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ARTIGO PDE 2010: Uma Reflexão Pedagógica a partir das DCEs
no cotidiano do Colégio Estadual Lysímaco Ferreira da Costa.
Autora:Maria Vera Lucia da Silva Ferreira1
Orientadora:Maria Simone J.Novak2
Resumo Este artigo apresenta a busca de possibilidades de reflexões e estudos teóricos dos docentes atuantes na rede pública estadual do Ensino Fundamental e Médio no processo de formação permanente e continuada compartilhando meus estudos e o desempenho da função de pedagoga na mediação de discussões coletivas e análises sobre o fazer pedagógico das ações docentes .Dentro do atual contexto histórico que exige mudanças educacionais em favor dos sujeitos da Educação Básica,quais sejam crianças,jovens e adultos para que a Escola possa responder a sua real função social que é garantir o acesso ao conhecimento como direito do educando, os docentes do processo educacional público paranaense que são o públicoalvo para quem os momentos de estudos foram previstos e realizados participaram em sua maioria desde a versão preliminar das Diretrizes Curriculares Estaduais de 2003, contribuindo com as discussões sobre esta opção curricular que se fundamenta no campo das teorias críticas da educação,assumindo um currículo disciplinar que dê ênfase à escola pública como lugar de socialização do conhecimento.Devo ressaltar que os aspectos teóricometodológicos abordados são essencialmente os que constam no documento oficial das DCEs (SEED,2008).Objetivando um universo mais amplo de estudos teóricos sobre o currículo e a práxis do trabalho educativo desenvolvida no cotidiano da instituição onde os docentes como sujeitos epistêmicos do conhecimento em suas dimensões científica,filosófica e artística sobre suas disciplinas curriculares como objeto de estudo e trabalho docente muito contribuíram para a implementação e os resultados alcançados contextualizados numa abordagem históricocrítica da Educação. Palavraschave : Fundamentação teórica; Currículo; Ação Docente; Formação Continuada.
1 Introdução
1 Pós Graduada em Didática e Metodologia de Ensino, Graduada em Pedagogia. Pedagoga do Colégio Lysímaco Ferreira da Costa – E.M.F – Paranapoema PR2
Para relatar minha experiência durante a intervenção pedagógica, considero
importante fazer uma reflexão sobre o trabalho que realizo dentro do campo
educacional: atuo há oito anos como pedagoga na Instituição escolar da Rede
Pública do estado do Paraná. Este trabalho é bastante desafiador sobretudo diante
das tantas funções que são direcionadas ao professor pedagogo dentro do espaço
escolar. Assim, o artigo que ora desenvolvo é fruto de uma etapa de estudos que
considero prioritários dentro das ações do meu plano de ação anual: a formação
continuada dos docentes, na medida das possibilidades, para entender a realidade
educacional da qual são estes docentes são os sujeitos epistêmicos e a escola onde
atuam, o espaço ideal para a reflexão sistematizada do documento organizador da
prática pedagógica que constitui as diferentes disciplinas como campo do
conhecimentos e contextualiza os interesses políticos,econômicos e sociais que
interferiram na seleção dos saberes e nas práticas de ensino trabalhados na escola
básica e o mais importante a escola pública que pretende recuperar a sua real
função, que é ensinar,dar acesso ao conhecimento socializado e ….
Considerando a Educação em sentido lato, podese afirmar que ela envolve
todas as instâncias da sociedade. A estrutura social criada para cumprir a função de
transmissora dos saberes sistematizados, dos conhecimentos científicos
historicamente acumulados é a escola, através do processo de ensino e de
aprendizagem dos diferentes componentes curriculares. Cada conteúdo de estudo a
ser desenvolvido no ambiente escolar, mais precisamente na sala de aula, precisa
ganhar sentido no processo educativo, em função dos grupos concretos de alunos e
do contexto cultural nos quais estão inseridos. Para isso o currículo é o elemento
essencial, constituindose como o elo entre a sociedade e a escola de modo
contextualizado.
O conhecimento é um bem comum,por isso deve ser socializado.A escola é o
espaço para a socialização do conhecimento formal historicamente construído.A
análise do currículo é uma condição para se conhecer a escola e as práticas que se
desenvolvem dentro dela na permanente função social de transmissora de
cultura.Todas as finalidades educativas são reflexos do currículo adotado.O valor
cultural da escola se manifesta no referencial curricular que define os
objetivos,conteúdos, encaminhamentos metodológicos e avaliação propostos para
uma determinada etapa de estudos.Tratandose aqui,de modo específico da
Educação Básica, do Ensino Fundamental do Estado Paraná, através Secretaria de
Estado da Educação SEED e os setores a ela vinculados a partir das políticas
públicas do governo federal e das linhas de ações traçadas pela decisão política do
governo do Estado que possuem a missão de garantir o acesso à Educação Básica
e o atendimento pedagógico/educativo dos educandos tendo como princípios
norteadores: a educação como direito do cidadão, a universalização do
ensino,escola pública, gratuita e de qualidade, o combate ao analfabetismo,apoio à
diversidade cultural,organização coletiva do trabalho pedagógico e gestão
democrática.As preocupações com a democratização educacional neste momento
histórico da educação paranaense,expressa o compromisso políticoadministrativo
quanto à produção de um ensino de qualidade eu grau de consciência político
pedagógica atingida pelos educadores paranaense efetivados pelas ações nas
escolas,orientadas pelo Projeto Político Pedagógico documento que dá autonomia a
comunidade escolar para definir os projetos educacionais que atendam às
expectativas de aprendizagem ,com o propósito real de se chegar a uma sociedade
mais justa que garanta efetivamente os direitos dos cidadãos.
A depender das políticas públicas em vigor,o papel da escola definese em formas muito diferenciadas. Da perspectiva das teorias críticas da educação,as primeiras questões que se apresentam são: Quem são os sujeitos da escola pública ? De onde eles vêm ? Que referências sociais e culturais trazem para a escola? Ao definir qual formação se quer proporcionar a esses sujeitos , a escola contribui para determinar o tipo de participação que lhes caberá na sociedade. Por isso,as reflexões sobre currículo têm,em sua natureza,um forte caráter político (DCEs, 2009, p.14).
