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PARTIDO DOS TRABALHADORES - PTSETORIAL ESTADUAL DE EDUCAÇÃO
BAHIA
POLÍTICAS PARA A EDUCAÇÃO PT/BAHIA
Salvador2011
Texto ajustado a partir do documento aprovado no Encontro do Setorial Estadual de Educação, no Território Metropolitana de Salvador, 25 setembro de 2010.Partido dos Trabalhadores – PTVersão 1.10
PARTIDO DOS TRABALHADORES - PTSETORIAL ESTADUAL DE EDUCAÇÃO
BAHIA
DIRETRIZES PARA O PROGRAMA DE GOVERNO 2011 – 2014[1]
A tarefa de reeleger Jaques Wagner para o Governo da Bahia exige
responsabilidade do Partido dos Trabalhadores na elaboração de um Programa de
Governo que indique o modo de fazer gestão pública democrática e popular,
dialogando com os aliados, que querem a reforma agrária, concurso público, jornada
de 40 horas, sem redução de salários, e garantir a soberania nacional, como por
exemplo: a Petrobrás 100% estatal.
A elaboração do Programa tem como base as diretrizes partidárias e a experiência
do primeiro mandato (2007-2010), onde são definidas as prioridades, a continuidade
de projetos e programas, bem como, novas propostas articuladas às necessidades e
demandas da população baiana.
A presente Resolução sobre Diretrizes de Programa de Governo é um subsídio que
se fundamenta nos seguintes eixos:
a) Participação cidadã e controle social: por uma cultura democrática e
transformadora da vida pública e do estado;
b) Desenvolvimento regional com geração de emprego e renda, promoção da
igualdade social com incentivo à economia solidária no campo e cooperativas de
pequenos produtores;
c) Políticas sociais, culturais, ambientais e de garantia de direitos e da equidade
étnico-racial;
d) Gestão ética, democrática e eficiente do Estado, em direção ao estado
protagonista do desenvolvimento, com valorização dos servidores, o fim do REDA,
realização de concurso público, fim das terceirizações e das precarizações, com a
não utilização das OS’s e das PPP’s como reivindica a nossa base social.
Texto ajustado a partir do documento aprovado no Encontro do Setorial Estadual de Educação, no Território Metropolitana de Salvador, 25 setembro de 2010.Partido dos Trabalhadores – PTVersão 1.10
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e) Fortalecimento da política de desenvolvimento do estado com a
descentralização dos investimentos em todo o território.
O Programa de Governo deve garantir que as experiências acumuladas possam ser
permanentemente recuperadas.
O Programa de Governo não pode e não deve ser um produto formal elaborado por
um grupo de técnicos e intelectuais que não tenham compromisso com as diretrizes
do Partido, mas deve envolver os setoriais do PT (Secretaria de Movimentos Populares, de Mulheres, Sindical, Cultura, Meio Ambiente, Juventude, GLBT, Combate ao racismo), que possuem conhecimento sobre temas que serão tratados no Programa de Governo.
Embora a elaboração do Programa seja uma ação partidária, é importante criar
condições para possibilitar a participação do maior número possível de pessoas,
organizações e entidades que compartilhem de nosso projeto .
A elaboração do Programa de Governo deve ser construída por uma coordenação e
equipes de trabalho. A metodologia de elaboração Programa de Governo deve ser
inclusiva, combinando as experiências da práxis do modo petista de governar e o
aprimoramento da máquina pública, com participação dos partidos aliados.
As reuniões realizadas (oficinas de trabalho, reuniões temáticas, plenárias e
debates) devem ser objeto de planejamento e preparação prévios, de maneira a
garantir a infra-estrutura e os materiais adequados ao cumprimento dos objetivos. O
texto do Programa de Governo deve levar em conta as diretrizes. O diagnóstico e as
propostas podem ser apresentados de acordo com os cinco eixos conceituais,
relacionando os temas discutidos dentro deles.
Deve ser realçado o processo participativo e democrático de construção do
Programa de Governo Wagner (2011-2014), mostrando que o PT reconhece e
respeita o conhecimento da sociedade baiana sobre sua realidade cotidiana e honra
seu compromisso com a democracia.
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[1] Proposta elaborada por Julio Cesar de Sá da Rocha, Segundo Vice-Presidente do PT BA. do Coletivo Militância Petista.
