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,DIARIO
República Federativa do Brasil
DO CONGRESSO NACIONALSEÇÃO I
ANO XLII - N' 46lO
CAPITAL FEDERAL QUARTA-FEIRA, 4 DE NOVEMBRO DE 1987
CAMARA DOS DEPUTADOSSUMÁRIO
1- ATA DA 54' SESSÃO DA l' SESSÃO LEGISLATIVA DA 48' LEGISLATURA EM 3 DE NO·VEMBRO DE 1987
1 - Abertura da Sessão
fi - Leitura e lIIIIiDatura da ata da sessão anterior
m - LeItura do Expediente
SIQUEIRA CAMPOS (Questão de ordem) Inconveniência de reunião da Câmara dos Deputados em horário noturno.
PRESIDENTE - Resposta à questão de ordemdo Deputado Siqueira Campos.
FRANCISCO KÜSTER (Questão de ordem) Existência de matérias importantes para deliberaçãoda Casa até o fin.l do presente ano legislativo.
PRESIDENTE - Resposta à questão de ordemdo Deputado Francisco Küster.
IV - Pequeuo Expediente
NILSON GIBSON - Artigos "Usurpação de poderes" e "O inviável parlamentarismo", publicadospelo jornal O Globo.
AMAURY MÜLLER (Questão de ordem) Protesto contra a não realização de sessão ordináriada Câmara dos Deputados no período matutino.
PRESIDENTE - Resposta à questão de ordemdo Deputado Amaury Müller.
ANTÔNIO DE JESUS - Horário de funciona·mento da rede bancária no Município de Anápolis,Estado de Goiás.
MÁRIO LIMA - Omissão do Governo quantoao comportamento das fábricas nacionais de veículosautomotores.
SÉRGIO SPADA - Falta de apoio governamental aos agricultores e suinocultores do oeste paranaense.
AUGUSTO CARVALHO - Solidariedade doPCB aos rol1oviários de Brasíliií, ém greve.
ÁTILA LIRA - Posse do Senador Hugo Napoleão no Ministério da Educação.
JOFRAN FREJAT - Greve dos rodoviários deBrasília, Distrito Federal.
UBIRATAN AGUIAR - Posse do Senador Hugo Napoleão no Ministério da Educação.
FRANCISCO KÜSTER - Demora na remessa,pelo Poder Executivo, ao Congresso Nacional, doprojeto dispondo sobre o plano de cargos e carreiraspara funcionários da Previdência Social. Retaliação, pelo Governo do Estado de Santa Catarina,contra professores grevistas da rede oficial.
JOÃO DE DEUS ANTUNES - Artigo "O império da lei da selva", publicado pela revista Manchete.
OSVALDO BENDER - Protesto dos produtores de leite do Rio Grande do Sul contra estabelecimento de cota extra de produção. Suspensão daimportação de leite em pó.
ADROALDO STRECK - Denúncias contra oPresidente José Sarney pela adoção de atos atentatórios à Constituição Federal. Artigo "Um Ministério Clandestino no Planalto", publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo.
OSWALDO LIMA FILHO (Questão de ordem)- Inclusão, na pauta da Ordem do Dia, do Projetode Lei n' 1.204, de 1983, dispondo sobre o inquilinato.
PRESIDENTE - Resposta à questão de ordemdo Deputado Oswaldo Lima Filho.
ARNALDO FARIA DE SÁ - Aplausos pelaaprovação de requerimento de urgência para apreciação de projeto de lei dispondo sobre benefíciosàs microempresas. Insucesso do orador em ação cautelar e ação popular contra pagamento de duas folhas laudatórias, publicadas na imprensa nacional,do ex-Ministro Raphael da Almeida Magalhães.
JOSÉ MENDONÇA DE MORAIS - Falta derecursos para liberação, pelo Banco do Brasil, deparcelas de contratos de financiamento de custeioagrícola no Centro-Sul do País.
JOSÉ ELIAS MURAD - Alijamento da maioriados Constituintes na feitura da nova Constituição.
ADYLSON MOTIA - Falta de iniciativa daMesa da Cãmara dos Deputados para instalação deCPI destinada a apurar irregularidades na importação de alimentos. Ajustamento do Regimento In-
temo da Câmara dos Deputados ao da AssembléiaNacional Constituinte, para funcionamento normalda Casa. Retenção, pelo Poder Executivo, de decretos editados pelo Presidente José Sarney. Alijamento da maioria dos Constituintes na feitura da novaConstituição.
AÉCIO DE BORBA - Transcurso do septuagésimo aniversário de fundação e trigésimo quintode implantação no Brasil do Lions Internacional.
RUY NEDEL - Reajuste do preço do trigo emface da eliminação de subsídios para a triticultura.
OSVALDO TREVISAN - "Compromisso coma Nação", firmado pela Aliança Democrática.
AMAURY MÜLLER - Não cumprimento, pelaNova República, de compromissos assumidos empraça pública. Responsabilidade do clero progressista da Igreja Católica por conflitos fundiários noPaís. Defmição da Mesa da Câmara dos Deputadossobre o aumento de vencimentos do funcionalismoda Casa.
ANTONIOCARLOS MENDES THAME Transcurso do centésimo décimo aniversário de imigração dos trentinos no Município de Piracicaba,Estado de São Paulo.
TITO COSTA - Comemoração dos vinte e cincoanos de atividades do Conselho de FraternidadeCristão-Judaica.
VICTOR FACCIONI - Instalação de CPI destinada a apurar as causas e conseqüências da nãoconsolidação do Pólo Petroquímico do Sul.
DENISAR ARNEIRO - Críticas ao capítulo"Dos Direitos Sociais", do substitutivo ao projetode Constituição, aprovado pela Comissão de Sistematização.
JORGE ARBAGE - Homenagem a Dom TadeuHenrique Prost, Bispo Auxiliar da Arquidiocesede Belém, pelos vinte e cinco anos de ordenaçãoepiscopal.
FRANCISCO AMARAL - Ação da SociedadePestalozzi de Campinas em favor do menor abandonado.
AMARAL NETIO - Desempenho da delegação brasileira na 78' Conferência Interparlamentar,realizada em Bangkok.
3326 Quarta-feira 4
OSCAR CORRÊA - Desempenho da delegaçãobrasileira na 78' Conferência Interparlamentar, realizada em Bangkok.
V - Comunicações das Lideranças
JOSÉ ELIAS - Apoio e engajamento da sociedade brasileira ao Programa de Ação Govemamen-
DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)
tal - PAG, lançado pelo Governo para o períodode 1987 a 1991.
AMAURY MÜLLER - Protesto contra a anunciada transformação de parte da dívida externa brasileira em capital de risco nas empresas estatais.
GENEBALDO CORREIA - Acerto da políticaadoada pelo Ministro Bresser Perreira, da Fazenda,na renegociação da dívida externa brasileira.
Novembro de 1987
VI - Apresentação de Proposições
VICTOR FACCIONI, FRANCISCO AMA-RAL.
vn - Encerramento
2 - MESA (Relação dos Membros)3 - LÍDERES E VICE-LÍDERES DE PARTIDOS
(Relação dos Membros)
Ata da 54l.1 Sessão, em 3 de novembro de 1987Presidência dos Srs.: Homero Santos, Primeiro-Vice-Presidente; Irma Passoni, Suplente de Secretário.
ÀS 22:00 HORAS COMPARF:C"EM OS SENHORES:
Acre
Alércio Dias - PFL; José Melo - PMDB.
Amazonas
Bernardo Cabral - PMDB; Beth Azize - PSB; Carrel Benevides - PMDB; José Dutra - PMDB; JoséFernandes - PDT.
Rondônia
Arnaldo Martins - PMDB; Assis Canuto - PFL;Francisco Sales - PMDB; José Guedes - PMDB;José Viana - PMDB; Raquel Cãndido - PFL; RitaFurtado - PFL.
Pará
Ademir Andrade - PMDB; Aloysio Chaves -PFL;Amilcar Moreira - PMDB; Arnaldo Moraes PMDB; Jorge Arbage .- PDS; Manoel Ribeiro PMDB.
Maranhão
Cid Carvalho - PMDB; Costa Ferreira - PFL; EnocVieira - PFL; Francisco Coelho - PFL; Haroldo Sabóia - PMDB; Jayme Santana - PFL; Joaquim Haickel- PMDB; José Carlos Sabóia - PMDB; José Teixeira - PFL; Wagner Lago - PMDB.
Piauí
Átila Lira - PFL; Felipe Mendes - PDS; JesualdoCavalcanti - PFL; Jesus TaJfa - PFL; José Luiz Maia- PDS; Paes Landim - PFL.
Ceará
Aécio de Borba - PDS; Bezerra de Melo - PMD B;César Cals Neto - PDS; Etevaldo Nogueira - PFL;Expedito Machado - PMDB; Furtado Leite - PFL;Gidel Dantas- PMDB; José Lins- PFL; Lúcio Alcântara - PFL; Luiz Marques - PFL; Manoel Viana PMDB; Mauro Sampaio - PMDB; Moema São Thiago- PDT; Moysés Pimentel- PMDB; Orlando Bezerra-PFL; Osmundo Rebouças -PMDB; Paes de Andra-de - PMDB; Raimundo Bezerra - fMDB; UbirataoAguiar -PMDB.
Rio Grande do Norte
Iberê Ferreira - PFL; Ismael Wanderley - PMOB;Vingt Rosado - PMDB.
Paraíba
Agassiz Almeida - PMDB; Aluízio Campos PMDB; Antonio Mariz .- PMDB; Edme Tavares PFL; João Agripino - PMDB; João da .\-lata - PFL;Lucia Braga - PFL.
Pernambuco
Cristina Tavares - PMDB; Egídio Ferreira Lima- PMDB; Fernando Lyra - PMDB; Gilson Machado- PFL; Gonzaga Patriota - PMDB; Harlan Gadelha- PMDB; Inocêncio Oliveira - PFL; José Moura -PFL; José Tinoco - PFL; Nilson Gibson - PMDB;Oswaldo Lima Filho - PMDB; Paulo Marques - PFL;Ricardo Fiuza - PFL; Roberto Freire - PCB; SalatielCarvalho - PFL.
Alagoas
Albérico Cordeiro - PFL; Eduardo Bonfim - PCdo B; Geraldo Bulhões - PMDB; José Costa PMDB; José Thomaz Nonõ - PFL; Roberto Torres-PTB.
Sergipe
Acival Gomes - PMDB; João Machado Rollemberg- PFL; José Queiroz - PFL; Messias Góis - PFL.
Bahia
Abigail Feitosa - PMDB; Ângelo MagalhãesPFL; Carlos Sant'Anna -- PMDB; Celso DouradoPMDB; Domingos Leonelli - PMDB; Eraldo Tinoco- PFL; Fernando Santana - PCB; Francisco Benjamim - PFL; Francisco Pinto - PMDB; GenebaldoCorreia - PMDB; Haroldo Lima - PC do B; JairoCarneiro - PFL; João Alves - PFL; Jonival Lucas- PFL; Jorge Hage - PMDB; Jorge Vianna - PMDB;José Lourenço - PFL; Jutahy Júnior - PMDB; LeurLomanto - PFL; Lídice da Mata - PC do B; LuizEduardo - PFL; Mário Lima - PMDB; Miraldo Gomes - PMDB; Raul Ferraz - PMDB; Sérgio Brito- PFL; Uldurico Pinto _. PMDB; VirgíldáslO de Senna- PMDB; Waldeck Ornélas - PFL.
Espírito Santo
Nelson Aguiar - PMDB; Nyder Barbosa - PMDB;Pedro Ceolin - PFL; Rita Camata - PMDB; StélioDias - PFL.
Rio de Janeiro
Adolfo Oliveira - PL; Amaral ~etto - PDS; Arturda Távola - PMDB; Brandão Monteiro - PDT; Carlos Alberto Caó - PDT; Daso Coimbra - P.\-lDB;Denisar Arneiro - PMDB; Fábio Raunheitti - PTB;Feres Nader - PDT; José Maurício - PDT; Luiz Salomão - PDT; Lysâneas Maciel - PDT; Márcio Braga- PMDB; Miro Teixeira - PMDB; "Ielson SabráPFL; Oswaldo Almeida -- PL; Paulo Ramos - PMDB;Roberto Augusto - PTH; Sandra CavalcantI - PFLSimão Sessim - PFL Vivaldo Barbosa - PDT; Vladimir Palmeira - PT.
Minas Gerais
Aloísio Vasconcelos ~- PMDB; Álvaro Antônio ~PMDB; BonifácIO de Andrada -- PDS; Carlos Cotta- P.\-lDB; Célio de Castro - PMDB; Chico Humberto- PDT; Christóvam Chiaradia - PFL; Dálton Cana-
brava - PMDB; Homero Santos - PFL; HumbertoSouto - PFL; Israel Pinheiro - PMDB; João Paulo- PT; José Elias Murad - PTB; José Geraldo PMDB; José Mendonça de Morais - PMDB; José Santana de Vasconcellos - PFL; José Ulísses de Oliveira- PMDB; Lael Varella - PFL; Leopoldo Bessone- PMDB; Luiz Alberto Rodrigues - PMDB; MarcosLima - PMDB; Mário Assad - PFL; Maurício Pádua- PMDB; Milton Reis - PMDB; Octávio Elísio PMDB; Oscar Corrêa - PFL; Paulo Delgado - PT;Pimenta da Veiga - PMDB; Raimundo Rezende PMDB; Roberto Vital - PMDB; Ronaro Corrêa PFL; Rosa Prata - PMDB; Sérgio Werneck - PMDB;Snvio Abreu - PMDB; Virgnio Galassi - PDS; Virgílio Guimarães - PT; Ziza Valadares - PMDB.
São Paulo
Agripino de Oliveira Lima - PFL; Airton Sandoval- PMDB; Antoniocarlos Mendes Thame - PFL; Antõnio Perosa - PMDB; Arnaldo Faria de Sá - PTB;Arnold Fioravante - PDS; Cardoso Alves - PMDB;Fausto Rocha - PFL; Florestan Fernandes - PT;Francisco Amaral - PMDB; Francisco Rossi - PTB;Gastone Righi - PTB; Geraldo Alckmm Filho PMDB; Gerson Marcondes - PMDB; Irma Passoni- PT; Jayme Paliarin - PTB; João Rezek - PMDB;Joaquim Bevilácqua - PTB; José Carlos Grecco PMDB; José Genoino ~ PT; José Serra - PMDB;Koyu lha - PMDB; Luis Inácio Lula da Silva - PT;Manoel Moreira ~ PMDB; Michel Temer - PMDB;Nelson Seixas - PDT; Paulo Zarzur - PMDB; PlínioArruda Sampaio ~ PT; Ricardo Izar - PFL; RobsonMarinho - PMDB; Sólon Borges dos Reis - PTB;Theodoro Mendes - PMDB; Tito Costa - PMDB;Ulysses Guimarães - PMOB.
Goiás
Aldo Arantes - PC do B; Antonio de Jesus PMDB; Délio Braz - PMDB; Fernando Cunha PMDB; Jalles Fontoura - PFL; João Natal- PMDB;José Freire - PMDB; Luiz Soyer - PMDB; MauroMiranda - PMDB; Naphtali Alves de Souza - PMDB;Nion Albernaz - PMDB; Pedro Canedo - PFL; Siqueira Campos - PDC.
Distrito Federal
Augusto Carvalho - PCB; Francisco CarneiroPMDB; Geraldo Campos - PMDB; Jofran Frejat PFL; Maria de Lourdes Ahadia - PFL; SigmaringaSeixas - PMDB; Valmir Campelo - PFL.
Mato Grosso
Antero de Barros - PMOB; Joaquim Sueena PMDB; Jonas Pmheiro - PFL; Rodrigues Palma PMDB; Ubiratan Spinelli - POSo
Mato Grosso do Sul
Gandi Jamil - PFL; José Elias - PTB; Plínio Martins _. PMDB; Ruhen FigueirlÍ-- PMDB; Saulo QueirlÍz ~ PFL.
~ovembro de 1987
ParllDá
Alceni Guerra - PFL; Basilio VilIani - PMDB;Dionísio Dal Prá - PFL; Euclides Scalco - PMDB;Hélio Duque - PMDB; José Tavares - PMDB; Jovanni Masini - PMDB; Maurício Nasser - PMDB; Nelton Friedrich - PMDB; Oswaldo Trevisan - PMDB;Paulo Pimentel- PFL; Sérgio Spada - PMDB; TadeuFrança - PMDB.
Santa Catarina
Antoniocarlos Konder Reis - PDS; Cláudio Ávila- PFL; Francisco Küster- PMDB; Henrique Córdova- PDS; Ivo Vanderlinde - PMDB; Neuto de Conto- PMDB; Orlando Pacheco - PFL; Renato Vianna- PMDB; Ruberval Pilotto - PDS; Vilson Souza -PMDB.
Rio Grande do Sul
Adroaldo Streck - PDT; Adylson Motta - PDS;Amaury Müller - PDT; Antônio Britto - PMDB;Arnaldo Prieto - PFL; Carlos Cardinal- PDT; DarcyPozza - PDS; Ibsen Pinheiro - PMDB; João de DeusAntunes - PDT; Júlio Costamilan - PMDB; LélioSouza - PMDB; Luís Roberto Ponte - PMDB; Men·des Ribeiro - PMDB; Nelson Jobim - PMDB; Osvaldo Bender - PDS; Paulo Mincarone - PMDB; RuyNedel- PMDB; Victor Faccioni - PDS.
Amapá
Annibal Barcellos - PFL; Eraldo Trindade - PFL;Geovani Borges - PFL; Raquel Capiberibe - PMDB.
Roraima
Chagas Duarte - PFL; Marluce Pinto - PTB; Mozarildo Cavalcanti - PFL; Ottomar Pinto - PTB.
5.14
I - ABERTURA DA SESSÃO
o SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - A listade presença registra o comparecimento de 257 SenhoresDeputados.
Está aberta a sessão.Sob a proteção de Deus iniciamos nossos trabalhos.O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão
anterior.
11- LEITURA DA ATA
o SR. ALBÉRICO CORDEIRO, Segundo-Secretárioprocede à leitura d ata da sessão antecedente, a qualc, sem observações, assinada.
O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Passa-seà leitura do expediente.
IH - EXPEDIENTE
Não há expediente a ser lido.
O Sr. Siqueira Campos - Sr. Presidente, peço apalavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Tem apalavra o nobre Deputado.
O SR. SIQUEIRA CAMPOS (PDC - GO. Sem revisão do orador.) - Sr. POesidente, solicito a V. Ex'que faça gestões junto ao Presidente Ulysses Guimarãespara mudarmos horários como o desta noite para sessões da Câmara dos Deputados, quando não é possívelaprovarmos nada, nem darmos atenção a nada.
Acredito que essas reuniões não farão bem ao País,nem aos homens que integram esta Casa. Se não formostodos homens de bem, se houver alguns que desejemaproveitar essas sessões noturnas, às quais ninguémcomparece, eles estarão muito à vontade para golpearos seus adversários e os interesses da Nação. É preciso
DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)
que se arranje um melhor horário para as sessões destaCasa. As manhãs de quartas e quintas-feiras estavamlivres, e nós, da Comissão de Sistematização, vamosaproveitá-las. É necessário encontrar um horário adequado para os nossos trabalhos, pois na calada da noite,todos estão cansados ou há muitos auesentes. Quantaspessoas há neste plenário? Não há trinta. Esta situaçãoé extremamente desagradável. Sei que fizemos uma reunião de líderes para aprovarmos as reuniões da Comissão de Sistematização e da Assembléia Nacional Constituinte, mas sessões da Cãmara neste horário não foramaventadas. Esta foi uma solução posterior.
Tenho uma grande admiração pelo Presidente Ulysses Guimarães, que sei um homem correto. Realmente,não sobravam horários. Mas hoje estamos vendo quehá algumas manhãs livres durante a semana ou podemostrabalhar mesmo aos sábados. Vamos reunir-nos de dia,porque tarde da noite não fica bem. Estamos fazendocada coisa errada. Isso se reflete no Congresso, na Constituinte, em tudo. Já não chega o Governo? Este, quando faz dez coisas, quinze são erradas. Isso também estáse refletindo na vida política nacional. Daqui a poucoas instituições políticas estarão todas desacreditadas,estaremos vaiados, sendo chamados de "prostituintes"no meio da população, e já não agüentamos isso, Sr.Presidente. Vamos vér se acertamos as coisas.
O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Esta Presidéncia levará ao Presidente Ulysses Guimarães a reclamação de V. Ex'
O Sr. Francisco Küster - Sr. Presidente, peço apalavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Tem apalavra o nobre Deputado.
o SR. FRANCISCO KÜSTER (PMDB -Se. Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, indago da Mesa,em primeiro lugar, quantas sessões a Câmara tem condiçôes de realizar até o recesso, ou até o dia5 de dezembro. Não conhecemos previamente a programação daMesa. Sabemos apenas, no ato, quando a Mesa resolve,parti prls, por conta própria, dizer se vai ou não haveralguma sessão da Câmara. Esta é a primeira indagação.
A segunda indagação que faço à Mesa, Sr. Presidente,é se existem matérias importantes a serem votadas. Emcaso positivo, queremos alertar para o fato de que nãoconvalidaremos acordos de cúpulas para aprovação deLideranças. Os Líderes que acordaram com a idéia dassessões da Câmara, a esta hora da noite, a meu ver,relegaram a plano secundário uma sessão importante.Gostaria, então, repito, que V. Ex' nos informasse.primeiro, de quantas sessões da Câmara dispomos atéo recesso e, segundo, se existem matérias importantestramitando sobre as quais haveremnos de nos pronunciar e de deliberar. Já anuncio de pronto, no entanto,minha decisão de rebelar-me contra conchavos de cúpula.
O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - A Presidéncia informa ao ilustre Deputado que as seSSÕes daCâmara estão dependendo das reuniões da AssembléiaNacional Constituinte. Com relação â pauta, as matériassão todas elas disciplinadas e escolhidas pelos líderespartidários.
O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Há sobrea mesa e vou submeter a votos o seguinte.
REQUERIMENTO
Senhor Presidente,Requeremos, nos termos regimentais, urgência para
a tramitação da Mensagem n' 163, do Poder Executivo,que "submete à consideração do Congresso Nacionalos textos das Convenções e Recomendações adotadaspela Confederação Internacional do Trabalho".
Sala das Sessões, de setembro de 1987. ~ IbsenPlnbelro, Líder do PMDB - Amaral Netto, Líder doPDS - Gastone Ripl, Líder do PTB - José Lourenço,Líder do PFL - Amaury Milller, Líder do PDT Luiz Inácio Lula da Silva, Líder do PT.
O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Os Srs.que o aprovam queiram permanecer como estão. (Pausa.)
Aprovado.
Quarta-feira 4 3327
O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Há sobrea mesa e vou submeter a votos o seguinte
REQUERIMENTO
Senhor Presidente:Nos termos regimentais, requeremos urgência para
a tramitação do Projeto de Lei n' 8.169, de 1986, que"dispõe sobre a estrutura das Categorias Funcionaisdo Grupo-Atividades de Apoio Judiciário dos ServiçosAuxiliares da Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, e dá outras providências".
Sala das Sessões, de outubro de 1987. - IbsenPlnbelro, Líder do PMDB - Mello Reis, Líder do PDS-Gl5tone Righi, Líder do PTB -Aldo Arantes, Líderdo PC do B - José Lourenço, Líder do PFL - AmauryMilUer, Líder do PDT - Luiz Inácio Lula da SilvaLíder do PT. '
SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Os Srs. queo aprovam queiram permanecer como estão. (Pausa.)
Aprovado.
O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Há sobrea mesa e vou submeter a votos o seguinte
REQUERIMENTO
Senhor Presidente,Requeremos, na forma regimental, urgência para o
Prlljetode Lei Complementarn"9, de 1987, que "alteradispositivos da Lei Complementar n' 48, de 10 de dezembro de 1984".
Sala das Sessões, 25 de agosto de 1987. - GlISlonlRighi, Líder do PTB - Amaral Netto, Líder do PDS- Brandão Monteiro, Líder do PDT - Adolro Oliveira,Líder do PL - Roberto Freire, Líder do PCB - IbsenPlnbelro, Líder do PMDB - José Lourenço, Líder doPFL - Luiz Inácio Lula da SUva, Líder do PT.
O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Os Srs.que o aprovam queiram permanecer como estão. (Pausa.)
Aprovado.
O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Há sobrea mesa e vou submeter a votos o seguinte
REQUERIMENTO
Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara dos Deputados
Nos termos do art. 128, inciso X, combinado comos arts. 127, inciso XI, e 192 e incisos. todos do regimento interno, requeremos a Vossa Excelência a inclusão na ordem do dia, em regime de urgência do Projetode Lei Complementar n' 11/87, do Deputado OsvaldoBender. que "altera o limite da receita bruta anualdas pessoas jurídicas e firmas individuais para o fimde sua caracterização como microempresas".
Sala das sessões, 3 de novembro de 1987. - AmaralNetto, Líder do PDS - José Loureuco, Líder do PFL- Luiz Inácio Lula da Silva, Líder do PT - IbsenPlnheiru, Líder do PMDB - Brandão Monteiro. Líderdo PDT - Gastone Righi, Líder do PTB.
O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Os Senhores que o aprovam queiram permanecer como estão(Pausa.)
Aprovado.
O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Há sobrea mesa e vou submeter a votos o seguinte
REQUERIMENTO
Senhor Presidente, requeremos, nos termos regimentais, urgência para a tramitação do Projeto de Lei n"216, de 1987, Mensagem n" 297 do Poder Executivo,que "institui o plano nacional de gerenciamento costeiroe dá outras providências".
Sala das sessões, de setembro de 1987. -1ben Plnhel.ro, Líder do PMDB - Amaral Netto. Líder do PDS- Gastone Righi, Líder do PTB - José Lourenço, Líderdo PFL - Amaury Müller, Líder do PDT - Luiz InácioLula da Silva, Líder do PT.
O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Os Senhores que o aprovam queiram permanecer como estão.(Pausa.)
Aprovado.
O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Há sobrea mesa e vou submeter a votos o seguinte
3328 Quarta-feira 4
REQUERIMENTO
Excelcntíssimo Senhor Presidente da Câmara dos Deputados
Nos termos do art. 128, inciso X, combinado comos arts. 147, inciso XI, e 192 e incisos, todos do Regimento Interno, requeremos a Vossa Excelência a inclusão na ordem do dia, em regime de urgência. do Projetode Lei n'·' 223, de 1'187, de autoria do Deputado OsvaldoBender. que "altera o limite da receita bruta anualdas pessoas jurídicas e firmas individuais para o fimde sua caracterização como microempresas".
