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Luta pelas 35 horas Um direito inalienável Com acções no plano nacional e local, os trabalhadores não abdicam do direito ao horário das 35 horas. Pág. 4-5 Aniversário em luta STAL faz 40 anos O STAL celebra este ano o seu 40.º aniversário de luta incessante pelos interesses dos trabalhadores. Centrais Contra a venda da EGF Impedir o monopólio A venda da EGF é um negócio ruinoso, com consequências nefastas para trabalhadores e populações. Pág. 6-7 Derrotar o governo e a política de direita Está nas nossas mãos! Nº 110 MARÇO de 2015 Distribuição gratuita aos sócios STAL STAL A poderosa greve de 13 de Março em toda a Administração Pública traduziu o profundo descontentamento e a determi- nação dos trabalhadores em prosseguir a luta pela derrota do Governo e das desastrosas políticas de direita. Pág. 2-3

Jornal n.º 110

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Jornal do STAL - Edição n.º 110 - Março 2015

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Page 1: Jornal n.º 110

Luta pelas 35 horas

Um direito inalienávelCom acções no plano nacional e local, os trabalhadores não abdicam do direito ao horário das 35 horas.

Pág. 4-5

Aniversário em luta

STAL faz 40 anosO STAL celebra este ano o seu 40.º aniversário de luta incessante pelos interesses dos trabalhadores.

Centrais

Contra a venda da EGF

Impedir o monopólioA venda da EGF é um negócio ruinoso, com consequências nefastas para trabalhadores e populações. Pág. 6-7

Derrotar o governo e a política de direita

Está nas nossas mãos!

Nº 110 • MARÇO de 2015Distribuição gratuita aos sócios STALSTAL

A poderosa greve de 13 de Março em toda a Administração Pública traduziu o profundo descontentamento e a determi-nação dos trabalhadores em prosseguir a luta pela derrota do Governo e das desastrosas políticas de direita.

Pág. 2-3

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MARÇO 20152

Com uma expressiva adesão na Administração Local, a greve de 13 de Março parali-

sou totalmente a recolha de resíduos em grandes cidades do País, de que são exemplos Almada, Amadora, Barreiro Évora, Loures, Seixal, Setú-bal ou Sintra. No concelho de Bra-ga a recolha diurna não se efectuou, Coimbra ficou sem higiene urbana.

Adesões elevadas verificaram-se igualmente no sector dos transpor-tes. No Barreiro não houve trans-portes públicos, em Coimbra e Bra-ga a circulação foi residual.

Outro sector que registou uma elevada adesão foi o das escolas, com mais de uma centena de esta-belecimentos do primeiro ciclo, que

dependem da Administração Local, a encerrarem as portas.

Várias câmaras, sobretudo na mar-gem Sul do Tejo, e outras entidades autárquicas estiveram o dia de portas fechadas, enquanto na esmagadora maioria das restantes o funciona-mento foi fortemente afectado pela ausência de trabalhadores.

A greve de 13 de Março traduziu o grande descontentamento dos trabalhadores e a sua disposição de continuar a lutar contra a desastro-sa política de austeridade e de des-truição dos direitos laborais, pela reposição dos salários e desconge-lamento das progressões, pelo fim da taxa extraordinária sobre o IRS, pela publicação imediata dos acor-dos colectivos que consagram as 35 horas e contra a ingerência do Governo na contratação colectiva.

A paralisação demonstrou ainda o empenhamento dos trabalhadores na defesa da autonomia do Poder Local Democrático, contra o desmantela-mento e entrega a privados de servi-ços públicos essenciais, que são alvo da ofensiva devastadora por parte do Governo contra tudo o que é público, penalizando os portugueses.

Um governo odiado pelo povo

Lutando pelos seus legítimos in-teresses, os trabalhadores da Admi-nistração Local lutam também con-tra um Governo que é responsável pela maior crise social e económica de que há memória em Portugal.

Foram as suas políticas antilabo-rais e antipopulares, e de subser-viência ao grande capital nacional e estrangeiro, que afundaram o País na recessão e no marasmo económico, fizeram disparar para níveis históri-cos o desemprego e a emigração, ao mesmo tempo que condenaram à pobreza e à indigência perto de um terço da população (ver pág. 5).

Nos últimos meses, a luta dos tra-balhadores em defesa dos serviços públicos contou com uma frente alargada em que se integram eleitos autárquicos de todo o País, igual-mente interessados em travar as privatizações, designadamente no sector dos resíduos.

Assim, ainda em 23 de Outubro cerca de um milhar de trabalhado-res e eleitos autárquicos da região metropolitana de Lisboa manifesta-ram-se na capital contra a privatiza-ção da EGF.

Essa convergência voltou a verifi-car-se no dia 4 de Dezembro, quando eleitos autárquicos desfilaram com os trabalhadores entre o Ministério das Finanças até à Assembleia da Repú-blica, numa acção convocada pelo STAL e o STML em defesa das 35 horas e da autonomia do Poder Local.

O combate pelas 35 horas

Passados quase dois anos da imposição por decreto do aumento do horário máximo de trabalho na Administração Pública, o STAL e os trabalhadores da Administração Lo-cal continuam a resistir tenazmente

à concretização desse propósito re-trógrado.

Na verdade, graças à sua luta determinada, cerca de dois terços das autarquias aplicam as 35 ho-ras, sendo mais de meio milhar os municípios e outras entidades au-tárquicas que celebraram acordos colectivos com o STAL, consagran-do aquele horário máximo.

Vendo gorados os seus intentos no que respeita ao Poder Local, o Governo optou por boicotar ilegal-mente a publicação dos acordos e tem vindo a exercer todo o tipo de pressões sobre as autarquias para que estas apliquem as 40 horas, invocando o pretenso direito de se ingerir na negociação dos acordos colectivos (ACEP).

Face a tal clamorosa intrusão na autonomia do Poder Local, o Prove-dor da Justiça interveio finalmente, a 17 de Dezembro, pedindo a fisca-lização da constitucionalidade das normas invocadas pelo Governo para intervir na celebração de ACEP (ver págs. 4-5).

A luta pela publicação dos ACEP tem sido incessante. A 5 de Janei-ro, no Porto, e a 6, em Lisboa, ac-tivistas do STAL saíram à rua para parodiar o Governo, simulando os tradicionais cantares dos «Reis» e das «Janeiras», com letras alusivas ao boicote dos ACEP.

Para a ocasião foi preparada uma «edição especial» do Diário da Repúbli-ca, com todos os acordos publicados. O presente foi oferecido ao secretário de Estado da Administração Pública.

AR discute petição do STAL

A Assembleia da República agendou para 20 de Mar-ço o debate da petição

«Em defesa dos serviços públicos de resíduos».O documento, que recolheu cerca de 7500 assinatu-

ras numa campanha lançada pelo STAL, foi aprovado, a 18 de Dezembro, pela Comissão de Ambiente, Orde-namento do Território e Poder Local da AR.

O texto considera «inaceitável» a privatização da EGF (Empresa Geral de Fomento), tendo em conta que se trata de uma «empresa rentável com lucros acumula-dos nos últimos três anos de 62 milhões de euros, que presta serviços a cerca de 63 por cento da população, empregando mais de dois mil trabalhadores, movi-mentando anualmente cerca de 170 milhões de euros e possuindo um património avaliado em cerca de mil milhões de euros, tecnologia avançada e trabalhadores qualificados». (Ver págs. 6 e 7)

Derrotar o Governo e a política de direita

Pela reposição dos salários e direitos, em defesa das 35 horas e da contratação colectiva

A greve de 13 de Março em toda a Administração Pública culminou um intenso período de luta e resistência ao violento ataque do Governo contra os direitos dos trabalhadores, os salários e os serviços públicos. A forte adesão foi um sinal claro de que a luta irá intensificar-se até à derrota do Governo, por uma verdadeira mudança de políticas.

A manifestação de 4 de Dezembro Semana de Luta pela publicação dos ACEP

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Ilusionismo e realidade

Como um prestigitador apalhaçado que enfia desastradamente os coelhos na cartola, assim o Governo procura ocul-

tar a realidade e criar a ilusão de que o País «está melhor», a «recuperar» e até com os «co-fres cheios», imagine-se.Todavia a realidade do País não cabe na cartola do ilusionista nem se conforma com a propa-ganda falaciosa de um governo caído em des-crédito e odiado pelos trabalhadores e o povo, cujos bolsos estão vazios.

A realidade é que o Estado está hoje mais endividado do que há quatro anos, a eco-

nomia afundada na recessão, o desemprego e a emigração alcançam níveis históricos e um terço da população vive na pobreza e in-digência.Estes são os «frutos» de uma política que es-mifra o povo, promove o trabalho escravo dos desempregados, privatiza e desmantela servi-ços públicos essenciais, como a Saúde, a Edu-cação, os sectores da água e resíduos.

Mas ao mesmo tempo que esmaga sem pie-dade os mais fracos, o Governo de Pas-

sos/Portas mostra-se generoso com o grande capital, ao qual não regateia benesses, e tole-rante para consigo próprio, como mostra o epi-sódio das dívidas fiscais do primeiro-ministro ou a lista dos contribuintes VIP, bem à moda de frei Tomás: façamos o que ele diz e não o que ele faz.

Aliás, os episódios escaldantes que marcam esta governação – do colapso das urgên-

cias hospitalares ao caos provocado nas escolas, da paragem do sistema judicial às consecutivas intrusões e ataques ao Poder Local, das nego-ciatas das privatizações às práticas promíscuas dos «vistos Gold» – seriam, por si só, motivo suficiente para que o Presidente da República, consciente dos seus deveres, ouvisse a voz da rua que há muito reclama eleições antecipadas.

Porém, enquanto Cavaco insiste em levar o Governo ao colo, os trabalhadores prosse-

guem a sua luta pela derrota da actual maioria governativa e da política de direita e por uma verdadeira alternativa de esquerda.Alternativa que exige uma mudança radical na governação do País, uma mudança que promo-va o emprego com direitos, garanta o acesso aos serviços e bens essenciais em condições de igualdade, rompa com os constrangimentos ex-ternos e afirme a soberania nacional, condição indispensável para abrir caminho ao progresso económico e social de Portugal.

A mudança está nas nossas mãos, nas mãos dos trabalhadores, – é por ela que conti-

nuaremos a lutar.

O STAL realizou durante o mês de Fevereiro um ciclo de encontros descentralizados de activistas para deba-te de matérias reivindicativas do sector e de temas de âmbito mais geral.

O ciclo encerrou, dia 27, com uma sessão que juntou activistas do STAL da região da capital, Península de Setúbal e Santarém, e terminou com um desfile para a residência oficial do primeiro-ministro.

A iniciativa contou com a participação de Libério Do-mingues, coordenador da União de Sindicatos de Lis-boa, e de Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP-IN, que se debruçou em particular sobre o tema da «Direc-tiva Europeia da duração do tempo de trabalho».

Depois da primeira sessão, dia 11 no Porto, dedicada à contratação colectiva, seguiu-se, no dia 20, o encon-tro regional de activistas em Montemor-o-Novo. Aqui os trabalhos tiveram a participação de Augusto Praça, do Departamento Internacional da CGTP-IN, que apre-sentou o tema «TTIP – Tratado Transatlântico de Co-mércio e Investimento». A iniciativa terminou com um desfile até ao IEFP/Centro de Emprego de Montemor--o-Novo, na E.N. 4.

No dia 25 teve lugar o encontro de Coimbra, subor-dinado ao tema «A autonomia do Poder Local e a Mu-nicipalização da Educação, Saúde, Segurança Social e Cultura», introduzido pelo economista José Lourenço.

