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METODOLOGISMO E DESENVOLVIMENTISMO NO

SERVIÇO SOCIAL BRASILEIRO – 1947 A 1961

O Serviço Social se gesta e se desenvolve como profissão reconhecida na divisão social do trabalho, tendo por pano de fundo o desenvolvimento capitalista industrial e a expansão urbana, processos esses aqui apreendidos sob o ângulo das novas classes sociais emergentes – a constituição e expansão do proletariado e da burguesia industrial – e das modificações verificadas na composição dos grupos e frações de classes que compartilham o poder de Estado em conjunturas históricas específicas (IAMAMOTO, 2001, p. 77).

Década de 1940 – expansão da produção industrial no Brasil e da taxa de intensificação da exploração da força de trabalho;

Proletariado urbano capaz de promover pressões junto ao Estado;

Criação de instituições assistenciais e previdenciárias para propiciar benefícios aos trabalhadores;

O ESTADO COMO MEIO DE CANALIZAR A

MOBILIZAÇÃO DOS TRABALHADORES E

MANTER REBAIXADOS OS NÍVEIS SALARIAIS

ESTABELECE POLÍTICAS

ASSISTENCIAIS.

NO CONTEXTO DE CRIAÇÃO DAS GRANDES INSTITUIÇÕES ASSISTENCIAIS OS ASSISTENTES SOCIAIS RECEBEM UM MANDATO DA CLASSE DOMINANTE PARA ATUAR JUNTO AS CLASSES TRABALHADORAS, TORNANDO-SE UMA PROFISSÃO REMUNERADA.

- NECESSIDADE DE UM CONJUNTO DE CONHECIMENTOS PARA RESPONDER ÀS NOVAS DEMANDAS;

- AS GRANDES INSTITUIÇÕES FAVORECERAM UM AVANÇO À PROFISSÃO, POIS OS TRAÇOS DE UMA PROPOSTA DOUTRINÁRIA COMEÇA A TOMAR OUTROS CONTORNOS;

Com a expansão da indústria, o pensamento conservador tornava-se pouco eficiente face às demandas da realidade “ser bom cristão já não era mais suficiente”.

Padrões de eficiência dos anos 1940:

rentabilidade e iniciativa – exigência de

conhecimento sistematizado sobre a realidade

e procedimentos adequados de intervenção.

Ao Serviço social também era necessário intervir com eficiência, técnica e competência para equipararem-se às demais profissões que com ele disputavam e atuavam nas instituições;

Contexto:

1942 – Aliança de Vargas com os EUA para fortalecer o capitalismo, combater o comunismo e expandir a hegemonia norte americana sobre todo o continente;

Grande ofensiva norte-americana – pós II Guerra Mundial; Guerra Fria para combater o comunismo;

Esta Guerra possibilitou aos EUA reativar suas indústrias dando trabalho aos desempregados e implementar o Plano Marshall que permitiu por meio de empréstimos manter o capitalismo;

Com o fim da II Guerra o Brasil se posiciona mais a favor da “democracia” colocando em xeque o regime ditatorial;

Divisão ideológica no mundo com a vitória dos aliados e o capitalismo foi definitivamente coroado;

Capitalismo – visto como necessário ao desenvolvimento da sociedade – agravamento da questão social;

O socialismo tomava um vulto ainda maior quando combatia o direito da “Igreja e da Família”, eixos relevantes da ação profissional na época.

Citação – p. 274;

A partir de 1945-1947 o Serviço Social passa a se preocupar mais com uma elaboração téorica própria que imprimisse eficácia à ação;

Relação EUA e Brasil extrapolou o nível econômico. O Serviço Social busca nos EUA suporte filosófico, teorias do conhecimento, suporte teórico-científico e técnico para a prática profissional.

Política da boa vizinhança – participação de assistentes sociais brasileiros em congressos interamericanos de Serviço Social e concessão de bolsas de estudo;

Marco – Congresso Interamericano de Serviço Social, realizado em 1941, em Atlantic City (USA), estabelecimento de laços entre as escolas de serviço social brasileiras e as grandes instituições, escolas e programas continentais de bem-estar social norte-americanos.

O serviço social fundamentado na influência norte-americana

Mary Richmond – concepção funcionalista de sociedade;

Suporte téorico – sociologia – explica a

desigualdade social atrelada a estrati-

ficação social;

Instituições - dupla função – garantir a reprodução das posições diferenciadas e a preparação dos indivíduos para ocupa-las, e administrar os conflitos, forte influência da racionalidade e organização técnica.

