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Sons e Ritmos MEC
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COLEO PROINFANTIL
COLEO PROINFANTILMDULO IiIunidade 4livro de estudo - vol. 2Karina Rizek Lopes (Org.)Roseana Pereira Mendes (Org.)Vitria Lbia Barreto de Faria (Org.)
Braslia 2006
Ministrio da EducaoSecretaria de Educao Bsica
Secretaria de Educao a DistnciaPrograma de Formao Inicial para Professores em Exerccio na Educao Infantil
Livro de estudo: Mdulo III / Karina Rizek Lopes, Roseana Pereira Mendes, VitriaLbia Barreto de Faria, organizadoras. Braslia: MEC. Secretaria de EducaoBsica. Secretaria de Educao a Distncia, 2006.
70p. (Coleo PROINFANTIL; Unidade 4)
1. Educao de crianas. 2. Programa de Formao de Professores de EducaoInfantil. I. Lopes, Karina Rizek. II. Mendes, Roseana Pereira. III. Faria, Vitria LbiaBarreto de.
CDD: 372.2
CDU: 372.4
Ficha Catalogrfica Maria Aparecida Duarte CRB 6/1047
L788
Diretora de Polticas da Educao Infantil e do Ensino Fundamental
Jeanete Beauchamp
Diretora de Produo e Capacitao de Programas em EAD
Carmen Moreira de Castro Neves
Coordenadoras Nacionais do PROINFANTIL
Karina Rizek LopesLuciane S de Andrade
Equipe Nacional de Colaboradores do PROINFANTILAdonias de Melo Jr., Amaliair Attalah, Ana Paula Bulhes, Andr Martins, Anna Carolina Rocha, Anne Silva,Aristeu de Oliveira Jr., urea Bartoli, Ideli Ricchiero, Jane Pinheiro, Jarbas Mendona, Jos Pereira SantanaJunior, Josu de Arajo, Joyce Almeida, Juliana Andrade, Karina Menezes, Liliane Santos, Lucas Passarela,Luciana Fonseca, Magda Patrcia Mller Lopes, Marta Clemente, Neidimar Cardoso Neves, Raimundo Aires,Roseana Pereira Mendes, Rosilene Silva, Stela Maris Lagos Oliveira, Suzi Vargas, Vanya Barbosa, Vitria LbiaBarreto de Faria, Viviane Fernandes
Coordenao Pedaggica
Roseana Pereira Mendes, Vitria Lbia Barreto de Faria
Assessoria Pedaggica
Snia Kramer, Anelise Monteiro do Nascimento, Claudia de Oliveira Fernandes, Hilda Aparecida Linhares daSilva Micarello, Lda Maria da Fonseca, Luiz Cavalieri Bazilio, Regina Maria Cabral Carvalho, Silvia Nli FalcoBarbosa
Consultoria do PROINFANTIL Mdulo III
Ligia Maria Motta Lima Leo de Aquino, Maria Cristina Leandro Paiva
Autoria
Ana Maria Arajo Mello, Beatriz Mangione Sampaio Ferraz, Carmen Torres, Cludia da Silva Farache, DeniseMaria de Carvalho Lopes, Ftima Regina Teixeira de Salles Dias, Gilka Silva Pimentel, Ligia Maria Motta LimaLeo de Aquino, Mara Vasconcelos, Maria Carmen Silveira Barbosa, Maria Cristina Leandro Paiva, Maria daGraa Souza Horn, Maria Estela Costa Holanda Campelo, Renata Bravo Barbosa, Stefnia Padilha Costa,Vital Didonet, Vitria Lbia Barreto de Faria
Projeto Grfico, Editorao e Reviso
Editora Perffil
Coordenao Tcnica da Editora Perffil
Carmen de Paula Cardinali, Leticia de Paula Cardinali
As imagens das obras da artista plstica Sandra Guinle pertencem srie Cenas Infantis, a qual faz parte deum projeto social mundial da IBM chamado Reinventando a Educao. www.ibmcomunidade.com/cenasinfantis
MDULO IIiunidade 4livro de estudo - vol. 2
Programa de Formao Inicial para Professoresem Exerccio na Educao Infantil
SUMRIO
b - ESTUDO DE TEMASESPECFICOS 8
FUNDAMENTOS DA EDUCAOFUNDAMENTOS DA EDUCAOFUNDAMENTOS DA EDUCAOFUNDAMENTOS DA EDUCAOFUNDAMENTOS DA EDUCAOPROPOSTA PEDAGGICA: CONCEPO, ELABORAO
IMPLEMENTAO E AVALIAO ..................................................... 9Seo 1 Conceito de proposta pedaggica .................................... 11
Seo 2 Fundamentos legais, polticos e pedaggicos ................ 21
Seo 3 A sistematizao de propostas pedaggicas nas
creches, pr-escolas e escolas que tm turmas de
Educao Infantil: elementos constitutivos .................... 27
Seo 4 Os processos de elaborao, implementao e avaliao
de propostas pedaggicas ................................................ 33
ORGANIZAO DO TRABALHO PEDAGGICOORGANIZAO DO TRABALHO PEDAGGICOORGANIZAO DO TRABALHO PEDAGGICOORGANIZAO DO TRABALHO PEDAGGICOORGANIZAO DO TRABALHO PEDAGGICOA EXPRESSO DA PROPOSTA PEDAGGICA NO COTIDIANO ....... 41Seo 1 O papel do(a) professor(a) na proposta pedaggica ..... 44
Seo 2 A explicitao das concepes norteadoras da
proposta pedaggica ........................................................ 52
Seo 3 A definio de metas e objetivos .................................... 57
Seo 4 A organizao de uma prtica intencional e coerente .. 61
c ATIVIDADES INTEGRADoraS 68
88
B - ESTUDO DE TEMAS ESPECFICOS
9Fundamentos da EducaoProposta pedaggica: concepo, elaborao,implementao e avaliao
1 MEIRELES, Ceclia, Jornal de Poesia. In: Disponvel em: http://www.secrel.com.br/jpoesia/ceciliameireles04.html#preciso
preciso no esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a orao de cada instante.
preciso no esquecer de ver a nova borboleta
nem o cu de sempre...
Ceclia Meireles1
10
-
-
ABRINDO NOSSO DILOGO
Professor(a),
Ao longo do PROINFANTIL, temos procurado abordar questes que consideramos de
grande importncia para a prtica em Educao Infantil. No Mdulo II, nos dedicamos
ao estudo de alguns tericos da rea da Psicologia. Foram abordadas situaes que
envolvem o cotidiano da Educao Infantil, buscando uma relao entre a teoria e a
prtica. O papel do brinquedo, da interao e da linguagem no desenvolvimento
infantil teve destaque. Neste mdulo, nosso tema central, como foi apontado na
introduo do texto de FE da Unidade 1, a gesto. Que aspectos considerar ao
elaborar as diretrizes do nosso trabalho? Como organizar a escola, a rotina e os
espaos de modo em que sejam priorizados encontros entre crianas, adultos e
cultura? Essas questes nortearo nossa discusso nesta Unidade. Nosso tema cen-
tral a proposta pedaggica.
Professor(a), voc j ouviu falar em proposta pedaggica, projeto poltico-pedaggico,
planejamento e currculo?
A temtica da proposta pedaggica j foi mencionada em unidades anteriores e est
presente direta ou indiretamente na totalidade das unidades, nos textos de FE e
OTP, dos Mdulos III e IV, uma vez que eles tratam de temas como: Cuidar e Educar
na instituio de Educao Infantil e Contextos de Aprendizagem e do Trabalho
Docente. Dessa maneira, muitas questes sero apenas anunciadas neste texto de
FE, sendo desdobradas e aprofundadas no texto de OTP e na continuidade do curso.
Neste texto, iremos oferecer alguns subsdios para que voc saiba o que uma
proposta pedaggica. Tambm apresentaremos normas e referncias que podem
subsidiar a sua elaborao e alguns elementos que devemos considerar na organizao
dessa proposta. Esperamos iniciar uma reflexo sobre o processo de elaborao,
implementao e avaliao de uma proposta pedaggica, para que voc tenha
elementos para aprofundar essa discusso no texto de OTP.
DEFININDO NOSSO PONTO DE CHEGADADEFININDO NOSSO PONTO DE CHEGADADEFININDO NOSSO PONTO DE CHEGADADEFININDO NOSSO PONTO DE CHEGADADEFININDO NOSSO PONTO DE CHEGADA
1. Compreender o conceito de proposta pedaggica e os princpios que
devem nortear sua elaborao, implementao e avaliao.
2. Conhecer as normas e referncias norteadoras da elaborao, implementao
e avaliao nas creches, pr-escolas e escolas que tm turmas de Educao
Infantil, compreendendo a importncia de articular esses fundamentos com
os processos j constitudos nas instituies.
11
-
3. Entender os elementos constitutivos necessrios organizao e siste-
matizao de propostas pedaggicas de instituies de Educao Infantil.
4. Analisar as condies e os processos de produo, implementao e avaliao
de propostas, compreendendo seus objetivos, seus protagonistas, seus
destinatrios, suas formas de organizao e seu dinamismo.
CONSTRUINDO NOSSA APRENDIZAGEM
Este texto est dividido em quatro sees: a primeira trata do conceito de proposta
pedaggica; a segunda aborda fundamentos legais, polticos e pedaggicos de uma
proposta; a terceira dedicada aos elementos constitutivos; e a quarta traz
consideraes sobre os envolvidos em sua elaborao.
Vamos iniciar o nosso estudo?
Seo 1 Conceito de proposta pedaggicaSeo 1 Conceito de proposta pedaggicaSeo 1 Conceito de proposta pedaggicaSeo 1 Conceito de proposta pedaggicaSeo 1 Conceito de proposta pedaggica
Objetivo a ser alcanado nesta seo:- Compreender o conceito de Proposta Pedaggicae os princpios que devem nortear sua elaborao,implementao e avaliao.
Voc se lembra que na Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional LDB, cujo
contedo voc estudou no Mdulo I, havia uma determinao sobre a incumbncia
das instituies educativas de elaborarem suas propostas pedaggicas? Pois .
Nesse sentido, se as creches e pr-escolas so consideradas instituies educativas,
elas devem, necessariamente, atender a essa exigncia legal. Essa determinao
legal foi um grande avano para a rea da Educao Infantil, pois a existncia de
uma proposta pedaggica pode contribuir para o desenvolvimento de um trabalho
de qualidade nessas instituies. Entretanto, para que se constitua numa conquista
efetiva, precisa passar da determinao concretizao. E voc tem um papel
importante nesse processo!
