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Universidade Federal de Pelotas Centro de Pesquisas Epidemiológicas
Faculdade de Medicina - Departamento de Medicina Social Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia – Departamento de Enfermagem
CAA – DAB – SAS – MINISTÉRIO DA SAÚDE
Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da Família
(PROESF)
Relatório Municipal Estudo de Linha de Base
Maceió, AL
Luiz Augusto Facchini
Roberto Xavier Piccini
Elaine Tomasi
Elaine Thumé
Denise Silva da Silveira
Vanessa Andina Teixeira
Setembro de 2006
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Reitor: Antônio Cesar Gonçalves Borges Vice-Reitor: Telmo Pagana Xavier Pró-Reitor de Graduação: Luiz Fernando Minello Pró-Reitor de Extensão e Cultura: Vitor Hugo Manzke Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Alci Enimar Loeck Pró-Reitor Administrativo: Francisco Carlos Luzzardi Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento: Elio Paulo Zonta Diretor da Faculdade de Medicina: Farid Iunan Butros Nader Diretor da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia: Emília Nalva Ferreira da Silva Chefe do Departamento de Medicina Social: Anaclaudia Gastal Fassa Chefe do Departamento de Enfermagem: Afra Suelene de Souza Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia: Aluisio J. D. Barros Coordenador do Centro de Pesquisas Epidemiológicas: Cesar Gomes Victora Presidente da Fundação Delfim Mendes Silveira: Antonio Costa de Oliveira
Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e Consolidação
da Saúde da Família (PROESF): Relatório Municipal do Estudo
de Linha de Base de Maceió – Lote 2 Nordeste / Luiz Augusto
Facchini ... [et al.]. – Pelotas: Universidade Federal de Pelotas,
2006.
126p. : il.
1. Saúde Pública – Brasil – Administração 2. Programa de Saúde da Família 3. Atenção Básica - Avaliação. I. Facchini, Luiz Augusto. II. Piccini, Roberto Xavier. III. Tomasi, Elaine. IV. Thumé, Elaine. V. Silveira, Denise Silva da. VI Teixeira, Vanessa Andina.
CDD 362.109
Maria de Fátima S. Maia CRB 10/134
EQUIPE TÉCNICA DO PROJETO
Coordenação Geral Luiz Augusto Facchini Roberto Xavier Piccini Elaine Tomasi Elaine Thumé Organização do Relatório Luiz Augusto Facchini Roberto Xavier Piccini Elaine Tomasi Elaine Thumé Denise Silva da Silveira Maria de Fátima dos Santos Maia Alitéia Santiago Dilélio Vanessa Andina Teixeira Thiago Garcia Martins Turene Bastos Coordenação de Trabalho de Campo Fernando Vinholes Siqueira Coordenação de Processamento de Dados Denise Silva da Silveira Elaine Tomasi Coordenação Executiva Maria de Fátima dos Santos Maia Alessander Osório Mercedes Lucas Coordenação do Estudo Qualitativo Luciane Prado Kantorski Rita Heck Vanda Maria da Rosa Jardim Equipe Técnica do Estudo Qualitativo Luciane Prado Kantorski Vanda Maria da Rosa Jardim Emília Nalva Ferreira da Silva Valéria Christello Coimbra Michele Mandagará Oliveira Equipe de Apoio do Estudo Qualitativo Fernanda Barreto Mielke Sidnei Teixeira Junior Ana Paula Giacomelli Tavares Gimene Cardozo Braga Rebeca Castilhos Gabriel Pereira Apoio de Informática Alessander Osório Filipe da Silva Ribeiro
Codificação de Dados Augusto Duarte Faria Desirée Fripp Luciane Scherer Pahim Maria Aparecida Rodrigues Turene Bastos Suelen dos Santos Saraiva Vanessa Andina Teixeira Suele Silva Danton Duro Filho Alitéia Santiago Dilélio Digitação Alisson Morales Ary Morales Neto Carla da Cruz Teles Daniel de Souza Pereira Emanuele Braga Fabiana de Souza Pereira Thiago Garcia Martins Controle de qualidade Vera Vieira Helena Souza van der Laan Susete Aschidamini Ferreira Supervisores do Trabalho de Campo Alitéia Santiago Dilélio Arilson da Rosa Catiúscia Souza Cleonice Valadão Danton Duro Filho Janaína dos Santos João Luis Rosado Michele Padilha Rodrigues Maria Márcia Ambrósio Patrícia Mendonça Raquel Barboza Sandra de Souza Silvia da Costa Suele Silva Vanessa Andina Teixeira Professores Colaboradores José Justino Faleiros Anaclaudia Gastal Fassa Fábio Lima Gabriela Lobata Helen Denise Gonçalves da Silva Alunos voluntários e bolsistas de Iniciação Científica dos Cursos de Medicina e Enfermagem da UFPel e de Psicologia da UCPel Clarissa de Souza Cardoso Emanuela Maria Dalvit Helena Souza van der Laan Inês Soria Alvaro Jeanine Porto Brondani Lourielle Soares Wachs Mariangela Uhlmann Soares
Escrever é sempre ocultar algo de modo que possa ser descoberto.
Ítalo Calvino
6
AGRADECIMENTOS
Este projeto é o resultado de um esforço coletivo de professores, técnicos e
alunos vinculados ao Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina, ao
Departamento de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia, ao Centro de
Pesquisas Epidemiológicas e ao Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia. A
equipe destaca o reconhecimento a esta parceria, fundamental para o êxito do Projeto.
Igualmente se externa a gratidão ao apoio e estímulo recebidos de um grande
número de pessoas que, em diferentes âmbitos, institucionais, administrativos e
acadêmicos, viabilizaram o desenvolvimento do Projeto. Agradecimentos especiais e
em particular são destinados a:
Antonio César Borges, reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel),
André Luiz Haack, ex-reitor da UFPel,
Francisco Luzzardi, pró-reitor de administração e sua equipe de trabalho,
Antonio Costa de Oliveira, presidente, José Carlos Fernandes Filho e Sérgio Luis
Ribeiro dos Santos, colegas do setor de administração da Fundação Delfim Mendes da
Silveira,
Anaclaudia Fassa, chefe, e colegas do Departamento de Medicina Social,
Emília Nalva Ferreira, diretora, e colegas da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia,
Afra Suelene de Souza, chefe, e colegas do Departamento de Enfermagem,
Renato Moreira, Dalvina Bueno de Almeida, Luis Cleber Wilke, Jorge Augusto Rollo
Cardozo, Fabiane dos Santos Luiz, Odete Almeida, Vera Lucia Govea da Silveira e
demais funcionários da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia,
Cesar Victora, diretor, e colegas do Centro de Pesquisas Epidemiológicas,
Aluísio Barros, coordenador, e colegas do Programa de Pós-Graduação em
Epidemiologia,
Eronildo Felisberto, coordenador, e equipe da Coordenadoria de Avaliação e
Acompanhamento do Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à
Saúde do Ministério da Saúde,
Maria do Carmo Leal, coordenadora, e colegas do Grupo de Acompanhamento do
Estudo de Linha de Base do PROESF, junto ao Ministério da Saúde.
8
É digna de especial registro a gratidão à professora Emília Nalva Ferreira,
diretora da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia e aos colegas do Departamento de
Enfermagem pelo acolhimento na área física que a equipe deste Projeto ocupa hoje
nesta Unidade de Ensino. A iniciativa da professora Emília e colegas oportunizou a
participação de sua unidade no cotidiano das inúmeras atividades técnicas e
administrativas de um Projeto de grande porte.
Externa-se ainda entusiásticos agradecimentos a gestores e coordenadores de
atenção básica e de saúde da família do Município de Maceió, representantes do
controle social, trabalhadores das unidades básicas de saúde, agentes comunitários de
saúde, população entrevistada e todos aqueles que participaram do Projeto fornecendo
informações e contribuindo para a realização do trabalho.
SUMÁRIO
LISTA DE SIGLAS .................................................................................................. 11 LISTA DE TABELAS .............................................................................................. 13 APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 15 RESUMO .................................................................................................................. 17 1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................19 2 METODOLOGIA....................................................................................................21 2.1 Delineamento do Estudo de Linha de Base (ELB) ............................................... 21 2.2 Amostra e Amostragem do ELB.......................................................................... 23 2.2.1 Amostra de UBS............................................................................................. 23 2.2.2 Amostra de profissionais de saúde .................................................................. 23
2.3 Amostra de usuários: demanda atendida nas UBS................................................ 23 2.2.4 Amostra de população da área de abrangência das UBS.................................. 24
2.3 Trabalho de Campo no Município: Logística e Instrumentos de Fonte Primária... 24 2.4 Levantamento de Dados em Fontes Secundárias.................................................. 28 2.5 Processamento dos Dados.................................................................................... 28 2.5.1 Recepção e classificação dos instrumentos...................................................... 29 2.5.2 Identificação e constituição dos lotes .............................................................. 29 2.5.3 Bancos de Dados Estruturados........................................................................ 30
2.6 Controle de Qualidade......................................................................................... 31 2.7 Análise dos Dados............................................................................................... 31
3 RESULTADOS .......................................................................................................33 3.1 Contexto.............................................................................................................. 33 3.1.1 Situação Demográfica e Socioeconômica de Maceió....................................... 33 3.1.2 Amostra de Unidades Básicas de Saúde .......................................................... 34 3.1.3 Amostra de Profissionais de Saúde ................................................................. 34 3.1.3.1 Distribuição dos Trabalhadores por Modelo de Atenção e por Unidade Básica de Saúde..................................................................................................... 35 3.1.3.2 Situação Demográfica e Socioeconômica dos Trabalhadores...................... 35
3.1.4 Amostra da Demanda Atendida nas Unidades Básicas de Saúde ..................... 37 3.1.4.1 Distribuição da Demanda por Unidade Básica de Saúde............................. 37
3.1.5 Amostra Populacional da Área de Abrangência das Unidades Básicas de Saúde................................................................................................................................ 38 3.1.5.1 Distribuição da População.......................................................................... 38 3.1.5.2 Situação Demográfica e Socioeconômica da População da área de Abrangência das UBS............................................................................................ 38
3.2 Dimensão Político-Institucional........................................................................... 41 3.2.1 Projeto de Governo......................................................................................... 42 3.2.1.1 Tipo de Gestão Municipal, Índice de Aprendizado Institucional e Cobertura do Programa de Saúde da Família.......................................................................... 42 3.2.1.2 Adequação Setorial e dos Modelos de Atenção para o Funcionamento do Sistema Municipal de Saúde.................................................................................. 44 3.2.1.3 Critérios na definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação do Programa de Saúde da Família............................................................................... 44 3.2.1.4 Características do emprego e da remuneração dos trabalhadores da Atenção Básica.................................................................................................................... 44
3.2.2 Capacidade de governo................................................................................... 45 3.2.2.1 Perfil do Secretário Municipal de Saúde..................................................... 45 3.2.2.2 Perfil do Coordenador de Atenção Básica e / ou do Programa de Saúde da Família .................................................................................................................. 45
10
3.2.2.3 Perfil do Presidente do Conselho Municipal de Saúde................................ 45 3.2.2.4 Perfil dos Trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde ........................... 46
3.2.3 Governabilidade ............................................................................................. 48 3.2.3.1 Despesas per capita com saúde................................................................... 48 3.2.3.2 Financiamento da Atenção Básica nos Municípios ..................................... 48 3.2.3.3 Apoio a Projetos de Atenção Básica à Saúde e de Saúde da Família........... 48 3.2.3.4 Características do Conselho Municipal de Saúde........................................ 49
3.3 Dimensão Organizacional da Atenção ................................................................. 50 3.3.1 Práticas de gestão da ABS .............................................................................. 50 3.3.1.1 Mecanismos de supervisão, monitoramento e avaliação da atenção básica à saúde ..................................................................................................................... 51 3.3.1.2 Estratégias de controle e regulação da demanda ......................................... 51 3.3.1.3 Informação e Informatização na Rede Básica Municipal ............................ 51 3.3.1.4 Sistemas de Informação em Saúde ............................................................. 52
3.3.2 Práticas de Oferta de Serviços no Município................................................... 52 3.3.2.1 Estrutura da rede básica de saúde ............................................................... 52 3.3.2.2 Disponibilidade de Profissionais do PSF .................................................... 61 3.3.2.3 Acesso aos serviços básicos de saúde......................................................... 61 3.3.2.4 Acesso aos serviços especializados ............................................................ 62 3.3.2.5 Adstrição da demanda................................................................................ 62 3.3.2.6 Vínculo com instituições de ensino ............................................................ 63 3.3.2.7 Assistência farmacêutica............................................................................ 63
3.3.3 Experiências inovadoras em atenção básica à saúde........................................ 63 3.4 Dimensão do Cuidado Integral ............................................................................ 63 3.4.1 Estratégias de indução da integralidade........................................................... 63 3.4.1.1 Atividades realizadas na UBS para o cuidado integral ................................ 64 3.4.1.2 Acesso direto a exames complementares.................................................... 68 3.4.1.3 Disponibilidade de medicamentos.............................................................. 68 3.4.1.4 Utilização de protocolos............................................................................. 71 3.4.1.5 Utilização de computador pelos profissionais............................................. 74 3.4.1.6 Qualidade dos serviços prestados ............................................................... 74 3.4.1.7 Acesso a publicações ................................................................................. 74
3.4.2 Processo de trabalho em atenção básica à saúde.............................................. 75 3.4.2.1 Introdução ao processo de trabalho em ABS .............................................. 75 3.4.2.2 A categoria processo de trabalho................................................................ 75 3.4.2.3 Etapas do processo de trabalho em atenção básica à saúde ......................... 76 3.4.2.4 Satisfação dos trabalhadores com as condições de trabalho ........................ 81
3.5 Dimensão Desempenho do Sistema de Saúde ...................................................... 82 3.5.1 Desempenho do Município de Maceió ............................................................ 82 3.5.1.2 Indicadores Selecionados e Pacto da Atenção Básica à Saúde .................... 82
3.5.2 Desempenho dos Modelos de Atenção Básica à Saúde.................................... 86 3.5.2.1 Perfil da Demanda Atendida nas UBS........................................................ 86 3.5.2.2 Utilização de Serviços na População de Abrangência da UBS.................... 88 3.5.2.2.1 Crianças ................................................................................................88 3.5.2.2.2 Mulheres ...............................................................................................96 3.5.2.2.3 Adultos ...............................................................................................104 3.5.2.2.4 Idosos..................................................................................................113
4 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE EM MACEIÓ ..................................................................................................................121 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................125
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11
LISTA DE SIGLAS
AB – Atenção Básica
ABS – Atenção Básica à Saúde
ACS – Agente Comunitário de Saúde
CID-10 – Classificação Internacional de Doenças - 10ª. Revisão
CMS – Conselho Municipal de Saúde
CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
CONASEMS – Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde
DEGES / SEGETS – Departamento de Gestão da Educação em Saúde / Secretaria de
Gestão da Educação e Trabalho em Saúde
ELB – Estudo de Linha de Base
ESF – Equipe de Saúde da Família
GLAS – Grupo Local de Avaliação em Saúde
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano
MS – Ministério da Saúde
PROESF – Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família
PSF – Programa de Saúde da Família
RH – Recursos Humanos
RM – Região Metropolitana
SF – Saúde da Família
SM – Salário Mínimo
SIAB – Sistema de Informações da Atenção Básica
SIA – Sistema de Informações Ambulatoriais
SMS – Secretaria Municipal de Saúde
SUS – Sistema Único de Saúde
TC – Trabalho de Campo
UBS – Unidade Básica de Saúde
USF – Unidade de Saúde da Família
UERGS – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul
UFPEL – Universidade Federal de Pelotas
12
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 Indicadores demográficos e socioeconômicos para Maceió, Alagoas e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 33
Tabela 3.2 Distribuição da amostra de trabalhadores de saúde por atividade profissional em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
pág. 34
Tabela 3.3 Distribuição da amostra dos trabalhadores de saúde por Unidade Básica de Saúde de Maceió. Estudo de Linha de Base, PROESF - UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág 35
Tabela 3.4 Renda média mensal dos profissionais em saúde estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 36
Tabela 3.5 Distribuição dos atendimentos prestados nas Unidades Básicas de Saúde de Maceió. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 37
Tabela 3.6 Condições de habitação das crianças, mulheres, adultos e idosos estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 39
Tabela 3.7 Escolaridade dos trabalhadores em saúde estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.. pág. 46
Tabela 3.8 Cursos de capacitação realizados pelos trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde estudadas em Maceió, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
pág. 47
Tabela 3.9 Indicadores de financiamento do sistema de saúde para o município de Maceió e para o Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 48
Tabela 3.10 Área física das Unidades Básicas de Saúde em Maceió. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 54
Tabela 3.11 Adequação da estrutura nas Unidades Básicas de Saúde em Maceió. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 55
Tabela 3.12 Equipamentos e instrumentos das Unidades Básicas de Saúde em Maceió. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 57
Tabela 3.13 Disponibilidade de materiais e insumos nas Unidades Básicas de Saúde em Maceió. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 60
Tabela 3.14 Atividades para o Cuidado Integral nas Unidades Básicas de Saúde em Maceió. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 66
Tabela 3.15 Atividade de Grupo nas Unidades Básicas de Saúde em Maceió. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 67
Tabela 3.16 Disponibilidade de Medicamentos das Unidades Básicas de Saúde em Maceió. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 69
Tabela 3.17 Utilização de protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em Maceió, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 72
Tabela 3.18 Utilização de Protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em Maceió. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 73
Tabela 3.19 Acesso dos profissionais estudados a publicações do Ministério da Saúde nas Unidades Básicas de Saúde de Maceió, por modelo de atenção e Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
pág. 74
Tabela 3.20 Médias alcançadas em relação à satisfação dos trabalhadores de saúde em uma escala de 0 a 10 em Maceió, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
pág. 82
Tabela 3.21 Indicadores de desempenho do sistema de saúde para Maceió, Alagoas e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 83
Tabela 3.22 Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da criança para Maceió, Alagoas e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF–UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 84
Tabela 3.23 Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da mulher para Maceió, Alagoas e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
pág. 84
Tabela 3.24 Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos a doenças crônicas para Maceió, Alagoas e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
pág. 85
Tabela 3.25 Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2005 relativos à saúde bucal para Maceió, Alagoas e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 86
Tabela 3.26 Participação dos profissionais no atendimento à demanda em Maceió, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 87
Tabela 3.27 Condições de nascimento das crianças de Maceió, por modelo de atenção. Estudo de pág. 88
14
Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Tabela 3.28 Características do acompanhamento de puericultura das crianças estudadas em Maceió,
por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 90
Tabela 3.29 Características do estado vacinal das crianças estudadas em Maceió de acordo com o registro do cartão de vacinas, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
pág. 91
Tabela 3.30 Prevalência de diarréia no último mês e características das consultas pelo problema das crianças estudadas em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
pág. 92
Tabela 3.31 Prevalência de pneumonia nas crianças nos últimos 6 meses e características das consultas pelo problema em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
pág. 93
Tabela 3.32 Características das consultas por outros motivos além de diarréia e pneumonia das crianças estudadas em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
pág. 94
Tabela 3.33 Características de saúde bucal das crianças estudadas em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 96
Tabela 3.34 Características do pré-natal das mulheres estudadas em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 97
Tabela 3.35 Orientações sobre aleitamento fornecidas no pré-natal realizado na Unidade Básica de Saúde da área de abrangência em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
pág. 98
Tabela 3.36 Utilização de métodos anticoncepcionais pelas mulheres estudadas em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 99
Tabela 3.37 Características da consulta ginecológica no último ano das mulheres estudadas em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Nordeste, 2005.
pág. 100
Tabela 3.38 Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres estudadas em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 101
Tabela 3.39 Consultas por outros motivos além do ginecológico das mulheres estudadas em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
pág. 101
Tabela 3.40 Características de saúde bucal das mulheres estudadas em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 104
Tabela 3.41 Atividade física dos adultos estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 105
Tabela 3.42 Hipertensão Arterial Sistêmica nos adultos estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 106
Tabela 3.43 Diabetes Mellitus nos adultos estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 107
Tabela 3.44 Problemas de nervos nos adultos estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 109
Tabela 3.45 Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres da amostra de adultos de Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 110
Tabela 3.46 Características de saúde bucal dos adultos estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 112
Tabela 3.47 Atividade física dos idosos estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 113
Tabela 3.48 Hipertensão Arterial Sistêmica nos idosos estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 114
Tabela 3.49 Diabetes Mellitus nos idosos estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 115
Tabela 3.50 Problemas de nervos nos idosos estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 117
Tabela 3.51 Necessidades de cuidado domiciliar dos idosos estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 118
Tabela 3.52 Características de saúde bucal dos idosos estudados em Maceió. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 119
15
APRESENTAÇÃO
O relatório apresenta os resultados do Estudo de Monitoramento e Avaliação do
Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família (PROESF) no município de
Maceió incluído na amostra do Lote 2 NE, coordenado e financiado nacionalmente pelo
Ministério da Saúde.
O ELB, através de uma abordagem epidemiológica, avaliou a atenção básica à
saúde em suas dimensões político-institucional, organizacional da atenção, cuidado
integral e desempenho do sistema.
O relatório enfatiza o recorte utilizado no ELB, descreve os achados sobre a
atenção básica e estabelece uma avaliação do Estudo no Município de Maceió.
Outras informações sobre o ELB para o conjunto dos municípios do Lote 2 NE,
incluindo o Relatório Final, já aprovado pelo Ministério da Saúde, estão disponíveis na
página do Projeto na Internet: http://www.epidemio-ufpel.org.br/proesf/index.htm.
17
RESUMO
O Estudo de Monitoramento e Avaliação do PROESF no Lote 2 Nordeste, sob responsabilidade da Universidade Federal de Pelotas, foi iniciado em fevereiro de 2005, incluindo 20 municípios de mais de 100 mil habitantes dos estados de Alagoas1, Paraíba2, Pernambuco3, Piauí4 e Rio Grande do Norte5.
O Estudo de Linha de Base utilizou um delineamento transversal e incluiu a coleta de dados primários nos municípios. Em Maceió o estudo foi realizado em dezesseis dias. O trabalho de campo abrangeu entrevista com o Presidente de Conselho Municipal de Saúde, o Secretário Municipal de Saúde e o Coordenador de Atenção Básica / PSF e a coleta de dados documentais. Em relação aos instrumentos do âmbito da UBS, a caracterização da estrutura alcançou os nove serviços amostrados. Também foram coletadas informações de 277 profissionais de saúde, o que corresponde a uma média de 31 profissionais por UBS. O somatório da avaliação da demanda de um dia típico de trabalho das UBS estudadas, totalizou 558 atendimentos, o que corresponde a uma média de 62 atendimentos por dia por UBS. Na amostra populacional, foram entrevistadas 152 crianças (94% do estimado); 155 mulheres (96% do estimado); 153 adultos (94% do esperado) e 150 idosos (93% do esperado). Na média foram aplicados 17 questionários em cada estrato da amostra populacional de cada UBS. O processamento e análise dos dados foram concluídos em dezembro de 2005. O controle de qualidade foi realizado, por telefone, mediante aplicação de questionários reduzidos alcançando cerca de 5% dos domicílios selecionados para a amostra populacional.
Os achados do Estudo demonstram que de modo geral, a situação socioeconômica de Maceió é pior que a do conjunto dos municípios do Lote. Em relação à atenção básica e ao PSF, o município apresentou um discreto crescimento da cobertura de PSF desde sua implantação em 1996, sendo que no ano de 2005 ainda não havia atingido a meta proposta pelo Ministério da Saúde de 30% para municípios com porte populacional de 500 mil até menos de dois milhões de habitantes. No âmbito da gestão da Atenção Básica destaca-se o fato de 74% dos profissionais ter ingressado através de concurso público, tornando o vínculo tipicamente precário a realidade da minoria dos entrevistados. Os indicadores do Pacto da Atenção Básica de Maceió foram no geral intermediários quando comparados ao estado e país, destacando-se positivamente a menor proporção de óbitos em menores de um ano por causas mal definidas; a maior razão entre exames de CP em mulheres de 25 a 59 anos e a população na faixa etária; a maior proporção de nascidos vivos com 7 ou mais consultas de pré-natal; e as menores taxas de internação por acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e diabetes mellitus. Sobre o desempenho da ABS local os destaques foram imunização infantil; utilização da UBS de abrangência para consultas por pneumonia; orientações de aleitamento materno fornecidas pela UBS da área durante a gestação; e opinião positiva sobre os atendimentos recebidos nas unidades locais. De qualquer maneira, a adequação da estrutura da rede básica, da supervisão e da capacitação dos profissionais de saúde, juntamente com a superação dos desafios da avaliação e monitoramento da atenção básica, serão fundamentais para o desenvolvimento do SUS e da saúde da população no município.
A complexidade do estudo e sua abrangência não impediram o cumprimento adequado do cronograma previsto. A qualidade da equipe técnica envolvida nas diversas atividades do estudo e a participação dos representantes do município devem ser destacadas como razões fundamentais para o bom andamento do Projeto. Este resultado também se deveu ao apoio recebido do Ministério da Saúde, com especial destaque para a Coordenação de Acompanhamento e Avaliação do Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde e o Grupo de Acompanhamento dos Estudos de Linha de Base.
