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Ambiente & Água - An Interdisciplinary Journal of Applied Science
ISSN 1980-993X – doi:10.4136/1980-993X
www.ambi-agua.net
E-mail: ambi.agua@gmail.com
Rev. Ambient. Água vol. 11 n. 3 Taubaté – July / Sep. 2016
Índice de qualidade das águas e balneabilidade no Riacho da Bica,
Portalegre, RN, Brasil
doi:10.4136/ambi-agua.1833
Received: 06 Jan. 2016; Accepted: 25 Apr. 2016
Samylle Ruana Marinho de Medeiros1*
; Rodrigo Guimarães de Carvalho1;
Luiz di Souza2; Antônio Helton da Silva Barbosa
3
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Mossoró, RN, Brasil 1Departamento de Gestão Ambiental
2Departamento de Química
3Departamento de Geografia
*Autor correspondente: e-mail: samyllemedeiros@yahoo.com,
rodrigo.ufc@gmail.com, souzaluizdi@gmail.com, helton_asb@hotmail.com
RESUMO A qualidade das águas é caracterizada por parâmetros físicos, químicos e
microbiológicos, os quais são submetidos constantemente a interferências de ordem natural,
do próprio ecossistema, e de ordem antrópica, advindas das atividades de uso e ocupação do
solo. No Estado do Rio Grande do Norte, Brasil, a melhoria da qualidade das águas exige
atenção, tendo em vista que a região perde parte significativa de suas águas pelas altas taxas
de evaporação. A cidade de Portalegre apresenta um conjunto paisagístico formado por
nascentes perenes, brejos de altitude e cachoeiras. Considerando as características do local,
este trabalho caracterizou a qualidade hídrica do Riacho da Bica que percorre a área de
microbacia que se encontra na vertente norte do município e é bastante procurado para fins de
recreação de contato primário. O objetivo da pesquisa foi a análise do Índice de Qualidade das
Águas (IQA) em três pontos do Riacho da Bica e a análise da balneabilidade na Cachoeira do
Pinga, frequentemente usada por banhistas. Os resultados mostram que a qualidade das águas
é melhor na nascente do Riacho da Bica em que o IQA foi classificado como “regular”. Os
demais pontos do riacho foram classificados como “ruim”. A balneabilidade das águas da
Cachoeira do Pinga foi classificada como excelente.
Palavras-chave: análise microbiológica, parâmetros físicos e químicos, recursos hídricos.
Water Quality Index and suitability for bathing of Bica Stream,
Portalegre, RN, Brazil
ABSTRACT Water quality is characterized by physical, chemical and microbiological parameters,
which are constantly subject to the interference of nature, the ecosystem and human land-use
activities. In Rio Grande do Norte State, Brazil, the improvement of water quality requires
attention, considering that the region loses a significant portion of its waters through high
evaporation rates. In this context, the town of Portalegre has a complex landscape formed by
perennial springs, upper swamps and waterfalls. Considering the uniqueness of the area, this
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research characterized the water quality of Bica Stream, which flows through the watershed
area located on the north side of the city, and is very popular for leisure activities. This
research analyzed the Water Quality Index (WQI) at three points of the Bica Stream, as well
as the Pinga Waterfall’s suitability for bathing, as it is frequently used for this purpose. The
results show that the water quality is better at the spring of Bica Stream, with a WQI
classified as "regular". The other parts of the stream were classified as "bad". The waterfall
water was classified as excellent for bathing.
Keywords: microbiological analysis, physical and chemical parameters, water resources.
1. INTRODUÇÃO
Conhecer a qualidade das águas de um dado corpo hídrico para adequá-las aos seus mais
variados usos, seja estes consuntivos ou não consuntivos, é uma tarefa importante. No
semiárido brasileiro esta proposta é ainda mais imprescindível, uma vez que a disponibilidade
hídrica, em termos quantitativos, é limitada pelo processo natural no qual as taxas de
evaporação das águas superam a taxa de precipitação. Tal condicionante torna relevante a
atuação de pesquisadores e gestores públicos na promoção da qualidade das águas (Silva et
al., 2012).
No estado do Rio Grande do Norte, Brasil, o uso das águas para recreação de contato
primário, associado ao desenvolvimento da atividade turística, é bastante significativo. Por se
tratar de uma região de clima semiárido com o período de chuvas limitado e insolação na
maior parte do ano, a procura por atrativos turísticos que proporcione este tipo de lazer
acontece tanto no litoral como no interior.
Nos municípios interioranos, como é o caso de Portalegre, a população frequenta lugares
próximos a rios, cachoeiras e até mesmo barragens para usufruir da recreação de contato
primário. Como nesta atividade há possibilidade de aquisição de doenças transmitidas por
contato com a água ou sua ingestão, a análise da balneabilidade é um instrumento
indispensável para fornecer segurança ao banhista e, sobretudo, uma resposta quanto à
qualidade sanitária da água (Francener et al., 2011).
O monitoramento da balneabilidade a nível institucional tem se dado através do
Programa Água Azul, o qual é realizado pelo Instituto do Desenvolvimento Sustentável e
Meio Ambiente (IDEMA) e pelo Instituto de Gestão das Águas do Estado (IGARN) em
parcerias com as instituições de ensino federais (UFRN, UFERSA e IFRN) e estaduais
(UERN e EMPARN) e tem se dedicado a analisar a balneabilidade apenas das praias do
estado (IDEMA, 2008).
Sendo assim, surge a preocupação quanto à balneabilidade das águas doces no estado do Rio
Grande do Norte, Brasil, preocupação que também já foi evidenciada em outros estados
brasileiros. Conforme destacaram Lopes e Magalhães Junior (2010, p. 134) ao avaliarem a Bacia
do Alto Rio das Velhas em Minas Gerais, observaram que há uma carência de estudos e programas
de monitoramento que avaliem as condições de balneabilidade, especialmente em balneários de
águas doces.
Os corpos hídricos poluídos e/ou contaminados por águas residuárias oferecem um risco
potencial de expor os banhistas a doenças de veiculação hídrica, principalmente as gastrenterites.
Neste sentido, a balneabilidade atua com o objetivo de refletir a qualidade das águas de recreação,
sendo de suma importância a sua avaliação como uma política de saneamento (Francener et al.,
2011). O Riacho da Bica, localizado no município de Portalegre, conta com uma área de
Cachoeira, conhecida como Cachoeira do Pinga, cuja declividade é de 70o. O lugar é bastante
visitado para fins de lazer, balneabilidade e contemplação paisagística.
No entanto, é importante destacar que Portalegre é uma cidade com ocupação urbana em
consolidação desprovida de alguns serviços básicos de saneamento e de uma política de
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gestão de resíduos sólidos. Segundo o IBGE (2014), o município não se encontra entre as
cidades com serviços de esgotamento sanitário. Tal situação favorece para que os dejetos das
residências sejam dispostos sobre o solo ou acondicionados em estruturas rudimentares, como
valas e fossas artesanais, contribuindo assim, com a incidência de efluentes não tratados nos
corpos hídricos e com o aumento dos níveis de contaminação por bactérias termotolerantes na
Cachoeira do Pinga.