Pode ser que a instituio onde voc trabalha j tenha sistematizado a sua proposta
pedaggica e que, assim como determina a LDB, voc tenha participado desse
processo. Mas, caso isso no tenha acontecido, convidamos voc, neste texto, a
fazer um mergulho nesse tema, discutindo questes como: O que uma proposta
pedaggica? Ser que o mesmo que currculo? Ou ser que est relacionada a
projeto pedaggico ou projeto poltico pedaggico? Existe diferena entre currculo,
projeto pedaggico e projeto poltico-pedaggico?
12
Bem, se entendermos currculo da forma como era entendido h algum tempo atrs,
no podemos dizer que se trata da mesma coisa. Isto , currculo era entendido
apenas como a definio de contedos, objetivos, atividades e metodologias,
estabelecidos por faixa etria. Mais recentemente, essa preocupao foi tomando
novos rumos. A discusso ampliou-se medida que se foi percebendo que a definio
sobre o que, para que, como e quando ensinar deve estar articulada com
a definio sobre aspectos relativos organizao, ao funcionamento, s relaes e
articulaes que criam as condies essenciais para a viabilizao da prtica
pedaggica numa instituio educativa. Assim, sendo uma construo histrica, a
idia de currculo se transforma, constituindo-se num conceito mais abrangente, que
pode ser definido atualmente como proposta pedaggicaproposta pedaggicaproposta pedaggicaproposta pedaggicaproposta pedaggica.
Quanto aos termos projeto pedaggico ou projeto poltico-pedaggico, muitas vezes
eles tm sido utilizados como sinnimos de proposta pedaggica. Alguns preferem
usar um termo, outros preferem usar outro. Mas, como no h consenso sobre uma
denominao nica, importante que fique clara a nossa opo, neste texto, pelo
termo proposta pedaggica. Utilizamos essa expresso porque a grande maioria dos
documentos oficiais usa essa denominao.
O que precisamos entender, na realidade, o que significa uma proposta pedaggica
ou um projeto poltico-pedaggico e qual a sua importncia no trabalho desenvolvido
em creches e pr-escolas.
Uma contribuio para este tema vem dos textos da professora Sonia Kramer. Segundo
ela, Uma proposta pedaggica um caminho, no um lugar. Uma proposta
pedaggica construda no caminho, no caminhar. Toda proposta pedaggica tem uma
histria que precisa ser contada. Toda proposta pedaggica possui uma aposta. Nasce
de uma realidade que pergunta e tambm busca de uma resposta. Toda proposta
situada, traz consigo o lugar de onde fala e a gama de valores que a constitui. Traz
tambm as dificuldades que enfrenta, os problemas que precisam ser superados e a
direo que a orienta. E essa sua fala a fala do desejo (...) nunca uma fala acabada,
no aponta o lugar, a resposta, pois, se traz a resposta, j no uma pergunta. Aponta,
isso sim, um caminho tambm a construir.. (KRAMER, 1999. p. 169)
Neste texto, tomaremos o trabalho de Kramer como uma de nossas referncias para
o mergulho neste tema. Consideramos, assim como a autora, que uma proposta
pedaggica construda no caminhar. Assim, se j estamos envolvidos com a prtica,
j demos alguns passos. Vamos ver como? Professor(a), quando voc exerce o seu
trabalho com as crianas, voc tem algumas metas que deseja alcanar? O que faz
voc escolher um conhecimento para ser privilegiado em um dado momento com a
turma? Por que voc lana mo de algumas estratgias de interveno durante a
13
sua atuao e no de outras? Trouxemos essas perguntas para pensarmos que a
nossa prtica est repleta de intenes e que fazemos vrias escolhas. Essas intenes
e escolhas dizem respeito nossa formao, nossa histria pessoal, histria da
instituio, cultura, identidade da comunidade e, somadas a outros elementos do
cotidiano, revelam uma proposta pedaggica que j est em curso. O que queremos
que voc, neste texto, reflita sobre a sua prtica e sobre a sua instituio e perceba
que, mesmo sem proposta por escrito, existe uma proposta que, na prtica, se
materializa em diferentes aes, mesmo no estando registrada em algum
documento. Caso ela j tenha sido sistematizada, voc pode, ao longo de nosso
estudo, pensar se os elementos contidos em seu interior so traduzidos em prticas.
Pense na sua creche, pr-escola ou escola, nos aspectos relacionados ao trabalho
com as crianas, com os professores e com a comunidade escolar e veja se no
existe uma marca da instituio em cada um desses campos de sua atuao. Essa
marca a proposta, o que a instituio prope para cada uma de suas crianas e
suas famlias. A sistematizao dessa proposta um convite para a reflexo sobre
como estamos orientando nossas aes.
A proposta pedaggica a identidade de uma instituio educativa, no nosso
caso, de uma instituio de Educao Infantil. Se voc preferir, pode dizer que a
proposta pedaggica a cara de uma determinada creche ou pr-escola. a
cara de seus(suas) educadores(as), das crianas e famlias que a freqentam.
Ela revela seu contexto, sua histria, seus sonhos,
seus desejos, suas crenas, seus valores, suas
concepes e, a partir disso, os princpios e
as diretrizes que orientam sua ao de
educar as crianas e cuidar delas.
Revela suas formas de organizao,
planejamento, avaliao, suas
articulaes, suas dificuldades, seus
problemas e a forma de super-los.
Uma vez que o processo de
constituio de identidades
dinmico, a proposta pedaggica
de uma instituio est sempre
num movimento de construo
e reconstruo.
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Quando a LDB define que os estabelecimentos de ensino devero elaborar suas
propostas pedaggicas, significa que as instituies educativas devero sistematizar,
num documento, a sua identidade. Nesse documento sero traadas metas,
conceitos e expectativas frente ao trabalho da creche, pr-escola ou escolas que
tm turmas de Educao Infantil. Como histria, sonhos, desejos, crenas, valores e
concepes variam de acordo com a cultura, cabe a cada instituio delinear,
sistematizar e implementar a sua proposta.
Uma proposta pedaggica escrita se refere a todos os aspectos que constituem a
identidade de uma instituio educativa:
- um documento que situa o contexto dessa instituio, traz sua histria, os
sonhos, as expectativas, as crenas, os valores de todos aqueles envolvidos
no trabalho que ali se desenvolve.
- um documento que prope as metas e os objetivos dessa instituio e,
para concretiz-los, prev formas de organizao e gesto do trabalho com
as crianas, devendo, inclusive, estar estreitamente relacionado ao
regimento da instituio. Assim, um documento que trata da organizao
dos espaos da instituio, dos tempos, dos equipamentos e materiais, das
condies de trabalho dos profissionais, da sua formao, das relaes e
articulaes que se estabelecem entre todos os envolvidos, bem como da
organizao das crianas, dos eixos e aspectos a serem trabalhados com
elas, das metodologias e instrumentos de trabalho.
- um documento de compromisso, uma vez que sua elaborao prev no
s o envolvimento das crianas e dos(as) professores(as), mas tambm a
participao dos demais profissionais que ali atuam, da famlia e da
comunidade. Em se tratando de uma produo coletiva, o grupo que o
elaborou deve se comprometer com as questes ali registradas.
Atividade 1
Professor(a), agora que discutimos o que uma proposta pedaggica, trazemos
algumas questes: Em sua instituio existe uma proposta pedaggica
sistematizada? Voc participou dessa elaborao? Quem mais participou? Que
aspectos so abordados nesse documento? Esse documento revela a identidade
da instituio? Como? Esse documento traz referncias sobre a organizao
do trabalho pedaggico? Como? Os profissionais da escola e as famlias das
crianas se comprometem com o que est registrado nesse documento? Como?
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Caso a instituio ainda no tenha sistematizado a sua proposta, como so
definidas as metas e orientaes do trabalho realizado pela instituio?
Em algumas instituies, embora no haja uma proposta pedaggica sistematizada,
existe um documento que pode ser considerado como um planejamento anual ou
mensal do trabalho. Esse documento, em algumas instituies, elaborado pela
supervisora ou coordenadora pedaggica e contm os aspectos que devero ser
trabalhados com as crianas durante o ano, os objetivos, os eventos etc. Outras
vezes, cada professor(a) pode definir que caminho ir tomar. Como na sua
instituio?
Pois bem, mesmo que voc no tenha participado da elaborao desse planejamento,
ou mesmo da proposta, voc certamente expressa as suas crenas e os seus modos
de agir no cotidiano do trabalho. Isto , a partir desse documento que a superviso
ou coordenao pedaggica elaborou, voc pode planejar o seu dia-a-dia de acordo
com as necessidades de suas crianas, escolher atividades que voc acha importantes
ou aquelas que elas mais gostam, utilizar estratgias de trabalho que considera
interessantes e conversar com os pais e com os(as) outros(as) profissionais da instituio
sobre as crianas e sobre os problemas que vo surgindo na sua prtica diria.
Isso nos leva a pensar que, mesmo no havendo uma proposta pedaggica
documentada, existem sujeitos, professores(as), crianas, funcionrios e famlias
desenvolvendo uma prtica no cotidiano dessas instituies. Assim, mesmo quando
no se tem um documento sistematizado e registrado que oriente a ao educativa
nessas instituies, h uma proposta pedaggica em andamento, isto , os(as)
professores(as) desenvolvem suas prticas pedaggicas, organizando os tempos, os
espaos, as crianas, as atividades, as metodologias de trabalho. Criam formas de se
relacionarem com os(as) outros(as) profissionais, com as crianas, com as famlias,
com a comunidade, bem como maneiras de resolver seus problemas e dificuldades.
Tudo isso de acordo com suas crenas individuais ou com as concepes dos sujeitos
que direcionam as aes educativas nas instituies. Em alguns casos, esses sujeitos
so diretores ou coordenadores: eles determinam e os outros se subordinam. Em
outros locais, essas questes so resolvidas coletivamente, e em outros, ainda, busca-
se uma forma para resolver os problemas medida que eles aparecem.
Ao contrrio dessas maneiras de deixar acontecer ou de apagar o fogo, a
elaborao da proposta pedaggica, envolvendo o coletivo da instituio educativa,
possibilita que sejam buscadas definies que orientaro de forma sistemtica o
cotidiano das instituies de Educao Infantil. Esse documento, a partir das prticas
j existentes e respeitando a diversidade, deve buscar uma unidade de concepes e
formas de conduzir o trabalho que sejam coerentes com essas concepes.
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Este um momento interessante para que desejos, interesses, sonhos, necessidades
e expectativas sejam explicitados coletivamente. Este tambm um momento de
reflexo sobre as nossas prprias crenas e de pensarmos se o que fazemos est
coerente com o que acreditamos.
Sonho que se sonha s s o sonho que se sonha s.
Mas sonho que se sonha junto realidade.
