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neuroses; tipos
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INTRODUÇÃO
As neuroses, também denominadas psiconeuroses ou distúrbios neuróticos, são
perturbações mentais caracterizadas pela presença marcante de ansiedade e angústia,
pela ausência de alterações relevantes relacionadas ao pensamento e a composição de
formas muito particulares de relação com a existência, o próprio corpo, os conteúdos
internos, o outro, os objetos (materiais e simbólicos) e o experimento do usufruto e do
prazer. São compostas pela susceptibilidade e abertura para os contatos e as questões
humanas, pela concomitante vulnerabilidade a elas, e pela tendência a privilegiar aquilo
que é doloroso.
A neurose é o fruto da experimentação crônica de enfrentamentos, da exigência
por sustentar realidades que não são compatíveis com as próprias verdades, do hábito de
impor-se compromissos e obrigações necessários e de abdicar do que se pode e se é livre
para concretizar, e do esforço para manter-se. Sua evolução acompanha o hábito de
muito pensar, aprender e analisar, e pouco alterar as atitudes no cotidiano, os valores
associados às situações de vida e/ou a maneira de contrapor a própria autonomia. Seus
vários tipos retratam as formas de representação da dor por saber-se promotor do auto-
engano (um praticante da crença ou da validação daquilo que é obviamente falso).
O grupo de síndromes neuróticas é classificado da seguinte forma: síndromes
fóbicas, obsessivo-compulsivas, histéricas, hipocondríacas e fadiga crônica, que serão
disseminadas ao decorrer deste trabalho.
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Síndromes Neuróticas
Identificar um indivíduo como tendo um quadro neurótico permite uma
compreensão adequada para um considerável número de pacientes que apresenta
sintomas ansiosos, fóbicos, obsessivos, histriônicos e hipocondríacos. Tais sintomas
oscilam e se alternam no tempo, com muita frequência, permanecendo um núcleo
constante, que se denomina neurose. Além disso, o consctructoneurose aponta para uma
estruturação da subjetividade expressiva de conflitos intrapsíquicos (recalque, luta
interna, impulsos inaceitáveis perante um julgamento rígido, etc.), e interpessoais como
(frustração recorrente nas relações pessoais, insatisfação constante com o que recebe e
dá aos outros, rigidez, etc.).
Segundo Van Der Berg (1970, p.237), a neurose é uma perturbação do contato
inter-humano, “uma perturbação nas relações com outrem, sem que, para explicá-la, se
possa apelar exclusivamente a defeitos corporais, doenças corporais, psicoses, falhas
constitucionais ou anomalias de caráter.”
No centro de todas as neuroses está a angústia. O homem neurótico vive os
conflitos humanos fundamentais de forma particularmente dolorosa e recorrente. A
neurose pode ser vista ainda como uma forma particular de relação do indivíduo com os
outros, com a corporeidade própria e a dos outros, com os objetivos (materiais, e
simbólicos) do mundo, fonte de uso e de gozo.
Segundo Henri Ey (1974), as neuroses são transtornos caracterizados por
conflitos intrapsíquicos que inibem e perturbam as condutas sociais. As neuroses
produzem antes uma perfuração do equilíbrio interior do sujeito neurótico que uma
mudança em seu sistema de realidade. Nos neuróticos, de modo geral, sobressaem-se as
manifestações de uma angústia permanente e de mecanismos de defesa que, em última
análise, fracassam na resolução de conflitos. São dificuldades e conflitos intrapsíquicos e
interpessoais, que mantêm o sofrimento, a frustração, o empobrecimento e a
inadequação tanto do EU como das relações interpessoais.