No final, os presentes deslocaram-se em desfile para a sede da Associação Nacional de Municípios Portu-

gueses, onde manifestaram o seu desagrado pela re-cusa dos responsáveis da ANMP em receber uma de-legação do STAL.

A par dos temas referidos, em todos os encontros foram aprovadas resoluções e debatidas as questões do sector, com destaque para a inqualificável tentati-va do Governo de se imiscuir na contratação colectiva com empregadores públicos e violar a autonomia da Administração Local; a situação económica dos tra-balhadores da Administração Local (salários e outras prestações); a política anti-social do Governo de des-truição e privatização de serviços públicos essenciais; bem como a utilização abusiva de desempregados, obrigados a prestar verdadeiro trabalho escravo, não pago, através dos chamados contratos de emprego e inserção.

No final do mês de Janeiro, entre 26 e 30, a questão dos ACEP es-teve novamente no centro de uma semana de luta do STAL, que trouxe milhares trabalhadores e activistas sindicais de todo o País até ao Mi-nistério das Finanças.

No último dia da acção, Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, ma-nifestou a convicção de que esta «luta será vitoriosa e trará benefícios para todos os trabalhadores portugueses».

Indignação e luta

Neste período, o STAL participou activamente nas acções nacionais convocadas pela CGTP-IN, nomea-damente, no «Dia Nacional de Indig-nação, Acção e Luta», realizado a 13 de Novembro. No âmbito dessa jorna-da, o Sindicato promoveu acções de protesto em 43 concelhos.

Os trabalhadores da Administra-ção Local integraram igualmente a «Marcha Nacional da CGTP», que partiu, a 21 de Novembro, de Gui-marães e Faro em simultâneo, e ter-minou a 25 com uma grande con-centração frente ao Parlamento.

Os trabalhadores das autarquias também marcaram forte presença

nas manifestações descentrali-zadas promovidas pela Intersin-dical, a 7 de Março, em conver-gência com todos os sectores de actividade.

Novas acções se anunciam para os próximos meses. Até à derrota do Governo e das políticas de direi-ta, a luta não pode parar.

O ciclo de encontros terminou com uma sessão em Lisboa

Ciclo de encontros descentralizadosHorário, direitos e salários

As «Janeiras» junto ao Ministério das Finanças Na jornada da CGTP-IN de 7 de Março em Lisboa

Piquete de greve nos SMAS de Sintra

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MARÇO 20154

Aveiro. Os trabalhadores da Câmara de Espinho mani-festaram-se, dia 26 de Feve-

reiro, frente aos Paços do Conce-lho, em protesto contra a imposição das 40 horas semanais. A maioria camarária (PSD) optou por seguir as orientações do Governo, desrespei-tando o acordo colectivo assinado com o STAL há um ano que mante-ve as 35 horas na autarquia.

Braga. Mais de 800 trabalhado-res do município, das empresas municipais, escolas e outros ser-viços participaram, dia 12 de De-zembro, numa jornada de luta de contra o novo regulamento interno e em defesa das 35 horas sema-nais. Após o plenário realizado no Largo do Pópulo, que contou com a participação de Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP-IN, e de Francisco Braz, presidente do STAL, seguiu-se um desfile para a Praça do Município.

Numa resolução entregue na Câma-ra, os trabalhadores voltaram e exigir a abertura de um processo de negocia-ção para celebrar um acordo colectivo.

Nessa noite, uma delegação dos trabalhadores esteve na Assembleia Municipal de Braga, onde entregou uma missiva a cada um dos eleitos deste órgão, reiterando a exigência das 35 horas para todos os traba-lhadores do universo do município.

Um mês antes, a Direcção Regio-nal do STAL promoveu uma jornada de sensibilização, com distribuição de um comunicado à população bracarense, em que denunciou a discriminação dos trabalhadores da autarquia, no que respeita ao horá-rio de trabalho, em relação à quase totalidade dos municípios do distri-to que aplicam as 35 horas.

Coimbra. A Direcção Regional do STAL realizou acções pela nego-ciação de acordos e aplicação das 35 horas nos municípios de Tábua, Pampilhosa, Arganil, Gois e Lousã (dia 20 de Fevereiro) e Montemor, Fi-gueira da Foz, Soure, Mira e Canta-nhede (dia 23). As acções incluíram a afixação de faixas, pendões, dis-tribuição de comunicados aos tra-balhadores e animação com música de intervenção. O STAL lamenta que as câmaras de Soure e de Pampi-

lhosa da Serra tenham denunciado o ACEP, voltando a impor as 40 horas.

Ainda no âmbito desta luta, os trabalhadores das câmaras de Can-tanhede, Figueira da Foz, Arganil, Tábua, Poiares, Oliveira do Hospital e Penela realizaram greves à última hora de cada jornada de trabalho entre os dias 3 de Novembro e 3 de Dezembro.

No município de Arganil teve lu-gar uma greve pelos mesmos mo-tivos, de 3 a 7 de Novembro. Nesta e noutras autarquias os trabalhado-res realizaram plenários e concen-trações frente à sede do concelho, aprovando resoluções dirigidas aos respectivos presidentes de câmara.

Lisboa. A Direcção Regional pro-moveu, a 13 de Novembro, um ple-nário conjunto dos trabalhadores da CM de Mafra e da Be Water, em que foi demonstrado grande des-contentamento pela recusa da au-tarquia em negociar um acordo co-lectivo com o STAL para aplicação das 35 horas semanais

Mafra é a única câmara do distri-to de Lisboa que impõe as 40 horas aos trabalhadores.

Também no complexo da Adrua-na da CM de Cascais teve lugar, no mesmo dia, um plenário geral muito participado, que aprovou uma reso-

lução por unanimidade em defesa da manutenção das 35 horas.

Porto. Os trabalhadores da Câ-mara do Porto concentraram-se dia 11 de Fevereiro, frente ao edifício da autarquia, exigindo aplicação do acordo colectivo, assinado com o Sindicato há precisamente um ano.

Na resolução aprovada os tra-balhadores apelaram «à tomada de uma decisão política por parte do executivo municipal com vista à consagração efectiva do período normal de trabalho das 35 horas se-manais e sete horas diárias.»

No distrito, também os trabalhado-res da CM de Santo Tirso realizaram uma concentração frente à câmara, a 28 de Outubro, exigindo a aplicação das 35 horas, tal como estabelece o ACEP assinado há cerca de um ano.

Acções em defesa da negociação de acordos tiveram lugar em Gon-domar, a 13 de Novembro; na Tro-fa, a 14 de Novembro; e em Paços de Ferreira, a 18 de Novembro.

Santarém. Na Chamusca, traba-lhadores e representantes sindicais deslocaram-se, a 10 de Fevereiro, à sessão de Câmara para exigir a aplicação das 35 horas.

Luta continua

Cerca de 200 das 308 câmaras municipais existentes no País, entre as quais se incluem as das maiores cidades, praticam o horário das 35 horas semanais, o mesmo se veri-ficando em cerca de 400 Juntas e Uniões de Freguesias.

No dia 2 de Março, a Câmara de Torres Novas decidiu finalmen-te aplicar o acordo colectivo cele-brado um ano antes com o STAL, adoptando o horário das 35 horas.

Entretanto, o STAL continua a ne-gociar acordos colectivos, como são exemplos os ACEP assinados, dia 3 de Março, com a Câmara de Seia, e, dia 5, com a União de Freguesias de Anta e Guetim, no concelho de Espinho, salvaguardando as 35 ho-ras para todos os trabalhadores.

O Provedor de Justiça pediu a fiscali-zação da constitucionalidade de um arti-go da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, que tem sido interpretado pelo Governo para impor a sua participação na negociação e celebração dos acordos colectivos de empregador público (ACEP).

O Provedor de Justiça questiona em con-creto a alínea b) do n.º 3, e o n.º 6 do artigo 364.º da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas (Lei n.º 35/2014), que referem as en-tidades com legitimidade para celebrar ACEP.

Apesar de tardia, a intervenção do Pro-vedor da Justiça, tornada pública dia 17 de Dezembro, vem dar razão às insisten-tes diligências e apelos feitos pelo STAL aos órgãos competentes para porem co-bro ao continuado bloqueio por parte do Governo da publicação de mais de meio milhar de acordos colectivos celebrados livre e legitimamente com autarquias e ou-tras entidades do Poder Local.

O STAL tem combatido as tentativas do Governo de intrevir nos processos relativos

aos ACEP, que representam uma ingerência clara nas competências exclusivas das autar-quias, consagradas na Constituição.

Para o Sindicato, o Estado Português, qualquer que seja o seu Governo, está vin-culado ao cumprimento escrupuloso dos acordos e convenções internacionais por si ratificados, como são os casos da Car-ta da Autonomia Local, do Conselho da Europa, que Portugal integra, e da Con-venção n.º 151 da OIT, sobre contratação colectiva na Administração Pública.

Em defesa de um direito elementar

Acções pelas 35 horas

Manifestação em Espinho Protesto em Braga Acção em Arganil

Nos últimos meses, os trabalhadores têm prosseguido em várias autarquias a luta pela manutenção e reposição do horário das 35 horas, reclamando a negociação e o cumprimento dos acordos colectivos que salvaguardam este direito.

Provedor questiona legalidade da ingerência do Governo Trabalhadores lutam com razão

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MARÇO 2015 5

Concentração no Porto

Plenário em Santo Tirso

Numa proposta apresentada no início de Fevereiro à Associação Nacional de Municípios Portugue-ses, o Governo avançou com medi-das discriminatórias das autarquias que aplicam as 35 horas.

Numa atitude de clara chanta-gem, o Governo pretende impedir as autarquias, que reduziram o ho-rário de trabalho para as 35 horas, de procederam à contratação de pessoal, tal como previsto na Lei do Orçamento do Estado para 2015.

Para acederem a essa possibili-dade, as autarquias teriam de au-mentar o horário de trabalho.

A proposta do secretário de Estado da Administração Pública, Leite Mar-tins, cujo único objectivo é impor as 40 horas aos trabalhadores, foi de imedia-to qualificada pela ANMP como «uma ingerência totalmente injustificada na gestão interna das autarquias locais, com graves prejuízos na prestação de serviço público aos cidadãos».

O STAL manifestou o seu apoio a esta posição da ANMP, repudiando mais esta intrusão do Governo na autonomia do Poder Local, visando limitar e condicionar a contratação colectiva.

O STAL não reconhece legiti-midade ao Governo para definir «regras» para a negociação de acordos colectivos, nomeada-mente a obrigatoriedade da inclu-são da adaptabilidade e do banco de horas, a limitação do trabalho suplementar ou a aferição de um aumento da produtividade, sob pena de reversão das condições acordadas em sede de contrata-ção colectiva.

O Sindicato condenou o com-portamento arrogante e autoritário do Governo e reiterou a exigência da publicação imediata de mais de meio milhar de acordos colectivos, que consagram o horário das 35 horas.

A Intersindical Nacional responsabilizou a política do Governo PSD-CDS/PP pelo agravamento da pobreza e desigualdades em Portugal, condenando a tentativa do primeiro-ministro de desvalorizar dados do INE, com o falso argumento de que a realidade do País, hoje, já não corresponderia à do período estudado.

Na realidade, como sublinha a central sindical num comunicado de 3 de Fe-vereiro, não só a política que agravou

a pobreza e as desigualdades se mantém, como é aprofundada em 2015 com mais ata-ques às prestações sociais e aos direitos dos trabalhadores.

