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Departamento de Supervisão de Mercados, Emitentes e Informação CIRCULAR SOBRE CONTAS ANUAIS janeiro de 2015

Circular Contas Anuais 2015 - CMVM.pdf

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  • Departamento de Superviso de Mercados,

    Emitentes e Informao

    CIRCULAR SOBRE CONTAS ANUAIS

    janeiro de 2015

  • 1 | DMEI | CIRCULAR SOBRE CONTAS ANUAIS | 2015-01-30

    NDICE

    1. ASPETOS GERAIS 2

    1.1. LEGISLAO APLICVEL 2

    1.2. DIVULGAO DOS DOCUMENTOS DE PRESTAO DE CONTAS 2

    1.3. ASSEMBLEIA GERAL ANUAL 4

    1.4. DIVULGAO DOS RESULTADOS E INFORMAO PRIVILEGIADA 7

    2. ASPETOS ESPECFICOS 8

    2.1. DATA DE PAGAMENTO DOS DIVIDENDOS 8

    2.2. INFORMAO SOBRE AES PRPRIAS 9

    2.3. PARTICIPAES QUALIFICADAS 9

    2.4. POSIES ECONMICAS LONGAS 10

    2.5. TRANSAES DE DIRIGENTES 11

    2.6. RELATRIO DE AUDITORIA ELABORADO POR AUDITOR REGISTADO NA CMVM E CERTIFICAO LEGAL DAS

    CONTAS 11

    2.7. FISCALIZAO DO CUMPRIMENTO DAS NORMAS CONTABILSTICAS 12

    2.8. NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE (IAS/IFRS) 12

    2.9. SUSPENSO DA NEGOCIAO 30

    2.10. SANES 30

    2.11. ARTIGO 35. DO CDIGO DAS SOCIEDADES COMERCIAIS 30

    2.12. GOVERNO DAS SOCIEDADES 31

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    1. ASPETOS GERAIS

    1.1. LEGISLAO APLICVEL

    A legislao nacional aplicvel matria da prestao de contas anuais inclui, para alm do respetivo

    normativo contabilstico e do Cdigo das Sociedades Comerciais (adiante CSC), o Cdigo dos Valores

    Mobilirios (adiante Cd.VM), em conjugao com os Regulamentos da CMVM n. 5/2008 (alterado pelo

    Regulamento da CMVM n. 5/2010), n. 4/2013 (que revogou o Regulamento da CMVM n. 1/2010),

    n. 11/2005 e n. 6/2002 (com as alteraes introduzidas pelo Regulamento da CMVM n. 4/2004), bem

    como a Instruo n. 1/2010.

    As disposies legais citadas sem outra indicao respeitam ao Cdigo dos Valores Mobilirios.

    1.2. DIVULGAO DOS DOCUMENTOS DE PRESTAO DE CONTAS

    1.2.1. Momentos e locais da divulgao

    Os documentos de prestao de contas (individuais e consolidados) devem ser divulgados no prazo de 4

    meses a contar da data de encerramento do exerccio econmico a que dizem respeito, ainda que no

    tenham sido submetidos a aprovao em assembleia geral (art. 245./1 Cd.VM). Assim, as sociedades

    cujo exerccio termine a 31 de dezembro devem divulgar tais documentos at ao prximo dia 30 de abril.

    Os documentos de prestao de contas devem ainda ser divulgados aos acionistas juntamente com as

    demais informaes preparatrias da assembleia geral anual, com pelo menos 15 dias de antecedncia

    (21 dias, no caso das sociedades emitentes de aes admitidas negociao em mercado

    regulamentado) [arts. 70./2, 289./1/e) e 4 CSC; arts. 21.-B/1 e 21.-C/2 Cd.VM; norma n. 9 da

    Instruo da CMVM n. 1/2010].

    Esta informao deve ser divulgada [arts. 21.-C/1, 244./4 e 7, 367. Cd.VM]:

    (i) na sede da sociedade;

    (ii) no seu stio da Internet; e

    (iii) no Sistema de Difuso de Informao (SDI).

    Os emitentes devero proceder divulgao dos documentos de prestao de contas anuais no SDI atravs da extranet da

    CMVM, utilizando para o efeito um ficheiro nico em formato pdf, que dever ser disponibilizado no mdulo Prestao de

    Contas/ Contas Anuais.

    O nome do ficheiro no pode conter espaos, acentuaes ou algum dos seguintes carateres ()/;\*?!.%&$# e dever

    obedecer s orientaes transmitidas pela CMVM, ou seja, nome da entidade - Exerccio de 2014, incluindo apenas o

    primeiro nome da entidade (norma n. 5 da Instruo da CMVM n. 1/2010).

    O envio de informao para divulgao atravs de correio eletrnico s permitido em situaes excecionais, como o caso

    da falha temporria da extranet. A situao deve ser sanada de imediato pelo emitente, sem prejuzo do apuramento de

    responsabilidades pelo incumprimento das normas aplicveis (normas n.s 7, 8 e 21 da Instruo da CMVM n. 1/2010).

    Os documentos de prestao de contas devero manter-se disposio do pblico, no stio de Internet do emitente, durante pelo menos 5 anos [art. 245./1 Cd.VM].

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    Todas as restantes informaes que os emitentes sejam obrigados a tornar pblicas devero ser disponibilizadas no stio de Internet do emitente e a mantidas durante, pelo menos, 1 ano [arts. 244./7 e 8 e 21-C/2 Cd.VM].

    1.2.2. Elementos a divulgar

    Devem ser divulgados os seguintes documentos de prestao de contas1:

    (i) Demonstraes financeiras e respetivos anexos [art. 245./1/a) CdVM; arts. 65.-66.-A

    CSC], devendo estes incluir, tanto no caso das contas individuais como consolidadas:

    (a) Informao sobre a natureza e o objetivo comercial das operaes no includas no

    balano [arts. 66.-A/1/a) e 508.-F/1/a) CSC]; e

    (b) Informao sobre os honorrios do ROC respeitantes reviso legal de contas anuais,

    a outros servios de garantia de fiabilidade, a consultoria fiscal, e a outros servios que

    no sejam de reviso ou auditoria [arts. 66.-A/1/b) e 508.-F/1/b) CSC];

    (ii) Relatrio de gesto [art. 245./1/a) Cd.VM; arts. 65. - 66.-A CSC], incluindo,

    designadamente:

    (a) A proposta de aplicao de resultados devidamente fundamentada [art. 66./5/f) CSC];

    e

    (b) No caso do relatrio consolidado de gesto, a descrio dos principais elementos do

    sistema de controlo interno e de gesto de riscos do grupo relativamente ao processo

    de elaborao das contas consolidadas [art. 508.-C/5/f) e 8 CSC]2;

    (iii) Declarao dos responsveis da sociedade sobre a conformidade da informao financeira

    apresentada [art. 245./1/c) Cd.VM; arts. 420./6, 423.-F/2 e 441./2 CSC];

    (iv) Anexos ao relatrio de gesto [arts. 447. e 448. CSC];

    (v) Listagem de todas as transaes realizadas no semestre respeitantes a aes do emitente

    ou instrumentos financeiros com elas relacionados, efetuadas pelos dirigentes do emitente,

    de sociedade que domine o emitente e pelas pessoas estreitamente relacionadas com

    aqueles [art. 14./6 e 7 Regulamento CMVM n. 5/2008];

    (vi) Certificao legal das contas emitida pelo revisor oficial de contas da sociedade que deve

    incluir, entre outros elementos, parecer sobre a concordncia do relatrio de gesto com as

    contas do exerccio [arts. 245./1/a) Cd.VM e 451./3/e), 4 e 5 CSC];

    (vii) Relatrio de auditoria elaborado por auditor registado na CMVM [art. 245./1/b) Cd.VM];

    1 Cfr. arts 65. a 66.-A, 70., 420./6, 423.-F/2 e 441./2 e 508.-A a 508.-F CSC; arts. 245./1 e 2 e 245.-A Cd.VM; art. 8./1

    Regulamento CMVM n. 5/2008; Regulamentos CMVM n.os 6/2002 e 1/2010; Regulamento n. 1606/2002 do Parlamento Europeu

    e do Conselho; e Decreto-Lei n. 158/2009, de 13 de julho, que aprova o Sistema de Normalizao Contabilstica e revoga o Plano

    Oficial de Contabilidade. 2 No caso das sociedades que apresentem um nico relatrio, esta informao deve ser includa na seco do relatrio sobre o

    governo das sociedades que contm a informao prevista na al. m) do n.1 do art. 245.-A Cd.VM [cfr. art. 508.-C/8 CSC].

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    (viii) Parecer do rgo de fiscalizao que deve incluir, entre outros elementos, a declarao

    subscrita por cada um dos seus membros sobre a conformidade da informao financeira

    apresentada [art.245./1/c) Cd.VM] e exprimir a sua concordncia ou no com o relatrio de

    gesto e com as contas do exerccio [art. 8./1/a) Regulamento CMVM n. 5/2008 e

    arts. 420./1/g) e 6, 423.-F/2 e 441./2 CSC];

    (ix) Lista dos titulares de participaes qualificadas, com indicao do nmero de aes detidas

    e percentagem de direitos de voto correspondentes, calculada nos termos do art. 20. Cd.VM

    [art. 8./1/b) Regulamento CMVM n. 5/2008];

    (x) No caso das sociedades emitentes de aes admitidas negociao em mercado

    regulamentado situado ou a funcionar em Portugal e sujeitas lei pessoal portuguesa,

    Relatrio do Governo Societrio [Regulamento CMVM n. 4/2013, art. 245.-A Cd.VM e arts.

    420./5, 423.-F/2 e 441./2 CSC, incluindo a informao prevista no artigo 3. da Lei n.

    28/2009, de 19 de junho (vide pontos 1.3.7 e 2.12 infra)];

    (xi) No caso das sociedades emitentes de outros valores mobilirios admitidos negociao em

    mercado regulamentado situado ou a funcionar em Portugal, deve ser divulgada a informao

    referida no art. 245.-A/4.

    1.2.3. Envio CMVM

    Os documentos de prestao de contas anuais devem ser enviados CMVM logo que sejam colocados disposio dos acionistas [art. 245./6 Cd.VM], preferencialmente atravs de correio eletrnico em ficheiro pdf, para o endereo [email protected]. [norma n. 9 da Instruo da CMVM n. 1/2010]

    Devero ainda ser remetidos CMVM, atravs de correio eletrnico ou em suporte de papel, os relatrios de auditoria elaborados por auditor registado na CMVM e as certificaes legais de contas, devidamente assinados.

    1.3. ASSEMBLEIA GERAL ANUAL

    1.3.1. Apreciao dos documentos de prestao de contas

    Os documentos de prestao de contas devem ser apresentados e apreciados pela assembleia geral:

    (i) No prazo de 3 meses a contar da data de encerramento do exerccio anual, ou

    (ii) No prazo de 5 meses, a contar da mesma data, quando se trate de sociedades obrigadas a apresentar contas consolidadas ou que apliquem o mtodo da equivalncia patrimonial [arts. 65./5 e 376. CSC].

    No obstante, os emitentes com valores mobilirios admitidos negociao em mercado regulamentado devem divulgar tais

    documentos ao pblico no prazo de 4 meses a contar do encerramento do exerccio [art. 245./1 Cd.VM].

