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ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
FACEC—02/2017 Prof. Espec. Deusimar Félix
Começando...
A ciência da Administração preocupa
-se em obter formas de organizar e
facilitar todo o sistema organizacio-
nal, proporcionado soluções práticas. Dentro
do estudo da Administração surge suas rami-
ficações e uma delas é Administração de Re-
cursos Materiais, objeto de estudo dessa dis-
ciplina.
A necessidade de controle faz com que o
administrador de materiais possua um domínio no que
diz respeito a ordenação dos materiais bem como a
sua codificação, a fim de se obter um melhor controle
dos itens no Almoxarifado. Tal ação é conseguida atra-
vés de um lay-out eficaz que proporcione um bom
fluxo do trabalho.
A tarefa principal do administrador de mate-
rial é ponderar os custos e os benefícios de ter ou não
ter o material e optar pela alternativa que dará à em-
presa maior operacionalidade e lucro, e informando ao
seu staff através de relatórios diversos com certa peri-
odicidade, de acordo com as necessidades de controle
da empresa, onde todos os fatos relativos ao estoque
de materiais existentes e seu controle estão menciona-
dos de maneira clara e objetiva.
Caro acadêmico, conforme visto no texto
acima, essa disciplina (Administração de Recursos Ma-
teriais) é extremamente importante para sua formação
no curso de Administração. Neste material veremos os
conceitos, métodos e técnicas profissionais consagra-
das que agregarão na sua formação.
No mais, desejamos boa sorte e bom traba-
lho.
Prof. Espec. Deusimar Félix
Administrador com MBA em Diagnóstico e Consultoria
Empresarial
CRA/GO 14.337
E-mail: deusimarfelix@hotmail.com
FACULDADE CENTRAL DE CRISTALINA - FACEC
ADMINISTRAÇÃO
ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
02/2017
- Material elaborado pelo Professor -
SUMÁRIO
I. INTRODUÇÃO, 3
2. UNIDADE I - Fornecedores, 12
3. UNIDADE II - Classificação de materiais, 18
4. UNIDADE III - Especificação de materiais, 24
5. UNIDADE IV - Padronização de materiais, 27
6. UNIDADE V - Codificação de materiais, 29
7. UNIDADE VI - Compras, 32
8. UNIDADE VII - Compras no setor público, 36
9. UNIDADE VIII - Almoxarifado, 39
10. UNIDADE IX - Estoques, 65
11. UNIDADE X - Inventário, 73
12. UNIDADE XI - Logística, 75
13. UNIDADE XII - Ética na administração de materiais, 82
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I. INTRODUÇÃO
T oda produção depende da existência conjunta de três fatores de produ-ção: natureza, capital e trabalho,
integrados por um quarto fator denominado empresa. Para os economistas, todo proces-so produtivo se fundamenta na conjunção desses quatro fatores de produção. Cada um dos quatro fatores de produção tem uma fun-ção específica, a saber: a) Natureza: é o fator que fornece os insumos necessá-rios à produção, como as matérias-primas, os materiais, a energia etc. É o fator de produção que proporciona as entradas de insumos para que a produção possa se reali-zar. Dentre os insumos, figuram os materiais e matérias-primas; b) Capital: é o fator que fornece o dinheiro necessário para adquirir os insumos e pagar o pessoal. O capital representa o fator de produção que permite meios para comprar, adquirir e utilizar os demais fatores de produ-ção; c) Trabalho: é o fator constituído pela mão-de-obra, que processa e transforma os insumos, através de operações manuais ou de máquinas e ferramentas, em produtos acabados ou serviços prestados. O trabalho representa o fator de produção que atua sobre os demais, isto é, que aciona e agiliza os outros fatores de produção. É comumente denominado mão-de-obra, porque se refere principalmente ao operário manual ou braçal que realiza operações físicas sobre as matérias-primas, com ou sem o auxílio de máquinas e equipamentos; d) Empresa: é o fator integrador capaz de aglutinar a natureza, o capital e o trabalho em um conjunto harmo-nioso que permite que o resultado alcançado seja muito maior do que a soma dos fatores aplicados no negócio. A empresa constitui o sistema que aglutina e coordena todos os fatores de produção envolvidos, fazendo com que o resultado do conjunto supere o resultado que teri-a cada fator isoladamente. Isto significa que a em-presa tem um efeito multiplicador, capaz de proporcio-
nar um ganho adicional, que é o lucro. Mas adiante, ao falarmos de sistemas, teremos a oportunidade de conceituar esse efeito multiplicador, também denominado efeito sinergístico ou sinergia. Moder-namente, esses fatores de produção costu-mam ser denominados recursos empresariais. Os principais recursos empresariais são:
1.Recursos Materiais;
2.Recursos Financeiros;
3.Recursos Humanos;
4.Recursos Mercadológicos;
5.Recursos Administrativos.
A DMINISTRAÇÃO DE MA-
TERIAIS é a atividade que
planeja, executa e contro-
la, nas condições mais efi-
cientes e econômicas, o fluxo de mate-
rial, partindo das especificações dos
artigos e comprar até a entrega do
produto terminado para o cliente. É
um sistema integrado com a finalidade
de prover a administração, de forma
contínua, recursos, equipamentos e
informações essenciais para a execu-
ção de todas as atividades da Organi-
zação.
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1.1. UMA INTRODUÇÃO HISTÓRICA ÀADMI-
NISTRAÇÃO DE MATERIAIS
A atividade de material existe desde a mais
remota época, através das trocas de caças e
de utensílios até chegarmos aos dias de
hoje, passando pela Revolução Industrial.
Produzir, estocar, trocar objetos e mercadorias é algo
tão antigo quanto a existência do ser humano.
A Revolução Industrial, meados dos séc. XVIII
e XIX, acirrou a concorrência de mercado e sofisticou as
operações de comercialização dos produtos, fazendo
com que “compras” e “estoques” ganhassem maior
importância. Este período foi marcado por modifica-
ções profundas nos métodos do sistema de fabricação e
estocagem em maior escala. O trabalho, até então,
totalmente artesanal foi em parte substituído pelas
máquinas, fazendo com a produção evoluísse para um
estágio tecnologicamente mais avançado e os esto-
ques passassem a ser vistos sob um outro pris-
ma pelas administrações. A constante evolução fabril, o
consumo, as exigências dos consumidores, o mercado
concorrente e novas tecnologias deram novo impulso
à Administração de Materiais, fazendo com que a mes-
ma fosse vista como uma arte e uma ciência das mais
importantes para o alcance dos objetivos de uma organi-
zação, seja ela qualquer que fosse.
Um dos fatos mais marcantes e que compro-
varam a necessidade de que materiais devem ser admi-
nistrados cientificamente foi, sem dúvida, as duas gran-
des guerras mundiais, isso sem contar com outros dese-
jos de conquistas como, principalmente, o empreendi-
mento de Napoleão Bonaparte. Em todos os embates
ficou comprovado que o fator abastecimento ou supri-
mento se constituiu em elemento de vital importância e
que determinou o sucesso ou o insucesso dos empreen-
dimentos. Soldados e estratégias por mais eficazes que
fossem, eram insuficientes para o alcance dos resultados
esperados. Munições, equipamentos, víveres, vestuá-
rios adequados, combustíveis foram, são e serão ne-
cessários sempre, no momento oportuno e no local cer-
to, isto quer dizer que administrar materiais é como ad-
ministrar informações: “quem os têm quando necessita,
no local e na quantidade necessária, possui ampla possi-
bilidade de ser bem sucedido”.
Para refletir: “Nos dias de hoje - Qual será a impor-
tância da Administração de Materiais no projeto de
construção um navio cargueiro?”
A Administração de Materiais processou-
se em várias fases:
1. A Atividade exercida diretamente pelo proprietá-
rio da empresa, pois comprar era a essência do ne-
gócio;
2. Atividades de compras como apoio às atividades
produtivas se, portanto, integradas à área de produ-
ção;
3. Condenação dos serviços envolvendo materiais,
começando com o planejamento das matérias-
primas e a entrega de produtos acabados, em uma
organização independente da área produtiva;
4. Agregação à área logística das atividades de su-
porte à área de marketing.
Com a mecanização, racionalização e
automação, o excedente de produção se torna cada
vez menos necessário, e nesse caso a Administração
de Materiais é uma ferramenta fundamental para
manter o equilíbrio dos estoques, para que não
falte a matéria-prima, porém não haja excedentes.
Essa evolução da Administração de Mate-
riais ao longo dessas fases produtivas baseou-se
principalmente, pela necessidade de produzir mais,
com custos mais baixos. Atualmente a Administra-
ção de Materiais tem como função principal o con-
trole de produção e estoque, como também a dis-
tribuição dos mesmos.
1.2. ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS: DE-
FINIÇÕES
A Administração de Materiais é definida
como sendo um conjunto de atividades
desenvolvidas dentro de uma empresa,
de forma centralizada ou não, destina-
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das a suprir as diversas unidades, com os materiais
necessários ao desempenho normal das respectivas
atribuições. Tais atividades abrangem desde o circui-
to de reaprovisionamento, inclusive compras, o recebi-
mento, a armazenagem dos materiais, o fornecimento
dos mesmos aos órgãos requisitantes, até as operações
gerais de controle de estoques etc.
Em outras palavras: “A Administração de Ma-
teriais visa à garantia de existência contínua de um esto-
que, organizado de modo a nunca faltar nenhum dos
itens que o compõem, sem tornar excessivo o investi-
mento total”.
A Administração de Materiais moderna é
conceituada e estudada como um Sistema Integrado
em que diversos subsistemas próprios interagem para
constituir um todo organizado. Destina-se a dotar a
administração dos meios necessários ao suprimento
de materiais imprescindíveis ao funcionamento da or-
ganização, no tempo oportuno, na quantidade necessá-
ria, na qualidade requerida e pelo menor custo.
A oportunidade, no momento certo para o
suprimento de materiais, influi no tamanho dos esto-
ques. Assim, suprir antes do momento oportuno acarre-
tará, em regra, estoques altos, acima das necessidades
imediatas da organização. Por outro lado, a providência
do suprimento após esse momento poderá levar a
falta do material necessário ao atendimento de deter-
minada necessidade da administração. Do mesmo modo,
o tamanho do Lote de Compra acarreta as mesmas con-
seqüências: quantidades além do necessário repre-
sentam inversões em estoques ociosos, assim
como, quantidades aquém do necessário podem levar à
insuficiência de estoque, o que é prejudicial à eficiência
operacional da organização.
Estes dois eventos, tempo oportuno e quanti-
dade necessária, acarretam, se mal planejados, além de
custos financeiros indesejáveis, lucros cessantes, fatores
esses decorrentes de quaisquer das situações assinala-
das. Da mesma forma, a obtenção de material sem os
atributos da qualidade requerida para o uso a que se
destina acarreta custos financeiros maiores, retenções
ociosas de capital e oportunidades de lucro não realiza-
das. Isto porque materiais, nestas condições podem im-
plicar em paradas de máquinas, defeitos na fabricação
ou no serviço, inutilização de material, compras adi-
cionais, etc.
MISSÃO DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS
a) Aumentar a produtividade. Busca pela eficiência.
b) Aumentar a qualidade sem preocupação em pre-
judicar outras áreas da Organização. Busca pela
eficácia.
c) Gerar a quantidade certa, no momento certo par
atender bem o cliente, sem desperdício. Busca pela
efetividade.
Os subsistemas da Administração de
Materiais, integrados de forma sistêmica, forne-
cem, portanto, os meios necessários à consecução
das quatro condições básicas alinhadas acima, para
uma boa Administração de material.
Decompondo esta atividade através da
separação e identificação dos seus elementos
componentes, encontramos as seguintes subfun-
ções típicas da Administração de Materiais, além de
outras mais específicas de organizações mais com-
plexas:
Alta Administração
Produção
Finanças
Comerical
Compras
Almoxarifado
Alta Administração
Materiais
Finanças
Produção
Comercial
Gestão
Compras
Almoxarifado
Estrutura do passado:
Estrutura atual:
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1.2.1. Subsistemas Típicos:
1.2.1.1. Controle de Estoque - subsistema responsável
pela gestão econômica dos estoques, através do planeja-
mento e da programação de material, compreendendo a
análise, a previsão, o controle e o ressuprimento de ma-
terial. O estoque é necessário para que o processo de
produção-venda da empresa opere com um número
mínimo de preocupações e desníveis. Os estoques po-
dem ser de: matéria-prima, produtos em fabricação e
produtos acabados. O setor de controle de estoque a-
companha e controla o nível de estoque e o investimen-
to financeiro envolvido.
1.2.1.2. Classificação de Material - subsistema res-
ponsável pela identificação (especificação), classifica-
ção, codificação, cadastramento e catalogação de mate-
rial.
1.2.1.3. Aquisição / Compra de Material - subsiste-
ma responsável pela gestão, negociação e contrata-
ção de compras de material através do processo de lici-
tação. O setor de Compras preocupa-se sobremaneira
com o estoque de matéria-prima. É da responsabilidade
de Compras assegurar que as matérias-primas exigida
pela Produção estejam à disposição nas quantidades
certas, nos períodos desejados. Compras não é somente
responsável pela quantidade e pelo prazo, mas preci-
sa também realizar a compra em preço mais favorável
possível, já que o custo da matéria-prima é um compo-
nente fundamental no custo do produto.
1.2.1.4. Armazenagem / Almoxarifado - subsistema res-
ponsável pela gestão física dos estoques, compreenden-
do as atividades de guarda, preservação, embalagem,
recepção e expedição de material, segundo determina-
das normas e métodos de armazenamento. O Almoxari-
fado é o responsável pela guarda física dos materiais em
estoque, com exceção dos produtos em processo. É o
local onde ficam armazenados os produtos, para atender
a produção e os materiais entregues pelos fornecedores
1.2.1.5. Movimentação de Material - subsistema encar-
regado do controle e normalização das transações de
recebimento, fornecimento, devoluções, transferências
de materiais e quaisquer outros tipos de movimentações
de entrada e de saída de material.
1.2.1.6. Inspeção de Recebimento - subsistema
responsável pela verificação física e documental do
recebimento de material, podendo ainda encarre-
gar-se da verificação dos atributos qualitativos pelas
normas de controle de qualidade.
1.2.1..7. Cadastro - subsistema encarregado do
cadastramento de fornecedores, pesquisa de mer-
cado e compras.
1.2.2. Subsistemas Específicos
1.2.2.1. Inspeção de Suprimentos - subsistema de
apoio responsável pela verificação da aplicação das
normas e dos procedimentos estabelecidos para o
funcionamento da Administração de Materiais em
toda a organização, analisando os desvios da políti-
ca de suprimento traçada pela administração e pro-
porcionando soluções.
1.2.2.22. Padronização e Normalização - subsiste-
ma de apoio ao qual cabe a obtenção de menor
número de variedades existentes de determinado
tipo de material, por meio de unificação e especifi-
cação dos mesmos, propondo medidas de redução
de estoques.
1.2.2.3. Transporte de Material - subsistema de
apoio que se responsabiliza pela política e pela exe-
cução do transporte, movimentação e distribuição
de material. A colocação do produto acabado nos
clientes e as entregas das matérias-primas na fábri-
ca é de responsabilidade do setor de Transportes e
Distribuição. É nesse setor que se executa a Admi-
nistração da frota de veículos da empresa, e/ou
onde também são contratadas as transportadoras
que prestam serviços de entrega e coleta.
A integração destas subfunções funciona
como um sistema de engrenagens que aciona a
Administração de Material e permite a interface
com outros sistemas da organização. Assim, quando
um item de material é recebido do fornecedor, hou-
ve, antes, todo um conjunto de ações inter-
relacionadas para esse fim: o subsistema de Contro-
le de Estoque aciona o subsistema de Compras
que recorre ao subsistema de Cadastro. Quando
do recebimento, do material pelo almoxarifado, o
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subsistema de Inspeção é acionado, de modo que os
itens aceitos pela inspeção física e documental são enca-
minhados ao subsistema de Armazenagem para guarda
nas unidades de estocagem próprias e demais provi-
dências, ao mesmo tempo que o subsistema de Con-
trole de Estoque é informado para proceder aos regis-
tros físicos e contábeis da movimentação de entrada. O
subsistema de Cadastro também é informado, para
encerrar o dossiê de compras e processar as anotações
cadastrais pertinentes ao fornecimento. Os materiais
recusados pelo subsistema de Inspeção são devolvidos
ao fornecedor. A devolução é providenciada pelo sub-
sistema de Aquisição que aciona o fornecedor para
essa providência após ser informado, pela Inspeção, que
o material não foi aceito. Igualmente, o subsistema de
Cadastro é informado do evento para providenciar o
encerramento do processo de compra e processar, no
cadastro de fornecedores, os registros pertinentes.
Quando o material é requisitado dos estoques, este e-
vento é comunicado ao subsistema de Controle de Esto-
que pelo subsistema de Armazenagem. Este procede à
baixa física e contábil, podendo, gerar com isso, uma
ação de ressuprimento. Neste caso, é emitida pelo sub-
sistema de Controle de Estoques uma ordem ao subsis-
tema de Compras, para que o material seja comprado de
um dos fornecedores cadastrados e habilitados junto à
organização pelo subsistema de Cadastro. Após a
concretização da compra, o subsistema de Cadastro
também fica responsável para providenciar, junto
aos fornecedores, o cumprimento do prazo de en-
trega contratual, iniciando o ciclo, novamente, por
ocasião do recebimento de material.
Todos esses subsistemas não aparecem
configurados na Administração de Materiais de qual-
quer organização. As partes componentes desta função
dependem do tamanho, do tipo e da complexidade da
organização, da natureza e de sua atividade-fim, e do
número de itens do inventário.
1.3. RESPONSABILIDADE E ATRIBUIÇÕES DA ADMI-
NISTRAÇÃO DE MATERIAIS
a) suprir, através de Compras, a empresa, de todos os
materiais necessários ao seu funcionamento;
b) avaliar outras empresas como possíveis fornecedores;
007
c) supervisionar os almoxarifados da empresa;
d) controlar os estoques;
e) aplicar um sistema de reaprovisionamento
adequado, fixando Estoques Mínimos, Lotes Eco-
nômicos e outros índices necessários ao gerencia-
mento dos estoques, segundo critérios aprovados
pela direção da empresa;
f) manter contato com as Gerências de Produção,
Controle de Qualidade, Engenharia de Produto,
Financeira etc.
g) estabelecer sistema de estocagem adequado;
h)coordenar os inventários rotativos.
1.4 OBJETIVOS PRINCIPAIS DA ADMINISTRA-
ÇÃO DE MATERIAIS
A Administração de Materiais tem por
finalidade principal assegurar o contínuo abasteci-
mento de artigos necessários para comercialização
direta ou capaz de atender aos serviços executados
pela empresa.
As empresas objetivam diminuir os cus-
tos operacionais para que elas e seus produtos
possam ser competitivos no mercado.
Mais especificamente, os materiais preci-
sam ser de qualidade produtiva para assegurar a
aceitação do produto final. Precisam estar na
empresa prontos para o consumo na data dese-
jada e com um preço de aquisição acessível, a fim
de que o produto possa ser competitivo e assim,
dar à empresa um retorno satisfatório do capital
investido.
Segue os principais objetivos da área de
Administração de Recursos Materiais:
a) Preço Baixo - este é o objetivo mais óbvio e, cer-
tamente um dos mais importantes. Reduzir o preço
de compra implica em aumentar os lucros, se man-
tida a mesma qualidade;
b) Alto Giro de Estoques - implica em melhor utili-
zação do capital, aumentando o retorno sobre os
>> ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS | FACEC
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investimentos e reduzindo o valor do capital de giro;
c) Baixo Custo de Aquisição e Posse - dependem
fundamentalmente da eficácia das áreas de Controle de
Estoques, Armazenamento e Compras;
d) Continuidade de Fornecimento - é resultado de
uma análise criteriosa quando da escolha dos fornece-
dores. Os custos de produção, expedição e transportes
são afetados diretamente por este item;
e) Consistência de Qualidade - a área de materiais é
responsável apenas pela qualidade de materiais e servi-
ços provenientes de fornecedores externos. Em algumas
empresas a qualidade dos produtos e/ou serviços consti-
tuem-se no único objetivo da Gerência de Materiais;
f) Despesas com Pessoal - obtenção de melhores resul-
tados com a mesma despesa ou, mesmo resultado com
menor despesa - em ambos os casos o objetivo é obter
maior lucro final. “ As vezes compensa investir mais
em pessoal porque pode-se alcançar com isto outros
objetivos, propiciando maior benefício com relação aos
custos “;
g) Relações Favoráveis com Fornecedores - a posição
de uma empresa no mundo dos negócios é, em alto grau
determinada pela maneira como negocia com seus for-
necedores;
h) Aperfeiçoamento de Pessoal - toda unidade deve
estar interessada em aumentar a aptidão de seu pessoal;
i) Bons Registros - são considerados como o objetivo
primário, pois contribuem para o papel da Administração
de Material, na sobrevivência e nos lucros da empresa,
de forma indireta.
