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Desempenho de Indústria Brasileira antes e depois da crise financeira internacional: estrutura setorial,
investimento e fragilidade financeira. Carmem Feijo (UFF)
4º. Congresso Internacional do Centro Celso Furtado
INDÚSTRIA E DESENVOLVIMENTO: A NOVA ONDA DA INDÚSTRIA 4.0 E O FUTURO DO BRASIL
Mesa: Estratégias de Desenvolvimento Industrial
Rio de Janeiro
9 de agosto 2018
1
Sumário da apresentação
• Crise financeira internacional e mudança de política econômica em 2011 interrompem ciclo de investimento da economia brasileira.
Análise de indicadores da Indústria (Transformação e Extrativas)
• estrutura produtiva acentua especialização em commodities industriais;
• estrutura de custos mostra aumento no custo dos salários;
• estrutura da receita mostra aumento da receita financeira;
• taxa de investimento desacelera a partir de 2014 e fragilidade financeira da indústria se acentua.
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2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Taxas anuais de crescimento (%) das Indústrias Extrativas, Indústria de Transformação e do PIB: 2007-2017
Extrativa
Ind. Transformação
PIB
2007-2017 : contas nacionais trimestrais
PIB
Consumo das Famílias
Consumo do Governo
Formação Bruta de Capital Fixo
Exportação
Importação
2007-14 3,5 4,7 2,5 5,9 1,8 9,1
2015-17 -2,0 -2,2 -0,7 -8,8 4,6 -6,8
2007-17 1,9 2,8 1,6 1,7 2,5 4,5
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.III
Taxa de investimento a preço cte: FBCF/PIB% 2004-2017
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…
1996 2017
o ciclo expansivo do investimento até 2013 não favoreceu o setor de Indústria Total
• o que mais absorve investimento produtivo, através das indústrias de construção, de transformação e extrativas.
• Ademais, a perda de importância do setor de transformação no valor adicionado total indica que a produtividade da economia pouco avançou no período, pois é na indústria de transformação que estão mais presentes as economias de escala estáticas e dinâmicas, e por isso os ganhos de produtividade nesta atividade têm impacto positivo sobre a produtividade de toda a economia.
• Taxa média estimada de crescimento da produtividade da ind. de Transformação de 2010-2017 (até o 3º. Trim) foi de 1,1% aa, com queda no emprego de (-) 1,4% aa e queda no VA (-) 0,3% aa.
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Estimativa do crescimento da produtividade da ind. Transformação 2010-2017
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2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017-3o. Tri
Valor Adiconado Emprego Produtividade
V.Adic.
emprego
produtividade
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Setores
Valor Adicionado (A)
Pessoal Ocupado(B)
Produtividade Relativa (A)/(B)
2007 2015 2007 2015 2007 2015
Total 100 100 100 100 - -
Recursos naturais 40,9 46,2 36,2 40,5 1,1 1,1
Intensivo Trabalho
13,4 14,7 31,3 28,1 0,4 0,5
Intensivo Escala 31,1 24,7 19,9 19,0 1,6 1,3
Baseado Engenharia
14,5 14,4 12,6 12,4 1,2 1,2
O fato da especialização em recursos naturais se acentuar na presente década é consequência do processo de desindustrialização em curso
• e
• demonstra a dificuldade da economia brasileira em promover uma mudança estrutural na direção de avançar na produção competitiva de produtos com maior conteúdo tecnológico.
• A mudança estrutural observada tem como principal fator a manutenção do câmbio apreciado por quase uma década, o que provocou a perda de competitividade dos outros grupamentos de indústria, em particular dos setores intensivos em escala.
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Setores 2007 2009 2011 2013 2015
Total 55,1 54,4 51,5 52,7 53,2
Baseado em recursos naturais
49,9 48,8 44,7 46,4 48,1
Intensivo em Trabalho 53,8 52,7 48,3 48,0 49,1
Intensivo em Escala 61,1 60,4 60,5 62,0 61,5
Baseado em Engenharia
56,4 56,7 53,9 54,8 55,7
Part. % dos custos de operações industriais no valor da produção
12
Setores 2007 2009 2011 2013 2015
Total 8,9 10,1 10,1 10,5 10,8
Baseado em recursos naturais
7,5 8,6 8,3 8,9 8,9
Intensivo em Trabalho 15,5 17,2 17,2 18,2 19,0
Intensivo em Escala 7,5 8,6 8,7 8,8 9,5
Baseado em Engenharia 9,4 10,9 11,1 11,2 11,6
Participação % dos custos de salário no Valor da Produção
Comparando a evolução dos custos operacionais de produção com os custos dos salários
• constata-se que as quedas nos custos operacionais compensaram o aumento nos custos dos salários para todos os grupamentos de indústrias .
• a sequência de gráficos mostra para cada grupamento de indústrias a evolução de 2007 a 2015 do peso dos custos operacionais e salariais no valor da produção.
