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A história do livro A Dama da Internet nada tem a ver com A Dama do Lota- ção, película dirigida por Neville em 1978 com Sonia Braga. Do cinema para a literatura, os tempos são outros e o olhar agora é virtual. A narrativa começa quando Luísa casa-se com um namora- do que conheceu na faculdade. Tudo vai à baixo quando ela descobre a trai- ção do marido na lua de mel. A revira- volta impulsiona uma vingança pela in- ternet na busca pelo autoconhecimento e inúmeras aventuras sexuais. O lança- mento aconteceu no dia 3 de dezembro na Livraria Argumento com a presença de artistas da televisão, cinema, teatro e artes plásticas. A turma toda apareceu e o mecenas da vez foi Ricardo Amaral, curador da Editora Casa da Palavra. Pouca gente sabe, mas Neville também dirigiu show da musa Leila Diniz em 1969 onde ela pôde falar tudo que os asteriscos da antológica entrevista ao Jornal Pasquim não permitiram. Mes- mo com a investida literária, o seu gran- de barato ainda é o cinema, praia onde assume uma postura muito diferente dos colegas de sua geração. Veja o seu pe- tardo em recente entrevista para o blog da Folha: “A censura continua no Brasil, mas agora sob a forma dos patrocínios. Esses que controlam o cinema brasi- leiro, que eram os oprimidos, depois da Revolução passaram a ser opres- sores. Rolou e rola até hoje um patrulhamento contra o tipo de cine- ma que eu faço. É o preço da liberda- de, e o preço do talento também. Só se vê por aí gente sem talento ou com Volume 1, edição 1 Distribuição Gratuita Rio de Janeiro, Dezembro de 2012 RELEITURA WWW . JORNAL-RELEITURA.BLOGSPOT . COM . BR pouco talento, ganhando premiozi- nhos. Tudo armação.” O cinema que ele faz é o de grandes sucessos como Navalha na Carne (1997), Os Sete Gatinhos (1980) e o impagável Rio Babilônia (foto), cult de 1982 entre a garotada de trinta a- nos. Mas tem novidades pelo caminho: se a ANCINE e todos os santos ajuda- rem, em 2013 teremos o seu novo fil- me inspirado em peça teatral de Mario Bortolloto. STELA BARBIERI 2 VI ENCONTRO DE CINEMA NEGRO- BRASIL ÁFRICA E CARIBE 3 MP INVESTIGA EN- SINO DA ARTE NA SEEDUC 4 Nesta ediçãop Pág. NEVILLE D`ALMEIDA LANÇA A DAMA DA INTERNET SUGESTÕES PARA A PRÓXIMA CAPA? jornalreleitu- [email protected] Alexandre Palma

Jornal Releitura n.º 1

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Page 1: Jornal Releitura n.º 1

A história do livro A Dama da Internet

nada tem a ver com A Dama do Lota-

ção, película dirigida por Neville em

1978 com Sonia Braga. Do cinema para

a literatura, os tempos são outros e o

olhar agora é virtual. A narrativa começa

quando Luísa casa-se com um namora-

do que conheceu na faculdade. Tudo

vai à baixo quando ela descobre a trai-

ção do marido na lua de mel. A revira-

volta impulsiona uma vingança pela in-

ternet na busca pelo autoconhecimento

e inúmeras aventuras sexuais. O lança-

mento aconteceu no dia 3 de dezembro

na Livraria Argumento com a presença

de artistas da televisão, cinema, teatro e

artes plásticas. A turma toda apareceu e

o mecenas da vez foi Ricardo Amaral,

curador da Editora Casa da Palavra.

Pouca gente sabe, mas Neville também

dirigiu show da musa Leila Diniz em

1969 onde ela pôde falar tudo que os

asteriscos da antológica entrevista ao

Jornal Pasquim não permitiram. Mes-

mo com a investida literária, o seu gran-

de barato ainda é o cinema, praia onde

assume uma postura muito diferente dos

colegas de sua geração. Veja o seu pe-

tardo em recente entrevista para o blog

da Folha:

“A censura continua no Brasil, mas

agora sob a forma dos patrocínios.

Esses que controlam o cinema brasi-

leiro, que eram os oprimidos, depois

da Revolução passaram a ser opres-

sores. Rolou – e rola até hoje – um

patrulhamento contra o tipo de cine-

ma que eu faço. É o preço da liberda-

de, e o preço do talento também. Só

se vê por aí gente sem talento ou com

Volume 1, edição 1 Distribuição Gratuita

Rio de Janeiro, Dezembro de 2012

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pouco talento, ganhando premiozi-

nhos. Tudo armação.”