Dito popular
Sabemos que, muitas vezes, em funo das exigncias e urgncias do dia-a-dia,
vamos desenvolvendo nosso trabalho sem pensarmos por que fazemos de um jeito e
no de outro. Assim, o processo de elaborao da proposta pedaggica pode nos
ajudar a pensar na coerncia entre nosso discurso e nossa prtica. Essa busca por
coerncia pode ser um processo difcil e complexo, mas podemos ir fazendo algumas
tentativas.
Atividade 2
Na Seo 3 do texto de OTP da Unidade 1 do Mdulo II Como estudar as
crianas e suas interaes pedimos que voc fizesse um registro. Na ocasio,
sugerimos a escolha de um dia da semana para que voc prestasse ateno
sua prtica. Nossa proposta agora que voc retome suas anotaes, destaque
uma das atitudes tomadas por voc nesse dia e reflita sobre por que agiu daquele
jeito e no de outro.
17
Ao longo do curso, temos pedido que voc faa uma srie de observaes e descreva
a sua prtica, no mesmo? Fazemos isso porque acreditamos que esses registros
nos ajudam a parar e pensar sobre nossa atuao. Ao rever nossa prtica, podemos
perceber que, s vezes, fazemos
coisas to automaticamente que
achamos que elas so bvias e no
tm uma razo de ser. Fazemos
porque todo mundo faz assim,
porque nos mandam fazer assim,
ou porque era assim na escola
onde estudei. Mas, quando nos
propomos a ser um(a) profissional
de uma instituio que tem como
objetivo o trabalho com crianas,
temos de ter conscincia do que
fazemos, para que fazemos e
como fazemos. Alm disso, temos
de avaliar constantemente se a nossa
ao est de fato favorecendo o desenvolvimento integral das crianas, ou melhor,
oportunizando a sua formao, numa ao complementar da famlia. Enfim, esse
tem de ser um trabalho consciente, intencional e coerente.
No livro A paixo de conhecer o mundo, a autora Madalena Freire apresenta
interessantes registros e reflexes sobre a sua prtica. Vejamos um trecho:
Minha fundamental preocupao neste relatrio descrever algumas das
atividades desenvolvidas neste ms e meio de prtica, que revelam o esprito do
nosso trabalho, dentro dos objetivos a que nos propomos. Nosso grupo
constitudo por 17 crianas que se aproximam da faixa dos 4 anos. O principal
objetivo do nosso empenho est sendo o desenvolvimento do grupo como um
todo, que resulte que as crianas se descubram como membros.
(FREIRE, 1999. p. 19)
Trouxemos esse fragmento do livro A paixo de conhecer o mundo, de Madalena
Freire, porque ele o registro de uma professora que fala sobre suas intenes ao
realizar um trabalho com criana de 4 anos.
Pris
cilla
Silv
a N
oguei
ra
18
Para refletir sobre a coerncia entre o que voc acredita e o que faz, voc poderia
comear se perguntando sobre as metodologias e instrumentos de trabalho que utiliza,
sobre a forma como estabelece relaes com as crianas, com os pais, com a
comunidade, com os demais profissionais e muitas outras coisas que vamos discutir
neste texto.
A elaborao da proposta pedaggica de uma instituio educativa no uma
atividade que se faz sozinho. As reflexes individuais tm que se juntar numa discusso
coletiva, envolvendo os demais profissionais da escola, as crianas e as famlias, na
busca de uma unidade (sem perder de vista a diversidade) e de organizao e
sistematizao do trabalho da instituio num todo intencional e coerente.
Professor(a): a sistematizao da proposta pedaggica uma forma de tornar o
trabalho da instituio educativa mais intencional, coerente e consistente. Esse
documento pode se tornar uma referncia constante para implementarmos, no
cotidiano do nosso trabalho, aquilo a que nos propusemos, tal como no registro da
professora Madalena Freire, que tem como meta o sentido de pertencimento de
cada criana ao grupo. Ao mesmo tempo, o documento uma referncia para
avaliarmos continuamente nossa prtica:
- Ser que estamos sendo coerentes com aquilo em que acreditamos?
- Ser que precisamos avanar em algum aspecto?
- Ser que precisamos modificar alguma coisa no trabalho ou na prpria
proposta?
Como dissemos anteriormente, nunca podemos dizer que uma proposta pedaggica
est pronta e acabada. O cotidiano est sempre nos apontando necessidades de
mudanas. Por outro lado, a produo de conhecimentos na rea de Educao Infantil
est sempre nos trazendo novos elementos para enriquecermos nosso trabalho. Assim,
podemos dizer que uma proposta pedaggica dinmica, construindo-se e
reconstruindo-se no nosso caminhar. Propicia a reflexo contnua sobre nossas crenas
e nossas experincias desenvolvidas no dia-a-dia das creches e pr-escolas.
Bem, depois de toda essa discusso, trazemos alguns princpios que podem nortear a
elaborao, implementao e a avaliao de propostas pedaggicas:
19
Princpios norteadores da elaborao, implementao e
avaliao de propostas pedaggicas nas creches,
pr-escolas ou escolas que tm turmas de Educao Infantil:
- Contexto: porque diz respeito a uma instituio especfica, situada numa
determinada realidade, envolvendo crianas, famlias e profissionais concretos.
- Organizao: porque prev a organizao do trabalho com crianas de 0 a 6
anos numa instituio educativa.
- Intencionalidade: porque esse trabalho prev metas e objetivos em relao
formao das crianas, numa ao complementar da famlia e da
comunidade.
- Unidade: porque, mesmo respeitando a diversidade, a proposta pedaggica
deve buscar uma unidade de concepes e de formas de conduzir o trabalho,
que estas sejam coerentes com as concepes.
- Coerncia: porque prev uma busca constante de coerncia entre o que
acreditamos e o que fazemos.
- Consistncia: porque um trabalho fundamentado no apenas nas crenas
e experincias daqueles envolvidos na instituio, mas tambm nos
conhecimentos produzidos na rea.
- Conscincia: porque um trabalho profissional e para desenvolv-lo devemos
ter conscincia do que fazemos, de para que fazemos e de como fazemos.
- Participao: porque prev o envolvimento dos profissionais, crianas e famlias
que compem a instituio de Educao Infantil.
- Compromisso: porque aqueles que participam de sua elaborao devem se
comprometer com a implementao das questes registradas na proposta
pedaggica, avaliando-as continuamente.
- Provisoriedade: porque a proposta pedaggica de uma instituio sempre
provisria, estando sempre num movimento de construo e reconstruo.
A construo de uma proposta pedaggica pode ser considerada como a busca por
uma prtica que tem seu alicerce na histria e na cultura. Sua implementao muitas
vezes requer questionamentos e mudanas. Trazemos, como um convite ao desafio
de revisitar criticamente nossas aes, o poema Ceclia Meireles Reinveno:
20
Reinveno
A vida s possvel reinventada
Anda o sol pelas campinas
e passeia a mo dourada
pelas guas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vm de fundas piscinas
de ilusionismo... mais nada.
Mas a vida, a vida, a vida,
a vida s possvel
reinventada.
Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braos.
Projeto-me por espaos
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.
No te encontro, no te alcano...
S no tempo equilibrada,
desprendo-me do balano
que alm do tempo me leva.
S na treva,
fico: recebida e dada.
Porque a vida, a vida, a vida,
a vida s possvel
reinventada.
21
Seo 2 Fundamentos legais, polticos e pedaggicos
- Objetivo a ser alcanado nesta seo:Conhecer as normas e refernciasnorteadoras da elaborao,implementao e avaliao depropostas pedaggicas nas instituiesde Educao Infantil, compreendendoa importncia de articular essesfundamentos com os processos jconstitudos nas instituies.
Depois das discusses realizadas na Seo 1, podemos nos perguntar: ser que basta
refletirmos, discutirmos e organizarmos o trabalho de acordo apenas com nossas
prprias crenas e experincias? No existe nenhuma norma ou referncia que deve
ser seguida na elaborao dessas propostas?
A partir do momento em que a Educao Infantil foi definida como primeira etapa da
Educao Bsica pela Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, em conseqncia
de uma histria de lutas e reivindicaes de diferentes grupos da sociedade civil
organizada, como vimos no Mdulo I, foi estabelecida uma srie de normas. Essas
normas devem ser seguidas para que esta etapa educacional tenha um patamar
mnimo de qualidade. Uma delas, como j foi discutido no incio deste texto, refere-
se definio pela prpria LDB da incumbncia dos estabelecimentos de ensino
(dentre eles as creches e pr-escolas) de elaborarem suas propostas pedaggicas
com a participao dos professores.
Como voc estudou no Mdulo I, o Conselho Nacional de Educao CNE, no que se
refere especificamente s propostas pedaggicas, instituiu em 1999 as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educao Infantil DCNEI. Esse documento pode
auxiliar no momento de elaborar a proposta pedaggica, uma vez que estabelece
princpios, fundamentos e procedimentos que orientam as instituies de Educao
Infantil na articulao, no desenvolvimento e na avaliao das propostas. Nunca
demais lembrar que as Diretrizes do Conselho Nacional de Educao, CNE, so
normativas, isto , so normas que buscam atingir todo o pas. Por isso, interessante
ter esse documento em mos no momento de elaborar as propostas.
22
Atividade 3
A seguir, trazemos as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educao Infantil
DCNEI:
Diretrizes curriculares nacionais para a educao infantil
1. Educao e cuidado de crianas de 0 a 6 anos supe definir previamente
para que sociedade isso ser feito, e como se desenvolvero as prticas
pedaggicas para que as crianas e suas famlias sejam includas em uma
vida de cidadania plena.
Para que isto acontea, importante que as propostas pedaggicas de
Educao Infantil tenham qualidade e definam-se a respeito dos seguintes
fundamentos norteadores:
- Princpios ticos da Autonomia, da Responsabilidade, da Solidariedade e
do Respeito ao bem comum;
- Princpios Polticos dos Direitos e Deveres de Cidadania, do Exerccio da
Criticidade e do Respeito Ordem Democrtica;
- Princpios Estticos da Sensibilidade, da Criatividade, da Ludicidade, da
Qualidade e da Diversidade de manifestaes Artsticas e Culturais.
2. Ao definir suas propostas pedaggicas, as instituies de Educao Infantil
devero explicitar o reconhecimento da importncia da identidade pessoal
dos alunos, suas famlias, professores e outros profissionais e a identidade de
cada unidade educacional no contexto de suas organizaes.
3. As propostas pedaggicas para as instituies de Educao Infantil devem
promover, em suas prticas de educao e cuidados, a integrao entre os
aspectos fsicos, emocionais, afetivos, cognitivo/lingsticos e sociais da criana,
entendendo que ela um ser total, completo e indivisvel.
