmica, possibilizando que bibliotecários desenvolvessem atividades virtuais,
apoiando ao conjunto de atores participantes dessa modalidade de ensino, além de apoiar
os auxiliares de biblioteca em sua rotina de trabalho nas bibliotecas dos polos.
Ou, mais especificamente no caso da SEDIS, unidade institucional da UFRN,
providenciaria a contratação de um bibliotecário. Este sendo incorporado a equipe
profissional multidisciplinar desta Secretaria. Essa ação possibilitaria que os diversos
atores da EAD tivessem um profissional da informação atuando em conjunto, nos
aspectos de ordem pedagógica e tecnológica, priorizando a orientação e atendimento
virtual aos discentes da EAD, considerando algumas de suas necessidades de informação,
ou mesmo acesso serviços de ordem biblioteconômica.
É importante ainda destacar que mesmo que ações dessa natureza venham a ser
adotadas pela UFRN, cada polo que ainda que não tenha em seu corpo funcional um
bibliotecário, deve solicitar junto ao seu órgão mantenedor – União, Estado ou Município
– que este profissional da informação venha a ser contratado. Além disso, é fundamental
que os demais servidores públicos ou funcionários terceirizados atuantes na biblioteca,
recebam capacitação periódica para o exercício da função.
102
5.1.9 Existência de auxiliares de biblioteca no polo
Também foi questionado aos coordenadores de polo, se haveriam auxiliares de
bibliotecas em atividade nas respectivas unidades de informação existentes nos polos.
Neste item, os gestores dos polos tiveram ainda a oportunidade de descrever a profissão
do funcionário que estava atuando ou seria responsável pelas atividades nas bibliotecas.
Gráfico 5 - Existência de auxiliares de biblioteca nos polos da UAB/UFRN
Fonte: Dados da pesquisa, 2017.
É possível observar no gráfico 5 que pouco mais da metade das bibliotecas dos
polos (5;56%) afirmaram não dispor de auxiliares de biblioteca em seu corpo funcional.
Além disso, de acordo com alguns dos coordenadores que afirmaram não haver
auxiliares de biblioteca no polo, são esses os seguintes profissionais que estão
responsáveis por estas unidades de informação: “servidor público, (professora, formada
em pedagogia”; o coordenador (Letras e Português) e o secretário (História), dão suporte
à biblioteca; “pedagogo, professor”; “funcionária da UFRN, assistente em administração,
concursada. Sem qualificação profissional de bibliotecária de nível superior”.
A existência de auxiliares de biblioteca é de extrema importância para as unidades
de informação existentes nos polos. Primeiro, porque a presença deste profissional
possibilitará que a biblioteca de polo funcione em conformidade com o horário do polo,
atendendo assim as necessidades acadêmicas dos usuários da EAD. No entanto, o mais
4; 44%
5; 56%
Existência de auxiliar de biblioteca no polo
Sim Não
103
importante, é que esses auxiliares de biblioteca estejam devidamente capacitados,
treinados para ajudar o Bibliotecário em importantes atividades, conforme descrito
abaixo5:
• Atuar na recuperação e disseminação da informação;
• Executar atividades administrativas relacionadas à rotina das bibliotecas dos polos
(atendimento ao usuário, administração do acervo, dentre outros);
• Participar da gestão da biblioteca, elaboração e realização de projetos de extensão
cultural;
• Colaborar com o controle e conservação de equipamentos e materiais
bibliográficos;
• Participar de treinamentos e programas de atualização.
No entanto, não devemos ignorar que muitas dessas bibliotecas estão alocadas em
escolas, ambiente onde, geralmente, professores podem estar atuando na biblioteca,
conforme foi destacado por alguns dos coordenadores de polo da UAB/UFRN. Nesse
sentido, convém destacar o que foi dito por Côrte e Bandeira (2011). De acordo com esses
autores o professor exerce um papel indispensável ao êxito da biblioteca escolar, à medida
que incentivam os alunos a buscarem informações na biblioteca. Com efeito, não
podemos ignorar esse fato, reconhecendo que mesmo um pedagogo – como foi
identificado em algumas bibliotecas dos polos – pode exercer um importante papel nas
unidades de informação dos polos.
