View
219
Download
5
Category
Preview:
DESCRIPTION
Confira a Jornada Empreendedora de Marta Kaiser, Pós-Júnior da ADECON e uma das vencedoras do Prêmio Cultura Empreendedora em 2014!
Citation preview
MARTA REGINA - ADECON
Pós-Júnior: Marta Regina Kaiser
Empresa Júnior: ADECON – Consultoria Empresarial UEM
1 PARTICIPAÇÃO ATIVA NA REDE
A leitura de uma reportagem na revista Exame, sobre as empresas
juniores da FGV e da USP, no ano de 1991, foi a inspiração para que Marta
Regina Kaiser, filha de um carpinteiro e uma dona de casa, acadêmica do
terceiro semestre de Administração da Universidade Estadual de Maringá,
tomasse a iniciativa de criar uma empresa júnior em Maringá, interior do
Paraná, e que viria a ser reconhecida, vinte anos depois, como a melhor do
Brasil.
Uma sala com cheiro de mofo e muito entulho pelos cantos foi o
espaço que abrigou as primeiras reuniões, e que testemunhou o nascimento
da primeira empresa júnior da UEM, precursora de uma história local que hoje
conta com 17 empresas juniores somente nesta Universidade.
A acadêmica convidou colegas dos cursos de Administração, Economia
e Ciências Contábeis, organizou reuniões, procurou apoio nos Departamentos
de cada curso, na Reitoria e Pró-Reitorias da instituição. O grupo recebeu
apoio do Reitor, Décio Sperandio, e da Pró-Reitoria de Graduação, conduzida
pelo Professor Lúcio Tadeu Mota, o que foi suficiente para dar seus primeiros
passos: uma cópia do estatuto de uma empresa júnior da USP, posteriormente
um espaço físico adequado, um armário, uma mesa de reuniões, cadeiras,
uma escrivaninha e uma linha telefônica. O computador, de segunda mão, veio
muito tempo depois, mas somente um acadêmico sabia usá-lo. Mas o
movimento também foi taxado de pretensioso, e ridicularizado por colegas e
professores, pois naquela época era um absurdo um grupo de estudantes
pensar que era capaz de prestar consultoria ao mercado.
Marta Regina Kaiser foi a primeira a ocupar a presidência. O grupo era
pequeno, poucos acadêmicos acreditaram na idéia, e somente 15 deles
investiram seu tempo para que a iniciativa criasse corpo e se fortalecesse. No
final do segundo ano, contava com aproximadamente cinco pessoas. O
glamour inicial trazido pela mídia e pela divulgação via eventos de
lançamentos, entre outros, cedia espaço ao trabalho árduo, a exposição às
criticas, a conseguir fazer com que a empresa tivesse continuidade e, a
imposição mais impiedosa de todas: a necessidade de conciliar estudo e EJ.
Poucos resistiram.
Não mais que dois professores se dispuseram a orientar projetos. E em
três anos de sua participação, apenas três projetos foram realizados. Um na
área de Ciências Contábeis, o único realmente proveitoso, com orientador,
começo, meio e fim, cujo tema era determinação de custo e formação de
preço. Outro na área de pesquisa para uma companhia de petróleo, no qual o
questionário aplicado foi desenvolvido sem a supervisão de professores, pois
nenhum deles se dispôs a orientar acadêmicos que não haviam estudado
ainda a disciplina de Estatística, e a compilação dos dados exigiu um esforço
imensurável, e muitas madrugadas foram dedicadas a tentar gerar um
resultado útil em função das falhas cometidas na elaboração das questões. Já
o terceiro projeto envolvia uma marcenaria falida, cujo dono tinha a intenção
de que os consultores juniores convencessem seus funcionários a entrar de
sócios da empresa, valendo-se do fundo de garantia que tinham direito a
receber caso a empresa fechasse. Este projeto contou com um professor
orientador, responsável por impedir que os consultores perdessem a
compostura com o empresário contratante, pois a inexperiência de vida e
profissional os levaria a isso. O projeto, que a principio foi contratado como
sendo de planejamento organizacional, ficou inacabado.
Em contrapartida, uma série de seminários realizados anualmente e
denominados “A Alma do Negócio – Seminário de Propaganda e Marketing”
projetou o nome da EJ no mercado. Grandes nomes do mercado brasileiro de
propaganda e marketing se fizeram presentes, sempre sem custo, pautados
na idéia de contribuir com acadêmicos de uma universidade pública.
Propaganda e Marketing eram assuntos inovadores, ainda não explorados e o
sucesso de público foi admirável.
Na época não havia uma pessoa para responder por cada cargo dentro
da Diretoria, todos faziam tudo. É importante ressaltar que todos os
acadêmicos participantes da EJ estudavam no turno noturno e trabalhavam
durante o dia, inclusive Marta, que morava em república e era responsável por
seu sustento.
