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Livro Resumos II Workshop Educação Ambiental Interdisciplinar
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Apresentao
O presente livro de resumos o resultado da coletnea de trabalhos apresentados no 2 Workshop de Educao Ambiental Interdisciplinar, realizado pela Univasf, atravs do Projeto Escola Verde, e parceiros da regio do Vale do So Francisco. So artigos abordando diferentes temas agrupados em cinco Grupos de Trabalho (GTs), aprovados por professores mestre e doutores, coordenadores dos GTs. No GT 1 Prticas e Pesquisas de Educao Ambiental Formal e Informal, coordenado pela Profa Nilmara Mrcia de Souza S Santos (Uniesb), encontramos trabalhos sobre aes, composies curriculares, contextualizao e percepes da Educao Ambiental, formal e informal, no processo ensino-aprendizagem. No GT 2 Formao e Capacitao de Professores em Educao Ambiental, coordenado pela Profa Irailde Gonalves de Lima (Uneb) foram debatidas questes como perfil e caractersticas da formao acadmica dos professores que atuam no magistrio e processos de capacitao em Educao Ambiental, de forma interdisciplinar, articulada e contextualizada. O GT 3 Sustentabilidades Locais: Vivncias e Experincias, coordenado pelo Prof Celso Sales Franca (Facape), congregou trabalhos sobre representaes sociais, processos cooperativos e as diferentes formas de convivncia com os biomas brasileiros, conservao e preservao, a partir do reconhecimento e problematizao das questes ambientais locais. O GT 5. Sade Ambiental e Educao Para a Sade, coordenado pela Profa Glria Maria Pinto Coelho (Univasf), agregou trabalhos sobre a articulao da sade com a Educao Ambiental. Estratgias e processos de saneamento ambiental, higiene e consumo sustentvel, como prticas educativas para melhoria da qualidade de vida. J o GT6. Polticas Pblicas Ambientais, coordenado pela Profa Rosicleide Arajo de Melo (Univasf), debateu questes como as aes e projetos dos Poderes Pblicos e da sociedade civil no enfrentamento dos problemas socioambientais, a partir da promoo da Educao Ambiental, formal e informal, que visam estimular a participao popular e garantir a sustentabilidade das aes executadas. Esta obra, portanto, um trabalho coletivo. Parabns ao esforo de cada um que contribuiu para a concretizao deste livro.
Juazeiro - BA, 30 de Setembro de 2013.
Paulo Roberto Ramos
5
SUMRIO
GT 1 - PRTICAS E PESQUISAS DE EDUCAO AMBIENTAL FORMAL E INFORMAL.................7
FORMAS DE COMPREENDER O MEIO AMBIENTE: HISTRIA, DOMNIO E RELAES DE
CONFLITO...............................................................................................................................................................8
A INFLUNCIA DA VISO ANTROPOCNTRICA NOS PROCESSOS DE EDUCAO AMBIENTAL:
ESTUDO DE CASO EM ESCOLAS ESTADUAIS DE SENHOR DO BONFIM-BAHIA.................................11
A INCORPORAO DE DINMICAS EXPRESSIVAS NO DESENVOLVIMENTO DA CONSCINCIA
SOCIOAMBIENTAL JUNTO AOS FUNCIONRIOS DA UNIVASF: UMA AO PARA A
IMPLANTAO DA A3P-AGENDA AMBIENTAL NA ADMINISTRAO PBLICA...........................15
A PERCEPO AMBIENTAL DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA
ESTADUAL NO DISTRITO DO CARVO, MAZAGO-AP, BRASIL............................................................18
EDUCAO AMBIENTAL: DESENVOLVENDO PRTICAS DE SUSTENTABILIDADE ATRAVS DA
RECICLAGEM....................................................... .............................................................................................. 22
USO DE HORTA AGROECOLGICA NA EDUCAO AMBIENTAL COM CRIANAS DE CRECHE DO
MUNICPIO DE PETROLINA - PE.............................................................................................. ........................25
A PROBLEMTICA DA INCLUSO DA TEMTICA AMBIENTAL NOS PPs E NAS DISCIPLINAS DAS
ESCOLAS PBLICAS DE JUAZEIRO-BA.........................................................................................................28
VISITAS TCNICAS: UMA FERRAMENTA DIDTICA DE APRENDIZADO NA EDUCAO
AMBIENTAL.........................................................................................................................................................31
GT 2 - FORMAO E CAPACITAO DE PROFESSORES EM EDUCAO AMBIENTAL............34
PERCEPO DE MORADORES DO DISTRITO DE IGARA, SENHOR DO BONFIM/BA SOBRE OS
IMPACTOS AMBIENTAIS NO RIO ITAPICURU..............................................................................................35
O MEIO AMBIENTE E O PENSAMENTO COMPLEXO: ANALISE E COMPREENSO AMBIENTAL A
PARTIR DE UMA NOVA PERSPECTIVA..........................................................................................................38
FORMAO CONTINUADA DO DOCENTE E SUAS PRTICAS SOCIOAMBIENTAIS...........................41
ESCOLAS PBLICAS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA RELAO DAS CONDIES FSICAS E
AMBIENTAIS E A ACESSIBILIDADE...............................................................................................................44
GT 3 - SUSTENTABILIDADES LOCAIS: VIVNCIAS E EXPERINCIAS..............................................47
OS RECURSOS E AS TECNOLOGIAS QUE MELHORAM AS CONDIES DE VIDA NA
CAATINGA............................................................................................................................................................48
SEMIRIDO BRASILEIRO: NOVOS CONTEXTOS E TECNOLOGIAS.........................................................51
VOZES QUE NARRAM: OS DISCURSOS LITERRIOS QUE AJUDARAM A CONSTRUIR
ESTERETIPOS SOBRE A CAATINGA.............................................................................................................54
DESENVOLVIMENTO X SUSTENTABILIDADE NO SEMIRIDO BRASILEIRO.......................................58
MANIPUEIRA EM LAGOA GRANDE DO JATOB: UMA ANLISE DAS PRTICAS SUSTENTVEIS
NO MUNICPIO DE GIRAU DO PONCIANO.....................................................................................................61
A FESTA DO LICURI ENQUANTO ESPAO NO FORMAL DE EDUCAO PARA A CONVIVNCIA COM O SEMIRIDO................................................................................................................64
6
RECURSOS ZOOTERPICOS E EDUCAO AMBIENTAL EM COMUNIDADES RURAIS DO VALE DO
JIQUIRI, BAHIA.............................................................................................................................................. 67
A UTILIZAO DE ESPCIES NATIVAS DA CAATINGA NA ARBORIZAO DE ESCOLAS
MUNICIPAIS DE JUAZEIROBA........................................................................................................................70
A VIVNCIA COM A IMPLANTAO DE COLETA SELETIVA DO MUNICPIO DE PETROLINA-
PE............................................................................................................................. ...............................................73
A INFOESFERA E SUAS CONEXES COM A ECOLOGIA HUMANA.........................................................77
III SEMANA MUNICIPAL DA CAATINGA IP-ROXO: RVORE NATIVA AMEAADA DE
EXTINO............................................................................................................................................................80
GT 5 - SADE AMBIENTAL E EDUCAO PARA A SADE...................................................................83
ATUAO DO PEV NAS ESCOLAS PBLICAS DO VALE DO SO FRANCISCO PARA A PREVENO
DE DOENAS DE VEICULAO HDRICA.....................................................................................................84
PRTICA DE ATIVIDADE FSICA E AMBIENTES ARBORIZADOS: BENEFCIOS
PSICOFISIOLGICOS..........................................................................................................................................87
DOENAS DIARREICAS DE VEICULAO HDRICA COMO PROBLEMA DE SADE AMBIENTAL
EM ESCOLAS DE JUAZEIRO (BA) E PETROLINA (PE).................................................................................91
GT 6 - POLTICAS PBLICAS AMBIENTAIS...............................................................................................94
O APROVEITAMENTO INTEGRAL DE ALIMENTOS COMO TEMA PROBLEMATIZADOR NO
CONTEXTO PEDAGGICO PARA O CONSUMO SUSTENTVEL: ENTRE DESAFIOS E
POSSIBILIDADES.................................................................................................................................................95
PROJETOS DE EDUCAO AMBIENTAL NO MUNICPIO DE MACAP-AP............................................98
O CORPO PERCEBE A A3P (AGENDA AMBIENTAL NA ADMINISTRAO PBLICA) NA UNIVASF:
VISES E PESPECTIVAS SOCIOAMBIENTAIS DOS FUNCIONRIOS DA REITORIA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SO FRANCISCO....................................................................102
CAPACITAO DE JOVENS EM EDUCAO AMBIENTAL COM NFASE NA PRESERVAO DA
GUA E DOS RECURSOS PESQUEIROS DO RIO SO FRANCISCO.........................................................105
ESTRATGIAS DE EDUCAO AMBIENTAL PARA A MOBILIZAO DOS CATADORES DE
MATERIAIS RECICLVEIS E REUTILIZVEIS: A EXPERINCIA DE SEABRA-BA..............................108
A ESCOLA E AS POLTICAS DE EDUCAO AMBIENTAL DO ESTADO...............................................111
A INTERVENO DO ESTADO E SEUS EQUVOCOS NA SUSTENTABILIDADE DO
SEMIRIDO.........................................................................................................................................................114
ASSOCIATIVISMO E PRESERVAO AMBIENTAL...................................................................................117
7
GT 1
Prticas e Pesquisas de Educao Ambiental Formal e
Informal
8
FORMAS DE COMPREENDER O MEIO AMBIENTE:
HISTRIA, DOMNIO E RELAES DE CONFLITO
Matteo Nigro1
RESUMO Este trabalho trata o conceito de meio ambiente numa abordagem sociolgica, analisando suas
origens e seu desenvolvimento na histria da humanidade. O objetivo mostrar as diferentes
formas de percepo dos sistemas ambientais, com nfase nas dinmicas relacionais entre o
ser humano e o meio ambiente. A metodologia de pesquisa tem base na investigao
sociolgica do meio ambiente fundamentada nas teorias norte-americanas da dcada de 70.
So avaliados conceitos como o risco ambiental, o impacto e a compreenso do ambiente, a
glocalizao, o capital social e o territrio. Os resultados consistem na identificao das
formas de domnio humano sobre a natureza, na percepo de um ambiente cada vez mais
fracionado no tempo e no espao, e nos conflitos que existem entre ambiente e territrio,
sendo este ltimo, objeto de preocupao para a superao de mecanismos e tendncias
negativas, que prejudicam a vida no nosso planeta.
Palavras-chave: Meio Ambiente, Sociologia Ambiental, Compreenso do Ambiente, Risco,
Territrio.
Introduo
No mundo contemporneo, meio ambiente, ou simplesmente ambiente, uma das
palavras mais usada em qualquer setor da vida pblica e particular, mas o uso
desproporcionado que se faz com essa expresso no paralelamente acompanhado por uma
compreenso da mesma.