Sala das sessões, de novembro de 1'187. - Ama-ral Netto. Líder do PDS ~ José Lourenco. Líder doPFL ~ Luiz Ináeiu Lula da Silva, Líder do PT ~ IbenPinheiro, Líder do PMOB - Brandão Monteiro, Líderdo POT - Gastone Righi, Líder do PTB.
O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Os Senhores que o aprovam queiram permanecer como estão.(Pausa.)
Aprovado.
O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) -- Há sobremesa e vou submeter a votos (1 seguinte.
REQUERIMENTO
Senhor Presidente.. Requeremos, nos termos regimcntais, urgência para
dlscussao e votação do Projeto de Lei n' 3.250-A. de1'183, que "Cria o Serviço Social dos Bancános e Securitário~ (SESBS), de autoria do Deputado Siqueira Campos, Ja aprovado por todos os órgãos técnicos da Casa.
Sala das Sessões, de outubro de 1'187. - IbsenPinheiro, Líder do PMDB - Amaral Netto, Líder doPDS - Gastone Righi, Lídcr do PTB - Adolfo OliveiraLíder do PL - Aldo Arantes, Líder do PC do B --'José Lourenço, Líder do PFL - Brandão MonteiroLíder do POl' - José Genoino, Líder do PT~ Siqueir~Campos, Líder do PDC ~ Beth Azize, Líder do PSB- Roberto Freire, Líder do PCB.
O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Os Srs.que o aprovam queiram permanecer como estão. (Pausa.)
Aprovado.
O Sr. Nilson Gibson - Sr. Presidente. peço a palavrapela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Tem apalavra o nobre Deputado.
O SR. NILSON GIBSON (PMDB - PE. PronunciaO seguinte discurso.) -- Sr. Presidente, S~ e Srs. Deputados, desejo fazer um registro muito especial: o dahomenagem na base aére,. de Brasília, com a presençade cerca de 120 generais e pelo menos 500 oficiais,ao Ministro Leônidas PIres Gonçalves, que viajava paraLondres, iniciando uma visita oficial de seis dias à GrãBretanha.
"Gosto de conviver com minha gente vestida de verde-ohva. Estou emocionado. Pareee-me que eles estãoaqui para deixar claro O apoio pela forma como tenhoconduzido o Ministério do Exército", disse o GeneralLeônidas Pires Gonçalves.
O Ministro do Exército criticou. com veemência, adeclaração do Presidente da Comissão de Sistematizaç.ão, Senador Afonso Arinos, de que o parlamentan~mo pode ser um recurso contra golpes e de queos ConslltUlntes devem votar "sem medo de golpe armado".
"Eu ouvi com tristeza, da boca de um políticoaltamente experimentado e culto como o SenadorAfonso Arinos, o argumento de que este sistema(parlamentar) teria como mérito acabar com osgolpes militares. Francamente, o fato de um homem da vivência do Senador Afonso Arinos usarum argumento desses, surrado, deixou-me triste.E~e sabe perfeitamente que nunca as intervençõesmlhtares foram baseadas no regime de governo,mas~ SIm, na incompetência daqueles que estavamna dlteção do governo, quer político, quer administradores, ao longo da nossa História toda" disseo Ministro do Exército. '
Para o Gcneral Leõnidas, o Senador Afonso Arinosnão só mostrou desconhecimento sobre as Forças Arma-
DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)
das, em particular o Exército, como "cometeu umainjustiça, não lavendo em consideração a maneira irrepreensível como as Forças Armadas se têm comportadono apoio à transição e aos trabalhos da Constituinte".
O Ministro do Exército disse ainda:
"Eu acho que ainda não dá para saber em quedireção se inclinarão as tendências da Constituinte.Mas tenho muita confiança em que nós chegaremosao meio, à parte central, porque no plenário, ondeas forças poderão manifestar-se e onde as forçasse digladiam, onde haverá 55'1 votos, é que vamosver mesmo qual é a tendência que tem o nossoCongresso Constituinte."
O Ministro do Exército foi recebido em Londres pelaGuarda de Honra da Inglaterra. e o Comandante dasForças Armadas Britânicas pronunciou um discurso emportuguês, homenageando o General Leônidas PiresGonçalves.
Sr. Presidente, S~ e Srs. Deputados, passo a fazerleitura de matéria divulgada pelo jornal O Globo, nasemana passada, após o parlamentarismo ser aprovadopela Comissão de Sistematização.
"USURPAÇÃO DE PODERESQual é a origem do poder constituinte do atual
Congresso? Todos a reconhecem, sem hesitaçãoe sem possibilidade de controvérsia: está na Emenda Constitucional número 26, de 1985, promulgadapelo Congresso anterior, emenda que dispôs sobreo processo e a forma de discussão, votação e promulgação da futura Constituição.
Ora, não se emenda o que não existe. Se seaprovou uma emenda constitucional, é porque sereconheceu a vigência de uma Constituição, ressalvada a matéria submetida à revisão, de pouco vaIcndo proclamá-la mais adiante espúria e carentede legitimidade. exceto como força dc cxpressãoe recurso retórico.
Pela Emenda número 26, o povo, titular do poder constituinte, delegou aos que estavam sendoeleitos para o atual Congresso a prerrogativa dereformar a Constituição: a qualificação dos atuaisconstituintes não lhes vcm da Assembléia em queestão reunidos; nem é ela o quadro de refcrênciaspara a discussão sobre seu poder. A titulação doconstituinte veio junto com o voto para representação no Congresso, em novembro de 1'186.
Pouco depois de instalado o Congresso, asseverou-se ali que não tcria cabimcnto discutir-lhe asoberania, de vez que soberania discutida é soberania que deixa de se afirmar. é soberania quedeixa de existir. Foi um sofisma, ou pelo menosum equívoco trágico: a única soberania que nãose discute é a inerente à comunidade dos cidadãos,que os congressistas, constituintes ou não, representam.
O povo não fez uma revolução, ge radora de umpoder de fato, inicial, absoluto, ilimitado e incondicionado. O povo compareceu às eleições, no quadro de um Estado e~lstente e sob uma ordem jurídIca reconhecIda. Nao deu, pois, mais legitimidadea?s congressistas que a admitida, pelo menos impliCItamente, no titular da Presidência da República,pelo tempo já estipulado de seu mandato.
_Configura-se, assim, uma tentativa de usurpaçao: valer-se de um poder derivado, poder de direito, poder constituído e, conseqüentemente, limitado, para deliberar sobre o que só caberia ao poderconstituinte originário ou inicial - modificar, porexemplo, o tempo de mandato do Presidente da~epública, recebido já da Constituição cuja vigêncIa se reconheceu.S~m dispor do poder constituinte originário, os
cammhos do atual Congresso Constituinte na discussão do sistema de governo e de matérias correlatas abrem-se mais sobre a subversão da ordemjurídica que sobre o fortalecimento das instituiçõese da credlblhdade do poder político: quando seprescmde do povo, não há mais crédito possívelpara o poder político; fazendo letra morta da condição de constitucionalidade. o poder constituintedenvado compromete todas as instituições políticase lesa o dIreIto do povo à segurança jurídica."
Novembro de 1987
"O INVIÃVELPARLAMENTARISMO
Na Comissão de Sistematização prevaleceu amaioria parlamentarista, em salto inaceitável, porsua própna natureza de risco para a estabilidadepolítica e para a unidade nacional. Temos dito erepetido,. com fundamentação histórica, que aopreSIdencIalIsmo o Brasil deve a preservação desua unidade político-territorial, desde a Proclamação da República.
Por isso colocamos toda a nossa confiança navotação que restabelecerá, no texto constitucionalo sistema de governo responsável pela grandez;alcançada pela nosso País. Não se trata de umaopinião caprichosa ou preconceituosa, mas de umadisposição de continuar lutando pelo sistema degoverno que poderá continuar garantindo um futuro de ordem e progresso em nossa Pátria.
O parlamentarismo não tem mais raízes históricas. cem anos passados sob regime federalivo erepublicano. A incompatibilidade do parlamentarismo com a ordem federativa foi sentida pelosgovernadores, que reunidos no Rio deixaram evidente a preferência deles pelo sistema presidencialde governo. Foi a voz de tantos governadores eleitos pelo povo em pleito recente, por isso mesmouma voz altamenle representativa da vontade popular.
A declaração do Rio de Janeiro só veio confirmar, com toda a autoridade, O resultado dos inquéritos de opinião que quase sempre deram maioriaexpressiva à inclinação presidencialista do povohrasileiro. Tais inquéritos confirmaram, décadasapós, o resultado do plebiscito que restabeleceuo governo presidencial, após breve período de parlamentansmo estável e improdutivo, instalado emcondições de emergência e repelido na primeiraconsulta popular.
O voto da Comissão de Sistematização não reflete, estamos convictos, o perfil presidencialista doplenário. Houve, sem dúvida, na indicação dos nomes para a Comissão de Sistematização um propósito político-parlamentarista. A liderança, à época,da bancada do PMDB na Constituinte influiu decisivamente na seleção de partidários do parlamentarismo. Essa bancada da liderança agiu contra apreferência presidencialista do Depulado UlyssesGuimarães. Daí a falta de correspondência entreo perfil da Comissão e o perfil do plenário, verificação que se fará nitidamente quando este últimofor convocado a votar.
Há razões que justificam falar-se em salto arriscado na proposta parlamentarista. O Brasil nãopossui infra-estrutura administrativa estável e preparada para a experiência parlamentarista improvisada, nos termos em que ela é apresentada ao julgamento do plenário. O parlamentarismo só confereestabilidade política e continuidade administrativase opera sobre uma infra-estrutura burocrática queseja capaz de manter a continuidade dos serviçosdo Estado, mesmo quando inexistam ministros.
Dificilmente esse sistema de governo parlamentar se conforma com o Estado Federativo. Essedesajustamento se tornará mais gritante na perspectiva que se abre, no novo texto constitucionalde tendências fortemente descentralizadoras e fe:deralista.
Tudo isso poderá ocorrer, com seu'alto índicede malignidade, na hora em que se esfacelam ospartidos e se acentuam os regionalismos.
Pensar-se em parlamentarismo na situação acimadescrita, e sem garantia preliminar de um sistemaeleitoral baseado nos distritos, é rematada insensatez política.
Na ausência de condições favoráveis, o parlamentarismo estará fadado a morrer ao impacto decompanhas eleitorais próximas, que tomarão o carãter de um novo plebiscito restaurador do presidencialismo."
Sr. Presidente, Sl'" e Srs. Depulados, o tão mal-afamado parlamentarismo do Governo João Goulart tem,até certo ponto, semelhança com a idéia de impor aoPresidente José Sarney uma redução de prerrogativas
Novembro de 1987
na parte final de seu mandato. A diferença é que, naquele episódio, a redução foi imposta pelos ministros militares, mas consagrada pelo voto dos congressistas, queassim não puderam escapar à responsabilidade de umamutilação que repugnava à consciência nacional, conforme logo a seguir se demostrou num plebiscito.
Hoje a situação é diferente, mas o princípio é o mesmo. E esse é o ponto em que a crise pode concentrar-se,já que a questão da duração do mandato está praticamente resolvida: cinco anos de mandato, sendo o quartoainda com o presidencialismo e o último já sob a vigência plena do regime de Gabinete.
Concluo: as mesmas forças políticas que souberamsuperar dificuldades maiores, em momentos mais graves, hão de encontrar mais uma vez o caminho da transigência mútua e da solução de mais esse problema.
Oportunamente voltarei ao assunto.
O Sr. Amaury Müller - SI. Presidente, peço a pala'ra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Tem apalavra o nobre Constituinte.
O SR. AMAURY MÜLLER (PDT - RS. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, quero indagar de V. Ex'se esta sessão é ordinária ou extraordinária. Se é ordinãria, não há como não obedecer à estrutura regimentalde uma sessão ordinária, que deve começar pela leiturada Ata e pelo Pequeno Expediente. Verifico, para minha surpresa e perplexidade, que V. Ex' colocou emvotação requerimentos de urgência, que até aprovo,em nome do meu partido, antes da Ordem do Dia,invertendo inteiramente as coisas, a menos que sejauma sessão extraordinária. Do contrário, não há comoadotar esse procedimento, Por isso mesmo, diz o Deputado Gastone Righi, do alto de sua inteligência e doseu conhecimento, que é sessão extraordinária.
O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - É extraordinária.
O SR. AMAURY MÜLLER - Então, Sr. Presidente,não há mais regimento nesta Casa. A sessão ordináriada Cámara deveria realizar-se às 9 horas de hoje, masnão o foi e, pelo que entendi da leitura dos jornais,pois não participo dos conchavos das Lideranças, assessões ordinárias da Câmara seriam realizadas, doravante, em benefício dos trabalhos constitucionais, àsterças e quintas-feiras, às 21 horas. Ordinárias, e nãoextraordinárias. Mas, se V. Ex' diz que é extraordinária,sinto-me satisfeito embora continue registrado o meuveemente protesto.
O SR. PRESIDENTE (Homero Santos) - Está findaa leitura do expediente.
Passa-se ao
IV - PEQUENO EXPEDIENTETem a palavra o Sr. Antônio de Jesus.DIscurso pronunciado pelo Deputado Antônio de Je
sus(PMDB-GO), na Sessão de 3-11-87.
O SR, ANTÔNIO DE JESUS (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, ST" e Srs.Deputados, a comunidade de Anápolis esté sendo penalizada por dificuldades impostas pelo horário de funcionamento dos bancos locais, que, por não obedeceremao horário das 10:00 às 16:30 horas, estão criando sériosobstáculos ao bom desempenho dos negócios, naquelapraça.
Desejamos salientar, nesta oportunidade, ao Presidente do Banco Central, que Anap6lis é um grandecentro empresarial e que o volume de negócios queali se realiza diariamente é mais do que o suficientepara credenciar a cidade como município de primeiracategoria.
A rede bancária sediada em Anapólis, em virtudeda importância e do volume de dinheiro que movimenta, possui serviços de compensação integrada ou interligada com Goiânia, de acordo com a Resolução n' 428,do próprio Banco Central.
Entretanto, em virtude do horário de funcionamentode seus estabelecimentos bancários estar em discordância com o dos bancos de Goiânia e outras grandes metrópoles do País, os usuários têm tido dificuldade de movimentar seus recursos ou efetuar pagamentos em outrascidades.
DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)
Por esse motivo, o Prefeito de Anapólis, o nobreex-Deputado Adhemar Santillo, cioso de suas responsabilidades, está empenhado em conseguir do Banco Centrai uma decisão no sentido de colocar Anapólis dentrodos efeitos da Circular n' 1014-8C, de 25 de marçode 1986, a mesma que estabeleceu o horário de 10:00às 16:30 horas para o funcionamento dos bancos nosgrandes centros.
Trata-se de assunto do maior interesse dos anapolinose, em conseqüência, de todo o Estado de Goiás. Epor nosso mandato inteiramente voltado para a defesados interesses de nossos conterrâneos, fazemos, destatribuna, veemente apelo aos dirigentes do Banco Central, no sentido de determinem urgentes providênciaspara solução deste pequeno impasse, que está retardando o processo de desenvolvimento de Anapólis.
Durante o discurso do Sr. Antônio de Jesus oSr. Homero Santos, 1'-Vice-Presidente, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo S,. IrmaPassoni. Suplente de Secretário.
O SR. PRESIDENTE - (Irma Passoni) - Tem a palavra o SI. Mário Lima. (Pausa.)
O SR. MÁRIO LIMA (PMDB - BA. Sem revisãodo orador) - Sr' Presidente, Srs. Deputados, lemosnos jornais que as fábricas nacionais de veículos fazemno País o que querem. Ora anunciam que vão encerrarsuas atividades, ora que não mais venderão seus produtos no mercado interno.
O povo brasileiro, que necessita de veículos para selocomover, para transportar passageiros e cargas, emque situação fica? Não se ouve, no entanto uma palavrado Governo para tranqüilizar a Nação. Essas fábricasfazem o que querem. Tem-se a impressão de que, noPaís, não há Governo. O Brasil não pode importarveículos, e o consumidor brasileiro fica à mercê dasfábricas, que têm um mercado cativo.
O Sr. Ministro da Indústria e do Comércio, muitoloquaz, nada diz. No passado, o Governo pelo menosdizia alguma coisa, dava alguma explicação, certa ouerrada. Hoje, há o silêncio, o mutismo. Mas quandoo trabalhador se manifesta para defender seus direitos,aí, sim existe Governo. Ele se posiciona, exige, ameaça.
Sr. Presidente, Srs. Deputados, esse o registro quequero aqui deixar, esperando que as autoridades governamentais se dirijam à Nação para prestar-lhe esclarecimentos sobre até quando o consumidor brasileiro ficaráà mercê dos interesses estrangeiros implantados no País.
Muito obrigado, ST" Presidenta.
O SR. SÉRGIO SPADA (PMDB - PRo Pronunciao seguinte discurso.) - SI' Presidenta, Srs. Deputados,volto a usar esta tribuna para denunciar, novamente,o total descaso do Governo para com os agricultorese suinocultores do oeste paranaense.
São lamentáveis, ofensivas e repugnantes as atitudesassumidas pelo Governo no setor. Dentro de um mesmouniverso de problemas, encontramos uma diversificaçãode medidas de natureza solucionadora, mas de carátertotalmente protecionista, além de uma manipulação interesseira, covarde e exterminadora.
Quisera poder usar desta mesma tribuna para enaltecerr o bom senso e a eficácia do Governo na soluçãodos problemas que afligem a agricultura e a suinocultura, mas minha formação não permite que eu represente,-uma farsa.
É necessário que o Governo tenha maior seriedadee rapidez nas soluções aos problemas apresentados, para evitar a transformação de uma expectativa de falêncianuma realidade sem retorno, como é o caso de centenasde agricultores paranaenses, os quais já vislumbrama sombra da bancarrota caminhando a passos largosao seu encontro.
O Paraná está desacreditado. Nem mesmo o comprometimento público do Ministro da Agricultura, tampouco o comprometimento da efetivação do acordo promovido em reunião junto ao Ministério da Fazendase tornaram realidade. Foi mais uma armadilha.
Os suinocultores paranaenses reivindicaram o reajuste da carne suína, ficando acertado que o mesmoseria aprovado através de voto ao CMN, emitido peloMinistro íris Rezende, na última reunião do mês deoutubro. O voto fez parte da pauta. O acordo forasem validade, pois o voto não foi aprovado.
Quarta-feira 4 3329
Outro fator de denúncia, nesta Casa, foi quanto aofamigerado Pronagri.
Os agricultores paranaenses e brasileiros, que adquiriram maquinários agrícolas através de financiamentospelo Pronagri, estão ã beira da falência, vendo suasterras escaparem de sua posse, uma vez que servemde garantia para tais financiamentos.
O Pronagri, cuja verba foi contratada junto ao BIRD,não permitia, em suas cláusulas, a aplicação fora dacategoria de agroindústria.
À época dos financiamentos, quando o Governo clamava por ajuda dos brasileiros, com a promessa dcinflação quase zero, os agricultores foram os primeirosa colaborar para a estabiliação econômica. Prova distoé a super-safra conseguida.
Com a falta de recursos para aplicação no setor e,culminando com o volume de dinheiro contratado Juntoao BIRD, sem ter onde aplicar, o Governo, atravésdo Banco Central, sem o menor respeito para com oagricultor, autorizou que o mesmo fosse desviado doPronagri, para atendimento dos financiamentos rurais
Os agricultores foram traídos e induzidos covardemente a contrair o fator falimentar Pronagri.
Quando do vencimento do primeiro ano do contrato,veio a surpresa: a correção foi aplicada de forma plenasobre o débito, contrariando totalmente as promessase argumentações quando da efetivação do contrato.
Para se ter uma idéia, hoje, passados dois anos, temosa seguinte situação: Débito inicial 376.000,00; garantiareal (terra) 960.000,00; penhor (máquina) 570.000.00;débito atual 2.120.000,00; garantias 2.500.000,00.
Note-se que, em dois anos de contrato, as garantiasequiparam-se ao débito, faltando ainda três anos parao fim do contrato.
Promessas foram feitas. Comprometimentos púbhcosmanifestados, mas até o momento () que se tem é odescrédito e o desinteresse para se encontrar a soluçãopara o caso, o que somente agrava o problema e aumenta o risco de falência de centenas de agricultores.
Ante tamanha irresponsabilidade, vemos a situaçãode preferência que existe quanto às soluções econômicasaprovadas pelo Governo.
No caso Pronagri, o Governo se diz impossibilitadode atender às reivindicações por falta de recursos disponíveis; entretanto não existe falta de verbas para isentarda correção monetéria os débitos de médios e grandesagricultores do Nordeste, vale do Jequitinhonha e Espírito Santo, como foi aprovado na última reunião doCMN.
Além disso, na mesma reunião, existiram verbas para"socorrer" a Transbrasil, numa concessão de 6,05 milhões de OTN.
O que se entende é que o Governo é sensivel à iminência de uma situação falimentar, desde que tal situaçãonão esteja representada por agricultores.
Com tal fato, nos parece que o Governo deixou deacreditar na agricultura ou, quem sabe, não necessitamais deste segmento para ajudá-lo em seus programas.
De tudo isso, a situação concreta que existe é a defalência de centenas de agricultores brasileiros, casoo Governo não agilize a soluçâo única para o caso,que é a isenção de aplicação da correção monetária,nos contratos do Pronagri, desviados para financiamentos rurais.
Finalizando, quero resumir minha preocupação quanto à situação existente através de adágio popular quebem explica o caso presente: ..A defesa da propriedadefala mais alto do que a própria vida".
O SR. AUGUSTO DE CARVALHO (PCB - DF.Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs.Deputados, novamente, com a greve dos rodoviáriosdo Distrito Federal, Brasília expõe perante a Naçãoa gravidade da situação em que se encontra o transportede massas, não só aqui como também em todos os grandes centros urbanos do País. Os rodoviários reivindicamreposição das perdas que têm sofrido em face dos sucessivos experimentos salariais do governo Sarney, e aquiqueremos mais uma vez registrar a solidariedade doPartido Comunista Brasileiro com os rodoviários e todos os que lutam para que tenhamos no Brasil umademocracia econômica, social e política.
Por outro lado, SI' Presidente. cabe aqui a denúnciados pretextos utilizados por menos de meia dúzia de
3330 Quarla-feú.:a 4 ..
empresários do setor para continuar descarregando sobre os ombros dos trabalhadores usuários desse serviçoessencial ""':via aumento de tarifas·- o atendimento(se,mpre parcial) das justas reivindicações dos rodoviá-,rioS: Apesar dos aumentos constantes que vêm sofrendoas tarifas, para satisfazer a ganância desses poucos empresários ..a qualidade do serviço prestado à populaçãocontinua bem abaixo da recomendada por organismosinternacionais. Assim, Brasília transporta, em média,
,nos ônibus em circulação, 10 pasageiros por metro, qua~drado, sendo que o máximo deveria ser apenas quatro.
Mas o pior, SI' Presidente, é que os empresários,além das tarifas, querem aumento também no volumede recursos que o Governo do Distrito Federal lhesrepassa, a título de subsídio. Depois serão os primeirosa entoar a cantilena dos qlle élamam cOl).tra a intervenção do Estado na'economia e em favór da livre inicia~
tiva; qu~ nunca foi livre neste País, longe das' asas aconchegantes dos governos municipais, \estaduais ou fede-ra!.' ' ' . :
Não 'podemos concordar com essa sangria perlDanente' de recursos arrancados do pClVO, por meio deimpostos pesados, para injetar na liberdade dos empresários.• Não podemos tolerar a ajuda 'de 50 milhões dedólares para a Transbrasil; outro tanto para a multinacionar Sharp, e tantas outras empresas amparadas. Nocaso dos transportes coletivos, nós, dÓ PCB, defendemos a sua estatização no País inteiro,\ por ser serviçofundamental que não pode ficar à mercê da ganânciadaqueles que recebem dos governos a ~oncessão parasua exploração; mas que exploram os trabalhadorescomsalários aviltados, Infernizam a vida dos que dependemdeles para a'continuidade da pr6pria 'produção de riquezas, e sorvem do Estado o dinheiro essencial à implantação de program'as emergenciais' na ár~!" da saúde,educação e mwadia. , " ' '.
O SR. ÁTILA LIRA (PFL - PI. Pronunci~o seguintediscurso.)- SI' Pnisidente, Srs. Deputados, participamos, hoje, da transmissão de cargos no Ministérioda Educação, quando o Dr. Aluísio Sotero deixou aPa,sta, transferindo-a para o Senador Hugo Napoleão.
-: Quero registrar os dados biográficos do SenadorHugo Napoleão: , " , .Hugo Napoleão (Hugo Napoleão do Rego Neto)Senador - PFL - Piauí, '
'Profissões: Advogado e Professor.NasCimento: 31 de outubro de 1943, Portland, Oregon,.EUA' .
, Filiação: AlUízio Napoleão de F,Regoe Regina Marga-rida P. A. N. de F. Rego. ,Cônjuge: Tânia Luíza Mascarenhas Napoleão do Rego. 'Filhos: Patrícia e Aluízio ..Estudos e graus universitários: Direito,PUC, Rio deJaneiro (1967). , , '" " "
Mandatos eletivos: Deputado Federal, 1975-1979, PI,Arena; Deputado Federal, 1979-1983, PI .i\rena;Governador,1983-1986, PI, PDS; Senador (Constituinte),1987-1995,-Í'I, PFL. '
Obras Publicadas: "Fatos da História do Piauf'. Riode Janeiro, APEC, 1974. "O Leasing no Brasil". Fortaleza,,1973. "Incentivos fiscais"; Fortaleza,1975. ,
Missões, no exterior: Membro !ia Delegação Brasi- :leira à II Reunião dos Parlamentos Europeu e latino-Americano, Luxemburgo (1975), Viagem aos 'EUA, aconvite do Departamento de Estado (1977). Membro
,da Delegação à VIII Reunião da Assembléia Geral da'Associação Internacional dos, Parlamentos de LÚlguaFrancesa, Paris (1977). Visita a Israel, a convite doGoverno daquele País (1978).,
Outras uiformações: Chefe de Assessoria Jurídica doBanco Denasa de Investimentos (1968~1974).Proféssordo Institúto deAdmióistração e Gerêócia da PontifíciaUniversidade' Cat6lica. :Membro (1975-1979)' e 'ViCePresidente (i976j 'da Comissão de Relações Exteriores;Suplente das Comissões de Economia, Indústria e Co-'mércio'(197S:1976); de Minas e Energiá(l97H978),De Redação e Coristituiçãoe Justiça (1979),Membroda CPI das Muitinacionais, do Consumidor, dos Combustíveis'Não-Derivados do Petróleo e da SUDENE;Vice-Líder da Arena (1979) e do PDS (1982); Líderdo Govemo - Câmara dos Deputados. Membro doDiretório Regional da Arena no Piauí (1975). Membroda Comissão Executiva Nacional do PDS(1981-1983).Fundador do Partido da Frente Liberal''"- PFL (1985).
DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) .
Convém destacar que o novo Ministro tem uma postura política liberal, tendo-se destacado como DeputadoFederal e Governador de Estado por uma permanenteatitude para o diálogo: É um democrata por excelência:Governou o Piauí com respeito aos direitos do cidadão'e da sociedade.
Foi o Governador do período p6s-autoritário, retomouo diálogo com sindicatos e associações'de classe,especialmente Com instituições do magistério. ,
Foi um adiministrador que deu prioridade à políticade melhoria das condições funcionais dos servidorespúblicos. ," , , " ,,' .
Nunca permitiu que o Poder Público fosse instrumento para perseguir, punir injustamellle ou oprimiros despossuídos, ou qualquer cidadão. '.'
Na área de educação adotou o ensino básico, o combate à repetência e evasão escolar como preocupaçõesessenciais do seu Governo., '
Criou a universidade estadual, a televisão educativa,a rádio educati~a, regularizou a situação funcional detodos os servidores (especiallDente, professores) do Estadoadmitidos à título precário ..
A educação e os educadores brasileiros terão na ges-.tão do novo ministro a retomada das preocupações como ensino público e gratuito, gesfão democrática das instituições de ensino, em todo os DÍveis; plano de carreiraunificado; mais verbas para a educação, destinação daverba pública como prioridade para a escola pública,podendo estender-se às escolas comunitárias e religiosas, sem fins lucrativos desde que tenham a participaçãonos seus conselhos de membros 'das associações e sindicatos de classe, bem como a determinação pelo diálogopermanente com as associações docentes e o interesseda sociedade.
o SR. JOFRANFREJAT(PFL~DF.Sem revisão.do orador.) ~SI'Presidente, Srs. Deputados, o DistritoFederal hoje amanheceu mais uma vez diante de uma,greve, desta vez a dos empregados do setor rodoviário.
Esses trabalhadores estão 'sendo acusados de intransigentes por aqueles que nada querem resolver e nãoestão interessados numa solução adequada para o problema do transporte públicO' em Brasília, Mas não háque se falar em intransigência dos trabil1hadores: Estãoexatamente na sua data-base e há mais 'de dois mesessolicitara.m avaliação do reajuste salarial. A intransigência parte exatamente do setor elllpresarial e do Governo do Distrito 'Federal, qüe não se'conipuseram nosentido de oferecer a essa classe laboriosa o reajuste'a que'faz jus:
O transporte rodoviário públicouo Distrito Federalé um dos piores e mais caros de todo <> País. Apenastrês companhiaS privadas e uma estatal, que mal funciona; estãoservindo à nossa população. Têm linhas cativas, fazem, o que bem entendem, no seu interesse parti~
cular, com os recursos da população, e nenhum Governo até agora se propôs a resolver os problemas dosusuários e dos trabalhadores dessa área. Se há intransigência, é exatamente por' parte daqueles que vão transfem para'a população o ônus de um aumento de tarifaspara justificarem um possível aumento para essa classe 'trabalhadora. ' .... ' '."
É l~~entávelque m~i~~ma vez recaiam sobre osombros' do 'trabalhodor usuáiio dos coletivos todas asdificuldades e encargos de um Govemo que não sesensibiliza com a situação do transporte público no Dis'trito FederaL A classe empre~arial e o Governo doDistrito ,F~dl?ra! precisam entender ,que a populaçãode. Brasília está sofrendo' as 'agruras do não-entendimento,da falta'dec()Ínpreensão para as dificuldadespor que 'passa esta cidade. '
Brasília, boje, está também ameaçada de sofrer greves em outros setores, mas nenhum é tão grave quantodos rodoviários: Nenhum servidor, nenhum empregadodo setor rodoviário sepropõs a'furar essa greve, o quedemonstra',quená'verdade esses trabalhadores estãoganhando mal, porque não estão conseguindo manteras suas famílias. Portanto não há que se falar em intran- .sigência., Simplesmente estão reclamando aquilo a quetêm direito. .
Infelizmente,.,o Governo do Distrito Federal e os'empresários mais uma vez transferirão para a populaçãodo Distrito Federal a responsabilidade pelo aUOlentode tarifa, e os trabalhadores, seguramellte;vão receber
Novembro de 1987"
lima pequena parcela daquilo a que verdadeiramentetêm direito. • '
OSR. UBIRATAN AGUIAR (PMDB ~ CE.Semrevisão do ,orador.) - SI' Presidente, Srs. Deputados,há poucos momentos o nobre Deputado Átila Lira dava'ciência a esta Casa da posse do novo Ministro da Educa-çãó, Senador Hugo Napoleão. , ..
Homem ligado a esta área, faço votos de que possaS. Ex' restaurar à credibilidade na educação brasileira,abalada pelo total abandono da administração que deixaa Pasta. Hoje, quem transita naquele Ministério, quemconversa com alguém da ál;ea educacional senteodesa·lento da falta de um planejamento que venhaao encon-"tro 'dos interesses' maiores dos que fazem a educação'neste País. É a educação básica, o primeiro e'segundograus, é, o ensino especial totalmente esquecido;, é oensino profissionalizante posto de lado, 'é a falta decrença nas escolas públicas' o que faz éom' que, anoap6s ano, os números de evasão e repetência tragamo testemunho maior do descaso com a educação públicaneste País. E por que não 'sé 'falar do magistério, quaseconstantemente em greve, em luta por melhores saláriose reclamando o Plano Nacional de Carreira, que nunca'lhe foi dado?
Esperamos que o Ministro Hugo Napoleão possa resgatar ao País essa imagem, que depõe contra o anseiomaior de toda a comunidade brasileira, sabedora deque a 'educação' é o' caminho seguro para o desenvol~
vimento.Há instantes, conversando com o Deputado Átila
Lira, ex-Secretário da Educação do Piauí, Estado quetrouxe'à Constituinte o Ministro Hugo Napoleão, ouviade S. Ex' uma rápida avaliação desse quadro em quese encontra a educação brasileira. Esperamos que S.Ex' interceda com sua voz, seu trabalho e sua afinidadepolítica junto ao novo Ministro, para que se possamcorrigir os rumos da educação brasileira. , ,
Este o registro que faço no momento em que é investido no Ministério da Educação o Senador Hugo Napoleão.
O SR. FRANCISCO KüSTER (PMDB - SC. Semrevisão do orador.) - SI' Presidente, Srs. Deputados,quero manisfestar nesta oportunidade uma preocupação.
Há poucos dias, os previdenciários deflagraram' ummovimento paredista reivindicat6rio, uma greve justa.Através de acordo precedido de amplas negociações,das quais participaram os líderes do movimento e, comcerto destaque, o então Líder do meu partido, companheiro Luiz Henrique, ficou acertado que o Governoremeteria a esta Casa, para apreciação, discussão e votação, ainda antes do recesso, o Plano de Cargos e Carreiras dos Funcionários da Previdência.
A preocupação que nos assalta no momento é como fato de estarmos diante de uma trágica realidade:a apenas um mês do encerramento 'dos trabalhos daCâmara, não poderemos realizar sequer mais dez sessões ordinárias e, conseqüentemente, não teremos tem·po suficiente para apreciação de matéria tão impor-tante., "
Os previdenciários obtiveram, através de negociação,um adiantamento de 50% sobre seus vencimentos,' nomês de outubro, e mais 50% em novembro. Corremo risco de, nos meses de dezembro e janeiro, perderesse aoiantamento, porque isso foi feito via patronal,através de acordo entre o Governo e as Liderançasdo movimento.
Quero fazer um apelo às Lideranças de todos os partidos,. inclusive o meu, no sentido de que se preocupemcom 'essa questão, que é importante e,poderá desembocar em'novomovimento'paredista, emnova greve,se o Governo adoiar medidas protelat6rias com relaçãoà remessa desse projeto a,esta'Casa.
SI' :Presidente, caros colegas, quero registrar outrofato - e faço constrangido, até porque tenho de falardo Go'verno do meu Estado. Há, cerca de quatro meses,os professores, funcionários públicos, do meu Estadorecorreram a,uma,greve. A partir daí não houve climapara entendimento entre funcionários e Governo, queaté hoje vem punindo os grevist~s. E os funcionários,através de associações, remetem-nos uma missiva dandoconta de que alguns contracheques distribuído,aos professores constavam 15 centavos, 25 centavos; de outros,
Novembro de 1987
15 cruzados, e por aí afora. Na véspera de fim de ano,data em que os funcionários precisam adquirir algumacoisa para seus familiares, eles sequer recebem o necessário para fazer o rancho. A intolerância chega ao pontode os Secretârios da Administração e da Educação domeu Estado, ao invés de encontrarem uma solução,recorrem a esse expediente de punição sumária a profissionais que estão repondo as aulas referentes àqueleperíodo em que estiveram parados nos finais de semanae feriados. Mesmo assim, o Governo do meu Estadoinsiste em puni-los.
Faço este registro - repito porque o Governadoré do meu partido. Mas não posso calar-me, diante daintolerância, da arrogância e do autoritarismo do Governo do meu Estado.
Para encerrar, reitero às Lideranças que se preocupem com o Plano de Cargos e Carreiras dos funcionáriosda Previdência, que o façam aportar nesta Casa aindaantes do recesso, sob pena de frustrarmos os previdenciários mais uma vez, contribuindo desta forma parao desgaste da imagem que já não é boa, de n6s outros,políticos, perante a opinião pública. Parece-me que,se deixarmos o projeto por conta da vontade e da disposição do Governo, ele não chegará a esta Casa antesdo recesso.
o SR, JOÃO DE DEUS ANTUNES(PDT-RS. Pronuncia o seguinte discurso.). SI" Presidente, Srs. Deputados, Alexandre Garcia, da Revista "Manchete," destaca com muita propriedade, no seu artigo "O impérioda lei da selva," alguns pontos que nem todos os brasileiros ficaram sabendo e que ocorrem na AssembléiaNacional Constituinte, principalmente na Comissão deSistematização.
Primeiro foi a tentativa de se retirar a expressão "soba proteção de Deus", do preâmbulo do Projeto Constitucional.
Realmente, o diabo anda solto, e isto não é novidade,pois em 11 Tes: 2:7 se lê: "O ministério da injustiçajá opera." Mas Deus foi exaltado e a vit6ria dos cristãosfoi maior do que se esperava: 74 a 1.
Agora, vimos a tentativa de proteger ou estimularfacínoras, através da redação dada à Carta. A penade morte foi derrotada por 88 a 5.
A intenção primeira de alguns Constituintes era quea tortura, o terrorismo e o tráfico de drogas - a chagado século - fossem considerados crimes sem prescrição, com cumprimento integral da pena, em recintofechado.
Mas o que vimos foi o contrário do que se esperava.Os traficantes e terroristas conseguiram escapar da lei.Poderão ser soltos sob fiança, terão o crime prescrito,receberão anistia ou indulto e ainda poderão ter a penareduzida ou cumpri-la fora da prisão.
Só os torturadores não foram beneficiados. Também,pudera! Vejam e entendam V. Ex" que não estou defendendo nenhum torturador. Mas pergunto: e O traficante, o terrorista, também não pratica um tipo de tortura? É contra o povo, contra a sociedade, contra a ordeme os bons princípios.
Parece-nos que bá a nítida intenção de proteger essessafados. Será que o povo que nos elegeu está satisfeitocom esta decisão? Fiquem atentos, senhores eleitores,pois nossos filhos e esta Nação vão continuar sujeitosà ação nefasta desses elementos tão perniciosos.
Os Constituintes de bom senso devem lutar contraesse estado de coisas que se tenta implantar no Brasil.
Não queremos pena de morte, mas também não queremos anarquia. Senão, vejamos: O texto do DeputadoCabral previa concessão de asilo político "aos perseguidos em razão da defesa dos direitos e liberdadesfundamentais da pessoa humana".
Infelizmente, o texto foi mudado para "asilo a estrangeiros, perseguidos em razão de convicções políticas".
Os anarquistas de outros países serão aqui tratadoscom carinho e impunidade, apesar de terem incendiado,explodido, matado e seqüestrado, nos seus países deorigem.
Alguma coisa mais séria está se tentando fazer nesteBrasil combalido. Será que não há interesses escusossendo resguardados na Carta por elementos interessados, em futuro próximo, em invocar seu direito, suaproteção, sua imunidade, após jogar algumas bombinhas e matar alguns brasileiros?
DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)
Meus parabéns, Alexandre Garcia. Você abriu osolhos de muitos daqueles que irão atuar no Plenárioda Assembléia Nacional Constituinte, quando da votação daquilo que foi votado até aqui pela Comissão deSistematização.
O Brasil tem de saber, a Nação, nossos filhos e asociedade em geral têm de acompanhar e cobrar daqueles que estão fazendo esta Carta.
A inversão de valores é gritante. Bandido e mocinhotrocaram de posição. O bandido é tratado como berói;o policial, como bandido.
Realmente, Garcia, talvez seja por isso que se tentouretirar "sob a proteção de Deus". Aí, sim. Estaríamosperdidos.
O SR. OSVALDO BENDER (PDS - RS. Sem revisãodo orador.) - SI" Presidente, S.... e Srs. Deputados,encaminhamos a S. Ex', o Sr. Presidente da República,ao Ministro da Fazenda e ao Ministro da Agriculturatelex com a seguinte solicitação: em virtude de termosrecebido muitas reclamações dos produtores de leitedo Rio Grande do Sul, pedimos que seja revogada aResolução n' 068, de 16 de dezembro de 1985, quepune cotas extras de produção de leite. Estabeleceu-se,através dessa resolução, que o leite seria adquirido pelasindústrias, tendo-se como ponto de referência determinada média obtida a partir da época de menor produção,que seria, por exemplo, no Rio Grande do Sul, noinverno e, evidentemente, nas outras regiões do País,no tempo de estiagem.
Se nesse período o produtor vender 50 litros de leitepor dia, nas demais épocas do ano só poderá excederessa cota em 20%, o restante sendo considerado cotaextra, sobre a qual o produtor receberá 34% menosdo que apreço de tabela. Ora, quando se poderia produzir mais, por baver pastagens, o produtor recebe menos.
Solicitamos às autoridades a revogação dessa resolução, como também a suspensão da importação de leiteem pó. Que no seu lugar seja adquirido o produto dasindústrias nacionais. Por termos tido contato com aárea de laticínios, sabemos que eles não conseguemvender o leite em pó para o mercado interno, ou melhor,para o próprio Governo que diariamente distribui leite.Então, gostaríamos que esse leite fosse adquirido pelopróprio Governo.
É nesse sentido que fazemos essa nossa intervenção.Queremos deixar registrado o apelo, porque achamosque os produtores estão sendo injustiçados e prejudicados.
O SR. ADROALDO STRECK (PDT - RS. Sem revisão do orador.) - SI" Presidente, Srs. Deputados, oPresidente José Sarney poderia, num rasgo de genialidade, renunciar ao cargo que assumiu em março de1985, onde chegou em situação inédita no mundo: semvoto algum, nem o próprio. Mas como não teremosesse benefício - tenho certeza disto - porque S. EX'é o tipo de homem que não abre mão, mas quer sempreacrescentar, estou complementando, hoje, denúnciaque apresentei ao Presidente Ulysses Guimarães, naterça-feira passada, a propósito de atos do Presidenteque atentam contra a Constituição Federal, definidosna Lei n' 1.079, de 10 de abril de 1950, e que passoa ler:
"Exrn' Sr. Presidente da Câmara dos Deputados.Em aditamento à denúncia que fiz do Exm' Sr.
Presidente da República, Dr. José Sarney, em 27de outubro de 1987, da prática de atos que atentamcontra a Constituição Federal, definidos na Lei n'1.079, de 10 de abril de 1950, quero que constedo referido processo mais as seguintes imputações:
1 - Não aceito que o Brasil tenha sido o segundomaior exportador de carne do mundo em 1985 eque, um ano depois, tenhamos nos transformadono maior importador desse produto. Certamentea culpa não é das estrelas.
2-No ano passado, importamos arroz de máqualidade, quando tinhamos o suficiente para suprimento interno. Por isto, ao final da pr6ximasafra contaremos co~excedentes do produto estimados em mais de 3 milhões e 200 mil toneladas.Ninguém é responsável por esta irregularidade criminosa?
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3 - Pelo Decreto-Lei n' 2.303, de 21 de novembro de 1986, o Presidente da República "esquentou" dinheiros mal-havidos mediante o pagamentode 3% de tributo. Não se trata, Sr. Presidente,de um flagrante desrespeito a quem sempre agiucorretamente?
4 - Jovens brasileiros, em quantidade alarman·te, procuram consulados estrangeiros, informando-se sobre oportunidades de trabalho fora do País.Boa parte deles têm-se lançado à aventura do desconhecido pela marginalização a que foram relegados pela irresponsabilidade e incompetência doGoverno Sarney.
Sr. Presidente, quando um jovem morre lutandopor sua terra, mesmo na tragédia, existe perspec·tiva de vida. Mas, quando a seiva da Nação a juventude - desesperadamente, procura sobreviver fora do próprio País de nascimento, precisamos admitir o equívoco, sob pena de repetirmoso avestruz, que diante do perigo enterra a cabeça.deixando o corpo a descoberto.
5 - Não me convence que depois de acusaçõesde ex-integrantes do Governo sobre irregularidades cometidas por assessores diretos do Presidenteda República, continuemos a ignorar os fatos, como se vivêssemos num regime de absoluta norma·lidade.
Sr. Presidente, a Nação inteira sabe que rataza·nas crescem e engordam à sombra do Poder Executivo e nós, integrantes de um Poder fiscalizador,a tudo assistimos, passivamente, como cidadãosalheios aos interesses do Brasil.
Digo a V. Ex', Sr. Presidente, e aos meus pares,que me sinto constrangido integrando esta Constituinte, enquanto acusações sérias feitas a homensque cercam o Presidente da República não foremexaminadas, com rigor, aos olhos de todos os brasileiros.
É humilhante demais saber que a 300 metrosdeste Poder, dito fiscalizador, existam suspeitas defraude, de roubo, de imoralidade imperdoável.
Finalmente, que V. Ex" Sr. Presidente, em nomede todos os brasileiros atingidos pelo processo acelerado de degeneração das nossas instituições, promova, o mais depressa possível, nos termos da minha denúncia, devassa completa na administraçãoSarney. S6 então teremos a suficiente tranqüilidadepara continuarmos escrevendo um documento quese destina ao futuro do nosso País, e, por isto,da mais absoluta seriedade.
SI" Presidente, leio, para que conste dos Anais daCasa, denúncia que faz o jornalista Ruy Lopes, 4ueacaba de sair da Empresa Brasileira de Notícias, sobreo estabelecimento da censura e o direcionamento dasverbas de publicidade para condicionar a opinião püblica através dos meios de comunicação.
Esta matéria foi publicada hoje, 3 de novembro de1987, no "Caderno de Política", de O Estado de S.Paulo, com a seguinte manchete: "Um Ministério C1an·destino no Planalto".
Livre do peso que era dirigir a Empresa Brasileira de Notícias (EBN), o jornalista Ruy Lopesdespediu-se do governo denunciando a existênciade um verdadeiro complô d~ntro do próprio governo, voltado para a manipulação de notícias, o estabelecimento da censura e o direito das verbas depublicidade para condicionar a opinião dos meiosde comunicação, através de um ministério clandes·tino. O complõ está sendo montado num gabinetepróximo ao do presidente José Sarney, no terceiroandar do Palácio do Planalto, e tem autor: o jornalista Getúlio Bittencourt, chefe da Secretaria Espe·cial de Comunicação da Administração Federal(Secaf).
Ruy Lopes, cuja demissão do cargo, a pedido.foi assinada pelo Presidente da República no finalda semana passada, entrou em rota de colisão comGetúlio Bittencourt desde março quando se recusou a seguir a "cartilha" de procedimentos da Secaf, que o obrigava, entre outras coisas, a dirigiro noticiário num sentido que só interessasse aogoverno, e a atender pedidos de empregos feitospor polfticos também ligados ao Planalto. Nessa
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ocasião. elc mandou um relatório ao ministro dajustiça, Paulo Brossard, ao qual a EBN está subordinada, denunciando o comportamento do colegae manifestando sua indisposição de continuar áfrente da Empresa.
Fora do cargo, Lopes sentiu-se livre para denunciar as manobras de Bittencourt, principalmenteagora quando se articula a transferência da EBNpara a Presidência da República c a unificação dosistema de comunicação do Governo. Ele confirmaa existência do projeto de transformar a Secaf num"Ministério de informaçóes clandestino", assim como o de acabar com a participação da EBN napublicidade legal obrigatória. Por força de lei. aEBN controla as contas oficiais (editais) de 54 empresas. inclusive o Banco Central, c, segundo Lopes. a estratégia da Secaf é montar um mecanismopelo qual "certos grupos possam mamar á larganas tetas do Governo",
A insinuaçao de corrupção fez o próprio Bittencourt romper o silêncio que o cerca no isolamentoda Secaf, onde a tarefa de planejar as "estratégias"de comunicaçao do Governo Já lhe valeu até aalcunha de "bruxo", "mentiroso", "incompetente". "moralmente corrupto" c "desequilibradomeotal" foram algumas das qualificaçóes que escolheu para o ex-PreSidente da EHN. Hoje mesmll.Bittencourt procurará os serviços do Consultor-Gerai da República. Saulo Ramos. na tentativa deprocessar criminalmente Ruy Lopes. "Se necessário, vou levá-lo às barras dos tribunais", declarou. em seu apartamento. ao mesmo tempo emque acusava Lopes de manipular cargos na EBN,favorecendo inclUSive um filho.
Numa resposta por escrito. Lopes explica ter nomeado o filho Márcio Euletério Lopcs, para trabalhos na área de informática por um sahírio igualaos dos contínuos, e que apás as eleiçáes de novembro, esgotado seu contrato, demitiu-o. "Isto é corrupção?", pcrgunta ele. Ruy Lopes desconfia queBitteneourt não seja tão intransigente com relaçãoao Presidente José Sarney, que mantém um grandenúmero de lamiliares - ioclusive a própria filha.Roseana Sarney Murad - ás custas dos cofres públicos, repartindo vários cargos na administraçãofederal.
Na épuca em que travou o primeiro contato comGetúlIO Bittencourt. Ruy Lopes ficou impressionado com a tática que se movia através do Paláciodo Planalto contra a EBN. "A conversa foi escabrosa", lembra. "Fiquei pensando se nao teria umgravador escondido para me testar_ pata ver atéonde e se eu aceitava aquelas coisas, que acho,no funuo, uma grossa corrupçé1o"
Segundo ele, o .\1inistro Brossard sabia, desdeo dia 20 de fevereiro, do "descontentamento" doPlanalto com a direção da EBN e das pressoesda Secaf para controlar a empresa c impor umplano de trabalho baseado na troca de verbas depublicidade pela "boa vontade" dos meIOs de eomunicar.;üo. Brossanl sahia. tarnhém. "das tentativas de censurar o noticiário da EBl\ ou falseá-lopara deformar a opiniao pública". Uma dessas tentativas tinha por objetivo evitar que divulgasse notícias sohre quatro anos de mandato e reforma agr<íria.
Ruy Lopes desconhece, porém. se essas denúncias chegaram ao conhecimento do Presidente JoséSarney. E estranha que o porta-voz Frota Neto,designado para dirigir a EBN em seu lugar. nuncao tenha procurado para discutir o plano de reformada empresa. que ficará subordinada diretamenteà Presidéncia da República. O arranjo palaciano_com o aval de Sarney, foi conduzir a EHN paraa esfera do Gabinete Civil da Presidência. Lopesconclui que o Presidente da República está ouvindoapenas um lado da história.
"Acredito que o Presidente Sarnev está sendoinduzido a isso, pois desde a minha primeira conversa com o Getúlio, ficou claro que ele queriapassar a mao na máquina da EBN. Poderia sercomigo se cu me prestasse ao papel ou com outrapessoa desde que fosse da confiança dele". afirmou. O perigo, na sua opinião, está na concen-
DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)
traçáo de poderes que o chefe da Secaf pode usufruir, levando a agência oficial de notícias a trabalhar até pela desestabilização de Ministro', quandobem entender.
Para Ruy Lopes, se tiver que assumir o papelde uma agência de propaganda, nao faz sentidoa existência da EBN. "Se você faz uma máquinade propaganda, na verdade desinforma a opiniãopública, o que não é correto numa democracia",acrescentou.
O episódio serviu ainda para Ruy Lopes confirmar uma suspeita que há muito ronda os observadores da política desenvolvida pelo Presidente Sarney: existem dois governos no Brasil. Há. segundoele, uma equipe de Ministros e uma equipe doPalácio, "que revisa ou joga fora o que a equipedo Governo fez"
Revoltado, Biltencourt respondia ontem comacusaçoes de que Ruy Lopes é beneficiário do"trem da alegria", que possibilitou a contrataçãode pessoal sem concurso para o Senado Federal,e protegido do PMDB. Lopes responde às duasacusaçóes lembrando que trabalha como assessordo Senador Severo Gomes desde 1982, a convitedeste. "Aceitei e creio ter retribuído com trabalhoa cada centavo do que me foi pago antes de irpara a EBN". disse. Quanto à segunda denúncia,"ele sabe muito hem que não fui indicado por essepartido e que nunca me filiei a sigla nenhuma.Foi uma escolha pessoal do Ministro Brossard, endossada pelo Presidente Sarney".
Na esteira dessa discussáo seguem também divergências profissionais. Diretor da sucursal da Folhade S. Paulo em Brasíha no início do Governo Figueiredo, Ruy Lopes acusa Bittencourt de esconder a sua participação na entrevista com o entãoPresidente da Repúblic:a, que valeu o "Prêmio Essode Jornalismo". A entrevista foi assinada por Bittencourt e o jornalista Haroldo Cerque ira Lima,mas Lopes imputa a -ele próprio alguns méritos,como, por exemplo, ter substituído um dos palavrões de Figueiredo pela frase que se tornou célebre - "eu expludo".
Segundo Biltencourt. o máximo que Lopes fezfoi emprestar a máquina, na qual, juntamente como companheiro da entrevista. escreveram mais de800 linhas. "Ele enlouqueceu", afirmou. No entanto, Ruy Lopes sustenta sua versão.