Em nosso caso, isto é, considerando as bibliotecas dos polos de apoio presencial
da UAB/UFRN, consideramos que uma alternativa de ação para esta questão, é que a
SEDIS/UFRN estabeleça um grupo de trabalho, com a participação de representantes da
EAD na instituição, tendo o apoio da BCZM e do curso de Ciência de Informação da
UFRN, na perspectiva da criação de cursos periódicos para treinamento e capacitação dos
funcionários que estão exercendo atividades auxiliares nas bibliotecas dos polos.
Além disso, dada a sua importância na instituição, a SEDIS e BCZM poderiam
desenvolver ações voltadas para visitas programadas às bibliotecas dos polos, uma vez
5 Conforme a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO).
104
que esse procedimento de ação contribuiria para que outras importantes atividades fossem
desenvolvidas nas bibliotecas, como uma constante análise dos usuários dessas unidades
de informação. Isto é, para que “estudos de usuários” fossem implementados e
desenvolvidos periodicamente nas bibliotecas dos polos da UAB/UFRN.
5.1.10 Utilização das bibliotecas pelos usuários
Um outro questionamento apresentado aos gestores dos polos, diz respeito à
frequência dos usuários nas bibliotecas. As percepções dos coordenadores em relação a
esse item podem ser observadas no gráfico 6.
Gráfico 6 - Utilização das bibliotecas pelos usuários dos polos da UAB/UFRN
Fonte: Dados da pesquisa, 2017.
Podemos verificar que 89% dos coordenadores de polo afirmaram que as
bibliotecas são pouco utilizadas pelos discentes. Corresponde a um dado importante, uma
vez que muitas são as exigências do MEC em relação a estruturação dessas unidades de
informação, o que requer investimentos financeiros por parte de seu órgão mantenedor.
A pouca ou nenhuma utilização da biblioteca do polo, implica em um desperdício
de recursos físicos, materiais, tecnológicos e humanos. Com efeito, é consenso que
1; 11%
8; 89%
Utilização das bibliotecas pelos usuários
Utilizam muito Utilizam pouco
105
qualquer gestor público que atue de forma ética em sua unidade institucional, não
compactua com o desperdício de recursos públicos, sejam estes de qualquer natureza.
Criar um ambiente mais atrativo para os usuários dos polos, inovando no ambiente
destinado à biblioteca. Essa inovação se daria, sobretudo, no aspecto físico da unidade de
informação: diminuindo a quantidade de livros desnecessários (desatualizados ou
desconformes com as disciplinas dos cursos; reduzindo a quantidade de estantes
desnecessárias; investindo em computadores ou pontos de acesso à Internet na biblioteca.
Além disso, consideramos oportuno reafirmar que “estudo de usuários” deveriam
ser realizados periodicamente, a fim de se descobrir os reais interesses do público alvo
das bibliotecas, proporcionando assim um constante processo de interação entre os
discentes e gestores do polo. Enquanto os primeiros se beneficiariam com produtos e
serviços mais compatíveis com suas reais necessidades, os segundos qualificariam os
serviços dessas unidades de informação aos seus usuários.
5.1.11 Considerações finais dos coordenadores dos polos sobre as bibliotecas
Por último, foi perguntado aos coordenadores de polo da UAB/UFRN se os
mesmos teriam algo a acrescentar, considerando o que foi discutido nesta pesquisa. Esta
última questão descrita no questionário, visou obter outras informações sobre as
bibliotecas dos polos, podendo o gestor emitir opiniões ou mesmo maiores
esclarecimentos sobre essas unidades de informação, sendo que as respostas foram
sistematizadas no quadro abaixo:
Quadro 13 - Informações adicionais dos coordenadores sobre as bibliotecas dos polos
Coordenador de polo
da UAB/UFRN
Informações adicionais sobre as bibliotecas
Coordenador A
O espaço físico é pequeno, além de faltar recursos tecnológicos,
como computadores atualizados com acesso à Internet para facilitar
o acesso dos alunos a informação, bem como um profissional da
informação da área que pudesse organizar melhor o acervo e
gerenciar melhor o espaço.
A biblioteca deste polo tem uma grande dificuldade, não temos
nenhum sistema que nos auxilie no controle de empréstimo, por
106
Coordenador B
isso a opção mais viável é o não empréstimo. Assim, o acervo é
usado exclusivamente na biblioteca e somos cientes de que isso
descaracteriza o espaço. Também não é uma biblioteca vinculada
às Universidades que oferecem cursos UAB. Apesar disso, ela
recebeu acervo destas, contudo, há muito tempo não recebemos
nenhum tipo de investimento, nem local, nem por parte das
universidades.
