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CAPA
ngelo Jos Muria
Mrcia Angela da Silva Aguiar Antnio Flvio Barbosa Moreira
(Organizadores)
CURRCULO, FORMAO E TRABALHO
DOCENTE
Srie
Anais dos XII Colquio sobre Questes Curriculares, VIII
Colquio Luso-Brasileiro de Currculo e II Colquio Luso-
Afro-Brasileiro de Questes Curriculares
Recife - Pernambuco - Brasil
ANPAE: Prefixo Editorial 87987
2017
ANPAE Associao Nacional de Polticas e
Administrao da Educao
Presidente
Joo Ferreira de Oliveira
Vice-presidentes
Marcelo Soares Pereira da Silva (Sudeste)
Luciana Rosa Marques (Nordeste)
Regina Tereza Cestari de Oliveira (Centro-Oeste)
Terezinha Ftima Andrade Monteiro dos Santos Lima (Norte)
Maria de Ftima Cssio (Sul)
Diretores
Erasto Fortes Mendona - Diretor Executivo
Pedro Ganzeli - Diretor Secretrio
Leda Scheibe - Diretor de Projetos Especiais
Maria Dilnia E. Fernandes - Diretora de Publicaes
ngelo R. de Souza - Diretor de Pesquisa
Aida Maria Monteiro Silva - Diretora de Intercmbio Institucional ,
Mrcia ngela da Silva Aguiar - Diretora de Cooperao Internacional
Maria Vieira da Silva - Diretora de Formao e Desenvolvimento
Catarina de Almeida Santos - Diretora Financeira
Editora
Lcia Maria de Assis, (UFG), Goinia, Brasil
Editora Associada
Daniela da Costa Britto Pereira Lima, (UFG), Goinia, Brasil
Conselho Editorial
Almerindo Janela Afonso, Universidade do Minho, Portugal
Bernardete Angelina Gatti, Universidade Federal Fluminense (UFF), Niteri, Brasil
Candido Alberto Gomes, Universidade Catlica de Braslia (UCB)
Carlos Roberto Jamil Cury, PUC de Minas Gerais / (UFMG)
Clio da Cunha, Universidade de Braslia (UNB), Braslia, Brasil
Edivaldo Machado Boaventura, (UFBA), Salvador, Brasil
Fernando Reimers, Harvard University, Cambridge, EUA
Ins Aguerrondo, Universidad de San Andrs (UdeSA), Buenos Aires, Argentina
Joo Barroso, Universidade de Lisboa (ULISBOA), Lisboa, Portugal
Joo Ferreira de Oliveira, Universidade Federal de Gois (UFG), Goinia, Brasil
Joo Gualberto de Carvalho Meneses, (UNICID), Brasil
Juan Casassus, Universidad Academia de Humanismo Cristiano, Santiago, Chile
Licnio Carlos Lima, Universidade do Minho (UMinho), Braga, Portugal
Lisete Regina Gomes Arelaro, Universidade de So Paulo (USP), Brasil
Luiz Fernandes Dourado, Universidade Federal de Gois (UFG), Goinia, Brasil
Mrcia Angela da Silva Aguiar, (UFPE), Brasil
Maria Beatriz Moreira Luce, (UFRGS), Brasil
Nal Farenzena, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Brasil
Rinalva Cassiano Silva, (UNIMEP), Piracicaba, Brasil
Sofia Lerche Vieira, Universidade Estadual do Cear (UECE), Fortaleza, Brasil
Steven J Klees, University of Maryland (UMD), Maryland, EUA
Walter Esteves Garcia, Instituto Paulo Freire (IPF), So Paulo, Brasil
XII Colquio sobre Questes Curriculares/VIII Colquio Luso-Brasileiro de Currculo/II Colquio Luso-Afro-Brasileiro de Questes Curriculares Presidentes dos Colquios Antnio Flvio Barbosa Moreira Universidade Catlica de Petrpolis
Jos Augusto de Brito Pacheco Universidade do Minho
Comisso Organizadora Geral
Mrcia Angela da Silva Aguiar (Universidade Federal de Pernambuco) - Coordenadora
Jos Carlos Morgado ( Universidade do Minho)
Geovana Mendona Lunardi Mendes (Universidade do Estado de Sta. Catarina)
Isabel Carvalho Viana (Universidade do Minho)
Joana Sousa (Universidade do Minho)
Edilene Guimares (Instituto Federal de Pernambuco)
Comit Local
Ada Maria Monteiro Silva (Universidade Federal de Pernambuco)
Ana de Ftima Abranches (Fundao Joaquim Nabuco)
Ana Lcia Borba (Universidade Federal de Pernambuco)
Alfredo Macedo Gomes (Universidade Federal de Pernambuco)
Ana Lcia Flix (Universidade Federal de Pernambuco)
Darci Lira (Universidade Federal de Pernambuco)
Edson Francisco (Universidade Federal de Pernambuco)
Edilene Guimares (Instituto Federal de Pernambuco)
Janete Maria Lins de Azevedo (Universidade Federal de Pernambuco)
Luciana Rosa Marques (Universidade Federal de Pernambuco)
Luiz Roberto Rodrigues (Universidade Estadual de Pernambuco)
Maria Helena Carvalho (Universidade Catlica de Pernambuco)
Maria do Socorro Valois (Universidade Federal Rural de Pernambuco)
Rita Barreto Moura (SINTEPE)
Mrcia Angela da Silva Aguiar (Universidade Federal de Pernambuco)
Comisso Cientfica Angola: Alberto Quitembo (Universidade Katyavala Bwila)
Augusto Ezequiel Afonso (Universidade de Katyavala Bwila)
Ermelinda Cardoso (Universidade de Katyavala Bwila)
Maria Alice Tavares (Universidade Katyavala Bwila)
Cabo Verde: Ana Cristina P. Ferreira (Universidade de Cabo Verde)
Bartolomeu Varela (Universidade de Cabo Verde)
Moambique: Adriano Niquice (Universidade Pedaggica de Moambique)
Angelo Jose Muria (Universidade Pedaggica de Moambique)
Hildizina Norberto Dias (Universidade Pedaggica de Moambique)
Portugal: Almerindo Afonso (Universidade do Minho)
Bento Duarte da Silva (Universidade do Minho)
Carlinda Leite (Universidade do Porto)
Fernando Ribeiro Gonalves (Universidade do Algarve)
Francisco Jos R. de Souza (Universidade dos Aores)
Filipa Seabra (Universidade Aberta)
Jesus Maria de Sousa (Universidade da Madeira)
Jos Augusto Pacheco (Universidade do Minho)
Manuela Esteves (Universidade de Lisboa)
Maria Joo Mogarro (Universidade de Lisboa)
Maria Palmira Alves (Universidade do Minho)
Preciosa Fernandes (Universidade do Porto)
Rui Vieira de Castro (Universidade do Minho)
Brasil: Alfredo Veiga Neto (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Alvaro Luiz Moreira Hyplito (Universidade Federal de Pelotas)
Alfredo Macedo Gomes (Universidade Federal de Pernambuco)
Alice Casimiro Lopes (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
Andr Mrcio Favacho (Universidade Federal de Minas Gerais)
Antnio Carlos Amorim (Universidade Estadual de Campinas)
Carlos Eduardo Ferrao (Universidade Federal do Esprito Santo)
Elba Siqueira de S Barreto (Universidade de So Paulo)
Elisabeth Macedo (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
Eurize Caldas Pessanha (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul)
Fabiany Tavares Silva (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul)
Genylton Odilon Rego da Rocha (Universidade Federal do Par)
Ins Barbosa Oliveira (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
Jefferson Mainardes ( Universidade Estadual de Ponta Grossa)
Lucola Santos (Universidade Federal de Minas Gerais)
Maria Ins Marcondes de Souza (Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro)
Mrcia Maria de Melo Oliveira (Universidade Federal de Pernambuco)
Maria Rita Oliveira (CEFET-MG)
Maria Teresa Estban (Universidade Federal Fluminense)
Marlucy Alves Paraso (Universidade Federal de Minas Gerais)
Nilda Alves (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
Roberto Sidnei Macedo (Universidade Federal da Bahia)
Rosngela Tenrio (Universidade Federal de Pernambuco)
Zlia Porto (Universidade Federal de Pernambuco)
Coordenadores dos Painis de Comunicaes Orais
1 Currculo e ensino superior
Assis Leo IFPE
Cludia da Silva Santos Sansil IFPE
Edlamar Oliveira dos Santos IFPE
Everaldo Fernandes da Silva - CAA/UFPE
Gilvanide Ferreira de Oliveira UFRPE
Mnica Lopes Folena Arajo UFRPE
Natlia Jimena da Silva Aguiar PPGE/UFPE
2 Currculo e escola
Alcione Mainar CAA/UFPE
Eugnia Paula Bencio Cordeiro IFPE
Everaldo Fernandes da Silva CAA/UFPE
Girleide Torres Lemos CAA/UFPE
Jaileila de Arajo Santos CE/UFPE
Jos Nilton de almeida - UFRPE
Jos Paulino Filho FAFIRE
Katharine Ninive Pinto Silva CAA/UFPE
Mrcia Regina Barbosa - CE/UFPE
Natlia Belarmino - CE/UFPE
3 - Currculo e educao infantil, ensino fundamental e mdio
Alexandre Viana CAA/UFPE
Alexandre Zarias FUNDAJ
Ana Carolina Perrucci Brando CE/UFPE
Ana Karina Lira CE/UFPE
Catherine Nnive CE/UFPE
Edilson Fernandes da Silva CE/UFPE
Ester Calland de Souza Rosa CE/UFPE
Lavnia de Melo e Silva Ximenes CAP/CE/UFPE
Ldia Cerqueira CE/UFPE
