SE SABEMOS, POR QUE NÃO FAZEMOS? • 1editoraeme.com.br/img/cms/1o_cap_1.pdf · Capítulo VIII –...

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SE SABEMOS, POR QUE NÃO FAZEMOS? • 1

2 • JOSÉ MARIA SOUTO NETTO

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dade, reuniões mediúnicas, oratória, desobsessão, fluidos e passes.

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Capivari-SP – 2018 –

4 • JOSÉ MARIA SOUTO NETTO

Ficha catalográfica

Netto, José Maria Souto Se sabemos, por que não fazemos? / José Maria Souto Netto – 1ª ed. jan. 2018 – Capivari-SP: Editora EME. 160 p.

ISBN 978‑85‑9544‑040‑1

1. Espiritismo. 2. Reforma íntima. 3. Conceitos espíritas e morais. 4. Caridade e perdão.I. TÍTULO.

CDD 133.9

© 2018 José Maria Souto Netto

Os direitos autorais desta obra foram cedidos pelo autor para a Editora EME, o que propicia a venda dos livros com preços mais acessíveis e a manutenção de campanhas com preços especiais a Clubes do Livro de todo o Brasil.

A Editora EME mantém, ainda, o Centro Espírita “Mensagem de Esperança” e patrocina, junto com a Prefeitura Municipal e outras empresas, a Central de Educação e Atendimento da Criança (Casa da Criança), em Capivari-SP.

C A PA | vbenattiP R O J E TO G R Á F I CO E D I AG R A M AÇ ÃO | vbenattiR E V I S ÃO | Editora EME

1ª edição – janeiro/2018 – 3.000 exemplares

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais,

João Souto e Tina Alonso Souto, in memoriam

Ao Hospital Espírita de Marília,

na pessoa dos seus presidentes

Alair Boarin (in memoriam)

Romildo Raineri (in memoriam)

Manoel de Paula Sad (in memoriam)

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Dos seus colaboradores e trabalhadores

José Vicente Martins (in memoriam)

Terêncio Bertolini...Wilson Ferreira Martins, funcionário aposentado

À minha esposa e companheira de doutrinaLoyde Ferreira Souto...

E aos nossos filhos...

André Luís Souto e Andréa Souto

E, por fim, nosso agradecimento aos amigos e colaboradores do

plano espiritual, pela assistência e incentivo

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SUMÁRIO

Prefácio: No Evangelho de Jesus o roteiro seguro ........................................ 09

Introdução ................................................................. 15Capítulo I – Em que planeta estamos? .................. 23Capítulo II – Leis Divinas ....................................... 31Capítulo III – Lei de causa e efeito ......................... 39Capítulo IV – Conhecereis a verdade .................... 55Capítulo V – Autoconhecimento ........................... 63Capítulo VI – Reforma íntima ................................ 75Capítulo VII – Virtudes e vícios ............................. 85

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Capítulo VIII – Amar a Deus e ao próximo .......... 99Capítulo IX – Fora da caridade

não há salvação .............................. 105Capítulo X – Orai e vigiai ...................................... 117Capítulo XI – Conclusões ...................................... 129

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PREFÁCIO

NO DE

OJESUS ROTEIRO

EVANGELHO

SEGURO

COM MUITA ALEGRIA aceitei o convite para algumas palavras sobre o livro do amigo Souto, como o au‑tor é conhecido.

É gratificante ver que ele registra nesta obra a mesma fidelidade à doutrina espírita que sempre demonstrou em suas palestras, programas de tele‑visão e nos estudos na casa espírita.

Se o espiritismo tem um caráter progressista e aceita novas revelações ou ideias que sejam com‑patíveis com a ciência e a lógica, desde que passem

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pelo crivo do controle universal do ensinamento, é evidente que para a seleção do novo é necessário que estejamos suportados pelos alicerces concreta‑dos pelo eminente codificador Allan Kardec.

Daí a importância de companheiros que se aprofundam nos postulados das obras básicas e se dedicam ao seu ensino, especialmente aos irmãos que recentemente tiveram contato com a doutrina.

O objetivo do espiritismo é o de formar pessoas de bem, ofertando conhecimentos e roteiros segu‑ros ao nosso aperfeiçoamento intelectual e moral e convidando‑nos ao cumprimento da lei divina, única forma de alcançarmos a felicidade.