    A deliberao da assembleia geral relativa aos documentos de prestao de contas e aplicao de resultados deve ser imediatamente divulgada ao pblico [arts. 249./2/g) Cd.VM e 8./3 Regulamento CMVM n. 5/2008].

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    1.3.2. Alteraes aos documentos de prestao de contas

    Caso sejam introduzidas alteraes aos documentos de prestao de contas apresentados como proposta para aprovao pela assembleia geral, antes ou na sequncia da respetiva aprovao, o rgo de administrao do emitente deve elaborar uma nota explicativa sobre essas alteraes, que dever ser imediatamente divulgada ao mercado.

    1.3.3. Convocatria da assembleia geral

    A convocatria da assembleia geral das sociedades abertas, nomeadamente para efeitos da aprovao do relatrio e contas anuais, deve ser divulgada com 21 dias de antecedncia [art. 21.-B Cd.VM].

    No caso dos emitentes de aes admitidas negociao em mercado regulamentado, as informaes preparatrias da

    assembleia geral devem ser divulgadas juntamente com a respetiva convocatria [arts. 21.-B/1, 21.-C/2 e 249./2/a)

    Cd.VM].

    As demais sociedades devem divulgar as informaes preparatrias da assembleia geral com 15 dias de antecedncia

    [art. 289./1 CSC].

    A convocatria deve mencionar que os documentos de prestao de contas se encontram disposio dos acionistas, para consulta, na sede da sociedade, bem como no seu stio de Internet e no SDI [art. 21.-B/2/d) Cd.VM].

    O presidente da mesa da assembleia geral dever ser alertado para este facto, para proceder em conformidade.

    Para alm disso e dos elementos previstos no art. 377./5 CSC, a convocatria dever conter, pelo menos

    [art. 21.-B/2 Cd.VM]:

    (i) No caso de sociedade emitente de aes admitidas negociao em mercado regulamentado,

    informao sobre os procedimentos de participao na assembleia geral, incluindo a data de registo

    e a meno de que apenas quem seja acionista nessa data tem o direito de participar e votar na

    assembleia geral;

    (ii) Informao sobre o procedimento a respeitar pelos acionistas para o exerccio dos direitos de

    incluso de assuntos na ordem do dia, de apresentao de propostas de deliberao e de

    informao em assembleia geral, incluindo os prazos para o respetivo exerccio;

    (iii) Informao sobre o procedimento a respeitar pelos acionistas para a sua representao em

    assembleia geral, mencionando a existncia e o local onde disponibilizado o formulrio do

    documento de representao, ou incluindo esse formulrio;

    (iv) O local e a forma como podem ser obtidos o texto integral dos documentos e as propostas de

    deliberao a apresentar assembleia geral.

    1.3.4. Informao preparatria da assembleia geral

    Alm dos elementos previstos no art. 289./1 CSC, as sociedades emitentes de aes admitidas

    negociao em mercado regulamentado devem facultar aos seus acionistas, na sede da sociedade e no

    respetivo stio de Internet, para alm da convocatria e na data da divulgao desta, os seguintes

    elementos [art. 21.-C/1 Cd.VM]:

    (i) O nmero total de aes e de direitos de voto na data da divulgao da convocatria, incluindo os

    totais separados para cada categoria de aes, quando aplicvel;

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    (ii) Os formulrios dos documentos de representao e de voto por correspondncia, caso este no

    seja proibido pelo contrato de sociedade;

    (iii) Outros documentos a apresentar assembleia geral.

    1.3.5. Adiamento ou no aprovao dos documentos de prestao de contas

    O adiamento da deliberao relativa aprovao dos documentos de prestao de contas ou a no

    aprovao daqueles pela assembleia geral [art. 249./2/g) Cd.VM] deve ser imediatamente comunicado

    CMVM e ao mercado, atravs do SDI, sendo indicada a data prevista para a sua ocorrncia, se

    conhecida.

    1.3.6. Participao na assembleia geral

    Nas sociedades emitentes de aes admitidas negociao em mercado regulamentado vigora o sistema

    da data de registo (record date), pelo que tem direito a participar na assembleia geral e a discutir e votar

    quem, s 0 horas (GMT) do 5. dia de negociao anterior ao da reunio, for titular de aes que lhe

    confiram, segundo a lei e o contrato de sociedade, pelo menos um voto [art. 23.-C/1 Cd.VM].

    O exerccio destes direitos no prejudicado pela transmisso das aes em momento posterior data

    de registo, ainda que quem proceda entretanto sua alienao deva comunic-lo imediatamente ao

    presidente da mesa da assembleia geral e CMVM [art. 23.-C/2 e 7 Cd.VM].

    Quem pretenda participar na assembleia geral de uma sociedade emitente de aes admitidas

    negociao em mercado regulamentado deve declar-lo, por escrito, ao presidente da mesa da

    assembleia geral e ao intermedirio financeiro onde a conta de registo individualizado esteja aberta at

    vspera da data de registo podendo, para o efeito, utilizar o correio eletrnico [art. 23.-C/3 Cd.VM].

    O intermedirio financeiro, que seja informado da inteno do seu cliente em participar na assembleia

    geral, envia ao presidente da mesa da assembleia geral, at ao fim do dia da data de registo, informao

    sobre o nmero de aes registadas em nome do seu cliente, com referncia data de registo, podendo,

    para o efeito, utilizar o correio eletrnico [art. 23.-C/4 Cd.VM].

    A propsito destas regras de participao em assembleia geral e com vista ao esclarecimento de eventuais dvidas

    resultantes da sua aplicao prtica, a CMVM divulgou um conjunto de recomendaes disponveis para consulta em:

    http://www.cmvm.pt/CMVM/Recomendacao/Recomendacoes/Pages/RecomendaesdaCMVMemfacedoNovoRegimedaPa

    rticipaonasAssembleiasGeraisdasSociedadescomAcesAdmitidasaoMercadoRegulamentad.aspx

    1.3.7. Poltica de remunerao e remunerao auferida

    As sociedades emitentes de valores mobilirios admitidos negociao em mercado regulamentado

    devem submeter anualmente aprovao da assembleia geral uma declarao sobre a poltica de

    remunerao dos membros dos respetivos rgos de administrao e de fiscalizao [Lei n. 28/2009, de

    19 de junho].

    Esta declarao deve conter, designadamente, informao relativa [art. 2./3 Lei n. 28/2009]:

    (i) aos mecanismos que permitam o alinhamento dos interesses dos membros do rgo de administrao com os interesses da sociedade:

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    (ii) aos critrios de definio da componente varivel da remunerao;

    (iii) existncia de planos de atribuio de aes ou de opes de aquisio de aes por parte de membros dos rgos de administrao e de fiscalizao;

    (iv) possibilidade do pagamento da componente varivel da remunerao, se existir, ter lugar, no todo ou em parte, aps o apuramento das contas de exerccio correspondentes a todo o mandato;

    (v) aos mecanismos de limitao da remunerao varivel, no caso dos resultados evidenciarem uma deteriorao relevante do desempenho da empresa no ltimo exerccio apurado ou quando esta seja expectvel no exerccio em curso.

    Depois de aprovada, a referida poltica de remunerao, bem como o montante anual da remunerao

    auferida pelos membros dos rgos de administrao e de fiscalizao (de forma agregada e individual)

    devem ser includos nos documentos anuais de prestao de contas (no caso dos emitentes de aes

    admitidas negociao, no Relatrio do Governo Societrio) [art. 3. Lei n. 28/2009].

    Com a entrada em vigor do Decreto-Lei n. 157/2014, de 24 de outubro, que transpe a Diretiva n.

    2013/36/EU, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de junho de 2013 e implementa o Regulamento

    (UE) n. 575/2013, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de junho de 2013, foi alterado o Regime

    Geral das Instituies de Crdito e Sociedades Financeiras (RGICSF), aprovado pelo Decreto-Lei n.

    298/92, de 31 de dezembro, mediante a introduo de novas regras quanto estrutura e composio das

    remuneraes, em particular da sua componente varivel, que determinam a necessidade de atualizao

    das polticas remuneratrias a adotar pelas instituies de crdito3.

    Neste sentido, ao abrigo do disposto no artigo 26./7 do Decreto-Lei n. 157/2014, de 24 de outubro, as

    instituies de crdito devem, na primeira assembleia geral, ordinria ou extraordinria, realizada aps a

    entrada em vigor do referido diploma4, deliberar sobre a aprovao das necessrias atualizaes sua

    poltica de remunerao.

    1.4. DIVULGAO DOS RESULTADOS E INFORMAO PRIVILEGIADA

    Os resultados constituem informao suscetvel de influenciar de maneira sensvel a cotao dos valores

    mobilirios, pelo que a sua divulgao deve ser sempre precedida da publicao de um comunicado de

    informao privilegiada, no seu stio da Internet e no SDI [art. 248. Cd.VM].

    A apresentao de resultados a analistas, comunicao social ou a grupos particulares de investidores

    ou a sua incluso em documentos colocados disposio dos acionistas, deve ser precedida da

    publicao de um comunicado de informao privilegiada, para salvaguardar o princpio de igualdade de

    tratamento dos titulares de valores mobilirios [art. 15. Cd.VM].

    Os comunicados de informao privilegiada devem ser imediatamente remetidos CMVM, atravs da

    extranet, de acordo com a norma n. 7 da Instruo da CMVM n. 1/2010, sendo apenas possvel a sua

    divulgao por outros meios, nomeadamente atravs de conferncias de imprensa, aps a sua divulgao

    no SDI.

    3 Nos termos definidos pelo artigo 3. do RGICSF. 4 Nos termos do artigo 26./1 do Decreto-Lei n. 157/2014, de 24 de outubro, o diploma entrou em vigor no dia 23 de novembro de

    2014.

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    Antes da divulgao dos comunicados, as sociedades devem assegurar o segredo relativamente ao

    contedo dos mesmos. Caso ocorram fugas de informao relativamente ao comunicado a divulgar, a sua

    difuso deve ser antecipada com urgncia, sem prejuzo de eventual apuramento de responsabilidade

    decorrente da quebra de confidencialidade.

    O funcionamento automtico da extranet no prejudica os especiais cuidados que a divulgao de

    informao privilegiada deve merecer por parte dos emitentes, podendo a mesma ocorrer a qualquer hora.

    Caso a divulgao de informao privilegiada ocorra antes da abertura da sesso de bolsa, a CMVM

    recomenda que esta seja efetuada com um perodo mnimo de antecedncia (perodo indicativo de 30

    minutos) de modo a que as ofertas existentes no sistema de negociao possam ser alteradas, caso os

    investidores entendam conveniente. Do mesmo modo, no caso da divulgao de informao privilegiada

    aps o encerramento da sesso nomeadamente a respeitante aos resultados , deve tomar-se em

    considerao que o perodo extraordinrio de negociao aps o encerramento da sesso, termina s

    16h40.

    A divulgao de todos os comunicados (incluindo os de informao privilegiada) ocorre imediata e

    automaticamente desde que os mesmos sejam enviados pelos emitentes via extranet [normas n.s 7 e 8

    da Instruo da CMVM n. 1/2010]. No caso de no ser possvel o recurso a este meio, a CMVM deve ser

    informada imediatamente, devendo o comunicado ser remetido, excecionalmente, por correio eletrnico

    (para [email protected]) ou por fax, devendo ser guardado segredo at ao momento da

    sua divulgao.