Outra grande preocupação é ter uma pessoa exclusivamente para o
atendimento neste espaço, pois devido aos cortes que o município
teve que fazer (decretou estado de calamidade) também reduziu o
número de servidores ao Polo de Apoio Presencial UAB e ficamos
sem esse profissional.
Coordenador C
Acho o espaço físico inadequado, pois a biblioteca foi implantada
em um espaço que era uma sala de aula e localizada na entrada do
polo, deixando a desejar o silêncio para as atividades acadêmicas
dos estudantes.
Coordenador D
O polo ficou desde 2014 sem entrada de cursistas devido sua
pendência junto a CAPES no que se refere a estrutura. Porém foram
sanadas todas, acredito que a partir do ano em curso com novas
entradas de cursistas como está ocorrendo em 2017.1 (Letras
Espanhol) e para 2017.2 (Pedagogia, História e Geografia pela
UFRN), acredito que poderemos receber novos exemplares.
Coordenador E
O acervo, pois temos novas turmas de outros cursos que nossa
biblioteca não dispõe de livros para esta demanda. Ex.: Dicionários
- português e inglês, atlas e enciclopédia.
Coordenador F
Primeiro acredito que precise de uma formação específica para
bibliotecário e depois termos uma biblioteca informatizada.
Fonte: Dados da pesquisa, 2017.
Conforme podemos observar no quadro 13, seis coordenadores optaram por emitir
maiores informações e esclarecimentos sobre alguns aspectos relacionados as bibliotecas
dos polos de apoio presencial da UAB/UFRN. Esses professores discorreram sobre os
seguintes aspectos: espaço físico; acervo; informatização da biblioteca; recursos
financeiros; além dos recursos humanos. A partir de tais considerações, é possível que
algumas inferências sejam estabelecidas na fase final desta pesquisa, conforme descrito
abaixo.
Em relação ao espaço físico, observa-se que dois coordenadores destacam este
como um problema para os seus respectivos polos. Aqui convém destacar o que foi dito
107
pelo Coordenador C. Isto é, sobre o espaço que foi adaptado em uma sala de aula.
Percebe-se que este se apresenta como um grande problema, uma vez que, em geral, uma
sala de aula não oferece as condições necessárias para implementação de uma biblioteca:
espaço para os funcionários; disponibilização de estantes, para organização do acervo; ou
ainda disposição de ambientes específicos para realização de estudos individual ou em
grupo.
Isso, porém, se o formato de biblioteca seguir aquele padrão tradicional, onde
existe inúmeras estantes e livros – nem sempre necessários na biblioteca -; mesas e
cadeiras, dentre outros móveis que não são tão necessários nos dias atuais, considerando
principalmente o perfil dos usuários da EAD. Aqui é importante lembrar que estes
usuários nem sempre estão frequentando essas unidades de informação, para fins de
estudo. Ou seja, não seria um exagero afirmar que essas bibliotecas deverão em um futuro
próximo ganhar um novo formato, com mais investimento em tecnologia e menos
comprometimento do espaço físico.
O Coordenador E afirma que há poucos livros a serem disponibilizados aos
usuários da EAD, mencionando os materiais bibliográficos de referência como itens
necessários para biblioteca. No entanto, conforme foi visto no decorrer desta pesquisa,
muitos desses tipos de materiais se apresentam em formato virtual. Isto é, através da
utilização da Internet, o acesso a materiais de referência (dicionários, enciclopédias,
dentre outros); estão cada vez mais disponíveis no formato digital. Do mesmo modo, as
aulas de Geografia estão cada vez mais interativas, visto que plataformas como o Google
Maps, por exemplo, a cada dia aproximam o aluno de seu objeto de pesquisa, mesmo que
este esteja do outro lado do mundo.