Em suma, conclui a CGTP-IN, «Portugal está mais pobre em resultado da política de direita, responsável pela destruição de em-prego e do aumento da precariedade no tra-balho, pela diminuição do nível de vida, devi-do aos cortes e à diminuição nos salários, nas pensões e outras prestações da segurança social, e ao agravamento dos impostos sobre os rendimentos do trabalho e pensões.»

E chama a atenção para alguns dos aspec-tos centrais dos dados do INE, publicados a 30 de Janeiro, nomeadamente, o aumento de cerca de 300 mil pessoas em risco de pobre-za ou de exclusão desde 2011.

Em 2013 estavam em risco de pobreza ou de exclusão social 27,5 por cento da popula-ção, situação que se agravou em 2014.

Este indicador tem em conta não apenas o rendimento, mas também a privação material severa, isto é, a incapacidade das pessoas para satisfazerem várias necessidades bási-cas relativas à alimentação e habitação (por exemplo, a capacidade para pagar rendas de casa), às comunicações (por exemplo, terem telefone), etc.

Cerca de 2,9 milhões de pessoas vivem actualmente no nosso País nestas condições altamente precárias.

Um quinto dos portugueses na pobreza

A população em risco de pobreza passou de 17,9 por cento em 2009 para 19,5 por cento em 2013. Este aumento reflecte o impacto da política dita de «austeridade». Primeiro, desde 2010, com os programas de «estabilidade e crescimento» (PEC) do anterior governo, e de-pois com os programas do actual Governo e da troika. A consequência foi a diminuição do nível médio de rendimento da população.

Esta diminuição atenua artificialmente os dados sobre a pobreza, pelo facto de serem calculados com base num rendimento médio. O que significa que um rendimento que esta-va abaixo do limiar da pobreza em 2009, po-derá hoje estar acima desse limiar por força da diminuição do rendimento médio.

Descontando esse efeito, a taxa de pobreza passou de 17,9 por cento, em 2009, para 25,9 por cento em 2013, um drama que atinge to-dos os grupos etários da população.

Trabalhar para ser pobre

O agravamento da pobreza atinge quer os desempregados e inactivos, quer os trabalha-dores com emprego.

Com efeito ter um emprego não é garantia suficiente para escapar ao risco de pobreza. A prova é que cerca de 483 mil pessoas com emprego (10,7% da população empregada) estão em situação de pobreza.

A pobreza atinge 40,5 por cento da popula-ção desempregada, 25,6 por cento das crian-ças e adolescentes até aos 17 anos, 38,4 por cento das famílias monoparentais com crian-ças dependentes e 12,9 por cento dos refor-mados.

Sem o contributo das prestações sociais, a pobreza afectaria 47,8 por cento da popula-ção portuguesa, o que mostra que a diminui-ção do nível e qualidade da segurança social tem um impacto brutal nas condições de vida da população.

Alarga-se fosso das desigualdades

Entretanto, as desigualdades continuaram a acentuar-se.

Em 2009, os dez por cento da população com maior rendimento ganhavam 9,2 vezes mais do que os dez por cento dos que tinham menor rendimento.

Em 2013, a parte mais abastada já ganhava 11,1 vezes do que a parte dos mais desfavo-recidos.

De facto nem todos empobreceram. Hou-ve quem tenha continuado a acumular uma riqueza obscena, como mostra o facto de as 25 maiores fortunas do País disporem de um património equivalente a dez por cento do Produto Interno Bruto de 2013.

O prosseguimento da actual política irá agravar ainda mais a pobreza, a exclusão so-cial e as desigualdades.

Em 2015, o Governo planeia um ataque aos apoios sociais, com a introdução de «um tecto global para as prestações sociais não contributivas substitutivas de rendimentos do trabalho». Trata-se de mais uma medida que visa atingir os grupos mais vulneráveis.

Ofensiva para aumentar horário de trabalho

Governo chantageia autarquias

Dados do INE mostram flagelo da «austeridade»

Pobreza e desigualdades agravam-se em Portugal

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MARÇO 20156

O desfecho do ne-gócio está agora nas mãos da Au-

toridade da Concorrência (AdC), entidade que não pode ignorar os insisten-tes alertas para os peri-gos de controlo do mer-cado, aumento de pre-ços, degradação dos ser-viços e das condições de trabalho.

É inequívoco que a pri-vatização da EGF não tem qualquer justificação. É uma empresa estratégi-ca, rentável, intervém num sector sensível para a saúde pública e o ambien-te, e detém uma posição dominante através das 11

empresas criadas em par-ceria com 174 municípios, controlando por essa via, 65 por cento do total na-cional de resíduos urba-nos, produzidos por 63 por cento da população.

Por todas estas razões não deveria ser objecto de negócio. Mas não foi essa a opção do governo.

É fácil perceber que os eventuais compradores da EGF ficariam sempre com uma posição domi-nante no mercado dos resíduos, tanto na «alta», isto é, no tratamento e va-lorização de resíduos ur-banos, como na «baixa», ou seja, na recolha.

Mas este risco aumen-ta consideravelmente no caso de se concretizar o negócio com a SUMA/Mota-Engil, uma vez que esta empresa já detém 48 por cento do mercado

Nos últimos 15 anos, pelo menos 180 cidades de 35 países recuperaram o controlo dos serviços públicos de água e saneamento privatizados, segundo revela um estudo elaborado por três organizações internacionais.

O primeiro mapa global da remuni-cipalização da água, publicado em Novembro de 2014, vem con-

firmar a tendência de regresso ao poder público destes serviços essenciais.

Realizado conjuntamente pelo Instituto Transnacional (TNI), o Observatório das Multinacionais e a Unidade de Pesquisa de Serviços Públicos (PSIRU), o relatório destaca as grandes cidades que remuni-cipalizaram estes serviços: Atlanta e In-dianápolis (EUA) Accra (Ghana), Almaty (Cazaquistão), Berlim (Alemanha), Bue-nos Aires (Argentina), Budapeste (Hun-gria), Dar es Salaam (Tanzânia), Jacarta (Indonésia), Kuala Lumpur (Malásia), Joa-nesburgo (África do Sul), La Paz (Bolívia), Maputo (Moçambique) e Paris (França).

Inversamente, no mesmo período, houve muito poucos casos de privatiza-ções em grandes cidades, de que são exemplo a cidade de Nagpur (Índia), que teve grande oposição e contestação, e de Jeddah (Arábia Saudita).

Nos chamados países ricos o ritmo das remunicipalizações duplicou nos últimos cinco anos, passando de 41 processos en-tre 2005 e 2009 para 81 entre 2010-2014.

Esta tendência foi particularmente vi-sível em França, onde se registaram 33 casos desde 2010 contra apenas oito entre 2005 e 2009.

Os EUA foram o país com mais remu-nicipalizações (59), seguindo-se a Fran-ça (49), a Alemanha (12), Argentina (4) e a Hungria e a África do Sul (3 cada).

Privado é pior

As razões que levaram à remunicipali-zação são semelhantes por todo o mun-

do: desempenho medíocre das empre-sas privadas, subinvestimento, disputas sobre custos operacionais e aumento de preços, aumento brutal de tarifas, difi-culdade em fiscalizar os operadores pri-vados, falta de transparência financeira, despedimentos e deficiente qualidade de serviço.

A maioria das remunicipalizações ocorreu por rescisão dos contratos pri-vados, antes de o prazo expirar.

Vários municípios tiveram de enfren-tar duros contenciosos com os privados e pagar avultadas indemnizações. Por exemplo, a cidade de Indianápolis foi obrigada a pagar 29 milhões de dólares à multinacional francesa, Veolia, enquan-to os habitantes de Berlim tiveram de suportar elevados custos com a compra das acções detidas por dois operadores privados.

Os autores do estudo consideram que estes conflitos devem alertar os políti-cos que ponderam transferir a gestão da água para o sector privado, sublinhando que «a privatização, seja sob que forma for, ao invés de trazer a prometida ges-tão eficiente e inovação, tem produzido sistematicamente efeitos negativos a longo prazo para as comunidades locais e os seus governos».

Eliminando a lógica de maximização do lucro, imperativa na gestão privada, a gestão pública melhora o acesso e a qualidade dos serviços de água, cons-tata o relatório, referindo exemplos tão diversos como os de Paris, de Arenys de Munt (Espanha) e Almaty.

Por outro lado, a gestão pública per-mitiu aumentar significativamente o in-vestimento, como é o caso de Greno-ble (França), Buenos Aires e Arenys de Munt, onde o sistema tarifário foi revisto de forma a garantir o abastecimento de água às famílias com rendimentos mais baixos.

Por iniciativa do STAL e da campanha «Água de todos», o relatório, intitulado «Veio para ficar: a remuniciaplização da água como uma tendência global», já se encontra traduzido em português e pode ser consultado na íntegra em www.agua-detodos.com.

A autoridade da concorrência de Es-panha, chamada Comissão Nacional de Mercados Financeiros e da Concorrência (CNMC), impôs uma multa recorde de qua-se cem milhões de euros a 39 empresas privadas e a três associações empresariais do sector da gestão de resíduos urbanos.

De acordo com uma nota daquela entidade, divulgada no passado dia 26 de Janeiro, a investigação, iniciada em 2012, uma das mais complexas desen-volvidas até hoje, comprovou a existên-cia de «uma prática concertada global de partilha do mercado», que inflacionou os preços pagos pelos cidadãos.

Cerca de 75 por cento do valor da multa, num total de 72 milhões de euros, foram aplicados a cinco grandes empre-sas, várias delas com negócios em Por-tugal, caso da Urbaser, empresa parceira da SUMA/Mota-Engil e da Sertego (am-bas do grupo ACS), que teve uma san-ção de 23,3 milhões de euros.

Seguem-se a FCC, empresa que con-correu à privatização da EGF, multada em 16,8 milhões de euros, a Valoriza do grupo Sacyr (15,29 milhões de euros), a Cespa (13,6 milhões de euros) e a Saica (5,37 milhões de euros).

Estas empresas acordaram «pactos de não-agressão», distribuíram entre si

clientes e trocaram informação comer-cial sensível, utilizando as associações sectoriais para coordenar a sua acção.

Para manipularem os concursos apre-sentavam propostas conjuntas ou op-tavam simplesmente por não concorrer em troca de uma participação posterior no negócio. Além disso, boicotavam os concursos que não favoreciam os seus interesses.

A CNMC comprovou a existência de práticas anticoncorrenciais no município de Madrid, entre 2011 e 2013, onde a FCC, Cespa e Urbaser acordaram a par-tilha do contrato de limpeza urbana, jar-dinagem e recolha de resíduos urbanos na periferia da cidade, e agiram conjun-tamente para obterem a gestão de resí-duos industriais no valor de 542 milhões de euros.

Em causa está também um acordo en-tre a Cespa, Urbaser e a Valoriza para a partilha da exploração de duas centrais de tratamento de Valdemingómez, assim como outro entre a FCC e a Urbaser, em 2009, que previa a apresentação de pro-postas conjuntas a todos os contratos públicos a nível nacional para a concep-ção, construção e exploração de cen-trais de aproveitamento energético de resíduos urbanos.

Privatizações revertidas em 35 países

180 cidades recuperam gestão da água

Práticas concertadas em EspanhaInvestigação revela cartel do lixo

As consequências desastrosas da venda da EGF

Governo fomenta monopólio privado

Por todo o mundo quase duas centenas de municípios retomaram a gestão pública da água

Contra a vontade dos municípios, das populações e dos trabalhadores, o Governo aprovou a venda da EGF ao consórcio liderado pela SUMA/Mota-Engil, cuja concretização criará um monopólio privado no sector dos resíduos com consequências gravosas.