As perguntas que este trabalho prope em relao ao meio ambiente tratam das
origens, do significado e da evoluo do conceito. O que o meio ambiente? Por que nasceu o
conceito de meio ambiente? De onde nasceu e como se transformou no tempo? As respostas a
estes quesitos so objetivos que preciso sempre levar em considerao de maneira
transversal na anlise das problemticas que o mundo est nos propondo.
Hoje se entende o meio ambiente sobretudo em relao ao ambiente natural, mas na
verdade o meio ambiente ligado aos nossos ritmos e espaos de vida, pois se fala de
ambiente familiar, de ambiente amistoso, de ambiente universitrio ou profissional; uma
palavra que se tornou to adaptvel, que hoje podemos associ-la um pouco a tudo.
Objetivos
O objetivo principal da pesquisa foi investigar sobre as percepes que o ser humano
tem do ambiente em que ele vive, para responder questo ambiental entendida como fruto
da inveno humana. Os objetivos especficos consistiram em estudar a histria da ideia do
meio ambiente; identificar as formas de relaes e dependncia entre humanidade e natureza,
e entre ambiente e territrio; desconstruir e reconstruir a compreenso do mundo a partir da
vida social de cada indivduo.
Metodologia
A pesquisa histrica foi realizada com base na literatura referente a um mbito
especifico da sociologia, partindo das experincias da Escola de Chicago. O trabalho de
1 Doutorando em Geografia pela Universidade Federal da Bahia. E-mail: maartetteo@libero.it.
9
campo consistiu na realizao de oficinas de percepo ambiental com 08 crianas de 8-10
anos, 4 adolescentes de 14-17 anos, 10 adultos de 35-54 anos, produzindo desenhos e
pequenos textos atravs de uma leitura fenomenolgica, gerando os dados diretamente por
meio do envolvimento do pblico objeto de pesquisa.
Resultados e Discusso
Todos os resultados, tanto tericos como empricos, versaram no entendimento de que
a compreenso do valor especfico do conceito de meio ambiente acontece quando se tem a
capacidade de olhar as dinmicas relacionais da sociedade civil.
Nesse olhar, a sociologia do meio ambiente tenta responder questo ambiental,
atravs dos contributos de Dunlap e Catton. Para eles, s se pode analisar e compreender estas
interaes, considerando o ambiente como um fator que pode influenciar e simultaneamente ser influenciado pelas aes humanas (DUNLAP e CATTON, 1979, p. 252). Para isso propem um novo paradigma ecolgico NEP, defendendo uma mudana de paradigma.
Alm das abordagens tericas, entre os resultados das prticas que envolveram o
pblico, se constatou que ao representar o meio ambiente, cada indivduo usou uma
representao espacial, tanto quando se fala de ambiente domstico habitacional, como de
ambiente natural ou construdo. No imaginrio coletivo tem sempre a representao do meio
ambiente somente como espao, desconsiderando o fator humano e seus impactos.
Um dos resultados provou que o ambiente que circunda o ser humano muda em
relao aos prprios movimentos no tempo e no espao, e este fator perceptivo e
compreensivo determinou uma definio de meio ambiente como, simplesmente, o produto da
prpria percepo individual.
Ao analisar o conceito de meio ambiente na abordagem histrica, pode-se resumir os
resultados identificando trs momentos: (1) o meio ambiente entendido como um tudo que estava em torno de tudo, a natureza. O dado natural era enormemente desproporcionado em relao ao dado humano que percebia o meio ambiente somente como o fator natural
dominante; depois, aos poucos, este natural foi se humanizando, ou melhor, divinizando,
dando uma cara humana aos fenmenos naturais para tentar reconhecer estes em forma de
pessoa, que significou poder comunicar-se diretamente com a natureza atravs dos deuses que
representavam o mar, o vento, o sol, etc. O fenmeno da humanizao da natureza aconteceu
para baixar o nvel de risco incontrolvel e desconhecido que a natureza trazia atravs de
tempestades, inundaes e outros eventos negativos.
(2 momento) Esta natureza foi adaptada s exigncias humanas e aos poucos
destruda, atravs da construo de barragens ou outras obras de engenharia, com o propsito
de reduzir a capacidade de impactos do ambiente natural sobre o ambiente humano, sempre
em funo de dois objetivos: tornar conhecvel o desconhecido e, sobretudo, prevenir os
riscos que derivam desse desconhecimento dos fenmenos naturais.
(3 momento) Nas primeiras dcadas do sculo XX ocorreu um fenmeno perigoso,
que fez entender a precria condio da natureza por causa dos impactos humanos onde a
natureza no conseguiu mais suportar os impactos negativos do sistema humano e comeou a
se expressar de forma violenta atravs de eventos naturais chamados de catstrofes como maremotos, morte e extino de animais, eroso das encostas, secas, inundaes, etc.
Diante deste panorama catastrfico, com a necessidade de ter um controle maior sobre o
desconhecimento do ambiente gerador de riscos, o ser humano fracionou o ambiente em
ambientes, no sentido de reduzi-lo qualitativamente e quantitativamente, cada vez mais
restringindo o conceito em mbitos especficos que se tornaram mbitos sistmicos. Portanto existem essas duas grandes percepes do conceito de meio ambiente na
passagem de adaptao do ambiente natural (um sistema nico inicial), ao ambiente humano
10
(um fracionamento de microssistemas ambientais como podem ser o sistema das amizades,
familiar, sentimental, ou sistemas maiores como o sistema poltico, econmico, jurdico).
Outra implicao da pesquisa o meio ambiente como glocal, ou seja que vive em una dimenso global e local ao mesmo tempo, assim como glocal so os problemas da
globalizao e do territrio.
Bauman (2005, p. 346) fala de glocalizao como a capacidade de usar o tempo para
anular o espao. Essa capacidade ou incapacidade, divide o mundo em globalizado e localizado, alguns moram no mundo, outros ficam ligados a um lugar.
Tambm os problemas ambientais so glocal, e como superao destes, o caminho
avaliado foi o de intervir sobre os mecanismos de deciso para gerar sistemas normativos e
regulativos diferentes, transformando os processos, de verticais em horizontais. Em outras
palavras, ativar um capital social como um novo recurso, utilizado paralelamente ao capital
natural, os dois para gerar um novo capital que definimos de capital cultural.
Coleman (1988, p.110) define o capital social como as habilidades das pessoas em trabalhar juntas, em grupos e organizaes para objetivos comuns. A ativao do capital social, hoje deve servir para reconstruir um territrio onde compartilhar as regras e
expectativas.
Os pilares para a construo de um territrio so a condiviso, a confiana e a
solidariedade, elementos que fazem parte do capital social e geram o reconhecimento do
territrio e do ambiente, como um valor nico e coletivo.
Consideraes Finais
O significado contemporneo dos conceitos de meio ambiente e de mundo, hoje esto
estritamente ligado percepo subjetiva de cada um. Uma forma de ler e interpretar o
mundo, que se tornou necessria mas que, ao mesmo tempo, quebrou os parmetros de
referncias para avaliar a prpria qualidade de vida.
O fato que um dos aspectos centrais da contemporaneidade seja a especializao dos
conhecimentos, devido ao fracionamento do ambiente em ambientes, lembra uma celebre
frase citada por George Bernard Shaw: a especializao aquele processo pelo qual cada homem sabe sempre mais sobre uma rea cada vez mais restrita, cada vez mais sobre cada vez
menos, at quando cada homem ir saber tudo sobre o nada (MARTELLONI, 2005, p. 289). O fenmeno do individualismo que hoje est presente como nunca foi na histria da
humanidade, no permite mais o reconhecimento do ser humano como parte integrada de um
nico sistema ambiente, com a consequente perda dos valores de um territrio comum, onde
estabelecer uma relao de solidariedade, nico elemento que possa garantir um equilbrio
convivncia com os possveis riscos, perigos, em uma sociedade onde tudo se tornou fonte de
preocupao e de medo.
Bibliografia
BAUMAN, Zygmunt. Globalization and glocalization. Roma: Armando editore, 2005, p. 346.
COLEMAN, J. S.. Social capital in the creation of human capital, American Journal of
Sociology 94, 1988, p.110.
DUNLAP, Riley E. e CATTON, William R., Environmental Sociology. In: Annual Review of
Sociology, n 5. 1979, p. 252.
MARTELLONI, Maurizio. Questioni della citt contemporanea. Milano: Franco Angeli,
2005, p.28.
11
A INFLUNCIA DA VISO ANTROPOCNTRICA NOS PROCESSOS
DE EDUCAO AMBIENTAL: ESTUDO DE CASO EM ESCOLAS
ESTADUAIS DE SENHOR DO BONFIM-BAHIA
Valria Pereira Alves2
Deraldo Antnio Moraes da Silva3
Patrcia Pereira Alves4
RESUMO
No podemos admitir um ser humano analisado em partes isoladas e independentes da
natureza. A referida pesquisa sobre a influncia da viso antropocntrica nos processos de
Educao Ambiental tem objetivo averiguar a concepo do homem em relao ao meio
ambiente de tal maneira que esta percepo venha influenciar a sua interao e interveno
sobre o mesmo. A metodologia utilizada baseou-se em um estudo de caso em trs escolas da
rede estadual de ensino na cidade de Senhor do Bonfim-Bahia, onde foram distribudos para
484 alunos uma esquematizao no qual os mesmos deveriam estabelecer uma sequncia
numrica de nvel de importncia para manuteno e permanncia da vida na Terra os
seguintes elementos: animais (homo sapiens os dois gneros representados por um menino e
uma menina e outra espcie representada por uma ave) e um vegetal representado por uma
rvore cada qual destes elementos so identificados por um nmero. Diante da metodologia
aplicada obtiveram-se diferentes percepes do homem em relao natureza de modo que
51% dos pesquisados colocou-se como elemento mais importante para manuteno e
permanncia da vida no Planeta.
Palavras-chave: Viso Antropocntrica. Educao Ambiental. Percepo.
Introduo
Uma rpida viso histrica do surgimento das primeiras civilizaes humanas permite
nos ver e compreender as vicissitudes pelo qual passou o homem perante sua percepo em
relao natureza, como ser supremo, de um homem no-natural, a natureza vista como
objeto a ser explorada em benefcio do desenvolvimento civilizatrio da humanidade
(GUIMARES, 2000).