Tendo em vista esta problemática, a caracterização e a avaliação da qualidade da água do
Riacho da Bica são fundamentais para conhecimento público e mobilização para criação de
políticas de uso e conservação. Todavia, para que essas informações cheguem aos usuários
deste recurso os métodos de avaliação da qualidade das águas devem ser de compreensão fácil
(Ferreira et al., 2015).
Neste sentido, destaca-se o relevante papel que os índices vêm desempenhando nessa
área. Desenvolvidos para unificar, interpretar e divulgar os dados obtidos no monitoramento
ambiental, os índices têm sido usados com êxito para caracterizar o estado e as tendências da
qualidade da água. Os mesmos não exigem grande número de parâmetros de qualidade da
água para o desenvolvimento, e a validação é necessária apenas para a concentração de um
número limitado de parâmetros (Andrietti et al., 2016).
O Índice de Qualidade das Águas (IQA) é uma ferramenta capaz de traduzir os
parâmetros de qualidade de um dado corpo hídrico reunindo-os em um único índice, usado
para classificar sua qualidade, que pode variar de boa a ruim. Tal ferramenta contribui,
sobretudo, no diálogo com o público não técnico, pois facilita a compreensão dos resultados
obtidos com as análises físico-químicas (Freitas et al., 2011), sem a necessidade de seu
conhecimento técnico.
Tendo em vista o papel do IQA e da balneabilidade na elucidação da qualidade ambiental
de um corpo hídrico, o presente trabalho visa contribuir com informações acerca do Riacho da
Bica, um curso d´agua que percorre a microbacia da Mata da Bica, a qual está localizada
adjacente à área urbana, na vertente norte do município de Portalegre. O curso d´àgua
supracitado é bastante utilizado para fins de recreação de contato primário e abastecimento
pela comunidade para fins domésticos. Desta forma, o objetivo central do trabalho consistiu
na caracterização da qualidade hídrica do Riacho da Bica, a partir do IQA e da análise de sua
balneabilidade.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Caracterização da Área de Estudo
O município de Portalegre está situado na mesorregião do Oeste Potiguar, sobre um
maciço cristalino, numa altitude média de 642 m e coordenadas 06°01’26,4” de latitude sul e
37°59’16,8” de longitude oeste (IDEMA, 2008). O município possui uma área territorial de
110,054 km² (IBGE, 2014) e estabelece limites com os municípios de Riacho da Cruz,
Taboleiro Grande, Viçosa, Serrinha dos Pintos, Francisco Dantas e Martins.
Situado na região serrana do Oeste do estado do Rio Grande do Norte, Brasil, e no médio
curso da Bacia Hidrográfica do Rio Apodi Mossoró, Portalegre apresenta um conjunto
paisagístico com características de excepcionalidade climática devido à influência do relevo
na circulação atmosférica, o que propicia maior precipitação, sendo comuns os anos com
chuvas acima dos 1.400mm. Soma-se a esse fenômeno o fato de existir um capeamento
sedimentar no topo da serra, entre 630 m e 700 m, que absorve as águas pluviais e as
redistribui, especialmente, na vertente norte/nordeste, formando setores brejados no terço
superior das vertentes, com nascentes perenes e uma mata subcaducifólia no seu entorno
(Medeiros, 2015).
O mais conhecido brejo de altitude do município de Portalegre está localizado em uma
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vertente adjacente a área urbana. Neste ambiente, conhecido por Mata da Bica (MB)
(Figura 1), foi criado o Terminal Turístico da Bica (TTB), uma área com uma infraestrutura
básica de restaurante, banheiros, bancos e fontes de água voltadas para atender o visitante.
A partir da nascente que está situada no TTB seguindo o curso da vertente norte, em uma
altitude de aproximadamente 500 m, ocorre ainda uma cachoeira denominada Cachoeira do
Pinga. Como não há instituído um nome oficial para este curso d´água que perpassa a
microbacia da MB e contribui com a recarga da Cachoeira do Pinga optou-se por nomeá-lo de
Riacho da Bica o qual foi objeto de análise deste estudo.
Figura 1. Localização da área de estudo.
2.2. Procedimentos Experimentais para análise do IQA
Para a análise do IQA, as águas foram coletadas nos três pontos específicos do Riacho da
Bica. Conforme destacado na Figura 1, o primeiro ponto (P1), amarelo, corresponde à fonte
de água do TTB, localizada a 620 m de altitude. O segundo ponto (P2), cor azul, foi no trecho
de água corrente, localizado à jusante do primeiro ponto, a 570 m de altitude. O terceiro ponto
(P3) de coleta, de cor vermelha, foi na própria Cachoeira do Pinga, local onde as águas são
usadas para banho. Este ponto localiza-se a 485 m de altitude.
Estes três pontos foram fundamentais para a observância dos padrões de qualidade, se
estes estão sendo violados ou não. No entanto, apenas na Cachoeira do Pinga foi analisada a
balneabilidade.
Tendo em vista que a variação climática interfere nos parâmetros analisados, as amostras
para análise do Índice de Qualidade Ambiental (IQA) foram coletadas em duas campanhas,
uma no mês de julho (09/07/2014), e outra no mês de novembro (26/11/2014), períodos
referentes, respectivamente, ao período chuvoso e de estiagem. Para tanto, formulou-se a
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ficha de coleta e uma tabela com as observações a serem seguidas de acordo com cada
parâmetro que seria analisado (Tabela 1).
Tabela 1. Parâmetros, coletores, condições de preservação e tempos de armazenamentos usados
para coleta e análise das amostras.
Indicador Recipiente Preservação Tempo de
Armazenamento
Oxigênio dissolvido,
pH e temperatura Medido in situ Medido in situ Medido in situ
Coliformes
Termotolerantes
Vidro, plástico
esterilizado à
105ºC; 1 atm,
durante uma hora
Refrigerar a 4ºC 24 horas
DBO Vidro, plástico Refrigerar a 4ºC 6 horas
Nitrogênio total Vidro, plástico H2SO4 conc. até pH
< 2. Refrigerar a 4°C 28 dias
Turbidez Vidro, plástico Refrigerar 4ºC e manter ao
abrigo da luz 24 horas
Sólidos totais Vidro, plástico Refrigerar 4ºC 7 dias
Fósforo Total Vidro H2SO4 conc. até pH
< 2 e Refrigeração 4ºC 28 dias
Fonte: Silva e Souza (2013) (adaptado).
As amostras foram coletadas de acordo com as normas prescritas na literatura (Brasil,
2006; ABNT, 1987). O IQA é utilizado pela Companhia Ambiental do Estado de
São Paulo - CETESB desde 1975, e nas décadas seguintes os demais estados brasileiros
passaram a adotá-lo, sendo atualmente o principal índice de qualidade da água utilizado no
país (ANA, 2015).
O mesmo é obtido através das análises de nove parâmetros, em que para cada parâmetro
é estipulado um peso (valor), que será refletido no cálculo final. São analisados no IQA o
Oxigênio Dissolvido (OD) (Peso-0,17), os Coliformes Termotolerantes (CT) (Peso 0,15), o
Potencial Hidrogênionico (pH) (Peso-0,12), a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO 5,20)
(Peso-0,10), os Sólidos Totais (ST) dissolvidos (Peso-0,08), o Fósforo Total (PT) (Peso-0,10),
o Nitrogênio Total (NT) (Peso-0,10), a Temperatura (0,10) e a Turbidez (Tur.) (0,08)
(CETESB, 2015).