1.5. TERMINOLOGIAS UTILIZADAS NA ADMINIS-
TRAÇÃO DE MATERIAIS
a) Artigo ou Item - designa qualquer material, matéria-
prima ou produto acabado que faça parte do estoque;
b) Unidade - identifica a medida, tipo de acondiciona-
mento, características de apresentação física ( caixa,
bloco, rolo, folha, litro, galão, resma, vidro, peça, quilo-
grama, metro, .... );
c) Pontos de Estocagem - locais aonde os itens em esto-
que são armazenados e sujeitos ao controle da adminis-
tração;
d) Estoque - conjunto de mercadorias, materiais ou
artigos existentes fisicamente no almoxarifado à
espera de utilização futura e que permite suprir
regularmente os usuários, sem causar interrupções
às unidades funcionais da organização;
e) Estoque Ativo ou Normal - é o estoque que
sofre flutuações quanto a quantidade, volume,
peso e custo em conseqüência de entradas e saídas;
f) Estoque Morto ou Inativo - não sofre flutuações,
é estático;
g) Estoque Empenhado ou Reservado - quantidade
de determinado item, com utilização certa, compro-
metida previamente e que por alguma razão perma-
nece temporariamente em almoxarifado. Está
disponível somente para uma aplicação ou uni-
dade funcional específica;
h) Estoque de Recuperação - quantidades de itens
constituídas por sobras de retiradas de estoque,
salvados ( retirados de uso através de desmonta-
gens) etc., sem condições de uso, mas passí-
veis de aproveitamento após recuperação, po-
dendo vir a integrar o Estoque Normal ou Estoque
de Materiais Recuperados, após a obtenção de sua
condições normais;
i) Estoque de Excedentes, Obsoletos ou Inservíveis
- constitui as quantidades de itens em estoque, no-
vos ou recuperados, obsoletos ou inúteis que de-
vem ser eliminados. Constitui um Estoque Morto;
j) Estoque Disponível - é a quantidade de um deter-
minado item existente em estoque, livre para uso;
k) Estoque Teórico - é o resultado da soma do dis-
ponível com a quantidade pedida, aguardando o
fornecimento;
l) Estoque Mínimo: é a menor quantidade de um
artigo ou item que deverá existir em estoque para
prevenir qualquer eventualidade ou emergência
( falta ) provocada por consumo anormal ou atraso
de entrega;
m) Estoque Médio, Operacional: é considerado
como sendo a metade da quantidade necessária
para um determinado período mais o Estoque de
Segurança;
n) Estoque Máximo: é a quantidade necessária de
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um item para suprir a organização em um período esta-
belecido mais o Estoque de Segurança;
o) Ponto de Pedido, Limite de Chamada ou Ponto de
Ressuprimento: é a quantidade de item de estoque que
ao ser atingida requer a análise para ressuprimento do
item;
p) Ponto de Chamada de Emergência: é a quantida-
de que quando atingida requer medidas especiais
para que não ocorra ruptura no estoque. Normal-
mente é igual a metade do Estoque Mínimo;
q) Ruptura de Estoque: ocorre quando o estoque de
determinado item zera ( E = 0 ) A continuação das solici-
tações e o não atendimento a caracteriza;
r) Freqüência - é o número de vezes que um item é soli-
citado ou comprado em um determinado período;
s) Quantidade a Pedir - é a quantidade de um item que
deverá ser fornecida ou comprada;
t) Tempo de Tramitação Interna: é o tempo que um
documento leva, desde o momento em que é emitido
até o momento em que a compra é formalizada;
u) Prazo de Entrega: tempo decorrido da data de
formalização do contrato bilateral de compra até a data
de recebimento da mercadoria;
v) Tempo de Reposição, Ressuprimento: tempo decorri-
do desde a emissão do documento de compra ( requisi-
ção ) até o recebimento da mercadoria;
w) Requisição ou Pedido de Compra - documento inter-
no que desencadeia o processo de compra;
x) Coleta ou Cotação de Preços: documento emitido
pela unidade de Compras, solicitando ao fornecedor
Proposta de Fornecimento. Esta Coleta deverá conter
todas as especificações que identifiquem individualmen-
te cada item;
y) Proposta de Fornecimento - documento no
qual o fornecedor explicita as condições nas quais
se propõe a atender (preço, prazo de entrega, con-
dições de pagamento etc.);
z) Mapa Comparativo de Preços - documento
que serve para confrontar condições de forneci-
mento e decidir sobre a mais viável;
aa) Contato, Ordem ou Autorização de Forneci-
mento: documento formal, firmado entre compra-
dor e fornecedor, que juridicamente deve garantir a
ambos (fornecimento x pagamento);
bb) Custo Fixo:- é o custo que independe das
quantidades estocadas ou compradas ( mão-de-
obra, despesas administrativas, de manutenção
etc. );
cc) Custo Variável - existe em função das variações
de quantidade e de despesas operacionais;
dd) Custo de Manutenção de Estoque, Posse ou
Armazenagem: são os custos decorrentes da exis-
tência do item ou artigo no estoque. Varia em fun-
ção do número de vezes ou da quantidade compra-
da;
ee) Custo de Obtenção de Estoque, do Pedido ou
Aquisição: é constituído pela somatória de todas as
despesas efetivamente realizadas no processamen-
to de uma compra. Varia em função do número de
pedidos emitidos ou das quantidades compradas.
ff) Custo Total: é o resultado da soma do Custo
Fixo com o Custo de Posse e o Custo de Aquisição;
gg) Custo Ideal: é aquele obtido no ponto de encon-
tro ou interseção das curvas dos Custos de Posse e
de Aquisição. Representa o menor valor do Custo
Total.
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Análise
econômica-
finacneira
Programação e
controle do
estoque
Análise de
mercado ou
necessidade
produção
Compras Recebimento
Armazenamento
Consumo ou
comercializaçãoEstoqueInventário
1.6. FLUXO DASATIVIDADES
Analisando o esquema acima, percebemos a
relação de interdependência:
Análise de mercado ou necessidade de produção:
permite avaliar a capacidade de consumo.
Análise econômico-financeira: é através dela que se
analisa a capacidade empresarial, as despesas e a lu-
cratividade, visualizando assim as possibilidades de
investimento.
Programação e controle de estoque: consiste em definir
o estoque ideal para as necessidades da empresa, e o
controle visa, rapidez de atendimento, menor aplicação
do capital de giro, possibilidades de rotatividade do esto-
que, etc.
Compras: A função de compras é um segmento essencial
do departamento de materiais ou suprimentos, que tem
por finalidade suprir as necessidades de materiais ou
serviços, planejá-las quantitativamente e satisfazê-las no
momento certo com as quantidades corretas, verificar
se recebeu efetivamente o que foi comprado
e providenciar armazenamento.
Os objetivos básicos de uma seção de
compras são:
a) Comprar materiais e insumos aos menores pre-
ços, obedecendo padrões de qualidade e quantida-
de;
b) Procurar sempre dentro de uma negociação justa
e honesta as melhores condições para a empresa,
principalmente as de pagamento.
Para efetuar uma boa compra, a empresa
deve seguir certos mandamentos que incluem a
verificação de prazos, preços, qualidade e volume.
Deve-se manter cadastros de fornecedores, analisá-
los, fazer uma seleção e procurar ter uma bom rela-
cionamento com o mercado fornecedor.
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Entre as características básicas de um sistema
adequado de compras, podemos destacar:
a) Sistema de compras a três cotações: Tem por finalida-
de partir de um número mínimo de cotações para enco-
rajar novos competidores. A pré- seleção dos concorren-
tes qualificados evita o dispêndio de tempo com um
grande número de fornecedores.
b) Sistema de preços objetivos: O conhecimento pré-
vio do preço justo, além de ajudar nas decisões do com-
prador, proporciona uma verificação dupla no sistema
de cotações. Pode ainda ajudar os fornecedores a serem
competitivos, mostrando-lhes que seus preços estão
fora de concorrência.
c) Duas ou mais aprovações: No mínimo duas pes-
soas estão envolvidas em cada decisão da escolha
do fornecedor. Isto estabelece uma defesa dos inte-
resses da empresa pela garantia de um melhor jul-
gamento, protegendo o comprador ao possibili-
tar revisão de uma decisão individual.
d) Documentação escrita: Documentação anexa ao
pedido, possibilita no ato da Segunda assinatura,
o exame de cada fase de negociação, permite
revisão e estará sempre disponível junto ao
processo de compra para esclarecer qualquer dúvi-
da posterior.
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2. UNIDADE I - FORNECEDORES
1. 1. OBJETIVO DO CADASTRO DE FORNECEDORES
T em a função de qualificar e avaliar o desem-
penho de fornecedores de materiais e servi-
ços. O Setor de Cadastro, além do cadastra-
mento e manutenção dos registros, tem por
tarefa subsidiar a atividade do comprador, fornecendo, a
qualquer tempo, informações atualizadas e confiáveis
dos fornecedores, inclusive com suas pontuações de
méritos e deméritos.
A quantidade de empresas cadastradas é
função da diversidade de materiais em estoque.
Poucos fornecedores podem acarretar em compras
a preços elevados. Muitos fornecedores dificultam
o efetivo controle dos fornecedores cadastrados. O
equilíbrio deve pautar a atuação do setor de cadas-
tramento. Normalmente o cadastramento é feito
em um período definido do ano, ficando o restante
do tempo para controle, avaliação e pesquisa de
novas alternativas de mercado.
Figura: Amplitude do cadastro de fornecedores (VIANA, 2006)
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2. UNIDADE I - FORNECEDORES
2.2. PREMISSAS DO CADASTRAMENTO DE FORNE-
CEDORES
1. Registrar fornecedores, cujos produtos e serviços
interessem a empresa;
2. Ter um elenco de fornecedores de alto padrão;
3. Despertar o interesse dos fornecedores em man-
ter-se atualizado com as metas da empresa;
4. Antecipar-se às necessidades de aquisição da em-
presa.
2.3. CRITÉRIOS PARA CADASTRAMENTO DE FOR-
NECEDORES
Os critérios de cadastramento, são:
1. Políticos: são, em geral, definidos pela administra-
ção da empresa. Ex.: 1) cadastrar prioritariamente
empresas da região; 2) consultar primeiramente
empresas de pequeno e médio porte; etc.;
2. Técnicos: quando se busca o desenvolvimentos
de novos fornecedores, visando eliminar a carên-
cia de fornecimento ou a exclusividade;
3. Legais: aplicados exclusivamente nas empresas
estatais, nas autarquias e no serviço público em
geral.
4.
2.4. PROCEDIMENTOS PARA CADASTRAMENTO DE
FORNECEDORES
Em geral, cada empresa possui o seu próprio
procedimento. Contudo, alguns fatores básicos são deci-
sivos para a escolha dos fornecedores:
1. Estabilidade econômico-financeira;
As premissas se fundamentam no tripé Qualidade,
Preço e Prazo.
2. Idoneidade comercial;
3. Capacidade produtiva;
4. Capacidade técnica;
5. Tradição no mercado;
6. Carteira de clientes.
O Cadastramento pode ser dividido em
duas fases distintas: I. Fase Inicial – análise prelimi-
nar; II. Fase Final – análise complementar:
Fase inicial: consiste na análise rápida e
sumária dos documentos preliminares apresenta-
dos pelas empresas candidatas, sendo uma etapa
eliminatória. Os documentos usualmente solicita-
dos, são:
a) Ato constitutivo da empresa e suas alterações
(checar, por exemplo, se não existe funcionários da
empresa como sócio);
b) Atestado de capacidade técnica e/ou de forneci-
mento a outras empresas de ramo e porte equiva-
lentes;
c) Atestados de capacidade e idoneidade financeira;
d) Cópia dos dois últimos balanços;
e) Linhas de produtos e/ou serviços oferecidos.
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2. UNIDADE I - FORNECEDORES
Fase final: análise complementar das empre-
sas aprovadas na fase inicial. Para as empresas estatais,
autarquias e para o serviço público em geral, esta fase
visa atender os aspectos l legais; para a iniciativa priva-
da, visa qualificar tecnicamente as empresas candidatas
para incluí-las nos grupos de compra para os quais estão
aptas a atender.
Esta fase inclui visita técnica, quando necessá-
ria, acompanhada de questionário-padrão, abordando os
seguintes elementos:
1. Recursos humanos: quantidade, qualidade e es-
pecialização;
2. Recursos materiais: maquinário, ferramental e
instalações;
3. Organização: programação e controle da produ-
ção, saúde e segurança, lay-out, organograma;
benefícios sociais, etc.;
4. Produção: capacidade, flexibilidade e diversidade
de produtos;
5. Controle de qualidade: controle de recebimento,
de produção e de produto.
2.5. CLASSIFICAÇÃO DE FORNECEDORES
As empresas cadastradas são classificadas
dentro do grupo de compras a que pertencem, conforme
critérios estabelecidos pelo setor de compras, objetivan-
do o inter-relacionamento entre fornecedores e os gru-
pos ou classes de materiais.
São classificadas consoante a classe de materi-
ais de sua linha, originando os grupos de compra, que
visa facilitar o processo de seleção dos fornecedores
para a concorrência.
2.6. CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DE FORNECEDO-
RES PARA CONCORRÊNCIA
A escolha de um fornecedor é uma das
atividades fundamentais e prerrogativa exclusiva de
compras. O bom fornecedor é quem vai garantir
que todas aquelas clausulas solicitadas, quando de
uma compra, sejam cumpridas. Deve o comprador
procurar, de todas as maneiras, aumentar o nú-
mero de fornecedores em potencial a serem
consultados, de maneira que se tenha certeza de
que o melhor negócio foi executado em benefício
da empresa. O número limitado de fornecedores
a serem consultados, constituem uma limitação
das atividades de compras.
Independentemente da quantidade de
fornecedores, adotam-se os seguintes critérios de
seleção para concorrência:
O fornecedor da última compra deve ser
sempre indicado, exceto nos casos analisa-
dos na “Avaliação de fornecedores”;
Não indicar fornecedores com atraso na en-
trega superior a 20% de sua carteira de pedi-
dos;
Evitar concentração de consultas em grupos
reduzidos de fornecedores;
Priorizar as consultas aos fabricantes;
Em função do resultado de coletas anterio-
res, evitar a consulta a fornecedores com
baixo índice de cotação.
Mesmo após o cadastramento, os forne-
cedores devem ser constante e sistematicamente
avaliados em seu desempenho, quanto aos seguin-
tes aspectos:
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2. UNIDADE I - FORNECEDORES
1. Desempenho comercial: índice de cotação; obedi-
ência às condições gerais de fornecimento; cum-
primento das condições contratuais; etc.
2. Cumprimento dos prazos de entrega: prazos nor-
malmente acordados e presteza no atendimento
de emergências;
3. Qualidade do produto: número de devoluções
efetuadas;
4. Desempenho do produto em serviço: ocorrências
insatisfatórias dão margem à suspensão temporá-
ria do fornecedor ou sua exclusão do cadastro,
conforme pontuação obtida.
2.7. CONCORRÊNCIA
A concorrência é o procedimento inicial para a
aquisição de materiais e serviços, por meio de consulta
formal ao mercado, compreendendo:
a expedição de consulta aos fornecedores;
abertura;
Análise;
e avaliação de propostas.
A formalização se dá com a coleta de
preços e outras informações junto aos fornecedores
interessados.
2.7.1. Modalidades de coleta de preços
Coleta de preços normal: adotada na maioria
das compras para a reposição de estoque,
quando o prazo referente às necessidades da
empresa for compatível para o trâmite nor-
mal;
Coleta de preços em emergência: adotada
quando o prazo referente às necessidades da
empresa for incompatível para o trâmite
normal;
Coleta de preços para contratação mediante
autorização de fornecimento: trata-se de
modalidade concorrência, independente da
análise do comportamento periódico das
emissões, visando à contratação dos materi-
ais necessários à empresa por autorização de
fornecimento;
Coleta de preços para contratação por longo
prazo: trata-se de modalidade concorrência
que visando à aquisição dos materiais de
consumo regular à empresa por determina-
do período de tempo, por meio de contrato
de longo prazo.
2.7.2. Dispensa de concorrência
É admitida nos casos em que se caracterizem:
Pequenos valores
Conveniência administrativa
Concorrência sem resposta
Concorrência com preços superiores aos do
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2. UNIDADE I - FORNECEDORES
mercado
Fornecedor exclusivo
Compra de imóvel
2.7.3. Condições gerais da concorrência
O sucesso da concorrência depende de regras
claras e precisas quanto:
Preços (cotados por item e inclusos todas despe-
sas e ônus);
Alternativas (cotações p/ materiais similares e
serviços alternativos à parte);
Garantia (garantir o produto ou serviço contra
defeitos);
Aceitação do material (condicionada à conferên-
cia de quantidade e qualidade);
Outras condições (desqualificação se não atendi-
das);
Informações adicionais: a) Preço-teto (preço má-
ximo estipulado p/ aquisição); b) Preço de refe-
rência (último preço pago ou preço de concorren-
tes).
2.7.4. Etapas da concorrência
A concorrência é processada por meio das
seguintes etapas:
Montagem do processo;
Estipulação das datas de devolução das propos-
tas e da reunião de abertura;
Expedição e endereçamento de coletas de preço
a cada concorrente;
Recepção das propostas dos fornecedores;
Abertura dos envelopes que contém as pro-
postas;
Avaliação das propostas;
Negociação ;
Adjudicação – representa a celebração do
contrato de compra.
2.7.5. Proposta dos fornecedores
A maioria das empresas adotam a prática
de aceitar a proposta de fornecimento no formulá-
rio de coleta de preços. A proposta de fornecimento
deve conter de forma clara e precisa:
As condições comerciais: preço, prazo de
entrega, frete, embalagem, condições de
pagamento, descontos, fórmula de reajuste
de preços, multas contratuais, garantia e
assistência técnica.
E também as condições específicas sobre a
confirmação dos requisitos técnicos, ou so-
bre alternativas possíveis de fornecimento.
Na maior parte dos casos, a coleta de
preços que visa a contratação de prestação de ser-
viços, envolve a exigência de apresentação pelos
concorrentes do BDI. BDI – Benefícios e Despesas
Indiretas: Taxa calculada em função de vários fato-
res internos baseados na estrutura organizacional
de cada fornecedor.
Aberto os envelopes das propostas, faz-
se a avaliação, a análise e o julgamento, elegendo o
vencedor da concorrência.
A negociação trata-se do processo inter-
mediário entre a concorrência e a contratação. A
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2. UNIDADE I - FORNECEDORES
negociação visa obter o maior proveito possível à empre-
sa na aquisição de produtos e serviços.
Já a adjudicação é a última etapa do processo
de aquisição e representa a garantia mútua por meio da
celebração do contrato de compra firmado entre com-
prador e vendedor. São instrumentos para a adjudica-
ção, conforme o caso:
Autorização de fornecimento;
Contrato de longo prazo.
2.7.6. Diligenciamento (follow-up)
Visa garantir o cumprimento das cláusu-
las contratuais, em especial quanto aos prazos de
entrega, acompanhando, documentando e fiscali-
zando as encomendas pendentes, observados os
interesses da empresa. O Diligenciamento atua de
três maneiras diferenciadas:
Atuação preventiva;
Atuação curativa;
Procedimentos especiais.
Figura : Acompanhamento de compras
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3. UNIDADE II - CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS
A classificação é o processo de aglutinação de materiais por características semelhantes. Grande parte do sucesso no gerenciamento de estoques depende fundamentalmente de bem classificar os materiais da empresa.
Classificar materiais é reunir itens de estoque
de acordo com suas características semelhantes. O siste-
ma classificatório permite identificar e decidir priorida-
des referentes a suprimentos na empresa. Uma eficiente
gestão de estoques, em que os materiais necessários ao
funcionamento da empresa não faltam, depende de uma
boa classificação dos materiais.
Dentro das empresas existem vários tipos de
classificação de materiais. Estudaremos somente os mais
comuns e conhecidos, o que lhe permitirá entender o
processo e, se necessário, adaptá-los às necessidades de
cada empresa.
Para Viana (2006) um bom método de classifi-
cação deve ter algumas características: ser abrangente,
flexível e prático.
Abrangência: deve tratar de um conjunto de ca-
racterísticas, em vez de reunir apenas materiais
para serem classificados;
Flexibilidade: deve permitir interfaces entre os
diversos tipos de classificação de modo que se
obtenha ampla visão do gerenciamento do esto-
que;
Praticidade: a classificação deve ser simples e
direta.
Para atender às necessidades de cada empre-
sa, é necessária uma divisão que norteie os vários tipos
de classificação.
Tipos de Classificação: Para Viana (2006, p.52-63) os principais tipos de classificação são:
Por tipo de demanda;
Materiais Críticos;
Perecibilidade;
Quanto à periculosidade;
Possibilidade de fazer ou comprar;
Tipos de estocagem;
Dificuldade de aquisição;
Mercado fornecedor.
Nós abordaremos as principais caracterís-
ticas e subdivisões de cada um deles, iniciaremos
com a classificação por tipo de demanda.
3.1. Por tipo de demanda
A classificação por tipo de demanda é
uma classificação bastante utilizada nas empresas.
Ela se divide em materiais não de esto-
que e materiais de estoque.
3.1.1. Materiais de não estoque
São materiais de demanda imprevisível
para os quais não são definidos parâmetros para o
ressuprimento.
Esses materiais são utilizados imediata-
mente, ou seja, a inexistência de regularidade de
consumo faz com que a compra desses materiais
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3. UNIDADE II - CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS
somente seja feita por solicitação direta do usuário, na
ocasião em que isso se faça necessário.
O usuário é que solicita sua aquisição quando
necessário. Devem ser comprados para uso imediato e
se forem utilizados posteriormente, devem ficar tempo-
rariamente no estoque.
3.1.2. Materiais de Estoques
São materiais que devem sempre existir nos
estoques para uso futuro e para que não haja sua falta
são criadas regras e critérios de ressuprimento automáti-
co. Devem existir no estoque, seu ressuprimento deve
ser automático, com base na demanda prevista e na im-
portância para a empresa.
Os materiais de estoque se subdividem ainda
em:
Quanto à aplicação
Quanto ao valor de consumo
Quanto à importância operacional
3.1.2.1. Quanto à aplicação eles podem ser:
Materiais produtivos: compreendem todo materi-
al ligado direta ou indiretamente ao processo
produtivo.
Matérias primas: materiais básicos e insumos que
constituem os itens iniciais e fazem parte do pro-
cesso produtivo.
Produtos em fabricação: também conhecidos
como materiais em processamento são os que
estão sendo processados ao longo do processo
produtivo. Não estão mais no almoxarifado por-
que já não são mais matérias-primas, nem no
estoque final porque ainda não são produtos aca-
bados.
Produtos acabados: produtos já prontos.
Materiais de manutenção: materiais aplica-
dos em manutenção com utilização repetiti-
va.
Materiais improdutivos: materiais não incor-
porados ao produto no processo produtivo
da empresa.
Materiais de consumo geral: materiais de
consumo, aplicados em diversos setores da
empresa.
3.1.2.2. Quanto ao valor do consumo:
Para que se alcance a eficácia na gestão
de estoque é necessário que se separe de forma
clara, aquilo que é essencial do que é secundário
em termos de valor de consumo.
Para fazer essa separação nós contamos
com uma ferramenta chamada de curva ABC ou
Curva de Pareto, ela determina a importância dos
materiais em função do valor expresso pelo próprio
consumo em determinado período. Os materiais
são classificados em materiais:
Materiais A: materiais de grande valor de
consumo;
Materiais B: materiais de médio valor de
consumo;
Materiais C: materiais de baixo valor de con-
sumo.
Vamos nos aprofundar mais e trabalhar
com a metodologia de cálculo da curva ABC na pró-
xima aula, mas de antemão lhe aviso que não se
recomenda o uso da classificação ABC sem a inter-
face com a importância operacional, em que se i-
dentificam os materiais imprescindíveis ao funcio-
namento da empresa.
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3. UNIDADE II - CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS
3.1.2.3. Quanto à importância operacional:
Esta classificação leva em conta a imprescindi-
bilidade ou ainda o grau de dificuldade para se obter o
material. Os materiais são classificados em materiais:
Materiais X: materiais de aplicação não importan-
te, com similares na empresa;
Materiais Y: materiais de média importância para
a empresa, com ou sem similar;
Materiais Z: materiais de importância vital, sem
similar na empresa, e sua falta ocasiona paralisa-
ção da produção.
Quando ocorre a falta no estoque de materiais
classificados como “Z”, eles provocam a paralisação de
atividades essenciais e podem colocar em risco o ambi-
ente, pessoas e patrimônio da empresa. São do tipo que
não possuem substitutos em curto prazo.
Os materiais classificados como “Y” são
também imprescindíveis para as atividades da orga-
nização. Entretanto podem ser facilmente substituí-
dos em curto prazo.
Os itens “X” por sua vez são aqueles que
não paralisam atividades essenciais, não oferecem
riscos à segurança das pessoas, ao ambiente ou ao
patrimônio da organização e são facilmente substi-
tuíveis por equivalentes e ainda são fáceis de serem
encontrados.
Para a identificação dos itens críticos de-
vem ser respondidas as seguintes perguntas:
O material é imprescindível à empresa?
Pode ser adquirido com facilidade?
