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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
Título: ANÁLISE DAS CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DO FLUXO MIGRATÓRIO NO
NORTE PARANAENSE NAS DÉCADAS DE 1950 A 1980.
Autor MARIA ARLETE SELICANI PEDRO
Escola de Atuação Colégio Estadual Tomaz Edison de Andrade Vieira
Ensino Fundamental e Médio.
Município da escola Maringá
Núcleo Regional de Educação Maringá
Orientador Prof. Dr. Ângelo Priori
Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Maringá.
Disciplina/Área (entrada no PDE) História.
Produção Didático-pedagógica Material Didático: CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DO
FLUXO MIGRATÓRIO NO NORTE PARANAENSE NAS
DÉCADAS DE 1950 A 1980.
Relação Interdisciplinar
(indicar, caso haja, as diferentes
disciplinas compreendidas no
trabalho)
Geografia e História do Paraná
Público Alvo
(indicar o grupo com o qual o
professor PDE desenvolveu o
trabalho: professores, alunos,
comunidade...)
Alunos da Terceira Série do Ensino Médio
Localização
(identificar nome e endereço da
Colégio Estadual Tomaz Edison de Andrade Vieira
Ensino Fundamental e Médio.
2
escola de implementação) Rua das Tipuanas, 621 - Maringá - PR, 87060-130
(0xx)44 3259-1415
Apresentação:
(descrever a justificativa, objetivos
e metodologia utilizada. A
informação deverá conter no
máximo 1300 caracteres, ou 200
palavras, fonte Arial ou Times
New Roman, tamanho 12 e
espaçamento simples)
Nosso objetivo é analisar a contribuição da migração no
Estado do Paraná particularizando a forma pela qual
esse processo se deu, considerando a influência na
agricultura, construção civil, elaboração de políticas de
desenvolvimento econômico, e conseqüentemente o
surgimento das cidades. Neste trabalho buscamos uma
análise da mobilidade da população suas origens, o fluxo
migratório, suas características e, como conseqüência o
ritmo do crescimento demográfico, como esta população
se distribuiu no campo e na cidade nas décadas de 1950
e 1980. A migração teve um papel relevante nesse
processo e, portanto, buscaremos conhecer o valor da
contribuição dos migrantes na colonização do Paraná.
Diferentes culturas foram surgindo a partir dos
conhecimentos trazidos pelos migrantes que buscaram
na região a prosperidade principalmente através da
atividade cafeeira. Neste sentido o trabalho se justifica
na medida em que busca resgatar a história dos
migrantes que enfrentaram dificuldades imediatas com
relação a adaptação nesta região, falta de referência
cultural, e por outro lado trazendo consigo expectativas
de vencer e atingir os objetivos traçados na busca de
uma vida melhor, mais segura e conseqüente um futuro
promissor.
Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Mobilidade populacional; relações sócio culturais;
capitalismo mercantil e industrial, fronteira agrícola e
ocupação urbana.
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MATERIAL DIDÁTICO
IDENTIFICAÇÃO
PROFESSOR PDE: MARIA ARLETE SELICANI PEDRO
ÁREA PDE: HISTÓRIA
NÚCLEO: MARINGÁ
ESCOLA: COLEGIO ESTADUAL TOMAS EDISON DE ANDRADE VIEIRA – ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO.
PROFESSOR ORIENTADOR: Prof. Dr. Ângelo Priori
TEMA DE ESTUDO DO PROFESSOR PDE
CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DO FLUXO MIGRATÓRIO NO NORTE
PARANAENSE NAS DÉCADAS DE 1950 A 1980.
TÍTULO:
ANÁLISE DAS CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DO FLUXO MIGRATÓRIO NO
NORTE PARANAENSE NAS DÉCADAS DE 1950 A 1980
1. INTRODUÇÃO
Nosso objetivo é analisar a contribuição da migração no Estado do Paraná
particularizando a forma pela qual esse processo se deu, considerando a influência
na agricultura, construção civil, elaboração de políticas de desenvolvimento
econômico, e conseqüentemente o surgimento das cidades.
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Neste trabalho buscamos uma análise da mobilidade da população suas
origens, o fluxo migratório, suas características e, como conseqüência o ritmo do
crescimento demográfico, como esta população se distribuiu no campo e na cidade
nas décadas de 1950 e 1980.
Sabemos que a migração teve um papel relevante nesse processo e,
portanto, buscaremos conhecer o valor da contribuição dos migrantes na
colonização do Paraná. Diferentes culturas foram surgindo a partir dos
conhecimentos trazidos pelos migrantes que buscaram na região a prosperidade
principalmente através da atividade cafeeira.
Neste sentido o trabalho se justifica na medida em que busca resgatar a
história dos migrantes que enfrentaram dificuldades imediatas com relação a
adaptação nesta região, falta de referência cultural, e por outro lado trazendo
consigo expectativas de vencer e atingir os objetivos traçados na busca de uma vida
melhor, mais segura e conseqüente um futuro promissor.
Consideramos importante antes de iniciar esta análise devemos discutir o
conceito de migração. Destacaremos desta forma as seguintes definições
Na concepção de Souza podemos definir migração como:
“um processo social resultante de mudanças estruturais de um determinado país, que provocam o deslocamento horizontal de pessoas de todas as classes sociais, que por razões diversas, deixam o seu município de nascimento e vão fixar residência noutro. (SOUZA, 1980, p.33).
As migrações abrangem não só motivos da população de diversas regiões de
um país para outras como também entre municípios de Estado e deslocamentos da
zona rural para urbana.
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Em todo processo histórico de mobilidade social, um aspecto importante que
devemos considerar é o econômico, portanto para se analisar as migrações têm que
levar em conta a conjuntura econômica do momento. Podemos também considerar
os aspectos sociais.
Todo processo de mobilidade de uma sociedade está determinado pelo
desenvolvimento dos meios de locomoção e isto se acentuou mais depois da
Revolução Industrial com necessidades de matéria prima e mão de obra.
Com as melhorias das condições de vida do individuo e o desenvolvimento do
capitalismo, esse individuo (sociedade), tende a se concentrar em áreas urbanas.
Os movimentos migratórios se acentuaram na medida em que o capitalismo
se desenvolve através de novas técnicas de plantio com máquinas substituindo o
trabalho do homem do campo e esse vai servir nos grandes centros como mão de
obra barata.
As melhorias no campo e a expansão capitalista vão gerar nos centros
urbanos a formação da classe proletária.
A introdução do capitalismo no Brasil, especificamente no Paraná tem uma
economia voltada para o mercado externo e baseada na iniciativa privada, que com
suas características próprias impulsionam o desenvolvimento econômico e social
das regiões.
Principalmente a região Norte do Paraná o desenvolvimento demográfico foi
intenso e dentro de vários municípios citamos Maringá, pertencente ao “Norte Novo”
que foi colonizada pela Companhia Inglesa Companhia Melhoramentos Norte do
Paraná.
Suas terras foram divididas em pequenos lotes, que foram repassadas a
proprietários rurais e urbanos nas décadas de 1930 a 50.
Seu solo fértil foi ocupado por lavouras de café, intercaladas pela de
subsistência. Só muito tempo depois estas áreas foram sendo ocupadas por outras
culturas temporárias e pastagens.
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No período de 40 a 60 a região recebeu muitos imigrantes vindos de várias
partes do país e teve um crescimento demográfico elevado.
O processo migratório não é algo mecânico que ocorre entre um pólo de
expulsão e outro de atração. Nasce e se desenvolve num contexto social
historicamente determinado. A migração de um indivíduo, não chega a ser um fato
sociológico. Mas quando nos deparamos com milhares de pessoas migrando numa
determinada direção, estamos diante de um fato sociológico, cuja explicação se
encontra no estudo das mudanças a nível regional, nacional e internacional.
France Luz ao citar Itamar de Souza, (SOUZA, Itamar de. Migrações Internas
no Brasil, p.33. In cit. LUZ p. 6), diz que; só há migração quando os grupos
envolvidos no processo migratório fixam residência noutro município diferente
daquele de nascimento. O migrante, conforme seu conceito é aquele individuo, de
qualquer classe social, que resolveu abandonar o seu município de nascimento para
fixar residência noutro, sem, contudo romper de imediato com as relações sócio-
culturais que mantinha anteriormente.