Page 7: Jornal n.º 110

MARÇO 2015 7

Os trabalhadores da Amarsul, reu-nidos em plenário geral, a 11 de Fe-vereiro, aprovaram por unanimidade uma resolução contra a privatização da EGF.

O documento foi entregue ao con-selho de administração da empresa juntamente com um abaixo-assinado,

exigindo a reposição das normas de marcação das férias.

A resolução exige ainda a melhoria das condições de trabalho, a integração nos quadros dos trabalhadores que desem-penham tarefas de carácter permanente, e o cumprimento integral do acordo de empresa.

Anular o negócioNa sequência das «sérias dúvidas» levantadas pela Autoridade da Concorrência

sobre o processo da EGF, o STAL reiterou a sua posição de exigir a anulação da privatização daquela empresa pública, com importância estratégica para o País.

Numa carta aberta enviada, dia 2 de Março, aos eleitos autárquicos, o STAL registou com satisfação a iniciativa da Autoridade da Concorrência (AdC), no-ticiada dia 18 de Fevereiro, de levar a cabo uma «investigação aprofundada» sobre o polémico processo de privatização da Empresa Geral do Fomento, realizado à revelia da vontade expressa dos municípios.

Na missiva, o STAL considera que «a posição da AdC vem dar razão aos insistentes alertas, designadamente dos municípios e trabalhadores, para os perigos de controlo do mercado, aumento de preços, degradação dos serviços e das condições de trabalho que resultariam desta operação».

Águas do Zêzere e Côa: serviços de operação e manutenção de subsistemas de saneamento; contrato no valor de cinco milhões e 250 mil eu-ros; concurso lançado em 20 Novembro de 2014.

Santo Tirso: recolha de resíduos urbanos e limpeza urbana; contrato por oito anos no valor 12 milhões e 61 mil euros; concurso lançado em 11 de Dezembro.

Águas da Covilhã, EM: recolha de resíduos ur-banos nas zonas norte e sul do concelho; contrato por três anos, no valor de 750 mil euros; concurso lançado em 16 Dezembro.

Odivelas: limpeza urbana; contrato por três anos, no valor de 390 mil euros; concurso lançado em 24 de Dezembro.

Associação de Municípios do Douro Superior: recolha e transporte de resíduos, lavagem e manu-tenção de contentores e limpeza urbana; contrato por cinco anos no valor de quatro milhões e 300 mil euros; concurso lançado em 31 Dezembro.

Maiambiente, EM: limpeza urbana; contrato por seis anos, no valor de nove milhões de euros; concurso lançado em 2 de Janeiro.

Águas Públicas do Alentejo: serviços de ope-ração e manutenção dos sistemas de águas re-siduais; contrato por dois anos, no valor 690 mil euros; concurso lançado em 20 Janeiro.

Vila do Bispo: limpeza urbana; contrato por três anos, no valor de 445 mil euros; concurso lançado em 20 Janeiro.

Lamego: recolha de resíduos urbanos e limpe-za; contrato por três anos no valor de dois milhões e 650 mil euros; concurso lançado em 22 Janeiro.

Adjudicações

Montalegre: recolha, transporte e deposição de resíduos sólidos urbanos; contrato por cinco anos no valor de um milhão e 250 mil euros; adju-dicado à SUMA em 21 de Julho de 2014.

Guarda: recolha limpeza e transporte de resí-duos, lavagem, manutenção, fornecimento e co-locação de contentores; contrato por cinco anos no valor de três milhões e 200 mil euros; adjudica-do à SUMA em 28 Outubro de 2014.

Arouca: recolha e transporte de resíduos sóli-dos urbanos, limpeza urbana e lavagem, desin-fecção e manutenção de contentores; contrato no valor 180 834,18 euros; adjudicado à CESPA.

Na Amarsul, os trabalhadores recusam a privatização e exigem melhores condições de trabalho

Plenário na Amarsul

As consequências desastrosas da venda da EGF

Governo fomenta monopólio privado

no sector da recolha, lim-peza urbana e tratamento de resíduos, através de contratos estabelecidos directamente com os mu-nicípios.

Note-se que algumas destas concessões mu-nicipais levantam graves suspeitas, como é o caso de Vila Nova de Gaia, onde o valor do contrato com a SUMA foi 30 a 40 superior a outras autar-quias, segundo apurou o Tribunal de Contas.

Um caso sem paralelo

Com a compra da EGF, a SUMA triplica a factura-ção e multiplica quase por cinco o resultado bruto de exploração, tornando-se num poderoso monopólio privado sem paralelo na Europa.

Municípios, trabalhado--res e populações têm razões para se preocupa-rem. Aqueles que já con-cessionaram a recolha dos

resíduos sólidos urbanos à SUMA ficariam totalmente dependentes desta em-presa, a quem pagariam duas vezes, primeiro pela recolha e depois pelo tra-tamento.

Mas também as empre-sas, os cidadãos e traba-lhadores da EGF, em par-ticular, serão prejudicados por um monopólio priva-do, com poder suficiente para impor piores condi-ções de trabalho e preços elevados e condicionar o poder político.

A catástrofe do lixo no Sul da Itália ou os casos de abusos criminosos recen-temente descobertos em Espanha são exemplos que alertam para os perigos dos operadores privados.

Perigos identificados

Aliás, alguns destes pe-rigos foram identificados pela própria AdC, num parecer enviado ao Go-verno, em que recomen-dou a separação geográ-fica das empresas do uni-verso EGF.

O documento deixa cla-ro que a concentração das concessões numa só enti-

dade prejudica a eficiência do regime tarifário e a pró-pria concorrência.

A AdC questionou ainda o prazo da concessão, con-siderando que nada justifica a sua duração por 50 anos.

Todavia, nenhuma des-tas recomendações foi acolhida, confirmando que o objectivo do Governo não é «proporcionar me-lhores serviços» e «baixar tarifas», mas garantir a um grupo privado um negócio altamente lucrativo e sem concorrência.

Em risco ficam também centenas de pequenas e médias empresas, e res-pectivos trabalhadores, que operam nas áreas da construção, manutenção e gestão dos sistemas, no âmbito do universo EGF.

Não é difícil antever que todos os contratos passarão a ser atribuídos às empresas do grupo SUMA/Mota-Engil.

O destino do negócio está neste momento nas mãos da AdC, que pode-rá opor-se à operação de concentração ou autorizá--la, mediante determina-das condições, como, por exemplo, obrigar a SUMA a vender activos, ou sujei-tar a consulta prévia futu-ras aquisições por parte da EGF.

Mas tudo isto, apesar de importante, não resol-ve, como é evidente, ne-nhum problema.

Décadas de privatiza-ções têm demonstrado à exaustão que só a pro-priedade e gestão públi-cas podem garantir um serviço público de quali-dade, o respeito pelas ne-cessidades das popula-ções e pelos direitos dos trabalhadores.

✓ Jorge Fael

Page 8: Jornal n.º 110

8 /MARÇO 2015

A fundação e consolidação do STAL

Poucos meses depois, no

final de 1975, o Sindicato já

tinha 16 995 associados, e

continuou a crescer nos anos que

se seguiram, tornando-se num dos

maiores sindicatos do País.

O alcance desse objectivo foi fruto

do trabalho árduo que prosseguiu

logo no dia seguinte ao da

Assembleia Constituinte.

Dois princípios fundamentais nos

norteavam: o primeiro era defesa

intransigente das reivindicações e

direitos dos trabalhadores do Poder

Local; o segundo, o reforço e a

consolidação da estrutura sindical.

Após a Assembleia Geral

Constituinte do STAL, realizada

a 24 de Agosto de 1975, no

Porto, o Sindicato Nacional dos

Trabalhadores da Administração

Local conheceu uma adesão foi

estrondosa.

Em 1976 foram realizadas 11

reuniões de âmbito nacional,

quase uma por mês e enviados

para os locais de trabalho 51

comunicados, quase um por

semana.

O Conselho de Secretariados,

realizado no dia 16 de Março,

aprovou o «Calendário Eleitoral»,

que iria decorrer até 20 de

Novembro para todos os órgãos

do STAL, locais, distritais e

nacionais.

A primeira representação

internacional do STAL foi na

Conferência Mundial do Trabalho,

que teve lugar em Genebra, a 6

de Maio. O delegado do Sindicato

foi o membro do Secretariado,

Salvador Martins, da Câmara

Municipal de Oeiras.

Em Julho de 1976, também pela

primeira vez, uma delegação do

STAL esteve na Madeira e nas

ilhas da Terceira, São Miguel

e Santa Maria em reuniões de

dinamização. A delegação era

constituída por Manuel Alves,

Eugénio de Castro e Luísa

Dionísio, que assumiu a sua

coordenação.

1994. Filiação na CGTP-IN

2000. Greve em Sintra

1986. Encontro sobre Higiene e Segurança

1987. Vigília em Lisboa

1980

Page 9: Jornal n.º 110

9/MARÇO 2015

A fundação e consolidação do STAL

Em 8 e 9 de Maio de 1976 o

Conselho de Secretariados do

STAL reuniu-se em Beja para

analisar a falta de resposta do

Governo em relação à publicação

dos Estatutos da Organização

Sindical.

O Secretariado Distrital de Lisboa

tinha reunido previamente em

Loures, a 30 de Abril, e durante os

trabalhos aprovou a proposta de

uma concentração e manifestação

frente ao Palácio de São Bento,

caso até ao dia 20 de Maio o

Governo não desse uma resposta

sobre a publicação dos Estatutos.

Esta proposta de Lisboa foi

adoptada por unanimidade e

deste modo decidiu-se avançar

para São Bento.

O protesto realizou-se a 31

de Maio pelas 19 horas. Mais

de 4500 trabalhadores da

Administração Local encheram

por completo as escadarias

do parlamento, onde estavam

reunidos os deputados e o

Governo. Pelas 19.30 horas a

Comissão Coordenadora e o

Secretariado Distrital de Lisboa

exigiram ser recebidos pelo

primeiro-ministro.

A greve pela publicação

dos Estatutos

A chegada da Polícia de Choque,

que se juntou aos agentes da PSP

e de GNR que ali estavam, fez

subir a tensão nos manifestantes,

que gritavam palavras de

ordem como «Pela igualdade de

direitos».

Os ânimos exaltavam-se e ambiente

tornou-se ameaçador à vista dos

bastões, coletes à prova de bala,

viseiras e metralhadoras G3.

Porém, os trabalhadores não

arredaram pé e já cerca da

meia-noite surgiu uma primeira

proposta de greve para 7

de Junho que foi rejeitada.

Finalmente, aprovou-se a

realização de uma greve por

tempo indeterminado, logo a partir

de 3 de Junho.

A greve foi uma poderosa

manifestação da capacidade de

organização do STAL.

Apesar de nalguns locais de

trabalho se terem registado

tentativas de intimidação por

parte de caciques locais, nada,

nem ninguém demoveu os

trabalhadores da Administração

Local da luta pelos seus interesses.

Em 20 de Junho, após uma greve

que em alguns distritos durou

13 dias, os Estatutos do STAL

foram finalmente publicados, na

III Série do Diário da República

Portuguesa n.º 168.

Numa anotação dessa época

escrevi: «Está terminado o período

provisório da formação do STAL.

Este é um momento de legítimo

orgulho e meditação da nossa

consciência sindical porque a

partir de agora, somos mais fortes

e mais pujantes.»

