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Trabalho de Conclusão de curso em Homeopatia. Releitura da Matéria Médica de Cânfora
Lucas Gaspar Ribeiro (médico) e Yara Naves(Farmacêutica)
Trabalho apresentado para a obtenção do título de médico e farmacêutico homeopatas pelo Centro de Estudos de Homeopatia
de Londrina – CEHL, polo Uberlândia
1
Sumário 1. Substância, medicamento e sintomas. ............................................................................... 2
a) História e classificação botânica. ................................................................................... 2
I) Substâncias. ............................................................................................................... 2
II) História. ..................................................................................................................... 3
III) Descrição Botânica................................................................................................. 3
b) Propriedades Químicas. ................................................................................................. 5
I) Componentes ativos da cânfora. ................................................................................ 6
II) Medicamento homeopático. .................................................................................... 10
2. Analogia da planta com a matéria médica homeopática pura de Hahnemman. ............... 13
a) Características da cânfora percebidas durante a experimentação.................................... 13
b) Analogia da Matéria Médica Hahnemanniana com a planta em si. .................................. 14
3. Contradições e polaridades. ............................................................................................ 17
4. Dialética dos sintomas – relacionando a planta aos sintomas. ......................................... 18
5. Tema: transformação da qualidade em quantidade e vice-versa. ..................................... 23
6. Referências ..................................................................................................................... 24
2
1. Substância, medicamento e sintomas.
Nesse primeiro momento, teremos como objetivo introduzir os conhecimentos sobre o
objeto de estudo - a cânfora(medicamento homeopático). Para facilitar a discussão que se
segue, esse capítulo está dividido em partes que agrupam conhecimentos comuns: biologia,
química, alopatia, curiosidades e homeopatia.
a) História e classificação botânica.
I) Substâncias.
Nesse primeiro grupamento, traremos informações relacionadas a planta em si, tanto
de questões botânicas, quanto químicas e culturais.
A planta originária é uma angiosperma, dicotiledônea, com sua classificação
filogenética dividida da seguinte forma:
Reino – Plantae
Divisão – Magnoliophyta
Classe – Magnoliopsida
Ordem – Laurales Juss
Gênero – Cinnamomum
Espécie – camphora
Sendo assim, seu nome cientifico é Cinnamomum camphora, com as sinonímias de
Laurus camphora, Camphora officinalis, Dryobalanops aromática(1,2)
Como sua origem provêm da Ásia, o nome original é Ho-Sho, mas também tem nomes
populares no Brasil, como: Canforeiro, alcanforeira, erva-cavaleira, alcanforero, rabugem-de-
cachorro e em outros idiomas, no espanhol: Canfoeiro, francês: Champhre, inglês: Camphor
tree e italiano: Cânfora(1).
As denominações na homeopatia são: Camphora e/ou Cinamomumm camphora
3
II) História.
A canforeira é originada da Ásia, encontrada com maior frequência na China, Japão e
Taiwan, sendo que já era conhecida dos alquimistas medievais e usada em bálsamos como
relaxante muscular(3,4).
O Japão, depois de ocupar a ilha de Formosa (Taiwan), organizou seu próprio
monopólio da produção e comércio da cânfora natural e sua essência, que perdurou até à
perda do seu domínio em 1944; entretanto estabeleceu essa cultura na ilha.
Concorrências surgiram para combater o monopólio, com plantações de canforeiro em
outros países (Java, Estados Malaios, Austrália, Flórida, Brasil, Argélia, etc.), porém a
organização japonesa inutilizou estas tentativas. Nesses outros países existem espécies
semelhantes ao canfoeiro asiático, sendo que sua diferença é a composição de óleos de cada
uma das espécies(5). Mas as circunstâncias modificaram-se depois da II Guerra Mundial(1940-
45), em resultado do desenvolvimento da indústria da síntese química da cânfora, em
particular nos EUA(6).
III) Descrição Botânica.
Árvore de crescimento lento, atingindo até 45 metros de altura e 50 metros de largura,
incluindo folhagem. Apenas o tronco chega a 4,5m de diâmetro em sua base. Se adapta com
facilidade em regiões temperadas ou, em grandes alturas, nas regiões tropicais. Suporta
temperaturas bastante baixas, com até -10°C, mas prefere terrenos leves e úmidos, se
adaptando a qualquer tipo de solo(1,7,8). Possui efeito aleopático, que impede o crescimento
de plantas em suas vizinhanças(9).
4
Figura 1 – Canfoeiro – fonte wikipedia((5)
É uma árvore com florada primaveril, com flores na forma de cachos na cor creme, e
frutos arredondados de coloração preta, quando maduros, do tamanho de ervilhas.
Encontrada sempre verde, com folhas ovais, pontiagudas e brilhantes(3,7,10).
Figura 2- Flores da canforeira – fonte plantas que curam(6)
5
Figura 3 - Fruto maduro - fonte wikipedia((5)
Das raízes, tronco e ramos é possível extrair o produto conhecido com o nome de
cânfora, através do processo de sublimação. Mas, a extração da resina só acontece quando a
planta apresenta mais de 50 anos de idade. Nos Estado Unidos, menos danos lhe é causado
por esse processo, pois a resina é retirada das folhas e ramos novos das árvores velhas(7,11).
b) Propriedades Químicas. A cânfora é uma mistura, mas a maior parte constituída de uma cetona obtida da
Cinnamonum camphora - Lauracea e purificada por sublimação, ou pode ser obtida
sinteticamente(4). O produto natural é dextrógero enquanto que o produto sintético é
opticamente inativo(4).