Entendemos, pois que no processo migratório, vários fatores são
considerados tais como: o mercado de trabalho, o capital investido, técnicas
necessárias e o interesse das várias classes envolvidas, que não são os mesmos.
Migração Interna: um processo social resultante de mudanças estruturais
ocorridas num determinado país, que provoca o deslocamento de pessoas de
todas as classes sociais, que por razões diversas deixam suas residências, e se
fixam em outras regiões, ou municípios e é interna quando se realiza dentro dos
limites do país. Isto se dá num processo que envolve todas as classes embora,
por motivos diferentes.
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O processo migratório pode estar ligado á expansão de mercados, no qual
farão parte deste mercado em desenvolvimento e contribuirão com capital investido,
com suas habilidades e conhecimento.
O migrante é um indivíduo que reside em um município diferente daquele do
seu nascimento, portanto são pessoas que não são naturais do município onde
residem.
Para a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, “Migrante é
toda a pessoa que se encontra fora do seu município de origem”
Para entender o fluxo migratório ocorrido nas décadas de 1950 a 1980 na
microrregião discutiremos, num primeiro momento, o contexto econômico, pois este
fator foi determinante para que o fato ocorresse naquela proporção.
Desprenderemos também uma atenção para o papel da CMNP neste processo, bem
como a análise do fluxo migratório, suas contribuições e conseqüências.
Consideramos importante fazer um retrospecto histórico das migrações no
Brasil vinculadas às transformações econômicas ocorridas no Brasil a partir da
década de 1930. O Norte do Paraná, por exemplo, tornou-se pólo das correntes
migratórias nas décadas de 40 a 60.
A mobilidade espacial dos grupos humanos são reflexos da organização
econômico-social e atuam sobre essa organização através da redistribuição da
população e suas causas e efeitos variam em cada período histórico.
2. A IMPORTANCIA DA MIGRAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DO
BRASIL
Podemos verificar que a partir do séc. XIX a industrialização foi fator que
impulsionou as migrações, pois provocou novas organizações privilegiando algumas
áreas com produtos necessários ao mercado industrial que foram favorecidos pelo
desenvolvimento dos transportes e em outras áreas um êxodo rural por falta de
trabalho.
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A população brasileira se distingue por grandes migrações desde sua
colonização em virtude de sua extensão territorial. É relevante observar a mobilidade
histórica imposta pela economia de sobrevivência, daquela voltada para uma
economia industrial.
A economia brasileira voltada à exportação levou a uma grande instabilidade
da população levando-a a migração acelerada, procurando sempre a produção dos
produtos valorizados no comércio exterior. Somente no final do séc. XIX esse
quadro foi se modificando.
Ao analisar o processo migratório no Brasil, Itamar de Souza divide-o em
duas fases: capitalismo mercantilista e capitalismo industrial.
No capitalismo mercantil, fase desde a colonização até as últimas décadas do
séc. XIX, quando indústria surge para atender o mercado externo com produtos
(matéria prima) café algodão que desequilibrou a sociedade brasileira.
Quando o produto de exportação estava em ascendência no mercado
internacional, provocava o deslocamento de grandes contingentes populacionais
atraídos para região onde se concentrava sua produção.
Nas várias etapas da economia nacional, integrantes de todas as categorias
sociais se deslocavam de uma região de economia em estagnação para outra em
expansão. Esses grupos sofreram o impulso da industrialização, pois o
desenvolvimento industrial definiu o fluxo migratório em conformidade dos produtos
mais necessários como matéria prima.
A concentração industrial decorre da necessidade de se utilizar a mesma
infra-estrutura, rede de água, energia elétrica, transporte etc.
Surgem também no processo industrial, novos serviços e aumento dos já
existentes.
A concentração das indústrias gera acomodações de trabalho a principio a
grupos sociais próximos aos centros urbanos onde se localiza a empresa e também
atrai grupos de regiões distantes, muitas vezes com uma economia primária, que
acaba sendo afetada.
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Em decorrência dos efeitos da industrialização surgem áreas de alta pressão
demográfica ou de superpovoamento e áreas de menor pressão demográfica e as
migrações internas restabelecem o equilíbrio.
No Brasil as áreas super povoadas no nordeste e sudeste fornecem mão de
obra para a derrubada das matas, para o plantio da lavoura e pecuária. Esse
excedente de Mão de obra se processa das zonas urbanas para as rurais, em geral
para pequenas cidades próximas a zona rural, onde a população passa por um
estagio de adaptação a vida urbana para depois se dirigir aos grandes centros e ate
as novas zonas agrícolas.
São pólos de atração também áreas despovoadas que se valorizam com o
crescimento do consumo dos produtos agrícolas nas cidades e nas indústrias de
transformação. Isto se da pela possibilidade de acesso a terra, pois a população
para sobreviver se mobiliza dos grandes centros para os menores. Nesse tipo de
mobilização a população não só muda de domicilio como de atividade econômica.
As mobilizações internas no Brasil acarretam algumas conseqüências: o
processo de urbanização, o avanço de fronteira agrícola e a concentração urbana
industrial. A redistribuição acontece geralmente do campo para os grandes centros
urbanos.
3. A IMPORTÂNCIA DO CAFÉ E A CONTRIBUIÇÃO DAS COMPANHIAS
COLONIZADORAS
Para entender a ocupação do Norte paranaense devemos destacar o contexto
econômico do café e a importância do trabalho das companhias colonizadoras na
organização e venda dos lotes.
Economicamente Nadir Cancian (CANCIAN, 1981) demonstra na sua obra
onde aborda a cafeicultura paranaense, o contexto econômico no período. Baseado
em seus estudos podemos afirmar que no Paraná e no Brasil, o café passa por três
períodos: o de 1903-1929 primeira conjuntura de incentivo em resultado da defesa
dos preços. Segunda conjuntura 1930 a 1944 marcada por retrações da produção,
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devido à depressão mundial e pelos efeitos da segunda guerra mundial que abaixa
os preços e a terceira conjuntura marca a volta ao crescimento após 1945 até perder
novamente o impulso por efeito da superprodução e serem iniciados programas de
erradicação e racionalização da cafeicultura.
Na região norte do Paraná, a produção continuava em alta, de 1955 a 1960, a
região virou um verdadeiro “mar de cafezais”. A partir da década de 60, ações do
governo e a queda nos preços do produto fizeram surgir programas de diversificação
da produção. Ou seja, a agropecuária e a indústria, alem da necessidade de diminuir
a produção que estava excedente a procura do produto. “Tal medida se justificava
em face da super produção e deterioração dos preços, especialmente em virtude da
entrada das grandes safras paranaenses no final da década de 50 e inicio de 60 e o
aumento da concorrência externa”. (CANCIAN, 1981, p.47.).
Para evitar os efeitos de uma crise de super produção, o governo passou a
oferecer ao; “lavrador uma alternativa de diversificação que funcionasse como
substituta das rendas geradas pelo café...” (CANCIAN, 1981, p.47.).
Segundo Cancian, a teoria de Celso Furtado é a de que “ a formação
brasileira é desde o inicio um processo capitalista centrado na empresa de
exportação – gerando outros tipos de empresas – as de subsistências voltadas à
Uma das características do café na região Norte do Paraná foi de que apesar de ser uma cultura de monocultura, não era essencialmente uma plantação monocultora isto, pois mesmo em grandes fazendas havia culturas intercaladas, alem de a região ser grande produtora de outros produtos como o algodão, cana-de-açúcar, milho e trigo. Essas propriedades também realizavam a pecuária, a suinocultura e outras atividades de corte e leite. Sendo o café um produto de altos e baixos no mercado econômico, estas outras culturas se apresentavam como perspectivas favoráveis.
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produção de gêneros para as populações envolvidas nas empresas de exportação”
(CANCIAN, 1981, p.66).