Eis a Íntegra da carta de demissão de Ruy Lopesao Ministro da Justiça. Paulo Brossard:
"Sr. Ministro,Soube, pela televisào, que o Sr. Presidente da
República havia decidido substituir os dirigentesda Empresa Brasileira de Notícias. No dia seguinte,o porta-voz do Palácio do Planalto teve a gentilezade telefonar-me, confirmando a informação.
A intençao de unificar o sistema de comunicaçaodo Governo na Presidência da República não énova, c na verdade encerra alguns méritos, desdeque o projeto seja conduzido tendo por única finalidade o interesse público. Há superposições evidentes nessa área, e a correção dessas distorçoes proporcionaria notável reduçao de gastos. Aliás, naocusta lembrar que o Governo do Presidente Figu eiredo chegou a fazer essa tentativa, com a Secomdo .\1inistm Said Farah.
O que nao se pode, Sr. Ministro, é constituirum Ministério clandestino, nos desvaos do Palácio.controlado por burocratas de terceiro escalão. ]\ãose pode fazer porque tal Ministério envolve umdos princípios basilares da democracia, a liberdadede imprensa.
Organismos como e....se só devem existir soh absoluto controle da sociedade, por duas razoes muitosimples. A primeira é a manipulação de informaçoes; a segunda é a corrupçao da imprensa atravésdo direcionamento da publicidade oficial, que movimenta dezenas de bilhões de cruzados anuais
Esses dois problemas, por sinal. estão na raizdo descontentamento palaciano com a direção daEBN. Em relatórios que dirigi a V. Ex' em 20dc fevereiro c 4 de maio do corrente ano, expusa, pressóes da direçáo da Secaf para controlar aEmpresa Brasileira de Notícias e impor seu plano
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de trabalho. baseado exatamente na troca de verbas de publicidade oficial pela "boa vontade" dosmeios de comunicação. V. Ex' está igualmente apar das tentativas de censurar o noticiário da EBNou falseá·lo para deformar a opinião pública, poisnos ajudou a conjurar essas ameaças em mais deuma oportunidade.
Ora, um sistema oficial de notícias só tem razãode existir enquanto voltado para cumprir o deverdo Estad? de garantir informaçoes corretas aos cidadaos. E assim na Inglaterra, na França, na Alemanha e demais nações democráticas. A alternativa é a máquina de propaganda dos países totalitários, cm que se usa o dinheiro do povo para bajularos governantes.
Sabe V. Ex' que, por nao compactuar com oprojeto em andamento nos setores de comunicaçãodo Governo, solicitei-lhe minha exoneração há meses. Mais precisamente em março. Permaneci naPresidência da EBN enquanto pude obstar esseatentado à dignidade de nossas instituiçoes. Agora,nenhum esforço faz mais sentido.
Recebi o cargo das maos de V. Ex', c a V. Ex'o devolvo. Ao despedir-me. quero manifestar minha profunda gratidáo pelo apoio que nos foi dispensado, e o respeito pelas posições desassombradamente democráticas que V. Ex' sempre adotouna defesa da liberdade de informação. Cordialmente, Ruy Lopes."
Sr' Presidenta_ na semana que vem, estarei fazendouma investigação mais a fundo - voltei à condiçãode repórter - sobre irregularidades grossas que continuam campeando neste Governo. (Palmas.)
O Sr. Oswaldo Lima Filho - Sr. Presidente, peçoa palavra pela ordem.
A SRA. PRESIDENTA (Irma Passoni) - Tem a palavra o nobre Constituinte.
O SR. OSWALDO LIMA FILHO (PMDB - PE,Sem revisão do orador.) - SI' Presidenta_ na sessãoda Câmara dos Deputados do dia 29 de outubro entrouem discussão única o Projeto de Lei n° 1.204, de 1983,de minha autoria, que altera as leis sobre o inquilinato,regulando o valor dos aluguéis dos imóveis residenciaisurbanos. Este projeto teve parecer oral do nobre Deputado Nilson Gibson, que lhe ofereceu diversas emendas.
Foi anunciado, nessa sessão, que o projeto voltariaá Ordem do Dia. as>im que fossem publicadas as referidas emendas, para discussão e votaçao final.
Sr' Presidenta, peço as providências da Mesa, poisse trata de matéria urgente, nao só pela própria natureza, como por ter recebido pedido de urgência da maioria dos membros da Câmara dos Deputados e de quasetodos os líderes de partidos, com exceção do nobreLíder do PFL, e que, portanto. exige uma votação naforma regimental.
A SRA. PRESIDENTA (Irma Passoni) _. Nobre Deputado Oswaldo Lima Filho, a matéria a que V. Ex'se refere está incluída na Ordem do Dia da sessão dequinta-feira, que se realizará às 21 horas.
O SR. OSWALDO LIMA FILHO - Muito obrigado.
A SRA. PRESIDENTA (Irma Passoni) - Tem a palaira o Sr. Arnaldo Faria de Sá. (Pausa.)
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP Semrevisão do orador.) - Sr' Presidenta, Srs. Deputados,inicialmente quero cumprimentar a Casa por ter aprovado a urgência do projeto de lei que pode salvar asmicroempresas deste País, até porque a OTN que servede base para a liquidação de suas obrigaçoes, é de Cz$106.40, portanto a mesma de fevereiro do ano passado.Todas as microempresas estariam, ao final deste ano,obrigatoriamente_ desenquadradas e, nos Estados, tributadas pelo total do faturamento feito durante o exercício de 1987.
Em segundo lugar, quero comunicar. com pesar, aesta Casa que procurei a Justiça Federal para tentarsustar o pagamento das duas folhas laudatórias, publicadas em todos os jornais do Brasil, do ex-MinistroRaphael de Almeida Magalhães. (Palmas.) Entrei comuma medida cautelar que foi distribuída à 9- Vara e
Novembro de 1987
- pasmem, Srs. Deputados - o despacho do Juiz foio seguinte: "falta legitimidade ao autor" .
Não contente com o despacho do Juiz, apelei, entrando com uma ação popular, juntando certidão da Câmarados Deputados, provando estar no exercício do mandato. Foi a minha petição distribuída à 3' Vara, e odespacho do Juiz foi o seguinte: "o autor não provouque é eleitor, portanto deixo de apreciar a liminar".
Está provado que os Juízes da Justiça Federal nãoestão interessados em fazer justiça. Se um Deputado,quando busca justiça, encontra tantas dificuldades, como não serão as de qualquer um do povo quando procura fazer o mesmo? É duro, mas é a realidade! Eu nãoquis fazer este pronunciamento hoje, pela manhã, paranão influenciar as votações que estavam em curso, nestaCasa, sobre o Poder Judiciário. Mas, certamente, deveríamos dar a resposta a esse Judiciário falido, que nãomerece respeito e que, sinceramente, traz achincalhesdessa ordem. É duro, mas é a realidade! Justiça, peloamor de Deus!
o SR. JOSÉ MENDONÇA DE MORAIS (PMDB MG. Sem revisão do orador.) - ST' Presidente, Srs.Deputados, retorno do interior de Minas Gerais, ondepude ouvir 05 agricultores daquela região ansiosos paraque o Governo cumpra a parte que lhe compete, dehonrar os contratos de financiamento de custeio agrícola, já registrados em cartório, com parcelas, inclusive,liberadas.
Os agentes financeiros, principalmente os do Bancodo Brasil, informam que não atendem às liberaçõesde parcelas posteriores não há recursos disponíveis. ASuperintendência Regional não estava autorizada a lhesrepassar dinheiro para a liberação das parcelas do custeio agrícola.
Meu apelo ao Ministro da Agricultura, aos Ministrosda área econõmica, ao Banco Central e à direção doBanco do Brasil é para que, em nome dos brasileirosque irão passar fome por falta dos alimentos que deixarão de ser produzidos por outros brasileiros, em decorrência da falta de recursos, atendam ao contrato assinado de fmanciamento agrícola. Que o Governo repasse,para as agências, os recursos necessários e suficientespara que estas, pelo menos, honrem os contratos assinados.
Deixo esta reclamação como um alerta ao Governo,porque a situação está muito séria, justamente no momento exato do plantio no Centro-Sul do País. Nãoestamos dando conta de honrar os compromissos assumidos com os fornecedores de matéria-prima, de sementes, de insumos modernos, de adubos, de defensivos, de herbicidas etc. E por quê? Porque os agentesfinanceiros não liberam os recursos necessários.
Esta reclamação deve chegar às mãos das autoridadescompetentes. Para isto, solicito aos assistentes parlamentares desses Ministérios que não escondam estasreclamações dos titulares das Pastas, mas que as levematé eles. Peço que, amanhã, o Departamento de Taquigrafia desta Casa, me forneça cópia deste pronunciamento, a fim de que eu faça chegar diretamente àsmãos dos Ministros interessados a reclamação que agoraestou íormulando.
Muito obrigado.
O SR. JOSÉ ELIAS MURAD (PTB - MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - ST' Presidente, Srs. Deputados, a todo-poderosa Comissão de Sistematização praticamente vai elaborar sozinha a nova Constituição brasileira. Como se sabe, ela é formada apenas por 93 parlamentares, o que representa exatamente 16,6 por centodos 559 membros que formam a Assembléia NacionalConstituinte, eleitos em 15 de novembro de 1986.
É interessante observar que a maioria de seus membros não foi eleita. Por exemplo, os relatores das 24subcomissões e das 8 comissões Temáticas, como sesabe, foram escolhidos através de acordo das liderançasdos partidos. Tampouco os líderes dos 11 partidos existentes foram eleitos para compõ-Io ou quase todos entraram nela exatamente pelo fato de serem líderes. Orestante - exceto o Relator Bernardo Cabral e 8 componentes das Comissões Temáticas - foram tambémindicados por meio de "acordos" - para não dizerconchavos - entre as lideranças partidárias, repartindo-se o bolo levando-se em conta o número de membrosde cada partido.
DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)
Agora, essa minoria da Assembléia Nacional Constituinte toma decisões da mais alta importância, praticamente decide os destinos do País, sem que a maioriados parlamentares tome parte nessas decisões. Há maisde uma mês que essa parcela majoritária da AssembléiaNacional Constituinte está alijada das discussões e dasvotações em plenário. Quando muito pode permanecercomo mera observadora dos debates, com direito àvoz, mas sem direito a voto. E mesmo a voz não temsido fácil de se fazer ouvir. Basta dizer que, com oargumento de que os trabalhos estavam muito lentos,se tentou diminuir os destaques solicitados pelos parlamentares, reduzindo-os em 90 por cento da sua totalidade. Tal decisão chegou mesmo a ser acertada entreos líderes e, se não fosse a reação geral das centenasde Parlamentares prejudicados, tal violência antidemocrática ter·se-ia consumado.
Fracassada esta iniciativa, derivada mais uma vez doschamados acordos das lideranças - onde uma dezena,ou pouco mais, decide assuntos da maior relevânciageralmente sem ouvir liderados -tentou-se sensibilizaros Parlamentares, solicitando-se que voluntariamenteretirassem a maior parte dos seus destaques. Pedidoutópico, senão ingênuo, porque. se um .constituintesolicita destaque de uma ou mais de suas emendas,é porque as julga importantes e, é lógico, não vai retirálas voluntariamente, tanto assim que quase ninguémdesistiu de seus destaques.
Agora, tenta-se outra manobra com a finalidade deobstacular a participação da maioria nas decisões plenárias. Com o início do funcionamento simultâneo da Comissão de Sistematização e do Plenário da AssembléiaNacional Constituinte no dia 4 de novembro, decide-se- não se sabe quem, nem como - ao arrepio do Regimento Interno, que ql!alquer destaque para ser levadoà discussão no Plenário da Assembléia Nacional Constituinte deverá ter trinta e cinco assinaturas de Parlamentares.
O Presidente da Assembléia Nacional Constituinte,Deputado Ulysses Guimarães, afirmou, recentemente,que, no plenário, não haverá exame de artigo por artigo.As lideranças partidárias deverão promover reuniõesdiárias para fazer urna espécie de enxugamento da matéria a ser votada, o que confirma a nossa afirmaçãode que quase nada será mudado daquilo que a todo-poderosa Comissão de Sistematização tiver aprovado. OPresidente disse que tudo já está suficientemente debatido e esclarecido. Onde? - pergunto eu. Ora, maisuma vez, na Sistematização.
Corno se vê, todas as decisões são tomadas com umúnico fim: obstacular, ao máximo, a modificação dequalquer coisa já aprovada na todo-poderosa Comissãode Sistematização. Mesmo supondo-se que o parlamentar consiga essas 35 assinaturas, o seu destaque, paraser aprovado, terá de ter 280 votos no plenário, alémde já contar antecipadamente sua proposta com 50,60, 70, 80 ou mais votos, daqueles que, na Comissão,votaram a favor da proposta que se deseja modificar.Tarefa hercúlea, quiçá impossível em reuniões que têmsido marcadas pelo absenteísmo de vários Parlamentares. Vejamos, como exemplo, a questão do parlamentarismo, aprovado por 56 votos a favor e 37 contra.Alguém que desejar solicitar destaque para uma proposta presidencialista terá de arranjar, inicialmente. 35assinaturas para ela. Conseguido isso, terá de ter, navotação de plenário, 280 votos a seu favor, sem contaraqueles 56 da Sistematização que já votaram contrao presidencialismo. É, sem sombra de dúvidas, um handicap difícil de ser sobrepujado. É só esperar para ver.
O que se conclui é que aqueles que têm em suasmãos a direção e o funcionamento da Assembléia Nacional Constituinte vêm adotando a política pouco democrática dos braços desiguais. Um braço longo e outrocurto: o longo, para dificultar os trabalhos e a partidpação da maioria, e o curto, para distribuir facilidadese defender certos interesses. Só que este, sendo curto,atinge apenas aqueles que estão muito perto deles.
O SR. ADYLSON MOITA (PDS - RS. Sem revisãodo orador.) - SI' Presidente, SI" e Srs. Deputados,aproveito este final de sessão apenas para pedir a V.EX' -embora estejamos em sessão extraordinária, comV. Ex' eventualmente ocupando a Presidência -a gentileza de fazer chegar à Mesa Diretora da Casa minha
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preocupaçáo em obter respostas para assuntos que considero de extrema importância e gravidade. Darei doisexemplos: náo posso entender por que até hoje sequertenha sido dada uma r~sposta a um pedido do DeputadoJosé Maria Eymael sobre a instalação de uma CPI paraapurar as irregularidades na importação criminosa dealimentos, quando já temos indícios suficientes de queo assunto comporta a CPI. Tanto é que o Governonomeou uma comissão, que concluiu por trinta itensincriminatórios, incluindo instituições e pessoas do Governo, inclusive aquele que hoje se apresenta comofuturo candidato à Presidência da República, o ex-Ministro da Fazenda Dilson Funaro.
Até hoje não houve sequer uma explicação para essaomissão e conivência da Mesa com atos de tamanhairresponsabilidade. E se me alegarem que é porqueo Regimento não o permite, quero dizer a V. Ex' queoutro assunto que tem de ser explicado é o motivopor que até hoje não se deu curso aqui a uma propostado Deputado César Cals Neto de ajustamento do Regi·menta da Câmara dos Deputados, a fim de que pudesseela Iuncionar normalmente, embora neste período defeitura da Constituição.
O terceiro ponto é que exijo que a Mesa da Cãmarados Deputados encare com seriedade uma denúnciapor crime de responsabilidade que fiz contra o Presidente da República. O fato de ele ter enviado a estaCasa. no dia imediato, ou dois dias depois, vinte esete decretos, que estavam sendo retidos criminosamente no Palácio do Planalto não o isenta da continuidade desse processo. Faço isto porque me move o propósito único de resguardar o que ainda resta de dignidade nesta Casa. Não o faço por mim, nem para aparecer em jornais - até porque os jornais têm sido muitoparcimoniosos nesse tipo de notícia - mas para quese resgate o mínimo que existe ainda de respeitabilidadedentro deste Parlamento.
Quero também dizer da minha inconformidade como que está havendo no Congresso Nacional - não porculpa da Mesa, quero fazer justiça - em relação aessa apatia existente. pois durante todo o ano de 1987não tivemos qoorum uma vez sequer para aprovar os129 decretos-leis baixados, sendo que 87 do atual Governo, que prometeu nunca usar esse instituto. Queroainda manifestar minha discordância com essa ditaduraque se implantou na Comissão de Sistematização, sendoque nós, os Constituintes, somos cerceados no nossodireito de participar com as propostas que pensamoster por objetivo aperfeiçoar o texto constitucional queestá sendo elaborado.
Deixo este registro porque, amanhã ou depois, quando eu não estiver mais nesta Casa, não for mais Deputado, pelo menos terei a tranqüilidade de abrir os Anaise constatar que não fui omisso, não aceitei de braçoscruzados esses atos de violência, essa negligência e essairresponsabilidade muitas vezes atribuídos aos Deputados Constituintes no Congresso Nacional, na Càmarae na Assembléia Nacional Constituinte. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Irma Passoni) - V. Ex' seráatendido regimentalmente e suas reclamações serão encaminhadas ao Presidente da Câmara dos Deputados.
O SR. AÉCIO DE BORBA (PDS - CE. PronunciaO seguinte discurso.) - SI' Presidente, Srs. e ST" Deputados, para mim é motivo de indizível alegria, proclamardesta tribuna nosso regozijo pela transcorrência, no diaoito último, das comemorações pela passagem dos se·tenta anos de existência universal do Lioos Internacional e trinta e cinco anos de sua implantação no Brasil.
Instituição disseminada em mais de cento e cincoentapaíses, o Lions possui em torno de um milhão e quinhentos mil sócios. pugnando e contribuindo para a pazentre os povos. Divididos em clubes espalhados pelomundo inteiro, estes sócios baseiam suas atividades empostulados que encarnam o civismo, o amor à verdadeà prática da boa cidadania e inúmeras outras voltada~para a excelência da personalidade. Nas comunidadeso Lions atua como prestador de serviços e o faz desinte:ressadamente. Nesta área, as realizações leonísticas seespalham no campo da saúde, educação, na assistênciaaO me~or, ao idoso e ao necessitado e desamparado.O apolO chega, não somente no campo material, mas,especialmente, na presença, na palavra, no carinho ena amizade. No Brasil, os Lions já ultrapassaram as
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mil e quinhentas obras físicas permanentes construidas,que prestam relevantes serviços comunitários.
Através da Fundação Lions Internacional, qualquercalamidade ocorrida no mundo tem recebido ajuda e,no Brasil, incontáveis foram as oportunidades nas quais,o Lions acudiu as vítimas de enchentes e secas.
Como de resto em outras atividades, o Lions brasileiro tem-se destacado mundialmente. Um brasileiro- ProL João Fernando Sobral - já chegou à Presidência Internacional, sem dúvida fazendo uma das maisbrilhantes gestôes, afora vários diretores internacionais,que souberam dar seu contributo ao desenvolvimentode tão útil organização.
Rendendo nossas homenagens ao leonismo brasileiro, pela transcorrência desta data, o fazemos na pessoado nobre leão - Aurélio Pires, que neste ano presideo Conselho Nacional de Governadores do Lions, e quesabemo" está fazendo notável administração.
o SR, RUY NEDEL (PMDB - RS. Sem rcvlsaodo orador.) - Sr' Presidente, Sr" e Srs. Deputados,o Ministro da Fazenda eliminou todo e qualquer subsídio à agricultura, à produção primária do nosso País.Quando se adota procedimento desse tipo, é fundamental, para que o setor da produção primária possasobreviver, quc haja preço. Não quero discutir o erroou acerto da medida, mas, no momento em quc taldecisão foi tomada, deveriam ter sido adotadas medidasno sentido de que os preços da produção primária fossem reajustados mensalmeote, de acordo com a própriacorreção dos índices de correção do dinheiro dos financiamentos do respeetivo setor.
Ocupamos, pois, a tribuna, para requerer à Mesaque transmita, com a maior hrevidade possível, aosMinistérios da Agricultura e da Fazenda nosso apelono sentido de que reajustem os preços do trigo, a fimde que o agricultor - o produtor dc trigo - tenhacondições de lucro, tendo em vista uma safra primorosade alta produtividade. É fundamental que isto ocorrao mais breve possível. Portanto, esperamos que estaCasa oficie de imediato aos Ministérios competentespara que promovam esse reajuste.
o SR. OSWALDO TREVISAN (PMDB - PRo Semrevisão do orador.) - Sr' Presidente, Srs. Constituintcs,tenho em mãos o "Compromisso com a Nação", firmado pela Aliança Democrática. Entre os vários compromissos aqui assumidos. vemos que:
"É dever do Estado erradicar a miséria queafronta a dignidade nacional, assegurar a igualdadede oportunidades, propiciar melhor distribuição darenda e da riqueza, proporcionar o reencontro comos valores da nacionalidade.
Este Brasil será edificado com o sacrifício, a coragem e as inesgotáveis reservas de patriotismo desua gente. Esta é a tarefa que cumpre empreender."
Sr' Presidente, no momento em que esta Casa elaboraa nova Constituição, é importante que haja uma reflexão por parte de todos sobre os compromissos coma Nação, assumidos há três anos, em um momento histórico, quando toda a sociedade brasileira se mobilizoupor mudanças e transforrnaçôes. Mister se faz que estecompromisso esteja vivo na mente de todos nÓs e quepossamos realmente dar as respostas que a sociedadebrasileira espera desta Casa.
A distribuição de renda é feita de maneira injustae inú.lua. Não podemos continuar com um salário míni~
mo da ordem de 40 dólares, quando; neste mesmo País,há mais de vinte anos, ele alcançou o nível de 120 dólares. É importante cumprirmos integralmente o compromisso de recuperar o poder de compra do salário dotrabalhador e, em curto espaço de tempo, rccompô-Io,colaborando com isso para diminuir essa grande deSIgualdade na distribuição de renda em nosso País.
Também é importantc, Sr. Presidentc, Srs. Deputados, termos um Podcr Judiciário ágil c eficaz, quc possadar respostas urgente,,; às divergências da sociedade.
Torna-se também importank construírmo~ uma uni~
vcrsidade moderna, que dê aos nossos jovens um ensinodc qualidade, preparando-os para as condições de nossaeconomÍa c do nosso mercado dc trabalho.
DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)
Esses são alguns dos compromissos que urgentementeprecisamos realizar para também cumprirmos as pro"postas da Aliança Democrática.
O SR. AMAURY MÜLLER(PDT - RS. Sem revisãodo orador.) - Sr' Presidentes, Srs. Deputados, depoisque uma sessão da Cãmara dos Deputados passou deordinária para extraordinário, nada mais surpreendenesta Casa e neste País.
Não pode haver surpresa da parte do nobre DeputadoArnaldo Faria de Sá que um Juiz Federal, em nomedo bom senso, num julgamento lhano e sereno, indefirauma ação que ele propõe contra o ex-Minisrro da Previdencia Social. sob a estranha, absurda e inaceitável alegaçáo de que não provou que é eleitor, embora sejaParlamentar e Deputado Federal Constituinte.
Nada mais surpreende, SI" Presidcntes, depois quea Nova República, instalada sob os auspícios de umaextraordinária luta popular contra o regime militar eopressor, não tenha cumprido, até hoje, sequer 1,,{;dos compromissos assumidos com a sociedade brasileira.
Prova disso, Sr' Presidente, é que todos os órgãosde reprcssão, montados habilmente pelo regime militar,continuam atuando aberta e ostensivamente, apesar devivermos hoje sob a égide da liberdade e da democracia.
Documento publicado inicialmente de forma sigilosae, agora, ostensiva pela Secretaria Geral do Conselhode Segurança Nacional, exatamente no dia 3 de junhode 1986, portanto, mais de um ano depois de instaladaa Nova República, procura demonstrar que o clero progressista da Igreja Católica é responsável pelo surgimento de focos de tensão em todo o País, em especialpor conflitos fundiários e entre índios e não-índios. Dizesse documento que foi encaminhado - e isso nãopode causar estranheza ao Deputado Roberto CardosoAlves - que essa minoria, ocupando a direção daCNBB, propugna melhorias salariais para as faixas maiscarentes da população, pregando, no entanto, o usoda força, os movimentos de massa e mudanças rápidase radicais, mantcndo acuada a maioria conservadorada Igreja.
Este é um documento muito grave, Sra. Presidente.Já não bastam as denúncias feitas contra o Conselholndigenista Missionário de que seria responsável poruma nova tentativa de internacionalização das áreasindígenas e das fronteiras deste País. Agora surge maisesse documento. Não posso compreender que o novoregime, alçado ao poder sob o influxo da vontade popular, embora de forma ilegítima, por um Colégio Eleitoral espúrio, imoral e inconstitucional, mantenha funcionando a todo vapor órgãos como esse, que se intitulamjuízes do comportamento de uma Igreja que, finalmente, depois de séculos de submissão às minorias privilegiadas se. voltou para o povo ~ passou a ser a verdadeiraIgreja de Cristo. Será pmpor uso da força pregar umareforma agrária que faça justiça social aos milhões depárias e semipárias que deambulam por este País embusca de um pedaço de chão~ Será propor o uso daforça defender o trabalhador assalariado, que recebeum salário de fome, incompatível com a própria dignidade humana? Será propor o uso da força defendero interesse nacional contra o apetite voraz do capitalestrangeiro, que tem as portas da economia deste Paísescancaradas pela irresponsabilidade de um Governoque voltou as costas para o povo?
Sr' Presidente, quero lamentar, primeiro, que a sessão ordinária da Câmara tenha sido transformada emsessão extraordinária; segundo, por essa manifestaçãoextcmporânea, intempestiva e autoritária de um JuizFederal, que exige de um Deputado Constituinte a prova de que é eleitor; e terceiro, pela continuidade tristede órgãos que pretendem policiar o comportamentoda sociedade brasileira, mantendo-a sob o tacão do autoritarismo de um regime que pretende escravizar vontades e consciências.
Quero, por último, fazer uma mdagação à Mesa, emnome da justiça social. Qual o comportamento da Mesaante o aumento proposto pelo Governo Federal parao funcionalismo público civil da União, em relação aosfuncionários. aos servidores da Casa'! Será um aumentode 15, 12, 20~,~ ou, afinal., a Mesa assumirà este compromIsso histórico de um dia fazer justiça àquelcs quc pedcm e precisam de justiça?