Figura 4 - Estrutura molecular da cânfora – fonte wikipedia(12)
6
Características físico-químicas.
Fórmula estrutural: C10H16O
Peso Molecular:
152,2 u.m.a
Solubilidade: 1:800 Água, 1:1 éter, 1:1 álcool e em óleos
voláteis.
Temperatura de fusão 175 -177 graus Celsius
Temperatura de Ebulição 204 graus Celsius
Apresenta-se na forma de cristais ou grânulos brancos ou incolores ou também, como
uma massa cristalina; possui odor característico; sabor pungente e é facilmente pulverizável na
presença de pequena quantidade de álcool, éter ou clorofórmio; volatiliza em baixas
temperaturas(4). Um líquido ou uma leve massa é formada quando a cânfora é triturada com
cloral hidratado, mentol, fenol, timol e outras muitas substâncias(4).
Figura 5 - cristais de Cânfora – fonte google
I) Componentes ativos da cânfora.
Compostos da série aromática: p-cimeno, eugenol, safrol; Aldeidos; Ácidos graxos;
Terpenos: alfa-pineno, nopineno, canfeno, dipenteno, cariofileno, cadineno, bisaboleno,
canfazuleno;
Álcoois: borneol, linalol, alfa-terpinol;
Cetonas: cânfora, piperitona;
Óxidos: cineol(6)
7
a. Medicamento alopático.
A espécie alcança alto valor no mercado, pois é usada como fonte de matérias-primas
na indústria de perfumarias e medicamentos, sendo de grande importância na produção de
óleos essenciais, apresentando um odor agradável, devido a presença do linalol(13). A essência
é usada externamente como anti-séptico e analgésico local e internamente como excitante
dos centros nervosos e como expectorante(3).
Para uso tópico, sua aplicação é indicada em juntas inflamadas, dores reumáticas e
outras condições inflamatórias como resfriados, dores de garganta e dores no peito. Apesar
dos pacientes sentirem melhora, a inflamação não é afetada, ocorrendo apenas um reflexo
induzido devido a vasoconstrição local ocorrendo um suave efeito de descongestionante
nasofaringe(4). Sendo que nas farmácias ou drogarias é vendido cubinhos de cânfora, com a
finalidade de preparar medicamentos caseiros, para massagens e fricções(6,11)
Alzugaray afirma que como sedativo, é recomendada nas doenças nervosas,
hipocondria, histerismo, convulsões, epilepsia, melancolia, nevralgia e reumatismo. Tem
aplicações também nas hemorragias uterinas e como vermífugo(1,6).
O óleo canforado também apresenta propriedade cardiotônica, mas sua prescrição
deve seguir orientações médicas(1,11). Pois o medicamento pode ser usado para estados de
colapso, como choque com o rosto muito pálido; frio e palidez; lábios cianóticos e hálito frio;
pulso quase imperceptível e estado de morte aparente(14).
b. Efeitos Tóxicos à Saúde.
Essa planta tem um efeito tóxico muito proeminente, por isso existem algumas
restrições ao seu uso no Brasil. A ANVISA(15) determina as concentrações máximas da cânfora
nas substâncias, justamente por seus efeitos tóxicos que exploraremos a seguir.
1- Concentração máxima de 4% em esmaltes
2- 2,5% em cosméticos(se >3% analgesia)
3- Proíbe uso de cânfora para <2anos(hepatotoxicidade em lactentes)
4- Não utilizar na gravidez(atravessa barreira placentária)
A cânfora quando usada em altas concentrações pode provocar intoxicações. Uma
dose de menos de 1g pode ser considerada letal para crianças muito novas e pode provocar
intoxicação em adultos, quando a dose ultrapassa 2g(6). A dose letal em adultos é de 6 a 20
gramas, mas efeitos podem começar a surgir com 2g.
8
A seguir é possível observar alguns efeitos adversos provocados pela cânfora, divididos em
áreas de atuação(9,16).
Tabela 1 - efeitos tóxicos da cânfora
Local Efeito
Sistema Respiratório Tosse, dispneia, edema pulmonar, processo
inflamatório das vias aéreas. Alteração do
centro respiratório.
Gastrointestinal Irritação das vias digestivas, náuseas,
vômitos, dores abdominais, diarreia.
Olhos Irritante
Sistema Nervoso Central Irritabilidade, Cefaleia, estado de depressão
geral(torpor, sonolência, vertigem),
fenômeno de narcose. Hiperexcitabilidade
neuromuscular e movimentos desconexos de
extremidades(ataxia, coréia, espasmos) .
Delírios.
c. Outras utilidades da cânfora.
O início de seu uso na indústria data do final do século 19, na produção de celuloide e
como matéria-prima para outras indústrias importantes como fábrica de pólvoras, plásticos
tintas e filmes fotográficos(17).
Atualmente, no comércio encontramos sua essência de odor aromático, de sabor
amargo e com agradável frescor(3). Devido a isso, está presente em perfumes, sabonetes,
desodorizadores e cosméticos(9). Além de apresentar propriedades medicinais, é utilizada
como repelente de traças e aranhas, devido ao seu odor penetrante(18).
A canforeira é extremamente decorativa, sendo indicada para ornamentação de vias
públicas, muito comuns na Austrália, e também para quebra-ventos(1).
