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UNIPACUNIVERSIDADE
PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS
Faculdade de Medicina
7º período
Disciplina de Saúde MentalProf.: Daniel Bosi
Deficiência Mental Critério diagnósticos do DSM-IV:
Funcionamento intelectual significativamente inferior à média (QI igual ou < 70)
Déficits ou prejuízos no funcionamento adaptativo atual (avaliar idade e grupo cultural) em pelo menos 2 das seguintes áreas: habilidades sociais/interpessoais, utilização de recursos da comunidade, independência, habilidades acadêmicas, trabalho, lazer, saúde e segurança
Início anterior aos 18 anos de idade
Deficiência Mental Considerações importantes:
Não se trata de uma condição homogênea
Avaliação das habilidades intelectuais pode ser representada pelo QI, mas a inteligência não é um traço único
Inteligência envolve: memória, vocabulário, pensamento conceitual, cálculos, percepção de padrões e associação de conceitos
Diretrizes: enfatizar o comprometimento das habilidades adaptativas como critério-chave para diagnóstico
Epidemiologia: taxas de prevalência de 1 a 3% da população
Deficiência Mental - etiologia Cromossômica:
Síndrome XXY (síndrome de Klinefelter) Trissomia do 21 (síndrome de Down) Trissomia do 18 Trissomia do 13 Síndrome do X frágil
Mendeliana : Acrocefalossindactilia (síndrome de Apert): dominante
Neurofibromatose (doença de von Recklinghausen): dominante
Mucopolissacaridose do tipo I (síndrome de Hurler) autossômico recessivo
Mucopolissacaridose do tipo II (síndrome de Hunter): recessivo ligado ao X Outros erros inatos do metabolismo
Deficiência Mental - etiologia Exposição pré-natal:
Síndrome alcoólica fetalSíndrome hidantoínica fetalRubéola
Exposição pós-natal:Síndrome do bebê sacudidoKernicterus (encefalopatia bilirrubínica)Meningite
Deficiência Mental – sinais e sintomas Depende da gravidade da doença:
Graves: atraso no desenvolvimento neuropsicomotor Moderada: desenvolvimento normal dos 2 aos 4 anos de
idade Leve: problemas identificados em contexto escolar
(incapazes de desenvolver atividades esperadas para idade)
Face de aparência sindrômica (Down e síndrome alcoóliva fetal, etc)
Alterações nos exames de testagem psicológica (avaliação do QI)
Deficiência Mental – exames de laboratório e imagem Exames metabólicos/endócrinos:
Fenilcetonúria, hipotireoidismo, galactosemia, outros erros inatos do metabolismo
Análise cromossômica:Portadores de anomaliasForte histórico familiar de deficiência mental (ex. síndrome
do X frágil)
Exames de imagem cerebralIndicados se exame neurológico for sugestivo de má
formação ou lesão do SNC
Deficiência Mental – diagnóstico diferencial Ambiente adverso:
Privação, negligência, abuso Frequentemente melhoram quando acolhidas em ambiente favorável
Comprometimento sensorial: Deficiência visual ou auditiva Fazer compensações pelo déficit sensorial
Comprometimento motor: Provoca atrasos no desenvolvimento Comprometimento oral: paralisias cerebrais
Transtornos psiquiátricos: Transtornos globais do desenvolvimento
Deficiência Mental - tratamento Incrementar ao máximo o potencial dos portadores
Educação especial
Tentar manter em escola regular
Psicoterapia familiar
Tratamento farmacológico: pode ser necessária para indivíduos com graves alterações de comportamento: Autolesivos, agressivos, agitação psicomotora
Deficiência Mental – prognóstico e curso da doença Grau de comprometimento vai se revelando a medida
que se espera que a criança adquira habilidades mais complexas
Curso depende da capacidade inata e qualidade do ambiente doméstico, da escola e comunidade
Antigamente: excesso de institucionalização (restringia desenvolvimento)
Atualmente: crescimento junto à família (melhores expectativas)
Deficiência Mental - prognóstico Atividades mais simples – deficiência grave:
Fazer higiene e vestir-se sozinhoBeber de uma xícara sem ajudaComer utilizando talheresConduzir uma conversa simplesSeguir comandos de uma única etapaChamar 2 pessoas pelo nomeEscolher roupas adequadasManter amizadesReconhecer sinais de trânsitoAgir adequadamente com estranhos
Deficiência Mental - prognóstico Atividades de complexidade média –
deficiência moderada:Não se perder em locais desconhecidosUsar chave para abrir e fechar portasIndicar sintomas verbalmenteProgramar atividades diáriasAntever perigosDizer as horasUtilizar telefone públicoLavar as próprias roupas
Deficiência Mental - prognóstico Atividades de maior complexidade –
deficiência leveDar trocoUtilizar transportes coletivos de maneira
independenteAcompanhar o noticiário nacionalCozinhar sem supervisão