Por fim, optamos por destacar a questão da necessidade da informatização dessas
bibliotecas, assim como a contratação de bibliotecários para atuar nessas unidades de
informação, conforme foi observado pelos Coordenadores de polo A, B e F. Com efeito,
qualquer biblioteca de polo da EAD que não esteja devidamente informatizada, terá a
qualidade de seus serviços comprometidos, uma vez que a dinâmica de empréstimo e
demais atividades meio e fins estarão longe de atender a qualquer instrumento normativo
e, principalmente, as reais necessidades acadêmicas de seus usuários.
108
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo foi desenvolvido com a finalidade de analisar a realidade atual de
bibliotecas dos polos de apoio presencial da UAB/UFRN. Mais especificamente, além de
resgatarmos um pouco sobre a literatura do tema em questão, buscou-se investigar a
legislação em vigor sobre EAD e os instrumentos normativos MEC que credenciam e
orientam a disponibilização de bibliotecas nos polos da UAB, identificando e
caracterizando os polos de apoio presencial da UAB, onde a UFRN oferta cursos de
graduação na modalidade a distância.
É importante ainda destacar que o conhecimento sobre algumas outras
experiencias e estudos desenvolvidos sobre o tema proposto para esta pesquisa foram
significativas, uma vez que, além de demostrar ser um problema que aos poucos vem
sendo trabalhado por importantes IES, nos apresentou duas importantes estratégias de
ação que podem ser adotadas no âmbito da UFRN. A primeira diz respeito a importância
da participação da biblioteca acadêmica nesse processo, enquanto que a segunda
considera a necessidade que bibliotecários atuem diretamente nessa modalidade de
ensino, preferencialmente fazendo parte da equipe multidisciplinar de EAD.
De um modo geral, considera-se que os objetivos desta pesquisa foram
alcançados. Além da revisão da literatura sobre diversos aspectos relacionados a
Biblioteconomia e Ciência da Informação, observou-se instrumentos legais que tratam do
ensino a distância em nosso país. Dessa forma, verificou-se os instrumentos para
credenciamento, o instrumento para credenciamento institucional, os Referenciais de
Qualidade para EAD, além de Decretos que norteiam o sistema de EAD no Brasil,
destacando o recém-publicado Decreto n º 9.057 de 25 de maio de 2017 e a Portaria n°
11 de 20 de junho de 2017.
Considerando os resultados obtidos, é possível afirmar que apesar de
identificarmos alguns pontos que podem ser considerados como não muito
comprometedores, no que concerne a organização e funcionamento dessas unidades de
informação, a hipótese elaborada para esta pesquisa foi confirmada. Isso porque alguns
itens que podem ser descritos como de maior grau de importância para uma unidade de
informação desta natureza, foram considerados como negativos.
109
Mais especificamente, enquanto a questão do espaço físico, do acervo (atualização
e compatibilidade com as disciplinas ofertadas nos cursos), dos produtos oferecidos, além
do espaço disponível para estudo individual ou em grupo, podem ser considerados como
pontos positivos nessas unidades de informação, os seguintes aspectos devem ser vistos
como de extrema preocupação, tanto para IES ofertante dos cursos quanto para os
coordenadores dos polos:
• Informatização das bibliotecas;
• Serviços diversos: Empréstimo entre bibliotecas, normalização de documentos,
elaboração de ficha catalográfica, orientação ao Portal de periódicos da CAPES,
dentre outros;
• Bibliotecários e auxiliares de biblioteca.
Considerando os resultados negativos acima – e mesmo os pontos positivos
apresentados - fica evidente que muitas providências precisam ser adotadas. Algumas
dessas providências pela IES ofertante dos cursos e responsável direta pelos discentes,
atores que fazem parte da comunidade acadêmica vinculada a esta instituição. Outras,
pelos gestores dos polos, também detentores de um certo grau de responsabilidade pelo
bom aproveitamento dos cursos pelos discentes. Nesse sentido, considera-se que as
seguintes sugestões podem ser oportunas, as 06 (seis) primeiras direcionadas aos
coordenadores de polo e as demais à SEDIS/UFRN:
1. Retirada de materiais bibliográficos que não contemple as disciplinas ofertadas
nos cursos, estejam desatualizados ou em péssimas condições de uso;
2. Padronização dos espaços físicos existentes nas bibliotecas dos polos, retirando
carteiras ou outros mobiliários incompatíveis com os exigidos em uma biblioteca;
3. Realização periódica de estudo de usuários dos polos, visando conhecer o perfil
desses atores, assim como suas reais necessidades acadêmicas, de informação e
utilização de produtos e serviços informacionais;
4. Busca junto as entidades mantenedoras dos polos, por maiores investimentos para
informatização e automatização dessas bibliotecas;
110
5. Articulação dos gestores dos polos com seus órgãos mantenedores, com a
finalidade de solicitar a contratação de bibliotecários para os polos;
6. Solicitação de cursos e treinamento periódicos, para fins de capacitação dos
funcionários que estão exercendo atividades auxiliares nas bibliotecas dos polos.