9
Figura 6 - Canfoeiros na Austrália - google
A planta tem característica de recuperar a força e o vigor de plantas que sofreram ação
do vento, ou ficaram na ausência de água por algum tempo se for regada com água
canforada(1 colher de cânfora em pó em 1 garrafa de água)(11,19).
Em encontros religiosos também é utilizada em rituais hindus, para o deus Shiva, o
deus da destruição e recriação. Isso porque a chama da cânfora é sagrada, quando queimada
não deixa resíduos(5).
Por fim, pode ser utilizado como desinfetantes caseiros (Vinagre dos quatros ladrões
de Marselha).
d. Curiosidades.
1. Na China, a cânfora é proibida para ser utilizadas em mulheres grávidas e em pessoas
com deficiência de energia ou yin(10).
2. Vinagre dos quatro ladrões de Marselha:
Conta a lenda que por volta de 1300, enquanto se alastrava uma epidemia de peste
negra, quatro bandidos marselheses executavam assaltos nos locais infestados pela
peste, saqueando casas e o comércio. Era, porém, um mistério o fato de passarem
incólumes pelos locais infestados, sem adquirirem o terrível mal. Dizem que o segredo
era uma mistura milagrosa que preparavam antes de iniciarem as suas incursões, com
10
a qual enxaguavam a boca e limpavam as mãos. A sua receita chegou até nós. Trata-se
de um excelente desinfetante, que todos fariam bem em ter esta receita em casa.
Desinfetante para empregos caseiros (Vinagre dos quatros ladrões de Marselha)(19)
20g de sumidades floridas de alguma destas plantas: losna, alecrim, sálvia, hortelã,
arruda ou flores de alfazema
30g de cada um destes aromáticos: casca de canela, ácoro, noz-moscada, cravo e alho.
5g de cânfora
1250g de puríssimo vinagre de vinho branco.
II) Medicamento homeopático.
Nesse capítulo, iremos abordar objetivamente a característica dessa planta na homeopatia.
a. Colaboradores na Experimentação da Cânfora.
Hahnemann, Franz, Herrmann, Stapf, Wislicenus, Alexander(20).
b. Procedimento da manipulação na homeopatia.(22–23)
- Ponto de partida: Trituração ou solução em etanol a 60%;
Trituração ou solução em etanol94,9% (v/v)
Tintura Mãe de Laurus camphora L
Solução em etanol 95%
Solução etanolica
Tintura Mãe de Laurus camphora L
- Insumo inerte:
Etanol em diferentes graduações:
Para a obtenção da Escala Centesimal (CH): Nas três primeiras dinamizações
utilizar solução alcoólica na mesma concentração do ponto de partida, ou seja, na
mesma concentração que estiver a Tintura Mãe.
Para a obtenção da Escala Decimal (DH): Nas seis primeiras dinamizações utilizar
solução alcoólica na mesma concentração do ponto de partida, ou seja na mesma
concentração que estiver a Tintura Mãe.
Estocagem das demais formas derivadas (matrizes): Utilizar etanol a 77% (v/v) ou
superior.
Para a dispensação: Tanto na escala centesimal, quanto na decimal, utilizar etanol
a 30% (v/v). No caso de medicamentos nas potências até 3 CH e 6 DH inclusive,
dispensar no mesmo teor alcoólico do ponto de partida, colocando observação
que “deverá ser administrado diluído em água na hora do uso”.
É possível também dispensar o medicamento em água, glóbulos, comprimidos e
tabletes
11
- Técnica de Preparo:
a) Dispensação em gotas:
1- Colocar sobre a bancada do laboratório quantidade suficiente de frascos
dinamizadores, devidamente identificados, para preparar a potência desejada.
Cada frasco deverá ter o seu batoque e sua tampa.
É importante a escolha dos frascos dinamizadores, pois o líquido a ser dinamizado
deverá perfazer no mínimo ½ e no máximo 2/3 de sua capacidade para que ocorra
uma boa agitação das moléculas.
2. Através de um repipetador, colocar em cada frasco, volume de insumo inerte na
proporção indicada, conforme escalas decimal ou centesimal.
3. Acrescentar no 1º frasco 1 parte da cânfora, já solubilizada, em 9 (DH) ou 99
(CH) partes do insumo inerte (solução alcóolica). Sucussionar 100 vezes. Obtém-se
assim a 1 DH ou 1 CH.
4. Transferir para o 2º frasco 1 parte da 1 DH ou 1 CH em 9 ou 99 partes do insumo
inerte, respectivamente. Sucussionar 100 vezes. Obtém-se assim a 2 DH ou 2 CH.
5. Transferir para o 3º frasco 1 parte da 2 DH ou 2 CH em 9 ou 99 partes do insumo
inerte, respectivamente. Sucussionar 100 vezes. Obtém-se assim a 3 DH ou 3 CH.
6. Proceder de forma idêntica para as preparações subseqüentes até atingir a
dinamização desejada.
- Processo de Sucussão: Este pode ser manual, o qual é realizado golpeando-se
fortemente o frasco 100 vezes, contra um anteparo semi-rígido, em um
movimento contínuo e ritmado, para promover energia cinética constante,
conforme figura abaixo. Nesse processo, seguramos fortemente o frasco, de tal
forma que apenas o seu fundo bata no anteparo. Com isso, evitamos o
amortecimento do impacto e possíveis dores na mão. Durante a sucussão, o
antebraço deverá formar um ângulo de mais ou menos 90° com o antebraço.