Isso significa dizer que a escola tem que oferecer campos de possibilidades
de conhecimento, onde por meio do trabalho pedagógico desenvolvido, as
oportunidades sejam iguais para todos.
Desta perspectiva, a função social da escola deve ser o cenário de práticas
curriculares que reflitam sua realidade,limites e possibilidades de ampliar debates
sobre a pluralidade cultural de modo contextualizado no processo ensino e
aprendizagem realizado por docentes e educandos para que aconteça uma
transformação emancipadora.
Assim, a perspectiva desse texto não se configura como um material que
contenha fundamentos definitivos, absolutos, mas sim uma análise dos estudos
proporcionados em favor da formação continuada do grupo de docentes atuantes na
Escola Pública do Estado do Paraná, mais precisamente do Colégio Estadual
Lysímaco Ferreira da Costa do município de Paranapoema e dos participantes do
GTRGrupo de Trabalho em Rede desenvolvido pela SEEDPR.
2. As DCE´s, opção curricular da Educação Básica.
A escolha dessa temática de trabalho devese ao fato de que, dentro da
minha atuação na equipe pedagógica da referida Instituição Escolar percebi a
necessidade de fundamentos teóricos/metodológicos e reflexões sobre o cotidiano
pedagógico que precisa ser abordado de forma reflexiva por todos os docentes
atuantes no processo educacional do Ensino Fundamental e Ensino Médio desta
instituição. As DCEs como currículodocumento deve ser objeto de análise contínua
dos sujeitos da Educação, sobretudo relacionada à concepção de conhecimento que
ele carrega.
É oportuno citar que estes dois grupos de professores demonstraram muita
preocupação com as questões relacionadas ao Currículo Escolar e sua expressão
dinâmica.
[…] Se o currículo é uma prática desenvolvida através de múltiplos processos e na qual se entrecruzam diversos subsistemas ou práticas diferentes, é óbvio que, na atividade pedagógica relacionada com o currículo, o professor, é elemento de primeira ordem na concretização desse processo [...](SACRISTÁN, 2000, p.165).
Nesta perspectiva, objetivase neste artigo uma análise em duas dimensões
consideradas básicas, quais sejam: a) uma retomada da explicitação da prática
social dos docentes envolvidos no processo, fundamentada na contextualização
sóciohistórica da Educação e considerando o currículo como configurador da
prática docente e b) a formação continuada do docente, tanto do ponto de vista
teórico, quanto do trabalho pedagógico do ensino e da aprendizagem, isto é, a
articulação da práxis norteada pelas diretrizes curriculares orientadoras da
Educação Básica que visam à garantia da apropriação do conhecimento científico
pelos estudantes da rede pública.
Acerca dessa discussão, podese retomar a perspectiva de Saviani que
assim se expressa:
Os professores precisam submeter a uma crítica impiedosa a prática que desenvolvem,revejam sua própria ação pedagógica auxiliados e/ou provocados pelas reflexões apresentadas. A especificidade da contribuição pedagógica será mais eficaz quanto mais o professor for capaz de compreender os vínculos da sua prática, com a prática social global. (arrumar recuo, colocar ano, página.
O tempo vivenciado nos momentos de estudos e reflexões que antecederam
a construção deste artigo sobre seu objeto de estudo que é o fruto de ampla
discussão entre os profissionais da Educação qual seja:as DCEs,Diretrizes
Curriculares Estaduais,atualmente denominadas Diretrizes Curriculares
Orientadoras da Educação Básica justificam sua relevância, pautada numa
dimensão essencialmente formativa e reflexiva do públicoalvo para quem foi
proposta e desenvolvida a intervenção pedagógica.
É importante ressaltar que a ênfase é dada na contextualização do processo
de ensino e de aprendizagem dentro de uma análise didáticopedagógica que seja
política e histórica, tendo o educador e sua formação como essencialidades, na
análise das concepções,abordagens e perspectivas das teorias tradicionais às
teorias críticas da Educação.
[…] quando uma nova proposição curricular é apresentada às escolas, como fruto da discussão coletiva, haverá também criação de novas práticas que irão além do que propõe o documento, mas respeitando seu ponto de partida teóricometodológico (DCEs, 2009, p.16).
Os resultados previstos e alcançados, fundamentados nos princípios
teóricos, constituemse respostas ao que considero ação significativa de ordem
desafiadora dentro da minha função como pedagoga na organização e mediação do
trabalho pedagógico afim de subsidiar a prática educativa atendendo às
necessidades e às expectativas dos docentes atuantes nas diferentes disciplinas
das áreas do conhecimento para a superação dos problemas e desafios relativos ao
ensino e aprendizagem.Haja visto que as DCEs estão postas no Projeto Político
Pedagógico e seus pontos referenciais privilegiam a discussão coletiva,numa
abordagem histórico e crítica, e no respaldo teórico dos estudiosos como suporte
epistemológico.
É sensato e profissional analisar a relação educaçãodocência formação
continuada a partir do contexto real vivenciado na instituição de ensino.À medida
que passamos a entender mais essas questões, tendo como parâmetros a
organização curricular no processo educacional dos sujeitos da Educação Básica,
adquirimos novos olhares para com os nossos educandos na dimensão da sua
formação necessária para o enfrentamento à transformação da realidade social,
econômica e política do seu tempo.Assim prioriza se neste trabalho científico um
olhar para dentro da escola ,dos fazeres pedagógicos do cotidiano,do ambiente
escolar como local privilegiado para as análises e reflexões sobre o currículo e dos
educadores como legítimos atores da possibilidade de intervenção pedagógica que
expressa a concepção das teorias críticas,da pedagogia históricocrítica e do
currículo como configurador da prática educativa em função das necessidades
sociais a que deve corresponder.