Mas o progresso moral é sucedâneo do progres‑so intelectual e só se dá aos poucos, lentamente. Por isso, não raro temos atitudes infelizes em desa‑cordo com o que aprendemos, mesmo já imbuídos de novos e sublimes propósitos.

Essa discordância entre o que sabemos e o que fazemos é, para muitos adeptos sinceros, motivo de aflição, culpa e desânimo, porque, invariavel‑mente, causa algum tipo de dano ao próximo ou a si mesmos.

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E por que não fazemos o que sabemos?Revolta, comodismo, prazer, ignorância?Souto se debruça sobre as lições do espiritismo

e do Evangelho de Jesus para oferecer algumas re‑flexões e propor atitudes que nos ajudem na práti‑ca, que deve ser simples e natural, sem atropelos.

Em concordância com a afirmação de Jesus de que seu jugo é suave e seu fardo é leve, a doutri‑na espírita a ninguém constrange com imposições, promovendo consciências livres e responsáveis pe‑las suas escolhas. Opções boas geram bem-estar, paz e alegria; opções contrárias ao bem acarretam sofrimento e necessidade de reparação.

Imprescindível, portanto, o nosso esforço para fazermos o que temos aprendido. E os espíritos su‑periores informaram a Allan Kardec que o homem pode vencer suas más inclinações fazendo esforços muito insignificantes, mas o que lhe falta é a vonta‑de (questão 909, LE).

Muitos encontram nos modernos livros de au‑toajuda, com suas frases simples e de efeito, estí‑mulos para mudanças, orientação sobre como vi‑ver melhor, o que fazer para ser feliz.

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Mas no Evangelho de Jesus temos o roteiro se‑guro para a verdadeira libertação e a iluminação espiritual, pois nele estão retratadas as leis morais divinas, sem o engano das nossas paixões.

O espiritismo, que é o Consolador prometi‑do pelo Mestre, vem, em tempo oportuno, apro‑fundar o entendimento do ensinamento moral e dar a ele a compreensão que só é possível se aceitarmos a reencarnação e a realidade do mun‑do espiritual.

Não há milagres. A natureza humana não dá saltos e ninguém se converte em espírito bom da noite para o dia. Bem por isso que Allan Kardec conceituou o verdadeiro espírita como aquele que se esforça para vencer suas más inclinações. Vir‑tuoso é o espírito que, repetidamente, errando e se corrigindo, trabalhou os potenciais da alma em muitas vidas.

Esses e outros úteis ensinamentos doutrinários o autor reuniu nesta obra, com o nobre propósi‑to de demonstrar que todos podemos avançar do conhecimento para a vivência, sair da ignorância para a angelitude.

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O leitor interessado em sua melhoria encon‑trará aqui elevado material para as suas pró‑prias reflexões.

Donizete Pinheiro1

1 Juiz de direito aposentado, escritor, expositor, editor do jor‑nal Ação Espírita, diretor de doutrina do Grupo Espírita Jesus de Nazaré (Marília), autor dos livros pela Editora EME: Te-rapia da paz, Contos modernos em tempo de paz, Um olhar sobre a honestidade, A morte sem mistérios, Quando Deus abre portas e Gestão de crises emocionais.

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INTRODUÇÃO

INICIALMENTE GOSTARÍAMOS DE apresentar os nos‑sos cumprimentos, agradecimentos e respeito a to‑dos aqueles que se propuseram a nos honrar com a leitura deste livro. Aliás, são estes mesmos compa‑nheiros os meus maiores incentivadores.

– Souto, por que não escreve um livro? – é o que perguntavam os amigos que fomos angariando ao longo da vida, especialmente nos trabalhos de di‑vulgação da doutrina espírita, fosse por meio de palestras, seminários, reuniões do tipo pinga‑fogo,

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programa de TV. Fosse ainda nos cursos Estudo Sistematizado e Estudo Aprofundado da doutrina espírita (Esde/Eade), dos quais sou monitor.

Mas o desafio vinha particularmente dos pa‑cientes e orientadores do Hospital Espírita de Ma‑rília. A estes, eu respondia: – Quem sabe, um dia... Interiormente, porém, pensava: – “Já tem tanta gente escrevendo livros, mormente após a desen‑carnação do caríssimo Francisco Cândido Xavier! O que está faltando é lê-los, estudá-los, submeten‑do as informações recebidas ao crivo da lógica e da razão, como recomenda Kardec.”