Maria do Socorro Valois UFRPE
Maria Jaqueline Paes de Carvalho UFRPE
Pietro Manoel da Silva PPGE/UFPE
Rita de Cssia Barreto de Moura PPGE/UFPE
Severina Klimsa CE/UFPE
4 - Currculo e polticas educacionais
Ana de Ftima Abranches FUNDAJ
Conceio Gislane Nbrega de Sales CAA/UFPE
Denise Maria Botelho UFRPE
Denise Xavier Torres PPGE/UFPE
Gabriel Lopes de Santana CE/UFPE
Henrique Guimares Coutinho FUNDAJ
Itamar Nunes da Silva UFPB
Jos Luiz Simes CE/UFPE
Jlia Calheiros CE/UFPE
Ktia Silva Cunha CAA/UFPE
Lucinalva Atade Andrade de Almeida CAA/UFPE
Maria Jlia de Melo PPGE/UFPE
Priscilla Maria Silva do Carmo PPGE/UFPE
Tcia Cassiany Ferro Cavalcante CE/UFPE
Tlio Augusto Velho Barreto de Arajo FUNDAJ
5 - Currculo e teorias
Isabela Amblard CE/UFPE
Jos Paulino P. Filho FAFIRE
Ktia Silva Cunha CAA/UFPE
Maria Lcia Ferreira Barbosa CE/UFPE
Srgio Paulino Abranches CE/UFPE
6 - Currculo e histria social das disciplinas
ngela Monteiro PPGE/DH/UFPE
Jos Henrique Duarte IFPE
7 - Currculo e espaos no escolares
Ada Maria Monteiro Silva CE/UFPE
Clia Maria Rodrigues da Costa Pereira CE/UFPE
Maria Joselma do Nascimento Franco CAA/UFPE
8 - Currculo, formao e trabalho docente
Alcione Alves da Silva Mainar CAA /UFPE
Camila Ferreira da Silva UTFPR
Carla Patrcia Acioli Lins - CAA/UFPE
Conceio Gislane Nbrega Lima de Salles CAA/UFPE
Elian Sandra Arajo UFRPE
Emanuelle de Souza Barbosa PPGEDCOM/UFPE
Etiane Valentim da Silva Herculano CE/UFPE
Ezir Georg da Silva UFRPE
Fernanda Guarany Mendona Leite - IFPE
Gilvaneide Ferreira de Oliveira UFRPE
Isabel Carvalho Viana IE/UMINHO
Kthia Barbosa CE/UFPE
Lada B. P. Machado CE/UFPE
Lcia Carabas CE/UFPE
Maria das Graas Soares da Costa FAFIRE
Maria Julia de Melo PPGE/UFPE
Orqudea Maria de Souza Guimares CAA/UFPE
Sandra Patrcia Atade Ferreira CE/UFPE
Sucuma Arnaldo - PPGE/UFPE
Vilde Gomes de Menezes PPGE/UFPE
9 - Currculo e conhecimento escolar
Jaqueline Barbosa CAA/UFPE
Lvia Suassuna CE/UFPE
Rafaella Asfora Siqueira Campos Lima CE/UFPE
10 - Currculo e avaliao
Ana Lucia Borba CE/UFPE
Bruna Tarcilia Ferraz UFRPE
Carla Figueredo UPCEUP
Girleide Torres Lemos - CAA/UFPE
Katharine Nnive Pinto Silva CAA/UFPE
Maria da Conceio Carrilho de Aguiar CE/UFPE
11 - Currculo e culturas Andr Ferreira CE/UFPE
Fbio da Silva Paiva CE/UFPE
Jos Carlos Morgado IE/UMINHO
Maria da Conceio Reis CE/UFPE
Maria Julia de Melo PPGE/UFPE
Michele Guerreiro Ferreira PPGE/UFPE 12 - Currculo e tecnologias Jos Alan da Silva Pereira PPGE/UFPE
Maria Auxiliadora Padilha CE/UFPE
Simone Maria Chalub Bandeira Bezerra PGECM/REAMEC
13 - Currculo e diferena Aline Renata dos Santos PPGE/UFPE
Celia Maria Rodrigues da Costa Perena CE/UFPE
Claudilene Maria da Silva UNILAB
Delma Josefa da Silva PPGE/UFPE
Fabiana Souto Lima Vidal CAP/UFPE
Itamar Nunes da Silva UFPB
Janssen Felipe Silva CAA/UFPE
Jos Policarpo Junior CE/UFPE
Karina Mirian da Cruz Valena Alves CE/UFPE
Marcia Maria de Oliveira Melo CE/UFPE
Rebeca Duarte UFRPE
14 - Currculo e ideologia
Edilene Rocha Guimares IFPE
Grasiela A. Morais P. de Carvalho GEPERGES/UFRPE
15 - Currculo e gesto da escola
Alice Miriam Happ Botler CE/UFPE
Lada Bezerra Machado CE/UFPE
16 - Currculo e incluso
Allene Lage CAA/UFPE
Maria do Carmo Gonalo Santos FAFICA
Maria Zlia Santana CAV/UFPE
Marlia Gabriela Menezes CE/UFPE
Coordenao de Eixos Temticos
Coordenao Geral: Edilene Rocha Guimares IFPE
Coordenao dos Eixos 1 e 2 Monica Lopes Folena Arajo - UFRPE
Coordenao dos Eixos 3 e 4 Maria do Socorro Valois Alves UFRPE
Coordenao dos Eixos 5 e 6 Lucinalva Andrade Atade de Almeida CAA/UFPE
Coordenao dos Eixos 7 e 9 Orqudea Maria de Souza Guimares CAA/UFPE
Coordenao do Eixo 8 Fernanda Guarany Mendona Leite IFPE
Coordenao dos Eixo 10 a 13 - Janssen Felipe da Silva - CAA/UFPE
Coordenao dos Eixos 14 e 16 Ana Paula Abrahamian de Souza UFRPE
Sobre os Colquios de Currculo
A partir do V Colquio sobre Questes Curriculares, realizado em Portugal, na
Universidade do Minho (fevereiro de 2002), passou a organizar-se Colquio Luso-
brasileiro sobre Questes Curriculares, resultado de uma parceria entre investigadores
portugueses e brasileiros. Desde ento, a cada dois anos, o Colquio tem-se realizado
alternadamente em Portugal e no Brasil, reunindo os mais expressivos investigadores da
rea dos dois pases. O II Colquio foi realizado na Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (2004). O III Colquio aconteceu mais uma vez na Universidade do Minho (2006)
e o IV Colquio teve lugar em 2008 na Universidade Federal de Santa Catarina, em
Florianpolis. Em 2010, o V Colquio foi realizado em Portugal, desta vez na Faculdade
de Psicologia e de Cincias da Educao da Universidade do Porto. O VI Colquio foi
sediado na Faculdade de Educao da Universidade Federal de Minas Gerais e o VII
Colquio, em 2014, na Universidade do Minho.
Sobre a Biblioteca Anpae
A coleo Biblioteca ANPAE constitui um programa editorial que visa a
publicar obras especializadas sobre temas de poltica e gesto da educao e seus
processos de planejamento e avaliao. Seu objetivo incentivar os associados a divulgar
sua produo e, ao mesmo tempo, proporcionar leituras relevantes para a formao
continuada dos membros do quadro associativo e o pblico interessado no campo da
poltica e da gesto da educao.
A coletnea Biblioteca ANPAE compreende duas sries de publicaes: Srie Livros, iniciada no ano 2000 e constituda por obras co-editadas com editoras
universitrias ou comerciais para distribuio aos associados da ANPAE.
Srie Cadernos ANPAE, criada em 2002, como veculo de divulgao de textos e outros
produtos relacionados a eventos e atividades da ANPAE.
Apoios Universidade Federal de Pernambuco/CA/ PPGE/UFPE
Centro Acadmico do Agreste - UFPE
Universidade do Minho Centro de Investigao em Educao, Portugal
Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior CAPES
Associao Brasileira de Currculo ABdC
Sindicato dos Trabalhadores em Educao em Pernambuco SINTEPE
Universidades Parceiras
Universidade Catlica de Petrpolis
Universidade do Estado de Santa Catarina
Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia de Pernambuco
Universidade do Porto
Universidade de Lisboa
Universidade Pedaggica de Moambique
Universidade Cabo-Verde, (UniCV)
Universidade Katyavala Bwila, Angola
Ficha Catalogrfica
M977c
Currculo, formao e trabalho docente - Anais do XII Colquio
sobre questes curriculares/VIII Colquio luso-brasileiro de
currculo/II Colquio luso-afro-brasileiro de questes curriculares.
Srie. Organizao: ngelo Jos Muria, Mrcia Angela da Silva
Aguiar e Antnio Flvio Barbosa Moreira [Livro Eletrnico].
Recife: ANPAE, 2017.
ISBN: 978-85-87987-06-8
Formato: PDF, 1103 pginas
1.Educao. 2.Currculo. 3.Anais. I. Muria, ngelo Jos, II
Aguiar, Marcia Angela da Silva. III. Moreira, Antnio Flvio
Barbosa. IV. Ttulo
CDU 37.01(06)
CDD 375
Organizadores
ngelo Jos Muria: Professor da Universidade Pedaggica de Moambique, Doutor em Educao. Mrcia Angela da Silva Aguiar: Professora Titular da Universidade Federal de Pernambuco. Doutora em Educao. Brasil. Antnio Flvio Barbosa Moreira: Professor titular da Universidade Catlica de Petrpolis. Doutor em Educao.
Todos os arquivos aqui publicados so de inteira responsabilidade dos autores e
coautores, e pr-autorizados para publicao pelas regras que se submeteram ao XII
Colquio sobre Questes Curriculares/VIII Colquio Luso-Brasileiro de Currculo/II
Colquio Luso-Afro-Brasileiro de Questes Curriculares. Os artigos assinados refletem
as opinies dos seus autores e no as da Anpae, do seu Conselho Editorial ou de sua
Direo.
Endereo para correspondncia
ANPAE - Associao Nacional de Poltica e Administrao da Educao
Centro de Educao da Universidade Nacional de Braslia
Asa Norte s/n Braslia, DF, Brasil, CEP 70.310 - 500
http://www.anapae.org.br | E-mail: publicacao@anpae.org.br
Servios Editoriais
Capa e Planejamento grfico: Carlos Alexandre Lapa de Aguiar.