Fundamentandose nos princípios teóricos expostos, propõese que a
Educação Básica ofereça ao estudante, a formação necessária para o
enfrentamento dos desafios contemporâneos como as questões
sociais,econômicas,raciais e ambientais que,embora não sejam genuínos da escola,
nela se refletem em situações tão concretas que devem ser discutidas com vistas à
transformação da realidade social, econômica e política de seu tempo.Para isso o
coletivo escolar deve ter a clareza de forma consciente e fundamental que tanto os
conhecimentos universais,como os desafios do cotidiano podem e devem ser
discutidos,suscitando a busca de suportes concretos para que o currículo possa
expressar o projeto de educação e de sociedade que se almeja.
A Educação, na medida em que é uma mediação no seio da prática social global,cabe possibilitar que as novas gerações incorporem os elementos herdados de modo que se tornem agentes ativos no processo de desenvolvimento e transformação das relações sociais (Saviani, 1994, p.143).
Ao focalizar o tema “Uma reflexão Pedagógica a partir das Diretrizes
Curriculares Estaduais no cotidiano do Colégio Estadual Lysimaco Ferreira da
Costa” como conteúdo deste trabalho sobre a formação continuada dos professores,
suscito questões relativas aos conhecimentos teóricos para o embasamento legal e
os conhecimentos metodológicos para o desenvolvimento do trabalho pedagógico
desenvolvido em sala de aula tendo o currículo como prática para a qualidade da
educação básica proposta e pretendida pela Secretaria de Estado da Educação do
Paraná, em favor dos estudantes das classes menos favorecidas para que estes
possam ter um projeto de futuro que vislumbre trabalho, cidadania e vida digna
(DCEs, 2009).
1 Destaco as idéias da literatura educacional de alguma autores tais como :
(Sacristán,2000) na perspectiva de trabalho sobre o currículo,entendido como algo
que adquire forma e significado educativo a medida que sofre uma série de
processos de transformação dentro das atividades práticas escolares,na sua obraO
CurrículoUma reflexão sobre a prática. (Saviani,1997) em sua obra de grande
aceitação entre os docentesEscola e Democracia explicita a Teoria da Curvatura
da Vara (expressão emprestada de Lênin) em 3 teses:1ª (filosóficohistórica);2ª
(pedagógicometodológica; 3ª(especificamente política). (Gasparin,2011) em sua
publicação: Uma Didática para a Pedagogia Histórico crítica,que traduz o
movimento do trabalho pedagógico proposto pela pedagogia históricocrítica,que vai
da prática social inicial a nova prática social pela mediação da
teoria.Também(Arroyo,2008) na ´publicação do MEC elaborada em 5 cadernos
priorizando os eixos organizadores do Currículo,faz a abordagem sobre o currículo e
os sujeitos da ação educativa:Educando e Educadores.
Nessa perspectiva, o coletivo de docentes educadores são atores da
intervenção pedagógica na intencionalidade de comprometimento profissional com a
sua formação continuada e do ambiente escolar como local privilegiado para
aprofundar conhecimentos sobre os aspectos teóricos que influenciam a prática
pedagógica. As ações previstas para este trabalho têm um peso significativo para
agregar momentos de açãoreflexãoação sobre o objeto de estudo do professor
como pesquisador permanente, isto é, sua disciplina curricular.
2.1 Análise ao Contexto Educacional.
Para um melhor entendimento do objeto deste estudo, uma primeira
consideração referese à conceituação do que seja uma diretriz. Assim, entre suas
possibilidades de definição, evidenciase no dicionário Aurélio que diretriz “é a linha
reguladora do traçado de um caminho, uma estrada. É também uma norma de
procedimento diretiva”. No contexto educacional, diretriz ou diretrizes são as
orientações normativas comuns, são os fundamentos e procedimentos a serem
seguidos na organização institucional e curricular.
Com esse entendimento,sobre a fundamentação legal que estabelece as
políticas educacionais, abordo a questão da organização e reforma do sistema de
ensino ao final da década de 1990, que resultaram em um processo de
descentralização pelo qual se ampliava a responsabilidade dos estados sobre a
gestão e o provimento da educação em todos os níveis.A Lei de Diretrizes e Base da
Educação LDBnº 9394/96, promulgada em 1996 que deu sustentação à reforma
educacional, abriu a possibilidade dos estados e municípios organizarem seus
próprios sistemas de ensino. As demandas regionais desenvolverseiam segundo
as condições econômicas, políticas e sociais de cada unidade da Federação.
No Paraná, a escola pública vem sendo replanejada nos últimos anos,
trazendo uma luz diferenciada para a prática pedagógica. Um olhar para dentro das
escolas públicas permitiu identificar que as políticas educacionais brasileiras, através
do projeto neoliberal3 de educação, difundido no documento denominado PCNs
Parâmetros Curriculares Nacionais, secundariza a função da escola. O currículo tem
como foco as experiências vivenciadas pelo educando, a partir de seus interesses e
sob a tutela da escola. As críticas a esse tipo de currículo referemse a uma
concepção fundamentada nas necessidades de desenvolvimento pessoal do
indivíduo, em prejuízo da aprendizagem dos conhecimentos científicos
historicamente construídos pela humanidade.
3 Neoliberalismo é o conjunto de ideias políticas e econômicas capitalistas que defende a não participação do Estado na economia.Trouxe uma nova forma de se ver a qualidade educacional no Brasil
Nesse contexto histórico e no processo de luta política, produto de ampla
discussão entre os sujeitos da educação, as diretrizes paranaenses se fundamentam
nas teorias críticas e são contextualizadas na formação de sujeitos históricos
educadores e educandos que, ao se apropriarem do conhecimento, compreendem
que as estruturas sociais são históricas, contraditórias e abertas às influências da
sociedade como um todo..
Conforme Saviani (1999), as teorias críticas da educação, dentro da
pedagogia histórico crítica estão centradas na igualdade entre os homens de
maneira dialética entre educação e sociedade, considerando que a sociedade é
dividida em classes com interesses opostos. É uma pedagogia a serviço da
transformação das relações de produção. Nesse sentido, o papel da escola é
transformar os conteúdos formais em conteúdos reais, dinâmicos e concretos. O
professor deve dominar os conteúdos científicos que serão organizados de forma
sistematizada e lógica dos conhecimentos, considerando que o aluno como agente
social, encontrase em nível diferente do professor, pois enquanto sua compreensão
do conteúdo é sincrética (mal elaborada), a compreensão do professor é sintética
(visão da totalidade e das diferentes determinações sociais).