1 Municípios de Alagoas: Arapiraca e Maceió. 2 Municípios da Paraíba: Campina Grande, João Pessoa e Santa Rita. 3 Municípios de Pernambuco: Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Caruaru, Garanhuns, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista, Petrolina, Recife e Vitória de Santo Antão. 4 Municípios do Piauí: Parnaíba e Teresina. 5 Municípios do Rio Grande do Norte: Mossoró, Parnamirim e Natal.
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1 INTRODUÇÃO
O Projeto Integrado de Capacitação e Pesquisa em Avaliação da Atenção Básica
à Saúde, sob responsabilidade do Departamento de Medicina Social, do Departamento
de Enfermagem e do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de
Pelotas (UFPel), está vinculado ao Componente 3 (Monitoramento e Avaliação) do
Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família (PROESF) do Ministério da
Saúde (MS), incluindo a totalidade dos 20 municípios dos estados de Alagoas, Paraíba,
Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte do Lote 2 NE, contando com a participação
de gestores e de trabalhadores de saúde.
A pesquisa através do Estudo de Linha de Base (ELB) incluiu quatro dimensões
orientadoras da avaliação da atenção básica: político-institucional, organizacional da
atenção, cuidado integral e desempenho do sistema de saúde (Ministério da Saúde,
2004). Através de abordagem epidemiológica se avaliou o quanto às exposições ao
PROESF e ao PSF afetam a variabilidade dos indicadores de cobertura, desempenho do
sistema de saúde e situação de saúde da população, estabelecendo uma referência para
avaliações e acompanhamentos futuros.
Os municípios estudados estão recebendo apoio à Conversão do Modelo de
Atenção Básica à Saúde, buscando estruturar a Estratégia Saúde da Família como porta
de entrada do SUS e viabilizar o acesso a outros níveis de complexidade, para assegurar
assistência integral aos usuários (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Este processo foi
analisado como uma intervenção, cujos efeitos no presente podem ser observados em
municípios e população estratificados por estado da federação, porte populacional,
região metropolitana e modelo de atenção básica à saúde. Os efeitos históricos da
intervenção poderão ser observados em um segundo tempo, através da repetição do
estudo.
O ELB corresponde ao primeiro tempo de uma avaliação prospectiva sobre a
ABS e o PSF, mas também de uma análise da intervenção do PROESF na reorientação
do modelo de ABS.
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A epidemiologia foi o eixo que estruturou a abordagem do ELB, orientando a
articulação complexa entre as dimensões sob estudo e os níveis de análise empírica. As
dimensões político-institucional, organizacional da atenção, cuidado integral e
desempenho do sistema foram tomadas como categorias abstratas da avaliação e
hierarquizaram conceitualmente as variáveis estudadas, enquanto os níveis de análise
hierarquizaram as variáveis, conforme sua operacionalização nas diversas fontes de
informação, primárias e secundárias, quantitativas e qualitativas, individuais e coletivas.
Este relatório apresenta a metodologia e os resultados do ELB no Município de
Maceió, AL. A metodologia detalha as diversas etapas do estudo, desde seu
delineamento e o planejamento do trabalho de campo, até o processamento e a análise
dos dados.
Os resultados enfatizam os recortes utilizados no ELB e descreve os achados
sobre a atenção básica no Município, contrastando com indicadores do Estado, do Lote
2 NE e do país.
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2 METODOLOGIA
2.1 Delineamento do Estudo de Linha de Base (ELB)
O delineamento é um meio de garantir relações válidas de causa e efeito entre as
variáveis em estudo (SUSSER, 1996). Os delineamentos ideais na avaliação de
programas ou serviços de saúde dependem da natureza dos programas e da precisão das
estimativas a serem obtidas. Estudos transversais são excelentes para avaliações de
adequação da cobertura ou qualidade de serviços, mas também podem ser utilizados em
avaliações de plausibilidade na comparação de modelos ou programas de saúde
(HABICHT, 1999, SANTOS, 2004; VICTORA, 2004).
Na área da saúde pública, estudos observacionais que testem a efetividade das
intervenções sob condições de rotina são mais adequados do que ensaios randomizados.
Para que seus resultados forneçam subsídios para as políticas de saúde, os estudos não
randomizados precisam ser alvo de tanta atenção quanto a que tem sido dedicada, nos
últimos anos, aos estudos randomizados (SANTOS, 2004; VICTORA, 2004).
A declaração TREND é uma iniciativa recente que busca contribuir para esse
fim, ao definir uma série de normas para o delineamento e divulgação de estudos
observacionais de avaliação de programas e serviços de saúde (DES JARLAIS, 2004).
O ELB segue os fundamentos dos estudos transversais, com grupos de
comparação, utilizando medidas com múltiplos níveis de agregação, em relação às
diferentes dimensões observadas (ROTHMAN, 1998). O estudo também pode ser
caracterizado como multicêntrico de efetividade e linha de base para determinar o
impacto do PROESF / PSF nos indicadores de desempenho do sistema de saúde e de
situação de saúde da população, incluindo todos os 20 municípios.
O delineamento do estudo procurou minimizar o viés de seleção incluindo a
totalidade dos municípios e amostras proporcionais de unidades básicas de saúde do
Lote 2 NE, juntamente com uma complexa estratificação de variáveis independentes
para o estabelecimento de comparações (DES JARLAIS, 2004; ROTHMAN, 1998).
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O delineamento transversal foi qualificado tanto através da estratificação das
UBS segundo o modelo de atenção (Tradicionais e PSF), quanto pela possibilidade de
controlar o efeito do PSF, estratificando suas UBS conforme o período de implantação,
anterior ou posterior a intervenção do PROESF. No caso de Maceió foram selecionadas
três UBS Tradicionais e seis de PSF (quatro UBS pré-PROESF e duas pós-PROESF). A
obtenção de informações estruturadas para o âmbito da gestão, do controle social, das
unidades básicas de saúde, dos usuários e da população também enriqueceu o
delineamento do estudo, especialmente com a inclusão de questões abertas que
qualificaram as questões fechadas que predominam na abordagem epidemiológica. A
coleta de dados secundários de bases nacionais também foi outro aspecto do
delineamento do estudo que complementou a abordagem transversal do objeto.
As variáveis selecionadas caracterizaram as dimensões político-institucional,
organizacional da atenção, cuidado integral e desempenho do sistema.
A dimensão político-institucional examina principalmente os aspectos relativos à
gestão do SUS e da ABS. Seu âmbito é fundamentalmente o do agregado do município.
Neste âmbito, os modelos de atenção são caracterizados como políticas, ilustradas por
diferenças históricas e conjunturais na cobertura populacional.
A dimensão organizacional da atenção caracteriza aspectos da gestão da ABS e
do PSF, mas aproxima seu olhar da UBS e dos fluxos entre os níveis de atenção do
SUS. Neste âmbito, a dicotomia entre os modelos de ABS, Tradicional e PSF, passa a se
materializar nas práticas de gestão e a oferta de serviços básicos e especializados. Este é
o âmbito do detalhamento e constituição das políticas de saúde e, particularmente, da
reorientação do modelo de atenção básica à saúde.
A dimensão do cuidado integral focaliza a UBS, suas práticas e recursos na
abordagem das necessidades de saúde da população. Examina as estratégias de indução
da integralidade e o processo de trabalho na ABS.
Por fim, a dimensão desempenho do sistema analisa a utilização dos serviços de
ABS e a situação de saúde da população, permitindo observar as diferenças tanto para
os agregados geopolíticos, quanto para os modelos de atenção.
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2.2 Amostra e Amostragem do ELB
O universo para este recorte do estudo é constituído pelo município de Maceió.
Neste universo foi realizada uma amostra estratificada por múltiplos estágios para
selecionar unidades básicas de saúde, profissionais de saúde, usuários e indivíduos
residentes na área de abrangência dos serviços (LEMESHOW, 1990; LEVY, 1980;
LWANGA, 1991).
2.2.1 Amostra de UBS
Tomando-se uma lista de UBS fornecida pelo município de Maceió foram
sorteadas aleatoriamente nove UBS, que orientaram a seleção das amostras de
profissionais de saúde, usuários e população da área de abrangência dos serviços. Foram
incluídas quatro UBS do PSF pré-PROESF (Galba Novaes, Jorge David Nasser, São
José e Tarcísio Palmeira), duas do PSF pós-PROESF (Grota do Moreira e Vila
Redenção) e três Tradicionais (Arthur Ramos, PAM Dique Estrada e Paulo Leal Melo).
2.2.2 Amostra de profissionais de saúde
Em cada UBS se procurou obter informações de todos os trabalhadores de saúde
em atividade, através de um questionário auto-aplicado.
Foram incluídos tanto os profissionais de saúde de nível superior (médicos,
enfermeiros e demais profissões), quanto os profissionais de nível médio (auxiliares de
enfermagem, recepcionistas, etc) e os Agentes Comunitários de Saúde (ACS).
2.3 Amostra de usuários: demanda atendida nas UBS
Em relação à amostra de usuários, a estratégia amostral foi registrar todos os
atendimentos de um dia de trabalho em cada UBS selecionada, incluindo aqueles
realizados por ACS. A base de registro utilizada foi a Ficha de Atendimento
Ambulatorial (FAA) do SUS, documento utilizado cotidianamente nas UBS para efeitos
gerenciais e contábeis. Utilizou-se um formulário-espelho, que continha todas as
informações da FAA e facilitava a digitação eletrônica dos dados. As informações sobre
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a avaliação da demanda estão mais detalhadas no item de instrumentos do estudo e na
seção de Resultados do ELB.
2.2.4 Amostra de população da área de abrangência das UBS
A amostra populacional foi dividida em 4 grupos, crianças de um a três anos de
idade, mulheres que tiveram filhos nos últimos dois anos, adultos entre 30 e 64 anos de
idade e idosos a partir dos 65 anos de idade. Estes indivíduos foram localizados na área
de abrangência de cada uma das UBS, através de amostragem sistemática. Para compor
a amostra do Lote 2 NE, selecionou-se cerca de 2100 indivíduos em cada um dos
grupos, cujo tamanho era suficiente para examinar diferenças de 25 a 30% entre os
modelos de atenção das UBS (PSF x Tradicional), com um poder estatístico de 80% e
prevalências dos desfechos de no mínimo 25%. Estes parâmetros permitiram avaliar
diferenças na utilização de serviços de saúde, realização de procedimentos preventivos e
acompanhamento de atividades programáticas. Esta amostra foi dividida pelo número
de UBS selecionadas (120) resultando em um número de 18 entrevistas a serem
realizadas para cada grupo populacional da área de abrangência de cada uma delas.
2.3 Trabalho de Campo no Município: Logística e Instrumentos de Fonte Primária
O trabalho de campo em Maceió iniciado em 06 de junho de 2005 e concluído
em 21 de junho de 2005 foi realizado por uma equipe de quatro supervisores
criteriosamente selecionados e capacitados para o desenvolvimento de cada uma das
etapas do trabalho de campo.
A pactuação de uma agenda de trabalho de campo com o Município foi uma das
estratégias utilizadas para operacionalizar o cronograma estabelecido. O apoio recebido
do gestor, coordenação de atenção básica e de saúde da família, representantes do
controle social, trabalhadores das unidades básicas de saúde, agentes comunitários de
saúde e população entrevistada foram fundamentais para a realização do trabalho. A
capacitação e a motivação do grupo de supervisores também foram extremamente
relevantes para o sucesso deste trabalho.
Apresenta-se a seguir o detalhamento da logística no trabalho de campo para
cada um dos instrumentos utilizados na coleta de dados primários. Os instrumentos
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estão disponíveis da página do PROESF-UFPEL na Internet e são de livre acesso –
http://www.epidemio-ufpel.org.br/proesf/index.htm
a. Gestor e Coordenador de Atenção Básica e PSF
Os dados referentes ao gestor e coordenador eram coletados através de
questionário auto-aplicado destinado a registrar informações demográficas, de formação
profissional e experiência na gestão, além de caracterizar os aspectos político-
institucionais da ABS e do PSF no município. Depois de preenchidos, os instrumentos
foram enviados á coordenação do Projeto para revisão, codificação e digitação na sede
do estudo na cidade de Pelotas.
Infelizmente não foi possível obter o questionário do gestor municipal de
Maceió, aspecto que limitou o presente relatório, especialmente em termos da avaliação
institucional do SUS e da atenção básica à saúde no município.
b. Entrevista com o Presidente do Conselho Municipal de Saúde
Para a aplicação deste instrumento foi solicitado o agendamento prévio da
entrevista realizada por um supervisor do trabalho de campo.
c. Processo de Trabalho
Este instrumento foi preenchido em reuniões nas unidades básicas amostradas,
após a convocação por parte dos coordenadores das UBS. Os trabalhadores presentes no
dia da reunião discutiam os aspectos da organização do trabalho, as atividades
realizadas, os responsáveis por sua realização, os instrumentos e insumos utilizados,
além de identificar os principais problemas do processo de trabalho e sugestões de
melhoria.
d. Estrutura da UBS
O instrumento para captar informações sobre a estrutura da UBS era
fundamentalmente fechado e poderia ser preenchido coletivamente em uma reunião de
equipe, ou por um responsável pela UBS, com o apoio de pessoas-chave nos diversos
setores. A tarefa foi realizada durante o trabalho de campo (TC) na UBS. Enquanto
realizavam o levantamento de informações populacionais na área de abrangência, os
supervisores apoiaram o preenchimento do instrumento pelo responsável na UBS.
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e. Equipe de saúde
O questionário individual auto-aplicado era dirigido a todos os trabalhadores
lotados na UBS, incluindo profissionais de nível superior, médio e os ACS. As questões
eram todas estruturadas e predominantemente fechadas, mas várias questões abertas
foram utilizadas para qualificar a informação quantitativa. O instrumento da equipe de
saúde foi distribuído pelos supervisores às UBS, juntamente com os demais
questionários. Durante o TC na UBS, os supervisores orientaram o preenchimento e
motivaram os trabalhadores a participar do estudo. Depois de preenchidos, os
instrumentos foram recolhidos pelos supervisores e enviados para revisão, codificação e
digitação na sede do estudo na cidade de Pelotas.
f. Demanda da UBS – PACOTAPS
Utilizando um formulário baseado na Ficha de Atendimento Ambulatorial
(FAA) do SUS, todos os atendimentos de um dia de trabalho na UBS foram registrados,
incluindo os agentes comunitários de saúde.
Estes formulários foram digitados no software PACOTAPS (TOMASI, 2003),
capaz de identificar a dimensão do acesso da população aos serviços, a qualidade do
registro das atividades, produzir análises sobre o perfil demográfico e epidemiológico
da demanda nas unidades básicas de saúde.
O software é de fácil utilização por indivíduos sem conhecimentos prévios de
informática e epidemiologia e possibilita delinear com maior nitidez o perfil da
demanda, avaliar os serviços ao longo do tempo, comparar serviços entre si, em
momentos determinados, de acordo com as demandas do espaço de gestão. Permite
ainda, identificar com precisão e atualidade através de seus relatórios, informações
sobre o gênero, os grupos etários, os principais motivos de consulta, os medicamentos
mais prescritos, os exames mais solicitados e os encaminhamentos realizados.
O software foi distribuído ao município e os representantes das SMS e das UBS
foram capacitados para sua utilização na avaliação dos serviços básicos durante as
Oficinas Regionais. Este aplicativo também pode ser obtido na página do Projeto na
Internet no endereço citado anteriormente.
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g. Amostra Populacional
Foram realizadas entrevistas individuais, domiciliares, com questionários
estruturados, abordando questões relevantes para o estudo em amostras independentes
de crianças, mulheres, adultos e idosos. As questões eram todas estruturadas e
predominantemente fechadas, mas também havia questões abertas para qualificar as
respostas fechadas. Para a caracterização socioeconômica das amostras, foram utilizadas
a renda per capita em salários mínimos e a classificação da ANEP / ABIPEME
(RUTTER, 1988), esta última composta de informações sobre a escolaridade do chefe
da família, da disponibilidade de empregada mensalista e sobre a posse de bens
eletrodomésticos.
Para a aferição de alcoolismo (adultos), foi utilizado o teste CAGE (MASUR,
1983; SOINBELMAN, 1992), composto de quatro questões, sendo mais de duas
afirmativas um indicador de dependência de bebida alcoólica.
As entrevistas foram realizadas por supervisores selecionados e capacitados
especialmente para estas atividades pela equipe técnica do projeto. A amostra
populacional foi localizada na área de abrangência da UBS, que foi o ponto inicial para
a coleta de dados. Todos os domicílios do percurso seguido a partir da UBS até os
limites da área foram visitados em busca dos indivíduos elegíveis de acordo com o
grupo populacional.
A baixa densidade de indivíduos elegíveis em cada domicílio facilitou a
distribuição da amostra por toda a área de abrangência da UBS, minimizando as
possibilidades de viés de seleção ou efeito de cluster nas amostras (ROTHMAN, 1998).
Assim, se procedeu à inclusão consecutiva dos domicílios para a composição da
amostra.
Caso em um domicílio não residisse o indivíduo com as características
requeridas, passava-se ao seguinte, respeitando a orientação do deslocamento pela área
de abrangência. Nos domicílios selecionados, somente um indivíduo elegível (crianças,
mulheres que tiveram filho nos últimos dois anos, adultos e idosos) foi convidado a
participar do estudo, explicando-se a sua finalidade e apresentando termo de
consentimento informado. Nos domicílios em que se encontraram duas crianças ou duas
mulheres elegíveis, a mais jovem foi entrevistada. Para os adultos e idosos esta regra se
inverteu, sendo elegível o mais velho.
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2.4 Levantamento de Dados em Fontes Secundárias
Integrando o Estudo de Linha de Base do PROESF, foram sistematizados para o
município, o Estado, o Lote e o país, dois conjuntos de informações oriundas de bases
nacionais disponíveis (Ministério da Saúde, DATASUS e IBGE.).
O primeiro conjunto diz respeito aos 34 indicadores do Pacto da Atenção Básica,
instrumento de monitoramento e avaliação do desempenho da atenção básica por parte
do Ministério da Saúde (2003).
O segundo conjunto de informações está baseado nos Indicadores de
Monitoramento da Expansão do PSF em Grandes Centros Urbanos, de Julho de
2002, trabalho coordenado pela Dra. Ana Luiza D’Ávila Viana (2002). Do total dos
indicadores propostos, foi selecionado para análise um conjunto que fornece
informações de acordo com três eixos:
1. Perfil epidemiológico e sócio-demográfico da população;
2. Financiamento da saúde, da atenção básica e do PSF;
3. Organização da assistência, do cuidado e desempenho do sistema.
2.5 Processamento dos Dados
A complexidade da avaliação da atenção básica no âmbito do PROESF requer
que o conhecimento produzido seja baseado em informações as mais fidedignas
possíveis. Até traduzir-se em informações, todos os dados coletados durante o trabalho
de campo são objeto de um conjunto de atividades, sistemática e rigorosamente
encadeada. Estas atividades vão desde a recepção e classificação dos instrumentos até as
análises mais complexas e informativas.
Uma das peculiaridades do nosso estudo sobre a atenção básica no Brasil é a
extensa e variada gama de abordagens e instrumentos utilizados: dados quantitativos e
qualitativos, dados primários e secundários, dados com foco na gestão municipal da
saúde, dados com foco nas unidades básicas e dados com foco na população residente
na área de abrangência da UBS. Cada uma destas categorias se relaciona com as demais,
o que imprime um alto grau de complexidade a todas as tarefas de preparar estes dados
para análise.
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As atividades relacionadas ao processamento dos dados oriundos dos diferentes
instrumentos do estudo estão descritas em ordem cronológica e seqüencial. Em seguida,
são apresentados os diferentes bancos de dados, agregados por tipos de instrumentos.
Estão disponibilizados na página do Projeto na Internet os materiais de apoio ao
processamento dos dados, especialmente construídos para o estudo.
2.5.1 Recepção e classificação dos instrumentos
Os instrumentos completados no trabalho de campo entravam no processamento
por município, na mesma ordem da realização da coleta de dados. Uma vez “na bancada
de trabalho”, os diferentes instrumentos eram separados por tipo para identificação.
2.5.2 Identificação e constituição dos lotes
Nesta fase, o questionário recebia um identificador numérico único. Para os
questionários da população da área de abrangência da UBS e dos profissionais, o
identificador possuía sete algarismos: um para o Estado, dois para o município, dois
para a UBS e dois para o entrevistado. Para os questionários da estrutura e do processo
de trabalho na UBS, o identificador possuía cinco algarismos: um para o Estado, dois
para o município e dois para a UBS. Para os questionários do nível municipal, o
identificador era de três algarismos: um para o Estado e dois para o município. Para o
estudo de demanda, cujo instrumento foi a “ficha-espelho” da Ficha de Atendimento
Ambulatorial, a identificação era dada pelo código da UBS junto ao Sistema de
Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SIA – SUS).
Para cada conjunto de instrumentos do mesmo tipo e da mesma UBS era
constituído um lote de questionários, obedecendo a uma numeração seqüencial utilizada
no formulário “capa de lote”. Neste formulário, eram registrados os números de
identificação de cada questionário do lote, além do município, UBS, total de
questionários, data e responsável pelo fechamento do lote.
Para cada município, foram sistematizados os totais de cada instrumento
efetivamente completado no trabalho de campo, excluídas as perdas e recusas. Estes
números eram registrados em uma planilha do processamento por município e UBS,
denominada “Listagem de Controle de Lote”. Esta rotina dava início ao processamento
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propriamente dito, com a seguinte seqüência de tarefas para os questionários
populacionais e dos profissionais:
• codificação de questões fechadas
• tabulação de questões abertas
• codificação de questões abertas
• revisão final
• digitação
A primeira folha de cada questionário recebia um carimbo com a seqüência das
tarefas acima citadas para registro de datas e responsáveis.
2.5.3 Bancos de Dados Estruturados
a.Questionários populacionais, estrutura de UBS e profissionais de saúde Para os questionários populacionais (crianças, mulheres, adultos e idosos), da
estrutura da UBS e dos profissionais foram criados bancos de dados no EPI-INFO, que
permite validação da entrada de dados para amplitude e consistência das variáveis.
b. Demanda ambulatorial As fichas-espelho do estudo de demanda foram inicialmente contadas e
revisadas. Para cada procedimento era identificado um código na Tabela de
Procedimentos do SIA-SUS e para cada diagnóstico era identificado um código na
Classificação Internacional de Doenças – 10ª. Revisão (CID-10). Para facilitar o
trabalho de codificação, foram identificados os códigos de maior utilização, o mesmo
acontecendo com os códigos da CID-10 para os diagnósticos.
A seguir, as fichas-espelho eram digitadas no aplicativo PACOTAPS, uma
ferramenta desenvolvida pela equipe (TOMASI, 2003) para subsidiar o planejamento e
a avaliação de serviços básicos de saúde.
c. Processo de trabalho, Gestor Municipal, Coordenador da Atenção Básica
e Presidente do Conselho Municipal de Saúde
Todas as questões abertas destes instrumentos foram digitadas em programa de
edição de textos para posterior análise.
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Para as questões fechadas (pré-codificadas) foram criados bancos de dados no
EPI-INFO, a exemplo dos instrumentos populacionais, da estrutura da UBS e dos
profissionais de saúde.
2.6 Controle de Qualidade
O controle de qualidade foi realizado, por telefone, mediante aplicação de
questionários reduzidos para alcançar, no mínimo, 5% dos domicílios selecionados.
Estes questionários eram compostos por perguntas-chave para identificar possíveis erros
ou respostas falsas. Para tanto, foi sorteado um questionário relativo a cada grupo
populacional investigado (criança, mulher, adulto e idoso) por Unidade Básica de
Saúde.
Para padronizar e qualificar a coleta dos dados do controle de qualidade, uma
pessoa especialmente treinada para este fim, realizou o contato telefônico. Não
existindo a possibilidade de contato telefônico com a pessoa sorteada, uma busca pelo
endereço ou pela respectiva UBS, era realizada na tentativa de localizar e coletar os
dados do entrevistado, não havendo, portanto, substituição para evitar possíveis viéses.
Para checagem imediata da consistência das informações, através de uma
planilha, algumas respostas referidas pelo entrevistado no contato feito pelo supervisor
eram comparadas com as repostas referidas no momento da aplicação do questionário
de controle de qualidade. Esta medida facilitava a detecção precoce de possíveis erros
na coleta dos dados e possibilitava a intervenção imediata junto ao supervisor do
trabalho de campo. A atividade de controle de qualidade era supervisionada diariamente
por um dos membros da equipe. Ao final, foi realizada a checagem da consistência das
informações através do índice de concordância de Kappa (LANDIS, 1977).
Os resultados do controle de qualidade para a totalidade dos municípios estão
disponíveis no Relatório Final do Lote 2 Nordeste, na página do Projeto na Internet.
2.7 Análise dos Dados
Digitados no programa EPI-INFO 6.04b, os bancos de dados foram exportados
através do aplicativo STAT TRANSFER 5.0 para o pacote estatístico SPSS 10.0 para
Windows, utilizado para as análises. Inicialmente, procedeu-se às análises descritivas,
32
verificando a distribuição dos casos em cada variável. Nas comparações também foram
considerados os achados do Lote 2 Nordeste, Estado e país. Em continuação, as
variáveis de interesse foram analisadas segundo o modelo de UBS, buscando-se
identificar padrões de desempenho em serviços do PSF e Tradicionais.
