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FACULDADE CESMAC DO SERTÃO
MICHEL DOS SANTOS
RAFAEL LUCAS BARBOSA DE OLIVEIRA
O NEGRO NO MERCADO DE TRABALHO: O preconceito nas organizações
PALMEIRA DOS ÍNDIOS- ALAGOAS 2019/2
MICHEL DOS SANTOS RAFAEL LUCAS BARBOSA DE OLIVEIRA
O NEGRO NO MERCADO DE TRABALHO: O preconceito nas organizações.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final para conclusão do curso de Administração da Faculdade Cesmac do Sertão, sob a orientação da professora Dra. Laís Macedo Vilas Boas. Linha de pesquisa: Sociologia urbana, consumo e mercado de trabalho.
PALMEIRA DOS ÍNDIOS- ALAGOAS 2019/2
REDE DE BIBLIOTECAS CESMAC
SETOR DE TRATAMENTO TÉCNICO
Bibliotecário: Evandro Santos Cavalcante – CRB/4 - 1700
S237n Santos, Michel dos
O Negro no mercado de trabalho: o preconceito nas organizações
/ Michel dos Santos, Rafael Lucas Barbosa de Oliveira. – Palmeira dos
Índios: 2019.
31 f.: il. TCC (Graduação em Administração) – Faculdade CESMAC do
Sertão, Palmeira dos Índios – AL, 2019.
Orientadora: Laís Vilas Boas
1. Negro. 2. Mercado de trabalho. 3. Dificuldades. 4. Escravidão.
I. Boas, Laís Vilas. II. Título.
CDU:331.5
AGRADECIMENTOS
A Deus primeiramente, por nos proporcionar a oportunidade de estar vivo e
concluindo mais um ciclo em nossas vidas.
As nossas famílias que sempre estiveram juntos, apoiando principalmente
nos momentos mais difíceis. Um agradecimento aqueles que fizeram parte dessa
trajetória e hoje não se encontram mais entre nós.
A Professora Dra. Laís Macedo Vilas Boas, nossa orientadora, onde
incansavelmente insistiu e acreditou em nós, sempre com boa vontade e paciência.
Ao Professor Dr. Flávio dos Santos, que nos levantou o tema deste trabalho e
mesmo não lecionando mais o curso de Administração sempre esteve ao nosso
lado, nos apoiando, incentivando e principalmente com seus sermões, conseguimos
o nosso objetivo.
A todos os professores que até aqui nos conduziram e nos ajudaram a
concluir a graduação.
Obrigado!
O NEGRO NO MERCADO DE TRABALHO: O preconceito nas organizações BLACK IN THE LABOR MARKET: Prejudice in organizations.
Michel dos Santos Graduando do Curso de Administração
michel.palmeira@live.com
Rafael Lucas Barbosa de Oliveira Graduando do Curso de Administração
rafaellucasbarbosa@hotmail.com
Laís Macedo Vilas Boas Doutora em Psicologia macedovb@gmail.com
RESUMO Este trabalho tem como objetivo apresentar a condição atual do negro no mercado de trabalho, iniciando com um levantamento histórico e analisando alguns dados estatísticos que desvelam esta situação de desigualdade vivida pela população negra. Buscaremos apresentar os principais efeitos sociais que impactaram ao longo tempo e continuam a influenciar a desigualdade e inserção dos afrodescendentes no meio competitivo. Buscaremos demonstrar os efeitos causados pelo abandono do homem livre após a abolição, onde causou esse reflexo nos tempos atuais, pois deveriam ter sido criadas condições para que o antigo escravo fosse reconhecido efetivamente como cidadão. Com relação aos procedimentos metodológicos esta é uma pesquisa de revisão bibliográfica narrativa, pois trata-se de uma abordagem e seleção de bibliografia já publicada sobre o assunto o assunto em pauta.
PALAVRAS-CHAVE: Negro. Mercado de trabalho. Dificuldades. Escravidão ABSTRACT This paper aims to present the current condition of black people in the labor market, starting with a
historical survey and analyzing some statistical data that reveal this situation of inequality experienced
by the black population. We aim to present the main social effects that have impacted over time and
continue to influence the inequality and insertion of African descendants in the competitive
environment. We will try to demonstrate the effects caused by the abandonment of the free man after
the abolition, which caused this reflex in the present times, because conditions should have been
created so that the former slave could be effectively recognized as a citizen. Regarding the
methodological procedures this is a research of narrative bibliographic review, because it is an
approach and selection of bibliography already published on the subject the subject.
KEYWORDS: Black. Labor market. Difficulties. Slavery
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Homem negro comparado a um segurança de shopping ................... 6
Figura 2: Homem branco associado a um executivo......................................... 6
Figura 3: Atitudes e suas dimensões ................................................................. 13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Atitude e seus componentes .............................................................. 13
Tabela 2: Proporção de negros na população ocupacional e rendimentos hora dos ocupados negros e não negros. Regiões metropolitanas. Biênio 2011-2012 ....................................................................................................................
24
Tabela 3: Estatísticas descritivas das variáveis em Alagoas no ano de 2014 ... 25
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Atitude e seus componentes.............................................................. 23
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 5
2 METODOLOGIA ............................................................................................ 3 REVISÃO DE LITERATURA …...................................................................... 3.1 História da entrada do negro no mercado de trabalho …...................... 3.2 Estereotipo, preconceito e discriminação .............................................. 3.3 Racismo Institucional ............................................................................... 3.4 Desigualdade no mercado de trabalho e nas organizações ................. 3.5 Ações organizacionais para diminuição do preconceito ….................. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................
8
8
8
11
19
21
26 28
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 30
5
1 INTRODUÇÃO
O mercado de trabalho, de um modo geral, está cada vez mais competitivo.
Segundo Morais (2014) é possível considerar que hoje em dia existe uma verdadeira
guerra, onde as disputas não ocorrem somente por conflitos de interesses
econômicos frutos do nosso sistema capitalista, mas principalmente pelo viés da
discriminação e do preconceito disfarçado de ideologia por parte de dos grupos
sociais dominantes da sociedade brasileira.
Santos (2019) defende que, os efeitos causados pelo abandono do homem
livre após a abolição, no período da monarquia, ainda trouxeram grandes reflexos de
desigualdades nos tempos atuais, pois, mesmo com sua liberdade garantida, pela
ação da Princesa Isabel”, conhecida pelo seu viés ideológico abolicionista a
“redentora” em 13 de maio de 1889, assinou a Lei Áurea, acabando com a
“escravidão no Brasil. Contudo, após 131 anos, depois não foram oferecidas as
condições históricas, sociais e econômicas necessária para que o antigo escravo
fosse reconhecido efetivamente como cidadão em nossa contemporaneidade.
