E ESSES FILTROS, - backstage.com.br · vimos quais são os tipos de filtros mais freqüentemente...

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INSTRUMENTOS

Rogério Leão é formado em Licenciatura com

ênfase em guitarra e canto popular pelo Con-

servatório de Dresden, Alemanha. Dono do site

www.7cordas.com.br, trabalha como músico,

produtor musical, produtor para peças teatrais,

artistas, bandas, compositor de trilhas para jo-

gos, cinema e televisão.

são para filtrar o quê?são para filtrar o quê?G

No mês passado,vimos quais são ostipos de filtros maisfreqüentementeutilizados porguitarristas e comoeles funcionam. Essemês, vamos observarde forma maisconcreta algumasopções de filtros quepodem melhorar o seutimbre ou até mesmotransformá-lo em umdos mais loucos sonsque você puderimaginar

uitarristas são os músicos maiscaretas que existem. Nós somosradicais, simplistas, tradiciona-

listas e viscerais. E como nada no mun-do é defeito ou qualidade, e sim carac-terística, a maior parte do tempo essascaracterísticas ficam tentando se deci-dir se elas nos ajudam ou nos atrapa-lham. Filtros funcionam intrinseca-mente de uma forma muito complexa,mas as empresas descobriram que teri-am que projetar para nós aparelhos quepudessem ser usados de forma espontâ-nea e instintiva.

Equalizadores, por exemplo, acaba-ram se dividindo rapidamente entre osque entraram ou não no gosto do públi-co. Os equalizadores gráficos, quandomuito os semi-paramétricos, foram osque atingiram melhor o gosto do públi-co, enquanto equalizadores completa-mente paramétricos foram delegadosaos técnicos de gravação e de P.A. Osfiltros de passa-faixa também consegui-ram convencer os músicos da sua utili-dade já que, mesmo não funcionandode forma tão simples, são uns dos apare-lhos que podem ser usados de forma

mais instintiva, ao ponto de estarem pre-sentes diretamente nos instrumentodesde sua criação.

Um dos primeiros equalizadores aser vendido à parte foi o Ge-10 da mar-ca japonesa Boss. Ele foi lançado emdezembro de 1976 e ainda não se en-caixava no padrão que se estabilizouno ano seguinte e até hoje dita o for-mato dos pedais da marca. O Ge-10 eragrande e, medindo 20,5 por 15,5 centí-metros, ele ocupava mais espaço e eramais pesado do que deveria. Ele tam-bém não tinha nenhum pedal para

controlar o bypass e sim um switch, quesó podia ser acionado adequadamentecom a mão que deveria estar sendousada para tocar o instrumento. O re-sultado? Em janeiro de 1978, a mesmamarca lançou o Ge-6, um equalizadorjá dentro dos padrões atuais de tama-nho com seis bandas de equalização.Agora tudo fazia sentido. O Ge-10 eragrande e sabia disso. A sua intençãoera ser usado por artistas minimalistasque só queriam adicionar um poucomais de controle aos “set-ups” simples,enquanto o Ge-6 estava lá para ser liga-

E ESSES FILTROS,Parte 2

Os equalizadores gráficos, quando muito os semi-paramétricos, foram os que atingiram melhor o gostodo público, enquanto equalizadores completamente

paramétricos foram delegados aos técnicos degravação e de P.A.

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do, desliga-do e usado em

conjunto com osmais diversos equipa-

mentos e recursos que jáestavam disponíveis aos gui-

tarristas desse tempo.Todavia, o Ge-6 não foi comercialmente bem-sucedido.

Talvez pela sua simplicidade exagerada, porém, principal-mente porque seu projeto não era bom o suficiente. Ele gera-va ruído e sem um controle de volume de saída era impossívelse igualar à amplitude do sinal processado com o sinal limpo,de forma que o aparelho gerava sempre um volume exagera-do ou abaixo do desejado.

O Ge-6 foi substituído em 1981 pelo Ge-7, versão com umabanda a mais de equalização, controle de volume e sem os pro-blemas de ruído que parecem perseguir todos os projetos de seisbandas. Entretanto, o interessante é que tanto o Ge-10, o Ge-7 eaté mesmo o Ge-6 eram sinais de uma tendência que iria se fixaraté hoje, quando mesmo quase trinta anos depois a grande mai-oria dos equalizadores gráficos fabricados consiste em seis, seteou dez bandas que transitam pelas mesmas freqüências dos pri-meiros modelos e com um ganho entre 12 e 18 dB. O interessan-te em todos os pedais da MXR é que todos os controles têm ledspara facilitar a visualização ao vivo.

