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SALVADOR SEXTA-FEIRA 19/10/2018 OPIN IÃO A3

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JAGUAR

Miguel Nabais PernesDiretor-geral da Foco Musical em Portugale no Brasil

N o decorrer de sua vida, HannahArendt (1906-1975) buscou com-preender um dos mais complexos

fenômenos contemporâneos: o pensar.Sobrevivente de um regime totalitário,tentou compreender as origens, a comu-nicação em massa, os tempos sombrios,mas especialmente a condição humana.Distanciando-se dialeticamente de Kant –que separava o pensamento do conhe-cimento –, a filósofa alemã se questionavasobre a conexão entre o ato de pensar (ounão) com a ação da maldade. Dois polosque não estão em oposição, mas que com-põem o nosso atual campo histórico.

Aqui nos deparamos com uma questãomoral: se o éthos coletivo for questionadopelo indivíduo, ao negá-lo como recursopara legitimar a violência, há um rom-pimento das tessituras sociais vigentes.

Explico-me, o ato de pensar incorre sobreas ausências, desvela situações e condiçõesque estão em análise no plano metafísico.Aquilo que Platão denunciava como o planodas ideias e o próprio Kant apontava como aessência de todas as coisas. O que não estavaperceptível para o entendimento humano,conduzindo aos limites da caverna.

O pensar, livre e independente no atode julgar, nos vincula eticamente à al-teridade do outro. Reconhece, em cadaindivíduo, as suas expressões de huma-nidade. Portanto, nos permite apreendercomo chegamos a esse ponto da históriaem que a inexistência do pensar resultana banalidade do mal. No ato burocráticoque procura se eximir de toda e qualquerculpa, porque se todos/as são cúmplicesda ordem universal, ninguém é respon-sável por nada. O ápice do absurdo, comodiria Camus, ao questionar a incessantebusca por clareza, sentido e unidade emum mundo desprovido de razão.

O que nos une? Não há verdadeira li-berdade sem o correspondente ato depensar. Apesar da aparente aporia nestaslinhas, o compromisso com a utopia écondição sine qua non para criar o espaçopúblico em que todos/as possam exercero seu papel político. Não apenas em buscade resultados, da inserção na lógica daeconomia empresarial, no qual a concor-rência é um estágio progressivo do su-plantar do humano (demasiado humano),mas comprometidos com a possibilidadede criar o novo. Não repetir a história semprestar contas com o passado.

Se não queremos viver sob os auspíciosde uma distopia em construção, na linhatênue que separa a representação da rea-lidade, combater toda e qualquer formade totalitarismo é um ato de pensar, depromover os alicerces da razão. De exporas caricaturas dos Eichmanns que insis-tem, na ausência de pensamento crítico,interferir na genealogia da utopia pos-sível e semear o mal. Que a razão ul-trapasse a barbárie. Que a utopia sejamotor de tempos futuros. Que o pensarpermita liberdade e igualdade.

Antonio Carlos da SilvaNúcleo de Estudos sobre Direitos Humanos daUniversidade Católica do Salvadorcarlos.zamora@uol.com.br

EDITORIAL Liberdade em dois mundos

O Sítio da Amizade: sinfonia para a infância

Brasil: utopia oudistopia possível?

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Na berlinda estão ospreceitos democráticosda liberdade deexpressão e a gravidadede o caso ocorrer emterritório de embaixada

O desaparecimento do jornalista JamalKhashoggi, visto pela última vez há duassemanas entrando no consultado da Ará-bia Saudita (seu país natal) na Turquia, éum quebra-cabeça das relações interna-cionais, e distintos entendimentos sobreliberdade de expressão são fissuras quefazem deste jogo um problema tanto pa-ra o mundo ocidental como o árabe.

E enquanto os Estados Unidos cobramrespostas – primeiro com ameaças de re-presálias,depoispanosquentes–ecolocama diplomacia de viés econômico que man-têmcomaArábiaSauditanacordabamba,o paradeiro desconhecido de Khashoggiainda suscita a dificuldade do reinado sau-

dita em ouvir críticas, que ecoam aindamais rudes neste momento em que o prín-cipe herdeiro Mohammed bin Salman – oprincipal alvo do jornalista – promove al-gumas reformas, apesar da mão de ferro.