Editorao eletrnica: Kaliana Pinheiro
Nossa pgina na Web:
Distribuio Gratuita
Sumrio
Apresentao Comisso Organizadora
23
Currculo, formao e trabalho docente
I Currculo e formao docente: um dilogo necessrio
Adlcima Scardinide Moraes e Antonia Angelina Basanella Utzig 26
II A dinmica da insero dos museus de cincias no currculo da formao inicial de professores de biologia Adriana Pugliese e Martha Marandino
37
III Formao continuada de professores/as na multissrie: o currculo proposto no programa escola da terra em Pernambuco e suas marcas no contexto escolar Adriana Soares de Carvalho Elias e Maria Joselma do Nascimento Franco
46
IV O Estgio de estudantes de pedagogia: entre o planejado e o
vivido
Alan Leite Moreira e Ana Paula Furtado Soares Pontes
56
V Revisitando a questo dos saberes didticos no currculo de pedagogia a partir das recomendaes da resoluo CNE/CP n 2/2015 Alessandra Ribeiro Baptista, Amlia Escotto do Amaral Ribeiro e Magda
Cristina Dias de Lucena
69
VI A formao do professor reflexivo crtico hoje
Ana Paula Andrade 76
VII A Formao continuada no pnaic: concepes de orientadores de estudos e alfabetizadores Ana Paula Berford Leo dos Santos Barros, Ester Calland de Sousa Rosa e
Selma Tnia Lins e Silva
85
VIII Dilogos formativos a caminho da autoria: currculo formao e trabalho docente Ana Paula Martins e Ana Carolina Santos Martins Leite
93
XVII Feminizao do trabalho docente e a problematizao de gnero Carlos Augusto Gomes Cavalcanti da Silva
171
XVIII O Curriculo na formao humana integral: possibilidades e desafios Carmen Aparecida Guimares Peixoto Cavalcanti
179
XIX Formao docente na cibercultura: reflexes sobre
integrao tecnolgica e currculo a partir do potencial pedaggico
dos games
Carmen Maria Cipriani Pandini, Lidiane Goedert e Pedro Junior
189
IX Discursos de responsabilizao docente na produo
acadmico-cientfica (2011-2014)
Ana Paula Peixoto Soares e Paula Eduarda Lima
102
X Responsabilizao docente nas polticas curriculares para formao de professores Ana Paula Peixoto Soares
111
XI O dever ser e a arte de viver: dimenses da experincia docente Ana Paula Rufino dos Santos
119
XII Quando os currculos transbordam: uma experincia com o ato de currculo observatrio formativo no PARFOR/UEFS Ana Verena Freitas Paim e Maria Cludia Silva do Carmo
128
XIII O Regulamento do ensino normal e formao de professores primrios no territrio do acre na dcada de 1940 Andra Maria Lopes Dantas, Las Souza da Costa e Eduardo da Cunha Franco de S
137
XIV Polticas de currculo e formao docente: mltiplos olhares do grupo de estudos e pesquisas em polticas curriculares ngela Cristina Albino e Maria Zuleide da Costa Pereira
146
XV A aula: espao-tempo de desenvolvimento da profissionalidade Carla Acioli Lins
155
XVI Polticas de formao de professores no contexto de implementao de uma base curricular nacional Carlos Augusto Aguilar Jnior
162
XX Currculo e sexualidade: diretrizes que no so postas nas prticas da sala de aula Carolina Santos de Miranda e Gilvaneide Ferreira de Oliveira
198
XXI Sobre a proliferao do discurso da falta: aproximaes
entre os discursos da educao especial e da educao e tecnologia
Carolline Septimio
206
XXII O Currculo da escola de gestores: opinies de egressos sobre esse componente de sua formao Cssia do Carmo Pires Fernandes e Beatriz de Basto Teixeira
215
XXIII Os desafios do processo de formao profissional pela via do estgio e da superviso em servio social: a particularidade do estado do tocantins Clia Maria Grandini Albiero
224
XXIV Ambiente escolar e educao em direitos humanos: um olhar sobre o currculo, a formao e a prtica docente Celma Tavares
233
XXV A formao do professor de geografia da fafidam sob a tica das matrizes curriculares de 1984 e 2007 Cludia Simone Lemos Almeida
242
XXVI A Internacionalizao do pensamento de Paulo Freire: influncias sobre perspectivas curriculares e formao de professores na obra de Joe Kincheloe Cristina Freund, Luisa Figueiredo do Amaral e Silva e Maria Ins
Marcondes
251
XXVII Problematizaes curriculares e processos de formao docente pelas imagens narrativas juvenis Danielle Piontkovsky e Maria Regina Lopes Gomes
260
XXVIII Papel do professor no currculo da jornada escolar ampliada Danise Vivian e Mariane Ohlweiler
268
XXIX Entre a escola, a graduao e o mestrado: a prtica de
pesquisa como uma produo curricular e aprendizagens
compartilhadas nas formaes docentes
Dulcimar Pereira, Camilla Borini Vazzoler Gonalves, Nathalia Costa de
Arajo e Josimar Barbosa Grippa
276
XXX Uma experincia de estgio como eixo articular do currculo no curso de pedagogia da UFRR Edlauva O. dos Santos, Jamile Rossetti de Souza e Leuda Evangelista de
Oliveira
285
XXXI As relaes tnico-raciais no curriculo: tenses e perspectivas nas narrativas de professores, Ilha Solteira, SP Eduardo Vasconcelos da Silva e Lia Teixeira Lacerda
294
XXXII Formao de professores: entre as diretrizes curriculares
para as licenciaturas e a base nacional comum curricular
Eliane Cleide da Silva Czernisz, Claudiane Aparecida Erram, Elaine
Vieira Pinheiro, Camila Aparecida Pio, Lorena Dominique Vilela
Freiberger e Isabel Francisco Barion
302
XXXIII Formao em servio e trabalho docente: pressupostos para uma dinmica curricular Elisngela Campos Damasceno Sarmento e Mirtes Ribeiro de Lira
310
XXXIV Problematizao curricular por licenciandos de qumica:
influncias da formao inicial
Elisa Prestes Massena e Indman Ruana Lima Queiroz
320
XXXV O Discurso curricular frente aos espaos diversificados de atuao profissional do pedagogo Fabiana Maria Silva de Lima e Ana Paula Rufino dos Santos
327
XXXVI Compondo com/na formao de professores com a diferena a partir do currculo Fbio Luiz Alves de Amorim e Priscila dos Santos Moreira
335
XXXVII A importncia do estgio supervisionado no currculo
da licenciatura em geografia do Instituto Federal de Pernambuco
campus Recife
Fernanda Guarany Mendona Leite
343
XXXVIII O PIBID como processo de formao continuada de professores supervisores de educao fsica Gabriel Siqueira Matos
354
XXXIX Um curso outro: atos de currculo na formao do pedagogo, em movimentos Gerusa do L. C. de Oliveira Moura, Jucineide Lessa de Carvalho e Marcelo Hage Moura
362
XL Sentido: quem educa os militares Getlio Neves Sena e Ana de Ftima Pereira de Sousa Abranches
371
XLI Qual o lugar da imaginao infantil nos currculos de formao de professores? Gleice Aline Miranda da Paixo
380
XLII As implicaes do PIBID para o currculo dos cursos de formao inicial de professores Helena Maria dos Santos Felcio
389
XLIII A Histria da formao de professores de histria: curriculo entre teoria e prtica Herika Paes Rodrigues Viana
399
XLIV A Relao teoria e prtica no currculo de formao de professores Ilma Maria Fernandes Soares
407
XLV Formao continuada de alfabetizadores da eja em itabora: o que revela essa experincia? Isabela Lemos da Costa Coutinho
415
XLVI Operacionalizao do estgio supervisionado na licenciatura em geografia no contexto das reformas curriculares contemporneas Ivaneide Silva dos Santos e Joseane Gomes de Arajo
424
XLVII Reflexes sobre as implicaes da reconfigurao cientfica contempornea na concepo de uma proposta curricular para cursos de licenciatura em geografia Jacy Bandeira Almeida Nunes, Marcone Denys Nunes e Ione Oliveira Jatob Leal
434
XLVIII Prticas educativas e rede formativa nos programas de iniciao docncia: vivncias currculares no PIBID e PIBID diversidade em pernambuco Jaqueline Barbosa da Silva e Lcia Falco Barbosa
442
XLIX O que pode uma imagem?: cartografias das tecnologias digitais na formao de professoreso que pode uma imagem?: cartografias das tecnologias digitais na formao de professores Jessiel Odilon Junglos, Luiz Guilherme Augsburger e Mirele Corra
451
L Lngua, linguagens, currculo e docncia indgena Jonise Nunes Santos, Marins Viana de Souza e Nataliana de Souza Paiva
461
LI Polticas de incluso na escola regular: uma anlise curricular e estratgica a partir da prtica do professor Jos Salinas Reginaldo
470
LII Perfil de ensino ativo no currculo da formao de professores em cincias e matemtica no agreste de Pernambuco Jos Renato dos Santos Silva, Ktia Silva Cunha e Ktia Calligaris Rodrigues
487
LIII Um olhar sobre a prtica da pesquisa no trabalho docente em Mamanguape-PB Josinalva Silva Paulino e Germana Alves de Menezes
498
LIV Produzindo professores e estudantes para os currculos de cincias na educao de jovens e adultos no Brasil: investigando discursos acadmicos na/da formao de professores Juliana Marsico, Andr Vitor Fernandes dos Santos e Marcia Serra Ferreira
507
LV Apropriaes da teoria do discurso para pensar a formao docente inicial Karine de Oliveira Bloomfield Fernandes
516
LVI Ser professor: representaes sociais de docentes em incio de carreira Laeda Bezerra Machado
522
LVII As aulas de educao fsica e lngua portuguesa: interdisciplinaridade por meio do teatro Larissa Beraldo Kawashima e Arivan Salustiano da Silva
532
LVIII As aes do coordenador pedaggico na escola: possibilidades de convergncia da formao continuada e do currculo Leonardo Bezerra do Carmo
541
LIX Neoconservadorismo e formao de professores: tatuagens em devir Leonardo Ferreira Peixoto
549
LX Trabalho, formao docente e curriculo: uma reflexo necessria ao curso de pedagogia Leyvijane Albuquerque de Arajo
558
LXI Contribuies para a formao inicial no curso de pedagogia: o estgio supervisionado na educao infantil Lcia de Mendona Ribeiro
574
LXII Desafios para a formao inicial no curso de pedagogia: a educao infantil em questo Lcia de Mendona Ribeiro
584
LXIII Trabalho docente como contedo curricular dos cursos de formao de professores: quando imunizar melhor do que tratar Luciana Nogueira da Silva
593
LXIV A Temtica histria e cultura afro-brasileira relacionada com a formao profissional e as percepes curriculares docentes na escola de referncia em ensino mdio estadual de Pernambuco Luci Maria da Silva