No presente trabalho o IQA foi calculado a partir de uma plataforma online do site da
CETESB (http://portalpnqa.ana.gov.br/indicadores-indice-aguas.aspx). na qual o índice é
obtido de uma maneira mais rápida que o cálculo manual, e se dá a partir do preenchimento
de uma base online que solicita os valores para cada parâmetro, apresentando posteriormente
o valor do IQA. A única observação que deve se tomar cuidado, é que o OD solicitado pela
plataforma é o OD saturado (%), necessitando que o interessado no IQA faça a transformação
dos valores antes de preencher.
Quanto aos procedimentos de análise, as medidas de OD, pH e a temperatura foram
medidos em campo utilizando-se um medidor multiparamétrico portátil Orion 5-Star da
Thermo Scientific, os demais parâmetros (CT. DBO, NT, Tur. PT e ST) foram quantificados
em laboratório utilizando-se das estruturas dos laboratórios de Biologia I, de Eletroquímica e
Química Analítica (LEQA) e do Laboratório de Catálise, Ambiente e Materiais (LACAM),
todos pertencentes a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). As
determinações de todas estas variáveis foram feitas usando métodos padrões do Standard
Methods of APHA (APHA et al., 2005), e as medidas foram feitas em triplicata,
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considerando-se a média aritmética como o resultado. Em casos em que um dos resultados
ficou muito afastado da média, este foi descartado e foi considerado como resultado a média
dos dois resultados que apresentaram valores próximos ou semelhantes.
As análises de Tur. e PT foram realizadas via espectroscopia molecular, utilizando-se um
Espectrofotômetro UV-Visível (Figura 2), modelo UV-mini, marca SHIMADZU. Em todos
os casos as amostras foram lidas, após preparo adequado seguindo metodologia padrão, em
uma curva padrão pré-montada com soluções padrões no comprimento de onda característico
de maior magnitude de absorção de cada composto e o resultado sendo fornecido pelo
aparelho em mg L-1
, após comparação do valor da leitura com sua posição na curva padrão
arquivada.
Figura 2. Espectrofotômetro UV-Visível modelo UV-mini 1240 da
marca SHIMADZU.
As análises de ST foram feitas gravimetricamente usando cadinhos de porcelana e uma
estufa comum. Os cadinhos foram lavados e secos na estufa, logo após, os mesmos são
resfriados no dessecador para a posterior pesagem e determinação de sua massa. Foi utilizado
25 mL de amostra, que foi adicionada em cada cadinho. Concluindo este procedimento, os
cadinhos são colocados na estufa a uma temperatura de 105ºC até a completa evaporação do
líquido (aproximadamente 8 horas). Após as 8 horas, retiram-se os cadinhos e os coloca
novamente no dessecador para alcançarem a temperatura ambiente para serem pesados com o
resíduo. O ST foi então calculado pela Equação 1.
ST (mg L-1
) = (Ma-Mv)x4x104 (1)
em que:
Ma é a massa do cadinho com a amostra (g); e
Mv é a massa do cadinho vazio (g).
No que diz respeito aos teores de nitrogênio total – NT, estes foram determinados
segundo o método de Kjeldahl proposto por (Miyazawa et al., 1999). Este método é dividido
essencialmente em três etapas de análise distintas: digestão, destilação e titulação. No
processo de digestão, a matéria orgânica presente na amostra é decomposta, sob aquecimento,
utilizando-se ácido sulfúrico concentrado e uma mistura de catalisadores (sulfato de cobre +
sulfato de sódio). Neste processo, todo o nitrogênio presente na amostra é transformado em
um sal de amônio.
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Em seguida, no processo de destilação, o íon amônio presente no sal formado reagiu com
o íon hidróxido que, sob aquecimento, liberou amônia que, por sua vez, é inserida na solução
saturada de ácido bórico.
A próxima etapa consistiu na titulação, em que o íon borato que foi deslocado da reação
da amônia com ácido bórico foi titulado com uma solução padrão de ácido clorídrico. A
quantidade de nitrogênio presente na amostra é determinada através do volume medido de
ácido clorídrico padrão gasto na titulação. Os procedimentos detalhados referentes a essas
etapas estão descritos a seguir:
Digestão com H2SO4 + H2O2
a) Transferiu-se aproximadamente 0,5 g de material para um tubo digestor e adicionou-se
1g da mistura de sais de sulfato de sódio com sulfato de cobre (10:1), 3 mL de H2SO4 98% e
1 mL de H2O2 30%;
b) Colocou-se o tubo no bloco digestor, aqueceu-se lentamente até 350°C e manteve-se
até a obtenção de um líquido viscoso, azulado.
Destilação e titulação
a) Conectou-se o tubo digestor no destilador de nitrogênio;
b) Conectou-se na extremidade do destilador um erlenmeyer de 250 mL contendo 25 mL
de H3BO3 2% e 3 gotas da mistura de indicador azul de metileno 0,2% e vermelho de metila
0,2%. Após a conexão do erlenmeyer adicionou-se 10 mL de NaOH 40% ao tubo do digestor;
c) Abriu-se a torneira do vapor de água para aquecimento e destilou-se até obter-se cerca
de 45 mL no erlenmeyer. A coloração da solução de ácido bórico passa de azul para verde;
d) Titulou-se com solução padrão de HCl 0,1 mol L-1
. No ponto final da titulação a
coloração inicial azul é recuperada;
e) Anotou-se o volume gasto de HCl na titulação;
f) Calculou-se a concentração de nitrogênio total em g/100g utilizando a seguinte
Equação 2.
N total (g/100g)=[(V x C x MM) x 100] ÷ M (2)
em que:
N total (g/100g) é a concentração de nitrogênio total em g/100g;
V é o volume gasto de HCl na titulação em litros;
C é a concentração do HCl em mol L-1
;
MM é a massa molar do nitrogênio em g/mol; e
M é a massa utilizada da amostra em gramas.
Quanto às análises de DBO, cabe destacar que as amostras foram preparadas em garrafas
específicas, e posteriormente foram encaminhadas para incubação por 5 dias à 20ºC na
ausência de luz. O ensaio para determinação da DBO foi realizado no Laboratório de
Eletroquímica e Química Analítica (LEQA) da Universidade do Estado do Rio Grande do
Norte (UERN), os procedimentos utilizados foram baseados na metodologia 5210 B do
Standard Methods (APHA et al., 2005).
De acordo com esta metodologia, duas amostras foram preparadas para cada ponto
(adição de 20 ml de amostra em cada frasco). Em uma primeira amostra (DBO inicial) foi
adicionado KI e MnSO4 . H2O (fixadores de oxigênio), ácido sulfúrico, amido (indicador) e
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em seguida titula-se contra uma solução tiossulfato padronizado. Na outra amostra (DBO5) foi
adicionada água de diluição e encubada durante cinco dias a uma temperatura constante de
20ºC. Encerrado o tempo de incubação, repetiu-se o processo de titulação que foi utilizado
para determinação da DBO inicial. Por fim, o resultado da DBO 5,20 para cada ponto foi
definido pela diferença entre a DBO final e DBO5 (Silva, 2013).
