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Análise do Filme Elysium

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

COORDENAÇÃO DE INFORMÁTICA (COINF)

CURSO DE NÍVEL MÉDIO INTEGRADO EM INFORMÁTICA

PEDRO HENRIQUE CONCIANI CORSO

ANÁLISE CRÍTICA DE FILME: ELYSIUM

TRABALHO ACADÊMICO

CAMPO MOURÃO – PR

2014

INTRODUÇÃO

De acordo com a sinopse oficial, o enredo do filme se desenrola na seguinte linha: “no ano de

2159, a sociedade humana sobrevive, mas está dividida entre duas classes distintas que vivem

em lugares diferentes. Os mais ricos e saudáveis vivem na Estação Elysium, uma luxuosa

cidade espacial que oferece aos seus poderosos residentes todas as comodidades necessárias.

O restante da população vive num Planeta Terra superpovoado e extremamente poluído. As

apertadas regras de imigração do Planeta Terra são aplicadas sem descanso pelo governo que

é liderado pela Secretária Rhodes (Jodie Foster), uma ministra muito dura e calculista que tenta

restringir ao máximo o acesso à Estação Elysium, tentando assim proteger os mais bem-

sucedidos da pobreza mundial. No entanto, todos os dias várias pessoas das classes mais

baixas tentam entrar à força na estação. Uma dessas pessoas é Max (Matt Damon), um homem

azarado que é coagido a aceitar uma missão de grande dificuldade que, no caso de ser bem-

sucedida, poderá terminar com a polaridade da sociedade atual”.

Nesta análise crítica serão observados alguns dos pontos principais da produção de Neill

Bloomkamp, que em seu filme Elysium enfatiza questões como a segregação social e a luta de

classes, assim como outros assuntos que foram tratados de forma mais secundária no filme,

como a imigração ilegal, a superpopulação da Terra e a poluição.

ANÁLISE CRÍTICA

Durante todo o curso do filme, o que mais se sobressai é o modo como a filmagem e a

fotografia se diferencia na estação Elysium e na Terra. O contraste se forma assim: na Terra, a

imagem dá a impressão de estar suja, com cores fortes e pouca constância de cores, nunca

havendo ambientes “limpos”, onde as cores separam-se e distinguem-se claramente. Já em

Elysium, há a predominância de cores mais claras e limpas, tons de branco e cores nítidas,

dando até mesmo a impressão de que lá o ar é mais limpo e puro, enquanto as imagens na Terra

transmitem a sensação de sufoco. Independentemente da imagem que diferencia os dois

mundos, a Terra possui favelas sem fim que se perdem no horizonte da visão, enquanto em

Elysium as residências são bem estruturadas e separadas de modo organizado. A divisão entre

as classes fica clara.

Bloomkamp também trabalha na questão da imigração, onde retrata um mundo em que a

língua predominante se torna o espanhol (clara alusão ao México). As pessoas da Terra,

desesperadas, buscam meios de chegar até a estação Elysium para obter cura, já que lá

existem máquinas capazes de curar qualquer espécie de danos ou doenças em corpos

humanos. No entanto, a secretária Rhodes, convencida de que irá proteger Elysium da

população da terrestre, é capaz de até mesmo de sentenciar à morte quaisquer imigrantes

ilegais. Essa situação coincide com a situação que os imigrantes do México têm de enfrentar

caso tentem mudar-se para os EUA.

Muito embora o filme aborde questões e temas atuais como a segregação social e a luta de

classes, o diretor aparenta não ter dado ao problema a importância e profundidade merecidas,

pois Bloomkamp apenas apresenta uma situação, mas não desenvolve um ponto de vista

concreto. À medida que a história se desenvolve, dá-se mais espaço para as cenas de ação, que

de fato foram muito bem feitas. Há, ao final do filme, o compartilhamento do uso das máquinas

de cura com toda a população do planeta Terra, mas a situação criada pelo diretor não se

resolve: ainda há a pobreza extrema na Terra, ainda há a população rica em Elysium, ainda há a

superpopulação, a poluição, e entre tantos outros problemas que Elysium não pode resolver.

Além do mais, o filme oferece uma visão exagerada da sociedade atual: duas classes

simetricamente opostas, separadas por milhares de quilômetros de distância. A classe retratada

em Elysium é posta como a vilã da história, e de fato é digna de reprovação moral, embora ela

não esteja condizente com a realidade que se pretende criticar fora do filme. A população

terrestre é tida como injustiçada e oprimida, que também é merecedora das regalias dos ricos de

Elysium. A conclusão à qual o filme nos quer fazer chegar fica clara: a riqueza não é algo criado,

mas existe em quantidades limitadas, e portanto, se há a riqueza extrema, só é possível que ela

esteja concentrada nas mão de poucos, o que pode ou não ser verdade, já que o diretor não

justifica essa visão, apenas a apresenta sem oferecer pontos de vista ou uma solução.

CONCLUSÃO

Conclui-se que o filme Elysium é um bom filme de ação, trazendo também à tona críticas

sociais muito importantes, mas que falha em aprofundá-las. O diretor do filme, Neill Bloomkamp,

acertou em alguns pontos na sua crítica, como se vê no caso dos EUA e do México e no

apontamento da segregação social, mas no entanto, a maneira como o problema da luta de

classes é colocado em seu filme não se justifica, apenas nos é apresentada como uma realidade

possível, e portanto a crítica falha. No máximo, o trabalho feito em Elysium abre espaço para um

debate de ideias, e imagina-se que era apenas esse o objetivo final ao qual o filme queria

chegar.

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