Diário de Viagem do 7º Prêmio Literário Manuel Maria Barbosa du Bocage Prof. Robson Tadeu...

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Diário de Viagem do 7º Diário de Viagem do 7º Prêmio Literário Manuel Prêmio Literário Manuel

Maria Barbosa du Maria Barbosa du BocageBocage

Prof. Robson Tadeu Prof. Robson Tadeu Rodrigues PereiraRodrigues Pereira

II Semana de Debates Acadêmicos e Científicos da FADILESTE - 2005

Curso de Letras

Bocage e as ninfas, prisão e exílio.Bocage e as ninfas, prisão e exílio.

Prisão e exílio de Bocage no painel dos Prisão e exílio de Bocage no painel dos pintores setubalensespintores setubalenses

Baseado na vida e obra de Bocage: Baseado na vida e obra de Bocage: painel pintado por artistas plásticos de painel pintado por artistas plásticos de

Setúbal.Setúbal.

"Concerto para Bocage" sob o céu azul de Setúbal. "Concerto para Bocage" sob o céu azul de Setúbal. Flâmulas verdes, amarelas, azuis e brancas. ornam Flâmulas verdes, amarelas, azuis e brancas. ornam a estátua do poeta. Reverência tardia às riquezas a estátua do poeta. Reverência tardia às riquezas

levadas do Brasil.levadas do Brasil.

Praça do Bocage na manhã de 15 de Praça do Bocage na manhã de 15 de Setembro.Setembro.

Grupo de teatro encena a inauguração Grupo de teatro encena a inauguração da estátua e da praça do Bocage em da estátua e da praça do Bocage em

1871.1871.

Atores encenam a inauguração da Atores encenam a inauguração da Praça do BocagePraça do Bocage

José Jorge Letria fala de educação, José Jorge Letria fala de educação, afeto e literatura.afeto e literatura.

Conferência "Já Bocage não sou": vereadora da Conferência "Já Bocage não sou": vereadora da Educação e Cultura, Maria das Dores Marques Educação e Cultura, Maria das Dores Marques Banheiro Meira, o escritor, José Jorge Letria e o Banheiro Meira, o escritor, José Jorge Letria e o

Presidente do Centro de Estudos Bocagianos, Daniel Presidente do Centro de Estudos Bocagianos, Daniel Pires.Pires.

Professor Maurício Costa: presidente da Professor Maurício Costa: presidente da Fundação Cultural LASA. Embevecidos Fundação Cultural LASA. Embevecidos

ao ouvir José Jorge Letria.ao ouvir José Jorge Letria.

Sendo apresentado ao aclamado Sendo apresentado ao aclamado escritor português da escritor português da

contemporaneidade: José Jorge Letriacontemporaneidade: José Jorge Letria

José Jorge Letria: o mais premiado José Jorge Letria: o mais premiado escritor português da actualidade,escritor português da actualidade,

Flâmulas brasileiras ao redor da Flâmulas brasileiras ao redor da estátua de Bocage.Vista da sacada dos estátua de Bocage.Vista da sacada dos

"Paços do Concelho""Paços do Concelho"

Final da conferência com José Jorge Final da conferência com José Jorge Letria. Fim de tarde sobre a Praça do Letria. Fim de tarde sobre a Praça do

Bocage.Bocage.

Apresentação do trabalho premiado: Apresentação do trabalho premiado: constrangido pela apresentação do constrangido pela apresentação do

jornalista Policarpo.jornalista Policarpo.

Agradecimentos pelo prêmio e pelo Agradecimentos pelo prêmio e pelo tratamento recebido: lágrimas do amigo tratamento recebido: lágrimas do amigo

Policarpo.Policarpo.

Discutindo pontos temáticos do ensaio Discutindo pontos temáticos do ensaio "Bocage: um vendaval que se soltou.""Bocage: um vendaval que se soltou."

Emoção: o pianista toca Aquarela Emoção: o pianista toca Aquarela Brasileira de Ary Barroso.Brasileira de Ary Barroso.

A poesia bocagiana cantada pela A poesia bocagiana cantada pela tradição do fado.tradição do fado.