A Ecologia rasa excludente v os seres humanos como situados acima ou fora da natureza, como a fonte de todos os valores, e atribui apenas um valor instrumental, ou de
"uso", natureza (CAPRA, 2001), que norteiam a humanidade at os dias atuais, pois:
Todos ns sabemos que somos animais da classe dos mamferos, da ordem dos
primatas, da famlia dos homindeos, do gnero homo, da espcie homo sapiens, que
nosso corpo uma mquina de trinta bilhes de clulas, controladas e procriadas por
2 Graduada em Licenciatura Plena em Cincias Biolgicas com Habilitao em Biologia (UNEB); Professora do
CEPET- Piemonte Norte do Itapicuru-Jaguarari-BA. Esp. Educao Ambiental (IBPEX); Esp. Desenvolvimento
Sustentvel no semirido com nfase em Recursos Hdricos (IFBAIANO) E-mail:
valeria.p.alves@yahoo.com.br. 3 Mestre em Desenvolvimento Sustentvel (UnB); Esp. Gesto Ambiental (FUNDESP/UCSAL); Esp. Educao
Ambiental (UDESC); Consultor do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) e do INET; Professor de Ps-
graduo: da APM, da FTC/EAD e do INET; Professor de Ps-graduao do IBPEX da FTE e da FBB. E-mail:
moraes87@gmail.com. 4 Graduada em Pedagogia (UNEB); Professora do Instituto Federal de Educao Serto Pernambucano; Esp.
Psicopedagogia (UPE); Esp. Educao do Campo (UNIVASF) E-mail: patriciapereiraalves@yahoo.com.br.
12
um sistema gentico, o qual se constituiu no decorrer de uma evoluo natural que
durou dois a trs bilhes de anos, mas este saber to inoperante quanto aquele que
nos informou que nosso organismo constitudo por combinaes de carbono,
hidrognio e oxignio (MORIN, 1979, p. 20).
Deste modo, o homem se subtraiu como ser natural integrante dos sistemas biolgicos,
permanecendo insular e a filiao que o liga a uma classe e a uma ordem naturais os mamferos e os primatas no , de modo algum, concebida como afiliao. Ao contrrio o
antropologismo define o homem por oposio ao animal; a cultura por oposio natureza e;
o reino humano, sntese de ordem e de liberdade, ope-se as leis naturais e a sociedade
humana vista como exemplo de organizao (MORIN, 1979).
A crise do meio ambiente evidencia a supremacia do homem em relao natureza e
denuncia o esgotamento do modelo de civilizao. Numa ideologia antagnica: por um lado a racionalidade econmica que aponta que estamos vivendo uma crise ambiental, e por outro a
racionalidade ecolgica a define com uma crise muito mais abrangente, pois seria
civilizacional (LAYRARGUES apud GUIMARES 2000, p. 22).
Objetivos
Verificou-se a concepo antropocntrica ainda persiste na sociedade atual atravs do
levantamento de dados com os alunos do ensino mdio da rede estadual no municpio de
Senhor do Bonfim- BA.
Investigou-se o papel da educao formal na preparao da velha viso
antropocntrica perante a natureza.
Metodologia
Para a elaborao deste trabalho realizou um estudo de caso com 484 alunos em trs
colgios da rede estadual do estado da Bahia nas cidades de Senhor do Bonfim e Jaguarari nas
modalidades de Ensino Mdio (169 alunos) vespertino no Colgio Estadual de Senhor do
Bonfim, Educao de Jovens e Adultos (EJA) noturno nos Colgios Estadual Teixeira de
Freitas e Colgio Estadual de Senhor do Bonfim (150 alunos), e, no ensino profissional (165
alunos) noturno no Centro Territorial de Educao Profissional do Piemonte Norte do
Itapicuru em Jaguarari. No qual, foi distribuda para os alunos uma esquematizao, como
mostra a Figura 1, em que os mesmos deveriam imaginar uma situao hipottica e
estabelecer uma seqncia numrica da ordem de importncia dos quatro ltimos
sobreviventes da Terra para manuteno e permanncia da vida no Planeta. Os dados
levantados foram expressos em forma de grficos.
INSTITUTO BRASILEIRO DE PS-GRADUAO E EXTENSO IBPEX CURSO EDUCAO AMBIENTAL
Curso _____________Turno____________Idade_____________Sexo__________ Imagine uma situao hipottica em que no h mais vida no planeta Terra. Onde voc, e um
representante oposto de sua espcie, uma ave (animal) e uma rvore (vegetal) fossem os
ltimos sobreviventes da Terra. Estabelea, na sua opinio, uma seqncia numrica que
corresponde a cada organismo, como mostra a figura abaixo, do mais para o menos
importante organismo para manuteno e permanncia da vida no planeta.
SEQUNCIA NUMRICA: _______/_______/_______/_________
13
160
140
9787
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
N
mero
de a
lun
os
Antropognico espcimes
Antropognico individual
Antropognico naturalista
Antropognico naturalista
parcial
Resultados e discusses
De acordo com o tema proposto percebeu-se quatro formas de percepo dos alunos
diante da realidade apresentada, no qual, permitiu-se elaborar as seguintes conceituaes
visando facilitar a compreenso da pesquisa: Antropognico espcimes viso do homem desassociada da natureza; Antropognico individual viso egocntrica; Antropognico naturalista conscientizao plena do homem dependente da natureza e Antropognico naturalista parcial conscientizao do homem dependente da natureza, porm vista como objeto, distribudos de acordo com o quantitativo de alunos no total de 484, como podem ser
observados no grfico a seguir:
Estas percepes so permeveis a influncia cultural, histrica, poltica, econmica,
tnica, de gnero, familiar, da propaganda, em especial, das prprias experincias de vida dos
sujeitos e, ainda de suas expectativas (MININNI-MEDINA & SANTOS, 1999).
Segundo Dias (2004) a educao ainda treina a (o) estudante para ignorar as
conseqncias ecolgicas dos seus atos.
Figura 1: Esquematizao aplicada aos alunos do Ensino Mdio, EJA e profissional (Desenho
editado e elaborado pelo autor, maro de 2011).
Figura 2: Perspectivas da viso antropocntrica dos alunos da rede estadual de ensino.
14
Consideraes Finais
Diante do contexto apresentado pela referida pesquisa, a postura do homem perante
sua colocao no tempo e espao apresenta um paradigma nos processos de educao
ambiental uma vez que o seu papel, neste contexto, torna-se mais urgente, onde o 51%
correspondente a somatria da descrio antropognica de espcimes mais a antropognica
individual, dos estudantes pesquisados ignoram a importncia dos demais seres vivos na
manuteno e permanncia da vida no Planeta.
Partindo deste pressuposto faz-se necessrio uma interferncia da educao ambiental
e sobre tudo da formao escolar, social e familiar.
Contudo, o empenho da Educao Ambiental para criar comunidades sustentveis ser
em vo caso as presentes e futuras geraes no aprendam a estabelecer uma parceria com os
sistemas naturais, em benefcio de ambas as partes e insista numa viso antropocntrica
dicotmica homem-natureza.
Bibliografia
CAPRA, Fritjof. A teia da vida. 6. ed. Traduo de Newton Roberval Eichemberg. So
Paulo: Cultrix, 2001.
DIAS, Genebaldo Freire. Educao Ambiental: Princpios e Prticas. 9. ed. So Paulo: Gaia,
2004.
GUIMARES, Mauro. Educao Ambiental: No consenso um embate?. 5. ed. Campinas:
Papirus, 2000.
MININNI-MEDINA, Nan, SANTOS, Elizabeth da Conceio. Educao Ambiental: uma
metodologia participativa de formao. 2. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1999.
MORIN, Edgar. O enigma do homem Para uma nova Antropologia. 2 ed. Traduo
Fernando de castro Ferro. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
15
A INCORPORAO DE DINMICAS EXPRESSIVAS NO
DESENVOLVIMENTO DA CONSCINCIA SOCIOAMBIENTAL
JUNTO AOS FUNCIONRIOS DA UNIVASF: UMA AO PARA A
IMPLANTAO DA A3P-AGENDA AMBIENTAL NA ADMINISTRAO PBLICA
Luzivaldo Reis Lopes
5
Daniele Nogueira Moreira6
Joselito dos Santos Mascarenhas Medrado Junior7
Marcelo de Maio Nascimento8
RESUMO
Desde junho de 2012, a UNIVASF apoia a estruturao de um Comit Gestor Socioambiental
formado por cinco Grupos de Trabalho-GTs; o presente trabalho integra as iniciativas do GT3
Qualidade de Vida no Ambiente de Trabalho e GT4 Sensibilizao e Capacitao dos
Servidores. A investigao teve como objetivo desenvolver a conscincia ambiental com foco
na reduo do consumo de copos descartveis nos setores da Reitoria da Universidade Federal
do Vale do So Francisco-UNIVASF. A metodologia utilizada qualitativa e complementar
ao questionrio de percepo ambiental desenvolvido pelo Subprojeto I; assim sendo, tcnicas
de expresso e criatividade foram desenvolvidas com os servidores: desenho de 74 canecas,
seguido da confeco de 15 murais. Por fim, por meio de uma ao conjunta com a
PROPLAD e DACC, as produes artsticas dos funcionrios sero expostas, em setembro de
2013, no Hall de entrada da Reitoria.
Palavras chave: A3P, Esporte, Gesto Ambiental, Sustentabilidade.
Introduo
Segundo uma investigao realizada pela PROPLAD (Pr-Reitoria de Planejamento e
Desenvolvimento) em 2012, h na UNIVAF a necessidade de implantao de um Programa
Socioambiental especfico para a gesto pblica. Assim sendo, os funcionrios desta
instituio necessitam adquirir conhecimentos para o desenvolvimento de competncias
socioambientais no ambiente de trabalho. Porm, a instituio ainda necessita desenvolver mecanismos promoo de iniciativas desta ordem, edificando em seu grupo funcional e
gestor, cada vez mais, uma viso sustentvel. Um possvel caminho rumo compreenso da questo ambiental consiste na criao de espaos para o aperfeioamento de vivncias,
principio fenomenolgico (RICOEUR, 2009; BELLO, 2004), por meio da valorizao do
conhecimento sensvel.
A incluso de atividades expressivas, ldicas e criativas junto ao processo de
conscientizao ambiental de funcionrios de empresas integra a proposta utilizada por
Agendas Ambientais. Atividades dessa ordem tm como objetivo sensibilizar o sujeito por
meio de aes que priorizam a naturalidade intrnseca ao prazer de criar e expressar algo com
o prprio corpo, o qual, assim, manifesta-se artisticamente (ALMEIDA, 2007a, 2007b).
5 Graduando em Educao Fsica CEFIS-UNIVASF; E.mail: luzifitness@hotmail.com
6 Graduanda em Educao Fsica CEFIS-UNIVASF, E.mail: daniele_nogueira@hotmail.com
7 Graduando em Educao Fsica CEFIS-UNIVASF, E.mail: junior_medrado19@hotmail.com
8 Professor/Orientador do Colegiado de Educao Fsica UNIVASF, E.mail:marcelo.nascimento@univasf.edu.br
16
Esta investigao integra as iniciativas do GT3 Qualidade de Vida no Ambiente de
Trabalho e GT4 Sensibilizao e Capacitao dos Servidores do Programa de implantao da
A3P na UNIVASF. De tal forma, por meio de trabalhos manuais, ou seja, a confeco desenho de canecas para o consumo de caf se buscou amenizar ou, mesmo erradicar, o consumo de copos descartveis no prdio da Reitoria/Campus Petrolina. A metodologia de
trabalho se fundamentou na relao corpo-movimento, em especial na Teoria do Movimento Criativo proposta por Neuber (2000a, 2000b). Assim sendo, o ganho do
conhecimento e, mais do que isso, a conscincia ambiental se efetivou por intermdio da
relao percepo-conscincia-imaginao-fantasia-ao, principio bsico de uma educao esttica do movimento.