O cinema que ele faz é o de grandes

sucessos como Navalha na Carne

(1997), Os Sete Gatinhos (1980) e o

impagável Rio Babilônia (foto), cult

de 1982 entre a garotada de trinta a-

nos. Mas tem novidades pelo caminho:

se a ANCINE e todos os santos ajuda-

rem, em 2013 teremos o seu novo fil-

me inspirado em peça teatral de Mario

Bortolloto.

STELA BARBIERI 2

VI ENCONTRO DE CINEMA NEGRO-BRASIL ÁFRICA E CARIBE

3

MP INVESTIGA EN-SINO DA ARTE NA SEEDUC

4

Nesta ediçãop Pág.

NEVILLE D`ALMEIDA LANÇA

A DAMA DA INTERNET

SUGESTÕES PARA A

PRÓXIMA CAPA?

jornalreleitu-

[email protected]

Alexandre Palma

Page 2: Jornal Releitura n.º 1

O Museu de Arte do Rio (MAR) será inaugura-

do em março de 2013 e é uma das principais

apostas do projeto de revitalização da re-

gião portuária. Há alguns meses atrás o mu-

seu promoveu uma disputada seleção para e-

ducadores e a iniciativa do evento O Morro

e o Mar sinaliza a tendência de integração

com o circuito artístico da Gamboa. O Ins-

tituto Odeon foi a organização social esco-

lhida para gerir o espaço no seu primeiro

ano de funcionamento.

A exposição de abertura com o acervo do co-

lecionador Jean Boghici não possui um mate-

rial de mediação, mas a agradável surpresa

é Stela Barbieri. Além de ser a idealizado-

ra do projeto de curadoria educacional do

MAR, ela atua como consultora no Instituto

Tomie Ohtake e na Fundação Bienal de São

Paulo. Stela concedeu entrevista exclusiva

para o Jornal Releitura.

Você tem diversas publicações infanto-

juvenis e também é contadora de histórias.

Como é essa sua relação com o universo das

imagens e das palavras?

Todo meu universo de ações parte das ima-

gens, desde a invenção de histórias até o

planejamento de aulas, passando pelas cura-

dorias educativas. Sempre imagino as cenas,

as situações e, a partir dessas imagens,

vou construindo meu trabalho.

E com as crianças, como isso se dá?

O contato das crianças com a arte se dá,

num primeiro momento, através dos livros.

Portanto, as questões da sequência narrati-

va, da organização das palavras contando

uma história e das imagens em diálogo com

essa história podem trazer uma grande ri-

queza para o universo infantil. As crianças

merecem a oportunidade de viver momentos

STELA

Página 2 RELEITURA

Inscrições abertas para o 4.º Seminário Discente no Campus Seropédica da UFRRJ nos dias 29 e 30 de janeiro. O tema de 2013 é Caminhos possíveis para a Educação do Século XXI (http://

seminariodiscenteppgeduc2012.blogspot.com.br)

Encontra-se na internet, De olho na Arte, boletim mensal, projeto da Professora Mônica Sica, da equi-pe de Artes Visuais da Unidade São Cristóvão I do Colégio Pedro II. O boletim tem como objetivo soci-alizar e tornar público o trabalho de Artes Visuais realizado no Ensino Fundamental I. Este projeto busca alcançar um maior número de pessoas leito-ras das imagens produzidas pelos alunos, em diálo-gos com a cultura e a arte universal. Olho vivo: a Prefeitura do Rio quer extinguir os Pó-los de Educação para o Trabalho. É lamentável ver o vídeo no youtube PROTESTO CONTRA A EXTIN-ÇÃO DA EXTENSIVIDADE DO MUNICÍPIO DO RJ onde alunos questionam o porquê da extinção de uma ação que está sendo tão benéfica para eles. Neste pacote de mudanças, a Secretaria de Educa-ção quer segmentar as escolas em 3 ciclos: Casa de Alfabetização (1º ao 3ºano), Primário Carioca (4º ao

6º) e Ginásio Carioca (7º ao 9º).

No dia 6 de dezembro a mesa redonda Arte do Pro-duto e o Produto da Arte reuniu Anderson França (Dharma Comunicação), Binho Cultura (Centro Cul-tural História Que Eu Conto) e Sheila Suzane

(produtora cultural) no IFRJ em Nilópolis.