33
3 RESULTADOS
3.1 Contexto
3.1.1 Situação Demográfica e Socioeconômica de Maceió
Em 2000, de acordo com informações do Atlas IDH e dos Cadernos de
Informações em Saúde, Maceió possuía 797.759 habitantes. Seu Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) era de 0,739, superior ao de Alagoas, mas inferior ao
do Brasil. Quando comparados ao estado e ao país, o índice favorável ao município foi a
maior proporção de cobertura de água encanada; e desfavorável, a menor proporção de
idosos. Todos os demais indicadores foram intermediários, em que a expectativa de
vida, a proporção de alfabetizados e a proporção de cobertura de esgoto tiveram índices
superiores aos observados em AL, mas inferiores aos do Brasil. Taxa bruta de
natalidade e a proporção de pobres foram menores que no estado, mas maiores aos do
país. Já a proporção de menores de cinco anos foi menor em Maceió que em AL, mas
semelhante à da União (Tabela 3.1).
Tabela 3.1 - Indicadores demográficos e socioeconômicos para Maceió, Alagoas e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador Maceió AL Brasil
IDH-2000 0,739 0,649 0,766
Taxa bruta de natalidade 21,4 22,3 17,5
Expectativa de vida 65,0 63,8 68,6
% de menores de 5 anos 10,3 11,8 9,6
% de idosos 6,5 7,2 8,5
% de pobres 38,8 62,2 32,8
% de alfabetizados 79,7 63,5 83,3
% de água encanada 81,7 61,5 75,8
% de esgoto 23,2 14,1 44,4
Fonte: Atlas IDH e Cadernos de Informações em Saúde de 2000.
34
3.1.2 Amostra de Unidades Básicas de Saúde
Para o ELB foram selecionadas em Maceió quatro UBS do PSF pré-PROESF
(Galba Novaes, Jorge David Nasser, São José e Tarcísio Palmeira), duas do PSF pós-
PROESF (Grota do Moreira e Vila Redenção) e três Tradicionais (Arthur Ramos, PAM
Dique Estrada e Paulo Leal Melo).
3.1.3 Amostra de Profissionais de Saúde
Durante a avaliação das nove UBS foram estudados 277 profissionais de saúde,
sendo 30 (11%) médicos, 16 (6%) enfermeiros, 32 (12%) outros profissionais de nível
superior, 56 (20%) auxiliares e técnicos de enfermagem, 62 (23%) agentes
comunitários de saúde e 80 (29%) outros profissionais de nível médio. Para um dos
profissionais esta informação estava ignorada (Tabela 3.2).
Encontrou-se maior proporção de agentes comunitários de saúde nas UBS do
PSF do que nas Tradicionais, enquanto que nas Tradicionais havia maior proporção de
médicos e outros profissionais de nível médio (Tabela 3.2).
Tabela 3.2 - Distribuição da amostra de trabalhadores de saúde por atividade profissional em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base,
PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Maceió (%) Atividade profissional
PSF Tradicional Total
Médicos 9 14 11
Enfermeiros 6 5 6
Outros profissionais de nível superior 10 13 12
Auxiliares e técnicos de enfermagem 18 23 20
Agentes comunitários de saúde (ACS) 35 4 23
Outros profissionais de nível médio 21 40 29
35
3.1.3.1 Distribuição dos Trabalhadores por Modelo de Atenção e por Unidade
Básica de Saúde
Em relação ao modelo de atenção, 132 (48%) trabalhadores estavam vinculados
as UBS do PSF pré-PROESF, 33 (12%) à do PSF pós-PROESF e 112 (40%) às
Tradicionais. A Tabela 3.3 apresenta a distribuição dos trabalhadores de saúde em
relação as UBS selecionadas.
Tabela 3.3 - Distribuição da amostra dos trabalhadores de saúde por Unidade Básica de Saúde de Maceió. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE,
2005.
Trabalhadores N (%) Unidade Básica de
Saúde Médicos Enfermeiros Outros de nível superior
Auxiliares e técnicos de
enfermagem ACS
Outros de
nível médio
Total
Arthur Ramos 4(14) 2(7) 3(10) 6(21) -- 14(48) 29 (100)
Galba Novaes 4(8) 3(6) 5(10) 9(18) 17(35) 11 (22) 49 (100)
Grota do Moreira 2(8) 2(8) 1(4) 3(13) 13(54) 3(13) 24(100)
Jorge David Nasser 2(6) 2(6) 4(12) 5(15) 12(35) 9(27) 34(100)
PAM Dique Estrada 5(14) 1(3) 4(11) 10(27) -- 17(46) 37 (100)
Paulo Leal Melo 6(13) 3(7) 8(17) 10(22) 4(9) 15(33) 46(100)
São José 3(12) 1(4) 4(16) 5(20) 5(20) 4(16) 25(100) Tarcísio Palmeira 3(13) 1(4) 3(13) 6(26) 5(22) 5(22) 23 (100)
Vila Redenção 1(11) 1(11) -- 2(22) 3(33) 2(22) 9(100)
Total 30(11) 16(6) 32(11) 56(20) 62(23) 80(29) 276(100)*
* Para um profissional a informação estava ignorada.
3.1.3.2 Situação Demográfica e Socioeconômica dos Trabalhadores
A amostra foi formada por 205 (75%) trabalhadores do sexo feminino e 69
(25%) do sexo masculino, havendo maior prevalência do sexo feminino entre os
trabalhadores de UBS do PSF (81%, n = 132) – esta informação foi ignorada por três
36
entrevistados. A média de idade foi de 36,2 anos, sendo maior entre os profissionais das
UBS PSF (37,0) que entre os de UBS Tradicionais (34,9).
A renda bruta mensal referida pelos trabalhadores relaciona-se exclusivamente
ao emprego na UBS e foi classificada de acordo com a formação e nível de
escolaridade. Os salários da totalidade dos trabalhadores das UBS PSF (R$ 1.159,98)
foram em média superiores aos observados nas UBS Tradicionais (R$ 843,91). Quando
estratificadas as rendas por tipo de profissional, a média foi significativamente superior
nas UBS PSF para os médicos, auxiliares e técnicos de enfermagem (Tabela 3.4).
A renda bruta mensal dos trabalhadores de saúde entrevistados em Maceió foi no
geral superior a média observada no Lote 2 NE, com exceção à renda média dos
médicos e demais profissionais de nível superior que foram inferiores às observadas no
Lote (Tabela 3.4).
Tabela 3.4 - Renda média mensal dos trabalhadores em saúde estudados em Maceió, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF
– UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Maceió (R$) Trabalhadores
PSF Tradicional Total Lote 2 NE (R$)
Médicos 2.550,70 1.324,93 1.835,67 2.127,50
Enfermeiros 2.208,33 1.811,80 2.452,43 2.172,67
Demais profissionais
de nível superior 1.731,25 1.267,92 1.490,32 1.529,37
Auxiliares e técnicos
de enfermagem 1.125,04 638,37 904,88 554,33
Demais profissionais
de nível médio 810,06 1.121,50 834,02 472,86
ACS 597,53 503,64 544,24 383,88
37
3.1.4 Amostra da Demanda Atendida nas Unidades Básicas de Saúde
3.1.4.1 Distribuição da Demanda por Unidade Básica de Saúde
Para o estudo da demanda foram registrados 558 atendimentos realizados pelos
profissionais das UBS amostradas, em um dia de trabalho (Tabela 3.5). Em relação ao
modelo de atenção, 462 (82%) atendimentos foram realizados nas UBS do PSF e 96
(17%) nas UBS Tradicionais. Assim, a média diária de atendimentos válidos por UBS
do PSF foi de 115 e pelas UBS Tradicionais de 96. Na Tabela 3.5 é possível observar a
distribuição dos atendimentos por UBS, em que alguns dos serviços não realizaram
registros.
Tabela 3.5 - Distribuição dos atendimentos prestados nas Unidades Básicas de Saúde de Maceió. Estudo de Linha de Base, PROESF - UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Unidade Básica de Saúde Nº de atendimentos (%)
Arthur Ramos 96 (17)
Galba Novaes 174 (31)
Grota do Moreira 130 (23)
Jorge David Nasser 39 (7)
PAM Dique Estrada 0 (0)
Paulo Leal Melo 0 (0)
São José 0 (0)
Tarcísio Palmeira 119 (22)
Vila Redenção 0 (0)
Total 558 (100)
38
3.1.5 Amostra Populacional da Área de Abrangência das Unidades Básicas de
Saúde
3.1.5.1 Distribuição da População
As amostras populacionais selecionadas nas áreas de abrangência das UBS
totalizaram 152 crianças de um a três anos, 155 mulheres que tiveram filhos nos dois
últimos anos, 153 adultos entre 30 e 64 anos e 150 idosos com 65 anos e mais.
3.1.5.2 Situação Demográfica e Socioeconômica da População da área de
Abrangência das UBS
a. Condições de habitação
A presença de água encanada dentro de casa beneficiava os domicílios de 91%
dos adultos, 87% dos de crianças, 95% de idosos e 92% de mulheres. A proporção de
banheiro no domicílio foi de cerca de 84% para os adultos, 74% para as crianças, 85%
para os idosos e de 79% para as mulheres. Praticamente a totalidade, 98% dos
domicílios dos adultos e mulheres e 97% dos de idosos e crianças dispunham de
recolhimento do lixo por caminhão de serviço municipal.
Residências de tijolo com e sem reboco, mistas (madeira e tijolo) e com madeira
regular foram consideradas adequadas, enquanto aquelas construídas de madeira
irregular e papelão, lata ou lona foram classificadas de inadequadas. A proporção de
construção adequada foi maior nas residências de adultos (95%) do que nas residências
de idosos (92%), mulheres (92%) e crianças (91%).
A média de pessoas por domicílio de crianças foi de 5,0 e de mulheres foi 5,0
(dp = 1,8 e dp = 1,9, respectivamente). No caso dos adultos esta média foi 4,2 (dp = 1,9)
e nos idosos 3,9 (dp = 2,4). A concentração de sete ou mais pessoas por domicílio foi
identificada em 19% da amostra de crianças, 20% de mulheres, e em 11% de adultos e
idosos. Residir desacompanhado foi informado por 4% dos adultos e 9% dos idosos.
A Tabela 3.6 descreve as prevalências dos indicadores estudados em cada grupo
populacional por modelo de atenção. Em geral, as diferenças observadas quanto às
condições de moradia não foram significativas entre os modelos de atenção. Apenas no
39
caso das mulheres e idosos, construção adequada foi mais freqüente entre os residentes
de áreas do PSF que de UBS Tradicionais.
Tabela 3.6 - Condições de habitação das crianças, mulheres, adultos e idosos estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF
– UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Crianças Mulheres Adultos Idosos Indicador
PSF Tradicional PSF Tradicional PSF Tradicional PSF Tradicional
Água encanada no domicílio (%)
89 81 94 86 97 89 97 89
Banheiro no domicílio (%) 67 78 80 76 87 77 89 78
Recolhimento do lixo por caminhão (%)
99 94 99 96 97 100 98 96
Construção adequada (%) 92 88 95 86 96 94 95 85
Pessoas por domicílio (média)
5,1 4,9 5,0 5,1 4,1 4,2 4,0 3,7
b. Perfil das Crianças e Mães
Na amostra de 152 crianças, 47% (n = 71) eram do sexo masculino e a idade
média foi de 25,7 meses (dp = 10,2), variando de 12 a 47 meses. A proporção de
crianças brancas foi de 39% (n = 59), de pardas 50% (n = 76) e de negras 11% (n = 17),
não havendo diferenças entre os modelos de atenção.
As mães das crianças estudadas tinham idade média de 26,4anos (dp = 6,7),
variando de 15 a 47 anos, sendo maior entre as moradoras de áreas das UBS
Tradicionais (28,7; dp = 7,6) que de PSF (25,4; dp = 6,1). Em relação à escolaridade
dessas mães, 63% (n = 92) possuíam primeiro grau incompleto, 21% (n = 31) primeiro
grau completo e 16% (n = 23) segundo grau completo ou mais; não tendo sido
observada diferenças entre os modelos.
A renda média per capita da amostra de domicílios de crianças foi de 0,3 salário
mínimo (SM), sendo semelhante entre os modelos.
40
Pouco menos de um quarto (22%; n = 35) destas mães e crianças estavam
incluídas nos estratos B e C agregados, 28% (n = 45) pertencia ao D e 51% (n = 82) ao
E. As proporções foram semelhantes entre os modelos de atenção.
c. Perfil das Mulheres
Na amostra de 155 mulheres, 57% (n = 89) eram de cor não-branca, sendo em
proporção significativamente maior entre as residentes de áreas do PSF (62%, n = 66)
que entre as de UBS Tradicionais (47%, n = 23). A idade média das entrevistadas foi de
25,0 anos (dp = 6,3), variando de 15 a 43 anos; e a proporção de menores de 20 anos foi
de 21% (n = 33), não havendo diferenças entre os modelos.
Entre as mulheres, 56% (n = 75) não havia completado o primeiro grau, 26% (n
= 35) possuía o 2º grau incompleto e 18% (n = 24) tinha o segundo grau completo ou
mais. Quando comparadas entre os modelos, as proporções foram semelhantes.
A renda mensal média per capita da amostra de mulheres foi de 0,3 SM. Apenas
11% (n = 16) pertencia as grupos sociais B e C agregados, 31% (n = 45) no grupo D e
59% (n = 86) no grupo E. Não houve diferenças significativas entre os modelos para
estas variáveis.
d. Perfil dos Adultos
Na amostra de 153 adultos, a idade média era de 45,1 anos (dp = 9,4), variando
de 30 a 64 anos. Deste total, 60% (n = 91) eram mulheres, 43% (n = 65) eram de cor
branca, e 72% (n = 110) eram casados (as) ou viviam com companheiro (a). Mais da
metade dos adultos sabia ler e escrever (64%; n = 98), não havendo diferenças entre os
modelos.
A renda média per capita nos domicílios de adultos foi de 0,5 SM. Na
distribuição por grupo social, apenas 1% dos adultos estavam nos estratos A e B
agrupados, 13% no C, 34% no D e 52% no E. De acordo com o modelo de atenção, não
foram observadas diferenças.
Pouco mais da metade dos adultos (53%; n = 81) informou trabalho remunerado
no último mês, observando-se proporções semelhantes entre os modelos de atenção. Das
pessoas que trabalhavam 51% (n = 41) eram empregadas, 48% (n = 39) autônomas e
apenas um (1%) era empregador.
41
e. Perfil dos Idosos
Na amostra de 150 idosos, a idade média foi de 72,6 anos (dp = 6,5), variando de
65 a 92 anos. Deste total, 57% (n = 85) eram mulheres, 53% (n = 80) eram de cor
branca e a 45% (n = 67) eram viúvos(as). Não foi observada diferença entre os modelos
de atenção.
Menos de um terço da amostra dos idosos sabia ler e escrever (29%; n = 43),
sendo que 72% não possuía qualquer nível de escolaridade e apenas 4% possuía
primeiro grau completo ou mais, não tendo havido diferenças entre os modelos.
A renda média per capita dos idosos foi de 0,5 SM, não havendo diferença
significativa entre as áreas por modelo de atenção.
De acordo com a estratificação social, 9% (n = 12) dos idosos estavam no grupo
B e C agrupados, 27% (n = 38) no D e 64% (n = 89) no E. Logo, os estratos D e E
juntos reuniram 91% (n = 127) da amostra de idosos, não tendo ocorrido diferenças
quando comparadas entre os modelos de atenção.
A maioria (80%; n = 120) estava aposentada, e a média de idade da
aposentadoria foi de 60,1 anos (dp = 8,0) variando de 40 a 83 anos, sendo semelhante
entre as áreas por modelo de atenção.
3.2 Dimensão Político-Institucional
A dimensão político-institucional reúne alguns aspectos da conformação do
modelo de atenção básica à saúde, com ênfase particular no desenvolvimento da gestão
municipal e nas estratégias de descentralização do SUS. Buscando dar historicidade ao
recorte temporal do estudo, esta abordagem do processo de constituição da ABS no SUS
utilizou as categorias centrais do planejamento estratégico de Matus (MATUS, 1997):
projeto de governo, capacidade de governo e governabilidade.
Planejar a ação política em uma perspectiva estratégica significa pensar um
conjunto de atividades, com metodologia, objetivos e metas definidos.
O Projeto de Governo procura caracterizar as bases materiais e históricas do
SUS nos municípios do Lote, com especial ênfase para a atenção básica à saúde. Os
42
atributos que qualificam um Projeto de Governo são os recursos disponíveis e passíveis
de alcançar, o conhecimento acumulado sobre o tema, o poder necessário para
desencadear as ações propostas, as chances de implantação e a possibilidade de sucesso.
De modo simplificado, mas ilustrativo, estes atributos estão sintetizados na identificação
da “maturidade” da gestão municipal (tipo de gestão, índice de aprendizado
institucional, adequação institucional do sistema municipal de saúde, critérios na
definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação do PSF, características do
emprego e da remuneração dos trabalhadores da atenção básica), da capacidade
instalada da rede básica e do processo de conversão do modelo da atenção básica
através do PSF.
A Capacidade de Governo compreende o conhecimento institucional acumulado,
o conjunto de saberes e técnicas disponíveis para operar o Projeto de Governo e a
política setorial. Nesta categoria se identificam os recursos intelectuais mobilizados para
a condução da ABS nos municípios, como por exemplo, o perfil do Secretário, do
Coordenador da Atenção Básica ou do PSF, do Presidente do Conselho Municipal de
Saúde e dos Profissionais das UBS.
A Governabilidade descreve os fundamentos político-financeiros para efetivação
das políticas de ABS, ou seja, recursos e margem de manobra política que, articulados à
Capacidade de Governo, permitem transformar as intenções de um projeto em gestos ou
ações concretas. A Governabilidade reúne mecanismos e instrumentos de poder
(político, econômico) capazes de desencadear as decisões e os respectivos movimentos
necessários para que os objetivos e as metas sejam alcançados. Neste estudo foram
utilizados como indicadores de governabilidade as despesas per capita com saúde, o
financiamento da atenção básica nos municípios, o apoio a projetos de atenção básica à
saúde e de saúde da família e as características do Conselho Municipal de Saúde.
3.2.1 Projeto de Governo
3.2.1.1 Tipo de Gestão Municipal, Índice de Aprendizado Institucional e Cobertura
do Programa de Saúde da Família
Maceió encontrava-se na modalidade de gestão plena do sistema municipal.
Com o PSF implantado desde 1996, seu aprendizado institucional foi considerado
médio pela avaliação do Ministério da Saúde realizada em 2000.
43
43,7
57,2
44,4
64,2 66
73,6 72,6
21,9 21,4 22 22,4 23,3 23,825,5
0
10
20
30
40
50
60
70
80
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Arapiraca
Maceió
PROESF
A cobertura de PSF passou de 22% em 1999 para 26% em 2005, demonstrando
um crescimento muito pequeno para o período (18% apenas), ocupando assim a terceira
pior posição de cobertura populacional entre os municípios do Lote 2 NE. Sendo assim,
Maceió ainda situa-se abaixo da meta de 30% proposta pelo Ministério da Saúde, na
Fase 1 do PROESF, para cidades com porte populacional de 500.000 até menos de dois
milhões de habitantes.
Figura 3.1 - Evolução da cobertura do Programa de Saúde da Família (PSF) nos municípios de mais de 100.000 habitantes de Alagoas, de 1999 a 2005. Estudo de
Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 Nordeste, 2005.
Em 2001, o número de ESF instaladas no município era de 39, passando para 43
em 2004, representando apenas de 3% das ESF do Lote 2 NE.
O número total de UBS de Maceió, era de 27 em 2001, passando para 29 em
2004. Considerando a população do município (797.759 habitantes) e a capacidade
instalada da rede de UBS (n = 29), cada unidade abrangeria, em média, 27.509
habitantes, revelando assim uma situação crítica de cobertura média da atenção básica,
onde se faz necessária a implantação de novos serviços. Apesar disto, aqui não estão
sendo considerados aspectos como as condições de estrutura e disponibilidade de
profissionais no atendimento da demanda nestas UBS; as quais são apresentadas para as
unidades selecionadas nos itens 3.1.3.1 e 3.3.2.1.
44
Para alcançar uma cobertura total de PSF no município seria necessária a
implantação de cerca de 134 novas Equipes de Saúde da Família, além da implantação
de novos serviços e da conversão de UBS Tradicionais.
3.2.1.2 Adequação Setorial e dos Modelos de Atenção para o Funcionamento do
Sistema Municipal de Saúde
O gestor não prestou informações sobre a adequação dos setores e nem sobre a
adequação dos modelos de atenção no atendimento das necessidades de saúde do
município.
3.2.1.3 Critérios na definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação
do Programa de Saúde da Família
Não foram prestadas informações sobre os critérios que o gestor considerava
importantes na definição de áreas de abrangência no município.
3.2.1.4 Características do emprego e da remuneração dos trabalhadores da
Atenção Básica
O ingresso por concurso público alcançou 74% (n = 204) dos trabalhadores da
rede básica, sendo significativamente maior nas UBS Tradicionais (84%; n = 93) do que
no PSF (67%; n = 111). A forma de contratação mais prevalente foi Estatutário (80%; n
= 208), com predomínio entre os trabalhadores vinculados às UBS Tradicionais (86%; n
= 89); seguida de CLT (6%; n = 15) e prestação de serviço (6%, n =15), ambos com
maior proporção nas UBS do PSF (8%, n = 13 e 8%, n =12; respectivamente).
O vínculo de trabalho tipicamente precário (sem garantias trabalhistas) alcançou
14% (n = 36) dos trabalhadores da atenção básica em Maceió, sendo esta situação
semelhante entre os trabalhadores dos diferentes modelos de atenção.
Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS) foi referido por 40% (n = 97) dos
trabalhadores entrevistados; e o pagamento em dia do salário foi informado por 92% (n
= 254), não havendo diferença significativa entre os modelos. Já o pagamento de
incentivos foi referido por 26% (n = 70) dos profissionais, sendo significativamente
45
mais freqüente entre aqueles lotados em UBS do PSF (36%, n = 55) do que em UBS
Tradicionais (14%, n = 15).
Dos entrevistados, 26% (n = 72) fizeram referência ao trabalho atual como
primeiro emprego. Entretanto, 28% (n = 76) afirmaram possuir outro emprego,
referência significativamente mais freqüente entre os trabalhadores de UBS
Tradicionais (43%, n =47) do que nas UBS do PSF (18%, n =29).
O tempo médio de trabalho dos trabalhadores na prefeitura local foi de 60,1
meses (dp = 62,4) e na UBS atual de 49,3 (dp = 59,7), sendo no segundo caso com
média superior para os vinculados às UBS do PSF (55,6 meses - dp = 60,6).
3.2.2 Capacidade de governo
3.2.2.1 Perfil do Secretário Municipal de Saúde
O secretário municipal de saúde era do sexo masculino, tinha 53 anos de idade,
era médico e possuía curso de pós-graduação. Possuía experiência anterior em
coordenação de atividades coletivas (Diretor de Hospital).
3.2.2.2 Perfil do Coordenador de Atenção Básica e / ou do Programa de Saúde da
Família
O coordenador da Atenção Básica à Saúde era do sexo masculino, médico, com
idade de 37 anos. Além disso, havia cursado especialização na área de Saúde Pública e
residência em cirurgia geral e urologia. Ocupava o cargo atual há cerca de seis meses e
já havia atuado como Diretor de UBS/ Hospital público e como profissional liberal.
Ainda referiu possuir outros cursos de aperfeiçoamento na área da saúde.
3.2.2.3 Perfil do Presidente do Conselho Municipal de Saúde
O presidente do CMS era do sexo masculino, tinha 53 anos de idade com 17
anos de estudo e possuía curso de pós-graduação. Era médico e representava o gestor.
Na época do estudo, atuava no cargo há 6 meses, mas participava do CMS desde o ano
de 2005. Possuía experiência anterior em coordenação de atividades coletivas (Diretor
de Hospital).
46
3.2.2.4 Perfil dos Trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde
As características de sexo, idade e renda dos 277 trabalhadores que participaram
do estudo, nas nove UBS de Maceió, estão apresentadas no item 3.1.3.2, que aborda o
perfil sócio-demográfico da amostra estudada. Na perspectiva da capacidade de
governo, estão enfatizados os aspectos relacionados à escolaridade, formação
profissional, especialização e capacitação realizadas, fundamentais para o
enfrentamento dos desafios cotidianos e estratégicos da ABS.
Em relação à escolaridade haviam 42% (n = 115) dos trabalhadores de saúde
haviam concluído nível superior, sendo que destes 19% (n = 51) possuíam pós-
graduação. Entre os demais, 13% (n = 37) tinham curso superior incompleto; 35% (n =
96) ensino médio completo; 2% (n = 7) ensino médio incompleto; 4% (n = 11)
fundamental completo e 4% (n = 10) fundamental incompleto. Nenhum possuía
mestrado.
A Tabela 3.7 descreve a distribuição da escolaridade dos trabalhadores com
relação aos modelos de atenção. Neste sentido, não foram observadas diferenças
significativas.
Tabela 3.7 - Escolaridade dos trabalhadores em saúde estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Maceió (%) Escolaridade
PSF Tradicional Total
Superior completo 38 47 42
Superior incompleto 13 14 14
Ensino médio completo 37 32 35
Ensino médio incompleto 2 3 2
Fundamental completo 6 1 4
Fundamental incompleto 4 3 3
De um total de 45 profissionais com especialização, cerca de um quarto (24%, n
= 11) havia concluído especialização na área de saúde pública, saúde coletiva, ou saúde
da família, sendo semelhante entre as áreas.