2 COMPREENSÃO DO POTENCIAL
A dimensão do MEJ hoje é capaz de mostrar o quanto a iniciativa da
acadêmica Marta Regina Kaiser foi empreendedora, o quanto sua decisão em
acreditar na idéia de fundar uma EJ na UEM e movimentar pessoas e recursos
para que isso acontecesse foi de grande valia naquele momento, 22 anos
atrás. Não havia computadores nem celulares, e somente sete anos depois da
fundação da EJ, ouviu-se pela primeira vez a palavra internet. A comunicação
era por carta e fax, o meio mais rápido. Telefone era um recurso caro e
limitado. As referências para criação da EJ eram sediadas em grandes
centros, uma delas era uma faculdade particular, realidade radicalmente
distinta da qual se situavam os acadêmicos da UEM.
O Movimento Empresa Júnior (MEJ) como é concebido e vivenciado
hoje, não existia. Apenas as EJs de São Paulo eram conhecidas, e mesmo lá, o
movimento era muito recente. Não havia lastro nem história de apoio, havia
apenas uma idéia, baseada em uma reportagem de duas páginas e uma
vontade enorme de que ela se tornasse realidade. Com este entusiasmo,
persistência e coragem de enfrentar o desconhecido, Marta possibilitou a
ADECON nascer, batizada inicialmente de Júnior Consultoria.
3 INTERNALIZAÇÃO DO PROPÓSITO
A acadêmica Marta Regina Kaiser afastou-se da EJ no final de 1993.
Neste ano seu pai foi diagnosticado com câncer. Exaurida, absolutamente
esgotada e incapaz de continuar conciliando a EJ, sua formação acadêmica
em Administração e o trabalho profissional do qual dependia seu sustento
financeiro, acabou deixando a empresa que havia criado. Em dezembro de
1994 nascia sua primogênita, Carolina, e em 1995 realizava seu trabalho de
conclusão de curso. Por dois ou três anos ainda apoiou e auxiliou na
organização de alguns eventos da EJ.
Ainda no ano de 1992, durante a realização do Seminário a Alma do
Negócio conheceu dois publicitários e foi convidada a trabalhar com eles, em
função da excelente organização do evento. Deixou o estágio no Banco do
Brasil e arriscou-se mais uma vez. A EJ foi sua porta de entrada para o mundo
do Marketing, área na qual seguiu carreira, tornando-se sócia destes
publicitários em uma agência de propaganda, da qual se desligou em 1998.
Em 1999, cursou pós-graduação em Marketing pela Fundação Getúlio
Vargas. Trabalhou na área de Marketing em uma rede de supermercados e em
uma instituição educacional. Além da área executiva e consultoria, de 2000 a
2007 atuou como professora de graduação, também na área de Marketing.
Em janeiro de 2004 nascia João Pedro, que com 13 dias de vida
realizou uma operação de urgência devido a uma hemorragia cerebral. E este
filho especial veio pra mudar a vida da família toda. Em 2007, Marta
interrompeu sua carreira para dedicar-se ao seu filho que, com 4 anos,
desenvolveu um transtorno de ansiedade, somando-se uma terceira terapia às
já existentes.
Durante os dois anos em que ficou afastada do mercado profissional,
assumiu a Presidência da Rede Feminina de Combate ao Câncer – Regional
Maringá (RFCC), onde atuava como voluntária desde 1998.
Quando seu filho teve alta da terapia, decidiu que não voltaria mais a
trabalhar na área privada. Dois anos a frente de uma instituição deu-lhe a
certeza de queria continuar fazendo diferença na vida de pessoas carentes de
saúde, dignidade e respeito. Não saberia mais usar seus conhecimentos na
área de marketing apenas para impulsionar os lucros de uma empresa
privada.
A frente da RFCC conduziu o processo de profissionalização da
instituição que hoje conta com 20 funcionários e 150 voluntários ativos.
Sendo que três funcionárias são pós-graduadas na área de terceiro setor. Sob
seu comando, a instituição venceu a Gincana Nacional do McDia Feliz em
2010 recebendo um prêmio de 45 mil reais, e ficou com o segundo lugar em
2011 com um prêmio de 25 mil reais, concorrendo com 58 instituições do
Brasil.
Hoje comanda o processo que garante atendimento a mais de 300
pessoas com câncer, abrangendo a cidade de Maringá e região, no Paraná.
Esclarece que obviamente sua remuneração não é a mesma que receberia em
uma empresa privada pelo cargo que ocupa, mas que a absoluta satisfação
que sente pelo reconhecimento do trabalho que realiza torna seu valor
profissional imensurável.
A EJ faz parte da sua história de vida, tanto profissional quanto pessoal.
Absolutamente honrada, e com muito orgulho, Marta Regina Kaiser tem plena
convicção ao dizer que é uma empreendedora brasileira capaz de contribuir
para o aprimoramento contínuo de seu país, e que se empenha para fazer isso
todos os dias.
Recommended