No que se refere aos valores de Coliformes termotolerantes cabe ressaltar que estes foram
estipulados a partir dos valores de Escherichia coli (E. coli) (Hachich et al., 2012). Os
mesmos foram calculados a partir de análises microbiológicas feitas pelo laboratório de
biologia da UERN, utilizando o método Colitag, um teste rápido que identifica em 24 horas a
presença de Coliformes totais e E. coli. Este método é aprovado pela United States
Environmental Protection Agency (USEPA) e promove a reativação e posterior detecção de
E. coli. No campo de pesquisa, o uso de métodos rápidos se torna vantajoso por diminuírem o
tempo de análise e aumentarem a produtividade laboratorial (Marquezi et al., 2010).
Em virtude deste método não identificar Coliformes termotolerantes, que é o parâmetro
microbiológico do IQA, chegou-se a uma estimativa dos valores de Coliformes
termotolerantes a partir da relação de proporcionalidade entre os valores de E. coli e de
Coliformes termotolerantes. Tal fundamento se baseou em alguns trabalhos renomados da
área como o estudo de Hachich et al. (2012), o qual comparou as densidades de Coliformes
termotolerantes e E. coli em 25 locais de água doce no estado de São Paulo e verificou que
existia uma proporção de 84,3% em média, concluindo que para 1.000 Coliformes
Termotolerantes 800 corresponderia a E. coli (Hachich et al., 2012).
No estudo realizado por Sato et al. (2008) foi verificado que a E. coli corresponde a 63%
do valor de coliformes termotolerantes. Outras pesquisas desenvolvidas em diferentes
condições encontraram proporções variáveis entre 84% e 104%, para as concentrações desses
microrganismos (Sato et al., 2008).
Diante disso, considerando que a E. coli é a bactéria predominante do grupo dos
coliformes termotolerantes, optou-se neste trabalho adotar a proporção de 84 %, ou seja, para
um valor de 200 NMP/100 ml de Coliformes termotolerantes, 168 NMP/100 ml
corresponderia ao valor de E. coli. A escolha do percentual de 84% se justifica em virtude de
ser este o valor referente à média das três proporções encontradas em outros estudos (63%,
84% e 104%), a média foi feita para não tornar a escolha tendenciosa.
Após a obtenção dos valores do IQA, foi feita a classificação do Riacho da Bica.
Segundo a Agência Nacional das Águas - ANA, o valor final do IQA é classificado em faixas,
que variam entre os estados brasileiros (ANA, 2015). Para o estado do Rio Grande do Norte,
Brasil, são estabelecidas as seguintes faixas da avaliação atribuída:
91-100 – a água é ótima;
71-90 – a água é boa;
51-70 – a água é razoável;
26-50 – a água é ruim;
0-25 – a água é péssima.
2.3. Procedimentos experimentais para análise da balneabilidade
O trabalho de coleta de água para fins de análise da balneabilidade da Cachoeira do Pinga
ocorreu tanto no período de influência da precipitação (mês de julho) quanto no período de
estiagem da região (novembro/dezembro). Contudo, em virtude de falhas técnicas, os dados
do período de precipitação foram comprometidos, não havendo tempo hábil para refazer as
coletas e análises.
Em decorrência do imprevisto, a análise proferida neste trabalho corresponde apenas à
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campanha feita no período de estiagem. A coleta foi desenvolvida durante cinco semanas,
abrangendo os meses novembro/dezembro de 2014, durante os dias 05/11, 12/11, 19/11,
26/11 e 03/12. Apesar da análise se restringir a esta última campanha, os dados obtidos não
perdem seu valor, uma vez que é no período de estiagem que há uma maior procura de turistas
para o lazer e balneabilidade na Cachoeira do Pinga, sendo, portanto, uma relevante fonte de
informação para a população local e os visitantes da área.
O parâmetro microbiológico analisado nas amostras foi a E. coli. A definição da
categoria de balneabilidade da Cachoeira foi aferida conforme a resolução 274/2000 do
CONAMA, para a qual a categoria de balneabilidade varia de acordo com as proporções de
E. coli em 100 ml.
A determinação do Número Mais Provável de E. coli foi realizada pelo método de
fermentação em tubos múltiplos (FTM) a partir do reagente Colitag, para tanto foram
utilizados os seguintes materiais: bico de Bunsen, lâmpada Ultra-Violeta, estufa incubadora a
35ºC e tubos de ensaio, os procedimentos de análise seguiu o protocolo do “Standard
Methods”(APHA et al., 2005).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Índice de Qualidade das Águas (IQA) do Riacho da Bica
Os resultados obtidos nas análises realizadas encontram-se dispostos na Tabela 2. A
campanha 1 corresponde ao período de chuva na área de estudo e a campanha 2 refere-se ao
período de estiagem. A partir da exposição destes dados, é possível fazer comparações prévias
entre os três pontos e os períodos de coleta, contudo, as evidências mais relevantes estão
discutidas nos próximos subtítulos do artigo.
Tabela 2. Propriedades físico-químicas e biológicas da água dos pontos amostrados.
Parâmetros do IQA P1 P2 P3
Camp.1 Camp.2 Camp.1 Camp.2 Camp.1 Camp.2
Oxigênio Dissolvido/mg L-1
6,95 8,33 10,92 9,54 11,47 10,55
Potencial Hidrogeniônico 5,20 5,30 5,00 5,00 5,00 6,30
DBO/mg L-1
17,24 7,94 16,23 18,06 18,80 24,49
Temperatura /ºC 27 27 23 27 21 25
Nitrogênio Total/ mg L-1
0,87 3,69 1.63 3,38 1.81 4,75
Fósforo Total/ mg L-1
0,02 0,04 1,34 1,44 1,74 1,94
Turbidez uT 18 2,40 24 9,73 36 6,65
Resíduo Total/ mg L-1
253 mg L-1
364 mg L-1
320 1418 290 1392
Col. Termotolerantes/
NMP/100 ml Negativo Negativo 94 36 167 95
3.1.1. Análise do IQA do Ponto 1 (P1)
A fonte de água (P1) está inserida no TTB e é recarregada diretamente por uma nascente
que fica bem próxima, ambas possuem estrutura de pedras cercando a fonte e à montante da
nascente tem-se uma vegetação arbórea arbustiva preservada. No P1 existe ainda uma placa
de advertência proibindo a entrada de pessoas, o que diminui previamente o impacto
antrópico. No entanto, ao redor da estrutura as pessoas transitam livremente, sendo
presenciado algumas vezes em campo o odor proveniente de urina ao redor da fonte, que
poderia contaminar a água.
720 Samylle Ruana Marinho de Medeiros et al.
Rev. Ambient. Água vol. 11 n. 3 Taubaté – July / Sep. 2016
Neste local o IQA se manteve de acordo com a classe Razoável, conforme dispõe a
Agência Nacional de Águas (2015). Durante o período de chuva, o índice apresentou o valor
de 55,8, e no período de estiagem o valor foi de 58,2, não apresentando variação significativa
entre os períodos.