47
Entre a totalidade dos trabalhadores da Atenção Básica foi pesquisada a
realização dos seguintes cursos de capacitação: Introdutório ao PSF, SIAB, Saúde da
Criança, Saúde da Mulher, Saúde do Adulto, AIDPI, Diabetes, Hipertensão, DST/
AIDS, Hanseníase, Tuberculose e Imunizações. As proporções de capacitação em
Maceió variaram de 13% (AIDPI) à 47% (DST/ AIDS). Quando comparadas as
proporções entre os modelos de atenção, observou-se que os índices foram
significativamente maiores entre os profissionais das UBS do PSF (Tabela 3.8).
Comparando-se os resultados das capacitações dos trabalhadores de Maceió com
os do Lote 2 NE, a proporção foi menor no município para todos os itens (Tabela 3.8).
Tabela 3.8 - Cursos de capacitação realizados pelos trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde estudadas em Maceió, por modelo de atenção e no Lote 2 NE.
Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Maceió (%)
Curso PSF Tradicional Total
Lote 2 NE (%)
Introdutório ao PSF 48 22 38 53
SIAB 37 3 24 39
Saúde da Criança 43 13 32 38
Saúde da Mulher 38 17 30 42
Saúde do Adulto 21 4 14 28
AIDPI 20 3 13 30
Diabetes 43 16 33 43
Hipertensão 43 17 33 45
DST / AIDS 57 31 47 55
Hanseníase 46 16 34 51
Imunizações 44 23 36 45
Tuberculose 51 21 39 53
48
3.2.3 Governabilidade
3.2.3.1 Despesas per capita com saúde
Para realizar as atividades do SUS a cada ano, Maceió teve uma despesa média
em saúde de R$ 149,76 por habitante, superior a média observada entre os municípios
do Lote 2 NE (R$ 120,47).
3.2.3.2 Financiamento da Atenção Básica nos Municípios
Conforme informações do DATASUS (Cadernos de Informações em Saúde), em
Maceió, no ano de 2002, 21,8% do PAB total estava vinculado às transferências federais
do incentivo PACS / PSF. O PAB Fixo de Maceió era de R$ 10,66 por habitante e
34,5% era a proporção de despesas com recursos humanos em relação às despesas totais
em saúde. Eram aplicados em saúde 13,3% dos recursos próprios, abaixo das exigências
da EC 29. A Tabela 3.9 oferece uma comparação dos indicadores de financiamento da
atenção básica à saúde no município em comparação à média dos municípios do Lote.
Tabela 3.9 - Indicadores de financiamento do sistema de saúde para o município de Maceió e para o Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2
NE, 2005.
Indicador Maceió Lote 2 NE
PAB Fixo (R$ / habitante) 10,66 9,71
% Despesas Recursos Humanos 34,5 53,1
% Transferências PSF / PACS no PAB total 21,8 40,5
% Recursos próprios aplicados em saúde (EC 29) 13,3 14,4
Fonte: Cadernos de Informações em Saúde, 2002.
3.2.3.3 Apoio a Projetos de Atenção Básica à Saúde e de Saúde da Família
O gestor não prestou avaliação sobre o apoio recebido aos projetos da atenção
básica e PSF, tanto de parlamentares como do CMS e profissionais de saúde.
49
A satisfação dos trabalhadores das UBS com o vínculo de trabalho foi de 91% (n
= 240) e superior entre os trabalhadores das UBS Tradicionais (96%; n = 105) do que
entre as do PSF (88%; n = 144).
3.2.3.4 Características do Conselho Municipal de Saúde
O presidente relatou que o CMS foi criado em 1992, possuía regimento interno e
sua última atualização ocorreu no ano de 2004.
O CMS era composto de 24 entidades, sendo 6 representantes da área
governamental, 3 dos prestadores de serviços ao SUS privados ou conveniados sem fins
lucrativos, 3 dos profissionais de saúde e 12 da sociedade civil organizada.
Entre os temas abordados nas reuniões ordinárias do CMS, foram destacados a
apresentação da aplicação de recurso suplementar do incentivo federal as ações de DST;
remanejamento do servidor da FUNASA; composição das comissões; prestação de
contas sobre o programa da AIDS; definição da continuação do contrato com a
CEGEPO; apresentação das ações do centro de controle de zoonoses; apresentação das
ações de vigilância sanitária; apresentação do programa de hipertensos e diabéticos;
apresentação do projeto para construção de hospital; apresentação das mudanças no
currículo do curso de medicina; eleição dos diretores das U.S.; procedimento de
retinopatia diabética; apresentação dos pré-projetos da SMS enviados ao Ministério da
Saúde; saúde mental; 1º Distrito Sanitário de Maceió; definição de representante do
CMS na “Comissão de Redução de Leitos Psiquiátricos”; alteração do horário das
reuniões ordinárias do CMS; discussão sobre a utilização de seringas descartáveis para
pacientes diabéticos; eleição do vice-presidente do CMS; apreciação do convênio
firmado com o MS para ampliação de ambulatório geral da Santa Casa que presta
atendimento exclusivo aos pacientes do SUS; apreciação do regimento interno da
comissão de Saúde Mental do município de Maceió; dependência química; avaliação do
regimento interno do CMS; apreciação da portaria que institui o núcleo de educação
permanente; indicação de três membros para compor o núcleo de educação permanente;
apreciação do relatório de gestão; portaria do MS (interministerial) referente ao
atendimento de adolescente; aprovação das atas; regimento interno do CMS; e prestação
de contas.
50
Já as reuniões extraordinárias trataram dos seguintes temas: discussão e
aprovação de deliberações de conferência municipal de saúde de Maceió; situação do
programa de saúde mental do município (coordenação e rede de assistencial); data base
dos servidores da SMS conforme lei de plano de cargos, carreira e vencimentos; termo
de parceria firmado entre SMS e CEGEPO; apreciação do plano de ações e metas de
DST e AIDS; apreciação de projeto de recuperação do lixão; apreciação da implantação
da mesa municipal de negociação permanente do SUS; apreciação dos projetos para
capacitação de gerência da SMS de Maceió (180 membros) e para capacitação de
agentes multiplicadores para implementação da política de humanização da assistência
básica à saúde; apreciação do relatório da gestão; discussão sobre o orçamento do CMS.
À época do estudo, não havia Conselhos Locais de Saúde implantados no
município.
O presidente do CMS não soube informar se a Secretaria Municipal de Saúde,
no período de 2001 a 2004, deixou de buscar a aprovação do CMS para a implantação
de alguma política de saúde. Da mesma forma não soube informar a qualidade do
relacionamento entre a Secretaria Municipal de Saúde e o CMS, pois havia assumido o
cargo há pouco tempo.
Sobre o apoio da SMS à questões como infra-estrutura, recursos financeiros,
participação em eventos, foi observado que o conselho possuía orçamento de 60 mil
reais e aos poucos estava organizando sua estrutura física com equipamentos e
climatização.
Entre os anos de 2001 e 2004 foram realizadas duas Conferências Municipais de
Saúde.
Sobre a ocorrência de conflitos entre os Conselheiros das diferentes entidades, o
presidente mencionou que estes ocorriam especialmente quando os conselheiros
confundiam seus papéis com os de “policiais”.
3.3 Dimensão Organizacional da Atenção
3.3.1 Práticas de gestão da ABS
Ao caracterizar as práticas de gestão nos municípios do Lote foram identificados
princípios, normas e funções, procedimentos e recursos cuja finalidade é ordenar a
51
estrutura e o funcionamento da atenção básica à saúde. Muitos destes aspectos se
confundem com as práticas de oferta de serviços, pois uma estratégia de gestão
estabelecida pode implicar em uma oferta de serviços ao público.
3.3.1.1 Mecanismos de supervisão, monitoramento e avaliação da atenção básica à
saúde
Em Maceió, não foi possível conhecer a opinião do gestor sobre as ações
desenvolvidas para a gestão da Atenção Básica, nem sobre a produção de relatórios
periódicos com indicadores selecionados para a tomada de decisão.
As atividades de supervisão do trabalho nas UBS foram relatadas por 67% (n =
161) dos trabalhadores de saúde, sendo mais referida entre os trabalhadores do PSF
(80%, n = 119) do que de UBS Tradicionais (48%, n = 42). Entre aqueles que referiram
supervisão, 10% (n = 15) mencionaram uma periodicidade semanal, 28% (n = 42)
relataram encontros que variaram de quinzenais a anuais, enquanto 62% (n = 94)
informaram periodicidade indefinida. Neste caso, a periodicidade semanal foi mais
freqüente entre as UBS Tradicionais (16%, n = 6) e a indefinida no PSF (72%, n = 81).
3.3.1.2 Estratégias de controle e regulação da demanda
O setor de Controle, Avaliação, Auditoria e Regulação estava constituído no
município, cuja modalidade é gestão plena do sistema municipal. Apesar disto, o gestor
não identificou as estratégias de controle e regulação da demanda para o atendimento
em serviços de maior complexidade, tampouco a existência de uma forma de
acolhimento das reclamações dos usuários e os tipos de centrais implantadas para
acolher e ordenar as necessidades de saúde dos usuários.
3.3.1.3 Informação e Informatização na Rede Básica Municipal
Do ponto de vista da tecnologia da informação, entre as nove UBS estudadas no
município, seis (Galba Novaes, Grota do Moreira, Jorge David Nasser, São Jose,
Tarcísio Palmeira e Vila Redenção) dispunham de microcomputador.
52
No município, não havia UBS informatizadas alimentando o SIA-SUS entre
2001 e 2004. Durante este mesmo período nenhuma UBS estava incluída no Sistema de
Vigilância Epidemiológica.
3.3.1.4 Sistemas de Informação em Saúde
Não foi informado se em 2004, os sistemas de informação de base nacional
estavam inseridos na rotina do município, responsável pelo gerenciamento e
preenchimento regular do SINASC, do SIM, do SINAN, do SISVAN e do SIAB.
Também não foram passadas informações sobre a proporção de óbitos infantis
mal definidos no município de 2001 a 2004, bem como sobre sua respectiva
investigação.
3.3.2 Práticas de Oferta de Serviços no Município
Este tópico descreve recursos e estratégias utilizados nos municípios para
oferecer os serviços básicos de saúde à população. Há uma ênfase importante na
estrutura das UBS. Também é abordada a disponibilidade de profissionais do PSF, na
perspectiva de avaliar o acesso da população ao novo modelo de atenção.
3.3.2.1 Estrutura da rede básica de saúde
Entre as UBS estudadas, as UBS Jorge David Nasser e Paulo Leal Melo foram
os serviços que informaram o maior número de dependências existentes (n = 11),
enquanto a UBS Vila Redenção informou o maior número de áreas inexistentes (n = 5).
A UBS PAM Dique Estrada informou a existência de apenas duas dependências, mas
não prestou nenhuma outra informação. Sala de reuniões foi a dependência mais citada
como inexistente (Tabela 3.10).
Já sobre a adequação das dependências estudadas, a maioria expressiva das
dependências foi considerada inadequada na avaliação das equipes. Apenas a UBS
PAM Dique Estrada não prestou quaisquer informações a este respeito (Tabela 3.11).
Na percepção dos profissionais de saúde, de modo global foram consideradas
adequadas ao acesso de pessoas portadoras de deficiência as UBS Galba Novaes, PAM
53
Dique Estrada e Paulo Leal Melo. Apenas as UBS Grota do Moreira e Tarcísio Palmeira
referiram existência de tapetes na sala de espera e consultório, sendo que somente a
unidade Grota do Moreira referiu existência de tapete em outra(s) dependência(s) e a
UBS Tarcísio Palmeira não prestou esta informação.
A presença de degraus dificultando o acesso de deficientes foi mencionada em
duas UBS (Arthur Ramos e Grota do Moreira), enquanto outras cinco UBS (Galba
Novaes, Jorge David Nasser, PAM Dique Estrada, São José e Tarcísio Palmeira)
dispunham de rampas alternativas para facilitar o acesso destas pessoas. A existência de
calçadas permitindo o deslocamento seguro de deficientes visuais foi referida por duas
UBS (PAM Dique Estrada e Tarcísio Palmeira) e ausência de corrimãos nas escadas,
rampas e corredores foi referida por todas as unidades que prestaram esta informação.
Cinco UBS (Galba Novaes, Jorge David Nasser, PAM Dique Estrada, Paulo
Leal Melo e Tarcísio Palmeira) referiram portas de banheiros que possibilitavam acesso
a cadeirantes, mas apenas em quatro UBS (Galba Novaes, PAM Dique Estrada, Paulo
Leal Melo e Tarcísio Palmeira) era possível realizar manobras com cadeiras de rodas.
Cadeira de rodas para pacientes estava disponível em duas UBS (PAM Dique
Estrada e Paulo Leal Melo). Já as cadeiras da sala de espera foram consideradas
adequadas para o local do atendimento apenas na UBS Galba Novaes.
54
Tabela 3.10 – Área física das Unidades Básicas de Saúde em Maceió. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Dependência Arthur Ramos
Galba Novaes
Grota do Moreira
Jorge David Nasser
PAM Dique Estrada
Paulo Leal Melo São José Tarcísio
Palmeira Vila
Redenção
Recepção E E E E NR E E E NR
Sala de Espera E E E E NR E NR E E
Consultórios E E E E NR E E E E
Consultórios com banheiro E E E E NR E E NR E
Consultório Odontológico E E I E E E E E I
Sala de Vacinas E E E E NR E E E E
Cozinha E E E E NR E E E E
Sala de cuidados de enfermagem E I E E E E NR E E
Sala de Reuniões I I I E NR I I I I
Sala de Esterilização E I E E NR E NR E I
Farmácia I E E E NR E E E I
Expurgo E I E I NR E E E I
E – Existente; I – Inexistente; NR – Não Respondeu.
55
Tabela 3.11 - Adequação da estrutura nas Unidades Básicas de Saúde em Maceió. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Dependência Arthur Ramos
Galba Novaes
Grota do Moreira
Jorge David Nasser
PAM Dique Estrada
Paulo Leal Melo
São José
Tarcísio Palmeira
Vila Redenção
Recepção I I I I NR I I I I
Sala de Espera I I I I NR I I I I
Consultórios I I I I NR I I I A
Consultórios com banheiro I I I I NR I I I I
Consultório Odontológico I A NSA I NR I I I NSA
Sala de Vacinas I I A I NR I NR I I
Cozinha I I I I NR I I I I
Sala de cuidados de enfermagem A NSA A A NR I A I A
Sala de Reuniões NSA NSA NSA I NR NSA NSA NSA NSA
Sala de Esterilização I NSA I I NR NR I I NSA
Farmácia NSA I I I NR I I I NSA
Expurgo I NSA I NSA NR I I I NSA
A – Adequado; I – Inadequado; NR – Não Respondeu; NSA – Não se Aplica por inexistência da dependência.
56
A maioria dos equipamentos de trabalho estavam em condições de uso e
disponíveis entre as UBS estudadas. Centrífuga, lanterna e microscópio foram os únicos
equipamentos citados como inexistentes ou impróprios pelas nove unidades estudadas.
Enquanto as UBS PAM Dique Estrada e Tarcísio Palmeira informaram dispor do
maior número de equipamentos próprios para uso (n = 27), a UBS Arthur Ramos foi o
serviço que referiu o maior número de equipamentos inexistentes ou impróprios (n =
13).
A Tabela 3.12 apresenta a relação de todos os equipamentos investigados e sua
respectiva condição de acordo com cada uma das UBS estudadas.
57
Tabela 3.12 – Equipamentos e instrumentos das Unidades Básicas de Saúde em Maceió. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Equipamento / Instrumento Arthur Ramos
Galba Novaes
Grota do Moreira
Jorge David Nasser
PAM Dique Estrada
Paulo Leal Melo São José Tarcísio
Palmeira Vila
Redenção
Balança Adulto P P P P P P P P P
Balança Infantil P P P P P P P P P
Termômetro P P P P P P P P P
Cadeira odontológica P P NR NR P P P P NR
Nebulizador P P I P P P P P I
Estetoscópio I I P P P P P P P
Foco de luz I I P P P P P P P
Geladeira exclusiva vacina P P P P P P P P P
Mesa ginecológica P I P P P P P P I
Centrífuga I I I I I I I I I
Aparelho Fotopolimerizador I P P P P P P P NR
Tensiômetro P P P P P P P P P
Sonar P P P P P P P P I
Mocho P P NR NR P P P P NR
Estufa P P NR P P P P P NR
P – Próprio para uso; I – Impróprio para uso ou ausente; NR – Não Respondeu.
58
Equipamento / Instrumento Arthur Ramos
Galba Novaes
Grota do Moreira
Jorge David Nasser
PAM Dique Estrada
Paulo Leal Melo São José Tarcísio
Palmeira Vila
Redenção’
Amalgamador P P NR NR P P P P NR
Compressor P P NR P P P P P NR
Refletor P P NR P P P ´P P NR
Instrumental exame clínico P P NR P P I P P NR
Instrumental para procedimentos básicos I I NR P P P P P NR
Instrumental Dentística P P NR P P I P P NR
Equipo odontológico P P NR P P P P P P
Negatoscópio I I P P P I I I P
Otoscópio P P P I P P I P P
Oftalmoscópio P P I P P P P P P
Unidade auxiliar I P NR P I P P I NR
Instrumental de urgências I P NR P P I P P NR
Espéculos vaginais NR NR NR NR P P NR NR I
Glicosímetro I P P P P P P P P
Estetoscópio de Pinar P P P I I I I I I
Microscópio I I I I I I I I I
Lanterna I I I I I I I I I
Microcomputador I P P P I I P P P
Impressora I P P P I I I P P P – Próprio para uso; I – Impróprio para uso ou ausente; NR – Não Respondeu. ������������������
59
À exemplo do ocorrido quanto aos equipamentos, a maioria dos materiais e
insumos foi considerada suficiente pelas UBS estudadas. Entretanto, material para
pequenas cirurgias foi considerado insuficiente por oito UBS e somente algodão, álcool
e descartex estavam em suficiência em todas as UBS.
A UBS Arthur Ramos foi o serviço que informou maior carência de materiais e
insumos (n = 13) e a UBS Jorge David Nasser a maior disponibilidade dos mesmos (n =
17).
A Tabela 3.13. apresenta todas as informações referentes a disponibilidade de
materiais e insumos de acordo com cada uma das unidades estudadas.
60
Tabela 3.13 – Disponibilidade de materiais e insumos nas Unidades Básicas de Saúde em Maceió. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Materiais e Insumos Arthur Ramos
Galba Novaes
Grota do Moreira
Jorge David Nasser
PAM Dique Estrada
Paulo Leal Melo São José Tarcísio
Palmeira Vila
Redenção
Agulhas descartáveis I I S S S S I S S
Esparadrapo S I S S S S S I S
Luvas esterilizadas I S S S I S S S S
Algodão S S S S S S S S S
Gaze I I S S S S S S I
Luvas para procedimentos S S S S S S S I S
Álcool S S S S S S S S S
Seringa para vacinas I S S S S S I S S
Seringa para outras injeções I I S S I S I S I
Material para retirada de pontos I S I S I S I I I
Material para pequenas cirurgias I I I S I I I I I
Fio de sutura I I I I I I S S I
Descartex S S S S S S S S S
Bloco de receituário I I S S S S S S S
Cartão da criança I S S S I S S S I
Cartão da gestante I S S S S S I S S
Ficha de cadastramento SIAB I I I S I I S S I
Ficha de cadastramento domiciliar I I I S I I I S S S – Suficientes; I – Insuficientes; NR – Não respondeu.
61
3.3.2.2 Disponibilidade de Profissionais do PSF
Em Maceió, as Equipes de Saúde da Família (ESF) estavam presentes em seis
UBS de PSF (Galba Novaes, Grota do Moreira, Jorge David Nasser, São José, Tarcísio
Palmeira e Vila Redenção) e em uma UBS Tradicional (Paulo Leal Melo) - a qual
encontrava-se em fase de conversão de modelo.
Na análise da composição da ESF mínima, tomou-se como referência a
disponibilidade de médico, enfermeiro, auxiliares ou técnicos de enfermagem e agentes
comunitários.
No total, foram encontrados 13 médicos, 13 enfermeiros, 25 auxiliares e / ou
técnicos de enfermagem, 70 agentes comunitários de saúde e 5 odontólogos.
O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) era realidade nas UBS
Galba Novaes, Grota do Moreira, Jorge David Nasser, Paulo Leal Melo, São José,
Tarcísio Palmeira e Vila Redenção.
3.3.2.3 Acesso aos serviços básicos de saúde
As UBS do PSF existiam, em média, há cerca de 106 meses (dp = 92,6) e as
Tradicionais há 66 meses (dp = 42,4). Em média a população adstrita foi de 15.523
pessoas, sendo significativamente maior nas UBS Tradicionais (38.500) que nas do PSF
(7.864). A UBS Paulo Leal Melo foi a que informou maior população coberta pelo
serviço (40.000), seguida pela UBS PAM Dique Estrada (37.000).
A carga horária contratada e cumprida pelos trabalhadores de saúde foi, em
média, de 34 horas semanais para ambos. Entre os trabalhadores do PSF a carga horária
contratada foi maior (36,5 horas / semana) em comparação com aqueles das UBS
Tradicionais (30,8 horas / semana), o que gerou, conseqüentemente, uma também maior
carga horária cumprida entre aqueles trabalhadores.
Nas UBS estudadas, a cada dia, em média, os médicos realizavam 22 consultas;
os enfermeiros 16 atendimentos; os outros profissionais de nível superior 17; os
auxiliares e técnicos de enfermagem 45; os de nível médio 45; e os ACS 15. Não foram
observadas diferenças significativas entre os modelos de atenção quanto ao número de
atendimentos prestados pelos profissionais.
62
3.3.2.4 Acesso aos serviços especializados
O gestor não prestou informações sobre a forma de acesso aos serviços do SUS,
nem sobre o tempo de espera para a realização de consultas especializadas e exames.
A disponibilidade satisfatória de consulta médica para a atenção especializada
foi investigada através da opinião da equipe de saúde, em instrumento coletivo sobre a
UBS. Foi percebida como suficiente em 11% para cardiologia; em 22% para
dermatologia, ginecologia, nefrologia e pneumologia; em 33% para ortopedia e
psiquiatria; e em 78% para pediatria. O acesso foi considerado insatisfatório às
consultas especializadas em fisioterapia, neurologia, oftalmologia e
otorrinolaringologia.
O acesso direto à retaguarda em pronto-socorro foi considerado satisfatório nas
UBS Galba Novaes, Jorge David Nasser e Tarcísio Palmeira, e insatisfatório nas
unidades Arthur Ramos, Grota do Moreira, PAM Dique Estrada, Paulo Leal Melo, São
José e Vila Redenção. Já o acesso à retaguarda para internação hospitalar foi
considerado insatisfatório em todas as unidades estudadas.
O município não passou informações sobre a disposição de estratégias de
articulação das UBS com serviços de maior complexidade ou de apoio diagnóstico.
3.3.2.5 Adstrição da demanda
A adstrição da demanda ou vinculação da UBS com a população da área de
abrangência foi verificada através da existência de área geográfica definida e mapa.
Somente as UBS do PSF referiram possuir área geográfica definida e mapa.
Entre as nove UBS estudadas, somente seis já haviam concluído o
cadastramento das famílias, sendo cinco destas do PSF e apenas uma Tradicional (Paulo
Leal Melo). A sexta UBS do PSF estudada (Vila Redenção) já havia completado o
cadastramento em mais da metade da população cadastrada.
A participação da equipe em atividades na área de abrangência da UBS nos
últimos 12 meses foi de 39% (n = 98), sendo significativamente maior entre os
trabalhadores das UBS do PSF (57%, n = 85) do que entre os das UBS Tradicionais
(13%, n = 13).
63
3.3.2.6 Vínculo com instituições de ensino
A vinculação com atividade de ensino estava presente em sete das UBS
amostradas, especificamente seis do PSF (Galba Novaes, Grota do Moreira, Jorge Davis
Nasser, São José, Tarcísio Palmeira e Vila Redenção) e uma Tradicional (Paulo Leal
Melo). O vínculo acontecia através de instituições de ensino superior (Galba Novaes,
Grota do Moreira, Jorge David Nasser, Paulo Leal Melo, São José e Tarcísio Palmeira);
instituições filantrópicas (Vila Redenção); escolas técnicas de enfermagem (Paulo Leal
Melo); e PROFAE (Galba Novaes, Paulo Leal Melo e São José). A área de ensino
predominante foi a de enfermagem (presente nas sete UBS), seguida pelas áreas de
odontologia (nas UBS Grota do Moreira, Jorge David Nasser e Tarcísio Palmeira) e
medicina (na UBS Jorge David Nasser).
3.3.2.7 Assistência farmacêutica
Não foram prestadas informações sobre a adoção de lista básica de
medicamentos para abastecer as UBS ou mesmo sobre as condições de armazenamento
existentes no município. Já a dispensação dos medicamentos acontecia, na maioria dos
casos, nas próprias UBS de acordo com informações prestadas pelos profissionais.
3.3.3 Experiências inovadoras em atenção básica à saúde
Não foi possível conhecer a opinião do gestor por falta de preenchimento do
questionário.
