OS LUSÍADAS LUÍS DE CAMÕES 1. A nível da estrutura interna, a obra apresenta quatro planos...

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OS LUSÍADASLUÍS DE CAMÕES

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• A nível da estrutura interna, a obra apresenta quatro planos narrativos que orientam a acção:

• Plano da Viagem: refere-se à narração da viagem de Lisboa até à Índia, com a partida de Belém, a paragem em Melinde e a chegada a Calecut.

• Plano da História: refere-se aos momentos em que se apresentam factos da História de Portugal.

• Plano dos Deuses: também chamado mitológico pela intervenção dos deuses na acção, facilitando e complicando a viagem.

• Plano do Poeta: refere-se às considerações pessoais que o poeta tece.

PROPOSIÇÃO

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PROPOSIÇÃO1 - vai cantar as façanhas guerreiras dos homens

ilustres que se fizeram heróis devassando o mar desconhecido e fundando no Oriente um novo Reino.

2 (v. 1 a 4) – vai cantar os Reis que dilataram a Fé e o Império em África e Ásia.

2 (v. 5 a 8) – vai cantar todos aqueles que por obras valorosas se tornaram imortais, aqueles que no passado, no presente e mesmo no futuro, pelas obras realizadas, ficaram na memória dos homens.

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PROPOSIÇÃO

• 3 – novos elementos que vão ao encontro de:

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Ideal cavaleiresco de exaltação dos que dilataram a Fé e o Império.

Consciência do homem renascentista que se julgava capaz de realizar os maiores feitos. No Renascimento, o homem aproximou-se imenso dos deuses, mais do que em épocas anteriores.

PROPOSIÇÃO

3 – os novos elementos são os seus heróisheróis

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O peito ilustre lusitano

OS PORTUGUESES

os Lusíadas

1. São superiores aos das antigas epopeias – o sábio Grego e o Troiano e não são lendários.

2. São superiores aos grandes heróis reais e conquistadores – Alexandre Magno e Trajano.

PROPOSIÇÃO• EstiloEstiloEstrofes: oitavasVersos: decassílabos heróicos (6ª e 10ª sílabas)Rima: cruzada e emparelhada ABABABCC

• Figuras de estiloFiguras de estilo ““As armas” - As armas” - metonímiametonímia (causa pelo efeito) (causa pelo efeito) ““Ocidental praia Lusitana” - Ocidental praia Lusitana” - sinédoque sinédoque (parte pelo todo) (parte pelo todo) ““sábio Grego e do Troiano” – sábio Grego e do Troiano” – antonomásiaantonomásia (característica) (característica) “peito ilustre lusitano” – metonímiametonímia

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• “cessem” • “cale-se”• “cesse”• Apesar de estarem no Presente do

Conjuntivo, as três formas transmitem a ideia de ordem (Imperativo). Para o poeta, os feitos dos outros heróis até agora venerados não têm comparação com os dos portugueses que merecem, por isso, ser dignificados – “Que outro valor mais alto se alevanta”.

Os quatro planos narrativos que orientam a acção estão presentes desde o início.

a) Plano da Viagem• “Por mares nunca dantes navegados”b) Plano da História• “Daqueles Reis que foram dilatando”c) Plano do Poeta• “Cantando espalharei por toda a parte”d) Plano dos Deuses • “A quem Neptuno e Marte sempre

obedeceram”

• A metonímia é a substituição de uma palavra por outra com a qual ela está intimamente relacionada. Por exemplo, na frase “Vamos ler Camões” há uma metonímia, porque de facto o que vamos ler é uma obra de Camões.

“A metonímia é uma figura de estilo do nível semântico que consiste em designar uma realidade por meio de outra realidade relacionada com a primeira, por contiguidade ou proximidade.”

Exemplo (Ferreira de Castro, Emigrantes):"Borges interrompeu, com voz triste e céptica:– É difícil... É muito difícil... Quase ninguém lê. O país é analfabeto."

(o país: as pessoas do país).»

INVOCAÇÃO• I, 4-5

Tágides – assunto nacional Camões é um humanista “tornar os versos mais deleitosos”– Invocar significa apelar, pedir, suplicar.– Nestas estrofes, Camões dirige-se às Tágides, as ninfas do Tejo, pedindo-lhe que o ajudem a cantar os feitos dos

portugueses de uma forma sublime:– “Dai-me agora um som alto e sublimado,

Um estilo grandíloco e corrente,”– Tratando-se de um pedido, a Invocação assume a forma de discurso persuasivo, onde predomina a função apelativa

da linguagem e as marcas características desse tipo de discurso – o vocativo e os verbos no modo imperativo - determinam a estrutura do texto.