Como anteparo, Hahnemann utilizava um livro com capa de couro, hoje se utiliza
uma espuma de densidade 23 encapada com couro sintético.
Figura 7 - Dinamização Manual – Fonte: Fontes (23)
12
Outro processo de sucussão é o mecânico, realizado através de máquinas
sucussionadoras, chamadas também como braços mecânicos, que produzem um
movimento oscilatório em arco, que proporciona impacto periódico do frasco
sobre um anteparo de poliuretano ou outro material semi-rígido e parada
automática após 100 sucussões. São capazes de reproduzir o movimento manual
com a vantagem da obtenção mais rápidas das potências medicamentosas.
Figura 8 - Dinamizador Mecânico- google
c) Dispensação em sólidos: glóbulos, comprimidos ou tabletes:
Preparar o insumo ativo liquido, na dinamização desejada, em solução
hidroalcóolica com graduação igual ou superior a 77% (v/v) (equivalente a 70%
(p/p)).
O método consiste em impregnar todos os glóbulos, comprimidos ou tabletes
inertes com o insumo ativo na potência prescrita, na proporção de no mínimo
5% (v/p) para glóbulos, e no mínimo 10% (v/p) para os demais sólidos.
A técnica poderá ser usada por simples impregnação, que consiste em
impregnar todos os glóbulos com o insumo ativo em uma única etapa, ou
tríplice impregnação, em que os glóbulos são impregnados com o insumo ativo
dividido em três etapas.
A secagem será executada em temperatura não superior a 50 °C.
- Embalagem e armazenamento: Recipiente bem fechado, protegido do calor,
umidade e da luz direta. Prazo de validade. A ser determinado, caso a caso,
conforme legislação pertinente.
- Prazo de validade: A ser determinado, caso a caso, conforme legislação
pertinente.
13
c. Administração da Cânfora.
Administrá-la em doses muito pequenas, e com muita frequência - de 5 até 15
minutos. Em caso de urgência, a frequência pode ser maior ainda, a cada 2 ou 3 minutos.(20)
A dosagem seria cerca de uma gota da solução alcóolica saturada (um oitavo de um
grão) agitada em metade de uma onça (N. T. Bras.: uma onça é equivalente a 28, 35 g (Brit.) ou
31, 10 g (EUA)) de água até dissolver, ou por meio de olfação de uma solução alcóolica
saturada de cânfora a cada três, quatro, seis, dez, quinze minutos. (20)
Um grão (N. T. Bras.: um grão é equivalente a 64, 80 mg.) de cânfora (dissolvido em
oito gotas de álcool) combinado com 400 grãos de água morna, e quando agitado, dissolve - se
completamente.(20)
Apesar da cânfora ser uma droga bastante poderosa, ela é mais transitória que as
outras, e por isso deve ser repetida com maior frequência podendo ocorrer de 5-5 minutos se
necessário, administrando-a até que o calor do indivíduo seja restabelecido(14).
Em casos de ataques histéricos e violentos, sugere acrescentar uma gota de Cânfora
T.M. em um pequeno torrão de açúcar e colocar o mesmo sobre a língua a cada 5 ou 10
minutos. Em casos de colapso é preferível a aplicação de injeções hipodérmicas de óleo
canforado a 10%, pois a mesma pode provocar irritação no estômago(2).
d. Antídotos da Cânfora.
Para anular os efeitos da cânfora quando esta for administrada inadequadamente, os
antídotos citados a seguir poderão ser administrados: Opium, Cantharis, Dulcamara,
Phosphorus(2).
2. Analogia da planta com a matéria médica homeopática
pura de Hahnemman.
a) Características da cânfora percebidas durante a experimentação Hahnemann e seus auxiliadores perceberam algumas características interessantes durante a
experimentação patogenésica do medicamento que estamos descrevendo. Todos esses efeitos
estão citados na Matéria Médica de Hahnemann e trazemos aqui listados(20,25).
1- Remove efeitos violentos de outras drogas, quando estas foram administradas
inadequadamente ou em altas dosagens. Tais drogas podem ser de origem vegetal,
14
animal, ou até mesmo de origem mineral e metálicas; Característica curativa de
quadros agudos apenas, devido sua rápida ação.
2- Substância de difícil patogenesia, pois sua ação primária no interior do organismo logo
alterna e se mistura com a ação secundária, ou seja, com a reação do próprio
organismo; O período de ação primário é muito rápido e efêmero, assim tornou-se
difícil a definição dos sintomas primários, da própria droga e dos sintomas secundários
a ela.
3- Alternância de fenômenos opostos observou-se em animal e também no homem;
observaremos, a seguir, que a ação secundária do medicamento é muito alternante
em sinais e sintomas, ao longo da patogenesia.
4- Devido à sua ação ser rápida e breve, passou a ser considerada como paliativa; Ideal
para doenças agudas, mas não as crônicas.
5- Considerada um antídoto imediato de intoxicação por Opium, e o inverso também
acontece. Assim cada uma destas substâncias remove os efeitos da outra;
6- Durante 200 anos, os pesquisadores diziam que a cânfora anula a ação de todos
medicamentos homeopáticos de forma inespecífica, mas nunca ocorreu
experimentação sobre essa hipótese;
b) Analogia da Matéria Médica Hahnemanniana com a planta em si. Antes de introduzir a comparação, vamos relembrar aspectos importantes da planta:
1- Original da Ásia, cresce em encostas de montanhas, principalmente locais frios;
2- Caracteristicamente, impede o crescimento de outras árvores ao redor (efeito
aelopático);
3- Seus frutos são do tamanho de ervilhas, inicialmente vermelhos e quando maduros,
enegrecem;
4- Planta de grandes em altura (45-50m) e comprimento (até 50m), com tronco de 5m de
diâmetro;
5- O medicamento é produzido a partir do óleo de cânfora, retirado de toda a árvore.
