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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE
II
VALMIR JOSÉ SOARES
ÉTICA, EDUCAÇÃO E AVALIAÇÃO: CONTRIBUIÇÕES DA ÉTICA DO DISCURSO
À PRÁXIS EDUCATIVA
Produção didático-pedagógica apresentada à SEED – Secretaria de Estado da Educação, como parte integrante do PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional, sob a orientação do Prof. Dr. Carlos Willians Jaques Morais – UEPG.
PONTA GROSSA - PR
2014
Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica – Turma 2014
Título: ÉTICA, EDUCAÇÃO E AVALIAÇÃO: CONTRIBUIÇÕES DA ÉTICA DO
DISCURSO À PRÁXIS EDUCATIVA
Autor: Valmir José Soares
Disciplina/Área:
(ingresso no PDE):
Filosofia
2014
Escola de Implementação do
Projeto e sua localização:
Colégio Estadual João Paulo II-EFM
Rua José Isidoro, 369 (Vila Bamerindus).
Município da escola: Arapoti
Núcleo Regional de Educação: Wenceslau Braz
Professor Orientador: Profº Dr. Carlos Willians Jaques Morais
Instituição de Ensino Superior: UEPG
Relação Interdisciplinar:
(indicar, caso haja, as diferentes
disciplinas compreendidas no
trabalho)
Resumo:
(descrever a justificativa, objetivos
e metodologia utilizada. A
informação deverá conter no
máximo 1300 caracteres, ou 200
palavras, fonte Arial ou Times New
Roman, tamanho 12 e
Nas instituições de ensino podemos constatar que é preciso uma análise ética sobre os critérios de avaliação empregados para retenção ou progressão no estudo dos alunos. Esse estudo tem a finalidade de direcionar a reflexão à educação e avaliação como função recursiva para a reflexão crítica a qual é essencial para a transformação contínua da experiência não baseada em notas, mas em metas, com um papel construtivo. Com sua implementação pretende-se observar o efeito que a ação instrumental exerce sobre as pessoas na construção de sua subjetividade.
espaçamento simples) Como referenciais teóricos serão utilizados os conceitos de Kant e Habermas fazendo analogias com as teorias sobre avaliação e pedagogia em Luckesi e Paulo Freire objetivando uma aprendizagem emancipatória mais significativa orientada à autonomia. Essa produção didático-pedagógica, destinada a professores será subdividida em oito seções, em um total de 32 horas. Acredita-se que sua publicação contribuirá para atitudes mais reflexivas nas análises avaliativas dos alunos para que a escola efetivamente assuma seu papel social. Tem como princípio norteador a teoria discursiva, na qual o filosofo alemão Jürgen Habermas propõe nova racionalidade como superação da atual crise sociocultural que atinge o mundo, buscando apresentar a interação intersubjetiva do diálogo como linguagem comunicativa nas estruturas sociais, particularmente na escola.
Palavras-chave:
(3 a 5 palavras)
Ética; Comunicação; Intersubjetividade.
Educação emancipatória.
Formato do Material Didático: Unidade didática
Público:
(indicar o grupo para o qual o
material didático foi desenvolvido:
professores, alunos, comunidade)
Professores do Ensino Fundamental e Médio
4
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 5
SEÇÃO 1..................................................................................................................... 7
SEÇÃO 2..................................................................................................................... 9
SEÇÃO 3................................................................................................................... 11
SEÇÃO 4................................................................................................................... 13
SEÇÃO 5................................................................................................................... 15
SEÇÃO 6................................................................................................................... 17
SEÇÃO 7................................................................................................................... 19
SEÇÃO 8................................................................................................................... 21
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 23
ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS ....................................................................... 26
ANEXOS ................................................................................................................... 31
5
APRESENTAÇÃO
A ética tem preocupações práticas, ela orienta-se pelo desejo de unir o saber
ao fazer. Como filosofia prática, busca aplicar o conhecimento sobre o ser para
construir aquilo que deve ser. E para isso, é indispensável uma boa parcela de
conhecimento teórico. Trata-se assim de uma interação dialética entre a reflexão
interior e ação exterior. Desta forma, ao aplicá-la ao contexto escolar como forma de
analisar as avaliações, não se pode destacar as diferentes disciplinas, pois apesar
de serem diferentes na abordagem, estruturam-se nos mesmos princípios
epistemológicos e cognitivos. Esses princípios são critérios de sentidos que
organizam a relação de conhecimento com as orientações para a vida como prática
social, servindo inclusive para organizar o saber escolar. Tal reflexão enseja analisar
o exercício do filosofar para construir espaços de problematização, compartilhado
com todos a fim de articular os problemas da vida com as respostas e formulações
da ética, proporcionando a criação de novos conceitos sobre avaliação.
Kant nos faz pensar numa educação para a autonomia, que busca
desenvolver a capacidade de quem educa para atingir metas, as quais se propõem
com liberdade. Para ele, os conhecimentos que se aprende na escola são
importantes, porque ajudam os sujeitos a realizar seus projetos os quais devem ser
livres e racionais. Porém, o conhecimento não está imune à ação ideológica e isto
deve ser levado em consideração quando se pretende educar para a autonomia.
A teoria de Habermas, aplicada à ética educacional, afirma que deve haver
consenso dos professores entre si e com os alunos, à luz do conhecimento validado
no âmbito do diálogo e que deve ser estabelecido por meio de um exercício racional
de argumentação, não coercitivos. Sempre pressupõe no processo comunicativo a
compreensão, a verdade e a justiça. A teoria da ação comunicativa de Habermas
fornece um potencial crítico ao fortalecer os mecanismos pedagógicos da
aprendizagem a partir dos processos de argumentação dos agentes que participam
da formação cultural.