Transtornos globais do desenvolvimento Diversas condições com diferentes graus de
comprometimento e desvio do desenvolvimento intelectual, da linguagem, das habilidades de comunicação, da competência social, associado a comportamentos e interesses estereotipados
Classificação:Transtorno autistaTranstorno de RettTranstorno desintegrativo da infânciaTranstorno de AspergerTranstorno global do desenvolvimento SOE
Transtorno Autista –critérios diagnósticos Pelo menos 2 itens de comprometimento qualitativo da
interação social:
Comprometimento acentuado da utilização de múltiplos comportamentos não verbais (contato visual direto, expressão facial, posturas corporais, gestos para regular interação social)
Incapacidade de desenvolver com seus pares relacionamentos próprios
Falta de tentativas espontâneas de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas (por exemplo, não mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse)
Transtorno Autista –critérios diagnósticos Pelo menos 1 item de comprometimento qualitativo da
comunicação:
Atraso ou total ausência do desenvolvimento da linguagem falada (não acompanhado por tentativa de compensar por gestos ou mímica)
Em indivíduos com fala adequada, acentuado comprometimento em iniciar ou manter uma conversação
Uso estereotipado e repetitivo da linguagem ou linguagem idiossincrática
Ausência de jogos ou brincadeiras de imitação social variados e espontâneos, próprios para seu nível de desenvolvimento
Transtorno Autista –critérios diagnósticos Pelo menos 1 item de padrões restritivos ou repetitivos
de comportamento, interesse e atividades: Preocupação insistente com um ou mais padrões
estereotipados e restritos de interesse, anormais em termos de intensidade ou foco
Adesão inflexível a rotinas ou rituais específicos e não-funcionais
Maneirismos motores estereotipados e repetitivos (agitar ou torcer as mãos ou os dedos, movimentos complexos de todo corpo)
Preocupação persistente com partes de objetos
Transtorno Autista –critérios diagnósticos Atraso ou funcionamento anormal em pelo
menos 1 das seguintes áreas, com início antes dos 3 anos de idade: interação social, linguagem destinada à comunicação social e jogos imaginativos ou simbólicos
A perturbação não é melhor explicada por transtorno de Rett ou transtorno desintegrativo da infância
Transtorno Autista – etiologia Concebido como transtorno biológico de etiologia diversificada
Evidências de disfunção cerebral e associação com condições neurológicas
Problemas orgânicos em 28 a 49% dos indivíduos
Transtornos convulsivos em 11 a 42% dos indivíduos (> prevalência em funcionamento mais baixo)
> frequência de complicações pré-natais ou perinatais
Deficiência básica: incapacidade de reconhecer e compreender que as outras pessoas tem estados mentais e modificar o próprio pensamento de acordo (teoria fraca da mente)
Transtorno Autista – etiologia Principais condições neurobiológicas
associadas ao transtorno autista:Rubéola congênitaCitomegalovírusEpilepsiaSíndrome do X frágilEncefalite herpéticaSíndrome de MoebiusNeurofibromatoseFenilcetonúriaEsclerose tuberosa
Transtorno Autista – etiologia Genética:
Fortes evidências do envolvimento de fatores genéticos
associação com transtornos de etiologia genética conhecida
Prevalência entre irmãos: 2 a 3% (50 vezes maior)
Concordância entre gêmeos monozigóticos (36 a 96%) e dizigóticos (0 a 24%)
Comprometimentos cognitivos, de linguagem e sociais encontrada nas famílias
Propostos diversos modelos hipotéticos de transmissão genética
Transtorno Autista – epidemiologia 1 em 1000 crianças
Distribuído igualmente entre todos os níveis sócio-econômicos
Proporção masculino:feminino de 3:1
Sexo feminino: afetado mais gravemente, com funcionamento intelectual inferior, e maiores evidências de comprometimento neurológico
Transtorno Autista – quadro clínico Déficit social:
Característica central do transtorno autista
Com outras crianças: falta de interesse, incapacidade de brincar em cooperação, incapacidade de fazer amigos
Dificuldade em imitar movimentos corporais e para utilizar objetos
Déficit no contato visual: sintoma precoce
Déficit no reconhecimento e utilização de afeto (sorriem menos em resposta a sorrisos)
Expressões afetivas incomuns e dificuldade com empatia
Procuram mais apego materno
Transtorno Autista – quadro clínico Comprometimento da linguagem e comunicação:
50% não conseguem desenvolver uma linguagem falada funcional
Atraso e padrões desviantes de desenvolvimento
Linguagem incomum: ecolalia, inversão pronominal, linguagem repetitiva, uso idiossincrático de palavras e expressões e prosódia anormal (excentricidades no timbre da voz, na modulação, na velocidade e no ritmo da fala)