Quando comparado aos demais pontos, o P1 foi o que se apresentou visualmente menos
poluído, fato confirmado pelo IQA, que apontou o P1 como o ponto menos contaminado do
Riacho da Bica. No P1 os valores para coliformes termotolerantes não deram positivos, já
para coliformes totais, apresentaram valores positivos, 40 NMP/100 ml no período chuvoso e
no período de estiagem o valor subiu, >1600 NMP/100 ml. Os parâmetros do Oxigênio
Dissolvido - OD e da Turbidez se mantiveram dentro do padrão estabelecido pela Resolução
357 do CONAMA para águas doces de classe 2 (Brasil, 2005), a qual delimita para OD
valores não inferiores a 5 mg L-1
e para turbidez valores de até 100 unidades nefelométricas.
No P1 os valores para OD foram de 6,95 mg L-1
(Período chuvoso) e 8,33 mg L-1
(Período de estiagem), estes resultados estabelecem estreita relação com os valores da DBO,
que foi mais alto no período chuvoso, 17,24 mg L-1
, e menor na estiagem, com 7,94,
demonstrando que o aumento da matéria orgânica biodegradável implica na diminuição do
oxigênio dissolvido na água, já que bactérias aeróbicas demandam oxigênio para degradar a
matéria orgânica. Para Jordão et al. (2007), a mensuração das concentrações de oxigênio
dissolvido possibilita avaliar as condições naturais da água e detectar impactos ambientais
como eutrofização e poluição orgânica.
Já a turbidez é o parâmetro que está mais atrelado ao material em suspensão presente nos
corpos d’água que dificulta a penetração do feixe de luz (Santi et al., 2012). Tendo em vista
que durante as chuvas a concentração de sólidos em suspensão aumenta consideravelmente, o
valor da turbidez foi de 18 uT, bem maior que a turbidez do período de estiagem, que foi de
2,40.
O pH do P1 não se enquadrou nos limites da Resolução 357 do CONAMA (Brasil,
2005), apresentando valores de 5,2 na primeira campanha e 5,3 na segunda campanha,
revelando o caráter acido da água do P1, mesmo no período de estiagem, contrariando a
hipótese de que a acidez da água tenha como causa principal o efeito das chuvas.
Os valores de pH refletem o poder solvente da água e, dessa forma, indica possível
reações químicas com rochas e solos. Morais (2010), ao estudar a microbacia do rio Cabeça,
na bacia do rio Corumbataí em São Paulo, verificou em três pontos amostrados valores entre
cinco e seis para o pH e concluiu que pode ser resultado de condições naturais representadas
pelas feições geológicas e pedológicas da área de estudo que influenciam o pH da águas
superficiais da região.
Tal situação pode ser retratada na microbacia da Mata da Bica. A declividade da área
favorece movimentos de massa de solo para a água, além do mais, estudos comprovam que o
capeamento sedimentar que está acima da rocha cristalina não é mais profundo que 50 m, e a
ocorrência da nascente se dá justamente no contato do capeamento sedimentar com o
cristalino ficando a água exposta as reações químicas que ocorrem nessas três interfaces: solo,
água e rocha.
Em suma, os valores do IQA do P1 são semelhantes aos valores encontrados por Manoel
e Carvalho (2014), ao estudarem o IQA de duas nascentes no município de Ilha Solteira (SP),
uma localizada no córrego das Lagoas e a outra no córrego do Ipê. A nascente do córrego das
lagoas no período de estiagem manteve a água boa, e no período de chuva a água foi
classificada como regular. Já a nascente do córrego do Ipê apresentou classificação boa nos
dois períodos.
O IQA da nascente do córrego das lagoas durante o período de chuva coincidiu com os
valores da fonte de água no TTB. Diferentemente do que foi observado por Manoel e
Carvalho (2014), na MB não se obteve melhora na classificação da água durante o período de
721 Índice de qualidade das águas e balneabilidade …
Rev. Ambient. Água vol. 11 n. 3 Taubaté – July / Sep. 2016
estiagem.
Todavia, mesmo com resultados satisfatórios, Manoel e Carvalho (2014) afirmaram que
na região não há uma visão preservacionista dos recursos naturais. Para o TTB de Portalegre,
existe o interesse na conservação da área, mas é preciso avançar bastante para se alcançar o
olhar preservacionista das nascentes e fontes de água da área.
3.1.2. Análise do IQA do Ponto 2 (P2)
O segundo ponto (P2), correspondente ao trecho intermediário do Riacho da Bica, se
encontra em uma altitude de 570 m. Neste local foram identificados resíduos sólidos como
fraldas descartáveis e garrafas pets, caracterizando uma poluição pontual. Este trecho do
Riacho da Bica obteve uma classificação inferior ao P1, e se manteve dentro da classe Ruim
nos dois períodos analisados. O P2 recebe influência, principalmente, dos efluentes do TTB,
já que, por se tratar de uma área de declive as águas servidas do P1 chegam mais rapidamente
neste trecho e se acumulam em alguns locais de água parada.
A Figura 3 apresenta o registro fotográfico feito do P2 durante o período de estiagem,
demonstrando a degradação da qualidade da água através de uma espuma branca acumulada
em uma porção de água entre as rochas do córrego do P2.
A situação reproduzida na Figura 3 é extremamente importante para entender a
correlação com os valores obtidos para o resíduo total do P2 durante o período de seca. Isto
porque os valores foram muito diferentes nos três pontos durante a campanha chuvosa e
divergiram também dos valores do P1 no período de seca.
Figura 3. Fotografia mostrando a degradação da
qualidade da água próximo ao ponto P2.
Durante a primeira campanha (período chuvoso) o valor do resíduo total do P2 foi de
320 mg L-1
, já na segunda campanha (período de estiagem) o valor foi de 1.418 mg L-1
superando inclusive o ponto 3, que também se mostrou com valor alto (1.392 mg L-1
). O
resíduo total, segundo a ANA (2015), é toda matéria que permanece na água após um
processo de evaporação, secagem ou calcinação da amostra durante um determinado tempo e
temperatura, podendo ser, também, denominado de Sólidos Totais.
A justificativa mais apropriada para os valores exorbitantes encontrados consiste no fato
de que durante o período de coleta da campanha 2, o TTB se encontrava ativado, ou seja, com
sua estrutura de bar/restaurante em pleno funcionamento, o que implica na limpeza da área
com maior frequência e também no aumento de visitantes. Já no período da primeira
campanha, o TTB estava desativado, sem serviço de bar/restaurante e com a frequência de
visitas reduzidas, fato que reflete na diminuição da limpeza da área. Logo, a alteração dos
valores pode ser um reflexo do impacto antrópico das atividades de limpeza e lazer.
722 Samylle Ruana Marinho de Medeiros et al.
Rev. Ambient. Água vol. 11 n. 3 Taubaté – July / Sep. 2016
Sendo assim, a espuma visualizada na Figura 2 pode ser resultante dos produtos
utilizados na limpeza ou até mesmo dos produtos de higiene pessoal, como sabonete e
shampoo, usados pelos banhistas durante o banho na Bica.
O uso abusivo destes compostos atua na inibição ou paralisação da depuração natural ou
artificial, devido à formação de espumas estáveis (Costa et al., 2007).