De 11 à 14/12 acontece o VI Encontro Internacional de Cinema e Educação da UFRJ na Cinemateca do MAM. A programação completa encontra-se no site

www.cinead.org.br

O material educativo da 30.ª Bienal de São Paulo

ainda está disponível no site www.bienal.org.br

A exposição dos trabalhos da Oficina de Arte dos Professores Gilson Andrade e Fatima Leite foi aber-ta durante o III Ciclo de Debates na Casa de Eucli-des da Cunha em Cantagalo/RJ no último dia 30/11

(http://www.projetoeuclides.iltc.br).

CURTIU? ENCAMINHE A

SUA POSTAGEM PARA O

GRUPO JORNAL RELEITURA

NO FACEBOOK!

Page 3: Jornal Releitura n.º 1

ricos e penso que a arte é uma das manei-

ras mais potentes de proporcionar isso a

elas. Desde os meus 17 anos, sou educadora

e conto histórias para crianças. Essas

histórias foram, aos poucos, se transfor-

mando em livros.

Como surgiu o convite pra a curadoria edu-

cacional do Museu de Arte do Rio?

O convite partiu do meu querido amigo Pau-

lo Herkenhoff, a quem muito admiro. Mesmo

com a 30ª Bienal acontecendo paralelamen-

te, foi impossível recusar o convite por-

que o projeto desse novo museu é muito bo-

nito. Fiquei apaixonada pela ideia de cri-

ar o projeto curatorial nessa instituição,

porque acredito no papel do educativo de

facilitar, principalmente para professores

e educadores sociais, um contato vivo com

o museu, onde se sintam pertencentes ao

universo da produção de arte.

Como o trabalho na Bienal interfere na cu-

radoria do Museu de Arte do Rio? O que po-

demos esperar?

Eu aprendi muito com a Bienal em termos de

escala e de contato com diversos tipos de

pessoas. Fui aprendendo a criar uma orga-

nização de trabalho, com um grande número

de pessoas, de forma que a criação, a or-

ganização e a invenção do trabalho estejam

postas todos os dias. Na Bienal, tive a

oportunidade de implantar o Educativo Per-

manente, que desde 2010 conta com uma e-

quipe preparada, o que permitiu a continu-

idade das ações entre as 29ª e 30ª Bienal,

além da exposição realizada em comemoração

aos 60 anos da Bienal em 2011, Em nome dos

artistas. Acredito na continuidade e tam-

bém no que chamo de pragmatismo poético,

que é a forma como gosto de trabalhar com

minhas equipes. Cada detalhe é importante,

desde a preparação dos espaços até o fluxo

dos grupos pelo espaço expositivo, passan-

do pela abordagem e diálogo com as obras

de arte.

BARBIERI

Página 3 VOLUME 1, EDIÇÃO 1

Nas férias, cursos de artes plásticas no Centro de Arte Maria Teresa Vieira na Rua da Carioca, 65 (21-2533 8438, 2262 0137). Para quem curte Mosaico Con-temporâneo, workshops no atelier de Moema Bran-quinho (http://www.mosaico-

contemporaneo.blogspot.com.br/).

A Cia. de Dança Márcio Cunha apresenta Corvos e Girassóis. As obras de Van Gogh foram o ponto de partida do espetáculo, que traz dois intérpretes com suas experiências particulares, seis cadeiras e todo o espaço do teatro se transformando na cena. Até 20/12 no Teatro Dulcina. A Leitura de Imagens no Ensino da Arte foi o tema da palestra da pesquisadora Ana Amélia Bueno Buoro no Pólo Arte na Escola da Universidade do Estado do

Norte Fluminense em 30/11.

Está previsto para junho de 2013 o III Encontro Regi-onal sobre formação de professores para o Ensino da Arte. O tema é Condições Condicionamentos Con-dicionantes. Mais informações em

www.encontroprofessoresdearte.blogspot.com.br

Abertura da exposição da Oficina de Fotografia da Universidade da Terceira Idade (UNATI) dia 14/12 às 16 horas no 2.º andar do hall dos elevadores na U-

ERJ, Campus Maracanã.

De setembro de 2012 a junho de 2013 acontece o Ano do Brasil em Portugal. Este evento é uma extensão do “Ano do Brasil na França” que ocorreu em 2005/-2006. No site www.anobrasilportugal.com.br acesse a programação e um edital para incluir algum projeto

cultural no evento.

O dia 25/11 será lembrado por festa na Praça Afonso Pena/RJ. O Instituto Tear comemorou 32 anos com apresentações musicais no evento Ciranda Brasilei-

ra: Arte na Praça (www.tear.org.br).