Quadros Fóbicos
As síndromes fóbicas caracterizam-se por medos intensos e irracionais, por
situações, objetos ou animais que objetivamente não oferecem ao indivíduo perigo real e
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proporcional à intensidade de tal medo. As síndromes fóbicas mais importantes são
apresentadas a seguir:
•Agorafobia
Agorafobia é um transtorno de ansiedade, na maioria das vezes, associado às
crises de pânico. Originalmente, a palavra era empregada para definir o medo de lugares
abertos ou com muita gente. Hoje, é usada para definir comportamentos de esquiva, que
aparecem quando a pessoa se encontra em situações ou locais dos quais seria difícil ou
embaraçoso escapar, ou mesmo receber socorro, se algo de errado acontecesse.
Não se conhece a causa do distúrbio, que se manifesta mais nas mulheres do que
nos homens. Em alguns aspectos, ele pode se confundido com a fobia social, uma vez
que os portadores da desordem tendem a reduzir os contatos sociais como forma de
esquivar-se das situações em que imaginem ser difícil obter auxílio.
Nos casos mais graves, a agorafobia compromete a vida social e profissional dos
pacientes. A antecipação do medo de sentir medo e de um ataque de pânico inesperado
impede, muitas vezes, que a pessoa realize atividades banais, por considerá-las
potencialmente de risco.
Diagnóstico
O diagnóstico leva em conta a história e os sintomas apresentados. Estabelecer o
diagnóstico da agorafobia é importante para diferenciá-la de outras fobias (fobia social,
estresse pós-traumático, etc.) e orientar o tratamento.
Sintomas
Os sintomas são semelhantes aos da crise de pânico e a intensidade varia de
pessoa para pessoa. Eles podem ser classificados em:
a) psicológicos (medo de morrer, de enlouquecer, de perder o controle sobre si próprio);
b) somáticos (taquicardia, palpitação, falta de ar, sudorese abundante, náuseas, vômitos,
dor de estômago, diarréia, tremores, tonturas).
Tratamento
Os quadros de agorafobia podem reverter espontaneamente. Quando isso não
acontece, a terapia cognitivo-comportamental representa o recurso mais eficaz de
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tratamento. Baseia-se numa técnica chamada de auto-exposição ao estímulo fóbico que
consiste no enfrentamento gradual das situações geradoras do medo. À medida que são
vencidas as etapas, o grau de dificuldade aumenta, até que não haja mais nenhum
desconforto diante de determinado estímulo.
Recomendações
Pessoa com medos exagerados que desencadeiam crises de pânico não está
querendo chamar a atenção: tem um transtorno que pode precisar de cuidados médicos.
•Fobia simples ou específica
Fobia simples ou específica é o medo persistente e recorrente a um determinado
objeto ou circunstância que desencadeia uma forte reação de ansiedade, sempre que
apresentado ao paciente fóbico.
Diagnóstico
Os critérios para realização do diagnóstico exigem as seguintes condições:
um objeto claramente identificável (nos demais transtornos fóbicos e ansiosos nem
sempre o objeto é claramente identificável). Este objeto sempre que apresentado
desencadeia uma forte reação de medo, ansiedade ou mal estar no paciente, podendo
chegar a uma crise semelhante a crise de pânico. Os adultos e adolescentes reconhecem
que esse medo é exagerado, mas as crianças não necessariamente. Pelo critério norte
americano o diagnóstico só pode ser dado quando o objeto fóbico interfere na rotina do
indivíduo.
Características
As fobias, em geral, caracterizam-se pela ausência de motivo para despertar o
medo constatado, ou por ser o medo exagerado diante do objeto fóbico. As pessoas com
fobia específica não apresentam uma história de traumas, injúrias ou ameaças
decorrentes da exposição aos objetos mais comuns da fobia específica. Se isso
acontecesse seria necessário diferenciar a fobia específica do estresse pós-traumático. Na
maioria das vezes as pessoas com uma fobia específica não são afetadas em sua rotina
porque o objeto fóbico não faz parte dela. Quando faz parte torna-se indicado o
tratamento.