6- Esse óleo tem odor característico.
7- O cristal formado, é uma pedra branca de sabor pungente (forte, marcante);
8- Altamente tóxica, principalmente para crianças e grávidas, mas também para adultos;
9- Suas características toxicológicas são marcantes no sistema CENTRAL, OCULAR,
RESPIRATÓRIO e DIGESTIVO;
15
10- Como medicamento alopático é utilizado nas inflamações, parasitoses, cardiotônico,
queixas neurológicas como convulsões, histeria, desmaio, choque circulatório.
11- A água canforada é capaz de recuperar a vitalidade das plantas que ficam muito tempo
sem água.
Com esse resumo das características da planta e seu uso alopático, poderemos, agora,
cruzar os achados de Hahnemann e seus auxiliares com os achados da botânica, da toxicologia
e medicina alopática. Fazemos aqui, apenas um adendo, ressaltando que a matéria médica do
medicamento é mais completa e complexa que essa comparação simples e inicial. Os sintomas
da matéria médica estão entre parênteses, ao todo são 345 sintomas descritos(20).
SINTOMAS MENTAIS:
1- “Ele cambaleia para lá e para cá quando andando...” (1), seus sentidos o abandonam,
...e sem respiração por um quarto de hora. ” (2), “Tontura” (3,4), “Embriaguez” (5), “
Perda de consciência. ” (15). Todos esses sintomas retirados palavra por palavra da
matéria médica se buscados com a característica da planta, serão sintomas TÓXICOS
tanto em sistema nervoso central quanto em sistema respiratório.
SINTOMAS GERAIS:
1- “..frio generalizado...”(2), “frieza das mãos e pés, fronte quente...”(42/320),
“Extraordinário afluxo de calor para a cabeça, ..frieza do resto do corpo.”(46) “...suor
firo..”(116/315), “Frieza manifesta..”, “sensação de frialdade...”(196), “Ele é
hipersensível ao ar frio...”(299), “Frialdade frequente nas costas...”(303), “Leve tremor
de frio...”(307), “O corpo é totalmente frio, de forma generalizada.”(310), “Suor frio
profuso.”(316) – Essa característica de frialdade, tanto do corpo, quanto do suor, a
sensação de frio, a hipersensibilidade ao frio podem ser entendidas com o LOCAL
que a planta cresce – em encostas de montanhas, climas temperados a frios!
2- “frieza das mãos e pés, fronte quente...”(42) , “Face muito pálida, com olhos de início
cerrados, depois abertos e fixos, com globos oculares direcionados para cima.”(50),
“Face muito vermelha.”(51), “Pupilas contraídas.”(71/72), “Pupilas dilatadas.”(73),
“Obscurecimento da visão.”(74), “Sensação como se todos os objetos fossem muitos
brilhantes e reluzentes.”(75), “Primeiro eliminação de muitos flatos, e depois de várias
horas, pressão no abdome, de manhã, como por distensão com flatulência.”(129).
“Desejo mórbido para evacuar: a evacuação é de caráter comum, mas pouco é
eliminado...”(144), “Retenção da urina nas doze primeiras horas, com pressão
16
constante na bexiga e desejo de urinar, durante o que nada passou; mas após vinte e
quatro horas, urinação frequente na quantidade usual, por esta razão, no todo uma
quantidade aumentada de urina é eliminada, mas após quarenta e oito horas,
urinação mais frequente e mais copiosa.”(160), “Nos primeiros dois dias, relaxamento
do escroto, deficiência de ereção do pênis, perda do desejo sexual, mas após 48 horas,
ereções muito mais fortes do que em vezes normais.”(171), “Pulso lento.., pulso mais
lento, ..pulso pequeno, fraco, ..pulso rápido e cheio.”(285-290) – Esses sinais e
sintomas demonstram a ambivalência da cânfora, causando sintomas
diametralmente opostos. Isso é visto na “alopatia” com a ÁGUA CANFORADA,
mesmo sabendo de sua característica AELOPÁTICA, também em seus efeitos
cardiotônicos e respiratórios como medicamento e opostos nas doses tóxicas.
3- “Respiração profunda e lenta.” (181) – característica do medicamento ALOPÁTICO,
aumenta o volume corrente, sem aumentar frequência respiratória.
4- “respiração ofegante, ansiosa, oprimida.”(182), “Respiração difícil, lenta,
pesada.”(183), “Suspensão quase completa da respiração.”(184) – característica
TOXICOLÓGICA da doença.
5- “Cólera com espuma.” (340) – a espuma lembra a imagem do cristal de cânfora além
do gelo das montanhas.
SINTOMAS LOCAIS:
1- “no branco do olho direito, duas manchas vermelhas sem dor.”(64) – semelhante ao
FRUTO imaturo da cânfora.
2- “Inflamação nos olhos.” (67) – o FRUTO é arredondado, e imaturo é vermelho. Além
disso, o medicamento é um ANTI-INFLAMATÓRIO. Por fim, a inflamação ocular é
característica TOXICOLÓGICA da planta.