Malagutti e Tauk-Tornisielo (2014), ao avaliarem a qualidade das águas do córrego
Bandeirantes na sub-bacia do Ribeirão Claro, no município de Rio Claro/São Paulo,
concluíram que o ponto de coleta do corpo hídrico em que o valor do resíduo total foi superior
a 500 mg L-1
tinha recebido descarga de efluentes.
Blume et al. (2010) concordam que esta variável está relacionada com os ecossistemas
terrestres, especialmente o tipo de terra usado, atividades agrícolas e as condições
meteorológicas. As amostras coletadas por Blume et al. (2010), em 18/08/08 no Rio dos
Sinos, no Sul do Brasil, mostraram um aumento significativo na concentração dos sólidos
totais dissolvidos em todos os locais de amostragem, que justificou os resultados como
influência da precipitação, que ocorreu no dia anterior à coleta, arrastando materiais sólidos
para a bacia.
Na MB o aumento acentuado dos resíduos totais foi observado no período de estiagem,
não podendo ser atribuindo a chuva este aumento acentuado, e sim, as atividades antrópicas
desenvolvidas nos limites da área.
Com relação aos demais parâmetros do P2, a turbidez e os coliformes termotolerantes na
campanha de estiagem foram menos significativos que no período chuvoso, comprovando a
influência que a pluviometria exerce sobre estes parâmetros. Já os valores da DBO do P2
foram maiores no período de estiagem, invertendo o resultado do P1, quando a DBO do
período de estiagem foi menor que do período chuvoso. Tais valores da DBO do P2 tem
relação com os valores do resíduo total, considerando que entre estes estão presentes
compostos biodegradáveis, que contribuiriam com o aumento da DBO no período de
estiagem, bem como com a maior presença de banhistas e uso do TTB.
3.1.3. Análise do IQA do Ponto 3 (P3)
O terceiro ponto (P3) foi a Cachoeira do Pinga, local da área de estudo em que há
imersão de banhistas. Sua altitude é de 485 m, este é o ponto de menor altitude, que por se
posicionar a jusante de P1 e P2 recebe a carga de seus efluentes. O IQA do P3 se manteve
dentro da classe Ruim nos dois períodos analisados.
Dentre os parâmetros que apresentaram valores significativos altos no P3 durante a
primeira campanha, destacaram-se a turbidez e os coliformes termotolerantes. A turbidez que
se mantinha com valores entre 2,40 uT e 24 uT, passou para 36 uT na primeira campanha de
coleta. Os coliformes termotolerantes que estavam na faixa entre 36 NMP/100 ml e 94
NMP/100 ml nas outras análises, subiu para 167 NMP/100 ml.
Essas variações são esperadas, já que, de acordo com Bonet et al. (2008), os picos de
turbidez, cor e coliformes termotolerantes estão essencialmente associados à cheia. Durante o
período chuvoso, há um maior aporte de sedimentos para o leito dos rios, estes além de
aumentarem a turbidez trazem consigo mais coliformes para o corpo hídrico. Para fins do
cálculo do IQA, o parâmetro coliformes termotolerantes possui peso significativo em relação
à maioria dos parâmetros, o peso para este parâmetro é 0,15 ficando atrás apenas do OD que é
de 0,17.
Porém, o OD no P3 também foi maior do que nos demais pontos, tendo em vista o peso
significativo que possui no cálculo do IQA, o OD pode ter influenciado a classe de qualidade
da água. A análise da concentração de oxigênio dissolvido permite avaliar a condição
aeróbica dos cursos de água, devido à entrada de poluentes. A solubilidade do mesmo se dá
em função da temperatura, da altitude local e da salinidade da água (Jordão et al., 2007).
723 Índice de qualidade das águas e balneabilidade …
Rev. Ambient. Água vol. 11 n. 3 Taubaté – July / Sep. 2016
É interessante observar a seguinte relação: o P3 apresentou concentrações de DBO e de
OD maiores que o P1 e o P2, contrariando a relação inversamente proporcional que vinha
acontecendo nos demais pontos analisados, de que quanto maior a DBO menor o OD do
corpo hídrico. Uma das explicações para isto está fundamentada na renovação do oxigênio
que ocorre mais rapidamente na Cachoeira do Pinga, tendo em vista que a agitação do corpo
aquático que possui cachoeiras ou quedas d’água contribui com o aumento do fluxo de
renovação do oxigênio a partir do ar atmosférico.
O resíduo total do último ponto também seguiu a tendência do P2, e durante o período de
estiagem apresentou a concentração de 1.392 mg L-1
, sendo observado também na Cachoeira
do Pinga espumas em alguns pontos. Um dos impactos que podem ser desencadeados pela
alta concentração de resíduos totais é sentido na vida aquática, à medida que os materiais vão
se depositando no leito do rio eles destroem os organismos que vivem nos sedimentos e
servem de alimento para outros organismos, além disso, danificam os locais de desova de
peixes (Bufon et al., 2014).
Verissímo e Ferreira (2013) concluíram em seu trabalho no baixo curso do rio São João
que as concentrações dos resíduos totais podem ter influenciado nos valores obtidos pelo
IQA, tendo em vista que apresentaram valores muito elevados em alguns pontos. Tal
constatação se adequa à realidade dos pontos P2 e P3, que tiveram seus valores de resíduos
aumentados durante o período da campanha 2, na qual o TTB se encontrava ativado.
O P1 não refletiu a influência da ativação do TTB porque se encontra à montante da bica,
local onde os banhistas tomam banho e utilizam produtos de higiene pessoal, e do próprio
local da área (espelho d´água, pátio do TTB, restaurante, banheiros).
Ao comparar os 3 pontos de análise, observou-se que parâmetros como pH e temperatura
se mantiveram controlados, não apresentando picos de elevação. O pH variou de 5,0 a 6,3 nas
análises e a temperatura ficou entre 21º e 27º. A temperatura da água contribui com o
retardamento ou aceleração da atividade biológica, na absorção de oxigênio e precipitação de
compostos. Conforme Buzelli e Cunha-Santino (2013), o aumento da temperatura “tem como
consequência a intensificação da taxa de decomposição da matéria orgânica, aumentando a
demanda bioquímica de oxigênio do ambiente aquático”. Esta relação compromete a
conservação da fauna aquática.
Dada às constatações e discussões feitas, pode-se concluir que os IQAs obtidos foram
condizentes com as evidências observadas em campo e que qualidade da água diminui à
medida que o Riacho da Bica desce a vertente (Tabela 3). O P1 obteve a classe Razoável
(faixa 51-70), o trecho intermediário (P2) e a Cachoeira do Pinga (P3) manteve a classe Ruim
(faixa 26 – 50). Contudo, nota-se uma leve melhora na condição do P3 durante o período seco
em comparação com o P2. Tal condição pode ser reflexo dos parâmetros como turbidez e
resíduo total que no P2 foram maiores que no P3 durante a segunda campanha, bem como o
OD que foi menor do que no P3. Em sentido contrário, as diferenças nos parâmetros não
foram suficientes para melhorar a o IQA como um todo, se mantendo como Ruim nos dois
últimos pontos de análise.
Tabela 3. Resultados do Índice de Qualidade (IQA) da Água no Riacho da Bica, Portalegre, RN,
Brasil.