7. Criação na SEDIS de um setor específico para que os usuários da EAD possam
ser atendidos virtualmente: Serviço de Referência Virtual (SRV) para usuários de
EAD da UFRN.
8. Contratação de um bibliotecário para atuar no setor acima descrito. Esse
profissional da informação estaria sendo inserido na equipe profissional
multidisciplinar da SEDIS/UFRN, onde produtos e serviços informacionais
poderiam ser disponibilizados de forma virtual aos usuários da EAD;
9. Inserção do curso de Ciência da Informação na EAD, possibilitando que os
discentes desse curso atuem como estagiários na SEDIS;
10. Melhoria da biblioteca digital da SEDIS, gerando novas possibilidades de acesso
a informação, através de links que direcione os usuários da EAD às diversas outras
fontes de informação científica, produtos e serviços informacionais, seguindo a
lógica de organização do site da BCZM.
As sugestões acima descritas são fundamentais para melhoria da oferta de
produtos e serviços informacionais aos usuários da EAD. Sob esta perspectiva,
compreende-se que há uma necessidade em oficializar tais recomendações no âmbito da
UFRN, dos quais foi formulado um documento (Apêndice B) para posterior
encaminhamento à SEDIS e BCZM. O encaminhamento a primeira unidade institucional
se justifica, por ser esta responsável direta pelas ações de EAD na Instituição. A segunda,
porque é referência em gestão da informação, podendo aprimorar as propostas formuladas
nesta pesquisa.
Convém ainda destacar que esta pesquisa se configura em uma primeira e
importante iniciativa no sentido de se buscar o aprimoramento de ações que viabilizem
uma melhor disponibilização na oferta de produtos e serviços informacionais aos usuários
da EAD no âmbito da UFRN. Nesse sentido, espera-se que o trabalho ora apresentado
tenha continuidade, uma vez que a EAD ainda está em processo de consolidação,
necessitando que todas suas ramificações estejam em constante processo de análise, pois
111
somente assim qualquer precariedade ainda existente será combatida, assim como a
qualidade desta modalidade de ensino terá maiores possibilidades de ser assegurada.
Por fim, acredita-se na relevância do estudo para cada um dos grupos de atores
que foram descritos no início do estudo. A pesquisa com os coordenadores de polos pode
ser considerada como bastante significativa, uma vez que esses atores da EAD tiveram a
oportunidade de não apenas refletir sobre a realidade atual das bibliotecas existentes em
seus respectivos polos de apoio presencial da UAB/UFRN. Ao participarem do estudo
enquanto público alvo da investigação, contribuíram com a construção deste documento
que poderá ser utilizado por eles, na perspectiva de implementar melhorias em suas
bibliotecas, qualificando a oferta de produtos e serviços informacionais aos seus usuários.
A relevância do estudo se confirma ainda à medida que se percebeu a pouca
utilização das bibliotecas dos polos pelos usuários da EAD. Esse resultado, inclusive,
pode ser visto como uma questão que merece um estudo mais aprofundado, isso porque
os usuários da EAD são a razão de ser desta modalidade de ensino, cujo qualquer indício
de precariedade deve ser observado com um maior grau de investigação.
Ademais, considera-se que o melhor tipo de biblioteca a ser disponibilizada aos
usuários da educação a distância, que utilizam os polos de apoio presencial da UAB, são
aquelas que de forma efetiva atendam às suas reais necessidades acadêmicas e de
informação. Nesse sentido, seria interessante que a UFRN e as demais IES atuantes na
EAD, não deixando de reconhecer a importância dos instrumentos normativos do MEC,
considerassem preferencialmente o perfil do público alvo dessas unidades de informação,
a fim de ofertar produtos e serviços mais compatíveis com usuários.