A primeira sede nacional

provisória foi instalada na

Câmara de Santarém, donde foi

transferida, a 6 de Maio de 1975,

para o Pavilhão do Turismo, no

recinto da Feira da cidade. No ano

seguinte, a sede nacional passa

para o n.º 133 da Rua Alexandre

Herculano, em Santarém. Em

Julho de 1977 é então decidido

adquirir instalações próprias num

edifício junto à Praça de Touros de

Santarém.

Em Agosto de 1976 o Sindicato

já tinha constituído sedes em

Beja, Évora, Lisboa e Setúbal.

Nos demais distritos, o sindicato

funcionava em instalações

provisórias, cedidas em vários

casos pelas autarquias.

Por exemplo, utilizou-se

instalações municipais nos

distritos de Aveiro (CM de Aveiro),

Braga (CM da Póvoa do Lanhoso),

Coimbra (Serviços de Turismo),

Leiria (CM de Peniche), Porto (CM

de Valongo), Santarém (CM do

Entroncamento), ou Viseu (CM de

Mangualde).

No simbólico do 1.º de Dezembro

de 1976 (Dia da Restauração

da Independência em 1640), o

STAL e as Comissões Directivas

Provisórias dos Sindicatos da

Função Pública reúnem-se com

o objectivo de apresentar uma

posição comum nas negociações

salariais para 1977. Nessa reunião

foram lançadas as bases para a

constituição da Frente Comum de

Sindicatos.

Em 15 de Fevereiro de 1977

o STAL participou na primeira

greve conjunta da Administração

Publica Central, Regional e Local,

que constituiu uma extraordinária

manifestação de unidade e força

do sector.

1983

2000. Junto à Cimeira Europeia

2000. Contra o Governo de Barroso

1980

✓ António Marques

Page 10: Jornal n.º 110

MARÇO 201510

Progressões confirmadas

Processo ganho no Bombarral

O Tribunal Administrativo de Leiria anulou uma deci-são da Câmara do Bombarral que impedia a progres-são na carreira de trabalhadores do município.

A sentença, divulgada dia 30 de Dezembro de 2014, considera «totalmente procedente» a acção interposta pelo STAL, em representação de 44 trabalhadores atingidos.

A autarquia decidiu em Outubro de 2009 aplicar a «opção gestionária» para efeitos de progressão na car-reira, o que permitiu a sua passagem para o escalão seguinte, com o consequente aumento remuneratório.

Porém, o novo executivo PSD decidiu, em Outubro de 2010, anular as progressões e reposicionar os tra-balhadores no antigo escalão.

Com o apoio do STAL os trabalhadores pediram a im-pugnação da deliberação, pretensão que foi atendida pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria.

Nos documentos analisados pelo tribunal, a opção gestionária abrangia um total de 158 funcionários.

Sintra

Confusão nas fériasOs trabalhadores da CM de Sintra foram surpreendi-

dos, em Dezembro, por um despacho do presidente, determinando a impossibilidade da transição de dias de férias para o ano seguinte.

O documento apresenta a data de Maio, mas só foi divulgado no final do ano, pondo em causa um direito inalienável de muitos trabalhadores.

A DR de Lisboa denunciou a situação, o que obrigou a autarquia a admitir o erro, possibilitando o gozo das férias já marcadas.

No entanto, a situação ainda não está resolvida, uma vez que as novas regras não contemplam a possibilida-de prevista na lei de gozar o período de férias até Abril do ano seguinte, desde que haja acordo entre as partes.

Ora, até agora, foi sempre possível acordar os períodos de férias entre o trabalhador e a entidade empregadora, sem prejuízo para os serviços ou para os interessados.

Além disso, a informação que actualmente circula varia consoante as chefias e até há confusão nos re-cursos humanos. O STAL já solicitou uma reunião para esclarecer o assunto e exigir a reposição do habitual procedimento de conciliação na marcação de férias.

✓ José Torres Jurista

A pobreza desta política«Assim, se em 2009 havia dois milhões e 850 mil

crianças a receber abono de família, em 2013, o número não chegava a um milhão e 295 mil. (…). E os valores pagos são baixos: uma família do esca-lão mais baixo com um filho recebe apenas 35,19 euros por mês, por exemplo.»

Ana Rita Ferreira, Público, 8/01

Direitos violados O Comité Europeu dos Direitos Sociais do Con-

selho da Europa revelou várias violações do Esta-do português à Carta Europeia dos Direitos So-ciais: «o salário mínimo não assegura um nível de vida decente, o trabalho nos dias feriados não é remunerado adequadamente, o trabalho perigoso não tem as medidas compensatórias adequadas, a desigualdade salarial entre homens e mulheres agravou-se e o direito de organização sindical foi dificultado.»

Relatório do Comité Europeu dos Direitos Sociais, Janeiro de 2015

A mentira da troika«A intervenção da troika provou pela primeira

vez, de forma inequívoca, que não há relação en-tre a dita flexibilização do mercado de trabalho e a criação de emprego. É uma mentira. Portugal tem das taxas mais elevadas de pessoas a trabalhar em part-time, cumulativamente com salários baixos, e tem hoje um mercado de trabalho muito mais des-regulado, em que as remunerações médias des-ceram significativamente e, contudo, não existiu criação de emprego.»

Paulo Almeida, Jornal Negócios, 27/01

A Europa do desemprego«Entre 2008 e 2013, a crise atirou mais de nove

milhões de pessoas para o desemprego na União Europeia»

Rafaela Burd Relvas, in Dinheiro Vivo

Duplicidade política«Quando vejo a esquerda moderada em Por-

tugal no PS que, tal como o Pasok grego, tantas vezes traiu o seu eleitorado, me parece ser im-possível o socialismo luso curar-se do vício da duplicidade política: defesa dos trabalhadores em campanha eleitoral, defesa dos financeiros no governo. Por isso, António Costa, óptimo po-lítico, fará como Hollande fez em França e como antes fizeram, no nosso país, Sócrates, Guterres e Soares...».

Pedro Tadeu, DN, 27/01

Derrotar a austeridade«É com alegria que saudamos a queda do Go-

verno de Antonis Samaras, como saudaremos com alegria o dia da queda de Passos Coelho, o pri-meiro-ministro cuja ambição mais exaltante é ser o cãozinho de regaço da chanceler alemã.»

José Vítor Malheiros, Público, 27/01

Ao contrário de algumas interpretações erróneas, a chamada Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, vigente desde 1 de Agosto passado, mantém o direito dos trabalhadores ao gozo de um dia de folga por prestação do trabalho suplementar em dia de descanso semanal obrigatório.

As interpretações redutoras baseiam-se no facto de a Lei Geral do Trabalho em Fun-

ções Públicas (LTFP) não prever ex-pressamente essa folga, inferindo--se erradamente daí que o referido trabalho apenas conferiria direito à retribuição legalmente fixada.

Porém a realidade é outra, já que aquela lei remete para o Código do Trabalho a regulamentação de de-terminadas matérias, como expres-samente determina o seu artigo 4.º.

É o caso das matérias respei-tantes à «organização e tempo de trabalho» e aos «tempos de não trabalho», entre outras.

Ora, consultando o artigo 229.º do citado Código, lemos no seu

n.º 4, que «o trabalhador que presta trabalho em dia de des-canso semanal obrigatório tem direito a um dia de descanso compensatório remunerado, a gozar num dos três dias úteis seguintes».

Posto isto, não compreendemos que ainda possam subsistir dúvidas e, pior ainda, que determinadas en-tidades se obstinem a negar o refe-rido direito aos trabalhadores.

Pelo exposto e em conclusão, sublinhamos que:

– O trabalho em dia de descan-so semanal obrigatório é remune-rado com o acréscimo de 50 por cento, previsto no artigo 162.º, n.º 2, da citada LTFP, acréscimo que, no caso de horários que não ultra-passem 35 horas semanais e sete diárias, tem sido drasticamente reduzido a metade por sucessivas leis do Orçamento de Estado, res-

trição que se mantém no corrente ano (artigo 45.º da Lei 82-B/2014).

– Essa remuneração, como a de qualquer outro tipo de trabalho suplementar, pode ser substituída por descanso compensatório, mas só por acordo entre empregador e trabalhador, por força do estatuído no n.º 7 do citado artigo 162.º;

– No caso do trabalho em dia de descanso semanal obrigatório, àquela remuneração – ou tem-po de descanso mediante acor-do – acresce sempre um dia de descanso compensatório, de na-tureza inalienável e insubstituível, como decorre do disposto no ar-tigo 229.º do Código do Trabalho, aplicável por força do estatuído no artigo 4.º da LTFP.

Os trabalhadores devem assim exigir o rigoroso cumprimento da lei, ao abrigo do direito que incon-troversamente lhes assiste.

O direito a folga por trabalho suplementar

Page 11: Jornal n.º 110

MARÇO 2015 11

A Câmara da Guarda de-cidiu, em Dezembro, inter-nalizar todos os funcionários das duas empresas munici-pais (Culturguarda e Guarda Cidade Desporto) que foram objecto de extinção.

A Direcção Regional do STAL congratulou-se com a decisão, lembrando que defendeu insistentemente a medida junto do anterior e actual executivo.

No entanto, alertou que a solução é temporária, não estando garantidos os postos de trabalho no final 2015.

Para evitar futuros des-pedimentos o STAL de-fende a abertura dos con-cursos necessários para que todos os trabalhado-res possam integrar a títu-lo definitivo o mapa de pessoal do município.

Na sequência de audito-rias do Tribunal de Contas (TdC), vários municípios da Região Autónoma da Madei-ra receberam recomenda-ções para notificarem os trabalhadores que acederam a alterações remuneratórias por «opção gestionária», en-tre 2009 e 2010, a devolve-rem as verbas auferidas.

O STAL contestou de imediato as conclusões do TdC e interpôs provi-dências cautelares para suspender as decisões.

Todavia, no caso da Câmara da Ribeira Bra-va, o juiz rejeitou a pro-vidência cautelar invo-cando o não cumpri-mento dos prazos, ape-

sar de reconhecer razão ao STAL.

Esta decisão obrigou o Sindicato a reiniciar o processo judicial e a fazer diligências junto dos pre-sidente da autarquia, no sentido de não aplicar a medida penalizadora.

Acatando a recomenda-ção do TdC, o município

da Ribeira Brava notifi-cou, no início deste ano, 69 trabalhadores para que devolvam um total de 182 mil euros.

O STAL qualificou a acção do TdC como «um atentado aos trabalhadores» e garan-tiu que tudo fará para impe-dir a devolução dos mon-tantes auferidos.

Vários municípios têm vindo a pronunciaram-se contra a intenção do Governo de criar de três mega-empresas no sector das águas, considerando que viola a autonomia do poder local, penaliza as populações e abre caminho à privatização.

Numa posição con-junta aprovada por unanimidade, em

18 de Dezembro, o Conse-lho Metropolitano de Lis-boa manifestou-se contra a criação do sistema das Águas de Lisboa e Vale do Tejo, resultante da agrega-ção de oito sistemas, entre os quais o da SIMTEJO, SIMARSUL e SANEST.

Nesta deliberação, o ór-gão salienta que o projecto do Governo se traduz numa «perda de autonomia para os municípios, retirando--lhes não só a capacidade de intervenção directa na gestão das infra-estruturas dos actuais sistemas», mas também de prosseguirem as suas políticas municipais, nomeadamente, no que res-peita «ao estabelecimento dos regimes tarifários».

Com efeito, no novo modelo os municípios são remetidos para um conse-lho consultivo onde não terão qualquer influência.