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APRESENTAÇÃO
Os desafios para um programa de governo de um segundo mandato do PT na Bahia
se inscrevem na conjuntura de que o Brasil hoje já tem um Sistema Nacional
Articulado de Educação, que organiza um regime de colaboração entre União,
Estados e Municípios com um Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), Plano
este que viabiliza através da construção de instrumentos concretos as metas do
Plano Nacional de Educação (PNE), de 2001, e as diretrizes da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB). Hoje esses instrumentos do PDE objetivam
integrar as ações dos três níveis da administração pública para alcançarmos uma
Educação de qualidade, inclusiva, democrática, com um investimento inédito em
Educação, como veremos nas ações abaixo que foram planejadas e estão sendo
implementadas pelo Governo Federal, através do MEC.
Essas ações materializam uma concepção de Estado presente e responsável, que
assume suas obrigações constitucionais de garantir direitos sociais antes negados
ao povo, se contrapondo à concepção anterior de Estado minimalista, orientada pelo
Banco Mundial, que restringia a atuação estatal apenas ao Ensino Fundamental,
deixando de lado as creches e a Educação Infantil e proibindo e sucateando a
Educação Profissional e o Ensino Superior.
Nesse sentido um programa para um segundo governo do PT e partidos aliados
deve levar em consideração esse Sistema Nacional que já está implantado e precisa
ser consolidado. Após um primeiro mandato no Estado da Bahia, já temos um
diagnóstico da máquina pública, que foi deixada sucateada pelas gestões anteriores
e que não consegue responder aos desafios colocados pelas demandas sociais e
pelos programas nacionais.
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Não cabe no momento inventar programas e projetos que já foram estabelecidos
inclusive em arcabouço legal pelo PDE, pelo Plano Nacional e Estadual de
Formação de Professores, pelo Programa Nacional e Estadual de Educação
Profissional, pelo IDEB e pelos programas de Educação Integral. Nossa tese é de
que agora precisamos de uma ampla reforma administrativa e de gestão para
viabilizar essas leis, programas e projetos. Há recursos consideráveis para a
Educação. Precisamos no momento viabilizar uma institucionalidade nova para essa
nova realidade, de novas políticas e grandes recursos para a Educação, para
implantar as primeiras e executar os segundos.
A grande reforma administrativa e de gestão que propomos é oposta ao que foi
implantado pelos governos neoliberais e conservadores que sucatearam as políticas
públicas e permitiram a apropriação do Estado para interesses particulares e da
elite. A nossa reforma objetiva consolidar a grande Revolução Democrática que o
governo Lula começou na Educação e que deve ser consolidada, com um Estado
atuante, capaz de gerir seus recursos, democrático e permeável ao controle social, e
acima de tudo orientado para ampliar a garantia de direitos da população à
Educação pública, gratuita, de qualidade e democrática.
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OS AVANÇOS NO GOVERNO LULA: Aprofundar as conquistas a partir de onde chegamos
No campo da Educação Básica podemos indicar os avanços nos 8 últimos anos que
exigem um aperfeiçoamento da gestão nas políticas públicas de Educação em
nosso Estado, para garantir a sua efetivação:
Obrigatoriedade do ensino dos quatro aos 17 anos.
Garantia da universalização da pré-escola ao ensino médio. Dessa maneira,
permitimos efetivamente a igualdade de condições na Educação entre as diversas
classes sociais.
Fim da DRU da educação.
A Desvinculação de Receitas da União (DRU) retirava do orçamento do MEC, desde
1995, cerca de R$ 10 bilhões ao ano. Depois da tentativa frustrada de enterrá-la por
ocasião da prorrogação da CPMF, em 2007, o Congresso finalmente pôs fim à DRU.
Esses recursos hoje permitem um incremento inédito nos recursos do FUNDEB e de
vários programas nacionais.
Investimento público em educação como proporção do PIB.
O atual Plano Nacional de Educação (PNE 2001-2010) previra a "elevação, na
década, por meio de esforço conjunto da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos municípios, do percentual de gastos públicos em relação ao PIB, aplicados em
educação, para atingir o mínimo de 7%". Infelizmente o governo FHC vetou essa
parte do Plano, entretanto hoje estamos nos aproximando dessa meta e é possível
garantir no próximo Plano Nacional de Educação (2011 a 2020) o estabelecimento
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de uma meta compatível com a necessidade brasileira de crescimento econômico
com desenvolvimento social e democratização da sociedade e do Estado.
Piso salarial nacional do magistério
O Pacto pela Educação, firmado em 1994 no Palácio do Planalto, previa a fixação de
um piso salarial para todos os professores do país. Renegado, o compromisso,
enfim, tornou-se realidade. Em 1º de janeiro de 2010, o piso deverá ser totalmente
integralizado e observado por todos os Estados e municípios. Hoje o Estado da
Bahia cumpre a Lei, entretanto grande parte de municípios e de Estados no Brasil se
nega a cumpri-la, o que gerará cobranças dos movimentos e no judiciário.