603
LXV A situao de estudo no contexto da formao de professores de qumica: problematizaes curriculares Luisa Dias Brito e Elisa Prestes Massena
615
LXVI O Dilogo com o entorno escolar no contexto da formao inicial de professores de cincias e biologia Luisa Dias Brito e Carmen Roselaine de Oliveira Farias
623
LXVII Formao de professores para o ensino superior: os constructos da formao pedaggica presentes no currculo de um programa institucional Mrcia Mendes Ruiz Cantano e Noeli Prestes Padilha Rivas
633
LXVIII O Currculo e a formao de professores para a educao profissional e tecnolgica Maria Adlia da Costa
643
LXIX Formao para pesquisa no currculo de pedagogia Maria da Conceio Maggioni Poppe e Ana Maria Ferreira da Costa Monteiro
653
LXX Currculo: saberes e identidades no processo de formao docente Maria da Anunciao Conceio Silva
663
LXXI Currculo e formao de professores em exerccio na educao bsica: o olhar do egresso do curso de pedagogia do PARFOR/UFPI Maria da Glria Duarte Ferro
672
LXXII Diversidade tnico-racial e ensino de geografia: abordagem na formao continuada de professores de geografia das sries finais do ensino fundamental Maria das Graas Medeiros Borges e Telma Helosa de Alencar Felix
695
file:///C:/Users/Kaliana%20Pinheiro/Documents/ALEXANDRE/SITUAO_DE%23_A_file:///C:/Users/Kaliana%20Pinheiro/Documents/ALEXANDRE/SITUAO_DE%23_A_
LXXIII Polticas curriculares para a formao de professores no ensino superior: um olhar a partir de instituies confessionais Maria das Graas Soares da Costa, Danielle Cristine Camelo Farias e Jos Batista Neto
703
LXXIV Formao e trabalho docente: por uma outra compreenso ideolgica do currculo Maria do Carmo Nascimento Diniz
710
LXXV O Estgio supervisionado do curso de cincias biolgicas em escolas de diamantina: aes, intervenes e desafios Maria do Perptuo Socorro de Lima Costa e Luan Manoel Thom
719
LXXVI A Universidade vai escola pblica: a experincia do GPEFORP com pesquisas, debates e propostas pedaggicas na perspectiva do currculo e formao docente Maria do Socorro Castro Hage e Rafael Silva Patrcio
733
LXXVII Histrias de vida de uma professora do timor leste: narrativas do sentir e viver na luta e labuta Maria Evangelina da Silva dos Santos e Jacqueline Cunha da Serra Freire
741
LXXVIII As prticas de ensino do sistema de escrita alfabtica em sua relao com as questes curriculares Maria Geiziane Bezerra Souza
750
LXXIX As metodologias do ensino de lngua portuguesa e matemtica e sua aproximao com os saberes do cotidiano da prtica docente: uma anlise a partir das prticas curriculares dos professores do ensino fundamental Maria Geiziane Bezerra Souza e Priscila Maria Vieira dos Santos Magalhes
759
LXXX Diretrizes, currculo e prtica docente das escolas quilombolas: um olhar a partir do paradigma cultural e do contexto da educao do/no campo Mariana Ferreira da Silva
768
LXXXI Os estudos de currculo na formao inicial de professoresa Maria Silvia Bacila Winkeler e Marielda Ferreira Pryjma
778
LXXXII Questes curriculares na formao docente em educao especial: construindo espaos de debates Marilia Mendes Goulart e Ndia Maria Soares Sandrini
787
LXXXIII Elaborao de diretrizes curriculares e formao de professores nas orientaes das agncias internacionais Marisa Noda e Maria Terezinha Bellanda Galuch
800
LXXXIV As concepes de formao na formao do coordenador pedaggico Marise Leo Ciraco e Neide de Aquino Noffs
809
LXXXV Currculo integrado e ensino da prtica: um projeto de estgio curricular interprofissional para os cursos da sade Mariza Maria Barboza Carvalho
819
LXXXVI Diretrizes curriculares para a formao docente: questionando a produtividade do controle Marize Peixoto da Silva Figueiredo
832
LXXXVII Formao do docente magistrado no mbito da enfam: prticas, resultados e perspectivas curriculares Marizete da Silva Oliveira, Maria Raimunda Mendes da Veiga e Roberto Portugal Bacellar
840
LXXXVIII Currculo e planejamento de ensino - na perspectiva de formadores de magistrados Marizete da Silva Oliveira e Liliane Machado
849
LXXXIX Currculos formao tecidos com os professores-alunos do programa nacional de formao de professores da educao bsica- PARFOR Marlene Moreira Xavier e Ester Maria de Figueiredo Souza
858
XC O processo de construo/reconstruo de conhecimento sob a tica da prtica pedaggica de professores(as) Marta Cordeiro da Silva Gomes, Glaucia Maria dos Santos Cordeiro e Anna Rita Sartore
867
XCI (Form)ao, currculo e as tecnologias no ensino superior: prticas pedaggicas inovadoras no curso de pedagogia Mary Valda Souza Sales
873
XCII Formao acadmica, currculo e representaes do trabalho docente: uma anlise das percepes de graduandos e jovens professores de histria Mximo Augusto Campos Masson e Maria Teresa Vianna Van Acker
884
XCIII Formao de professores e reforma curricular na UERN: ampliando o debate Meyre-Ester Barbosa de Oliveira e Marcia Betania de Oliveira
895
XCIV Comits territoriais de educao integral: um espao de formao docente Nazineide Brito, Rosevanya Fortunato de Albuquerque e Glauce Keli de O. Cruz Gouveia
903
XCV Entrelaamento currculo e teoria/prtica como elemento fundamental na formao inicial de professores Neide Cavalcante Guedes e Hilda Mara Lopes Araujo
912
XCVI A Formao para a docncia universitria no espao dos cursos de ps-graduao: questes no campo da didtica e do currculo Noeli Prestes Padilha Rivas
919
XCVII O Projeto pedaggico do curso de licenciatura em pedagogia e a influncia da poltica de interiorizao da educao superior no agreste Pernambucano Orqudea Maria de Souza Guimares e Maria Eliete Santiago
930
XCVIII A Formao continuada de professores como forma de poltica cultural na contemporaneidade Patrcia de Faria Ferreira e Mrcia Souza Fonseca
940
XCIX O Estgio supervisionado e o PIBID na formao inicial: algumas consideraes Polliana Rocha Dias Arajo, Ktia Augusta Curado Pinheiro Cordeiro da Silva e Shirleide Pereira da Silva Cruz
949
C Curriculo(s) diferena e formao docente entre linhas do desejo Priscila dos Santos Moreira e Fabio Luiz Alves de Amorim
957
CI Formao pedaggica e desenvolvimento profissional de professores bacharis no IFRN Rejane Bezerra Barros, Betania Leite Ramalho e Isabel C. Viana
966
CII O Lugar da interdisciplinaridade no currculo de formao docente: ultrapassando projetos paralelos Rita de Cssia M. T. Stano
975
CIII Os sujeitos do currculo e a tessitura da educao ambiental na formao inicial de professores Rita Silvana Santana dos Santos e Vera Margarida Lessa Catalo
984
CIV Entre os limites do espao e tempo na produo das polticas: blogs como instncia de articulao e produo curricular Roberta Sales Lac Rosrio
992
CV Formao docente, currculo e ensino de portugus no Brasil Roberto Belo e Andrielle Maria Pereira
1002
CVI A Questo da leitura diante das TIC: implicaes do pr-letramento na formao leitora docente Rosana Fernandes Falco e Giovanna Marget Menezes Cardoso
1010
CVII (Re) modelando o desenho no currculo: uma experincia com a abordagem metodolgica design thinking Solange Maria de Souza Moura, Ana Paula dos Anjos Cordeiro Soares, Elosa Santos Pinto e Igor Alcntara de Souza Silva
1024
CVIII Interfaces entre o currculo e a construo da identidade profissional nos cursos de licenciatura do IFAL: a formao dos professores e suas narrativas Stephanie Silva Weigel Gomes, Regina Maria de Oliveira Brasileiro e Elisabete Duarte de Oliveira
1036
CIX Docncia e formao inicial: o PIBID em discusso Sydione Santos
1044
CX Currculo e gesto: um estudo do curso de pedagogia para formao inicial do diretor escolar Tania da Costa Fernandes e Amanda Yuri Nishiyama de Alencar
1052
CXI As artes de fazer de professores e alunos nas invenes de culturas, currculos e cotidianos escolares Tnia Mara Zanotti Guerra Frizzera Delboni e Sandra Kretli da Silva
1061
CXII A Lei 10.639/03 e o coordenador pedaggico: a escola como espao de formao Thatiana Barbosa da Silva
1070
CXIII A Formao de professores de matemtica na licenciatura em educao do campo Vanessa Franco Neto e Camila de Oliveira da Silva
1077
CXIV Currculo, formao inicial de proferessores e relaes tnico-raciais Vernica Moraes Ferreira
1086
CXV O PEPE como ferramenta da indissociabilidade do ensino-pesquisa-extenso na formao do licenciado: a experincia do curso de licenciatura em cincias sociais da universidade de Pernambuco (UPE) Whodson Robson da Silva
1095
23
Apresentao
Os XII Colquio sobre Questes Curriculares/ VIII Colquio Luso-Brasileiro de
Currculo/II Colquio Luso-Afro-Brasileiro de Questes Curriculares foram realizados,
simultaneamente, nos dias 31 de agosto, 1 e 2 de setembro de 2016 na
Universidade Federal de Pernambuco, em Recife, Pernambuco/Brasil. Este
evento que se realiza, tradicionalmente, de forma alternada, em Universidades
portuguesas e Universidades brasileiras, congregou, mais uma vez, acadmicos,
estudantes de ps-graduao e profissionais da rea da educao que investigam
e debatem questes atinentes ao campo dos Estudos Curriculares.
Ao mesmo tempo em que constitui um espao cientfico privilegiado
para a socializao de estudos e pesquisas, o evento favorece um
intenso intercmbio entre pesquisadores/as do Brasil, de Portugal e de Pases
Africanos. A riqueza, amplitude e complexidade dos temas que foram abordados
ao longo do evento contriburam para ampliar o debate necessrio ante os
problemas e desafios que as questes contemporneas trazem para o campo do
currculo. Sendo um espao privilegiado para a reflexo, discusso e troca de
experincias, a realizao simultnea destes trs colquios propiciou,
tambm, maior aprofundamento do debate entre os profissionais de Educao,
em geral, e do Currculo, em particular, de diferentes pases, com destaque para
os da Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa.
O tema central dos Colquios CURRCULO: ENTRE O COMUM
E O SINGULAR constituiu a referncia maior das atividades organizadas a
partir de dezesseis Eixos Temticos.