Além disso, acrescen-ta a posição, «a integra-ção do património nas entidades gestoras dos sistemas multimunicipais agregados põe em causa e menoriza todo o esforço realizado através do in-vestimento municipal».

Na margem Sul do Tejo, os municípios já se pronun-ciaram igualmente contra a destruição da SIMARSUL, e exigem que seja tido em conta o papel determinante das autarquias neste pro-cesso.

Por sua vez, a Norte, os municípios da Área Me-tropolitana do Porto estão contra a criação da Águas do Norte, recusando a fu-são Águas do Douro e Pai-va com os outros sistemas e prolongamento da con-cessão em mais 30 anos defendido pelo Governo.

No Centro, os 11 municí-pios que integram as Águas do Mondego opõem-se à fusão da empresa com a SIMLIS e a SIMRIA.

Aumento das tarifas

A reestruturação do sec-tor provocará um aumento brutal das tarifas em todo o País.

No litoral, nos casos de Oeiras, Cascais, Amado-ra e Sintra, os aumentos previstos da água e do saneamento até 2019 são respectivamente de 30 e 75 por cento.

Em Loures, a restrutura-ção implicaria aumentos do saneamento e da água de 14 e de 23 por cento, respectivamente.

No Porto, a subida glo-bal prevista em cinco anos é de 40 por cento.

No interior, os eleitos au-tárquicos alertam que, por força das imposições da entidade reguladora (ER-SAR), a maioria dos muni-cípios terá de subir as tari-fas, em alguns casos, mais ainda do que no litoral.

Aviso ao Governo

Os municípios consi-deram que os parece-res negativos aprovados têm carácter vinculativo e devem ser respeitados pelo Governo.

Caso não sejam ouvi-dos, afirmam-se dispos-tos a recorrer a todos os meios ao seu alcance, no plano institucional, políti-co e judicial, para impe-

dir a concretização deste processo.

Para o STAL, estas to-madas de posição re-forçam a urgência em combater e travar a res-truturação do sector das águas, que atenta contra os interesses das autar-quias, das populações e dos trabalhadores.

A água e os serviços de água são património comum que não pode ser privatizado, seja sob que forma for. O acesso à água e ao saneamento é um direito humano fun-damental.

Como tal, é inequívoco que a propriedade e gestão destes serviços essenciais devem manter-se sob con-trolo dos poderes públicos democraticamente eleitos, designadamente na esfera municipal. Esta é melhor garantia de defesa da água pública e dos interesses das populações e dos tra-balhadores.

Vila Franca de XiraComissões sindicais tomam posse

As comissões sindicais da Câmara e dos SMAS de Vila Franca de Xira to-maram posse em 26 de Novembro, durante um plenário geral de trabalha-dores da autarquia.

Em representação do STAL estiveram presentes neste acto José M. Mar-ques, presidente da Mesa da Assembleia-geral, João Coelho, coordenador da DR de Lisboa e Frederico Simões, dirigente regional que acompanha o muni-cípio.

A Câmara e os SMAS fi-zeram-se representar pelos seus presidentes, Alberto Mesquita e José Olivei-ra, respectivamente, bem como pelos vereadores da CDU Nuno Libório e Aurélio Marques.

Os novos delegados sindicais para o mandato 2014/2017 são Ana Sousa, José Simões, Luís Capu-

cha, Paulo Luís, Pedro Car-mo e Sérgio Fonseca (Câ-mara) e Marcelino Barbosa e Maria de Jesus (SMAS).

A ocasião foi ainda apro-veitada para efectuar a en-trega aos presidentes da Câmara e dos SMAS dos respectivos cadernos rei-vindicativos, discutidos e aprovados pelos trabalha-dores na primeira parte do plenário.

Sintra

Também os SMAS de Sintra contam com uma Comissão Sindical do STAL renovada, que to-mou posse no passado dia 5 de Novembro de 2014.

Eleita a 7 de Outubro, a estrutura é composta por cinco elementos, quatro deles eleitos pela primeira vez, e entre os quais está uma mulher.

Empresas municipais da GuardaInternalização temporária

No plenário em Vila Franca de Xira foram aprovados os cadernos reivindicativos da câmara e SMAS

Madeira TdC lesa trabalhadores

A reestruturação do sector das águas provocará um brutal aumento das tarifas

Reestruturação do sector das águas

Municípios rejeitam proposta do Governo

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MARÇO 201512

Trabalhadores da Câ-mara da Amadora que uti-lizam o estaleiro dos Moi-nhos da Funcheira, em conjunto com represen-tantes sindicais do STAL, foram à reunião pública de câmara para denunciar as deficientes condições dos balneários.

Na reunião, realizada a 28 de Janeiro nos Paços do Concelho, os trabalha-dores reivindicaram tam-bém a melhoria das condi-ções de segurança, saúde

e higiene naquelas instala-ções.

Entre os problemas apon- tados estão a falta de água quente nos duches, a pre-sença de baratas, fossas entupidas, ar condiciona-do avariado, sujidade, ma-teriais degradados e falta de espaço para mudar de roupa.

O vereador que tutela a gestão do estaleiro muni-cipal admitiu que as quei-xas apresentadas «têm razão de ser» e que «os

problemas dos balneários são muito antigos».

A Câmara comprome-teu-se a avançar ainda este ano com a constru-ção de uma nova cozinha e um refeitório, aprovei-tando o espaço assim li-bertado para construir no-vos balneários. Os projec-tos dependem, no entan-to, de vistos do Tribunal de Contas, segundo refe-riu o vereador.

No estaleiro traba-lham três centenas de

funcionários, principal-mente motoristas, can-toneiros e mecânicos, e cerca de metade utiliza os balneários.

A DR de Lisboa do STAL considera que as promessas da autarquia não resolvem os proble-mas no imediato e exige medidas urgentes para salvaguardar a saúde, segurança e higiene no trabalho, assim como a dignidade dos trabalha-dores.

Comissões paritárias no SIMAR e CM de Loures

As comissões paritárias para a avaliação de desem-penho (SIADP) no SIMAR e na CM de Loures foram eleitas nos dias 12 e 19 de Dezembro de 2014. A estru-tura do SIMAR é composta por duas mulheres e quatro homens.

A CM de Loures tem duas comissões paritárias, uma para a câmara, composta por quatro mulheres e dois homens, e outra para as escolas, composta por seis mulheres. As equipas agora renovadas e refor-çadas comprometem-se a defender os direitos dos trabalhadores.

Representantes SST

Os representantes de Segurança e Saúde no Traba-lho dos trabalhadores dos SMAS de Sintra foram elei-tos a 28 de Outubro de 2014.

A equipa é composta por dez elementos, entre os quais se contam quatro mulheres, que assumiram o compromisso de defender os direitos dos trabalhado-res no domínio da Segurança e Saúde no Trabalho.

Política de terror na CM de Sintra

Intimidação intolerável

A Câmara Municipal de Sintra tornou públicos vários despachos, emitidos pelo presidente Basílio Horta, so-bre medidas disciplinares a aplicar a trabalhadores.

Segundo denunciou à imprensa a DR de Lisboa do STAL, a 29 de Janeiro, os documentos foram divulga-dos na internet, na página oficial da autarquia, e por via da intranet, no programa de gestão documental, aces-sível a todos os trabalhadores da edilidade que têm acesso a computador.

Assim, os trabalhadores e qualquer cidadão têm acesso não só a informação relativa a processos disci-plinares em curso, mas também a simples intenções de sancionar funcionários, cujos nomes chegam a constar nos documentos.

O STAL considera que se trata de um procedimen-to inaceitável, que põe em causa a dignidade dos tra-balhadores e o seu legítimo direito à defesa e ao bom nome.

O STAL tudo fará para denunciar e travar estas polí-ticas terroristas, que lembram os tempos do fascismo, condenando esta clara tentativa de criação de um cli-ma de intimidação na autarquia.

Sublinhando que os trabalhadores já hoje se con-frontam com grandes dificuldades causadas políticas anti-sociais do Governo PSD/CDS-PP, o STAL repudia a prática de divulgar processos disciplinares ou inten-ções de levantamento de processos, cujo propósito não pode ser outro senão lançar uma ameaça geral para fazer recuar os trabalhadores nas suas justas rei-vindicações.

✓ António Augusto Segurança e Saúde no Trabalho

Estaleiro da Amadora

Faltam condições de higiene

Resistir e denunciar o assédioNão há estatísticas, por falta de denúncias e empenhamento das entidades responsáveis, mas as situações de assédio moral são cada vez mais frequentes, afectando homens e mulheres, velhos e novos.

Pode dizer-se que o fenóme-no da violência moral no trabalho é tão antigo quan-

to o próprio trabalho. E está tão generalizado que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) constata a sua existência nos mais diferentes países.

No campo psicológico pode definir-se como uma qualquer conduta imprópria que se mani-festa através de comportamentos, palavras, actos, gestos, escritos capazes de causar ofensa à per-sonalidade, à dignidade ou à inte-gridade física ou psíquica de uma pessoa, de colocar o seu empre-go em perigo ou de degradar o ambiente de trabalho.

É também a prática persistente de danos, ofensas, intimidações ou insultos, abusos de poder ou san-ções disciplinares injustas, que in-duz na vítima sentimentos de raiva, humilhação ou vulnerabilidade.

Trata-se pois de uma forma de terror psicológico praticado pe-los superiores hierárquicos ser-

viços ou mesmo pelos próprios colegas.

As situações concretas são as mais variadas. Desde a atribuição de funções para as quais as pes-soas não estão preparadas, a im-posição de mais horas de trabalho ou, pelo contrário, a retirada de fun-ções, o isolamento, a transferência para outro local, etc.

As vítimas tendem a silenciarem as pressões que sofrem, quer por vergonha, quer por nem sempre terem consciência da situação, quer ainda por receio de perde-rem o emprego.

O assédio moral, agravado pela crescente insegurança de empre-go, provoca com frequência dis-túrbios mentais, doenças, como depressões graves, que normal-mente são diagnosticadas sem se estabelecerem as suas causas sociais.

Que fazer?

Resistir: anotar em pormenor todas as ofensas e humilhações sofridas (hora dia, mês, ano, local ou sector, nome do agressor, co-legas que foram testemunhas, conteúdo da conversa e outros detalhes relevantes.

Reagir: apresentar queixa por escrito aos superiores hierárquicos dos actos abusivos e guardar cópia da carta. Evitar conversar com o agressor sem testemunhas.

Dar visibilidade: relatar os factos aos colegas, principalmente àqueles que foram testemunhas ou que já sofreram humilhações do agressor.

Organizar: procurar os represen-tantes dos trabalhadores para SST, os delegados ou dirigentes sindi-cais do STAL, para em conjunto se avaliar a situação e se recorrer às instâncias superiores.

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MARÇO 2015 13

Confesso que gosto de saber o significado de palavras ou conceitos, antes de sobre elas, ou eles, me pronunciar. Daí que tenha ido ao meu

dicionário procurar da existência do verbo «syrizar». Não encontrei. Insisti e procurei em «syrizismo». De-balde. Nenhuma das palavras está contemplada no dicionário da Texto Editores, ferramenta que vai su-portando a minha inatingível presunção de escrever e interpretar correctamente em língua portuguesa. Ao contrário de outras palavras abundantemente citadas no nosso dia-a-dia, como «socialismo», por exemplo. Aqui o dicionário é muito explícito na sua definição: – Doutrina de organização económica e social que con-sidera que o interesse e o bem da comunidade se de-vem sobrepor ao interesse particular; sistema dos que procuram reformar o estado social pela incorporação dos meios de produção e consumo na comunidade, pelo regresso dos bens e propriedades particulares à colectividade e pela repartição, entre todos, do traba-lho comum e dos produtos de consumo.