Este tipo de cultura intercalada não diminuiu nem prejudicou a cultura
cafeeira, muito pelo contrário, permitiu o aumento de renda das famílias, alem de
atrair mais colonos para a região agrícola. “A conexão das duas empresas não
significou a destruição do setor de subsistência. Ao contrário, animou-o de certa
forma dado o aumento da população atraída pela expansão cafeeira”. (CANCIAN,
1981 p. 67).
Neste contexto a política adotada pelas companhias colonizadores teve um
papel importante para o rápido crescimento da região. Essas companhias, como por
exemplo, a CMNP (Companhia Melhoramentos Norte do Paraná), alem de
disponibilizar a venda a prazo dos lotes e com baixas taxas de juros, também
providenciaram uma rede de transportes (estradas e ferrovias) paralelamente a
colonização.
ATIVIDADES
1. QUAL A INFLUÊNCIA DA CMNP PARA A COLONIZAÇÃO DA REGIÃO
NORTE PARANAENSE E A IMPORTÂNCIA DA CULTURA DO CAFÉ?
2. QUAIS AS CARACTERISTICAS DA COLONIZAÇÃO EM RELAÇÃO ÀS
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS?
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4. NORTE NOVO E NORTE NOVÍSSIMO.
A Companhia de Terras Norte do Paraná abrangia as áreas do município de
Londrina. A colonização nesta região se deu 30% de nacionais e 70% de colonos
estrangeiros, até 1940 não possuía praticamente grandes propriedades, eram
pequenos e médios sítios que utilizavam mão de obra familiar ou uns poucos
assalariados, a pastagem era uma prática comum. O plantio de pés de café era
ainda pouco, somente se intensificou estes plantios após a segunda guerra mundial,
antes disso as lavouras eram intercaladas com algodão, fumo, batata, cana-de-
açúcar, trigo alem da criação de porcos e uns poucos gados.
Em 1950, nove micros regiões formavam o Norte Novo. Em relação a 1940 a
população aumentou em uma década 934,3% ficando evidente que o café era o pólo
atrativo.
Londrina e Jaguapitã, até 1950 eram exceções em relação à produção de
café até 1950, plantava-se café, mas, não era considerada uma atividade
monocultora de peso na economia do Estado. As demais regiões produziam de
forma monocultora o café e ainda se mantiveram as chamadas lavouras
temporárias, mas eram inexpressivas.
Até a década de 50 (1954), o café com seus preços em ascensão era líder
agrícola na região, mesmo intercalada com outras culturas.
Os empresários e proprietários agrícolas tinham como termômetro para a
produção cafeeira, os preços praticados interna e externamente, desta forma entre
1950 e 1960 o Norte Novo de Londrina se transformou em verdadeira floresta de pés
de café.
Com o aumento excessivo do produto no mercado, deu-se inicio a uma diminuição
dos preços do café, obrigando os fazendeiros a optar por uma diversificação da
produção de outros produtos junto ao café e até mesmo a praticar a agropecuária.
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Nas áreas de maior produtividade e favorecimento de solo e clima, o café foi
mantido de forma intensa, nas outras áreas a diversificação com o gado e outros
produtos agrícolas manteve o café de forma menos intensa.
As micro-regiões 282 e 283 Mandaguari e 285 Umuarama, o café apareceu
junto a culturas permanentes, temporárias e pastagens (P T Pt).
Segundo levantamento da autora as micro regiões estão assim constituídas:
A produção cafeeira em geral foi perdendo terreno, de 1960 a 1970, nunca
desapareceu, mas as regiões produtoras diversificaram sua produção agrícola. O
café seguia os termômetros dos preços, terra mais propicia novas aberturas de
cidades no interior, etc. “Em 1970, só os municípios mais ao norte e Borrazópolis ao
centro, ocupavam-se com o café como primeira atividade. Os demais haviam se
dividido entre lavouras temporárias e pastagens...” (CANCIAN, 1981 p. 115).
Micro regiões: Região / Cidades:
284 Norte Novo de Apucarana
286 Campo Mourão
281 Norte Novo de Londrina
282 Norte novo de Maringá e Mandaguari
283 Norte Novo de Paranavaí
285 Norte Novo de Umuarama
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O café a partir da década de 1950 atingiu três outras micro-regiões. 281 Norte
Novo de Londrina; 282 Norte Novo de Maringá; 283 Norte Novo de Paranavaí e
finalmente 285 Norte Novo de Umuarama. As culturas temporárias eram intercaladas
aos cafezais e as formações de pastagens na micro-região Norte Novo de Maringá
decorriam do tipo de ocupação do solo pelas pequenas e médias propriedades em
maior escala que as grandes propriedades. O café era plantado nas partes altas, os
espigões, enquanto que o pasto para o gado era cultivado nas partes baixas.
Na região de Paranavaí (283), a presença dos pastos indicava terras mais
pobres com grande incidência de Arenito Caiuá. Já na década de 1960 mesmo com
a presença de pastos o café já era considerado uma cultura monocultora, a
produção podia ser maior ou menor, porém já era um produto de destaque na
economia como podemos ver em um estudo da CODEPAR de 1963. “Em 1960, o
Paraná produziu um terço da produção mundial, metade da produção brasileira,
quase o dobro da produtividade africana e três vezes mais a colombiana” p. 122
(CANCIAN, 1981, p. 122). Ou seja, a produção cafeeira já era grande influenciadora
no desequilíbrio internacional entre a oferta e a demanda a nível mundial.
ATIVIDADE
1. DE ACORDO COM O TEXTO ACIMA COMENTE O QUE
ENTENDEU COMO SENDO O NORTE NOVO.
2. QUEM ERAM OS MIGRANTES ATRAIDOS PARA ESTA
REGIÃO, E COMO ESSAS PESSOAS TRABALHARAM?
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De acordo com France Luz podemos visualizar que alem do momento ser
propício para a cafeicultura outros fatores foram decisivos para o sucesso do
desenvolvimento no Norte do Paraná. Enquanto as velhas regiões de outros Estados
estavam em declino na produção cafeeira, O Paraná apresentava novas frentes de
abertura para a produção de cafezais.
Uma vez que as terras em São Paulo se tornaram escassas e com preços
muito elevados, os agricultores paulistas passaram a comprar terras no Paraná, por
sua vez, o governo do estado incentivava e valorizava com políticas econômicas a
produção de café no Paraná.
Outro fator importante, destacado por France Luz foi à disponibilidade de
terras devolutas do governo colocadas a disposição da ocupação permanente. O
governo criou uma política agrária no começo do século XX, onde através da LEI nº
601 de setembro de 1850 que estipulava que a terra pública somente poderia
ser adquirida mediante a compra. Esta lei colocava fim a políticas tradicionais em
que as terras eram dadas (adquiridas) mediante doações da coroa, da monarquia
em troca de favores políticos.
Cinco fatores eram responsáveis por esta produção: O primeiro deles era a
fertilidade da terra, o segundo a política agrária que anulou títulos antigos da
década de 1920 devolvendo ao Estado terras que foram posteriormente
entregues a empresas colonizadoras e o terceiro fator foi o crescimento interno
do mercado que absorveu cereais que dariam capacidade econômica para a
formação de cafezais. O quarto fator foi o atraso nas produções resultantes
das geadas de 1953 e 1955 e que fez coincidir com o inicio das grandes
safras. O quinto e último fator foram os preços altos do café em 1953 e 1955
que incentivaram os produtores a organizarem a monocultura do produto.
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Até o início do século XX o sistema de ocupação e colonização adotado não
atraia colonos, pois era inexistente uma atividade agrícola comercial rentável uma
vez que as vias de comunicação e a ausência de mercados impossibilitavam o
desenvolvimento de áreas produtivas.
Com o surgimento da República deu-se uma política de valorização das terras
para o cultivo agrícola. As terras devolutas antes pertencentes ao governo
monárquico passaram a pertencer aos seus respectivos Estados e estes
perceberam que a sua arrecadação econômica passava pela ocupação,
povoamento e desenvolvimento econômico dessas terras, portanto a venda desses
lotes passou a ser uma forma para aumentar a arrecadação de impostos para o
Estado. No inicio as terras do Norte do Paraná não foram alvo desta política
governamental, pois a região dos vales do Paranapanema, Paraná e Ivaí não foram
aproveitadas pela comunidade que se formara no planalto curitibano e no litoral que
visualizavam a ocupação e desenvolvimento de terras nos campos gerais.
