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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
ULBRA SÃO JERÔNIMO
LICENCIATURA EM LETRAS
DISCIPLINA: LITERATURA PORTUGUESA DAS ORIGENS AO ROMANTISMO
PROFESSORA: ROSANI NASCIMENTO LEITE
ACADÊMICOS: JOSINEI RICARDO DE AZEREDO,
JACIRA LIMA BORBA, ELIANE GONÇALVES PIRES
SÃO JERÔNIMO
2013
SUMÁRIO
2
Surgimento de Portugal e as Origens da Literatura Portuguesa.........................4
Humanismo..........................................................................................................6
A poesia palaciana: o Cancioneiro geral.............................................................7
ABORDAGEM METODOLÓGICA.....................................................................13
Novelas de cavalaria...........................................................................................13
BIBLIOGRAFIA....................................................................................................18
CONCLUSÃO.......................................................................................................18
ANEXOS.............................................................................................................19
3
INTRODUÇÃO
O presente trabalho discorre sobre a gênese da Literatura Portuguesa sob
o ângulo do Trovadorismo e suas relações com a prosa Medieval.
É neste contexto histórico, século XII, que surge na literatura o romance
ou a novela de cavalaria.
Contempla a contextualização e algumas características do grande
romance, Amadis de Gaula.
Em seguida reflete sobre o Humanismo, período de mudanças entre a era
medieval e a era moderna.
Mais adiante traz a importante contribuição do prosador Fernão Lopes,
pois como cronista manifesta uma visão moderna da História.
Por fim apresenta o contexto e as principais características da
dramaturgia de Gil Vicente.
No desfecho contempla uma abordagem metodológica para alunos de
Ensino Médio.
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Surgimento de Portugal e as Origens da Literatura Portuguesa
Trovadorismo
A Península Ibérica foi povoada pelos romanos, celtas, judeus e
mulçumanos. O surgimento de Portugal como nação independente está
vinculado às lutas travadas na península Ibérica pela expulsão dos muçulmanos
(mouros).
Antecipando-se aos demais países europeus, Portugal, no século XII, já
era uma nação centralizada politicamente em torno de um único monarca. A
nação independente constituiu-se em 1143, em plena Idade Média, período do
fortalecimento do cristianismo e do papado.
O espírito teocêntrico da época dominava toda a Idade Média, Deus era
o centro do universo. O homem era extremamente religioso, frequentava a
igreja, participava de romarias e cerimônias religiosas. Acreditava que o seu
destino já estava traçado. Mantinha-se em posição subalterna, sem condições
para contestar ou tentar modificar a estrutura social que o explorava.
Em 711, os mouros chegaram à Península e permaneceram por quase
oitocentos anos. Devido esta longa permanência, deixaram marcas profundas na
cultura peninsular. Esta revolução cultural na Idade Média trouxe influências
linguísticas. Influenciaram também no modo de vestir e de pensar.
Com isso, desenvolveram-se as múltiplas ciências tais como a medicina,
a geografia, a astronomia (introduziram na Europa a bússola e o astrolábio).
Bem como as grandes mudanças na matemática, por exemplo, a substituição
dos algarismos romanos pelos arábicos.
É neste contexto histórico que surge na literatura o romance ou a novela
de cavalaria. O cavaleiro, personagem concebida segundo os padrões da Igreja
Católica, revela castidade, fidelidade e dedicação; apresenta-se sempre valente,
5
numa sequência de perigos que ressaltam ainda mais sua coragem e destemor,
sempre a serviço de belas damas.
Amadis de Gaula, romance datado provavelmente de finais do século XIII
inícios do século XIV, e pertencente ao ciclo bretão ou arturiano (o universo
cujas personagens mais célebres são o rei Artur e os cavaleiros da Távola
Redonda). Inserindo-se, pois, nesta fecunda tradição literária medieval, Amadis
é, no entanto, uma criação original, que ultrapassou as fronteiras da Península
Ibérica e se transformou num dos mais célebres romances de cavalaria em
circulação na Europa até, pelo menos, ao século XVII (com traduções
quinhentistas nomeadamente para francês, inglês, italiano, alemão, holandês e
hebraico).
A novela foi reeditada várias vezes e continuada ao longo do século XVI
formando o ciclo dos Amadises, em doze livros, filiam-se ao longínquo
trovadorismo amoroso.