Existem similares?
O material ou seu similar podem ser encon-
trados facilmente?
É imprescindível Fácil aquisição? Existem similares? A compra do original ou CLASSE
SIM NÃO NÃO - Z
SIM SIM NÃO - Y
NÃO NÃO SIM NÃO Y
SIM SIM SIM SIM X
NÃO SIM SIM SIM X
3.2. Materiais Críticos
Classificação muito utilizada por indústrias.
São materiais de reposição específica, cuja demanda não
é previsível e a decisão de estocar tem como base o ris-
co. Por serem sobressalentes vitais de equipamentos
produtivos, devem permanecer estocados até sua utili-
zação, não estando, portanto, sujeitos ao controle de
obsolescência.
A quantidade de material cadastrado
como material crítico dentro de uma empresa deve
ser mínima.
Os materiais são classificados como críti-
cos segundo os seguintes critérios:
Críticos por problemas de obtenção: material
importado; único fornecedor; falta no mer-
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3. UNIDADE II - CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS
cado; estratégico e de difícil obtenção ou fabrica-
ção.
Críticos por razões econômicas: materiais de valor
elevado com alto custo de armazenagem ou de
transporte.
Críticos por problemas de armazenagem ou trans-
porte: materiais perecíveis, de alta periculosida-
de, elevado peso ou grandes dimensões.
Críticos por problema de previsão: ser difícil pre-
ver seu uso
Críticos por razões de segurança: materiais de
alto custo de reposição ou para equipamento
vital da produção.
3.3. Perecibilidade
Os materiais também podem ser classificados
de acordo com a possibilidade de extinção de suas pro-
priedades físico-químicas. Muitas vezes, o fator tempo
influencia na classificação; assim, quando a empresa
adquire um material para ser usado em um período, e
nesse período o consumo não ocorre, sua utilização po-
derá não ser mais necessária, o que inviabiliza a estoca-
gem por longos períodos.
Quanto à possibilidade de se extinguirem, seja
dentro do prazo previsto para sua utilização, seja por
ação imprevista, os materiais podem ser classificados
em: perecível e não perecível.
Os perecíveis podem ser ainda subdivididos
em perecíveis por:
Ação higroscópica: ex. sal, cal virgem;
Pela limitação do tempo ex. alimentos, remédios;
Instabilidade: ex. ácidos, óxido de etileno;
Volatilidade: ex. amoníaco, éter;
Contaminação da água: ex. óleo para transforma-
dores;
Contaminação por partículas sólidas: ex. graxas;
Gravidade: ex. eixos de grande comprimen-
to;
Quebra, colisão ou vibração: ex. vidro, cris-
tais;
Mudança de temperatura: ex. vedantes de
borracha;
Ação da luz: ex. filmes fotográficos;
Atmosfera agressiva: ex. ácidos, cloro;
Ação de animais: ex. grãos, madeira.
A utilização da classificação por pereci-
mento permite as seguintes medidas:
determinar lotes de compra mais racionais,
em função do tempo de armazenagem per-
mitido;
programar revisões periódicas para detectar
falhas de estocagem a fim de corrigi-las e
baixar materiais sem condições de uso;
selecionar adequadamente os locais de esto-
cagem, usando técnicas adequadas de manu-
seio e transporte de materiais, bem como
transmitir orientações aos funcionários en-
volvidos quanto aos cuidados a serem obser-
vados.
3.4. Periculosidade
O uso dessa classificação permite a iden-tificação de materiais que devido a suas característi-cas físico-químicas, podem oferecer risco à seguran-ça no manuseio, transporte, armazenagem. Ex. lí-quidos inflamáveis.
3.5. Possibilidade de fazer ou comprar
Esta classificação visa determinar quais os materiais que poderão ser recondicionados, fabrica-dos internamente ou comprados:
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3. UNIDADE II - CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS
Fazer internamente: fabricados na empresa;
Comprar: adquiridos no mercado;
Decisão de comprar ou fazer: sujeito à análise de custos;
Recondicionar: materiais passíveis de recupera-ção sujeito a análise de custos
3.6. Tipos de Estocagem
Os materiais podem ser classificados em ma-teriais de estocagem permanente e temporária.
Permanente: materiais para os quais foram apro-vados níveis de estoque e que necessitam de res-suprimento constantes.
Temporária: materiais de utilização imediata e sem ressuprimento, ou seja, é um material não de estoque.
3.7. Dificuldade de Aquisição
Os materiais podem ser classificados por suas dificuldades de compra em materiais de difícil aquisição e materiais de fácil aquisição. As dificuldade podem advir de:
Fabricação especial: envolve encomendas especi-ais com cronograma de fabricação longo;
Escassez no mercado: há pouca oferta no merca-do e pode colocar em risco o processo produtivo;
Sazonalidade: há alteração da oferta do material em determinados períodos do ano;
Monopólio ou tecnologia exclusiva: dependência de um único fornecedor;
Logística sofisticada: material de transporte espe-cial, ou difícil acesso;
Importações: os materiais sofrer entraves buro-cráticos, liberação de verbas ou financiamentos externos.
3.8. Mercado Fornecedor
Esta classificação está intimamente ligada à anterior e a complementa. Assim temos:
Materiais do mercado nacional: materiais fabricados no próprio país;
Materiais do mercado estrangeiro: materiais fabricados fora do país;
Materiais em processo de nacionalização: materiais aos quais estão desenvolvendo fornecedores nacionais.
Você acabou de ver oito tipos principais de classificação de materiais, eles não necessitam trabalhar separadamente, e alguns deles recebem indicações explícitas para que trabalhem em con-junto com outra classificação, tornando mais eficaz a gestão dos estoques.
Veja, na página seguinte, um quadro re-sumido dos tipos de classificação com suas vanta-gens, desvantagens e limitações.
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3. UNIDADE II - CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS
QUADRO SINÓPTICO DOS TIPOS DE CLASSIFICAÇÃO
CLASSIFICAÇÃO OBJETIVO VANTAGEM DESVANTAGEM APLICAÇÃO
Valor de consumo Materiais de maior
valor (consumo) método ABC
Demonstrar os ma-teriais de grande investimento no
estoque
Não fornece análise de importância ope-
racional
Fundamental. Deve ser utilizada em
conjunto com im-portância operacio-
nal
Importância
operacional
Importância dos materiais para fun-cionamento da em-
presa
Demonstra os ma-teriais vitais para a
empresa
Não fornece análise econômica dos es-
toques
Fundamental. Deve ser utilizada em
conjunto com valor de consumo
Perecibilidade Se o material é pe-
recível ou não
Identifica os materi-ais sujeitos à perda por perecimento,
facilitando armaze-nagem e movimen-
tação.
Básica. Deve ser utilizada com classi-ficação de periculo-
sidade
Periculosidade Grau de periculosi-dade de material
Determina incom-patibilidade com os
outros materiais, facilitando armaze-nagem e movimen-
tação.
Básica. Deve ser utilizada com a clas-sificação de pereci-
bilidade
Fazer ou comprar
Se o material deve ser comprado, fa-bricado interna-
mente ou recondi-cionado.
Facilita a organiza-ção da programa-
ção e planejamento de compras
Complementar para os procedimentos
de compras
Dificuldade de
aquisição
Materiais de fácil ou difícil aquisição
Agiliza a reposição
de estoques
Complementar para os procedimentos
de compras
Mercado
fornecedor
Origem dos materi-ais (nacional ou
importado)
Auxilia a elaboração dos programas de
importação
Complementar para os procedimentos
de compras
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4. UNIDADE III - ESPECIFICAÇÃO DE MATERIAIS
4.1. DEFINIÇÃO
E specificar significa descrever pormenorizada-
mente ou detalhadamente o aspecto físico de
um material. As especificações devem ter cla-
reza nos seus pormenores / detalhes, sejam
elas adotadas dos originais da ASTM (American Society
Testing Materiais) ou da ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas), cumprindo ao fornecedor declarar a
garantia do que está especificado.
“ É o tipo de norma que se destina a fixar condições exi-
gíveis para aceitação e/ou recebimento de matérias-
primas, produtos semi-acabados, produtos acabados,
etc.”, conforme Resolução n° 03/76, do Conselho Nacio-
nal de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial –
Conmetro – usando das atribuições que lhe confere a Lei
nº 5.966, de 11/12/1973. De uma forma mais simples,
pode ser definida como: “A descrição das características
de um material, que o identifica e o distingue de seus
similares”.
4.2. Principais objetivos
Facilitar a tarefa de coleta de preços;
Cuidados no transporte;
Facilitar a identificação, inspeção, armazenagem e preservação do material;
Fixar condições e características exigíveis na fabri-cação e fornecimento dos materiais.
4.3. Critérios de descrição de materiais
A descrição deve:
Ser concisa, completa e permitir a individualiza-
ção do material; Ex: Lápis de cor vermelha;
Evitar o uso de vocábulos que caracterizem mar-
cas comerciais, gírias e regionalismos; Ex: Lápis de
cor Faber-Castella de cor vermelha.
Entretanto, a especificação por marca pode
ser utilizada principalmente se os itens fo-
rem “patenteados”. Se o fornecedor do pro-
duto tem um conhecimento especializado
que o comprador não tem, quando a quanti-
dade comprada é tão pequena que para o
comprador não vale à pena o esforço de de-
senvolver especificações e se o fornecedor
num esforço de publicidade fez os clientes
preferirem seus produtos;
A maioria das objeções à compra por marca
está centrada nos custos. Também podem
restringir o número de fornecedores potenci-
ais, reduzindo assim a competição e é proibi-
da nas licitações públicas;
Usar termos técnicos adequados e usuais;
Ex: Lápis de cor escarlate de 10cm;
Apresentar os critérios de qualidade para
determinado uso; Ex: Lápis de cor vermelha
de 10cm;
Ser grafada no singular;
Destacar o material e não a sua forma, em-
balagem, apresentação ou uso; Ex: Lápis de
cor vermelha de 10 cm redondo, embalado
com filme plástico ;para uso escolar
Utilizar, de preferência, denominações úni-
cas para materiais de mesma natureza;
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4. UNIDADE III - ESPECIFICAÇÃO DE MATERIAIS
Utilizar abreviaturas padronizadas. Ex: Lápis de
cor vermelha de 10 cm e não 10 cmto.
4.4. Estrutura e formação da especificação
Nome básico: primeiro termo da especificação.
Ex.: Lápis;
Nome modificador: termo complementar. Ex.:
Lápis de cor;
Características físicas: informações detalhadas
sobre densidade, dureza, peso específico, granu-
lometria, cor, etc., indicando, ainda, as tolerân-
cias, método de análise e normas a serem obser-
vadas (ABNT, DIN, SAE, ANSI), as quais podem ser
obtidas em manual técnico ou catálogo do mate-
rial ou nos desenhos executivos. Ex.: Lápis de cor,
vermelha, norma ASTM 5698;
Elementos auxiliares: informações destinadas a
complementar a especificação; de grande utilida-
de para minimizar os “esclarecimentos técnicos”,
responsáveis por perda de tempo durante o res-
suprimento.
4.4.1. Os Elementos auxiliares são:
a. Unidade metrológica: unidade de fornecimento
do material. Caso seja diferente da unidade de
controle pela empresa,deverá ser indicado o fator
de conversão;
b. Medidas: são elementos como capacidade, di-
mensões, potência, freqüência, corrente, tensão,
etc.;
c. Características de fabricação: diz respeito ao pro-
cesso de fabricação, detalhes construtivos, tipo
de acabamento, etc.;
d. Características operacionais: garantias exigidas,
testes de fabricação e de aceitação;
e. Cuidados relativos ao manuseio, transporte, con-
servação e armazenagem;
f. Embalagem: deve considerar a finalidade, o
manuseio, o transporte e armazenagem do
material, visando sua integridade até o con-
sumo final.
4.4.1.1. Os tipos mais comuns de embalagem são:
Caixa de papelão (liso ou ondulado): leve,
barata, violação visível, elevado custo ambi-
ental;
Caixa de madeira: resistente, oferece boa
proteção, barata, alto custo ambiental;
Tambores metálicos: fácil manuseio e arma-
zenagem, ótima resistência e proteção, reuti-
lizável, recicláveis;
Fardos: utilizados para grandes volumes,
quando o custo de outros tipos de embala-
gem se torna proibitivo e o material o permi-
te;
Recipientes de plástico: utilizados sobretudo
para líquidos, pastas e pós, são inquebráveis,
baratos, resistentes à corrosão, leves, reci-
cláveis, e reutilizáveis.
4.5. Outros tipos de especificação
Conforme amostra: usado quando há dificul-
dade em se detalhar as características do
material, devendo ser evitado o máximo
possível;
Por padrão e características físicas: usado
quando o material é normalizado ou quando
são conhecidos todos os dados do material;
Por composição química: usado quando a
formulação e concentração da substância
são exigências pré-estabelecidas. Ex.: Solu-
ção para análise a 10% de HNO3 (Ácido Nítri-
co);
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4. UNIDADE III - ESPECIFICAÇÃO DE MATERIAIS
Por marca de fábrica: usado quando a marca é
garantia de qualidade do material. Ex.: Rolamento
SKF 3210;
Conforme desenho: usado quando as característi-
cas, dimensões e forma do material são elemen-
tos co plexos e numerosos. Devem ser menciona-
dos número do desenho e nome da pessoa ou
empresa que projetou a peça ou componente.
4.6. Exemplificando
Errado: Barra de cereais; Certo: Cereais em barra;
Errado: Barra de chocolate; Certo: Chocolate em
barra;
Errado: Barra de aço 2mm x 2mm x 1,5m ; Certo:
Aço em barra 2mm x 2mm x 1,5m;
4.7. Alguns exemplos retirados de empresas co-
merciais:
Bravonil 720 SC 4x5 LT - Fungicida
Match 1x20 - Inseticida
Bico Aut OPW Azul 1/2
Cebola Hib. Optima F1 100 MX 030273
Klorpan 480 CE 2x10 LT - Inseticida
Arruela Pressão 5/16
Parafuso Sext. 10x30
Mola Elevador 2,5 x 41mm
Motor MWM 6.10 TCA 195cv.
(As marcas registradas são protegidas por leis e
tratados internacionais)
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5. UNIDADE IV - PADRONIZAÇÃO DE MATERIAIS
P ADRÃO: é uma especificação cuidadosamente
estabelecida que cobre o material, a configu-
ração, as medidas do produto e assim por
diante. Produtos padronizados são semelhan-
tes e intercambiáveis. A “padronização” ajuda a viabilizar
a produção em massa.
Ex: Lâmpadas (bocais e consumo em Watts pa-
dronizados)
Camisas (tamanhos padronizados)
5.1. Modularização
É um tipo de padronização. É quando se usa o
módulo básico e a partir do mesmo se produz uma gama
variada de produtos.
Análise de materiais para permitir seu intercâm-bio, com vistas à redução do número de varieda-des e conseqüente ganho de economia;
Forma de normalização que visa reduzir o número de tipos de produtos ou componentes, dentro de uma faixa definida, para o atendimento de neces-sidades específicas;
Norma Técnica que constitui um conjunto metó-dico e preciso de condições a serem satisfeitas, com o objetivo de uniformizar formatos, dimen-sões, pesos ou outros elementos construtivos, bem como objetos, materiais, aparelhos, produ-tos industriais acabados,desenhos e projetos (da ABNT).
5.2. Objetivos da padronização
Diminuir número de itens de estoque, evi-
tando a variedade de materiais de mesma
classe e utilizados para o mesmo fim com
conseqüente redução de custos;
Eliminar itens pouco eficientes e de baixa
qualidade, evitando o desperdício;
Permitir a compra em grandes lotes, com
reflexo na obtenção de melhores preços;
Otimizar a gestão de materiais, tornando o
trabalho mais eficiente;
Diminuir os custos de estocagem relativos a:
espaço de armazenagem, encargos e contro-
les de materiais, arranjo físico do almoxarifa-
do, trabalho de inventário, etc.
Uniformizar o manuseio, transporte e arma-
zenagem de materiais.
5.3. Vantagens da padronização
Redução do número de itens em estoque;
Redução do risco de falta de material no
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5. UNIDADE IV - PADRONIZAÇÃO DE MATERIAIS
estoque;
Redução do risco de obsolescência;
Redução do valor do imobilizado em estoque;
Permite a compra em grandes lotes a preços mais
vantajosos;
Redução dos custos de estocagem;
Melhoria do lay-out do almoxarifado;
Redução do esforço físico no manuseio e movi-
mentação de materiais;
Simplificação dos meios de estocagem;
Redução do esforço administrativo da gestão
de estoques;
Maior rapidez no processo de compra;
Otimização da atividade de recebimento;
Redução do número de fornecedores;
Facilitação do inventário e auditoria;
Seleção e adoção de itens de melhor qualida-
de.
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6. UNIDADE V - CODIFICAÇÃO DE MATERIAIS
6.1. DEFINIÇÃO
É a identificação do material por meio de um con-
junto de caracteres alfabéticos, numéricos ou
alfanuméricos, que traduzem as suas característi-
cas de forma metódica e racional. Exemplo:
102023; ABC; ABC1015
6.2. Objetivos da codificação
Facilitar a utilização dos recursos de informática;
Facilitar a comunicação interna entre gestores e
usuários de materiais;
Evitar a duplicidade de itens no estoque;
Otimizar as atividades de gestão de estoques e
compra de materiais;
Propiciar a padronização de materiais;
Promover um eficiente controle contábil dos es-
toques.
Viabilizar a elaboração do catálogo de materiais.
6.3. Plano de Codificação
Os planos de codificação catalogam o material
segundo uma seqüência lógica, dividindo os materiais
em grupos e classes:
Grupo: designa a família de materiais, com nume-
ração de 01 a 99;
Classe: identifica os materiais pertencentes a
mesma família, com numeração de 01 a 99;
Número identificador: elemento individualizador
do material, com numeração de 001 a 999;
Dígito de controle: elemento que assegura a con-
fiabilidade da identificação pelo programa.
6.4. Característica de um bom sistema de codifica-
ção
Expansivo: espaço para inserção de novos
itens;
Preciso: um único código para cada material;
Conciso: número mínimo de dígitos necessá-
rio à codificação;
Conveniente: fácil compreensão e aplicação;
Simples: facilite a utilização.
6.5. Sistemas de codificação mais usuais
Decimal;
FSC (Federal Supply Classifications);
CSSF (Chambre Syndicale de la Sidérurgie
Fançaise).
Exemplo sistema decimal: Rolamento SKF 6303-2Z,
dimensões de 17 x 47 x 14 mm
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6. UNIDADE V - CODIFICAÇÃO DE MATERIAIS
Grupo: 58 (arbitrado)
Classe: 001
Número identificador: 156
Código do Rolamento: 58.001.156
Vamos supor que uma empresa utilize a classi-
ficação abaixo para especificar seus materiais:
Vamos supor agora que o título 05 (material
de escritório) tenha a seguinte divisão:
Mas ainda falta definir os diversos tipos de
materiais. Logo, cada título da classificação individualiza-
dora recebe nova codificação, por exemplo:
Portanto, um material que tenha código
“050203” seria o “material de escritório, caneta esfero-
gráfica, marca alfa, escrita fina de cor vermelha”.
6.6. Sistema FSC
A estrutura do código é composta de 11 dígitos:
a) Número de classe (NC) com 4 dígitos. Os dois primei-
ros representam os grupos de materiais; os 4 dígitos
definem a classe do material;
Ex: 59 (classe do material): Componentes de equi-
pamentos elétricos e eletrônicos
5905: Resistores;
5925: Disjuntores;
b) Número de identificação (NI): com 7 dígitos se-
qüenciais dentro da classe, podendo ser subdividido
em dois grupos: Três primeiros: planta ou região de
utilização do material; Quatro últimos: seqüência de
cadastramento do material;
c) Décimo segundo dígito: dígito verificador.
6.7. Aprendendo um pouco mais
O que é NCM:
N CM significa "Nomenclatura Comum do
Mercosul" e trata-se de um código de
oito dígitos estabelecido pelo Governo
Brasileiro para identificar a natureza
das mercadorias e promover o desenvolvimento do
comércio internacional, além de facilitar a coleta e
análise das estatísticas do comércio exterior.
Qualquer mercadoria, importada ou com-
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6. UNIDADE V - CODIFICAÇÃO DE MATERIAIS
prada no Brasil, deve ter um código NCM na sua docu-
mentação legal (nota fiscal, livros legais, etc.), cujo obje-
tivo é classificar os itens de acordo com regulamentos do
Mercosul.
A NCM foi adotada em janeiro de 1995 pela
Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai e tem como base o
SH (Sistema Harmonizado de Designação e Codificação
de Mercadorias). Por esse motivo existe a sigla NCM/SH.
O SH é um método internacional de classifica-
ção de mercadorias que contém uma estrutura de códi-
gos com a descrição de características específicas dos
produtos, como por exemplo, origem do produto, mate-
riais que o compõe e sua aplicação.
Dos oito dígitos que compõem a NCM, os seis
primeiros são classificações do SH. Os dois últimos dígi-
tos fazem parte das especificações próprias do Mercosul.
Uma pesquisa pelo código NCM
0102.10.10 permite determinar que se trata de:
01 - Animais Vivos
0102 - Animais Vivos da Espécie Bovina
010210 - Reprodutores de Raça Pura
01021010 - Prenhes ou com cria ao pé.
A classificação fiscal de mercadorias é de
competência da SRF (Secretaria da Receita Federal).
A partir do dia 1 de Janeiro de 2010 passou a ser
obrigatória a inclusão da categorização NCM/SH dos
produtos nos documentos fiscais.
Exemplo de codificação NCM
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7. UNIDADE VI - COMPRAS
7.1. DEFINIÇÃO DE COMPRAS
É o ato de procurar e providenciar a entrega de
materiais, na qualidade especificada e no prazo
necessário, a um preço justo, para o funciona-
mento, a manutenção ou a ampliação da empre-
sa.
7.2. Etapas do ato de comprar
a. Determinar o que, quanto e quando comprar;
b. Estudar os fornecedores e verificar sua capacida-
de técnica, relacionando-os com a consulta;
c. Promover a concorrência para a seleção do forne-
cedor vencedor;
d. Fechar o pedido mediante autorização de forneci-
mento ou contrato;
e. Acompanhar ativamente o processo no período
compreendido entre o pedido e a entrega
(diligenciamento ou “follow-up”);
f. Encerrar o processo, após recebimento do materi-
al e controle da qualidade e da quantidade.
Organograma típico do setor de compras
Outras funções comuns: Comprador Diverso,
Comprador Técnico, Comprador, de Matéria-prima, Mo-
torista, etc.
7.3. Processamento
É o órgão responsável pelo recebimento
da documentação referente aos pedidos de compra
e montagem dos respectivos processos. Deve con-
trolar todo o processo desde seu início, a partir do
protocolo do pedido, até o efetivo recebimento do
material. Porém, outros órgãos também podem
exercer este controle.
7.4. Compras locais
São compras exercidas no país tanto na
iniciativa privada como no serviço público. O com-
prador deste tipo de compras dispensa característi-
cas diferenciadas, como por exemplo, falar inglês.