Ademais, pensava eu, “é preciso submeter tudo ao princípio de universalidade e concordân‑cia, observando se tais ensinos procedem e estão conformes com o que transmitiram os espíritos su‑periores ao insigne codificador, Allan Kardec”. De imediato, recordei as palavras do Mestre, anotadas pelo apóstolo João:

Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós

não o podeis suportar agora. Mas, quando vier

aquele Espírito de Verdade, ele vos guiará em

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toda a verdade; porque não falará de si mes‑

mo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos

anunciará o que há de vir.2

O tempo foi passando e, um belo dia, relendo uma das frases simples e ao mesmo tempo geniais de Cora Coralina – “Feliz aquele que transfere o que

sabe e aprende o que ensina” – , comecei a me ques‑tionar se era o meu caso. E cheguei à lamentável conclusão que talvez até estivesse aprendendo, mas ainda aplicava em pequena escala e lentamen‑te aquilo que houvera aprendido.

Entrei em pânico, pois já sabia que muito se pe‑dirá àquele a quem se tiver muito dado, e se fará prestar maiores contas àqueles a quem se tiver confiado mais coisas, conforme lemos em Lucas (12:47,48) e em O Evangelho segundo o Espiritismo capítulo XVIII, itens 10 a 12.

Aliás, quando abordo essa questão junto ao pú‑blico – e sempre há aqueles que estão frequentan‑do uma casa espírita pela primeira vez ou ainda

2 João 16:12‑13

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não têm familiaridade com o conteúdo doutriná‑rio – lembro que pode ocorrer‑lhes a ideia de “cair fora”, antes que venham a se complicar mais com a ampliação de conhecimentos. Para evitar a fuga, acrescento que “mais cedo ou mais tarde terão que tomar conhecimento disso e muito mais” e que, quanto antes isso ocorrer, melhor será para si mes‑mos e para quantos lhes compartilhem a existência.

Comecei então a prestar mais atenção às respos‑tas obtidas nos questionamentos que vez por outra – o ideal é diariamente – fazia a mim mesmo em atenção às sugestões de Santo Agostinho na ques‑tão 919‑a de O Livro dos Espíritos, conducentes ao autoconhecimento, e à sábia orientação de Paulo, apóstolo, em comunicação obtida em Paris, 1860, transcrita por Kardec no capítulo XV, item 10 de O

Evangelho segundo o Espiritismo : “Submetei todas as vossas ações ao controle da caridade, e vossa cons‑ciência vos responderá.”

Não é preciso dizer que o pânico aumentou. Eis aí, caros amigos e amigas, as razões para que eu viesse a me tornar mais um escritor, mesmo que de um só livro. Senti-me no dever de passar-lhes

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informações, uma espécie de mea-culpa, a fim de auxiliá-los no difícil trabalho do autoburilamento.

E aqui o termo cabe como uma luva: Pensei num título para o livro que retratasse as razões para a sua produção. Veio-me à mente um texto de João (13:17): “Se sabeis estas coisas, bem‑aventura‑dos sereis se as praticardes.”

Sim. Estava definido o subtítulo. O título tinha que ser mais incisivo, provocante, chamativo, des‑pertando a curiosidade dos possíveis leitores. E aí uma nova lembrança me ocorreu. Certa ocasião, numa reunião mediúnica, um dos mentores espi‑rituais, de nome Hilário, firme em suas colocações, embora sempre carinhoso e gentil, perguntou: – Se sabemos, por que não fazemos?

Estavam então definidos o título e o subtítulo. Passamos à estruturação do trabalho, quando nos defrontamos com um dilema: a fidelidade a eles, ou seja, trabalhar sobre um conteúdo destinado apenas aos conhecedores da doutrina espírita em nível de convencimento sobre os ensinamentos recebidos.

Pensamos longamente sobre isso, pedindo orientação espiritual para a decisão adequada.