Para Saviani (1999), as teorias educacionais estão classificadas em dois
grupos: teorias que entendem ser a educação um instrumento de equalização social
(superação da marginalidade) e teorias que entendem ser a educação um
instrumento de discriminação social, logo um fator de marginalização. Denominadas
de “ teorias não críticas“, pertencem ao primeiro grupo a pedagogia Tradicional, a
pedagogia Nova e a pedagogia tecnicista. Saviani defende que as” teorias crítico
reprodutivistas” não contém uma proposta pedagógica, se empenham tão somente
em explicar o mecanismo de funcionamento da escola tal como está constituída.
Assim,as teorias críticas compõem o segundo grupo,com ênfase na pedagogia
histórico crítica.
Uma teoria do tipo acima enunciado se impõe a tarefa de superar tanto o poder ilusório(que caracteriza as teorias nãocríticas)como a impotência(decorrente das teorias crítico reprodutivistas) colocando nas mãos dos educadores uma arma capaz de permitirlhes o exercício de um poder real,ainda que limitado […] Lutar contra a marginalidade na escola significa engajarse no esforço para garantir aos trabalhadores um ensino da
melhor qualidade possível nas condições históricas atuais [...] (Saviani,1983,p.42)
Essa teoria dialética do conhecimento é a expressão da prática social
geral,isto é,professor e aluno são coautores do processo ensino
aprendizagem.Favorecendo o diálogo com o aluno e levando se em conta seu
interesse e ritmo de aprendizagem,sem deixar de valorizar a cultura acumulada
historicamente é necessário que o professor trabalhe dentro de uma metodologia
que supere as contribuições dos métodos tradicionais e novos. A prática social
inicial, a problematização, a instrumentalização, a catarse e a prática social final são
transformadas em uma didática.
Segundo Gasparin (2011, p.8) assumir essa teoria do conhecimento no
campo da educação significa trabalhar um conhecimento científico e político
comprometido com a criação de uma sociedade democrática e uma educação
política. As três fases do método dialético de construção do conhecimento escolar,
quais sejam, prática, teoria, prática, partindo do nível de desenvolvimento atual dos
alunos, trabalhando na zona de seu desenvolvimento imediato, para chegar à um
novo nível de desenvolvimento atual. Conforme a Teoria Históricocultural de
Vigotski. Em seu conjunto, essa metodologia de ensinoaprendizagem apresenta
três características desafiadoras:1)nova maneira de planejar as atividades docente
discentes; 2)novo processo de estudo por parte do professor,pois todo conteúdo a
ser trabalhado deve ser visto de uma perspectiva totalmente diferente da tradicional;
3)novo método de trabalho docentediscente que tem por base o processo dialético:
práticateoriaprática. Este trabalho desenvolvido por Gasparin tem a Teoria
Dialética do Conhecimento e a Teoria Históricocultural como suporte
epistemológico, e representa um esforço e uma tentativa de traduzir para a prática
docente e discente a pedagogia históricocrítica.
Ao encontro dessa perspectiva, as DCEs ao definir qual formação se quer
para os sujeitos da Educação Básica, reconhecem que crianças, jovens e adultos
têm na escola pública, muitas vezes, a única oportunidade de acesso ao mundo
letrado, dessa forma é necessário assumir um currículo interdisciplinar para dar
ênfase às escolas como lugar de socialização do conhecimento, em suas dimensões
científica, filosófica e artística. Assim, o documento buscou manter o vínculo com o
campo das teorias críticas da educação e com as metodologias que priorizem
diferentes formas de aprender, ensinar e avaliar em todas as disciplinas.
Para encaminhar esta etapa de estudos da intervenção pedagógica é
necessário problematizar: O que é uma diretriz? O que são as Diretrizes Curriculares
Estaduais da Educação Básica? Quem são os envolvidos no processo de formação
continuada voltada à legitimação dessa organização curricular?Quando você
professor ou professora iniciou seu trabalho docente com essa opção curricular?
Qual a concepção teórica que fundamenta estas DCEs? Qual a classificação das
teorias educacionais defendidas por Saviani? Qual o contexto de socialização dos
conteúdos científicos para a escolaprofessoraluno dentro das DCEs?
A relevância que tem o problema da prática no conhecimento e na pesquisa pedagógica e, mais concretamente,a relação teoriaprática, é outra razão a mais para a atualização da discussão em torno dos problemas curriculares,a medida que são agentes na configuração das práticas de ensino.Se a prática é impensável sem ser concebida como expressão de múltiplos usos,mecanismos e comportamentos relacionados com o desenvolvimento de um determinado currículo,a comunicação teoriaprática não pode desconsiderar a mediatização curricular como canal privilegiado”.(Sacristán,2000,p.29)
Segundo o autor, “estamos frente a um núcleo temáticoestratégico para
analisar a comunicação entre as idéias e os valores, por um lado, e a prática, por
outro. Uma parte importante da teoria moderna do currículo versa sobre a separação
desses extremos e sobre as razões que a produzem. O próprio discurso sobre a
relação teoriaprática se nutre da teoria e das práticas curriculares. Um discurso que
deve ultrapassar os estreitos limites da aula. Na configuração e desenvolvimento do
currículo, podemos ver se entrelaçarem práticas políticas, administrativas,
econômicas, organizativas e institucionais, junto a práticas estritamente didáticas.
Dentro de todas elas agem pressupostos muito diferentes, teorias, perspectivas e
interesses muito diversos, aspirações e gestão de realidades existentes, utopia e
realidade. A Compreensão do currículo,a renovação da prática, a melhora da
qualidade do ensino através do currículo não devem esquecer todas essas inter
relações” (Sacristán,2000.p.29) Conforme ARROYO,2000,p.17( ..) ”.a reflexão sobre
o currículo está instalada nas escolas.Durante as últimas décadas,o currículo tem
sido central nos debates da academia,da teoria pedagógica,da formação docente e
pedagógica (…).