"Vem por aqui" — dizem-me "Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos docesalguns com os olhos docesEstendendo-me os braços, e Estendendo-me os braços, e segurossegurosDe que seria bom que eu os De que seria bom que eu os ouvisseouvisseQuando me dizem: "vem por aqui!"Quando me dizem: "vem por aqui!"Eu olho-os com olhos lassos,Eu olho-os com olhos lassos,(Há, nos olhos meus, ironias e (Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)cansaços)

Cântico negroCântico negroJosé RégioJosé Régio

E cruzo os braços,E cruzo os braços,E nunca vou por ali...E nunca vou por ali...A minha glória é esta:A minha glória é esta:Criar desumanidades!Criar desumanidades!Não acompanhar ninguém.Não acompanhar ninguém.— Que eu vivo com o mesmo — Que eu vivo com o mesmo sem-vontadesem-vontade

Com que rasguei o ventre à minha Com que rasguei o ventre à minha mãemãeNão, não vou por aí! Só vou por Não, não vou por aí! Só vou por ondeondeMe levam meus próprios passos...Me levam meus próprios passos...Se ao que busco saber nenhum de Se ao que busco saber nenhum de vós respondevós respondePor que me repetis: "vem por Por que me repetis: "vem por aqui!"?aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos Prefiro escorregar nos becos lamacentos,lamacentos,Redemoinhar aos ventos,Redemoinhar aos ventos,Como farrapos, arrastar os pés Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,sangrentos,A ir por aí...A ir por aí...Se vim ao mundo, foiSe vim ao mundo, foiSó para desflorar florestas virgens,Só para desflorar florestas virgens,E desenhar meus próprios pés na E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!areia inexplorada!O mais que faço não vale nada.O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vósComo, pois, sereis vósQue me dareis impulsos, Que me dareis impulsos, ferramentas e coragemferramentas e coragemPara eu derrubar os meus Para eu derrubar os meus obstáculos?...obstáculos?...Corre, nas vossas veias, sangue Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,velho dos avós,E vós amais o que é fácil!E vós amais o que é fácil!Eu amo o Longe e a Miragem,Eu amo o Longe e a Miragem,Amo os abismos, as torrentes, os Amo os abismos, as torrentes, os desertos...desertos...

Ide! Tendes estradas,Ide! Tendes estradas,Tendes jardins, tendes canteiros,Tendes jardins, tendes canteiros,Tendes pátria, tendes tetos,Tendes pátria, tendes tetos,E tendes regras, e tratados, e E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...filósofos, e sábios...Eu tenho a minha Loucura !Eu tenho a minha Loucura !Levanto-a, como um facho, a arder Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,na noite escura,

E sinto espuma, e sangue, e E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...cânticos nos lábios...Deus e o Diabo é que guiam, mais Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!ninguém!Todos tiveram pai, todos tiveram Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;mãe;Mas eu, que nunca principio nem Mas eu, que nunca principio nem acabo,acabo,Nasci do amor que há entre Deus e Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,intenções,Ninguém me peça definições!Ninguém me peça definições!Ninguém me diga: "vem por aqui"!Ninguém me diga: "vem por aqui"!A minha vida é um vendaval que A minha vida é um vendaval que se soltou,se soltou,É uma onda que se alevantou,É uma onda que se alevantou,É um átomo a mais que se É um átomo a mais que se animou...animou...

Não sei por onde vou,Não sei por onde vou,Não sei para onde vouNão sei para onde vouSei que não vou por aí!Sei que não vou por aí!

Já Bocage não sou!... À cova Já Bocage não sou!... À cova escura escura Meu estro vai parar desfeito em Meu estro vai parar desfeito em vento... vento... Eu aos Céus ultrajei! O meu Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento tormento Leve me torne sempre a terra Leve me torne sempre a terra dura. dura.

   Conheço agora já quão vã figura Conheço agora já quão vã figura Em prosa e verso fez meu louco Em prosa e verso fez meu louco intento. intento. Musa!... Tivera algum Musa!... Tivera algum merecimento, merecimento, Se um raio da razão seguisse, Se um raio da razão seguisse, pura! pura!

   Eu me arrependo; a língua quase Eu me arrependo; a língua quase fria fria Brade em alto pregão à mocidade, Brade em alto pregão à mocidade, Que atrás do som fantástico corria: Que atrás do som fantástico corria:

““Outro Aretino fui... A santidade Outro Aretino fui... A santidade Manchei... Oh!, se me creste, Manchei... Oh!, se me creste, gente impia, gente impia, Rasga os meus versos, crê na Rasga os meus versos, crê na Eternidade!” Eternidade!”

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