    Realam-se neste mbito, as recomendaes do Committee of European Securities Regulators (CESR), com a referncia

    CESR/05-178b, de outubro de 2005, sobre a utilizao pelas sociedades cotadas de indicadores de performance alternativos

    nos seus relatrios financeiros5.

    2. ASPETOS ESPECFICOS

    2.1. DATA DE PAGAMENTO DOS DIVIDENDOS

    A data de pagamento de dividendos dever ser divulgada ao mercado atravs de um comunicado de

    informao privilegiada logo que a mesma seja conhecida [cfr. recomendaes do CESR com a referncia

    CESR/06-562b6, art. 249./2/b) Cd.VM e art. 7./3 Regulamento CMVM n. 5/2008].

    Esta informao particularmente importante para os emitentes de aes que integram o ndice PSI 20,

    dadas as implicaes nos contratos de derivados negociados no s em Portugal, mas tambm noutros

    pases.

    Os emitentes devero ainda incluir esta data no calendrio semestral de eventos divulgado no seu stio

    5 Este documento pode ser consultado em http://www.esma.europa.eu/content/CESR-Recommendation-Alternative-Performance-

    Measures. 6 Disponveis em http://www.esma.europa.eu/content/Market-Abuse-Directive-Level-3-%E2%80%93-second-set-CESR-guidance-

    and-information-common-operation-D.

  • 9 | DMEI | CIRCULAR SOBRE CONTAS ANUAIS | 2015-01-30

    da Internet [ponto 63 do Anexo I ao Regulamento CMVM n. 4/2013].

    2.2. INFORMAO SOBRE AES PRPRIAS

    O relatrio de gesto um documento que acompanha as demonstraes financeiras e os respetivos

    anexos, devendo incluir a informao exigida pelo artigo 66. CSC, para as contas individuais, e artigo

    508.-C CSC, para as contas consolidadas. Entre esta informao destaca-se agora a respeitante a

    transaes sobre aes prprias [arts. 66./5/d), 324./2 e 508.-C/5/d) CSC], devendo ser divulgados:

    (i) o nmero de aes prprias adquiridas ou alienadas no perodo em causa;

    (ii) os motivos desses atos e o respetivo preo;

    (iii) o nmero de aes prprias detidas no final do exerccio.

    Consideram-se aes prprias da sociedade dominante as aes adquiridas ou detidas por uma

    sociedade dependente, direta ou indiretamente daquela, nos termos do artigo 486. CSC

    [art. 325.-A/1 CSC]. Assim sendo, a informao a prestar no mbito do relatrio de gesto deve incluir

    expressamente as transaes sobre valores mobilirios prprios e o respetivo saldo final, ainda que

    aquelas tenham sido realizadas por sociedades dependentes, indicando expressamente tal facto.

    A referida informao dever ser identificada separadamente de qualquer outro montante que seja contabilisticamente

    considerado como aes prprias, designadamente de outras situaes resultantes da aplicao da IAS 32 e IAS 39,

    devendo ser divulgadas de forma clara as respetivas quantidades, distinguindo-se as quantidades de umas e de outras.

    A autorizao para a realizao de transaes de aes prprias, deliberada em assembleia geral, poder configurar um

    programa de recompra (share buyback) nos termos do Regulamento (CE) N. 2273/2003 da Comisso Europeia de 22 de

    dezembro, caso em que devero ser divulgados todos os pormenores do programa aprovado, incluindo o objetivo do

    programa, o contravalor mximo, o nmero mximo de aes a adquirir e o prazo da autorizao. Devero ser ainda seguidas

    as regras estabelecidas nesse regulamento para a aquisio de aes, nomeadamente quanto a limites de preo e

    quantidades dirias.

    A realizao de transaes de aes prprias est sujeita aos deveres de comunicao e divulgao

    estabelecidos nos arts. 11. a 13. Regulamento CMVM n. 5/2008, bem como do art. 249./2/f) Cd.VM.

    A comunicao CMVM das transaes de aes prprias do emitente dever ser efetuada via extranet

    [normas 19 e 20 da Instruo da CMVM n. 1/2010].

    A divulgao atravs do SDI dever ocorrer quando a posio final perfaa, ultrapasse ou desa abaixo

    de 1% do capital social ou sucessivos mltiplos, e/ou quando as aquisies/alienaes efetuadas na

    mesma sesso de mercado regulamentado perfaam ou ultrapassem 5% do volume negociado nessa

    sesso [art. 11. Regulamento CMVM n. 5/2008].

    2.3. PARTICIPAES QUALIFICADAS

    A informao relativa a participaes qualificadas deve ser completa, verdadeira, atual, clara, objetiva e

    lcita.

    Os emitentes devem indicar as participaes diretas e as participaes que, no decorrendo da titularidade

    direta, sejam imputveis a cada um dos acionistas da sociedade, nos termos do art. 20./1 Cd.VM.

    A informao apresentada deve permitir distinguir claramente as participaes diretas das participaes

    indiretas, nos termos do art. 20./1 Cd.VM. Deve ser indicado expressamente o nmero de aes detidas

  • 10 | DMEI | CIRCULAR SOBRE CONTAS ANUAIS | 2015-01-30

    e a percentagem de direitos de voto imputados a cada um dos participantes.

    A comunicao de participaes qualificadas deve identificar toda a cadeia de entidades a quem a

    participao qualificada imputada nos termos do art. 20./1 Cd.VM, independentemente da lei a que se

    encontrem sujeitas [art. 16./4/a) Cd.VM].

    Para o clculo de direitos de voto, so consideradas todas as aes com direito de voto, ainda que o seu

    exerccio esteja suspenso, como ocorre com as aes prprias [art. 16./3/b) Cd.VM].

    Recomenda-se que a comunicao de participaes qualificadas seja feita de acordo com o formulrio

    adotado pela Comisso Europeia, ainda que no seja obrigatrio. Este formulrio encontra-se disponvel

    no SDI em http://web3.cmvm.pt/sdi2004/emitentes/form_dir_voto.pdf.

    Em seguida apresentado um quadro exemplificativo do modo como a informao respeitante deteno

    de participaes qualificadas poder ser includa nos documentos de prestao de contas dos emitentes,

    sem prejuzo da utilizao por parte dos mesmos de outras formas de apresentao, desde que seja

    assegurado um grau de informao, no mnimo, igual ao sugerido. O emitente dever indicar, para cada

    um dos factos geradores de imputao, a respetiva alnea ou alneas do art. 20./1 Cd.VM de onde a

    mesma resulta:

    Acionista X

    (pessoa singular ou coletiva) N. de aes

    % Capital

    social com

    direito de voto

    Diretamente xxx %

    Atravs da sociedade Y (dominada pelo acionista X) xxx %

    Atravs do membro do rgo de administrao da sociedade Y xxx %

    Atravs da sociedade Z dominada por um membro W do rgo

    de administrao da sociedade Y xxx %

    Outra eventual imputao (indicando a sua fonte) xxx %

    Total imputvel xxx %

    2.4. POSIES ECONMICAS LONGAS

    O Regulamento CMVM n. 5/2010 estabelece deveres de divulgao de posies econmicas longas

    relativas a aes.

    Nos termos deste Regulamento, quem atinja ou ultrapasse uma posio econmica longa relativa a 2%,

    5%, 10%, 15%, 20%, 25%, um tero, 40%, 45%, metade, 55%, 60%, dois teros, 70%, 75%, 80%, 85% e

    90% do capital social de uma sociedade sujeita a lei pessoal portuguesa, emitente de aes admitidas

    negociao em mercado regulamentado situado ou a funcionar em Portugal, e quem reduza a sua posio

    para valor inferior a qualquer daqueles limites deve, no prazo de quatro dias de negociao aps a

    ocorrncia do facto, informar a CMVM e a sociedade participada.

    A posio econmica longa, para efeitos dos clculos das percentagens mencionadas, inclui os direitos

    de voto imputveis por fora do art. 20. Cd.VM, bem como os acordos ou instrumentos financeiros com

  • 11 | DMEI | CIRCULAR SOBRE CONTAS ANUAIS | 2015-01-30

    um efeito econmico similar deteno de aes que no geram autonomamente imputao de direitos

    de voto.

    Nestes termos, o Regulamento CMVM n. 5/2010 apresenta, de forma exemplificativa, alguns acordos,

    como sejam: os contratos diferenciais, swaps com liquidao financeira, opes com liquidao financeira

    e futuros e contratos a prazo com liquidao financeira.

    Alm destes exemplos, deve tomar-se em considerao que, para efeitos da aplicao deste

    Regulamento, entendido como efeito econmico similar deteno de aes, a exposio aos

    benefcios resultantes do aumento e aos riscos resultantes da depreciao da cotao das aes,

    mediante a celebrao de um acordo ou aquisio de um instrumento financeiro.

    A comunicao a remeter pelos participantes deve distinguir claramente, quanto aos direitos de voto

    imputveis, os elementos exigidos pelo art. 16. Cd.VM e pelo art. 2. Regulamento CMVM n. 5/2010.

    Relativamente aos acordos ou instrumentos financeiros com efeito econmico similar deteno de

    aes, deve ser prestada informao designadamente sobre: as principais caratersticas destes acordos

    ou instrumentos financeiros, o nmero de aes e as percentagens de capital e direitos de voto objeto dos

    acordos ou instrumentos e a data de caducidade ou maturidade dos acordos ou instrumentos.

    A sociedade participada deve divulgar a comunicao recebida no SDI no prazo mximo de 3 dias de

    negociao aps a receo da informao.

    2.5. TRANSAES DE DIRIGENTES

    Os emitentes de aes admitidas negociao em mercado regulamentado devem divulgar, juntamente

    com os documentos de prestao de contas anuais, a informao remetida pelos dirigentes, por

    sociedades que dominem o emitente e por pessoas estreitamente relacionadas com aqueles, sobre todas

    as transaes efetuadas sobre aes do emitente ou instrumentos financeiros com elas relacionados

    [art. 14./6 e 7 Regulamento CMVM n. 5/2008].

    Os emitentes devem informar por escrito os dirigentes, bem como as pessoas com eles estreitamente

    relacionadas, que sobre eles impende o dever de enviar ao emitente a listagem de todas as transaes

    efetuadas [art. 15./3 Regulamento CMVM n. 5/2008].

    2.6. RELATRIO DE AUDITORIA ELABORADO POR AUDITOR REGISTADO NA CMVM E

    CERTIFICAO LEGAL DAS CONTAS

    A certificao legal das contas e o relatrio de auditoria elaborado por auditor registado na CMVM podem

    ser apresentados num documento nico, se o documento cumulativamente:

    (i) se intitular Certificao legal das contas e relatrio de auditoria elaborado por auditor registado na

    CMVM;

    (ii) cumprir com os requisitos mais exigentes para o relatrio de auditoria estabelecidos no Cdigo dos

    Valores Mobilirios, bem como no Regulamento da CMVM n. 1/2014 e na Diretriz de

    Reviso/Auditoria (DRA) 701 emanada pela Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC),

    aplicando-se os prazos mais restritos de envio CMVM da certificao legal das contas;

  • 12 | DMEI | CIRCULAR SOBRE CONTAS ANUAIS | 2015-01-30

    (iii) incluir todas as menes constantes no anexo DRA 701 estabelecidas para o documento

    unificado, incluindo a meno sobre a responsabilidade do auditor, bem como as menes exigidas

    pela Circular da OROC n. 17/11, de 23 de fevereiro.