Há situações nas quais o objeto fóbico é o mesmo da agorafobia. A diferença
entre essas duas formas de fobia baseia-se no que o paciente pensa. Na fobia há uma
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forte reação contrária ao objeto, sendo o objeto afastado, a ansiedade some. Na
agorafobia o medo é da dificuldade de sair de onde esteja caso passe mal, o que não
acontece na fobia específica. Essa diferenciação é importante porque a fobia específica é
um problema isolado, já a agorafobia dificilmente vem sozinha, geralmente antecede,
vem junto ou depois de um quadro depressivo ou de pânico.
Esse transtorno geralmente é identificado na infância ou mesmo na idade adulta.
É um problema um pouco mais freqüente nas mulheres e apesar de eventualmente levar
a desmaios isso não significa nada especialmente grave.
A fobia específica é um transtorno pouco estudado pelo baixo comprometimento
que geralmente representa.
Objetos mais comuns
Os objetos fóbicos mais comumente encontrados são fobia a animais como cães,
aranhas, lesmas. Medo de animais altamente perigosos como cobras venenosas, jacarés,
tigres não podem ser considerados patológicos. Outras fobias comuns são de sangue, de
águas rasas ou profundas, trovões e tempestades, alturas, elevadores, aviões. A lista de
objetos fóbicos, contudo, não é restrita: qualquer objeto desde que suscite uma resposta
fóbica típica pode enquadrar os critérios de fobia específica.
Tratamento
Pela pequena quantidade de pesquisas nessa área e por causa da pequena
demanda de tratamento há poucas pesquisas sobre o da fobia específica. As medicações
se mostram ineficazes e a terapia cognitivo-comportamental apresentam resultados
bastante satisfatórios.
•Fobia social
A fobia social é a intensa ansiedade gerada quando o paciente é submetido à
avaliação de outras pessoas. Essa ansiedade ainda que generalizada não se estende a
todas as funções que uma pessoa possa desempenhar. Na maioria das vezes concentra-se
sob tarefas ou circunstâncias bem definidas. É natural sentir-se acanhado quando se é
observado: esse desconforto até certo ponto é normal e aceitável, muitas vezes
vantajoso. Passamos a considerar esta vergonha ou timidez como patológicas a partir do
momento em que a pessoa sofre algum prejuízo pessoal por causa dela, como deixar de
concluir um curso ou uma faculdade por causa de um exame final que exige uma
apresentação pública ou diante de um avaliador.
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Diagnóstico
Para fazer o diagnóstico é necessário que a pessoa com fobia social apresente
uma forte sensação de ansiedade ou desconforto sempre que exposta a determinadas
circunstâncias. A ocorrência eventual para as mesmas situações como, por exemplo,
escrever sendo observado exclui o diagnóstico de fobia social. O fóbico social sente-se
muito incomodado todas as vezes que alguém o observa escrevendo. A intensidade desta
reação de ansiedade é desproporcional ao nervosismo que esta situação exigiria das
pessoas em geral, e isso é reconhecido pelo paciente. No momento em que a pessoa é
exposta a situação fóbica, a crise de ansiedade é de tal forma intensa que parece uma
crise de pânico. Por causa de todo o desconforto envolvido nessa situação a pessoa passa
a apresentar um comportamento de evitação para estas situações. Casos específicos
devem ser analisados individualmente, como, por exemplo, uma pessoa que tenha uma
doença que deixe suas mãos com aspecto desagradável, poderá sentir-se mal ao ser
observada quando assina um cheque, não por causa de uma possível fobia social, mas
por causa do temor em que sua doença cause repulso em quem o observa.
Características Associadas
Os limites entre a timidez normal e a patológica são muito tênues para quem não
é especialista no assunto. Mesmo para o próprio paciente com fobia social não é fácil
acreditar que sofra de um transtorno psiquiátrico. Somente a difusão popular do quadro
típico da fobia social na sociedade é capaz de levar os pacientes com fobia social ao
psiquiatra, o que de fato vem acontecendo cada vez mais.