Sob esta perspectiva a ética de Kant e Habermas aplicadas às teorias
pedagógicas de Paulo Freire e Cipriano Luckesi, tomando como ponto de partida a
noção de intersubjetividade, torna possível o diálogo. Quando o outro é apreendido
6
em sua totalidade pode se expressar a essência da relação ética que é externada na
avaliação escolar. É desta forma que a filosofia analisa a arte de educar com
reflexão crítica sobre a prática.
Sendo assim, com a implementação deste trabalho, pretende-se aplicar
atividades que favoreçam a investigação dos efeitos que o discurso exerce sobre a
educação e suas implicações na avaliação.
Esse material didático-pedagógico tem formato de unidade didática, cuja
aplicação destina-se a professores. Sugere-se que o trabalho seja realizado com
base na reflexão sobre a análise crítica do discurso.
Por tudo isso, acredita-se que a sua utilização contribuirá para atitudes mais
reflexivas sobre os critérios que se aplicam em avaliações e promoção ao avanço
dos estudos na Escola Estadual João Paulo II, EFM do município de Arapoti-PR.
Valmir José Soares
7
ÉTICA, EDUCAÇÃO E AVALIAÇÃO:
CONTRIBUIÇÕES DA ÉTICA DO DISCURSO À PRÁXIS EDUCATIVA
SEÇÃO 1 – A importância da filosofia para a educação
Desde sua origem, na Grécia (sec. IV a.C), com suas duas primeiras escolas,
a Academia de Platão e o Liceu de Aristóteles o objetivo filosófico é a aproximação
da verdade. É o despertar da consciência crítica ou a constituição do senso crítico,
que depende do harmonioso crescimento dessas duas dimensões da consciência: a
reflexão sobre si e a atenção sobre o mundo. Se apenas uma delas progride há uma
deformação, um abalo no desenvolvimento do conhecimento.
A Filosofia se apresenta como conteúdo filosófico e como exercício que
possibilita ao outro desenvolver o próprio pensamento. A filosofia abre espaço para
análise e criação de conceitos que une a Filosofia e o filosofar como atividades
indissociáveis que dão vida ao ensino juntamente com a leitura e a escrita. Ela
pretende provocar o despertar da consciência de ensinar a pensar filosoficamente,
isto é, exercer a critica radical (que chega às raízes), ou ensinar a pensar do ponto
de vista da totalidade, o que é equivalente, pois é na totalidade que as coisas se
alicerçam. Pensar ou apreender na perspectiva do todo e o todo na perspectiva da
parte, esse é o desafio didático-filosófico com que nos deparamos, é ensinar tudo
isso na prática sem fórmulas a serem reproduzidas.
“Dizem que filosofar é duvidar. O homem deve decidir conforme sua
razão e consciência. E se não puder decidir que fique na dúvida, pois só os
loucos tem certeza de sua própria opinião” (MONTAIGNE apud COTRIM,
1993, p. 83).
8
DIMENSÕES DO CONHECIMENTO...
ESCOLA DE ATENAS – RAFAEL SANZIO
FONTE:http://irreligiosos.ning.com/photo/escola-de-atenas-rafael-sanzio?context=latest
O saber filosófico designava, desde a Grécia Antiga, a totalidade do
conhecimento racional desenvolvido pelo homem. À filosofia interessava
conhecer toda a realidade sem dividi-la em objetos específicos de estudo. Isso
permaneceu até a idade média, quando a Igreja com a ajuda de Carlos Magno
(imperador romano) fragmenta a educação nas Universidades da Europa.
1) Em sua opinião qual seria a importância da filosofia para a educação. Justifique
sua resposta?
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“Filosofia, que palavra acertada (...) todo o nosso saber permanecerá
filosofia, isto é, sempre um saber apenas em progresso cujo grau superior
ou inferior devemos apenas ao nosso amor à sabedoria, isto é à nossa
liberdade”. (SHELLING apud COTRIM, 1993, p. 50).
Debate e reflexão
9
SEÇÃO 2- Ética e Educação
A ética ou filosofia moral é um dos mais discutidos e polêmicos temas da
sociedade contemporânea e o objetivo deste trabalho é direcioná-la para a análise
do discurso ético associados à avaliação e ao desempenho dos alunos, na tentativa
de encontrar caminhos que conduzam às mudanças nas formas de comportamentos
avaliativos. Argumenta-se que os problemas morais não se limitam apenas ao
comportamento desse ou daquele grupo social, desse ou daquele indivíduo, mas
que se encontram intrinsecamente relacionados aos conceitos pré-estabelecidos, às
tradições, aos costumes e aos valores que constituem o entendimento, muitas
vezes, passado na cultura e não na ciência e na razão. Assim, esse estudo procura
defender a tese de que a educação moral procura ir além da tradicional
disciplinarização e deve centrar-se na formação do sujeito moral, tendo como
intenção a virtude e o dever da justiça no diagnóstico e avaliação dos alunos.
Pretendemos abordar as teorias da ética kantiana e na sequência utilizar a
teoria da ação comunicativa em Habermas, fazendo analogias com as teorias sobre
avaliação e educação emancipatória em Cipriano Luckesi (1998) e Paulo Freire
(1996).