    Nos casos em que os documentos de prestao de contas no sejam integralmente aprovados, o relatrio

    de auditoria dever ser elaborado autonomamente. Contudo, caso se reinicie o processo de prestao de

    contas com a emisso de uma nova certificao legal das contas e do parecer do rgo de fiscalizao, o

    relatrio de auditoria poder ser includo num documento nico, conjuntamente com a nova certificao

    legal das contas. Este documento nico dever fazer referncia aos novos documentos de prestao de

    contas objeto da opinio do auditor/revisor.

    2.7. FISCALIZAO DO CUMPRIMENTO DAS NORMAS CONTABILSTICAS

    A CMVM continuar a implementar procedimentos de fiscalizao e de transparncia relativamente a

    relatrios de auditoria com reservas ou com opinio adversa.

    O auditor deve comunicar imediatamente CMVM os factos de que tome conhecimento no exerccio das

    suas funes, suscetveis de justificar a emisso de reservas, escusa de opinio, opinio adversa ou

    impossibilidade de emisso de relatrio [art. 9-A./3/c) Cd. VM].

    A informao a publicar pelas entidades emitentes dever cumprir os critrios de qualidade estabelecidos

    no art. 7. Cd.VM, pelo que a declarao dos responsveis sobre a conformidade da informao

    financeira apresentada de acordo com as IAS/IFRS, exigvel nos termos do art. 245./1/c) Cd.VM, dever

    ser verdadeira. Se o relatrio e contas anual no fornecer uma imagem exata do patrimnio, da situao

    financeira e dos resultados do emitente, a CMVM poder ordenar a publicao de informaes

    complementares ao mesmo [art. 245./5 Cd.VM].

    Nos casos em que o relatrio de auditoria elaborado por auditor registado na CMVM contenha reservas,

    e enquanto as mesmas no se encontrarem sanadas, qualquer divulgao (escrita ou verbal) dos

    resultados individuais ou consolidados do emitente deve ser acompanhada de uma referncia s mesmas,

    de modo a garantir a integralidade da informao transmitida.

    2.8. NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE (IAS/IFRS)

    2.8.1. Normas Internacionais de Relato Financeiro (IAS/IFRS)

    A CMVM analisa as demonstraes financeiras dos emitentes, tendo por base a aplicao de um modelo

    de risco desenvolvido internamente em conjugao com os princpios definidos nas Standards n. 1 e 2

    do CESR, substitudas no final de 2014 pelas Guidelines de enforcement de informao financeira da

    ESMA (Orientaes da ESMA relativas ao controlo da aplicao dos requisitos em matria de informao

    financeira), que entraram em vigor em 29 de dezembro de 2014 e podem ser consultadas em:

    http://www.esma.europa.eu/system/files/2014-esma-1293pt.pdf.

    A anlise efetuada abrange as demonstraes financeiras anuais, as demonstraes financeiras

    intercalares - trimestrais e semestrais -, bem como a informao financeira relativa aos emitentes includa

    nos prospetos aprovados.

    Tendo em considerao o resultado das anlises realizadas s demonstraes financeiras dos emitentes

  • 13 | DMEI | CIRCULAR SOBRE CONTAS ANUAIS | 2015-01-30

    e as exigncias estabelecidas nas normas internacionais de relato financeiro (IAS/IFRS) relativamente

    informao financeira a divulgar pelos mesmos, a CMVM destaca neste ponto algumas disposies das

    referidas normas que devem merecer uma ateno especial por parte dos emitentes aquando da

    preparao dos seus documentos de prestao de contas, por forma a assegurar a qualidade da

    informao a divulgar ao mercado e a proteo dos investidores.

    semelhana de anos anteriores, em 28 de outubro de 2014, a ESMA publicou um statement relativo s

    prioridades de enforcement que os emitentes e os seus auditores devero tomar em considerao

    aquando da preparao e auditoria, respetivamente, s demonstraes financeiras de 2014, que pode ser

    consultado em: http://www.esma.europa.eu/system/files/2014_1309_esma_public_statement_-

    _2014_european_common_enforcement_priorities.pdf

    2.8.2. IAS 1 Apresentao de demonstraes financeiras

    As notas s demonstraes financeiras devem apresentar informao acerca das bases de preparao

    das demonstraes financeiras e das polticas contabilsticas efetivamente usadas pelo emitente,

    fornecendo informao que no apresentada num outro local das demonstraes financeiras, mas que

    relevante para a sua compreenso (IAS 1.112), sendo igualmente relevante o disposto na IAS 8 sobre

    esta matria. A descrio das polticas contabilsticas deve adaptar-se ao contexto onde cada entidade se

    insere, devendo ser evitada a divulgao de descries estandardizadas que no sejam relevantes e/ou

    suficientes para aferir a aplicao das polticas contabilsticas face realidade do emitente.

    Em conformidade com os pargrafos 122 e 125 da IAS 1, o emitente deve divulgar (i) nas notas

    apropriadas, os julgamentos efetuados pela gesto aquando da aplicao das polticas contabilsticas

    seguidas pela entidade que tm um efeito mais significativo nos montantes reconhecidos nas

    demonstraes financeiras e (ii) os principais pressupostos respeitantes ao futuro e outras fontes de

    incerteza das estimativas data do fim do perodo de reporte, que apresentam um risco significativo de

    provocar um ajustamento material nos valores de ativos e passivos durante o prximo ano financeiro. A

    entidade dever divulgar informao sobre a natureza e a quantia escriturada no fim do perodo de relato

    desses ativos e passivos.

    Um passivo deve ser considerado como corrente se a entidade espera que o mesmo seja liquidado

    durante o seu ciclo operacional normal, se detm o passivo essencialmente para finalidades de

    negociao, se est previsto que seja liquidado at 12 meses aps o perodo de relato, ou ainda se a

    entidade no tiver um direito incondicional de diferir a liquidao do passivo durante pelo menos 12 meses

    aps o perodo de relato. Os passivos remanescentes devem ser classificados como no correntes (IAS

    1.69). Destacam-se neste mbito, os contratos de financiamento que preveem que o no cumprimento de

    uma determinada condio (a alterao de controlo da entidade ou o no cumprimento de determinados

    rcios, por exemplo), torna imediatamente exigvel a totalidade do valor em dvida, ou nos quais se suscita

    a possibilidade do credor exigir, sob sua discricionariedade, o reembolso antecipado. Caso existam

    condies desta natureza, a entidade ter que proceder sua divulgao (nomeadamente no que diz

    respeito aos rcios, indicando a frmula e o limite aplicvel) no mbito da informao sobre riscos de

    liquidez, exigida pela IFRS 7.31.

    A entidade dever divulgar informao que permita avaliar os objetivos, polticas e processos para gesto

    do capital. Para o efeito, a entidade dever divulgar informao qualitativa, explicando o que gerido

    como capital e a forma como os objetivos so atingidos (IAS 1.134 e 135).

  • 14 | DMEI | CIRCULAR SOBRE CONTAS ANUAIS | 2015-01-30

    Em conformidade com a IAS 1.38 o emitente dever apresentar informaes comparativas para a

    informao narrativa e descritiva, se a mesma for relevante para a compreenso das demonstraes

    financeiras do perodo corrente.

    As emendas IAS 1 endossadas pela Comisso Europeia em junho de 2012 exigem a apresentao

    separada, relativamente s rubricas respeitantes a outro rendimento integral do perodo, entre aquelas

    que podem ser posteriormente reclassificadas nos resultados (ajustamentos de reclassificao) e as que

    no podero vir a s-lo, devendo ser tambm apresentado separadamente o imposto sobre as respetivas

    componentes. A designao Demonstrao do resultado integral foi alterada para Demonstrao dos

    resultados e de outro rendimento integral.

    2.8.3. IAS 8 Polticas contabilsticas, alteraes nas estimativas contabilsticas e erros

    De acordo com o disposto na IAS 8.29, sempre que existam alteraes voluntrias de polticas, a entidade

    dever divulgar (i) a natureza da alterao na poltica contabilstica; (ii) as razes pelas quais a aplicao

    da nova poltica contabilstica proporciona informao fivel e mais relevante; (iii) a quantia do ajustamento

    para o perodo corrente e cada perodo anterior apresentado, at ao ponto em que seja praticvel; (iv) a

    quantia do ajustamento relacionado com perodos anteriores aos apresentados, at ao ponto em que seja

    praticvel; e (v) se a aplicao retrospetiva for impraticvel para um perodo anterior em particular, ou para

    perodos anteriores aos apresentados, as circunstncias que levaram existncia dessa condio e uma

    descrio de como e desde quando a poltica contabilstica tem sido aplicada.

    Se a entidade detetar erros relativos a exerccios anteriores, deve aplicar o estabelecido na IAS 8.41 a 48

    e divulgar a informao exigida pelo pargrafo 49: a) a natureza do erro de um perodo anterior; b) para

    cada perodo anterior apresentado, at ao ponto em que seja praticvel, a quantia da correo; c) a quantia

    da correo no incio do perodo anterior mais antigo apresentado; e d) se a reexpresso retrospetiva for

    impraticvel para um perodo anterior em particular, as circunstncias que levaram existncia dessa

    condio e uma descrio de como e desde quando o erro foi corrigido.

    A entidade dever ainda prestar a informao requerida pela IAS 1.106.b), que exige a divulgao para

    cada componente de capital prprio dos efeitos da aplicao retrospetiva de uma alterao de poltica

    contabilstica ou de reexpresso retrospetiva reconhecidos de acordo com a IAS 8, tal como reforado

    pelo pargrafo 110 da mesma norma, que refere que O pargrafo 106(b) exige a divulgao na

    demonstrao de alteraes no capital prprio do ajustamento total para cada componente do capital

    prprio resultante de alteraes nas polticas contabilsticas e, separadamente, de correes de erros.

    Estes ajustamentos so divulgados para cada perodo anterior e no incio do perodo.

    Na ausncia de uma norma aplicvel especificamente a uma determinada transao, a entidade deve

    aplicar os procedimentos previstos na IAS 8.10 a 12 (caso por exemplo, do tratamento das licenas de

    emisso de CO2).

    A entidade dever pois proporcionar aos investidores um conhecimento completo das opes seguidas,

    assegurando a compreenso e transparncia da posio financeira e dos resultados das operaes e

    fluxos de caixa.