O VI Encontro de Cinema Negro Brasil África e Caribe realizou workshop de roteiro com Joel Zito Araújo no no Centro Cultural da Justiça Federal em 23/11

(www.afrocariocadecinema.org.br).

O Grupo Creche na Coxia traz para o Teatro Maria Clara Machado um novo musical infantil: A Flor do Cerrado. Trata-se de um espetáculo com texto crítico e reflexivo sobre diferentes temáticas como consci-entização ambiental e igualdade entre povos. A peça

já foi premiada em 10 festivais nacionais.

Inscrições para cursos na Escola Portátil de Música

até 7 de janeiro! (www.escolaportatil.com.br).

Page 4: Jornal Releitura n.º 1

A atual proposta da disciplina Arte man-teve a coerência com o marco da for-mação docente. Ou seja; para escapar definitivamente da visão polivalente, um professor da rede estadual licenciado em Música orientaria a disciplina Arte com foco nas competências e habilida-des de Música. E o mesmo se aplicaria a cada uma das demais linguagens artísticas.

O material foi impresso e distribuído em todas as escolas a partir do primeiro bimestre deste ano. Pouco depois, a Secretaria de Educação (SEEDUC) considerou a proposta inadequada “a matriz curricular e de gestão de pes-soas”. Além disso, todo o material cons-truído ao longo de quase seis meses deveria ser refeito e uma nova diretriz foi sinalizada: a polivalência.

COMO ANUNCIAR? Jornal Releitura é um periódico fundado em março de 2005 por Alexandre Palma (Jornalista Ilustrador

n.º 27659 - DRT/RJ) e relançado em novembro de 2012 nas versões on-line e impressa. Distribuição gratuita: mantenha a

cidade limpa. Anuncie o seu produto aqui e direcione as suas vendas para um público qualificado nas áreas de arte e

educação. Agradecimentos: Robson Leite (ALERJ), Rossano Antenuzzi (IBRAM/MNBA), Fernanda Gehrke (Assessora de

Comunicação de Stela Barbieri), Leandro Ferreira (Professor de Educação Musical da SME-Rio) e Julio Azevedo

(Bacharelando em Jornalismo na Faculdade CCAA). Faça contato conosco no E-mail [email protected] ou pelo Blog

www.jornal-releitura.blogspot.com.br

O governo estadual lançou no início de 2012 o Currículo Mínimo Arte para a educação regular do Rio de Janeiro

(http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/

curriculo.asp). Os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam separadamente as competências e habilidades educativas a serem desenvolvidas nas diferentes linguagens artísticas. No entanto, como foi possível observar em inúmeros debates no XXII Congresso da Federação de Arte-Educadores do Brasil (www.xxiiconfaeb2012.blogspot.com.br/) as secretarias de educação não são legalmente obrigadas a oferecerem a disciplina Arte respeitando as diferentes ênfases. Por outro lado, pareceres do Conselho Nacional de Educação, que tratam das Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Música, Dança, Teatro, Design e Artes Visuais, determinam a especificidade das linguagens artísticas e não mais a generalidade.

MP INVESTIGA ENSINO DA ARTE NA SEEDUC

Diante da ameaça de retrocesso no ensino artístico na rede estadual, parte da equipe de bolsistas desligou-se do projeto. A 2.ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Proteção à Educa-ção da Capital do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPERJ) decidiu investigar notícia de eventual desperdício de dinheiro público e ado-ção de paradigma retrógrado. Assim foi aberto o Inquérito Civil número 42/2012.

Como não houve indícios de recolhi-mento do material impresso ou prepa-rativos para elaboração de um novo documento em substituição ao já exis-tente, a 2.ª Promotoria extinguiu ação em outubro de 2012. Mas o MP resol-veu aprofundar a investigação sobre o ensino artístico na rede estadual no inquérito 06/2011. Vamos ficar atentos!

Página 4

Confira em www.jornal-releitura.blogspot.com.br vídeos sobre esta matéria!

“Nunca sofri pressão de direção e sem-

pre desenvolvi meu trabalho com música,

mas soube de casos em que o professor

era pressionado para realizar um traba-

lho polivalente, e sabemos que isso

acontece!” (Prof. V. W.)

“Nós de Artes Visuais somos obrigados a

dar conteúdos e práticas de cênicas e

música? Me sinto desconfortável, faço o

mínimo do mínimo. Gostaria que todas as

séries do Ensino Médio pudessem ter

Artes Visuais”. (Prof. M. B.)

OPINIÕES