Deve-se entender que a avaliação deve ter função recursiva para a reflexão
crítica, a qual é essencial para transformação contínua da experiência não baseada
em notas, mas em metas, com um papel construtivo. Ela é mais uma etapa do
diálogo da integração. Este diálogo deve desenvolver saberes intelectuais e sociais
que favoreçam e enriqueçam as relações para que se dê uma aprendizagem
emancipatória mais significativa e consistente, que orientada à autonomia, precisa
muito mais que atitudes isoladas e ações esporádicas. É preciso analisar o âmbito
como se desenvolvem as ações educativas, as pessoas que estão envolvidas nesse
processo, a coerência dos procedimentos que se adotam o que se tem e o que se
pode fazer para ações mais fundamentadas.
A educação é, como outras, uma fração do modo de vida dos grupos sociais
que a criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua
sociedade para que elas reproduzam entre todos os que ensinam e aprendem o
saberes que atravessam as palavras, os códigos sociais de conduta, as regras do
trabalho, os segredos da arte e da religião que qualquer povo precisa para
10
reinventar, todos os dias, a vida do grupo e a de cada um de seus sujeitos de
geração em geração, objetivando a necessidade da existência de uma ordem.
Agora, vamos assistir ao vídeo:“Paulo Freire- A importância do ato de
ler”. Vamos refletir sobre as concepções éticas que estamos aplicando na
educação.
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=hgdnZDTEBiU
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“A assimilação da cultura, assim como a assimilação dos grandes
exemplos das grandes personalidades da humanidade servem de
basepara a formação de múltiplas convicções sociais”. (LUCKESI, 1998,
p. 129).
11
SEÇÃO 3- Teoria do agir comunicativo em Jürgen Habermas
FONTE: http://pt.slideshare.net/Indiens/a-crise-da-razo-23823596
A teoria da ação comunicativa de Habermas e suas implicações no processo
educativo afirmam que o conhecimento humano constitui-se pela ação linguístico-
comunicativa, em que a linguagem passa a assumir a função central no processo de
construção do conhecimento e da própria realidade vital, como práxis interativa.
Enquanto ação comunicativa ele propõe como nova perspectiva, outro
conceito de razão: a razão dialógica, que brota do diálogo e da argumentação entre
os agentes interessados em uma determinada situação. É a razão que surge da
chamada ação comunicativa, do uso da linguagem como meio de conseguir o
consenso. Para tanto é necessária uma ação social que fortaleça as estruturas
capazes de promover as condições de liberdade e de não constrangimento,
imprescindíveis ao diálogo.
Habermas propõe o entendimento da verdade não mais como uma
adequação do pensamento à realidade, mas como fruto da ação comunicativa; não
como verdade subjetiva, mas como verdade intersubjetiva (entre sujeitos diversos),
que surge do diálogo entre os indivíduos. Nesse diálogo aplicam se algumas regras,
como a não contradição, a clareza de argumentação e a falta de constrangimento de
12
ordem social.
Assim, razão e verdade deixam de constituir valores absolutos e passam a ser
definidos consensualmente. E sua validade será tanto maior quanto melhores forem
as condições nas quais se dê o diálogo, o que se consegue com o aperfeiçoamento
da democracia. Para ele, o mundo contemporâneo é regido pela razão instrumental
e, caberia à razão comunicativa, enfim, o papel de resistir e reorientar essa razão
instrumental.
Aplicando a teoria de Habermas no meio educacional, a escola deve ser um
espaço onde prevaleçam ações estabelecidas comunicativamente; a legitimidade do
agir pedagógico sedimenta-se no agir comunicativo, a ação pedagógica deve ser
desburocratizada, os currículos devem ser regulamentados, a escola deve primar
pela preocupação com a democratização de suas estruturas de decisão e evitar que
as interferências sistêmicas neutralizem o papel dos cidadãos de decidirem, com
autonomia, a condução do seu processo de formação.
Os meios de comunicação de massa constituem hoje um quarto poder
além do executivo, legislativo e judiciário. Isso se deve à enorme penetração
que tem em todas as camadas de diversas sociedades com um grande
potencial de “fazer a cabeça”. Reflita sobre essa interpretação, observe sua
realidade concreta e debata com um colega sobre o tema.
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“Assim, a educação é um processo sociocultural de
individualização/socialização das novas gerações que são familiarizadas com
um conjunto de tradições, normas e valores veiculados pela cultura. Essas
normas e valores não são aleatórias ou simplesmente descartáveis uma vez
que foram constituídos na práxis social, da qual as raízes do presente extraem
seu alimento, nem são imunes a qualquer sistematização crítica”
(GOERGEN, 2005, p. 80).
Conversa filosófica
...
13
SEÇÃO 4 – A educação e o mundo da vida em Habermas
O mundo da vida é um dos conceitos mais famosos de Habermas. Nele, o
termo ganha novas conotações e marcada relevância tanto em sua pragmática
universal quanto em seu diagnóstico da modernidade.
A abordagem ganha destaque em seus escritos sobre a Teoria da Ação
Comunicativa, analisando o mundo da vida sob duas perspectivas: o sentido
pragmático-linguístico e o sentido sociológico.
Habermas se utiliza da teoria de Kant para argumentar em sentido
pragmático-linguístico. Uma argumentação transcendental, ou seja, para que uma
primeira coisa ou atividade exista, é necessário que haja uma segunda coisa que lhe
sirva de condição de possibilidade, e dessa forma, conclui pela existência da
segunda coisa ou atividade, o fato de quem sem ela a primeira não existiria.
Em sentido sociológico, o mundo da vida é um domínio social contrastante
com os sistemas funcionalizados, marcados por processos comunicativos, fundindo-
se linguagem e solidariedade enquanto sentido comum de pertença que se veem
como membros de um mesmo todo, dispostos a ajustar seus planos entre si e se
socorrerem mutuamente. Nele prevalece um tipo de ação que é a ação
comunicativa, ou seja, o emprego da linguagem com vista ao entendimento entre os
falantes.