Objetivo Geral
- Desenvolver a conscincia socioambiental dos funcionrios da Reitoria da Universidade
Federal do Vale do So Francisco-UNIVASF a partir de dinmicas de expresso e
criatividade (educao esttica).
Objetivos Especficos
- Identificar pontos de conflito entre funcionrios da Reitoria da UNIVASF e o meio
ambiente;
- Sensibilizar os funcionrios da Reitoria da UNIVASF reflexo de demandas ambientais e
transformao de atitudes no sustentveis no ambiente de trabalho por meio de atividades
expressivas ou corporais;
- Auxiliar o planejamento e execuo do Programa de Gesto Ambiental na Administrao
Pblica (A3P) nesta instituio;
- Desenvolver uma metodologia fundamentada na Teoria do Movimento Criativo que auxilie
a elaborao e execuo do Programa de Gesto Ambiental na Administrao Pblica (A3P)
da UNIVASF (PROPLAD/2012).
Metodologia
Optou-se em subdividir os procedimentos em cinco etapas: a) Formao Tcnica e
Embasamento Terico; b) Visitao aos distintos Setores da UNIVASF; c) Construo dos
Instrumentos segundo NEUBER (2000a, 2000b); d) Execuo das Atividades nos 19 setores
da UNIVASF. O desenho das canecas ocorreu em 10-15 minutos nos prprios locais de
trabalho. Ao final, os trabalhos foram avaliados segundo PEEZ (2005). Diante disto, a tomada
de conscincia da gesto de resduos por funcionrios da Reitoria pode ser verificada tanto a
partir de seus depoimentos, como quando as canecas retornaram aos setores e foram
apresentadas aos funcionrios sob a forma de um mural. Em um prximo momento setembro 2013 os trabalhos sero apresentados comunidade da UNIVASF em uma exposio no Hall de entrada da Reitoria, a qual ser estendida a todos seus CAMPI.
Resultados e Discusso
Constatou-se que em muitos setores da Reitoria j existe um envolvimento dos
funcionrios com a questo socioambiental. Entretanto, verificou-se tambm que
aproximadamente 65% dos funcionrios, ainda, no possuem hbitos sustentveis no
ambiente de trabalho. Tambm h muitos que relutaram em participar das atividades
expressivas. Uma explicao plausvel para o fato advm de que a UNIVASF at a presente
data no havia efetivado trabalhos desta ordem. Mediante a anlise das 74 canecas
17
confeccionadas em quinze dos dezenove setores, pode-se observar que h espao para o
desenvolvimento da conscincia socioambiental dos funcionrios da UNIVASF por meio da
criatividade e expresso.
Consideraes Finais
Considera-se que a experincia esttica proporcionada pela dinmica das canecas pode
ser entendida como estimulo sensorial ligado a causa da liberao do elemento surpresa, o
qual ir corrigir falsas informaes existentes, ou, mesmo, consubstanciar o novo: Hbitos
sustentveis no ambiente de trabalho. Da mesma forma, dando prosseguimento ao processo
esta iniciativa ir integrar a primeira ao educativa da instituio planejada pelo Programa de Gesto Ambiental na Administrao Pblica-A3P (PROPLAD), a ser realizada
no Hall da Reitoria no ms de setembro 2013 e posteriormente em seus outros quatro Campi.
Bibliografia
ALMEIDA, P. C. A Inter-relao do ensino em Recreao e Lazer e a Educao
Ambiental. In: Meio Ambiente, Esporte, Lazer e Turismo no Brasil no perodo 1967 -2007.
Vol. 01. Rio de Janeiro: Editora Gama Filho, p. 133-138, 2007a.
__________. Lazer e Recreao e a Educao Ambiental: uma questo interdisciplinar.
In: Meio Ambiente, Esporte, Lazer e Turismo no Brasil no perodo 1967 -2007. Vol. 01.
Rio de Janeiro: Editora Gama Filho, p.269-288, 2007b.
BELLO, A. S. Fenomenologia e Cincias Humanas. Bauru: EDUC, 2004.
NEUBER, N. Kreativitt und Bewegung. Sankt Augustin. Academia, 2000a.
__________. Kreative Bewegungserziehung- Bewegungstheater. Aachen: Meyer, 2000b.
PEEZ, G. Evaluation sthetischer Erfahrungs- und Bildungsprozesse. Kopaed: Mnchen,
2005.
RICOEUR. P. Nas Escolas da Fenomenologia. Petrpolis: Vozes, 2009.
18
A PERCEPO AMBIENTAL DE ALUNOS DO ENSINO
FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA ESTADUAL
NO DISTRITO DO CARVO, MAZAGO-AP, BRASIL
Rosngela de Souza Pimentel e Silva9
Raullyan Borja Lima e Silva10
RESUMO
A percepo ambiental uma atividade mental de interao do indivduo com o meio, que
pode ser conceituada como uma tomada de conscincia do meio pelo ser humano, e a
pesquisa sobre a percepo ambiental pode funcionar como um diagnstico da situao de
uma comunidade em relao ao meio, e a sociedade nos dias atuais exige um cidado
consciente, participativo e responsvel na sua maneira de viver, uma vez que seu modo
irresponsvel vem causando a insustentabilidade do planeta. Para isto fundamental uma
educao ambiental crtica e transformadora como instrumento de formao do cidado.
Desta forma o presente trabalho objetivou diagnosticar e avaliar a percepo ambiental dos
estudantes de 5 a 8 sries do Ensino Fundamental da Escola Estadual Fagundes Varela do
Distrito do Carvo, municpio de Mazago-AP, com o intuito de gerar conhecimentos para
subsidiar aes preventivas-educativas a partir da Educao Ambiental na comunidade. Para a
coleta de dados foi usado o mtodo etnogrfico com as tcnicas de entrevistas estruturadas e a
observao participante. Os alunos demonstraram grande interesse pelo tema trabalhado, bem
como existe entre eles a percepo do ambiente circundante, assim como a preocupao com
sua preservao e equilbrio.
Palavras-chave: Educao Ambiental, Etnografia, Meio Ambiente.
Introduo
Todos os organismos vivos exercem uma influncia no ambiente, mas a espcie
humana, pelo fato de saber usar certas formas de energia, influi mais profundamente, a ponto
de provocar rpidas e radicais transformaes no habitat, na fauna e flora. Em suma, o ser
humano est quebrando elaborados equilbrios naturais, pela intensidade e profundidade com
que interfere nos ecossistemas, visando produo industrial de uma srie de bens de
consumo, realizando com isso devastaes irreversveis. O homem agride a natureza, no
porque use seus recursos naturais, mas porque o faz de modo egosta e irracional. Simplifica
totalmente os ecossistemas transformando-os em monoculturas ou terrenos de pastagens
(SILVA, 2002).
Desta forma, sabendo da importncia que representa os projetos de Educao
Ambiental para o esclarecimento e conscientizao ecolgica para todos os cidados, aliada
tambm pela grande presso que a Amaznia, o estado do Amap e, especificamente o
municpio de Mazago vem sofrendo em decorrncia da intensificao da especulao
imobiliria e das frentes de colonizao que conduzem a um aumento desordenado da
populao, turismo desordenado e utilizao irracional de nossos recursos naturais com
consequente modificao da estrutura do funcionamento e da fisionomia da regio, se faz
necessrio estudo que venha documentar o mximo possvel de informaes a cerca da
percepo que os alunos tem a respeito do meio ambiente circundante visando identificar se 9 Pedagoga, Governo do Estado do Amap. E.mail: rosangelaspsilva@bol.com.br
10 Bilogo, pesquisador do Instituto de Pesquisas Cientficas e Tecnolgicas do Estado do Amap (IEPA).
E.mail: raullyanborja@uol.com.br
19
existe conscientizao ambiental dessa clientela bem como se o discurso condiz com a
prtica.
Para Faggionato (2002) saber como os indivduos com quem trabalharemos percebem
o ambiente em que vivem, suas fontes de satisfao e insatisfao de fundamental
importncia, pois s assim, conhecendo a cada um, ser possvel a realizao de um trabalho
com bases locais, partindo da realidade do pblico.
Objetivos
Esta investigao objetivou diagnosticar e avaliar a percepo ambiental dos
estudantes de 5 a 8 sries do Ensino Fundamental da Escola Estadual Fagundes Varela
localizada no Distrito do Carvo no municpio de Mazago-AP, com o intuito de gerar
conhecimentos para subsidiar aes preventivas-educativas a partir da Educao Ambiental
na comunidade.
Metodologia
A pesquisa foi realizada na Escola Estadual Fagundes Varela, localizada no Distrito do
Carvo, municpio de Mazago, regio sul do Estado do Amap. O trabalho de campo para a
coleta de dados ocorreu no perodo de agosto a setembro de 2010 com as turmas de 5 a 8
sries da referida escola. Os procedimentos metodolgicos para levantamento de dados foram
determinados pelo carter da pesquisa ser descritiva quali-quantitativo, possibilitando assim
estudar as percepes desses alunos e os fenmenos ora ocorrentes, e suas interelaes,
usando, como sugere Gil (1999) as tcnicas da observao participante, entrevistas estruturada
participante com questionrios previamente elaborados.
O levantamento da percepo ambiental dos alunos foi realizado atravs da aplicao
de um questionrio estruturado, contendo onze perguntas fechadas, com possibilidade de
marcao de vrias alternativas na mesma pergunta, onde os focos principais foram s
temticas do mbito escolar e domiciliar, permitindo assim a coleta de dados de diversas
naturezas. Os dados coletados e registrados nas cadernetas de campo e nos questionrios
foram organizados e sistematizados em fichas por ator social entrevistado. Aps, os dados
foram tabulados e sintetizados atravs do programa Microsoft Office Excel 2010.
Resultados e Discusso
Foram entrevistados 58 alunos, sendo 26 (44,83%) do sexo masculino e 32 (55,17%)
do sexo feminino, com idades variando de 11 a 15 anos. Os alunos quando perguntados
quanto ao seu modo de ver o meio ambiente, 75,86% declararam perceber como natureza,
vindo em seguida com 65,52% os alunos que percebem o meio ambiente como um lugar para
viver. interessante notar que 5,17% dos alunos declararam ver o ambiente como um
problema, mas nenhum conseguiu explicar o porqu dessa viso. De acordo com Tuan (1980),
por mais diversas que sejam as nossas percepes do meio ambiente, duas pessoas no veem a
mesma realidade.