O governo do Paraná realizou uma campanha de combate ao racismo
institucional, por meio da elaboração de um vídeo, que mostra com clareza a
perspectiva discriminatória de funcionários dos recursos humanos responsáveis pela
contratação de pessoal. O vídeo que pode ser encontrado em uma famosa
plataforma mostra a suposição que os funcionários fazem da profissão de uma
pessoa em uma foto. São mostradas duas fotos iguais para grupos de funcionários
diversos, em que a única diferença entre as duas fotos é a cor a pele do sujeito,
como pode ser visto nas imagens abaixo:
6
Fonte: imagens obtidas em https://www.youtube.com/watch?v=JtLaI_jcoDQ
Vale ressaltar que, nos dias atuais, os papéis relacionados às imagens,
propostos por funcionários da gestão de pessoas parecem ir contra os princípios
éticos e morais da sociedade. Isso faz com que as diferenças e discriminações
venham à tona. Uma maneira de expressar essa diferenciação é a visão arcaica que
a sociedade tem, onde um cidadão de pele escura ou não branco não pode ocupar
um cargo de “elite” idealizado pela sociedade ariana, onde um cidadão negro vestido
em um paletó não passa de um motorista ou mordomo e o não negro na mesma
situação seria associado a um cargo executivo. Ao analisarmos o vídeo, percebe-se
que o preconceito ainda se faz presente nas pessoas, isso se dá por uma forma de
avaliação, ou seja criou-se na sociedade um conceito de que o não branco mesmo
Figura 2: Já essa imagem o que
pode-se observar é um homem,
citado no vídeo como um
executivo.
Figura 1: Nessa imagem
podemos observar o homem bem
vestido, citado no vídeo como um
segurança de shopping ou
motorista.
7
que inserido em área profissional de igual valor do branco, não seja possível. Essa
visão anti-humanística retrata que ao ocupar um cargo de maior visibilidade e status,
o negro é considerado um intruso, uma ameaça ao equilíbrio social, uma potencial
fonte de conflito. Isso se chama racismo institucional, onde 82,6 % das pessoas
negras afirmam que a cor da pele influencia na vida profissional, negros ganham 37
% menos que os brancos, ocupando apenas 18% dos cargos de liderança, a maioria
entre os desempregados chegando a 60,6%1.
A sociedade atual está corrompida. Há anos vem mergulhando nas raízes do
preconceito e da desigualdade social. O principal fator que motiva tal feito é a
herança das mazelas sociais que se passaram ao longo de décadas em busca da
sociedade harmoniosa e perfeita. As diversas formas de preconceito institucional
que demostraremos nesse trabalho irá apresentar aos leitores as principais fontes e
motivos que incentivam tais práticas. Dessa maneira o leitor terá uma visão imparcial
do tema, ficando aberto ao seu próprio entendimento.
Este trabalho tem por objetivo apresentar uma visão da realidade do negro no
mercado de trabalho, baseados em fatos históricos relevantes e nas diferenças
salariais e de cargos entre negros e não negros. Os objetivos específicos são:
Analisar a relação entre a abolição e a entrada do negro no mercado
de trabalho.
Apresentar os principais fatores sociais que contribui para a
desigualdade, por meio do estereótipo, preconceito e discriminação.
Interpretar as desigualdades raciais no mercado de trabalho com base
em estatísticas nacionais e estaduais sobre diferenças salariais e taxas de
desempregos entre negros e não negros.
Discutir formas de combater o preconceito e a discriminação nas
organizações.
Este trabalho buscou apresentar a condição atual do negro no mercado de
trabalho, iniciando com um levantamento histórico e analisando alguns dados
estatísticos que desvelam a situação de desigualdade vivida pela população negra
no Brasil. Os principais efeitos sociais que impactaram ao longo tempo e continuam
a influenciar a desigualdade e a inserção dos afrodescendentes no meio competitivo
da lógica de mercado contemporâneo. Deste modo, para muitos, em especial para
1 Informações obtidas no vídeo supracitado.
8
os afrodescendentes, competir em um mercado preconceituoso e discriminatório,
gera certa desvantagem e torna a sua inserção no mercado de trabalho uma
trajetória muito mais complexa, pois, além de ter que demostrar a sua capacidade
técnica e qualificação profissional ainda tem o adverso que é a cor da sua pele e que
os diferenciam dos demais candidatos no mercado de trabalho. Por isso, a nossa
hipótese parte da ideia de que a ideologia preconceituosa da nossa sociedade pode
trazer obstáculos aos negros para sua inserção no mercado de trabalho brasileiro
(GUIMARÃES, 1979, p. 85).
2 METODOLOGIA
Esta pesquisa em relação aos objetivos é uma pesquisa descritiva. Para
Salomon (2010), uma pesquisa descritiva busca abordar, analisar e coordenar os
fatos com a frequência. Com relação ao procedimento esta é uma pesquisa de
revisão bibliográfica, na busca de construir uma visão de literatura. Segundo Lakatos
e Marconi (2008) trata-se de uma abordagem e seleção de bibliografia publicada
sobre o assunto em pauta. Utilizamos materiais impressos e plataformas digitais,
como os livros disponíveis da biblioteca física do CESMAC e o Google acadêmico,
para alcançar o universo proposto. Os dados foram obtidos através de palavras-
chave: racismo, mercado de trabalho, diferença salarial e organização. O intuito
com esses levantamentos citados é o de construir um caminho capaz de suscitar
uma reflexão sobre o negro no mercado de trabalho. Por possuir uma vastidão de
dados, selecionamos as publicações mais recentes, buscando, assim, alcançar uma
escrita mais objetiva.
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 A entrada do negro no mercado de trabalho
Segundo Perez-Nebra e Jesus (2011) é possível observar que durante todo o
trajeto histórico, desde o período colonial temos racismo e preconceitos de cor. Não
é à toa que cidadãos de pele escura sempre tiveram desvantagens no meio
trabalhista. Houve assim um repensar analítico da elite intelectual a respeito do
tema, abrangido um conteúdo histórico do negro, não como trabalhador alforriado, e
sim um escravo de si mesmo. Um homem livre que ao mesmo tempo seria escravo
9
de si mesmo, alforriado da senzala, porém sem liberdade de expressão de qualquer
forma, liberto das correntes, mas sem ter para onde ir. Isso são as raízes do
preconceito.
De acordo com Paiva (2012), o que marcou a trajetória do negro ao longo da
história foi o período após a abolição. Durante esse marco muitos dos ex cativos se
negavam a trabalhar, dessa forma lançavam-se na malandragem, tendo em vista a
impossibilidade de manter-se liberto os levara a retornar pra seus senhores em
busca de arrego.
Durante muitos anos, as imagens sobre escravos e libertos, construídas no século XIX, sobretudo após 1850, permaneceram quase intactas na historiografia brasileira. O mesmo ocorreu no imaginário sobre a escravidão, que ainda se faz tão presente no dia-a-dia dos brasileiros. Uma dessas verdades incontestáveis preconiza que, após serem alforriados, os antigos escravos negavam o trabalho, entregavam-se a vadiagem e depois, sem recursos e incapazes de gerenciar sua liberdade, voltavam as “fazendas” dos senhores, onde suplicavam por ajuda. As trajetórias dos libertos, na verdade, diferenciaram-se bastante desse axioma oitocentista e de cunho abolicionista, inaplicável até mesmo naquela época (PAIVA, 2012, p.5).
