Teorias Critico Reprodutivistas Wa

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"Escola e Democracia", Saviani (1991)

fala das correntes pedagógicas que influenciaram o panorama educacional brasileiro nas últimas décadas.

Saviane, em relação a marginalidade, classifica as teorias educacionais em dois grupos:

NÃO - CRÍTICAS

• pelo fato de não se preocuparem com o contexto global em que se insere a Educação;

• Estas teorias entendem ser a educação um instrumento de equalização social, portanto, de superação da marginalidade

CRÍTICAS

• São as teorias que entendem ser a educação um instrumento de discriminação social, logo, um fator de marginalização

Saviani explica o termo “marginalidade”:

Em relação à pessoas analfabetas ou semi -analfabetas por terem abandonado a escola ou por nem sequer terem tido acesso à ela.

CONCEPÇÃO DE SOCIEDADE NAS DUAS TEORIAS:

NÃO - CRÍTICAS• A sociedade é boa –

harmoniosa sendo a marginalidade um fenômeno acidental, um desvio que afeta determinado número de indivíduos;

• A educação é o instrumento de correção destas distorções.

CRÍTICAS• Concebe a sociedade como

sendo marcada essencialmente pela divisão entre grupos ou classes antagônicas que se relacionam à base da força, sendo a marginalidade um fenômeno inerente à própria estrutura da sociedade: um grupo ou classe dominante que se apropria dos resultados da produção social, relegando ,em conseqüência, os demais à condição de marginalizados.

A FUNÇÃO DA EDUCAÇÃO nas duas tendências:

NÃO - CRÍTICAS

• As teorias não-críticas encaram a educação como autônoma e procuram compreendê-la a partir dela mesma.

CRÍTICAS• Estas teorias procuram

compreender a educação a partir da estrutura socioeconômica pois é esta estrutura que determina a forma de manifestação do fenômeno educativo.

Pertencem às teorias não-críticas:

A escola nova como pertencente as teorias não-críticas

• A profa. Ana Lúcia acredita que, especialmente na corrente pedagógica denominada "Escola Nova", há, sim, uma grande preocupação com o contexto sócio-político-cultural, tanto que o representante maior dela, John Dewey, teria contribuído para, via educação, colocar os EUA na modernidade, a partir da heterogeneidade étnica, racial, social. Apostaram na possibilidade de uni-la num caldeirão de cultura

• (Ana Lúcia Amaral, Ph.D. )

A EDUCAÇÃO TEM A FUNÇÃO DE REPRODUZIR A SOCIEDADE: as teorias crítico-reprodutivistas

• Em meados dos anos sessenta, começam a se esboçar as teorias de educação ditas crítico-reprodutivistas, de inspiração marxista, que passam a ver a escola como reprodutora das relações sociais capitalistas.

• Bourdieu e Passeron, Baudelot e Establet e ainda Althusser, na França, e Bowles e Gintis nos EUA, pela perspectiva determinista de suas teorias, trouxeram grandes preocupações e angústias aos educadores de todo o mundo, colocados no "beco sem saída"em que se colocara a educação.

TEORIAS CRÍTICO - REPRODUTIVISTAS• As Teorias Crítico-reprodutivistas afirmam que a

escola está de tal forma condicionada pela sociedade dividida, que ao invés de democratizar, reproduz as diferenças sociais, perpetuando o status quo. Tais teorias criticam a ingenuidade com que se defende a democratização da sociedade pela ampliação das oportunidades de escolarização, pois, segundo elas, as escolas trabalham com hábitos típicos das famílias burguesas, e a escola única é na verdade dualista, com pressões para a profissionalização precoce dos egressos das classes menos abastadas.

São Teorias Socialistas que seguem o pensamento socialista de Marx e Engels, ou seja, que analisam a hegemonia entre as classes e buscam a educação unitária.

HEGEMONIA: conceito que se refere a um,a forma particular de dominação na qual uma classe torna legítima sua posição e obtém aceitação, quando não apoio irrestrito, dos que se encontram abaixo. (JOHNSON, 1997 p.123)

• A visão das teorias crítico-reprodutivistas como geradoras de um sentimento de impotência, face aos problemas educacionais, é imputada a Dermeval Saviani por Luiz Antônio Cunha.

• Segundo este, imbuído do ativismo quase missionário de Antônio Gramsci, Saviani viu a teoria da violência simbólica, de Bourdieu e Passeron, na teoria dos aparelhos ideológicos de Louis Althusser, e na teoria da escola capitalista, de Baudelot e Establet, concepções que não só não estimulavam a ação transformadora dos educadores como, pior ainda, os levariam a se sentirem impotentes diante das condições da escola e da sociedade. Essas teorias, apesar de serem parcialmente verdadeiras, pela contribuição que teriam trazido para o desvendamento do caráter reprodutivo da educação (por isso seriam ‘críticas’), não deixariam ver nada mais do que a reprodução (por isso seriam ‘reprodutivistas’)

(CUNHA, 1994, p. 48-49).