Fundeb.
O Fundo Nacional de Manutenção da Educação Básica e Valorização do Magistério
(FUNDEB), que substituiu o Fundef, multiplicou por dez a complementação da União
que visa equalizar o investimento por aluno no país, além de incluir as matrículas da
educação infantil, do ensino médio e da educação de jovens e adultos,
desconsideradas pelo fundo anterior, restrito ao ensino fundamental regular. É
importante notar que os recursos da Educação hoje só podem ser investidos na
Educação, e que deve haver uma conta específica para essa movimentação, conta
essa que deve ter seus extratos apresentados ao Conselho Estadual do FUNDEB
para fiscalização e conferência. Abaixo apresentamos a evolução do FUNDEB na
Bahia, que mesmo no ano da crise de 2009, aumentou sua dotação bem acima da
inflação.
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Tabela 1Recursos do FUNDEB destinados ao Estado da Bahia, 2008-2010
Mês Ano2008 2009 2010
Janeiro 93.096.897,28 99.863.095,54 142.917.908,19Fevereiro 107.542.455,93 109.457.448,83 109.370.184,92Março 93.862.328,69 121.366.364,13 150.371.782,68Abril 106.004.242,24 158.008.818,71 183.494.123,67Maio 113.062.385,30 176.199.109,38 159.738.670,71Junho 103.177.046,97 218.639.535,21 176.457.148,35Julho 116.566.804,31 99.399.614,27 103.257.178,35Agosto 114.178.809,73 140.238.767,70 148.655.319,71Setembro 106.332.448,43 0,00Outubro 117.611.092,00 143.301.021,91Novembro 117.637.492,77 111.253.488,35Dezembro 114.182.814,78 165.633.709,29
Total 1.303.254.818,43 1.543.360.973,32 1.174.262.316,58
Fonte: http://www.stn.fazenda.gov.br/estados_municipios/estados.asp
Abaixo observamos a comparação entre os dois primeiros anos de 2009 e os dois
primeiros anos de 2010:
Tabela 2Recursos do FUNDEB destinados ao Estado da Bahia nos meses de janeiro e fevereiro, 2008-2009
Mês Ano2009 2010
Janeiro 99.863.095,54 142.917.908,19Fevereiro 109.457.448,83 109.370.184,92
Total 209320544,37 252.288.093,11
Fonte: http://www.stn.fazenda.gov.br/estados_municipios/estados.asp
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Observemos agora a evolução dos recursos do Fundeb em um município importante
administrado pelo PT, Vitória da Conquista, que conseguiu no ano da crise de 2009
antecipar o pagamento do Piso Salarial Nacional para maio de 2009, quando a
obrigação legal era de apenas ser para janeiro de 2010.
Tabela 3Recursos do FUNDEB destinados ao município de Vitória da Conquista/Bahia, 2008-2009
Mês Ano2008 2009
Janeiro 3.472.596,40 3.358.158,96Fevereiro 3.556.897,49 3.680.794,24Março 3.104.436,09 3.778.019,44Abril 3.506.022,08 3.573.550,60Maio 3.739.465,60 5.182.136,25Junho 3.469.598,80 6.430.338,24Julho 3.919.865,08 2.923.410,63Agosto 3.839.562,42 4.124.518,04Setembro 3.575.707,90 3.526.273,28Outubro 3.895.934,26 4.214.581,04Novembro 3.955.869,77 3.272.041,15Dezembro 3.878.796,26 4.877.018,79
Total 43.914.752,15 48.940.840,66
Fonte: http://www.stn.fazenda.gov.br/estados_municipios/estados.asp
Abaixo observamos a comparação entre os dois primeiros anos de 2009 e os dois
primeiros anos de 2010 para Vitória da Conquista.
Tabela 4Recursos do FUNDEB destinados ao município de Vitória da Conquista/Bahia nos meses de janeiro e fevereiro, 2008-2009
Mês Ano2009 2010
Janeiro 3.358.158,96 4.470.366,95Fevereiro 3.680.794,24 3.452.216,29
Total 7.038.953,20 7.922.583,24
Fonte: http://www.stn.fazenda.gov.br/estados_municipios/estados.asp
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Salário Educação
Os recursos do salário-educação, mais do que duplicados, antes destinados apenas
ao ensino fundamental, podem, agora, financiar toda a Educação Básica, da creche
ao ensino médio, e sua repartição passou a ser feita entre Estados e municípios pela
matrícula, diretamente aos entes federados.