Ao longo da história sempre houve esse questionamento, sobre a inserção do
negro no mercado de trabalho. Para que possamos entender as dificuldades, as
discriminações e racismo para com indivíduos de pele escura, voltaremos à origem,
o período em que os negros tinham grande participação com sua mão-de-obra
escrava. Nabuco (2000) defende a ideologia de que se toda a verdade
mascarada ao longo da história fosse revelada através do depoimento daqueles que
foram oprimidos todos ficariam perplexos com tamanho absurdo que assolou o país.
Se houvesse um inquérito no qual todos os escravos pudessem depor livremente, todos os brasileiros haveriam de horrorizar-se ao ver o fundo de barbárie que existe em nosso país debaixo da camada superficial de civilização, onde quer que essa camada esteja sobreposta à propriedade do homem pelo homem (NABUCO, 2000, p. 16).
O Brasil, assim como diversos países das Américas e Europa, adotou o
sistema escravista em meados dos séculos XVI e XVII, onde eram traficados
homens, mulheres e crianças africanas que posteriormente se tornariam escravos
nos engenhos de cana-de-açúcar, nas lavoras e nas fazendas da até então Colônia
portuguesa (CHAMBOULEYRON, 2006). Essas pessoas eram mantidas cativas
submetidas a condições sub-humanas, onde, muitas vezes tratados como animais
açoitados por feitor caso não cumprissem o que lhes eram determinados.
10
Desde então esses indivíduos só tinham uma função pré-programada, a da
servidão. E até então era o que eles sabiam fazer, servir aqueles que os
maltratavam, os mesmos que os tiraram de sua terra natal, separados pela
imensidão do oceano, como cita o poeta Castro Alves, traficados em navios
negreiros para uma terra estrangeira, vendidos pelo seu próprio povo, mas o pior de
tudo, cativos de si mesmos.
A escravidão é um câncer que assolou e continua a assombrar a
humanidade desde os primórdios. Não há senso de liberdade enquanto houver
cativeiro, pois “[...] muitos entre eles, talvez mesmo a maioria deles, não conheceu
condições de vida muito favoráveis, mas, também, não voltaram flagelados aos
antigos proprietários, suplicando ajuda [...]” (PAIVA, 2012, p.5).
O que podemos indagar com essa abordagem é que o que aconteceu com os
povos libertos das senzalas é que as correntes se davam principalmente dentro do
cativeiro mental, o ex escravo em sua maioria detinha a concepção e ideologia
escravista, as marcas do passado que permanecera em sua carne, os gritos dos
seus senhores que ecoavam na sua mente recém liberta.
Guimarães (2004) retrata que os princípios a desigualdade não se trata
apenas da forma com que a sociedade integraria o negro em seu meio, e sim uma
certa preocupação com os cargos que os mesmos ocupariam, trazendo essa
perspectiva para uma realidade moderna, onde há uma preocupação da sociedade
predominante banca a contrapartida dos não brancos:
O racismo brasileiro, entretanto, não deve ser lido apenas como reação à igualdade legal entre cidadãos formais, que se instalava com o fim da escravidão; foi também o modo como as elites intelectuais, principalmente aquelas localizadas em Salvador e Recife, reagiam às desigualdades regionais crescentes que se avolumavam entre o Norte e o Sul do país, em decorrência da decadência do açúcar e da prosperidade trazida pelo café (GUIMARÃES, 2004, p.03).
Não se trata unicamente de resquícios de uma estrutura social escravocrata,
mas também da manutenção de benefícios de uma elite branca, como fica claro no
seguinte trecho:
(a) discriminação e preconceito raciais não são mantidos intactos após a abolição, mas, pelo contrário, adquirem novos significados e funções dentro das novas estruturas e (b) as práticas racistas do grupo dominante branco que perpetuam a subordinação dos negros não são meros arcaísmos do passado, mas estão funcionalmente relacionadas aos benefícios materiais e simbólicos que o grupo branco obtém da desqualificação competitiva dos não brancos (GUIMARÃES, 1979, p. 85).
11
O fato é que a sociedade criou uma ideologia de predominação racial, cuja a
perfeição seria os indivíduos arianos. Isso em seus conceitos daria certo poder para
adquirir subordinação das classes raciais distintas aos brancos. Esse fato
atravessou os séculos, chegando ao ponto de não se obter controle ou
discernimento dos princípios humanitários.
3.2 Estereótipo, Preconceito e Discriminação
Esta seção irá tratar sobre a percepção social dos homens e mulheres de
pele negra por intermédio de um conceito essencial para a Psicologia Social: a
atitude. Para que seja possível a compreensão, organização e análise das
experiências cotidianas que os seres humanos estão inseridos é preciso encontrar
uma regularidade, ou seja, uma padronização de sentidos dos objetos que estão
dispostos no mundo.
Assim, todo o tempo avaliamos e ofertamos sentido as experiências do dia-a-
dia. Desde os elementos mais ordinários - por exemplo, o que cada sujeito pensa
sobre bolo de chocolate ou como alguém deve se vestir em um casamento – até
assuntos mais polêmicos e complexos – como o que pensamos sobre as cotas
raciais em universidades. A maioria das pessoas já tem uma posição sobre estas
questões e rapidamente já pensam se são contra ou a favor, se gostam ou não.
Sobre o assunto Moehlecke (2002) mostra a seguinte reflexão:
O mais conhecido é o sistema de cotas, que consiste em estabelecer um determinado número ou percentual a ser ocupado em área específica por grupo(s) definido(s), o que pode ocorrer de maneira proporcional ou não, e de forma mais ou menos flexível. Existem ainda as taxas e metas, que seriam basicamente um parâmetro estabelecido para a mensuração de progressos obtidos em relação aos objetivos propostos, e os cronogramas, como etapas a serem observadas em um planejamento a médio prazo (MOEHLECKE, 2002, p. 199).
De modo contínuo os indivíduos assumem uma posição diante dos fatos e do
mundo que os cercam. A esta “posição” a psicologia social chama de atitude, pois:
“atitude é uma tendência psicológica que é expressa pela avaliação de uma entidade
em particular com algum grau de favor ou desfavor” (CHAIKEN, WOOD; EAGLY,
1996, p. 269 apud NEIVA; MAURO, 2011, p.172).
12
A atitude é uma predisposição, que fora aprendida na relação do indivíduo
com o social, a reagir diante de um objeto de modo consistente, seja de forma
favorável ou desfavorável (PESSOA, 2007). A atitude é composta por três
dimensões: cognitiva, afetiva e tendência a um comportamento (NEIVA; MAURO,
2011). A dimensão cognitiva se refere ao sistema de crenças que desenvolvemos, a
afetiva trata da reação emocional e, por fim, a comportamental pode ser
compreendida como a probabilidade de agir diante do objeto avaliado. Esta
organização está ilustrada na Figura 1 que trata sobre atitude e suas dimensões. Por
exemplo, partindo do objeto cabelo crespo enquanto um estímulo. As bases são
constituídas pelas experiências do indivíduo ao longo de sua história de vida.