OassassinatodeKhashoggiéoprovável

iminente desfecho deste caso, que já podeser considerado um escândalo. Indepen-dentemente do envolvimento da monar-quia de Riade, a conhecida falta de tatopor parte dos governantes da Arábia Sau-dita vem à tona. Responder pela morte deum civil abalaria inclusive conquistas his-tóricas, como o direto das mulheres sau-ditasemtirarcarteiradehabilitaçãoparadirigir,umaleidoprimeirosemestredesteano, e de poder ir a estádios de futebol, oque, no entanto, aconteceu apenas duasvezes.

A parcial e inevitável intromissão dosEstados Unidos no caso, enquanto os go-vernos da Turquia e da Arábia Saudita

pregam versões distintas do que acon-teceu com o jornalista, torna a situaçãoainda mais delicada. Trump prefere blin-dar a monarquia saudita, e o perigo é omandatário norte-americano aceitarqualquer pressuposto sobre o desapare-cimento e forjá-lo como autoverdade emnome da diplomacia entre os países.

Mas o que nunca se deve perder de vistaé que na berlinda estão os preceitos de-mocráticos da liberdade de expressão deum jornalista a serviço de uma mídianorte-americana (The Washington Post) ea gravidade de desaparecer, possivelmen-te assassinado, num território neutro deembaixada.

C om uma mensagem clara de tole-rância e direito à diferença, O Sítio daAmizade é uma fábula sinfônica on-

de as personagens são animais represen-tados por instrumentos da orquestra. Nagênese esta obra musical – com estreia baia-na no Teatro Castro Alves, a propósito dascomemorações do Dia da Criança –, tem porfinalidade promover aprendizagens signi-ficativas no domínio da compreensão damúsica e educação. A orquestra é um veí-culo privilegiado para o acesso à músicaenquanto arte, quanto mais não seja, pelamultiplicidade tímbrica que nos disponi-biliza em simultâneo.

Uma criança não se tornará fluente nasua língua materna enquanto os adultosque a rodeiam passarem o tempo a bal-buciar para ela. Importa cercá-la de um

discurso fluente que os adultos natural-mente praticam entre si. A evolução cog-nitivo-musical segue a mesma lógica.Quanto mais rica e complexa a ofertamusical que rodeia a infância, maior seráa sua capacidade futura para compreen-der, apreciar e interagir com esse uni-verso. Na verdade, quando vedamos àcriança o acesso a música de maior eru-dição, estamos a desprovê-la de ferramen-tas para a sua apropriação, tornando-airremediavelmente incapaz de vir a apre-ciar determinadas manifestações estéti-cas para as quais não se prepara em tem-po real. Porém, para a construção do edi-fício musical da criança, também não bas-tará certamente a simples exposição àobra de arte.

O papel do educador é fundamental nafacilitação da sua percepção, tal como o épara a interpretação literária. Para umacriança sem prática de audição musical,num primeiro contato, uma orquestra es-tará apenas a executar sons por venturaestranhos. Cabe-nos, como educadores,

conduzi-las para um plano expressivo.Orientadas, entrarão num outro universo.Descobrirão na música uma forma de co-municação. Urge então orientar para opatamar seguinte, de compreensão estru-tural. Entender uma peça ou um extratomusical como algo palpável, com prin-cípio, meio e fim.

Aqui, os processos de audição musicalparticipada têm um papel crucial. A in-serção de uma peça musical em contextolúdico, aliada a um criterioso reforço ci-nestésico da ideia musical, pode acelerarexponencialmente este processo de(re)conhecimento. Sem este conhecimen-to, dificilmente se estabelece o desejadoelo emocional com o objeto artístico. Acompreensão é o passo determinante pa-ra a emoção. A música entrar-lhe-á entãono corpo através da pele. Mais do que oreflexo que isso terá na aprendizagem damatemática ou da língua portuguesa ounoutra qualquer área do conhecimento,eis a suprema utilidade da educação mu-sical: a música!

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