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PARALELOMUNDO

O paralelo entre dois mundos, o da pintura e da fotografia, aparece neste livro, como um acumular de olhares que sem nunca se terem cruzado, camin-haram lado a lado ao longo dos tempos.

João Hogan na sua obra, na qual me identifico bastante, pela sua relação durante muitos anos com a gravura e a sua vontade de representar lugares inabitados, que imanam silêncio, cheio de signifi-cações, enfatizados pela ausência de figura humana, como bem se descreve a sua ficha de identidade do IMC (Instituto dos Museus e de Conservação).

É nesta procura do inabitado, na representação do espaço vazio entre o estar e o não ser que o meu trabalho em redor dos escombros da Mina de São Domingos tem girado.

O paralelismo existente na obra de João Hogan com as fotos é por demais evidente, por vezes até estranhamente real, nunca tinha visto a obra de Hogan, até há uns meses atrás, e quando olhei com atenção, vi que já por ali tinha passado, já tinha percorrido aqueles trilhos sem nunca lá ter esta-do a paleta de cores de terras e ocres e inúmeros verdes, estas cores que eu vivo na Mina e este lugar inabitado que é a Achada do Gamo que João Hogan nunca visitou mas que pintou na sua memória, as suas telas.

Foi necessário ganhar uma certa dimensão, afastar-me do óbvio para poder transmitir a gran-deza do lugar. João Hogan a certa altura perto de 1985 refere "A minha paisagem nasce dentro e debaixo da terra. O céu nunca me interessou, e às vezes até o corto."

Também as minhas imagens brotam da terra como a flor do enxofre.