A importância para o professor reside no fato de que é um ponto de
referência no qual, de forma paradigmática, podem se apreciar as relações entre as
orientações procedentes da teoria e da realidade da prática, entre os modelos ideais
de escola e a escola possível, entre os fins pretensamente atribuídos às instituições
escolares e às realidades efetivas.
E pautada na afirmativa dos autores para melhor compreender a
problemática que levou a uma intervenção pedagógica tendo em vista
aprofundamento de estudos e reflexões sobre a teoriaprática, finalidades e
desenvolvimento de uma proposta curricular como ponto central para a melhoria da
qualidade de ensino e aprendizagem concretamente no espaço pedagógico da
Escola Pública onde atuo, argumento a importância da práxis no processo
pedagógico porque entendo que um dos pressupostos fundamentais para as ações
docentes é como deve ser essa compreensão da relação teoria e prática. Deve ser
compreendida não apenas como um princípio orientador para as ações
pedagógicas, mas sim, como princípio de reflexão do modo como através destas
ações se possa compreender a realidade na qual está inserido, analisála e
transformála. Assim a unidade entre teoria e prática se converte em práxis através
dos conhecimento teóricos e epistemológicos do professor em sua intencionalidade
educativa dos educandos de forma socialmente significativa para eles. E uma das
grandes finalidades da Educação Básica na atualidade é: propiciar o
desenvolvimento físico, intelectual, social e emocional do educando,tendo em vista a
construção de sua autonomia intelectual e moral.
O processo da concretização deste trabalho conta com a compreensão e
coerência diante dos obstáculos e dificuldades das situações impostas pela
realidade, fazendo com que nem todos os docentes pudessem participar dos
estudos., apesar de reconhecerem a necessidade de buscar pressupostos teóricos
sobre o currículo para sua atuação profissional, estabelecendo uma fundamentação
em função da opção curricular das DCEs. Dessa forma um grupo não conseguiu
conciliar o tempo/ horário para estes estudos, por já estarem inscritos e participando
de outras formas de capacitação oferecidos pela SEED e também há docentes
cursando pósgraduação aos finais de semana. E foi justamente esta a única e mais
positiva alternativa/opção por mim encontrada para ações aplicáveis na perspectiva
de alcançar os objetivos propostos: estudos aos sábados,com carga horária de 32
horas e certificação aos participantes de Curso de Extensão da IESUnespar
Campus Paranavaí.
2.2 Reflexões sobre o currículo.
Cumpre ainda esclarecer que falo do currículo porque entendo que as DCEs
como orientações normativas, são os fundamentos e procedimentos a serem
seguidos na organização institucional e curricular do atual contexto da Educação
Básica da rede estadual do ensino do Paraná. Numa concepção crítica de
educação, esta organização curricular possibilita ao trabalho pedagógico a direção
da totalidade do conhecimento e não uma fragmentação dos saberes escolares.
Partindo da constatação de que há um clima propício nas escolas ao repensar dos
currículos,foi proposto aos participantes como docentes educadores,uma postura
crítica sobre a prática pedagógica que desenvolvem e sobre a concepção curricular
das DCEs que orienta e reflete os processos de ensinar e aprender. Para uma
melhor compreensão do conteúdo apresentado os textos teóricos aqui descritos
foram subsídios para discussões posteriores.
O currículo não é um conceito, mas uma construção cultural. Isto é, não se trata de um conceito abstrato que tenha algum tipo de existência fora e previamente à experiência humana. É, antes, um modo de organizar uma série de práticas educativas (GRUNDY, 1987 apud, SACRISTÁN, 2000, p.14).
É de grande relevância o envolvimento de todos os sujeitos da educação
com as propostas curriculares, quando se considera o currículo como um documento
de análise contínua de todos os envolvidos no processo educativo.
Algumas das “impressões globais” que, tal como imagens, nos trazem à mente o conceito de currículo. São significados demarcados no pensamento especializado mais desenvolvido e nos tratados sobre esta matéria. Algumas dessas imagens são as seguintes: o currículo como conjunto de conhecimentos ou matérias a serem superadas pelo aluno dentro de um
ciclo – nível educativo ou modalidade de ensino é a acepção mais clássica e desenvolvida; o currículo como programa de atividades planejadas, devidamente seqüencializadas, ordenadas metodologicamente tal como se mostram, por exemplo, num manual ou num guia do professor; o currículo também foi entendido, às vezes, como resultados pretendidos de aprendizagem; o currículo como concretização do plano reprodutor para a escola de determinada sociedade, contendo conhecimentos, valores e atitudes (SCHUBERT, 1986, apud SACRISTÁN, p.26).
De acordo com o excerto acima, entendemos que o currículo dentro da sua
função social do plano educativo é um elo entre a sociedade e a escola de modo
contextualizado, neste sentido o entendimento acerca das teorias sobre o currículo
também se fazem pertinentes, assim evidenciase que:
As teorias do currículo se caracterizam pelos conceitos que enfatizam. São elas: Teorias Tradicionais: (enfatizam) ensino aprendizagem avaliação metodologia didática organização planejamento eficiência objetivos. Teorias Críticas: (enfatizam) ideologia reprodução cultural e social poderclasse socialcapitalismorelações sociais de produção conscientização emancipação currículo oculto resistência. Teorias PósCríticas:(enfatizam)identidade alteridadediferenças objetividade significação e discursos saber e poder representação cultura, gênero – raça etnia sexualidade –multiculturalismo (SILVA, 2005, p17).
Nesse sentido, uma breve retomada da história do currículo fazse pertinente,
para entendermos como o mesmo se configura ao longo do tempo, tomando as
características de tem na atualidade. Assim, de acordo com Elvira Souza Lima
(2008), um estudo cuidadoso da história do currículo na escola ao longo dos
milênios revela que quando falamos em formação humana, em incluir a cultura na
escola não estamos falando em algo totalmente novo no processo de escolarização.