Sua análise sobre o mundo da vida em sentido sociológico Habermas
argumenta sob três fatores: do ponto de vista horizontal que seriam as instituições e
atividades envolvidas com a reprodução simbólica da sociedade (família,
associações, igreja, e as principais são educação, arte, religião, a ciência, a técnica
e outras). Do ponto de vista vertical o mundo da vida abarca três estruturas: cultura,
sociedade e personalidade. A cultura é o nível das crenças dos afetos partilhados
em comum pelos membros da comunidade. A sociedade é de nível mais ou menos
coercitivo em que se realizam as atividades. Já a personalidade é o nível das
estruturas de identidade e de motivação que habilitam as pessoas a participarem
ativamente das dinâmicas sociais.
As situações em que a dinâmica do dinheiro (própria do sistema econômico) e
do poder, (própria do sistema político) que invadem as atividades do mundo da vida
são chamadas por Habermas de “colonizações do mundo da vida” e são analisadas
14
como as principais patologias a que estão expostas as sociedades modernas.
O preço que a escola paga pela submissão acrítica aos ditames da razão
instrumental é a perda da dimensão ética política do projeto histórico de
emancipação. Comente sobre a questão.
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“A educação deve dar-se a partir da realidade sociocultural e
econômica, pois é nela que os educandos que vivem hoje vão viver
no futuro como profissionais; mas isso não pode ocorrer pelo
fomento de uma atitude de condescendência com traços
desumanos, injustos, destrutivos e antiéticos que esta realidade
ostenta” (GOERGEN, 2005, p. 83).
PARA FILOSOFAR
15
SEÇÃO 5 – Discurso da práxis educativa e a avaliação
Compete aos educadores estarem conscientes a respeito da necessidade de
redimensionamento das práticas avaliativas, no sentido de mudanças da postura da
política pedagógica no que se refere à avaliação, para se obter resultados mais
significativos no processo de ensino aprendizagem. Pois, o que distingue um
professor pesquisador dos demais professores é refletir sobre a própria prática,
buscando reforçar e desenvolver aspectos positivos e superar as próprias
deficiências. Para isso se deve manter a mente aberta a novas ideias e estratégias.
É um processo reconstrutivo de racionalidade com base à retomada da
perspectiva crítica da educação. No entendimento de Habermas, a filosofia deve
manter-se vinculada a uma noção mais ampla de racionalidade e preocupar-se com
questões de unidade da razão, hoje, bastante fragmentada e reduzida pela
predominância da visão instrumentalizada do conhecimento.
Na seção anterior argumentamos sobre a instrumentalização da educação e,
por conseguinte a avaliação, intrínseca a educação, também tem caráter
instrumentalizado. Ela seria para proporcionar um momento de interação e
construção de significados, no qual o professor e o aluno devem coordenar seus
pontos de vista, trocando ideias e reorganizando-as (HOFFMANN, 1991). No
entanto, os professores têm dificuldades em elaborar um instrumento de avaliação
que informe, realmente, o desenvolvimento do aluno, ou quanto ele aprendeu. Por
exemplo, um professor autoritário e inseguro, poderá ver na avaliação uma arma de
tortura ou punição. Por sua vez, um professor sério e responsável, que orienta as
atividades de aprendizagem dos educandos tenderá a encarar a avaliação como
forma de diagnóstico dos avanços e dificuldades dos alunos como indicador para o
replanejamento de seu trabalho docente.
A avaliação eficiente deve assumir seu verdadeiro papel de instrumento
dialético e diagnóstico para o crescimento, terá que estar a serviço de uma
pedagogia preocupada com a transformação social e não com sua conservação.
Para que as aspirações da humanidade sejam socializantes e democráticas a
pedagogia e a avaliação, enquanto linguagem comunicativa, devem se transformar
em processos de crescimentos democráticos. A educação precisa rearticular seus
16
vínculos com a racionalidade comunicativa e com o mundo da vida, restabelecendo
o potencial de uma racionalidade soterrada sob os escombros de uma cultura
dominada pela racionalidade instrumental estratégica. (MUHL, 2003, p. 268)
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dbch15082010.htm
Analisando a charge: como Habermas e Luckesi desafiam educadores a
repensarem em mudanças na prática avaliativa tendo em vista uma educação
emancipatória e de qualidade livre das falsas ideologias e dominações
presente no mundo da vida?
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PARA REFLETIR
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SEÇÃO 6 – Educação emancipatória, linguagem comunicativa e conselho de classe
A atuação do professor em sala de aula tem reflexos que são externados na
avaliação e para que isso aconteça, ele precisa de um discurso intersubjetivo, onde
os resultados são externados para os colegas no conselho de classe. Bem sabemos
que a avaliação tem fatores, ou valores subjetivos, emocionais e sociais. É
importante observar que a Ética do Discurso de Habermas não busca substituir as
regras já existentes, fundadas em princípios de coação. Somente quer abrir regras
para um debate para que a “eticidade” universal seja amplamente construída por
meio da interação de todos os sujeitos interessados, ou atingidos mesmo que
futuramente, por decisões, por projetos, de ações de fins e meios. Sua função é criar
o ambiente para julgar e valorar a partir da vida sociocultural. Nela, os próprios
juízos, normas e morais são produção da comunidade argumentativa, na qual todos
devem ter acesso à discussão livres de coação externa, seja ela subjetiva ou
intersubjetiva.