As crenças, ou seja, a base cognitiva pode ter se construído por ouvir que
cabelo crespo é “cabelo ruim”, é feio e é sujo. O que constrói uma crença de que
esse tipo de cabelo é consequência de uma pessoa que não se cuida.
Assim, historicamente houve reações afetivas de nojo diante deste estímulo
que acarretou o comportamento de reprovar e zombar. Ou no caso de pessoas que
tem o cabelo crespo pode levar a comportamentos de eliminar o cabelo, cortando ou
fazendo alisamentos. Suponha que o sujeito desta história é o gerente de uma loja.
A história de vida faz com que o sujeito atualmente, diante do estímulo
demonstre uma resposta cognitiva (cabelo crespo não deveria existir e é resultado
de falta de cuidado, por isso irá afastar os clientes), uma resposta afetiva (que
cabelo nojento, deve ser fedido ou é feio) e uma resposta comportamental (por
exemplo, não querer que seus funcionários tenham cabelo crespo).
13
Figura 3: Atitude e suas dimensões
Fonte: (PESSOA, 2007)
Para Pérez-Nebra e Jesus (2011) os componentes da atitude podem ser
compreendidos em termos de estereótipo, preconceito e discriminação. O Quadro 1
demonstra a relação.
Tabela 1: Atitude e seus componentes
Componentes da Atitude
Resposta cognitiva Estereótipo
Resposta afetiva Preconceito
Resposta
comportamental
Discriminação
Fonte: elaborada pelo próprio autor
O estereótipo, para Pérez-Nebra e Jesus (2011), é uma crença que faz com
que os indivíduos destinem atributos aos participantes de um grupo. Estes são
formados através do meio social e das relações entre os indivíduos que compõem
uma sociedade. Assim, objetos e pessoas que participam de um mesmo grupo
devido a suas similaridades, compõem uma categoria, como por exemplo, os
cachorros da raça pitbull são comumente percebidos como agressivos.
Os indivíduos desenvolvem diante destes objetos, animais ou pessoas uma
crença sobre suas intenções, desejos e comportamentos típicos, por exemplo,
14
quando alguém se depara com um pitbull na rua, por ter a crença de que ele é
agressivo, pode sentir medo e se afastar.
Os estereótipos podem ser positivos ou negativos. O Brasil é conhecido como
o país do futebol, podemos definir isso como um estereótipo positivo que faz
despertar a atenção dos expectadores para assistir ao espetáculo e prestigiar a
qualidade dos jogadores a cada partida. A experiência no mundo faz uma separação
por grupos que possuem similaridades e atribuímos algumas crenças que são
comuns ao grupo, é uma cognição relacionada a um objeto.
Segundo Pérez-Nebra e Jesus (2011) o estereótipo é uma maneira de
agrupar os indivíduos de acordo com a similaridade formando grupos isolados
daqueles que pensam de forma adversa buscando deixar todos os costumes e
crenças separados uns dos outros.
O mesmo relaciona o que é comum a um grupo de indivíduos e assim acaba
excluindo os que são definidos como pessoas que não podem compor o grupo por
não terem competência para integrar e fazer parte das pessoas que são comuns
entre eles em relação as crenças e costumes.
Como já foi apresentado, o estereótipo é a base do preconceito. Sem ele não é possível existir o preconceito. O estereótipo é uma atribuição de crenças que se faz a grupos ou pessoas (conscientes ou inconscientes). Dessa maneira, não é possível ter um estereótipo de um jornal, mas sim de jornalistas. Etimologicamente, derivam de duas palavras gregas túpos e stereos que são traço e rígido, respectivamente (RODRIGUES, ASSMAR E JABLONSKI, 1999 apud TORRES; NEIVA, 2011, p. 223).
O fato de estereotipar não é em um primeiro plano benéfico ou maléfico,
porém, se o mesmo é ruim, significa que o objeto é dotado basicamente de crenças
negativas e degradantes. Assim, pode acarretar afetos negativos e comportamentos
de exclusão ou humilhação. Nestes casos, o estereótipo negativo pode ser
considerado um dos componentes cognitivos do preconceito e da discriminação,
porém, podemos afirmar que nem sempre que existir um estereótipo irá surgir o
preconceito.
Utilizando o estereótipo de forma eficiente e eficaz fazendo estudos
aprofundados podemos identificar entre os grupos os principais problemas
enfrentados, sua forma de pensar em relação a determinados assuntos que são
comuns para uns e problemas para outros, fazendo assim, ter um bom
relacionamento interpessoal entre todas as pessoas que formam a sociedade e não
15
apenas entre grupos isolados que foquem apenas no que eles definem como
verdade para o seu grupo. É de fundamental importância ter uma visão de tudo o
que acontece ao seu redor e fazer questionamentos antes de excluir e definir como
supérfluo o que os outros pensam e tem como verdade. Os estereótipos são
inevitáveis, mas os indivíduos devem sempre colocar em xeque as crenças que os
constroem.
O preconceito é caracterizado como a carga afetiva negativa do estereótipo.
Pode ser definido como uma visão formada de maneira antecipada sem buscar a
veracidade dos fatos, para que se tenha um conhecimento mais complexo dos
mesmos. Assim, são julgamentos ou opiniões que são formados sem a devida
atenção aos fatos que os conteste, o que pode causar uma opinião ou apreensão
desfavorável de alguém, intolerância, ou aversão a outras raças, credos.
Para se caracterizar um preconceito se faz necessário ter um afeto negativo a
uma crença ou objeto, caso contrário se caracteriza uma atitude. Ainda não foi
definido o que de fato causa o preconceito, existem algumas teorias que tentam
explicar esse fenômeno, uma delas é que o preconceito pode ser inerente da
natureza do indivíduo, outras apontam que são adquiridos do meio social e cultural
em que estes estão inseridos e formam a sua personalidade de acordo com as
crenças e costumes desse ambiente, tornando assim, um mecanismo de defesa
natural do ser humano e de interação social (PEREZ – NEBRA; JESUS, 2011).
De acordo com Perez – Nebra e Jesus (2011) o preconceito tende a ser mais
forte e difícil de ser modificado quando está calcado em valores, pois não dá espaço
para se ter um conhecimento mais aprofundado quando se trata de determinados
assuntos como religião, raças, credos e outros assuntos que estão no cotidiano da
nossa sociedade.
Para Pérez-Nebra e Jesus (2011), o principal fator que contribui para o
preconceito é o meio social e cultural onde os indivíduos se desenvolvem e
adquirem suas religiões, seus valores e formam a sua personalidade de acordo com
o meio que está inserido. O preconceito não advém da natureza humana. O mesmo
vem da condição que o indivíduo ocupa na sociedade, o princípio, o meio em que se
integra a posição social.