Segundo Massaud Moisés, Amadis é um perfeito cavaleiro-amante e
sentimental, vivendo em plena atmosfera do “serviço” cortês caracterizado pela
dedicação constante e obsessiva à bem – amada.
Dessa forma ao platonismo amoroso se junta “um grande e mortal desejo”
entre Amadis e Oriana. É uma nota de primitivismo erótico, desobediente a leis
ou a convenções sociais e morais.
Amadis de Gaula se transformou num dos mais célebres romances de
cavalaria em circulação na Europa Medieval. A autoria da obra é reclamada por
portugueses, espanhóis e até mesmo, por franceses.
Na versão espanhola de Garcí Rodríguez de Montalbo, Amadis é fruto
dos amores clandestinos de Elisena, filha de Garínter, rei da Pequena Bretanha
e do rei D. Perion de Gaula, que o abandonam em uma pequena arca nas águas
do mar. Salvo por uma família que não lhe sabe a origem, com apenas sete
anos de idade é escolhido para pajem de Oriana filha do Rei D. Lisuarte da Grã-
Bretanha. A rainha é quem o apresenta a Oriana, com estas palavras: “Amiga,
este é o pajem que voz servirá".
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Amadis guarda tais palavras no coração e enamora-se de Oriana e
desde aí a sua vida desdobra-se num longo serviço inteiramente consagrado à
amada. Tímido, durante muito tempo não revela seu amor.
Amadis foi criado pelo cavaleiro Gandales que o leva a meter-se em
fantásticas aventuras, sempre protegido pela feiticeira Urganda, e perseguido
pelo mago Arcalaus, o encantador. Atravessa o arco encantado dos leais
amadores no centro da Ilha Firme, luta contra o terrível monstro Endriago,
matando-o. Passa por todo o tipo de perigosas aventuras, pelo amor, oculto da
sua amada, Oriana.
A história acaba com o Rei Lisuarte, mal aconselhado por conselheiros
invejosos, a afastar Amadis de sua amada e a tentar casar Oriana com um
inimigo do herói. O Amadis resgata Oriana e leva-a para a Ilha Firme. Lisuarte,
aliado a Galaor (ciumento de Amadis) e a Esplandian, declara guerra a Amadis.
Através de várias batalhas, Amadis enfrenta Galaor, até que o mata.
Lisuarte também é morto por Amadis em combate. Num terceiro, o herói
enfrenta Esplandian, sendo que desta vez é Amadis que é morto. Oriana que, de
uma janela, observa o combate, ao ver a morte de Amadis, atira-se dali para o
solo e morre.
A descrição realista da narrativa, no entanto, não se restringe às cenas
de batalha. O sensualismo subjacente às cantigas de amor bem mais explícito
nessa novela. O desejo amoroso se manifesta não só no homem, mas também
na mulher, sem rodeios.
.
Humanismo
Os séculos XIV e XV constituíram um período de mudanças entre a era
medieval e a era moderna. As guerras, rebeliões, crises econômicas e religiosas
marcaram essa época. As bases da sociedade burguesa começam a se
consolidar. O desenvolvimento comercial impulsiona a vida urbana.
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A Europa Ocidental começou a mudar a partir do século XV. O homem
passa a valorizar a sua capacidade e desponta uma visão contraditória ao
teocentrismo. O poder da Igreja católica declina.
Neste período de transição, um movimento desencadeado por intelectuais
recebe o nome de Humanismo. Uma nova concepção antropocêntrica surge. O
homem passa a ser o centro do universo. A explicação para suas angustias e a
solução para os problemas são dadas através da razão e não mais do
sobrenatural. Acentuam-se o reconhecimento do ser humano.
Na Literatura, Fernão Lopes é considerado o melhor prosador medieval
pelo alto nível de suas crônicas históricas. O cronista manifesta uma visão
moderna da História. Para ele a história de um povo não era constituída apenas
pelas façanhas dos reis e cavaleiros, mas também por movimentos populares e
forças econômicas.
Em suas crônicas, Fernão Lopes descreveu não só o ambiente das
cortes, mas também as aldeias, as rebeliões de rua, as guerras, o sofrimento da
população, a alegria das vitórias. Atribui-se ao escritor a autoria das crônicas:
Crônica de D. Pedro, Crônica de D. Fernando, Crônica de D. João I (primeira e
segunda parte).