Duas frentes podem ser destacadas no século XX como sendo processos
recentes de ocupação. Primeira, a do norte caracterizada como um processo de
povoamento e colonização resultante da expansão cafeeira oriunda do Estado de
São Paulo e segunda, a região oeste resultante da colonização por parte de colonos
descendentes de italianos e alemães vindos do Rio Grande do Sul e do Oeste de
Santa Catarina.
A colonização do Paraná pode ser dividida em três áreas.
A primeira a Norte Velho que vai da divisa nordeste de São Paulo até
Cornélio Procópio colonizado de 1860 a 1925 por paulistas e mineiros, a
segunda área colonizada foi a do Norte Novo, (1920 a 1950), que vai do
rio Tibagi, Ivaí e Paranapanema. E por último o Norte Novíssimo que vai
do rio Ivaí ao Paraná e ao Piquiri colonizado a partir de 1940 a 1960.
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A ocupação agrícola das terras do Norte do Paraná teve um ritmo acelerado
devido a sua importância fértil para a cultura cafeeira, colocando o Paraná em
destaque na política econômica do Brasil. E por ser uma região pioneira deixou para
traz a economia cafeeira paulista que já vinha sofrendo forte decadência no mercado
nacional.
Apesar de ser uma região agrícola o Norte do Paraná teve o desenvolvimento
urbano de forma planejada. A cada 100 km seria instalada uma cidade-pólo
destinada a centralizar as atividades econômicas, sociais e administrativas, este
planejamento foi iniciado pela Companhia Melhoramentos Norte do Paraná com a
fundação de Londrina em 1929, onde foi instalada a primeira sede desta companhia
colonizadora.
Na Obra “O ELDORADO “ José Miguel Arias Neto discute o projeto de dos
“ingleses” para o Norte do Paraná. Segundo o autor podemos destacar que entre as
décadas de 1920 e 1930, a região norte do Paraná foi ocupada e explorada por
várias empresas privadas que adquiriram do governo do estado do Paraná terras
com o intuito de colonizá-las.
Procurou-se neste período dinamizar a ocupação do Paraná, através de
concessões de terras devolutas a particulares para fixação de pequenos
agricultores. Também a CTNP (Companhia de Terras Norte do Paraná) estava
vinculada a presença do imperialismo britânico, interessada em obter algodão para
indústria têxtil florescente na Inglaterra.
5. O PROCESSO DE OCUPAÇÃO NO NORTE DO PARANÁ
A ocupação se deu graças a atividades cafeeira, pois o principal produto de
exportação foi o café. O governo por sua vez adotava medidas para proteger a
posição do mesmo no mercado.
Com a crise de 1929, no Estado de São Paulo houve a proibição de novos
plantios e muitos proprietários se deslocaram para as terras roxas paranaenses.
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A Companhia de Terras Norte do Paraná vendia na época lotes de 10, 15 a
20 alqueires, pois os lotes maiores só foram vendidos mais tarde. Vemos então as
novas terras povoadas por proprietários, colonos e parceiros oriundos
principalmente das fazendas de café de São Paulo e em menor escala de Minas
Gerais. O Paraná passa a receber migrantes de todos os Estados brasileiros.
Migrantes novos e antigos, atraídos para a nova área de produção agrícola ou
expulsos por motivos diversos das suas áreas de origem.
A ocupação do Norte do Paraná esta diretamente ligada à evolução da cultura
do café que se intensificou nas décadas de 1930 a 1940 e só começou a declinar
em 1950 em razão das constantes quedas de preço.
Mas também foram encontradas algumas dificuldades. Os fazendeiros
iniciaram a construção da estrada de ferro São Paulo – Paraná e necessitavam de
empréstimos para conclusão da ferroviária cuja construção estava paralisada. E
também para a Companhia a aquisição das terras foi um processo oneroso, pois na
região havia muito posseiros e proprietários com títulos duvidosos.
A Companhia usou de propagandas tentadoras como “sinta a alegria de viver
e prospere no Norte do Paraná”.
Uma das questões em destaques nos folhetos era a fertilidade da terra, alem
da abundância dos rios. Os vendedores sabiam que a idéia de um “Èdem terrestre”
atrairia, afinal de contas, compradores desejosos de adquirir um fragmento do
Paraíso e muitas vantagens; títulos de domínio seguro, fertilidade e salubridade,
estradas de ferro e boas estradas de rodagem, água de pureza inigualável.
O Norte do Paraná, para quem vê propagandas ou ouve falar de uma região
imprecisa, definida pela imaginação daqueles que acreditam em que “se plantando
tudo dá”. Um paraíso incrustado na floresta virgem, misteriosa que aguarda
ansiosamente os novos conquistadores, os novos homens, oriundos de todos os
lugares.
A publicidade da Companhia, veiculada em todo o Brasil e no exterior atraindo
uma grande e variada clientela: europeus, camponeses e brasileiros de todos os
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Estados, mas especialmente do centro sul (SP e MG), e a maioria se fixaram no
campo.
No período de 1937 a 1945, o Estado Novo, com algumas medidas pôs fim ao
monopólio da CTNP. O Estado passou a intervir nos processos econômicos com o
intuito de criar condições de desenvolvimento, expansão e diversificação do
capitalismo. Um capitalismo intervencionista e autoritário para o governo todas as
atividades econômicas seriam direcionadas para a indústria que estava surgindo
lentamente. No entanto tratava-se de nacionalizar as decisões sobre política
econômica, o Estado coordenaria internamente os investimentos a serem realizados
por estrangeiros. A falta de recursos, no entanto, do governo parece ter sido o limite
à para o alargamento das fronteiras econômicas.
Dentro dos planos do governo, a marcha para o Oeste era necessária visando
o lançamento de outras cidades como Maringá.
A expansão da cultura cafeeira favoreceu a venda de lotes maiores a
fazendeiros de varias regiões principalmente paulistas. Eram bacharéis, funcionários
públicos e mesmos fazendeiros que passaram a investir em lavouras cafeeiras na
região.
É necessário colocar que com a nacionalização da Companhia de Terras
Melhoramentos Norte do Paraná, os interesses políticos foram direcionados para o
norte - oeste, ou seja, venda de lotes na região de Maringá para plantio do café
autorizado pelo governo Vargas. A partir deste momento, passam os cafeicultores
terem o controle sobre economia que recebia apoio do governo federal. A região
Norte do Paraná passou a ser caracterizada como o “Eldorado Cafeeiro”, surgindo
assim à figura do pioneiro, palavra originário do idioma Frances “pionnir”, e quer
dizer: militar, explorador dos sertões.
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A região foi criada e recriada mantendo sempre a idéia de predestinação e
estabilidade. Os que hoje desfrutam do Norte do Paraná seriam desta forma
considerados como os herdeiros dos que venceram antes.
O pioneiro desbravador muito auxiliou no desenvolvimento da região. Era
aquele com ação empreendedora, cujo objetivo era o engrandecimento da cidade e
da região, bem como sua integração, o que justifica os lucros privados (individuais).
Eram descendentes de italianos, japoneses, portugueses e espanhóis.
Apresentavam-se também como lavradores. Em relação à agricultura o governo do
Estado procurou estimular a melhoria das técnicas de produção e a mecanização da
agricultura através de convênios firmados com o governo Federal e com a criação
de Institutos de Biologia e Pesquisas Tecnológicas. Além disso, o Departamento
Estadual de Rodagem ampliou comunicações ligando o Norte do Paraná com o
porto de Paranaguá. Medidas estas que permitiram escoar, as safras de café e
cereais do Estado.
Jose de Oliveira Rocha * delineia o sentido econômico do que será o Norte do
Paraná, a terra do café.