3- “no meato acústico externo esquerdo, um abscesso vermelho-escuro, mas largo que
uma ervilha.”(83) – novamente semelhante ao FRUTO.
4- “Inchaço dos gânglios submandibulares.” (86) – esses gânglios são semelhantes a
ervilhas, como sua FRUTA.
5- “De manhã, odor ruim na boca.” (98) – como a planta, que tem ODOR característico,
inclusive que repele insetos, sua patogenesia também o faz.
6- ”carne tem gosto muito forte.”(106), “tabaco.., tem gosto amargo.”(107), “a comida
tem paladar amargo.”(110) – o ÓLEO tem sabor pungente!
17
7- “A maioria das dores de cânfora são quando se movimenta.”(248), “Dificuldade de
movimentar os membros.”(254) – A ÁRVORE tem característica de ser alta, larga e de
tronco grosso, o que a torna muito inflexível.
3. Contradições e polaridades.
Esse tópico traz à tona as contradições que esse medicamento expõe na
experimentação do homem-são. Não necessariamente, essa oposição está relacionada comum
órgão-alvo apenas, mas sim demonstra que o mesmo medicamento pode causar sintomas
polares no indivíduo, algumas vezes ao mesmo tempo, outras vezes com um período de tempo
bem determinado entre os sintomas. Quando esse período de tempo ficou claro na matéria
médica pura de Hahnemann, está exposto ele entre parênteses, se não há essa informação no
texto original, também não o trouxe aqui. Ao todo, são 30 oposições encontradas na matéria
médica, que estão dispostas na tabela a seguir(20):
Tabela 2 - contradições e polaridades
Dor de cabeça e no corpo. (17-44) Quando pensa em sua dor, esta
imediatamente desaparece (após 4h30min).
(30)
Frieza no rosto. (313) Fronte quente. (320-4)
Afluxo de calor na cabeça. (46/320) Frieza do restante do corpo. (46/320)
Face muito pálida. (50/313) Face muito vermelha. (51/322)
Olhos de início cerrados. (50) Olhos abertos. (50)
Pupilas contraídas (35 min). (71) Pupilas dilatadas (5h). (73)
Obscurecimento da visão. (74) Objetos brilhantes e reluzentes (5h). (75)
Sensação seca no palato. (88-92) Mas, com muita salivação. (88-92)
Sensação fria sobe para dentro da boca (4h).
(94)
Calor desagradável na boca. (95)
Prazer em beber água. (103) Sem sede. (104)
Sensação fria no epigástrio e baixo vente
(25min). (125)
Violento calor queimante no epigástrio e
baixo ventre (4h). (126)
Eliminação de muitos flatos. (125) Distensão com flatulência. (125)
18
Dor em lado direito do abdome (3h30). (134) Dor em lado esquerdo do abdome (12h).
(138)
Desejo mórbido por evacuar. (144-149) Poucas fezes –quanto maior o desejo, menos
fezes. (144-149)
Primeiras horas, pouca urina e sem
transtorno. (156)
Após muitas horas dor ardente na uretra,
pressiva em baixo ventre e desejo recente de
urinar. Jato fino na urina. (156)
Tenesmo urinário (até 12h). (160) Urinação frequente e normal (>24h). (160)
Deficiência de ereção (<48). (171) Ereções muito mais fortes (>48). (171)
Perda do desejo sexual (<48h). (170-171) Aumento do desejo sexual (>48h). (171/174-
175)
Perda de emissões seminais. (171) Emissões seminais noturnas por muitas
noites. (172-3)
Sem coriza (após 18h). (178) Coriza carregada. (180)
Respiração profunda e lenta. (181) Respiração ofegante, ansiosa. (182)
Respiração profunda e lenta. (181) Cessa quase por inteiro a respiração. (184)
Pontada do lado esquerdo do peito (30min).
(194)
Pontada do lado direito (4h30). (201)
Pressão dilacerante no braço direito. (211) Pressão dilacerante do lado esquerdo. (215-
17)
Tétano que estira por 15 minutos. (263) Estado relaxado de todo o corpo. (263)
Sonolência. (269) Estupor. (271-2)
Pulso muito fraco, dificilmente perceptível.
(285-9)
Pulso rápido, cheio. (290)
Corpo totalmente frio. (310) Calor aumentado no corpo. (322-4)
Briguento. (343) Bom temperamento. (345)
Temperamento indolente e infeliz. (345) Temperamento melhor (após 24h). (345)
4. Dialética dos sintomas – relacionando a planta aos
sintomas.
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O objetivo desse capítulo é tentar absorver toda a discussão e conhecimento até aqui
explorado sobre o medicamento e associar essas informações aos sintomas homeopáticos,
com o objetivo de acentuar as características alopáticas, botânicas, culturais da cânfora com os
achados na experimentação do homem são e, utilizando outras matérias médicas, atingir uma
característica marcante desse medicamento em questão.
Para iniciar essa discussão, novamente remeterei a uma informação trazida acima, no
capítulo de sintomas homeopáticos, enumerando alguns itens a mais, porque através desses
aspectos poderemos compreender melhor a cânfora e sua dualidade sintomática,
medicamentosa e como planta.