Desta forma ser, sentir, brincar, expressar-se, relacionar-se, mover-se,
organizar-se, cuidar-se, agir e responsabilizar-se so partes do todo de cada
indivduo, menino ou menina, que desde bebs vo, gradual e
articuladamente, aperfeioando estes processos nos contatos consigo
prprios, com as pessoas, coisas e o ambiente em geral.
23
4. Ao reconhecer as crianas como seres ntegros, que aprendem a ser e conviver
consigo prprias, com os demais e o meio ambiente de maneira articulada e
gradual, as propostas pedaggicas das instituies de Educao Infantil devem
buscar a interao entre as diversas reas de conhecimento e aspectos da vida
cidad, como contedos bsicos para a constituio de conhecimentos e valores.
Desta maneira, os conhecimentos sobre espao, tempo, comunicao,
expresso, a natureza e as pessoas devem estar articulados com os cuidados e a
educao para a sade, a sexualidade, a vida familiar e social, o meio ambiente,
a cultura, as linguagens, o trabalho, o lazer, a cincia e a tecnologia.
5. As propostas pedaggicas para a Educao Infantil devem organizar suas
estratgias de avaliao atravs do acompanhamento e registros de etapas
alcanadas nos cuidados e educao para crianas de 0 a 6 anos, sem o
objetivo de promoo, mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental. (LDBEN,
art. 31).
6. As propostas pedaggicas das creches para as crianas de 0 a 3 anos de
classes e centros de Educao Infantil para as de 4 a 6 anos devem ser
concebidas, desenvolvidas, supervisionadas e avaliadas por educadores com
pelo menos o diploma de curso de Formao de Professores, mesmo que da
Equipe Educacional participem outros profissionais das reas de Cincias
Humanas, Sociais e Exatas, assim como familiares das crianas. Da direo
das instituies de Educao Infantil deve participar, necessariamente um
educador, tambm com, no mnimo, Curso de Formao de Professores.
7. As instituies de Educao Infantil devem, atravs de suas propostas pedaggicas
e de seus regimentos, em clima de cooperao, proporcionar condies de
funcionamento das estratgias educacionais, do espao fsico, do horrio e do
calendrio que possibilitem a adoo, a execuo, a avaliao e o
aperfeioamento das demais diretrizes. (LDBEN arts. 12 e 14).
a) A DCNEI define trs conjuntos de princpios (ticos, polticos e estticos) que
devem nortear as propostas pedaggicas das creches, pr-escolas ou escolas
que tm turmas de Educao Infantil. Diante de cada um desses princpios,
descreva uma atividade ou atitude que voc acha possvel desenvolver no
seu cotidiano para concretizao de cada um deles.
b) Escreva em seu caderno os princpios envolvidos em cada uma das aes
pedaggicas descritas a seguir:
24
1. Quando possibilitamos que as crianas tentem comer sozinhas com a colher,
mesmo que faam alguma sujeira, que princpio(s) est(o) envolvido(s)?
2. Quando possibilitamos que o grupo brinque enquanto damos banho em uma
delas, evitando os tempos de espera, sem nenhuma atividade, que princpio(s)
est(o) envolvido(s)?
3. Quando criamos, junto com as crianas, combinados para a organizao do
trabalho que devem ser cumpridos por todos e chamamos a ateno delas
para a importncia do seu cumprimento, que princpio(s) est(o)
envolvido(s)?
4. Quando estimulamos a imaginao nas brincadeiras de faz-de-conta das
crianas, que princpio(s) est(o) envolvido(s)?
5. Quando planejamos com elas os projetos de trabalho e as demais atividades
cotidianas, que princpio(s) est(o) envolvido(s)?
6. Quando possibilitamos que conheam, apreciem e respeitem as produes
artsticas e culturais tanto de diferentes artistas j imortalizados quanto de
artistas de sua prpria comunidade e, at mesmo, da instituio (outras
crianas, professores(as), funcionrios etc.), que princpio(s) est(o)
envolvido(s)?
c) Copie o exerccio abaixo em seu caderno e marque as
alternativas corretas:
1. Os princpios polticos dos direitos e deveres da
cidadania, do exerccio da criticidade e do respeito
ordem democrtica se traduzem na prtica quando:
( ) frente a um acontecimento, ou at
mesmo a conflitos entre as crianas, con-
frontamos diferentes pontos de vista.
( ) em algumas situaes respei-
tamos os direitos da maioria e, em
outras, defendemos o direito das
minorias.
( ) frente a um conflito, no deixa-
mos as crianas se expressarem
expondo seus pontos de vista.
Qual das alternativas voc considerou incorreta? Por qu?
Camille Claudel, La Fortune
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2. O princpio esttico da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da
diversidade de manifestaes artsticas e culturais se expressa quando:
( ) valorizamos somente a cultura trazida pela mdia, no proporcionando o
contato com imagens, histrias e produes realizadas na nossa comunidade.
( ) exploramos com as crianas, desde pequenas, as sensaes provocadas
pelas diferentes texturas, pelas diferentes cores, pelos diferentes sons.
( ) aps a leitura de um livro pedimos que comentem, falem do que mais
gostaram, do que menos gostaram, que recriem a histria, modifiquem-na,
ilustrem-na, proponham outra ilustrao diferente daquela do ilustrador.
Qual(is) das alternativas voc considerou incorreta? Por qu?
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educao Infantil tambm trazem definies
sobre a importncia de se garantir, na elaborao da proposta pedaggica, a
identidade das instituies, dos seus profissionais e das crianas. Isso refora a
discusso que foi feita na seo anterior sobre o prprio conceito de proposta
pedaggica, considerada como a identidade de uma instituio educativa, que revela
a cara de seus(suas) educadores(as), das crianas e famlias que a freqentam.
As diretrizes definem, ainda, que as propostas pedaggicas devem expressar o papel
das instituies de Educao Infantil. Um outro ponto sobre o qual as DCNEI nos orientam
a importncia de que seja desenvolvido um trabalho intencional, organizado, que
possibilite s crianas se apropriarem, ao mesmo tempo, de conhecimentos e valores.
Pelas DCNEI ainda so reforados aspectos da LDB, tais como as idias sobre a avaliao
atravs do acompanhamento do processo de desenvolvimento das crianas, a formao
necessria aos profissionais que atuam nessas instituies e a importncia da
participao de todos na proposta pedaggica. Traz tambm questes relativas gesto
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das instituies de Educao Infantil. Tudo isso deve ser levado em conta na elaborao,
implementao e avaliao das propostas pedaggicas.
Alm das Diretrizes Curriculares Nacionais, as creches, pr-escolas ou escolas que tm
turmas de Educao Infantil podem se orientar pelas determinaes sobre elaborao
de propostas pedaggicas contidas na Regulamentao da Educao Infantil definida
pelo Conselho Municipal de Educao da sua cidade. Isso tambm foi abordado no
Mdulo I, no foi? E voc tambm pde discutir naquele mdulo que, no caso de seu
municpio no ter ainda constitudo o seu prprio sistema de ensino, as creches e pr-
escolas da rede pblica e privada (particulares, comunitrias, filantrpicas e confessionais)
integram o sistema estadual de ensino e, portanto, devem seguir as normas do Conselho
Estadual de Educao.
Atividade 4
O seu municpio j criou o sistema municipal?
O Conselho Municipal j elaborou as normas para o funcionamento das institui-
es de Educao Infantil?
Caso j tenha elaborado, procure conhec-las e verifique o que foi determinado
em relao s propostas pedaggicas. Leve suas anotaes para o encontro
quinzenal. Assim, voc pode falar um pouco sobre as suas e conhecer as de
seus(suas) colegas.
Muitos municpios brasileiros ainda no criaram seus sistemas de ensino e, em
conseqncia, ainda no elaboraram as normas de funcionamento de suas creches,
pr-escolas e escolas que tm turmas de Educao Infantil. Pois , a grande maioria
dos municpios desse Estado ainda est vinculada ao Sistema Estadual. Nesse caso,
as creches e pr-escolas desses municpios devem seguir a Resoluo do Conselho
Estadual de Educao, que em geral dedica um captulo proposta pedaggica, que
s vezes denominada Projeto Poltico-Pedaggico.
Alm das Diretrizes Curriculares Nacionais e da Regulamentao da Educao Infantil
definida pelo Conselho Municipal ou Estadual de Educao, voc pode contar tambm
com outros documentos que podem subsidiar a elaborao da proposta, como o
Referencial Curricular Nacional, que pode ser utilizado como referncia, de acordo com
a perspectiva pedaggica e metodolgica adotada por sua instituio. A bibliografia
indicada em todas as unidades desse curso pode trazer subsdios interessantes para esse
trabalho, tanto na elaborao e implementao como na avaliao da proposta.
27
No entanto, ao se considerar essas normas e referncias, no se pode perder de vista
a histria construda por todos os envolvidos na instituio onde voc trabalha, com
todas as experincias acumuladas, com todos os avanos e dificuldades.
Seo 3 A sistematizao de propostas pedaggicas nas creches,pr-escolas e escolas que tm turmas de Educao Infantil: elementosconstitutivos
Objetivo a ser alcanado nesta seo:- Entender os elementos constitutivosnecessrios organizao e sistematizaode propostas pedaggicas de instituiesde Educao Infantil.
Como dissemos anteriormente, uma proposta pedaggica deve ser organizada e
sistematizada com a participao de todos aqueles envolvidos na instituio,
possibilitando a orientao e avaliao contnuas do trabalho.
Atividade 5
Pensando em tudo que foi dito at aqui e na realidade em que voc atua, faa
um esboo dos principais pontos que podem servir de roteiro para a elaborao
da proposta pedaggica de sua creche, pr-escola ou escola que tem turmas
de Educao Infantil. Caso a sua instituio j tenha a proposta elaborada, que
aspectos voc acha que deveriam ser revistos? O que voc incorporaria
proposta existente?
Trazemos agora alguns aspectos que podem auxiliar na elaborao de propostas
pedaggicas de Educao Infantil. Caso alguns deles coincidam com os que voc
listou, voc pode confront-los, avanando nas possibilidades de elaborao e/ou
avaliao da proposta pedaggica da creche, pr-escola ou escola onde voc trabalha.
1. Histria
Como dissemos na Seo 1, a histria da instituio um dos aspectos que devem ser
destacados em uma proposta pedaggica. Assim, importante se fazer um levantamento
e buscar formas de registrar a histria da creche, pr-escola ou escola onde voc trabalha.
No podemos esquecer tambm que a prpria proposta tem uma histria que precisa
ser contada, como diz Sonia Kramer (1999). Com certeza, a instituio em que voc
atua, mesmo sem ter proposta escrita, sempre teve uma linha de trabalho que era
28
modificada de acordo com o momento histrico vivido e as crenas das pessoas que
a dirigiam ou nela atuavam. importante que o passado dessa proposta seja resgatado,
pois ele nos ajuda a entender o presente e a pensar no futuro dessa proposta.