112
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121
APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO APLICADO AOS COORDENADORES DOS
POLOS UAB/UFRN
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE PROCESSOS
INSTITUCIONAIS
Pesquisa: Bibliotecas no contexto da educação a distância
Mestrando: Luis Bouquillard Ribeiro Fernandes.
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Rique Carício.
QUESTIONÁRIO
Prezado coordenador de polo de apoio presencial da Universidade Aberta do
Brasil (UAB), sou mestrando do Programa de Pós-Graduação em Gestão de Processos
Institucionais, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Meu nome é
Luis Bouquillard Ribeiro Fernandes, e estou desenvolvendo a pesquisa “Bibliotecas no
contexto da educação a distância”.
O estudo tem como principal objetivo identificar a realidade atual das bibliotecas
dos Polo da UAB/UFRN, sendo que utilizaremos como parâmetro de análise os seguintes
instrumentos normativos para EAD: a) Credenciamento do polo; b) Credenciamento
institucional; c) Referenciais de Qualidade para EAD, todos elaborados no âmbito do
Ministério da Educação.
A coleta de dados está sendo feita por meio deste questionário, sendo que as
informações fornecidas serão analisadas no conjunto dos demais participantes.
Corresponde a uma pesquisa exploratória e descritiva, cujos resultados serão
posteriormente apresentados à UFRN e compartilhados com os respectivos polos,
vinculados aquela IES.
Sua participação é muito importante!
122
Informações sobre a biblioteca do polo
1. Existe biblioteca no polo UAB, que está sob sua coordenação?
( ) Sim ( ) Não
Em caso de resposta negativa, qual o ambiente utilizado no polo para disponibilização
dos livros e demais recursos informacionais aos usuários da EAD?
2. Qual o tamanho aproximado do espaço físico destinado à biblioteca do polo?
( ) Até 60m² ( ) Entre 60m² e 80m² ( ) Entre 80m² e 100m² ( ) Acima de 100m²
3. Como você avalia o espaço físico disponível para biblioteca do polo, considerado a
necessidade da organização do acervo e atendimento aos usuários?
( ) Adequado ( ) Inadequado
4. O acervo da biblioteca está atualizado?
( ) Concordo totalmente ( ) Concordo em parte ( ) Indiferente ( ) Discordo em
parte ( ) Discordo totalmente
5. O acervo da biblioteca é compatível com as disciplinas ofertadas nos cursos?
( ) Concordo totalmente ( ) Concordo em parte ( ) Indiferente ( ) Discordo em
parte ( ) Discordo totalmente
123
6. A biblioteca está informatizada (permitindo consultas à Internet, pesquisas em
bibliotecas digitais, periódicos eletrônicos e outras fontes de informação on-line)?
( ) Sim ( ) Não
7. Assinale os produtos oferecidos pela biblioteca do polo.
( ) Livros
( ) Jornais
( ) Revistas
( ) Coleção de referência (dicionários, enciclopédias, atlas, dentre outros.
( ) Multimeios (Fitas de vídeo, CD, DVD, fotografias, mapas, etc.
Caso a biblioteca ofereça outro tipo de produto, não especificado acima, por favor
informar abaixo.
8. Assinale os serviços oferecidos pela biblioteca do polo.
( ) Empréstimo, renovação e devolução dos livros
( ) Empréstimo entre bibliotecas
( ) Orientação à elaboração de trabalhos acadêmicos
( ) Normalização de documentos
( ) Elaboração de ficha catalográfica
( ) Acesso à Internet
( ) Orientação para o acesso ao Portal Periódicos da CAPES
( ) Orientação para o acesso a bibliotecas digitais e Repositórios Institucionais
124
Caso a biblioteca ofereça outro tipo de serviço, não especificado acima, por favor
informar abaixo.
9. Existe, na biblioteca, um espaço reservado para estudo individual?
( ) Sim ( ) Não
10. Existe, na biblioteca, espaço reservado para estudo em grupo?
( ) Sim ( ) Não
11. A biblioteca dispõe de bibliotecário (profissional da informação qualificado para o
gerenciamento da unidade de informação e atendimento aos usuários)?