Nas relações conjugais observa-se que quando o tratamento é iniciado após o
casamento, podem surgir conflitos conjugais. Isso acontece porque o cônjuge saudável
estava acostumado à dominação e o fóbico à submissão Quando o tratamento permite
que a submissão se desfaça surgem naturalmente os conflitos, que podem ser superados
com a cooperação e compreensão do cônjuge saudável. Pode ser necessária a
complementação do tratamento da fobia social com uma psicoterapia de casais para
superar essa fase.
Por fim um acontecimento comum principalmente no tratamento medicamentoso,
que proporciona uma supressão mais rápida dos sintomas, é o surgimento de um
comportamento hostil nos primeiros meses de tratamento, por parte do paciente. Isto se
dá provavelmente devido a uma auto-afirmação que o paciente passa a adotar. Antes do
tratamento, como todo fóbico social, os pacientes se submetiam a coisas com as quais
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não concordavam, mas o faziam por não resistirem à pressão. Com o tratamento o
paciente aprende a dizer não, inicialmente com certa dose de agressividade, depois mais
amadurecidamente. Geralmente este comportamento faz a família crer que o parente em
tratamento piorou e se queixa ao médico disto. Estas brigas, agressões e hostilidades
incomuns numa pessoa antes tão dócil são um sinal de eficácia do tratamento e essa fase
de litígios é transitória não se recomendando a interrupção do tratamento por causa dela.
Após três ou quatro meses o comportamento volta ao normal sem que o paciente
volte a ficar fóbico novamente. Caso as brigas se prolonguem demais será necessária
uma nova avaliação feita por psiquiatra.
Sintomas
Não há sintomas típicos de fobia social; como qualquer transtorno de ansiedade
os sintomas são aqueles típicos de qualquer manifestação de ansiedade. O que
caracteriza a fobia social particularmente é o desencadeamento dos sintomas sempre que
a pessoa é submetida à observação externa enquanto executa uma atividade. Observa-se
dentre os fóbicos tremores, sudorese, sensação de bolo na garganta, dificuldade para
falar, mal estar abdominal, diarréia, tonteiras, falta de ar, vontade de sair do local onde
se encontra o quanto antes. A preocupação por antecipação com as situações onde estará
sob apreciação alheia, desperta a ansiedade antecipatória, fazendo com que o paciente
fique vários dias antes de uma apresentação sofrendo ao imaginar-se na situação.
Escrever ou assinar em público
Falar em público
Dirigir, estacionar um carro enquanto é observado
Cantar ou tocar um instrumento musical
Comer ou beber
Ser fotografado ou filmado
Usar mictórios públicos (mais para homens)
Os pacientes com fobia social geralmente não conseguem dizer não a um
vendedor insistente, compram um produto de que não precisam só para se verem livres
daquele vendedor, mas também nunca mais voltam àquele lugar. Os namoros muitas
vezes são aceitos por conveniência e não por desejo verdadeiro. Os fóbicos sociais
freqüentemente têm uma auto-estima baixa e julgam que devem aceitar a primeira
pessoa que surge porque acham que não despertarão os interesses em mais ninguém.
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Grupo de Risco
As pessoas mais afetadas pela fobia social são os homens, ao contrário da
maioria dos transtornos de ansiedade que predominam sobre as mulheres. O início é
indefinido, por ser muito gradual, impossibilitando os pacientes a identificarem até
mesmo um ano em que este problema tenha começado. Na grande maioria das vezes o
início é localizado na época em que começaram a se dar conta de que eram mais tímidos
do que os outros, ou seja, na infância ou adolescência. Ainda não foram descritos casos
na fobia social tendo iniciado após os trinta ou quarenta anos de idade. Isto não significa
que não possa surgir nessa época, mas certamente só ocorre raramente. O mais tardar
que a fobia social pode começar é no início da idade adulta, em torno de vinte anos;
quando o paciente se dá conta percebe que é mais acanhado que a maioria das pessoas
sob as mesmas condições.