A poesia palaciana: o Cancioneiro geral
A poesia palaciana aristocrática e é apresentada como “causas de folgar
e gentilezas”. O trovador dá lugar ao poeta. O texto passa a ser feito para a
leitura ou declamação. O poema começa a separar-se da música ao longo do
século XV.
Sem o suporte da música, o poeta explora novas formas métricas na
busca do ritmo na própria linguagem. Assim, amplia as possibilidades da arte
poética. Os versos compõem-se de sete sílabas (redondilhas maiores) e cinco
(redondilhas menores).
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As poesias do Cancioneiro mostram que o lirismo português evoluiu
desde o Trovadorismo. Abandonam-se as convenções do amor cortês, a
“senhora” torna-se “meu bem”. Com isso, diminui a distância entre o homem e a
mulher e cria um clima mais íntimo.
Alguns poetas dessa época: José Joaquim Nunes, João Ruiz de Castelo
Branco e Sá Miranda.
A cantiga a seguir está mais próxima da sensibilidade moderna do que as
cantigas trovadorescas. Lemos a poesia do século XV como nos dias de hoje.
Cantiga sua partindo-se
“Senhora, partem tão tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
Tão tristes, tão saudosos,
Tão doentes da partida,
Tão cansados, tão chorosos,
Da morte mais desejosos
Cem mil vezes que da vida.
Partem tão tristes os tristes,
Tão fora d’esperar bem,
Que nunca tão tristes vistes
Outros nenhuns por ninguém.”
José Joaquim Nunes
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O teatro medieval
Na Idade Média as encenações estavam vinculadas às cerimônias
religiosas. Essas representações eram comumente chamadas mistérios e
milagres, oriundas dos festejos da Páscoa e do Natal. Os mistérios encenavam
a vida de Cristo e partes do Velho Testamento; os milagres tratavam de
intervenções miraculosas dos santos e da Virgem Maria.
Pode-se dizer que antes de Gil Vicente o teatro propriamente dito não era
conhecido em Portugal. O autor estreou como homem de teatro, escrevendo e
representando para a rainha o “Auto da Visitação”, também conhecido por
“Monólogo do Vaqueiro”, em 1502. O dramaturgo escreveu uma obra
volumosa composta de por mais de quarenta peças, além de poemas líricos.
O espaço religioso é invadido pelo social. A encenação passa a ter um
referente não só na realidade transcendental, mas também na realidade, no
mundo dos homens. A máxima latina Ridendo castigat mores ( rindo, castigam-
se os costumes) seria uma referencia adequada a esse teatro primitivo, que
ironicamente as falhas humanas.
Gil Vicente misturou gêneros diferentes: o “Auto da Lusitânia” – alegoria
– farsa – moralidade. O teatrólogo condena às chamas eternas o clero, como
acontece com padre malandro do “Auto da barca do inferno.
Entre suas obras estão "Auto Pastoril Castelhano" (1502) e Auto dos
Reis Magos (1503), escritas para celebração natalina. Dentro deste contexto
insere-se ainda o Auto da Sibila Cassandra (1513), que, embora até muito
recentemente tenha sido visto como um prenúncio dos os ideais renascentistas
em Portugal, retoma uma narrativa já presente na General Estória de Afonso X.
Sua obra-prima é a trilogia de sátiras Auto da Barca do Inferno (1516), Auto da
Barca do Purgatório (1518) e Auto da Barca da Glória (1519). Em 1523 escreve
a Farsa de Inês Pereira.
Auto da barca do inferno
“DIABO À barca, à barca, houlá! que temos gentil maré! - Ora venha o carro a ré!