Em seguida foi inquirido de como os alunos veem o que faz parte do meio ambiente
circundante, onde 93,10% declararam serem os animais, seguidos pelos que declararam serem
os rios, lagos e mares (89,66%), ar e cu (86,21%), vegetao, terras, montanhas, chuvas e
ventos (84,48%). Os que acharam que o ser humano faz parte do meio ambiente somaram
63,79%, o que um conceito do ponto de vista da conservao ruim, pois o homem na
atualidade o ser vivo que mais altera e interage com o ambiente, e, ele mesmo tambm, que
pode ser o maior responsvel pela sua preservao, mas desde que as pessoas consigam se ver
como parte integrante desse grande sistema que o planeta Terra.
20
Na questo referente de como os alunos obtm informaes a respeito do meio
ambiente, todos os entrevistados declararam aprender algo em alguns programas televisivos,
vindo em seguida o que eles aprendem com seus professores (94,83%) e livros (79,31%),
mostrando a importncia dos mesmos como fonte de informao e mostra que eles esto
tendo um maior interesse pela leitura e, provavelmente isso esteja relacionado com a
participao da escola, na figura do professor, pois segundo Mansano (2006) a escola uma
instituio de ensino-aprendizagem carregada de smbolos, cabendo a ela evidenciar a
simbologia existente no meio que a cerca e no mundo, possibilitando ao aluno compreender e
perceber as inter-relaes existentes entre ela e seu entorno.
A fumaa de cigarros (82,76%), a fumaa de carros, nibus e caminhes (81,03%)
bem como a fumaa emanada das queimadas (75,86%) so os problemas ambientais mais
evidenciados pelos alunos entrevistados, fato esse que corrobora com entrevistas informais
com outros moradores da comunidade sobre a poluio do ar que vem aumentando na
comunidade nos ltimos anos e se ressentem do ar puro outrora respirado, mas tambm foi
colocado que o lixo depositado a cu aberto (72,41%) e a falta de reas verdes (63,74%) so
problemas que muito incomodam.
De acordo com os alunos os principais responsveis pelos problemas ambientais em
ordem de responsabilidade so: os moradores (96,55%), a Prefeitura municipal (70,69%), os
polticos (62,07%) de uma maneira geral e o governo estadual (60,34%). Para 26,45% dos
entrevistados todos na comunidade so responsveis e para 5,17% ningum responsvel.
Sobre quem deveria ajudar a resolver os problemas ambientais, 98,28% responderam
que deveria ser a comunidade unida e 93,10% disseram que o povo em geral. Bontempo
(2006), afirma que o conhecimento de um problema ambiental condio necessria, mas no
o suficiente, para mudanas de valores que leve ao surgimento de atitudes positivas,
desencadeando a criao de uma conscincia ecolgica.
Com relao s opinies dos alunos sobre que atitudes poderiam ser empregadas para
tentar evitar ou mesmo diminuir vrios problemas ambientais na comunidade, as respostas so
diversas, mas interessante notar que os alunos de todas as sries investigadas se sentem
extremamente preocupados com a questo do lixo, onde explicitam que deveriam evitar jogar
lixo nas ruas, rios e nos quintais, bem como jogar o lixo nas lixeiras, caso houvesse disponvel
na comunidade.
Consideraes Finais
Os alunos da Escola Estadual Fagundes Varela demonstraram grande interesse no
tema trabalhado, tendo em vista a proximidade deste com seu cotidiano e os mesmos
percebem seu ambiente circundante, assim como os problemas mais evidentes e os
responsveis diretos pelos seus surgimentos, assim como evidenciam as medidas que
deveriam e poderiam deveriam ser tomadas no sentido da minimizao dos problemas
ambientais do Distrito do Carvo.
Bibliografia
BONTEMPO, G. C. Educao Ambiental Infantil. Viosa, MG: Ed. CPP, 2006
FAGGIONATO, S. Percepo ambiental. 2002. Disponvel em:<
http://www.educar.sc.usp.br/textos>. Acesso em: 19 ago. 2010.
GIL, A. C. Mtodos e Tcnicas de Pesquisa Social. 5. ed. So Paulo: Atlas, 1999. 206 p.
MANSANO, C. do N. A escola e o bairro: percepo ambiental e interpretao do espao
de alunos do ensino fundamental. 2006. 170 f. Dissertao (Mestrado em Educao para a
21
Cincia e o Ensino de Matemtica) Centro de Cincias Exatas, Universidade estadual de Maring, 2006.
SILVA, R. B. L. e. A etnobotnica de plantas medicinais da comunidade quilombola de
Curia, Macap-AP, Brasil. 2002. 170 f. Dissertao (Mestrado em Agronomia) Departamento de Biologia Vegetal, Faculdade de Cincias Agrrias do Par, Belm, 2002.
TUAN, Y. Topofilia: estudo da percepo, atitudes e valores do meio ambiente. New Jersey:
Ed. DIFEL, 1980.
22
EDUCAO AMBIENTAL: DESENVOLVENDO PRTICAS
DE SUSTENTABILIDADE ATRAVS DA RECICLAGEM
Rosanir da Silva
11
Jana da Conceio Silva12
Doraltt dos Santos Freitas 13
Sara Liz da Silva Alves14
Erivania Virtuoso Rodrigues Ferreira Orientadora15
RESUMO
O presente artigo discorre a respeito da reciclagem, visando sustentabilidade de forma que a
utilizao dos recursos naturais seja controlada e contribua com a reduo dos impactos
ambientais. O trabalho teve como objetivo promover educao ambiental atravs de prticas
pedaggicas utilizando materiais reciclveis. O trabalho foi um projeto de interveno,
realizado na Escola Estadual Rotary, situada na rea urbana da cidade de Santana do Ipanema,
localizada no serto do estado de Alagoas, nas turmas do 6 e 7 ano na qual constituiu-se de
uma palestra sobre sustentabilidade e reciclagem, apresentando os problemas causados ao
meio ambiente, a importncia da reciclagem. Os resultados obtidos foram satisfatrios quanto
ao realizada, apesar das turmas serem de adolescentes os mesmos mostraram-se
interessados quanto questo da reciclagem e que iriam por em prtica em suas residncias o
que aprenderam na oficina desenvolvida na sala de aula.
Palavras-chave: Reciclagem, Resduos Slidos, Meio Ambiente, Desenvolvimento
Sustentvel.
Introduo
A educao ambiental se constitui numa forma abrangente de educao, que se prope
atingir todos os acadmicos, atravs de um processo pedaggico, participativo e permanente
que procura ensinar o educando uma conscincia crtica a capacidade de captar evoluo de
problemas ambientais (SILVA, 2007).
De acordo com Dias (2004) A Educao Ambiental se posiciona na confluncia do
campo ambiental e a tradicional educao, resultando em diferentes formaes e orientaes
pedaggicas produzindo assim diferentes educaes ambientais. Contudo importante
lembrar que esse encontro entre o ambiental e o educativo se d atravs de interao entre os
indivduos por meio de reflexes sobre todas as reas.
Oliveira (1997), afirma que a Educao Ambiental deve estar fundamentada na mudana de percepo dos seres humanos em relao natureza. Ela deve transformar a viso utilitarista dos recursos naturais em atitudes, valores e aes capazes de frear o
acelerado processo de deteriorao do meio ambiente. A sociedade deve se conscientizar
quanto a sustentabilidade ambiental, e para tanto deve-se traar medidas e projetos com
parceria, criar maneiras das pessoas pensarem e perceber os benefcios de preservao das
nascentes e a importncia de restaur-las.
11
Graduanda do Curso de Cincias Biolgicas UNEAL, E.mail: rosany.silva.s@gmail.com. 12
Graduanda do Curso de Cincias Biolgicas UNEAL, E.mail: janai_s@hotmail.com. 13
Graduanda do Curso de Cincias Biolgicas UNEAL, E.mail: doralttfreitas01@hotmail.com. 14
Graduanda do Curso de Cincias Biolgicas UNEAL, E.mail: sara_liz27@hotmail.com. 15
Professora/Orientadora, do Departamento de Cincias Biolgicas da Universidade Estadual de Alagoas UNEAL, Campus II. E.mail: erivania.bio@gmail.com.
23
O desenvolvimento sustentvel a capacidade de a humanidade produzir e suprir as
necessidades do presente e das futuras geraes e o princpio bsico para o melhoramento da
qualidade de vida das comunidades urbanas principalmente das classes mais baixas. Segundo
Guerra (2003) desenvolvimento sustentvel um conceito aparentemente indispensvel nas
discusses sobre a poltica do desenvolvimento no final deste sculo.
Desenvolvimento sustentvel desenvolvimento que satisfaz as necessidades do
presente sem comprometer a capacidade de futuras geraes. Entre elas: Limitao do
crescimento da populao; garantia da alimentao em longo prazo; preservao da
biodiversidade e dos ecossistemas e de tecnologia que admitem o uso de fontes energticas
renovveis. A maior parte do lixo brasileiro vai para lixes, que so depsitos de resduos a cu aberto. Um dos problemas desses lixes o mau cheiro que ele provoca na regio e a
ocorrncia de catadores, que so pessoas que trabalham e vivem do que captam dos lixes, como restos de comida, papel, papelo, plstico, metais e depois os vende para depsitos de
sucata.
Infelizmente, no Brasil o motivo principal da reciclagem no ambiental e consciente
e sim econmico. Visando sempre ganhar com a reciclagem e no modificar a maneira de
pensar e de cuidar de nosso planeta. A reciclagem permite a transformao de materiais que j
no so necessrios em materiais teis, diminuindo a explorao de matrias-primas.
designada como sendo o reaproveitamento de materiais beneficiados como matria-prima
para um novo produto. Muitos materiais podem ser reciclados e os exemplos mais comuns
so o papel, o vidro, o metal e o plstico. As maiores vantagens da reciclagem so a
minimizao da utilizao de fontes naturais, muitas vezes no renovveis; e a minimizao
da quantidade de resduos que necessita de tratamento final, como aterramento, ou
incinerao.
Objetivos
Foi desenvolvida a prtica pedaggica atravs da utilizao de materiais reciclveis,
realizou-se uma palestra sobre a sustentabilidade e reciclagem, foi explicado a importancia da
reciclagem e promovida uma oficina, onde houve a utilizao de materiais reciclveis.
Metodologia
O presente trabalho refere-se a um projeto de interveno, que foi realizado na Escola
Estadual Rotary, situada na rea urbana da cidade de Santana do Ipanema, localizada no
serto do estado de Alagoas, 09 22' 42" S, 37 14' 43" W, a 207 km da capital Macei, a
cidade possui uma rea de 437,847 km2, com populao de 45.453 hab. De acordo com
IBGE/2010, sua densidade de 103,81 hab./km2, seu clima semirido com variao de
temperatura que variam de 20C a 39C. Sua altitude mdia de 250 m acima do nvel do
mar.