( ) Sim ( ) Não
Em caso de resposta negativa, por favor informe a profissão do responsável pela
biblioteca (professor, servidor púbico, técnico em administração, por exemplo):
12. A biblioteca dispõe de auxiliares de biblioteca?
( ) Sim ( ) Não
Em caso de resposta negativa, por favor informe a profissão do responsável pela
biblioteca (professor, servidor púbico, técnico em administração, por exemplo):
125
13. Qual a sua percepção em relação a utilização da biblioteca pelos usuários?
( ) Utilizam muito ( ) Utilizam pouco
14. Você teria algo a acrescentar sobre a biblioteca (ex.: dificuldades encontradas pelo
polo, para melhoria dessa unidade de informação; espaço físico; acervo; serviços;
recursos humanos; por exemplo)?
Obrigado por sua colaboração,
Atenciosamente,
Mestrando: Luis Bouquillard Ribeiro Fernandes
E-mail:luis_ufrn@yahoo.com.br ou luisbouquillard@yahoo.com.br
Celular: (84) 99641-9966
126
APÊNDICE B – MEMORIAL DESCRITIVO
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE PROCESSOS
INSTITUCIONAIS
LUIS BOUQUILLARD RIBEIRO FERNANDES
MEMORIAL DESCRITIVO
MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE PROCESSOS
INSTITUCIONAIS
NATAL – RN
2017
127
1 INTRODUÇÃO
Esse memorial retrata, de forma sucinta, o meu percurso para construção de uma
proposta de ação à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), direcionada
especificamente à Secretaria de Educação a Distância (SEDIS) desta Instituição e aos
seus respectivos polos de apoio presencial da Universidade Aberta do Brasil (UAB) -
denominados ainda de Polos de Educação a Distância (EAD).
2 SOBRE O AUTOR
Eu sou Luis Bouquillard Ribeiro Fernandes, natural de Alto do Rodrigues, no Rio
Grande do Norte (RN), servidor público federal, pertencente ao quadro de servidores
técnico administrativos da UFRN desde 1996. Iniciei minhas atividades profissionais
nesta Instituição no Departamento de Material e Patrimônio (DMP), sendo lotado na
Divisão de Patrimônio, onde por diversos anos exerci o cargo de chefe substituto.
Em 2008 solicitei minha remoção para o Núcleo da UFRN, no município de
Macau, no RN, sendo esta uma unidade institucional vinculada à Secretaria de Educação
a Distância da UFRN. Esta unidade institucional corresponde a um Polo de EAD, local
onde os usuários da educação a distância da Instituição encontram diversos ambientes de
apoio administrativo e acadêmico, tais como Coordenação; Secretaria; Auditório;
Laboratórios de informática; Laboratórios específicos para atender aos cursos de Química
e Física; Salas de tutores; Salas de aula; e ainda uma Biblioteca.
A partir de 2011, passei a exercer a função de Coordenador Administrativo desta
unidade, sendo responsável por toda infraestrutura, material, tecnológica e ainda de
recursos humanos. Esta função me permite estar em um constante processo de interação
com diversas unidades institucionais da UFRN, dos quais pode-se destacar: a Biblioteca
Central Zila Mamede (BCZM); algumas Coordenações de cursos de licenciatura; os
demais polos de apoio presencial da UAB/UFRN; dentre outras diversas unidades
institucionais desta universidade.
Graduado em Biblioteconomia por esta mesma Instituição, em 2003, participei
ainda do curso de Especialização em Gestão Estratégica da Informação, na Universidade
128
Potiguar (UNP), em 2006. Além de outros cursos de curta duração, voltados para área de
educação a distância, optei no ano de 2015 por uma qualificação profissional, o que me
levou a participar do Mestrado Profissional em Gestão de Processos Institucionais
(MPGPI), da UFRN, na perspectiva de desenvolver uma proposta de melhorias na oferta
produtos e serviços informacionais aos usuários dessa modalidade de ensino na
Instituição.
3 SOBRE MINHA PARTICIPAÇÃO NO MPGPI
Minha participação no MPGPI foi bastante positiva, uma vez que obtive o
conceito A – conceito máximo - em mais de 94% das disciplinas ofertadas: Fundamentos
da Ética; Comunicação Institucional; Processos e Legislação Administrativa; Ética,
Cultura e Sociedade; Gestão e Tecnologia da Informação; Ética Aplicada às
Organizações; Desenvolvimento Institucional; Ética, Saúde e Trabalho; além das
disciplinas de Metodologia Científica, Seminários, Proficiência em Língua estrangeira,
Exame de Qualificação e Dissertação de Mestrado.