2. Contexto
No possvel pensar numa proposta sem que tenhamos em vista algumas questes
que devem ser objeto de discusso e pesquisa do grupo em relao ao contexto.
Nesse sentido, fundamental que se faa um levantamento scio-cultural da
comunidade para efetivamente saber: a quem essa proposta se destina? Quem so
e como so as crianas e as famlias com as quais a instituio trabalha? Quais as
condies de vida, de trabalho, profisso dos pais, costumes, tradies da comunidade,
msicas, danas, formas de lazer, religio?
Da mesma maneira, fundamental que se tenha um levantamento das caractersticas
gerais e condies concretas de funcionamento da instituio e dos recursos humanos
com os quais se pode contar para o desenvolvimento do trabalho cotidiano.
3. Concepes
Esta talvez seja a questo mais difcil e trabalhosa a ser feita ao longo da elaborao
da proposta, porque aqui vamos mexer nos valores que, em geral, direcionam as
creches, pr-escolas e escolas que tm turmas de Educao Infantil e se refletem em
todas as aes desenvolvidas no cotidiano, embora muitas vezes no tenhamos muita
conscincia disso.
Os estudos que voc fez ao longo do curso iro contribuir para que voc participe da
explicitao e sistematizao das concepes de:
- Sociedade: No estamos educando crianas que vivem no sculo passado nem
crianas que vivem num mundo ideal, sem desigualdades sociais, sem
violncia, onde no h consumismo e onde homem e natureza se
harmonizam plenamente. Que mundo esse em que vivemos? Que
sociedade temos? Que sociedade queremos? Essas so questes
fundamentais de serem respondidas para que possamos definir a concepo
de sociedade que orientar a proposta pedaggica. Os estudos feitos nos
Mdulos I e II podem contribuir para as discusses que voc, as famlias e os
outros profissionais da sua instituio faro sobre isso.
- Educao: A educao no pode, sozinha, modificar o mundo. No entanto,
ela pode contribuir para a formao de uma sociedade mais justa, mais
humana. Que educao essa? Qual a concepo de educao que orientar
a proposta pedaggica? Voc tambm estudou isso no Mdulo I, no foi?
29
- Ser humano: Os vrios estudos que voc j fez at aqui afirmaram que a
Educao Infantil tem o compromisso com a formao humana. Bem, quando
voc participar da elaborao da proposta pedaggica da instituio onde
voc trabalha, voc deve discutir sobre que ser humano esse que vocs
querem formar no processo educativo que desenvolvem. Que seres humanos
precisamos formar para a sociedade que temos?
- Criana: Voc trabalha com pessoas que tm especificidades em funo desse
seu perodo de vida (0 a 6 anos) e vivem diferentes infncias de acordo com
o meio social e cultural onde se constituram. Voc estudou isso bastante no
Mdulo II, no mesmo? Assim, voc j deve ter refletido sobre a concepo
de criana que est por trs de seu trabalho, no ? Isso poder tornar mais
fcil a discusso com os envolvidos na elaborao da proposta.
- Educao Infantil: Os estudos feitos nos mdulos e unidades anteriores
abordaram as especificidades do trabalho desenvolvido com crianas de 0 a 6
anos numa instituio educativa. Essas discusses tambm podem contribuir.
- Desenvolvimento e aprendizagem: Como voc e os outros profissionais da
sua instituio acreditam que a criana aprende e se desenvolve? Essa
uma concepo tambm importante a ser definida na proposta pedaggica,
pois essa crena estar continuamente orientando a sua relao com as
crianas. No Mdulo II, voc pode estudar bastante isso.
Listamos algumas concepes que podem orientar o trabalho numa creche, pr-
escola ou escola que tem turmas de Educao Infantil e que podero ser explicitadas
e sistematizadas no processo de elaborao da proposta pedaggica. Existem muitas
maneiras de se fazer isso. Que tal iniciar revendo as reflexes realizadas no Mdulo
II, onde buscvamos fundamentos para a prtica?
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Esse trabalho pode surpreender voc e seus colegas, pelo fato de que ns somos seres
contraditrios e, muitas vezes, dizemos uma coisa e fazemos outra. muito comum
que a nossa prtica no corresponda ao nosso discurso ou s teorias que defendemos.
4. Metas e objetivos
A partir das concepes, podemos pensar em definir metas e objetivos. As metas e
os objetivos so a expresso de nossas concepes e s quando fazemos esse exerccio
conseguimos perceber as incoerncias do nosso cotidiano.
O dicionrio Aurlio no estabelece diferenas significativas entre o contedo
dessas duas palavras: metas e objetivos. No entanto, em educao, em geral
utilizamos a expresso metas para os aspectos mais amplos que se quer atingir.
verdade que podemos e devemos definir metas em longo, mdio e curto prazo,
mas na proposta pedaggica, em geral, pensamos em grandes metas. Algumas
delas se referem ao processo educativo com relao s crianas, por exemplo:
Que pessoas queremos formar? Que valores queremos perpetuar? Para que
sociedade estamos educando? Qual o nosso ideal de ser humano?
Outras se referem organizao da instituio para desenvolver um trabalho de
qualidade junto s crianas, por exemplo: Que reformas faremos para melhorar o
espao externo da instituio? Como faremos para que nossos profissionais tenham
a habilitao necessria para o trabalho?
J os objetivos, tendo como norte as metas, so pensados visando aquilo que
pretendemos atingir em um determinado perodo ou com um grupo de crianas de
uma determinada faixa etria. Podemos pensar tambm em objetivos relacionados a
aspectos do desenvolvimento ou a reas do conhecimento.
Por exemplo, tendo como meta do nosso trabalho formar crianas autnomas,
podemos propor como um dos objetivos gerais do trabalho o de favorecer a
apropriao progressiva pelas crianas dos hbitos e valores da cultura relativos aos
cuidados bsicos, na perspectiva de construrem o auto-cuidado.
5. Organizao e gesto do trabalho
A partir da explicitao de todos os aspectos anteriormente citados, temos o pano de
fundo, tecido com crenas e intenes educativas, que nos possibilitar definir e avaliar
continuamente a forma como organizamos e gerimos o trabalho de cuidar e educar as
crianas no cotidiano das creches e pr-escolas.
31
Para a organizao e gesto do trabalho em instituies de Educao Infantil,
fundamental que se pense sobre:
- A organizao dos eixos de trabalho e dos aspectos a serem trabalhados.
- A organizao dos tempos.
- A organizao dos espaos, equipamentos e materiais.
- A organizao da(s) metodologia(s) de trabalho.
- A organizao das crianas.
- A organizao dos instrumentos de trabalho.
- A organizao das condies de trabalho dos profissionais.
- A organizao do trabalho com a famlia e com a comunidade.
- As mltiplas relaes e interaes que se estabelecem entre os diversos
agentes envolvidos.
Todos esses aspectos dizem respeito no apenas prtica desenvolvida junto com
as crianas, mas organizao e gesto da instituio como um todo. Cada um
deles discutido de forma mais aprofundada nas unidades que se seguem, tanto
no Mdulo III quanto no Mdulo IV. As unidades do Mdulo III abordam aspectos
mais gerais, relativos organizao e gesto da Educao Infantil e as unidades
do Mdulo IV discutem, especificamente, sobre o trabalho do(a) professor(a) com
as crianas.
Assim, medida em que voc for estudando os contedos dessas unidades,
ter mais elementos para refletir e discutir com os outros profissionais e as
famlias sobre a organizao e gesto do trabalho na sua instituio, dando
continuidade ao processo de elaborao, implementao e avaliao da proposta
pedaggica. Lembre-se de que a histria, o contexto, as concepes, as metas
e os objetivos, sobre os quais discutimos anteriormente, podem ser o referencial
que nos auxilia a definir, avaliar ou redefinir a forma como desenvolvemos
nosso trabalho, buscando sempre a coerncia entre o nosso discurso e a nossa
prtica.
S para voc ir fazendo as suas primeiras reflexes, apontamos, a seguir, algumas
perguntas que podem orientar a discusso e a busca de elementos para a
sistematizao desses aspectos relativos organizao e gesto do trabalho:
32
Como as prticas de cuidar e educar se organizam no cotidiano de suaescola? Que tipos de conhecimento so trabalhados com as crianas?Quais os mais enfatizados? Que lugar ocupa o brincar no seu trabalhojunto com as crianas? Como organizado o tempo das crianas e dosprofissionais na creche, pr-escola ou escola que tem turmas de EducaoInfantil em que voc trabalha? Existe uma rotina diria no trabalho com ascrianas? Na sua instituio, h previso de tempo de estudo, planejamento,registro, discusso e avaliao do trabalho pedaggico? Como estorganizada a sala onde voc desenvolve atividades com as crianas? Vocest satisfeito(a) com essa organizao? Que outros espaos so utilizadosna instituio para o trabalho com as crianas? Vocs utilizam outrosespaos fora da escola para desenvolver as atividades com as crianas?Que materiais voc utiliza no dia-a-dia da instituio? Esto todos nummesmo lugar? Como esto dispostos na sala de atividades? Os jogos ebrinquedos so de cada sala ou so de uso coletivo? Qual a metodologiade trabalho utilizada? Voc acha que ela d conta das necessidades dascrianas? Como as crianas esto organizadas? Como so pensados osprocessos de insero e acolhimento das crianas? Quantas crianas estosob a responsabilidade de cada professor(a) (razo adulto/criana)? Deacordo com quais critrios foram feitos esses agrupamentos? Elas trabalhamo tempo todo individualmente ou trabalham tambm em grupos? Comoso organizados esses grupos? Quem os organiza? Como a dinmica defuncionamento desses grupos?
Em relao aos(s) professores(as), tambm podemos perguntar:
Existe alguma forma de organizao
visando facilitar a cooperao entre
eles(as)? Como voc planeja o seu
trabalho? E como a avaliao do seu
trabalho? E a avaliao das crianas?
Quais as formas de observao e
de registro utilizadas por voc?
Quando voc observa as crianas?
Voc escreve relatrios? Com que
freqncia e para qu? O que
voc registra?
33
No que se refere ao trabalho com as famlias, com a comunidade e a outras relaes
e interaes que se estabelecem na instituio, h tambm perguntas que podem
ser fundamentais:
Como criar e consolidar canais de parceria entre escola e famlias? Que
instituies culturais de sade e de lazer podem contribuir com a creche e
pr-escola? Que parcerias so ou podem ser feitas? Que instncias
formadoras contribuem ou podem contribuir na qualificao dos(as)
educadores(as)? Como creche e pr-escola se relacionam? Como Educao
Infantil e Ensino Fundamental esto articulados? Quais as expectativas da
escola de Ensino Fundamental em relao s crianas que nela ingressam?