A diferença é que hoje dispomos de muito mais conhecimento sobre o
desenvolvimento do ser humano, notadamente da criança. No entanto, o currículo
faz parte da educação de várias civilizações em momentos históricos distintos.
Segundo Lima (2008), um currículo para a formação humana precisa ser
situado historicamente, uma vez que os instrumentos culturais que são utilizados na
mediação do desenvolvimento, sempre introduzem novos conhecimentos conforme
o avanço tecnológico e científico e a complexidade crescente das áreas tradicionais
do currículo, como por exemplo, a ecologia a partir da biologia.
2.3 Currículo – Direito dos Educadores e Educandos.
É importante o conhecimento do educador sobre o currículo, considerandose
este documento impresso como uma orientação pedagógica sobre o conhecimento a
ser desenvolvido na escola, fruto de ampla discussão coletiva onde se colocam dois
importantes eixos: a intenção política que o currículo traduz e a tensão constante
entre seu caráter prescritivo e a prática docente. Nas últimas décadas, os
professores se afirmaram como trabalhadores em educação, avançaram no
conhecimento do trabalho docente e do mundo de seu trabalho, sua dimensão
política, cultural e ética. Esses conhecimentos passaram a ser vistos como um
direito da condição de trabalhadores em educação. Da mesma forma, os educandos
têm seu direito aos saberes sobre o mundo do trabalho, como uma dimensão ao
conhecimento socialmente produzido. Equacionar os conhecimentos e as
competências referentes ao mercado de trabalho nos levaria apenas a uma visão
pragmatista, utilitarista, parcializada e segmentada do conhecimento e do currículo,
que no nosso entendimento não cumpre a função da escola pública.
Um currículo para a formação humana é aquele orientado para a inclusão de
todos ao acesso dos bens culturais e ao conhecimento. O conhecimento é um bem
comum, portanto deve ser socializado a todos os seres humanos,
independentemente de suas experiências culturais, personalidades e formas de
perceber o mundo. Os conhecimentos oferecidos pelas neurociências, antropologia,
lingüística e pelas artes são imprescindíveis para responder aos desafios de uma
escola que promova a formação humana de todos os educandos e que também
amplie a experiência humana de seus educadores.
(…) No referente ético do direito à produção cultural da humanidade não serão secundarizadas as inovações tecnológicas na comunicação e informação como não será esquecida a diversidade de sistemas simbólicos e de linguagens,nem o domínio dos instrumentos, lógicas e formas de pensar e de apreender, que a humanidade acumulou e que capacitem as novas gerações para novas formas de pensar e de agir. (LIMA,2007,apud ARROYO,2008 ).
Um currículo que seja democrático deve ser um instrumento de formação
humana que torne o conhecimento, não somente uma aquisição individual, mas,
uma das possibilidades de desenvolvimento da pessoa que terá reflexos na vida em
sociedade. Ou seja, o conhecimento de cada um tem também uma dimensão
coletiva. O currículo é o instrumento por excelência desta socialização
2.4 O currículo: cruzamento de práticas diversas.
Segundo Sacristán (2000 .p.21) o currículo modelase dentro de um sistema
escolar concreto,dirigese a determinados professores e alunos,servese de
determinados meios,cristaliza,enfim,num contexto,que é o que acaba por lhe dar o
significado real. Daí que a única teoria possível que possa dar conta desses
processos tenha de ser do tipo crítico, pondo em evidência as realidades que o
condicionam. Por isso argumentamos que o currículo faz parte, na realidade, de
múltiplos tipos de práticas que não podem reduzirse unicamente à prática
pedagógica de ensino; ações que são de ordem política,administrativa, se
supervisão,de produção de meios, de criação intelectual,de avaliação,etc.,e que,
enquanto são subsistemas em parte autônomos e em parte interdependentes,geram
forças diversas que incidem na ação pedagógica. Âmbitos que evoluem
historicamente, de um sistema político e social a outro,de um sistema educativo a
outro diferente.
Todos esses usos geram mecanismos de decisão,tradições,crenças,
conceitualizações, etc, que ,de uma forma mais ou menos coerente,vão penetrando
nos usos pedagógicos e podem ser apreciados com maior clareza em momentos de
mudança
2.5 O Currículo na perspectiva histórico crítica.
Conforme Nereide Saviani (1994) a pedagogia históricocrítica enfatiza que a
educação escolar deve transformar o saber elaborado/clássico em saber escolar.
saberes escolares: a leitura, a escrita, o cálculo saber elaborado : teórico, metódico,
sistematizado.
A escola, sob o ponto de vista da didática e do currículo cumpre a função de
mediadora entre o conhecimento espontâneo e o sistematizado, propiciando às
camadas populares os instrumentos de acesso ao conhecimento científico.
A organização curricular não se restringe a métodos, técnicas e programas,
diz respeito á tarefa principal da escola: o ensino;
O currículo e os conteúdos não são neutros. Por isso é preciso uma visão de
historicidade, da compreensão dos conteúdos em uma dimensão críticosocial.
O aluno é um indivíduo concreto,histórico e social,portanto seu conhecimento
não é neutro,mas histórico e socialmente determinado.
2.6 As Diretrizes Curriculares Estaduais e suas proposições curriculares.
Neste item, será discutido um pouco acerca da construção e dos
fundamentos das Diretrizes Curriculares para a educação pública do Estado do
Paraná.Em âmbito nacional evidenciase que o artigo 26 da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional dá autonomia aos estabelecimentos de ensino de
definirem a reorientação curricular que atenda as necessidades da sociedade para a
qual se destina. Nesta perspectiva de justificar a existência da escola pública, as
DCEs são o resultado das discussões propostas para os professores da educação
básica do Paraná numa abordagem histórico e crítica a respeito do currículo, na
constituição das disciplinas escolares, de sua relevância, função e de sua relação
com as ciências de referência.
Artigo 26 Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar,por uma parte diversificada,exigida pelas características regionais e locais da sociedade,da cultura ,da economia e da clientela (Brasil,1996).