Dentre as mltiplas atividades dos Colquios destacaram-se a
apresentao e debate de mais de seiscentos trabalhos no formato de
comunicaes orais, bem como as conferncias plenrias, as discusses nas
mesas redondas, as reunies de grupos de pesquisadores e reunies poltico-
organizativas de entidades cientficas e as atividades culturais.
O evento recebeu apoio do Instituto de Educao da Universidade do
Minho, da Universidade Federal de Pernambuco, da Universidade Federal Rural
de Pernambuco, da Universidade de Pernambuco, do Instituto Federal de
Educao Tecnolgica, da Secretaria de Educao de Pernambuco, do Sindicato
dos Trabalhadores em Educao de Pernambuco, da CAPES, dentre outros.
Concorreu, sobremaneira, para o sucesso dessa edio do Colquio de Currculo,
24
o trabalho dedicado do comit cientfico, dos assessores ad-hoc e das comisses
organizadoras no Brasil e em Portugal.
Por fim, mediante a entrega destes ANAIS, a Comisso Organizadora
socializa com o pblico as comunicaes orais que foram apresentadas e
debatidas nos vrios painis, com a certeza de que mais um passo foi dado na
direo do fortalecimento do campo do currculo, ao mesmo tempo em que
novas questes educacionais desafiam os pesquisadores para a busca de respostas
que se revelam sempre provisrias.
Comisso Organizadora
25
CURRCULO, FORMAO E TRABALHO
DOCENTE
26
- I -
CURRCULO E FORMAO DOCENTE: UM
DILOGO NECESSRIO
Adlcima Scardini de Moraes FAEST (Brasil)
Antonia Angelina Basanella Utzig FAEST (Brasil)
INTRODUO
A partir da compreenso de que o currculo um dos principais
elementos constituintes da escola, e que este possibilita seu contnuo processo de
educar, objetivamos neste trabalho identificar o valor do saber escolar, o que
precisamente abrange o currculo, estrutura, e sua indispensabilidade na escola,
para o desenvolvimento da formao de sujeitos.
Partindo deste contexto primordial entender a funo social da escola,
como tambm fundamental localiz-la nos dias atuais, verificando os diversos
papis por ela exercidos no decorrer do tempo. Para tal entendimento a
compreenso do significado da palavra currculo se faz necessrio. Alguns
autores denominam o currculo como um documento de identidade. Uma
definio bastante plausvel a do Dicionrio Aurlio (2012, p.214) que nos diz
que a palavra Currculo tem por significado as matrias constantes de um
curso. Segundo Goodson (2003), currculo vem da palavra latina scurrere, correr,
e refere-se ao curso (ou pista de corrida). As implicaes dessa etimologia
definem currculo como um curso a ser seguido. Assim, o currculo, de acordo
com Barrow (1984, p. 3), citado por GOODSON (2003, p. 31), deve ser
entendido como contedo a ser apresentado para estudo. Ainda existem
inmeras definies de currculo, entre eles est a de Csar Coll (1998, p. 33):
Currculo um elo entre a teoria educacional e a prtica pedaggica, entre o planejamento e a ao, entre o que prescrito e o que realmente sucede na sala de aula.
Fazendo uso desse conceito podemos fazer outras definies que
certamente serviro para elucidar melhor a questo que serve de ttulo. Podemos
entender como currculo toda ao planejada, que permeia a prtica educativa e
27
estabelecido por todas as pessoas envolvidas na comunidade (alunos, porteiro,
professor, diretor e toda equipe escolar).
Partindo do pressuposto de que o currculo uma construo cultural
composta por aquilo que a escola ensina nas suas disciplinas e tambm todas as
formas de aprendizagem e habilidades que queremos que nossos alunos tenham.
Currculo uma construo social do conhecimento, pressupondo a sistematizao dos meios para que esta construo se efetive; a transmisso dos conhecimentos historicamente produzidos e as formas de assimil-los, portanto, produo, transmisso e assimilao so processos que compem uma metodologia de construo coletiva do conhecimento escolar, ou seja, o currculo propriamente dito (VEIGA, 2002, p.7).
Entendemos que o currculo no solidificado, pelo contrrio, ele foi e
continua sendo construdo. A reflexo sobre isso importante, porque,
conforme Veiga (2002, p. 7) afirma, a anlise e a compreenso do processo de
produo do conhecimento escolar ampliam a compreenso sobre as questes
curriculares.
Sendo assim currculo uma seleo cultural, no neutro, no esttico
e se constitui como uma prxis, marcada por representaes de poder.
Silva nos traz a seguinte fala sobre o assunto:
Os estudos crticos do currculo tm apontado, pois, que a seleo cultural, aquilo que se define como legtimo a ser ensinado nas escolas, sofre determinaes polticas, econmicas, sociais e culturais. Geralmente, os conhecimentos mais valorizados incluem tradies culturais de grupos e classes dominantes e, por consequncia, excluem as tradies culturais de classes e grupos subordinados (Silva, 1990, p. 61).
Conforme a citao acima observamos que a anlise do currculo uma
condio para conhecer a escola. O currculo um cruzamento de prticas
diversas que subsistem a diferentes abordagens em contextos histricos distintos.
Conhecer as teorias que fundamentam o currculo uma construo necessria
para adequao das falas explicitadas em momentos de dialogicidade. Qual
discurso ser necessrio na formao de sujeito crticos e cnscios do seu papel
na sociedade de classes? Em quais disciplinas curriculares o professor deve fazer
o contra discurso afim de esclarece as questes ideolgicas presente nos
diferentes discursos nos mais variados meios de comunicao? As indagaes so
28
diversas, as respostas a elas, nem tanto, mas tudo isso se traduz em convite para
o estudo de formao continuada.
O CURRICULO: O QUE E PARA QUE SERVE
Os componentes do currculo podem ser percebidos nos objetivos de
ensino e contedos que se fundamentam em concepes epistemolgicas,
filosficas, polticas, sociais, culturais entre outras (o que ensinar). Nas
sequncias de contedos e a faixa etria, bem como nas capacidades cognitivas
do educando discurso da Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem
(quando ensinar). Nas questes referentes aos mtodos e tcnicas (recursos de
ensino) do processo educativo, presentes nos pressupostos metodolgicos que
fundamentam a prtica pedaggica (como ensinar). A avaliao finaliza a
composio do currculo, nesta se faz notar a qualidade do que foi construdo
por professor e aluno no decorrer do processo, entendendo aqui a aprendizagem
como superao do conhecimento do senso comum, que o aluno possui ao
chegar escola, e a transformao deste em conhecimentos cientficos, atravs
da mediao do professor numa relao dialgica crtica, emancipadora, coletiva
e de interao social no processo de construo do conhecimento (o que, como
e quando avaliar).
Cada escola adota diferentes modos de organizao social para realizar
suas atividades educativas. Suas aes so de acordo com a diversidade cultural
do grupo concreto que a constitui. Assim podemos perceber a multiplicidade do
currculo que norteado pelos parmetros curriculares nacionais, mas com
diferentes facetas. O projeto poltico pedaggico da escola expressa parte da
intencionalidade do currculo, desse modo ele nico, portanto abrangente.
Numa perspectiva de educao pautada numa abordagem tradicional o
currculo era concebido como uma listagem de contedos a serem ensinados no
decorrer de um perodo letivo. Na pedagogia progressista o currculo ganha
proporo muito maior e passa a ter centralidade no processo porque est
relacionado didtica e toda ao intencional ou no, naquilo que realmente
sucede na sala de aula. A prtica pedaggica traz consigo os fundamentos
tericos, epistemolgicos, filosficos, histricos, psicolgicos entre outros. Os
fundamentos tericos so norteadores do processo de ensino e ligados a estes
esto os fundamentos metodolgicos presentes no caminho a ser trilhado por
professores e alunos. A interdisciplinaridade requer dos diferentes sujeitos
29
postura de dilogo, coletividade e pesquisa e isso nem sempre possvel. A
disciplinaridade traz a especificidade em cada cincia, mas o debate entre elas s
possvel se os diferentes sujeitos se dispuserem.
Ao falar em Interdisciplinaridade, Fazenda (1979) considera, uma relao
de reciprocidade, de mutualidade, que pressupe uma atitude diferente a ser
assumida frente ao problema de conhecimento, ou seja, a substituio de uma
concepo fragmentria para unitria do ser humano. Haja visto, segundo
Fazenda, o homem um ser completo e as suas relaes com o meio tambm o
so, assim s faz sentido estud-lo em sua totalidade e no em fragmentos.
Perante contextualizao esse conhecimento cientfico curricular s ganha
sentido num processo de aplicabilidade, de uso.
A construo do currculo perpassa tambm pela vivncia do aluno no
seu cotidiano, daquilo que ele traz da sua cultura, da realidade histrica, cultural,
econmica, social, entre outras. Partindo dessa premissa reafirmamos que cada
escola nica e assim cada uma tem um currculo diferenciado, construdo para
contemplar as exigncias que a sociedade impe formao do sujeito crtico e
participativo.
As avaliaes de larga escala tem se construdo em torno de descritores
de aprendizagem. Qual o domnio que o discente precisa ter nas diferentes
habilidades de leitura, escrita e raciocnio lgico matemtico em cada fase etria?
A leitura e a capacidade de interpretao se constroem a partir da
vivncia do sujeito, do que o seu meio propicia, das possibilidades scio culturais
de ampliao da viso de mundo.
A leitura e a escrita aparecem como objetivos prioritrios da Educao Fundamental. Espera-se que, no final dessa etapa, os alunos possam ler textos adequados para a sua idade de forma autnoma e utilizar os recursos ao seu alcance para referir as dificuldades dessa rea estabelecer inferncias, conjeturas; reler o texto; perguntar ao professor ou outra pessoa mais capacitada fundamentalmente -; tambm se espera que tenham preferncias na leitura e que possam exprimir opinies prprias sobre o que leram. (SOL, 2009, p. 34)
A partir de Sol pode se constatar que a objetividade da leitura levar o
sujeito a se construir como capaz de interagir com o mundo e a realidade que o
cerca. Sendo a leitura to importante no processo a escola precisa garantir em seu
currculo que as estratgias leitoras sejam intensificadas de modo que todos os
30
sujeitos que na escola ingressam consigam ler de fato, ler para o seu deleite e
prazer, ler para descobrir, ler para aprender e escrever.