A diferença básica entre as compras no
serviço público e na iniciativa privada está na for-
malidade do processo de compra. As compras no
serviço público se baseiam nas leis 8.666/93 e
8.883/94.
7.5. Compras por importação
Para este tipo de compra, o comprador
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7. UNIDADE VI - COMPRAS
precisa ter experiência em comércio exterior, conhecer
fluentemente o idioma inglês e dominar a legislação per-
tinente tanto do país importador como do exportador.
7.6. Diligenciamento
É a atividade que objetiva garantir o cumpri-
mento das cláusulas contratuais, com especial atenção
para o prazo de entrega acordado, acompanhando, do-
cumentando e fiscalizando as encomendas pendentes de
acordo com os interesses da empresa.
7.7. Perfil do comprador
a. Ser idôneo;
b. Ser bom negociador;
c. Ter iniciativa e capacidade de decisão;
d. Ter responsabilidade e autoridade (sem autorida-
de não conseguirá ter sucesso no processo de
compra pois o vendedor sempre confia no acordo
firmado e logo, não pode existir interferências de
terceiros);
e. Ter conhecimento dos procedimentos de com-
pras e do material que irá comprar.
7.8. Compra normal
Quando realizada em prazo ou em condições
que permita obter as melhores vantagens técnico-
comerciais, através da utilização do fluxo básico de com-
pra.
7.9. Compra em emergência
Ocorre por falha de planejamento ou por cau-
sas acidentais, sendo realizada com a supressão de vá-
rias etapas do fluxo básico, o que reduz o poder de nego-
ciação da empresa.
7.10. Compras por meio de "Concorrências Repeti-
tivas"
Procedimento adotado para os pedidos
de compra, independentemente da análise do com-
portamento periódico em que acontecem. Podem
se classificar em:
Inconstantes: compras isoladas, que não se
repetem. Não permitem o estabelecimento
de data e quantidades de suas novas necessi-
dades. Ex: móveis.
Constantes: todos os materiais com política
de ressuprimento definida, portanto de con-
sumo regular, de uso constante e compras
repetitivas. Ex: materiais de escritório.
7.11. Compras por meio de Contratos de Longo
Prazo
Procedimento adotado para compra de
materiais de consumo regular, com vigência por
prazo determinado, para entregas parceladas atra-
vés de autorização. Esta modalidade se originou das
“concorrências repetitivas constantes” se distin-
guindo dessas pelas quantidades envolvidas, itens
adquiridos e longo prazo de vigência (superior a 12
meses). Ex: Compra de Matérias-primas.
7.11.1. Vantagens das compras em contrato por
longo prazo
1. Para a empresa contratante
Obtenção de preços mais baixos;
Redução ou eliminação de recursos imobili-
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7. UNIDADE VI - COMPRAS
zados em estoques;
Simplificação dos procedimentos de compra, pela
eliminação das etapas processuais normais;
Ampliação do poder de negociação da empresa,
em razão da fidelidade e quantidades envolvidas;
Redução de atrasos nas entregas, devido à pro-
gramação prévia.
2. Para a empresa contratada
Comodidade comercial (fornecimento assegurado
durante o contrato)
Redução dos custos de vendas;
Planejamento racional da produção e das entre-
gas;
Economia da produção em escala.
7.11.2. Elaboração dos Contratos de Longo Prazo
A concretização de um programa de compras
por contrato, envolve:
Pesquisa dos materiais de consumo regular, com
freqüência de compra por concorrência repetiti-
va;
Seleção de famílias e grupos de materiais;
Estimativa de consumos no período de 12 meses
(vigência do contrato);
Pesquisa e seleção de fornecedores qualificados;
Concorrências preliminares para a efetivação das
contratações.
As contratações devem atentar para os se-
guintes fatores condicionantes:
Preços unitários menores que os da última
concorrência repetitiva;
Prazo de vigência mínimo de 12 meses e
máximo de 36 meses;
Entrega programada e autorizada pelo com-
prador, mediante comunicação prévia
(mínimo de 3 dias);
Não concessão de exclusividade, a fim de
evitar riscos de tendências monopolistas.
7.12. Manual de compras
É um instrumento, normalmente adotado
pela maioria das grandes empresas da iniciativa
privada, que define o alcance e os métodos da fun-
ção de compras, bem como norteador da política de
compra estabelecida pela empresa, delimitando as
atribuições e responsabilidades do comprador.
No manual de compras, consta a política
de compras, exercida através do cumprimento das
regras e procedimentos, contemplando os seguin-
tes aspectos:
Autoridade de compras (constante do
“prefácio” do manual) ;
Cadastro de fornecedores;
Concorrência;
Dispensa de concorrência em casos de emer-
gência ou de compra a fornecedor exclusivo;
Relações comprador x fornecedor;
Propostas dos fornecedores, contemplando
ofertas, preços e demais condições de forne-
cimento;
Avaliação das propostas (classificação e des-
classificação);
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7. UNIDADE VI - COMPRAS
Formas de contratação (concorrências repetiti-
vas / contratos de longo prazo);
Forma de reajuste de preços e índices adotados;
Penalidades por descumprimento do contrato.
Departamento de compras
Funções de compra
Fluxos de compras
Fluxo de compras
Compras emergenciais
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8. UNIDADE VII - COMPRAS NO SETOR PÚBLICO
8.1. Legislação específica
a. Constituição Federal, artigo 37, inciso XXI
b. Lei Federal 8.666/93 e suas atualizações
c. Lei Federal 10.520/2002 (Pregão)
d. Decretos regulamentadores
8.2. Licitações públicas
Licitação é o procedimento administrativo
formal em que a Administração Pública convoca, medi-
ante condições estabelecidas em ato próprio (edital ou
convite), empresas interessadas na apresentação de
propostas para o oferecimento de bens e serviços.
8.2.1. Licitações públicas
Os procedimentos licitatórios devem observar
os seguintes princípios básicos:
a. Princípio da Isonomia (igualdade)
b. Princípio da Publicidade
c. Princípio da Moralidade e da Probidade Adminis-
trativa
d. Princípio da Legalidade (formal)
e. Sigilo na apresentação das propostas
f. Princípio da Vinculação ao Instrumento Convoca-
tório
g. Princípio do Julgamento Objetivo
h. Adjudicação compulsória
8.2.2. O que é Licitar?
A execução de obras, a prestação de serviços
e o fornecimento de bens para atendimento de
necessidades públicas, as alienações e locações
devem ser contratadas mediante licitações públicas,
exceto nos casos previstos na Lei nº 8.666, de 1993,
e alterações posteriores.
8.2.3. Por quê Licitar?
A Constituição Federal, art. 37, inciso XXI,
prevê para a Administração Pública a obrigatorieda-
de de licitar.
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8. UNIDADE VII - COMPRAS NO SETOR PÚBLICO
8.2.4. Quem deve Licitar?
Estão sujeitos à regra de licitar, além dos ór-
gãos integrantes da administração direta, os fundos es-
peciais, as autarquias, as fundações públicas, as empre-
sas públicas, as sociedades da economia mista e demais
entidades controladas direta e indiretamente pela Uni-
ão, Estados, Distrito Federal e Municípios.
8.2.5. Como Licitar?
a. Definir o objeto que se quer contratar;
b. Estimar o valor total da obra, do serviço ou do
bem a ser licitado, mediante realização de pesqui-
sa de mercado;
c. Verificar se há previsão de recursos orçamentá-
rios para o pagamento e se conforme com a LRF*;
d. Definir a modalidade de licitação adequada.
8.2.6. Responsáveis pela Licitação
São responsáveis os agentes públicos designa-
dos pela autoridade competente, mediante ato próprio
(portaria, por exemplo), para integrar comissão de licita-
ção, ser pregoeiro ou para realizar licitação na modalida-
de convite. Tem como função receber, examinar e julgar
todos os documentos.
8.2.7. Modalidades e limites
Modalidade de licitação é a forma específica
de conduzir o procedimento licitatório, a partir de crité-
rios definidos em lei.
Modalidades de Licitação:
a. Leilão
b. Concurso
c. Concorrência
d. Tomada de Preços
e. Convite
f. Pregão
8.2.8. Tipos de Licitações
O tipo de licitação não deve ser confundi-
do com modalidade de licitação. Modalidade é pro-
cedimento. Tipo é o critério de julgamento utilizado
pela Administração para seleção da proposta mais
vantajosa.
Os tipos de licitação mais utilizados para
o julgamento das propostas são os seguintes:
a. Menor Preço: Critério de seleção em que a
proposta mais vantajosa para a Administra-
ção é a de menor preço.
b. Melhor Técnica: Critério de seleção em que a
proposta mais vantajosa para a Administra-
ção é escolhida com base em fatores de or-
dem técnica.
c. Os tipos de licitação mais utilizados para o
julgamento das propostas são os seguintes:
d. Técnica e Preço: Critério de seleção em que a
proposta mais vantajosa para a Administra-
ção é escolhida com base na maior média
ponderada, considerando-se as notas obti-
das nas propostas de preço e de técnica.
8.2.9. Dispensa/Inexigibilidade
A licitação é regra para a Administração
Pública, quando contrata obras, bens e serviços. No
entanto, a lei apresenta exceções a essa regra. São
os casos em que a licitação é legalmente dispensa-
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8. UNIDADE VII - COMPRAS NO SETOR PÚBLICO
da, dispensável ou inexigível. A possibilidade de compra
ou contratação sem a realização de licitação se dará so-
mente nos casos previstos em lei.
8.3. Sistema de Registro de Preços
Conjunto de procedimentos para registro for-
mal de preços relativos à prestação de serviços e aquisi-
ção de bens, para contratações futuras.
É realizada sob a modalidade de concorrência
ou de pregão, do tipo menor preço.
a. Contratações freqüentes
b. Entregas parceladas
c. Atender mais de um órgão público ou entidade
8.4. Compras eletrônicas
a. Pregão Eletrônico: O pregão eletrônico é a
modalidade de licitação prevista na Lei
Federal nº. 10.520/2002, destina-se à aqui-
sição de bens e serviços comuns, por meio
de licitação realizada em sessão pública na
Internet;
b.
c. Bolsa Eletrônica de Compras: Negociação
do preço dos bens adquiridos pelo setor
público, por meio de procedimentos ele-
trônicos, com a garantia, por parte do Go-
verno, do pagamento aos fornecedores na
data de seu vencimento ajustada no con-
trato.
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9. UNIDADE VIII - ALMOXARIFADO
A tualmente, restou muito pouco da antiga
idéia de depósito, quase sempre o pior e
mais inadequado local da empresa, onde os
materiais eram acumulados de qualquer
forma, utilizando-se mão-de-obra desqualificada e des-
preparada. Por meio do recurso a modernas técnicas,
essa situação primitiva originou sistemas de manuseio e
armazenagem de materiais bem sofisticados, o que pro-
vocou redução de custos, aumento significativo da pro-
dutividade e maior segurança nas operações de controle,
com a obtenção de informações precisas em tempo real.
O emprego de softwares para gerenciamento e controle
de almoxarifado tem também se tornado cada vez mais
comum, possibilitando um melhor controle e também a
integração com outros setores, como por exemplo, a
produção, vendas ou manutenção. Por exemplo, com a
utilização da internet em conjunto com um software de
gerenciamento de almoxarifado, é possível manter-se
informado do estado de um almoxarifado, mesmo estan-
do em outras localidades geográficas.
Pode-se, atualmente, definir Almoxarifado
como o local destinado à fiel guarda e conservação de
materiais, em recinto adequado à sua natureza, tendo a
função de destinar espaços onde permanecerá cada item
aguardando a necessidade do seu uso, ficando sua locali-
zação, equipamentos e disposição interna condicionados
à política geral de estoques da empresa. O objetivo pri-
mordial de qualquer Almoxarifado é impedir divergên-
cias de inventário e perdas de qualquer natureza.
O Almoxarifado, desta forma, deve pos-
suir condições para assegurar que o material ade-
quado, na qualidade de vida, estará no local certo,
quando necessário, por meio da armazenagem de
materiais, de acordo com normas adequadas, obje-
tivando resguardar, além da preservação da quali-
dade, as exatas quantidades. Para cumprir sua fina-
lidade, o este deverá possuir instalações adequa-
das, bem como recursos de movimentação e distri-
buição suficientes a um atendimento rápido e efici-
ente, devendo existir rotinas rigorosas para a retira-
da dos produtos no Almoxarifado e onde este pre-
servará os materiais armazenados, protegendo-os
contra furtos e desperdícios. A autoridade para a
retirada do estoque deve estar definida com clareza
e somente pessoas autorizadas poderão exercer
essas atribuições. A retirada de materiais do Almo-
xarifado só se dá com a apresentação de uma requi-
sição.
Dentro das expectativas da Administra-
ção de Materiais de atender as necessidades do
fluxo de materiais e de colocar disponibilidade este
ou aquele no momento certo e também a preocu-
pação com todo esse controle da utilização ou não,
surge nesse processo um agente controlador e
“guardião” de todos os materiais utilizados em todo
o processo produtivo. Esse controlador é conhecido
como Almoxarifado, que na sua concepção é o mais
importante esquema de armazenamento de materi-
ais.
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9. UNIDADE VIII - ALMOXARIFADO
As necessidades de material são uma constan-
te dentro de qualquer organização, e enquanto tal não
se efetiva, existe real preocupação e de se armazenar
todo esse material que no momento não se faz por utili-
zar, esse armazenamento existe para suprir às necessi-
dades da produção. O almoxarifado é um agente de todo
um processo produtivo e pode ser interpretado como
sendo um intermediário entre o fornecedor e a produ-
ção e entre a produção e o consumidor.
É este setor responsável pelo armazenamento
de materiais iniciais, como as matérias-primas e outros
materiais de terceiros, é este que guarda e estoca os
materiais da empresa. O almoxarifado recebe os materi-
ais adquiridos através do órgão de comprar, dos fornece-
dores externos.
Depositar materiais no Almoxarifado é o mes-
mo que depositar dinheiro em Banco. O seu objetivo é
claro: proteger, através de armazenamento econômico,
sistemas rigorosos para a retirada preservarão os materi-
ais armazenados, protegendo-os contra furtos e desper-
dícios. A autoridade para a retirada do estoque deve
estar definida com clareza; assim, somente pessoas au-
torizadas poderão exercer essa atribuição.
Da mesma forma que a retirada de numerário
de um Banco acontece com o correspondente cheque, a
retirada de materiais do Almoxarifado deve estar condi-
cionada à apresentação de respectiva requisição. As ne-
cessidades de materiais nem sempre são imediatas e
quase nunca são constantes.
Enquanto os materiais não são necessários ao
processo produtivo, eles precisam ser armazenados. No
momento oportuno, quando necessários, os materiais
devem estar imediatamente disponíveis para utilização
no processo produtivo. O armazenamento de materiais
funciona como um bolsão, capaz de suprir às necessida-
des da produção.
Por outro lado, o armazenamento de produtos
acabados também funciona como um bolsão que supre
às necessidades de vendas da empresa. Ambos, armaze-
namento de materiais e armazenamento de produtos
acabados, servem para amortecer as incertezas quanto
às entradas de insumos e as incertezas quanto às saídas
de produtos acabados.
O almoxarifado deverá:
1. assegurar que o material adequado esteja,
na quantidade devida, no local certo, quando
necessário;
2. impedir que haja divergências de inventário
e perdas de qualquer natureza;
3. preservar a qualidade e as quantidades exa-
tas;
4. possuir instalações adequadas e recursos de
movimentação e distribuição suficientes a
um atendimento rápido e eficiente.
9.1. Eficiência do Almoxarifado
A eficiência de um almoxarifado depende
fundamentalmente:
1. da redução das distâncias internas percorri-
das pela carga e do conseqüente aumento
do número das viagens de ida e volta;
2. do aumento do tamanho médio das unida-
des armazenadas;
3. da melhor utilização de sua capacidade volu-
métrica.
9.2. Organização do Almoxarifado
Analisando um almoxarifado podemos
resumir as suas principais atribuições:
1. Receber para guarda e proteção os materiais
adquiridos pela empresa;
2. Entregar os materiais mediante requisições
autorizadas aos usuários da empresa;
3. Manter atualizados os registros necessários.
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9.3. Recebimento
As atividades de recebimento abrangem des-
de a recepção do material na entrega pelo fornecedor
até a entrada nos estoques. A função de recebimento de
materiais é módulo de um sistema global integrado com
as áreas de contabilidade, compras e transportes e é
caracterizada como uma interface entre o atendimento
do pedido pelo fornecedor e os estoques físico e contá-
bil.
Recebimento é a atividade intermediária en-
tre as tarefas de compra e pagamento ao fornecedor,
sendo de sua responsabilidade a conferência dos materi-
ais destinados à empresa.
1. As atribuições básicas do Recebimento são :
2.
3. coordenar e controlar as atividades de recebi-
mento e devolução de materiais;
4. analisar a documentação recebida, verificando se
a compra está autorizada;
5. controlar os volumes declarados na Nota Fiscal e
no Manifesto de Transporte com os volumes a
serem efetivamente recebidos;
6. proceder a conferência visual, verificando as con-
dições de embalagem quanto a possíveis avarias
na carga transportada e, se for o caso, apontando
as ressalvas de praxe nos respectivos documen-
tos;
7. proceder a conferência quantitativa e qualitativa
dos materiais recebidos;
Almoxarifado
Recebimento
Armazenamento
Distribuição
8. decidir pela recusa, aceite ou devolução,
conforme o caso;
9. providenciar a regularização da recusa, devo-
lução ou da liberação de pagamento ao for-
necedor;
10. liberar o material desembaraçado para esto-
que no almoxarifado.
O recebimento compreende quatro fa-
ses:
1. Entrada de materiais;
2. Conferência quantitativa;
3. Conferência qualitativa;
4. Regularização.
9.3.1. Entrada de Materiais:
A recepção dos veículos transportadores
efetuada na portaria da empresa representa o início
do processo de Recebimento e tem os seguintes
objetivos :
1. a recepção dos veículos transportadores;
2. a triagem da documentação suporte do rece-
bimento;
3. constatação se a compra, objeto da Nota
EntradaConferência
quantitativa
Conferência
qualitativaRegularização
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9. UNIDADE VIII - ALMOXARIFADO
Fiscal em análise, está autorizada pela empresa;
4. constatação se a compra autorizada está no prazo
de entrega contratual;
5. constatação se o número do documento de com-
pra consta na Nota Fiscal;
6. cadastramento no sistema das informações refe-
rentes a compras autorizadas, para as quais se
inicia o processo de recebimento;
7. o encaminhamento desses veículos para a descar-
ga.
As compras não autorizadas ou em desacordo
com a programação de entrega devem ser recusadas,
transcrevendo-se os motivos no verso da Nota Fiscal.
Outro documento que serve para as operações de análi-
se de avarias e conferência de volumes é o
"Conhecimento de Transporte Rodoviário de Carga", que
é emitido quando do recebimento da mercadoria a ser
transportada.
As divergências e irregularidades insanáveis
constatadas em relação às condições de contrato devem
motivar a recusa do recebimento, anotando-se no verso
da 1a via da Nota Fiscal as circunstâncias que motivaram
a recusa, bem como nos documentos do transportador.
O exame para constatação das avarias é feito através da
análise da disposição das cargas, da observação das em-
balagens, quanto a evidências de quebras, umidade e
amassados.
Os materiais que passaram por essa primeira
etapa devem ser encaminhados ao Almoxarifado. Para
efeito de descarga do material no Almoxarifado, a recep-
ção é voltada para a conferência de volumes, confron-
tando-se a Nota Fiscal com os respectivos registros e
controles de compra. Para a descarga do veículo trans-
portador é necessária a utilização de equipamentos es-
peciais, quais sejam : paleteiras, talhas, empilhadeiras e
pontes rolantes.
O cadastramento dos dados necessários ao
registro do recebimento do material compreende a atua-
lização dos seguintes sistemas:
Sistema de Administração de Materiais e
gestão de estoques: dados necessários à
entrada dos materiais em estoque, visando
ao seu controle;
Sistema de Contas a pagar: dados referentes
à liberação de pendências com fornecedores,
dados necessários à atualização da posição
de fornecedores;
Sistema de Compras: dados necessários à
atualização de saldos e baixa dos processos
de compras.
9.3.2. Conferência Quantitativa
É a atividade que verifica se a quantidade
declarada pelo fornecedor na Nota Fiscal corres-
ponde efetivamente à recebida. A conferência por
acusação também conhecida como " contagem ce-
ga " é aquela no qual o conferente aponta a quanti-
dade recebida, desconhecendo a quantidade fatura-
da pelo fornecedor. A confrontação do recebido
versus faturado é efetuada a posteriori por meio do
Regularizador que analisa as distorções e providen-
cia a recontagem.
Dependendo da natureza dos materiais
envolvidos, estes podem ser contados utilizando os
seguintes métodos :
1. Manual: para o caso de pequenas quantida-
des;
2. Por meio de cálculos : para o caso que envol-
vem embalagens padronizadas com grandes
quantidades;
3. Por meio de balanças contadoras pesadoras:
para casos que envolvem grande quantidade
de pequenas peças como parafusos , porcas,
arruelas;
4. Pesagem : para materiais de maior peso ou
volume, a pesagem pode ser feita através de
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balanças rodoviárias ou ferroviárias;
5. Medição : em geral as medições são feitas por
meio de trenas.
9.3.3. Conferência Qualitativa
Visa garantir a adequação do material ao fim
que se destina. A análise de qualidade efetuada pela
inspeção técnica, por meio da confrontação das condi-
ções contratadas na Autorização de Fornecimento com
as consignadas na Nota Fiscal pelo Fornecedor, visa ga-
rantir o recebimento adequado do material contratado
pelo exame dos seguintes itens:
1. Características dimensionais;
2. Características específicas;
3. Restrições de especificação.
9.3.3.1. Modalidade de inspeção de materiais:
São selecionadas a depender do tipo de mate-
rial que se está adquirindo, quais sejam:
1. Acompanhamento durante a fabricação : torna-se
conveniente acompanhar in loco todas as fases
de produção, por questão de segurança operacio-
nal;
2. Inspeção do produto acabado no fornecedor : por
interesse do comprador, a inspeção do P. A. será
feita em cada fornecedor;
3. Inspeção por ocasião do fornecimento : a inspe-
ção será feita pôr ocasião dos respectivos recebi-
mentos.
9.3.3.2. Documentos utilizados no processo de inspe-
ção:
1. especificação de compra do material e alter-
nativas aprovadas;
2. desenhos e catálogos técnicos;
3. padrão de inspeção, instrumento que norteia
os parâmetros que o inspetor deve seguir
para auxiliá-lo a decidir pela recusa ou acei-
tação do material.
9.3.3.3.Seleção do tipo de inspeção:
A depender da quantidade, a inspeção
pode ser total ou por amostragem, utilizando-se de
conceitos estatísticos.
A análise visual tem por finalidade verifi-
car o acabamento do material, possíveis defeitos,
danos à pintura, amassamentos.
A análise dimensional tem por objetivo
verificar as dimensões dos materiais, tais como lar-
gura, comprimento, altura, espessura, diâmetros.