“ (...) por mais absurdo que pareça, o Norte do Paraná não começou ainda. (...) Não começou porque é imensa, ainda, a atividade de café a produzir, Noventa por cento de suas lavouras cafeeiras esperam, ainda a primeira florada para o milagre extraordinário de sua fecundação. Depois sim, será então na ordem econômica verdadeira o seu começo (...). Diariamente, homens de todas as latitudes aqui aportam. Essa peregrinação tem muito de parecido com a penetração e conquista do Oeste Americano. Vem todos eles a procura da riqueza da terra, da qual a terra é sempre a maior depositária”
(*) ROCHA, José de Oliveira. Imensa Vastidão dos Cafezais. A Pioneira Londrina.
Ano II nº 02, julho a agosto de 1949.
21
6. OS RESULTADOS DO PROGRESSO URBANO.
Entre tantos nomes, Londrina recebeu o nome de Cidade Progresso, Capital
do Norte e Capital do café, entre outros.
Segundo o censo de 1950 os Estados que tiveram maior saldo migratório
foram: Distrito Federal, Paraná, São Paulo, Goiás e Maranhão. E os que
apresentaram maior perda líquida foram Minas Gerais, Bahia, Ceará Rio Grande do
Sul, Paraíba, Alagoas, Rio de Janeiro e Pernambuco.
Já no censo de 1960 o maior fluxo foi o estado do Paraná e 1970 também
superaram todos os índices somente em 1980 é que o Paraná perde para o estado
de São Paulo e também para o Rio de Janeiro ficando em terceiro lugar.
O fluxo migratório para as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro se explica
principalmente pelo fato de suas capitais se constituírem nos dois maiores centros
industriais do país, atraindo Mão de obra ociosa. Estes migrantes são originários das
áreas de expulsão. Ex: Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, enfim da região nordeste.
Na região sudeste passa ter saldos migratórios nas décadas de 50 e 60 e
aumenta gradativamente nas décadas de 70 e 80.
Todos os dados mostram o aumento da migração para o sudeste e numa
faixa etária dos 18 aos 35 anos, mais acentuada. Muitos jovens também migram em
busca de universidades ou de oportunidades profissionais.
O professor Vicente Barroso*, autor do álbum “O Famoso norte do Paraná: Terra onde se anda sobre o dinheiro”, em 1956, registra o crescimento acelerado a partir dos fins dos anos quarenta com uma figura de linguagem muito peculiar:
“De fato, até 1947, o progresso do norte foi seguindo seu caminho normal e sem agitação. Mas aberta à porteira (...), a boiada estourou. Uma verdadeira avalanche humana, saindo de todos os recantos do Brasil e até do estrangeiro, precipitou-se sobre este norte, na faina de adquirir terras e se enriquecer de um dia para o outro, que tal estouro da boiada não será mais contido por nenhuma força humana, nenhuma medida governamental”.
*BARROSO,Vicente. O Famoso Norte do Paraná: A terra onde se anda sobre o dinheiro. Caxias do Sul: Editora São Miguel, 1996.p.29/30.
22
Existem também problemas de inadequação profissional onde Mao de obra
sendo desqualificada para o setor secundário passa a ser absorvida nos baixos
níveis do terciário.
Alem disso surge desajustamento entre a quantidade de habitantes e o ritmo
do crescimento urbano que se mostra insuficiente para o atendimento dos serviços
públicos básicos.
A conquista do interior se processa de forma extensiva e predatória. Isto
acontece quando a população migra em busca de melhoria de vida e seus objetivos
são frustrados e a população acaba sendo marginalizada. Considerando alguns
fatores como os associados à área de origem, de destino e até fatores pessoais,
quase sempre o que é relevante é que, as questões econômicas que provocam
migração.
Para Paul Singer, “a migração é um processo social cuja unidade atuante não
é o individuo, mas o grupo”. Na opinião do autor as causas são estruturais,
econômicas que atinge grupos diferenciados.
Para Pastore não só as causas econômicas são determinantes, mas sim a
combinação de fatores estruturais, pessoais e situacionais. Do ponto de vista
sociológico, a migração é uma dimensão do processo de mobilidade social e
entendida como uma forma de ascensão social.
5.1 O Crescimento Demográfico do Estado do Paraná
O Paraná até a segunda metade do sec. XIX enquanto província sua
densidade demográfica era menor que 1% hab./km ². No final desse século já como
Estado chegou a 1,2 habitantes por km ².
No início do sec. XX passou a 3,4 hab./km ² e em meados cegou a marca dos
20,1 hab./ km ². Sua densidade superou a media nacional.
23
Neste período o Paraná constituiu um foco de atração para as populações de
estados vizinhos.
Entre as décadas de 1950/60 foram obtidos os maiores índices de
crescimento populacional. Somente nos anos de 70 foi menor que a do país.
O Paraná, considerado um Estado essencialmente agrícola esteve ate 1970,
entre os estados de menor taxa de urbanização, mesmo tendo em seguida um
grande aumento na ultima década, não foi superior a São Paulo e Rio de Janeiro
que receberam maior contingente da população rural.
Tabela 1: Demonstrativo da Evolução Crescimento populacional no Paraná de
1940 a 1980.
TAXA ANUAL DE CRESCIMENTO POPULACIONAL, SEGUNDO A
SITUAÇÃO DE DOMICÍLIO - PARANÁ - 1940/2000
TAXA DE CRESCIMENTO (% a.a.)
Situação de Domicílio
anos Urbana Rural total
1940/1950 5,84 5,54 5,61
1950/1960 9,31 6,33 7,16
1960/1970 6,73 4,10 4,97
1970/1980 5,97 -3,32 0,97
FONTE: IBGE - Censos Demográficos
www.ibge.com.br/home/mapa_site/mapa_site.php#populacao<acesso em julho 2011>
A agricultura do café no Paraná foi sendo substituída pela lavoura branca soja
e trigo, que são lavouras temporárias, com grande valor no mercado, que
envolveram modificações nas técnicas de produção, lavoura mecanizada, com
extensas áreas de terra e com o mínimo de mão de obra, iniciou-se um decréscimo
na população rural, essa passou a migrar em direção aos centros urbanos e para
estados industrializados.
Quanto ao processo migratório o Paraná ficou conhecido por suas terras
férteis e isso proporcionava grande contingente de migrantes. O processo migratório
paranaense esta ligado à própria característica da população. Existe a migração de
24
pessoas residentes não naturais do estado e de residentes em outras localidades da
federação.
Os habitantes de todo o Brasil sempre grande mobilidade e hoje encontramos
paranaenses em todos os estados brasileiros.
O saldo migratório apresentado pelo estado do Paraná em 1960 foi de um
milhão e meio de habitantes aproximadamente. Isto foi processado nas regiões
nordeste e oeste do estado, após ter ocupado quase todo o Norte do Paraná nas
décadas anteriores; período de expansão cafeeira.
Em 1970 o saldo foi o maior dentre os estados brasileiros, passou de 2
milhões de habitantes, seguido pôr SP e RJ. Estes migrantes eram vindos do SP
MG, RS, SC, BA, PE e AL e para o 3º lugar, ficando atrás de SP e RJ.
A região denominada Norte Velho ou Norte Pioneiro foi também região
cafeeira e que surgiram núcleos urbanos.
A nova cultura, que aqui encontrou terras férteis passou a ser cobiçada por
fazendeiros vindos do interior de São Paulo e de minas gerais, que viam na região
grande oportunidade de ampliar suas lavouras.
As cidades de Primeiro de Maio e Sertanópolis surgiram pela iniciativa das
companhias colonizadoras Corain e Cia e Leopoldo de Paulo Vieira,
respectivamente.
O governo do Estado, diante do afluxo de paulistas, mineiros e nordestinos
para o Norte do Paraná e com o objetivo de evitar ocupação ilegal passou a
O Paraná tem se destacado como um dos Estados de maior saldo
migratório do país, que é a diferença entre os naturais de outras unidades
da federação residentes em determinado estado e os naturais desse
estado que ali não residem.
25
contratá-las, vendendo as terras do estado a companhias para que essas
colonizassem com recursos próprios. Mesmo com essa colonização organizada
ocorreram conflitos em algumas áreas entre posseiros e possuidores de títulos.
A primeira e mais importante a atuar no Paraná foi à loteadora Companhia de
Terras Norte do Paraná, que depois passou a chamar-se Companhia
Melhoramentos Norte do Paraná.