A interveno foi aplicada nas turmas do 6 e 7 ano da referida escola, constituda de
uma palestra sobre a sustentabilidade e reciclagem, onde foram debatidos temas sobre a
Educao Ambiental e os problemas causados ao meio ambiente, bem como a importncia da
reciclagem, e por fim foi ministrada uma oficina com a confeco de materiais decorativos
jogos e acessrios, utilizando materiais reciclveis, buscando mudanas de comportamento
em relao reutilizao de materiais reciclveis, com a finalidade de despertar maior
interesse educativo por parte do alunado.
Resultados e Discusso
24
Os resultados obtidos foram satisfatrios quanto ao realizada, a turma mostrou-se
interessada quanto questo da reciclagem, e o alunado relatou que ia por em prtica em suas
residncias o que aprenderam na oficina desenvolvida na sala de aula, ficaram surpresos com
o tempo de durao que os materiais levam para se decompor, houve sensibilizao nesse
ambiente escolar e os envolvidos na temtica compreenderam que grande parte dos resduos
slidos podem ser reutilizados ou reciclados. Segundo IANNI (1993) preciso formar o
homem como cidado do mundo. dever de todos manter o meio ambiente em equilbrio,
uma vez que a sustentabilidade depende das atitudes que so desenvolvidas no presente.
O ser humano gosta de desafios, e precisamos utilizar toda criatividade nossa
disposio para tentar amenizar os problemas que esto ameaando o meio ambiente.
(CORRIE, 2000, p.98). Assim, o docente precisa ter como horizonte a transformao de
hbitos, mobilizando os discentes para formao da sensibilizao ambiental. Aprendendo a
construir algo novo, dando formas diferentes aos materiais reciclveis e consequentemente
melhorando a qualidade de vida de cada indivduo.
Consideraes Finais
Na ao de sensibilizao e informao que envolve o processo de preservao
ambiental, ver-se na reciclagem uma maneira eficiente de se preservar o meio ambiente,
contribuindo para um menor nvel do impacto ambiental e uma melhor qualidade de vida para
as comunidades em geral, na expectativa de proporcionar melhoria na utilizao dos recursos
naturais, atualmente preciso que cada um esteja envolvido diretamente nas questes
socioambientais, uma vez que, necessria a participao de todos.
Bibliografia
CURRIE, K. Meio Ambiente: Interdisciplinaridade na prtica. Campinas-SP, Papirus,
2000.
DIAS, G, Freire, Educao Ambiental: Princpios e Praticas. 6 Ed. rev. So Paulo: Gaia,
2004.
IANNI, O. A sociedade global. 2 ed. Rio de janeiro, Civilizao Brasileira, 1993.
OLIVEIRA, G. P. de. Educao Ambiental voltada para a formao profissional na rea
ambiental e florestal. Piracicaba, ESALQ, 1997. (Dissertao para obteno do ttulo de
Mestre na rea de Cincias Florestais).
25
USO DE HORTA AGROECOLGICA NA EDUCAO AMBIENTAL
COM CRIANAS DE CRECHE DO MUNICPIO DE PETROLINA - PE
Daniela Alves do Nascimento16
Raylla da Rocha Lima17
Meiriane Dias de Souza18
Anny Karoline Rocha Quirino19
Iandra Soares Lea20
Alex Sandro Fonseca21
Helder Ribeiro Freitas22
Rita de Cssia Rodrigues Gonalves Gervsio23
RESUMO
A abordagem Agroecolgica na Educao Ambiental apresenta-se como uma perspectiva
muito promissora para os trabalhos envolvendo educao alimentar, preservao ambiental,
promoo do desenvolvimento humano e da sustentabilidade. O trabalho realizado na creche
Dr. Washington Barros no municpio de Petrolina - PE teve como objetivo promover a
educao ambiental atravs da conduo de atividades pedaggicas com crianas em uma
horta agroecolgica implantada na creche. Foram desenvolvidas atividades de plantio e
observao ao longo do desenvolvimento das plantas. As atividades envolveram 75 crianas
na faixa etria de 2 a 6 anos e permitiram um contato das mesmas com alimentos saudveis, o
ambiente de produo, assim como com a biodiversidade associada horta agroecolgica.
Palavras-chave: Agroecologia, Educao Ambiental, Horta, Extenso.
Introduo
A escola possui papel fundamental como promotora de educao ambiental,
possibilitando experincias que promovem a conscientizao da comunidade escolar
relacionada a temas ambientais. Implantar uma horta agroecolgica no ambiente educacional
permite a abordagem de prticas sustentveis e saudveis, alm de enriquecer as atividades
desenvolvidas em sala de aula. Atualmente, a prtica de manuteno das crianas em horrio
integral nas escolas tem sido uma perspectiva muito evidente. Nesse sentido, constata-se que
as crianas tm permanecido grande parte do dia no ambiente escolar, o qual se constitui em
um importante meio de construo e desenvolvimento de hbitos alimentares, valores e
prticas sociais. Alguns autores destacam o papel pedaggico das hortas escolares no
16
Graduanda em Engenharia Agronmica pela Universidade Federal do Vale do So Francisco. E.mail:
daniela_nascimento_@hotmail.com 17
Graduanda em Engenharia Agronmica pela Universidade Federal do Vale do So Francisco. E.mail:
rayllarocha@hotmail.com 18
Graduanda em Engenharia Agronmica pela Universidade Federal do Vale do So Francisco. E.mail:
meirianedias@hotmail.com 19
Graduanda em Engenharia Agronmica pela Universidade Federal do Vale do So Francisco. E.mail: karol
karoline_rochaquirino@hotmail.com 20
Graduanda em Engenharia Agronmica pela Universidade Federal do Vale do So Francisco. E.mail: Iandra
iandra.leal@gmail.com 21
Graduando em Engenharia Agronmica pela Universidade Federal do Vale do So Francisco. E.mail:
agro.assfonseca@hotmail.com 22
Doutor em Solos e Nutrio de Plantas, Colegiado de Engenharia Agronmica UNIVASF, helder.freitas@univasf.edu.br 23
Doutora em Entomologia, Colegiado de Engenharia Agronmica UNIVASF, rita.gervasio@univasf.edu.br
26
desenvolvimento de hbitos saudveis e valorizao dos produtos locais, alm de propiciar o
envolvimento das crianas, nos cuidados com as plantas, na colheita e na participao da
preparao das refeies.
O espao das hortas permite a proposio de atividades que abordem temticas como
meio ambiente, biodiversidade, reciclagem, hbitos saudveis, extrapolando os limites
didticos impostos pela sala de aula (MUNIZ e CARVALHO, 2007; CARVALHO et al,
2008; LARED et al.,2011).
Objetivos
Promover a educao ambiental atravs da conduo de atividades pedaggicas junto
crianas da creche Dr. Washington Barros em Petrolina-PE.
Metodologia
Atravs do Programa de Extenso Ser-To Agroecolgico, professores da UNIVASF se propuseram a dar continuidade a atividades de educao ambiental e alimentar
desenvolvidas no ano de 2012 na creche Dr. Washington de Barros. Tais atividades passavam
pelo apoio manuteno de uma horta escolar agroecolgica conduzida por um casal da
comunidade que explorava um terreno da escola para o cultivo de hortalias.
Desse modo, aps as reunies de planejamento das aes com os gestores e
professores da creche teve-se incio a implantao de canteiros produtivos para observao do
desenvolvimento das plantas. Para o desenvolvimento dessa atividade foram preparados cinco
canteiros na horta da escola. As atividades foram desenvolvidas junto a 75 crianas na faixa
etria de 2 a 6 anos (Martenal I, Martenal I/B, Maternal II/A, Maternal II/B, Pr I e Pr II),
sendo que os grupos foram divididos em funo da idade e nveis de desenvolvimento
cognitivo. Na primeira atividade, as crianas plantaram sementes de hortalias (feijo,
abbora, girassol, milho e coentro), com o auxlio dos bolsistas do projeto e das professoras.
Nesse momento, tambm se procedeu rega dos canteiros, ressaltando os cuidados
necessrios para o bom desenvolvimento das plantas. Um ms aps o plantio, as turmas
retornaram horta para avaliarem o desenvolvimento das hortalias e biodiversidade
associada. Dois meses aps o plantio foi realizada a ltima visita aos canteiros para
observao do desenvolvimento das hortalias e colheita do feijo.
Resultados e Discusso
As reunies de planejamento possibilitaram uma avaliao das atividades
desenvolvidas no ano anterior, de modo que a implantao de canteiros produtivos para
observao do desenvolvimento das plantas foi apontada como uma atividade interessante.
Apesar de j ter sido trabalhada no ano anterior, a avaliao dos professores e da equipe do
projeto foi de que a conduo dos canteiros seria importante para o aprendizado dos prprios
professores, em funo da substituio dos profissionais que atuavam na escola em 2012,
tendo permanecido apenas uma professora no universo de aproximadamente 20 profissionais.
Dessa forma, conduziu-se a atividade de plantio em grupos de aproximadamente 20
crianas, as quais foram orientadas de forma ldica a promover o plantio das sementes.
Durante a atividade, foi possvel verificar a dificuldade das crianas na faixa etria de 2 a 3
anos de idade no contato com a terra e mesmo com as plantas. Nesse sentido, avaliou-se que,
mesmo sendo positiva a participao das crianas dessa idade na atividade de campo, para
esse grupo, seria mais proveitoso o desenvolvimento de atividades ldicas em sala de aula.
Para as crianas com idade mais avanada (4 a 6 anos) a atividade foi mais dinmica com
muitas perguntas e mais ateno s explicaes repassadas.
27
Aps um ms do plantio foi realizada uma visita aos canteiros, quando crianas
observaram o desenvolvimento das hortalias e demais plantas presentes nos canteiros.
Tambm constataram que o feijo apresentou um bom desenvolvimento, que muitas sementes
do coentro no germinaram ou no se desenvolveram satisfatoriamente aps a germinao,
ocasionando muitas falhas nos canteiros. Tambm foi possvel observar a presena de lagartas
no milho, percevejo no feijo e no milho, borboletas e joaninhas por todos os canteiros.
Constatou-se, junto com as crianas e professoras presentes, que o conhecimento dessa
biodiversidade importante para a produo de alimentos. Durante a visita foi possvel
chamar ateno das crianas para o atraso no desenvolvimento de algumas plantas em virtude,
principalmente, de problemas com a rega (irrigao).
Aps dois meses do plantio procedeu-se a ltima visita com as crianas horta, para
um resgate histrico do plantio e observao do desenvolvimento das plantas. Nessa visita, foi
possvel observar as caractersticas das diferentes plantas (feijo, girassol e milho) e tambm
fazer a colheita do feijo. As crianas abriram as vagens e constataram a formao das
sementes, evidenciando o ciclo reprodutivo das plantas. Algumas levaram as sementes para
mostrar aos pais o resultado da atividade conduzida por elas na horta.