Novembro de 1987
A SRA, PRESIDENTE (Irma Passoni) - Sr Deputado Amaury Müller, esta Presidência encaminhará àMesa da Cãmara as preocupações de V. Ex' no quese refere ao aumento do funcionalismo da Casa e também quanto à questão da convocação das sessões.
o SR. ANTONIOCARLOS MENDES THAME (PFL- SP. Pronuncia o seguinte discurso) - Sra. Presidente, Srs. Deputados, em conseqüência de guerrascontínuas, reflexos ainda das lutas napoleônicas, e principalmente pelas lutas motivadas pela unificaçào da itália à Província de Trento, então território sob o domínioaustríaco, a região foi assolada pela fome e falta detrabalho remunerador. Atraídos pelas mirabolantespromessas da lendária América, que lá ao longe acenavacomo futuro feliz, um grupo de aproximadamente 30famílias tirolesas decidiu emigrar para o Brasil.
Resolvido isto, com passaporte austríaco, partiramde Gênova no dia 31 de julho de 1877, embarcadosno navio "Nord America", aportando no Rio de Janeiroem 23 de agosto do mesmo ano, após uma viagem cheiade riscos, já que a embarcação, muito velha, a cadainstante parava para reparos em suas máquinas. A pouca segurança do mesmo ficou provada, pois consta que,na viagem de retorno, afundou com carregamento decafé.
Dentre as 30 famílias, quase todas aparentadas entresi ou oriundas de localidades vizinhas, destacavam"seas de sobrenome; Vitti, Stênico, Pompermayer, Forti.Correr, Degasperi, Brunelli, Cristofoletti.
Como conseqúência da campanha abolicionista deflagrada no Brasil, seguida por leis que, aos poucos, iamcerceando a facilidade na aquisição e manutenção deescravos negros, houve necessidade premente de se procurar outros braços para a lavoura para substituir aqueles. Passaram os fazendeiros a aliciar por todos os meioscolonos imigrantes da Europa, que já então começavama aparecer, vindos principalmente dos países sulinosdaquele continente.
O Visconde de Indaiatuba, grande fazendeiro do Estado de São Paulo, possuía em Campinas a FazendaSete Quedas. Conhecedor da chegada de grande levade tiroleses com destino ao Sul do País, enviou seuadministrador à Capital Federal com o fito de atraí-los.Apenas o navio aportou, entrou em contato com oschefes das famtlias, fazendo-lhes boa proposta contratual. Os tiroleses aceitaram a oferta e desembarcaramcom sensação de alívio por terem encontrado de imediato campo para o trabalho.
A longa viagem pelo interior do Estado não foi penosa, já que a alegria de um destino certo tudo superava.Um lauto jantar os aguardou na sua chegada à fazenda.Em sua transbordante alegria, não se esqueceram dedar vivas ao Brasil e ao Visconde.
Cada família foi alojada em casa própria. Rapidamente angariaram a simpatia da família do Visconde,dos administradores e feitores da propriedade, em razãode sua firme religiosidade, do trabalho sério e da honestidade a toda prova. A sua bondade calou fundo nocoração dos escravos, que neles encontravam intercessores leais junto aos administradores severos. Os negrospassaram a chamá-los de padrinhos.
Para minorar a saudade da pátria longiqua, alegravamseus descansos cantando canções em seu dialeto nativo,provocando a curiosidade da assistência.
O contrato de trabalho foi feito nas seguintes bases;prazo de nove anos; trato dos cafezais, sem nenhumganho, recebendo 500 réis por alqueire na colheita docafé; não havendo serviço de capinação, o fazendeiroera obrigado a dar-lhes trabalhos avulsos em fazendasvizinhas. Tinham, além disso, direito ao uso de terraspara (J plantio de cereais, sem limites e condições, obrigando-se o contratante a fornecer os víveres para osustento das famílias, para posterior desconto após ascolheitas do café.
Para quem passava fome em seu país. estas condiçõescontratuais eram suaves e compensadoras. Gente disposta ao trabalho e com saúde de ferro, labutava diae noite. À noite, sim. porquc não poucas vezcs, paradar conta da tarefa, capinavam à luz dos lampióes. Aharmonia e a fraternidade entre eles era exemplar.Quando uma família. por uma razão qualquer, se viaem dificuldades de dar conta do recado, juntavam-seem mutirão para ajudá-Ia a safar-se.
Novembro de 1987
Durante sua estada na fazenda do Visconde de Indaiatuba, foram visitadas pelo Imperador D. Pedro IIe pela Imperatriz. A ilustre comitiva tratou-os com familiaridade, entrando em suas modestas moradias, indagandose estavam contentes e se eram bem tratados.Ao deixá-los, entregou-lhes o casal imperial uma moedade ouro destinada ao casal do primeiro casamento detiroleses no Brasil.
Deste episódio nasceu a admiração quase filial dostiroleses para com D. Pedro II' levando-os a ter emsuas salas de visitas a figura veneranda do Imperadordo Brasil.
Em 1881 nova leva de compatriotas veio aumentaro seu número na Fazenda Sete Quedas. Formavam-naas famílias Correr, Forti, Degasperi, Brunelli, Zotelli,Defant e outras. Não pequenos dissabores sofreramnos primeiros tempos, motivados principalmente peladificuldade de se exprimirem na língua da nova pátria.
Findo o contrato de nove anos, o mesmo foi prorrogado por mais um só por algumas famílias. É que amaioria já tinha conseguido amealhar bons cobres, estando eles dispostos a tomarem-se proprietários.
Em conseqüência disso, um grupo deles dirigiu-se.para a cidade de Rio Claro, outro para Capivari, outropara Amparo, alguns para Rio das Pedras, e outrosmais para as vizinhanças da cidade de Piracicaba.
Mais tarde o grupo de Rio Claro dividiu-se em dois,ficando um no mesmo Município, dirigindo-se o outropara o Município de Piracicaba, juntando-se aos quejá ali estavam. Estes últimos agruparam-se nos bairrosde Santana, Santa Olímpia, Glória, Limoeiro e redondezas, onde ainda se mantêm, deixando numerosa descendência, com suas tradições e costumes, língua e religião.
Comemora-se o centenário dessa gente, neste anode 1987, contente e satisfeita por ter podido contribuirpara o progresso do Município de Piracicaba, de SãoPaulo e do Brasil.
E é como homenagem de todo o povo piracicabanoaos imigrantes tiroleses que solicito a transcrição dorelato histórico que acabo de pronunciar nesta tribuna,de autoria do eminente historiador Guilherme Vitti.Ao mesmo tempo peço a transcrição nos Anais destaCasa do discurso proferido pelo engenheiro agrônomoOr. Remo Inama, Presidente do Circolo Trentino deSão Paulo, em Piracicaba, em 22-8-87, na presença doCdosul Marco Marsilli e do Dr. Bruno Fronza, Presidente da Associazone Trentini nel Mondo, por ocasiãodos festejos dos 110 anos da imigração trentina no Brasil, nos seguintes termos:
"É com grande satisfação e - por que não?- com bastante orgulho que, em nome do CirooloTrentino de São Paulo, o qual tenho a honra depresidir, e em nome da Diretoria do nosso Circolo,aqui presente, desejo agradecer às autoridades locais O convite oom que nos distinguiram para participar da solenidade do centésimo décimo aniversário da imigração trentina de Sant'Ana, SantaOlímpia e Negri aqui no Município de Piracicaba.
É motivo de grande júbilo poder oomemorar esteaniversário da imigração trentina.
Outrora os nossos mortos abandonaram pátria,aldeias, familiares, amigos, amores, língua e hábitos. Aventuraram-se aoS reveses do destino, às contingências do desconhecido. Robustecidos peloideal e coragem, cunharam o ferro no fogo, desbravaram e lutaram. Sentimentos e lágrimas transformaram-se em bravura e esperança. Por feliz ooincidência, ainda que impingidos por sacrifícios supremos, enoontraram nesta terra o verdadeiro espaçopara sua história. Rememorar esses heróis, reviveros sinistros da imigração é exaltar, para a posteridade, o patrimônio cultural de seu povo.
Somos espiritualmente uma única pátria. E seé certo que os povos e nações têm alma coletiva,que traduz em síntese as almas de seus filhos, talvezas metafísicas observassem uma estranha metempsicose entre brasileiros e italianos, uma curiosa epermanente. migração de estCmulo, nascidas doamor recíprooo e de íntimacompreensão reinantesentre tais povos.
Se este fenômeno oaorre em todo o nosso País,o que dizer-se do Estado de São Paulo, que justa-
DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)
mente há mais de um século começou a crescersob o influxo da emigração italiana, da "BuonaGente" que veio rasgar a terra para plantar. Comoencontrar palavras para narrar essa epopéia quearrancou do chão brasileiro uma das maiores riquezas agríoolas do Planeta?
Cada grão de arroz, cada grão de milho ou cadagrão de café era um glóbulo de sangue dos valentescolonos aqui aportados, transfundindo na economia brasileira.
No guatambu e nos arados, calejando as mãosno amanho da terra, os emigrantes trentinos reviviam o valor e a fortaleza dos colonizadores romanos, que construíram o mais vasto império de todosos tempos, levando ao mundo inteiro o poder dainteligência, o culto das leis do Direito Romano,a graça das artes, o fervor da religiosidade, o espírito da família e o amor ao trabalho.
Nós somos irmãos, nossas raízes comuns - étnicas, idiomáticas, cristãs, políticas e ideológicas asseguram-nos uma parentela que os tempos nãodiluem e os conflitos não abalam.
Ao contrário, os embates de toda ordem, quedilaceram as relações humanas e sociais da atualidade, robustecem o sentimento de solidariedadeentre as nações italiana e brasileira. E sendo doispovos sensoriais e apaixonados, incapazes de render-se aos frios apelos da tecnocracia e aos desesperados recursos da violência, cumprimos na humanidade o difícil mas nobilitante papel de preservara beleza e a dignidade ocidental, opondo-nos abárbarie que ameaça destruir as mais brilhantesconquistas do homem.
O perfeito entendimento de índole e temperamento existente entre brasileiros e italianos nãoé produto de protocolos diplomáticos ou de tratados de intercâmbio cultural; nasceu à primeira vista, ao primeiro toque de mãos, como nascem osverdadeiros e duradouros amores. Vivemos peloscinco sentidos, cultivamos as virtudes humanas queenfatizam a igualdade, o perdão, a alegria de vivere a ternura pelos nossos semelhantes. Jamais houveentre os primeiros emigrantes italianos que cruzaram o Atlãntico para se radicar em nosso País eos brasileiros que os receberam de braços abertosa nesga de uma divergência.
Aqui chegados, tornavam-se nossos patrícios, integravam-se imediatamente aos nossos costumes,compartilhavam de nossa liberdade.
Seus filhos, seus descendentes, desde pequeninos, orgulhavam-se da origem de seus avós e deseus pais, mas faziam questão de acablocar-se, desentir-se visceralmente brasileiros, de sofrer, derir, de lutar, de coexistir, de comungar conosco.
E se dentro - aqui nascidos e estruturados sempre houve um pouquinho de gênio italiano,sempre houve o ideal libertário de Mazzini e deGaribaldi; a centelha fulgurante de Miquelângeloe Da Vinci; o romance de Edmundo Amicis e sempre houve a música imortal dos líricos e dos cançonetistas do bel canto.
Lembremo-nos que o símbolo do caboclismo nacional- Juca Mulato - foi criado por um homemque se assina Menotti Del Picchia, uma sucessãode sílabas rasgantes, incorporadas ao florilégio denossa literatura típica.
Lembremos também que um filho de emigrantesvenetas, Cândido Portinari, projetou a pintura brasileira no cenário mundial, como um dos maioresgênios expressionistas de todos os tempos; não nosesqueçamos de que a história de nosso ingressono ciclo industrial e agríoola, iniciado em São Pauloe no Sul do País, foi escrita por homens que acreditaram no Brasil, operosos e honestos operáriosanônimos, chefes de oficina, artesãos, agricultores,tanto quanto por ilustres empresários italianos queaté hoje têm seus nomes em evidência, em virtudedo trabalho, da fé, da criatividade, e da obstinaçãode seus fundadores.
Nossas pátrias espirituais alongam-se do Oiapoque ao Chuí, do litoral Atlântioo aos primeiroscontrafortes andinos, das penedias da Sict1ia aosAlpes, das águas douradas do mar Adriático aoazul do mar Tirreno.
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A unidade espiritual das duas pátrias anula adescontinuidade geográfica dos dois países.
Nós somos irmãos livres, convivendo juntos emum país que tem condições de oferecer o testemunho, ao mundo inteiro, de uma liberdade puramente humana.
Senhoras e Senhores, esta é a viva voz de muitosque a longo tempo deixaram o seu trentino, levando, além oceano, O espírito, a operosidade, a honrae a tenacidade típica trentina, e, radicando-se emum país de grandeza continental como o Brasil,mantiveram no coração e transmitiram aos seusdescendentes o orgulho de serem bons trentinos.
Para finalizar, gostaria de desejar a todos os presentes o transcurso de horas felizes aqui neste pedaço trentino e de lembrar aos responsáveis por estafesta memorável de no anos que o Ciroolo Trentino de São Paulo permanece ao seu dispor parauma profícua colaboração no desempenho de suasatividades.
O SR. TITO COSTA (PMDB - SP. Pronuncia oseguinte discurso) - Sra. Presidente, Srs. Deputados.em comemoração aos vinte e cinco anos de atividadedo Conselho de Fraternidade Cristão-Judaica, <lueremos registrar nesta Casa a importância dessa eniidadeem São Paulo, da qual fui um dos fundadores.
Relembrar o nascimento do nosso Conselho de Fraternidade," pelos idos de 1962, será sempre uma formade meditar sobre a importãncia de seu papel, ao longodesses vinte e cinco anos de permanente atividade, nabusca do ideal de unir cristãos e judeus.
Os que vieram primeiro talvez nem acreditassem quea idéia tomaria forma e atravessaria os anos. Afinal,começamos antes do Concílio Vaticano lI, de onde surgiu, formalmente concretizado, o movimento ecumênico universal, solidificado pouco depois com o aparecimento da encíclica "Nostra Aetate". Nesse importanteavanço histórico das relações judaico-cristãs, avulta afigura inesquecível do Papa João XXIII, confirmandoas palavras de Paul Démann, para quem a influênciaconjugada de fatores os mais diversos vem contribuindopara os esforços que se fazem, "no mundo cristão, parareencontrar e aprofundar a inteligência do destino deIsrael, para definir e propagar uma atitude cristã autêntica para com os judeus e o judaísmo, especialmenteno ensino religioso sob todas as formas, para multiplicaros contatos e as colaborações com o mundo judeu, bemoomo para lutar contra tudo o que se opõe a essa evolução: o fermento do desprezo e o ódio, os preconceitosinveterados, que têm em seu favor as forças irracionaisda paixão, do hábito, da inconsciência e da inércia"(Os Judeus - Fé e Destino, pág. 25).
Temos caminhado. Claro que há obstáculos e tropeços pelo caminho. Há indiferença, desconfiança, principalmente em decorrência desse fermento, que vem danoite dos tempos e que, insidiosamente, procura separar, em vez de unir irmãos, que crêem no mesmo Deuse buscam, na fé e no amor, a realização do bem comume da paz entre os homens.
Nesses vinte e cinoo anos de atividades do nosso Conselho de Fraternidade Cristão-Judaica, muito se fez e,seguramente, muito faremos, no sentido de quebrararestas, aplainar estradas, fIDeando marcas que não seapagarão. Nas nossas celebrações conjuntas, de verdadeiro sentido ecumênico, podemos sentir, cada vezmais, oomo são muito mais numerosos os pontos quenos unem, em cotejo com os que, até mesmo por equíVoa0, nos possam separar.
Como um dos fundadores do Conselho, tenho acompanhado oom alegria seus passos, recordando hoje, comsaudade, dos companheiros que se foram, deixando oexemplo de sua confiança no ideal que nos impulsiona.Para nós, cristãos, os judeus não são os "irmãos separados", mas sim cada vez mais próximos, pela História,pela religião, pela fé, pelas nossas origens comuns e,sobretudo, pela nossa busca de salvação e de reencontrona Casa do Pai. Do mesmo Pai que nos deu a Leie os Profetas. E que nos faz, pela oração e pela fé,sermos dignos de seu amor e do amor de nossos irmãos.
O SR. VICTOR FACCIONI (PDS - RS. Pronunciao seguinte discurso) -SI' Presidente, SI" e Srs. Deputados, o Pólo Petroquímico do Rio Grande do Sul, criadoem 1975, e cuja conquista uniu todas as correntes polí-
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ticas gaúchas, tinha tudo, na ocasião, para se constituirnum grande e poderoso instrumento para que o Estadoatingisse um novo e decisivo estágio de desenvolvimentoeconômico.
Paradoxalmente, enquanto nos últimos anos o PóloNordeste, localizado em Camaçari, na Bahia, recebeutoda a sorte de estímulos e isenções fiscais. o de Triunfo.no Sul, foi alvo de inadmissível discriminação, enfrentando hoje grandes dificuldades para a sua consolidação.
O Projeto do Pólo Petroquímico do Rio Grande doSul, desde sua concepção. ainda na elaboração do Programa de Governo de Euclides Triches, em 1974, levou,para sua elaboração, cerca de quatro anos, praticamcnte. Durante este tempo igualmente foram-se desenvolvendo as negociações para aprovaç~1(} pelo GovernoFederal, autorização que só veio a acontecer um anodepois, já no Governo seguinte. O Governo EuclidesTriches. do qual participei desde o início, foi quemplantou. e o seu sucessor colheu os louros do plantioanterior. Mas não importa, são fatos passados. poiso que interessa hoje é a expansão e consolidação deum programa de investimentos que remonta a 1970,e cujos desdobramentos não podem mais tardar.
Em 1986. o Deputado Nelson Marchezan apresentouo Projeto de Resolução de n" 408/86, propondo a criaçãode Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a apurar as causas e conseqüências da não-consolidação doPólo Petroquímico do Sul.
Designados os membros. por força da Resolução n'26, de 1986. a CPI, entretanto, não chegou a ser instalada.
A omissão e o descaso do Governo Federal, por outrolado, em relação ao Pólo do Sul. tem custado muitocaro aos projetos de crescimento económico dos gaúchos. E agora, apesar da frustração das justas aspiraçõesdo povo daquela região. em termos de expansão do111 Pólo Petràquímico, o Governo vem de decretar acriação do IV Pólo Petroquímico, localizado no Riode Janeiro, o que poderá, inclusive. aumentar as indefinições e dificuldades para a consolidação do Pólo doSul.
Dadas estas razões. propusemo-nos a reativar a proposição feita pelo Deputado Nelson Marchezan, na legislatura anterior, no sentido de reinicíar as tratativasdestinadas a averiguar quais as razões que levaram àinterrupção da implantação de muitas das unidades previstas no projeto inicial; quais os estudos e critériosque levaram à tomada desta decisão e quais as conseqüéncias que daí advirão, bem como as possíveis implicações que trará para a consolidação do IH Pólo a criação do IV Pólo Petroquímico, recentemente decido peloGoverno Federal.
Estas questões precisam ser analisadas e esclarecidas,razão pela qual requeremos a renovação da constituiçãoda Comissão Parlamentar de Inquérito. para a qualprecisamos contar com todo o apoio dos empresáriosdo setor e das lideranças políticas, para, acima das paixões políticas, de ordem pessoal ou partidária, somarmos todos em favor do desenvolvimento econômicoe social do Estado, assim como do desenvolvimentonacional.
o SR. DENISAR ARNEIRO (PMDB - RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) ~ Sra. Presidente, Srs. Deputados, quando vamos iniciar a votação do projeto definitivo da nossa Constituição, nós, brasileiros. democratase preocupados realmente com os problemas sociais donosso País, não podemos deixar de comentar algunstópicos do Capítulo H - "Dos Direitos Sociais".
Nossa preocupação nãn é com o dia de hoje, mascom o futuro desta Nação gigante que precisa, a cadaano, empregar mais um milhão e meio de patrícios.Constarem da Constituição de um país, artigos e parágrafos que deveriam ser discutidos em leis ordináriase nos acordos sindicais, acho que não é um avanço.como os chamados progressistas desejam fazer entender. Passarem pelo Plenário da Constituinte. sercmaprovados por uma Casa com 559 Parlamentares eleitospelo povo. sem que maior reflexão seja feita e sobreos efeitos que poderão causar em nossa economia, achoque é uma irresponsabilidade de nossa parte.
No art. 7", item XVII - "Licença remunerada àgestante, sem prejuízo do emprego e do salário, comduração mínima de cento e vinte dias" -, vamos quase
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que inviabilizar o cmprego para a jovem que a cadadia se prepara para assumir suas responsabilidades deigualdade com o sexn masculino em todas as atividades,seja no comércio, indústria, escritórios etc. Setores industriais como o têxtil, em que 80% da mão-de-obrasao femininos. não terão condições de manter a gestanteremunerada em casa c contratar outra para suhstitui-Ia,e. no retorno ao serviço, dispensar a anterior.
Vamos iniciar a discriminaçao da mulher em qualquersetor de trabalho, quando houver condições de contratação de homem para o mesmo serviço. Oue conheceo excesso de garantias e vantagens dadas à trabalhadorado sexo feminino, na Itália, poderá testemunhar o quanto de prejudicial foram para elas estas pseudo conquistas.
No mesmo artigo, item XV - "Remuneraç<io emdobro do serviço extraordinário" ~-só quem não conhece as condições de dificuldade por que passa a maioriados comerciantes ou industriais brasileiros poderá acharque é possível pagar horas extraordinárias em dobroVamos fazer uma Constituição para valer. não paraenganar os nossos trabalhadores.
Ainda no mesmo artigo, item XXVI- "Náo incidência da prescrição no curso do contrato de trabalho eaté dois anos de sua cessação" - o passivo trabalhistaquc ficará pesando sobre uma empresa vai inviabilizarqualquer negociação do seu controle acionário, não ~en
do possível a manutenção de tal espada sobre qualquercabeça, mesmo porque o próprio Ministério do Trabalho, pelo seu órgão local, já acompanhou a demissãodo empregado, garantindo seus direitos.
Deixamos para comentar no final do artigo o itemI - "garantia de emprego, protegido contra despedidaimotivada, assim entendida a que não se fundar em:suas letras a, b e c" Não existe país no mundo emque a estabilidade seja garantida por uma constituição.Não entendemos que passam os chamados progressistasda Constituinte ser tão ingênuos a ponto de pensarque a aprovação da estabilidade vai contribuir para estimular os empresários a investirem mais. É loucura procurar-se garantir emprego através da Constituição deum país. Quem adquire estabilidade é o próprio empregado, com seu trabalho. sua honestidade, seu zelo, suaresponsabilidade. Se o funcionário é bom, nenhum empregador será louco para persegui-lo ou despedi-lo. Falta neste país mão-de-obra especializada, mão-de-obrahonesta, mão-de-obra responsável. Não vamos nivelaro nosso trabalhador por baixo, garantindo no empregoo irresponsável, como se a maioria da classe irresponsável fosse. O trabalhador precisa do seu emprego, como o empregador precisa do seu trabalho. O trabalhador precisa garantir também emprego para seu filhoe seus parentes. e não será pela via constitucional queos empresários manterão seus empregados sob quaisquer condiçôes e ainda investirão mais, criando novasempresas e novas oportunidades de trabalho. No momento em que, por lei, se desejar fechar a porta desaída da empresa, fechar-se· á automaticamente a portade entrada para seus filhos. A economia brasileira precisa de medidas de abertura, e não de fechamento.Os empresários brasileiros não poderão ficar passivosdiante de lances demagógicos daqueles que visam muitomais a seus interesses eleitoreiros imediatos, a seus interesses pessoais, do que à saúde econômica do País.
Estã mais que provado que a estahilidade induz aocomodismo, à ociOSidade, rebaixando a produtividade;faz a empresa criar dificuldade para admissão de novoscandidatos a emprego, desestimula novos empresários,espanta o capital produtivo, quebra pequenas e médiasempresas, inibe projetos de expansão, criando. comisto, () caminho da deterioração de qualquer país desenvolvido ou em desenvolvimento.
Ainda há tempo para evitarmos este desastre queestá por vir. O que foi votado pela Comissão de Sistematização não atende nem aos interesses do empresário,muito menos aos dos trabalhadores. Temos de procuraras verdadeiras lideranças do tralhador para conversar,para dialogar, para nos entendermos e acharmos o caminho mais curto e mais certo para que os interesses daspartes sejam atendidos, sem caminharmos com a economia do Brasil para o fundo do poço, demonstrandoirresponsabilidade daqueles que foram incumbidos deelaborar uma nova Constituição para o nosso País.
Era o que tínhamos a dizer.
Novembro de 1987
o SR. JORGE ARBAGE (PDS - PA. Pronunciao seguinte discurso) - Sra. Presidente. neste I" de novembro do Ano Mariano de 1987, o Pará vivcu a glóriade um evento muito singular para sua gente e a históriada Igreja de Jesus Cristo: a comemoração do 25" aniversário de ordenação episcopal de D. Tadeu HenriqueProst, OFM. Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém.
Há, no itinerário dos homens, aqueles que se distinguem pelas conquistas científicas e culturais, ou aindapelas raízes da bondade que cultivam nos corações,fazendo-se escravos da humildade para melhor serviremàs missões traçadas nos planos de Deus.
Crcio não exagerar em admitir que D. Tadeu Prost,essa figura admirável, Santo e Sacerdote, corporifiquena sua invulgar personalidade todos os atributos exigidos para torná-lo Pastor Espiritual da Igreja, numa região que contrasta Slla imensa riqueza natural com asede da fé e do amor, preconizados na doutrina cristã.
O Espírito Santo terá inspirado nosso Arcebispo Alberto Ramos a incluir na lista tríplice para a escolhade dois Bispos Auxiliares nomes como os de D. TadeuProst e Monsenhor Milton Correa Pereira. E não foracertamente por acaso, que a Santa Sé designasse ambos,em decisão de 23 de agosto de 1962, enquanto o terceiroiria dirigir uma Diocese do sertão baiano.
O exemplo dc trabalho dedicado à causa da evangelização no Pará. com passagens por regiôes difíceis,como o Tapajós, pode testificar a vocação sacerdotalde D. Tadeu no ideário de levar a palavra de Deusaos que dela necessitam para o esforço da conversãona busca dos legítimos caminhos da salvação.
Ordenado Bispo para Belém, durante 25 anos vemse dedicando totalmente à nossa Arquidiocese, comabnegação e humildade, muito embora nem sempregoze de saúde plena.
Nasceu D. Tadeu em Chicago, nos Estados Unidos,filho de luxemburgueses. Depois de ter cursado, durante algum tempo, o Seminário Arquidiocesano, transferiu-se para a Ordem dos Franciscanos Menores. Ordenado sacerdote, em Teutópolis, Illinois, a 24 de junhode 1942, ofereceu-se para vir ser Missionário na Amazônia, e mereceu ser escolhido como participante da primeira turma de franciscanos norte-americanos que, em1943. vieram trabalhar no Tapajós. Um dos seuscompanheiros foi o entusiasta Dom Frei Tiago Ryan, Bispoemérito de Santarém.