O plano da companhia incluía a divisão das glebas de terras em lotes
pequenos e médios: prosseguimento da construção da estrada e a fundação de
núcleos urbanos.
Esse plano da Companhia atraiu colonos de todo o Brasil, desenvolveu-se na
região, uma exploração agrícola que, embora apoiada na cultura cafeeira, expandiu-
se na pequena propriedade e na policultura.
Surgiam as principais cidades; Londrina (1929), Maringá (1947), Cianorte
(1953), e Umuarama (1955).
A Companhia esteve dirigida por ingleses até a segunda guerra mundial,
depois o governo brasileiro proibiu a propriedade de terras para estrangeiros. Varias
Companhias foram nacionalizadas inclusive aquela empresa de origem estrangeira
foi comprada por um grupo paulista em 1944.
Outras companhias colonizaram os núcleos de Assai e Uraí, ali os colonos
eram em maioria japoneses que cultivavam algodão. Também o governo do estado
A companhia foi fundada por um grupo de
empresários ingleses que foi adquirindo grandes
glebas e loteando-as. A companhia recebeu
incentivos do Cia Ferroviária SP-Pr que adquiriu
parte da ferrovia, a qual foi sendo ampliada
valorizando e favorecendo a colonização
26
promoveu colonização, dividiu as terras em lotes agrícolas e vendia a preços
acessíveis a pequenos proprietários. Surgia dessa ação o “Norte Novíssimo de
Paranavaí”.
Com esse processo e colonização na década de 1960, todo o território do
Estado do Paraná estava ocupado. A “frente pioneira” se esgotava nos limites do
Estado.
5.2. O Povoamento do Norte do Paraná
A fertilidade das terras paranaenses, principalmente o norte atraiu numerosos
colonos, fazendeiros de vários estados, tanto para o fazendeiro era interessante
como para os colonos em busca de trabalho em família com o objetivo de
conseguirem um pequeno lote futuramente.
A frente pioneira avançou desenvolvendo toda a região do terceiro planalto.
Os loteamentos possibilitaram a abertura de estradas e implantação de núcleos
urbanos.
O regime de pequenas propriedades propiciou uma vida regional intensa,
surgindo além da cultura do café uma agricultura de subsistência.
No senso de 1950, dos 80 (oitenta), municípios do Paraná, 36 (trinta e seis),
estavam localizados na região Norte e viviam nesta região quase 50% (cinqüenta
por cento), da população do estado. A densidade da região superou a do Estado.
Nesta década o estado apresentou um crescimento demográfico de 101%.
Em 1970, a densidade demográfica da região norte alcançou 50,7 hab./Km ².
A região Leste na década de 80 recebeu um crescimento demográfico de 48,5%,
principalmente na área metropolitana de Curitiba.
27
5.2.1. A ocupação da microrregião “Norte Novo de Maringá”
A colonização da microrregião Norte Novo de Maringá Foi realizada pela
Companhia de Terras Norte do Paraná, depois pela Companhia Melhoramentos
Norte do Paraná. Essa região muito cobiçada por possuir terras roxa, própria para o
plantio do café, era procurada por fazendeiros de outros Estados.
Nas décadas de 50 e 60 apresentou seus maiores índices de crescimento
demográfico. Os migrantes internos que ingressaram no Paraná foram atraídos pela
possibilidade de se tornarem pequenos proprietários e agricultores bem sucedidos.
Maringá pertencia ao município de Mandaguari, assim como Marialva e
Paranavaí. Somente em 1947 passou a ser distrito. A cidade foi planejada pela
Companhia Melhoramentos Norte do Paraná para ser cidade pólo.
A partir de 1960, outros municípios foram criados, sendo já bem servidos por
rodovias, a principal a BR 376 que acompanhava o espigão mestre, divisor de águas
entre as Bacias dos rios Ivaí e Pirapó. Possuíam estradas secundárias contando
também com a estrada de ferro responsável pelo escoamento da produção agrícola.
A região de Maringá foi predominantemente agrícola com o café e culturas
diversificadas como a soja e o trigo, além das de subsistência que eram o milho,
arroz, feijão, cana-de-açúcar e algodão. Porém a partir dos anos 70, a cidade que
possuía impulso próprio ligado as atividades comerciais, industriais e administrativas
tiveram uma queda na população rural e um aumento da população urbana.
Os cafeeiros eram plantados em lugares mais altos menos sujeitos as
geadas. As residências eram construídas nas proximidades dos córregos ou minas
de água. Ao redor havia um pequeno pasto, mangueiras de porcos, pomar, horta e
lavouras temporárias de feijão para o consumo da família do colono.
Nas últimas décadas na região de Maringá, as atividades econômicas, tem se
diversificado, a indústria aproveitando sua própria matéria prima, o comércio tem
crescido no setor de atacado e varejo.
28
O Fluxo Migratório para a Microrregião (1950-1980) entre as décadas de 70 a
80 vivenciou um crescimento populacional superior as microrregiões do Norte e do
estado do Paraná, posição esta que foi possível em virtude do processo de
urbanização que se acelerou e beneficiou a cidade de Maringá.
O elevado índice de crescimento demográfico indica claramente que o mesmo
se verificou em decorrência da migração interna do que pelo crescimento vegetativo.
Isto podemos entender quando distribuímos a população entre: as pessoas naturais
e não naturais do município.
Verificamos através do censo que 78% da população não eram naturais dos
municípios de residências. É uma característica própria da região de forte migração
interna. Maringá apresentou um percentual elevado de pessoas não naturais. Desde
o início para lá convergiam migrantes de todas as partes do país.
5.2.2 Nacionalidade da População Residente.
Os brasileiros natos representam 97,9% em 1970 e esse numero tende a
aumentar. A participação de estrangeiros e naturalizados é mínima. Constata-se que
a microrregião foi povoada por brasileiros natos das mais diversas procedências.
Ressalta-se, no entanto que há um expressivo numero de descendentes de
estrangeiros, principalmente japoneses, italianos, portugueses e espanhóis. Muitos
procedentes dos outros Estados, principalmente de São Paulo.
Graças ao crescimento de núcleos urbanos mais tempo as pessoas passaram
a permanecer e se instalar definitivamente na região. Os estados que mais
forneceram migrantes foram; São Paulo, o próprio Paraná, Minas Gerais e outros.
No censo de 1970 verifica-se que os migrantes da região tinham como
domicílio anterior o próprio estado do Paraná e São Paulo.
Nesta mesma década quase 40% dos migrantes da microrregião fixaram
residência no município de Maringá. Com percentual maior de população urbana
comparada à rural. Esse atrativo se explica por fatores como possibilidade de
29
emprego nos setores secundário e terciário, as oportunidades culturais e
educacionais que a cidade oferece e mesmo a existência de uma infra-estrutura de
serviços públicos mais adequados.
Em relação à migração intra-municipal, isto é: pessoas que moravam na zona
urbana e já residiam no campo ou vice e versa pessoas do campo que já havia
morado na cidade. Foi constatado que o índice de permanência atingia quase 90 %
assim concluímos que existia muito pouco a imigração intra-municipal.
O Paraná experimentou um dos maiores crescimento demográfico com a
lavoura cafeeira. A mão de obra necessária a produção de café constituiu grande
contingente de migrantes vindos de todas as partes do Brasil.
Foi à população rural responsável pelo crescimento da população entre as
décadas de 1940 a 1970, cresceu 460% a população do Estado, enquanto que a
população rural cresceu 374%.
6. A MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA, NOVAS FORMAS DE PRODUÇÃO
O Paraná, como outros Estados sofreu um processo de modernização, com
novas técnicas de trabalho no campo e novas culturas. A mecanização da lavoura, o
controle do solo, os fertilizantes e a substituição do café pelo trigo e a soja vai
modificar a necessidade da mão de obra no campo.
Com o aumento das médias e grandes propriedades, (os pequenos
proprietários foram vendendo seus lotes), enquanto que a agricultura também cedia
lugar às pastagens.
Com estas transformações o espaço rural se modificou. Há uma relação entre
a substituição de cultura e a concentração fundiária.