Com a perspectiva de atender aos desafios postos pelas orientações e
normas vigentes, bem como a liberdade de organização curricular, a Secretaria de
Estado da Educação do Paraná SEED, desde 2003, iniciou a construção das
Diretrizes Curriculares da Educação Pública do Estado do Paraná. Diante desse
processo, os professores estatutários do Colégio Estadual Lysímaco Ferreira da
Costa, participaram dos eventos promovidos pela Secretaria de Estado da Educação
desde a versão preliminar das DCEs, contribuindo assim com as discussões e
reflexões coletivas sobre a ação docente nas semanas pedagógicas. Com a
participação que entendemos ser crítica, constante e transformadora dos
professores de todas as escolas públicas paranaenses e tendo como princípios
norteadores, a universalização do ensino, a escola pública gratuita e com qualidade,
o respeito à diversidade cultural, a gestão democrática e o combate ao
analfabetismo, as DCEs expressam o conjunto de esforços dos educadores nas
discussões que se deram nos anos seguintes, no processo de formação continuada
em torno das diretrizes que chegam em 2009 às escolas como documento oficial
que traça as estratégias objetivando nortear o trabalho dos professores e garantir a
apropriação do conhecimento pelos estudantes da rede pública, para que possam
ter um projeto de futuro que vislumbre trabalho,cidadania e vida digna.
Para enfatizar a compreensão e postura crítica dos participantes diante do
fazer pedagógico foram apresentadas questões para análise e reflexão do currículo
e das DCEs como currículo disciplinar da Escola Pública do Paraná como lugar de
socialização do conhecimento nas dimensões científica, filosófica e artística.
a)Que indagações sobre o currículo vêm da nossa identidade pessoal e coletiva?
b)Como se reproduzem as lógicas curriculares nas nossas ações docentes?
c)A perspectiva política curricular das DCEs atendem as potencialidades para uma
transformação emancipadora dos sujeitos da educação básica?
d)Em quais documentos da Escola as DCEs estão presentes?
e)Qual a relevância e a função de sua disciplina no currículo dentro das DCEs?
Com base nas reflexões e entendimento sobre o currículo nas concepções
dos autores pesquisados,percebo aspectos significativos a serem considerados. Um
desses aspectos é a perspectiva dos docentes em se fundamentarem teoricamente
para que sua participação crítica, constante e transformadora se efetive através de
um currículo dinâmico e democrático norteador do trabalho pedagógico e que
garante a apropriação do conhecimento pelos estudantes da rede pública
paranaense de acordo com suas reflexões individuais e coletivas.
Considero importante a demonstração de algumas das falas dos participantes
para exemplificar as reflexões que dão significado aos momentos de estudos
realizados.
a) As lógicas curriculares se reproduzem de forma que nossas ações docentes efetivem nas propostas das DCEs para que os estudantes tenham oportunidades de aprimorar sua competência lingüística,garantindo uma inserção ativa e crítica na sociedade. (Professora de Língua Portuguesa)
b) A prática docente e os fundamentos teóricosmetodológicos discutidos nestas Diretrizes Curriculares,contribui para a formação de um aluno crítico,que atua em seu meio natural e,portanto,é capaz de aceitar,rejeitar ou mesmo transformar esse meio.(Professora de geografia)
c) Nas DCEs a finalidade da escola é possibilitar às novas gerações o conhecimento histórico e das relações humanas e sociais,para que se tornem agentes ativos no processo de transformação da sociedade. (Professora de história)
O trabalho educativo é o ato de produzir intencionalmente,em cada indivíduo singular,a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens.Assim objeto da educação diz respeito de um lado, à identificação culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie humana para que eles se tornem humanos e, de outro lado e concomitantemente à descoberta das formas mais adequadas para atingir esse objetivo” (SAVIANI,1992, p.21).
Neste contexto,a postura formal do educador,seu nível de conhecimento,do
domínio teórico dos conteúdos e a postura política,que diz respeito aos fins e valores
sociais do conhecimento e a sua aplicabilidade pedagógica no dia a dia do
educando,precisa ser consistente,isto é,garantir que os conteúdos do currículo
permitam aos alunos a compreensão de sua historicidade e finalidade social o que
deve obrigálos a refletir sobre o conhecimento, incluindo o do professor.
...O conteúdo da profissionalidade docente está em parte decidido pela estruturação do currículo num determinado nível do sistema educativo.[...] o que se entende por bom professor e as funções que se pede que desenvolva dependem da variação dos conteúdos, finalidades e mecanismos de desenvolvimento curricular.(Sacristán,2000,p.32 )
Assim nesta contextualização , centrando a perspectiva da dialética teoria
prática,isto é da práxis , da análise do currículo como objeto social da realidade
educativa da instituição onde os participantes estão inseridos e do diagnóstico que
deu origem a esta intervenção e de seus objetivos específicos para uma
compreensão mais crítica sobre o currículo ,considerandose este documento
impresso como configurador da prática das ações docentediscente no cotidiano
escolar do meu públicoalvo: os docentes atuantes no Ensino Fundamental e
Médio.Esta primeira parte aborda a execução de ações previstas envolvendo as
diferentes disciplinas curriculares.
3 A formação Continuada de Professores.
Dentre todos os fatores que se apresentam ao profissionalismo ético e
responsável do educador contemporâneo, a formação continuada é um aspecto
essencial. Fator esse que de desenvolve dentro da própria instituição escolar porque
está articulado às políticas públicas educacionais. A formação continuada do
professor estabelece de um lado uma reflexão crítica para um crescimento pessoal e
profissional e de outro lado a contribuição para que a sua prática pedagógica
sustentada pela práxis leve a novas práticas e consequentemente a melhoria da
qualidade da educação da instituição escolar
de atuação.