A produo escrita de gneros textuais especficos s possvel atravs
de atividades intensificadas de sequncia didtica como estratgia de ensino que
tem incio com a leitura do gnero que se quer produzir. Formam-se leitores e
escritores com projetos didticos voltados para essas estratgias de ensino. O
projeto curricular se pauta na intencionalidade da prtica pedaggica. Se a escola
em seu conjunto visa a formao de leitores e escritores h que se pensar em
intervenes que perpassam todas as reas do conhecimento, todas as disciplinas
da matriz curricular. Ensinar a ler e escrever funo da escola e no de uma
disciplina em especfico, mas de todas. A utilizao do espao e do tempo
pedaggico so duas variveis importantes a se considerar em qualquer plano de
interveno pedaggica.
O planejamento de atividades diversificadas, a organizao de grupos de
trabalho considerando os nveis de desenvolvimento dos alunos, a distribuio
de atividades na rotina diria, so possibilidades de uma nova organizao
didtica. O currculo escolar recheado de intencionalidades. Tornar as
intencionalidades do processo em prticas desafiadoras a grande questo.
A formao inicial dos cursos de graduao lato sensu deficitria, mas
talvez o dficit se d exatamente pelo distanciamento que as universidades tm
da educao bsica em seu conjunto. As teorias so estudadas de forma isolada,
distante do contexto em que se desenrola a ao de ensinar e aprender. Sendo a
teoria o alicerce da prtica educativa a apropriao desta se d num contexto de
distanciamento do espao, e das situaes didticas de sala de aula, [...] quem
forma se forma e reforma ao formar e quem formado formase e forma ao ser
formado, como j nos afirmava o saudoso Paulo Freire (1996, p.25).
A formao dos professores nos cursos de graduao acontece de forma
distante do contexto escolar. Esse distanciamento inevitvel, mas a academia
precisa interagir com a educao bsica e estabelecer dilogos com os sistemas
de ensino (municipal e estadual) para conhecimento das concepes filosficas e
epistemolgicas que do centralidade ao currculo escolar. Quais so as
expectativas de formao dos alunos e pais de cada comunidade escolar?
As prticas de estgio e regncia em sala de aula nos anos iniciais do
ensino fundamental por si s no garantem ao acadmico o conhecimento das
prticas desenvolvidas no contexto escolar, desse modo, acredita-se que as
universidades e faculdades de formao de professores precisam aproximar mais
31
dessa etapa de ensino a fim de contribuir no desenvolvimento de um currculo
que permita as manifestaes de identidade, cultura, diversidade, gnero, entre
tantas outras. O ensino superior - com seus doutores e mestres - agrega
conhecimentos tericos necessrios ao desenrolar desse dilogo e tantos outros
debates fundamentais para propiciar aos professores da educao bsica a solidez
de uma prxis que melhor atenda s exigncias de formao e desenvolvimento
dos diferentes sujeitos com os quais a escola trabalha.
O fluxo de informaes e acontecimentos da sociedade globalizada
gigantesco. Por mais que uma pessoa seja conectada com os meios de
comunicao e tecnologia no consegue acompanhar as transformaes da
sociedade. As exigncias da mesma em relao ao professor so inmeras, deste
modo, aqueles que no se atualizam acerca dos conhecimentos curriculares,
prticas metodolgicas e novas tendncias educacionais esto fadados ao fracasso
na atuao profissional.
O currculo em ao marcado pela subjetividade das aes mediadas
pelo professor com suas intervenes, propondo situaes para que o aluno, com
suas experincias, sua cultura e as interaes promovidas entre seus pares,
exponha seu pensamento, sua forma de elaborar e aprender. Essa vivncia de sala
de aula est distante do acadmico em formao, ento o planejamento
inicialmente se d num contexto superficial, ou seja, apenas dos aspectos
didticos e cientficos dos contedos escolares, sem que o docente aprendiz
conhea os alunos concretos com os quais ter que atuar. a fragmentao de
uma prtica que acontece em meio a tantas manifestaes desconhecidas pelos
estagirios, que no permite conhecer o antes, e nunca chegam a saber o que
acontece depois, assim preenchem uma lacuna que no tem sentido para os
alunos e nem estagirios do curso de Pedagogia.
Segundo Bahia e Paim1 formao ,
1 BAHIA, Carmem de Britto; PAIM, Ana Verena Freitas. CURRCULO E FORMAO DE PROFESSORES EM EXERCCIO: REVISITANDO TEMPOS, ESPAOS E SUJEITOS. In: ESPAO DO CURRCULO, v.3, n.1, pp.337-347, maro de 2010 a setembro de 2010. Disponvel em ISSN 1983-1579 http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/rec
32
Uma expresso que pode suscitar inmeras interpretaes, mas ao se tratar da formao no campo da docncia, e, especificamente, de professores que j esto em exerccio. preciso ter clareza de que h aspectos que so prprios desse
universo scio formativo que precisam ser levados em considerao e nesse sentido, o currculo precisa ser configurado em funo das especificidades desse coletivo de sujeitos (p. 345)
A formao continuada de professores tem entre as suas funes auxiliar
o professor na construo da prtica pedaggica reflexiva. O aporte terico
fundamental, pois atravs dos conceitos epistemolgicos que a ao pedaggica
vai sendo construda. A teoria a fonte, o principio.
Na formao continuada as dificuldades so outras como: jornada
intensa de trabalho, aulas em diferentes escolas, falta de recursos materiais,
estrutura fsica inadequada, so agravantes no processo. Assim os professores
participam das formaes por imposies do sistema e acabam apenas
reproduzindo tarefas, materiais, atividades e no se constroem como sujeitos de
sua prpria prtica.
O plano de formao parte sempre do estudo terico para
posteriormente planejar a prtica pedaggica. A principal dificuldade est
relacionada com questes curriculares relacionadas a O que ensinar Como
organizar a prtica diria Quanto tempo deve destinar a cada contedo ou
atividade2. Essas questes so manifestas diariamente pelos professores em
exerccio. O professor no se sente sujeito de sua prtica, no confia no seu
aprendizado, tem medo de ousar e errar, ento, na maior parte do tempo, repete
modelos, esses fundamentados numa abordagem de educao tradicional e de
repetio de modelos impostos numa pedagogia liberal, em que os diferentes
direitos do indivduo fazem parte apenas dos discursos. O quando ensinar,
orientao da Psicologia da Aprendizagem que nos informa sobre o domnio
cognitivo da criana em cada uma de suas fases traduzidas em estgios de
desenvolvimento, o que nos possibilita agrupar os alunos por turma/ano escolar.
Para que a formao docente seja compatvel com a realidade. A
formao de professores nos cursos de graduao no pode acontecer de forma
2 Grifo nosso
33
isolada. Sendo assim as universidades precisam dialogar com a educao bsica,
assim como, esta necessita da academia para o aprofundamento das concepes
terico metodolgica que permeiam o fazer pedaggico.
Foram pontuadas diversas questes referentes formao inicial do
professor obtida atravs das academias, as prticas de ensino dos estagirios em
formao, os cursos de formao continuada em programas e sistemas de ensino
no sentido de trazer tona as dificuldades encontradas no cotidiano escolar.
Ressalta-se aqui, insistentemente a necessidade de dilogo entre as academias e a
educao bsica.
O ministrio da educao produz materiais bibliogrficos de excelente
qualidade, mas no propicia um debate, encontros entre os professores e as
universidades para desenvolvimento de estudos utilizando os materiais
produzidos, enquanto responsvel pelo estabelecimento de um sistema
educacional, deixa a desejar, assim percebe-se que impera na sociedade brasileira
muitos equvocos que precisam ser corrigidos, melhorados. A formao do
professor, sem dvidas, passa tambm por uma jornada de trabalho excessiva,
alm do exerccio da prtica docente em duas ou mais escolas, o que tambm
interfere no bom desenvolvimento das funes do mesmo. Os sistemas de
ensino, municipal e estadual, nem mesmo conseguem dialogar e fazer um
trabalho de integrao e parceria, deste modo, aumenta ainda mais a jornada do
professor, que tem de atender a dois sistemas diferentes para situaes que nem
se diferem, pois atuam no mesmo municpio.
Talvez em momentos formativos como congressos, colquios,
seminrios e muitos outros encontros possam elucidar essas questes curriculares
extremamente importantes na construo de uma prtica pedaggica que ensine
nossos meninos e meninas da educao bsica a ler, escrever, raciocinar
logicamente e se situar no mundo em que vivem de forma crtica, dialgica e
criativa.
Rubem Alves, em seu livro Entre a Cincia e a Sapincia diz:
Assombrame a incapacidade das escolas de criar sonhos! Enquanto isso os meios de comunicao, principalmente a televiso, que conhecem melhor os caminhos dos seres humanos, vo seduzindo as pessoas com seus sonhos pequenos, frequentemente grotescos. Assombra-me a capacidade dos meios de comunicao de criar sonhos! Mas de sonhos pequenos e grotescos s pode surgir um povo de ideias pequenas e grotescas. (2001, p. 148)
34
O sonho existe, porm no podemos viver dos sonhos, para gestar uma
educao de qualidade, para fundamentar um currculo criativo que contemple
as exigncias e necessidades para a formao de um povo.
A luz de nossa compreenso, afirmamos ser importante e fundamental
a formao docente passar pela vivncia em sala de aula, fazer parte dos projetos
polticos pedaggicos das unidades escolares a fim de se estabelecer um
norteamento para a prtica pedaggica.
Em Castellar (2010:7), o processo de formao inicial de professores
deveria integrar as bases tericas com a prtica cotidiana, assim os futuros
professores teriam uma maior imerso no ambiente escolar e uma maior
significao dos contedos vistos durante sua formao. Por isso precisamos
repensar na construo dos currculos sua formao deveria vir de todo contexto
social e real dos envolvidos.
CONSIDERAES FINAIS
Sabe se que a poltica educacional tem um valor significativo no que se
refere construo do currculo, mas necessrio que as escolas tais como seu
funcionamento no tomem com isto como receita a ser cumprida, pois a mesma
refere-se a currculo como estratgia de ao deixando as escolas responsveis
pela construo do seu currculo e consequentemente do projeto pedaggico.
Um currculo tem influncias do mbito macro poltico administrativo,
tambm tem interferncia de tudo que se cria na cultura e na cincia, as decises
pedaggicas, as inovaes, os sistemas educativos, produo de meios e prticas
pedaggicas. Todas devem estar em sintonia para que o currculo acontea. Ao
elaboramos um currculo devemos ter clareza de expectativa de aprendizagem,
de como ser o processo evolutivo, os livros didticos e analisar o tempo de e da
escola. Devemos ter em mente que currculo um sistema integrado no basta
ter algumas boas ideias precisa se pensar num contexto todo. Sabemos que as
bases curriculares so: a sociedade, as polticas, a escola, o professor e o aluno.