Neste período os maiores proprietários quando não compravam lotes
(contíguos), circunvizinhos recorriam ao arrendamento de propriedades próximas
30
pela carência de capitais que dificultava o acesso a novos equipamentos, falta de
experiência, pequenos lotes foram vendidos a fazendeiros maiores.
Em 1961, um programa do governo erradicou em dois anos dois bilhões de
pés de café, diversificando as culturas e incentivando a industrialização de produtos
agropecuários a fim de solucionar o problema sócio econômico resultante da Mão de
obra empregada na cafeicultura.
Analisando a economia do Norte do Paraná verificamos que em 1960 a
agricultura permanente - café – era predominante seguindo em pequena
percentagem a lavoura temporária e pastagens.
Em 1970 a 1975 houve um aumento da lavoura temporária e queda na
permanente enquanto que as pastagens se mantiveram. Em 1980 pastagens e
lavouras temporárias voltaram a crescer, pois para soja, na região o clima e a
topografia favoreciam muito facilitando a mecanização alem do beneficiamento e
comercio do produto. Neste período a economia mudou muito no Paraná, pois o
processo de modernização do setor agrícola expandiu o trabalho com tratores e
máquinas que eram utilizadas tanto para o trigo, cultura de inverno com da soja, no
verão e conseqüentemente a redução da população rural, pois estas não
encontravam condições de sobrevivência no local.
Houve no Paraná, em crescimento no trabalho assalariado e trabalho
temporário entre 1975-1980 tanto na lavoura como na pecuária. No entanto a
lavoura mecanizada poderia ser dirigida pelo próprio dono e suas máquinas.
Esse trabalhador praticamente expulso do campo encaminha-se para os
centros urbanos tornando-se Mão de obra barata. Desta forma houve um
crescimento das cidades, sendo que no censo de 1980 o Paraná já possuía 290
cidades das quais 174 no norte, sendo as principais Londrina e Maringá.
O processo de urbanização se estendeu por todo estado. É relevante, no
entanto citar a cidade de Maringá como centro regional importante, município entre
os pólos industriais do estado, notadamente no que se refere à transformação de
matérias primas oriunda da agropecuária regional – soja, algodão, milho, cama, leite
31
e carne. Sua rede de transporte também foi desenvolvida para fornecer o
escoamento e a comercialização das mercadorias.
Nem todos os habitantes que deixaram o campo foram incorporados a
população urbana da própria microrregião. Uma grande parte dirigiu se para outros
centros urbanos do Paraná e de outros estados principalmente São Paulo.
As mudanças econômicas provocaram alterações na distribuição da
população, além do processo normal de urbanização. Isto trouxe reflexos sociais
econômicos e políticos.
Essas transformações econômicas influenciaram o crescimento e distribuição
da população em favor das características das estruturas agrárias capitalistas ou
seja, aumento das grandes propriedades e diminuição do numero de pequenos
proprietários. Aumento do cultivo de produtos destinados a exportação em relação
aos produtos destinados a subsistência.
Mecanização da agricultura mais rentável. Substituição das áreas de lavouras
permanentes, pelas temporárias que receberam incentivos do governo.
Todos esses fatores contribuíram para o processo migratório, pois à medida
que o trabalhador do campo vai perdendo a autonomia, ficando impedido de plantar
sua própria roça, vai se transformando num assalariado, que vende sua força do
sobrevivência.
Para o homem do campo, a possibilidade de trabalhar na cidade, apresenta
se como algo bastante indefinido. Isto faz com que ele já ingresse na vida urbana,
na categoria de trabalhador disposto a vender a sua força de trabalho por qualquer
preço. Os referidos fatores de atração apareceram, no entanto, como último recurso
do qual a população lança mão para justificar a sua evasão do campo.
Outro fator que motiva o êxodo rural é o endividamento de pequenos
proprietários que financiam suas lavouras e por problemas climáticos e outros não
conseguem pagar. Muitas vezes são obrigados a entregar sua propriedade aos
bancos.
32
O crescimento da população urbana acarretou a necessidade de se dotar os
centros urbanos principalmente Maringá de uma infra-estrutura ex: rede de esgoto,
transporte, assistência médica rede escolar, creches etc.
ATIVIDADE:
LEIA O TEXTO A SEGUIR SOBRE A MIGRAÇÃO E RESPONDA:
Qual o objeto de pesquisa da autora?
O que mostram os levantamentos feitos pela autora?
Entre os anos de 1953 e 1960, o que a pesquisa mostrou referente à
população em relação ao Município de Maringá?
33
7. CONSEQUÊNCIAS DO ALTO FLUXO MIGRATÓRIO
A MIGRAÇÃO ATRAVÉS DOS DADOS DE REGISTROS DE CASAMENTO DOS CARTÓRIOS DA MICROREGIÃO DO NORTE DO PARANÁ. France Luz *
Para analise de seu trabalho a Professora France Luz realizou um trabalho de pesquisa em cartórios de registro civil. Seu objeto de pesquisa foi à micro região do Norte Novo de Maringá, onde foram feitos levantamentos referente à naturalidade dos conjugues nos registros de casamentos dos cartório existentes. Estes levantamentos mostram que as pessoas que se casaram no período pesquisado formam uma amostragem significativa e os dados incluem também suas origens de nascimento, e da residência anterior e suas profissões.
O Levantamento foi feito foi feito em 15 municípios da região, entre 25 cartórios distritais e no período de 1944, quando foi instalado o primeiro cartório de registros civil em Mandaguari ate 1980.
Na microrregião no período pesquisado, foram registrados 74.729 casamentos. Só no cartório de Mandaguari houve um registro de 1.226 casamentos, isso ainda quando era distrito de Apucarana. Em 1947, Mandaguari tornou-se distrito e passou a abranger, alem do distrito sede, os de Marialva, Maringá e Paranavaí.
Somente em 1949, foram criados os cartórios de Maringá e Marialva. Até 1950 nos três cartórios existentes, foram registrados 2.470 casamentos sendo 1704, ou 69 % no distrito de Mandaguari, o mais antigo. Neste ano de 1950, Maringá já ultrapassava Mandaguari nos registros de casamento.
Em 1953, com o crescimento da população houve um aumento substancial, cerca de 30% só no município de Maringá. O município de Maringá era o mais populoso, tendo um crescimento demográfico de 44% registrava o dobro dos casamentos de Marialva e Mandaguari. Em 1960 a microrregião começava a diminuir o ritmo do crescimento em razão do aparecimento de dois núcleos urbanos; Sarandi e Paiçandu ligados economicamente aos distritos. Observa-se, no entanto que em quase todos os municípios o maior numero de casamentos foi na década de 1960.
Nos dados coletados no período pesquisado (1944 a 1980, constatou-se que, naturais de São Paulo 54.131 – 63,2% paranaenses 49.140 – 33%, mineiros 13,6.%, Bahia 4,6%, Pernambucanos 2,5%, outros Estados do nordeste como Alagoas 1,7%, Ceara 1,3%, Sergipe e Paraíba com 0,5% cada.
Nos dados coletados concluímos que 1/3 dos conjugues eram naturais de São Paulo. Os Nascidos no estado do Paraná representavam 33%. Até 1970, os migrantes paulistas, eram maiores em números e a partir daí os paranaenses passaram a ocupar o primeiro lugar.
Pela pesquisa realizada podemos afirmar que, no conjunto da população da microrregião, o numero de pessoas nascidas em outros Estados brasileiros diminuiu e aumentou o número de naturais. Isto se conclui que passada a fase de colonização, o aumento da população passou a depender mais do crescimento vegetativo do que dos movimentos migratórios.
A pesquisa da autora nos permite conhecer que os homens são mais propensos as migrações em relação às mulheres. Com relação aos estrangeiros esta diferença é ainda mais acentuada, os migrantes (pessoas não naturais do município) do sexo masculino são em maior número que os do sexo feminino.
Os casamentos foram mais freqüentes entre pessoas da mesma região de origem.