De maneira geral, a atividade ofereceu s crianas e professoras um espao de contato
e aprendizado com as plantas, alimentos e com o meio ambiente. Na perspectiva das
professoras, o trabalho despertou o interesse em desenvolver outras atividades envolvendo a
horta ou mesmo plantas em sala de aula. No que tange educao alimentar, o cultivo de
espcies consumidas na alimentao da escola e em casa se configurou numa experincia de
aprendizagem significativa. Isso porque tais atividades reforam a associao entre o cultivo
de plantas na horta da escola e a produo e consumo de alimentos saudveis.
Consideraes Finais
A experincia nos permite concluir que saberes agroecolgicos e valores ticos
compatveis com a educao ambiental podem ser construdos em um processo educativo ao
longo do quotidiano escolar. As hortas agroecolgicas escolares so extremamente
importantes na construo de hbitos alimentares saudveis e prticas sociais sustentveis.
Bibliografia
CARVALHO, A.T.; MUNIZ, V.M.; GOMES, J.F.; SAMICO, I. Programa de alimentao
escolar no municpio de Joo Pessoa (PB), Brasil: as merendeiras em foco. Interface -
Comunicao, Sade, Educao (Botucatu). v. 12, n. 27, 2008.
LARED,G.V; THIEMANN,T.F; OLIVEIRA,T.H; DI TULLIO,A; FRANCO, G. M. M.
hortas escolares: desafios e potencialidades de uma atividade de educao ambiental.
Educao Ambiental em Ao, n.36, 2011.
MUNIZ, V. M.; CARVALHO, A.T. Programa Nacional de Alimentao Escolar em
municpio do estado da Paraba: em estudo sob o olhar dos beneficirios do Programa.
Revista Nutrio. Campinas. Maio/Jun. 2007.
Agradecimentos
comunidade escolar e aos voluntrios da Creche Dr. Washington Barros pela
disponibilizao do espao e ao MEC/PROEXT enquanto financiador desse trabalho.
28
A PROBLEMTICA DA INCLUSO DA TEMTICA
AMBIENTAL NOS PPs E NAS DISCIPLINAS DAS
ESCOLAS PBLICAS DE JUAZEIRO-BA
Flvio Vinicius Nunes Ferreira Gomes Tavares24
Paulo Roberto Ramos25
RESUMO
A escola um espao de convvio e de formao de opinies, portanto deve primar pela boa
convivncia entre os atores educacionais. Nela se difundem os princpios que faro parte do
cotidiano desses educandos, por isso, preciso que ela seja o local em que se propague a
temtica da preservao do meio ambiente, para que se alcance melhores condies de vida
no planeta. A promulgao da Lei 9,795 e os Parmetros Curriculares Nacionais alertam as
instituies de ensino para que seja feita a incluso da referida temtica nos documentos e nas
disciplinas escolares da escola. Esta pesquisa um recorte dos dados analisados pela equipe
do Projeto Escola Verde (PEV), da UNIVASF, no perodo de fevereiro a abril de 2013 por
meios de uma pesquisa de campo, com aplicao de Formulrio de pesquisa (em 9 escolas) e
Questionrio de pesquisa (com 32 professores) do Ensino Fundamental, do municpio de
Juazeiro-BA. Trata-se, portanto, de uma amostragem no probabilstica. Conferiu-se que as
escolas sentem dificuldades em instituir e elaborar atividades que englobem o meio ambiente
e que necessitam de capacitao para que o tema seja trabalhado em sala da de aula.
Palavras-chave: Incluso, Educao, Meio ambiente, Lei.
Introduo
Uma das dificuldades no cumprimento dos princpios legais da Educao Ambiental
(EA) a incluso das temticas ambientais nas diferentes disciplinas escolares. Apesar da
chamada Lei da Educao Ambiental (9.795) e dos Parmetros Curriculares Nacionais
(PCNs) assuntos correlatos ao meio ambiente no costumam serem trabalhados em sala de
aula como temtica permanente, continuada e interdisciplinar (BRASIL, 1998).
Partindo do pressuposto que a finalidade do Direito o bem estar social preciso que
as normas jurdicas se modernizem e atendam as diversas necessidades sociais. A sociedade
contempornea em que vivemos vem passando por diversas situaes de degradao causadas
pelas aes antrpicas, que por falta de sustentabilidade destroem e comprometem o
equilbrio socioambiental.
Segundo a lei 9.795 a Educao Ambiental o processo pelo qual o individuo e a
sociedade constri valores sociais e conhecimentos voltados para a conservao do meio
ambiente, ratificando a ideia de que um componente essencial e permanente da educao
nacional e que deve estar presente em todos os nveis dos processos educativos.
Visto que necessria a formao de cidados crticos, participativos e preocupados
com os problemas que o cercam, deduz-se a importncia da escola para formar pessoas
interessadas em resolver os problemas atuais e prevenir futuras adversidades.
Objetivos 24
Graduando em Direito pela Faculdade de Cincias Aplicadas e Sociais de Petrolina. E.mail:
flaviotavaresdireito@gmail.com. 25
Professor/Orientador do Departamento de Cincia Sociais, da Universidade Federal do Vale do So Francisco.
E-mail: paulo.roram@gmail.com
29
O objetivo central deste trabalho foi analisar as dificuldades das escolas pblicas
municipais de Juazeiro-BA em inserir a temtica socioambiental nos Projetos Pedaggicos
(PPs) e nas disciplinas escolares. Tambm foi investigada a opinio dos professores sobre as
possveis causas destas dificuldades.
Metodologia
O estudo foi realizado em 09 (nove) escolas pblicas da Educao Bsica do
municpio de Juazeiro-BA, no perodo de fevereiro a abril de 2013. Os dados foram coletados
a partir de protocolos de pesquisa e questionrios aplicados pelos pesquisadores do Projeto
Escola Verde, constituindo uma amostra de natureza no probabilstica.
Os pesquisados foram instrudos sobre a importncia e relevncia dos dados ao objeto
de estudo, assim como a garantia do anonimato. Participaram da pesquisa escolas de bairros
cujas populaes representam extratos socioeconmicos diferenciados, a fim de garantir mais
significncia amostra.
O questionrio aplicado continha 30 questes sobre diferentes questes da formao
docente e a temtica socioambiental. Os professores pesquisados correspondiam a 14
diferentes disciplinas escolares.
Os dados coletados foram transformados em grficos para facilitar a anlise, usando-se
o programa Microsoft Word. Os nomes das escolas foram tambm preservados por questes
ticas.
Resultados e Discusso
A sobrevivncia humana sempre esteve ligada a natureza, porm, com o padro
desenvolvimentista de acumulao e concentrao de capital, verifica-se uma apropriao da
natureza de forma inadequada, onde se retira dela muito alm do necessrio ao sustento
humano em nome do capitalismo que s visa o lucro, provocando desequilbrio na relao do
homem com o meio ambiente. visto que os desastres ambientais que assolam o planeta so
resultados dessa relao de explorao exacerbada, visto que, necessrio que se espalhe o
ideal conservacionista em todos meios de convvio social para que se consiga a preservao
do meio ambiente. De acordo com Art. 2o da Lei 9.795 A educao ambiental um
componente essencial e permanente da educao nacional, devendo estar presente, de forma
articulada, em todos os nveis e modalidades do processo educativo, em carter formal e no
formal.. Foram coletados dados em 9 escolas de Juazeiro-Ba, resultando em 32 professores
entrevistados, das mais variadas disciplinas escolares. De acordo com a tabulao dos dados,
17% dos professores das escolas de Juazeiro aplicam a EA de modo integral, 63% de modo
parcial, 7% em situaes especficas e 13% no trabalham a Educao Ambiental em suas
disciplinas. visto que falta capacitao para que os educadores insiram a temtica nas
vrias reas do conhecimento, apenas 31% dos professores receberam treinamento para que o
repasse do conhecimento seja feito com sucesso. 41% dos profissionais afirmam que falta
material didtico apropriado para o ensino da educao ambiental, 50% apontam a falta de
capacitao como maior dificuldade, 3% dizem que os alunos no demonstram interesse, 3%
declaram que os professores no se habilitam para que o trabalho seja feito e 3% relata que
no est previsto no PP da escola.
De acordo com o resultado encontrado, percebe-se que a Educao Ambiental ainda
no trabalhada de um modo efetivo nas escolas, pois falta capacitao aos profissionais e os
materiais didticos no abordam a temtica. Com a realizao desta pesquisa, percebe-se que
as dificuldades so encontradas na difuso da conscientizao ambiental, porm, as
dificuldades encontradas so mnimas comparadas aos resultados em longo prazo que se
30
alcanar. E entende-se que preciso que as escolas tenham vontade prpria para incentivar os
alunos a cuidarem do meio em que vivem, pois o mesmo ser o canal de repasse do
conhecimento, influenciado na sua casa e nas suas relaes sociais.
Consideraes Finais
Os dados indicativos nesse estudo preliminar nos deram uma viso clara quanto as
dificuldades encontradas nas escolas pblicas de Juazeiro. Das 9 escolas em que a pesquisa de
campo foi realizada, percebeu-se que todas encontram dificuldades na implementao da
Educao Ambiental de modo efetivo nas disciplinas, devido falta de recursos didticos
disponveis para a realizao desta atividades. Por meio de anlise foi possvel concluir que a
introduo da temtica ambiental nas disciplinas escolares ser possvel a partir do momento
em que ocorrer uma atividade ampla de conscientizao em todos os nveis de processo
educativo, porm, visto que a Educao Ambiental deve ser usada como aliado para
minimizar os impactos sofridos pela natureza. Conclui-se ratificando a ideia da atitude pessoal
na propagao do ser sustentvel. Trabalho de grande importncia para a comunidade acadmica, pois, abrange uma diversidade de aspectos doutrinrios e sua efetivao ser o
prembulo para anlises mais especficas.
Bibliografia
BRASIL. Poltica Nacional de Educao Ambiental. Lei 9795/99. Braslia, 1999.
DIAS, Genebaldo Freire. Educao Ambiental: princpios e prticas. 9a ed. So Paulo.
Gaia, 2004.
LEI 9.795 de 27 de ABRIL de 1999. Disponvel em:
. Acesso em: 31 julho. 2013.
Ministrio da Educao e Cultura (MEC), Ministrio do Meio Ambiente (MMA), Relatrio
do Levantamento Nacional de Projetos de Educao Ambiental, I Conferncia Nacional de
Projetos de Educao Ambiental. Braslia, 1997, p. 16.
SATO E CARVALHO COLS, Michele, Isabel. Educao Ambiental Pesquisa e Desafios. Porto Alegre: Artmed, 2008.