IQA
Ponto analisado período chuvoso Período de estiagem Categoria
Ponto 1 – Altitude 620 m 55,8 58,2 IQA Razoável
Ponto 2 – Altitude 570 m 43,7 42,8 IQA Ruim
Ponto 3 – Altitude 485 m 42,4 44,5 IQA Ruim
724 Samylle Ruana Marinho de Medeiros et al.
Rev. Ambient. Água vol. 11 n. 3 Taubaté – July / Sep. 2016
3.2. Análise da balneabilidade da Cachoeira da Bica
Os valores de E. coli utilizados para caracterizar a balneabilidade da Cachoeira do Pinga
merecem atenção especial, já que a sua presença denuncia a ocorrência de contaminação de origem
fecal, podendo ser relacionada diretamente com bactérias patogênicas que apresentam risco a saúde
humana.
Durante as cinco semanas de monitoramento os valores de E. coli, foram contabilizados
no total em 248 UFC. Isoladamente, nenhuma amostra apresentou concentração superior a
80 UFC/100 ml. Neste aporte, concluiu-se que a Cachoeira do Pinga se enquadra na categoria
“Excelente” para balneabilidade, uma vez que pelo menos 80 % das amostras ou mais de um
conjunto de amostras obtidas apresentaram concentrações de E. coli de no máximo
200 UFC/100 ml (Brasil, 2000).
Estes resultados são coerentes com o local analisado, considerando que a contaminação
por E. coli é maior em águas que estão submetidas aos impactos da pecuária e das cidades que
apresentam elevado grau de urbanização e adensamentos populacionais. Essas características
não se enquadram significativamente a Portalegre, que possui uma população de
7.760 habitantes (IBGE, 2014), um grau de urbanização embrionário, e atividades
agrossilvopastoris de pequena escala. Tais fatos não justificariam altos valores de E. coli.
Entretanto, deve-se alertar para o fato da cidade não possuir mecanismos de coleta e
disposição de esgotamento sanitário adequado, prevalecendo fossas rudimentares, que
propiciam a contaminação do solo e das águas. Atualmente, a situação não é crítica, mas em
um cenário futuro, de aumento da população e urbanização, esta situação pode ser agravada,
revelando altos valores de microorganismos patogênicos. O período de precipitação também
pode promover um maior aporte desses organismos no corpo hídrico, já a análise
microbiológica deste trabalho se delimitou ao período de estiagem.
Todavia, cabe ressaltar que a classe “Excelente” é uma classe ideal para banho, porém, se
os valores de E. coli aumentarem na Cachoeira do Pinga, é possível que se atinja a classes
menos favoráveis. Tais cenários indesejáveis podem vir a ser vivenciados, por exemplo, na
época de chuva, onde há o aumento significativo de bactérias como a E. coli nas águas
superficiais.
As chuvas interferem nas concentrações de bactérias na água da seguinte forma:
inicialmente, com as chuvas há maior carreamento de material fecal por meio do escoamento
superficial em áreas rurais e urbanas, além de galerias pluviais e córregos para o local de
análise, o que aumenta os valores medidos. Posteriormente, as chuvas arrastam as bactérias do
local de análise e os valores diminuem. Assim o carreamento de material fecal no início das
chuvas compromete a qualidade das águas nos balneários e altera os valores monitorados
(WHO, 2003).
Como o período de coleta e monitoramento desenvolvido na Cachoeira do Pinga
correspondeu ao período de estiagem na região, as análises não refletiram de maneira geral as
influências da chuva, apesar de que na semana 3 (19/11/2014) foi perceptível na paisagem que
tinha chovido em dias anteriores, sendo presenciada ainda na manhã da coleta uma neblina na
região. Tal evento pode ter contribuído com variação exacerbada das concentrações de E. coli,
entre a primeira e terceira semana de coleta, as quais variaram de 80 para 2 e novamente
60 UFC/100 ml.
Diante dos resultados obtidos nas análises da Cachoeira do Pinga, não se faz necessário à
adoção de medidas corretivas, porém, não se deve desprezar o investimento em ações
preventivas. O ideal é estabelecer um modelo de monitoramento da balneabilidade para que a
Cachoeira seja avaliada com certa frequência, tanto em período chuvoso, como de estiagem.
Segundo o modelo de monitoramento apresentado por Lopes (2012), a partir de diretrizes
desenvolvidas para a Nova Zelândia, se em um conjunto de amostras analisadas, todos os
resultados das amostras apresentarem um somatório < 260 NMP/100 ml deve-se manter uma
725 Índice de qualidade das águas e balneabilidade …
Rev. Ambient. Água vol. 11 n. 3 Taubaté – July / Sep. 2016
rotina de monitoramento semanal; se posteriormente, uma única amostra
apresentar >260 NMP/100 ml, deve ser feito uma amostragem diária e identificação da fonte
de contaminação; e em casos de resultados consecutivos realizados com o intervalo mínimo
de 24 horas, apresentarem valores >550 a amostragem deve ser diária, a fonte da
contaminação deve ser investigada e além disso o público deve ser notificado sobre a
situação.
Morais e Silva (2012), ao avaliarem o balneário Curva São Paulo, no rio Poti, em
Teresina-Piauí, estabeleceram para o ponto de balneabilidade “Satisfatória”, um
monitoramento que deve ser iniciado cinco semanas antes do período de estiagem. A escolha
do período pelos autores pode ter se dado em virtude de ser o período de estiagem aquele em
que há maior procura por balneários, nesta perspectiva um dos objetivos do programa de
monitoramento é informar o banhista quanto a qualidade da água.
Além disso, o trabalho de limpeza das margens deve ser feito periodicamente e as
condições de acesso ao rio melhorado. A instituição responsável pelo programa de
monitoramento seja o órgão competente do estado ou do município, não pode esquecer,
sobretudo, da adequada sinalização do local com placas indicando a condição de uso do
balneário (Morais e Silva, 2012).
Dada à discussão acerca dos resultados obtidos na Cachoeira do Pinga cabe aqui
correlaciona-los com outras experiências desenvolvidas dentro do mesmo contexto. Um
trabalho similar desenvolvido por Andretta et al. (2008) no município de Carrancas,
localizado no Sul de Minas Gerais analisou a balneabilidade a partir da contagem de
coliformes fecais de duas Cachoeiras da região, a Cachoeira da Fumaça e a Cachoeira do Véu
da Noiva. De acordo com os resultados obtidos a balneabilidade da primeira Cachoeira foi
classificada como imprópria, em virtude dos valores de coliformes fecais se mostrarem
superior a 1000 UFC/100 ml e a segunda Cachoeira foi considerada excelente, uma vez que
os valores não excederam 250 UFC/100 ml (Andretta et al., 2008).
Os resultados obtidos por Andretta et al. (2008) são reflexos diretos da relação de uso e
ocupação do solo. A montante da Cachoeira do Véu da Noiva há o predomínio de áreas de
pastagens com presença de mata ciliar em diversos pontos. Em contrapartida a montante da
Cachoeira da Fumaça se situa a própria área urbana do município e fazendas com áreas
destinadas aos campings. Sendo assim, o estudo constatou que a contaminação aferida pelas
análises denota o excesso de carga poluidora advinda dos esgotos da cidade de Carrancas, sem
tratamento prévio, e que são lançados no curso d’água que dá origem à Cachoeira da Fumaça.