    2.8.4. IAS 12 Impostos sobre o rendimento

    A crise financeira, seguida de um perodo de crescimento econmico lento, conduziu degradao da

  • 15 | DMEI | CIRCULAR SOBRE CONTAS ANUAIS | 2015-01-30

    performance financeira dos emitentes, que poder resultar na obteno de perdas fiscais ou na existncia

    de diferenas temporrias dedutveis. Neste mbito, salienta-se o definido nos pargrafos 29 e 34 da IAS

    12, que limitam o reconhecimento de ativos por impostos diferidos na medida em que seja provvel que

    venham a estar disponveis lucros tributveis futuros, que permitam a utilizao das diferenas

    temporrias dedutveis ou perdas fiscais. O pargrafo 35 da IAS 12 explicita que a existncia de prejuzos

    fiscais no utilizados um forte indcio que futuros lucros tributveis podem no estar disponveis, pelo

    que um histrico de prejuzos fiscais no utilizados recentes, torna o reconhecimento de impostos diferidos

    condicionados existncia de provas convincentes de que provvel a existncia de lucros fiscais futuros

    suficientes contra os quais os prejuzos fiscais no utilizados possam ser utilizados pela entidade;

    Desta forma, dever ser dada especial ateno aos critrios estabelecidos na IAS 12.36 na avaliao da

    probabilidade de que estar disponvel lucro tributvel contra o qual perdas fiscais no usadas ou crditos

    fiscais no usados possam ser utilizados e na necessidade de ser revista no fim de cada perodo de relato

    a quantia escriturada de um ativo por impostos diferidos, nos termos do pargrafo 56.

    Os emitentes devem divulgar os pressupostos significativos utilizados nos business plans, que suportam

    os lucros tributveis futuros esperados pela entidade, uma vez que os prejuzos fiscais podem ser

    utilizados durante um perodo de tempo longo e os business plans que suportam a existncia futura de

    lucro tributvel baseiam-se em pressupostos muito julgamentais.

    Quando materiais, os emitentes devem desagregar as divulgaes com base nas caractersticas das

    perdas fiscais, nomeadamente tendo em conta os perodos de utilizao.

    A divulgao do perodo considerado para avaliar a recuperao dos impostos diferidos ativos, dos

    julgamentos realizados na determinao desse perodo, bem como do montante de prejuzos fiscais para

    os quais a entidade reconheceu ativos por impostos diferidos, comparando com o total de prejuzos fiscais

    disponveis para cada entidade (com valores materiais) relevante para os utilizadores da informao

    financeira.

    A entidade dever assegurar o cumprimento das exigncias de divulgao de informao do pargrafo 82

    da IAS 12, segundo o qual uma entidade deve divulgar a quantia do ativo diferido e a natureza das provas

    que suportam o seu reconhecimento, quando: a) a utilizao do ativo por impostos diferidos depende de

    lucros tributveis futuros superiores aos lucros provenientes da reverso de diferenas temporrias

    tributveis existentes; e b) a entidade tiver apurado um prejuzo quer no perodo corrente, quer no perodo

    precedente, na jurisdio fiscal com a qual se relaciona o ativo por impostos diferidos.

    A entidade dever divulgar as suas polticas contabilsticas relacionadas com posies fiscais incertas no

    que respeita ao correspondente reconhecimento e mensurao do imposto sobre o rendimento,

    particularmente luz da IAS 12.46, em conformidade com a IAS 1.117 e 122.

    Neste mbito importa referir ainda a redao que foi dada ao artigo 87. do Cdigo do Imposto sobre o

    Rendimento das Pessoas Coletivas (CIRC), decorrente da entrada em vigor da Lei n. 82-B/2014, de 31

    de dezembro (conforme antecipado na Lei n. 2/2014, de 16 de janeiro), que dispe no seu nmero 1 que

    A taxa do IRC de 21 %, exceto nos casos previstos nos nmeros seguintes sendo que, de entre as

    situaes excecionadas, esto nomeadamente: i) sujeitos passivos qualificados como PMEs, aos quais a

    taxa aplicvel aos primeiros 15.000 de matria coletvel de 17%, aplicando-se a taxa prevista de 21%

    ao excedente (sendo que a aplicao da taxa de 17% est ainda sujeita s regras comunitrias para os

    auxlios de Estado), e ii) rendimentos de entidades que no tenham sede nem direo efetiva em Portugal

  • 16 | DMEI | CIRCULAR SOBRE CONTAS ANUAIS | 2015-01-30

    e aqui no possuam estabelecimento estvel ao qual os mesmos sejam imputveis, para os quais a taxa

    de 25%. A limitao deduo de prejuzos fiscais de 70% do lucro tributvel apurado em cada perodo

    (artigo 52. CIRC).

    De acordo com o disposto na IAS 12.47, os ativos e passivos por impostos diferidos devem ser

    mensurados pelas taxas fiscais que se espera que sejam de aplicar no perodo quando seja realizado o

    ativo ou seja liquidado o passivo, com base nas taxas fiscais (e leis fiscais) que tenham sido decretadas

    ou substantivamente decretadas data do balano.

    2.8.5. IAS 16 Ativos fixos tangveis/ IAS 40 Propriedades de investimento

    Se os itens do ativo fixo tangvel forem expressos por quantias revalorizadas, a entidade ter que divulgar,

    para alm da informao exigida pela IFRS 13, (i) a data efetiva da reavaliao, (ii) o envolvimento ou no

    de um avaliador independente, (iii) para cada classe de ativo fixo tangvel revalorizada, a quantia

    escriturada que teria sido reconhecida se os ativos tivessem sido reconhecidos de acordo com o modelo

    de custo; e (iv) o excedente de revalorizao, indicando a alterao no perodo e quaisquer restries na

    distribuio do saldo aos acionistas (IAS 16.77.a), b), e) e f)).

    Nos casos em que a entidade escolheu o modelo de revalorizao para a mensurao subsequente de

    itens do seu ativo fixo tangvel cujo justo valor pode ser determinado de forma fivel, os bens devem ser

    escriturados pelo seu justo valor data da revalorizao, deduzido de depreciaes acumulada

    subsequente e perdas por imparidade acumuladas subsequentes (IAS 16.31).

    As revalorizaes devem ser efetuadas com regularidade suficiente, que assegure que o valor escriturado

    no difere materialmente daquele que seria determinado atravs do uso do justo valor no fim do perodo

    de relato (IAS 16.31). A IAS 16.34 permite que a frequncia das revalorizaes dos ativos se situe entre

    trs a cinco anos, mas unicamente nos casos em que as variaes no justo valor dos ativos so

    insignificantes. Dadas as condies atuais do mercado imobilirio, o management dever assegurar,

    atravs de evidncia objetiva, o cumprimento da presente condio.

    Relativamente s propriedades de investimento, a IAS 40.75(e) exige a indicao de at que ponto o seu

    justo valor se baseia na avaliao de um avaliador independente. Se no tiver sido efetuada tal valorizao

    esse facto deve ser divulgado.

    Estabelece ainda a IAS 40.40 que, ao determinar o justo valor em conformidade com a IFRS 13, a entidade

    deve assegurar que o justo valor reflete, entre outras coisas, os rendimentos provenientes de

    arrendamentos em curso e outros pressupostos que os participantes de mercado utilizariam para atribuir

    um valor s propriedades de investimento nas condies atuais de mercado.

    Os pressupostos devem ser quantificados, permitindo aos utentes das demonstraes financeiras

    acompanhar a sua evoluo face a potenciais evolues dos respetivos mercados.

    Quando a entidade utiliza preos de mercado na valorizao dos seus imveis ou outros ativos,

    apropriado divulgar os preos de mercado por m2 que estiveram na base da respetiva valorizao. Nos

    casos em que os imveis detidos pela entidade apresentam caractersticas distintas e esto situados em

    localizaes diversas, a informao pode ser divulgada por clusters, mediante a utilizao de intervalos

    de preos que no sejam significativamente dspares.

    A evoluo do mercado imobilirio dever ser tomada em considerao pela entidade, devendo ser

  • 17 | DMEI | CIRCULAR SOBRE CONTAS ANUAIS | 2015-01-30

    divulgados os julgamentos efetuados pela gesto relativamente a esta matria (IAS 1.117 e 125). Dever

    ser ainda indicado claramente o que foi considerado como sendo condies de mercado.

    2.8.6. IAS 19 Benefcios dos empregados

    As emendas IAS 19 endossadas pela Comisso Europeia em junho de 2012 vieram (i) eliminar a

    possibilidade de as entidades utilizarem o mtodo do corredor no reconhecimento dos desvios atuariais e

    (ii) definir que as remensuraes das responsabilidades lquidas com os planos de benefcio definido de

    benefcios ps-emprego ganhos e perdas atuariais e ganhos esperados nos ativos do plano devem

    ser apresentadas em outros rendimentos integrais.

    Em conformidade com os pargrafos 75 a 98 da IAS 19, os pressupostos atuariais utilizados pela entidade

    devem ser as melhores estimativas das variveis que determinaro o custo da entidade proporcionar

    benefcios ps-emprego aos seus empregados, devendo como tal ter em considerao as caractersticas

    da populao em causa e utilizar pressupostos financeiros apropriados. Estes devem basear-se nas

    expectativas de mercado, no fim do perodo de relato, relativamente ao perodo em que as obrigaes

    devero ser liquidadas (IAS 19.80).

    Os pressupostos atuariais devero ser consistentes com os utilizados em exerccios anteriores, devendo

    a entidade explicar de forma clara e completa as alteraes ocorridas nos mesmos face ao perodo de

    reporte anterior, justificando os desvios atuariais registados no perodo. Revela-se pois essencial a

    descrio dos julgamentos efetuados pela gesto aquando da avaliao das responsabilidades da

    entidade com benefcios ps-emprego.

    A entidade dever divulgar toda a informao exigida pelos pargrafos 135 a 144 da IAS 19,

    nomeadamente os principais pressupostos atuariais usados data do balano (IAS 19.144 e 76), que

    devero corresponder s melhores estimativas da entidade quanto s variveis que determinaro o custo

    final de proporcionar benefcios ps-emprego. Os pressupostos atuariais, financeiros e demogrficos,

    incluem entre outros: (i) a taxa de desconto; (ii) os nveis de benefcios e os ordenados futuros; (iii) no

    caso de benefcios mdicos, os custos mdicos futuros; (iv) a mortalidade; (v) as taxas de rotao, de

    incapacidade e de reforma antecipada dos empregados e (vi) as taxas de utilizao dos planos mdicos.

    A entidade dever indicar se as taxas utilizadas para descontar as responsabilidades com benefcios ps-

    emprego foram determinadas por referncia a obrigaes corporate de alta qualidade (IAS 19.83) e

    facultar informao sobre a fonte, os fatores e os julgamentos subjacentes ao apuramento da taxa de

    desconto.

    A entidade deve divulgar ainda uma anlise de sensibilidade para cada pressuposto atuarial significativo,

    em conformidade com o pargrafo 145.

    Nos termos da IAS 19.142, uma entidade deve desagregar o justo valor dos ativos do plano em classes

    que distingam a natureza e os riscos de tais ativos, distinguindo para cada classe de ativos do plano, os

    ativos que tm um preo de mercado cotado num mercado ativo e dos que no tm. Tendo presente o

    pargrafo 136 sobre o nvel de divulgao, uma entidade poder efetuar a distino, designadamente,

    entre: (a) caixa e equivalentes de caixa; (b) instrumentos de capital; (c) instrumentos de dvida; (d) imveis;

    (e) instrumentos derivados; (f) fundos de investimento; (g) ttulos garantidos por ativos; e (h) dvida

    estruturada.