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Baseado em Recursos Naturais
Custo das Operações Industriais/Valor da Produção
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Intensivo em Trabalho
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2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Intensivo em Escala
Custo das Operações Industriais/Valor da Produção
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Baseado em Engenharia
Custo das Operações Industriais/Valor da Produção
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2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Industria Total Baseado em Recursos Naturais
Intensiva em Trabalho Intensva em Escala
Baseado em Engenharia
Taxas de crescimento do emprego por grupamento de indústria 2007-2015
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24,1 21,8 22,5
20,7 20,3 23,6 24,1 23,5 22,2
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FBKF/PIB Industria Geral
Taxa de investimento a preços correntes: Indústria geral e Total da Economia - 2007-2016 (%)
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Setores 2007 2013 2014 2015
Total indústria 24,1 24,1 23,5 22,2
Baseado em recursos naturais 36,0 37,0 33,7 32,0
B Indústrias extrativas 32,2 33,4 41,1 35,8
19 Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis
49,8 84,9 55,4 88,7
23 Fabricação de produtos de minerais não-metálicos
14,2 21,8 20,8 16,5
Intensivo em Trabalho 8,8 8,8 7,7 6,1
Intensivo em Escala 21,7 17,1 20,7 20,4
29 Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias
14,2 19,5 28,0 35,1
Baseado em Engenharia 9,7 10,3 11,0 10,4
30 Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores
10,9 16,4 22,4 24,3
Taxa de Investimento a preços correntes na Indústria: 2007, 2013-2015
A desaceleração na taxa de investimento e fragilidade financeira • Dado o quadro de desaceleração do investimento, um
comportamento esperado por parte das empresas é adoção de posturas defensivas, o que implica alocar recursos para ativos mais líquidos e de retorno mais rápido.
• Este comportamento pode ser observado acompanhando a evolução da composição da receita, que em um contexto de maior incerteza macroeconômica deve apresentar um aumento na importância da receita financeira em relação a receita total.
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Indústria Geral – Receita Financeira/Receita Total (%) 2007-2015
Do ponto de vista dos setores industriais
• na comparação entre os anos extremos de 2007 e 2015, em todos os grupamentos a parcela de receita financeira aumentou como proporção da receita total.
• Ademais, observa-se que o aumento da participação da receita financeira ocorre de forma significativa 2014 para 2015.
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Setores 2007 2013 2014 2015
Indústria Total 4,9 4,2 4,0 7,3
Baseado em Recursos Naturais 6,1 5,6 4,7 7,6
Intensivo em Trabalho 2,5 1,8 2,3 3,8
Intensivo em Escala 4,7 3,3 3,8 7,8
Baseado em Engenharia 3,9 3,1 3,4 7,7
Receita Financeira/Receita total 2007 e 2013-2015
Indicador proxy de Fragilidade Financeira
• A desaceleração no ritmo de crescimento da economia e na tx de investimento, além de induzir as empresas a comportamentos defensivos, tende a fragilizar a estrutura de seus balanços: uma maior parcela da receita corrente passa a ser comprometida com o pagamento de despesas contratuais, como impostos e despesas financeiras.
• Desta forma, empresas transferem renda para outros setores e reduzem sua capacidade de acumulação de fundos.
• Neste sentido, seus balanços patrimoniais tendem a se tornar mais vulneráveis a mudanças nas condições de financiamento na economia e às vissicitudes do mercado, e portanto, tendem a se tornar mais frágeis.
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2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Taxa de Investimento Indústria geral Indicador de Fragilidade Financeira
Taxa de Investimento da Indústria e indicador proxy de fragilidade financeira: 2007-2016
evolução da variável proxy de fragilidade financeira para os grupamentos de indústria
• Como no indicador da Indústria geral, todos os grupamentos indicam maior fragilidade a partir de 2010 e em 2015, à exceção do grupamento de indústrias intensivas em trabalho, todos apresentaram indicador inferior a 1.
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Setores 2007 2013 2014 2015
Total indústria 1,9 1,4 1,1 0,9
Baseado em recursos naturais 1,8 1,3 1,0 0,8
Intensivo em Trabalho 2,1 2,3 2,1 1,5
Intensivo em Escala 2,0 1,2 1,1 0,8
Baseado em Engenharia 2,0 1,5 1,2 0,9
Indicador proxy de fragilidade financeira por grupamento de indústria 2007-2015
Conclusão
• O período de 2007-2016 marca um ciclo de investimento na economia brasileira, que pouco beneficiou a indústria na direção de elevar seu potencial de agregação de valor, na medida em que sua estrutura tornou-se mais concentrada em setores intensivos em recursos naturais.
• Do ponto de vista da evolução dos custos diretos de produção, observou-se que a sua composição mudou no sentido de aumentar o peso relativo dos salários frente aos custos operacionais.
• O aumento nos custos salariais não foram acompanhados de aumento na produtividade e portanto a mudança na estrutura da indústria aponta no sentido de uma perda de competitividade em setores outros, que não o intensivo em recursos naturais.
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Conclusão
• Ao longo da 1ª. metade dos anos 2010 as empresas industriais foram se fragilizando do ponto de vista financeiro e como consequência foram perdendo capacidade de financiarem seus investimentos com recursos próprios.
• Neste ambiente as políticas de estímulo pelo lado da oferta implementadas a partir de 2011 foram pouco eficientes para dinamizar o investimento produtivo e direcioná-lo para setores produtivos com mais agregação de valor.
27
Obrigada.
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