Os ensaios específicos para materiais
mecânicos e elétricos comprovam a qualidade, a
resistência mecânica, o balanceamento e o desem-
penho de materiais e/ou equipamentos.
Testes não destrutivos de ultra-som, ra-
diografia, líquido penetrante, dureza, rugosidade,
hidráulicos, pneumáticos também podem ser reali-
zados a depender do tipo de material.
9.3.4. Regularização
Caracteriza-se pelo controle do processo
de recebimento, pela confirmação da conferência
qualitativa e quantitativa, respectivamente por mei-
o do laudo de inspeção técnica e pela confrontação
das quantidades conferidas versus faturadas. O pro-
cesso de Regularização poderá dar origem a uma
das seguintes situações:
1. liberação de pagamento ao fornecedor ( ma-
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terial recebido sem ressalvas);
2. liberação parcial de pagamento ao fornecedor;
3. devolução de material ao fornecedor;
4. reclamação de falta ao fornecedor;
5. entrada do material no estoque.
9.3.4.1. Documentos envolvidos na Regularização :
Os procedimentos de Regularização, visando à
confrontação dos dados, objetivando recontagem e acei-
te ou não de quantidades remetidas em excesso pelo
fornecedor, envolvem os seguintes documentos:
1. nota Fiscal;
2. conhecimento de transporte rodoviário de carga;
3. documento de contagem efetuada;
4. relatório técnico da inspeção;
5. especificação de compra;
6. catálogos técnicos;
7. desenhos;
9.3.4.2. Devolução ao Fornecedor
O material em excesso ou com defeito será
devolvido ao Fornecedor, dentro de um prazo de 10 dias
a contar da data do recebimento, acompanhado da Nota
Fiscal de Devolução, emitida pela empresa compradora.
9.4. Armazenagem
A guarda dos materiais no Almoxarifado obe-
dece a cuidados especiais, que devem ser definidos no
sistema de instalação e no layout adotado, proporcio-
nando condições físicas que preservem a qualidade dos
materiais, objetivando a ocupação plena do edifício e a
ordenação da arrumação. Divide-se nas seguintes
fases:
1. Verificação das condições de recebimento do
material;
2. Identificação do material;
3. Guarda na localização adotada;
4. Informação da localização física de guarda ao
controle;
5. Verificação periódica das condições de pro-
teção e armazenamento;
6. Separação para distribuição.
A correta utilização do espaço disponível
demanda estudo exaustivo das cargas a armazenar,
dos níveis de armazenamento, das estruturas para
armazenagem e dos meios mecânicos a utilizar Indi-
ca-se a real ocupação do espaço por meio do indica-
dor " taxa de ocupação volumétrica", que leva em
consideração o espaço disponível versus o espaço
ocupado.
Para entendermos plenamente a utiliza-
ção do espaço vertical, há que se analisar a utilida-
de de paletes para a movimentação, manuseio e
armazenagem de materiais. A paletização vem sen-
do utilizada em empresas que demandam manipu-
lação rápida e armazenagem racional, envolvendo
grandes quantidades. A paletização tem como obje-
tivo realizar, de uma só vez, a movimentação de um
número maior de unidades. Ao pallet é atribuído o
aumento da capacidade de estocagem, economia
de mão-de-obra, tempo e redução de custos. O em-
prego de empilhadeiras e pallets já proporcionou a
muitas empresas economia de até 80 % do capital
despendido com o sistema de transporte interno.
Inicialmente os pallets eram empregados
na manipulação interna de armazéns e depósitos e
hoje acompanham a carga, da linha de produção à
estocagem, embarque e distribuição. Em razão da
padronização das medidas do pallet pelos países
como Estados Unidos e Inglaterra, eles passaram a
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ser utilizados através dos continentes em caminhões,
vagões ferroviários e embarcações marítimas.
9.4.1. E o que é um palete?
Trata-se de uma plataforma disposta horizon-
talmente para carregamento, constituída de vigas, blo-
cos ou uma simples face sobre os apoios, cuja altura é
compatível com a introdução dos garfos da emplilhadei-
ra, e que permite o agrupamento de materiais, possibili-
tando o manuseio, a estocagem, a movimentação e o
transporte num único carregamento.
Os pallets são plataformas, nas quais as
mercadorias são empilhadas, servindo para unitizar,
ou seja, transformar a carga numa única unidade de
movimentação.
Do lado esquerdo e acima, verifica-se
alguns exemplos de Paletes de madeira utilizados
para maximizar a utilização do espaço vertical dos
almoxarifados.
Logo abaixo, observa-se alguns exemplos
e modelos de paletes de plástico.
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9.4.2. Vantagens da utilização de paletes:
1. Melhor aproveitamento do espaço disponível
para armazenamento, utilizando-se totalmente
do espaço vertical disponível, por meio do empi-
lhamento máximo;
2. Economia nos custos de manuseio de materiais,
por meio da redução do custo da mão-de-obra e
do tempo necessário para as operações braçais;
3. Possibilidade de utilização de embalagens plásti-
cas ou amarração por meio de fitas de aço da
carga unitária, formando uma só embalagem indi-
vidual;
4. Compatibilidade com todos os meios de transpor-
te (marítimo, terrestre, aéreo);
5. Facilita a carga, descarga e distribuição nos locais
acessíveis aos equipamentos de manuseio de
materiais;
6. Permite a disposição uniforme de materiais, o
que concorre para a desobstrução dos corredores
do armazém e dos pátios de descarga;
7. Os paletes podem ser manuseados por uma gran-
de variedade de equipamentos, como empilha-
deiras, transportadores, elevadores de carga e até
sistemas automáticos de armazenagem.
9.4.3. Estudo do layout
Alguns cuidados devem ser tomados durante
o projeto do layout de um almoxarifado, de forma que
se possa obter as seguintes condições:
1. máxima utilização do espaço;
2. efetiva utilização dos recursos disponíveis (mão
de obra e equipamentos);
3. pronto acesso a todos os itens;
4. máxima proteção aos itens estocados;
5. boa organização;
6. satisfação das necessidades dos clientes.
No projeto de um almoxarifado devem
ser verificados os seguintes aspectos :
1. itens a serem estocados ( itens de grande
circulação, grande peso e volume);
2. corredores (facilidades de acesso);
3. portas de acesso (altura, largura);
4. prateleiras e estruturas (altura x peso );
5. piso (resistência).
9.4.4. Critérios de Armazenagem
Dependendo das características do mate-
rial, a armazenagem pode dar-se em função dos
seguintes parâmetros:
1. fragilidade;
2. combustibilidade;
3. volatilização;
4. oxidação;
5. explosividade;
6. intoxicação;
7. radiação;
8. corrosão;
9. inflamabilidade;
10. volume;
11. peso;
12. forma;.
Os materiais sujeitos à armazenagem não
obedecem regras taxativas que regulem o modo
como os materiais devem ser dispostos no Almoxa-
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rifado. Por essa razão, deve-se analisar, em conjunto, os
parâmetros citados anteriormente, para depois decidir
pelo tipo de arranjo físico mais conveniente, selecionan-
do a alternativa que melhor atenda ao fluxo de materi-
ais:
1. armazenagem por tamanho : esse critério permi-
te bom aproveitamento do espaço;
2. armazenamento por freqüência : esse critério
implica armazenar próximo da saída do almoxari-
fado os materiais que tenham maior freqüência
de movimento;
3. armazenagem especial, onde destacam-se :
4. os ambientes climatizados;
5. os produtos inflamáveis, que são armazenados
sob rígidas normas de segurança;
6. os produtos perecíveis ( método FIFO).
Armazenagem em área externa : devido à sua
natureza, muitos materiais podem ser armazenados em
áreas externas, o que diminui os custos e amplia o espa-
ço interno para materiais que necessitam de proteção
em área coberta. Podem ser colocados nos pátios exter-
nos os materiais a granel, tambores e “containeres” ,
peças fundidas e chapas metálicas.
Coberturas alternativas : não sendo possível a
expansão do almoxarifado, a solução é a utilização de
galpões plásticos, que dispensam fundações, permitindo
a armazenagem a um menor custo.
9.4.5. Localização de Materiais
O objetivo de um sistema de localização de
materiais é estabelecer os meios necessários à perfeita
identificação da localização dos materiais. Normalmente
é utilizada uma simbologia (codificação) alfanumérica
que deve indicar precisamente o posicionamento de
cada material estocado , facilitando as operações de
movimentação e estocagem. O almoxarife é o responsá-
vel pelo sistema de localização de materiais e deverá
possuir um esquema do depósito com o arranjo
físico dos espaços disponíveis por área de estoca-
gem.
9.4.5.1. Sistemas de endereçamento ou localização
dos estoques
Existem dois métodos básicos : o sistema
de endereços fixos e o sistema de endereços variá-
veis.
1. Sistema de endereçamento fixo: Nesse siste-
ma existe uma localização específica para
cada produto. Caso não haja muitos produ-
tos armazenados , nenhum tipo de codifica-
ção formal será necessária. Caso a linha de
produtos seja grande, deverá ser utilizado
um código alfanumérico, que visa a minimi-
zação do tempo de localização dos materiais.
2. Sistema de endereçamento variável: Nesse
sistema não existem locais fixos de armaze-
nagem, a não ser para itens de estocagem
especial. Os materiais vão ocupar os locais
disponíveis dentro do depósito. O inconveni-
ente desse sistema é o perfeito controle que
se deve ter da situação, para que não se cor-
ra o risco de possuir material perdido em
estoque, que somente será descoberto ao
acaso ou durante o inventário. Esse controle
deverá ser feito por duas fichas, uma ficha
para controle do saldo por item e a outra
para controle do saldo por local de estoque.
Apesar de o sistema de endereços variá-
veis possibilitar melhor utilização do espaço, este
pode resultar em maiores percursos para montar
um pedido, pois um único item pode estar localiza-
do em diversos pontos Esse método é mais popular
em sistemas de manuseio e armazenagem automa-
tizados, que exigem um mínimo de mão-de-obra.
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9.4.5. Estrutura Metálicas para armazenagem
Fatores que influenciam na escolha das estru-
turas metálicas para armazenagem:
1. tipo de material (peso e volume);
2. equipamentos utilizados para a movimentação
(empilhadeiras);
3. largura mínima dos corredores;
4. níveis de armazenagem (altura máxima para em-
pilhamento).
Tipos de estrutura metálica para armazena-
gem:
1. estrutura leve em prateleira de bandeja : adequa-
das para materiais leves;
2. estrutura porta-palete : as prateleiras são substi-
tuídas por um par de vigas que se encaixam nas
colunas, com possibilidade de regulagem da altu-
ra;
3. Os paletes são retirados por empilhadeiras que se
movimentam nos corredores.
Ao lado e acima, observa-se alguns exem-
plos de estruturas de porta-palete. Essas estruturas
permitem fazer um empilhamento de paletes, oti-
mizando-se, assim, o espaço vertical do almoxarifa-
do.
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A seguir, alguns exemplos de prateleiras utili-
zadas para otimização do espaço vertical:
9.4.6. Movimentação de materiais
Dependendo do tipo de empresa, do tipo
de produto ou serviço, do sistema de produção uti-
lizado e de outras características, a movimentação
de materiais pode atingir um custo de 15 a 70 % do
custo total da produção. O estudo da movimenta-
ção de materiais deve levar em consideração todas
as características do processo produtivo, já que faz
parte inerente dele.
Dá-se o nome de movimentação de ma-
teriais a todo o fluxo de materiais dentro da empre-
sa. A movimentação de materiais é uma atividade
indispensável a qualquer sistema de produção e
visa não somente o abastecimento das seções pro-
dutivas, mas também a garantia da seqüência do
processo de produção entre as seções envolvidas. A
movimentação pode ser horizontal ou vertical.
É horizontal quando a movimentação se
dá em um espaço plano e em um mesmo nível. É
vertical quando a empresa utiliza edifícios de vários
andares ou níveis de altura.
A movimentação de materiais quando
bem administrada pode trazer grandes economias
para a empresa e um excelente resultado para a
produção.
9.4.6.1. Principais finalidades da movimentação de
materiais:
a) Aumento da capacidade produtiva da empresa,
que pode ser conseguido:
1. através da redução do tempo de fabricação;
2. através do incremento da produção, pela
intensificação do abastecimento de materiais
às seções produtivas;
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3. utilização racional da capacidade de armazena-
gem, utilizando plenamente o espaço disponível e
aumentando a área útil da fábrica.
b) Melhorar as condições de trabalho, proporcionando:
1. maior segurança e redução de acidentes durante
as operações com materiais;
2. redução da fadiga nas operações com materiais e
maior conforto para o pessoal;
3. aumento da produtividade da mão-de-obra.
c) Reduzir os custos de produção, através da:
1. redução da mão-de-obra braçal pela utilização de
equipamentos de manuseio e transporte;
2. redução dos custos de materiais, através de acon-
dicionamento e transporte adequados que permi-
tam reduzir as perdas ou estragos de materiais;
3. redução de custos em despesas gerais, através de
menores despesas de transporte e menores níveis
de estoques de materiais.
d) Melhorar a distribuição : a distribuição, que se inicia
na preparação do produto e termina no usuário, é gran-
demente melhorada com a racionalização dos sistemas
de manuseio, através da:
1. melhoria na circulação : criação de corredores
bem definidos; endereçamento fácil; equipamen-
tos eficientes; métodos eficientes de carga e des-
carga;
2. localização estratégica de almoxarifados : criação
de pontos de armazenagem próximos aos consu-
midores, para distribuição aos pontos de venda,
só é possível graças aos equipamentos de movi-
mentação e armazenagem;
3. Melhoria dos serviços aos usuários : a proxi-
midade das mercadorias dos centros consu-
midores implica em rapidez na entrega, me-
nores riscos de deterioração ou quebra, me-
nor custo;
4. Maior disponibilidade do produto em cada
região.
9.4.6.2. Equipamentos utilizados para movimenta-
ção de materiais
O manuseio pode ser efetuado das se-
guintes formas:
1. manualmente;
2. por meio de carrinhos impulsionados manu-
almente;
3. por meio de emplilhadeiras (não possui limi-
tação de direção horizontal ou vertical, po-
dendo ser elétrica, com motor a gás, diesel
ou gasolina);
4. por meio de paleteiras (tipo de empilhadeira
limitada ao manuseio horizontal);
5. por meio de pontes rolantes : trata-se de
equipamento constituído de estrutura metá-
lica, sustentada por duas vigas, ao longo das
quais a ponte rolante se movimenta; entre
as duas vigas corre um carrinho com um gan-
cho;
6. por meio de guindastes : trata-se de equipa-
mento utilizado em área externa, equipados
com lança e com capacidade de carga acima
de 5 t. Quase sempre esses equipamentos
servem para o transporte e elevação de car-
gas. São muito utilizados em áreas de arma-
zenamento de ferro para construção, nas
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9. UNIDADE VIII - ALMOXARIFADO
linhas de produção de construção pesada, na re-
cepção e expedição de cargas de grandes propor-
ções e peso, nas indústrias metalúrgicas e siderúr-
gicas;
7. por meio de transportadores contínuos : são utili-
zados para o caso de movimentação constante e
ininterrupta de materiais entre dois pontos pre-
determinados. É o caso da mineração, dos termi-
nais de carga e descarga, armazéns de granéis,
terminais de recepção e expedição de mercadori-
as. Sua maior aplicação na indústria é a linha de
montagem na produção em série. Nos sistemas
de produção contínua - como nas fábricas de re-
frigerantes, cervejas, óleos alimentícios etc. - os
transportadores contínuos são controlados e inte-
grados por equipamentos eletrônicos, com para-
das em pontos determinados. Exemplos: correias
transportadoras, esteiras transportadoras, roletes
transportadores, transportadores de fita metáli-
ca, transportadores de rosca, transportadores
magnéticos, transportadores vibratórios, trans-
portadores pneumáticos.
Abaixo seguem algumas imagens de meios de
movimentação de materiais:
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9. UNIDADE VIII - ALMOXARIFADO
Abaixo, alguns modelos de paleteiras e trans-
paleteiras utilizadas na movimentação de materiais:
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9. UNIDADE VIII - ALMOXARIFADO
Abaixo, alguns modelos de pontes rolantes
utilizadas na movimentação de materiais:
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9. UNIDADE VIII - ALMOXARIFADO
A seguir, alguns modelos de empilhadeiras
utilizadas na movimentação de materiais:
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9. UNIDADE VIII - ALMOXARIFADO
A seguir, alguns modelos de guinchos utiliza-
dos na movimentação de materiais:
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9. UNIDADE VIII - ALMOXARIFADO
A seguir, alguns modelos de guindastes utiliza-
dos na movimentação de materiais:
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9. UNIDADE VIII - ALMOXARIFADO
A seguir, alguns modelos de transportadores
contínuos utilizados na movimentação de materiais:
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9. UNIDADE VIII - ALMOXARIFADO
A seguir, alguns modelos de containeres e
imaves utilizados na movimentação de materiais:
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9. UNIDADE VIII - ALMOXARIFADO
9.4.6.3. Princípios básicos para a movimentação de ma-
teriais:
Para que um sistema de transporte interno
seja eficiente é preciso que sejam adotados certos prin-
cípios básicos para a movimentação de materiais, quais
sejam:
1. obedecer o fluxo do processo produtivo e utilizar
meios de movimentação que facilitem esse fluxo;
2. eliminar distâncias e eliminar ou reduzir todos os
transportes entre as operações;
3. usar a força da gravidade sempre que possível;
4. minimizar a manipulação, preferindo meios mecâ-
nicos aos manuais;
5. considerar sempre a segurança do pessoal envol-
vido;
6. utilizar cargas unitárias sempre que possível;
7. procurar a utilização máxima do equipamento,
evitando o transporte vazio, isto é utilizar o sem-
pre o transporte nos dois sentidos de ida e volta;
8. prever sempre um sistema alternativo de trans-
porte, para uso em caso de falha do principal.
9.4.6.4. A necessidade de revisão parcial ou total do
sistema de movimentação de materiais ocorre quando:
1. homens e mulheres estão manipulando cargas,
respectivamente, acima de 30 kg e de 10 kg;
2. materiais estão sendo desviados do caminho mais
direto e natural de sua transformação no proces-
so fabril, para fins de inspeção, conferência etc.;
3. pessoal da produção está abandonando seus pos-
tos para efetuar operações de transporte;
4. cruzamentos freqüentes de trajetórias de materi-
ais em movimento;
5. os trabalhadores da produção têm de parar
até serem supridos de matéria-prima;
6. os materiais vão e voltam na mesma direção
por mais de uma vez no seu processo de
transformação;
7. cargas acima de 50kg são levantadas por
mais de 1 metro sem ajuda mecânica.
9.4.6.4. Custos da Movimentação de Materiais
Os custos de movimentação de materiais
constituem geralmente uma parcela significativa do
custo total de fabricação. Isso significa que o custo
de movimentação de materiais influenciam o custo
final do produto /serviço sem contribuir em nada
para a sua melhoria. Daí a necessidade de se tentar
constantemente baratear o custo do produto/
serviço através de uma seleção rigorosa dos meios
de movimentação adequados ao sistema de produ-
ção utilizado pela empresa. Os custos de movimen-
tação de materiais são os seguintes:
1. equipamentos utilizados: capital empatado
em equipamentos;
2. combustível utilizado: ou seja, despesas efe-
tuadas com combustível ou energia para
alimentar os equipamentos de movimenta-
ção;
3. pessoal para a operação dos equipamentos:
motoristas de tratores ou empilhadeiras,
operadores de guindastes ou de elevadores,
pessoal auxiliar etc.
4. manutenção de equipamentos: ou seja des-
pesas com manutenção e com oficinas de
consertos, peças e componentes de reposi-
ção, bem como com o pessoal da oficina;
5. perdas de material decorrentes de manusei-
o, de acidentes na movimentação, quebras,
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9. UNIDADE VIII - ALMOXARIFADO
estragos em embalagens.
9.4.6.5. Definição do tipo de movimentação:
Uma série de itens devem ser analisados antes
da definição do tipo de equipamento que será utilizado
para a movimentação de materiais:
1. tipo do produto (dimensões, características mecâ-
nicas, quantidade a ser transportada;
2. edificação (layout, espaço entre as colunas, resis-
tência do piso, dimensão das passagens, dos cor-
redores e das portas );
3. seqüência das operações;
4. método de armazenagem;
5. custo da movimentação;
6. área necessária para o funcionamento do equipa-
mento;
7. fonte de energia necessária;
8. deslocamento e direção do movimento;
9. mão-de-obra;
10. flexibilidade do equipamento a ser adotado;
11. grau de supervisão requerido para a operação
(transportadores x empilhadeiras);
12. possibilidade da variação da velocidade do equi-
pamento (adaptação ao volume de expedição e
recebimento, ao alto índice eventual de perdas, à
ausência ocasional de pessoal e à inexperiência
do operário);
13. tipo de trajetória (fixa : transportador, limitada :
ponte rolante, livre : empilhadeiras).
9.5. Distribuição
A distribuição dos materiais estocados
deve ser realizada mediante programação ou neces-
sidade dos demais departamentos de uma empresa,
normalmente, se faz por meio de requisição especí-
fica.O s materiais devem ser distribuídos aos inte-
ressados mediante programação de pleno conheci-
mento entre as partes envolvidas.
Os seguintes documentos são utilizados
no Almoxarifado para atendimento das diversas
rotinas de trabalho:
1. Ficha de controle de estoque (para empresas
ainda não informatizadas): documento desti-
nado a controlar manualmente o estoque,
por meio da anotação das quantidades de
entradas e saídas, visando o seu ressupri-
mento;
2. Ficha de Localização (também para empresas
ainda não informatizadas): documento utili-
zado para indicar as localizações, através de
códigos, onde o material está guardado;
3. Comunicação de Irregularidades: documento
utilizado para esclarecer ao fornecedor os
motivos da devolução, quanto os aspectos
qualitativo e quantitativo;
4. Relatório técnico de inspeção: documento
utilizado para definir, sob o aspecto qualitati-
vo, o aceite ou a recusa do material compra-
do do fornecedor;
5. Requisição de material: documento utilizado
para a retirada de materiais do almoxarifado;
6. Devolução de material: documento utilizado
para devolver ao estoque do almoxarifado as
quantidades de material porventura requisi-
tadas além do necessário.
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9. UNIDADE VIII - ALMOXARIFADO
Necessidade de
material
Solicitação ao
almoxarifado
Estoque
suficiente?
Separa o material
Sim
Gera requisição
de saída
Disponibiliza o
material ao
solicitante
Informa setor de
compraNão
Material
sobrou?
Confere o material
sobressalente
Material ok?
Gera Requisição
de Devolução
Armazena o
material
Sim
Sim
Necessidade
atendida
Não
Não
Deve-se observar o método FIFO:
First In, First Out para materiais
perecíveis
Deve-se emitir a Requisição no
mínimo em duas vias, nas quais
assinam o solicitante e responsável
pelo almoxarifado. Uma via
acompanha os materiais e outra fica
no arquivo do almoxarifado
Os materiais que sobraram deve ser
avaliados quantitativa e
qualitatrivamente
Gera-se uma requisição de entrada
novamente ao estoque da empresa
Fluxograma do processo de Distribuição de Materiais
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9. UNIDADE VIII - ALMOXARIFADO: QUALIDADE TOTAL
APRENDENDO MAIS!