Em relação a esta última atividade acadêmica no curso, desenvolvi uma proposta
de pesquisa voltada à uma investigação sobre as “Bibliotecas no contexto da educação a
distância”, no âmbito da UFRN. O estudo teve um duplo propósito: o primeiro, analisar
a situação atual das bibliotecas dos polos da UAB/UFRN, utilizando como parâmetro a
Legislação em vigor sobre EAD e alguns instrumentos normativos do MEC; o segundo,
fornecer subsídios para que a UFRN possa analisar a possibilidade da implementação de
ações que viabilizem um melhor atendimento aos usuários da EAD, potenciais
utilizadores daquelas bibliotecas.
Tendo como orientador o Professor Doutor Marcelo Rique Carício, tive ainda o
apoio da Professora Doutora Patrícia Borba Vilar Guimarães, ambos da UFRN. Os
docentes supracitados participaram da Banca de Defesa da Dissertação do Mestrado,
momento que contou ainda como a participação de um examinador externo à Instituição:
a Professora Doutora Adriana Carla Silva de Oliveira, do Tribunal de Justiça do Estado
do Rio Grande do Norte.
129
4 SOBRE O RESULTADO DA PESQUISA
Os resultados da pesquisa apontam que existe diversos aspectos que precisam ser
melhorados em relação as bibliotecas dos polos de apoio presencial da UAB/UFRN. Isto
é, essas unidades de informação não estão devidamente estruturadas para o atendimento
aos seus usuários, onde pode-se destacar como os mais relevantes:
• Bibliotecas não informatizadas;
• Ausência de importantes serviços, tais como: Empréstimo entre bibliotecas,
normalização de documentos, elaboração de ficha catalográfica, orientação ao
Portal de periódicos da CAPES, dentre outros;
• Ausência de Bibliotecários e auxiliares de biblioteca.
5 PROPOSTAS PARA OS POLOS DA UAB/UFRN E SEDIS
A partir dos resultados obtidos, consegui assim obter êxito em meu projeto de
pesquisa, desenvolvendo um produto final compatível com as expectativas do MPGPI.
Nesse sentido, algumas sugestões foram estabelecidas aos polos de apoio presencial da
UAB/UFRN e à SEDIS/UFRN.
5.1 POLOS DE APOIO PRESENCIAL DA UAB/UFRN
• Retirada de materiais bibliográficos que não contemple as disciplinas ofertadas
nos cursos, estejam desatualizados ou em péssimas condições de uso;
• Padronização dos espaços físicos existentes nas bibliotecas dos polos, retirando
carteiras ou outros mobiliários incompatíveis com os exigidos em uma biblioteca;
• Realização periódica de estudo de usuários dos polos, visando conhecer o perfil
desses atores, assim como suas reais necessidades acadêmicas, de informação e
utilização de produtos e serviços informacionais;
• Busca junto as entidades mantenedoras dos polos, por maiores investimentos para
informatização e automatização dessas bibliotecas;
130
• Articulação dos gestores dos polos com seus órgãos mantenedores, com a
finalidade de solicitar a contratação de bibliotecários para os polos;
• Solicitação de cursos e treinamento periódicos, para fins de capacitação dos
funcionários que estão exercendo atividades auxiliares nas bibliotecas dos polos.
5.2 SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (SEDIS)
• Criação na SEDIS de um setor específico para que os usuários da EAD possam
ser atendidos virtualmente: Serviço de Referência Virtual (SRV) para usuários de
EAD da UFRN.
• Contratação de um bibliotecário para atuar no setor acima descrito. Esse
profissional da informação estaria sendo inserido na equipe profissional
multidisciplinar da SEDIS/UFRN, onde produtos e serviços informacionais
poderiam ser disponibilizados de forma virtual aos usuários da EAD;
• Inserção do curso de Ciência da Informação na EAD, possibilitando que os
discentes desse curso atuem como estagiários na SEDIS;
• Melhoria da biblioteca digital da SEDIS, gerando novas possibilidades de acesso
a informação, através de links que direcione os usuários da EAD às diversas outras
fontes de informação científica, produtos e serviços informacionais, seguindo a
lógica de organização do site da BCZM.
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