Já o presidente do CMS destacou que os principais projetos aprovados pelo
conselho em Atenção Básica no período de 2001 a 2004 foram os CAPS ( Centros de
Atenção Psicossocial); a ampliação da atenção básica; a assistência odontológica; e a
assistência à saúde da mulher, de adolescentes e deficientes.
3.4 Dimensão do Cuidado Integral
3.4.1 Estratégias de indução da integralidade
O direito universal à saúde da população brasileira define a integralidade como
um dos princípios constitucionais do SUS. Entretanto, a integralidade ainda não
64
assumiu a esperada relevância estratégica na organização e desenvolvimento das ações
de saúde. Alcançar a integralidade em saúde requer ações planejadas com esta
finalidade tanto no âmbito da UBS e em seu vínculo com a comunidade, quanto na
referência e contra-referência entre os níveis de atenção à saúde. Além disso,
compreende a articulação das práticas não apenas no âmbito setorial, mas também no
âmbito intersetorial (PINHEIRO, 2005). Neste estudo, a integralidade foi captada
através de alguns “proxis”, como, por exemplo, as práticas realizadas nas UBS, com
ênfase em ações programáticas a grupos prioritários, o acesso direto a exames
complementares, a disponibilidade de medicamentos, a utilização de protocolos, a
utilização de computadores pelos profissionais de saúde, a percepção dos profissionais
sobre a qualidade dos serviços prestados e o acesso a publicações do Ministério da
Saúde.
3.4.1.1 Atividades realizadas na UBS para o cuidado integral
A investigação do conjunto de ações realizadas na UBS para o cuidado integral
envolveu o questionamento da realização das seguintes atividades: atendimento a
demanda sentida; atendimento odontológico a grupos prioritários; atendimento de pré-
natal; cuidado domiciliar e visita domiciliar; procedimentos de enfermagem;
diagnóstico e tratamento da hanseníase e da tuberculose; diagnóstico e tratamento da
hipertensão e do diabetes; glicemia capilar; atendimento a desnutrição e suplementação
alimentar; notificação compulsória de doenças; manejo de agravos mais prevalentes na
infância, planejamento familiar; pequenas cirurgias; prevenção do câncer de colo
uterino; promoção do aleitamento materno e promoção do crescimento e
desenvolvimento infantil.
A maioria destas atividades eram realizadas nas unidades estudadas. Entretanto,
a pequenas cirurgias foi a atividade menos referida, sendo realizada somente na UBS
PAM Dique Estrada (Tabela 3.14).
Dentre as unidades estudadas, a UBS Jorge David Nasser foi o serviço que
referiu prestar o maior número de atividades (n = 17), enquanto as UBS Arthur Ramos e
Paulo Leal Melo prestavam o menor número (n = 13) - (Tabela 3.14).
A Tabela 3.15 informa as atividades de grupos prestadas em cada um dos
serviços estudados, em que todos referiram realizar este tipo de atendimento. Apesar
65
disto, entre os grupos investigados, apenas grupo pré-natal era realizado em todas as
UBS estudadas; enquanto o grupo de portadores de sofrimento psíquico foi o menos
citado, sendo prestado somente pela UBS São José (Tabela 3.15).
A UBS São José foi a unidade que informou prestar o maior número de
atividades em grupo (n = 8) e, ao contrário, a UBS Arthur Ramos era a que menos
prestava este tipo de cuidado (n = 1). – (Tabela 3.15)
66
Tabela 3.14 – Atividades para o Cuidado Integral nas Unidades Básicas de Saúde em Maceió. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Atividades para o Cuidado Integral Arthur Ramos
Galba Novaes
Grota do Moreira
Jorge David Nasser
PAM Dique Estrada
Paulo Leal Melo
São José
Tarcísio Palmeira
Vila Redenção
Atendimento a demanda sentida R NR R R R R R R R
Atendimento odontológico a grupos prioritários NR R NR R R R R R NR
Atendimento de pré-natal R R R R R R R R R
Cuidado domiciliar NR R R R NR R R R R
Diagnóstico / Tratamento de hanseníase R NR R R NR NR R NR NR
Diagnóstico / Tratamento de hipertensão R R R R R R R R R
Diagnóstico / Tratamento de tuberculose R NR R R R NR R NR R
Diagnóstico / Tratamento de diabetes R R R R R R R R R
Glicemia Capilar NR R R R R NI R R R
Atendimento a desnutrição / suplementação alimentar R R NR NR R NI NR R R
Atendimento aos agravos mais prevalentes na infância NR NR R R R NI NR R R
Notificação compulsória de doenças R R R R R R R R R
Pequenas cirurgias NR NR NR NR R NR NR NR NR
Planejamento familiar R R R R R R R R NI
Prevenção do câncer de colo uterino R R R R R R R R R
Procedimentos de enfermagem R R R R R R R R R
Promoção ao aleitamento materno R R R R R R R R R
Promoção do crescimento / desenvolvimento infantil R R R R R R R R R
Visita Domiciliar NR R R R NR R R R R
R = Realiza; NR = Não realiza; NI = Não Informou.
67
Tabela 3.15 – Atividades de Grupo nas Unidades Básicas de Saúde em Maceió. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Atividades de grupo Arthur Ramos
Galba Novaes
Grota do Moreira
Jorge David Nasser
PAM Dique Estrada
Paulo Leal Melo São José Tarcísio
Palmeira Vila
Redenção
Atividades com grupos de usuários R R R R R R R R R
Grupo de hipertensos NR R R R R R R R R
Grupo de diabéticos NR R R R R R R R NR
Grupo de pré-natal R R R R R R R R R
Grupo de idosos NR R NR R R R R R R
Grupo de adolescentes NR NR R R NR R R NR NR
Grupo de portadores de sofrimento psíquico NR NR NR NR NR NR R NR NR
Grupo de puericultura NR NR R NR NR R R R NR
R = Realiza; NR = Não Realiza; NI = Não Informou; NSA = Não Se Aplica.
68
3.4.1.2 Acesso direto a exames complementares
O acesso direto a exames complementares utilizados rotineiramente na atividade
clínica peculiar à Atenção Básica foi investigado quanto à suficiência do exame de
ácido úrico, creatinina, de HIV, de glicemia, hemograma, tipagem sanguínea, VDRL,
Baar no escarro, exame comum de urina, urocultura, citopatológico, colposcopia,
eletrocardiograma, ultrassonografia obstétrica e radiografia simples.
O acesso foi referido como suficiente por 13% dos profissionais para raio-x
simples; por 25% para eletrocardiograma; por 38% para os exame de ácido úrico; por
50% para ECU, creatinina/ uréia, HIV, glicemia, hemograma, tipagem sangüínea,
VDRL, pesquisa de BAAR e urocultura; e por 56% para citopatologia de colo uterino.
O acesso foi julgado insuficiente para ultrassonografia obstétrica e colposcopia pela
totalidade dos entrevistados.
3.4.1.3 Disponibilidade de medicamentos
A maioria dos medicamentos investigados teve sua disponibilidade julgada
como insatisfatória pelas equipes das nove UBS estudadas. A Tabela 3.16 apresenta
todas as informações prestadas pelos profissionais sobre a disponibilidade de
medicamentos de acordo com cada unidade estudada.
Os medicamentos mais citados como insuficientes ou inexistentes foram
diclofenaco de potássio, carbamazepina, penicilina benzatina 600.000 UI, penicilina
benzatina 1.200.000 UI, metiformim e sulfametoxazol + trimetoprima; os quais foram
referidos como insuficientes por todas as UBS estudadas (Tabela 3.16).
Entre as unidades, a UBS Arthur Ramos foi o serviço que informou a maior
carência, sendo que 22 dos 24 medicamentos estavam insuficientes. Ao contrário, a
UBS Tarcísio Palmeira foi o serviço com o maior número de medicamentos em
suficiência (n = 14).
A dispensação das medicações desta lista básica era feita nas próprias UBS, com
exceção à UBS Arthur Ramos.
69
Tabela 3.16– Disponibilidade de Medicamentos das Unidades Básicas de Saúde em Maceió. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
S = Suficiente; I = Insuficiente.
Medicamentos Arthur Ramos
Galba Novaes
Grota do Moreira
Jorge David Nasser
PAM Dique Estrada
Paulo Leal Melo São José Tarcísio
Palmeira Vila
Redenção
Fenobarbital S S S S S S S S S
Digoxina I S S S S S S S S
Diclofenaco de Potássio I I I I I I I I I
Carbamazepina I I I I I I I I I
Aminofilina I S S S I I S I I
Cimetidina I S S I I I S I I
Metronidazol geléia I S I S S S S S I
Penicilina Benzatina 600.000 UI I I I I I I I I I
Penicilina Benzatina 1.200.000 UI I I I I I I I I I
Dexametasona pomada I I I I I I I S I
Metformim I I I I I I I I I
Ácido Acetil Salicílico I I S I I I I I I
Amoxicilina I S I S S S S S S
Ampicilina I S I I I I S S I
70
Medicamentos Arthur Ramos
Galba Novaes
Grota do Moreira
Jorge David Nasser
PAM Dique Estrada
Paulo Leal Melo São José Tarcísio
Palmeira Vila
Redenção
Captopril I I I I S I I S S
Anticoncepcional Oral (ACO) I S I S S S S S I
Furosemida S S S S S S S S S
Glibenclamida I I S S S I S S S
Hidroclorotiazida I I S S S S S S S
Metronidazol I S I S I I S S I
Sulfametoxazol + Trimetropina I I I I I I I I I
Sulfametoxazol + Trimetropina suspensão I S I S S S S S I
Nistatina creme vaginal I I I S S I I S I
Neomicina + Bacitracina I S I S S I I I I
S = Suficiente; I = Insuficiente.
71
3.4.1.4 Utilização de protocolos
A utilização de protocolos para as ações desenvolvidas pelas UBS investigada
através do instrumento coletivo da estrutura variou de 22% para os menos utilizados
(cuidado domiciliar, manejo dos agravos mais prevalentes na infância, promoção do
aleitamento materno) a 89% para o mais utilizado (imunizações).
Quando observadas as proporções de acordo com os modelos, os índices
variaram de 0% a 67% no modelo Tradicional e de 33% 100% no PSF no município
dependendo do tipo de protocolo (Tabela 3.17). Apesar disto, para nenhum dos
protocolos investigados foi observada diferenças significativa entre os modelos.
A Tabela 3.17 descreve as prevalências de utilização de protocolos, em Maceió e
no Lote 2 NE, na qual observa-se que de modo geral o desempenho do município foi
pior em relação ao do Lote (Tabela 3.17).
Já a Tabela 3.18 apresenta os índices de utilização de protocolos de acordo com
as unidades estudadas. A UBS Vila Redenção foi o serviço que informou utilizar o
maior número de protocolos investigados (n = 12), enquanto a UBS Arthur Ramos
informou não utilizar quaisquer protocolos em suas atividades.
Os resultados investigados através do questionário dos profissionais indicaram
que 53% (n = 107) dos trabalhadores referiram utilizar algum tipo de protocolo para a
realização de suas atividades. Esta proporção foi significativamente maior entre os
trabalhadores lotados em UBS do PSF (60%, n = 91) do que em UBS Tradicionais
(43%, n = 46).
72
Tabela 3.17 - Utilização de protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em Maceió, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF –
UFPel, Lote 2 NE, 2005. Maceió (%)
Ação programática PSF Tradicional Total
Lote 2 NE (%)
Cuidados de enfermagem 33 33 33 57
Cuidado domiciliar 33 0 22 39
Diagnóstico e tratamento do diabetes 83 67 78 78
Diagnóstico e tratamento da hanseníase
40 0 25 68
Diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial
83 67 78 79
Diagnóstico e tratamento da tuberculose
50 33 44 76
Imunizações 100 67 89 93
Manejo da desnutrição e suplementação alimentar
33 33 33 36
Manejo dos agravos mais prevalentes na infância
33 0 22 53
Planejamento familiar 60 67 63 73
Pré-natal 83 67 78 86
Prevenção do câncer de colo uterino 80 33 63 80
Promoção crescimento e desenvolvimento infantil
83 33 67 69
Promoção do aleitamento materno 33 0 22 58
73
Tabela 3.18 – Utilização de Protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em Maceió. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Protocolos Arthur Ramos
Galba Novaes
Grota do Moreira
Jorge David Nasser
PAM Dique Estrada
Paulo Leal Melo São José Tarcísio
Palmeira Vila
Redenção
Cuidados de enfermagem NU NU NU NU U NU NU U U
Cuidado domiciliar NU NU NU NU NU NU NU U U
Diagnóstico e tratamento do diabetes NU U NU U U U U U U
Diagnóstico e tratamento da hanseníase NU NU NU U NU NU U NU NR
Diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial NU U NU U U U U U U
Diagnóstico e tratamento da tuberculose NU NU NU U U NU U NU U
Imunizações NU U U U U U U U U
Manejo da desnutrição e suplementação alimentar
NU NR NU NU NU U NU U U
Manejo dos agravos mais prevalentes na infância
NU NU NU NU NU NU NU U U
Planejamento familiar NU NU NU U U U U U NR
Pré-natal NU U NU U U U U U U
Prevenção do câncer de colo uterino NU NR NU U NU U U U U
Promoção crescimento e desenvolvimento infantil
NU U NU U NU U U U U
Promoção do aleitamento materno NU NU NU U NU NU NU NU U
U = Utiliza; NU = Não Utiliza; NR = Não Respondeu.
74
3.4.1.5 Utilização de computador pelos profissionais
A utilização de computador em atividades profissionais na UBS e / ou em casa
foi referida por 25% (n = 67) dos profissionais entrevistados, sendo semelhante entre
modelos de atenção.
3.4.1.6 Qualidade dos serviços prestados
A opinião dos profissionais sobre a qualidade dos serviços prestados na UBS foi
considerada boa ou muito boa para aproximadamente 56% (n = 149) dos entrevistados
em Maceió, sendo de esta opinião mais freqüente entre os trabalhadores de UBS PSF
(68%, n = 109) que de UBS Tradicionais (37%, n = 40).
3.4.1.7 Acesso a publicações
O município de Maceió mostrou um acesso muito pequeno dos profissionais às
publicações do Ministério da Saúde, variando de 7% para a Revista Brasileira Saúde da
Família a 29% para o Manual do Agente Comunitário de Saúde. De modo geral, os
índices foram menores em Maceió do que no Lote 2 Nordeste (Tabela 3.19).
De acordo com o modelo de atenção, o acesso a estas publicações foi
significativamente maior entre os profissionais das UBS do PSF, com exceção apenas
aos Informes de Atenção Básica em que as proporções foram semelhantes entre os
modelos (Tabela 3.19).
Tabela 3.19 - Acesso dos profissionais estudados a publicações do Ministério da
Saúde nas Unidades Básicas de Saúde de Maceió, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Maceió (%) Acesso às publicações do Ministério da Saúde PSF Tradicional Total
Lote 2 NE (%)
Revista Brasileira Saúde da Família 11 1 7 6
Informes de Atenção Básica 25 22 24 31
Manual do SIAB 22 6 15 23
Manual do Agente Comunitário de Saúde 40 12 29 38
Avaliação Normativa do PSF no Brasil 13 4 9 8
75
3.4.2 Processo de trabalho em atenção básica à saúde
3.4.2.1 Introdução ao processo de trabalho em ABS
O objeto destes comentários foi o Processo de Trabalho em Atenção Básica à
Saúde, descrito através de um formulário semi-estruturado, preenchido pelas nove
equipes das Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Maceió.
As doze variáveis abordadas como etapas componentes do Processo de Trabalho
em Atenção Básica à Saúde foram: planejamento, gestão e coordenação, recepção,
acolhimento, cuidado clínico, cuidado de enfermagem, cuidado odontológico, ações
programáticas, ações educativas, cuidados domiciliares, gestão da informação,
supervisão e suporte técnico e participação no Conselho Local de Saúde.
Os atributos propostos para caracterizar cada uma das variáveis foram: descrição
da atividade – o que é feito e como é feito?; responsáveis pela atividade – quem faz?;
insumos para a atividade – que recursos são utilizados?; dificuldades para realizar a
atividade; sugestões para realizar a atividade; experiências inovadoras.
3.4.2.2 A categoria processo de trabalho
A universalização do direito à saúde, a descentralização da gestão e a atenção
básica à saúde distinguem positivamente o SUS, em comparação a outros sistemas de
saúde, incluindo aqueles já experimentados no Brasil (BRASIL, 1990).
Apesar disso, possivelmente em função de seu curto tempo de implantação e da
escassez de recursos materiais e humanos, o SUS ainda não dispõe de um processo de
trabalho em atenção básica à saúde plenamente formulado e operacionalmente efetivo.
Neste sentido, a descrição do processo de trabalho nas UBS estudadas pode representar
importante contribuição para a melhoria da ABS em Maceió.
O processo de trabalho, enquanto categoria abstrata, permite compreender a
organização e a divisão das tarefas necessárias à transformação de um dado objeto de
trabalho em um produto desenvolvido, valorizado socialmente, tanto em seu valor de
uso, quanto em seu valor de troca (FACCHINI, 1986). Cada espaço concreto de
trabalho, cada unidade produtiva, conforma um processo de trabalho particular,
incomparável em suas nuances e características mais singulares. Mas cada processo de
trabalho também guarda as características essenciais do modo de produção em que está
76
inserido e, de modo mais objetivo, de seu ramo de produção e da natureza da atividade
produtiva predominante (FACCHINI, 1986).
O uso da categoria processo de trabalho neste estudo, permitiu a análise
individualizada de cada UBS e a busca de regularidades, de semelhanças e de contrastes
entre as UBS de Maceió. Nestas análises, além de perceber a dinâmica da organização e
divisão do trabalho em cada atividade, buscou-se identificar o objeto de trabalho, os
recursos disponíveis e os responsáveis por sua realização. Problemas e sugestões para a
melhoria das atividades também foram captados. Fruto do processo de construção do
SUS, o trabalho nas UBS Tradicionais é um simulacro daquele realizado em hospitais e
unidades ambulatoriais especializadas, sendo fortemente centrado no médico e nas
clínicas básicas, atendendo a demanda espontânea de usuários. No PSF, o processo de
trabalho pretende se distanciar do viés hospitalar e da especialização, fortalecendo a
participação da equipe de saúde e do médico “geral” no atendimento integral das
necessidades de saúde da população.
O processo de trabalho em ABS está essencialmente vinculado ao trabalho vivo,
à atividade, à qualidade técnico-científica do trabalhador, à sua motivação e
compromisso com o resultado de seu trabalho. Nas UBS, a tecnologia disponível tem
muita dificuldade em dinamizar o processo de trabalho, orientando a ação do
trabalhador. A escassez crônica de equipamentos, instrumentos e os mais variados
insumos, mesmo os mais básicos para o funcionamento de uma UBS, dificultam a
efetivação do processo de trabalho em ABS com um significado mais amplo que
extrapole a prática individual do trabalhador em relação a um usuário do serviço e
alcance o resultado do trabalho da equipe em relação à comunidade em que está
inserido.
3.4.2.3 Etapas do processo de trabalho em atenção básica à saúde
De um modo geral, o trabalho cotidiano nas UBS carecia de Planejamento, de
Gestão e de Coordenação a longo prazo com estabelecimento de metas a serem
alcançadas pelo serviço. O planejamento a curto prazo apresentou-se, na maioria das
UBS estudadas, através de reuniões mensais para avaliação da produção ou semanais
para planejamento das atividades diárias, palestras e grupos. Havia a participação de
toda equipe e utilizavam entre duas a quatro horas por semana para esta atividade.
77
Apontaram como dificuldade a estrutura física da UBS; o excesso de demanda e a falta
de entendimento da comunidade sobre a importância da equipe se reunir e planejar as
atividades; reunir todos os membros da equipe e, a falta de tempo para o planejamento.
A sugestão contemplou a melhoria da área física; o comprometimento e sensibilização
dos profissionais; a capacitação dos trabalhadores para o planejamento; a
informatização da UBS e o retorno à UBS dos dados gerados. As equipes das UBS
PAM Dique Estrada e Paulo Leal Melo informaram não realizar esta atividade.
A descrição do Suporte Técnico e Supervisão enfocou o acompanhamento do
trabalho dos ACS e do pessoal da enfermagem realizado pelos enfermeiros. Neste
sentido a supervisão era diária. A supervisão realizada pela SMS tinha, segundo a
percepção da equipe, um caráter recriminatório e impositivo. Esta postura foi
considerada inadequada e insuficiente e sem caráter educativo e resolutivo. A
periodicidade era irregular. Apontaram como dificuldade a falta de um cronograma, de
postura e qualificação dos supervisores. O tempo dedicado também foi considerado
insuficiente. Foi solicitado o investimento no suporte técnico às equipes, com
estabelecimento de um cronograma de supervisão e de qualificação da atividade. A
equipe da UBS Paulo Leal Melo informou não realizar esta atividade.
Na Gestão da Informação foi destacado o fornecimento de dados para
alimentar os seguintes sistemas de informação: SIAB, SISVAN, SINAN, SIS Pré-natal,
HIPERDIA e SIS-API. As planilhas eram preenchidas diariamente e o consolidado dos
dados era mensal. Após a consolidação dos dados, as planilhas eram enviadas à SMS.
Toda equipe participava do preenchimento das planilhas e identificaram como
dificuldade: o excesso de formulários; a falta de códigos para alguns procedimentos e de
insumos para o registro (formulários, planilhas); o tempo escasso para avaliar as
informações e planejar o trabalho; a demora do retorno das informações às equipes e a
deficiência de informatização. As sugestões foram no sentido de solucionar as
dificuldades enfrentadas. Como experiência inovadora, a equipe da UBS Tarcisio
Palmeira destacou a discussão em grupo dos indicadores de saúde (mensalmente) e a
divulgação dos resultados no quadro de avisos da unidade de saúde. A equipe da UBS
Artur Ramos citou a criação de mapas de controle a nível setorial e iniciativa dos
profissionais em buscar informações e se capacitar para exercício de suas atividades. As
UBS PAM Dique Estrada, Paulo Leal Melo e Galba Novaes informaram não realizar
esta atividade.
78
Em Maceió, a Recepção era realizada pelos trabalhadores do arquivo com a
participação de todos os profissionais. Ao chegar na UBS era retirado o prontuário do
usuário, encaminhado para pré-consulta com os auxiliares de enfermagem e após
aguardavam o atendimento na sala de espera. No caso de não ser consulta médica, o
usuário era encaminhado para o atendimento de acordo com sua necessidade. Na UBS
São José, a consulta médica deveria ter sido agendada pelo ACS da respectiva micro-
área e caso não estivesse agendada, o usuário era orientado a retornar e procurar o ACS
para solicitar o agendamento. Casos de urgência e emergência eram atendidos de
imediato ou encaminhados. Destacaram como dificuldade o excesso de demanda; a
estrutura física e equipamentos inadequados; o número insuficiente de profissionais e a
pouca qualificação para o trabalho. O desconhecimento da população sobre o
funcionamento do PSF era motivo para a insatisfação da população, expondo os
profissionais a situações de agressividade e intolerância. As equipes sugeriram o
investimento na melhoria da estrutura física e no esclarecimento à população sobre o
trabalho do PSF; a contratação e qualificação dos profissionais e, o fornecimento de
material de expediente em quantidade suficiente. O atendimento humanizado foi
considerado uma experiência inovadora.
O Acolhimento estava relacionado receber bem os usuários em todos os espaços
da UBS e por todos os profissionais. O esforço era no sentido de atender a necessidade
do usuário de acordo com a disponibilidade do serviço. O espaço físico e o ambiente
inadequado (falta de iluminação e ventilação, excesso de barulho,...), a sobrecarga de
trabalho e o desestimulo dos profissionais dificultavam o trabalho. As sugestões
reforçam a necessidade de acabar com as dificuldades relatadas e solicitaram suporte
psicológico aos funcionários para não absorver ansiedades, angústias, desespero, gritos,
ameaças de pacientes (UBS Galba Novaes). As experiências inovadoras incluíram a
procura de ajuda psicoterápica dos funcionários e a implantação do guia de orientação
para marcação de consultas.
O Cuidado Clínico foi caracterizado pelo excesso de demanda, atendendo entre
12 a 30 usuários por turno. O trabalho era dificultado pela insuficiência de
equipamentos, material de consumo e medicamentos; falta de referência para exames
laboratoriais e especialistas; problemas na estrutura física (calor excessivo, ventilação
inadequada); excesso de burocracia; problemas sócio-econômicos da população;
79
defasagem salarial dos profissionais e, a não oferta de cursos de capacitação e educação
permanente. Solicitaram a resolução das dificuldades enfrentadas.
O Cuidado de Enfermagem era realizado em tempo integral e o número de
atendimentos variou entre 10 a 30 por turno. A descrição dos cuidados de enfermagem
retratou principalmente o trabalho dos auxiliares e técnicos de enfermagem e permitiu
verificar a participação destes profissionais em atividades administrativas, assistenciais
e na organização do local de trabalho. Além da realização dos procedimentos de
enfermagem (vacinação, teste do pezinho, verificação de pressão arterial, curativos,
inalações) a equipe também era responsável por atividades de educação em saúde,
realização de visitas domiciliares (UBS PSF) e esterilização do material. As
dificuldades enfrentadas pela equipe de enfermagem incluíam o espaço físico
inadequado (insalubre); a falta de material e equipamentos em condições de uso e, a
insuficiência de profissionais para o atendimento das diferentes demandas. Sugeriram
aumentar o número de funcionários; adequar a estrutura física; adquirir equipamentos e
materiais (as vacinas eram acondicionadas em caixas térmicas devido falta de
estabilizador na UBS Jorge David Nasser) e, investir na capacitação dos trabalhadores.