Durante a década de oitenta, o crescimento do “Synth-Pop” e do “Hair-Metal” acabou transformando as geladeirasde efeitos em coisas usuais. Os guitarristas não só podiam,como queriam se dar ao luxo de ter consigo uma infinidadede equipamentos ao vivo e isso incluía um espaço todo espe-cial reservado para os grandes equalizadores gráficos. A Boss,a Dod e a MXR foram algumas das empresas que fabricaramdurante a década de 80 esse tipo de equipamento junto acompanhias de sistemas profissionais, que já eram os produtosconsagrados de equalizadores de quinze ou trinta e umabandas, fossem eles estéreos ou não.

É evidente que, por mais intuitivo que um equalizador gráfi-co possa ser, não é simples manusear um com tantas bandas as-sim. Com o final da década de oitenta, os guitarristas foram che-gando à sábia conclusão de que o resultado atingido pelos gran-

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e-mail para esta coluna:

slcastello@yahoo.com.br

O BBE Acoustimax, por exemplo, possui também orenomado Sonic maximizer da marca incluído no seucircuito enquanto o Fishman Pro-Eq Platinum tem um

simples compressor para controlar o ataque e ascaracterísticas percussivas do instrumento

des equalizadores é interessante para oáudio profissional, mas não para guitar-ristas. Nós podemos sempre recorrer àtentativa de nos acostumar com os mo-delos de seis, sete ou dez bandas e, casoisso não funcione, usar algum equaliza-dor paramétrico.

Equalizadores paramétricos são, to-davia, muito difíceis de se achar emuitas vezes são feitos em conjuntocom distorções, porém, mais freqüen-temente ainda eles estão embutidosem pré-amplificadores para guitarraou violões. Alguns modelos, feitos espe-cialmente para distorções muito pesadas,têm equalizações mais complexas por-que, assim como os violões, são muitopropensos à microfonia e precisam sertratados com mais cuidado. Pedais comoo Metalzone da Boss e o Übermetal daLine6 têm controles de graves, agudos econtrole semi-paramétrico (ativo no mo-delo da Boss e passivo no da Line6) parafreqüências médias.

Outro bom exemplo é o TC.Elec-tronic Sustainer/Parametric Eq., umcompressor com uma banda de equali-zação paramétrica e com um noise-gate de brinde. Ele pode ser usado jun-to a outros pedais de distorção ou sópara dar um dedinho a mais na distor-

ção do seu amplificador com bastanteflexibilidade, mas sem influenciar deforma descontrolada o timbre dos seusoutros aparelhos.

Violões elétricos geralmente têm pré-amplificadores embutidos, na maioriadas vezes com filtros especiais para otipo de captação usado no instrumento.Mas se prestarmos atenção nós podemospresumir, graças à quantidade de pro-dutos disponíveis, que muitos violonis-tas acabam optando por pré-amplifica-dores externos, “by-passando” ou nãoeventuais sistemas embutidos. Issoacontece muito graças aos controlesque cada um desses aparelhos oferece.A escolha por um aparelho é quase uma

questão de preferência de marca outimbre, já que quase todas as opções,sejam elas Tc.Electronics, Lr.Baggs, Ra-dial, BBE, Fishman, Boss ou Taylor têmao menos duas bandas de equalizaçãográfica, uma semi-paramétrica e um fil-tro “notch”. O filtro “notch” fica respon-sável pela eliminação de microfoniasque são aqui ainda mais inconvenientesdo que em guitarras superdistorcidas.Depois, os três filtros se responsabilizampela caça do timbre ideal, com o contro-le de freqüência do filtro de freqüênci-as médias e os filtros de graves e agudosse posicionando na faixa de 50Hz e10kHz, respectivamente.

Entretanto, como estamos falando so-bre filtros, vale ressaltar que alguns des-ses aparelhos têm ainda outras opções. OBBE Acoustimax, por exemplo, possuitambém o renomado Sonic maximizerda marca incluído no seu circuito en-quanto o Fishman Pro-Eq Platinum temum simples compressor para controlar oataque e as características percussivas doinstrumento. A Radial é outra compa-nhia que, com o seu PZ-Pre Acoustic,traz recursos extras como múltiplas en-tradas, boost de volume, loop para efeitose saída pré-equalização, extremamenteútil para ser usada em gravações ao vivo.

Há uma série de aparelhos ainda maiscomplexos, verdadeiros multiefeitos paraviolão que funcionam da mesma formaque os multiefeitos para guitarra elétrica,exceto por darem prioridade a recursosdiferentes, muito mais úteis para os ins-trumentos acústicos.

Mês que vem, nós vamos observar oúltimo grupo de filtros que, alterados porcontroles interativos, envelopers ouosciladores, geram os mais variados efei-tos de wah e sintetizadores.

Até lá!

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