Vale ressaltar que os predicados morais de D. Tadeunão ficaram conhecidos e confinados somente na regiãoda Fordlândia. Foi designado visitador para a ProvínciaFranciscana de Goiás c pouco depois era nomeado Procurador da Prelazia de Santarém. em Belém. e veioresidir no Colégio Nazaré, ocasião em que marcou suapresença como orientador espiritual de muitas geraçõesparaenses. Simultaneamente organizou a Procuradoria,adquirindo uma residencia na Praça Batista Campose construindo a Capela de Santo Antônio de Lisboa.A esse tempo era também assistente eclesiástico dosHomens da Ação Católica. E lecionava Religião emdiversos colégios.
Um acontecimento religioso ligado à Igreja - a primeira sessão do ConCilio Ecumenico Vaticano 11, obrigou a ausência de D. Tadeu no Pará. Teve de seguirpara os Estados Unidos, levando consigo a missão dereunir os três bispos necessários para a sagração, encontrando sérias dificuldades, pois quase todos tinham seguido para Roma.
Há um fato curioso que deve ser registrado comoa força da vocação sacerdotal, que mais empolga o espí·rito criativo de D. Tadeu Prost: o fascínio pela ampliação de espaços físicos onde possam ser instalados osmecanismos indispensáveis ao processo da difusão doEvangelho. Tanto que, ao assumir suas funções na Arquidiocese de Belém, teve a corajosa incumbência deiniciar a construção do novo seminário e a orientaçãoespiritual das religiosas. A despeito. o pouco tempodisponível para refazer-se da árdua jornada de trabalho,empregava em viagens ao interior, acompanhando D.Alberto Ramos nas visitas às localidades mais distantes,o que fazia com singular sacrifício e devotado interessena prática da evangelização.
Credite-se, ainda, ao esforço desse extraordináriomissionário de Cristo a serviço da Igreja no Pará ofato de que, quando o Hospital Guadalupe estava na
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sua estrutura nua, a Congregação das Innãs Adoradorasdo Sangue de Cristo pensou em vendê-lo para servirde hotel, ou mesmo hospital. A continuidade da obraficou condicionada à direção de D. Tadeu. Com o consentimento do arcebispado, tomou imediatamente asmedidas cabíveis, adquiriu material na fonte, regularizou as finanças e conseguiu que Belém não perdesseesse importante e tão útil nosocômio.
Mas. Sr. Presidente. é relevante destacar neste modesto pronunciamento que a grande realização conquistada ao longo dos vinte e cinco anos de vida sacerdotalpor D. Tadeu Prost foi sem dúvida O Seminário SãoPio X. que teve concluída sua obra à custa de muitosesforços. E explica-se a razão dessa inusitada euforia:o belo edifício que serve ao educandário não foi edificado com a contribuição de generosos milionários, oude multinacionais. nem mesmo com ajuda de verbaspúblicas. Foi obra construída com modesta colaboraçãoda família católica paraense, somada à cooperação deparoquianos norte-americanos que atendiam aos apelos, quando, autorizado pelos bispos respectivos, seuidealizador fazia pessoalmente as coletas durante as mis-sas nas Igrejas. .
Creio suficiente para registro nos Anais desta augustaCasa do povo brasileiro o histórico sobre a vida, o trabalho e a dedicação de D. Tadeu Prost, na espinhosa,mas também gratificante per~grinação de mais de duasdécadas, espargindo entre milhões de fiéis as bênçãosevangélicas que Cristo ensinou e ordenou que seus discí·pulos ensinassem a todos os povos.
É oportuno dizer que os 25 anos de ordenação episcopal de D. Tadeu motivaram a suprema gratidão dosparaenses, em nome dos quais muito me orgulha traduzir em palavras singelas a imensa alegria em festejá-losem comunhão de orações que são elevadas aos céus,pedindo a Deus, Nosso Senhor e Salvador. que preserveesse servo na sua reconhecida santidade e sempre fielaos ditames da Igreja e seu pastor supremo, o PapaJoão Paulo 11.
Era o que tínhamos a dizer.
O SR. FRANCISCO AMARAL (PMDB - SP. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, artigos e mais artigos de jornais denunciam,quase todos os dias. o problema do menor abandonadono Brasil.
O Brasil tem hoje entre 65 a 70 milhões de habitantes,com idade até 18 anos; destes, 36 milhões, isto é, maisda metade, estão no abandono. E, alguns, além decarentes e sem teto, são ainda deficientes físicos oumentais.
Se educar crianças comuns já é tarefa difícil, imagine-se a soma de esforços necessários para educar e procurar desenvolver potencialidades em crianças porta·doras de deficiências mentais e físicas, e ainda carentesde recursos. É assim a clientela atendida pela SociedadePestalozzi de Campinas, que mantém escola especializada. O atendimento é gratuito. e, além de professorescom fonnação especial na área, possui médico, psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, pedagogo e assistente social, toda uma equipe de profissionais de altogabarito. Esta equipe é necessária, pois os alunos. alémda deficiência mental, apresentam outras deficiênciasassociadas, como a da fala e motora.
Considerada de utilidade pública federal, a EscolaPestalozzi funciona, atualmente, em prédio próprio, ea história do levantamento deste prédio revela quantode sacrifício representou para sua diretoria e colaboradores. Cada tijolo, cada pedra, cada palmo erguidoatestam um esforço muito grande de generosidade einvulgar dedicação. A sua realidade atual representauma vitória, tanto para os que colaboraram em suaconstrução quanto para as crianças que lá brincam eestudam.
O nome Pestalozzi foi escolhido em homenagem aoeducador suiço Johann Henrich Pestalozzi, que trabalhou a vida inteira com crianças difíceis e carentes, dando-lhes atenção. carinho e amor.
A filosofia das Sociedades Pestalozzi existentes emtodo território nacional é educar para integrar. Hoje,numerosas delas se estendem de Norte a Sul, fonnandouma federação nacional, Fenasp.
Obra de tanto alcance, exigindo tanto. não seria possível sem verbas e, principalmente. sem a ajuda incondicional de grupos de voluntários. Além das verbas ofi-
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ciais, sempre modestas, há a notável dedicação particular de inúmeros colaboradores.
A eles o nosso agradecimento, pois, desta fonna,estão procurando cooperar na solução desse quadrosocial caótico, para que esta situação inaceitável domenor não permaneça no plano das lamentações estéreis.
Queremos congratular·nos com a Federação Pestalozzi, pelo seu desempenho, desejando que o exemplode assistência ao menor carente, dado pela entidade.frutifique em todo o País. E, em Campinas, deixamoso registro, na pessoa da Dr Maria Letícia de Barros,invulgar e incansável batalhadora da causa, cumprimentando nela todos os que, no Brasil, se empenham generosamente no setor.
O SR. AMARAL NETTO (PDS - RJ. Pronunciao seguinte discurso.) - Sr Presidente, Srs. Deputados,o Congresso Nacional esteve presente à 78" Conferência1nterparlamentar realizada em Bangkok entre os dias12 e 17 do mês de outubro. Tive a honra de participarda delegação brasileira. integrada pelos representantesdo PMDB, do PDS, do PFL, do PDT, do PTB e doPT, sob a presidência do Deputado Paes' de Andrade,que respoode pelo Grupo Brasileiro da União Interparlamentar.
Talvez não se tenha avaliado ainda entre nós a impor·tância do vínculo de nosso Legislativo com o Parlamentomundial, integrado por congressistas de 120 nações.Recentemente, o nobre Deputado Paes de Andrade,parlamentar exemplannente aderido a todos os problemas da representação popular, publicou um valioso livro sobre a interparlamentar e os direitos humanos.
O grupo brasileiro, hoje presidido por nosso colegaPrimeiro Secretário da Câmara, é uma entidade fonna·da por Senadores, e Deputados federais, reconhecidacomo serviço de cooperação interparlamentar. na conformidade da Resolução número 9, de 1955, e pelaResolução número 28,do mesmo ano, assinadas pelosentão Presidentes do Senado e da Câmara, SenadorNereu Ramos e Deputado Carlos Luz.
As raízes da União lnterparlamentar - como lembraem seu livro sobre esse organismo o Deputado Paesde Andrade, estão na Primeira Conferência Interparla·mentar, promovida em 1889. por iniciativa de dois par·lamentares europeus, os Srs. William Randal Cremer,da Inglaterra, e Fréderic Passy, da França. A partirdaí, a idéia de um Parlamento mundial consolidou-see frutificou, adquirindo uma estrutura própria, inclusiveum secretariado internacional e a criação de rrupos nacionais, eleitos pelas assembléias de cada nação. A forçajurídica e moral em que se funda a entidade foi tal,que ela atravessou as duas guerras mundiais, marcandosua presença como uma espécie de "Plaza Mayor", defórum universal a serviço da paz e do entendimentoentre os povos.
Quando o arbítrio das ditaduras sufoca as liberdadese os direitos humanos. em qualquer parte do planeta,a União Interparlamentar se transfonna sempre na tribuna mais alta e mais eficaz para a defesa do estadode direito.
A conquista da independência de inúmeros povosque viviam em estado colonial até a primeira metadedeste século, passou pelo fórum da Interparlamentar.E é nele que têm surgido também as propostas maisassíduas e mais viáveis com que contam os governose as nações para a luta pelo desarmamento, para aconsolidação da paz mundial, para a eliminação do racismo, do apartbeid e de todas as vigências de perversãojurídica na vida da sociedade.
Nos quatro dias de intenso trabalho do Parlamentodo mundo reunido neste mês em Bangkok, a delegaçãobrasileira participou ativa e efetivamente de todos osdebates. Nosso colega, Deputado Oscar Corrêa trouxeao Plenário uma proposta de contribuiçâo dos parlamentos ao respeito, ao desenvolvimento e à proteçãodos direitos humanos.
O Deputado Jorge Uequed, em lúcido pronunciamenta, recolheu a solidariedade do Plenário para oproblema da dívida externa que hoje estrangula os países do Terceiro Mundo. E, finalmente. o Presidentedo grupo brasileiro, Deputado Paes de Andrade, falando em nome de nossa delegação, apresentou um verda·deiro painel das dificuldades e das distorções que assina·
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Iam os dias temerários que vivem as nações. à belfada guerra, da fome e da injustiça social institucionalizada.
A reunião de Bangkok aprovou, com o voto dos re·presentantes brasileiros, vários projetos de resolução.contemplando a promoção e o desenvolvimento do>direitos humanos, em áreas particularmente ainda afetadas por regimes de arbítrio. Foram também aprovadasproposias no sentido de isolar e atenuar os conflitosannados que podem ser a semente de uma guerra mundial e que atonnenta os povos do Oriente Médio, doGolfo Pérsico, da América Central e da África. Recebeu ainda destaque especial a resolução que recomendaa eliminação dos últimos resíduos coloniais em di versospontos do mundo. Ainda agora, a imprensa mundiale os círculos da política internacional estão creditandoà Uniâo Interparlamentar os avanços das negociaçõesde paz para o fim do conflito Irã x Iraque.
No frontispício de seu livro sobre a vocação dos parlamentos em geral e do Parlamento mundial em particu'lar, o Deputado Paes de Andrade anotava a advertênciade Albert Camus a todos os que temos um mandatodo povo para a defesa de suas causas, dentro e loradas fronteiras nacionais:
- "Sim, o que é necessário combater hoje" lembra Camus - "é o medo e o silência. junta·mente com a separação dos espíritos e das almasque eles acarretam. O que é preciso defender êo diálogo e a comunicação universal dos homens.uns com os outros. A servidão, a injustiça e a men'tira são o flagelo que rompe essa comunicação einterdita esse diálogo. Por isso devemos repeli-Ias".
Sr Presidente, sem poderes de decisão. os Parlamen·tos cumprem essa missão indicada pela palavra de Camus, e acreditam na força poderosa e fecunda das idéias.
Para registrar melhor o desempenho da delegaçãobrasileira à Conferência de Bangkok, peço a V. Ex',Sr. Presidente, que encaminhe para transcrição nosAnais a íntegra dos pronunciamentos dos parlamentaresbrasileiros, a seguir:
DEPUTADO PAES DE ANDRADE (Presidentedo Grupo Brasileiro da União Interparlamentar) - Senhor Presidente, Senhores Delegados,
Nossas reuniões têm sido marcadas, sempre. peloespírito fraterno que nos iguala, não apenas nos senti·mentos universais, mas, também, nas justas preocupações com os problemas que envolvem a pessoa humana em qualquer recanto do nosso planeta.
Por isso mesmo, torna-se quase uma rotina lembrar.em cada reunião, a necessidade que temos de pregara paz entre os homens e as nações.
Temos o poder moral, a palavra reforçada por essesentimento que nos faz innãos uns dos outros em qualquer lugar em que nos encontremos, mas falta-nos opoder coercitivo que torne operantes nossos sonhos deuniversalidade.
Em reuniões anteriores, levantamos nossos votos pelapaz no Oriente Médio, onde os cadáveres de irmãosem humanidade, lado a lado, constituíam um justo clamor contra a violência que se apresentava no mais duroretrato da angústia de populações civis, vítimas da guerra e da destruição.
Depois, em Seul, reclamamos a paz para os irmãosdo Iraque e do Irã, consumindo·se numa guerra quenão apenas destrói as riquezas acumuladas ou as reservas de abastecimento da humanidade, mas milhões devidas preciosas, especialmente de jovens que fazem omundo curvar-se nas lágrimas da frustração pela impossibilidade de uma providência eficaz e urgente.
E aqui nos encontramos novamente, nesta cálida esuave capital da Tailândia, envoltos nos mesmos pensamentos de fraternidade e de universalidade.
E falo por um país que ergue a bandeira da paz comoo símbolo maior de sua história e como objetivo essencial de seu povo.
Nossa preocupação como nação e comunidade vol·ta-se para a utilização pacífica dos recursos da tecno·logia nuclear.
Os povos dos dois hemisférios submetem·se ao Tratado Internacional da Assembléia das Nações Unidas sobre os princípios que devem reger as atividades dosEstados na exploração e utilização do espaço ultrater-
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restre. Disciplinam juridicamente o princípio da liberdade de ocupação do cosmo interplanetário e a renúnciaa toda pretensão de soberania na exploração colonialistadesse espaço.
felizmente, as duas grandes potências que praticamente monopolizam esse espaço interplanetário - aUnião Soviética e os Estados Unidos da América doNorte - iniciam um diálogo que tudo indica eficazpor intermédio de seus dois líderes, Ronald Reagane Gorbacbov.
Os primeiros atos dos dois dirigentes repercutem,hoje, em todo o mundo, como a primeira ação sériae efetiva em favor da paz universal, com atos de desmilitarização e de compromissos na redução da corrida armamentista.
Não se compreende que u homem possa dominaras energias mais poderosas e, em lugar de utilizá-lasem seu proveito, delas faça a arma para o extermíniode seus irmãos e do próprio planeta.
O Brasil domina, agora, o processo de enriquecimento do urânio, técnica fundamental para a utilizaçãoeconômica da energia atômica e, em razâo da possedessa tecnologia, toma-se um daqueles países com condiçôes de fabricar a bomba atômica.
Mas essa grave condição desperta em nosso povoe em nosso governo, conforme bem explicitou O Presidente da República do Brasil, José Sarney, um sentimento pacifista ainda mais acentuado.
Dominando o processo tecnol6gico que nos incluino clube das nações privilegiadas no setor avançadoda ciência nuclear, o Brasil é, no entanto, a expressãodesse sentimento pacifista, tornando-se desnecessáriaa imposição de condições restritivas à sua atividade nocampo da pesquisa e ao seu desenvolvimento tecnol6gico, porque nem o governo admite processar a energiapara a beligerância, nem o seu povo admitiria uma administração que desviasse para os objetivos de guerrasos recursos dessa avançada conquista da humanidade.
O mercado abrangido pelo.Clube Atômico movimenta anualmente 150 bilhões de d6lares em reatores, máquinas, equipamento e combustíveL
Nossas recomendações, como eleitos pelo povo emsua mais legítima representação, só podem ser as deque esses recursos somente possam servir à causa dapaz e do progresso da humanidade.
Se focalizamos mais especialmente esse tema, tãoimportante para O mecanismo político da construçãoda paz universal, é porque, hoje, integrados no ClubeAtômico, temos mais responsabilidade que qualqueroutro povo na destinação dos recursos técnicos e financeiros para benefícios dos que sofrem a miséria e afome, o analfabetismo e as doenças, num mundo dividido entre os que têm muito e os que não têm nada.
Há, agora, além do encaminhamento diplomático dapaz através dos líderes das duas maiores potências, apossibilidade de utilizarmos os recursos que a ciênciae a pesquisa nos colocam às mãos exatamente paraconstruir o mundo melhor com que sonhamos.
Até mesmo o mercado do urânio enriquecido, como reforço que traz o Brasil, democratiza esse comércioestimado atualmente em cerca de 15 bilhões de d6laresanuais, dos quais 60% fixados nos Estados Unidos, aumentando com nossa presença a diversificação de produtores, forma democrática de reduzir a concentraçãode poder, facilitando a construção da paz.
Não é pela vaidade de termos ingressado no reduzidoclube de privilegiados da tecnologia que destacamosestes aspectos de atualidade científica e política, masê exatamente porque, fortalecidos, podemos ser umponto de apoio a todas as naçôes que aspiram viverum futuro de tranqüilidade e de trabalho e, quem sabe,uma forma de equilíbrio mais sólido entre as grandesnações controladoras do átomo e de sua industrialização.
Em condição de enriquecer o urânio em escala industrial, o Brasil pode ser o instrumento útil na construçãoda paz, pois superamos, inclusive, o dificílimo problematecnol6gico de encontrar uma liga metálica para resistirà extrema corrosividade do hexafluoreto, bem comoa barreira que poucos países puderam superar para conter as vibrações indesejáveis das centrífugas, que também em nosso País já construímos.
Não esquecemos, porém, que somos uma nação doTerceiro Mundo, como numerosos outros, comprome-
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tidos com a dívida externa que a ganância das taxasexorbitantes de juros sufocou no seu processo de desenvolvimento.
Com a comunidade latino-americana que necessitada solidariedade universal para atravessar o seu críticoprocesso de crescimento, o Brasil pleiteia o apoio desteplenário para que as negocIações visando ao pagamentodessa dívida sejam feitas à base de critérios justos eviáveis, sem que a imposição do sacrifício interno reduzao mercado de trabalho e suste ou retarde sua etapadesenvolvimentista.
Sabemos que somente será possívcl obter resultadospositivos, com o tratamento político da dívida. E estamos certos de que os ilustres delegados-das demais nações aqui presentes representarão em sua manifestaçãode solidariedade aos nossos países endividados, umacontribuição importante para que o pagamento dos nossos débitos internacionais não se faça à custa da fomedas nossas comunidades, segundo muito bem expressouO saudoso Presidente Tancredo Neves.
Nosso povo vive o sacrifício imposto para permitiruma renegociação da dívida externa, mas sabe que essesacrifício atingiu o seu limite máximo. Impõe-se, agora,o encontro de soluções políticas para a questão queé, igualmente. das demais nações latino-americanas,algumas delas comprometidas, com a nossa, pela administração irresponsável de governos que não tiveramo respaldo popular das urnas e que arrebataram o poderatravés da força e da violência. Felizmente esta é umafase dolorosa de nossa história que vai ficando no passado, da mesma forma como ocorre com os povos irmãosdo Uruguai e da Argentina.
No pórtico de nosso livro sobre dA lnterparlamentare os Direitos Humanos", reproduzimos o pensamentode Albert Camus, segundo o qual dé preciso defendero diálogo e a comunicação universal dos homens unscom os outros" e que "a servidão, a injustiça e a mentira, são o flagelo que rompe essa comunicação e interdita o diálogo".
Façamos deste plenário o grande auditório universalno qual todos os povos tenham voz e tenham vez.
Aqui se encontram irmanados com os mesmos nobressentimentos, representantes populares que receberamo batismo das urnas na consagração dos votos.
São, assim, legitimamente, os mandatários do povona expressão representativa de sua força reinvindicatória, de sua fidelidade aos princípios da justiça social,e da consagração na defesa de um direito novo da comunicação, ou seja, do direito ao fato, melhor dizendo,do direito ao conhecimento da verdade, em toda a suaamplitude.
Este parlamento, já o declarei junto aos meus paresno Legislativo Brasileiro, é um forum mundial que seconstitui em patamar ecumênico entre as nações parao debate pacífico e criador dos problemas que preocupam nossas terras e nossas gentes, em seu objetivo deencontrar o equilíbrio, entre a paz e o progresso.
Se aqui pregamos a substituição dos métodos medievais pela convivência pacífica entre os povos e o entendimento entre as nações, é porque entendemos que asolução dos problemas que nos afligem mundialmentes6 poderá ser encontrada através desse diálogo que éa característica democrática de uma sociedade ajustadaaos princípios do respeito à liberdade e à justiça.
Incumbiram-me os companheiros do Brasil de saudarcada um dos ilustres delegados, aqui reproduzindo asmesmas preocupações de integraçâo nacional que nosidentifica, que nos faz soldados de uma causa comume sacerdotes dessa missão histórica na construção deum mundo melhor.
A verdade é que o mundo seria melhor se os nossosdirigentes pudessem colher resultados dessa prática nocontato constante com a comunidade e na experiênciado dia-a-dia com nossas populações, e aplicá-los naconstruçâo de uma sociedade justa, sem preconceitose sem privilégios.
E também é certo que se o preceito individual denâo fazer aos outros o que nâo desejamos que oos façam, fosse estendido às nações, a paz estaria mais próxima e a humanidade mais feliz.
O Brasil vos saúda pela minha voz, fortalecendo acerteza de uma responsabilidade que nos é comum,e sempre honrosa, porque traz consigo a força dessaatribuição especial, do mandato popular -diria melhor
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- desse anseio popular que é exatamente igual emcada uma de nossas pátrias. Isso porque, nesta horade apreensões e de angústia, mas, felizmente, aindade esperança, não nos distinguem a cor, a língua oua geografia. Somos exatamente iguais na fé com quealimentamos o futuro de concórdia universal, irmãosque somos de um mundo que se torna cada vez menor,a aldeia global que nos faz não apenas vizinhos, masíntimos pelo sentimento e pela convivência fraterna.
CONTRIBUIÇÃO DOS PARLAMENTOS
AO RESPEITO, AO DESENVOLVIMENTO
E Ã PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
A 78' Conferéncia lnterparlamentar de Bangkok permite-nos trazer à consideração deste augusto Plenário,que congrega parlamentares de todo o mundo, brevespalavras sobre o tema, que, tendo ocupado a atençãode doutores e leigos, continuem fonte de inesgotáveislições a serem retiradas da realidade.
A realidade é que o casamento indissolúvel Parlamento-Direitos Humanos assegura a existência do estadode direito, sinônimo de democracia. E esta só se considerá realizada no dia em que se possa proclamar aintegral e absoluta existência da proteção aos direitoshumanos, no sentido mais amplo - políticos, econômicos, sociais.
Isto porque, ainda hoje, chegaríamos à triste constatação de que, de um modo ou de outro, de forma maisou menos acentuada, em todos os países se cometemabusos e deslizes na convivência Estado-Cidadão, mesmo nos que mais apregoam sua garantia. E ainda osdireitos mais elementares, a começar o da vida, a liberdade, a honra.
Avulta, por isso, o papel dos Parlamentos, comoguardiães vigilantes dos direitos humanos, no âmbitonacional e internacional, buscando fazer prevalecer eefetivarem-se as declarações que, desde dois séculos,pelo menos, os asseguram, e que a civilização e a cultura, pela compreensão e solidariedade, têm ampliado.
2 - Em nosso entender, sob dois prismas especiais,deve ser aqui tratado o tema.
O primeiro, na contribuição do Parlamento, no âmbito nacional de cada País, garantindo o respeito, colaborando no desenvolvimento e efetivando a proteçãodesses direitos.
Essa missão, o Parlamento a cumpre;I) pela denúncia permanente, ativa, eficaz das ofensas
que sofram, no País, mantendo vigilância sem a qualde nada valem os textos legais e mesmo os constitucionais;
11) pela formulação de novas propostas, que, em facede novas realidades, explicitem a abrangência dessesdireitos; ao desenvolvimento social correspondem sempre novas obrigações e novas faculdades dos cidadãos,que devem ser, tanto quanto possível, inscritas em textos coercitivos votados pelo Parlamento.
3 - No ãmbito interno, essa atuação há de fazer-seinfatigavelmente, se o autoritarismo inicia sempre suaação pelo solapamento dos direitos humanos, muitasvezes imperceptivelmente, mas sempre de forma ampliativa, até corromper, de vez, as resistências nacionaise implantar-se.
Se o Parlamento fraqueja, ou contemporiza, frustram-se as conquistas mais caras e as tradiçôes maisnobres, porque a sede de poder arbitrário s6 encontraobstáculo válido no poder da denúncia dos desvios cometidos, alertando para os perigos da desnaturaçãodos direitos. Quando o consegue.
Nessa missâo, o Parlamento é insubstituível, porque,congregando vozes de todos os setores e de todas aslinhas de pensamento, será o porta-voz eficiente queclamará, pronta e eficazmente, contra os atentados consumados ou apenas tentados.
4 - O segundo, que interessa ainda mais a este debate, diz respeito à atuação internacional dos Parlamentosna defesa dos direitos humanos, e parece-nos sobrelevarmesmo àquela atuação nacional.
Há de ser pela troca de experiências nacionais; peloconhecimento dos riscos enfrentados por uns e transmitidos aos outros, pelos remédios utilizados na defesaou incentivadores do desenvolvimento e garantidoresda proteção; em síntese, será pelo intercâmbio entreos Parlamentos das várias naçôes, que melhor se previ-
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nirão as violações e se assegurará o cumprimento dosdireitos humanos.
5 - Os processos de violação, em todos os países,assumem mais ou menos as mesmas características; osataques revestem-se, em geral, de formas semelhantese idênticas conseqüências: de modo que a experiênciade uns servirá, quando nada, para prevenir os outrosdos riscos a que se submetem. E prevenidos, será maisfácil alertar, prever e até mesmo impedir se consumemas ofensas temidas.
Esta a grande missão dos Parlamentos, no âmbitointerparlamentar, por mais que as Nações prefiram sempre sofrer as próprias experiências, por mais amargasque sejam, e ainda que conhecendo as que outras jápadeceram.