O Cuidado Odontológico não estava presente nas UBS Grota do Moreira e na
Vila da Redenção. Na UBS Galba Novaes o atendimento era apenas preventivo, pois
faltava equipamento odontológico. Nas demais UBS os odontólogos trabalhavam com o
auxílio de ACD e atendiam entre 8 e 12 pessoas por turno. Os ACD realizavam o
agendamento, a recepção dos usuários, a limpeza e esterilização dos instrumentos e do
ambiente. Também realizavam visitas domiciliares e palestras. As dificuldades estavam
relacionadas com a demanda excessiva; com instrumental e material insuficiente; a
precariedade da área física e dos equipamentos e a instabilidade da rede elétrica
provocando danos nos equipamentos (principalmente autoclave). Foi sugerido uma
equipe de SB para cada equipe do PSF; a aquisição de instrumental e a flexibilização
para o fornecimento do material; ampliação da área física e renovação de equipamentos
e a aquisição de televisão e vídeo para atividade educativa.
As Ações Programáticas foram referidas principalmente para as atividades
vinculadas à saúde da mulher, saúde da criança, diabéticos, hipertensos, idosos e
adolescentes. Também foram citados os programas de tuberculose, hanseníase e
vacinação. Havia a participação de toda a equipe, através atendimento individual, de
visitas domiciliares, grupos, palestras na sala de espera, nas escolas e na comunidade.
80
Apontaram como dificuldade a falta de espaço físico adequado para realizar reuniões; a
dificuldade em mobilizar profissionais especializados para participar de palestras; a falta
de recursos áudio-visuais e apoio logístico; a falta de verba específica para promover as
atividades educativas e incentivar a participação da comunidade; a não garantia das
medicações para a manutenção do tratamento e, a deficiência na quantidade de
instrumentais e insumos básicos (glicosímetro, balança, tensiômetro, preservativos para
a prevenção das DST/AIDS, entre outros). As sugestões foram no sentido de resolver as
dificuldades apresentadas. Entre as experiências inovadores foi destacado o carnaval
com idosos e hipertensos, a oficina de arte e o Natal na comunidade (UBS Grota do
Moreira); o Dia do Diabético, as caminhadas ao ar livre (um horário na semana), grupo
HAS com música, palestra e debate (UBS Galba Novaes); a conquista de levar um
número significativo de adolescentes para o Lar São Domingos para participarem da
palestra e assistirem a peça de teatro sobre sexualidade, gravidez precoce e DST/AIDS,
a Feira da Saúde realizada no mês de dezembro, no dia da Comemoração da Padroeira
do Bairro (UBS Jorge David Nasser); a reunião periódica com grupo de idosos, com
viagens, caminhadas e entrega de enxovais às gestantes (UBS Tarcisio Palmeira) e, a
formação de grupos e o financiamento com recursos próprios para eventos com a
comunidade (UBS Artur Ramos).
As Ações Educativas eram realizadas com periodicidade diária ou semanal,
através de atividades de grupo, palestras na sala de espera ou na comunidade. Havia a
participação de todos os membros da equipe. O público alvo incluía mulheres,
adolescentes, hipertensos e diabéticos. Entre as dificuldades foi registrada a sobrecarga
de trabalho ambulatorial; a falta de recursos didáticos de apoio (vídeo, televisão,
panfletos,...); o espaço físico inadequado e, a falta de qualificação dos profissionais para
esta atividade. As sugestões foram no sentido de suprir as deficiências apresentadas.
Foram consideradas experiências inovadoras: A educação continuada com ACS para
capacitação em módulos (UBS Grota do Moreira); a melhora nos indicadores de saúde e
da participação da comunidade (UBS Vila Redenção); a confecção de material para
palestras (UBS Galba Novaes); a formação do conselho gestor para o controle social
(UBS São José); a formação de grupo de teatro e passeatas (UBS Tarcisio Palmeira) e, a
mobilização da comunidade dentro de seus grupos para atividades festivas e datas
comemorativas (UBS Arthur Ramos).
81
O Cuidado Domiciliar era demandado pelos ACS ou familiares e realizado, na
maioria das vezes, por toda a equipe de acordo com a necessidade. A equipe da UBS
Galba Novaes referiu apenas a participação da enfermagem e na UBS Paulo Leal Melo,
além da enfermagem também havia a participação da assistente social. A visita
domiciliar era utilizada para consultas aos impossibilitados de deslocamento à UBS
(acamados, idosos e após cirurgias); para realização de procedimentos de enfermagem
(curativos, retirada de pontos,...); aplicação de flúor; acompanhamento de puérperas e
recém-nascidos e busca de faltosos aos programas. A dificuldade de acesso e a falta de
segurança, de material, de medicamentos e de transporte dificultavam o trabalho. Na
UBS Arthur Ramos não havia ACS e nem mapeamento da área, o que dificultava o
trabalho. As sugestões incluíram a realização de atividades intersetoriais com o
envolvimento da secretaria responsável pela melhoria da infra-estrutura dos bairros. A
própria visita domiciliar foi considerada uma experiência inovadora em termos de
cuidados para os usuários (internação domiciliar, partos, tratamento de feridas com
papaína e ácido graxo) além, da entrega do Cartão SUS (UBS Tarcísio Palmeira).
O Conselho Local de Saúde não estava implantado nas UBS Grota do Moreira,
Vila Redenção, Galba Novaes e Jorge David Nasser. As equipes das UBS São José e
Arthur Ramos referiram estar realizando reuniões para a formação do conselho gestor
local. Nas UBS Paulo Leal Melo e PAM Dique Estrada as reuniões eram mensais e o
trabalho era dificultado pela falta de um local apropriado para realização das reuniões;
de compreensão do papel real de um conselheiro; do não atendimento às deliberações
do Conselho por parte dos órgãos públicos competentes. Foi sugerida a capacitação dos
conselheiros.
3.4.2.4 Satisfação dos trabalhadores com as condições de trabalho
O estudo adotou uma escala de adequação organizada de 0 a 10, a partir da qual
os trabalhadores das UBS da amostra (n = 277) emitiram sua opinião em relação a
algumas variáveis componentes das condições de trabalho e do trabalho em equipe.
A observação das médias alcançadas em relação à satisfação dos trabalhadores
de Maceió sobre cada uma das variáveis estudadas revelou que os maiores índices de
satisfação foram para o trabalho e reuniões em equipe, sendo o menor para estrutura
82
física da unidade. No Lote, a satisfação dos trabalhadores foi semelhante à observada no
município (Tabela 3.20).
Quando analisadas as médias de acordo com modelo de atenção, a satisfação dos
trabalhadores foi significativamente maior entre aqueles das UBS do PSF para todos os
itens investigados (Tabela 3.20).
Tabela 3.20 - Médias alcançadas em relação à satisfação dos trabalhadores de saúde em uma escala de 0 a 10, por modelo de atenção em Maceió e no Lote 2 NE.
Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Maceió Satisfação dos profissionais
PSF Tradicional Total Lote 2 NE
Trabalho em equipe 7,5 6,2 7,0 7,0
Reuniões de equipe 6,5 4,7 7,0 7,0
Preenchimento de formulários e relatórios 6,1 4,9 5,6 7,0
Demanda para atendimento individual a domicílio 7,4 3,2 6,0 7,0
Demanda para atendimento individual na unidade 6,8 5,6 6,3 6,0
Reuniões com a coordenação local da unidade 6,2 5,1 6,0 6,0
Reuniões com a comunidade 6,2 4,2 5,4 5,0
Estrutura física da unidade 4,8 3,0 4,0 5,0
3.5 Dimensão Desempenho do Sistema de Saúde
3.5.1 Desempenho do Município de Maceió
3.5.1.2 Indicadores Selecionados e Pacto da Atenção Básica à Saúde
As informações apresentadas abaixo se referem ao município de Maceió, à
totalidade dos municípios do estado de Alagoas e ao Brasil (Tabela 3.21).
A proporção de recém-nascidos com quatro ou mais consultas de pré-natal e o
coeficiente de mortalidade infantil foram melhores em Maceió do que em Alagoas, mas
83
piores que no Brasil; sendo que a média de consultas médicas básicas por habitante ao
ano foi semelhante à do estado e menor à observada no país. Ao contrário, a proporção
de baixo peso ao nascer foi maior que à de AL mas semelhante à do Brasil.
Desfavorável à Maceió, a maior prevalência de partos por cesariana (Tabela 3.21).
Tabela 3.21 - Indicadores de desempenho do sistema de saúde para Maceió, Alagoas e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador Maceió AL Brasil
Consultas médicas básicas / hab / ano 1,6 1,6 1,4
% RN com 4 ou + consultas Pré-Natal 80,5 71,3 83,1
% de Baixo peso ao nascer 8,1 7,0 8,1
Mortalidade Infantil / 1.000 NV 23,3 30,2 19,3
MI Causas evitáveis --* --* --*
% Partos por cesariana 39,8 26,5 38,8
Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002 (* Informação não disponível).
a. Crianças
Comparado com o estado de Alagoas e Brasil, Maceió apresentou a menor
proporção de óbitos em menores de um ano por causas mal definidas, mas em
contrapartida, apresentou também a maior taxa de internação por IRA em menores de
cinco anos. Já a taxa de mortalidade infantil neonatal foi semelhante à do estado, mas
superior à do Brasil (Tabela 3.22).
84
Tabela 3.22 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da criança para Maceió, Alagoas e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF –
UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador Maceió AL Brasil
Número absoluto de óbitos de < de 1 ano 387 1.948 58.916
% de óbitos em < de 1 ano por causas mal definidas 2,6 18,0 8,8
Taxa de internação por IRA em < de 5 anos 66,8 30,7 26,4
Cobertura vacinal por tetravalente em < de 1 ano 100 12,8 21,5
Número absoluto de óbitos neonatais 278 1.079 38.679
Taxa de mortalidade infantil neonatal 16,8 16,7 12,6
Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002.
b. Mulheres
Em comparação à Alagoas e ao Brasil, os indicadores favoráveis ao município
foram a maior razão de exames citopatológicos e a maior proporção de nascidos vivos
com sete ou mais consultas de pré-natal. Já as taxas de mortalidade materna e por câncer
de colo de mama foram maiores em relação ao estado, mas menores em relação ao país.
A taxa de mortalidade por câncer de colo uterino foi maior à de AL mas semelhante à
do Brasil (Tabela 3.23).
Tabela 3.23 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da mulher para Maceió, Alagoas e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF –
UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador Maceió AL Brasil
Taxa de mortalidade materna 42,2 40,3 52,7
Razão entre exames CP em mulheres de 25 a 59 anos e a população na faixa etária 0,3 0,2 0,2
Taxa de mortalidade em mulheres por câncer de colo de útero 4,8 2,8 4,6
Taxa de mortalidade em mulheres por câncer de mama 6,4 3,7 10,2
% de nascidos vivos com 7 ou mais consultas de pré-natal 62,3 43,1 47,8
Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002.
85
c. Adultos e idosos: doenças crônicas
Quando comparados ao estado e ao país, os indicadores relativos às doenças
crônicas favoráveis à Maceió foram menor taxa de internação por acidente vascular
cerebral (AVC), menor taxa de mortalidade por insuficiência cardíaca congestiva (ICC),
e menor proporção de internação por diabetes mellitus. Entretanto, Maceió apresentou a
maior taxa de mortalidade por doenças cerebrovasculares, maior proporção de
internação por cetoacidose e coma diabético e maior taxa de mortalidade por
tuberculose (Tabela 3.24).
Tabela 3.24 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos a doenças crônicas para Maceió, Alagoas e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF –
UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador Maceió AL Brasil
Taxa de internação por acidente vascular cerebral (AVC) 31,2 44,5 32,7
Taxa de mortalidade por doenças cerebrovasculares 236,9 163,5 137,9
Taxa de internação por insuficiência cardíaca congestiva (ICC) 52,2 63,4 66,3
% de internação por cetoacidose e coma diabético 17,3 8,6 15,1
% de internação por diabetes mellitus 0,8 1,2 1,3
Taxa de mortalidade por tuberculose 6,0 3,1 3,0
Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002.
d. Saúde bucal Os indicadores relativos à saúde bucal apresentaram maior cobertura de primeira
consulta odontológica e menor razão entre procedimentos odontológicos coletivos e a
população de 0 a 14 anos e, de exodontias em relação às ações básicas individuais foi
menor que no estado e país (Tabela 3.25).
86
Tabela 3.25 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde bucal para Maceió, Alagoas e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,
Lote 2 NE, 2005.
Indicador Maceió AL Brasil
Cobertura de primeira consulta odontológica 17,0 15,1 13,1
Razão entre procedimentos odontológicos coletivos e a população de 0 a 14 anos 0,17 0,23 0,20
% de exodontias em relação às ações básicas individuais 7,1 14,5 8,8
Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002.
3.5.2 Desempenho dos Modelos de Atenção Básica à Saúde
3.5.2.1 Perfil da Demanda Atendida nas UBS
a. Idade, sexo e escolaridade da demanda
A demanda estudada era composta predominantemente por mulheres (70%; n =
389), sendo em proporções semelhantes entre os modelos de atenção. A predominância
do gênero feminino na utilização dos serviços se manifestou a partir dos 15 anos de
idade. Antes disto, a demanda apresentou uma prevalência do gênero masculino. Entre
os 15 e os 49 anos de idade, o predomínio das mulheres está muito vinculado à vida
reprodutiva.
Da amostra, 72% (n = 404) das pessoas eram de cor não-branca, não havendo
diferença entre os modelos.
Do total, 22% (n = 124) da amostra ficou representada pelo grupo de menores de
cinco anos de idade. Desse grupo etário, pouco menos da metade (40%; n = 50) da
carga de trabalho diário esteve dirigida aos cuidados específicos do primeiro ano de
vida (sendo 9% da totalidade da amostra).
As crianças de cinco a 14 anos constituíram 13% (n = 74) da amostra. As
mulheres de 15 a 49 anos de idade eram 38% (n = 211) e os homens nesta faixa etária
representaram apenas 7% (n = 41). A demanda de 50 anos e mais correspondeu a 20%
(n = 108), sendo 11% (n = 59) de 50 a 64 anos e 9% (n = 49) de 65 anos e mais. Assim,
a carga de trabalho com enfoque nos cuidados das necessidades crônicas e
87
degenerativas mais prevalentes na população adulta e idosa foi semelhante àquela
relacionada às crianças menores de cinco anos de idade.
A demanda por grupo etário entre os modelos de atenção, foi maior nas UBS
PSF entre os usuários com idade superior à 50 anos (22%, n = 101); sendo maior na
UBS Tradicional entre os menores de cinco anos (31%, n =30).
Em relação à escolaridade, 23% (n = 120) dos usuários eram analfabetos, 15% (n
= 75) eram apenas alfabetizados, 31% (n = 158) tinha o ensino fundamental incompleto,
7% (n = 34) o fundamental completo, 6% (n = 32) o médio incompleto, 5% (n = 25) o
médio completo e 1% (n = 3) o superior. Encontrava-se fora da idade escolar 12% (n =
60) da amostra, sendo significativamente mais freqüente entre os residentes da áreas da
UBS Tradicional (28%, n = 26); enquanto a proporção de analfabetos foi
significativamente maior entre os usuários das UBS PSF (25%, n = 104).
b. Participação dos profissionais no atendimento à demanda
Em relação aos profissionais de nível superior, os enfermeiros realizaram 7% (n
= 41) dos atendimentos, os médicos 11% (n = 63), os odontólogos 12% (n = 67) e os
demais profissionais de nível superior 3% (n = 16). Os profissionais de nível médio
realizaram 41% (n = 228) dos atendimentos e os ACS 26% (n = 143) – (Tabela 3.22).
As proporções de atendimentos realizados por médicos (16%, n = 15) e outros
profissionais de nível superior (9%, n = 9) e nível médio (60%, n = 57) foi maior na
UBS Tradicional, enquanto os atendimentos prestados por enfermeiros (8%, n = 39) e
ACS (31%, n = 143) foram maiores nas UBS do PSF (Tabela 3.26).
Tabela 3.26 - Participação dos profissionais no atendimento à demanda em
Maceió, por modelo de atenção e no Lote 2NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Maceió (%) Profissional
PSF Tradicional Total Lote 2 NE
(%)
Enfermeiros 8 2 7 11
Médicos 10 16 11 20
Odontólogos 12 14 12 8
Outros profissionais de nível superior 2 9 3 2
Outros profissionais de nível médio 37 59 41 29
ACS 31 0 26 30
88
c. Procedimentos realizados no atendimento à demanda
As ações dos profissionais de enfermagem representaram 39% (n = 219) da
demanda de procedimentos, as ações médicas básicas 12% (n = 64), as ações básicas
por outros profissionais de nível superior 8% (n = 43), as ações básicas em odontologia
5% (n = 26), imunizações 10% (n = 58) e visitas domiciliares 26% (n = 143). Na UBS
Tradicional, observou-se maior proporção de atendimento básico de enfermagem,
consultas médicas, procedimentos preventivos em odontologia e atendimentos de outros
profissionais de nível superior (21%, n = 94). Já as visitas domiciliares ocorreram em
maior freqüência nas UBS do PSF.
3.5.2.2 Utilização de Serviços na População de Abrangência da UBS
3.5.2.2.1 Crianças
Condições do parto e peso ao nascer
O nascimento da maioria das crianças (97%; n = 148) ocorreu em ambiente
hospitalar. Quanto ao tipo de parto, 34% (n = 51) nasceu através de cesariana, não
sendo significativa a diferença observada entre os modelos (Tabela 3.27).
O peso médio dos recém-nascidos de Maceió foi de 3.230 gramas, e a proporção
de baixo peso ao nascer entre as crianças da amostra foi de 8% (n = 11), com índices
semelhantes entre as áreas de moradia por modelo de atenção (Tabela 3.27).
Tabela 3.27 - Condições de nascimento das crianças de Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Maceió (%) Indicadores
PSF Tradicional Total
% Parto hospitalar 97 98 97
% Parto por cesariana 37 27 34
Peso médio ao nascer em gramas 3.252 3.179 3.230
% Baixo peso ao nascer 7 9 8
89
Puericultura
Em Maceió 94% (n = 143) das crianças possuíam cartão para acompanhamento
do peso, proporção maior entre as moradoras de áreas do PSF (97%, n = 101) que entre
as de UBS Tradicionais (88%, n = 42) - (Tabela 3.28).
Cerca da metade das crianças (52%; n = 79) foi pesada e medida na UBS de sua
área de abrangência, não havendo diferença significativa entre os modelos (Tabela
3.28).
Uma proporção de 53% (n = 42) de mães informou que era preciso marcar
consulta para realizar a puericultura na UBS, em menor freqüência entre crianças
usuárias das UBS do PSF (43%; n = 25) do que entre as usuárias de UBS Tradicionais
(77%; n = 17). Puericultura em um dia específico da semana foi uma realidade
informada por 46% (n = 37) das mães e, a espera na fila para realizar puericultura foi
confirmada por 65% (n = 52) das mães entrevistadas, sendo que as diferenças
observadas entre os modelos de atenção não se mostraram significativas. Apenas 10%
(n = 15) das crianças haviam sido pesadas e medidas 12 vezes ou mais (Tabela 3.28).
Este acompanhamento foi realizado em outro local que não a UBS da área de
abrangência por 35% (n = 53) das crianças, em proporções semelhantes entre as áreas
de moradia por modelo de atenção. Na maioria dos casos o motivo informado para não
realizar a puericultura na UBS da abrangência foi juízo insatisfatório da UBS (41%; n =
32); seguido da justificativa de não achar necessário (28%; n = 19); não morar no bairro
ou cidade (22%; n = 15); e possuir cobertura por plano de saúde ou convênio (10%; n =
7); sendo que não foram observadas diferenças significativas neste sentido (Tabela
3.28).
A opinião sobre a puericultura foi boa, muito boa ou ótima para 70% (n = 56)
das mães que vivenciaram esta situação. Apesar desta proporção ter sido um pouco
maior entre as usuárias das UBS do PSF, esta diferença não se mostrou significativa.
Quando estas mães foram estimuladas a atribuir uma nota de zero a dez para
avaliar a UBS de sua área de abrangência, a média alcançada foi de 7,9, não havendo
diferença significativa entre os modelos de atenção (Tabela 3.28).
No momento das entrevistas 28% (n = 43) das crianças estavam sendo
amamentadas, sendo em proporções semelhantes entre os modelos (Tabela 3.28).
90
Tabela 3.28 - Características do acompanhamento de puericultura das crianças estudadas em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF
– UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Maceió Indicador
PSF Tradicional Total
Tem cartão de peso (%) 97 88 94
Pesada e medida na UBS da área de abrangência (%) 55 46 52
Era preciso marcar consulta para puericultura na UBS (%) 43 77 53
Tinha dia específico da semana para puericultura (%) 48 41 46
Tinha que esperar na fila para puericultura (%) 59 82 65
Puericultura 12 vezes ou mais (%) 9 13 10
Puericultura em outro local que não a UBS da área (%) 37 32 35
Não realizou puericultura na UBS de sua área por ter cobertura de plano de saúde (%) 12 8 10
Não realizou puericultura na UBS de sua área por juízo insatisfatório (%) 40 42 41
Não realizou puericultura na UBS de sua área por não morar no bairro ou cidade (%) 26 15 22
Opinião sobre puericultura foi boa, muito boa ou ótima (%) 74 59 70
Nota de zero a dez para avaliar a UBS 8,2 7,1 7,9
Crianças amamentadas (%) 29 27 28
Imunizações
Na avaliação da cobertura vacinal utilizaram-se informações disponíveis no
cartão da criança e, na sua ausência, informações fornecidas pela mãe ou responsáveis.
Conforme descrito no item anterior sobre puericultura, 6% das crianças não possuíam
cartão, ocasionando perda de informações a esse respeito. As perdas também ocorreram
quando a mãe não lembrava as vacinas recebidas pela criança.
91
Logo, a análise das imunizações isoladamente mostrou cobertura de 78% (n =
119) para a vacina contra a poliomielite, de 80% (n = 122) para a vacina contra o
sarampo, de 95% (n = 145) para a vacina contra a tuberculose, de 93% (n = 142) para a
vacina contra a Hepatite B, e de 90% (n = 137) para a vacina contra a difteria, o tétano e
a coqueluche (DPT) + Haemophilus influenza tipo b + Tetravalente (Tabela 3.29).
Foi observada cobertura inferior à dosagem mínima necessária em 7% (n = 10)
para a vacina contra a poliomielite; em 13% (n = 19) contra o sarampo; em 1% (n = 1)
contra a Hepatite B; e em 4% (n = 6) para Difteria, tétano e coqueluche (DPT) +
Haemophilus influenzae. Faltaram informações para as vacinas contra Poliomelite
(15%, n = 23), Sarampo (7%, n = 11), Hepatite B (6%, n = 9), BCG (5%, n = 7) e DPT
+ Hib + Tetravalente (6%, n = 9) houve ocorrência de cobertura inferior a dosagem
mínima necessária (Tabela 3.29).
Na comparação entre os modelos de atenção, foram observadas proporções
significativamente maiores de cobertura vacinal de BCG (98%, n = 102) e DPT + Hib +
Tetravalente (92%, n = 96) nas UBS do PSF.
Tabela 3.29 - Características do estado vacinal das crianças estudadas em Maceió de acordo com o registro do cartão de vacinas, por modelo de atenção. Estudo de
Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Maceió (%) Cobertura vacinal
PSF Tradicional Total
Sabin 82 71 78
Sarampo 80 81 80
Tuberculose 98 90 95
Hepatite B 95 90 93
DPT + Hib + Tetravalente 92 85 90
92
Consulta por Diarréia
A ocorrência de diarréia no último mês nas crianças entrevistadas foi de 39% (n
= 59), sendo que mais da metade destas (58%; n = 35) necessitou consultar por este
motivo. Entre estas, 63% (n = 22) consultaram a maior parte das vezes na UBS da área
de abrangência, em que 86% (n = 19) delas receberam alguma orientação a respeito da
prevenção e abordagem inicial da diarréia durante as consultas. As orientações
incluíram aconselhamento com relação ao soro caseiro (84%; n = 16), à reidratação oral
(74%; n = 14) e à utilização de água de arroz (26%; n = 5) - (Tabela 3.30).
Os motivos informados para não buscar a UBS da área para consultar por
diarréia foram dificuldade em tirar ficha (25%, n = 3); encontrar o posto fechado (17%,
n = 2); optar por consulta particular ou por plano de saúde (17%, n = 2); morar em outro
local (17%, n = 2); ter levado diretamente ao hospital (17%, n = 2); e preferência por
outro posto de saúde (8%, n = 1).
A ocorrência de hospitalização por diarréia no último ano foi informada para
10% (n = 6) das crianças (Tabela 3.30).
Para nenhuma das variáveis relacionadas à diarréia foi observada diferença
significativa entre os modelos de atenção.