*FRANCE LUZ: LUZ, France. O Fenômeno Urbano Numa Zona Pioneira: Maringá. Edição da
Prefeitura de Maringá (1997) Dissertação de Mestrado – Universidade de São Paulo, 1980.
34
Em 1960, é que a economia sofre mudanças com a implantação das culturas
da soja e do trigo. Essa mudança vai modificar a estrutura fundiária, pois requer
novas formas de investimento, mudando também a mão de obra, com lavouras
mecanizadas que foi fator propulsor para diminuição dos trabalhadores no campo,
mas os trabalhadores rurais volantes aumentavam. Veja:
- a política oficial em relação à agricultura.
- a substituição de lavouras e a mecanização que a acompanhou.
- a aprovação em 1963 do estatuto do trabalhador rural.
- as grandes geadas de 1965 e 1975, que dizimaram a lavoura cafeeira.
A superprodução relativa do café coincide com a valorização da soja como
produto de exportação principalmente a partir de 1967, ano que registra marcada
elevação dos preços no mercado internacional.
A aprovação do estatuto do trabalhador na sua prática ameaçava os lucros
dos proprietários, pois os trabalhadores passam a reivindicar indenizações para
saída da propriedade e outros direitos trabalhistas. Isto acarretou dispensas
indiscriminadas de enormes contingentes de trabalhadores, ainda desconhecedores
da nova lei.
São estes que migram para a periferia urbana e ao continuarem exercendo
atividades nas zonas rurais tornam-se trabalhadores rurais volantes. As geadas de
1965 e 1975, também contribuíram para acelerar a capitalização do campo no Norte
do Paraná. As medidas do governo para a erradicação do café disponibilizavam o
financiamento para as lavouras mecanizadas e pastagens favorecendo a
modernização capitalista.
Toda esta política alterou a composição das relações de trabalho até então
vigentes e acentuaram as estruturas trabalhistas. A substituição da mão de obra por
insumos industrializados passou a ser características da agricultura do norte novo à
medida que esta prática era intensificada também na cultura cafeeira.
35
A região de Maringá também foi atingida pela modernização agrícola. Sobre
este tema a professora Autora Iolanda Casa Grande desenvolveu uma pesquisa do
trabalhador rural volante “bóia fria”
De acordo com sua pesquisa, quando em 1960 o capitalismo industrial
expande a produção para o campo; surge a figura do “bóia fria” no Paraná, ou seja,
os trabalhadores rurais, volantes. Esses se submetem as precárias condições de
vida e de trabalho, eram eles ex-proprietários de terra ou simplesmente detentores
da força de trabalho nos campos.
Em ocasião de uma política capitalista restringiu o uso de etapas de
produção, o uso de insumos e mudanças nas técnicas de produção gerava
contingentes de desempregados.
Em entrevistas a trabalhadores bóias frias e proprietários rurais da região
próxima de Maringá analisamos três grupos de problemas.
1º - Mudança qualitativa nas condições de vida da população no sentido de sua
deterioração. O trabalhador rural tende cada vez mais ser expropriado da terra em
que trabalha, uma vez que parceiro ou colono nesse período já estava em extinção.
A terra passa para as mãos de uma minoria detentora do capital.
2º - ocorre aceleração do processo migratório, isto pelo constante deslocamento que
ele é forçado a fazer para sua sobrevivência.
3º “- Tanto no sistema de parceria quanto no colonato a família é uma unidade. No
trabalho volante do “bóia fria”, a família perde posição.
Como trabalhador rural volante ou bóia fria, entendemos que é o individuo residente na zona urbana ou suburbana, que presta serviço na zona rural, mediante salário, em diferentes propriedades agrícolas ou precárias. Quem, contrata é um “turmeiro”, “gato” ou empreiteiro, o qual lhe faz pagamentos e o transporta geralmente em caminhões.
36
8. ANEXO:
Realização prática das atividades com alunos:
Como nosso objetivo de implementação pedagógica inclui a investigação por parte
dos alunos do Ensino Médio junto aos familiares, segue abaixo o modelo de
questionário no qual por meio de entrevistas esses alunos irão buscar informações
se houve a presença de imigrantes de suas famílias. Desta forma poderão
relacionar a contribuição da imigração nos seus diferentes segmentos culturais e
econômicos da comunidade do bairro onde o Colégio Tomaz Edison de Andrade
Vieira está inserido.
QUESTIONÁRIO:
I. *Idade do Entrevistado? ( ) - anos / Sexo - ( ) masculino ( ) feminino.
II. *Chegou à região do Paraná? ( ) casado ( ) solteiro.
Outros _________________________.
III. *Em sua família houve parentes próximos que participaram da colonização da
região Norte do Paraná? ( ) SIM NÃO ( ).
IV. *Sua família possui descendência estrangeira?
( ) Italianos ( ) portugueses ( ) espanhóis ( ) japoneses
( ) outros ________________.
V. *Quais motivos foram atrativos para a vinda destas famílias de migrantes?
a. ( ) terras férteis para a lavoura cafeeira.
b. ( ) propagandas das companhias colonizadoras
37
c. ( ) a convite de familiares ou amigos.
d. ( ) busca de novas perspectivas de trabalho (no campo ou na cidade)
e. ( ) tipo de comércio em que trabalhou _______________________.
VI. *Cidade de origem do migrante _____________Estado _______________.
VII. *Cidade de destino do migrante ____________ Estado ______________.
VIII. *Em sua opinião qual produto agrícola foi mais importante para o
desenvolvimento da região do Norte do Paraná, incluindo Maringá.
( ) café ( ) Feijão. ( ) Algodão ( ) Pecuária.
( ) Outros (qual) ___________________. ( ) não soube informar.
IX. *Seus familiares vieram de quais Estados?
X. ( ) Bahia ( ) São Paulo ( ) Minas Gerais ( ) outras regiões do
Paraná? Qual. ____________. Outro Estado: Qual ?______________.
Outro País: Qual?______________________
XI. *Você tem claro o que é um MIGRANTE, e qual sua importância na
colonização.
( ) SIM, compreendo ( ) não, não compreendo ( ) Não tenho
claro o significado do que é o migrante.
XII. Sua família, (pais ou avós) trabalharam no passado no plantio ou colheita do
café em Maringá ou outra cidade da região do Norte do Paraná?
( ) SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SOUBE INFORMAR.
XIII. Em sua opinião quais desta cidade você escolheria para morar atualmente?
( ) Londrina. ( ) Maringá. ( ) Curitiba.
Outra cidade do Paraná: Qual? __________________________.
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XIV. Você sabe qual destas Companhias (empresas) colonizaram a região Norte
do Paraná?
( ) Companhia Colonizadora Oeste do Paraná MARIPÁ.
( ) Companhia Colonizadora do Sul de Mandaguari.
( ) Companhia de Terras Melhoramentos Norte do Paraná.
.............................................................................................................................
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ARIAS NETO, José Miguel. O Eldorado: Representações da Política em Londrina.
1930/1975. Ed. UEL. 1998.
CANCIAN, Nadir Apparecida, Cafeicultura Paranaense – 1900/1970. Ed. Grafipar,
Curitiba, 1981.
CASAGRANDE, Iolanda. O trabalhador Rural Volante “Bóia Fria”, na região de
Maringá nos anos 70. In. DIAS, Reginaldo Benedito Gonçalvez , ROLLO, José
Henrique (orgs). Maringá e o Norte do Paraná: Estudos de História Regional.
Maringá; Eduem, 1999, p. 221-238.
Colonização e Desenvolvimento do Norte do Paraná. Companhia Melhoramentos
Norte do Paraná. Publicação comemorativa do cinqüentenário da Companhia
melhoramentos Norte do Paraná - 24 de setembro de 1975.
DIAS, Reginaldo Benedito Gonçalvez, ROLLO, José Henrique (organizadores).
MARINGÁ E O NORTE DO PARANÁ: Estudo de História Regional. Maringá;
Eduem, 1999.
LUZ, France. As Migrações Internas no Contexto do Capitalismo no Brasil: A
Microrregião “Norte Novo de Maringá” – 1950/1980. 1988 375 f. Doutorado em
História Social/ Faculdade de Filosofia, letras e Ciências Humanas de São Paulo.
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