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COMPANHEIRO Feito, feito! Bem está! Vai tu muitieramá, e atesa aquele palanco e despeja aquele banco, pera a gente que virá. À barca, à barca, hu-u! Asinha, que se quer ir! Oh, que tempo de partir, louvores a Berzebu! - Ora, sus! que fazes tu? Despeja todo esse leito! COMPANHEIRO Em boa hora! Feito, feito! DIABO Abaixa aramá esse cu! Faze aquela poja lesta
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alija aquela driça. COMPANHEIRO Oh-oh, caça! Oh-oh, iça, iça! DIABO Oh, que caravela esta! Põe bandeiras, que é festa. Verga alta! Âncora a pique! - Ó poderoso dom Anrique, cá vindes vós?... Que cousa é esta?... Vem o Fidalgo e, chegando ao batel infernal, diz: FIDALGO Esta barca onde vai ora, que assi está apercebida? DIABO Vai pera a ilha perdida, e há-de partir logo ess'ora. FIDALGO Pera lá vai a senhora? DIABO Senhor, a vosso serviço. FIDALGO Parece-me isso cortiço... DIABO Porque a vedes lá de fora. FIDALGO Porém, a que terra passais? DIABO Pera o inferno, senhor. FIDALGO Terra é bem sem-sabor. DIABO Quê?... E também cá zombais? FIDALGO E passageiros achais pera tal habitação? DIABO Vejo-vos eu em feição pera ir ao nosso cais... FIDALGO Parece-te a ti assi!... DIABO Em que esperas ter guarida? FIDALGO Que leixo na outra vida quem reze sempre por mi. DIABO Quem reze sempre por ti?!.. Hi, hi, hi, hi, hi, hi, hi!... E tu viveste a teu prazer, cuidando cá guarecer por que rezam lá por ti?!... Embarca - ou embarcai... que haveis de ir à derradeira! Mandai meter a cadeira, que assi passou vosso pai. FIDALGO Quê? Quê? Quê? Assi lhe vai?! DIABO Vai ou vem! Embarcai prestes! Segundo lá escolhestes, assi cá vos contentai. Pois que já a morte passastes, haveis de passar o rio. FIDALGO Não há aqui outro navio? DIABO Não, senhor, que este fretastes, e primeiro que expirastes me destes logo sinal. FIDALGO Que sinal foi esse tal? DIABO Do que vós vos contentastes. FIDALGO A estoutra barca me vou. Hou da barca! Para onde is? Ah, barqueiros! Não me ouvis?
Respondei-me! Houlá! Hou!...
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e alija aquela driça. COMPANHEIRO Oh-oh, caça! Oh-oh, iça, iça! DIABO Oh, que caravela esta! Põe bandeiras, que é festa. Verga alta! Âncora a pique! - Ó poderoso dom Anrique, cá vindes vós?... Que cousa é esta?... Vem o Fidalgo e, chegando ao batel infernal, diz: FIDALGO Esta barca onde vai ora, que assi está apercebida? DIABO Vai pera a ilha perdida, e há-de partir logo ess'ora. FIDALGO Pera lá vai a senhora? DIABO Senhor, a vosso serviço. FIDALGO Parece-me isso cortiço... DIABO Porque a vedes lá de fora. FIDALGO Porém, a que terra passais? DIABO Pera o inferno, senhor. FIDALGO Terra é bem sem-sabor. DIABO Quê?... E também cá zombais? FIDALGO E passageiros achais pera tal habitação? DIABO Vejo-vos eu em feição pera ir ao nosso cais... FIDALGO Parece-te a ti assi!... DIABO Em que esperas ter guarida? FIDALGO Que leixo na outra vida quem reze sempre por mi. DIABO Quem reze sempre por ti?!.. Hi, hi, hi, hi, hi, hi, hi!... E tu viveste a teu prazer, cuidando cá guarecer por que rezam lá por ti?!... Embarca - ou embarcai... que haveis de ir à derradeira! Mandai meter a cadeira, que assi passou vosso pai. FIDALGO Quê? Quê? Quê? Assi lhe vai?! DIABO Vai ou vem! Embarcai prestes! Segundo lá escolhestes, assi cá vos contentai. Pois que já a morte passastes, haveis de passar o rio. FIDALGO Não há aqui outro navio? DIABO Não, senhor, que este fretastes, e primeiro que expirastes me destes logo sinal. FIDALGO Que sinal foi esse tal? DIABO Do que vós vos contentastes. FIDALGO A estoutra barca me vou. Hou da barca! Para onde is? Ah, barqueiros! Não me ouvis?
Respondei-me! Houlá! Hou!...