  • 18 | DMEI | CIRCULAR SOBRE CONTAS ANUAIS | 2015-01-30

    A entidade deve ainda divulgar o justo valor dos instrumentos representativos do seu capital prprio que

    detm como ativos do plano, bem como o justo valor de imveis ocupados pela entidade ou outros ativos

    por si utilizados (IAS 19.143).

    2.8.7. IAS 24 Divulgao de partes relacionadas

    O objetivo desta norma assegurar que as demonstraes financeiras de uma entidade contenham as

    divulgaes necessrias para chamar a ateno para a possibilidade de que a sua posio financeira e

    lucros ou prejuzos possam ter sido afetados pela existncia de partes relacionadas e por transaes e

    saldos pendentes, incluindo compromissos, com tais partes.

    Nos termos da IAS 24.18, se uma entidade tiver realizado transaes com partes relacionadas durante os

    perodos abrangidos pelas demonstraes financeiras, deve divulgar a natureza do relacionamento com

    essas partes, bem como informao sobre as transaes e saldos pendentes, incluindo compromissos,

    necessria para a compreenso do potencial efeito do relacionamento com essas partes relacionadas nas

    demonstraes financeiras por parte dos utilizadores das mesmas. Para que seja possvel efetuar essa

    avaliao, todas as transaes com partes relacionadas e o respetivo relacionamento devero ser

    divulgados.

    As divulgaes exigidas pelo pargrafo 18 devem ser efetuadas separadamente por cada uma das

    seguintes categorias: a) a empresa-me; b) entidades com controlo conjunto ou influncia significativa

    sobre a entidade; c) subsidirias; d) associadas; e) empreendimentos conjuntos nos quais a entidade seja

    um empreendedor; f) pessoal-chave da gerncia da entidade ou da respetiva entidade-me; e g) outras

    partes relacionadas (IAS 24.19).

    De acordo com a IAS 24.17 a entidade dever divulgar a remunerao do pessoal chave da gerncia,

    sendo este um conceito mais amplo que o conceito de rgos sociais subjacente ao relatrio do governo

    das sociedades, estando em linha com o conceito previsto no n. 3 do artigo 248.-B do Cd.VM. A

    informao a divulgar compreende, no s o valor total daquelas remuneraes, mas o valor individual

    para cada uma das seguintes categorias: (i) benefcios de empregados de curto prazo, (ii) benefcios ps-

    emprego, (iii) outros benefcios de longo prazo, (iv) benefcios de cessao de emprego e (v) pagamentos

    com base em aes. As divulgaes abrangem igualmente as quantias agregadas apresentadas na

    demonstrao da posio financeira e na demonstrao do rendimento integral, devendo ser includas as

    responsabilidades com benefcios de reforma que respeitam ao pessoal chave da gerncia.

    A divulgao da informao respeitante a remuneraes exigida pela IAS 24 no prejudica outras

    divulgaes exigveis por lei ou regulamento, designadamente a informao contida no relatrio do

    governo das sociedades.

    A IAS 1.14 indica expressamente que, relatrios ou informaes prestadas pela entidade fora do conjunto

    completo de demonstraes financeiras (caso do relatrio sobre o governo da sociedade) esto fora do

    mbito das IFRS. Nos termos da IAS 1.16, a entidade no pode declarar o cumprimento das IFRS a no

    ser que cumpra com todos os requisitos previstos nas mesmas, incluindo os deveres de divulgao de

    informao no anexo s contas.

  • 19 | DMEI | CIRCULAR SOBRE CONTAS ANUAIS | 2015-01-30

    2.8.8. IAS 32/ IAS 39/ IFRS 7 Instrumentos financeiros

    A entidade dever divulgar informao que permita aos utilizadores das demonstraes financeiras avaliar

    a natureza e a extenso dos riscos resultantes de instrumentos financeiros aos quais se encontra exposta,

    nomeadamente o risco de crdito, o risco de liquidez e o risco de mercado (IFRS 7.31 e seguintes).

    Torna-se pois da mxima importncia que seja prestada informao completa e devidamente

    desagregada sobre as exposies materiais da entidade aos riscos, mediante a divulgao de informao

    quantitativa e qualitativa relevante acerca da natureza das exposies, elementos relacionados com a

    avaliao dos instrumentos financeiros e anlises de concentrao das exposies a riscos relevantes.

    Tambm os artigos 66. e 508.-C do CSC exigem que seja includa no relatrio de gesto informao

    acerca da exposio da entidade aos diferentes riscos, sendo contudo, a IFRS 7 mais exigente, obrigando

    divulgao de informao quantitativa.

    No que respeita exposio da entidade ao risco de crdito, importa salientar a necessidade decorrente

    do pargrafo 36 e seguintes de divulgao de informao sobre a exposio mxima, de informao

    relevante sobre os colaterais detidos, da qualidade de crdito dos ativos financeiros que no estejam

    vencidos nem em imparidade, de uma anlise de antiguidade dos ativos financeiros vencidos mas que

    no se encontram em imparidade e dos fatores considerados na determinao da imparidade (caso

    aplicvel) dos instrumentos financeiros.

    Nos termos da IFRS 7.39, as divulgaes relativas ao risco de liquidez devem ser efetuadas

    separadamente para os passivos financeiros derivados e no derivados. As entidades devem divulgar

    uma anlise da maturidade dos passivos financeiros, apresentando informao sobre a maturidade

    contratual restante e uma descrio da forma como o risco de liquidez gerido. A informao a divulgar

    por cada emitente dever ser adequada ao seu perfil de risco, permitindo aos utilizadores das

    demonstraes financeiras conhecer a sua exposio ao risco de liquidez e as necessidades de funding

    da entidade, bem como a sua evoluo ao longo do tempo (IFRS 7.B11 e B11E).

    Neste mbito, sublinha-se o dever de a entidade divulgar todos os covenants que afetam, ou podero

    afetar, o risco dos instrumentos financeiros a que a mesma est exposta. Aqueles podem assumir a forma

    de condicionalismos financeiros e/ou alteraes estrutura acionista (como sejam clusulas de mudana

    de controlo), devendo ser divulgados no relatrio e contas e indicadas as consequncias que podero

    advir para a entidade e para os diversos stakeholders, caso os condicionalismos no sejam cumpridos ou

    se preveja que possam no ser cumpridos.

    A entidade deve ainda divulgar as situaes de renegociao de condies ou de possveis

    incumprimentos de contas a pagar que ocorreram durante o perodo de reporte, ou de quaisquer outras

    condies que tenham sido incumpridas data do perodo de relato e que possam suscitar uma

    acelerao no pagamento dos respetivos emprstimos (IFRS 7.18 e 19).

    Tendo em considerao a relevncia do crdito concedido em incumprimento, as entidades financeiras

    devero divulgar informao qualitativa e quantitativa sobre as forbearence practices seguidas no

    exerccio de 2014, aquando da renegociao de emprstimos e na avaliao das imparidades desses

    emprstimos.

    Em 20 de dezembro de 2012, a ESMA publicou um statement sobre este tema, que se encontra disponvel

    em http://www.esma.europa.eu/news/ESMA-issues-statement-forbearance-practices.

  • 20 | DMEI | CIRCULAR SOBRE CONTAS ANUAIS | 2015-01-30

    No que respeita ao risco de mercado, salienta-se a exigncia de realizao de anlises de sensibilidade

    para cada tipo de risco de mercado a que a entidade est exposta data de relato, mostrando a forma

    como os lucros ou prejuzos e o capital prprio teriam sido afetados por alteraes na varivel de risco

    relevante que fossem razoavelmente possveis quela data, bem como os mtodos e pressupostos

    utlizados na realizao da anlise, justificando eventuais alteraes face ao perodo anterior (IFRS 7.40 e

    seguintes).

    No que se refere ao justo valor, as entidades devem cumprir na ntegra as exigncias estabelecidas por

    esta norma, nomeadamente pelos pargrafos 25 a 30 da IFRS 7, devendo ainda dar especial ateno ao

    estabelecido na IFRS 13, nomeadamente quanto hierarquia do justo valor e divulgao dos

    pressupostos subjacentes ao apuramento do justo valor de cada classe de ativos e passivos financeiros,

    caso os mesmos se enquadrem nos nveis 2 e 3 da referida hierarquia.

    Quanto aos instrumentos financeiros derivados, e independentemente de os mesmos no cumprirem os

    requisitos para a contabilizao de cobertura, a entidade dever divulgar as contrapartes, os ativos

    subjacentes e os valores nocionais, as datas de abertura e de vencimento, para alm dos respetivos justos

    valores, apresentando esta informao separadamente para os derivados registados de acordo com a

    contabilidade de cobertura preconizada na IAS 39, por tipo de cobertura, e para os restantes derivados,

    informao que considerada til para os utentes das demonstraes financeiras. As fontes da

    informao subjacente aos pressupostos utilizados na determinao do justo valor, bem como a indicao

    dos casos em que as avaliaes foram efetuadas pelas contrapartes, constituem igualmente informao

    relevante a ser prestada (IFRS 7 e IFRS 13).

    Relativamente transferncia de ativos financeiros, a entidade deve divulgar informao que permita aos

    utentes das demonstraes financeiras (i) compreender a relao entre os ativos financeiros transferidos

    no desreconhecidos na sua totalidade e os passivos associados; e (ii) avaliar a natureza do envolvimento

    continuado da entidade nos ativos financeiros desreconhecidos e os riscos a eles associados (IFRS

    7.42B). Devem igualmente ser indicadas as condies em que foi considerado que a entidade mantm

    um envolvimento continuado num ativo financeiro transferido, tendo em ateno o estabelecido na IFRS

    7.42C.

    Imparidade de instrumentos financeiros

    A entidade deve avaliar no fim de cada perodo de relato se existe, ou no, qualquer evidncia objetiva de

    que um ativo financeiro esteja em imparidade (IAS 39.58 e 59), considerando toda a informao disponvel

    data de reporte e divulgar os julgamentos relacionados com o reconhecimento de imparidade.

    Em especial para os instrumentos de capital prprio classificados como disponveis para venda, faz-se

    notar que o pargrafo 61 estabelece que a prova objectiva de imparidade para um investimento num

    instrumento de capital prprio inclui informao acerca de alteraes significativas com um efeito adverso

    que tenham tido lugar no ambiente tecnolgico, de mercado, econmico ou legal no qual o emissor opere,

    e indica que o custo do investimento no instrumento de capital prprio pode no ser recuperado,

    especificando ainda que Um declnio significativo ou prolongado no justo valor de um investimento num

    instrumento de capital prprio abaixo do seu custo tambm constitui prova objectiva de imparidade

    (sublinhado nosso).

    Embora omissas quanto ao que se entende por um declnio significativo ou prolongado, um dos critrios

  • 21 | DMEI | CIRCULAR SOBRE CONTAS ANUAIS | 2015-01-30

    atravs dos quais se avalia se um ativo financeiro se encontra em imparidade, as IFRS so bastante claras

    quanto ao facto de se exigir apenas que exista prova objetiva de imparidade. Neste caso, no se afere

    subsequentemente a recuperabilidade dos fluxos de caixa, devendo a entidade reconhecer de imediato

    em resultados o diferencial negativo apurado (IAS 39.67).