Se no houver organizao e relao desses critrios no haver educao, pois,
os mesmos se tornam coadjuvantes neste processo.
Para que no fique apenas no discurso, o ponto crucial a ser considerado
justamente a diversidade que o processo de reorientao curricular evidencia
nos diferentes espaos. Embora seja desencadeado a partir de momentos
organizacionais comuns, apresenta uma variedade de prticas de escola para
35
escola, variao essa que depende das necessidades especificadas pelos diferentes
coletivos escolares. Destarte, os momentos organizacionais no podem ser
compreendidos como uma receita ou um ritual a ser inconscientemente
cumprido, pois o que se busca no um produto preestabelecido, mas a
preocupao de um processo de construo, cuja experincia criativa o
principal contedo a ser desenvolvido.
As orientaes curriculares presente nos parmetros curriculares esto
defasadas, precisam ser revistas a fim de que as unidades escolares se preocupem
na formao dos sujeitos de hoje, inseridos numa cultura tecnolgica, onde o
fluxo de informaes constante, mas o saber escolar formal e cientfico no se
resume em informao, o que diferente do processo de conhecer. O saber
escolar desse ser slido para garantir aos alunos uma formao de qualidade.
A formao continuada de professores uma necessidade. Refletir sobre
os fundamentos tericos que aliceram a prxis uma exigncia contempornea
desse modo, o sistema de ensino deve proporcionar aos diferentes profissionais
da educao espao e tempo para esses debates. Toda prtica pedaggica precisa
ser estudada, coso contrrio, o professor no se constri sujeito de sua prtica.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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BAHIA, Carmem de Britto; PAIM, Ana Verena Freitas. CURRCULO E FORMAO DE PROFESSORES EM EXERCCIO: REVISITANDO TEMPOS, ESPAOS E SUJEITOS. In: ESPAO DO CURRCULO, v.3, n.1, pp.337-347, Maro de 2010 a Setembro de 2010. Disponvel em: http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/rec ISSN 1983-1579.
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37
- II -
A DINMICA DA INSERO DOS MUSEUS DE
CINCIAS NO CURRCULO DA FORMAO
INICIAL DE PROFESSORES DE BIOLOGIA
Adriana Pugliese - Universidade Federal do ABC (Brasil)
Martha Marandino - Universidade de So Paulo (Brasil)
INTRODUO
Diante de um cenrio to abrangente, sempre uma tenso fazer
escolhas que direcionem contedos e prticas a serem apresentados e debatidos
durante a formao inicial de professores. Nvoa (1992) disserta sobre as
questes de poder e de saber envolvidas no processo formativo e afirma que mais
que um lugar de aquisio de tcnicas e de conhecimentos, a formao docente
um momento crucial da socializao e da configurao profissional. A escolha
da abordagem de uma temtica em detrimento de outra no currculo da formao
inicial de professores norteia o que deve ser contemplado e o que no deve ser
discutido nessa etapa da formao.
Para Moreira e Silva (2002), o currculo no um elemento inocente e
neutro; ele transmite vises sociais particulares e interessadas, produzindo
identidades individuais e sociais particulares num discurso constante de relaes
de poder.
Por mais que sofra inmeras influncias sociais, o currculo da educao
formal, no capaz de agregar tudo o que acontece fora da escola. Forquin
(1993), ao se referir seletividade da cultura escolar, discute que apesar de
estabelecida a funo de conservao e de transmisso culturais, a educao
escolar incorpora apenas parte dos saberes, competncias e smbolos
mobilizadores.
Segundo as Propostas de Diretrizes para a Formao Inicial de
Professores da Educao Bsica (MEC, 2000), se a reforma da Educao Bsica
sinaliza para uma formao voltada construo da cidadania, incorporando
questes sociais imediatas, isso no pode ser realizado se os professores no
tiverem uma consistente e ampla formao cultural. Nesse contexto aparecem os
38
museus, especialmente os museus de cincias, na formao de professores de
Biologia, com seu currculo, didtica e estratgias prprias.
Para Marandino (2014), a insero de novas temticas nos cursos de
Licenciatura tem gerado a necessidade de pensar em contedos curriculares que
possam favorecer parcerias entre universidade, escola e museus, assumindo que
atividades museais podem ser inovadoras para e na formao docente.
Assim percebe-se a legitimidade dos museus na composio dos
currculos dos cursos de formao de professores e a quo rica, diversa e profcua
pode ser uma formao que inclua as colees, os objetos, as exposies
propriamente ditas e toda e qualquer atividade educativa que acontea no espao
museal.
Este trabalho analisou os dilogos entre os componentes curriculares a
fim de compreender como acontece a insero das atividades de campo e visitas
a museus no currculo de formao inicial de professores de Biologia.
METODOLOGIA
A anlise dos dados baseou-se no conceito de currculo como processo
(GIMENO SACRISTN, 2000, 2013), e nos estudos de Basil Bernstein (1996,
1998) como referencial terico-metodolgico, mas tambm nas produes do
grupo portugus Estudos Sociolgicos da Sala de Aula (ESSA), alm dos
estudos de Galian (2008).
A pesquisa qualitativa e trata do curso de Licenciatura em Cincias
Biolgicas da Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho (UNESP
Assis); tomamos por base da anlise documental o projeto pedaggico do curso
(PPC), planos de ensino das disciplinas e entrevistas com docentes.
O discurso pedaggico de Bernstein se define como o processo de
comunicao e de produo dos textos (currculos, prticas, atores etc.); divide-
se em trs contextos: primrio (produo), secundrio (reproduo) e tercirio
(mediao). O tercirio, foco desta anlise, dividido em dois campos de
recontextualizao (oficial e pedaggico , CRO e CRP). No CRO tem-se um
Discurso Pedaggico Oficial (DPO) que, em nosso estudo, se estabelece a partir
das diretrizes do MEC (as gerais de formao de professores (BRASIL, 2002) e
as especficas dos cursos de Cincias Biolgicas (BRASIL, 2001)).
Foram utilizados instrumentos de anlise (descritivos) baseados no
discurso pedaggico e suas possveis recontextualizaes (classificao), de modo
39
a compreender como a temtica museal e as atividades de campo esto sendo
abordadas em um curso considerado como de melhor aproveitamento pelo
MEC.
A classificao representa as relaes entre as diferentes categorias: as
relaes estabelecidas entre os diferentes componentes curriculares. Os
descritivos so indicadores das regras discursivas e apresentam uma escala de
valores com quatro graus de classificao de muito forte a muito fraco (C++,
C+, C-, C--). Essa escala considera a relao entre os discursos presentes nos
componentes curriculares em duas situaes: (1) de modo geral, independente de
temticas; (2) e especificamente no vis das atividades de campo e visitas a
museus.
A seguir (Tabela 1), uma proposta da relao dos componentes
curriculares do curso independente de uma temtica. A classificao forte ou
fraca dependendo do quanto so estabelecidas articulaes entre os componentes
curriculares (disciplinas de formao geral, disciplinas didtico-pedaggicas,
estgio e atividades complementares ou acadmico-cientfico-culturais:
AACC). A anlise ainda traz informaes da relao dos componentes no vis
das atividades de campo e visitas a museus (PUGLIESE, 2015; PUGLIESE;
MARANDINO, 2015).
Tabela 1: Instrumento de caracterizao da classificao dos
discursos dos diferentes componentes curriculares.
Indicador: O currculo da formao inicial do professor de biologia.
Caracterstica de anlise: As relaes entre os discursos dos componentes
curriculares.
C++ Aes presentes em disciplinas de formao geral no dialogam com aes
das disciplinas de formao didtico-pedaggica e/ou vice-versa; as aes
presentes nos estgios no dialogam com as aes de disciplinas; as aes
presentes no vis das atividades complementares no esto contidas na
discusso de outros componentes curriculares.
C+ Aes presentes em um componente curricular dialogam exclusivamente com
apenas outro componente (exemplo: disciplina de formao geral com
disciplina de formao didtico-pedaggica).
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C- Aes presentes em um componente curricular dialogam com pelo menos
dois outros componentes (exemplo: disciplina de formao geral com
disciplina de formao didtico-pedaggica e com estgio).
C-- Aes presentes em um componente curricular dialogam com todos os outros
componentes (exemplo: disciplina de formao geral com disciplina de
formao didtico-pedaggica e estgio e AACC).
ANLISE CURRICULAR DO CURSO DE LICENCIATURA
Sobre as relaes entre os discursos dos componentes
curriculares
Para analisar a relao entre os discursos e assumindo a ideia de
totalidade que um PPC impe, percebem-se trechos que corroboram a proposta
de articulao entre as fronteiras curriculares para o curso estudado. O excerto a
seguir sugere uma fraca classificao na relao entre os discursos das disciplinas
didtico-pedaggicas.
[...] 405 horas de estgio curricular supervisionado, dado pela rea de Educao e, 525 horas de prtica, acoplado a rea de biologia e com componentes curriculares de formao pedaggica. Estas prticas de ensino que articulam teoria e prtica, como componente curricular, foram estruturadas em quatro reas do Departamento [...] com o intuito de uma maior interao entre os contedos ministrados e docentes do curso, perfazendo um total de 315 horas. (PPC, p. 5).
Salienta-se que vrias disciplinas de Prtica de Ensino so ministradas
por docentes de formao geral. Nesse sentido, como o professor da disciplina
de uma rea especfica ministra a disciplina de Prt. de Ensino de tal rea,
natural que as aes da disciplina de formao geral dialoguem com aquelas da
disciplina de formao didtico-pedaggica. Por fazer referncia ao uso do
conhecimento de disciplinas de campos diferentes para a promoo de projetos
de ensino-aprendizagem, o prximo excerto sugere o esbatimento das fronteiras
dos discursos das disciplinas de formao geral e de formao didtico-
pedaggica, o que ratifica uma fraca classificao (Tabela 1) e contribui para uma
dinmica de aes interdisciplinares.
41
Criar, implementar, avaliar e aperfeioar projetos de ensino e aprendizagem, articulando-os com outras reas do conhecimento, estimulando na escola aes coletivas e multidisciplinares (PPC, p. 16).