Em que medida essas expectativas podem ser atendidas sem que a Educao
Infantil perca a sua identidade e a sua especificidade? Como possibilitar que
as relaes entre todos aqueles envolvidos na ao pedaggica sejam de
fato pautadas pela busca de construo da autonomia, da cooperao, da
solidariedade, da responsabilidade, do respeito, da criticidade, da sensibilidade
e da criatividade?
Atividade 6
Veja as perguntas sobre organizao que se encontram nos trs boxes e
responda:
Voc acha que essas perguntas do conta de abranger toda a necessidade de
organizao do trabalho? Voc acrescentaria outras questes? Quais? Retiraria
outras? Quais?
Seo 4 Os processos de elaborao, implementao e avaliao depropostas pedaggicas
Objetivo a ser alcanado nesta seo:- Analisar as condies e os processosde produo, implementao e avaliaode propostas pedaggicas, compreendendoseus objetivos, seus protagonistas,seus destinatrios, suas formas deorganizao e seu dinamismo.
34
Diante de tudo que discutimos nas outras sees deste texto, podemos dizer que
elaborar, implementar e avaliar uma proposta pedaggica tarefa de toda a
instituio. Como vimos, a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional incumbiu
os estabelecimentos de ensino de elaborarem as propostas pedaggicas, dando
aos(as) professores(s) a responsabilidade de participarem de sua elaborao.
Alm disso, como voc j viu nas sees anteriores, a participao da famlia das
crianas e de outros parceiros da comunidade fundamental para que se trabalhe
numa perspectiva participativa. Trabalhar nessa perspectiva estabelecer relaes
de parceria, fazendo com que todos se sintam responsveis pelo processo
educativo desenvolvido na instituio.
Sendo tarefa de todos, necessrio que a escola se organize, criando canais
de participao e organizando espaos e tempos para desenvolver esse trabalho.
No preciso, claro, que o documento seja escrito a 50, 80 ou 100 mos.
Mas necessrio que todos possam discutir, opinar, decidir, propor e acompanhar
ativamente o processo. Somente assim a proposta pedaggica ser legiti-
mada por todos os envolvidos e reconhecida como instrumento para a ao
pedaggica.
Esse trabalho de discusso e de sistematizao pode durar o tempo que for
necessrio. O mais interessante que, mesmo depois de termos um documento
sistematizado, esse um trabalho que nunca acaba: sempre provisrio, sempre
precisa ser revisto, avaliado e modificado. Acompanhando o desenvolvimento do
mundo, da educao, das instituies educativas e das pessoas que nelas atuam,
os(as) professores(as) vo crescendo e se transformando em funo dos novos
desafios que constantemente so colocados pela prtica. Da mesma maneira,
novas descobertas e novos estudos so realizados, interferindo nos modos de
pensar e de agir dos(as) educadores(as). Assim, o documento tem de acompanhar
essas mudanas. Nesse sentido, fundamental que, alm dos tempos e espaos
organizados pelas creches, pr-escolas e escolas para a elaborao, sejam
planejados tempos e espaos para a contnua avaliao de sua implementao,
bem como para a sua reviso. necessrio ressaltar que as horas dedicadas a
sua elaborao devem fazer parte da carga horria destinada ao planejamento
e ao estudo do(a) professor(a).
Pelo que discutimos at aqui, parece muito claro que, para elaborar esse
documento, vamos precisar da participao de toda a comunidade: professores(as),
35
corpo tcnico e administrativo (direo, coordenao, superviso), pessoal de
apoio (cozinheiras, copeiras, porteiros etc.), pais, crianas e outros parceiros da
comunidade.
Por dizer respeito a todos os envolvidos no cuidar-educar, entende-se que
esse documento deve trazer elementos que digam respeito a todas as aes
desenvolvidas na creche e/ou na pr-escola. Por isso, necessria a par-
ticipao de todos: uns mais, outros menos. Alguns podem e devem trazer
suas histrias relativas construo da instituio e a como o trabalho ali
foi se desenvolvendo e se modificando. Outros podem contribuir no levan-
tamento de dados de pesquisa sobre as crianas, sobre suas famlias, sobre
o contexto no qual est inserida a instituio. Outros, ainda, podem se
aprofundar nos estudos sobre a criana. Pode ainda ser criada uma comisso
envolvida mais diretamente com o levantamento de uma bibliografia para
ajudar nos estudos. Outros podem se dedicar ao levantamento dos
documentos que a instituio produziu na sua trajetria e das fotografias
que evidenciam o trabalho que ali se desenvolve. Em determinados momentos
de discusso e de definio das concepes, metas, objetivos e diretrizes
para a organizao do trabalho, necessria uma participao mais ampla
daqueles diretamente envolvidos na ao pedaggica. A sistematizao dessas
discusses pode, por outro lado, ficar sob a responsabilidade de alguns. Mas
certamente todos devem participar.
36
-
PARA RELEMBRAR
- Proposta pedaggica a identidade de uma instituio educativa, nonosso caso, de uma creche, pr-escola e escola que tem turmas de
Educao Infantil. Revela seu contexto, sua histria, seus sonhos, seus
desejos, suas crenas, seus valores, suas concepes e, a partir disso, os
princpios e diretrizes que orientam sua ao de cuidar de crianas e
educ-las.
- Toda instituio de Educao Infantil, mesmo sem uma proposta pedaggicasistematizada, possui uma proposta em andamento.
- Nas propostas pedaggicas, devem ser pensadas as prticas desenvolvidasna instituio.
- As normas e referncias norteadoras para a elaborao das propostaspedaggicas encontram-se na LDB, nas Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educao Infantil e nas Regulamentaes para a Educao Infantil
dos Conselhos Municipais ou Estaduais de Educao.
- Na proposta pedaggica, importante que sejam sistematizados algunsaspectos, como: histria, contexto, concepes, metas e objetivos e
gesto e organizao do trabalho.
- A LDB determina que as propostas pedaggicas sejam elaboradas coma participao dos(as) professores(as). importante, ainda, que no
momento de elaborao sejam tambm envolvidos os demais segmentos
da escola, bem como a famlia e a comunidade.
ABRINDO NOSSOS HORIZONTES
Professor(a), nossa proposta para Abrindo Nossos Horizontes que voc, ao
terminar o estudo deste texto, observe as prticas que so realizadas em sua
instituio e identifique como a proposta que est em curso. Faa anotaes
sobre suas observaes, pois elas podero ser teis para a proposta do texto de
OTP desta unidade.
37
GLOSSRIO
Coerncia: que tem ligao; que se relaciona harmonicamente; que no
contraditrio; que procede.
Implementao: levar pratica por meio de providncias concretas.
Ludicidade: que tem o carter de jogo, de brincadeira.
Normativas: que determinam, normatizam.
Referncias norteadoras: indicaes, informaes que orientam o trabalho.
Resoluo: documento que estabelece normas.
Sistematizao: ato ou efeito de sistematizar, de agrupar, de organizar.
SUGESTES PARA LEITURA
BRASIL. Cmara de Educao Bsica. Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educao Infantil. MEC, 1998.
BRASIL. Ministrio da Educao e do Desporto. Secretaria de Educao Fundamen-
tal. Coordenao Geral de Educao Infantil. Propostas pedaggicas e currculo
em Educao Infantil: um diagnstico e a construo de uma metodologia de anlise.
Braslia: MEC/SEF/DPEF/COEDI, 1996. 114 p.
DIAS, Ftima Regina Teixeira de Salles, FARIA, Vitria Lbia Barreto de. As
instituies de Educao Infantil e a construo de propostas pedaggicas.
[S.l.: s.n.], 1999. Boletim EI. Belo Horizonte: Frum Mineiro de Educao Infantil,
v.1, n.0, jun. 1999.
KRAMER, Sonia. Propostas Pedaggicas e Curriculares: subsdios para uma leitura
crtica. In: MOREIRA, Antonio Flvio Barbosa. Currculo: polticas e prticas.
Campinas, SP: Papirus, 1999.
38
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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Educao Infantil. MEC, 1998.
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mental. Coordenao Geral de Educao Infantil. Propostas pedaggicas e
currculo em Educao Infantil: um diagnstico e a construo de uma
metodologia de anlise. Braslia: MEC/SEF/DPEF/COEDI, 1996. 114 p.
FREIRE, Madalena. A paixo de conhecer o mundo. So Paulo: Paz e terra, 1999.
KRAMER, Sonia. Propostas Pedaggicas e Curriculares: subsdios para uma leitura
crtica. In: MOREIRA, Antonio Flvio Barbosa. Currculo: polticas e prticas. Campinas,
SP: Papirus, 1999. p. 169.
MEIRELES, Ceclia. Jornal de poesia. Disponvel em: http://www.secrel.com.br/jpoesia/
ceciliameireles04.html#preciso
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Organizao do trabalho pedaggicoA expresso da proposta pedaggicano cotidiano
No h projeto sem opes. As minhas
passam pela valorizao das pessoas e dos
grupos que tm lutado pela inovao no
interior das escolas e do sistema educativo.
Antnio Nvoa
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ABRINDO NOSSO DILOGOABRINDO NOSSO DILOGOABRINDO NOSSO DILOGOABRINDO NOSSO DILOGOABRINDO NOSSO DILOGO
Ol, Professor(a)!
Ao longo deste mdulo estaremos refletindo sobre como uma gesto participativa e
o respeito diversidade de cultura, de idias, contribuem para vivncias mais
interessantes que considerem os direitos das pessoas, favorecendo a tica, a justia
e a paz. Os desafios so grandes, mas o trabalho cooperativo e coletivo tanto com
os(as) colegas, como com as famlias do mais segurana e consistncia ao nosso
fazer. So os desafios que fazem a nossa profisso to apaixonante!
Pensando na realizao de um trabalho cooperativo, trazemos a ilustrao de Carlos
Caminha. Olhando a ilustrao podemos nos perguntar: Ser que assim como esses
lavradores retratados por Caminha, temos desempenhado nosso trabalho de forma coletiva?
No texto de FE, discutimos o conceito de proposta pedaggica, as normas e os envolvidos
em sua elaborao. Vimos que a elaborao de uma proposta pedaggica um convite,
uma aposta que envolve a todos. A implementao e avaliao de uma proposta
pedaggica podem nos auxiliar a traar metas para o trabalho, contribuindo para uma
prtica mais reflexiva e com objetivos definidos. Neste texto de OTP, continuaremos as
discusses iniciadas em Fundamentos da Educao. L em FE, destacamos que, mesmo
quando uma proposta pedaggica no est registrada, ela est em curso, ela se traduz nas
prticas e concepes impostas ao trabalho. Agora, em OTP, alm de continuarmos esse
debate, nos dedicaremos ao papel do(a) professor(a) frente construo dessa proposta,
explicitao dos conceitos norteadores do documento, importncia de definirmos metas
e objetivos claros, tendo como base as concepes que norteiam o nosso trabalho e a
organizao de uma prtica intencional e coerente com a proposta pedaggica.