31
VISITAS TCNICAS: UMA FERRAMENTA DIDTICA
DE APRENDIZADO NA EDUCAO AMBIENTAL
Ivo Wesley Gomes Silva26
Paulo Roberto Ramos27
RESUMO
O conhecimento relacionado conservao da fauna pode ser desenvolvido e vivenciado de
diferentes maneiras nas escolas, sobretudo nas visitas tcnica. Na pesquisa realizada no
perodo de maio a agosto de 2013 objetivou-se saber a opinio dos professores das escolas
municipais a respeito da visita ao CEMAFAUNA. Educadores das escolas Municipais de
Juazeiro e Petrolina, foram escolhidos aleatoriamente para responderem a uma pesquisa do
tipo survey sobre o que eles acharam da visitao ao CEMAFAUNA. Dos professores
entrevistados 42,85% qualificaram a visita como sendo muito boa, 28,57% acharam muito
importante na didtica pedaggica, 14,28% dos professores disseram que a visita foi
interessante, surpreendente e 14,28% dos professores responderam que a visita foi razovel.
Diante dos dados coletados, para a maioria dos professores, a visita tcnica nunca deixar de
ser um recurso didtico-metodolgico importante para aprofundar os conhecimentos.
Palavras-chave: Escola, Conhecimento, CEMAFAUNA.
Introduo
A educao ambiental trata-se de um processo pelo qual o educando comea a obter
conhecimentos acerca das questes ambientais e passa a ser o agente transformador em
relao conservao ambiental. Acredita-se que o conhecimento acerca da conservao da
fauna e da flora possa ser desenvolvido e vivenciado de diferentes maneiras nas escolas,
sobretudo nas visitas tcnica onde o ambiente propcio para o aprimoramento e
aprendizagem, conhecimento e motivao a mudana de comportamento. (MEDEIROS et al,
2011)
As visitas tcnicas constituem um importante instrumento de motivao para os
estudantes e uma tima didtica de aprendizado para os educadores, pois contribui na fixao
dos contedos administrados, tornando as aulas mais dinmicas, o estudante pode conhecer
ambientes diferentes da sala de aula e dessa forma experimentam na prtica os contedos
estudados na teoria. O aluno passa por um processo de interao, internalizando
conhecimentos (SILVA et al. 2011).
O Projeto Escola Verde (PEV) que tem como foco colaborar na minimizao de
problemas relacionados promoo da educao ambiental, tem proporcionado dentre suas
atividades nas escolas: visitaes tcnicas relacionadas ao contexto ambiental. O projeto
acredita que desta forma contribui positivamente na preservao e conscientizao, onde
professores e alunos em suas visitas tem a oportunidade tambm de compreender mais sobre o
bioma mais diverso do mundo que caatinga (DRUMMOND et al. 2012).
Nesse contexto as visitas ao Centro de Manejo da Fauna da Caatinga (CEMAFAUNA)
que dentre suas vertentes atua na conservao de fauna da caatinga tem contribudo
ativamente com as escolas no processo sociedade-natureza.
26
Graduando em Medicina Veterinria pela Universidade Federal do Vale do So Francisco. E.mail:
ivowesley12@hotmail.com. 27
Orientador/Doutor, Colegiado de Cincias Sociais da Universidade Federal do Vale do So Francisco E-mail:
paulo.roram@gmail.com
32
Objetivos
O presente trabalho oriundo de uma pesquisa do tipo survey realizada no perodo de
maio a agosto com uma amostragem de professores com o objetivo de saber sobre a opinio
dos mesmos acerca da visitao ao Centro de Manejo da Fauna da Caatinga (CEMAFAUNA).
Metodologia
O Centro de Manejo da Fauna da Caatinga (CEMAFAUNA) recebeu no perodo de
maio a agosto de 2013 em diferentes dias, visitas de sete escolas municipais de Juazeiro e
Petrolina, os nomes das escolas sero mantidas em sigilo por medida de carter tico para
preservar a identidade de professores, gestores. Totalizando entre alunos e professores 281
pessoas. Os alunos e professores foram conduzidos ao auditrio do local para que fosse
ministrada uma palestra aos discentes e docentes das referidas escolas sobre a fauna da
caatinga e a biodiversidade deste bioma onde todos puderam ter contato direto com uma
serpente no venenosa, posteriormente os visitantes foram recepcionados no museu onde
havia animais da caatinga conservados pela tcnica de taxidermia tais como roedores,
mamferos, aves, e animais em risco de extino, aps a visita, professores das escolas foram
escolhidos aleatoriamente para responderem a uma pesquisa do tipo survey sobre o que eles
acharam da visitao ao CEMAFAUNA, todos foram informados previamente dos objetivos e
da metodologia da pesquisa e tiveram o anonimato garantido.
Resultados e Discusso
Dos professores entrevistados 42,85% qualificaram a visita como sendo muito boa e
28,57% acharam muito importante na didtica pedaggica, estando de acordo com
DENCKER (1998) que acredita que a visita tcnica de grande relevncia para o
aprendizado, j que permite aos alunos aperfeioar o aprendizado obtido em sala de aula e
aprimorarem "in loco". O professor no pode mais ficar apenas restrito s atividades de sala
de aula. Pelo contrrio, o mundo da educao passa a acontecer, cada vez mais, fora de sala. A pesquisa revelou que 14,28% dos professores acharam a visita ao CEMAFAUNA
muito interessante e surpreendente em relao ao conhecimento da fauna da caatinga.
Segundo Silva (2004) o desconhecimento sobre a fauna da caatinga e a ocupao desordenada
humana seria um dos motivos que torna a sua conservao um dos maiores desafios da cincia
brasileira, e acredita-se que quanto mais informaes organizadas e disponveis sobre as
espcies melhor podem ser traadas estratgias para a conservao.
Embora 85,72% acharem pontos positivos nas visitaes ao CEMAFAUNA, houve
14,28% dos professores que acharam a visita razovel em termo de contribuio didtica para
os alunos, eles alegaram que h uma discrepncia de idades entre as turmas, o que dificulta o
entendimento de todos. Esta informao confronta com a opinio de Monezi e Filho (2005)
que enxergam o aprendizado como ferramenta que deve ser trabalhada de forma gradual e se
preciso de forma individual e cabe ao professor proporcionar, e assim as visitas tcnica devem
permitir que o aluno associe os contedos j aprendidos em sala de aula com os observados na
prtica.
Consideraes Finais
Diante do exposto, a visita tcnica nunca deixar de ser um recurso didtico-
metodolgico importante para grande parte dos professores, pois a partir dela que se torna
possvel aprofundar o conhecimento, a visita tcnica se mostra como instrumento pedaggico
33
de aprendizagem e sensibilizao com nfase nas questes ambientais, e o PEV tem
contribudo ativamente neste contexto proporcionando as escolas municipais uma mudana na
realidade socioambiental proporcionando tambm o conhecimento da fauna existente ao seu
redor.
Bibliografia
DENCKER, A. F. M. Mtodos e Tcnicas de pesquisas em Turismo. So Paulo: Futura,
1998.
DRUMMOND, M. A., SCHISTEK, H., SEIFFARTH, J. A. Caatinga: um bioma
exclusivamente brasileiro e o mais frgil. Revista do Instituto Humanitas Unisino, n389-ano XII. So Leopoldo-RS, 2012.
MEDEIROS, A. B., MENDONA, M. J. S. L., OLIVEIRA, I. P. A Importncia da educao
ambiental na escola nas sries iniciais. Revista Faculdade Montes Belos, v. 4, n. 1, set.
2011.
MONEZI, C. A., FILHO, C. O. C. A. A Visita Tcnica como Recurso Metodolgico
Aplicado ao Curso de Engenharia. XXXIII Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia-
Cobenge. Campina Grande-PB, 2005.
SILVA, A. G. et al. Visitas tcnicas no ensino da qumica o tratamento das guas em destaque. 34 Reunio Anual da Sociedade Brasileira de Qumica. Florianpolis, 2011.
SILVA, J. M. C. T., FONSECA, M. T. Biodiversidade da catinga: reas e aes
prioritrias para a conservao. Braslia, DF. Ministrio do Meio Ambiente: Universidade
Federal de Pernambuco, 2004.p.251-262.
VELOSO, M. P. Visita Tcnica Uma investigao acadmica (estudo e prtica de Turismo) Goinia. Kelps, 2000.
Agradecimentos
As empresas Joalina e Viva Petrolina pelos transportes gratuitos de professores e
alunos das escolas municipais das cidades de Juazeiro-BA e Petrolina-PE, ao CEMAFAUNA
por ter cedido o espao e colaborado no aprendizado sobre a fauna da caatinga bem como na
sua conservao e ao professor Paulo Ramos pela orientao.
34
GT 2
Formao e Capacitao de Professores em Educao
Ambiental
35
PERCEPO DE MORADORES DO DISTRITO DE IGARA,
SENHOR DO BONFIM/BA SOBRE OS IMPACTOS
AMBIENTAIS NO RIO ITAPICURU
Edemir Barbosa dos Santos28
Rangel Batista de Carvalho29
Cintia Guirra da Cruz30
Mrcia Cristina Teles Xavier31
RESUMO
O rio Itapicuru, localizado ao norte da microrregio de Senhor do Bonfim, tem suas guas e
solos utilizados para diversos fins. Sabendo dos usos e ocupaes desse recurso pela
populao de Igara, buscou-se identificar a percepo dos moradores do distrito quanto os
impactos ambientais ocasionados por aes antrpicas. Utilizou-se a entrevista
semiestruturada como instrumento para aquisio dos dados. Dentre os principais fatores
apontados pelos moradores a impactar o rio, destaca-se: o desmatamento das matas ciliares e
do entorno, efluentes domsticos jogados dentro do rio e extrao de areias. De maneira geral
os entrevistados afirmaram que o referido rio apresentava regime perene, e que aos poucos foi
sucumbindo, vindo a correr apenas em pocas de cheias. Estes percebem que o rio necessita
de aes de recuperao pelo poder pblico, entretanto, os entrevistados no manifestaram
interesse em se inserir no processo de recuperao.
Palavras-chave: Rio, Impacto, Igara.
Introduo
A bacia hidrogrfica do rio Itapicuru localiza-se na regio Nordeste do Estado da
Bahia. Possui forma alongada no sentido oeste-leste, abrangendo uma rea com
aproximadamente 38.664 km2 do Estado da Bahia, integrando 55 municpios (INEMA, 2011).
O rio Itapicuru surge no conjunto das Serras da Tiririca e do Anjo, localizado ao norte
da microrregio de Senhor do Bonfim, entretanto, suas principais nascentes, localizam-se no
municpio de Jaguarari (BAHIA, 1995). Ao longo do seu curso tem sua gua e margens
utilizadas para os diversos fins, podendo se citados: irrigao de pastagens, dessedentao de
animais e consumo humano.
Mediante a importncia deste rio, se fez necessrio realizar um diagnstico da
percepo de moradores locais sobre as formas de usos e os impactos gerados a partir das
atividades humanas. Para Faginatto (2007), a percepo ambiental representa a tomad
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