6 - Se o grau de desenvolvimento das Nações geradiferentes sistemas de direitos e de proteção, há linhasgerais, diretrizes universais, necessariamente seguidas.Delas podem os parlamentares de todo o mundo terconhecimento, conscientizando-se das realidades dosdemais povos, nesta Uniâo Interparlamentar. Com issose possibilitará efetiva extensão dos direitos, na medidadas peculiaridades nacionais, a todos os Povos.
7 - No Brasil, temos disto, agora, prova evidente:da elaboração, em curso, do nosso texto constitucional,após suas décadas de regime autoritário, muito nos temservido e inspirado a experiência (sobretudo, recente)de outros povos, que, antes do nosso, passaram porsituações semelhantes.
Aproveitando-nos delas, respeitadas as características nacionais, estaremos queimando etapas no desenvolvimento dos sistemas de proteçâo aos direitos humanos. E as lições colhidas em outros Parlamentos constituem fonte indispensável de ensinamento, a serem utilizadas.
Como depois, a nossa experiência poderá servir aoutras que venham a precisar dela, com a universalização sonhadá da efetiva proteção aos direitos humanos, missão maior a que nos devemos dedicar.
Finalizando: se, de todo, os clamores internos nosParlamentos nacionais forem insuficientes à proteçãodos direitos humanos, restará sempre este Plenário, noqual hão de repercutir com estranha ressonância, constituindo-se em vigorosa denúncia que há de pôr fim aosabusos e desvios, tão grande a repulsa de que os cobriráa comunidade internacional, expressão superior destaUnião Interparlamentar. - Oscar Corrêa Júnior, Deputado Federal.
O SR, OSCAR CORRÊA (PFL - MG. Pronunciao seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,não poderíamos deixar de registrar, desta tribuna, aparticipação da delegação brasileira na Conferência Interparlamentar de Bangkok, realizada no último mêsde outubro, naquela cidade. Presidida pelo ilustre Deputado Paes de Andrade e composta de representantesde que quase todos os partidos políticos, como assentonesta Casa, o Grupo Parlamentar Brasileiro, pela vozfirme e equilibrada de seus membros, fez chegar a todasas nações do mundo, que ali se faziam presentes, anossa palavra a respeito dos temas constantes da pautada reunião. Desde o papel fundamental dos Parlamentos na defesa dos Direitos Humanos até o problemada dívida externa dos países em desenvolvimento e suarepercussão no âmbito interno das nações, não faltouem momento algum a presença do Brasil naquele importante rorum de debates internacional.
Desta maneira, e pela importância e oportunidadedos pronunciamentos dos nossos delegados ali presentes, entre os quais destacamos os Deputados Paes deAndrade e Jorge Uequed, solicito a V. Ex' a transcriçãonos Anais da Câmara dos Deputados dos discursos daqueles nossos companheiros, que com brilhantismo eeficiência representaram e honraram, com sua atuação,o Congresso Brasileiro.
DOCUMENTO REFERIDOS PELO ORADOR
DEPUTADO PAES DE ANDRADE (Presidentedo Grupo Brasileiro da União Interparlamentar) - Senhor Presidente, Senhores Delegados.
Nossas reuniões têm sido marcadas, sempre, peloespírito fraterno que nos iguala, não apenas nos sentimentos universais, mas, também, nas justas preocupações com os problmeas qen que envolvem a pessoahumana em qualquer recanto do nosso planeta.
DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)
Por isso mesmo, torna-se quase uma rotina lembrar,em cada reunião, a necessidade que temos de pregara paz entre os homens e as na~ões.
Temos o poder moral, a palavra reforçada por essesentimento que nos faz irmãos uns dos outros em qualquer lugar em que nos encontremos, mas falta-nos opoder coercitivo que torne operantes nossos sonhos deuniversalidade.
Em reuniões anteriores, levantamos nossos votos pelapaz no Oriente Médio, onde os cadáveres de irmãosem humanidade, lado a lado,constituiam um justo clamor contra a violência que se aposentava no mais duroretrato da angústia de populações civis vítimas da guerrae da destruição.
Depois, em Seul, reclamamos a paz para os irmãosdo Iraque e do Irã, consumindo-se numa guerra quenão apenas destrói as riquezas acumuladas ou as reservas de abastecimento da humanidade, mas milhões devidas preciosas" especialmente de jovens que fazem omundo curvar-se nas lágrimas da frustração pela impossibilidade de uma providência eficaz e urgente.
E aqui nos encontramos novamente, nesta cálida esuave capital da Tailândia, envoltos nos mesmos pensamentos de fraternidade e de universalidade.
E falo por um país que ergue a bandeira da paz comoo símbolo maior de sua história e corno objetivo essencial de seu povo.
Nossa preocupação como nação e comunidade volta-se para a utilização pacífica dos recursos da tecnologia nuclear.
Os povos dos dois hemisférios submetem-se ao Tratado Internacional da Assembléia das Nações Unidas sobre os princípios que devem reger as atividades dosEstados na exploração e utilização do espaço u!traterrestre. Disciplinam juridicamente o princípio da liberdade de ocupação do cosmo interplanetário e a renúnciaa toda pretensão de soberania na exploração colonialistadesse espaço.
Felizmente, as duas grandes potências que praticamente monopolizam esse espaço interplanetário - aUnião Soviética e os Estados Unidos da América doNorte - iniciam um diálogo que tudo indica eficazpor intermédio de seus dois líderes, Ronald Reagane Gorbachev.
Os primeiros atos dos dois dirigentes repercutem,hoje, em todo o mundo, como a primeira ação sériae efetiva em favor da paz universal, com atos de desmilitarização e de compromissos na redução da corrida armamentista.
Não se compreende que o homem possa dominaras energias mais poderosas e, em lugar de utilizá-Iasem seu proveito, delas faça a arma para o extermíniode seus irmãos e do próprio planeta.
O Brasil domina, agora, o processo de enriquecimento do urânio" técnica fundamental para a utilizaçãoecônómica da energia atômica e, em razão da possedessa tecnologia, torna-se um daqueles países com condições de fabricar a bomba atõmica.
Mas essa grave condição desperta em nosso povoe em nosso governo, conforme bem explicitou o Presidente da República do Brasil, Josê Sarney, um sentimento pacifista ainda mais acentuado.
Dominando o processo tecnológico que nos incluino clube das nações privilegiadas no setor avançadoda ciência nuclear, o Brasil é, no entanto, a expressãodesse sentimento pacifista, tomando-se desnecessáriaa imposição de condições restritivas à sua atividade nocampo da pesquisa e ao seu desenvolvimento tecnológico, porque nem o governo admite processar a energiapara a beligerência, nem o seu povo admitiria urnaadministração que desviasse para os objetivos de guerraos recursos dessa avançada conquista da humanidade_
O mercado abrangido pelo Clube Atômico movimenta anualmente 150 bilhões de dólares em reatores, mãquinas, equipamentos e combustível.
Nossas recomendações, como eleitos pelo povo emsua mais legítima representação, só podem ser as de
que esses recursos somente possam servir à causa dapaz e do progresso da humanidade.
Se focalizamos mais especialmente esse tema, tãoimportante para o mecanismo político da construçãoda paz universal, é porque, hoje, integrados no ClubeAtômico, temos mais responsabilidade que qualquer
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outro povo na destinação dos recursos técnicos c financeiros para benefício dos que sofrem a miséria e a fome.o analfabetismo e as doenças. num mundo dividido entre os que têm muito e os que não têm nada
Há, agora, além do encaminhamento diplomático dapaz através dos líderes das duas maiores potências. apossibilidade de utilizarmos os recursos que a cienciae a pesquisa nos colocam às mãos exatamente paraconstruir o mundo melhor com que sonhamos.
Até mesmo o cercado do urânio enriquecido, comO reforço que traz o Brasil, democratiza esse comércioestimado atualmente em cerca de 15 bilhões de dólaresanuais, dos quais 60% fixados nos Estados Unidos. au·mentando com nossa presença, a diversificação de produtores, forma democrática de reduzir a concentraçãode poder, facilitando a construção da paz.
Não é pela vaidade de termos ingressado no reduzidoclube de privilegiados da tecnologia que destacamosestes aspectos de atualidade científica e política.
Mas é, exatamente porque, fortalecidos, podcmosser um ponto de apoio a todas as nações que aspiramviver um futuro de tranqüilidade e de trabalho e, quemsabe, uma forma de equilíbrio mais sólido entre as gran·des nações controladoras do átomo e de sua industrialização.
Em condição de enriquecer o urânio em escala industrial, o Brasil pode ser o instrumento útil na construçãoda paz, pois superamos, inclusive, o dificílimo prohlematecnológico de encontrar uma liga metálica para resIStirà extrema corrosividade do hexafluoreto, bem comoa barreira que poucos países puderam superar para con·ter as vibrações indesejáveis das centrífugas. que tambêm em nosso país já construímos.
Não esquecemos, porém, que somos urna nação doTerceiro Mundo, como numerosas outras, comprometidas com a dívida externa que a ganância das taxasexorbitantes de juros sifocou no seu processo de desenvolvimento.
Com a comunidade latino-americana que necesSitada solidariedade universal para atravessar o seu críticoprocesso de crescimento, o Brasil pleiteia o apoio desteplenário para que as negociações visando ao pagamentodessa dívida sejam feitas à base de critérios justos cviáveis, sem que a imposição do sacrifício interno redula o mercado de trabalho e suste ou retarde sua etapadesenvolvimentista.
Sabemos que somente será possível obter resultadospositivos com o tratamento político da dívida. E estamoscertos de que os ilustres delegados das demais naçõesaqui presentes representarão em sua manifestação desolidariedade aos nossos países endividados uma contribuição importante para que o pagamento dos nossosdébitos internacionais não se faça â custa da fome dasnossas comunidades, segundo muito bem expressou osaudoso Presidente Tancredo Neves.
Nosso povo vive o sacrifício imposto para petmitlfuma renegociação da dívida externa, mas sabe que essesacrifício atingiu o seu limite máximo. Impõe-se, agora.o encontro de soluções políticas para a questão queé, igualmente, das demais nações latino-americanas.algumas delas comprometidas, como a nossa, pela administração irresponsável de governos que não tiveramo respaldo popular das urnas e que arrebataram o poderatravés da força e da violência. Felizmente esta é umafase dolorosa de nossa história que vai ficando no passado, da mesma forma como ocorre com os povos irmãosdo Uruguai e da Argentina.
No pórtico de nosso livro sobre "A Interparlamentare dos Direitos Humanos", reproduzimos o pensamentode Albert Camus, segundo o qual "é preciso defendero diálogo e a comunicação universal dos homens unscom os outros" e que '"a servidão, a justiça e a mentirasão o flagelo que rompe essa comunicação e interditao diálogo".
Façamos deste plenário o grande auditório umversalno qual todos os povos tenham voz e tenham vez
Aqui se encontram irmanados com os mesmos nobre ....sentimentos representantes populares que receberamo batismo das urnas na consagração dos votos.
São, assim. legitimamente, os mandatários do ri lV( I
na expressão representativa de sua força reivindicatóriJ.,de sua fidelidade aos princípios da justiça social e d"consagração na defesa de um direito novo da comuni·
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dação, ou seja, do direito ao fato, melhor dizendo, dodireito ao conhecimento da verdade, em toda a suaamplitude.
Este Parlamento, já O declarei junto aos meus paresno Legislativo brasileiro, é um forum mundial quese constitui em patamar ecumênieo entre as nações parao debate pacífico e criador dos problemas que preocupam nossas terras e nOssas gentes, em seu objetivo deencontrar O equilíbrio entre a paz e o progresso.
Se aqui pregamos a substituição dos métodos medievais pela convivência pacífica entre os povos e o entendimento entre as nações é porque entendemos que a solução dos problemas que nos afligem mundialmente sópoderá ser encontrada através desse diálogo, que é acaracterística democrática de uma sociedade ajustadaaos princípios do respeito à liberdade e à justiça.
Incumbiram-me os companheiros do Brasil de saudara cada um dos ilustres delegados, aqui reproduzindoas mcsmas preocupações de integração nacional quenos identifica; que nos faz soldados de uma causa comum e sacerdotes dessa missão histórica na construçãode um mundo melhor.
A verdade é que o mundo seria melhor se os nossosdirigentes pudessem colher resultados dessa prática nocontato constante com a comunidade e na experiênciado dia-a-dia com nossas populações, e aplicá-los naconstrução de uma sociedade justa, sem preconceitose sem privilégios.
E também é certo que se o preceito individual denão fazer aos outros o que não desejamos que nos façamfosse estendido às nações, a paz estaria mais próximae a humanidade mais feliz.
O Brasil vos saúda pela minha voz, fortalecendo acerteza de uma responsabilidade que nos é comum,e sempre honrosa, porque traz consigo a força dessaatribuição especial, do mandato popular - diria melhor- desse anseio popular que é exatamente igual emcada uma de nossas pátrias. Isso porque, nesta horade apreensões e de angústia, mas, felizmente, aindade esperança, não nos distinguem a cor, a língua oua geografia. Somos exatamente iguais na fé com quealimentamos o futuro de concórdia universal, irmãosque somos de um mundo que se toma cada vez menor,a aldeia global que nos faz não apenas vizinhos, masfntimos pelo sentimento e pela convivência fraterna.
DEPUTADO JORGE UEQUED (Delegado doBrasil à Conferência Interparlamentar) - Se. Presidente, Sres Delegados,
A existência da interparlamentar e a realização periódica de suas conferências é uma domonstração de quea sociedade organizada vai procurar, pela via pacífica,a solução de seus problemas. Temos assistido nas conferências a preocupação permanente pela pessoa humana,em qualquer ponto em que ela se encontre. Nos váriosdebates na busca pela paz, no trabalho insistente parapor fim aos pontos de conflito. Hoje, além do conflitono Orientc, os países subdesenvolvidos e os em desenvolvimento enfrentam uma outra guerra: é a batalhapara evitar o pagamento de sua dívidas externas, sejamotivo para o aumento da mortalidade infantil, do desemprego, da violência urbana e da miséria.
Meu país, o Brasil, enfrenta um quadro doloroso,com uma dívida externa de 110 milhões de dólaresestamos remetendo ao exterior de 11 a 12 bilhões d~dólares ao ano, somente de juros.
Nosso saudoso Presidente Tancredo Neves declarou:"Não será com a fome, com o sangue e a miséria denosso povo que vamos honrar os compromissos da dívida externa", a frase do ex-Presidente enquadra-se noperfil de que nos últimos 5 anos, o Brasil, pagou 55bilhões de dólares a título de juros, cujas taxas aumentavam ao sabor e a ganáncia da sede insaciável dosbanqueiros internacionais. O governo decretou umamoratória, parcial é verdade, com o apoio de toda asociedade brasileira. Nosso país deseja atender seuscompromissos, mas não permitirá a espoliação e a insensatez daqueles que investiram brutalmente contra nossas riquezas e nossa soberania.
O Brasil foi vítima do dinheiro fácil e barato. Quandosobravam dólares e taxas de juros internacionais, porisso mesmo, os juros oscilavam entre 4 a 6% ao ano,ofereceram-nos os recursos de que necessitávamos paracrescer, mas que sabiam que dificilmente teríamos con-
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dições de pagar. Feitos os financiamentos, assumidosos débitos os investimentos, as taxas de juros passarama subir, confiados nas taxas costumeiras do mercadointernacional, havíamos todos nós, latino-americanos,aceito a oferta de finaciamentos com juros ao sabordo mercado.
Os encargos subiram até chegarem a 20% ao ano,mais spreads e comissões, em 1981. A receita infalívelmais uma vez ocorrera: o terceiro mundo absolvia afatura da dissipação dos países industrializados que,ao contrário do que OCOrrera na crise de 29/30, podiatransferir em seus resultados negativos, para os paísesde economia periférica.
Q País caiu num esforço enorme de exportar a qualquer custo, para obter superávits na balança comercial,para fazer frente, aos cada vez maiores encargos dadívida. Esse esforço exportador, com aumento da oferta, e a procura reprimida pela recessão internacional,aliados a um conjunto de medidas protecionistas adotados pelos grandes mercados, fez com que se aviltassemos preços de nossos produtos. Assim, quanto mais exportarmos menos recebemos pelas nossas mercadorias,e os custos dessa aventura são todos lançados internamente e suportados pelo povo através do achatamentosalarial, da inflação galopante, da recessão, e da miséria.
Vieram os incentivos fiscais e creditícios, juros subsidiados e crêditos fiscais simbólicos. Inúmeras mercadorias foram exportadas a preço inferior ao custo deprodução, muitas nem cobrem o preço da matéria-primaempregada. Mas dizia-se: "Exportar é o que importa",e com tal política fomos fornecendo ao mundo desenvolvido artigos a preços muito inferiores aos que erampagos peJos habitantes do país, como ainda hoje acontece, embora em menor escala.
Nossa impontualidade passamos a pagar spreads maisaltos, numa autêntica contrataçáo de seguro contra ainadimplência. Passaram a nos exigir um verdadeiroprêmio de seguro contra o não pagamento. A tudoacrescemos à dívida, fazendo novas dívidas.
Mesmo com a redução do pagamento de parte dadívida externa, as reservas combiais do Brasil permaneceram baixas, o desemprego passa a ampliar-se, os salários iniciam na faixa dos 50 dólares mensais e, a economia dá sinais de recessão. Enganam-se, neste quadro,os banqueiros internacionais por imaginarem que podem isolar o Brasil e pressionam o governo com ameaçasde retalhaçóes, para impor-nos condições que não temos possibilidades de cumprir.
O Ministro Bresser do governo José Sarney, tem oapoio da Nação para manter a moratória, para ampliála, como também para negociar a dívida. Deverá estarenegociação ser com spreads zero, com longo prazo,com período de carência. A proposta de conversão departe do capital em investimento no território brasileiroé uma das alternativas dos países subdesenvolvidos quepoderão adotar reservando-se a preservação da defesade sua soberania.
Quero saudar aos participantes desta conferência cmnome do meu país, ciente que todos somos irmãos,que buscamos a construção de um mundo melhor, deuma sociedade mais justa. sem miséria absotuta e semprivilégios. salientando que a utilização do capital nãopode ser a nova força de dominação e de colonização.Nesta aldeia global que vivemos hoje a solidariedadee o sentimento de convivência futura deverão ser abusca permantente.
O SR' PRESIDENTE (Irma Passoni) - Eslá findoo tempo destinado ao Pequeno Expediente.
Vai-se passar ao Horário de
v - COMUNICAÇÕES
DAS LIDERANÇASO Sr. José Elias - Se. PreSIdente, peço a palavra
para uma comunicação. Como Líder do PTB;OO3
Q SR PRESIDENTE (Irma Passoni) Tem a palavrao nobre Deputado.
O SR. JOSÉ ELIAS (PTB·- MS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Se' Presidente, Sr" e Srs. Deputados,
Li, com toda atenção, o Programa de Ação Governamental (PAG), para o período 1987/1991, recentemente
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apresentado à Nação pelo Exmo Sr. Presidente da República.
Após essa leitura, pude constatar que o Programaoferece, no momento e no meu entender, talvez a únicaalternativa com a qual possamos encontrar, de formamenos traumática, o caminho para a solução dos problemas pelos quais passa a nossa economia.
Busca o planejamento de médio e longo prazos comoação permanente de Governo.
Nele são definidas as fontes de recursos que darãosuporte a sua execução, dentro de uma estratégia queelege como fundamental o arrefecimento da inflação,o crescimento do produto nacional e a distribuição deseus benefícios; a valorização do homem; a maximi·zação no aproveitamento dos recursos naturais; a absorção, adaptação, incorporação e desenvolvimento de tecnologias básica e de ponta, priorizando a geração deemprego a acumulação de capital.
E verdade que a opinião pública brasileira tem demonstrado certa incredulidade com relação a planosgovernamentais.
Porém o PAG nos traz uma nova esperança pelassuas condições favoráveis de exeqüibilidade, por apresentar uma forte conotação social ao defender de formaconsistente, de um lado, o esforço para manter umataxa de crescimento médio de 7% a.a, a partir de 1989,para o Produto Interno Bruto (PIB) e, de outro, estabelecer uma arrojada atuação em defesa do social, atravésde: adoção de medidas visando a uma melhor e maisjusta distribuição de renda; um severo controle nos gastos governamentais para evitar o desnecessário; um revigoramento do salário real do trabalhador; e a geraçãode 8,4 milhões de novos empregos, com a democratização dos resultados obtidos privilegiando, principalmente, as camadas mais pobres da população.
Dessa forma, evidencia-se o cunho político democrático do PAG. A economia, por seu valor intrínseco,é uma função da política social. Sem uma economiasaudável, a política se instabiliza e não gera soluçãopara os conflitos sociais
Em curto prazo, o Plano Macroeconômico se consolida com o PAG, nos seus aspectos fundamentais decontrole e redução do déficit público e manutençãodos níveis adequadOS de poupança e investimento, assimcomo projeto de lei de orçamento, que estima a receitae fixa a despesa da União para o exercício financeirode 1988, na sua estratégia e nos seus objetivos e metas.
Q PAG é uma alternativa factível, que poderá conduzir a economia brasileira a um patamar seguro, dentrodc um sistema dinâmico, racional e permanente deacompanhamento e correção de sua trajetória.
Na decisão política de defesa e execução do Programade Ação Governamental (PAG), está, evidentemente,a segurança de grande parte do êxito para o retornoda confiança e engajamento da sociedade brasileira nessc projeto, para que ele se transforme num grande projeto nacional.
Bastante realista, sem grandes arroubos de projeçõesmegalomaníacas, mas com otimismo e confiança no futuro, o PAG enfatiza, detalhadamente, um quadroprospectivo da economia brasileira, com o crescimentoanual do PIB real de 5% em 1987. 6,0% em 1988,sustentando a média de 7% para os anos de 1989 a1991. Para tanto, isto é, para que sejam mantidos essespercentuais de crescimento, o PAG prevê uma taxamédia de investimento bruto e uma taxa média de poupança, ambas da ordem de 22,7%, além de.calcularcm 24,8% a taxa média de poupança doméstica e 5,2%de crescimento médio para o consumo privado.
A poupança externa necessária ao fechamento doquadro de investimento está dimensionada na médiaanual de 1,0% do PIB real, isto significando:
Ano US$ Bilhões1987 2,71988 3,01989 3,3?1990 3,71991 4~
1987-1991 16,7
Esse quadro indica certa vulnerabilidadc do Programa diante da neceSSidade da boa condução das discussões em relação à nossa dívida externa. Esse é um assunto delicado. É um desafio que o governo brasileiro pre-
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cisa enfrentar concretamente, com coragem, competência e visão.
Dentro dos limites do possível e do racional, a estratégia traçada no PAG para a metamorfose dos setoresprodutivos da economia (agricultura, indústria, mineração, energia, transportes, comunicação, ciência e tecnologia), estimula sobremaneira a iniciativa privada comoo único agente capaz de garantir a prosperidade geralda sociedade.
A superfície de seu texto é bastante densa e consistente, mas, ao contrãrio de outros planos, de leituraagradável, compreensão fácil e boa digestibilidade.
Salienta, como opção clara, a necessidade de manutenção do crescimento sustentado, associado ao combate intensivo e sistemático de arrefecimento do processo inflacionário. Por isso, o esforço de investimentogovernamental será desenvolvido de forma conjugadacom o setor privado, visando a criar as condições necessárias à identificação racional dos projetos que possuamas mais altas taxas de retorno econômico-social e maisrápida maturação.
Governo e iniciativa privada complementar-se-ão embusca da eficiência e da eficácia, como única formadesejada no atendimento à oferta e demanda agregadas.
Por suas características de empregador e sua capacidade de dar respostas rápidas aos estímulos recebidoo setor agícola mereceu um capítulo especial no Programa.
Em seu texto preconiza a reversão do baixo desempenho ocorrido no setor, nos últimos anos, quando osegmento compreendido pelos alimentos básicos (arroz,feijão, mandioca, milho, batata, tomate, banana, leitee ovos) teve uma redução de 14,4%, na sua oferta percapita, enquanto o segmento que abrange os produtosconsiderados como de exportação (soja, café, cacau,algodão, fumo e laranja) experimentou crescimento de11,5%.
Prevê adoção de medidas que visem à utilização demecanismos de políticas de crédito rural, preços míni·mos e formação de estoques reguladores, objetivandoaumentar a produção e a produtividade, através da incorporação de 20 milhões de hectares ao sistema deprodução até 1991, 11,6% em relação a 1986; empregoadequado de técnicas no uso do solo, aperfeiçoamentoda mão-de-obra e utilização de insumos modernos comofertilizantes, defensivos, máquinas e equipamentos.
Em termos de metas para expansão da área agrícola,o PAG prevê um crescimento para 1991, em relaçãoa 1986, de 90,9% com reflorestamento, 19,9% comlavoura de 7,1 % com pecuária.
Estabelece como estratégia para o setor o esforçoa ser desenvolvido no sentido de fortalecer a economiade mercado, reduzindo a participação governamentala níveis indispensáveis.
Em termos de geração de empregos, o setor agrícoladeverá contribuir com cerca de 2,9% a.a., tendo comofundamental a elevação da renda do trabalhador rurale do seu bem-estar social.
A ênfase dada ao social é digna de destaque especialcom diretrizes até certo ponto ambiciosas, mas perfeitamente factíveis. O PAG prevê para o período198711991, a geração de 8,4 milhões de novos empregos;duplicação dos rendimentos de 40 milhões de brasileiros, pela elevação de seus salários reais e atravésdo beneficiamento por programas sociais específicos,como o Programa Nacional de Ação Comunitária eoutros programas de apoio aos bóias-frias, favelados,idosos e às populações rurais carentes.
Como resgate da dívida social, o PAG prevê chegara 1991 com a assistência social beneficiando 28,7 milhões de pessoas, cerca de 14% da população brasileira.
Além disso, o governo buscará dar atendimento a36,0 milhões de menores perteocentes a famílias pobrescom renda familiar máxima de até dois salários-míni·mos. Desses, sete milhões são de menores abandonados.
Prevê também dar melhores condições acerca de 6,5milhões de idosos com renda inferior a dois saláriosmínimos .. Em síntese, o Programa de Ação Governamental
elaborado após extensa consulta realizada em todos ossegmentos da sociedade brasileira pela equipe têcnicada Secretaria de Planejamento da Presidência da República, que tem a direção do Ministro Aníbal Teixeira
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- necessita do apoio e engajamento de toda a sociedadebrasileira, principalmente através de seus representantes nesta Casa. Esse apoio deverá prolongar-se atravésdo acompanhamento e fiscalização de sua execução,oferecendo sugestões e subsídios para o enriquecimentoe correção do Programa, visando a que os benefíciosa serem obtidos alcancem realmente as classes sociaismais necessitadas.