Tratamento
O tratamento medicamentoso com o clonazepan ou os antidepressivos inibidores
da rematação da serotonina está bem claro e definido. Essas medicações permitem uma
recuperação entre setenta e noventa por cento. É pouco provável obter uma melhora de
cem por cento embora algumas pessoas fiquem bem próximas disso. Talvez as pessoas
com mais de cinqüenta anos de idade tenham uma certa resistência a melhora com
medicação, este fato, contudo, ainda deve ser comprovado. A terapia cognitivo-
comportamental vem apresentando bons resultados no tempo de um ou dois anos de
duração. Não foi detectada recaída nos primeiros anos após a alta, mas
acompanhamentos mais prolongados são necessários para se verificar o tempo que a
terapia cognitivo-comportamental permite ao paciente estar livre dos sintomas: se
definitivamente ou apenas alguns anos. Pode ser até que permita uma verdadeira cura
caso os pacientes fiquem o resto da vida sem precisar de novas intervenções de qualquer
natureza. Somente o tempo poderá verificar isso, ou seja, só as futuras gerações saberão
desse fato.
Síndromes obsessivo-compulsivas
Caracterizam-se por idéias, fantasias e imagens obsessivas e por atos, rituais ou
comportamentos compulsivos. Esses quadros são vividos como uma pressão sobre o
indivíduo, como algo que o obriga e submete. Na prática clínica nem sempre é fácil
demarcar com precisão o limite entre a obsessão e a fobia, ou entre a idéia delirante e a
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obsessão. Da mesma forma, em alguns casos é difícil diferenciar entre o ato compulsivo
e o ato impulsivo.
as síndromes obsessivo-compulsivas dividem-se em dois subtipos básicos?
Aquelas nas quais predominam as idéias obsessivas e aquelas nas quais predominam os
atos e os comportamentos compulsivos (Miguel, 1996). Muito freqüentemente,
entretanto, se observam formas mistas.
•Síndromes obsessivas
As síndromes obsessivas caracterizam-se por idéias, pensamentos, fantasias ou
imagens persistentes e recorrentes que parecem "invadir" a consciência, causando
angústia no indivíduo. Este último reconhece o caráter irracional e absurdo desses
pensamentos.
•Síndromes compulsivas
Nas síndromes compulsivas predominam rituais ou comportamentos repetitivos,
tais como lavar as mãos muitas vezes, tomar diversos banhos, verificar se portas e
janelas estão fechadas inúmeras vezes, repetir palavras mentalmente em silêncio, dentre
outros.
Quadros histéricos: conversões e dissociação (quadros dissociativos)
As síndromes histéricas caracterizam-se por apresentar manifestações clínicas
tanto referentes ao corpo como à mente e ao comportamento. No corpo, predominam as
alterações das funções sensoriais e motoras e, na mente, aquelas relacionadas à
consciência vígil, à memória e às percepções.
Segundo Van Den Berg (1970), o paciente histérico apresenta uma peculiaridade:
necessita de contato e tem incapacidade de mantê-lo e aprofundá-lo. Do ponto de vista
existencial, tais indivíduos vivem em um contexto de inautencidade no contato
interpessoal, suas relações soam falas, eles parecem que precisam representar
constantemente no seu relacionamento com as pessoas.
Na histeria de conversão: os sintomas e as perturbações corporais são muito
variados: paralisias histérica, cegueira histérica, perturbações histéricas no andar e no
ficar de pé (astasia-abasia) e perda da fala ou rouquidão histérica (afonia histérica).
Chama a atenção, nesses pacientes, o fato de, ao notarem seus distúrbios
corporais aparentemente muito graves (paralisias, cegueira, anestesias, etc.) reagirem
vivencialmente com indiferença exemplar. A isso os clínicos antigos denominavam la
belle indifférence des hystériques (a bela indiferença dos histéricos).
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Conforme salienta Ramadam (1985, p.8), “o comprometimento provocado pela
histeria não é equivalente à função biológica ou natural do órgão, segundo suas
estruturas e disposições anatomofuncionais, o distúrbio corresponde, sempre, à
utilização habitual que o paciente faz do órgão ou à representação imaginária e
simbólica que tem daquela função.”
