Paca, tatu... cutia, sim!

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tatu...Paca,

cutia,não

Claudio Fragata

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Fragata, Cláudio Paca tatu, cotia sim / texto de Cláudio Fragata ; ilustrações de Tiago Passos. -- São Paulo : Evoluir, 2012.

1. Ficção - Literatura infantojuvenil I. Título.

12-15515 CDD-028.5

Índices para catálogo sistemático:

1. Ficção : Literatura infantil 028.5 2. Ficção : Literatura infantojuvenil 028.5

Coordenação Editorial: Flavia BastosSupervisão: Fernando MonteiroProjeto Gráfico e ilustrações: Tiago PassosRevisão: vou te passarImpressão: Evoluir Cultural

tatu...Paca,

cutia,não

Claudio Fragata

A cutia já estava cansada

de uma coisa que acontecia

fosse noite ou fosse dia:

sempre era barrada

em todo lugar que ia.

Se não era na entrada,

então era na saída.

Era barrada no baile,

na festa, na avenida,

no estádio de futebol

bem na frente da torcida.

Deixavam passar a multidão,

na vez dela, fechavam o portão:

- Paca, tatu... cutia, não!

Passava boi, passava boiada,

passava o sapo, passava a rã.

Passava a onça-pintada,

Passava o bicho da maçã.

Passavam abelhas na zoada,

Passavam o carcará e a acauã.

Passavam galinhas cacarejantes,

Passava a rastejante serpente.

Passava uma fila de elefantes

incomodando muita gente.

Passavam a cabra e o cabrito,

Até o terrível tubarão.

Entrava toda a bicharada:

- Paca, tatu... cutia, não!

Não adiantava crachá,

cartão de visita,

nem carta de apresentação.

Carteira de estudante,

De identidade ou de habilitação.

Não valia passaporte

ou outra documentação.

Era barrada mesmo fantasiada

de colombina, de odalisca

ou com roupas de safári.

E até quando disfarçada

de espiã Mata Hari.

Sempre a mesma humilhação:

- Paca, tatu... cutia, não!

Ela já não duvidava,

diante de tal esculhambação,

que na Arca de Noé

ocorreu igual situação.

Os bichos entrando aos pares

numa longa procissão

para tomar seus lugares

na famosa embarcação,

a zebra com a zebra,

a leoa com o leão.

Na vez das cutias, Noé,

com sua voz de trovão,

barrava a passagem com o pé:

- Paca, tatu... cutia, não!

Até que num certo dia,

a cutia fez as malas

e foi visitar sua tia.

Encontrou a pobre velha

tomando banho de bacia.

Descobriu pra seu espanto

que a tia também sofria

com a mesma tirania:

era barrada em todo canto,

na porta, na portaria,

na feira, no supermercado,

no cinema, na pastelaria.

Sempre a mesma discriminação:

- Paca, tatu... cutia, não!

Mas a tia da cutia

nada tinha de coitada.

Era uma velhinha

muito, muito espevitada.

Disse então à sobrinha:

chegou o momento

de lutar pelo nosso direito,

organizando um movimento

contra esse preconceito.

Chamaram todas as cutias,

fizeram cartazes, panfletos,

e uma faixa comprida assim

com as palavras de ordem:

- Paca, tatu... cutia, SIM!

A tia da cutia tomou a dianteira,

pegou o megafone

e falou às companheiras:

— Ouçam bem, minhas queridas,

cutias unidas, jamais serão vencidas!

Saíram em grande passeata

Agitando toda a mata:

— Exigimos respeito,

abaixo o preconceito!

E a bicharada com cara de pamonha

Afinal — quem não sabe? —

discriminar é uma vergonha!

Dali em diante seria enfim:

— Paca, tatu... cutia, SIM!

A luta das cutias virou lei

que dá aos bichos direitos iguais.

Hoje é obedecida até pelo Leão,

que é o rei dos animais.

Quem barra uma cutia

Seja em que lugar for,

vai logo parar na delegacia.

Mas se algum bicho, um dia,

achar que é o melhor,

as cutias voltarão à rua

porque a luta continua.

Até que todos saibam de cor,

a briga não vai ter fim:

- Paca, tatu... cutia, SIM!

Sobre o autor

Cláudio Fragata nasceu e mora na cidade de São

Paulo. Já trabalhou no “Jornal da Tarde” e nas

revistas “Globo Ciência” e “Recreio”. Na área

editorial, projetou os primeiros Manuais da Turma da

Mônica. Escreveu alguns livros, como “A Princesinha

Boca-Suja” (Editora Scipione), e o elogiado “Zé Perri:

A Passagem do Pequeno Príncipe Pelo Brasil” (Galera

Record), que, com ares de crônica literária e poesia

romântica, narra as pegadas que Saint-Exupéry deixou

pelo país. Em Paca Tatu o autor trata de temas sobre

preconceito, diferença e bulling

Neste Livro o autor trata da questão do bulling de uma ma-neira divertida e irreverente. As cotias ao se perguntarem porque todas os outros bichos podiam entrar e as cotias não, elas só conseguem descansar quando escutam o esperado sim. Agora felizes gritavam sem parar: Paca Tatu, Cotia Sim!

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