1- Original da Ásia, cresce em encostas de montanhas, principalmente locais frios;
2- Caracteristicamente, impede o crescimento de outras árvores ao redor (efeito
aelopático);
3- Seus frutos são do tamanho de ervilhas, inicialmente vermelhos e quando maduros,
enegrecem;
4- Planta de grandes em altura (45-50m) e comprimento (até 50m), com tronco de 5m de
diâmetro;
5- O medicamento é produzido a partir do óleo de cânfora, retirado de toda a árvore.
6- Esse óleo tem odor característico.
7- O cristal formado, é uma pedra branca de sabor pungente (forte, marcante);
8- Altamente tóxica, principalmente para crianças e grávidas, mas também para adultos;
9- Suas características toxicológicas são marcantes no sistema CENTRAL, OCULAR,
RESPIRATÓRIO e DIGESTIVO;
10- Como medicamento alopático é utilizado nas inflamações, parasitoses, cardiotônico,
queixas neurológicas como convulsões, histeria, desmaio, choque circulatório.
11- A água canforada é capaz de recuperar a vitalidade das plantas que ficam muito tempo
sem água.
12- A cânfora é contraindicada em mulheres grávidas na cultura chinesa pela capacidade
de retirar a energia vital do feto.
13- Na cultura hindu a cânfora está relacionada com o deus Shiva, sendo utilizada na
confecção de velas. As cinzas das velas canforadas são utilizadas para fazer novas
velas, demonstrando a reencarnação, característica desse deus(5).
14- Cânfora é o antídoto homeopático.
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Como características físico-químicas, ela não é uma substância pura, mas sim uma
mistura azeotrópica (apresenta temperatura de fusão variável – sólido para líquido),
constituído, principalmente, por uma cetona, altamente volátil e que facilmente apresenta
sublimação, inclusive quando se toca a pedra na pele, o local fica frio e há sublimação da
pedra no momento. Isso é possível através de uma reação endotérmica, quando absorve
calor do meio para si. Por ser uma cetona em sua maior constituição, ela apresenta
solubilidade em meios polares, como a água, álcool, sangue, e meios apolares como óleos
e gorduras.
A característica mais marcante dentre as várias matérias médicas que descrevem o
medicamento (Hahnemann, Vijnovsky, Lathoud, Vannier)(20,26–29) é o FRIO. Esse valor
termal está intimamente relacionado a diversos sintomas do paciente: sensação de frio, piora
pelo frio, extremidades frias, hálito frio, calafrios na febre, suores frios na febre, frio ao tato,
deseja o ar frio (janelas abertas, não tolera cobertas), nariz frio e pontiagudo, suores frios.
Sendo também fato perceptível, o frio, quando analisados os key notes no repertório do
Ariovaldo(21 de 151 sintomas no total, de 1 a 3 pontos)(30).
Um segundo sintoma muito importante dentro desse medicamento, que as matérias
médicas reforçam é a ação preponderante no sistema nervoso central. Inicialmente o paciente
apresenta uma excitação intensa – delírio maníaco, raiva, gestos violentos, aumento do desejo
sexual, inquietude intensa, evoluindo com o tempo (ação secundária?) para um quadro de
astenia completa do paciente, que se torna hiporresponsivo, hipotônico, evoluindo, inclusive,
com colapso cardiorrespiratório – pulso fino e quase imperceptível, diminuição da frequência e
volume corrente respiratório, quadro característico da medicação.
Considerando as características do apresentado acima, esse medicamento poderia ser
muito bem utilizado em um quadro de choque circulatório: paciente com frialdade extrema
(sensação de frio e corpo frio), pulso filiforme, respiração fraca, ausência de resposta a luz das
pupilas, perda de calor vital, próximo de sua morte. Sendo que, quando utilizado esse
medicamento, a pessoa ressurge, com uma fênix, como a água canforada e como o deus Shiva,
recuperando sua vitalidade, seu calor vital. Na matéria médica, inclusive, o paciente tem um
aparente estado de morte por perda da vitalidade!
Outras analogias possíveis:
a) Iniciaremos pelas observações: 2, 8, 9, 10, 12 e 14 – Vitalidade e força vital:
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A cânfora tem como efeito primário, a diminuição da respiração, dos batimentos
cardíacos, sonolência, face pálida, obscurecimento da visão, corpo totalmente frio, ausência de
emissões seminais, enfraquecimento dos membros, abandono dos sentidos e da consciência,
sensação de sufocamento – laringe constrita, aperto sufocante no peito, frieza por uma hora,
com palidez mortal da face. Todos esses sintomas são característicos de uma pessoa que está
caminhando para o fim da vida, com a perda de sua energia vital.
Fato que pode ser comparado com: a árvore que impede o crescimento de outras ao
redor (2), é uma planta altamente tóxica, com baixo limiar entre a dose terapêutica e dose
tóxica (8 e 9) e culturalmente contraindicada na gestação (12). Além disso, na homeopatia ela
é considerada o antídoto universal (14). Ou seja, é um medicamento que retira a força vital de
seus próximos, e assim, também diminui a força vital do paciente para ter uma resposta
satisfatória a homeopatia (antídoto homeopático).
A cânfora apresenta um quadro de diarreia profusa, com uma grande perda de líquido,
principalmente água, pelas fezes, levando a um quadro de perda hidroeletrolítica importante.
Podemos caracterizar esse fato como se o medicamento roubasse a água do paciente, e,
assim, sua energia vital. Lembrando que a água é o carregador da energia vital na cultura Yoga.