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ABORDAGEM METODOLÓGICA
Novelas de cavalaria
TEXTO
1. “A Prosa Portuguesa, que ensaia literariamente seu aparecimento em fins do século XIV e princípios do século seguinte, surge representada, nesta primeira época, pelas novelas de cavalaria e pelos tratados doutrinais de caráter religioso; uma literatura de ficção, importada; outra literatura apologética e didática; aquela mais importante do que esta, do ponto de vista estético: mas, ambas, produção anônima. Conquanto tenhamos notícia da existência de livros de cavalaria escritos em português, hoje perdidos e alguns esperando sair do ineditismo sepulcral das bibliotecas, dessa primeira época literária só podemos mencionar “A Demanda do Santo Graal”, pois o “Livro de José de Arimateia” permanence inédito na Torre do Tombo; do “Merlim”, bem como do “Tristão”, apenas se sabe terem existido na livraria do rei D. Duarte e a novela do “Amadis de Gaula” só a conhecemos através da versão espanhola de 1508, feita por Garci Ordóñez de Montalvo, não obstante pareça tratar-se de tradução decalcada sobre um original português.
2. “A Demanda do Santo Graal”, cujo autor revela consistir numa tradução de um original francês, não exprime com absoluta pureza os ideais da vida cortesã guerreira e sentimental da cavalaria medieval, pois a sua arquitetura e o seu espírito aparecem comprometidos por um simbolismo religioso heterodoxo (…). O fato de Galaaz – o cavaleiro eleito de Deus – recusar constantemente os combates cavalheirescos que põem à prova apenas a força pessoal e o fato de Lançarote – considerado a fina flor da cavalaria universal – não ter sido aceito na câmara do Santo Graal em virtude de seus amores clandestinos com a Rainha Genebra (mulher do rei Artur), revelam a intenção ascética do autor da novela a condenar a cavalaria pela cavalaria e reprovar pela base a galantaria palaciana.
3. Tal simbolismo não se revela no “Amadis de Gaula” (…) aqui. Amadis é o protótipo criado pela cavalaria medieval, o cavaleiro em pleno exercício de suas façanhas, liquidando monstros e malvados, tendo como fulcro de suas aventuras o objeto amado, e amando segundo o ritual e o espírito que vivificou as cortes da Europa feudalizada.”
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VOCABULÁRIO:
Apologética – que encerra justificativa, defesa ou louvor a algo
Heterodoxo – oposto aos ou desviado dos princípios doutrinários
Ascética – prática de devoção e penitência
Fulcro – suporte, apoio, amparo
Ineditismo – não publicado ou impresso; nunca visto pela maioria das pessoas
Marque a única alternativa correta no conjunto das cinco apresentadas:
O texto acima transcrito afirma que:
1. a ( ) é nos fins do século XIV e inícios do século XV que surgem as novelas de cavalaria e a prosa doutrinária.
b ( ) só a partir de fins do século XIV e início do seguinte é que podemos falar de prosa literária em Portugal.
c ( ) os tratados doutrinais de caráter religioso são literatura de ficção e as novelas de cavalaria são literatura apologética e didática.
d ( ) os tratados doutrinais de caráter religioso são importados, isto é, não têm origem portuguesa.
e ( ) nenhuma das alternativas acima é correta.
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2. a ( ) além de os tratados religiosos e novelas de cavalaria não apresentarem valor literário, ambos são produções anônimas.
b ( ) esteticamente, a literatura apologética é mais importante do que as novelas de cavalaria.
c ( ) esteticamente, as novelas de cavalaria são mais importantes do que a literatura apologética e didática.
d ( ) autoria anônima é uma característica sempre presente nas primeiras obras literárias em prosa de qualquer literatura.
e ( ) nenhuma das alternativas acima é correta.
3. a ( ) muitos documentos em prosa das primeiras atividades literárias portuguesas estão inéditos, e outros estão perdidos.
b ( ) entre os documentos perdidos, encontra-se “José de Arimateia”.
c ( ) “José de Arimateia” e “Merlim” encontram-se inéditos na Torre do Tombo.
d ( ) “A Demanda do Santo Graal” permanence inédita na Torre do Tombo, por isso pode ser mencionada.
e ( ) nenhuma das alternativas acima é correta.
4. a ( ) “A Demanda do Santo Graal”, “José de Arimateia” e “Merlim” pertencem ao ciclo bretão.
b ( ) na biblioteca de D. Duarte havia uma cópia de “Merlim”, obra hoje perdida.
c ( ) o mais antigo exemplar conhecido da “Amadis de Gaula”, em português, data de 1508.
d ( ) nada, na versão espanhola de “Amadis de Gaula”, publicado por Garci Ordóñez de Montalvo, nos faz suspeitar da existência de um original português.
e ( ) nenhuma das alternativas acima é correta.