Na histeria dissociativa: podem ocorrer alterações da consciência, com
pseudocrises que se assemelham a crises epitépticas. Ocorrem frequentemente como
crises histérico-dissociativas, com rebaixamento e afunilamento da consciência (estado
crepuscular histérico). Também são consideradas formas de histeria de dissociação as
amnésias histéricas, nas quais o indivíduo esquece elementos seletivos e significativos
do ponto de vista psicológico. Além disso, podem ocorrer fugas histéricas e fenômenos
sensoperceptivos (ilusões, pseudo-alucinações) de natureza histérica. Estudos recentes
indicam que ocorrem alterações cerebrais funcionais durante os episódios com sintomas
histéricos de conversão.
Síndromes Hipocondríacas e somatização
É a persistência na presença de pelo menos uma doença física grave, progressiva
com sintomas determinados, ainda que os exames laboratoriais e consultas com vários
médicos assegurem que nada exista. Muitas pessoas quando passam por uma doença
grave e se restabelecem ficam sensibilizadas com o que aconteceu, preocupando-se
demais, contudo nesses casos se uma consulta ou novo exame descartarem o
recrudescimento da doença e o paciente tranquilizar-se, não havia hipocondria.
Os hipocondríacos normalmente sentem-se injustiçados e incompreendidos pelos
médicos e parentes que não acreditam em suas queixas, eles levam seus argumentos a
sério e irritam-se com o descaso. Por outro lado resistem em ir ao psiquiatra sentindo-se
até ofendidos com tal sugestão, quando não há suficiente diálogo com o clínico. Os
hipocondríacos podem ser enfadonhos por repetirem constantemente suas queixas, além
de serem prolixos nas suas explicações.
Doenças Concomitantes
Não se conhece medicações específicas para hipocondria, mas acredita-se que
psicoterapia pode ajudar quando iniciada com até três anos de quadro hipocondríaco. Há
muito poucas pesquisas na literatura psiquiátrica porque estes pacientes se recusam a
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participar dos trabalhos científicos, visto que não se consideram psiquiatricamente
doentes.
Tratamento
É necessário que um psiquiatra converse com o paciente hipocondríaco para
investigar a possível concomitância com outros transtornos de ansiedade como o pânico
ou a depressão que podem levar a hipocondria.
A somatização: processo pelo qual um indivíduo usa (consciente ou
inconscientemente) seu corpo ou sintomas corporais para fins psicológicos ou para obter
ganhos pessoais.
Denomina-se alexitimia a dificuldade de identificar sentimentos e diferenciá-los de
sensações corporais, assim como a dificuldade de falar sobre as próprias emoções. A
alexitimia parece ser mais frequente em alguns grupos sociais e culturas e possivelmente
se associa a certos traços de personalidade, como introversão, isolamento e piores
relações interpessoais.
Síndromes neurastênicas
Atualmente está em desuso, tendendo a ser substituída pelo conceito de síndrome
da fadiga crônica. A neurastenia caracteriza-se por astenia (fraqueza orgânica e
psíquica), alterações do sono, fadiga fácil, experimento contínuo do estado de exaustão,
cefaléias, vertigens, mau humor e irritabilidade, dificuldades relacionadas à
concentração e à capacidade de realização das tarefas cotidianas, e presença marcante do
sentimento de insegurança e da preocupação com a saúde pessoal debilidade psíquica
e/ou humor depressivo. Com freqüência, é constituído por fobias, valores e
comportamentos (geralmente, mistificações, atitudes de indiferença, manifestações
narcísicas e/ou estados infantilizados) que limitam o processo de adaptação social.
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SEMIOTÉCNICA DE SÍNDROMES ANSIOSAS E NEURÓTICAS
Ataques de pânico: Você já teve ataques ou crises de medo intenso, em que se sentiu muito mal? Teve crises intensas de ansiedade? Sentia batedeira, falta de ar, formigamentos, sensação de que iria morrer ou perder o controle? Duravam quanto tempo? Quando foi a primeira crise? Quantas crises, em média, ocorriam em um mês?