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Concluímos que o melhor seria contemplar a todas as pessoas que, por qualquer razão, tiverem sua atenção despertada para a leitura do livro, fossem elas espíritas, ou não, conhecedoras profundas ou não, ou que fossem meras simpatizantes, tomadas de curiosidade. Pensei ainda naqueles amigos e conhecidos que, por uma gentileza, resolvessem nos prestigiar.

Vamos assim relembrar ensinamentos e con‑ceitos já tantas vezes passados e repassados em grupos de estudo, seminários e palestras dos quais saímos encantados, movidos pela assistência es‑piritual, pelo carisma e capacidade de convenci‑mento de oradores e palestrantes, pelo contágio das vibrações emitidas por quantos participem dos eventos, pelo espírito de fraternidade e solidarie‑dade reinante nos ambientes, decididos mesmo a incorporar ou substituir valores em nossa tabela de referência, mas...

No dia seguinte – No mundo tereis aflições..., lembram-se? –, voltamos à realidade da experiên‑cia reencarnatória. Esse o problema! Não bastassem as dificuldades naturais desse período, no frenesi

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do nosso dia a dia, vamos nos envolvendo em tan‑tas atividades decorrentes de novas necessidades criadas pela sociedade e por nós mesmos, e quase sempre relacionadas com a ambição de “ter mais e melhor” para satisfação de prazeres efêmeros e tran‑sitórios da vida material, que acabamos relegando a segundo plano a conquista dos valores espirituais recomendados por Jesus. No pouco tempo que de‑dicamos à revisão da nossa tabela de valores acaba‑mos por fazê‑lo de forma desordenada, empilhando textos sem a precisa conexão com o grande contexto da Harmonia Universal que a tudo e a todos envol‑ve, como não poderia deixar de ser.

Para compreensão da grande lei, há que se confrontar cada acontecimento, cada dificuldade, cada emoção vivida com os fundamentos que ex‑plicam e justificam cada um deles num encadea‑mento sistêmico absolutamente racional, lógico e, portanto, convincente, proporcionando‑nos a paz de espírito de que tanto necessitamos para seguir em frente. Não se preocupem, esse é um procedi‑mento que se faz num átimo e logo se tornará um hábito saudável.

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Bem, passemos adiante. E que Deus nos aben‑çoe neste trabalho, que Jesus nos envolva na sua paz e permita que um dos seus colaboradores da dimensão espiritual nos acompanhe e inspire no seu desenvolvimento.

Boa leitura!

O autor

Capivari, SP, primavera de 2017.

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CAPÍTULO I

EM QUE

PLANETAESTAMOS

SEGUNDO INFORMAM OS espíritos superiores, so‑mos parte daquilo que denominaram Trindade Universal – Deus, espírito e matéria – em resposta à questão 27 de O Livro dos Espíritos.3

Dando um salto gigantesco na obra da criação, uma vez que foge ao objetivo deste livro dissertar

3 Doravante, adotaremos as seguintes abreviaturas para nos referirmos aos livros da codificação espírita: LE – O Livro dos Espíritos. LM – O Livro dos Médiuns. ESE – O Evangelho segundo o Espiritismo . CI – O Céu e o Inferno, e G – A Gênese

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sobre a criação dos mundos, dos seres vivos e dos seres inteligentes, passamos a falar sobre os espí‑ritos, seres inteligentes da criação, na condição de indivíduos, condição que não perdem jamais, do‑tados da consciência de si mesmos e do uso da ra‑zão e do livre-arbítrio. Entre as diferentes espécies de

seres corpóreos, Deus escolheu a espécie humana para a

encarnação desses espíritos, o que lhe dá a superioridade

moral e intelectual sobre as outras. (LE – Introdução, item VI).

E por que os espíritos encarnam?

Deus lhes impõe a encarnação com o fim de

fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expia‑

ção; para outros, missão. Mas, para alcançarem

essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissi‑

tudes da existência corporal: nisso é que está a

expiação. Visa ainda outro fim a encarnação:

o de pôr o espírito em condições de suportar

a parte que lhe toca na obra da Criação. Para

executá‑la é que, em cada mundo, toma o espí‑

rito um instrumento, de harmonia com a maté‑

ria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir,

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daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É

assim que, concorrendo para a obra geral, ele

próprio se adianta.