Peço desculpa pelo pequeno desvio ao tema sobre o qual aqui me proponho divagar. Se o fiz foi por con-siderar importante e urgente desmascarar os oportu-nistas que se intitulam aquilo que não são, nem nunca foram. Vocês sabem do que (e de quem) estou a falar!

Ora bem, voltando à vaca fria. O Syriza, cuja desig-nação não consta dos dicionários, é agora um partido político grego bem real. Não sendo possível aferir da sua doutrina programática nem qual o tipo de socie-dade que pretende alcançar, o que sabemos é que deu a oportunidade ao povo helénico de gritar, em eleições consideradas democráticas (pelo menos en-quanto a chanceler alemã e os seus eunucos Passos, Portas, Cavaco e outros, acolitados pela serventuária Maria Luís e outras e outros, não o negarem) que não aceitam mais a exploração de que têm sido vítimas, não toleram mais agressões à sua dignidade, não querem mais ser a carne para canhão que alimenta a voracidade criminosa dos que se consideram donos da Europa connosco e do mundo com todos.

Os agiotas, os criminosos financeiros de todos os azimutes, os capatazes menores que zelam, rastejan-do, pelo bem-estar dos seus donos à custa da miséria dos povos, ficaram em pânico. Ameaçaram o Syriza, chantagearam o povo grego, usaram de todas as ar-mas que possuem para que o regabofe continue, sem que nada de substancial se altere.

Não se sabe como tudo isto irá acabar. Qual a capacida-de de resistência do novo governo grego, quais os desenvolvimentos da luta do povo daquele país, nosso com-panheiro de sofri-mento e luta.

Mas sabe-mos, de ciên-cia feita, que nada mais, a partir daqui, será como dantes.

E por variadíssimas razões.Para começar, foi feita a prova de que, em eleições

ditas democráticas, não é inevitável a vitória, sem-pre pré-anunciada e propagandeada, dos partidos do chamado «arco da governação». PS, PSD e CDS aqui, ND, PASOK e quejandos na Grécia, PP e PSOE na Espanha, e por aí fora. As alternativas existem e os povos começam a percebê-lo. E daí, o pânico que se apoderou dos desnorteados defensores da barbárie capitalista que começam a ver o futuro (o dos donos e o seu) comprometido pela populaça que começa a abrir os olhos e a vislumbrar outros caminhos.

E é vê-los a esbracejar contra o povo grego, fa-zendo voz grossa ao lado dos carrascos no combate aos povos que querem libertar-se. Uns, sem qualquer pingo de vergonha e dignidade, fazem-no já aberta-mente. Outros, entalados entre a conversa a que o estatuto de oposição os obriga e a prática que sem-pre seguiram quando no governo, lá vão dizendo que sim, pois está claro, aquilo na Grécia foi bom mas... é pá, que enrascada esta, o melhor é dizermos ago-ra aos chineses que afinal, graças aos seus investi-mentos, Portugal está melhor do que há quatro anos, dando-lhes a entender que se amanhã forem outra vez governo, estarão dispostos a vender-lhes o que ainda restar deste martirizado país. A bem da nação, evidentemente.

Razão terá o meu amigo Sebastião Esperançoso, que ainda ontem me confidenciava a sua certeza de que o povo português também já está «syrizado», abriu os olhos e dará uma resposta a condizer nas próximas eleições. «Porque não é possível mascarar mais a realidade que todos os dias salta à vista até do cidadão mais distraído» – dizia-me ele com con-vicção.

Gostaria eu de ter assim tantas certezas. Mas ainda as não tenho. E, por, isso, nada como ir à luta onde e quando ela se manifeste. Pois só com ela e através dela o dia da vitória chegará.

Anda tudo syrizado...

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MARÇO 201514

N.º 110MARÇO 2015Publicaçãode informação sindical do STAL

PropriedadeSTAL – Sindicato Nacional dos Trabalhadoresda Administração Local

Director:Santos Braz

Coordenação e redacção:Fátima Amaral e Carlos Nabais

Conselho Editorial:Adventino AmaroAntónio AugustoAntónio MarquesFrederico SimõesHelena AfonsoJorge FaelJosé TorresMiguel VidigalVictor Nogueira

Colaboradores:António AugustoAntónio MarquesJorge Fael,José TorresPedro FonsecaRodolfo CorreiaVictor Nogueira

Grafismo:Jorge Caria

Redacção e Administração:R. D. Luís I n.º 20 F1249-126 LisboaTel: 21 09 584 00Fax: 21 09 584 69Email: [email protected] Internet: www.stal.pt

Composição:Alves&AlbuquerqueCharneca de BaixoArmazém L2710-449 Ral - SINTRA

Impressão:LisgráficaR. Consiglieri Pedroso, n.º90, 2730-053 Barcarena

Tiragem:46 000 exemplaresDistribuição gratuitaaos sócios

Depósito legalNº 43-080/91

HORIZONTAIS: 1. Vamos lá todos gritar: – Governo (…!!!) ; sara. 2. É preciso insistir: – Governo (…!!!); cólera; aqui está. 3. Fê-meas do urso ou constela-ções boreais; levantara. 4. Trituras; caução. 5. Pois, o CDS também anda baralha-do; acredita. 6. Educara em comum ou em simultâneo. 7. Pedra circular e rotativa de moinho; rádio televisão; correio da manhã (inic.) ale-gra-te. 8. Rezei; café ser-vido em chávena. 9. Entu-siasmo (fig.); concedei dons excepcionais a; 10. Unida-de de medida agrária; com-posição poética de assunto elevado; nome de mulher. 11. Guarneci de asas; fundo lodoso de um rio.

VERTICAIS: 1. Direcção de um navio ou avião; cacete, que ficou tristemente famo-so em Rio Maior. 2. Abertu-ra, orifício; enrubescera. 3. Relativo a oásis (esta fui eu que inventei...); os homens

de que se fala. 4. Qualifi-cativo de certos legumes de boa qualidade. 5. Ge-midos; antigo remédio para combate às pulgas; tritura com os dentes. 7. Tomba; trezentos (rom.); Fevereiro (abr.); 8. Expressão atenua-da do que nos apetece di-zer quando somos confron-tados com as roubalheiras que nos fazem; 9. É aquilo que exigimos a tudo o que nos roubaram; jornadas. 10. Encoleriza: abóboda em forma de arco. 11. Compar-timento de casa; menina (Brasil).

Internet ✓ Victor Nogueira

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Nos séculos XVII e XVIII, com o desenvolvimento das forças produtivas, surgiu na Europa uma nova classe emergente, a burguesia, que, em oposição à ordem feudal, exigia «liberdade» e «igualdade».

Foi em nome da «liberdade» e «igualda-de», e contra os privilégios da nobreza fundiária, que tiveram lugar as revolu-

ções burguesas, como a francesa, e as libe-rais do século XIX.

Mas ao abolir a ordem senhorial, o novo re-gime proibiu também a organização e associa-ção dos trabalhadores das manufacturas e das fábricas, criminalizando o exercício da greve, de que é exemplo em França a Lei Le Chape-lier, de 1791, revogada apenas em 1884 (1).

Os trabalhadores, em particular os operários industriais, cedo se levantaram contra estas leis e a brutal exploração de que eram vítimas.

O movimento da nova classe ascendente, o proletariado, conduziu às revoluções de 1848, em vários países europeus, e à Comuna de Paris (1871), em França, que foram sangren-tamente reprimidas pela burguesia.

Desprotegidos face ao capital, os trabalha-dores lutaram pela sua organização em sin-dicatos, associações de socorros mútuos e em partidos políticos, inicialmente restritos ao nível nacional e depois articulando-se interna-cionalmente. A primeira organização interna-cional operária, a AIT, é fundada em 1864 (2).

Tal como noutros países, os operários por-tugueses começaram a organizar-se no século XIX, durante a monarquia parlamentar, não obs-tante a incipiente industrialização de Portugal.

Contudo, só em 1914 se realiza o I Congres-so Nacional Operário, sendo uma das suas medidas a criação da União Operária Portu-guesa, que o II Congresso (1919) substituiu pela CGT (Confederação Geral do Trabalho).

Violentamente reprimido pela I República, o movimento sindical autónomo foi extinto e proibido pelo fascismo em 1933, através da criação dos sindicatos nacionais, concebidos como organismos de conciliação de classes.

Enfrentando uma feroz repressão, os traba-lhadores portugueses continuaram a sua luta, realizando manifestações e greves por melho-res condições de vida e de trabalho.

Todo este movimento teve como um dos seus momentos culminantes a criação da Inter-Sin-dical Nacional, em 1970, que, depois do 25 de

Abril, deu origem à CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses), agregando e organizando a esmagadora maioria dos traba-lhadores em torno dos seus sindicatos unitários.

Os anos de 1891 e 1909 são também datas marcantes na história do movimento dos traba-lhadores, uma vez que deram origem à come-morações internacionais do 1.º de Maio (Dia do Trabalhador)(3) e do 8 de Março (Dia da Mulher).(4)

(1) operamundi.uol.com.br/conteudo/historia/27926/hoje+na+historia+1884+-+lei+autoriza+criacao+dos+sindicatos+de+trabalhadores+na+franca.shtml

(2) analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223913233Q1vMV4bm8Dx81FA4.pdf

(3) pt.wikipedia.org/wiki/Dia_do_Trabalhador(4) www.defensoria.sp.gov.br/dpesp/Repositorio/41/Documen-

tos/Dia%20Internacional%20da%20Mulher%20em%20busca%20da%20mem%C3%B3ria%20perdida1.pdf

A luta secular dos trabalhadores

SoluçõesHorizontais: 1. Fora; cura. 2. Rua: ira; eis. 3. Ursas; icara. 4. Mois; aval. 5. CSD; cre. 6. Coe-ducara. 7. Mo; RT; CM; ri. 8. Orei; bica. 9. Calor; fadai. 10. Are; ode; Ada. 11. Asei; vasa.Verticais: 1. Rumo; moca. 2. Furo; corara. 3. Oásico; eles. 4. Asserio. 5. Ais; DDT; rois. 7. – Cai; CCT; Fev. 8. Caramba. 9. Reaver; idas. 10. Aira; arcada. 11. Sala; iaia.

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MARÇO 2015 15

✓ António Marques

«Quando o viajante acordou e abriu a janela do quarto, o mundo estava criado. Era cedo, ainda vinha longe o sol. Nenhum lugar pode ser mais serenamente belo, nenhum o será com meios mais comuns, terra larga, árvores, silêncio.»

José Saramago sobre o Alentejo, in Viagem a Portugal.

Na AE do Sul, tomamos o IP3 em direcção a Beja, e 30 quilómetros depois chegamos a Serpa, se-

de do terceiro maior concelho do Baixo Alentejo, com mais de 1100 quilómetros quadrados de área, situado na margem esquerda do Guadiana.

A cidade, que os romanos construíram há mais de dois mil anos, ergue-se numa pequena serra, como uma atalaia, domi-nando o horizonte até o olhar se perder.

Os árabes ocuparam-na no século VIII e D. Afonso Henriques, o nosso pri-meiro rei, integra-a no território de Por-tugal em 1166, mas durante quase um século é sucessivamente tomada, ora por muçulmanos ora pelos cristãos, até ser definitivamente conquistada por D. Sancho II em 1232.