Introdução
O programa 5S é aplicado na empresa como
um todo, porem no caso do almoxarifado é de suma
importância que tenhamos um local de trabalho organi-
zado, limpo, iluminado, e ventilado, pois é neste local
que guardamos e preservamos mercadorias/materiais
que irão ser utilizados pelos setores da empresa e consti-
tui mais de 50% do capital da empresa. O programa 5S é
um conjunto de conceitos relacionados aos hábitos de
vida e esta relacionados com atitudes e padrões compor-
tamentais das pessoas. Portanto o objetivo do programa
é orientar, educar, e sensibilizar as pessoas para a busca
dos seguintes resultados:
1. Melhoria da qualidade de vida,;
2. Melhoria do ambiente de trabalho,;
3. Redução do índice de acidentes;
4. Redução de desperdícios;
5. Aumento da produtividade.
O significado de 5S é:
1. SEIRI; Senso de utilização;
2. SEITON: Senso de ordenação;
3. SEISOU: Senso de limpeza;
4. SEIKETSU: Sendo de saúde;
5. SHITSUKE: Senso de auto disciplina.
1. SEIRI: Senso de utilização
Processo de seleção dos objetos úteis e não
úteis para o fim desejado, com identificação dos itens
necessários e disponíveis existentes no local de trabalho.
Como praticar:
1.1 - Classificar
1.1.2 - Objetos Necessários
1.1.3.1 -Usados constantemente: Colocar o
mais próximo possível do local de trabalho;
1.1.3.2 –Usados ocasionalmente: Colocar um
pouco afastado do local de trabalho;
1.1.3.3 –Usados raramente mas necessários:
Colocar separadamente do local de trabalho.
1.1.3 - Objetos Desnecessários
1.1.4.4 - Sem uso potencial: vender ou dispor
imediatamente;
1.1.4.5 – Potencialmente úteis ou valiosos:
Transferir para onde for útil;
1.1.4.6 – Que requerem outro local especial:
Determinar outro local.
Benefícios:
Liberação de espaços para diversos fins;
Eliminação de ferramentas, armários, prate-
leiras em excesso;
Eliminação de sobressalentes fora de uso;
Combate ao excesso de burocracia;
Redução de custos;
Diminuição dos riscos de acidentes.
2. SEITON: Senso de Ordenação
Processo pelo qual, devemos determinar
o local apropriado para dispôs os itens (peças, ferra-
mentas, materiais, etc.) de forma organizada, esta-
belecendo um sistema de comunicação visual efici-
ente que permita um rápido acesso. Como praticar:
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9. UNIDADE VIII - ALMOXARIFADO: 5S
2.1. Ordenar os itens de acordo com a freqüência de
uso:
Toda hora: No local de trabalho;
De vez em quando: Próximo ao local de trabalho;
Pouco usado: Deposito almoxarifado, armário;
Sem uso previsível: Dispor, descarte.
2.2. Padronizando os nomes e identificando os objetos,
materiais de fácil visualização;
2.3. Utilizar a forma mais adequada para que todos os
itens possam ser encontrados, retirados e recolocados
em seus devidos lugares.
Benefícios:
Maior agilidade na execução de serviços;
Menor tempo gasto na localização de peças, fer-
ramentas, documentos, etc.,;
Melhor visual da área;
Redução do índice de acidentes;
Racionalização dos espaços disponíveis.
3. SEISOU: Senso de Limpeza
O processo pelo qual eliminamos todo e qual-
quer traço de sujeira. Cada pessoa deve limpar os seus
equipamentos e a própria área de trabalho e, sobretudo,
ser conscientizada para as vantagens de não sujar. Visa ,
principalmente, a criação e manutenção de um ambien-
te físico agradável. Importante lembrar, que é necessário
combatermos as fontes de sujeira. Como Praticar:
Preparar todo o material de limpeza necessário;
Limpar o local de trabalho, material, piso, janelas,
prateleiras, mesas, armários, etc.,;
Eliminar todo o foco de sujeira, ruído, vibra-
ção, vazamentos, etc.,;
Manter-se limpo, (Roupas e corpo);
Efetuar reparos;
Estar atento as normas de segurança.
Benefícios:
Satisfação dos empregados por trabalharem
em ambiente limpo;
Maior controle sobre o funcionamento dos
equipamentos;
Maior segurança para os funcionários;
Imagem agradável e positiva perante aos
clientes, fornecedores, visitantes.
4. SEIKETSU: Senso de Saúde
Processo pelo qual devemos cuidar de
nossa parte física e mental. È ter uma visão do ho-
mem como um todo, de bem como seu corpo, sua
mente e sua existência. Como praticar:
Cuidar da higiene pessoal, tomando banho
diariamente, usando roupas limpas e bem
passadas, mantendo os cabelos bem lavados,
as unhas limpas e cortadas, lavando as mãos
antes das refeições e tratando sempre dos
dentes;
Seguir os procedimentos de trabalho e de
segurança para garantir a integridade física,
bem como a produtividade e a qualidade;
Manter o ambiente de trabalho limpo e or-
ganizado;
Respeitar as pessoas e opiniões diferentes e
manter os senso de equipe;
Cumprir as normas de medicina de trabalho,
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9. UNIDADE VIII - ALMOXARIFADO: 5S
comparecendo aos exames médicos.
Benefícios:
Equilíbrio físico e mental;
Melhoria do ambiente de trabalho e da produtivi-
dade;
Melhoria nas áreas comuns da empresa: Banhei-
ros, refeitórios, copa, etc.,;
Melhoria da convivência social na empresa;
Melhoria das condições de segurança.
5. SHITSUKE: Senso de autodisciplina
Processo pelo qual todos os empregados te-
rão comprometimento vigoroso dos padrões operacio-
nais, éticos e morais e com contínua melhoria do
nível pessoal e organizacional. Senso de autodisci-
plina é colocar em pratica tudo o que você apren-
deu com o programa 5S. Como praticar:
Transformar os quatros primeiros sensos
num habito diário;
Valorizar o hábito correto de trabalho.
Benefícios:
Valorização do ser humano;
Trabalho diário agradável;
Auto inspeção e autocontrole;
Manutenção da qualidade.
- Redução do risco de acidente.
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10. UNIDADE IX - ESTOQUES
A gestão de estoque é, basicamente, o ato de
gerir recursos ociosos possuidores de valor
econômico e destinado ao suprimento das
necessidades futuras de material , numa
organização.
Os investimentos não são dirigidos por uma
organização somente para aplicações diretas que pro-
duzam lucros, tais como os investimentos em
máquinas e em equipamentos destinados ao aumento
da produção e, conseqüentemente, das vendas.
Outros tipos de investimentos, aparentemen-
te, não produzem lucros. Entre estes estão as inversões
de capital destinadas a cobrir fatores de risco em cir-
cunstâncias imprevisíveis e de solução imediata. É o caso
dos investimentos em estoque, que evitam que se perca
dinheiro em situação potencial de risco presente. Por
exemplo, na falta de materiais ou de produtos que levam
a não realização de vendas, a paralisação de fabrica-
ção, a descontinuidade das operações ou serviços
etc., além dos custos adicionais e excessivos que,
a partir destes fatores, igualam, em importância
estratégica e econômica, os investimentos em es-
toque aos investimentos ditos diretos.
Porém, toda a aplicação de capital em
inventário priva de investimentos mais rentáveis
uma organização industrial ou comercial. Numa
organização pública, a privação é em relação a in-
vestimentos sociais ou em serviços de utilidade pú-
blica.
A gestão dos estoques visa, portanto,
numa primeira abordagem, manter os recursos
ociosos expressos pelo inventário, em constante
equilíbrio em relação ao nível econômico ótimo dos
investimentos. E isto é obtido mantendo estoques
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10. UNIDADE IX - ESTOQUES
mínimos, sem correr o risco de não tê-los em quantida-
des suficientes e necessárias para manter o fluxo da pro-
dução da encomenda em equilíbrio com o fluxo de con-
sumo.
10.1. Natureza dos estoques
Estoque é a composição de materiais - materi-
ais em processamento, materiais semi-acabados, materi-
ais acabados - que não é utilizada em determinado mo-
mento na empresa, mas que precisa existir em função de
futuras necessidades. Assim, o estoque constitui todo o
sortimento de materiais que a empresa possui e utiliza
no processo de produção de seus produtos/serviços.
Os estoques podem ser entendidos ainda, de
forma generalizada, como certa quantidade de itens
mantidos em disponibilidade constante e renovados,
permanentemente, para produzir lucros e serviços. São
lucros provenientes das vendas e serviços, por permiti-
rem a continuidade do processo produtivo das organiza-
ções. Representam uma necessidade real em qual-
quer tipo de organização e, ao mesmo tempo, fonte
permanente de problemas, cuja magnitude é função
do porte, da complexidade e da natureza das operações
da produção, das vendas ou dos serviços.
A manutenção dos estoques requer investi-
mentos e gastos muitas vezes elevados. Evitar sua for-
mação ou, quando muito, tê-los em número reduzido de
itens e em quantidades mínimas, sem que, em contra-
partida, aumente o risco de não ser satisfeita a demanda
dos usuários ou dos consumidores em geral, representa
um ideal conflitante com a realidade do dia-a-dia e que
aumenta a importância da sua gestão.
A acumulação de estoques em níveis ade-
quados é uma necessidade para o normal funcionamen-
to do sistema produtivo. Em contrapartida, os estoques
representam um enorme investimento financeiro. Deste
ponto de vista, os estoques constituem um ativo circu-
lante necessário para que a empresa possa produzir e
vender com um mínimo risco de paralisação ou de
preocupação. Os estoques representam um meio
de investimento de recursos e podem alcançar uma
respeitável parcela dos ativos totais da empresa. A
administração dos estoques apresenta alguns
aspectos financeiros que exigem um estreito
relacionamento com a área de finanças, pois
enquanto a Administração de Materiais está volta-
da para a facilitação do fluxo físico dos materiais e o
abastecimento adequado à produção e a vendas, a
área financeira está preocupada com o lucro, a li-
quidez da empresa e a boa aplicação dos recursos
empresariais.
A incerteza de demanda futura ou de sua
variação ao longo do período de planejamento; da
disponibilidade imediata de material nos fornecedo-
res e do cumprimento dos prazos de entrega; da
necessidade de continuidade operacional e da re-
muneração do capital investido, são as principais
causas que exigem estoques permanentemente à
mão para o pronto atendimento do consumo inter-
no e/ou das vendas. Isto mantém a paridade entre
esta necessidade e as exigências de capital de giro.
É essencial, entretanto, para a compreen-
são mais nítida dos estoques, o conhecimento das
principais funções que os mesmos desempenham
nos mais variados tipos de organização, e que co-
nheçamos as suas diferentes espécies. Ter noção
clara das diversas naturezas de inventário, dentro
do estudo da Administração de Material, evita dis-
torções no planejamento e indica à gestão a forma
de tratamento que deve ser dispensado a cada um
deles, além de evitar que medidas corretas, aplica-
das ao estoque errado, levem a resultados desas-
trosos, sobretudo, se considerarmos que, à vezes,
consideráveis montantes de recursos estão vincula-
dos a determinadas modalidades de estoque.
Cada espécie de inventário segue com-
portamentos próprios e sofre influências distintas,
embora se sujeitando, em regra, aos mesmos prin-
cípios e às mesmas estruturas de controle. Assim,
por exemplo, os estoques destinados à venda são
sensíveis às solicitações impostas pelo mercado e
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10. UNIDADE IX - ESTOQUES
decorrentes das alterações da oferta e procura e da ca-
pacidade de produção, enquanto os destinados ao con-
sumo interno da empresa são influenciados pelas neces-
sidades contínuas da produção, manutenção, das ofici-
nas e dos demais serviços existentes.
Já outras naturezas de estoque podem apre-
sentar características bem próprias que, não estão
sujeitas a influência alguma. É o caso dos estoques de
sucata, não destinada ao reprocessamento ou beneficia-
mento e formados de refugos de fabricação ou de mate-
riais obsoletos e inservíveis destinados à alienação e
outros fins. Em uma indústria, estes estoques podem
vir a formar-se aleatoriamente, ao longo do tempo, ca-
racterizando-se como contingências de armazena-
gem. Acabam representando, mesmo, para algumas
organizações, verdadeiras fontes de receitas ( extra-
operacional ), enquanto os estoques destinados ao con-
sumo interno constituem-se, tão somente, em despesas.
Entretanto, esta divisão por si só, pode trazer dúvidas a
partir da definição da natureza de cada um destes
estoques. Se entendermos por produto acabado todo
material resultante de um processo qualquer de fabrica-
ção, e por matérias-primas todo elemento bruto neces-
sário ao fabrico de alguma coisa, perdendo as suas ca-
racterísticas físicas originais, mediante o processo de
transformação a que foi submetido, podemos dizer, por
exemplo, que a terra adubada, o cimento, a areia de
fundição preparada com a bentonita, o melaço e ou-
tros produtos que são misturados a ela para dar
maior consistência aos moldes que receberão o aço der-
retido para a confecção de peças constituem-se em pro-
dutos acabados para seus fabricantes, e em matérias-
primas para seus consumidores que os utilizarão na fa-
bricação de outros produtos.
Do mesmo modo, a terra, a argila, o melaço e
a areia, em seu estado natural, podem constituir-se em
insumos básicos de produção ou em produtos acabados,
dependendo da finalidade ou do uso destes itens para a
empresa. As porcas, as arruelas, os parafusos etc., em-
pregados na montagem de um equipamento, por e-
xemplo, são produtos semi-acabados para o montador,
mas, para o fabricante que os
vendeu, trata-se de produtos-finais.
Diante dos exemplos apresentados, sur-
ge, naturalmente, outra classificação: estoques de
venda e de consumo interno. Para uma indústria, os
produtos de sua fabricação integrarão os estoques
de venda e, para outra, que os utilizará na produção
de outro bem, integrarão os estoques de material
de consumo. Por sua vez, o estoque de venda pode
desdobrar-se em estoque de varejo e de atacado. O
estoque de consumo pode subdividir-se em estoque
de material específico e geral. Este último pode
desdobrar- se, ainda, em estoque de artigos de es-
critório, de limpeza e conservação etc.
Temos assim, diferentes maneiras de se
distinguir os estoques, considerando a natureza,
finalidade, uso ou aplicação etc. dos materiais que
os compõem. O importante, todavia, nestas classifi-
cações, que procuram mostrar os diferentes tipos
de estoque e o que eles representam para cada
empresa, é que elas servem de subsídios valiosos
para a (o): configuração de um sistema de materi-
al; estruturação dos almoxarifados; estabelecimen-
to do fluxo de informação do sistema; estabeleci-
mento de uma classificação de material; política de
centralização e descentralização dos almoxarifados;
dimensionamento das áreas de armazenagem; pla-
nejamento na forma de controle físico e contábil.
10.2. Funções do estoque
As principais funções do estoque são:
a) Garantir o abastecimento de materiais
à empresa, neutralizando os efeitos de:
1. demora ou atraso no fornecimento de mate-
riais;
2. sazonalidade no suprimento;
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10. UNIDADE IX - ESTOQUES
3. riscos de dificuldade no fornecimento.
b) Proporcionar economias de escala:
1. através da compra ou produção em lotes econô-
micos;
2. pela flexibilidade do processo produtivo;
3. pela rapidez e eficiência no atendimento às ne-
cessidades.
Os estoques constituem um vínculo entre as
etapas do processo de compra e venda - no processo de
comercialização em empresas comerciais - e entre as
etapas de compra, transformação e venda - no processo
de produção em empresas industrias. Em qualquer pon-
to do processo formado por essas etapas, os estoques
desempenham um papel importante na flexibilidade
operacional da empresa. Funcionam como amortecedo-
res das entradas e saídas entre as duas etapas dos pro-
cessos de comercialização e de produção, pois minimi-
zam os efeitos de erros de planejamento e as oscilações
inesperadas de oferta e procura, ao mesmo tempo em
que isolam ou diminuem as interdependências das
diversas partes da organização empresarial.
10.3. Classificação de estoques
10.3.1. Estoques de Matérias-Primas (MPs):
Os estoques de MPs constituem os insumos e materiais
básicos que ingressam no processo produtivo da em-
presa. São os itens iniciais para a produção dos
produtos/serviços da empresa
10.3.2. Estoques de Materiais em Processa-
mento ou em Vias: Os estoques de materiais em proces-
samento - também denominados materiais em vias - são
constituídos de materiais que estão sendo processados
ao longo das diversas seções que compõem o processo
produtivo da empresa. Não estão nem no almoxari-
fado - por não serem mais MPs iniciais - nem no
depósito - por ainda não serem Pás. Mais adiante
serão transformadas em Pás.
10.3.3. Estoques de Materiais Semi-
acabados: Os estoques de materiais semi-acabados
referem-se aos materiais parcialmente acabados,
cujo processamento está em algum estágio inter-
mediário de acabamento e que se encontram tam-
bém ao longo das diversas seções que compõem
o processo produtivo. Diferem dos materiais em
processamento pelo seu estágio mais avançado,
pois se encontram quase acabados, faltando apenas
mais algumas etapas do processo produtivo para se
transformarem em materiais acabados ou em PÁS.
10.3.4. Estoques de Materiais Acabados
ou Componentes: Os estoques de materiais aca-
bados - também denominados componentes -
referem-se a peças isoladas ou componentes já
acabados e prontos para serem anexados ao
produto. São, na realidade, partes prontas ou
montadas que, quando juntadas, constituirão o
PA.
10.3.5. Estoques de Produtos Acabados
(Pas): Os Estoques de Pás se referem aos produtos
já prontos e acabados, cujo processamento foi com-
pletado inteiramente. Constituem o estágio final do
processo produtivo e já passaram por todas as fa-
ses, como MP, materiais em processamento, mate-
riais semi-acabados, materiais acabados e Pás.
10.4. Controle de estoque
O objetivo básico do controle de esto-
ques é evitar a falta de material sem que esta dili-
gência resulte em estoque excessivos às reais ne-
cessidades da empresa.
O controle procura manter os níveis
estabelecidos em equilíbrio com as necessida-
des de consumo ou das vendas e os custos daí de-
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10. UNIDADE IX - ESTOQUES
correntes. Para mantermos este nível de água, no tan-
que, é preciso que a abertura ou o diâmetro do
ralo permita vazão proporcional ao volume de
água que sai pela torneira. Se fecharmos com o ralo
destampado, interrompendo, assim, o fornecimento
de água, o nível, em unidades volumétricas, chegará,
após algum tempo, a zero. Por outro lado, se a mantiver-
mos aberta e fecharmos o ralo, impedindo a vazão, o
nível subirá até o ponto de transbordar. Ou, se o diâme-
tro do raio permite a saída da água, em volume maior
que a entrada no tanque, precisaremos abrir mais a
torneira, permitindo o fluxo maior para compensar o
excesso de escapamento e evitar o esvaziamento do
tanque.
De forma semelhante, os níveis dos estoques
estão sujeitos à velocidade da demanda. Se a constância
da procura sobre o material for maior que o tempo de
ressuprimento, ou estas providências não forem toma-
das em tempo oportuno, a fim de evitar a interrupção do
fluxo de reabastecimento, teremos a situação de ruptura
ou de esvaziamento do seu estoque, com prejuízos
visíveis para a produção, manutenção, vendas etc.
Se, em outro caso, não dimensionarmos bem
as necessidades do estoque, poderemos chegar ao pon-
to de excesso de material ou ao transbordamento dos
seus níveis em relação à demanda real, com prejuízos
para a circulação de capital.
O equilíbrio entre a demanda e a obtenção de
material, onde atua , sobretudo, o controle de estoque,
é um dos objetivos da gestão.
10.4.1. Funções do controle de estoque
Para organizar um setor de controle de esto-
ques, inicialmente devemos descrever suas funções prin-
cipais que são:
1. determinar "o que" deve permanecer em esto-
que. Número de itens;
2. determinar "quando" se devem reabastecer
os estoques. Periodicidade;
3. determinar "quanto" de estoque será neces-
sário para um período predeterminado;
quantidade de compra;
4. acionar o Depto de Compras para executar
aquisição de estoque;
5. receber, armazenar e atender os materiais
estocados de acordo com as necessidades;
6. controlar os estoques em termos de quanti-
dade e valor, e fornecer informações sobre a
posição do estoque;
7. manter inventários periódicos para avaliação
das quantidades e estados dos materiais
estocados;
8. identificar e retirar do estoque os itens obso-
letos e danificados.
10.4.2. Tipos de Demanda
Um fator que determina o nível ideal de
estoque é a demanda. Existem basicamente cinco
tipos de demanda, sendo:
a) Permanente: Muitos produtos têm ciclo de
vida muito longo, como por exemplo o leite
em pó Nestlé, e outros ficam no mercado
por pelo menos cinco anos. Estes produtos
podem ser considerados de demanda per-
manente. Para eles não existem picos de
venda ou queda brusca de procura. Dessa
forma pode-se trabalhar com um ressupri-
mento periódico e quantificar o volume de
estoque;
b) Irregular: Alguns produtos têm comporta-
mento irregular, o que dificulta enormemen-
te as previsões de venda. Um exemplo foi o
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10. UNIDADE IX - ESTOQUES
lançamento de uma coleção de revista de culiná-
ria. A venda de coleção tem uma curva conhecida
e previsível para as editoras. Os primeiros núme-
ros sempre vendem mais e os últimos vendem
muito pouco. Desse modo, as editoras determi-
nam as tiragens baseadas na venda do primeiro
número. No caso desta revista, a venda superou
as expectativas e obrigou a editora a fazer uma
nova impressão antes de lançar o número seguin-
te. Lançado o segundo número, houve um enca-
lhe da ordem de 80%. O motivo foi que a revista
trazia receitas com ingredientes que não eram
facilmente encontrados e isso desmotivou a mai-
oria dos compradores iniciais de continuar com-
prando a coleção;
c) Derivada : A venda de automóveis em um período
indica como será a demanda por pneus. A deman-
da de pneus é dita derivada. O estoque necessá-
rio para atender a demanda derivada também é
derivado. Quanto e quando comprar e produzir é
determinado pela demanda;
d) Em declínio: Todo produto tem um ciclo de vida.
Alguns são mais longos, outros mais curtos. Mas
de modo geral, a queda na venda é gradual e po-
de ser administrada. A exceção são os produtos
com vida útil planejada, como chips de computa-
dores e softwares, que ao serem lançados já têm
determinado quanto tempo durarão no mercado;
e) Sazonal: Alguns produtos praticamente só têm
procura em determinadas épocas, como por e-
xemplo os livros didáticos, ovos de páscoa, árvo-
res de Natal. Outros são produtos de moda ou de
ciclo de vida muito curto, como por exemplo ca-
misas da seleção brasileira de futebol na época da
Copa do Mundo.
Esses produtos podem ser tratados como ten-
do um único pico de vendas. Se o ciclo é, por exemplo,
anual, errar muito na previsão da demanda significa as-
sumir um grande ônus financeiro, seja pelo capital para-
do ou pelo fato do prazo de validade ser curto.