Ensino fundamental de nove anos
As crianças das camadas pobres iniciam agora o ciclo de alfabetização na mesma
idade que os filhos da classe média, aos seis anos, garantindo-se o direito de
aprender a ler e escrever a todos.
Extensão dos programas complementares
Extensão dos programas complementares de livro didático, alimentação, transporte
e saúde escolar, antes restritos ao ensino fundamental, para toda a educação
básica, da creche ao ensino médio. Pode soar inacreditável, mas, até 2005, os
alunos do ensino médio público não faziam jus a nada disso.
Trajetória da Implantação da Educação Profissional
No Brasil o Governo Lula revogou o decreto de FHC que proibia a criação de novas
escolas técnicas no país. Em oito anos, o governo Federal criou 214 novas Escolas
Técnicas Federais, os CEFET que hoje se denominam IFET, com a abertura de 134
novos campi em todo o território nacional.
Na Bahia tivemos a criação da Superintendência de Educação Profissional –
SUPROF e a criação da rede da Educação Profissional da Bahia, formada por 27
Centros Territoriais, oito Centros Estaduais e 78 escolas que ofertam cursos de
Educação Profissional em todos os Territórios de Identidade. Ao todo, são mais de Texto ajustado a partir do documento aprovado no Encontro do Setorial Estadual de Educação, no Território Metropolitana de Salvador, 25 setembro de 2010.Partido dos Trabalhadores – PTVersão 1.10
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40 mil alunos matriculados pelo Estado em 42 cursos de diferentes eixos
tecnológicos. Estes pólos permitem uma imersão na realidade local. Na formação
Pedagógica de Professores, houve o envolvimento de professores, gestores e
coordenadores técnicos e pedagógicos das unidades, auxiliares das bibliotecas e os
responsáveis pelo estágio, certificação e orientação profissional nos 26 territórios de
identidade, abordando questões centrais da Pedagogia do Trabalho.
PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO - PDE
Todas essas inovações estão contidas no PDE, que estabelece pela primeira vez
metas de desenvolvimento e políticas para o seu cumprimento. Essas metas estão
estabelecidas pelo Índice de Desenvolvimento da Educação (IDEB). Os Estados e
Municípios que não atingiram desde 2007 a média do IDEB nacional tiveram a
oportunidade de contar com o apoio do governo federal pelo Plano de Ações
Articuladas (PAR), que estabelecida quatro grandes áreas para receber recursos
financeiros ou técnicos para acelerar a elevação do IDEB. As áreas são:
1) Construção e reforma de escolas;
2) Formação de professores. São mais de 300 mil professores atendidos
com formação inicial adequada (graduação em licenciatura) e formação
continuada para todos os que quiserem daqui por diante. A Bahia tem o maior
programa de formação inicial e continuada no Brasil;
3) Inovação curriculares;
4) Fortalecimento da gestão e avaliação.
Rompendo com uma lógica excludente e autoritária que antes premiava apenas os
entes federados com maior índice nas avaliações, o nosso governo objetiva corrigir
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distorções e por isso planeja e executa ações de apoio aos estados e municípios
que historicamente foram discriminados e tinham instrumentos e recursos menores.
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OS TRÊS EIXOS DA POLÍTICA DO PT
O programa do PT atual tem três vertentes principais para orientar a conduta dos
filiados, militantes e simpatizantes é evidente que esses eixos devem ser oferecidos
aos Governos liderados pelo PT no estado da Bahia. :
1. Garantia de Educação Integral na Educação Básica em nosso Estado, com a
ampliação de espaços e tempos de aprendizagem, com inspiração no ideário
do educador baiano Anísio Teixeira;
2. Valorização do profissional da Educação, através de uma carreira que
estimule os profissionais da Educação e lhes garanta instrumentos para seu
crescimento;
3. Ampla reforma administrativa e de gestão para viabilizar as leis, programas e
projetos do governo federal e estadual.
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DESAFIOS PARA UM NOVO PROGRAMA DE GOVERNO NO ESTADO
Nossa tese anteriormente enunciada é de que agora precisamos de uma ampla
reforma administrativa e de gestão para viabilizar essas leis, programas e projetos.
Há recursos consideráveis para a Educação. Precisamos no momento viabilizar uma
institucionalidade nova para essa nova realidade, de novas políticas e grandes
recursos para a Educação. Essa nova institucionalidade viabilizará os três eixos de
nosso plano de governo:
1. Garantia de Educação Integral na Educação Básica em nosso Estado, com a
ampliação de espaços e tempos de aprendizagem, com inspiração no ideário
do educador baiano Anísio Teixeira;
2. Valorização do profissional da Educação, através de uma carreira que
estimule os profissionais da Educação e lhes garanta instrumentos para seu
crescimento;
3. Ampla reforma administrativa e de gestão para viabilizar as leis, programas e
projetos do governo federal e estadual.