Neste sentido o conselho de classe constitui-se num espaço de reunião de
professores de diferentes especialidades com o intuito de definir o “destino” do aluno
sobre os quais falam. Durante o conselho de classe, o professor deverá fazer uma
analise sobre seu trabalho, pois, ao ouvir o colega avaliando o resultado das turmas
com as quais trabalha percebe as várias formas de intervenção pedagógicas,
podendo, se for o caso, mudar seu procedimento com determinada turma ou aluno.
Avaliam-se também, no conselho, as resoluções tomadas pela equipe anteriormente
se as soluções propostas tiveram bom êxito ou se há necessidade de retomar o
problema. Em todos os casos, o que se tem como aspecto relevante é a
possibilidade de modificação da prática pedagógica, a fim de adequá-las às
necessidades pedagógicas específicas.
Porém, quando o conselho é mal planejado, ele extrapola a teoria da ação
comunicativa se transformando em um desabafo coletivo em uma cascata de
queixas que mais se assemelha a um tribunal, onde o aluno é o réu. Infelizmente,
não se debate sobre as produções do aluno, mas as discussões, muitas vezes, gira
em torno do que ele não faz, não realiza as lições de casa, não trás o material, falta
em muitas aulas, não entrega as atividades, conversa muito durante as aulas, copia
trabalho dos colegas, desrespeita o professor. Não tendo nenhum sentido a ação
18
comunicativa em sua genealogia seria a possibilidade de encaminhar uma educação
emancipatória.
Sendo assim, podemos afirmar que a Ética do Discurso, que se origina na
ação comunicativa se constitui num instrumento fundamental para qualificar os
profissionais de filosofia, tendo o objetivo de ajudar professores de outras áreas para
uma ação ética e competente na sociedade, possibilitando resgatar o conceito
comunicativo de razão filosófica, orientada por uma ética que objetiva construir uma
comunidade universal, participativa e solidaria, na qual, os atores são conscientes e
responsáveis intersubjetivamente pela ação.
FONTE: http://slideplayer.com.br/slide/390458/
A filosofia e sua atuação na escola: até que ponto a teoria da ação
comunicativa se faz presente no conselho de classe?
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Façamos uma analise de como esta sendo a atuação do Conselho de
Classe na escola. Segue a ficha em anexo.
PARA REFLETIR
19
SEÇÃO 7 – Teoria da ação comunicativa: uma reflexão crítica sobre à prática
Ao analisarmos a teoria da ação comunicativa e a proposta fornecida por
Habermas não podemos limitá-la ao conhecimento em si, mas sim à forma de
transmissão deste conhecimento que deve se fazer presente na pratica do professor
com seus alunos, pois, estamos analisando o discurso. Para que ele seja produtivo
temos que verificar a forma como os conhecimentos são transmitidos. Embora a
prática seja o grande ponto de referencia do professor, muitos ainda atuam sem
conhecer o embasamento teórico que devem atuar em sua prática. Praticar sem
pensar esta ação é empobrecer a própria prática naquilo que ela possui de mais
importante: o poder de transformar a realidade por meio do questionamento da
mesma. Com certeza, caminhará melhor o professor que refletir criticamente sobre
sua ação, se for capaz de tomar consciência dos fundamentos teóricos que
embasam sua prática e tomar consciência dos fundamentos teóricos que sustentam
e informam a sua atuação.
Neste sentido, a ética do discurso desenvolvida por Habermas representa
uma fundamentação ética com base na dialogicidade, ou seja, ela é uma teoria
moral que pressupõe a linguagem. O professor que analisa seus alunos de modo
intersubjetivo não é aquele que reúne um grande número de conhecimentos ou de
informações, mas aquele que tem uma visão de totalidade, sabendo transferir estas
informações para que o aluno possa apreendê-las integralmente e associar estes
conteúdos a sua vida de forma emancipatória.
Alguns teóricos questionam a fragmentação da educação sem se atentarem
ao fato que não existe apropriação de saberes sem que se use a
interdisciplinaridade para a fluência do discurso, ou seja, preciso do subsídio do
conteúdo de outras disciplinas para enriquecer a minha. Nesse sentido, a
delimitação do saber, segundo os respectivos interesses e respectivas metodologias
pode ajudar no desenvolvimento de um processo pedagógico que provoque menos
confusão quanto ao papel e ao alcance de cada instância do saber.
O bom professor é aquele que transmite conhecimentos adquiridos
cientificamente e associa-os aos conhecimentos anteriormente adquiridos dos
alunos no mundo da vida. Tornando-se, então, um mediador destes conhecimentos e
através da reflexão filosófica busca tratar o uso da comunicação como mediação dos
20
seres humanos. Entretanto, a mediação deve ser constantemente avaliada para que
não se torne uma ação estratégica que busca influenciar o outro de forma negativa.
Isso poderia impedir a chegada a um consenso ou mesmo criar pseudo-consensos.
Para Habermas, o mundo da vida é invalidado e influenciado pelos subsistemas
econômicos e burocráticos e a mediação pode sofrer tal influência. Por isso, se faz
necessária uma reflexão critica sobre a prática.
FONTE: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142001000200013
HABERMAS SE ASSOCIA A PAULO FREIRE NA LINGUAGEM
COMUNICATIVA, COMO? VAMOS REFLETIR EM GRUPOS E EXPORMOS
NOSSAS CONCLUSÕES.
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DEBATE E REFLEXÃO
Associando Paulo Freire à
Teoria do Discurso...
“Professor aprende enquanto
ensina, aluno ensina enquanto
aprende.” (FREIRE, 1996, p. 52).