10.4.3 Custo de estoque
Há três tipos de custo para os estoques:
compra, manutenção e falta.
a) Manutenção: Manter estoque de produtos
ou de matérias-primas imobiliza capital da
organização, que poderia ser usado em ou-
tras atividades ou ser aplicado em bancos
para render juros. Também faz parte do cus-
to o preço do espaço físico onde está ocor-
rendo o armazenamento e o preço do seguro
contra incêndio ou roubo. Outro custo asso-
ciado a manutenção de estoque é o risco de
obsolescência, deterioração, furto ou dano;
b) Compra: Os custos de aquisição incluem o
processamento do pedido nos departamen-
tos internos, produção, manipulação e envio.
Além, claro, do custo da mercadoria propria-
mente;
c) Falta: Quando o cliente faz um pedido e não
há estoque do produto, pode haver dois ti-
pos de perda. Um é o da venda perdida, que
acontece quando o cliente cancela o pedido
não atendido. É lucro perdido e comprometi-
mento de relacionamento com o cliente, que
buscará outro fornecedor. O outro é o custo
de atraso, que ocorre quando o cliente se
dispõe a esperar a chegada do produto e a
empresa incorre em gastos extras de repro-
cessamento do pedido, transporte e manipu-
lação.
10.4.4. Classificação ABC
A curva ABC é um importante instrumen-
to para o administrador; ela permite identificar a-
queles itens que justificam atenção e tratamento
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10. UNIDADE IX - ESTOQUES
adequados quanto à sua administração. Obtém-se a cur-
va ABC através da ordenação dos itens conforme a sua
importância relativa. Verifica-se, portanto, que, uma vez
obtida a seqüência dos itens e sua classificação ABC,
disso resulta imediatamente a aplicação preferencial das
técnicas de gestão administrativas, conforme a impor-
tância dos itens. A curva ABC tem sido usada para a ad-
ministração de estoques, para definição de políticas de
vendas, estabelecimento de prioridades para a progra-
mação da produção e uma série de outros problemas
usuais na empresa. Após os itens terem sido ordenados
pela importância relativa, as classes da curva. ABC po-
dem ser definidas das seguintes maneiras:
Classe A: Grupo de itens mais importante que
devem ser trabalhados com uma atenção especial pela
administração;
Classe B: Grupo intermediário;
Classe C: Grupo de itens menos importan-
tes em termos de movimentação, no entanto, reque-
rem atenção pelo fato de gerarem custo de manter es-
toque.
Abaixo, um exemplo de gráfico mostrando a
curva ABC de materiais:
A classe "A" são os itens que nesse caso dão a
sustentação de vendas, podemos perceber que apenas
20% dos itens corresponde a 80% do faturamento.(alta
rotatividade).
A classe “B” responde por 30% dos itens em
estoque e 15% do faturamento.(rotatividade média).
A classe "C" compreende sozinha 50% dos
itens em estoque, respondendo por apenas 5% do
faturamento.
10.5. Sistema JIT (Just in time)
O sistema Just in Time, doravante deno-
minado JIT, foi desenvolvido no início da década de
50 na Toyota Motors Company, no Japão, como um
método para aumentar a produtividade, apesar dos
recursos limitados . Em japonês, as palavras para
just in time significam “no momento certo”,
“oportuno”. Uma melhor tradução para o inglês
seria o just in time, ou seja, em tempo, exatamente
no momento estabelecido. In time, em inglês, signi-
fica “a tempo”, ou seja, “não exatamente no mo-
mento estabelecido, mas um pouco antes, com uma
certa folga”. No entanto, o termo sugere muito
mais que se concentrar apenas no tempo de entre-
ga, pois isso poderia estimular a superprodução
antecipada e daí resultar em esperas desnecessá-
rias. Cada processo deve ser abastecido com os i-
tens necessários, na quantidade necessária, no
momento necessário – just-on-time, ou seja, no
tempo certo, sem geração de estoque.
Toda atividade que consome recursos e
não agrega valor ao produto é considerado um des-
perdício. Dessa forma, estoques que custam dinhei-
ro e ocupam espaço, transporte interno, paradas
intermediárias, refugos e retrabalhos são formas de
desperdício e conseqüentemente devem ser elimi-
nadas ou reduzidas ao máximo. Just in Time signifi-
ca que, em um processo de fluxo, as partes corretas
necessárias à montagem alcançam a linha de mon-
tagem no momento em que são necessários e so-
mente na quantidade necessária. Uma empresa que
estabeleça esse fluxo integralmente pode chegar ao
estoque zero. Do ponto de vista da produção, esse
é um estado ideal.
Posteriormente o conceito de JIT se ex-
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10. UNIDADE IX - ESTOQUES
pandiu, e hoje é uma filosofia gerencial que procura não
apenas eliminar os desperdícios, mas também colocar o
componente certo, no lugar certo e na hora certa. As
partes são produzidas em tempo de atenderem às ne-
cessidades de produção, ao contrário da abordagem
tradicional de produzir para caso as partes sejam neces-
sárias. O JIT leva a estoque.
A metodologia JIT prevê um sistema de gestão
das pessoas conforme o descrito para a Qualidade Total,
para que se garanta a participação, o comprometimento
e não conformismo do indivíduo. As metas colocadas
pelo JIT são amplas e ambiciosas. Não são alcançadas da
noite para o dia, mas em um movimento contínuo de
aperfeiçoamento, denominado Kaizen, que engloba os
seguintes aspectos:
a) zero defeitos;
b) tempo zero de preparação;
c) estoques zero;
d) movimentação zero;
e) quebra zero;
f) lead time zero;
g) lote unitário (uma peça de cada vez).
Percebe-se assim que o JIT afeta praticamente
todos os aspectos da operação de uma estrutura de ma-
nufatura: tamanho dos lotes, programação, qualidade,
layout, fornecedores, relações trabalhistas entre
tantos outros. Enquanto os efeitos são de conse-
qüência profunda, assim são também os benefícios
potenciais: giros de estoque mais rápidos, qualida-
de superior e substanciais vantagens de custos.
Em uma analogia JIT clássica, a produção
é vista como um curso de água, o nível é visto como
o estoque e, no fundo do curso de água, estão as
pedras, que são os problemas ou defeitos, como
excesso de refugo, layout inadequado, longos tem-
pos de preparação, entre outros. Quando o nível de
água está alto, vale dizer que os estoques estão
altos, isto encobre todas as pedras e, aparentemen-
te está tudo bem no processo produtivo. Quando,
porém, baixamos o nível de água, os problemas
ficam à vista.
Além de eliminar os desperdícios, a filo-
sofia JIT procura utilizar a capacidade plena dos
colaboradores, pois, a eles é delegada a autoridade
para produzir itens de qualidade para atender, em
tempo, o próximo passo do processo produtivo. Em
um sistema JIT, em que a qualidade é essencial, o
colaborador deve eliminar os problemas assim que
eles surgem. A aplicação adequada do sistema JIT
leva a empresa a obter maiores lucros e melhor
retorno sobre o capital investido, decorrente de
redução de custos, redução dos estoques e melhori-
a na qualidade, que são os objetivos de todas as
empresas.
China desarticula rede que vendia
cortes de frango vencidos há 46
anos (11/07/2013)
F oram apreendidas 20 tonela-
das de pernas de frango con-
gelado, cujo armazenamento
era inadequado; algumas
peças estavam fora do prazo desde a
década de 60
Policiais da China descobri-
ram uma rede clandestina de cortes de
frango, armazenados inadequadamente e
que, em alguns casos, estavam fora do prazo
há 46 anos. A operação policial desarticulou
o esquema na cidade de Nanning, no Sul do
país. Foram apreendidas 20 toneladas de
pernas de frango congelado, cujo armazena-
mento era inadequado, e havia casos de
peças fora do prazo desde a década de 1960.
Nas redes sociais, consumidores
criticavam a falta de controle das autorida-
des chinesas. Várias peças, localizadas pela
polícia, tinham selos de importação de países
vizinhos, pois Nanning fica próxima à fron-
teira com o Laos e Vietnã. As peças eram
importadas, mas processadas em fábricas
chinesas e vendidas para diferentes áreas
do país, segundo as autoridades.
De acordo com os investigado-
res, alguns cortes de frango foram conser-
vados em peróxido de hidrogênio, aditivo
ilegal que retarda a data de validade, dando
um aspecto de novo ao produto.
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11. UNIDADE X - INVENTÁRIO
11.1. Introdução
A falta de confiabilidade das informações so-
bre saldos dos materiais em estoque que
ocorre nos depósitos, áreas reservadas na
produção, almoxarifados, centros de distribu-
ição e no varejo (lojas) provoca transtornos para todos
os envolvidos, comprometendo o atendimento aos clien-
tes finais e internos, gerando perdas e retrabalhos, pro-
teções excessivas no planejamento e até mesmo provo-
cando questionamentos dos controles contábeis e ge-
renciais, hoje muito mais rigorosos.
O inventário físico do estoque é um processo
de contagem física de itens, visando garantir altos níveis
de acuracidade do sistema em relação à situação real.
Também é conhecido como Balanço ou Posição do Esto-
que, o Inventário Físico do Estoque é um procedimento
adotado pela administração da empresa para comparar
e conciliar as quantidades do saldo físico dos itens com
os registros da contabilidade e do controle de material.
O rastreamento de cada item é executado individual-
mente por local e quantidade.
11.2. Acurácia de Saldos
Acurácia é sinônimo de qualidade ou confiabi-
lidade das informações. Na moderna gestão de esto-
ques, a acurácia dos saldos em estoque se tornou um
importante indicador gerencial que expressa, em per-
centagem, a proporção de informações corretas no siste-
ma de gestão de estoques, sendo apurada através da
contagem física de uma amostra, que é posteriormente
confrontada contra o saldo contábil correspondente.
Para se ter uma ideia da ordem de grandeza deste desa-
fio, constatou-se através de pesquisas que ¾ das empre-
sas apresentam acurácia de saldo inferior à 99%.
O fato é que não existem meios para a medi-
ção direta do grau de conformidade dos processos físicos
e administrativos. No entanto, quaisquer atividades que
não estejam em plena conformidade com os padrões
provocam, como consequência, algum reflexo no saldo
final. Desta maneira, ao medir a acurácia dos seus sal-
dos, a empresa indiretamente pode constatar a qualida-
de de seus processos.
11.3. Controle
Existem basicamente duas sistemáticas
mais usuais de controle da acurácia dos saldos. No
inventário periódico, tradicionalmente realizado
anualmente, todos os itens em estoque, inclusive
materiais de terceiros em nosso poder e nossos
materiais em poder de terceiros são fisicamente
contados, e estas quantidades são confrontadas
com o saldo lógico registrado.
Na outra sistemática, conhecida como
inventário rotativo ou contagem cíclica, distribuí-
mos todo o esforço das contagens físicas ao longo
dos dias do ano, realizando contagens por parcelas,
mediante um plano de contagem livre de vícios.
Este procedimento visa o monitoramento de falhas
nos sistemas e sua efetiva solução, assegurando a
confiabilidade das informações.
Portanto, a Recontagem Cíclica é uma
rotina de contagem física de itens do estoque, de
modo que todos os itens sejam contados a uma
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11. UNIDADE X - INVENTÁRIO
frequência especificada, e os registros sejam periodica-
mente reconciliados com os dados reais.
11.3.1. Inventário Anual
a) Esforço concentrado (pico de custo);
b) Gera impacto na atividade da empresa
(almoxarifado de portas fechadas);
c) Produtividade da mão-de-obra decrescente
(ocorrem erros durante o processo);
d) Almoxarifes têm que “reaprender” todo ano;
e) As causas das divergências não são identificadas;
f) Acurácia dos saldos não melhora.
11.3.2. Contagem Cíclica
a) Processo de ajustes;
b) Causas são identificadas rapidamente (feedback
imediato eleva qualidade);
c) São tomadas ações preventivas;
d) Os erros são reduzidos;
e) Sem grandes esforços, os custos são distribuídos
(gratuitos até);
f) Ocorre constante incremento da produtividade
(todos participam);
g) É possível a continuidade operacional do atendi-
mento (portas abertas);
h) Contínuo aprimoramento da acurácia dos saldos.
11.4. Diagnóstico
Quando conclui-se o levantamento, os saldos apu-
rados são confrontados com o saldo no sistema.
Caso a divergência seja inferior ao parâmetro de
tolerância, aceita-se o saldo do sistema como ade-
quado, caso contrário inicia-se uma investigação
para apurar as causas das divergências, e então
gera-se a documentação de ajuste.
Este processo de apuração das causas das divergên-
cias emprega as sete ferramentas da qualidade, e
outras metodologias mais elaboradas para analise
de problemas, e também precisam ser sistematiza-
das para maior produtividade e efetividade.
Gerencialmente, após constatadas as causas das
divergências, estas são expostas a todos através de
um gráfico de controle visual e sistematicamente
saneadas. Inicialmente, podem ser necessários di-
versos ajustes, mas após um esforço sistemático
estas divergências passam a ser ocorrências raras.
Portanto, espera-se que o gráfico apresente ten-
dência de melhora para que possamos assegurar
que a acurácia dos saldos está efetivamente sob
controle.
Periodicamente deve-se executar todo processo de
inventario físico e contábil de estoques de matéria
prima, produtos em processo, produtos acabados,
produtos destinado a varejo e atacado, buscando
implementar as melhores praticas de Inventários de
materiais, bem como treinamentos de profissionais
para o planejamento e controle deste procedimen-
to.
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12. UNIDADE X - LOGÍSTICA
12.1. Conceitos
O conceito de Logística existe desde a década
de 40, sendo utilizado, primeiramente, pelo
exército dos EUA. Sua principal função era
de abastecer, ou melhor, garantir o abaste-
cimento de toda a tropa norte-americana na 2ª Guerra
Mundial, compreendia desde a aquisição dos materiais,
até sua distribuição no local correto na hora desejada.
Imagine uma tropa sem munição ou comida? Perderia a
guerra sem lutar.
Segundo o Council of Logistic Management,
entidade americana, que possui milhares de associados
em todo o mundo, "logística é o processo de planejar,
implementar e controlar eficientemente, ao custo corre-
to, o fluxo e armazenagem de matérias-primas, estoques
durante a produção e produtos acabados. Além das in-
formações relativas a estas atividades, desde o ponto de
origem até o ponto de consumo, com o propósito de
atender aos requisitos do cliente".
Com o passar dos anos, esse conceito foi evo-
luindo, e, na empresa, passou a existir a integração de
diversas áreas tais como: produção, transportes, comu-
nicação, estoques, surgindo um novo conceito que é o
Supply Chain ou logística integrada.
Para resumir, logística envolve armazenagem
e transporte. No exemplo de uma pizzaria delivery, não
basta fazer uma excelente pizza ou ter um excelente
preço. É imperativa uma excelente entrega, pois de acor-
do com a vontade dos clientes "os produtos devem estar
nos lugares certos, na hora certa, nas quantidades cer-
tas, ao menor custo possível". Quem vai querer uma
pizza que tem massa de um lado e mussarela do outro e
totalmente fria?
Em um ambiente altamente competitivo, os
fatores qualidade e preço já não fazem tanta diferença,
pois existe certa semelhança entre os concorrentes, mas
a entrega certa a um custo baixo determina quem conti-
nuará no comércio e quem sairá dele. Daí as empresas
começarem a voltar a aplicar conceitos logísticos para
transporte e distribuição, ou seja, para continuarem
competindo e sobrevivendo.
"Logística é o processo de planejar, im-
plementar e controlar eficientemente, ao custo
correto, o fluxo e armazenagem de matérias-
primas, estoques durante a produção e produtos
acabados. Além das informações relativas a estas
atividades, desde o ponto de origem até o ponto
de consumo, com o propósito de atender aos re-
quisitos do cliente".
A Logística é a área da gestão responsá-
vel por prover recursos, equipamentos e informa-
ções para a execução de todas as atividades de
uma empresa. Entre as atividades da logística estão
o transporte, movimentação de materiais, armaze-
namento, processamento de pedidos e gerencia-
mento de informações.
Pela definição do Council of Logistics
Management, "Logística é a parte do Gerenciamen-
to da Cadeia de Abastecimento que planeja, imple-
menta e controla o fluxo e armazenamento eficien-
te e econômico de matérias-primas, materiais semi
-acabados e produtos acabados, bem como as in-
formações a eles relativas, desde o ponto de ori-
gem até o ponto de consumo, com o propósito de
atender às exigências dos clientes“ (Carvalho,
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12. UNIDADE XI - LOGÍSTICA
2002, p. 31).
Uma das principais ferramentas da logística é
o WMS, Warehouse Management System, do inglês, em
português - literalmente: sistema de automação e geren-
ciamento de depósitos, armazéns e linhas de produção)
é uma parte importante da cadeia de suprimentos (ou
supply chain) e fornece a rotação dirigida de estoques,
diretivas inteligentes de picking, consolidação automáti-
ca e cross-docking para maximizar o uso do valioso espa-
ço do armazéns.
12.2. Origem do termo
O termo logística, de acordo com o Dicionário
Aurélio, vem do francês Logistique e tem como uma de
suas definições "a parte da arte da guerra que trata do
planejamento e da realização de: projeto e desenvolvi-
mento, obtenção, armazenamento, transporte, distribui-
ção, reparação, manutenção e evacuação de material
para fins operativos ou administrativos“. Logística tam-
bém pode ser definido como, satisfazer o cliente ao me-
nor custo total (Ferreira, 1986, p.1045). Pode-se dizer
então que os termos Logística e Cadeia de Suprimentos
tem o mesmo significado, já que ambas tem a finalidade
de satisfazer o cliente com o menor custo possível.
Outros historiadores defendem que a palavra
logística vem do antigo grego logos , que significa razão,
cálculo, pensar e analisar.
O Oxford English dicionário define logística
como: “O ramo da ciência militar responsável por obter,
dar manutenção e transportar material, pessoas e equi-
pamentos.”
Em outro dicionário: “O tempo relativo ao
posicionamento de recursos”. Como tal, logística geral-
mente se estende ao ramo de engenharia gerando siste-
mas humanos ao invés de máquinas.
12.3. História
Desde os tempos bíblicos os líderes militares
já se utilizavam da logística. As guerras eram longas e
geralmente distantes, eram necessários grandes e
constantes deslocamentos de recursos. Para trans-
portar as tropas, armamentos e carros de guerra
pesados aos locais de combate eram necessários
um planejamento, organização e execução de tare-
fas logísticas, que envolviam a definição de uma
rota, nem sempre a mais curta, pois era necessário
ter uma fonte de água potável próxima, transporte,
armazenagem e distribuição de equipamentos e
suprimentos (Dias, 2005, p. 27).
Na antiga Grécia, Roma e no Império Bi-
zantino, os militares com o título de ‘Logistikas’ e-
ram os responsáveis por garantir recursos e supri-
mentos para a guerra.
Carl von Clausewitz dividia a Arte da
Guerra em dois ramos: a tática e a estratégia. Não
falava especificamente da logística , porém reco-
nheceu que, “...em nossos dias, existe na Guerra um
grande número de atividades que a sustentam...
mas devem ser consideradas como uma preparação
para a mesma”.
É a Antoine-Henri Jomini, ou Jomini, con-
temporâneo de Clausewitz, que se deve, pela pri-
meira vez, o uso da palavra "logística", definindo-a
como “a ação que conduz à preparação e sustenta-
ção das campanhas”, enquadrando-a como “a ciên-
cia dos detalhes dentro dos Estados-Maiores”.
Em 1888, o Tenente Rogers introduziu a
Logística, como matéria, na Escola de Guerra Naval
dos Estados Unidos da América. Entretanto, demo-
rou algum tempo para que estes conceitos se de-
senvolvessem na literatura militar. A realidade é
que, até a 1ª Guerra Mundial, raramente aparecia a
palavra "Logística", empregando-se normalmente
termos tais como “Administração”, “Organização” e
“Economia de Guerra”.
A verdadeira tomada de consciência da
logística como ciência teve sua origem nas teorias
criadas e desenvolvidas pelo Tenente-Coronel Thor-
pe, do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Uni-
dos da América - (em inglês: United States Marine
Corps; abreviação oficial: USMC) - que, no ano de
1917, publicou o livro “Logística Pura: a ciência da
preparação para a guerra”. Segundo Thorpe, a es-
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12. UNIDADE XI - LOGÍSTICA
tratégia e a tática proporcionam o esquema da condução
das operações militares, enquanto a logística proporcio-
na os meios”. Assim, pela primeira vez, a logística situa-
se no mesmo nível da estratégia e da tática dentro da
Arte da Guerra.
O Almirante Henry Eccles, em 1945, ao encon-
trar a obra de Thorpe empoeirada nas estantes da biblio-
teca da Escola de Guerra Naval, em Newport, comentou
que, se os EUA seguissem seus ensinamentos teriam
economizado milhões de dólares na condução da 2ª
Guerra Mundial. Eccles, Chefe da Divisão de Logística do
Almirante Chester Nimitz, na Campanha do Pacífico, foi
um dos primeiros estudiosos da Logistica Militar, sendo
considerado como o “pai da logística moderna” (Brasil,
2003).
Até o fim da Segunda Guerra Mundial a Logís-
tica esteve associada apenas às atividades militares. A-
pós este período, com o avanço tecnológico e a necessi-
dade de suprir os locais destruídos pela guerra, a logísti-
ca passou também a ser adotada pelas organizações e
empresas civis.
12.4. Logística no Brasil e no mundo
As novas exigências para a atividade logística
no Brasil e no mundo passam pelo maior controle e iden-
tificação de oportunidades de redução de custos, redu-
ção nos prazos de entrega e aumento da qualidade no
cumprimento do prazo, disponibilidade constante dos
produtos, programação das entregas, facilidade na ges-
tão dos pedidos e flexibilização da fabricação, análises
de longo prazo com incrementos em inovação tecnológi-
ca, novas metodologias de custeio, novas ferramentas
para redefinição de processos e adequação dos negócios
(Exemplo: Resposta Eficiente ao Consumidor - Efficient
Consumer Response), entre outros.
Apesar dessa evolução até a década de 40,
havia poucos estudos e publicações sobre o tema. A par-
tir dos anos 50 e 60, as empresas começaram a se preo-
cupar com a satisfação do cliente, foi então que surgiu o
conceito de logística empresarial, motivado por uma
nova atitude do consumidor. Os anos 70 assistem à con-
solidação dos conceitos como o MRP (Material Require-
ments Planning), Kanban e Just-in-time.
Após os anos 80, a logística passa a ter
realmente um desenvolvimento revolucionário,
empurrado pelas demandas ocasionadas pela glo-
balização, pela alteração da economia mundial e
pelo grande uso de computadores na administra-
ção. Nesse novo contexto da economia globalizada,
as empresas passam a competir em nível mundial,
mesmo dentro de seu território local, sendo obriga-
das a passar de moldes multinacionais de operações
para moldes mundiais de operação.
12.5. Atividades envolvidas
A logística é dividida em dois tipos de
atividades - as principais e as secundárias:
Principais: Transportes, Manutenção de Es-
toques, Processamento de Pedidos.
Secundárias: Armazenagem, Manuseio de
materiais, Embalagem, Suprimentos, Plane-
jamento e Sistema de informação.