Apresentamos abaixo um detalhamento desses três itens:
Garantia de Educação Integral na Educação Básica em nosso Estado, com a ampliação de espaços e tempos de aprendizagem, com inspiração no ideário do educador baiano Anísio Teixeira
Precisamos de uma definição mais clara de um projeto pedagógico para a Educação
do Estado da Bahia. Essa definição mais clara passa por adotarmos a Educação
Integral (em consonância com os programas do Governo Federal Mais Educação e
Ensino Médio Inovador).
Acreditamos que, para se construir uma proposta de educação que se integre aos
ideais do PT e que signifique um instrumento de ampliação das possibilidades e dos
caminhos possíveis para o povo brasileiro, é necessário compreender que um pouco
do pensamento de Paulo Freire, como idealizador de uma prática educativa
transformadora, completamente integrada à vida da comunidade em que se
constitui.
Em oposição à educação denominada “bancária”, praticada com base na dominação
do educador sobre o educando, como extensão das relações sociais de dominação,
Freire propõe em que educador e educando constroem uma relação de troca, em
que ambos atuam como protagonistas do processo. Freire acreditava que é
necessário aumentar o grau de consciência do povo, para que assim ele possa
interferir na sua própria realidade. A transformação social que tanto almejamos, já
iniciado pelos 8 anos de governo Lula, certamente pode ser ampliada se
considerarmos o processo educativo como meio de se construir com os jovens uma
sociedade mais igual.
Como teórico de uma educação voltada às classes mais populares, Freire sempre
se aproxima mais do que outros, da proposta socialista aqui defendia pelos
companheiros e companheiras que construíram o presente texto.
A Educação Integral pressupõe no nosso entender a Educação de Tempo Integral,
que deve ser perseguida, mas é mais que isso, pois compreende o processo
educativo de forma mais ampla, que deve estimular a formação do educandos nos
diversos campos do Conhecimento, da Ciência e da Cultura, e que deve prepará-lo
para o exercício da Cidadania e para a convivência em Sociedade com respeito às
diversidades de gênero, de orientação sexual, étnico racial.
A Educação Integral deve permitir que o estudante possa se preparar para o mundo
do trabalho, ao mesmo tempo para os estudos superiores (universidades) com uma
formação propedêutica significativa e avançada, para permitir o desenvolvimento
das suas diferentes potencialidades, pois compreendemos que existem múltiplas
inteligências, e os jovens não devem ser tolhidos numa educação adestradora e
formatadora. Há aqueles que se desenvolvem mais nas Artes, na Cultura, nos
Esportes, ou nas Ciências Exatas, ou biológicas ou Humanas. O percurso formativo
deve garantir uma flexibilidade na construção do currículo pelas aptidões de cada
um, ao mesmo tempo que deve propiciar o acesso ao conhecimento universal da
Humanidade. Os estudantes devem ter uma Educação Integral que compreenda que
o seu desenvolvimento deve ser intelectual, mas também físico, lúdico, motor, que
deve ser estimulada sua curiosidade científica e sua sensibilidade cultural e a
valorização de sua identidade simultaneamente ao respeito às outras identidades e
à convivência harmoniosa.
A Educação Integral implica na Pedagogia Interdisciplinar, transdisciplinar e
multidisciplinar e no princípio das “Cidades Educadoras”, com a ampliação dos
espaços e tempos educativos. A Educação não se dá apenas na Escola, mas em
todo o espaço geográfico de uma comunidade, e por isso deve envolver os
diferentes atores sociais e institucionais para garantir uma Educação que amplie o
tempo de formação e os espaços em que ela pode ocorrer nas escolas e outros
espaços estatais e não estatais.
Deve haver uma integração com as políticas públicas de Cultura, Saúde e Ciência e
Tecnologia. Os espaços públicos das escolas devem ser pontos de cultura, em
articulação com a SECULT e o Ministério da Cultura, as escolas devem garantir,
através de sua abertura à comunidade, espaços para as diversas linguagem
culturais em nosso Estado. A Saúde deve estar presente nas escolas, na refefinição
do cardápio escolar para criar hábitos alimentares saudáveis, na garantia da
Educação e informação sexual para o planejamento familiar, para criar uma política
preventiva de saúde visual, auditiva, odontológica, psicológica, nutricional e para que
a criança e o jovem se torne um vetor de promoção de Saúde de toda a família, pois
vários estudos demonstram que ser essa uma estratégia muito eficiente para a
Saúde Pública.