Agorafobia: Tem medo de lugares muito amplos, como supermercados, estádios, cinemas, congestionamentos de carros, etc...? Tem medo de ler um ataque de ansiedade nesses lugares ou de não poder escapar deles?
Fobia simples: Tem medo de alguma coisa ou de algum animal em especial ( cobra, sapo, barata, cachorro. etc...)? Tem medo de ver sangue, facas, giletes ou vidros quebrados? Tem medo de avião?
Fobia social: Você se acha uma pessoa tímida? Você tem medo de falar em publico, de dar aulas ou apresentar seminários? Tem medo de ir a festas e conhecer gente nova? Tem receio de falar com pessoas que considera mais importantes que você? Tem medo ou sente desconforto em comer em frente a desconhecidos?
Idéias obsessivas: Você tem algumas idéias ou pensamentos que não saem de sua cabeça e que voltam sem parar, incomodando-lhe? Quais são esses pensamentos? O que acha deles? São absurdos ou reais?
Atos compulsivos: Você realiza algum tipo de ato ou ritual de forma repetitiva? Tem manias como lavar as mãos muitas vezes se as portas e as janelas da casa estão realmente fechadas? Demora muito tempo no banho? Os atos, os rituais ou as manias servem para neutralizar algum pensamento ou idéia?
Crises dissociativas: Já teve desmaios ou crises nervosas em que desligou (perdeu a consciencia)? Quando ocorreram? Quanto tempo duravam as crises? Com que freqüência tem ocorrido? Algo facilita que as crises ocorram (discussões, brigas, contrariedades, etc...)? Você tem algum grau de controle sobre esses desmaios?
Sintomas conversivos: Já teve paralisias ou anestesias de partes do corpo? Como surgiram? Estavam relacionadas a algum problema pessoal? Você ficou assustado com isso? Teve outros problemas no corpo (ex: perder a voz, a visão) relacionados com períodos de nervosismo ou com brigas ou outros problemas pessoais?
Sintomas hipocondríacos: Sente-se muito preocupado com sua saúde física? Acha que tem alguma doença? Acha que pode ser algo grave? Apesar dos exames darem negativos, acha que realmente deve ter algo grave?
EM CASO POSITIVO
Quando foi que esses problemas (sintomas) começaram a acontecer? Houve períodos em que estiveram melhor ou pior? Algo ajudou você a melhorar em relação a esses problemas?
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CONCLUSÃO
As neuroses são perturbações mentais caracterizadas pela presença marcante de
ansiedade e angústia, pela ausência de alterações relevantes relacionadas ao pensamento
e a composição de formas muito particulares de relação com a existência, o próprio
corpo, os conteúdos internos, o outro, os objetos (materiais e simbólicos) e o
experimento do usufruto e do prazer. São compostas pela susceptibilidade e abertura
para os contatos e as questões humanas, pela concomitante vulnerabilidade a elas, e pela
tendência a privilegiar aquilo que é doloroso.
Ela se classifica em síndromes fóbicas, síndromes obsessivo-compulsiva,
síndromes histéricas e síndromes hipocondríacas e somatização. Todas as síndromes
podem ser acompanhadas com tratamentos.
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REFERÊNCIAS
Dalgalarrondo P. Síndromes neuróticas. In: Dalgalarrondo P. Psicopatologia e
semiologia dos transtornos mentais.2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008.p.319 –
326.
AGORAFOBIA. Disponível
em:<http://www.drauziovarella.com.br/Sintomas/5301/agorafobia>. Acesso em: 12 mai.
2011.
FOBIAS. Disponível em:< http://www.psicosite.com.br/tra/ans/fobias.htm>. Acesso em: 12 mai. 2011.
SÍNDROME NEURÓTICA. Disponível em:<http://www.psiquiatriageral.com.br/cid/checklist_cid.htm#f4f5>. Acesso em: 12 mai. 2011.
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