A discriminação é a dimensão do comportamento da atitude que é
compreendida como toda a forma de opressão social, que acarreta em racismo,
homofobia, machismo entre outros (PEREZ – NEBRA; JESUS, 2011). No Brasil a
16
discriminação é considerada crime, de acordo com a lei 7.716/89 (BRASIL, 1989),
que dispõe sobre os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, pois fere o
direito constitucional violando assim os direitos humanos, sem uma justificativa, isso
atenta para sexo, raça, idade, crença, opção religiosa, nacionalidade, etc.
Ao conceituar o termo discriminação, tem-se que ter o discernimento que
essa palavra carrega uma bagagem histórica. O período do Brasil Colonial foi o
precursor desse conceito, pois os negros encontravam-se em condições de
escravos, enquanto isso os cidadãos brancos ou não negros compunham a elite da
época. Pode-se perceber também que a origem do preconceito e da discriminação
atravessou vários períodos da história, onde a classe social quem determinava a
condição do indivíduo e sua posição na sociedade.
De acordo com Santos (2019), atualmente, os negros ainda enfrentam
grandes dificuldades, pois são vistos de forma diferente e tratados com indiferença
além de serem discriminados pela sociedade. Um dos principais fatores que
contribui para tal situação está atrelado a um contexto histórico vivenciado no
passado, que até hoje contribui de forma negativa na vida dos seus descendentes.
A colonização brasileira foi um dos períodos mais difíceis de ser enfrentado.
Os negros encontravam-se em condições desumanas, em situação de escravidão,
eram considerados como animais ou objetos dos homens brancos, era livre a
comercialização desses indivíduos muitas vezes separados das famílias e em
condição de trabalho forçado para que os seus donos pudessem explorar e desfrutar
das riquezas existentes em terras brasileiras (SOARES, 2018).
As mulheres quando não eram escravas, tinham a responsabilidade de
exercer a função de dona do lar, não interferindo na vida cotidiana. Nos dias
contemporâneos essa discriminação contra a mulher pouco mudou, para as
mulheres negras essa situação acabou se agravando um pouco mais. As mulheres
negras são as que têm a remuneração mais baixa em relação às mulheres brancas
e aos homens em geral, essa ideia surgiu nos primórdios e se estende até hoje
(SOARES, 2018).
O negro não tinha valor se comparado com o homem branco, eles eram
tratados praticamente como indigentes. A perseguição racial ainda é percebida na
sociedade moderna, devido a origem da vinda de outras etnias para o nosso país,
levando-se a entender que quem fez o país se desenvolver foi o suor e o sangue
17
das senzalas que aqui foram criadas (SANTOS, 2019). Tornando-se um grande
divisor da macroeconomia.
De acordo com Santos (2019) com a dificuldade enfrentada pelos negros no
final do século passado e no início deste, passaram a ser jogados a própria sorte em
uma sociedade dominada pela hegemonia branca, principalmente Europeus, o
mercado de trabalho favorecia que seus ocupantes possuíssem cor branca gerando
uma drástica consequência de desvalorização e ocupação subalternas das pessoas
não brancas, podemos, assim é possível observar que houve poucas mudanças nos
dias atuais onde as pessoas de cor ocupa cargos de empregados domésticos de
atividades explorarias.
Na composição da música “A carne” Seu Jorge / Marcelo Fontes Do
Nascimento S / Ulises Capelleti, expressam a carne negra como a mais barata do
mercado. Os versos da canção traz um desabafo social por parte dos compositores.
Como vivemos em uma sociedade discursiva, a música também é uma linguagem, e
nessa canção há uma linguagem da história de uma raça marcada por dores e
sofrimento, ou como diz um fragmento da canção “ E vai de graça pro sub-emprego”
A carne
A carne mais barata do mercado
É a carne negra
A carne mais barata do mercado
É a carne negra Que vai de graça pro presídio
E pára debaixo do plástico
E vai de graça pro sub-emprego
E pros hospitais psiquíatricos
A carne mais barata do mercado
É a carne negra Que fez e faz e faz história
Segurando esse país no braço, meu irmão
O cabra aqui, não se sente revoltado
Porque o revólver já está engatilhado
E o vingador eleito
Mas muito bem intensionado
E esse país vai deixando todo mundo preto
E o cabelo esticado
Mas mesmo assim, ainda guarda o direito
De algum antepassado da cor
Brigar sútilmente por respeito
18
Brigar bravamente por respeito
Brigar por justiça e por respeito (Pode acreditar)
De algum antepassado da cor
Brigar, brigar, brigar, brigar
A carne mais barata do mercado
É a carne negra, negra, negra, carne negra (Pode acreditar)
A carne negra (Grifo nosso).
Fonte: Musixmatch
Diante da letra da canção pode-se supor que em todo o período histórico, dos
tempos coloniais ou contemporâneos brasileiro há o enraizamento da inferioridade
do negro em relação ao branco, seja no campo social, cultural ou econômico
(profissional). Vale salientar que a vinda do negro ao Brasil se deu de forma
mercantil. Os negros eram comercializados como qualquer produto, uma carne de
segunda. Os mesmos eram reprimidos, discriminados, e sem dignidade. Possuíam
apenas obrigações e sua condição de objeto não permitia sua ascensão no campo
profissional.
Podemos dizer que aparentemente, só aparentemente, teríamos uma
mudança anos mais tarde com a abolição que já clamava a voz das senzalas. Com
a assinatura da lei Áurea supostamente tonaria livre os negros cativos, porem o que
aconteceu foi que, os ex-cativos foram esquecidos e abandonados, “libertos” da
opressão da senzala, porém ainda escravos da sociedade preconceituosa. O que
aconteceu de fato foi a condenação aos direitos que nunca pertenceram aos negros,
que aos poucos foram deixados para perecerem, induzidos a voltarem para seus
antigos “senhores”, eram remunerados, no entanto não deixaram a condição de
escravo, marcada ao longo do tempo.
Segundo Schwarcz (2010), baseando-se em análise de jornais do século XIX,
a escravidão finalmente cessa, contudo, a assinatura da lei não garante os direitos
aos descendentes africanos, ou muito menos aceitação da sociedade, por isso após
esse período vieram tempos difíceis, tempo esse que pode-se considerar em
vigência. Isso porque a liberdade chegara, mas de certa forma nunca se tornariam
realmente livres. Dificuldades que atravessaram a história, e até hoje tudo que se
considerava inapropriado foi riscado dos autos da história, corrompendo a verdade
com mentiras e hipocrisias que trouxeram enormes efeitos colaterais para os tempos
presentes. Conforme a ONU a:
19
Discriminação Racial significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacional com a finalidade ou o efeito de impedir ou dificultar o reconhecimento e exercício, em bases de igualdade, aos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou qualquer outra área da vida pública. (ONU, 1961, pag. 2 apud SCHWARCZ, 2010).
Partindo, pois da perspectiva das Organizações Unidas, combater a
discriminação racial é fonte de garantia da dignidade humana e também oferecer
oportunidades aos negros e demais raças e etnias um reconhecimento digno e
valorização iguais no campo social, cultural e econômico. Só, assim, é possível uma
convivência harmoniosa na vida pública.