– O poeta pede às Tágides o estilo elevado que a epopeia e a grandiosidade do assunto requerem; o " som alto e sublimado ", exigido pelo " novo engenho ardente " que as ninfas colocaram nele. Como poeta experiente que é, sabe que a tarefa a que agora se propôs exige um estilo e uma linguagem de grau superior, por isso estabelece ao longo destas duas estâncias um confronto entre a poesia lírica, há muito por ele cultivada, e a poesia épica, a que agora se abalança.

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POESIA LÍRICA POESIA ÉPICA

verso humilde agreste avena frauta ruda

novo engenho ardente som alto e sublimado estilo grandíloco e corrente fúria grande e sonorosa tuba canora e belicosa

Outras invocações:

III, 1-2Calíope O Poeta vai narrar a História de Portugal desde Viriato a D. Manuel I

VII, 78-79Ninfas do Tejo e do MondegoPaulo da Gama explica o significado das bandeiras

X, 8-9CalíopeTétis profetiza a História de Portugal desde D.Manuel I a D. Sebastião.

DEDICATÓRIA• I, 6 – 18

6 a 8: Exórdio (como é visto D. Sebastião)

9 a 11: Exposição (o que se propõe cantar // proposição)

12 a 14: Confirmação (apresenta alguns heróis portugueses)

15 a 17: Peroração (pedido, o que se espera do rei)

18: Epílogo (fim, conclusão)

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A VIAGEM

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CONSÍLIO DOS DEUSES

• Estrutura externa: I, 20 – 41

• Estrutura interna: Narração

• Narrador: o Poeta – narrador heterodiegético

• Classificação do episódio: Mitológico

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CONSÍLIO DOS DEUSESDivisão em quatro momentos:1º Momento1. Circunstâncias e ambiente em que prosseguia a armada portuguesa,

na altura do consílio dos deuses. (19-20)2. Partida dos deuses das diversas regiões do céu e chegada ao

consílio. (20-21)3. Descrição do trono de Júpiter, da sua majestade e a ordem dos

outros deuses. (22-23)

2º Momento4. Discurso de Júpiter que determina a protecção dos Portugueses. (24

a 29)5. Introdução do Poeta à discussão gerada. (30)

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CONSÍLIO DOS DEUSES

3º Momento6. Razões de Baco contra os Portugueses. (30-32)7. Razões de Vénus a favor dos Portugueses. (33-34)8. Divisão dos deuses em dois partidos. (34-35)9. Descrição de Marte . (36-37)10. Discurso de Marte que contradiz as razões de Baco e

suplica Júpiter que envie Mercúrio a indicar o caminho aos Portugueses. (38-40)

4º Momento11. Júpiter aceita a sugestão de Marte, despede-se dos deuses

e cada um regressa ao seu aposento. (41)Elisete Brás - Colégio de Nossa Senhora de Fátima 18

JÚPITER

. Caracterização

. Discurso: Introdução (24)

Os Portugueses vão fazer esquecer outros povos Argumentos (25 – 28)

Venceram os Mouros Venceram os Castelhanos Venceram os Romanos Lutaram contra as forças da natureza Os Fados prometeram que eles iriam governar

no Oriente Os Portugueses estão cansados

Decisão (29) Os Portugueses devem ser abrigados na costa

africana antes de chegar à Índia.

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OS DEUSESA favor dos Portugueses Contra os Portugueses

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Razões de Vénus

• qualidades dos Portugueses

• língua semelhante à latina

• ser venerada pelos portugueses

Razões de Marte

•Amava Vénus

•Coragem dos portugueses

•Júpiter não pode voltar com a sua palavra atrás

Razões de Baco• os Portugueses vão retirar-lhe a fama• teme cair no esquecimento

INÊS DE CASTRO• Estrutura externa: III, 118 – 135

• Estrutura interna: Narração

• Narrador: Vasco da Gama – narrador heterodiegético

• Narratário: Rei de Melinde

• Classificação do episódio: Lírico

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INÊS DE CASTRO

III, 118-119: Introdução

III, 120-132: Desenvolvimento120-125 – caracterização de Inês126-129 – discurso de Inês (argumentos para a sua

defesa)130-132 – destino de Inês

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AMOR Força trágica – responsável pela morte de Inês.