O Assistente social na instituição:

p. 276;

- O propósito é colocar o conflito no conjunto da estrutura aceitável e o assistente social deve atender a essa expectativa.

- Com a abertura de novos campos profissionais no período de 1940 a 1960 o assistente social vai substituindo o binômio Igreja-Família por Escola-Indústria-Família;

Os procedimentos metodológicos que o assistente social utiliza não colocam de lado o caráter ético. (p. 277);

A partir da déc. 40 o conservadorismo católico começa a tecnificado com a influência norte-americana e suas propostas de trabalho permeadas pelo carater conservador da teoria social positivista;

Desse modo, o primeiro suporte teórico-metodológico necessário à qualificação técnica de sua prática e à sua modernização foi buscado na matriz positivista e consequentemente na sua apreensão manipuladora, instrumental e imediata do ser social.

A leitura da realidade feita por meio da teoria social positivista fez com que o serviço social adotasse propostas de trabalho ajustadoras e com perfil manipulatório. Busca de padrões de eficiência, modelos de análise, diagnóstico e planejamento.

Esses aportes teóricos impediam que o assistente social tivesse uma visão crítica da questão social e da atuação profissional (p. 279);

A partir de 1945 o serviço social latino-americano alia-se à tecnicas funcionalistas advindas da Sociologia norte-americana.

Características:

- Controle social para integrar o indivíduo ao bom funcionamento da sociedade;

- Trabalho com grupos (interação e terapia);

Esse modo de pensar, investigar e intervir na realidade social correspondia aos interesses da ordem social burguesa;

Os procedimentos do Serviço Social de caso grupo e comunidade

- teorias de integração do homem ao meio;

- Serviço social de caso – p. 280;

- Apoio na sociologia e na psicologia – o sistema principal é a pessoa em situação;

- Diagnóstico – opinião sobre o problema e quanto às reservas e capacidades em potencial do cliente; pressupõe uma gama de “percepções psico-sociais” baseadas no conhecimento sobre o “funcionamento social no sentido normal” que permite ao assistente social obter um “histórico inteligente e formular diagnósticos precisos e adequados”; com base nisso busca os instrumentos para adaptação ou ajustamento social;

Serviço social de Grupo

- Fortalecer a personalidade individual perante o grupo;

- Capacitação do indivíduo para o correto funcionamento social;

- p. 283;

Organização e Desenvolvimento de Comunidade

- Objetivava o ajustamento social do indivíduo;

- Déc. 50 e 60 o Serviço Social incorpora a política desenvolvimentista no ensino;

- DC – estratégia para garantir a prosperidade, o progresso social e a hegemonia ideológica americana. p. 284 e 285;

- Papel da ONU e da OEA;

- Anos de organização da categoria, expansão do ensino e da profissão;

1945 – criação da ABESS

1946 – criação da ABAS

1947/1948 – criação do código de ética

1954- Regulamentação do ensino

1956 – Reconhecimento da profissão

Eventos realizados

1945 - I Congresso Pan-Americano de Serviço Social

1947 – I Congresso Brasileiro de Serviço Social

1949 – II Congresso Pan-Americano de Serviço Social

Até 1947 foi demarcado como um período chamado de “Doutrinário”. O segundo período, demarcado entre 1947 e 1961 foi chamado de “A incidência do metodologismo e do desenvolvimentismo” sobre o Serviço Social Brasileiro.

SERVIÇO SOCIAL ATÉ A DÉC. 1940

A PARTIR DE 1947

Profissão que orientada por valores políticos e ideológicos definiram seu objeto de intervenção e estabeleceram formas de validação do exercício profissional.

Necessidade de afirmação profissional (com embasamento teórico e científico). Contingente mínimo de profissionais. No período de 1947 a 1961 as lutas passaram a ser pela especificidade de sua intervenção.

A partir desse período os norte-americanos passam a fornecer os insumos para a intervenção profissional.

Idéias e práticas de um contexto diferenciado;

Transplantação – vinda de um conjunto de conhecimentos funcional a uma determinada estrutura ideológica, econômica, política, social e de serviços. p. 292

Fragilidade – defasagem entre o contexto social que produziu um tipo de resposta e aquilo que se fez no Brasil e o contexto social brasileiro.

A consciência de que o trabalho empreendido não era suficiente levou a um 3º bloco na periodização da profissão – o movimento de reconceituação.

Embora sob forte influência da produção teórica norte-americana os profissionais começaram a procurar uma literatura que privilegiasse a análise dos fatos sociais da realidade brasileira, e posteriormente mesmo no contexto de ditadura vão viver o início da revisão crítica no interior da categoria profissional, o chamado “Movimento de Reconceituação”.