21
SEÇÃO 8 – Ética exige disponibilidade para o diálogo
Nas seções anteriores abordamos a ética e suas implicações para a
educação, tendo como princípio norteador a teoria da ação comunicativa de Jürgen
Habermas associadas às teorias pedagógico-filosóficas de Cipriano Luckesi e Paulo
Freire. O foco foi à ação avaliativa em sua complexidade. A proposta deste trabalho
é fundamentalmente a de gerar um conteúdo filosófico significativo sobre um diálogo
eficiente e a efetivação de sua prática, discutindo, avaliando, refletindo, com base
nos princípios éticos que a filosofia pode proporcionar.
Habermas afirma que as mudanças sociais provocam mudanças no mundo
da vida que servem de horizonte para as interpretações das situações na qual a
linguagem e a cultura são inerentes; padrões e interpretações culturais são
realizados pela linguagem, que retém e acumula saber cultural sob a forma de
conceitos, noções, significados, classificações, denominações.
Para que haja significado como valor intersubjetivo não basta situar-se no
mundo da vida e sim agir comunicativamente através de atos de fala que objetivam
algo no mundo, são usadas para normatizar na esfera do mundo social, e
expressam algo no mundo subjetivo com pretensões de validez, resolvendo seus
desentendimentos e chegando a um acordo.
Sabe-se que a educação tem muitos entraves e Habermas não se exime de
tal conceito, mas ele não se rende a visão pessimista de que não exista a
possibilidade, de mudanças, para o indivíduo e para a humanidade diante da
predominância da sociedade sistêmica em detrimento da ação comunicativa. Nesse
sentido, a teoria de Habermas associada à ética kantiana e, empregadas à
educação levam a descobrir o papel importante que cabe a “ela” no
restabelecimento da ação comunicativa como recurso fundamental para a
emancipação humana, podendo contribuir para superar distâncias em uma situação
vivida, e as condições de possibilidades que a humanidade apresenta para atingir
um estado de desenvolvimento maior.
Espera-se que com este estudo haja reflexão maior sobre as formas de
comunicação e análise de avaliação através da competência comunicativa que todos
temos, pois a comunicação envolve uma dimensão político-pedagógica onde os
22
agentes não sejam somente capazes de fundamentar racionalmente seus
argumentos, seu agir e pensar, mas, também, responsabilizar-se pelos seus atos.
Reflexão
As contribuições da ética do discurso à práxis educativa: como está
minha atuação docente numa perspectiva da ética, prática educativa e da
avaliação. Estou atuando de modo intersubjetivo? Justifique sua resposta.
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“Como professor não me é possível ajudar o educando a superar sua
ignorância se não supero permanentemente a minha” (FREIRE, 1996, p. 95).
DEBATE E REFLEXÃO
23
REFERÊNCIAS ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. In: Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural Ltda., 1996, p. 232-256. BRASIL, 2013. LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Biblioteca digital. Htpp://bd.camara.leg.br BRUGGER, Walter. Dicionário de filosofia. São Paulo: EPU, 1977. CHAUÍ, Marilena. Iniciação à filosofia. São Paulo: Cortez, 2011. COTRIM, Gilberto. Fundamentos da filosofia: ser, saber e fazer. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 1993 FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 33 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. GOERGEN, Pedro. Pós-modernidade, ética e educação.2. ed. Campinas SP: Autores Associados, 2005. HABERMAS, Jürgen. A nova intransparência: Novos Estudos. CEBRAP. São Paulo: nº 18, 1987. HOFFMANN, J. M, L. Avaliação: mito e desafio: uma perspectivaconstrutivista. 25. ed. Porto Alegre: Mediação, 1991. KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. In: Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1980. LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 8. ed. São Paulo: Cortez, 1998. MORAIS, Carlos Willians Jaques: Filosofia educação e conhecimento: subjetividade e intersubjetividade em Kant e Habermas.Ponta Grossa: ed. UEPG, 2012.
MÜHL, Eldon Henrique. Habermas e a educação: ação pedagógica como agir comunicativo. Passo Fundo: EDUPF, 2003. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Filosofia. Curitiba, 2008. PORTA, Mario Ariel Gonzáles. A filosofia a partir de seus problemas. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2002. REALE, Giovanni. História da filosofia: Do Humanismo a Kant.Col. Filosofia. Vol. II. São Paulo: Paulinas, 1990, p. 908 - 922.
24
ROCHA, Any Dutra Coelho da. Conselho de Classe: burocratização ou participação. Rio de Janeiro: F. Alves, 1984, p. 9.
25
VÍDEO
MARTINS, Mariana. Paulo Freire - Importância do ato de ler. Publicado em: 21 de
Janeiro de 2014. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=hgdnZDTEBiU>
Acesso em: 26/10/2014.
IMAGENS
VENETA, Lord Learsi. Escola de Atenas - Rafael Sanzio. - Publicado em 9 de
Janeiro de 2014. Disponível em:<http://irreligiosos.ning.com/photo/escola-de-atenas-
rafael-sanzio?context=latest> Acesso em: 29/09/2014.
SOARES, Ana Paula. RODRIGUES, Helen. - A Crise da Razão. - Publicado em: 03
de Julho de 2013. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/Indiens/a-crise-da-razo-
23823596> Acesso em: 01/11/2014.
GALVÃO, Jean. - Charge, Folha de São Paulo - Publicado em: 15 de Agosto de
2010. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dbch15082010.htm> Acesso
em: 30/10/2014.
MALDONADO, Eric. - Conselho de Classe: espaço de análise, reflexão e
avaliação do trabalho pedagógico. - Alterado há 5 anos - Disponível em:
<http://slideplayer.com.br/slide/390458/> Acesso em: 11/11/2014.