Indicaes de como as aes pedaggicas devem acontecer de forma
integrada (articulao entre teoria e prtica e entre as reas de Cincias Biolgicas
e Educao) so prescritas vrias vezes no texto do PPC; esse discurso evidencia
a inteno da promoo de interdisciplinaridade ao longo do curso.
A sugesto de que um dilogo seja estabelecido entre os componentes
curriculares das disciplinas de formao geral, didtico-pedaggicas e dos estgios
tambm se manifesta no PPC, sendo mais um momento em que se constata uma
fraca classificao bernsteiniana. Para esta instituio preza-se integrar o que foi
apreendido na formao geral com os componentes voltados rea de Educao.
A anlise a partir do PPC mostra que apenas as AACC no dialogam
com os demais componentes.
Sobre a incluso das atividades de campo e visitas a museus nas
relaes entre os discursos dos componentes curriculares
A anlise documental mostra que na redao do PPC, o contedo sobre
atividades de campo e visitas a museus mencionado exclusivamente como
possibilidade de carga horria destinada s AACC, no estabelecendo dilogo
com os demais componentes.
Expresses explcitas sobre a temtica museal podem ser notadas nos
planos de ensino das disciplinas e de modo sutil nas falas docentes, apesar do
PPC no mencionar abertamente uma articulao.
Considerando as falas docentes, as relaes entre os discursos dos
componentes curriculares so notadas no dilogo entre as disciplinas de
formao geral e as didtico-pedaggicas: a coordenadora relata uma nova
disciplina Estudo de campo II, proposta na nova matriz, para que as atividades
de campo fossem evidenciadas no currculo, seguindo as recomendaes do
Conselho Federal de Biologia (CFBio); ela enfatiza o que proposto no PPC em
relao s indicaes de prticas interdisciplinares envolvendo as atividades de
campo, especificamente nesta disciplina nova. A fala da professora que ministra
as disciplinas de Prtica de Ensino de Cincias e Estgio Supervisionado e, de
Prtica de Ensino de Biologia e Estgio Supervisionado, tambm mostra o
esbatimento das fronteiras disciplinares.
42
[...]. Quando eles vo fazer essas excurses [disciplinas de formao geral], [...] eu j peo, eles me trazem o projeto da excurso pra da eu ver o que que eles podem [...] nessa excurso fazer com os professores, utilizar pra pensar em [...] melhoria da qualidade de ensino [...]. (Professora).
Os planos de ensino tambm mostram recomendaes de prticas que
contemplem aes interdisciplinares em pelo menos um de seus itens
(possibilidade de dilogo), podendo fomentar o esbatimento das fronteiras; so
elas: Estudos de Campo I e II (objetivos); Ed. Ambiental (contedos); Prtica de
Ensino em Botnica e Ecologia II (ementa); Prtica de Ensino em Biologia e
Estgio Supervisionado (bibliografia).
A interdisciplinaridade reforada na escolha de mais de um professor
para ministrar disciplinas que envolvem duas ou mais reas.
Cabe um adendo s relaes estabelecidas entre o CRO e o CFBio. Sabe-
se que, caso o enfoque fosse o currculo do curso de Bacharelado, o CFBio
comporia o CRO; mas sendo nosso foco o curso de Licenciatura, o CFBio,
teoricamente, no deveria ser regulador. Na prtica no isso que acontece para
a realidade da UNESP Assis. A tradio da universidade em formar o profissional
de Cincias Biolgicas nas duas modalidades faz com que o CFBio influencie
tambm as tomadas de deciso do CRP do curso de Licenciatura, em especial o
que tange s atividades de campo. Ter que se adequar a essa exigncia culminou
em estabelecer uma carga horria total de integralizao maior ao curso de
Licenciatura que a atribuda ao Bacharelado (ltima reestruturao curricular,
vlida a partir de 2012: 3.390h e 3.270h, respectivamente).
Sobre as tenses, relaes de controle e poder dos agentes do
CRP
A fala da coordenadora deu indcios sobre as relaes de poder e de
controle nos processos de recontextualizao do discurso pedaggico da
universidade. A docente relata que os diversos campi da UNESP fizeram um
estudo para estabelecer um ncleo comum s Cincias Biolgicas. Ao
43
finalizarem, uma resoluo do Conselho Estadual de Educao (CEE)3 exigiu a
realizao de novas mudanas.
O CEE representa uma instncia do CRO, ou seja, do campo de
produo de um discurso oficial, hierarquicamente superior instncia da
UNESP Assis, a qual representa o CRP. Para contextualizar, o discurso do CRO
se traduz nas diretrizes do MEC e o do CRP se constituiu no PPC.
Nas relaes estabelecidas entre os sujeitos, diferentes tipos de tenses
envolvem o corpo docente, como a atribuio das aulas de disciplinas, pois nem
todos tm formao na rea de Ensino de Cincias. Assim, alguns professores
no se sentem preparados para ministrar as disciplinas de Prtica de Ensino:
professores de formao geral ministram disciplinas didtico-pedaggicas.
Uma forte relao de poder e de controle se estabelece entre a gesto
administrativa da universidade e os docentes: a primeira instncia controla se e
como as atividades de campo acontecero; sinalizam-se tenses referentes
disponibilidade de verba, alm do fato do curso de Biologia estar alocado em
uma unidade da rea de Humanas (tenses para a compreenso da importncia
de atividade de campo foram relatadas).
interessante que, o controle prestado pelo CFBio fez com que as
atividades de campo aparecessem de modo enftico no PPC, pois, segundo a
coordenadora, mesmo que a prtica de campo fosse frequente, e perpassasse
muitas disciplinas, isso no estava evidenciado no PPC (apenas nos planos de
ensino), e para o CFBio no era suficiente.
Vale ressaltar que o curso estava em processo de reforma curricular, mas
a prescrio de uma nova disciplina (Estudos de Campo) amenizou
significativamente essas tenses entre a gesto administrativa e os docentes,
diminuindo a burocracia, especialmente na obteno de verba.
3 O CEE subordinado ao Conselho Nacional de Educao e ambos so rgos integrantes do MEC.
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REFLEXES FINAIS
Embora a universidade, na figura de seus cursos de licenciatura, seja
produtora de conhecimento e tenha autonomia, ela est subordinada a campos
de produo e recontextualizao posicionados hierarquicamente acima dela,
exercendo poder de decidir sobre o currculo intencional (prescrito) de seus
cursos. O que a teoria do discurso pedaggico evidencia que os mecanismos de
controle, mesmo que implicitamente, tambm se estabelecem na Educao
Superior.
A partir dos dados obtidos (entrevistas e documentos) classifica-se o
curso da UNESP Assis na categoria C- no que se refere relao entre os
discursos dos componentes curriculares, sem considerar uma temtica especfica.
J os excertos das entrevistas das docentes, que mencionam o tema das atividades
de campo e dos museus nas relaes entre discursos, permitem classificar o curso,
na categoria C+, pois mostram que a abordagem desta temtica est presente
apenas na comunicao entre os discursos das disciplinas de formao geral e das
disciplinas de formao didtico-pedaggica, no sendo evidentes dilogos entre
os estgios e as AACC com os demais componentes.
Em relao ao CRO, alm do papel desempenhado pelo MEC, percebe-
se uma forte influncia do CFBio: na prtica, dois rgos de naturezas distintas
regulam as decises do CRP.
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46
- III -
FORMAO CONTINUADA DE PROFESSORES/AS
NA MULTISSRIE: O CURRCULO PROPOSTO NO
PROGRAMA ESCOLA DA TERRA EM
PERNAMBUCO E SUAS MARCAS NO CONTEXTO
ESCOLAR.
Adriana Soares de Carvalho Elias UFPE (Brasil)
Maria Joselma do Nascimento Franco UFPE (Brasil)
INTRODUO
A relao formao continuada e o currculo proposto no Programa
Escola da Terra, que atenda a um pblico de professores/as do campo, apresenta
desafios a serem estudados, dentre eles, o de analisar as contribuies da
formao continuada que permita aos professores/as acesso as aprendizagens no
contexto escolar da multissrie.
Neste sentido, em relao formao continuada, Gatti, (2011) afirma
que esta processual, investe no desenvolvimento profissional e pessoal,
independente de ser definido pelo/a professor/a ou por especialistas dos
sistemas educacionais.
Considerando as contribuies da autora, a formao continuada
proporciona aos/as professores/as acesso aos conhecimentos, possibilitando
aprendizagens profissionais e pessoais.
Ao tratar das contribuies da formao de professores/as da
multissrie, percebe-se que existem demandas a serem atendidas no cenrio
educacional em relao a essa formao contnua. Para tanto, a proposta de
currculo do Programa Escola da Terra em Pernambuco constituiu para os/as
professores/as das escolas do campo, principalmente as multisseriadas, a
possibilidade de outro olhar para estas escolas.
Frente a este debate, o presente texto objetiva analisar as contribuies
da formao continuada no contexto escolar da multissrie pela via do currculo
do Programa Escola da Terra em Pernambuco, atentando para a metodologia da
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alternncia e sua articulao das reas de conhecimento, rodas de dilogo,
integrao de saberes, escuta comunitria e projetos de interveno pedaggica e
social.
Trataremos, pois, desta discusso nas sees que seguem perpassando
os marcos legais, a formao continuada de professores/as da multissrie e o
currculo proposto do Programa Escola da Terra em Pernambuco.
DISCUSSO TERICA
Formao continuada e os marcos legais
No incio da vida profissional docente se tem como alicerce a formao
inicial. Com os desafios que emergem, identifica-se que esta no suficiente para
responder as demandas que a escola, a sala de aula e atuao docente exigem.
nesta perspectiva que a formao continuada de professores/as se apresenta
enquanto necessidade. No Brasil ela ganha diferentes formatos e contornos, o
que tem gerado discusses, pesquisas e questionamentos por diferentes atores
sociais, em relao aos critrios de validade destas formaes (GATTI, 2008).
Pautadas nas necessidades de avanos em relao a estas formaes,
temos as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formao Inicial e Continuada
dos Profissionais do Magistrio da Educao Bsica (2015), estas explicitam que
os profissionais do magistrio carecem de alimentar-se de conhecimento
contnuo. Nesta perspectiva, a formao [...] deve ser entendida na perspectiva
social e alada ao nvel da poltica pblica, tratada como direito, superando o
estgio das iniciativas individuais para aperfeioamento prprio, [...] e garantia de
institucionalizao de um projeto institucional de formao (BRASIL, 2015,
Recommended