    De notar que a IAS 1.122 exige que uma empresa divulgue no resumo das polticas contabilsticas

    significativas ou outras notas, os julgamentos, com a excepo dos que envolvem estimativas (ver

    pargrafo 125), que a gerncia fez no processo de aplicao das polticas contabilsticas da entidade e

    que tm o efeito mais significativo nas quantias reconhecidas nas demonstraes financeiras.

    O IFRIC veio reiterar esta leitura da norma, tendo publicado na pgina 5 do IFRIC Update de julho de 2009

    uma deciso definitiva sobre esta matria, que pode ser consultada em:

    http://www.iasb.org/NR/rdonlyres/2DED3CF2-147A-4830-A9AC-BDE2C0CA48BC/0/IFRIC0907.pdf

    Salienta-se que o perodo temporal para efeitos do critrio relativo quebra prolongada, deve contar-se

    desde o momento em que o justo valor passe a ser inferior ao custo. Uma vez reconhecida imparidade,

    qualquer reduo posterior ocorrida no justo valor conduzir a um reforo da perda por imparidade j

    reconhecida.

    Embora se tenha assistido ao atenuar da crise da dvida soberana, dever continuar a ser dado, nas

    demonstraes financeiras de 2014, enfoque transparncia relativamente a exposies materiais a

    dvida daquela natureza.

    Mantm-se pois as recomendaes quanto ao grau de transparncia em temas como:

    A granularidade da informao divulgada acerca das exposies significativas divida soberana,

    incluindo mas no limitada a, informao quantitativa acerca das exposies em termos brutos e

    lquidos;

    As exposies a outros instrumentos que no a dvida soberana, por tipo de exposio (empresas,

    bancos, municpios, etc.) incluindo informao qualitativa e quantitativa do risco de crdito;

    O impacto dos derivados de crdito utilizados na gesto das exposies materiais a instrumentos

    financeiros, especialmente no tocante desagregao da informao.

    Merece ainda destaque a anlise efetuada pela ESMA em 2013 comparabilidade e qualidade das

    divulgaes constantes das demonstraes financeiras de 2012 de 39 instituies financeiras, de 16

    jurisdies distintas, com valores mobilirios cotados, cujos resultados podem ser consultados em

    http://www.esma.europa.eu/content/Review-Accounting-Practices-Comparability-IFRS-Financial-

    Statements-Financial-Institutions-E. O relatrio apresentado pela ESMA inclui um conjunto de

    recomendaes com vista ao aumento da transparncia das demonstraes financeiras, atravs da

    divulgao de informao adicional em algumas reas-chave, como sejam: (i) o risco de crdito e o

    impacto das prticas de forbearance, (ii) a liquidez e o risco de funding, (iii) a onerao dos ativos e (iv)

    as mensuraes ao justo valor dos instrumentos financeiros.

    No que respeita aos emitentes do setor bancrio, salienta-se a importncia da divulgao clara e completa

    de quaisquer impactos materiais nas demonstraes financeiras decorrentes do Comprehensive

    Assessment realizado pelo Banco Central Europeu em 2014 (que incluiu o Asset Quality Review), em

    conformidade com as exigncias das IFRS. Estes podero incluir, por exemplo, uma alterao de uma

    estimativa, a correo de um erro ou alteraes na forma como os riscos provenientes de instrumentos

  • 22 | DMEI | CIRCULAR SOBRE CONTAS ANUAIS | 2015-01-30

    financeiros so avaliados, monitorizados e geridos.

    2.8.9. IAS 36 Imparidade de ativos no financeiros

    A crise financeira seguida de um perodo de crescimento lento da economia na Europa implica que os

    ativos dos emitentes podero continuar a gerar fluxos de caixa mais baixos que o estimado aquando da

    sua aquisio, pelo que a imparidade dos ativos no financeiros continua a ser uma rea relevante.

    De acordo com o disposto na IAS 36, a entidade dever descrever os mtodos e pressupostos

    quantificados aplicados na determinao do valor recupervel, imparidades reconhecidas e revertidas,

    bem como a justificao para os casos em que os ativos se encontram reconhecidos ao seu valor

    escriturado (carrying amount), no tendo sido por isso reconhecida qualquer imparidade. Salienta-se

    que, independentemente de existir ou no qualquer indicao de imparidade, o emitente dever testar

    anualmente a imparidade de um ativo intangvel com uma vida til indefinida ou um ativo intangvel ainda

    no disponvel para uso, bem como a imparidade do goodwill (IAS 36.10)

    A entidade deve basear as projees de fluxos de caixa em pressupostos razoveis e suportveis que

    representem a melhor estimativa da gerncia das condies econmicas que existiro durante a vida til

    remanescente do ativo (IAS 36.33.a)).

    Quando a quantia recupervel se basear no valor de uso, a entidade dever divulgar os pressupostos-

    chave utilizados nos clculo das projees de fluxos de caixa, e no somente a taxa de desconto e a taxa

    de crescimento utilizada na perpetuidade (IAS 36.134.d)i)).

    Os pressupostos e mtodos utilizados na avaliao da imparidade do goodwill devem ser

    consistentemente aplicados ao longo dos exerccios.

    Merece realce a necessidade de divulgao de anlises de sensibilidade nos casos em que a assuno

    de pressupostos diferentes dos utilizados pela gerncia, mas razoavelmente possveis, pudessem

    conduzir ao reconhecimento de imparidades (IAS 36.134.f)).

    Assim sendo, nas situaes em que o valor recupervel esteja relativamente prximo do valor escriturado

    - ainda que o ativo no esteja em imparidade -, a entidade dever elaborar e divulgar uma anlise de

    sensibilidade, que demonstre o efeito que uma variao razoavelmente possvel nos pressupostos fizesse

    com que a quantia escriturada excedesse a sua quantia recupervel. Nas situaes em que a entidade

    tenha reconhecido imparidade, dever tambm realizar e divulgar uma anlise de sensibilidade dos

    pressupostos utilizados e os respetivos impactos no valor recupervel, tendo em considerao a aferio

    da possibilidade da recuperao ou reforo da referida imparidade. Nestas situaes, devem tambm ser

    divulgados os valores atribudos aos pressupostos chave (IAS 36.134.f)).

    Das emendas IAS 36 introduzidas pelo Regulamento (EU) N. 1374/2013 da Comisso de 19 de

    dezembro salienta-se a exigncia da divulgao da quantia recupervel de acordo com a IAS 36.130.e) e

    o disposto na IAS 36.130.f). De acordo com estes pargrafos, uma entidade deve divulgar, para cada ativo

    ou unidade geradora de caixa relativamente aos quais tenha sido reconhecida ou revertida uma perda por

    imparidade durante o perodo, se a quantia recupervel representar o justo valor menos os custos de

    alienao: i) o nvel na hierarquia do justo valor como definido na IFRS 13 no qual a mensurao do justo

    valor do ativo (unidade geradora de caixa) classificada na sua totalidade; ii) para as mensuraes pelo

    justo valor classificadas nos nveis 2 e 3 da hierarquia do justo valor, uma descrio das tcnicas de

  • 23 | DMEI | CIRCULAR SOBRE CONTAS ANUAIS | 2015-01-30

    avaliao utilizadas para mensurar o justo valor menos os custos de alienao, e divulgar alguma

    alterao ocorrida, se aplicvel; e iii) para as mensuraes pelo justo valor classificadas nos nveis 2 e 3

    da hierarquia do justo valor, cada pressuposto-chave no qual a direo baseou o seu clculo de justo valor

    menos os custos de alienao. Os pressupostos-chave so aqueles aos quais a quantia recupervel do

    ativo (unidade geradora de caixa) mais sensvel.

    A entidade deve tambm divulgar as taxas de desconto utilizadas no mtodo de mensurao atual e no

    mtodo anterior se o justo valor menos os custos de alienao for mensurado pelo mtodo de mensurao

    atual.

    2.8.10. IAS 37 Provises, passivos contingentes e ativos contingentes

    O pargrafo 85 da IAS 37 estabelece que a entidade deve divulgar, para cada classe de proviso: (i) uma

    descrio da natureza da obrigao e do momento em que so esperados exfluxos de benefcios

    econmicos futuros, (ii) qualquer incerteza acerca do montante ou momento da ocorrncia dos exfluxos

    futuros, devendo ainda a entidade divulgar os principais pressupostos considerados relativamente a

    acontecimentos futuros e (iii) a quantia de qualquer reembolso esperado, indicando a quantia de qualquer

    ativo que tenha sido reconhecido tendo por base essa expectativa.

    A informao dever ser divulgada de forma desagregada, devendo as consequncias financeiras de

    riscos que so diferentes em natureza, ser apresentadas em classes distintas de provises.

    Ainda neste mbito, a IAS 12.88 estabelece que uma entidade deve divulgar quaisquer passivos

    contingentes e ativos contingentes relacionados com impostos de acordo com a IAS 37.

    2.8.11. IFRS 3 Concentraes de atividades empresariais

    Salientam-se neste mbito as exigncias de divulgao definidas no pargrafo 59 e seguintes, segundo

    os quais, a entidade adquirente deve divulgar informao que permita ao utilizador das demonstraes

    financeiras compreender a natureza e os impactos financeiros das concentraes de atividades

    empresariais que tenham sido efetuadas. A informao disponibilizada dever permitir aos utentes

    compreender os impactos da aplicao desta norma, sendo importante a identificao clara do purchase

    price allocation.

    Em conformidade com o pargrafo B64, a entidade adquirente deve divulgar, nomeadamente, (i) as

    quantias reconhecidas data de aquisio para cada classe de ativo, passivo e passivos contingentes,

    (ii) as quantias do rdito e dos lucros ou prejuzos da adquirida desde a data de aquisio includas na

    demonstrao do rendimento integral consolidada do perodo de relato; e (iii) o rdito e os lucros ou

    prejuzos da entidade concentrada do perodo de relato corrente como se a data de aquisio para todas

    as concentraes de atividades empresariais ocorridas durante o ano tivesse sido o incio do perodo de

    relato anual.

    O pargrafo B67.a) da IFRS 3 estabelece que, se a contabilizao inicial de uma concentrao de

    atividades empresariais no estiver concluda (vide IFRS 3.45) para determinados ativos, passivos,

    interesses que no controlam ou itens de retribuio, estando as quantias reconhecidas nas

    demonstraes financeiras da concentrao de atividades empresariais determinadas apenas

    provisoriamente, a entidade adquirente deve divulgar: i) as razes pelas quais a contabilizao inicial da

    concentrao de atividades empresariais no est concluda; ii) os ativos, passivos, interesses de capital

  • 24 | DMEI | CIRCULAR SOBRE CONTAS ANUAIS | 2015-01-30

    prprio ou itens de retribuio relativamente aos quais a contabilizao inicial no est concluda; e iii) a

    natureza e a quantia de quaisquer ajustamentos de mensurao reconhecidos durante o perodo de relato

    de acordo com o pargrafo 49 da IFRS 3.

    A entidade dever descrever de forma clara e completa os mtodos e pressupostos utilizados na avaliao

    do valor do goodwill reconhecido - e consequentemente, da imparidade associada ao mesmo -

    assegurando o cumprimento da IAS 36 Imparidade de ativos.