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Esses so os pontos que selecionamos para este texto. Buscaremos abord-los a partir
de suas vivncias, buscando facilitar o estudo. Sendo assim, boas reflexes!
DEFININDO NOSSO PONTO DE CHEGADADEFININDO NOSSO PONTO DE CHEGADADEFININDO NOSSO PONTO DE CHEGADADEFININDO NOSSO PONTO DE CHEGADADEFININDO NOSSO PONTO DE CHEGADA
Ao final deste texto esperamos que voc possa:
- Construir estratgias que lhe possibilitem trabalhar de forma cooperativa
com o coletivo da instituio e com as famlias na elaborao, implementao
e avaliao da proposta pedaggica.
- Compreender como os fundamentos tericos discutidos no decorrer do curso
podem contribuir na explicitao, avano e sistematizao das concepes
de sociedade, de educao, de criana, de aprendizagem/desenvolvimento
e de Educao Infantil, percebendo que elas esto implcitas nas aes
cotidianas das instituies.
- Compreender a possibilidade de definir metas e objetivos gerais relativos
ao educar e cuidar de crianas nas instituies de Educao Infantil,
pautando-se pelo contexto socio-cultural das crianas e de suas famlias e
pelas concepes norteadoras da proposta pedaggica.
- Analisar as possibilidades de estabelecer coerncia entre os elementos que
constituem o pano de fundo das propostas pedaggicas (o contexto, as
concepes, as metas e objetivos definidos) e a organizao e gesto do trabalho.
CONSTRUINDO NOSSA APRENDIZAGEMCONSTRUINDO NOSSA APRENDIZAGEMCONSTRUINDO NOSSA APRENDIZAGEMCONSTRUINDO NOSSA APRENDIZAGEMCONSTRUINDO NOSSA APRENDIZAGEM
Este texto de OTP da Unidade 4 composto por quatro sees: na Seo 1,
discutiremos a proposta pedaggica como uma produo coletiva, construda pelos
profissionais da instituio, em parceria com as famlias; na Seo 2, vamos articu-
lar vrias temticas j discutidas nesse curso e buscaremos subsidiar seu estudo
para que voc possa identificar as concepes que esto presentes no cotidiano
da sua instituio, ou seja, a proposta pedaggica que j est em andamento e,
ao analis-la, faa opes, revendo ou fortalecendo suas prprias concepes; na
Seo 3, trataremos das metas e dos objetivos da proposta pedaggica, discutindo
a importncia de se articular as concepes norteadoras da proposta pedaggica,
as necessidades indicadas pelo desenvolvimento das crianas e os aspectos socio-
culturais da comunidade e das famlias; e na Seo 4, enfatizaremos a importncia
da coerncia entre os fundamentos e elementos constitutivos da proposta
pedaggica e a prtica do dia-a-dia.
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Seo 1 O papel do(a) professor(a) na proposta pedaggica
Objetivo a ser alcanado nesta seo:Construir estratgias que lhe possibilitem?trabalhar de forma cooperativa com ocoletivo da instituio e com as famliasna elaborao, implementao e avaliaoda proposta pedaggica .
No basta pretender que o professor acredite que a criana deva
construir e ser sujeito do conhecimento. H que se considerar que tambm
o professor precisa ser reconhecido como sujeito de seu fazer cotidiano.
Dias da Silva
As principais discusses pedaggicas inovadoras buscam dar visibilidade ao(a)
professor(a) no processo educativo, entendendo-o(a) como sujeito de direito e dono(a)
do seu fazer pedaggico.
fundamental que cada um de ns, professor(a), assuma esse lugar de construtor(a),
implementador(a) e avaliador(a) do trabalho educativo da instituio, ou seja, da
proposta pedaggica. Pois todos ns, conscientemente ou no, desenvolvemos uma
proposta pedaggica estando ela escrita ou no. No foi isso que refletimos no texto
de FE da Unidade 4? Escrever a proposta pedaggica significa dar visibilidade ao que
j existe e, assim, podermos tomar conscincia dos caminhos que estamos seguindo.
Se for o caso, podemos redefinir seus rumos.
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Atividade 1
Professor(a): proposta pedaggica a sistematizao dos fazeres da instituio.
Na sua instituio, existe uma proposta pedaggica sistematizada? Caso exista,
voc consegue estabelecer a relao entre o seu fazer cotidiano e a proposta
pedaggica de sua creche, escola ou turma de Educao Infantil? Descreva em
seu caderno uma atividade ou atitude em que voc perceba essa relao. Caso
no haja uma proposta sistematizada, voc pode registrar uma atividade ou
atitude que expresse a proposta que est em curso. No texto anterior, vimos
que todas as instituies possuem uma proposta, mesmo que ela no esteja
registrada. Lembre-se do seu exerccio em Abrindo Nossos Horizontes no texto
de FE desta unidade.
Se a sua creche, pr-escola ou turma de Educao Infantil ainda no escreveu a
proposta pedaggica, ela ter de faz-lo, pois uma exigncia da lei. Mas, como
voc observou no texto de FE, mesmo quem j realizou tal tarefa precisa estar sempre
revendo esse documento para analis-lo luz das prticas cotidianas e das novas
maneiras de pensar do coletivo.
PARA REFLETIR
- O critrio para a matrcula das crianas, o jeito como recebem as famlias, amaneira como a diretoria constituda e trata os funcionrios, o jeito como
voc v e avalia as crianas, a forma como as crianas so cuidadas, as
atividades que voc planeja, a maneira como organiza a sala, o tempo que
tem ou no para discutir seu trabalho com seus(suas) colegas, tudo proposta
pedaggica. Voc acha que todos esses aspectos esto bem articulados na
sua instituio?
A proposta pedaggica tudo que se vive na instituio, todos os aspectos que
esto presentes no dia-a-dia e a forma como so organizados.
A questo colocar isso no papel!
Existem documentos que podem auxiliar no processo de elaborao, eles trazem as
normas, os aspectos que precisam constar na proposta. Voc teve oportunidade de
conhec-los no texto de FE desta unidade: as Diretrizes Nacionais e a Regulamentao
da Educao Infantil do seu estado ou municpio. Geralmente, nessa regulamentao
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consta um captulo que traz um roteiro de tudo que deve conter na proposta,
direcionando a elaborao.
Se a instituio sentir dificuldade, pode pedir ajuda s Secretarias de Estado, Conselhos
de Educao ou outras creches e escolas. Esse tipo de parceria interessante. No
entanto, nada substitui a contribuio da prpria comunidade escolar.
Vejamos agora o relato abaixo:
Uma professora de crianas de 4 anos, de uma escola de Educao Infantil,
participou da elaborao da proposta pedaggica de sua instituio. Segundo
ela, a proposta foi organizada a partir de fotos que foram separadas por temtica.
O resultado foi uma proposta ilustrada e uma agradvel surpresa ao perceber a
riqueza do trabalho.
Professor(a), vamos continuar a nossa conversa falando um pouco sobre o processo
de elaborao da proposta. No incio do texto, falamos sobre a necessidade de um
trabalho coletivo e cooperativo na elaborao do documento. Mas como realiz-lo
respeitando a diversidade de opinies e crenas existentes nas creches, pr-escolas
e turmas de Educao Infantil? Sabemos que, com nossas contradies, muitas vezes
no conseguimos chegar a um consenso sobre o que ns mesmos achamos de um
determinado tema. Pois bem, a elaborao de uma proposta pedaggica um
exerccio que poder resultar em crescimento para todos.
Na sua experincia, voc j ouviu falas como essas?
No concordo com isso!, Eu acho que deveria ser de tal forma, mas...
Algumas vezes nossa insatisfao com o trabalho manifestada, no dia-a-dia, na
forma de queixas. Essas queixas no resolvem muito, mas, nos momentos de discusso
da proposta pedaggica, essas diferenas no modo de pensar precisam aparecer, para
que, coletivamente, se faam as opes sobre qual trabalho educativo combina mais
com o que se deseja. Essa a hora de exercitar a escuta, a tolerncia. Devemos
lembrar que em momentos como esse todos esto expostos e que alguns podem se
sentir desconfortveis com a situao. Esse no o momento para dizermos se um
ou outro age corretamente, de avaliarmos as prticas individuais; a hora de, com
muito respeito, e de forma construtiva e comprometida com a criana, discutir as
crenas, os valores, concordncias e discordncias na realizao do trabalho. As
discusses servem para nortear o trabalho, e a avaliao sobre a atuao de cada um
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de carter ntimo. S a parada para reflexo j pode auxiliar na conscincia do
nosso fazer e podemos, a partir dela, construir novas opes, buscando mais coerncia
com nossas intenes.
O depoimento abaixo, de Paulo Freire, trata da escuta e da fala e pode nos ajudar a
pensar sobre esse espao de troca de opinies e concepes. Vamos leitura:
Recentemente, em conversas com um grupo de amigos e amigas, uma delas,
a professora Olgair Garcia, me disse que em sua experincia pedaggica de
professora de crianas e de adolescentes, mas tambm de professora de
professores, vinha observando quo importante e necessrio saber escutar.
Se, na verdade, o sonho que nos anima democrtico e solidrio, no falando
aos outros, de cima para baixo, sobretudo, como se fossemos os portadores da
verdade a ser transmitida aos demais, que aprendemos a escutar, mas
escutando que aprendemos a falar com eles. Somente quem escuta paciente e
criticamente o outro fala com ele, mesmo que em certas condies precise falar
a ele. O que jamais faz quem aprende a escutar para poder falar com falar
impositivamente. At quando, necessariamente, fala contra posies ou
concepes do outro, fala com ele como sujeito da escuta. p. 128
Nesse processo de debate, a identidade da instituio vai sendo construda. Voc
parte importante dela e deve cooperar na construo de estratgias e na organizao
para essa tarefa. O primeiro passo a ser dado uma auto-reflexo sobre o profissional
que estamos sendo:
- Quais so os compromissos que assumimos ao escolher o trabalho com
crianas?
- Quais as competncias que devemos construir para atuar com crianas de
determinada idade?
- E para trabalhar coletivamente?
- E para integrar as famlias no meu trabalho?
preciso que cada professor(a) assuma essa tarefa de se autoconstituir, rompendo com
tutelamentos prejudiciais.