5. a ( ) “A Demanda do Santo Graal” reflete com fidelidade absoluta os ideais da vida cortesã, guerreira e sentimental da cavalaria medieval.
b ( ) nenhum tradutor de “A Demanda do Santo Graal” declara a nacionalidade dos originais.
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c ( ) porque consiste na tradução de um original francês, A Demanda do Santo Graal não documenta os ideais da cavalaria medieval.
d ( ) Amadis de Gaula permanence inédito na Torre do Tombo.
e ( ) nenhuma das alternativas acima é correta.
6. a ( ) não há simbologia religiosa na versão que conhecemos de A Demanda do Santo Graal.
b ( ) A Demanda do Santo Graal pode ser comparada. a uma obra de arquitetura, pelo seu espírito comprometido por um simbolismo religioso.
c ( ) Galaaz é considerado a flor da cavalaria medieval.
d ( ) através da punição de Lançarote e do comportamento de Galaaz, percebe-se a intenção ascética do autor da novela.
e ( ) nenhuma das alternativas acima é correta
....................................................................................
Exercícios (Gil Vicente)
1. Aponte a alternativa correta em relação a Gil Vicente:
a) Compôs peças de caráter sacro e satírico.
b) Introduziu a lírica trovadoresca em Portugal.
c) Escreveu a novela Amadis de Gaula.
d) Só escreveu peças e português.
e) Representa o melhor do teatro clássico português.
2. Caracteriza o teatro de Gil Vicente:
a) A revolta contra o cristianismo.
b) A obra escrita em prosa.
c) A elaboração requintada dos quadros e cenários apresentados.
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d) A preocupação com o homem e com a religião.
e) A busca de conceitos universais.
3. Indique a afirmação correta sobre o Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente:
a) É intricada a estruturação de suas cenas, que surpreendem o público com a inesperado de cada situação.
b) O moralismo vicentino localiza os vícios, não nas instituições, mas nos indivíduos que as fazem viciosas.
c) É complexa a critica aos costumes da época, já que o autor primeiro a relativizar a distinção entre Bem e o Mal.
d) A ênfase desta sátira recai sobre as personagens populares mais ridicularizadas e as mais severamente punidas.
e) A sátira é aqui demolidora e indiscriminada, não fazendo referência a qualquer exemplo de valor positivo.
4. Diabo, Companheiro do Diabo, Anjo, Fidalgo, Onzeneiro, Parvo, Sapateiro, Frade, Florença, Brísida Vaz, Judeu, Corregedor, Procurador, Enforcado e Quatro Cavaleiros são personagens do Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente.
Analise as informações abaixo e selecione a alternativa incorreta cujas características não descrevam adequadamente a personagem.
a) O Onzeneiro idolatra o dinheiro, é agiota e usurário; de tudo que juntara, nada leva para a morte, ou melhor, leva a bolsa vazia.
b) O Frade representa o clero decadente e é subjugado por suas fraquezas: mulher e esporte; leva a amante e as armas de esgrima.
c) O Diabo, capitão da barca do inferno, é quem apressa o embarque dos condenados; é dissimulado e irônico.
d) O Anjo, capitão da barca do céu, é quem elogia a morte pela fé; é austero e inflexível.
e) O Corregedor representa a justiça e luta pela aplicação integra e exata das leis; leva papéis e processos.
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5. As primeiras peças teatrais portuguesas escritas com objetivo de serem levadas a público são de autoria de:
a) Manuel Maria Barbosa du Bocage.
b) Paio Soares de Taveirós.
c) D. Diniz.
d) Camões.
e) Gil Vicente.
BIBLIOGRAFIA
MAIA, João Domingues. Português. Ed. Ática. São Paulo 2000.
SARMENTO, Leila Lauar. Português. Ed. Moderna. São Paulo 2004.
GOMES, Álvaro Cardoso. Gil Vicente Literatura Comentada. Ed. Abril
Educação. São Paulo 1982.
CONCLUSÃO
À medida que fomos estruturando esta pesquisa, nos deparamos com
uma incógnita.
Quem realmente compôs o romance Amadis de Gaula? Os portugueses?
Os espanhóis? Ou os franceses?
Não sabemos. O fato é que a literatura ainda não desvendou.
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Por outro lado, estudar Literatura Portuguesa nos faz refletir de onde
viemos, nossos colonizadores, enfim do processo de mistificação que o
determinado período alude.
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