Significa, em última análise, contribuir para a reconstrução de um novo País, através do fortalecimento desua economia com a sustentação do seu crescimento;participar no incentivo à racionalização e aperfeiçoamento do sistema de produção e troca; ajudar no fomento à iniciativa privada como processo cumulativo decapital e modernização tecnológica; influir para a adoção de rigoroso controle do orçamento, principalmenteem relação aos encargos financeiros das dívidas internae externa; e apoiar a busca incansável da eficiênciae eficácia no desempenho da máquina administrativa.
O Sr. Amaury Müller - Sr. Presidente, peço a palavra para uma comunicação, como Líder do PDT.
ASR' PRESIDENTE (Irma Passoni) - Tem a palavrao nobre Deputado.
O SR. AMAURY MÜLLER (PDT -RS. Sem revisãodo orador) - Sr' Presidente, para não fugir ao hábito,gostaria de tecer mais algumas críticas à indefensávelNova República.
Os veículos de comunicação social, a mídia escritae a mídia eletrônica anunciam que uma equipe governamental negocia com os credores esternos uma saídapara a difícil e complexa questão da dívida externa.E já se diz que o' Brasil, que declarou a moratóriaem fevereiro deste ano - mioto mais por constrangimento cambial do que por um gesto de soberania- estaria disposto a, num ato de boa vontade, pagar500 milhões dos 4 bilhões e 700 milhões de dólaresde juros que deveria resgatar neste ano, para receberem troca 1 bilhão e meio de dólares entregá-los imediatamente à agiotagem internacional, em nome do povobrasileiro, que não foi ouvido em momento algum. Enão foi ouvido também quando o Governo decidiu,sem consultar inclusive a Assembléia Nacional Constituinte, que elabora uma nova Carta Magna, autorizara transformação de parte dessa dívida externa em capitalde risco, escancarando as portoas da economia brasileira ao saque, à pilhagem do capital internacional.
Agora, Sr' Presidente, correm notícias de que o Governo estaria propondo aos banqueiros estatais, vulnerando ainda mais a economia deste País ao capital estrangeiro. Não posso crer, Sr' Presidente, que o Dl.José Sarney, que tantos e tão solenes compromissosassumiu com a História e com o povo deste País, estejapraticando ou tentando praticar esse verdadeiro crimede lesa-Pátria.
A Petrobrás que constitui o marco histórico de libertação econômica deste País por força de uma políticaequivocada, exibe um perigoso déficit. A Eletrobráse várias outras empresas estatais, outrora estáveis, estãotambém numa situação aaflitiva, por má gerência, pormá administração, depois que os militares assaltaremo poder e violentaram a Carta Constitucional.
Náo quero atribuir toda essa culpa ao SI. José Sarneye à sua alegre equipe de irresponsáveis. Mas, de qualquer maneira, é um fato muito grave que a Liderançado PDT deseja denunciar à Nação e ao povo: a transformação de parte dessa dívida em capital de risco nasempresas estatais; com isso estaremos entregando, demão beijada, numa bandeja de ouro, o que ainda retada economia, do patrimônio comum do povo brasileiroe da própria dignidade deste Paí'.;
O Sr. Genebaldo Correia - Sr. Presidente, peço apalavra para uma comunicação. Como Líder do PMDB.
O SR. PRESIDENTE (Irma Passoni) - Tem a palavra o nobre Deputado.
oSR. GENEBALDO CORREJA (PMDB - BA. Semrevisão do orador.) -SI. Presidente, em nome da Liderança do PMDB, quero tecer considerações sobre asreferências feitas pelo nobre Deputado Aamury Müllerà negociação levada a efeito pelo Ministro Bresser Pereira e sua equipe no que diz respeito à dívida externabrasileira.
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Essa fase da negociação vem-se desenvolvendo hálongos e penosos meses, depois de uma atituda corajosado Governo, ao declarar a moratória, atitude à qualo Deputado Amaury MÜLLER e seu partido faltaramcom O apoio que merecia assim como, o Governo naquele intante, justamente para se sentie mais forte e negociar em melhores condições com os credores estrangeiros. O Ministro Bresser Pereira inicia uma fase quecaracteriza pelo pagamento simbólico que quinhentosmilhões de dólares, com a contrapartida de um bilhãode dólares em empréstimos, que se somariam a umoutro depósito, no final de dezembro, de mais de umbilhão de dólares por parte do Brasil, com uma contrapartida de mais dois bilhões de dólares, formando, portanto, cerca de quatro bilhões e meio de dólares. Masessas negolciações sé se completariam se efetivamenteduas condições essenciais fossem atendidas, conformadeclaração do Ministro Bresser Pereira, isto é, os credores aceitassem a negociação com o Brasil independentemente do FMI e se aceitassem também a emissãode títulos com deságio, conforme proposto pelo Governo Brasileiro. Se essas duas condições não foremaceitas, evidentemente, essa tentativa de negociaçõesestará frustrada. de maneira que ainda não há um negócio fechado e não haveria, até o final do ano, sc nãofossem atendidas aquelas condições que o Brasil desejaEsse depósito não significa, ainda, a suspensão da moratória. Quero dizer, em referência a outra questão aquIlevantada pelo eminente Deputado Amaury Müller.que evidentemente estamos vivendo um momento demuita dificuldade com essa questão da dívida externa.e que o Ministro BVresser Pereira tem demonstradomuita firmeza, muita responsabilidade e seriedade nessanegociação. A ela não está vinculada em absoluto. questão da conversão da dívida. O nosso Partido tem umaposição sobre essa conversão da dívida externa elasé será possível através de uma manifestação do Congresso Nacional, em que se estabeleçam o volume destaconversão e as áreas onde serão admitidos os investimentos necessários a ela. Esse é o pensamento de nossoPartido, e nenhuma outra medida terá a nOssa sustentação.
VI- APRESENTAÇÃODE PROPOSIÇÕES
A SRA. PRESIDENTE (Irma Passoni) - Os Srs.Deputados que tenham proposições a apresentar. queiram fazê-lo.
VICTOR FACCIONI - Projeto de lei que dispõesobre a comprovação de habilitação profissional dosresponsáveis pelos balanços e demonstrações técnicocontábeis apresentados ao Tribunal de Contas.
- Requerimento de urgência na tramitação do requerimento, apresentado em 6.10.87, de constituiçãode Comissão Mista para acompanhar o desdobramentodas negociações do Governo brasileiro com o objetivode promover a ampliação do intercãmbio comercial.cultural, político, tecnológico e o livre comércio comos demais países da América do Sul.
FRANCISCO AMARAL - Projeto de resoluçãoque dá o nome de "Senador Auro de Moura Andrade"ao hall da entrada subterrânea do Edifício prinCipaldo Congresso Nacional.
VII - ENCERRAMENTO
O SRA. PRESIDENTE (Irma Passoni) - Nada maisuavendo a tratar, vou encerrar a sessão.
DEIXAM DE COMPARECER OS SENHORES.
Acre
Francisco Diógenes - PDS; Geraldo Fleming PMDB; Maria Lúcia - PMDB; Narciso Mendes PDS; Osmir Lima - PMDB; Rubem Branquinho -PMDB. .
3342 Quarta-feira 4
AmazonllS
Eunice Michiles - PFL; Ézio Ferreira - PFL· SadieHauache - PFL '
Rondônia
Expedito Júnior - PMDB.
Pará
Asdrubal Bentes - PMDB; Benedicto MonteiroPMDB; Carlos Vinagre - PMDB; Dionísio Hage PFL; Dommgos Juvenil - PMDB; Eliel Rodrigues PMDB; Fausto Fernandes - PMDB; Fernando Velasco - PMDB; Gabriel Guerreiro - PMDB; GersonPeres - PDS; Paulo Roberto - PMDB.
Maranhão
Albérico Filho - PMDB; Antonio Gaspar PMDB; Davi Alves Silva - PDS; Eliézer Moreira P~L; Onofre Corrêa - PMDB; Sarney Filho - PFL;Victor Trovão - PFL; Vieira da Silva - PDS.
Piauí
Heráclito Fortes - PMDB; Mussa Demes - PFL;Myriam Portella - PDS; Paulo Silva·- PMDB.
Ceará
Carlos Benevides - PMDB; Carlos Virgílio - PDS;Firmo de Castro - PMDB.
Rio Grande do Norte
Antônio Câmara - PMDB; Flávio Rocha - PL·Henrique Eduardo Alves - PMDB; Jessé Freire --'PFL; Wilma Maia - PDS.
Paraíba
Adauto Pereira - PDS; Cássio Cunha Lima PMDB; Edivaldo Motta - PMDB; Evaldo Gonçalves- PFL; José Maranhão - PMDB.
Pernambuco
Fernando Bezerra Coelho - PMDB; Geraldo Melo- PMDB; Joaquim Francisco -PFL; José Carlos Vasconcelos - PMDB; José Jorge - PFL; José MendonçaBezerra - PFL; Luiz Freire - PMDB; Maunlio Ferreira Lima - PMDB; Osvaldo Coelho - PFL; WilsonCampos - PMDB.
Alagoas
Antonio Ferreira - PFL; Renan Calheiros ~PMDB; Vinicius Cansanção - PFL.
Sergipe
Antonio Carlos Franco - PMDB; Bosco França PMDB; Cleonâncio Fonseca - PFL; Djenal Gonçalves-PMDB.
Babia
Benito Gama - PFL; Fernando Gomes - PMDB;França Teixeira - PMDB; Jairo Azi - PFL; JoaciGóes - PMDB; Joáo Carlos Bacelar - PMDB; LuisViana Neto -PMDB; Manoel Castro - PFL; MarceloCordeiro - PMDB; Milton Barbosa - PMDB; NestorDuarte - PMDB.
DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)
Espírito Santo
Hélio Manhães - PMDB; Lezio Sathler - PMDB;Rose de Freitas - PMDB; Vasco Alves - PMDB;Vitor Buaiz - PT.
Rio de Janeiro
Aloysio Teixeira - PMDB; Álvaro Valle - PL;Anna Maria Rattes - PMDB; Arolde de Oliveira PFL; Benedita da Silva - PT; Bocayuva Cunha PDT; César Maia - PDT; Edésio Frias - PDT; Edmilson Valentim - PC do B; Flavio Palmier da Veiga- PMDB; Francisco DorneIles - PFL~ Gustavo deFaria - PMDB; Jorge Leite - PMDB; José CarlosCoutinho - PL; José Luiz de Sá - PL; Juarez Antunes- PDT; Messias Soares - PMDB; Noel de Carvalho- PDT; Osmar Leitão -- PFL; Roberto D'Ávila -PDT; Roberto Jefferson -- PTB; Ronaldo Cezar Coelho - PMDB; Rubem Medina - PFL; Sotero Cunha-PDC.
Minas Gerais
Aécio Neves - PMDB; Alysson Paulinelli - PFL;Carlos Mosconi - PMDB; Gil César - PMDB; HélioCosta - PMDB; Mário Bouchardet - PMDB; Máriode Oliveira - PMDB; Maurício Campos - PFL; Mauro Campos - PMDB; Mello Reis - PDS; Milton Lima- PMDB; Paulo Almada - PMDB; Raul Belém PMDB; Roberto Brant -- PMDB; Ronaldo Carvalho- PMDB; Sergio Naya -- PMDB.
São Paulo
Adhemar de Barros Filho - PDT; Afif Domingos- PL; Antônio Salim Curiati - PDS; Caio Pompeu- PMDB; Cunha Bueno - PDS; Del Bosco Amaral- PMDB; Delfim Netto -- PDS; Dirce Tutu Quadros- PTB; Doreto Campanari - PMDB; Eduardo Jorge- PT; Fábio Feldmann - PMDB; Farabulini Júnior- PTB; Felipe Cheidde -- PMDB; Fernando Gaspa-rian - PMDB; Gumercindo Milhomem - PT; HélioRosas - PMDB; João Cunha - PMDB; João Herrmann Neto - PMDB; José Camargo - PFL; JoséEgreja- PTB; José Maria Eymael - PDe; Luis Gushiken - PT; Maluly Neto- PFL; Mendes Botelho PTB; Roberto Rollemberg - PMDB; Samir Achôa-PMDB.
Goiás
Lúcia Vãnia - PMDB; Maguito Vilela - PMDB;Paulo Roberto Cunha _. PDC; Roberto Balestra PDC.
Distrito Federal
Márcia Kubitschek - PMDB.
Mato Grosso
Júlio Campos - PFL; Osvaldo Sobrinho - PMDB·Percival Muniz - PMDB. '
Mato Grosso do Sul
Ivo Cersásimo - PMDB; Levy Dias - PFL' ValtePereIra -PMDB. ' r
Paraná
Airton Cordeiro - PDT; Alarico Abib - PMDB;Antônio Ueno - PFL; Darcy Deitos - PMDB; ErvinBonkoski - PMDB; Jacy Scanagatta - PFL; José Carlos Martinez - PMDB; Matheus Iensen - PMDB·Mattos Leão - PMDB; Maurício Fruet - PMDB;
Novembro de 1987
Max Rosenmann - PMDB; Nilso Sguarezi - PMDB;Osvaldo Macedo - PMDB; Renato Bernardi PMDB; Renato Johnsson - PMDB; Santinho Furtado- PMDB; Waldyr Pugliesi - PMDB.
Santa Catarina
Alexandre Puzyna - PMDB; Artenir Werner PDS; Eduardo Moreira - PMDB; Paulo Macarini PMDB; Victor Fontana - PFL; Walmor de Luca PMDB.
Rio Grande do Sul
Erico Pegoraro - PFL; Floriceno Paixão - PDT;Hermes Zaneti - PMDB; Hilário Braun - PMDB;Irajá Rodrigues - PMDB; Ivo Lech - PMDB; IvoMainardi - PMDB; Jorge Uequed - PMDB; OlívioDutra - PT; Paulo Paim - PT; Rospide Netto PMDB; Telmo Kirst- PDS; Vicente Bogo - PMDB.
A SRA. PRESIDENTE (Irma Passoni) - Encerroa sessão, designando para a Sessão Extraordinária dequinta-feira. dia 5, às 21:lXI horas, a seguinte:
ORDEM DO DIA
IX- Encerra-se a Sej·são ãs 22 horas e 30 minutos.
ATOS DA MESA
APOSENTADORJA
A Mesa da Cámara dos Deputados, no uso das atribuiçôes que lhe conferem o artigo 14, inciso VI, doRegImento Interno e o artigo 102 da Resolução n° 67,de 9 de maio de 1962, resolve, nos termos dos artigos101, item 111, e 102, item I, alínea "a", da Constituiçãoda República Federativa do Brasil, combinados comos artigos 183, item lI, alínea "a", e 186, item I. alínea"a" da Resoluçáo n' 67, de 9 de maio de 1962, concederaposentadoria a Sylvio Rômulo Guimarães de Andrade,no cargo de Técnico Legislativo, CD-AI-Oll, ClasseEspecial, Referéncia NS. 25, do Quadro Permanenteda Câmara dos Deputados, com as vantagens previstasno artIgo 171 da Resolução n' 67. de 9 de maio de1962, combinado com artigo 3' da Lei n' 5.902. de 9de julho de 1973; no artigo 2', § 2', da Lei n' 6.325,de 14 de abril de 1976; no artigo 2', § 1', da Resoluçãon' 1, de 7 de março de 1980; no artigo 7" da Resoluçãon' 1, CItada, combmado com O artigo 7" da Lei n" 6.907,de 21 de maio de 1981; no artigo 165, item VIII, damencionada Resolução n' 67, combinado com o artigo5" da Resolução n' 38, de 24 de outubro de 1983· noartigo 3" da Resolução n" 5, de 28 de main de 1985·no artigo I' da Resolução n' 6, de 4 de junho de 1985:e no artigo I" da Resolução n" I, de 18 de julho de1987.
Câmara dos Deputados, 3 de novembro de 1987. Ulysses Guimarães, Presidente da Cãmara dos Deputados.
EXONERAÇÃO
A Mesa da Câmara dos Deputados, no uso das atribuiçôes que lhe conferem o artigo 14, inciso V, doRegimento Interno e o artigo 102 da Resolução n' 67,de 9 de maio de 1962, resolve conceder exoneração,de acordo com o artigo 137, item I, § 1', item I, dacitada Resolução, a Sylvio Rômulo Guimarães de Andrade, Técnico Legislativo, Classe Especial, ponto no1169, do cargo de Chefe de Gabinete, CD-DAS-I01.4,do Quadro Permanente da Câmara dos Deputados, queexerce no Gabinete do Líder do Partido DemocráticoSocial.
Câmara dos Deputados, 3 de novembro de 1987. Ulysses Guimarães, Presidente da Câmara dos Deputados.
MESA UDERANÇAS
MAIORIA MúioAssad PTPresidente:
PMDBePFL Ricardo Izar Líder:UI,.. G......... - PMDB Sandra Cavalcante Lalz lII6eio LaIa da Sln
Lider: Erico Pegoraro Vice-Líderes:1'-Vice-Presidente: C.....S...'Aau Jesus Tajra Plínio Arruda Sampaioao.ero SIIItGI - PFL Sarney Filho J~ GenoínoPMDBDionísio Hage
20-Vice-Presidente: Líder:Ibcré Ferreira PL
P.Io M-...e - PMOB L_HnriqueJ~ Thomaz Nonil Líder:
Vice-Líderes: Lucio Alcântara Adolfo Ollnnl'-Sccrctúio: João HeRDaDD Nete Stélio Dias
Vice-Líder:PIleI ele A...... - PMDB Miro Teixeira Luiz Eduardo
Ibsen Pinheiro PDSAfif Domingos
2t-Seaetúio: Ubiratan Aguiar Líder: PCdoBAIMrIco CordeIro - PFL Walmor de Luca Amaral Netto LíderPaulo Ramos Vice-Líderes: AIdoAnmtes
3'·Sceretúio: Genebaldo Correia Bonifácio de Andrada Vice-LíderEduardo BomfimBendito Forta - PMDB Maurílio Ferreira Lima
Adylson MottaRodrigues Palma
PDCMárcia Kubitschek PDTLíder:4··Secret4rio:
Carlos Mosconi Líder:C..... BaeDO - Pl).lilCarlos Vinagre BnmcIio Monteiro Siqueira C"'poI
Maguito Vilela Vice-Líderes: Vice-Líderes.Naphatali Alves
Amaury Müller J~ Maria EymaelRaimundo Bezerra
Vivaldo Barbosa Roberto BalestraGeraldo Alckmin Filho
Adhemar de Barros FilhoSUPLENTES Cid Carvalho PCBRospide Neto Airton Cordeiro
Líder:José Costa PTf: RoIJerto Freire
Duo Coimbra - PMDB Sérgio Spada Líder:
PFL Gastone Ri&hi Vice-Líderes:
Mendes Botelho - PTB Líder: Vice-Líder: Fernando Santana
JoIi! Lourenço Joaquim BevilácquaAugusto Carvalho
Irma ..... - PT Vice-Líderes: Sólon Borges dos Reis PSBAlceni Guerra Ottomar Pinto Líder:
0PalcI0 AlmeIda - PL Inocêncio Oliveira Roberto Jefferson Beth Azize
DIARIO DO CONGRESSO NACIONALPREÇO DE ASSINATURA
(Inclusa as despesas de correio)
SEÇÃO I (Câmara dos Deputados)
Semestral............................... Cz$ 264,00Despesa c/ postagem Cz $ 66,00
(Via Terrestre)TOTAL 330,00
Exemplar Avulso 2,00
SEÇÃO 11 (Senado Federal)
Semestral............................... Cz$ 264,00Despesa c/ postagem Cz$ 66,00
(Via Terrestre)TOTAL 330,00
Exemplar Avulso 2,00
Os pedidos devem ser acompanhados de Cheque pagável em Brasília
ou Ordem de Pagamento pela Caixa Econômica Federal- Agência - PS - CEGRAF,
conta corrente n'? 920001-2, a favor do:
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REVISTA DEINFORMAÇÃO
LEGISLATIVA N°· 94Estã circulando o n9 94 (abril/junho de 1987) da Revista de Informação Legislativa, periódico tri
mestral de pesquisa jurldica, editado pela Subsecretaria de Edições Técnicas do Senado Federal.
Este número, com 368 pãg.nas, contém as seguintes matérias:
A Constituição do Império - Paulo BonavidesA Constituição de 1934 - Josaphat MarinhoA transição constitucional brasileira e o Anteprojecto da Comissão Afonso Arinos - Jorge MirandaMudança social e mudança legal: os limites doCongresso Constituinte de 87 - José Reinaldo deLima LopesA Constituição em questão - Edu'ardo Silva CostaO bicentenário da Constituição americana - Ricardo Arnaldo Malheiros FiuzaConstituinte e a segurança pública - José Alfredo de Oliveira BarachoRelações exteriores e Constituição - Paulo Roberto de AlmeidaOs novos Estados como novos atores nas relações internacionais - Sérgio França DaneseO Ministério Público Federal e a representaçãojudicial da União Federal - Edylcéa Tavares Nogueira de PaulaConstituinte e meio ambiente - Paulo AffonsoLeme Machado
Interesses difusos: a ação civil pública e a Constituição - Alvaro Luiz Valery MirraSuspensão da executoriedade das leis - CarlosRoberto PelJegrinoNatureza das decisões do Tribunal de Contas J. CretelJa JúniorApontamentos sobre imunidades tributárias à luzda jurisprLKIência do STF - Parte 2: A imunidadetributária <:los partidos políticos e das instituiçõesde educação - Ruy Carlos de Barros MonteiroDias feriados - Sebastião Baptista AffonsoDo voto distrital - Paulo GadelhaA liberdade de culto'nO pleito de 15-11-86 - JesséTorres Pereira JúniorDerecho penal y derecho sancionador en el ordenamiento jurfdico espanol - Miguel Polaino NavarreteAsistencia religiosa. Derechos religiosos de sancionados a penas privativas <:le Jibertad - AntonioBeristainIntegração do preso (condenado) no convlvio social - o modelo da APAC de São José dos Campos - Arm~a Bergamtni Miotto
Avenda na Subsecretar.ade Edições Técnicas(Telefone: 211-3578)Senado Federal, anexo I- 229 'andarPraça dos Três Poderes70160 - Brasília - DF
PREÇO DOEXEMPLAR:CZ$ 40,00
Assinaturapara 1987:Cz$ 160,00(números 93 a 96)
Os pedidos deverão ser acompanhados de cheque nominal à Subsecretaria de Edições Técnicasdo Senado Federal ou de vale postal remetido à Agência daECT Senado Federal - CGA 470775.
Atende-se, também, pelo sistema de reembolso postal.
REVISTA DE INFORMAÇÃOLEGISLATIVA N9 95
(julho a setembro de 1987)
Está circulando O n'" 95 da Revista de Informação Legislativa, periódiCO trlmestra: df pesquisaJurídica editado pela Subsecretaria de Edições Tecnicas do Senado Federal
Este numero, com 360 páginas, contém as segUintes matérias
- Direitos humanos no BraSil - compreensão teórica de sua história recente - José Rei.naldo de Lima Lopes
- Proteção Internacional dos direitos do homem nos sistemas regionais americano e europeu- uma Introdução ao estudo comparado dos direitos protegidos - Clêmerson Merlin Cleve
- TeOria do ato de governo - J. CreteUaJúnior
- A Corte Constitucional - Pinto Ferreira
- A Interpretação constitucional e o controleda constitucionalidade das leiS - Maria HelenaFerreir. d. CfImara
- TendênCias atuais dos regimes de governo- Raul Machado Horta
-- Do contencIoso administrativo e do processo administrativo - no Estado de Direito A.e. Cotrim Neto
- Ombudsrnan ~- Carlos Alberto Proven.ciano Gallo
- Liberdade capitalista no Estado de Direito- Ronaldo Poletti
- A Constituição do Estado federal e das Uni-dades federadas - Fernanda Dias Menezes deAlmeida
- A distribUição dos tributos na FederaçãobraSileira - Harry Conrado Schüler
- A moeda naclonai e a ConstitUinte - Let,cio Jansen
- Do tombamento - uma sugestão à Assembléia NaCional Constituinte - Na'"~_no
- Facetas da "Comissão Afonso Arinos" _e eu ,- Rosah Russomano
- Mediação e bons ofiCIOS -- conSideraçõessobre sua natureza e presença na hlstóna da América Latina -- José Carlos Brandi Aleixo
- Prevenção do dano nuclear - aspectos JuridiCaS - Paulo Affonso Leme Mae~
A venda na Subsecretariade Edições Técnicas Senado Federal, anexo I,22' andar - Praçados Três Poderes,CEP 70160 - Brasília, DF- Telefone, 211-3578
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REVISTA DEINFORMAÇÃO
LEGISLATIVA N9 93Está circulando o nll 93 (janeiro/março de 1987) da Revista de Informação Legislativa, periódico trimestral
de pesquisa jurídica editado pela Subsecretaria de Edições Técnicas do Senado Federal.Este número, com 344 páginas, contém as seguintes matérias:
ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTEInstalação - Ministro José Carlos Moreira AlvesCOLABORAÇÃOA Constituição brasileira de 1934 e seus reflexosna atualidade - Pinto Ferreira
Excessos da instabilidade constitucional - CláudioPachecoBicameralismo ou unicameralismo? - Alaor BarbosaOrigem, conceito, tipos de Constituição, Poder Constituinte e história das Constituições brasileiras - Carlos Roberto RamosLiberdades públicas - Geraldo AtalibaO partido político na Constituição - Ronaldo PolettiO Ministério Público na Constituição - proposta deenquadramento - José Dilermando MeirelesApontamentos sobre imunidades tributárias à luz dajurisprudência do STF - Ruy Carlos de Barros Monteiro
A concepção cristã da propriedade e sua função social - A. Machado PaupérioA Justiça Agrária na Constituinte de 87 - OtávioMendonça
Justiça Agrária: proposta à Assembléia NacionalConstituinte - Wellington dos Mendes LopesA natureza especial da Justiça do Trabalho e suaorigem democrática - Júlio César do Prado LeiteA proteção jurídica das comunidades indígenas doBrasil - AntOnio Sebastião de Lima
O controle dos contratos administrativos. Questõesconstitucionais - José Eduardo Sabo PaesDo regime jurídico dos encargos moratórios no sistema financeiro após a reforma monetária - ArnaldoWaldRegulamentação do Estudo de Impacto Ambiental- Paulo Affonso Leme Machado
Avenda na Subsecretariade Edições Técnicas(Telefone: 211-3578)Senado Federal, anexo I221' andarPraça dos Três Poderes70160 - Brasília - DF
PREÇO DOEXEMPLAR:Cz$ 40,00
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