BATELLI, Paulo. - Abril imagens. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40142001000200013>Acesso em: 13/11/2014.
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ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
Caro (a) professor (a)
Seguem abaixo as orientações metodológicas referentes às atividades
proposta nas seções desta produção didático-pedagógica. A elaboração deste
material destina-se a professores do Ensino Médio.
Ao final das orientações está presente uma sugestão de cronograma com a
distribuição do número de aulas disponíveis para o desenvolvimento de cada uma
das seções.
SEÇÃO 1 – A importância da filosofia para a educação
Inicialmente, propõe-se que seja discutido o título da produção didático-
pedagógica “Ética, educação e avaliação: contribuições da ética do discurso à práxis
educativa”.
Após, uma breve explicação das origens da filosofia, e observações feitas na
pintura de Rafael, fazer uma análise para relembrar aos professores dos principais
conceitos filosóficos. Sugere-se que sejam resolvidas individualmente e por escrito
as questões propostas. O objetivo principal desta atividade é realizar uma avaliação
diagnóstica, a fim de verificar os conhecimentos prévios dos professores acerca da
filosofia.
Recomenda-se que as atividades sejam recolhidas e arquivadas para que ao
término do desenvolvimento de todas as seções, elas sejam comparadas às demais
atividades. Por meio disso, poder-se-á identificar se houve avanço significativo dos
professores em relação à leitura crítica dos conceitos filosóficos abordados ao longo
de toda a produção didático-pedagógica.
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SEÇÃO 2 – Ética e educação
Pretende-se que essa seção seja iniciada com os conhecimentos prévios que
cada um tem aceca de ética, ética tradicional, ética política e dialética. A seguir será
exibido o vídeo com um dos últimos depoimentos de Paulo Freire sobre a
importância do ato de ler. Em seguida, pedir que os professores exponham o que
conseguiram abstrair do vídeo para a socialização de todos.
Posteriormente, sugere-se que seja explicada a diferença dos conceitos
expostos sobre a ética e suas variações, no qual também se faz um breve relato
sobre sua aplicabilidade nos vários campos do conhecimento e a adequação de seu
uso sempre direcionado à educação.
SEÇÃO 3 – Teoria do agir comunicativo em Jürgen Habermas
Nesta seção serão propostos dois momentos, sendo o primeiro uma análise
sobre a razão instrumental que afirma que o sujeito do conhecimento toma a decisão
de que conhecer é dominar a natureza e os seres humanos, ou seja, o controle de
meios para obter determinados fins. Faremos aqui uma breve reflexão sobre o
conceito de ideologia e os meios de comunicação de massa. O segundo momento é
um aprofundamento nos conceitos de Habermas, em contraposição a razão
instrumental temos a Teoria da Ação Comunicativa mostrando a racionalidade dos
indivíduos mediados pela linguagem e comunicação.
Questionar sobre a importância de se refletir e diferenciar estas duas linhas
de raciocínio para a ética educacional; investigar qual o interesse dos professores a
esse respeito.
SEÇÃO 4 – A educação e o mundo da vida em Habermas
Sugere-se que se inicie a seção refletindo sobre política associada a poder
(enquanto posse de meios para atingir os fins almejados) fazendo analogias ao
poder econômico e associar as opiniões com a legitimidade do direito em Habermas,
depende do consenso, que não pode ser confundido com unanimidade, com
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agregação de vontades individuais e tampouco com uma opinião difusa. O consenso
depende diretamente da qualidade da opinião pública. Vamos analisar aqui a
demagogia (discurso que tem a conotação de virtudes, mas tem interesses
questionáveis). Verificar até que ponto o poder político e econômico afetam o
discurso e como devemos fazer análise desse tipo de argumentação. Discutir com
os colegas sobre e fazer comparações com o princípio do discurso em Habermas,
que tem requisitos exigentes e analisa as falsas ideologias não é coercitivo nem
coativo e verificar se novos conhecimentos foram adquiridos.
SEÇÃO 5 – Discurso da práxis educativa e avaliação
Pretende-se nessa atividade que, em dupla, os professores analisem a
charge e as formas como são elaboradas as avaliações e todos os fatores que a
influenciam, e quando ela se difere ao contexto educativo. Para esta seção, o
referencial teórico é Luckesi que ao analisar a avaliação nos mostra que temos
alguns professores com formação acadêmica deficiente e ignoram como o aluno
aprende, como se desenvolve, como devem lidar com fatores que interferem em seu
rendimento, como por exemplo: contexto cultural, social, ritmo de aprendizagem,
interesses pessoais e desta forma tomam por parâmetros a linguagem Instrumental.
Após, esta análise avaliativa fazer analogias com a Comunicação e verificar o
conteúdo de apreensão adquirido pelos professores.
SEÇÃO 6 – Educação emancipatória, linguagem comunicativa conselho de classe.
Para esta atividade, retomaremos a seção anterior, pois a avaliação tem seus
reflexos no conselho e como ele é feito em nossa escola. Em seguida, simularemos
uma reunião de conselho com notas de um aluno prestes a reprovar através de uma
ficha previamente preparada e após a análise faremos analogias com o Art. 15 e 24
da LDB. Sendo que o primeiro se refere à autonomia pedagógica na escola e a
importância desta autonomia para a análise do rendimento escolar do aluno. O
segundo artigo se refere à progressão nos estudos como a classificação,
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reclassificação e promoção para os alunos que cursaram com aproveitamento a
série anterior. Tem-se como direcionamento a Teoria da Ação Comunicativa e como
ela se faz presente na escola, verificando se a teoria de Habermas aplicada ao
Conselho foi abstraída pelos professores.