Outra subdivisão da logística quanto ao
ponto: logística interna: cuida do fluxo interno de
movimentação e distribuição, está ligada às áreas
de suprimento e distribuição. logística de distribui-
ção: distribuição física dos produtos, vai garantir o
nível do serviço ofertado ao cliente. logística rever-
sa: R.M.A.( remessa para manutenção e assistên-
cia), cuida da substituição e do conserto dos produ-
tos com avaria. Irá apoiar o marketing para assegu-
rar a imagem da empresa.
12.6. Logística uma função essencial na empresa
A logística empresarial estuda como a
administração pode prover melhor nível de rentabi-
lidade nos serviços de distribuição aos clientes e
consumidores, através de planejamento, organiza-
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12. UNIDADE XI - LOGÍSTICA
ção e controle efetivos para as atividades de movimenta-
ção e armazenagem que visam facilitar o fluxo de produ-
tos. A logística é um assunto vital. É um fato econômico
que tanto os recursos quanto os seus consumidores es-
tão espalhados numa ampla área geográfica. Além disso
os consumidores não residem, se é que alguma vez o
fizeram, próximos donde os bens ou produtos estão lo-
calizados. Este é o problema enfrentado pela logística:
diminuir o hiato entre a produção e a demanda, de mo-
do que os consumidores tenham bens e serviços quando
e onde quiserem, e na condição física que o desejarem.
Numa economia livre é responsabilidade dos
empresários proverem os serviços logísticos necessários,
e, nos EUA, as empresas enfrentaram esta responsabili-
dade com notável grau de eficácia e eficiência. Contudo,
as empresas operam dentro de um ambiente que muda
constantemente, devido aos avanços tecnológicos, às
alterações na economia e na legislação, e à disponibilida-
de de recursos. Portanto, a filosofia da administração se
altera com o tempo, de forma a se adaptar às novas exi-
gências de desempenho para as firmas. A logística assim
representa uma nova visão empresarial, uma nova or-
dem das coisas.
12.7 A concepção logística na empresa
A concepção logística de agrupar conjunta-
mente as atividades relacionadas ao fluxo de produtos e
serviços para administrá-las de forma coletiva é uma
evolução natural do pensamento administrativo. As ativi-
dades de transporte, estoques e comunicações iniciaram
-se antes mesmo da existência de um comércio ativo
entre regiões vizinhas. Hoje, as empresas devem realizar
essas mesmas atividades, como uma parte essencial de
seus negócios, a fim de prover seus clientes com os bens
e serviços que eles desejam. Entretanto, a administração
de empresas nem sempre se preocupou em focalizar o
controle e a coordenação coletivas de todas as ativida-
des logísticas. Somente nos últimos anos é que ganhos
substanciais nos custos foram conseguidos, graças a co-
ordenação cuidadosa dessas atividades. Os ganhos po-
tenciais resultantes de se rever a administração das ativi-
dades logísticas está transformando a disciplina numa
área de importância vital para uma grande variedade de
empresas.
12.8 Logística empresarial definida
Logística Empresarial não tem o mesmo
significado para todas as pessoas, inclusive para
aquelas que estão ativamente engajadas no assun-
to. Até o momento o campo ainda não tem um títu-
lo único para identificá-lo, como fizeram os setores
de marketing e produção. Uma amostra dos mem-
bros do Conselho Nacional de Administração da
Distribuição Física Norte-americano mostrou que a
área é representada por nomes como Transportes,
distribuição, distribuição física, suprimento e distri-
buição, administração de materiais, operações e
logística. Apesar de distribuição física ser o título
mais popular, neste texto a disciplina é chamada
logistica empresarial, pois este é o título do futuro.
Ele implica tanto o suprimento físico como a distri-
buição física – que é o escopo desejado para o as-
sunto.
12.9. Atividades logísticas primárias
A definição anterior identifica aquelas
atividades que são de importância primária para o
atingimento dos objetivos logísticos de custo e nível
de serviço. Estas atividades-chaves são:
Transportes.
Manutenção de estoques.
Processamento de pedidos.
Estas atividades são consideradas primá-
rias porque ou elas contribuem com a maior parcela
do custo total da logística ou elas são essenciais
para a coordenação e o cumprimento da tarefa lo-
gística.
Transportes: para a maioria das firmas, o
transporte é a atividade logística mais importante
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12. UNIDADE XI - LOGÍSTICA
simplesmente porque ela absorve, em média, de um a
dois terços dos custos logísticos. É essencial, pois nenhu-
ma firma moderna pode operar sem providenciar a mo-
vimentação de suas matérias-primas ou de seus produ-
tos acabados de alguma forma. Sua importância é sem-
pre sublinhada pelos problemas financeiros colocados
para muitas empresas quando há uma greve ferroviária
nacional ou quando carreteiros autônomos paralisam
suas atividades devidos a aumentos de combustíveis.
Não é incomum denominar tais eventos de desastres
nacionais. Os mercados não podem ser atendidos e pro-
dutos permanecem no canal de distribuição para deteri-
orarem-se ou tornarem-se obsoletos.
“Transportes” refere-se aos vários métodos
para se movimentar produtos. Algumas das alternativas
populares são os modos rodoviário, ferroviário e aerovi-
ário. A administração da atividade de transporte geral-
mente envolve decidir-se quanto ao método de trans-
porte, aos roteiros e à utilização da capacidade dos veí-
culos.
Manutenção de estoque: Geralmente, não é
viável providenciar produção ou entrega instantânea aos
clientes. Para se atingir um grau razoável de disponibili-
dade de produto, é necessário manter estoques, que
agem como “amortecedores” entre a oferta e a deman-
da. O uso extensivo de estoques resulta no fato de que,
em média, eles são responsáveis por aproximadamente
um a dois terços dos custos logísticos, o que torna a ma-
nutenção de estoques uma atividade-chave da logística.
Enquanto transporte adiciona valor de “lugar”
ao produto, o estoque agrega valor de “tempo”. Para
agregar este valor dinâmico, o estoque deve ser posicio-
nado próximo aos consumidores ou aos pontos de ma-
nufatura. O número normalmente grande destes pontos
de estoque e os altos custos associados a mantes estes
produtos armazenados, em geral entre 25 e 30% do va-
lor do produto por ano, requerem administração cuida-
dosa. A administração de estoques envolve manter ní-
veis tão baixos quanto possível, ao mesmo tempo que
provê a disponibilidade desejada pelos clientes.
Processamento de pedidos: Os custos de pro-
cessamento de pedidos tendem a ser pequenos quando
comparados aos custos de transportes ou de manuten-
ção de estoques. Contudo, processamento de pedidos é
uma atividade logística primária. Sua importância deriva
do fato de ser um elemento crítico em termos do
tempo necessário para levar bens e serviços aos
clientes. É também, a atividade primária que iniciali-
za a movimentação de produtos e a entrega de ser-
viços.
Além disso, estas três atividades logísti-
cas podem ser colocadas em perspectiva notando-
se sua importância naquilo que pode ser chamado
de “ciclo crítico de atividades logísticas”. O tempo
requerido para um cliente receber um pedido de-
pende do tempo necessário para entregar o pedido.
Como o resultado final de qualquer operação logís-
tica é prover serviço por conseguir mercadorias
para os clientes quando e onde eles quiserem, estas
três atividades são centrais para cumprir esta mis-
são. Por isso elas são chamadas de atividades pri-
márias.
12.10. Atividades logísticas de apoio
Apesar de transportes, manutenção de
estoques e processamento de pedidos serem os
principais ingredientes que contribuem para a dis-
ponibilidade e a condição física de bens e serviços,
há uma série de atividades adicionais que apóia
estas atividades primárias. Elas são:
Armazenagem.
Manuseio de materiais.
Embalagem de proteção.
Obtenção.
Programas de produtos.
Manutenção de informação.
Armazenagem: Refere-se à administração
do espaço necessário para manter estoques. Envol-
ve problemas como localização, dimensionamento
de área, arranjo físico, recuperação do estoque,
projeto de docas ou baias de atracação e configura-
ção do armazém.
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12. UNIDADE XI - LOGÍSTICA
Manuseio de materiais: Está associada com a
armazenagem e também apóia a manutenção de esto-
ques. É uma atividade que diz respeito à movimentação
do produto no local de estocagem – por exemplo, a
transferência de mercadorias do ponto de recebimento
no depósito até o local de armazenagem e deste até o
ponto de despacho. São problemas importantes: seleção
do equipamento de movimentação, procedimentos para
formação de pedidos e balanceamento da carga de tra-
balho.
Embalagem de proteção: Um dos objetivos da
logística é movimentar bens sem danificá-los além do
economicamente razoável. Bom projeto de embalagem
do produto auxilia a garantir movimentação sem que-
bras. Além disso, dimensões adequadas de empacota-
mento encorajam manuseio e armazenagem eficientes.
Obtenção: É a atividade que deixa o produto
disponível para o sistema logístico. Trata da seleção das
fontes de suprimento, das quantidades a serem adquiri-
das, da programação das compras e da forma pela qual o
produto é comprado. É importante para a logística, pois
decisões de compra têm dimensões geográficas e tem-
porais que afetam os custos logísticos. A obtenção não
deve ser confundida com a função de compras. Compras
inclui muitos dos detalhes de procedimento (por exem-
plo, a negociação de preço e avaliação de vendedores),
que não são especificamente relacionados com a tarefa
logística; daí o uso do termo obtenção como substituto.
Programação do produto: Enquanto a obten-
ção trata do suprimento (fluxo de entrada) de firmas de
manufatura, a programação de produto lida com a distri-
buição (fluxo de saída). Refere-se primariamente às
quantidades agregadas que devem ser produzidas e
quando e onde devem ser fabricadas. Não diz respeito à
programação detalhada de produção, executada diaria-
mente pelos programadores de produção.
Manutenção de informação: Nenhuma função
logística dentro de uma firma poderia operar eficiente-
mente sem as necessárias informações de custo e de-
sempenho. Tais informações são essenciais para correto
planejamento e controle logístico. Manter uma base de
dados com informações importantes – por exemplo,
localização dos clientes, volumes de vendas, padrões de
entregas e níveis dos estoques – apóia a administração
eficiente e efetiva das atividades primárias e de apoio.
12.11 O lugar da logística na empresa
Empresas vêm executando funções logís-
ticas há muito tempo. Uma visão moderna é rear-
ranjar as atividades existentes na firma de modo
que o bom gerenciamento seja facilitado. Isto signi-
fica que algumas atividades consideradas como
responsabilidade única do produção ou do marke-
ting devem ser reagrupadas. Como a logística se
relaciona com a produção e o marketing? A respon-
sabilidade primária do marketing é gerar lucros para
a firma. Isto é feito através de vários meios promo-
cionais (propaganda, incentivo de preços, etc.), o-
ferta de produtos e pesquisas de mercado. A produ-
ção preocupa-se principalmente com a formação do
produto ou serviço e o controle de qualidade, ao
mesmo tempo que minimiza o custo unitário de
produção. Para alcançar este objetivo, deve cuidar
do corpo administrativo do sistema de produção,
do planejamento de capacidade, do controle de
qualidade e da programação de processo. Uma vez
que a logística é responsável pela movimentação e
armazenagem de produtos, então transporte, ma-
nutenção de estoques, armazenagem e manuseio
de materiais devem ser seus principais focos de
interesse.
Estrategicamente, a logística ocupa posi-
ção intermediária entre produção e marketing. Co-
mo é impossível dividir as funções de uma empresa
sem alguma sobreposição de responsabilidade pelo
menos em alguma delas, atividades de interface
devem ser criadas. Estas são aquelas que devem ser
gerenciadas por duas ou mais áreas. O profissional
de logística deve tratar com estas áreas de limbo
entre produção e marketing.
Formação de preços ou embalagens são
exemplos de atividades administradas conjunta-
mente por logística e marketing. A formação de
preços tem componentes tanto geográficos quanto
competitivos. Já compras e programação de produ-
ção são exemplos de áreas de interface entre logís-
tica e produção. A produção deve adquirir bens a
custo e qualidade aceitáveis, enquanto a logística se
preocupa com a localização de fontes de suprimen-
tos e os tempos para abastecimento. O setor de
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12. UNIDADE XI - LOGÍSTICA
compras toma estas decisões. A programação de produ-
ção toma decisões similares. Ela se interessa pela se-
qüência e tamanho dos lotes de produção a serem fabri-
cados, enquanto a logística novamente se preocupa com
a localização e os tempos da produção. Arranjos admi-
nistrativos tradicionais agrupam estas atividades
sob diversos rótulos funcionais, criando a necessi-
dade de coordenação interfuncional para algumas
importantes atividades logísticas.
Fornecedores
Clientes
Almoxarifado
Produção
Logística
Externa
Logística
Interna
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13. UNIDADE XII - ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS
A Ética tem por origem a era de Sócrates e
Platão. Estes iniciam uma batalha no sentido
de modificar a Lei vigente, extremamente
rigorosa, que, para todas as espécies de ques-
tionamentos contra a ordem determinada, punia severa-
mente com a morte o indivíduo que a estivesse questio-
nando, como podemos observar nas palavras abaixo
citadas:
“Se imaginais que, matando homens, evitareis
que alguém vos repreenda a má vida, estais enganados;
essa não é uma forma de libertação, nem é inteiramente
eficaz, nem honrosa; esta outra, sim, é mais honrosa e
mais fácil: em vez de tampar a boca dos outros, preparar
- se para ser o melhor possível.” (Palavras atribuídas a
Sócrates por Platão, ao final do seu julgamento)
A partir deste momento, há uma preocupação
em se estabelecer normas de conduta para evitar a in-
justiça social. Sócrates - (470-399 a.C). Baseia-se na de-
fesa de valores como o bem, a justiça e o conhecimento.
Para ele ética é a prática do Bem Comum.
Platão - (427-347 a.C.). Refere-se ao Bem co-
mo o valor mais importante do ser humano. Para que
isso fosse possível, em sua opinião, o ser humano devia
guiar-se unicamente pela razão abandonando as emo-
ções e suas paixões. Da mesma forma, a organização da
sociedade deveria ser realizada pelos que detinham o
conhecimento.
13.1. Conceito
O termo Ética deriva do grego ethos (caráter,
modo de ser de uma pessoa). Do latim mos (ou no plural
mores) (costumes, de onde se derivou a palavra moral.)
A ética em sua essência é social, pois é a partir de uma
sociedade específica que a ética expressa sua história e
sua cultura. Sob a luz da Filosofia, ética é uma ciência
que estuda os valores e princípios morais de uma socie-
dade e seus grupos.
13.2. Ética Coorporativa
A ética de uma Organização é a forma como
ela deve proceder em sociedade, e o que a define
ou a constrói é a soma das éticas pessoais que a
compõe.
Sendo assim, a ética corporativa é forma-
da por indivíduos unidos por um fim comum de
pensamentos e idéias, que possuem uma mesma
concepção no modo de realizá-Ios, estando sujeitos
a “regulamentos” que vão fornecer procedimentos
adequados a serem seguidos. A busca pela ética nas
empresas também impõe limites na utilização de
procedimentos que venham a afetar a sociedade de
uma forma geral.
13.3. Componentes da Ética
a) Valores – tudo aquilo que é importante;
b) Princípios – regras de aplicação geral;
c) Ideais - comportamentos que, embora valori-
zados, vão além do que é estritamente exigi-
do pelas regras.
Para Campos, Greik & do Vale (2002), “
todo ser humano é dotado de uma consciência mo-
ral, que o faz distinguir entre o certo e o errado,
justo ou injusto, bom ou ruim, com isso é capaz de
avaliar suas ações; sendo portanto, capaz de ética.
A ética, portanto, é a ciência do dever, da obrigato-
riedade, a qual rege a conduta humana.” Conduta
esta tão esperada e necessária ao departamento de
compras.
13.4. Diretrizes da Ética em Compras
a) As políticas praticadas no departamento de
vendas deverão ser as mesmas praticas pelo
de compras;
b) Não aceitar presentes, material promocional,
troca de serviço de fornecedores;
c) Caso a Organização não aceite a troca de
presentes por parte dos fornecedores tam-
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13. UNIDADE XII - ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS
bém não poderá oferecer presentes ou material
promocional.
13.5. Ética nas Compras - Pesquisa CBEC (Comissão Bra-
sileira dos Executivos de Compras)
É interessante, também, mencionar algumas
conclusões sobre a primeira pesquisa brasileira sobre
Ética nas Compras, realizada por Fernando de F. Moura,
Associado Fundador do CBEC e Coordenador da Comis-
são de Ética.
Conforme Moura , os participantes desta pes-
quisa foram os associados da CBEC, mais alguns profis-
sionais da área de compras indicados pela mesma. Tais
profissionais em sua maioria trabalham em empresas
brasileiras e multinacionais, exercendo cargos de dire-
ção, supervisão e gerência, possuindo ampla vivência no
setor de suprimentos.
O questionário foi entregue a 117 profissio-
nais, sendo que 43 devolveram o mesmo preenchido,
perfazendo um índice de 35% de respostas. Seguem a-
baixo pontos relevantes desta pesquisa:
13.5.1. Em relação ao recebimento de brindes e presen-
tes foi questionado aos profissionais os seguintes pon-
tos:
a) Se os mesmos consideram normal tal prática. A
grande maioria respondeu que brindes podem ser
aceitos normalmente desde que o valor não ultra-
passe R$ 250,00 e que jamais o profissional de
compras deve aceitar dinheiro e receber brindes
ou presentes em casa;
b) Se na empresa onde eles trabalham é normal
permitir que os seus vendedores ofereçam brin-
des e presentes aos clientes. De modo geral, os
profissionais responderam que as empresas man-
têm uma certa coerência em vendas, refletindo a
mesma orientação do que acontece em compras.
Porém, percebe-se que há alguma permissão no
valor do brinde ou presente oferecido aos clien-
tes, que varia de acordo com o seu grau de
importância nos negócios;
c) Se eles recebessem um brinde no valor supe-
rior ao que eles responderam no tópico “a”,
qual seria o procedimento adotado. Unani-
memente, eles responderam que este pre-
sente será recusado, polidamente, ou é acei-
to e doado a entidade beneficente ou sorte-
ado entre os funcionários, comunicando ao
fornecedor o que foi feito com o presente
dado.
13.5.2. Em relação aos convites como almoços, jan-
tares, viagens e entretenimento foi questionado aos
profissionais os seguintes pontos:
a) Se na empresa onde trabalham existe algu-
ma política a respeito da aceitação destes
convites. Metade dos profissionais informa-
ram que suas empresas possuem política a
respeito e recomenda evitar ou dividir as
despesas; na dúvida, consultar o superior
imediato. Dentre a metade que disse não ter
política a respeito, vários informam que,
quando aceitam, procuram ter mais de um
funcionário presente e alternam o pagamen-
to dos almoços ou jantares;
b) Se este tipo de convite pode ser aceito como
um gesto de cortesia e gentileza do fornece-
dor. Na quase totalidade, os profissionais
responderam não ver problema em aceitar
este tipo de convite, porém, é unânime a
posição de não aceitar o convite se o forne-
cedor estiver participando de algum proces-
so de compra em andamento;
c) Se o profissional informaria para o superior
imediato, caso ele aceitasse um convite para
um jantar, por exemplo. Uma maioria ex-
pressiva aceitaria o convite mas informariam
o superior porque acreditam que, mesmo
acontecendo fora do expediente normal de
trabalho, jantares deste tipo só acontecem
em decorrência das relações comerciais en-
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13. UNIDADE XII - ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS
tre os participantes.
13.5.3. Em relação ao apoio a compras nos dilemas éticos
foi questionado aos profissionais os seguintes pontos:
a) Se na empresa onde eles trabalham, há um códi-
go de conduta ética conhecido por todos e para
todos os funcionários. A maioria respondeu que
existe sim este código, porém, menos da metade
possui alguma reciclagem sobre os pontos-chaves
do mesmo;
b) Se caso haja algum comportamento divergente ao
código de ética da empresa , além da chefia ime-
diata, se existe algum canal direto para reportar o
problema. A maioria respondeu que existe sim,
podendo ser o RH, o Comitê de Ética, a Ouvidoria,
Auditores Internos e, até, o presidente da empre-
sa.
13.6. Conclusão
Pode-se constatar que, por parte das empre-
sas, todos os profissionais envolvidos no processo de
compras concordam com a importância da ética para o
sucesso dos negócios. Mas, dentro do processo de nego-
ciação o departamento de compras está sujeito com
freqüência a receber propostas de suborno para favore-
cer vendedores sem ética. É um setor muito visado pelas
outras áreas da empresa, principalmente quando esses
profissionais recebem algum brinde ou aceitam algum
convite de um fornecedor. Indagações são levantadas
sobre estas questões: O que fazer quando você, profis-
sional de compras, se depara com esta situação? É ético
receber algum brinde de um fornecedor? É uma prática
normal aceitar convites para almoços, jantares ou via-
gens?
Verifica-se que a existência de um Código de
Ética nas empresas é de fundamental importância
para uma conduta correta dos funcionários. Defi-
nindo claramente o que pode e o que não pode ser
feito nas empresas. Mas não basta apenas que o
código exista é preciso que seja colocado em prática
e sempre que necessário o mesmo seja repassado e
revisado aos funcionários.
Com a pesquisa realizada pela CBEC
(Comissão Brasileira dos Executivos de Compras)
verifica-se que a maioria dos profissionais em com-
pras consideram normal a prática de aceitar brindes
e convites para almoços, desde que isso seja feito
de forma transparente e com o conhecimento de
seus superiores . Cabe a cada empresa definir em
seu Código de Ética o valor e o teor dos brindes a
serem aceitos pelo departamento de compras.
Obviamente, caso em uma empresa não
exista um Código definido, com normas e padrões a
serem seguidos, cabe ao comprador consultar seus
superiores sobre alguma abordagem estranha por
parte dos fornecedores. Lembrando sempre que o
bom senso e a transparência são fundamentais.
Esta pesquisa piloto realizada pela CBEC sobre a
Ética na área de Suprimentos permite estabelecer
parâmetros de atuação dos profissionais de com-
pras, diante de situações comuns do setor. Servindo
ainda como referência de postura e comportamen-
to nas negociações comerciais, para muitas pessoas
que queiram se ingressar na área de compras.
Compradores profissionais que sabem
conduzir uma negociação comercial de maneira
ética e transparente, sem se submeterem a qual-
quer tipo de suborno, tem que ter o seu valor reco-
nhecido tanto pela empresa como também pela
sociedade, pois sem dúvida, é um indivíduo, de uma
forma geral, uma pessoa melhor, servindo de exem-
plo para as gerações futuras, que terão consciência
de que ser honesto é acima de tudo uma obrigação.
| Prof. Deusimar Félix | Administrador com MBA em Consultoria Empresarial 085
FACULDADE CENTRAL DE CRISTALINA - FACEC
ADMINISTRAÇÃO
ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
02/2017
- Material elaborado pelo Professor -
Prof. Espec. Deusimar Félix
Administrador com MBA em Diagnóstico e Consultoria Empresarial
CRA/GO 14.337
E-mail: deusimarfelix@hotmail.com
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