AMOR

INÊS DE CASTROIII, 133-135: Conclusão

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INÊS DE CASTROHYBRIS (desafio) – 122 – “Vendo estas namoradas estranhezas” CORO - 123 – “Que furor consentiu que a espada fina. ... Contra hua fraca dama delicada.” 135 – “As filhas do Mondego a morte escura ... Que lágrimas são a água e o nome Amores.” FATUM (destino) – 120 – “Que a Fortuna não deixa durar muito” 130 – “Mas o pertinaz povo e seu destino (Que desta sorte o quis) lhe não perdoam. PERSONAGENS – D. Inês, D. Afonso IV, os conselheiros

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INÊS DE CASTROPATHOS (terror/piedade) – 124 – “falsas e ferozes/ Razões” # “triste e

piedosas vozes” 125 – “duros ministros rigorosos” #

“olhos piedosos”; “avô cruel”. Contraste : alegria e despreocupação / desgraça súbita. Simplicidade / brutalidade. Misericórdia implorada / castigo inumano. “Humanização” das feras e da natureza / ferocidade dos algozes. Inês – humilhada, fraca e suplicante, rodeada de seus filhos, netos de

D. Afonso IV CLÍMAX - 123 – “Tirar Inês ao mundo determina” CATÁSTASE - 134 – “Tal está morta a pálida donzela”

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BATALHA DE ALJUBARROTA

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BATALHA DE ALJUBARROTA

• Estrutura externa: IV, 28 – 45

• Estrutura interna: Narração

• Narrador: Vasco da Gama – narrador heterodiegético

• Narratário: Rei de Melinde

• Classificação do episódio: Bélico

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BATALHA DE ALJUBARROTA

Divisão do episódio em partes1.Antecedentes e preparativos – 12 a 27

2.Início da batalha – 28 e 29

3.Narração da batalha – 30 a 41

4.Vitória – 42 a 45

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O DIA DA PARTIDA• Introdução: 83 e 84

83: D. Manuel anima os marinheiros84: euforia e não há temor por parte daqueles que vão

partir• Preparação: 85 a 87

85: preparação das naus, tempo ameno86: preparação das almas – os marinheiros rezam87: oração numa capela em Belém – Gama sente medo e

tem dúvidas• Ajuntamento das pessoas: 88

Procissão entre a capela e as naus – amigos, parentes e curiosos

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O DIA DA PARTIDA

• Despedidas: 89 a 9389: visão global dos que ficam90: fala de uma mãe que simboliza a velhice que

fica e que é abandonada91: esposa que se queixa da partida do seu amor92: os velhos e os meninos – os frágeis e que não

foram por causa da idade93: momento da partida

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O ADAMASTOR• Estrutura externa: V, 37 – 60

• Estrutura interna: Narração

• Narrador: Vasco da Gama – narrador autodiegético

• Narratário: Rei de Melinde

• Classificação do episódio: Simbólico

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O ADAMASTOR

Divisão em partes lógicas37-38: circunstâncias que precederam o

aparecimento do Gigante39-40: aparecimento do Gigante e a sua descrição41-48: discurso ameaçador e profético do Gigante49-59: discurso autobiográfico do Gigante60: desaparecimento do Gigante

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O ADAMASTOR

1ª parte do discursoa. Reconhece a valentia dos Portugueses manifestada em

muitas guerras 41, 1-4b.Declara que nunca os segredos do mar foram descobertos

41, 5-8 e 42, 1-4c. Anuncia os castigos que vai lançar contra os Portugueses 42,

5-8d.Os castigos sucedem-se em progressão ascendente de

grandeza 43 e seguintes

demover os Portugueses da viagem empreendida

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O ADAMASTORSimbologia do episódio

O Adamastor surge como criação maravilhosa a corporizar, a simbolizar a quase intransponível força do mar;

Símbolo das forças cósmicas que o homem terá de vencer se quiser da lei da morte se libertar;

A destruição do Adamastor surge como o completo domínio dos mares pelos Portugueses;

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O ADAMASTORNo fim, o Adamastor surge como o anti-herói

para dar lugar a heróis de carne e osso, a heróis reais;

Simbologia reforçada pelo facto do episódio estar colocado no centro do canto V que também é o centro de Os Lusíadas.

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O ADAMASTORV, 57, v.4

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A TEMPESTADE

• Estrutura externa: VI, 70 – 87

• Estrutura interna: Narração

• Narrador: o Poeta – narrador heterodiegético

• Classificação do episódio: Naturalista

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A TEMPESTADEDivisão em partes lógicas

1.Transição entre o repouso e a despreocupação dos marinheiros e a agitação da tempestade 70

2.Descrição da tempestade 71-803.Prece em tom de queixa dolorosa de Gama à

Divina Providência 81-834.Nova descrição da tempestade 845.Intervenção de Vénus e das ninfas 85-87

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