Precisamos manter nossa auto-estima elevada. No ao outro que devemos perguntar:
Que tipo de professor devo ser agora? O que vale fazer agora? Quais terminologias
devo usar? No! Essas perguntas precisam ser feitas e respondidas por ns mesmos!
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PARA REFLETIR
- O mais bonito na elaborao deuma proposta pedaggica que,
ao reunir toda a comunidade es-
colar para dialogar, percebemos
quais concepes, aes e orga-
nizao precisamos rever, pois,
sempre que discutimos, desco-
brimos que podemos melhorar,
no mesmo? a hora de
desenhar os sonhos possveis, arriscando na construo de novos fazeres.
E, sendo uma proposta do coletivo, nesse processo comprometemos todos
os autores e atores com um futuro diferente. uma tarefa desafiadora,
mas muitssimo interessante, no mesmo?
atividade 2
Procure no dicionrio o significado da palavra tutelamento ou tutela e reflita
novamente sobre esse significado, respondendo:
a) Existe algum aspecto de sua ao profissional que faa com que voc se
sinta impedido(a) de agir ou inseguro(a)? Voc sabe por qu?
Geralmente, buscamos tutelamento quando nos sentimos inseguros, e isso nor-
mal. Mas outras vezes queremos tentar alternativas, mas nos sentimos presos.
Esses sentimentos devem ser discutidos no processo de elaborao da proposta.
Contar com o outro fundamental, o complicado no construir autonomia. Ter a
prpria opinio sobre todas as coisas importante, assim como poder socializ-las
com os parceiros.
Depois dessa reflexo individual, que tal convidar seus(suas) colegas para vocs
refletirem juntos? Tambm preciso discutir com os outros sujeitos culturais envolvidos
(todos os profissionais da instituio, as famlias e comunidade) questes como as
seguintes:
- a importncia de cada um se colocar como sujeito de sua ao, refletindo
sobre ela e sobre a importncia dela na relao com o trabalho coletivo;
Pris
cilla
Silv
a N
oguei
ra
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- as idias que esto por trs dessas aes, analisando se so essas mesmas as
intenes da instituio;
- os princpios educativos e os objetivos pedaggicos da instituio e como
assegur-los;
PARA REFLETIR
- Como percebemos a sociedade, as crianas e a funo social da EducaoInfantil? Estamos agindo para garantir os valores e aprendizagens que
desejam? A maneira de perceber tais elementos ou de agir precisa ser
modificada? Que tal definir as crenas e o trabalho de acordo com nosso
momento histrico?
- as formas de organizao do trabalho, atentos para que traduzam as
concepes que foram definidas, dando-lhes consistncia e efetividade;
- as formas de garantir a participao das famlias e comunidade no trabalho
educativo, criando canais efetivos de participao e deciso;
- a importncia da formao continuada, determinada pelo prprio coletivo,
adequada s suas reais demandas;
- a necessidade de fazer opes e negociaes para que o trabalho tenha
unidade;
- a importncia de registrar todas as discusses e decises do grupo, dando corpo
proposta pedaggica escrita e, a, visibilidade identidade da instituio.
PARA REFLETIR
- Sendo difcil haver unidade na maneira de pensar de todos num grupo, vocno acha que o ponto comum das aes e intenes deveria ser a garantia
dos direitos das crianas? O lugar que definimos para as crianas e seus
direitos na proposta so elementos importantes na identidade da instituio!
s vezes se torna difcil tomar uma deciso, porque temos de confrontar desejos
com os limites da realidade. Por exemplo: vejamos a questo das condies fsicas.
Podemos acreditar que elas deixam a desejar. Considerando as necessidades e os
direitos das crianas, podemos querer um espao favorvel que valorize o movimento,
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o brincar, a imaginao, mas, s vezes, nos deparamos com espaos inadequados e
salas apertadas.
No entanto, possvel buscar solues para minimizar a falta de condies adequadas,
como maior utilizao dos espaos externos, atividades em pequenos grupos. Na
elaborao da proposta pedaggica preciso considerar as mltiplas realidades que
envolvem nossas instituies. s vezes, as condies de funcionamento no so as
ideais, mas preciso buscar as solues.
Existem muitas questes que precisam ser discutidas ao se elaborar uma proposta
pedaggica. O acmulo de aes e a correria do dia-a-dia no podem se tornar
entraves do processo. Devemos encontrar possibilidades de articular a participao
possvel de cada um da creche, pr-escola e turmas de Educao Infantil, assim como
os membros da comunidade. O importante descobrir as formas possveis de
participao. Que tal seguir algumas dicas propostas no texto de FE?
Provavelmente no ser possvel discutir tudo coletivamente, mas os momentos
coletivos so necessrios para as grandes definies, que precisam da opinio ou
voto de todos, como na definio das concepes de criana e de Educao
Infantil que nortearo a escrita do documento, dos elementos constitutivos da
proposta e das formas de participao de cada segmento (direo, equipe tcnica,
funcionrios, professores(as), comunidade). Depois, durante o processo, ser possvel
haver reunies com todos, principalmente quando os textos produzidos nos pequenos
grupos forem socializados. Nesses momentos, todos devem dar sua opinio e
contribuio ao texto. E ainda, quem no puder participar, pode entregar suas
contribuies por escrito, no mesmo? De uma forma ou de outra, todos devem
se sentir autores da proposta pedaggica e responsveis por ela, inclusive as
famlias e a comunidade.
Pris
cilla
Silv
a N
oguei
ra
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PARA REFLETIR
- Como garantir a participao das famlias se a luta pela sobrevivncia asimpede de estarem acompanhando esse trabalho mais de perto? Os horrios
de discusso precisam ser flexveis. Uma estratgia pode ser marcar alguns
encontros no final de semana. Tambm importante que se abra espao
para a discusso da proposta pedaggica nas assemblias escolares, nos
colegiados ou conselhos de pais e nas reunies de turma com as famlias.
Em alguns momentos, as famlias podem dar suas opinies sobre a educao
que desejam para os filhos.
Um caminho pode ser dividir o trabalho que demanda mais tempo em pequenos
grupos, duplas e at mesmo realiz-lo individualmente, desde que retorne para a
apreciao de todos, como j foi dito. Mas cada instituio dever encontrar a sua
metodologia, a sua estratgia, respeitando as caractersticas de seus(suas)
professores(as) e dos outros envolvidos.
Vamos terminar esta seo falando sobre a importncia de se considerar a realidade
em que a proposta ser executada e os conhecimentos que j foram sistematizados
sobre os temas discutidos ao se elaborar a proposta pedaggica.
Voc se lembra que na Unidade 2 deste mdulo ns estudamos a importncia de se
pesquisar a realidade? Pois , esta pesquisa pode auxiliar na elaborao da proposta
pedaggica, j que preciso, como vimos ao longo da seo:
- conhecer a histria j construda, ou seja, os fazeres atuais, as formas de
organizao do trabalho e a caracterizao da realidade socio-cultural em
que a instituio est inserida;
- buscar a fundamentao terica para justificar tanto o que j acontece, como
a transformao necessria e possvel do que precisa ser rompido;
- registrar as informaes importantes que se percebeu na realidade vivida e
tambm nos livros (teoria);
- registrar tambm as opes do grupo com relao s metas, aos princpios,
aos objetivos e s formas de organizao de trabalho, de modo mais adequado
com o que foi pesquisado na realidade e nos livros (teoria).
Retome a leitura dos textos desta unidade junto com seus(suas) colegas e pense
sobre os pontos abordados e no que eles podem auxiliar na elaborao da proposta
pedaggica da creche, pr-escola ou turmas de Educao Infantil em que voc atua.
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Atividade 3
A atividade que iremos propor tem como objetivo que voc reflita mais sobre
a importncia de se considerar a realidade em que a proposta pedaggica ser
executada ao elabor-la. Para a sua realizao, pedimos que voc reproduza o
quadro abaixo no seu caderno e o complete pensando em algumas
caractersticas socio-culturais da comunidade onde a instituio est situada,
depois relacione tais caractersticas com seu trabalho. Que influncias essa
realidade traz?
A realidade scio-cultural Influncia no meu trabalho
Nesse exerccio, importante que voc perceba como o meio em que vivemos tem
influncia na forma como interpretamos o mundo, agimos e aprendemos sobre ele.
Seo 2 A explicitao das concepes norteadoras da propostapedaggica
Objetivo a ser alcanado nesta seo:Compreender como os fundamentos tericosdiscutidos no decorrer do curso podemcontribuir na explicitao, no avanoe na sistematizao das concepes desociedade, de educao, de criana, deaprendizagem/desenvolvimento e deEducao Infantil que esto implcitasnas aes cotidianas das instituies.
Como j discutimos, a nossa responsabilidade na formao das crianas complexa,
mas no estamos sozinhos(as) nesse desafio. No Mdulo II, voc pde perceber a
contribuio de vrias teorias em alguns campos cientficos, como: Psicologia,
Sociologia, Antropologia, histria da infncia na compreenso da criana e seu
desenvolvimento. Atravs da contribuio de estudiosos, de movimentos sociais e
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das prticas sociais e educacionais que
professores(as) como voc vm realizando,
hoje a criana reconhecida, desde o
nascimento, como sujeito de direitos e a ela
lanado um olhar que considera as suas
especificidades. Nas creches, pr-escolas e
escolas com turmas de Educao Infantil,
nosso papel traduzir essas definies da
sociedade em aes concretas e coerentes.
O reconhecimento da criana como
produtora de cultura est muito presente
nas artes.
Atividade 4
Vamos fazer um exerccio? Observe a reproduo abaixo da gravura oriental
Jogos Infantis. Nesta reproduo, a infncia retratada sobre um dosaspectos que mais lhes so significativos: a brincadeira. Aps a observao,
descreva que brincadeiras esto presentes. Quais delas so realizadas na sua
creche, pr-escola ou escola?
Jogos Infantis gravura oriental feita emblocos de madeira (MICKLITHWAIT, 1997).
Kunstgalerij Albricht , Children on the beach
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Voltando questo central desta seo: como os fundamentos tericos discutidos
no decorrer do curso podem contribuir na explicitao das prticas realizadas no
interior das creches, pr-escolas e turmas de Educao Infantil? Lembre-se de que o
tema central das Unidades 1 e 2 do Mdulo II e tambm do texto de FE da Unidade 3 deste
mdulo foram concepes tericas sobre desenvolvimento e aprendizagem.
Vamos relembrar o que aprendemos?
No texto de FE da Unidade 1 do Mdulo II, o tema central foi as principais concepes
sobre o desenvolvimento da criana. Falamos sobre as correntes inatista, ambientalista
e interacionista e suas implicaes na prtica dos educadores. Foram tratados tambm
aspectos relacionados in
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