Juntamente com essa característica de perda de água, o paciente apresenta suores
frios e profusos. Como citado acima, a cânfora apresenta uma reação endotérmica, retirando o
calor do corpo que toca nela – no caso da medicação homeopática, a energia medicamentosa
retira o calor do corpo de quem fez uso do medicamento. Isso permite que tenha suores frios,
a perda do calor e energia vital para o meio.
Outra característica da farmacologia homeopática é que esse medicamento quando
preparado na farmácia é preciso ter muito cuidado. Ele, por ser altamente volátil, tem a
facilidade de sair a região próxima a bancada de trabalho e atingir outros medicamentos
próximos. E, infelizmente, é um medicamento que contamina os outros e faz os outros
perderem sua capacidade medicamentosa, retirando a energia dos medicamentos também.
Por fim, um dos Key notes mais marcantes desse medicamento é que a criança deita
descoberta em chão frio. Isso porque o frio vai tirar o calor da criança, assim como o
medicamento o está fazendo.
b) Observação 1 – cresce em locais frios.
Essa árvore necessita de locais mais frios para nascer e crescer, principalmente
em encostas de montanhas dos países asiáticos e o paciente que usa a cânfora tem
22
como um de seus temas a frialdade, como descrito mais acima e presente em diversos
sintomas na matéria médica, tanto pura, quanto de outros autores. No repertório do
Ariovaldo, aparece como key note, as ilusões de estar frio e firme como o mármore, o
desejo de deitar no chão frio,
c) Observação 4 – uma grande árvore, de tronco largo.
Cai estirado ao chão completamente rígido, dificuldade em movimentar os
membros, dor quando se movimenta, repuxos indolores repetidos nas vértebras
cervicais quando se move. Esses sintomas estão relacionados a firmeza e grandeza do
tronco que fica imóvel. Ele é um medicamento muito importante para convulsões nas
crianças.
d) Observação 3 - frutos pretos e vermelhos, arredondados do tamanho de ervilhas.
Características do fruto também são achados como sintomas homeopáticos,
como o surgimento de duas manchas vermelhas, sem dor, no branco do olho direito, e
um abscesso vermelho escuro, do tamanho de uma ervilha no meato acústico externo
esquerdo. Sendo um key note, o lóbulo da orelha quente e vermelho. Um bom
medicamento para abscessos em orelha externa.
e) Observação 5, 6 e 7 – odor repugnante.
O experimentador refere alterações de odor, geralmente de cheiro, forte e
sabor amargo na experimentação, do paladar, da comida ingerida, do tabaco (que se
torna repugnante) e da urina. O cristal apresenta um odor característico e mais forte
também.
f) Observações 8 e 9 – toxicidade
Muitos dos sintomas da matéria médica estão semelhantes a toxicidade da
planta, como abordamos já na analogia da planta com os sintomas, mas um foco
importante que é interessante ressaltar aqui: a cânfora é um medicamento muito
importante nos quadros de cólera– pacientes apresentam diarreia tipo água de arroz
(cristais pequenos – como a pedra de cânfora moída, ela é maleável), involuntária,
copiosa, diferenciando do Veratum album, porque o paciente tem câimbras na
cânfora e suores no Veratum.
g) Volatilidade do cristal
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Acima foram descritos 30 sintomas opositores que o medicamento apresentou
ao longo de sua experimentação. Fato que pode ser comparado a volatilidade que o
cristal da cânfora apresenta, sendo capaz de modificar-se muito rapidamente
(sublimação) devido a sua característica de função orgânica, uma cetona, que também
apresenta grandes polaridades de dissolução, tanto em água, quanto em meios
apolares.
h) Religiosidade
Uma característica muito marcante nas matérias médicas mais
atuais(26,27,29,30) é a crença religiosa do paciente. É um paciente que tem um desejo
desesperador pela sua salvação. Acreditando ser a última pessoa do universo, com
temática religiosa entre deus e demônio. Do mesmo modo que o paciente quer
sublimar para um universo da salvação, a pedra de cânfora sublima de sólido para o
estado gasoso e atinge a atmosfera. Inclusive a temática religiosa aparece como alguns
key notes do medicamento no repertório do Ariovaldo, principalmente associado ao
abandono de Deus e ou de sua religiosidade. Também com a ilusão de ter sido
abandonado por deus(30).
5. Tema: transformação da qualidade em quantidade e
vice-versa.
Após esse estudo, leitura da matéria médica Hahnemanniana inicialmente, e depois
acrescentando outras bibliografias, enfocando nesses aspectos biológicos, químicos,
alquímicos, alopáticos, toxicológicos, culturais e homeopáticos, chegamos à conclusão que o
medicamento cânfora tem uma temática muito interessante, e já percebida em outras culturas
e leituras.
Sua temática está relacionada com a VITALIDADE e FORÇA VITAL diretamente. Isso
porque ela é capaz de antidotar o medicamento homeopático – esse que tem ação direta na
força vital; retirar a força vital de mulheres grávidas, levando a abortos, óbitos fetais e
malformações. Sua ação primária praticamente extingue a força vital do homem são, levando
seus sinais vitais a quase zero. Contudo, como a força vital, ele apresenta uma dualidade, uma
busca pela harmonia. Sendo assim, ele é capaz, como ação secundária, a levar a completa
recuperação e reestruturação do corpo, assim como a água canforada e o deus hindu SHIVA.
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Através de essas observações acima, esse poderoso medicamento apresenta a
temática de DUALIDADE VITAL – A BUSCA DA REENCARNAÇÃO DA FORÇA VITAL.
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