Transtorno Autista – quadro clínico Comprometimento da linguagem e comunicação:
Déficit nos aspectos pragmáticos da linguagem: capacidade de utilizar a fala e os gestos de maneira comunicativa e socialmente adequada
Alterações comuns: linguagem pedante, conversação unilateral, dificuldade em utilizar e compreender expressões faciais ou gestos e tendência a perseverar em determinados assuntos
Incapacidade de desenvolver atenção conjunta: teoria fraca da mente
Transtorno Autista – quadro clínico Atividades e interesses restritos:
Estereotipias motoras: agitar os braços ou mãos, balançar a cabeça e o tronco e girar
Anormalidades sensoriais: hiporreatividade, hipervigilância e elevação da sensibilidade
Brincadeiras menos diversificadas, menos funcionais (girar, sacudir ou rodopiar brinquedos)
Hábitos e rotinas repetitivas, interesses perseverantes
Transtorno Autista - diagnóstico Testagem psicológica: 70 a 80% tem
algum grau de deficiência mental
Exames de imagem:↑ dos ventrículosAnormalidades cerebelares↓ do tronco cerebral
EEG: anormais em 32 a 43%
Transtorno Autista - tratamento Não existe cura para o transtorno
autista
Objetivos:Promover habilidades sociais,
comunicativas e adaptativas↓ comportamentos desadaptados (rigidez e
estereotipias)Aliviar estresse familiar
Transtorno Autista - tratamento Condutas efetivas (instituição precoce):
Ambiente estruturado de aprendizagem
Programação especializada, individualizada e com base no desenvolvimento
Utilização de crianças de mesma idade não-incapacitadas como agentes de intervenção
Utilização de técnicas comportamentais para aquisição de novas habilidades
Envolvimento dos pais no tratamento da criança
Transtorno Autista - tratamento Psicofarmacologia:
Não rotineiro, mas pode ser útilAntipsicóticos: agitação, hiperatividade,
agressividade e estereotipiasAntidepressivos: comportamento
compulsivo e repetitivoPsicoestimulantes: desatenção e
hiperatividade em indivíduos de funcionamento mais elevado
Transtorno de Rett Quadro clínico:
Desenvolvimento normal nos primeiros meses
Desaceleração do crescimento do perímetro cefálico (5 aos 48 meses)
Perda de habilidades manuais, e surgimento de estereotipias
Perda do envolvimento social
Descoordenação de marcha ou dos movimentos do tronco
Grave comprometimento do desenvolvimento da linguagem expressiva e receptiva
Exclusivo em meninas (mutação autossômica dominante ligada ao X)
Transtorno Desintegrativo da Infância – quadro clínico Desenvolvimento normal no 1° e 2° anos de vida:
Presença de comunicação verbal e não-verbal, relacionamentos sociais, jogos e comportamento adaptativo
Perda clinicamente significativa de habilidades já adquiridas nestas áreas: Linguagem expressiva ou receptiva Habilidades sociais ou comportamento adaptativo Controle intestinal ou vesical Jogos Habilidades motoras
Comprometimento na interação social
Padrões restritivos e estereotipados de comportamentos interesses e atividades
Transtorno raro
Transtorno de Asperger – quadro clínico Comprometimento qualitativo da interação social:
Prejuízo em comunicação não-verbal (contato visual direto, expressão facial, posturas corporais e gestos)
Incapacidade de desenvolver relacionamentos próprios com crianças da mesma idade
Ausência de tentativas espontâneas de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas
Ausência de reciprocidade social ou emocional (egocentrismo, incapacidade de perceber o que os outros sentem)
Seguem regras rígidas e formais de comportamento para lidar com as situações sociais
Transtorno de Asperger – quadro clínico Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de
comportamento, interesse e atividades:
Preocupação insistente com um ou mais interesses, anormais em termos de intensidade ou foco
Adesão inflexível a rotinas e rituais específicos e disfuncionais
Maneirismos motores estereotipados e repetitivos (dar pancadinhas ou torcer as mãos e os dedos ou movimentos complexos de corpo inteiro)
Preocupação insistente com partes de objetos
Enfatizam memória de repetição: reúnem muitas informações acerca de um tópico específico
Transtorno de Asperger – quadro clínico Ausência de atraso no desenvolvimento da linguagem:
Comunicação formal, pedante, digressiva, tangencial, circunstancial e pomposa
Dificuldade em mudar de assunto Prosódia excêntrica (variação restrita de entonações) Peculiaridades no tom de voz Interpretação equivocada de metáforas Ausência de humor
Falta de destreza motora: Movimentos desajeitados Marcha rígida Posturas estranhas e excêntricas
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