A relação com a Ciência e Tecnologia é evidente, seja na formação de professores
para as áreas de Ciência, ou para a criação de espaços de Ciência e Cultura para o
contraturno das escolas, e para o estímulo à cultura científica e à divulgação
científica em nosso Estado.
Essa concepção de Educação Integral implica na definição das outras políticas:
a) deve haver um programa de formação de professores para preparar a rede para essa nova concepção;
b) deve haver uma política de construção, reforma e reordenamento da rede para garantir a constituição de polos regionais de Educação Integral em articulação com grupos de escolas, para viabilizar todas essas atividades, a exemplo da organização da Escola Parque em Salvador. A criação de várias “Escolas Parques” na Bahia, de forma a garantir a permanência dos alunos na Escola com projetos e atividades de qualidade, atualizando a pedagogia de Anísio Teixeira, mas ao mesmo tempo resgatando o ideal da Escola Pública como motor da Democracia servirá para imprimir uma marca e uma idéia motor a todas as nossas ações;
c) Criação e aperfeiçoamento de uma insfraestrutura tecnológica, orientada pela nossa visão pedagógica, para garantir que nossos professores e alunos tenham o que há de mais avançado em informática, internet e tecnologias educacionais para a formação cultural, científica e profissional de nossa juventudade.
Por fim, deve-se continuar com o fortalecimento de Gestão Democrática em nível
estadual e municipal. As eleições diretas para diretores das escolas estaduais foram
um marca política e educacional muito positiva em nosso Estado. Precisamos agora
capacitar continuamente nossos gestores para seus imensos desafios de gestão
financeira e administrativa nas escolas, ao mesmo tempo em que necessitamos
preparar e fortalecer a ação de conselheiros escolares e dos conselhos do FUNDEB.
Dessa atuação dos conselheiros do FUNDEB vai depender a boa utilização dos
recursos para a Educação, que, voltamos a afirmar, hoje são mais consideráveis e já
garantiriam uma grande mudança na Educação caso sejam aplicados corretamente.
Valorização do profissional da Educação, através de uma carreira que estimule os profissionais da Educação e lhes garanta instrumentos para seu crescimento
Não há Educação de qualidade sem a valorização dos profissionais da Educação, e
a valorização se dá através do Plano de Carreira e da formação de professores.
No âmbito do Plano de Carreira, o paradigma da avaliação dos professores deve ser
o de garantir direitos para que os profissionais da Educação tenham oportunidade de
se formar e se preparar para suas atividades, e não penalizá-los pela ausência de
políticas públicas que durante décadas não existiam para garantir sua formação ou
condições de trabalho nas escolas em que atuam. Diferentemente do governo José
Serra, em São Paulo, que adotou uma avaliação elitista, sem relação com nenhuma
garantia de formação para professores ou de condições de trabalho nas escolas e
contratação de professores, a nossa política de avaliação e valorização dos
profissionais da Educação deve ser da promoção de direitos desses profissionais.
Seguimos o modelo do MEC, que não penaliza quem tem as menores notas no IDEB; pelo contrário garante mais recursos e assistência para municípios e estados que precisam melhorar sua pontuação. Assim a carreira deve estar ligada à promoção de condições de formação, de provimento de professores e de condições de trabalho nas escolas.
Ao lado disso, hoje o governo da Bahia já tem o maior programa de formação de
profissionais da Educação do Brasil, reconhecido pelo MEC, e estamos na fase de
implantação de nossa Universidade Aberta do Brasil (UAB). São mais de 60 mil
vagas para formação inicial, sendo 41 mil presenciais e 19 mil em EAD (Educação a
Distância). São ofertadas 40 mil vagas de formação continuada para o Estado e
municípios. A consolidação e o sucesso dessa política dependem da continuidade
da implantação dos pólos da UAB no interior do Estado e da criação dos Centros
Regionais de Formação Profissional para os Profissionais da Educação (CEFAPRO)
para garantir a descentralização e a capilaridade necessária a essa política. A
integração com o Plano de Carreira e as políticas de avaliação é essencial.