Tabela 3.30 - Prevalência de diarréia no último mês e características das consultas pelo problema das crianças estudadas em Maceió, por modelo de atenção. Estudo
de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Maceió (%) Indicador
PSF Tradicional Total
Diarréia no último mês 44 29 39
Consultou por diarréia 57 64 58
Maioria das consultas na UBS da área 58 78 63
Recebeu orientação sobre:
Prevenir desidratação
Soro caseiro
Reidratação oral
Água de arroz
93
79
71
29
71
100
80
20
86
84
74
26
Hospitalização por diarréia no último ano 9 7 10
93
Consulta por Pneumonia
No período dos últimos seis meses a ocorrência de pneumonia foi referida para
11% (n = 16) das crianças. Destas, 94% (n = 15) destas necessitou consultar pela doença
nos últimos seis meses, sendo que apenas quatro (27%) buscaram atendimento na UBS
de sua área (Tabela 3.31).
Daquelas crianças que não consultaram na UBS de sua área de abrangência, três
(27%) mães justificaram que o problema havia ocorrido fora do horário de atendimento;
outras três (27%) informaram que o atendimento era muito demorado. Os demais
motivos foram: inexistência de pediatra (9%); preferir outro médico (9%); levou o filho
ao hospital (9%); estava fora de casa na época do ocorrido (9%) e, que o filho havia sido
encaminhado ao pneumologista (9%) - (Tabela 3.31).
A ocorrência de hospitalização por pneumonia no último ano foi informada para
nove (56%) crianças com pneumonia (Tabela 3.31).
Nenhuma das variáveis relacionadas à ocorrência de pneumonia demonstrou
diferença significativa entre os modelos de atenção.
Tabela 3.31 - Prevalência de pneumonia nas crianças nos últimos 6 meses e características das consultas pelo problema em Maceió, por modelo de atenção.
Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Maceió (%) Indicador
PSF Tradicional Total
Pneumonia nos últimos seis meses 10 13 11
Consultou por pneumonia 100 83 94
Maioria das consultas na UBS da área 20 40 27
Hospitalização por pneumonia no último ano 50 67 56
94
Consulta por outro motivo
Consulta na UBS da área de abrangência por outro motivo, exceto puericultura,
diarréia e pneumonia, foi referida para 47% (n = 71) das crianças estudadas, sendo em
proporções semelhantes entre os modelos de atenção (Tabela 3.32).
Cerca de dois terços das mães (65%, n = 50) alegaram que as crianças não
consultaram por outros motivos na UBS da área porque não precisaram; 29% (n = 22)
fazia juízo insatisfatório do serviço; 3% (n = 2) possuía problema de acesso geográfico;
3% (n = 3) não morava no bairro ou cidade; e somente uma (1%) consultou particular
ou por convênio / plano de saúde (Tabela 3.32).
Tabela 3.32 - Características das consultas por outros motivos além de diarréia e pneumonia das crianças estudadas em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de
Linha de Base, PROESF – UFPel, 2005.
Maceió (%) Indicador
PSF Tradicional Total
Consultou na UBS da área por outros motivos 50 42 47
Não consultou na UBS da área por não achar necessário
66 63 65
Não consultou na UBS da área por juízo insatisfatório
24 37 29
Saúde bucal
Na amostra de Maceió, a avaliação em saúde bucal apontou que no grupo de
crianças 86% (n = 130) das mães afirmaram realizar limpeza dos dentes de seus filhos
(Tabela 3.33).
As mães afirmaram que iniciaram a higiene bucal de seus filhos em média aos
10,3 meses de idade (dp = 6,0) em Maceió, sendo que em média a limpeza era realizada
2,2 vezes ao dia (dp = 0,9). Entretanto, mais de um terço (38%, n = 47) das crianças
tinha os dentes escovados três vezes ou mais ao dia (Tabela 3.33).
A limpeza dos dentes da criança era feita com gaze por cinco (4%) mães, e
quatro (3%) usavam cotonetes. Já a utilização de escovinha para limpeza dos dentes foi
95
referida por 88% (n = 114) das mães; e a utilização de outros recursos tais como fralda,
paninho e/ ou dedo foi referida por 7% (n = 9). A maioria (88%; n = 114) das mães
afirmava fazer a higiene bucal de seus filhos utilizando pasta de dentes (Tabela 3.33).
Mais da metade da amostra (57%; n = 86) afirmou já ter recebido informação
sobre a importância de limpar ou escovar os dentes de seus filhos. Do grupo que
recebeu informação, a maioria (47%, n = 38) a obteve através do dentista da UBS;
seguido de outro profissional da unidade (32%, n = 27); dentista privado (5%, n = 4);
familiar ou programa de rádio ou tv (4%, n = 3); e amigo 3% (n = 2) pelo ACS. Cerca
de um quinto (21%, n = 17) das mães ainda informou ter recebido orientação através de
outras formas (Tabela 3.33).
Sobre o uso de chupeta, 37% (n = 56) das crianças estudadas em Maceió ainda
faziam uso desta, e 54% (n = 81) tomava mamadeira à noite. Destas mamadeiras, 86%
(n = 70) eram adoçadas. Já haviam batido e / ou quebrado algum dente 28% (n = 42) das
crianças (Tabela 3.33).
Quando feitas comparações entre os modelos de atenção, apenas duas variáveis
indicaram diferenças significativas. Ambas se relacionavam às formas de orientação em
saúde bucal. A orientação prestada por dentista da UBS foi mais referida entre as
residentes de área do PSF (55%, n = 33) do que entre aquelas de áreas de UBS
Tradicionais (24%, n = 5); enquanto outras formas de orientação foram mais freqüentes
entre as residentes de áreas de UBS Tradicionais (41%; n = 9) que nas de áreas de UBS
do PSF (14%; n = 8).
96
Tabela 3.33 - Características de saúde bucal das crianças estudadas em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE,
2005.
Indicador Maceió (%)
Realiza limpeza dos dentes 86
Idade média de início da limpeza de dentes (meses) 10,3
Escova os dentes 3 vezes ou mais ao dia 33
Utilização de escova na higiene bucal 88
Utilização de pasta de dentes na higiene bucal 88
Recebeu alguma informação sobre importância de escovar / limpar os dentes do filho 57
Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência 47
Criança usa chupeta 37
Criança toma mamadeira à noite 54
Criança já bateu / quebrou algum dente 28
3.5.2.2.2 Mulheres
Pré-natal
A proporção de mulheres estudadas que fizeram alguma consulta de pré-natal na
última gravidez foi de 95% (n = 147), em que o início do pré-natal do último filho foi
em média na 11ª semana de gestação. Em 62% (n = 90) dos casos o pré-natal foi
realizado na UBS da abrangência. Estes índices se mostraram semelhantes entre os
modelos de atenção (Tabela 3.34).
Entre as mulheres que fizeram o pré-natal fora da área da UBS, 36% (n = 20)
referiu como motivo não morar no bairro ou cidade à época, 23% (n = 13) ter convênio,
21% (n = 12) juízo insatisfatório da UBS, 16% (n = 9) problema de acesso geográfico e
4% (n = 2) gestação de risco. A prevalência de convênio (41%, n = 7) e juízo
insatisfatório (35%, n = 6) foi significativamente maior nas áreas de UBS Tradicionais,
enquanto que os demais motivos relatados foram mais freqüentes nas áreas de UBS PSF
(Tabela 3.34).
97
Durante o pré-natal, a vacina contra o tétano deixou de ser aplicada em 25% (n =
7) das mulheres que efetivamente necessitavam, sendo administrada desnecessariamente
em 60% (n = 57) das mulheres e em proporções semelhantes entre os modelos de
atenção (Tabela 3.34).
A maioria das entrevistadas que realizaram o pré-natal na UBS da área de
abrangência expressou opinião positiva sobre o programa (86% ; n = 77), não sendo
significativa a diferença entre os modelos (Tabela 3.34).
Tabela 3.34 - Características do pré-natal das mulheres estudadas em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Maceió Indicador
PSF Tradicional Total
Fez pré-natal na última gravidez (%) 94 96 95
Início do pré-natal (semana) 12 10 11
Fez pré-natal na UBS da área (%) 61 64 62
Não fez pré-natal na área por não morar no bairro ou cidade (%) 41 24 36
Não fez pré-natal na área por problema de acesso geográfico 23 0 16
Não fez pré-natal na área por ter convênio (%) 15 41 23
Não fez pré-natal na área por juízo insatisfatório (%) 15 35 21
Deixou de fazer vacina antitetânica (%) 33 10 25
Fez antitetânica desnecessariamente (%) 64 52 60
Teve opinião positiva sobre o pré-natal (%) 89 79 86
Aleitamento materno
A informação sobre a importância de iniciar a amamentação na 1ª hora de vida
da criança alcançou 87% (n = 78) das mulheres entrevistadas; a escuta das preocupações
ou problemas com a amamentação 79% (n = 71); e a orientação sobre dificuldades e
problemas com a amamentação 81% (n = 73). Apenas 29% (n = 26) das mulheres
98
mencionaram ter recebido apoio ou suporte para amamentar imediatamente após o
parto, através de reuniões ou atividades em grupo (Tabela 3.35).
Na análise comparativa entre os modelos de atenção, o PSF apresentou um
melhor desempenho quanto às orientações prestadas sobre aleitamento materno. Dos
treze itens investigados, em onze o PSF obteve proporções significativamente maiores
às observadas nas UBS Tradicionais As proporções não diferiram de modo significativo
somente nos casos de orientação sobre dificuldades para amamentar e apoio para
amamentar por grupo após o parto (Tabela 3.35).
Tabela 3.35 - Orientações sobre aleitamento fornecidas no pré-natal realizado na Unidade Básica de Saúde da área de abrangência em Maceió, por modelo de
atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Maceió (%) Orientação sobre o aleitamento materno
PSF Tradicional Total
Importância de amamentar na 1ª hora de vida 97 66 87
Vantagens da amamentação até 6 meses 97 69 88
Hábitos de amamentação 66 90 82
Importância de estimular a criança a sugar 87 66 80
Importância da continuidade da amamentação 87 55 77
Preocupações sobre amamentação ouvidas 87 62 79
Prejuízo da mamadeira 90 69 83
Prejuízo do bico / chupeta 90 66 82
Orientação sobre dificuldades para amamentar 85 72 81
Orientações sobre posições para o aleitamento 87 54 76
Orientações sobre extração do leite 80 55 72
Apoio para amamentar por grupo pré-natal 56 17 43
Apoio para amamentar por grupo após o parto 35 17 29
99
Planejamento familiar
A utilização de algum método anticoncepcional foi uma realidade para 30% (n =
47) das mulheres da amostra, sendo que 27% (n = 29) fazia uso de anticoncepcional
oral, 41% (n = 44) de preservativo, 22% (n = 24) havia se submetido à laqueadura
tubária e 1% (n = 1) fazia uso de DIU (Tabela 3.36).
O anticoncepcional oral/ injetável foi obtido na UBS da área por 11% (n = 4) das
mulheres, comprado por 80% (n = 28), adquirido em outra UBS que não a de sua área
por 3% (n = 1), e ganho por 6% (n = 2) - (Tabela 3.36).
Nenhuma das variáveis relacionadas ao planejamento familiar demonstrou
diferença significativa entre os modelos de atenção.
Tabela 3.36 - Utilização de métodos anticoncepcionais pelas mulheres estudadas em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,
Lote 2 NE, 2005.
Maceió (%) Métodos anticoncepcionais
PSF Tradicional Total
Utiliza algum método anticonceptivo 33 25 30
Utiliza ACO 28 24 27
Utiliza preservativo 39 43 41
Fez laqueadura tubária 21 24 22
Utiliza DIU 1 0 0,9
Obtém ACO na UBS da área 14 8 11
Precisa comprar ACO 86 69 80
Atendimento ginecológico
Cerca de um quinto das mulheres estudadas no município (21% ; n = 32)
consultou na UBS da área de abrangência no último ano por motivos ginecológicos. Na
opinião de 88% (n = 28) das mulheres que utilizaram o serviço a avaliação foi positiva
(Bom = 60%, n = 19; Muito bom = 6%, n = 2; Ótimo = 22%, n = 7). Ao se questionar
100
sobre uma quantificação para esta avaliação em uma escala de 0 a 10, a resposta atingiu
o valor de 8,2 (Tabela 3.37).
Quanto ao tempo de espera para conseguir a consulta ginecológica na UBS da
área, 47% (n = 14) relatou que conseguiu ser atendida no mesmo dia, 33% (n = 10) em
outro dia da mesma semana e 20% (n = 6) em oito dias ou mais (Tabela 3.37).
As diferenças observadas entre os modelos de atenção não se mostraram
significativas para as variáveis de atendimento ginecológico.
Tabela 3.37 - Características da consulta ginecológica no último ano das mulheres estudadas em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF
– UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Maceió Consulta ginecológica
PSF Tradicional Total
Consulta ginecológica na UBS da área no último ano (%) 20 22 21
Opinião positiva sobre atendimento (%) 91 82 88
Nota para atendimento 8,4 7,0 8,2
Consegue consulta para mesmo dia (%) 45 50 47
Consegue consulta em outro dia na mesma semana (%) 30 41 33
Prevenção do câncer ginecológico
O conhecimento sobre o exame para prevenção do câncer de colo uterino
alcançou 86% das mulheres (n = 133) estudadas e 77% (n = 102) da amostra já o havia
realizado alguma vez na vida. O exame de mamografia havia sido realizado pelo menos
uma vez por 9% (n = 14) das mulheres entrevistadas. Não foram observadas diferenças
significativas entre os modelos de atenção (Tabela 3.38).
101
Tabela 3.38 - Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres estudadas em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote
2 NE, 2005.
Maceió (%) Indicador
PSF Tradicional Total
Conhece exame pré-câncer 85 90 86
Já fez pelo menos um exame pré-câncer 76 77 77
Já fez pelo menos uma mamografia 9 10 9
Utilização da UBS da área por outros motivos
Das mulheres da amostra 27% (n = 41) havia consultado na UBS por outros
motivos, diferentes daqueles incluídos nas ações programáticas de saúde da mulher
(ginecologia), com proporção significativamente maior entre as residentes das áreas do
PSF (33%, n = 35) que as de UBS Tradicionais (12%, n = 6). Entre as mulheres que não
consultaram na UBS da área, a grande maioria (79%, n = 89) referiu não necessitar da
consulta - não havendo diferença significativa entre os modelos de atenção (Tabela
3.39).
Tabela 3.39 - Consultas por outros motivos além do ginecológico das mulheres estudadas em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF
– UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Maceió (%) Indicador
PSF Tradicional Total
Consultou por outros motivos 33 12 27
Não consultou na UBS da área por não necessitar 85 69 79
Saúde bucal
Na amostra de Maceió, a avaliação em saúde bucal apontou que, no grupo de
mulheres, 100% (n = 155) afirmaram realizar limpeza dos dentes. Das mulheres que
afirmavam realizar higiene bucal, 69% (n = 106) afirmou escovar três vezes ou mais ao
dia, 28% (n = 43) duas vezes ao dia e 3% (n = 5) uma vez ao dia (Tabela 3.40).
102
Todas as mulheres da amostra (n = 155) faziam a limpeza com escova e pasta de
dentes, sendo que mais de metade (58% ; n = 90) usava palito e / ou fio dental para
auxiliar a higiene (Tabela 3.40).
Cerca de um terço (31%, n = 48) referiu ter recebido orientação em saúde bucal
no último ano. Entre as que receberam esta orientação, 2% (n = 1) respondeu ter sido
orientada por familiar; outros 2% (n = 1) por amigo; 57% (n = 27) pelo dentista da
UBS; 6% (n = 3) através de dentista privado; 17% (n = 8) de outro profissional da UBS;
2% (n = 1) de ACS; outros 2% (n = 1) na escola; e 17% (n = 8) via outras formas de
orientação. Neste sentido, a referência à orientação do dentista da UBS foi
significativamente mais freqüente entre as residentes de áreas de UBS PSF (70%, n =
26) que de UBS Tradicionais (10%, n = 1); enquanto as referências de orientação do
dentista privado e de outras formas foram mais freqüentes entre as moradoras de áreas
de UBS Tradicionais (30% e 40%) que de PSF (0% e 11%) – (Tabela 3.40).
No último ano, 31% (n = 48) das mulheres haviam realizado revisão dos dentes.
Cerca de um terço (36%, n = 56)) teve dor de dentes; 20% (n = 31) fez tratamento para
cárie; 15% (n = 23) bateu ou quebrou algum dente; e, 10% (n = 15) teve problemas na
gengiva . Problemas dentários impediram apenas uma (1%) entrevistada de ir ao
trabalho e à escola; enquanto outras cinco (3%) ficaram impedidas de cumprir com
atividades sociais e / ou de lazer. Dentre estas variáveis, observou-se diferença entre os
modelos de atenção somente quanto à referência de bater / quebrar algum dente no
último ano, em que a proporção foi superior entre as residentes de áreas do PSF (20%, n
= 21) que de UBS Tradicionais (4%, n = 2) – (Tabela 3.40).
Nos últimos doze meses, 40% (n = 61) das entrevistadas foram atendidas por
dentistas. Entre as que receberam este atendimento em Maceió, o local mais procurado
foi a UBS (66% ; n = 39), seguido de serviços privados (25% ; n = 15) e do Pronto-
Socorro (9% ; n = 5). Quanto ao grau de satisfação com o atendimento prestado, os
dentistas obtiveram uma nota média de 9,0 (dp = 2,1) e 90% (n = 53) ainda informou ter
tido seu problema resolvido. Apenas 7% (n = 4) precisou ser encaminhada a
atendimento especializado, sendo que 75% (n = 3) destas informaram ter conseguido
este atendimento. A maioria das mulheres da amostra (83% ; n = 128) já havia realizado
extração de dente, das quais 25% (n = 32) havia extraído apenas um dente e 75% (n =
96) extraiu mais de um dente (Tabela 3.40).
103
O uso de prótese foi referido por 15% (n = 23) das mulheres. Destas próteses,
39% (n = 9) havia sido feita entre um e cinco anos e 52% (n = 12) há mais de cinco anos
(Tabela 3.40).
Com dificuldade para mastigar foram encontradas 16% (n = 25) das mulheres. Já
a ocorrência atual ou passada de ferida na boca foi mencionada por 14% (n = 22), das
quais três (14%) informaram que o problema persistia. O tempo de duração da ferida foi
em média de 3,5 meses (dp = 6,1).
Durante a última gestação nos dois anos anteriores à entrevista, 41% (n = 63) das
mulheres recebeu orientação sobre saúde bucal, ocorrência significativamente mais
freqüente entre as residentes de áreas do PSF (50%, n = 52) que de UBS Tradicionais
(23%, n = 11). Dentre estas mães, 38% (n = 23) afirmou ter recebido as orientações de
dentista da UBS; 7% (n = 4) de dentista da rede privada; 42% (n = 26) de outros
profissionais de UBS; 5% (n = 3) de ACS; 2% (n = 1) de programas de tv e / ou rádio; e
15% (n = 9) através de outras formas. À exemplo do ocorrido anteriormente, a
referência às orientações prestadas pelo dentista da UBS foram significativamente mais
freqüentes entre as residentes de áreas do PSF (44%, n = 22) que de UBS Tradicionais
(9%, n = 1); enquanto aquelas prestadas por dentista privado e outras formas foram mais
citadas entre as moradoras de áreas de UBS Tradicionais (27% e 36%) que de PSF (2%
e 10%) – (Tabela 3.40).
104
Tabela 3.40 - Características de saúde bucal das mulheres estudadas em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE,
2005.
Indicador Maceió (%)
Realiza limpeza dos dentes 100
Escova 3 vezes ou mais ao dia 69
Utilização de escova e pasta de dentes na higiene bucal 100
Utilização de palito e/ou fio dental na higiene bucal 58
Recebeu alguma orientação em saúde bucal no último ano 31
Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência 57
Fez revisão dos dentes no último ano 31
Teve dor de dente no último ano 36
Bateu / quebrou algum dente no último ano 15
Teve problemas de gengiva no último ano 10
Foi atendido por dentista no último ano
No posto de saúde
Em serviço privado
40
66
25
Já extraiu pelo menos um dente 25
Usa prótese 15
Recebeu orientação sobre saúde bucal durante gestação 41
3.5.2.2.3 Adultos
Atividade física
A recomendação médica para a prática de exercícios físicos em alguma consulta
alcançou 42% (n = 52) da amostra do município, sendo que na última consulta esta
mesma recomendação foi referida por 41% (n = 49) dos adultos. Não houve diferenças
entre os modelos de atenção (Tabela 3.41).
105
Tabela 3.41 - Atividade física dos adultos estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Maceió (%) Indicador
PSF Tradicional Total
Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos
40 47 42
Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos na última consulta
41 40 41
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
O diagnóstico de HAS foi informado por 31% (n = 45) dos adultos estudados,
com duração média conhecida do problema de 4,8 anos (dp = 6,2) - (Tabela 3.42).
Haviam consultado na UBS da área nos últimos seis meses pelo problema 64%
(n = 27) dos adultos da amostra, tendo sido agendada para 56% (n = 15) dos usuários.
Cerca da metade (52%, n = 13) dos entrevistados conseguiu atendimento no mesmo dia
da solicitação da consulta, 36% (n = 9) em outro dia da mesma semana e 12% (n = 3)
aguardou mais de sete dias. O tempo decorrido desde a última consulta por HAS foi em
média de 46,1 dias (dp = 45,0) - (Tabela 3.42).
Em termos terapêuticos, 82% (n = 37) dos hipertensos necessitavam de
medicamentos para tratamento de HAS, enquanto 51% (n = 23) informou utilizar outras
formas de tratamento além daquelas preconizadas pelo médico (Tabela 3.42).
A participação de atividades em grupos para hipertensos na UBS da área foi
informada por 18% (n = 8) da amostra. Já a hospitalização por HAS havia ocorrido nos
últimos dois anos para três (7%) adultos (Tabela 3.42).
De modo geral os índices foram semelhantes entre os modelos de atenção, não
tendo sido observadas diferenças significativas.
106
Tabela 3.42 - Hipertensão Arterial Sistêmica nos adultos estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Maceió Indicador
PSF Tradicional Total
Prevalência de HAS (%) 32 28 31
Tempo médio de diagnóstico (anos) 4,9 4,8 4,8
Consulta por HAS na UBS da área (%) 62 69 64
Consulta agendada (%) 50 67 56
Agendamento para o mesmo dia (%) 50 56 52
Agendamento para outro dia na mesma semana (%) 36 33 36
Agendamento para mais de uma semana (%) 13 11 12
Tempo desde a última consulta (dias) 35,4 66,3 46,1
Precisa usar medicamentos para HAS (%) 88 69 82
Outras formas de tratamento (%) 53 46 51
Participação em grupos de HAS (%) 19 15 18
Hospitalização por HAS nos últimos dois anos (%) 6 8 7
Diabetes Mellitus (DM)
O diagnóstico de diabetes foi informado por 9% (n = 12) dos adultos estudados,
sendo o tempo de conhecimento do diagnóstico foi de 6,8 anos (dp = 7,6) - (Tabela
3.43).
O local de consulta nos últimos seis meses para a doença foi a UBS da área de
sua moradia para 64% (n = 7) dos pacientes, sendo que para três (43%) pacientes estas
consultas foram agendadas. Entretanto, o atendimento aconteceu no mesmo dia da
solicitação para 80% (n = 4) dos pacientes, sendo que em apenas um (20%) caso o
atendimento levou quinze dias para acontecer. Dois pacientes não souberam informar o
tempo de espera (Tabela 3.43).
O tempo decorrido desde a última consulta foi de 17,2 dias (dp = 17,8) (Tabela
3.43).
107
O uso de medicação para o tratamento da doença foi referido por 75% (n = 9)
dos adultos com DM, enquanto a adoção de outras formas de tratamento, além daquelas
preconizadas pelo médico foi relatada por 25% (n = 3) dos entrevistados (Tabela 3.43).
A participação em atividades de grupo na UBS da área foi realidade para apenas
dois (17%) dos adultos com diabetes da amostra, enquanto que somente um (8%)
necessitou de hospitalização pelo problema nos últimos 2 anos (Tabela 3.43).
Para nenhuma das variáveis relacionadas à diabetes foram observadas diferenças
significativas.
Tabela 3.43 - Diabetes Mellitus nos adultos estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Maceió Indicador
PSF Tradicional Total
Prevalência de Diabetes (%) 9 7 9
Tempo médio de diagnóstico (anos) 6,9 6,3 6,8
Consulta por Diabetes na UBS da área (%) 75 33 64
Consulta agendada (%) 50 0 43
Agendamento para o mesmo dia (%) 75 100 80
Agendamento para mais de uma semana (%) 25 0 20
Tempo desde a última consulta (dias) 20,6 0,0 17,2
Precisa usar medicamentos para Diabetes (%) 78 67 75
Outras formas de tratamento (%) 22 33 25
Participação em grupos de Diabetes (%) 22 0 17
Hospitalização por Diabetes nos últimos dois anos (%) 0 33 8
108
Consulta por problemas psíquicos
“Problema de nervos” foi referido por 37% (n = 56) dos adultos estudados em
Maceió, tendo sido a média de duração deste sofrimento igual à 11,6 (dp = 9,5) anos
(Tabela 3.44).
Deste grupo, 11% (n = 6) havia consultado na UBS da área nos últimos seis
meses para o problema, dos quais quatro (67%) tiveram sua consulta previamente
agendada. Daqueles que buscaram a UBS de sua área, a maioria (60%, n = 3) conseguiu
atendimento no mesmo dia da solicitação. O tempo transcorrido desde o último
atendimento foi de 90,5 dias (dp = 88,6) - (Tabela 3.44).