Para a problemática das Cachoeiras supracitadas Andretta et al. (2008) destacam como
soluções o investimento no tratamento de esgoto, a avaliação periódica das condições de
balneabilidade nas áreas de banho e divulgação das informações, a dessedentação do gado
feita fora dos limites das matas ciliares e a recuperação da vegetação ciliar bem como de
outras Áreas de Preservação Permanentes.
Todas estas considerações podem ser aplicadas a área da Cachoeira do Pinga, pois
mesmo não sendo caracterizada uma cidade de núcleo populacional adensado, Portalegre
apresenta deficiências quanto ao saneamento ambiental, constatando-se ainda áreas de
Preservação Permanente como os olhos d´agua com suas margens desmatadas ou com
atividades impactantes bem próximas.
Situação que reforça a aplicação de um plano de monitoramento da balneabilidade e que
este possa ocorrer preferivelmente em períodos de estiagem e em estações chuvosas, já que
com a interferência pluviométrica a densidade de bactérias é alterada.
Visando um maior conhecimento sobre a caracterização da balneabilidade da Cachoeira
do Pinga é importante destacar a Resolução CONAMA 357 de 17 de março de 2005 (Brasil,
2005), que apresenta as diretrizes ambientais para a classificação dos corpos de água,
conforme a qualidade requerida para os seus usos preponderantes. Segundo a resolução, os
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Rev. Ambient. Água vol. 11 n. 3 Taubaté – July / Sep. 2016
corpos d’água enquadrados nas classes I e II podem ser destinados à recreação de contato
primário, dependendo das condições e padrões de qualidade da água, entre eles, são
importantes parâmetros como Turbidez, pH, DBO e OD.
No dia 26 de novembro de 2014, quarta semana do monitoramento da balneabilidade, foi
feita além da análise de E. coli a análise de outros parâmetros como pH, turbidez, DBO e OD.
Para o pH o valor obtido foi de 6.3, e para turbidez foi de 6,65 UNT (Unidades Nefelométrica
de Turbidez), ambas medidas se encontram enquadradas como características de águas doces
de classe 2, onde o pH deve permanecer dentro da faixa de 6 e 9 e a turbidez deve ser de até
100 UNT. Esses resultados confirmam a boa qualidade de balneabilidade da água,
principalmente, a turbidez que quando alta passa a impressão de água suja e afastam as
pessoas do local.
O pH ótimo para o crescimento e desenvolvimento da E. coli é de 6,0 a 8,0, coincidindo
com os valores de pH encontrados na água, isso explica o motivo da água ser considerada
fonte potencial de contaminação de coliformes (Cerqueira et al., 2006). Em contrapartida, a
taxa de mortalidade da E. coli dependerá da temperatura da água, dos efeitos da luz solar, das
populações de outras bactérias presentes e das alterações na composição química da água
(Juarez e Rajal, 2013).
O OD da Cachoeira do Pinga também está em conformidade com os parâmetros dos
corpos d´água de classe I e II, sendo verificado o valor de 10,55 mg L-1
. De acordo com a
resolução 357 do CONAMA (Brasil, 2005) o OD para classe I não pode ser inferior a
6 mg L-1 e para classe II não deve ser inferior a 5 mg L
-1. Apesar de o valores supracitados
estarem de acordo com os padrões legais, a DBO não se enquadrou, constatando-se o valor de
24,49 mg L-1
, muito superior ao estabelecido pelo CONAMA. Este valor significativo da
DBO pode estar relacionado à interferência antrópica local, a qual se caracteriza pelo uso e
ocupação indevido do solo e pela disposição de efluentes domésticos in natura no manancial,
uma vez que o município não possui infraestrutura adequada para o saneamento ambiental.
Esta situação pode ser identificada em muitos municípios brasileiros. Segundo
Damasceno et al. (2015) o Rio Amazonas situado na cidade de Macapá, estado do Amapá,
reflete a poluição hídrica ocasionada pelo crescimento espacial desordenado e a consequente
escassez de serviços de saneamento básico.
Por fim, mediante os resultados e contribuições afere-se a Cachoeira do Pinga além da
classificação da água como “Excelente” segundo o CONAMA (Brasil, 2000). Além disso,
havendo a diminuição e o controle da DBO a Cachoeira poderá ser enquadrada também como
“águas doces de classe 2” com base na resolução 357 do CONAMA (Brasil, 2005) a qual
estabelece como usos permissivos para essa classe à recreação de contato primário, tais como
natação, esqui aquático e mergulho.
É interessante destacar que apesar de possuir excelente qualidade para banho, as águas da
Cachoeira do Pinga apresentaram um IQA ruim, conforme discutido anteriormente (tópico
3.1.3. Análise do IQA do Ponto 3). Na Cachoeira os valores para DBO e resíduo total no
período de estiagem se mostraram muito acima dos padrões adequados, isto pode ter afetado
em maior grau a qualidade da água, ponderando que estes parâmetros, em especial,
promovem poluição visual e a escassez qualitativa da água. A DBO esta relacionada à
presença de macronutrientes, que quando alta diminui OD, logo há o prejuízo da condição
aeróbica do corpo hídrico para os organismos aquáticos, nesta mesma direção, os resíduos
totais causa danos à vida aquática, uma vez que grande parte da fauna presente nos
sedimentos é destruída pela carga poluidora que chega as águas.
4. CONCLUSÃO
As evidências coletadas e discutidas neste trabalho demonstram que a poluição visual da
727 Índice de qualidade das águas e balneabilidade …
Rev. Ambient. Água vol. 11 n. 3 Taubaté – July / Sep. 2016
área é uma realidade que decorre da ausência de programas de educação ambiental com os
visitantes e moradores que frequentam a microbacia da Mata da Bica. Sendo, portanto,
verificado a presença de resíduos sólidos no TTB (P1), no trecho intermediário do Riacho da
Bica (P2) e na Cachoeira do Pinga (P3), locais em que há circulação de visitantes. Esta
poluição observada na MB se caracteriza como pontual e pode ser revertida com medidas
corretivas e de prevenção.
No que diz respeito ao IQA, os resultados obtidos apontam que a qualidade das águas é
prejudicada à medida que desce a vertente, no P1 a água permanece com a classe razoável
durante o período de chuva e estiagem, já no P2 e P3 a água se mantém na classe ruim nos
dois períodos. Isto mostra que a declividade favorece o transporte e o acúmulo de
contaminantes para altitudes mais baixas. A resolução para tal cenário consiste no manejo
adequado da área principalmente no seu ponto mais alto, a partir do controle efetivo das
fontes pontuais e difusas de contaminação.
Quanto à balneabilidade, a Cachoeira do Pinga se enquadrou como excelente no período
de estiagem analisado, todavia o resultado obtido não diminui a importância de um programa
de monitoramento, e que este seja feito no período chuvoso e também durante a estiagem,
principalmente próximo à época de maior incidência de visitantes na área.
5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Fundação de Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior - CAPES pela bolsa de mestrado vinculada ao Programa de Demanda Social
da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, concedida à primeira autora deste artigo,
derivado de parte da Dissertação de Mestrado da primeira autora apresentada ao Programa de
Pós Graduação em Ciências Naturais, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.
6. REFERÊNCIAS
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