Recebeu o seu primeiro foral de D. Dinis, o Lavrador, corria o ano de 1295. O monarca reconstruiu o poderoso castelo e as suas defesas, que esta-vam praticamente em ruínas, devido às constantes correrias e razias, entre exércitos do Norte e do Sul.

Um último episódio militar teve lugar durante a Guerra da Sucessão espanho-la, quando o exército castelhano, coman-dado pelo Duque de Ossana, ocupou toda a região, tomando Serpa em 1707, após meses de resistência heróica, do-minando-a durante quase um ano.

O castelo roqueiro, classificado Mo-numento Nacional, em 30 de Janeiro de 1954, conserva apenas duas das suas cinco portas de acesso à poderosa mu-ralha, a Porta de Moura e a de Beja.

Do lado oriental, destaca-se o Palá-cio dos Condes de Ficalho e correndo até ao fundo da muralha Sul o magnífi-co aqueduto, apoiado na sua arcada de estilo italiano.

A Igreja de Santa Maria, construída sobre a Mesquita Árabe, a Torre de Me-nagem (o que ficou), a Torre do Relógio, o Museu do Relógio, surpreendente e único no seu género em toda a Penínsu-la, e finalmente o Museu de Arqueologia, ocupam sobremaneira o cume da eleva-ção e foi ali que nasceu a Vila de Serpa.

Do alto, dominamos as terras da pla-nície imensa. A ribeira de Enxoé, fertiliza as terras de Serpa e desagua no grande Rio Guadiana, tumultuoso em tempos re-

cuados, quando cavou as suas margens escarpadas num leito que corre profundo e quase se esconde do concelho.

Serpa depressa deixou os muros e cresceu em torno da Igreja de São Sal-vador, de São Martinho ou do Conven-to de São Francisco e da Misericórdia, cuja capela está coberta de talha dou-rada e azulejaria de grande interesse.

Encontramos em todo o concelho muitas construções de cariz religioso, sobretudo de características populares entre elas, capelas, igrejas, conventos e ermidas.

Interesse museológico

O Museu do Relógio, denominado An-tónio Tavares de Almeida, está instalado

num edifício conventual do século XVI, com uma exposição permanente intitula-da «400 Anos de Relojoaria em Portugal», que ocupa dez amplas salas de exposi-ção mostrando 1600 relógios, os mais vistosos de sala, mas também magníficos exemplares de pulso e até de bolso.

Uma exposição de materiais da arqueo-logia local está patente no Museu Arqueo-lógico, documentando a vida desde o Pa-leolítico até à permanência árabe.

No belo Museu Etnográfico podemos observar retratos de épocas passadas quando os mestres artesãos produziam os artefactos e os materiais necessá-rios ao quotidiano difícil doutras eras.

Em Vila Nova de S. Bento, visitei o pólo museológico anexo à Junta de Freguesia e lá descobri alfaias agríco-

las, e materiais destinados à produção de queijo e de azeite, lado a lado com objectos de uso corrente doméstico e trajes variados, colecções doadas pe-las populações locais.

Na igreja de São Jorge, em Vila Ver-de de Ficalho, encontramos um acervo museológico, organizado em torno de três conjuntos principais, um de ar-queologia, outro de etnografia e o ter-ceiro de arte sacra.

Ao vivo, é possível observar no entor-no do museu, ruínas datadas de épo-cas diversas, desde o Neolítico final até ao século XV, com relevo para o que resta de um templo paleocristão.

Artesanato e gastronomia

O artesanato de Serpa mostra uma faceta da transição do utilitário para o decorativo. A madeira e a cortiça ofere-cem-nos objectos como os «cocharros» destinados a matar a sede, ou as colhe-res de cabo gravado em alto-relevo.

Mas um dos grandes argumentos de Serpa reside na sua gastronomia, com destaque para as migas e as açordas. Que bom é saborear uma sopa de «La-vadas» para abrir o apetite a um «Bor-rego à moda da Pastora».

Pelas matanças, com o tempo frio, então escolhemos «Surra Burra» ou uma suculenta «Caldeirada de Peixe do Rio». Nem vos falo das «Masmarras» que é obrigatório provar e acompanhar com vinhos de grande qualidade e pre-ço ao alcance de todos.

O porco preto faz a fortuna do pala-dar e a sua carne, com que são elabo-rados deliciosos enchidos, é de um sa-bor inconfundível. Delicioso é também o «Queijo de Serpa», produzido artesanal-mente unicamente com leite de ovelha.

E sabiam que a fruta de Serpa é notá-vel? O que não conheciam certamente é o sabor do seu melão especial que o clima e os solos nos oferecem.

Para os mais gulosos, recomendam--se os deliciosos «Folhados de Gila», ou então os «Tosquiados» feitos de cla-ras de ovos com amêndoa, as «Queija-das de Requeijão» ou as «Turtas».

Restaurantes há muitos e bons. Mas não me atrevo a citar, de tal modo fui bem ser-vido e sobretudo recebido com a cortesia e amabilidade deste povo maravilhoso.

À noite ouviremos a melopeia úni-ca do cante alentejano, já que Serpa é a sua capital, e para nosso conforto e até espanto eis na praça da República o Grupo Coral Feminino Papoilas do En-xoé (Vale de Vargo), o Rancho de Canta-dores de Aldeia Nova de São Bento (Vila Nova de São Bento), o Grupo Coral «Os Ceifeiros de Serpa», o Grupo Coral e Et-nográfico «Os camponeses de Pias» e os seus seguidores, os Alunos da Esco-la Abade Correia da Serra (Serpa).

O cante, Património Imaterial da Hu-manidade, deu ao Alentejo uma nova dimensão, notoriedade e importância mundial, e um contributo para a cultura dos povos que nos orgulha a todos.

As gargantas secas da sede de revolta, onde o silêncio gravou notas ar-rastadas, soltam melo-dias duma sonoridade inconfundível.

No terreiro onde che-gam, braço no braço for-te, endurecido de lutas pela dignidade, os ho-mens erguem um coro no início tímido, para logo de seguida se tornar po-deroso e envolvente.

Gargantas afinadas, cor-po em cadência, as vozes ecoam pelo Alentejo pro-fundo, onde cada estrofe, cada nota musical, é mis-turada com a história das terras do Sul, caldeadas de culturas diversas de povos

daquém e dalém Mediter-râneo, deixando no ar da noite amena, os ecos de outrora em que a mãe na-tureza vergava os homens às agruras do amanho das terras difíceis, onde se buscava o pão que alimen-tava os corpos e se cultiva-va a esperança de dias melhores.

O grupo avança e a es-perança avança com eles, coro esvoaçando na boca do povo que os es-pera com orgulho.

O cante desce do céu por milagre, como as go-tas de chuva que regam as terras, os corpos e as almas, nas searas que Catarina defendeu.

Avançam devagar como se uma muralha se fosse levantando à sua passa-gem e a música, a mais sentida e bela do Alentejo e talvez de Portugal intei-ro, invade-nos o coração e diz-nos coisas que quase tínhamos esquecido, soli-dariedade, cultura, sacrifí-cio, amor.

Por todo o lado, nessa campina maravilhosa, das pequenas serranias, às planícies profundas ou ao litoral atlântico, o povo das aldeias vilas e cida-des, canta o seu sonho, fala do seu crer, afirma nos seus passos e na sua voz, a dignidade, a luta e a insubmissão.

O som do Alentejo

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MARÇO 201516

15 de Outubro – Sindicatos e municípios accionistas da Valorsul decidem numa reu-nião em Sacavém um protesto conjunto contra a privatização da EGF

23 de Outubro – Cerca de um milhar de trabalhadores e eleitos autárquicos da re-gião da AML manifestam-se em Lisboa contra a privatização da EGF.

31 de Outubro – Milhares de trabalhado-res da Administração Pública desfilam en-tre o Marquês de Pombal e a Assembleia da República pelo direito às 35 horas.

4 de Novembro – A Comissão Executiva da Federação Sindical Europeia de Servi-ços Públicos condena o Governo portu-guês pelo bloqueio dos ACEP assinados.

13 Novembro – O STAL promove acções de protesto em 43 concelhos no âmbito do Dia Nacional de Indignação, Acção e Luta da CGTP-IN.

20 Novembro – O Conselho Metropolita-no da AML exige a publicação imediata de acordos de 35 horas nas autarquias.

25 de Novembro – Termina frente à AR a Marcha Nacional da CGTP que partiu dia 21 em simultâneo de Guimarães e Faro.

4 de Dezembro – Milhares de trabalhado-res da Administração Local e vários eleitos autárquicos partem em desfile do Ministé-rio das Finanças até à AR onde exigem a publicação dos ACEP.

10 de Dezembro – O STAL lança uma campanha em defesa da gestão pública dos resíduos.

11 de Dezembro – A Direcção Nacional do STAL mantém a luta pelas 35 horas como prioridade da acção reivindicativa em 2015.

17 de Dezembro – O Provedor de Justiça pede a fiscalização da constitucionalidade das normas invocadas pelo Governo para intervir na celebração de ACEP.

5 de Janeiro – Dirigentes e activistas do STAL cantam no Porto os «Cantares aos Reis». No dia seguinte são cantadas as «Janeiras» em Lisboa pela publicação dos ACEP.

26 de Janeiro – STAL inicia uma sema-na de luta junto do Ministério das Finanças que se estende até 30 de Janeiro, pela pu-blicação dos ACEP.

11 de Fevereiro – Inicia-se no Porto um ciclo de encontros descentralizados de activistas sindicais que termina dia 27 de Fevereiro em Lisboa.

7 de Março – Milhares de trabalhadores das autarquias que participaram nas ma-nifestações descentralizadas promovidas pela CGTP-IN.

8 de Março – O STAL assinala o 8 de Mar-ço com a distribuição de um postal.

13 de Março – A greve em toda a Ad-ministração Pública tem uma forte adesão nas autarquias e outras entidades da Ad-ministração Local.

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O STAL promove de 16 a 31 de Março uma série de iniciativas por todo o país sob o mote «Caravana pelos Serviços públicos de resíduos».

A «Caravana» tem início no Porto e termina em Lisboa. Nestas duas semanas o STAL percorrerá vá-

rios distritos do País, promovendo ple-nários com os trabalhadores das dife-rentes empresas do grupo EGF, solici-tando reuniões aos respectivos conse-lhos de administração e com autarquias.

Nos principais centros urbanos serão igualmente efectuadas acções de sen-sibilização e esclarecimento, com distri-buição de um comunicado à população.

O objectivo das acções é alargar o já importante movimento de contestação à privatização da EGF (Empresa Geral do Fo-mento), aprovada pelo Governo PSD/CDS--PP, à revelia da vontade expressa pela ge-neralidade dos municípios que participam no capital das 11 empresas do grupo.

Ao mesmo tempo, a «Cara-vana» visa também mobilizar os traba-

lhadores não só para a defesa do serviço público de resíduos, mas igualmente para a luta pela negociação de acordos de em-presa e a exigência do cumpri-mento dos acordos em vigor.

Como se recorda no comuni-cado, desde 2006 que o STAL, com outros sindicatos, procura negociar acordos de empresa no grupo EGF.

Todavia, os respectivos con-selhos de administração, no-meados pelo Governo, sem-pre ofereceram a maior re-sistência no que se refere ao reconhecimento dos direitos dos trabalhadores, fugindo ao diálogo e à negociação das condições de trabalho.

Os dois acordos em vigor são constantemente viola-dos pelas administrações, que procuram assim, taci-

tamente, facilitar a privatiza-ção, destruindo os direitos e a contra-tação colectiva.

Caravana contra o negócio do lixo

Travar a privatização defender os direitos