Por fim, deve-se estabelecer uma política clara sobre o provimento de professores
para vagas reais na rede estadual (vagas reais são provocadas por aposentadorias,
exonerações ou falecimentos). Deve-se firmar que para cada professor aposentado
deve ser permitido à Secretaria abrir uma vaga nova para concurso. A razão é muito
simples: quando um professor se aposenta ele sai da folha e deixa de contar para o
limite prudencial da lei de Responsabilidade Fiscal, sendo assim viável ser
preenchida essa vaga com outro convocado em concurso. Levando-se em
consideração que o professor que se aposenta sempre tem uma remuneração acima
daquele que entra na carreira, há inclusive uma folga para essa admissão
automática. Cabe à Secretaria decidir se a vaga será na mesma disciplina do que se
aposentou ou em outra área que esteja mais carente de docentes, mas deve-se
estabelecer esse sistema para evitar as dificuldades atuais de convocação de novos
professores, o que gera problemas na rede, como é do conhecimento de todos.
É importante também garantir que os professores possam ter mais momentos de
estudo e planejamento remunerados, a fim de que a sua prática pedagógica seja
desenvolvida a partir da compreensão das necessidades de seus alunos para que o
professor possa, de fato, promover a construção coletiva de conhecimentos na sala
de aula. Para tanto, é necessário que os professores tenham sua carga horária de
aulas reduzida gradativamente, ao passo em que se ampliam as ações de
planejamento coletivo acompanhado por pedagogos, de estudos orientados na
própria escola e de momentos de acompanhamento individual dos alunos, a fim se
viabilizar uma intervenção mais próxima de cada dificuldade dos alunos e mais
coerente com cada momento da aprendizagem que o aluno estiver experimentando.
É certo que esta ação irá exigir que se amplie o corpo docente de cada escola, que
se realize concurso público para professor e que haja coordenadores pedagógicos
em cada escola, diferentemente do cenário que hoje temos. É fundamental que as
políticas de educação sejam implementadas por Trabalhadores em Educação
pertencentes ao quadro permanente.
Os professores da rede pública estadual hoje atuam com carga horária de 20 ou 40
horas. A proposta seria:
1. Enquadrar com 40 horas todos os professores de 20 horas em exercício e interessados em ampliar sua carga horária;
2. Realizar concurso público apenas para professores de 40 horas;3. Implementar a redução de carga horária e instituir os momentos de estudo e
planejamento, na seguinte proporção:Os professores, agora com 40 horas, atuariam por 20 horas em sala de aula, 10 horas seriam usadas para planejamento e estudo e 10 horas para atendimento individual dos alunos, em turno oposto.
Ampla reforma administrativa e de gestão para viabilizar as leis, programas e projetos do governo federal e estadual.
Há a necessidade de verticalização e integração das políticas estaduais com
projetos federais, que foi iniciada no primeiro governo Wagner, mas agora pode ser
deslanchada pela consolidação do Sistema Nacional Articulado, pelo fim da DRU
que ampliou os recursos do governo federal e pela consolidação do PAR.
Precisamos melhorar a capacidade de gestão para a execução do PDE através do PAR. As políticas públicas de Educação foram sucateadas e seus organismos e recursos humanos e matérias foram dilapidados por décadas na Bahia. Nosso desafio no segundo mandato será reverter a destruição do Estado.
Podemos apontar alguns exemplos de como políticas estaduais já bem sucedidas e
integradas com o governo federal podem ser impulsionadas, nas seguintes áreas:
1) Execução de obras: há recursos vultuosos para construção e reforma de escolas, entretanto a estrutura centralizada de obras do Estado não garante a execução dessas obras, diminuindo a realização das mesmas ou tornando-as mais lentas, deixando esse processo moroso e penalizando a vida escolar no estado. Nem sempre foi assim: a centralização de obras na SUCAB é uma iniciativa recente, do governo César Borges, e cria problemas hoje para a Educação e as demais áreas. Precisamos de uma estrutura própria da Educação, ágil, eficiente e autônoma, a exemplo do que ocorre na maioria dos outros estados do Brasil;
2) Reestruturação gradual dos prédios escolares: nossas escolas precisam se parecer com escolas. Hoje, na sua maioria, temos prédios impróprios, desconfortáveis, inadequados e muitas vezes perigosos para a realização dos processos educativos. As escolas precisam ser pensadas com espaços de convivência entre os alunos, bibliotecas, salas de estudos, áreas verdes, árvores, ventilação adequada e aproveitamento da iluminação natural, quando possível. O ideal de construção sustentável deve ser buscado, através de intervenções que permitam maior economia dos recursos públicos com a implantação de dispositivos que economizem água e luz, por exemplo.
Além disso, os espaços não-convencionais e aprendizagem, como salas de artes, dança, laboratórios de ciências e informativa devem ser dinamizados através da realização de atividades periódicas neste nestes espaços. Para isso, é necessário o provimento de todos os recursos necessários ao bom funcionamento destes instrumentos, como manutenção periódica dos equipamentos, reposição de peças inservíveis, aquisição de materiais de consumo. Isso pode ser feito através da descentralização de recurso específico para este fim, para que o gestor escolar disponha das condições de prover o funcionamento adequado destes equipamentos.