Das pessoas que se consideraram portadoras deste tipo de problema, 41% (n =
23) mencionou a necessidade de usar medicamento, enquanto outras formas de
tratamento, além da orientada pelo médico, foram referidas por 39% (n = 22) - (Tabela
3.44).
Nenhum dos entrevistados havia participado de atividades de grupo na UBS para
portadores deste tipo de sofrimento e a hospitalização por problemas psíquicos nos
últimos dois anos foi relatada por apenas um (2%) adulto (Tabela 3.44).
Não foram observadas quaisquer diferenças significativas entre os modelos de
atenção quanto às variáveis relacionados aos “problemas de nervos”.
109
Tabela 3.44 - Problemas de nervos nos adultos estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Maceió Indicador
PSF Tradicional Total
Prevalência de problemas de nervos (%) 35 43 37
Tempo médio de diagnóstico (anos) 9,8 15,1 11,6
Consulta por problemas de nervos na UBS da área (%) 14 5 11
Consulta agendada (%) 60 100 67
Agendamento para o mesmo dia (%) 75 0 60
Agendamento para outro dia na mesma semana (%) 25 100 25
Tempo desde a última consulta (dias) 76,6 160,0 90,5
Precisa usar medicamentos para problemas de nervos (%)
36 50 41
Outras formas de tratamento (%) 44 30 39
Participação em grupos (%) 0 0 0
Hospitalização por problemas de nervos nos últimos dois anos (%)
0 5 2
Saúde da Mulher
Na amostra de adultos estudados, 60% (n = 91) eram mulheres, sendo a idade
média igual à 45,1 anos (dp = 8,9).
Um quarto (25%; n = 22) das mulheres estudadas no município haviam
consultado no último ano para problemas ginecológicos, em que o tempo de espera
médio entre a marcação da consulta e sua realização foi de 10,8 (dp = 27,4) dias.
História familiar de câncer de mama em mãe foi referida por três (3%)
entrevistadas e, em irmãs por somente uma (1%). Das mulheres que consultaram na
UBS da área por problemas ginecológicos no último ano, cerca de um terço (32%, n =
7) apenas tiveram as mamas examinadas na última consulta ginecológica.
110
A quase totalidade das mulheres adultas conhecia o exame para prevenção do
câncer de colo uterino (96%; n = 86), das quais 91% (n = 78) já o havia realizado
alguma vez na vida (Tabela 3.45).
Do total das mulheres adultas estudadas, 44% (n = 39) havia realizado pelo
menos um exame de mamografia durante a vida (Tabela 3.45).
Nos últimos três meses, 34% (n = 30) das mulheres havia consultado na UBS da
área por outro motivo diferente do ginecológico, sem diferenças entre os modelos de
atenção, realizando em média 0,7 (dp = 1,2) consultas por mulher.
Entre as variáveis de saúde da mulher não foram observadas quaisquer
diferenças significativas entre os modelos de atenção.
Tabela 3.45 - Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres da amostra de adultos de Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF –
UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Maceió (%) Indicador
PSF Tradicional Total
Conhece exame pré-câncer 93 100 96
Já fez pelo menos um exame pré-câncer 88 97 91
Já fez pelo menos uma mamografia 41 50 44
Opinião sobre o atendimento na UBS
Na opinião dos adultos, em uma escala de zero a dez, a qualidade do
atendimento foi avaliada em 9,0, sendo semelhante entre os modelos de atenção.
Saúde bucal Na amostra de Maceió a avaliação em saúde bucal apontou, no grupo de adultos,
que 95% (n = 145) realizava limpeza dos dentes, sendo em proporção
significativamente maior entre os residentes de área do PSF (98%, n = 103) que entre os
de UBS Tradicionais (89%, n = 42) - (Tabela 3.46).
Dos adultos que realizavam higiene bucal, 48% (n = 69) afirmou escovar os
dentes três vezes ao dia, 38% (n = 56) duas vezes ao dia e 14% (n = 20) uma vez ao dia.
111
A totalidade destes (100%; n = 145) informou realizar a limpeza com escova e pasta de
dentes, sendo que a maioria (71%; n = 107) ainda afirmou utilizar palito e / ou fio dental
para auxiliar na higiene (Tabela 3.46). Neste sentido, não foram observadas diferenças
entre os modelos de atenção.
Entre os adultos, 23% (n = 35) disse ter recebido orientação em saúde bucal no
último ano. Destes, a maioria (30%, n = 8) respondeu ter recebido aconselhamento em
saúde bucal através do dentista da UBS; 28% (n = 8) de programa de rádio e/ ou
televisão; 27% (n = 7) de dentista particular; 8% (n = 2) de amigos; 4% (n = 1) de
familiar ou de outro profissional da UBS; e ainda outros 30% via outras formas de
orientação (Tabela 3.46).
No último ano, 21% (n = 32) dos adultos realizou revisão dos dentes; 25% (n =
38) informou ter sofrido de dor de dentes; 15% ( n = 22) fez tratamento para cárie; 9%
(n = 14) bateu ou quebrou algum dente, e 13% (n = 20) referiu problemas na gengiva,
não havendo novamente diferenças na análise comparativa entre os modelos de atenção
(Tabela 3.46).
Problemas dentários impediram que seis (4%) adultos de ir ao trabalho; e cinco
(3%) de cumprir com suas atividades sociais e / ou de lazer.
Nos últimos doze meses, 27% (n = 41) dos entrevistados foram atendidos por
dentistas, dos quais 50% (n = 18) buscou as Unidades Básicas de Saúde para o
atendimento, 44% (n = 16) os serviços privados e 6% (n = 2) os Pronto-Socorros.
Quanto ao grau de satisfação com o atendimento prestado, os dentistas obtiveram uma
nota média de 9,4 e a grande maioria (95% ; n = 37) ainda afirmou ter tido seu problema
resolvido. Três (8%) adultos precisaram ser encaminhados a serviços especializados,
dos quais dois (67%) conseguiram este atendimento, não se observando diferenças entre
os modelos (Tabela 3.46).
Quase todos os adultos (97%; n = 147) já haviam realizado extração de dente.
Destes, 3% (n = 5) havia extraído apenas um dente; 89% (n = 134) mais de um dente e
5% (n = 8) todos os dentes. Logo, o uso de prótese foi referido por 50% (n = 76) dos
adultos, em que 8% (n = 6) destas próteses haviam sido feitas há menos de um ano;
31% (n = 23) entre um e cinco anos e 56% (n = 42) há mais de cinco anos, sendo que
5% (n = 4) não se recordava (Tabela 3.46).
112
Quase um quarto (23%, n = 35) dos adultos do município informou ter
dificuldade para mastigar; e 18% (n = 27) referiu a ocorrência atual ou passada de ferida
na boca. O tempo de duração da ferida foi em média de 6,6 (dp = 9,1) meses, e em 11%
(n = 3) da amostra esta ferida ainda persistia, não tendo sido observada diferença
significativa entre os modelos de atenção.
Dos adultos da amostra apenas 1% (n = 2) era mulher que teve filho nos últimos
dois anos. Somente uma (50%) destas mulheres afirmou ter recebido orientação sobre
saúde bucal durante a gravidez, tendo esta informação sido prestada por um profissional
da UBS de sua área que não o dentista ou ACS.
Tabela 3.46 - Características de saúde bucal dos adultos estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador Maceió (%)
Realiza limpeza dos dentes 95
Escova 3 vezes ou mais ao dia 48
Utilização de escova e pasta de dentes na higiene bucal 100
Utilização de palito e / ou fio dental na higiene bucal 71
Recebeu alguma orientação em saúde bucal no último ano 23
Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência 30
Fez revisão dos dentes no último ano 21
Teve dor de dente no último ano 25
Bateu / quebrou algum dente no último ano 9
Teve problemas de gengiva no último ano 13
Foi atendido por dentista no último ano
No Posto de Saúde
Em serviço Privado
27
50
44
Já extraiu pelo menos um dente 97
Usa prótese 50
113
3.5.2.2.4 Idosos
Atividade física
A recomendação médica para a prática de exercícios físicos em alguma consulta
alcançou 52% (n = 63) da amostra de idosos, em maior proporção nas áreas do PSF
(58%; n = 49) em relação as de UBS Tradicionais (37%; n = 14). Esta mesma
recomendação na última consulta foi referida por 48% (n = 56) dos idosos, sendo que
neste caso a diferença observada entre os modelos não se mostrou significativa (Tabela
3.47).
Tabela 3.47 - Atividade física dos idosos estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Maceió (%) Indicador
PSF Tradicional Total
Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos 58 37 52
Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos na última consulta 52 38 48
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
A prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica entre os idosos foi de 72% (n =
106), sendo o tempo médio que os idosos sabiam de sua hipertensão igual à 8,5 anos (dp
= 8,9) (Tabela 3.48).
A consulta por hipertensão aconteceu na UBS da área para 63% dos idosos (n =
64), tendo sido agendada para 59% (n = 41) dos usuários. Daqueles que buscaram a
UBS de sua área, a maioria (51%, n = 32) conseguiu ser atendido no mesmo dia da
solicitação da consulta; 41% (n = 26) conseguiu atendimento para a mesma semana e
8% (n = 5) para oito dias ou mais. O tempo decorrido desde a última consulta por HAS
foi de 30,6 dias (dp = 26,0) - (Tabela 3.48).
O uso de medicamentos para o controle da pressão arterial era uma realidade
para 95% (n = 101) dos idosos hipertensos e 58% (n = 61) afirmaram ainda utilizar
outras formas de tratamento além daquelas indicadas pelo médico (Tabela 3.48).
114
Participar de atividades de grupo dedicadas aos hipertensos na UBS foi uma
afirmação de 25% (n = 26), enquanto a hospitalização por HAS aconteceu para 7 % (n =
7) nos últimos dois anos (Tabela 3.48).
De modo geral os índices foram semelhantes entre os modelos de atenção, não
tendo sido observadas diferenças significativas.
Tabela 3.48 - Hipertensão Arterial Sistêmica nos idosos estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Maceió Indicador
PSF Tradicional Total
Prevalência de HAS (%) 74 68 72
Tempo médio de diagnóstico (anos) 8,6 8,0 8,5
Consulta por HAS na UBS da área (%) 66 57 63
Consulta agendada (%) 58 65 59
Agendamento para o mesmo dia (%) 49 56 51
Agendamento para outro dia na mesma semana (%) 45 31 41
Agendamento para mais de uma semana (%) 6 13 8
Tempo desde a última consulta (dias) 28,8 36,4 30,6
Precisa usar medicamentos para HAS (%) 95 97 95
Outras formas de tratamento (%) 57 60 58
Participação em grupos de HAS (%) 26 20 25
Hospitalização por HAS nos últimos dois anos (%) 7 7 7
Diabetes Mellitus (DM)
O diagnóstico de DM foi informado por 22% (n = 31) dos idosos entrevistados,
sendo o tempo médio que tinham conhecimento do diagnóstico de 9,6 anos (dp = 8,5) –
(Tabela 3.49).
115
A maioria dos idosos (68%; n = 19) afirmaram consultar por diabetes na UBS da
área, dos quais 62% (n = 13) tiveram sua consulta agendada. O tempo médio decorrente
desde a última consulta foi de 40,3 dias (dp = 76,1) - (Tabela 3.49).
O uso de medicamentos para o controle de DM era uma realidade para 87% (n =
27) dos idosos, enquanto outras formas de tratamento além daquelas indicadas pelo
médico eram adotadas por 36% (n = 11) - (Tabela 3.49).
Participar de atividades de grupo dirigida aos diabéticos na UBS foi uma
afirmação de 32% (n = 10) desta amostra, e a hospitalização por DM aconteceu para
apenas um idoso (3%) nos últimos dois anos (Tabela 3.49).
Os índices das variáveis relacionadas ao problema de DM não demonstraram
diferenças significativas na comparação entre os modelos de atenção.
Tabela 3.49 - Diabetes Mellitus nos idosos estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Maceió Indicador
PSF Tradicional Total
Prevalência de diabetes (%) 23 19 22
Tempo médio de diagnóstico (anos) 10,5 6,7 9,6
Consulta por diabetes na UBS da área (%) 70 63 68
Consulta agendada (%) 56 80 62
Agendamento para o mesmo dia (%) 43 40 42
Agendamento para outro dia na mesma semana (%) 50 40 47
Agendamento para mais de uma semana (%) 7 20 11
Tempo desde a última consulta (dias) 41,0 38,0 40,3
Precisa usar medicamentos para diabetes (%) 83 100 87
Outras formas de tratamento (%) 26 63 36
Participação em grupos de diabetes (%) 35 25 32
Hospitalização por diabetes nos últimos dois anos (%) 0 13 3
116
Problemas Psíquicos
A proporção de idosos que referiram problemas de nervos foi de 27% (n = 39),
sendo o tempo médio que sabiam sofrer do problema igual à 17,0 (dp = 18,0) anos
(Tabela 3.50).
Apenas quatro (10%) idosos com problema psíquico consultaram por este
motivo na UBS de seu bairro, tendo sido agendadas para a maioria dos casos (75%; n =
3). Um idoso (25%) conseguiu atendimento no mesmo dia os outros três (75%) foram
atendidos na mesma semana. O tempo decorrente da última consulta em relação à data
da entrevista foi de 51,7 dias (dp = 62,6), sendo neste caso maior entre os residentes de
áreas de UBS Tradicionais (124,0 dias, dp = 0) que entre os de UBS do PSF (15,5 dias,
dp = 0,71) - (Tabela 3.50).
O uso de medicamentos para problema de nervos foi referido por 39% (n = 15)
dos idosos, enquanto outras formas de tratamento além da indicada pelo médico eram
adotadas por 46% (n = 18) - (Tabela 3.50).
Somente um idoso (3%) havia participado de atividades de grupo para
portadores de sofrimento psíquico (PSP) na UBS, sendo que nenhum havia sofrido
hospitalização nos últimos dois anos por este tipo de problema (Tabela 3.50).
117
Tabela 3.50 - Problemas de nervos nos idosos estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Maceió Indicador
PSF Tradicional Total
Prevalência de problema de nervos (%) 29 21 27
Tempo médio de diagnóstico (anos) 16,4 18,4 17,0
Consulta por problema de nervos na UBS da área (%)
7 22 10
Consulta agendada (%) 50 100 75
Agendamento para o mesmo dia (%) 50 0 25
Agendamento para outro dia na mesma semana (%)
50 100 75
Tempo desde a última consulta (dias) 15,5 124,0 51,7
Precisa usar medicamentos para problema de nervos (%)
43 22 39
Outras formas de tratamento (%) 53 22 46
Participação em grupos (%) 4 0 3
Hospitalização por problema de nervos nos últimos dois anos (%)
0 0 0
Cuidado domiciliar
A necessidade de cuidado domiciliar nos últimos três meses foi informada por
19% (n = 29) dos idosos amostrados no município, com maior prevalência nas áreas do
PSF (26%; n = 27). Utilizando uma escala de zero a dez, a satisfação média informada
com o atendimento domiciliar foi de 8,9 (dp = 1,8) - (Tabela 3.51).
Dos idosos, 26% (n = 39) afirmou necessitar de cuidados domiciliares com
regularidade, sem diferença significativa entre os modelos de atenção (Tabela 3.51).
118
Tabela 3.51 - Necessidades de cuidado domiciliar dos idosos estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE,
2005.
Maceió Indicador
PSF Tradicional Total
Cuidado domiciliar nos últimos três meses (%) 26 4 19
Necessidade de cuidado domiciliar com regularidade (%)
28 20 26
Satisfação com cuidado recebido (0 a 10) 8,8 10,0 8,9
Saúde bucal
Na amostra do Lote 2 do NE, a avaliação em saúde bucal apontou que no
grupo de idosos, 83% (n = 125) afirmou realizar limpeza dos dentes. Destes, 24% (n =
30) referiu escovar uma vez ao dia, 48% (n = 59) afirmou escovar os dentes duas vezes
ao dia, 28% (n = 33) três vezes ou mais ao dia (Tabela 3.52).
Em sua maioria (90% ; n = 112) faziam a limpeza com escova e pasta de dentes,
sendo que 38% (n = 54) costumava usar palito e / ou fio dental para auxiliar na higiene
(Tabela 3.52).
Apenas 11% (n = 17) afirmou ter recebido orientação em saúde bucal no último
ano. Destes, a maioria (35%, n = 6) afirmou ter recebido a orientação através de
programa de rádio ou tv; 29% (n = 5) de algum profissional da UBS (com exceção do
dentista e de ACS); 24% (n = 4) do dentista da unidade de sua área; e 6% (n = 1) de
amigo, de dentista da rede privada, e / ou através de outras formas (Tabela 3.52).
No último ano, 12% (n = 18) dos idosos tinham realizado revisão dos dentes;
11% (n = 16) teve dor de dentes; 4% (n = 6) fez tratamento para cárie; 13% (n = 19)
relatou ter sofrido de problemas na gengiva e 5% (n = 8) ter batido ou quebrado algum
dente (Tabela 3.52).
No ano anterior à entrevista, 13% (n = 20) foram atendidos por dentistas. Entre
os que receberam este atendimento, as UBS foram o local mais procurado (53%; n =
10), seguidas por consultórios privados (47%; n = 9). Quanto ao grau de satisfação com
o atendimento prestado, os dentistas obtiveram uma nota média de 9,0 e a maior parte
119
(80%; n = 16) afirmou ter tido seu problema resolvido. Apenas um (5%) precisou ser
encaminhado a serviços especializados, tendo conseguido este atendimento (Tabela
3.52).
Quase a totalidade da amostra (99%; n = 158) já havia realizado extração de
dente. Destes, 45% (n = 71) já haviam extraído mais de um dente e 55% (n = 87) todos
os dentes. Apesar disto, apenas 43% (n = 64) fazia uso de prótese em Maceió (Tabela
3.52). A maioria das próteses havia sido feita há mais de cinco anos (69%; n = 44), 19%
entre um e cinco anos (n = 12) e 8% (n = 5) há menos de um ano, sendo que 5% (n = 3)
não se recordava.
Menos da metade dos idosos (44%, n = 66) informou dificuldade para mastigar,
sendo que a ocorrência passada ou atual de ferida na boca foi mencionada por 13% (n =
20). O tempo médio de duração da ferida foi em média de 42,8 (dp = 68,6) meses e em
quatro (20%) idosos a ferida ainda persistia.
Tabela 3.52 - Características de saúde bucal dos idosos estudados em Maceió, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador Maceió (%)
Realiza limpeza dos dentes 83
Escova 3 vezes ou mais ao dia 28
Utilização de escova e pasta de dentes na higiene bucal 90
Utilização de palito e/ou fio dental na higiene bucal 38
Recebeu alguma orientação em saúde bucal no último ano 11
Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência 24
Fez revisão dos dentes no último ano 12
Teve dor de dente no último ano 11
Bateu / quebrou algum dente no último ano 5
Teve problemas de gengiva no último ano 13
Foi atendido por dentista no último ano No Posto de Saúde Em serviço Privado
13 53 47
Já extraiu pelo menos um dente 96
Usa prótese 43
120
121
4 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE EM
MACEIÓ
O Estudo de Linha de Base representa um primeiro tempo na avaliação do
PROESF e foi delineado para avaliar o desempenho da atenção básica à saúde e do PSF
no conjunto do Lote 2 NE e não em cada município. Assim, conforme os pressupostos
metodológicos da epidemiologia, a amostra de nove unidades básicas de saúde
estudadas (6 do PSF e 3 Tradicionais) não é suficiente para a plena comparação do PSF
com o modelo Tradicional em Maceió, mas de qualquer maneira, as comparações são
oferecidas como uma referência, que poderá ser utilizada por gestores e técnicos para
avaliar seus esforços na implantação da política de ABS nos municípios estudados. As
limitações ficam por conta da amostra de profissionais de saúde e principalmente da
população da área de abrangência das UBS. Entretanto, nos demais aspectos há uma
completa e detalhada avaliação, como, por exemplo, na caracterização institucional do
SUS, da atenção básica à saúde e das unidades de saúde estudadas. Assim, como estudo
de caso, o relatório oferece uma boa aproximação do perfil da atenção básica à saúde no
município.
A estratégia de organizar os achados de Maceió nas mesmas categorias do
Relatório Final do PROESF (Facchini et al, 2006) permitiu a descrição dos resultados
locais, do estado e do país. As comparações significam apenas uma referência à
disposição de gestores e profissionais de saúde de Maceió na identificação de avanços
obtidos e os pontos problemáticos da ABS local.
Em termos socioeconômicos e demográficos os indicadores descrevem, de modo
geral, uma melhor qualidade de vida em Maceió que no estado de Alagoas, mas ainda
pior em comparação às médias encontradas no Brasil. Em alguns casos, os indicadores
são bastante contrastantes, como em relação ao menor percentual de idosos na
população e à maior cobertura de água encanada do município.
122
A renda per capita nas comunidades foi semelhante entre as comunidades das
unidades PSF e Tradicionais e, em relação às condições de habitação a situação não
apontou diferenças significativas entre os modelos de atenção. Destacou-se o fato de
que havia um predomínio expressivo do estrato E, em que mais da metade da amostra
de todos os segmentos populacionais estudados estava incluída neste grupo, que possui
o menor padrão de consumo.
De modo geral, os indicadores de financiamento do sistema de saúde municipal
de Maceió apresentaram um desempenho abaixo da média observada no Lote 2
Nordeste. Positivamente destacou-se a maior proporção de PAB fixo por habitante e,
negativamente a proporção de recursos próprios aplicados em saúde que ainda não
alcança as exigências da EC 29.
Com o PSF implantado desde 1996, o município atingiu em 2005 a cobertura de
26% da população, ocupa assim a terceira pior cobertura do PSF entre os municípios do
Lote 2 NE. Além disso, este índice está abaixo da meta de 30% proposta pelo Ministério
da Saúde, na Fase 1 do PROESF, para cidades com porte populacional de 500.000 até
menos de dois milhões de habitantes. Logo, o PSF encontra-se em uma fase
intermediária enquanto estratégia de reorientação e reorganização da ABS no
município, em que seria necessária a implantação de cerca de 134 novas equipes de
saúde da família e de novos serviços de saúde para atingir o equivalente necessário para
toda população de Maceió. Também é necessário destacar o aspecto da melhoria da
estrutura física dos serviços, tanto do ponto de vista da adequação das dependências
quanto da disponibilidade de materiais e insumos.
No âmbito da gestão da ABS destaca-se a referência de 67% dos profissionais à
supervisão semanal; de 91% dos trabalhadores estarem satisfeitos com seu vínculo de
trabalho; além da prestação de atividades para o cuidado integral - inclusive com
atividades de grupos. Entretanto, seria importante melhorar os índices de capacitação
dos profissionais de saúde e seguir investindo na supervisão destes para o
desenvolvimento do SUS e da saúde da população no município.
As relações de trabalho indicaram o predomínio de ingresso por concurso
público (74%), tornando o vínculo de trabalho tipicamente precário a realidade da
minoria dos entrevistados (14%). O acesso às publicações do MS foi baixo, sendo esse
um aspecto que o município pode investir mais efetivamente para qualificação da ABS.
123
Os indicadores de desempenho do sistema de saúde incluídos no Pacto da
Atenção Básica apontam para uma situação intermediária em Maceió, quando
comparado à Alagoas e Brasil. Favoráveis ao município destacaram-se os indicadores
de proporção de óbitos em menores de um ano por causas mal definidas; razão entre
exames de CP em mulheres de 25 a 59 anos e a população na faixa etária; proporção de
nascidos vivos com 7 ou mais consultas de pré-natal; taxa de internação por acidente
vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e diabetes mellitus.
Entretanto, alguns dos indicadores de saúde da criança e da mulher, além dos índices de
mortalidade por doenças crônicas e cobertura em saúde bucal tiveram um desempenho
bem abaixo do observado no estado e país.
O desempenho da ABS local para todos os grupos populacionais destacou-se em
relação a imunizações infantis; à utilização da UBS de abrangência para consultas por
pneumonia; às orientações de aleitamento materno fornecidas pela UBS da área durante
a gestação; e pela opinião positiva sobre os atendimentos recebidos nas unidades locais.
Em razão da amostra populacional não ser representativa para o município, não é
possível fazer afirmações conclusivas à respeito do desempenho dos modelos de
atenção em Maceió. Sendo assim, não foram observadas grandes diferenças entre os
modelos, mas os resultados permitem observar uma tendência favorável ao PSF, que
teve melhor desempenho quanto à cobertura de algumas vacinas; quanto às orientações
em saúde bucal por dentistas das UBS; orientações prestadas em aleitamento materno;
quanto à utilização da UBS por outros motivos; e quanto ao cuidado domiciliar e
recomendação de prática de atividades físicas entre idosos. Entretanto, a efetividade das
UBS estudadas precisa ser ampliada de modo geral, incluindo a recomendação de
exercícios físicos, pré-natal, puericultura, atendimento de hipertensão, diabetes,
problemas psíquicos e saúde bucal.
Em conclusão, a atenção básica em saúde em Maceió apresenta um desempenho
geral razoável em comparação à média do Lote, mas com um importante potencial de
superação dos problemas. Seus problemas são similares aos do conjunto dos municípios
avaliados e seus pontos fortes necessitam de consolidação, no sentido de melhorar os
benefícios à população local.
124
125
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