SEÇÃO 7 – Teoria da ação comunicativa: uma reflexão crítica sobre a prática.
Essa seção é destinada a fazer analogias entre Habermas e Paulo Freire
tendo como embasamento teórico o livro “Pedagogia da Autonomia: saberes
necessários a prática educativa”. Salienta-se aqui que será feita uma abordagem
sobre a didática do professor enquanto teoria discursiva.
Neste sentido, a ética do discurso desenvolvida por Habermas representa
uma fundamentação ética com base na dialogicidade, ou seja, ela é uma teoria
moral que pressupõe a linguagem. O professor que analisa seus alunos de modo
intersubjetivo não é aquele que reúne um grande número de conhecimentos ou de
informações, mas aquele que tem uma visão de totalidade, sabendo transferir estas
informações para que o aluno possa apreendê-las integralmente e associar estes
conteúdos a sua vida de forma emancipatória.
Nessa atividade, deve-se tomar o cuidado para não interferir na forma do
professor trabalhar com sua classe e observar se houve interesse por parte do
professor no tema em questão.
SEÇÃO 8 – Ética exige disponibilidade para o diálogo
É importante que os professores façam reflexões sobre a importância do
discurso associando a filosofia e a pedagogia como forma interdisciplinar de adquirir
conhecimentos e colocá-los em prática. As mudanças sociais provocam mudanças
no mundo da vida que servem de horizonte para as interpretações das situações na
qual a linguagem e a cultura são inerentes; padrões e interpretações culturais são
realizados pela linguagem, que retém e acumula saber cultural sob a forma de
conceitos, noções, significados, classificações e denominações. Espera-se assim
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que a Teoria da Ação comunicativa se faça presente na ação intersubjetiva do
professor nesta Unidade Escolar.
Por meio dessa última atividade, essa produção didático-pedagógica,
pretende verificar e avaliar se o objetivo geral desse trabalho foi atingido, ou seja, se
a realização de todas as atividades anteriores contribuiu para o desenvolvimento da
produção escrita dos professores, bem como a formulação do raciocínio crítico
mediante as contribuições da ética do discurso à práxis educativa.
CRONOGRAMA
SEÇÃO ATIVIDADES LOCAL DURAÇÃO
SEÇÃO 1 A importância da filosofia para a educação. Sala Multiuso 4 h/a
SEÇÃO 2 Ética e educação. Sala Multiuso 4 h/a
SEÇÃO 3 Teoria do agir comunicativo em Jürgen
Habermas.
Sala Multiuso 4 h/a
SEÇÃO 4 A educação e o mundo da vida em Habermas. Sala Multiuso 4 h/a
SEÇÃO 5 Discurso da práxis educativa e avaliação. Sala Multiuso 4 h/a
SEÇÃO 6 Educação emancipatória, linguagem
comunicativa e conselho de classe.
Sala Multiuso 4 h/a
SEÇÃO 7 Teoria da ação comunicativa: uma reflexão
crítica sobre a prática. Sala Multiuso 4 h/a
SEÇÃO 8 Ética exige disponibilidade para o diálogo Sala Multiuso 4 h/a
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ANEXOS
FICHA DE AVALIAÇÃO DO CONSELHO DE CLASSE
Buscando a melhoria do trabalho pedagógico do Colégio, pedimos que
respondam às questões para que através de suas colocações, possamos
juntos refletir e rever o desenvolvimento das atividades pedagógicas do
Conselho de Classe de nossa escola.
a- O tempo disponível para a realização do Conselho de Classe é:
( ) Bom ( ) Regular ( ) Precisa ser revisto
b- A atenção da Equipe Pedagógica diante dos problemas é:
( ) Bom ( ) Regular ( ) Precisa ser revisto
c- O Conselho de Classe tem sido efetivamente um momento de reflexão sobre o
processo ensino/aprendizagem:
( ) Bom ( ) Regular ( ) Precisa ser revisto
d- As decisões tomadas no Conselho de Classe e nas Reuniões Pedagógicas tem
sido cumpridas por todos:
( ) Bom ( ) Regular ( ) Precisa ser revisto
e- O trabalho da Equipe Pedagógica tem sido:
( ) Bom ( ) Regular ( ) Precisa ser revisto
f- As opiniões, sugestões e argumentos são respeitados durante o Conselho de
Classe e Reuniões Pedagógicas.
( ) Bom ( ) Regular ( ) Precisa ser revisto
g- Você se sente a vontade de expor os problemas encontrados em sala de aula,
perante os colegas:
( ) Sim ( ) Não
h- O sistema de avaliação adotado pela escola está de acordo com o que está
exposto no PPP:
( ) Bom ( ) Regular ( ) Precisa ser revisto
CRONOGRAMA DE AÇÕES
Ano Letivo 2014
Atividades Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Intenção de e Pesquisa
X
Aulas PDE X X X X X X X X X X
Pré-Projeto X X X X
Cursos de Inserção
X
X
X
X
Encontro com o orientador
X
X
X
X
X
X
X X
Pesquisa Bibliográfica
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Entrega do Projeto
X
Elaboração do Material Didático
X
X
X
X
X
X
Entrega do Material Didático
X
Ano Letivo 2015
Atividades Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Retorno à escola com 75% Cursos
X
X
X
X
X
Encontro com o Orientador
X
X
X
X
X
X
X
X
Leituras X X X X X X X X X X X
Implementação do projeto de intervenção
X
X
X
Grupo de Trabalho em rede – GTR
X
X
X
Revisão Bibliográfica
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Escrita do artigo
X
X
X
X
X
Entrega do Artigo
X
Recommended