3) Dinamização e ampliação da formação de professores. O Estado da Bahia cuidava apenas da formação de pouco mais de 2 mil professores da rede estadual. Hoje somos responsáveis pela formação inicial de mais de 60 mil professores do Estado e dos municípios, além de mais de 40 mil vagas para a formação continuada. Há programas novos de formação de professores, com recursos oferecidos inclusive pelo governo federal para a Bahia, que não podem ser acessados pois o Centro de Formação de Professores da Educação (IAT) não é ainda uma fundação com autonomia e agilidade. Uma medida que garanta essa mudança jurídica ampliará os recursos para a Educação na Bahia e viabilizará sua execução e destravamento;
4) Como formas de incentivo à formação do professor, é necessário possibilitar a ele a aquisição de livros, computador, bens culturais que possam ampliar seu leque de conhecimentos. Para tanto, o nosso governo deve implementar a distribuição de computadores portáteis aos professores, sem custo, instituir mensalmente uma cota, a ser entregue ao professor, de livros, que pode lhe ser entregue sob a forma de vale ou outro dispositivo, o mesmo valendo para o seu acesso a bens culturais como teatro, cinema, shows;
5) Consolidação da Educação Profissional. A Educação Profissional cresceu rapidamente. O sucesso desse programa depende agora urgentemente da criação de uma autarquia ou fundação que gerencie com a agilidade e independência necessárias os recursos estaduais e federais. Hoje não há técnicos suficientes nem estruturas burocráticas para garantir a execução de todo o planejamento feito. Essa experiência também já foi testada em outros estados com sucesso.
Propostas para o Ensino Superior na Bahia no Governo Wagner: 2011 – 2014
1. Revisão do Plano de Carreira para os servidores das IES baianas. O Governo
deverá se reunir com os representantes sindicais dos servidores para discutir
uma reforma no plano de carreira atendendo a uma antiga demanda da
categoria;
2. Financiamento das IES: O Governo deverá enviar para Assembleia
Legislativa do Estado um projeto de Lei definindo o percentual fixo da receita
do Estado para o financiamento das universidades. A prioridade de uso
desses recursos (realização de projetos, reformas nas instalações etc) deverá
ser definida pela comunidade acadêmica ;
3. Ampliação do fomento à pesquisa e a extensão universitária através do
aumento de recursos para a FAPESB para garantir a inovação e o
desenvolvimento científico e tecnológico do Estado;
4. Estimular a aproximação entre as IES e as escolas na formação de
professores e na realização de projetos experimentais;
5. Atrair novas universidades e institutos federais para a Bahia. A Universidade
Federal do Oeste Baiano deverá ser implementada atendendo a uma antiga
demanda da região. Assim também como em outras regiões do Estado
deverão ser criadas novos Campus da UFRB, IFBA e IFBaiano;
6. Ampliação da oferta de cursos EAD nas IES do Estado com o fito de
democratizar o acesso à educação pública de qualidade em todas as regiões.
Este processo de ampliação deverá contar com o apoio da UAB, levando o
acesso à educação superior a municípios baseada em critérios técnicos que
levem em consideração a demanda real, a vocação regional e número de
habitantes;
7. Fortalecimento das ações que visam a implementação de Programas de Pós-
graduação na UNEB, UESC, UEFS e UESB com a criação de novos cursos
de Mestrado e Doutorado;
8. Estímulo à formação continuada de professores das IES com o fito de ampliar
o número de mestres e doutores nessas universidades que ainda é muito
pequeno;
9. Ampliação das bolsas de permanência qualificada para estudantes nas
universidades do Estado, estendendo-as, inclusive, aos professores da rede
pública;
10.Respeitando-se a autonomia universitária, o Governo dever estimular a
adoção de cotas (etno-sociais) e outros mecanismos que possam garantir o
acesso e a permanência de estudantes oriundos de família com baixo poder
aquisitivo;
11.Garantir maior articulação com o Governo Federal de modo a garantir a
implementação de uma política nacional que se estenda as IES estudais.
Atualmente as IES estaduais são impedidas de participar de alguns editais e
políticas que são exclusivo da rede federal;
12.Garantir as IES baianas autonomia e soberania nas relações de cooperação
técnica, cientifica e cultura com outras instituições internacionais;
13.Estimular uma nova política indutora de avaliação baseada no mérito,
pertinência, relevância e transparência;
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