    2.8.12. IFRS 8 Segmentos operacionais

    Nos termos da IFRS 8.5, os segmentos operacionais devero ser uma componente de uma entidade:

    (a) que desenvolve atividades de negcio de que pode obter rditos e incorrer em gastos (incluindo

    rditos e gastos relacionados com transaes com outros componentes da mesma entidade);

    (b) cujos resultados operacionais so regularmente revistos pelo principal responsvel pela tomada de

    decises operacionais da entidade para efeitos da tomada de decises sobre a imputao de

    recursos ao segmento e da avaliao do seu desempenho; e

    (c) relativamente qual esteja disponvel informao financeira distinta.

    Note-se que a definio de principal responsvel pela tomada de decises operacionais, identifica uma

    funo e no necessariamente um gerente ou administrador. Deste modo, o conselho de administrao

    no ser, obrigatoriamente, o principal responsvel pela tomada de decises operacionais.

    De salientar, ainda, no mbito da anlise de reporte por segmentos, que os oramentos utilizados

    internamente pela entidade vinculam a mesma, devendo ser coerentes com as estimativas de fluxos de

    caixa utilizadas na mensurao de ativos e testes imparidade dos mesmos.

    2.8.13. IFRS 10 Demonstraes financeiras consolidadas

    A IFRS 10, a IFRS 11 Acordos conjuntos, a IFRS 12 - Divulgao de interesses noutras entidades e as

    emendas IAS 27 e IAS 28 (denominado pacote de consolidao), so de aplicao obrigatria na

    preparao das demonstraes financeiras de exerccios com incio em ou aps 1 de janeiro de 2014.

    A IFRS 10 define um modelo de consolidao nico, que identifica a relao de controlo como base para

    a consolidao de todos os tipos de entidades e estabelece a forma de aplicao do princpio do controlo

    para concluir se um investidor controla uma investida e deve, portanto, consolidar essa investida. Esta

    norma substitui a IAS 27 Demonstraes financeiras consolidadas e separadas e a SIC 12 -

    Consolidao Entidades com finalidade especial.

    De acordo com o pargrafo 7 da IFRS 10, um investidor controla uma investida se, e apenas se tiver,

    cumulativamente: (a) poder sobre a investida; (b) exposio ou direitos a resultados variveis por via do

    seu relacionamento com a investida; (c) a capacidade de usar o seu poder sobre a investida para afetar o

    valor dos resultados para os investidores, encontrando-se explicitado nos pargrafos 8 a 18 os fatores a

    tomar em considerao na verificao de cada uma das condies.

    Em conformidade com o pargrafo 10, um investidor tem poder sobre uma investida se for detentor de

    direitos existentes que lhe conferem num determinado momento a capacidade de orientar as atividades

    relevantes, ou seja, as atividades que afetam significativamente os resultados da investida.

  • 25 | DMEI | CIRCULAR SOBRE CONTAS ANUAIS | 2015-01-30

    De acordo com a IFRS 10.15, um investidor est exposto ou detentor de direitos a resultados variveis

    por via do seu relacionamento com a investida se os resultados do investidor por via do seu relacionamento

    com a investida puderem variar em funo do desempenho da mesma. Um investidor controla uma

    investida se tiver no s poder sobre a investida e exposio ou direitos a resultados variveis por via do

    seu relacionamento com a investida, mas tambm a capacidade de utilizar o seu poder para afetar os

    seus resultados como investidor por via do seu relacionamento com a investida (IFRS 10.17).

    Salienta-se que o guia de aplicao desta norma inclui inmeros exemplos, contendo indicadores e fatores

    que uma entidade dever tomar em considerao aquando da avaliao sobre se controla, ou no

    controla, uma determinada investida.

    Ainda neste mbito, segundo a IFRS 12.7(a), uma entidade deve divulgar informao sobre os

    julgamentos e pressupostos significativos nos quais se baseou (e sobre as alteraes a esses julgamentos

    e pressupostos) para determinar que exerce controlo sobre a outra entidade.

    Nos termos da IFRS 12.10, a entidade dever divulgar informao que permita aos utentes das suas

    demonstraes financeiras consolidadas compreender o interesse que os interesses que no controlam

    detm sobre as atividades e os fluxos de caixa do grupo, nomeadamente a informao exigida pelos

    pargrafos 12 e B10 desta norma. A entidade ter que determinar que subsidirias tm interesses que

    no controlam considerados materiais para o emitente, devendo avaliar de forma cuidada a informao

    financeira a divulgar sobre as referidas subsidirias, por forma a assegurar o cumprimento dos objetivos

    do pargrafo 10. Tambm til para os utilizadores da informao financeira, se for caso disso, a alocao

    desses interesses minoritrios aos segmentos operacionais.

    Salienta-se ainda a necessidade de a entidade divulgar, em conformidade com a IFRS 12.13, (a) as

    restries significativas (nomeadamente legais, contratuais ou regulamentares) sua capacidade para

    aceder a ou usar ativos e liquidar passivos do grupo (ex. transferncia de dinheiro ou pagamento de

    dividendos). A este propsito salienta-se igualmente, a divulgao exigida pela IAS 7.48, em que uma

    entidade deve divulgar, juntamente com um comentrio da gerncia, a quantia dos saldos significativos

    de caixa e seus equivalentes detidos pela entidade que no estejam disponveis para uso do grupo

    (exemplos incluem saldos de caixa e seus equivalentes detidos por uma subsidiria que opere num pas

    onde se apliquem controlos sobre trocas monetrias ou outras restries legais quando os saldos no

    estejam disponveis para uso geral pela empresa-me ou outras subsidirias); (b) a natureza e a medida

    em que os direitos de proteo dos interesses que no controlam podem restringir significativamente a

    capacidade da entidade para aceder a ou usar ativos e liquidar passivos do grupo; e (c) as quantias

    escrituradas nas demonstraes financeiras consolidadas dos ativos e passivos abrangidos por essas

    restries.

    2.8.14. IFRS 11 Acordos conjuntos

    A IFRS 11 define princpios para o relato financeiro pelas partes em acordos conjuntos e substitui a IAS

    31 - Interesses em empreendimentos conjuntos e a SIC 13 - Entidades conjuntamente controladas

    Contribuies no monetrias por empreendedores.

    De acordo com o pargrafo 5, um acordo conjunto um acordo no qual (a) as partes esto vinculadas por

    um acordo contratual e (b) o acordo contratual confere a duas ou mais dessas partes o controlo conjunto

    do acordo, devendo ser utilizada a definio de controlo da IFRS 10.

  • 26 | DMEI | CIRCULAR SOBRE CONTAS ANUAIS | 2015-01-30

    O controlo conjunto consiste na partilha contratualmente acordada do controlo sobre um acordo, que s

    existe quando as decises sobre as atividades relevantes requerem o consentimento unnime das partes

    que partilham o controlo (IFRS 11.7). Em conformidade com a IFRS 11.12, uma entidade ter de aplicar

    o seu julgamento ao apreciar se todas as partes, ou um grupo das partes, detm o controlo conjunto de

    um acordo. As entidades devem fazer esta apreciao tendo em considerao todos os factos e

    circunstncias (ver pargrafos B5B11).

    Um acordo conjunto pode ser (i) uma operao conjunta, quando as partes que detm o controlo conjunto

    do acordo tm direitos sobre os ativos e obrigaes pelos passivos relacionados com esse acordo ou (ii)

    um empreendimento conjunto, quando as partes que detm o controlo conjunto do acordo tm direitos

    sobre os ativos lquidos do acordo, nos termos da IFRS 11.15 e 16.

    A entidade dever aplicar o seu julgamento para determinar se um acordo conjunto uma operao

    conjunta ou um empreendimento conjunto, devendo para isso tomar em considerao os direitos e as

    obrigaes decorrentes do acordo. Uma entidade aprecia os seus direitos e obrigaes tendo em

    considerao a estrutura e a forma legal do acordo, os termos acordados pelas partes no acordo contratual

    e, quando relevantes, outros factos e circunstncias (IFRS 11.17).

    No que respeita aos outros factos e circunstncias que devero ser considerados pela entidade aquando

    do apuramento do tipo de acordo em causa, salienta-se que este tema foi discutido em 2013 e 2014 pelo

    IFRS Interpretations Committee, permanecendo ativo na sua agenda, pelo que os emitentes devero ter

    em ateno as concluses atingidas pelo mesmo. Adicionalmente, na avaliao de outros factos e

    circunstncias devero apenas ser considerados os que criem direitos sobre os ativos e obrigaes sobre

    os passivos que sejam enforceable. Por exemplo, as prticas do passado, a inteno das partes ou

    necessidades relacionadas com a atividade no so suficientes para criar direitos sobre os ativos e

    obrigaes de passivos. Salienta-se que para um acordo conjunto ser classificado como operao

    conjunta as partes tm, na substncia, que ter direitos diretos nos ativos e obrigaes diretas nos passivos.

    Dever ser dada ateno pela entidade ao estabelecido na IFRS 11.B12 a B33.

    Salienta-se neste mbito, a IFRS 12.7(b) e (c), segundo a qual uma entidade deve divulgar informao

    sobre os julgamentos e pressupostos significativos nos quais se baseou (e sobre as alteraes a esses

    julgamentos e pressupostos) para determinar (i) que exerce o controlo conjunto sobre um acordo; e (ii) o

    tipo de acordo conjunto, quando o acordo estiver estruturado atravs de um veculo separado.

    A IFRS 12.20 exige ainda a divulgao de informao que permita aos utentes das suas demonstraes

    financeiras avaliar a natureza, extenso e efeitos financeiros dos seus interesses em acordos conjuntos

    (de acordo com os pargrafos 21 e 22), bem como a natureza e as alteraes nos riscos associados a

    interesses em empreendimentos conjuntos (em conformidade com o pargrafo 23). Destaca-se, neste

    ltimo caso, a necessidade de divulgar, para cada empreendimento conjunto que seja material, um resumo

    da informao financeira sobre o empreendimento conjunto, conforme requerido pelos pargrafos B12 e

    B13, devendo o emitente avaliar que informao (quantitativa e qualitativa) dever ser facultada por forma

    a cumprir com os objetivos definidos na IFRS 12.20. Considera-se til divulgar em que segmentos

    operacionais os empreendimentos conjuntos se encontram alocados.

    A adoo pela primeira vez da IFRS 10 e IFRS 11 poder conduzir a alteraes no mbito da consolidao

    ou na contabilizao dos acordos conjuntos, devendo as entidades que alterem a deciso de consolidar

    ou no uma investida, divulgar os motivos para a reavaliao da relao com a investida, os pressupostos

    utilizados e julgamentos efetuados, os fatores especficos da participada decisivos na avaliao efetuada,

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    e descrever o impacto da alterao na poltica contabilstica adotada, em conformidade com a IAS 8.28.

    Um exemplo disso ocorre, quando a aplicao da IFRS 10 altera a avaliao da existncia de controlo

    quando a entidade detenha menos de metade dos direitos de voto ou quando avalia potenciais direitos de

    voto.

    Nos casos em que a entidade utilizava anteriormente o mtodo da consolidao proporcional no

    reconhecimento dos interesses em entidades controladas conjuntamente que agora classifica como

    empreendimentos conjuntos, tendo passado a reconhecer os mesmos de acordo com o mtodo da

    equivalncia patrimonial, dever ser divulgado o impacto decorrente da alterao na