Não há muito que se fala no Brasil em abolicionismo e partido abolicionista. A ideia de suprimir a escravidão, libertando os escravos existentes, sucedeu à ideia de suprimir a escravidão, entregando-lhe o milhão e meio de homens e que ela se achava de posse em 1871 e deixando-a acabar com eles. Foi na legislatura de 1879-80 que, pela primeira vez, se viu dentro e fora do Parlamento um grupo de homens fazer da emancipação dos escravos, não da limitação do cativeiro às gerações atuais, a sua bandeira política, a condição preliminar da sua adesão a qualquer dos partidos (NABUCO, 2000, p.3).
Para PAIVA (2012) sociedade vivia um intenso conflito social, já não era a
mesma idealizada desde o período colonial, a presença dos negros estava de certa
forma incomodando a elite branca. Como se o negro de fato fosse um intruso, sendo
que o mesmo foi retirado de sua pátria mãe.
Muitas vezes, não foi o fato de transgredirem a lei que os transformava em indivíduos indesejáveis. Em boa medida, o que causava esse incomodo era o fato de, entre eles, haver vários que, geração após geração, logravam ascender economicamente e conquistar status social e, tudo isso, com certa facilidade. Mais ainda: essas trajetórias não infringiam, pelo menos clara e abertamente, a legislação e os costumes vigentes. O mundo que os libertos construíram para si e para seus descendentes, também ele cheio de facetas, pleno de tradições preservadas, de adaptações processadas e de descontinuidades, e o que, enfim, maior desconfiança e desconforto geravam entre a camada mais rica da população. Junto a isso, claro, a mestiçagem biológica e cultural entre brancos e negros contribuía muito para que o universo dos forros viesse a ser visto pela elite branca como ameaça direta a sua hegemonia (PAIVA, 2012, p.29).
3. 3 Racismo Institucional
Para Santos (2001), racismo institucional é qualquer tipo de transgressão que
de use de forma de desigualdade baseada em raça que pode surgir em instituições
20
como órgãos públicos governamentais, empresas e universidades públicas e
privadas a fim de denegrir e ferir o direito das pessoas, diminuindo as mesmas.
Segundo Morais (2014) há um conjunto de fatores que contribuem para o
racismo dentro das instituições. Essas condições acabam causando graves danos,
principalmente partindo da violência moral contra o indivíduo, onde o mesmo é
exposto a situações de constrangimento e diferença de tratamento.
Desta forma, podemos ver a organização como um palco onde se manifesta integralmente o racismo. Percebe-se mais claramente o racismo institucional, que se reflete no próprio perfil demográfico das organizações. Mas há também o racismo no nível interpessoal, que se manifesta na convivência entre colegas, através de situações de violência moral e constrangimento, e da negação da diferença de tratamento (GELEDÉS INSTITUTO DA MULHER NEGRA, 2013; SEGATO, 2005 apud MORAIS, 2014, p.19).
De acordo com SILVÉRIO (2002) o racismo tem por sua maioria no âmbito
institucional, onde se cria uma ideia de superioridade, pois desde a chegada do
negro no Brasil, o mesmo desempenhou funções subalternas, sendo expostos a
todos os tipos de juízos, geralmente de natureza negativa e pejorativa.
Acredito que as discriminações e os racismos são componentes essenciais na conformação da sociedade brasileira e operam menos no plano individual e mais no plano institucional e estrutural. Retomando o pressuposto que toda desigualdade se estrutura a partir de um juízo de superioridade, aparentemente os negros, desde que foram trazidos para as terras brasileiras, estiveram submetidos a todo tipo de juízos, normalmente negativos e pejorativos, sobre sua condição de diferente no plano sociocultural. Assim, o modo como as diferenças naturais e culturais são construídas socialmente, na forma de desigualdades sociais, torna-se um problema científico e político nas sociedades contemporâneas multirraciais (SILVERIO, 2002, p.223).
O fato é que a sociedade se acostumou a condição que o negro ocupa nela,
isso gera enormes conflitos político-sociais dificultando assim uma retificação dessa
condição que a tempos vivem em nosso país.
Souza (2010) acredita que o atualmente é conhecido como racismo
institucional, outrora se tratava da origem, o colonialismo. Com a influência dos
movimentos de descolonização de países africanos e asiáticos houve a comparação
de que o racismo estaria ligado as práticas coloniais.
A noção de Racismo Institucional foi fundamental para o amadurecimento teórico político do enfrentamento do racismo. Ao fazer referência aos obstáculos não palpáveis que condicionam o acesso aos direitos por parte de grupos vulnerabilizados, o conceito de Racismo Institucional refere-se a
21
políticas institucionais que, mesmo sem o suporte da teoria racista de intenção, produzem consequências desiguais para os membros das diferentes categorias raciais (REX, 1987, p. 185, apud SOUZA, 2010, p. 79).
Para Rex (1987 apud SOUZA, 2010) o que se entende por racismo
Institucional é a forma em que o indivíduo está condicionado, ao serem tratados
como desiguais por meio de políticas públicas que os conduz a condição de
desigualdade.
3. 4 Desigualdades Raciais no mercado de trabalho brasileiro
Atualmente, pode-se perceber com facilidade que existe uma grande
desigualdade racial presente em nossa sociedade. Algumas pessoas conseguem
obter vantagens em relações a outras por conta de sua etnia. Essas diferenças tem
uma grande influência no mercado de trabalho e é de fato onde acontece a
eficiência da discriminação, dificultando o ingresso de pessoas que são julgadas de
forma superficial pelo que a sociedade diz que ela é e não por suas habilidades e
competências.
Infelizmente, não basta ser somente qualificado, o indivíduo deve ter a
aparência “perfeita” para a sociedade e para o mundo competitivo dos negócios.
Diante, dessa exigência de perfeição, no campo da aparência, cujas padronizações
estéticas são permeadas por padrões brancos, fica difícil ou por que não dizer
impossível um negro conseguir um lugar de destaque profissional.
O fato é que o negro jamais conseguirá competir de igual para igual com um
cidadão branco no mercado de trabalho ou na própria sociedade de maneira geral.
Para ilustrar o que acabamos de descrever leiamos a letra da música dos
RACIONAIS MC’s, Intitulada: A vida é desafio, escrita nos anos noventa. A letra da
música diz o seguinte:
"tem que acreditar.
Desde cedo à mãe da gente fala assim:
'filho, por você ser preto, você tem que ser duas vezes melhor.'
Aí passado alguns anos eu pensei:
Como fazer duas vezes melhor, se você tá pelo menos cem vezes atrasado
pela escravidão, pela história, pelo preconceito, pelos traumas, pelas
psicoses... por tudo que aconteceu? duas vezes melhor como ?
Ou melhora ou ser o melhor ou o pior de uma vez.
E sempre foi assim.
22
Você vai escolher o que tiver mais perto de você,
O que tiver dentro da sua realidade.
Você vai ser duas vezes melhor como?