A ação dos seres corpóreos é necessária à mar‑cha do Universo. Deus, porém, na Sua sabedoria, quis que nessa mesma ação eles encontrassem um meio de progredir e de se aproximar do Criador. Deste modo, por uma admirável lei da Providên‑cia, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza. (LE – 132).

Muito bem, vamos para o nosso chão, o planeta em que estamos encarnados no momento, a Terra. Somos o terceiro mais próximo do Sol, estrela de quinta grandeza, entre as inúmeras que formam a Via-Láctea, a nossa galáxia. E pensar que essa ga‑láxia é uma entre bilhões de galáxias que devem compor o Universo, segundo estimam os astrôno‑mos! Nem vamos cogitar das teorias dos universos paralelos ou multiversos, para não “entrar em pa‑rafuso”.

Os espíritos superiores informam que tudo e todos estamos submetidos à lei de progresso e que,

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no Universo, tudo funciona em regime de absoluta harmonia. Mesmo na destruição, ela está presente, pois visa à renovação da matéria e não atinge ja‑mais o princípio inteligente e os seres espirituais, que prosseguem na sua jornada evolutiva em ou‑tros mundos e outros corpos formados para si e por si mesmos via perispírito – o Modelo Organizador Biológico do doutor Hernani Guimarães Andrade, notável pesquisador da ciência espírita, desencar‑nado em abril de 2003.

Os espíritos superiores informam ainda que a Terra está classificada como mundo de expiações e provas, apenas um degrau acima dos mundos primitivos, destinados às primeiras encarnações da alma humana. E é por isso que o homem nela é alvo de tantas misérias, como já havia ensinado Jesus, em João 16:33. No entanto, sujeita que está à lei de progresso, passa, desde algum tempo, por transformações tanto geológicas quanto intelectual e moral dos seus habitantes, que a guindarão à ca‑tegoria de mundo de regeneração. Nesse novo es‑tágio, as almas que ainda têm o que expiar haurem novas forças, repousando das fadigas da luta. Essa

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linha demarcatória certamente abrange uma larga faixa de tempo na nossa concepção de tempo.

E o processo já começou, segundo podemos de‑duzir dos sinais anunciados por Jesus em seu “ser‑mão profético” (Mateus 24:1-31). Em Marcos 13:32, porém, esclarece: Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai. Kardec estuda a questão nos capítulos Predições do Evangelho e Os tempos são chegados, no livro A Gênese.

Alguns segmentos religiosos, nas críticas que fazem aos postulados espíritas, especialmente no que tange à pluralidade das existências, afirmam que esse sistema seria incompatível com a sabe‑doria divina, pois o homem poderia se acomodar sabendo que tem “todo o tempo do mundo” e “quantas vidas” quiser para atingir os seus obje‑tivos. O pior é que têm razão no tocante à acomo‑dação de muitos companheiros de doutrina que resolvem “deixar para depois”, para “quando es‑tivermos aposentados”, quando estiverem “com a vida arrumada”, “com o próprio futuro e o dos filhos garantido”.

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Assim, adiam o investimento nos valores es‑pirituais, apesar do aconselhamento de Jesus em Mateus 6:33 – Sermão da Montanha: Mas, buscai

primeiro o reino de Deus e a Sua justiça, e todas estas

coisas vos serão acrescentadas. E desprezam o alerta sobre a incerteza do momento da desencarnação:

Mas Deus lhe disse: Louco! Esta noite te pedirão a tua

alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é

aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com

Deus. (Lucas 12:20, 21).Naturalmente, esse tipo de estudo se faz nas ca‑

sas espíritas. E graças a Deus, muitos companhei‑ros já estão conscientes de que é preciso aplicar os conhecimentos em benefício de si mesmos, en‑quanto estão encarnados, porquanto os minutos da reencarnação correm vertiginosamente. Essa cons‑ciência é o agente modificador da nossa tabela de valores, fixando novas prioridades em nossa vida, que é de natureza urgente urgentíssima. Se possí‑vel, “para ontem”.

Dito isto, vamos fazer uma análise dos princi‑pais códigos de ética e de moral da doutrina espí‑rita, lembrando que essa moral é aquela do Evan‑

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gelho de Jesus, e de alguns dos seus princípios filosóficos fundamentais mais diretamente relacio‑nados com questões comportamentais, apontando algumas das dificuldades que encontramos para a sua plena vivência.

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