Pensar e entender o crescimento formal dos docentes é valorizálos numa
dimensão coletiva e organizacional que está posta no Projeto Político Pedagógico e
no Regimento Escolar,para o cumprimento da real função social da escola. É
também dar respostas à sociedade e às demandas que lhe são confiadas (escola)
viabilizando uma prática pedagógica que atenda as necessidades educativas e
sociais dos sujeitos que por ela são favorecidos. Mas, não só ao docente cabe
participar de formação contínua .Todos os envolvidos no processo educacional da
instituição escolar devem participar da gestão democrática e partilhar com
responsabilidade dos problemas e desafios presentes no espaço escolar. Nesse
sentido, o pedagogo é o profissional por excelência para coordenar ações
suscitando suporte teórico e metodológico na intencionalidade de superação das
expectativas vivenciadas no ambiente escolar.
Ao fazer este destaque quero apenas ponderar que as discussões e reflexões
possibilitadas pela intervenção pedagógica a partir de textos teóricos permitiram aos
participantes uma maior compreensão sobre o currículo e suas concepções pelos
estudiosos do assunto. A organização do currículo deve se orientar por essa
questão das necessidades de cada escola.,como está proposto pelas Diretrizes
Curriculares Estaduais que se fundamentam no campo das teorias críticas da
educação e enfatizam nos princípios norteadores de suas ações que o processo de
ensino e aprendizagem se concretize no espaço escolar,na relação professoraluno,
na sala de aula e no melhor caminho do conhecimento para que os educandos
sejam priorizados na aquisição dos saberes que irão tornálos sujeitos ativos de sua
realidade concreta.
A partir da implementação do Projeto de Intervenção
Pedagógica,respeitandose os espaços/tempos alternativos para a socialização
concreta do projeto que tem como objetivo geral:Fazer uma reflexão pedagógica a
partir das Diretrizes Curriculares Estaduais no cotidiano do Colégio Estadual
Lysímaco Ferreira da Costa,aprofundando os conhecimentos teóricometodológicos
das mesmas a partir de discussões com o coletivo de docentes atuantes.Numa
análise que considere o processo histórico e cultural,as concepções dos teóricos
sobre o currículo como centro da ação educacional enfatiza as diversas abordagens
de forma articulada,intencional e coerente para se atingir o objetivo proposto.
Pouco adiantará fazer reformas curriculares se esta não forem ligadas à formação dos professores.Não existe política mais eficaz de aperfeiçoamento do professorado que aquela que conecta a nova formação àquele que motiva sua atividade diária: o currículo.(Sacristán,2000,p.10)
A relação teóricoprática nos encontros presenciais dos docentes,foi também
objeto de reflexão do GTRGrupo de Trabalho em Redeatravés de seus
participantes possibilitando a esses docentes das diferentes regiões do
Paraná,envolvidos no processo educativo, a análise e contribuição para as reflexões
que se propõem dentro dos textos estudados. Dessa forma os conteúdos e os
procedimentos didáticos são frutos das interações constantes que as possibilidades
do GTR oferece para a formação continuada
à distância,como uma das etapas de estudos para o professor PDE.
A)...para a superação das deficiências pedagógicas,todo o coletivo escolar precisa participar.Para uma educação transformadora,é necessário a formação continuada sobre as DCEs e os seus princípios norteadores.(cursista 1)
B) A necessidade de estudos sobre as DCEs,como diretrizes orientadoras do processo educativo no contexto do fortalecimento de suas ações, não é só do Colégio Lysímaco Ferreira da Costa.Outros colégios do Paraná têm também essa necessidade. (cursista 2)
C) A opção curricular das DCEs, faz uma análise ampla e crítica sobre o currículo como documento impresso,fruto de discussão e participação coletiva dos professores das diferentes disciplinas,principalmente a concepção do conhecimento científico, filosófico e artístico. (cursista 3 )
A sensibilidade docente para o trabalho e sua relação com a organização
curricular das DCEs para um universo mais amplo de discussões das relações
interdisciplinares do objeto de trabalho científico de cada participante,qual seja,sua
disciplina curricular e o processo histórico que a constituiu como
ciências.concretizam a mediação e o diálogo previstos de forma sistematizada sobre
o pensar e o repensar das ações docentes.
CONCLUSÃO
Pelas práticas desenvolvidas e os resultados obtidos na Intervenção
Pedagógica, oportunizada aos envolvidos no processo educacional,esta forma de
estudos e reflexões articulando a teoria e a prática , apresentam pontos positivos no
sentido de que estamos comprometidos com as políticas públicas de formação dos
docentes.Uma das razões concretas envolvem esta mediação de pedagoga e o
olhar atento às necessidades da escola de forma questionadora no papel estratégico
para subsidiar o pensar e o repensar de que as práticas educativas se fazem
fundamentalmente em função dos educandos e que para muitos deles a escola
pública constitui a única possibilidade do direito de acesso e permanência por
motivos diversos,principalmente o social e econômico.
O clima de parceria coletiva e a socialização das idéias, facilitaram as
reflexões dentro de um contexto histórico e crítico onde o foco são as Diretrizes
Curriculares Estaduais Orientadoras da Educação Básica do Paraná e o currículo
como configurador da prática vinculado às teorias críticas da Educação.Também a
valorização das diferentes disciplinas escolares nas dimensões científica,filosófica e
artística possibilitou o entendimento sobre a relação dialógica e específica entre as
disciplinas ,objetivos e conteúdos que possibilitam a totalidade e não a fragmentação
do conhecimento. Assim concluo este artigo científico,certa de que a tarefa teve sua
intencionalidade positiva mas, que é necessário prever no Plano de Ação da Equipe
Pedagógica outros momentos de estudos sobre a práxis da ação docentediscente.
É preciso ousar,intervir,discutir,recomeçar,reconhecer que é imprescindível
tornar significativo o currículo como o núcleo do processo educativo,presente todo o
tempo no cotidiano da instituição escolar; direcionando os caminhos do trabalho
pedagógico e o compromisso dos educadores .Dentro da gestão democrática da
escola pública paranaense o educador é o sujeito epistêmico e a escola o principal
lugar para a transformação social. Há muito que se aperfeiçoar no desempenho de
nossas funções e isto só será possível através da formação continuada,de uma nova
postura e de estudos essenciais e efetivos fundamentalmente orientados ao coletivo
dos profissionais da Educação.
REFERÊNCIAS
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Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 20 dez. 1996.
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