Quem inventou isso aí?
Quem foi o pilantra que inventou isso aí ?
Acorda pra vida rapaz"
Sempre fui sonhador, é isso que me mantem vivo,
Quando pivete meu sonho era ser jogador de futebol, vai vendo.
Mas o sistema limita nossa vida de tal forma
Que tive que faze minha escolha, sonhar ou sobreviver.
Os anos se passaram e eu fui me esquivando do ciclo vicioso
Os versos da canção descrevem basicamente e diretamente a situação que
os negros passam numa sociedade, preconceituosa e racista. Os RACIONAIS MC’s
nos fazem pensar como ser melhor se estamos cem vezes atrasados, atrasados
pelo preconceito que ao longo da história mancha a nossa história.
O mesmo preconceito descrito na canção, também emerge do nosso cenário
político, a discriminação em querer tratar negros como diferentes. Vivemos em uma
sociedade extremamente racista, uma sociedade que acredita na soberania ariana,
tal como nos modelos que Hitler tanto falava em seus discursos de ódio e que
causaram tanto sofrimento as outras raças e etnias.
Os negros encontram uma grande dificuldade de ingressar em cargos de
maior hierarquia nas organizações, para exercer suas atividades. Geralmente eles
exercem trabalhos braçais, que exige um maior esforço físico caracterizando o
histórico da época dos escravos, ou seja, reservando-se a esse grupo étnico o papel
pior, e menor remuneração e projeção social (SOARES, 2018).
Uma análise comparativa entre etnias e raças em relação ao mercado de
trabalho nas grandes metrópoles do Brasil mostra com clareza a exclusão ou
inclusão social de grupos excluídos da sociedade, como pode ser visto no Gráfico 1
(SOARES, 2018).
23
Fonte: (SOARES, 2018, p.28).
Percebe-se que as mulheres negras se deparam com maiores dificuldades
para entrar no mercado de trabalho em relação as mulheres não negras e aos
homens em geral. Se realizado um coorte exclusivamente de raça, a população
negra se encontra em maiores níveis de desemprego que a não-negra,
independente de gênero. O gráfico mostra a relação de desemprego em homens e
mulheres/ negros e não-negros em regiões metropolitanas do Brasil.
Apesar do crescimento quantitativo de negros no mercado de trabalho,
percebe-se uma diferença salarial quando comparado com os não-negros, conforme
pode ser observado na Tabela 1.
0
5
10
15
20
25
30
Distrito Federal Fortaleza Porto Alegre Salvador São Paulo
Gráfico 1- Taxas de Participação e Desemprego Total segundoCor e sexo. Região Metropolitana- 2016
Mulheres Negras Homens Negros Mulheres não Negras Homens nãoNegros
24
Tabela 2: Proporção de negros na população ocupacional e rendimentos hora dos
ocupados negros e não negros. Regiões metropolitanas. Biênio 2011-2012.
Regiões
Metropolitanas
Proporção de
negro na
população
ocupada
Rendimentos/hora (Em R$ de junho de 2013)
Negros Não negros Negros/Não
negros
Belo Horizonte 64,0 7,68 10,98 69,95
Distrito
Federal
68,6 11,32 17,35 65,24
Fortaleza 75,6 5,47 7,23 75,66
Porto Alegre 11,9 6,61 9,29 71,15
Recife 70,2 5,26 8,07 65,18
Salvador 89,2 5,89 9,84 59,86
São Paulo 34,0 6,96 11,40 61,05
Total 48,2 6,83 10,69 63,89
Fonte: (SOARES, 2018).
Os negros possuem uma maior participação na estrutura produtiva, porém, a
remuneração se mostrou inferior aos não-negros. O Distrito Federal possui a maior
discrepância salarial, em que o negro recebe 11,32 por hora, enquanto o não negro
recebe 17,35 por hora.
A realidade de Alagoas é retratada em uma pesquisa realizada por Santos
(2019) que busca analisar os prováveis fatores determinantes das práticas de
discriminação racial no mercado de trabalho no estado de Alagoas.
Nesta pesquisa os dados foram baseados em informações retiradas de
Santos (2019) onde foi apresentado a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílio (PNAD) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). A Tabela 2, localizada baixo, tem por objetivo expor uma análise da
realidade encontrada no mercado de trabalho alagoano, tornando evidentes as
diferenças salariais entre gêneros e raças.
25
Tabela 3: Estatísticas descritivas das variáveis em Alagoas no ano de 2014.
Variáveis Não
Branc
os
Branc
o
Mulher
es
Homens
Média SD Média SD Média SD Média SD
Rendiment
os
970,5 1474,1
1
1339,3
4
2068,4
5
963,52 1474,1
1
1135,4
4
1613,6
7
Educação 7,95 0,33 9,83 4,61 9,87 0,28 7,65 4,63
Sexo 0,64 0,03 0,61 0,49 0,00 0,00 1,00 0,00
Emprego
Formal
0,57 0,03 0,64 0,48 0,57 0,02 0,61 0,49
Industria 0,06 0,01 0,10 0,35 0,03 0,01 0,09 0,33
Comércio
e serviços
0,31 0,02 0,30 0,46 0,44 0,02 0,22 0,42
Social 0,12 0,01 0,14 0,35 0,26 0,01 0,05 0,21
Fonte: SANTOS (2019)
De acordo com a análise realizada, pode-se perceber que há uma grande
distância monetária sobre os rendimentos salariais entre homens e mulheres,
podendo ser ainda maior entre brancos e não brancos.
Os brancos ocupam os cargos hierárquicos mais altos e com um maior status
social, com remuneração superior e também um maior conhecimento intelectual. Um
dos fatores que contribui parra essa situação existente no estado de Alagoas de
diferenças, é que os não brancos começam a trabalhar mais novos do que os
brancos, adquirindo assim uma experiência maior do que os brancos, porém, em
cargos de trabalho braçal e pesado. Os números apresentados mostram que o
branco tem um índice de formalidade no mercado de trabalho maior do que as
pessoas de cor, tendo os seus direitos assegurados.
A maior participação dos brancos está na área industrial e social, já os demais
são responsáveis na comercialização do que foi planejado e produzido nas
indústrias ou prestam serviços. A comparação entre gêneros mostra que as
mulheres enfrentam uma grande discrepância nas remunerações quando é feita
uma comparação com as dos homens. Mesmo que esses tenham um menor nível
26
educacional. Elas têm um maior índice de informalidade, e tem maior atuação no
comercio, serviços e social.
3.5 Ações organizacionais para a diminuição do preconceito
Perez-Nebra e Jesus (2011) sustentam que o preconceito e a discriminação
são problemas que estão presentes no nosso mercado de trabalho que acabam
contribuindo de forma negativa no desenvolvimento dos colaboradores, que além
das suas responsabilidades ainda tem que saber lidar com assas situações que
causam constrangimentos e até mesmo afetam a vida pessoal dos indivíduos que
enfrentam esse tipo de problema.
Como já foi apontado, é preciso a existência de estereótipos para que
posteriormente venha a surgir o preconceito e a discriminação. Quando presente
uma situação assim, é de fundamental importância que seja trabalhado alguns
mecanismos com o objetivo de eliminar essa indiferença entre as pessoas. Para que
se possa reduzir e tornar o ambiente de trabalho em um local onde as pessoas
sintam-se bem para exercer as suas atividades de forma eficiente e eficaz. Se faz
necessário reduzir ao máximo possível os estereótipos que os colaboradores
adquiriram no meio social onde vivem.
Uma das formas de reduzir o preconceito e a discriminação é o
estabelecimento de objetivos que necessite que os colaboradores trabalhem de
forma sinergética onde o resultado do toda é maior que a soma das partes e
alcancem chegar a um resultado satisfatório com a colaboração de todos.
[...] sob o enfoque comportamental, essa poderia se dar pela evitação de reforço do estímulo. Os resultados experimentais encontrados demonstram sucesso na extinção de estereótipos. Nesse sentido, para mudar o comportamento, é preciso evitar o reforço quando ele ocorre. Sob o enfoque social, quando a “tradição”, como reforçadora dos estereótipos em sociedades tradicionalistas, se enfraquece acompanhada por atitudes de reflexão, é possível incitar a formulação autônoma de escolhas, além dos estereótipos. (TORRES; NEIVA, 2011, pag.232).
Percebe-se que o preconceito está ligado de forma íntegra a nossa cultura
por questões tradicionais. A discriminação é um fator que sobreviveu a diversas
passagens da história. Isso fez com que fosse passado de geração em geração o
conceito de o não negro ser uma raça soberana aos demais. Essa ideologia voltada
27
ao âmbito organizacional tornou-se um paradigma muito longe de ser quebrado. É
preciso uma grande formulação na maneira de lidar com preconceitos, para então
conseguir êxito nessa integração.
O valor organizacional é de grande relevância, define uma direção comum
para todos os trabalhadores de uma empresa e influenciam fortemente o
comportamento organizacional, constituem o componente fundamental da identidade
de uma instituição. As normas, papéis e os valores contam entre os principais
componentes de uma organização. Enquanto as normas expressam expectativas e
os papéis prescrevem e define formas de comportamentos, os valores atuam como
elementos integradores, já que eles são compartilhados pelo grupo. Apesar da
importância no âmbito organizacional. Por isso, é fundamental que as organizações
englobem em seus valores componentes antirracistas para que assim reflitam nas
práticas cotidianas de seus colaboradores.
O que deve ser feito a respeito do tema para diminuição do preconceito
organizacional é:
Realizar pesquisar de cunho prático, ou seja, ações efetivas;
Trabalhar a necessidade da implementação e reconhecimento dos direitos
humanos como base de conscientização social e garantia e cumprimento das
leis que o regem;
Traçar objetivos onde as atividades sejam executadas de forma que haja
sinergia e um bom relacionamento interpessoal entre os colaboradores;
Eliminar a discriminação no recrutamento e seleção de pessoas.
A principal maneira de se encarar o preconceito é primeiramente cada pessoa
tentar conviver com as diferenças, não se admite em pleno século XXI manter
relações de desigualdade de qualquer natureza, seja no meio profissional ou na vida
de uma forma geral, há necessidade de se combater, te riscar arrancar essa página
de nossa história.
Para Moehlecke (2002) as ações afirmativas foram criadas para se combater
o racismo. O termo tem origem nos EUA nos anos 60, onde o movimento liberalista
tem por objetivo reivindicar direitos civis e principalmente de igualdade de
oportunidades iguais.
No período, começam a ser eliminadas as leis segregacionistas vigentes no país, e o movimento negro surge como uma das principais forças atuantes, com lideranças de projeção nacional, apoiado por liberais e progressistas
28
brancos, unidos numa ampla defesa de direitos. É nesse contexto que se desenvolve a ideia de uma ação afirmativa, exigindo que o Estado, para além de garantir leis antissegregacionistas, viesse também a assumir uma postura ativa para a melhoria das condições da população negra (MOEHLECKE, 2002, p. 198).
Com quase 40 anos de experiência nos EUA, a implantação foi uma boa
oportunidade para se observar os resultados em longo prazo, porém não ficaram
exclusivamente restritos aos norte-americanos, vários outros países também adotam
as medidas. Moehlecke (2002) defende que as ações afirmativas tiveram uma
variação de seu público alvo abrangendo grupos de minoria étnicas, raciais e
mulheres, em que “ as principais áreas contempladas são o mercado de trabalho,
com a contratação, qualificação e promoção de funcionários; o sistema educacional,
especialmente o ensino superior; e a representação política” (p. 199).
Antônio Sérgio Guimarães (1997), citado por Moehlecke (2002), acredita que
a justificativa da política que visa representar os grupos inferiorizados da sociedade
afim de conferir-lhes direitos econômicos e bens se explica da seguinte forma:
Antônio Sergio Guimarães (1997) apresenta uma definição da ação afirmativa baseado em seu fundamento jurídico e normativo. A convicção que se estabelece na Filosofia do Direito, de que tratar pessoas de fato desiguais como iguais, somente amplia a desigualdade inicial entre elas, expressa uma crítica ao formalismo legal e também tem fundamentado políticas de ação afirmativa. Estas consistiriam em promover privilégios de acesso a meios fundamentais de educação e emprego, principalmente a minorias étnicas, raciais ou sexuais que, de outro modo, estariam deles excluídas, total ou parcialmente (GUIMARÃES, 1997, p.233 apud MOEHLECKE, 2002, p. 200).
Pode-se observar que, a forma em que se tenta injetar que o desigual é de
certa forma igual, tende a ampliar a desigualdade entre os mesmo. O fato é que a
não aceitação da diferença gera esse conflito social. O que deve ser tratado de
forma igualitária são as oportunidades, que até então favorecem um seleto grupo
étnico que se autodenomina superior.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo apresentar a condição atual do negro no
mercado de trabalho diante de uma sistemática histórica que sempre desfavoreceu
os mesmos. Este objetivo foi cumprido por meio de uma discussão histórica que
sustenta as formas de preconceito e discriminação no mercado de trabalho atual.
29
Tais práticas discriminatórias foram avaliadas ou discutidas por meio das diferenças
salariais e dificuldades para os negros ocuparem cargos com maior status social
dentro de uma organização.
Conforme apresentado em pesquisas estatísticas foi possível identificar que,
ainda há diferenciação e favorecimento a indivíduos não negros, constituindo, um
paradigma social ainda distante de ser quebrado e adotar um novo modelo a ser
seguido.
Se hoje o mundo está impregnado com essas práticas discriminatórias que se
arrastam ao longo do tempo, cabe às organizações buscarem alternativas que
combatam tais práticas tão arcaicas que assolam a nossa história. Os efeitos
colaterais causados pelo abandono do ex escravo que apesar da assinatura da lei
que os libertaram não garantiu direitos, pelo contrário os lançou a própria sorte.
30
REFERÊNCIAS
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