A Didática Crítico-Reprodutivista

• O enfoque crítico-reprodutivista enfatiza o aspecto político em detrimento da técnica, denunciando o caráter reprodutor da escola, enfocando o discurso pelo discurso. GIROUX (1988:55) afirma que a escola é reprodutora porque

• “fornece às diferentes classes e grupos sociais, formas de conhecimento, habilidades e cultura que não somente legitimam a cultura dominante, mas também direcionam os alunos para postos diferenciados na força de trabalho”.

• Isso mostra que nós, educadores, fazemos a crítica, o discurso, apontando os conteúdos conflitantes, mas relegamos para segundo plano a especificidade destes conteúdos. É a reprodução do saber acumulado. Para que servem esses conteúdos se não são coerentes com a realidade sócio-cultural em que estão inseridos? Essa incoerência levou ao questionamento da prática escolar demonstrada por nós, onde nos dizemos críticos, mas na realidade somos meros reprodutores da ideologia dominante.

• A perspectiva Crítico-Reprodutivista se revela capaz de fazer a crítica do existente, de explicitar os mecanismos desse existente, mas não tem proposta de intervenção na realidade. Limita-se apenas a constatar que é assim e não pode ser de outra forma.

• Sofre críticas com relação ao seu pessimismo por desconsiderar o papel transformador da escola, mas certamente favorece uma percepção mais crítica da educação

• Para SAVIANI (1986:17), na teoria crítico-reprodutivista

“é impossível que o professor desenvolva uma prática crítica: a prática pedagógica situa-se sempre no âmbito da violência simbólica, da inculcação ideológica, da reprodução das relações de produção. Para cumprir essa função, é necessário que os educadores desconheçam seu papel e quanto mais eles ignoram que estão reproduzindo, mais eficaz é a reprodução”.

INCULCAREnviado por Fabio Eleuterio - porém a definição é do Aurélio,

(SP) em 04-01-2008. verbo transitivo direto

1. Apontar, citar, apregoar. 2. Demonstrar. 3. Dar a entender, demonstrar, indicar, revelar. 4. Repetir (alguma coisa) com insistência, para frisá-la no espírito; repisar. 5. Recomendar elogiosamente; propor, indicar, aconselhar: Tentava inculcar-lhe novos métodos. 6. Dar-se, oferecer, apresentar-se, impor-se. 7. Mostrar-se, impor-se. 7. Mostrar-se, insinuar-se. 8. Descobrir-se, revelar-se. (Conjug.; v. trancar)

Tentava inculcar-lhe novos métodos - "Tentava recomendar (indicar, demonstrar, apontar, etc )-lhe novos métodos".

PIERRE BOURDIEU

• Bourdieu teve o mérito de formular, a partir dos anos 60, uma resposta original, abrangente e bem fundamentada, teórica e empiricamente, para o problema das desigualdades escolares. Essa resposta tornou-se um marco na história, não apenas da Sociologia da Educação, mas do pensamento e da prática educacional em todo o mundo.

• Dados reais de uma escola pública do estado Rio de Janeiro: 1800 alunos.

• 40 turmas divididas em três turnos. Aproximadamente 4000 aulas por mês.

• R$ 36.000 reais, em quatro parcelas de 9.000. Verbas anuais liberadas pelo governo do estado para custear água, luz, merenda, telefone, material de limpeza, material pedagógico e custos de manutenção:

• Estimativa do custo anual total dos salários dos professores: 4000 aulas R$9,00 hora/aula= R$ 36000,00 por mês x13,3 meses (12 meses+ férias e 13º salário)= R$478.800,00.

• Estimativa do custo dos salários dos outros funcionários da escola (10 ao todo): 10 funcionários x 40 horas de trabalho x 4 semanas x R$ 9,00 h/aula x 13,3 meses= R$191.520,00 .

• Soma dos custos anuais com verbas para o colégio, salários dos professores e salários de funcionários: R$ 36.000,00 + R$ 478.800,00 + R$191.520,00 = R$706.320,00

• Custo anual por aluno= R$ 706.320,00 : 1800 alunos= R$ 392,40

• Custo mensal por aluno= R$392,40 : 12 meses= R$32,70

Duas perguntas: • 1 - Será que algum colégio particular tem uma

mensalidade deste valor?• 2 - É possível uma educação de qualidade pelo

preço de R$ 32,70 por mês?

http://chermontlopolis.wordpress.com/2008/03/14/o-custo-da-escola-publica/

VIOLÊNCIA SIMBÓLICA• A violência simbólica se funda na fabricação

contínua de crenças no processo de socialização, que induzem o indivíduo a se enxergar e a avaliar o mundo seguindo critérios e padrões do discurso dominante.

• Criado com o objetivo de elucidar as relações de dominação que não pressupõe a coerção física ocorridas entre as pessoas e entre os grupos presentes no mundo social, a qual corresponde a um tipo de violência que é exercida em parte com o consentimento de quem a sofre.

(O bullying é um tipo de violência simbólica)

• Bourdieu (1992, p. 52) ressalta que em relação às camadas dominadas, o maior efeito da violência simbólica exercida pela escola não é a perda da cultura familiar e a inculcação de uma nova cultura exógena, mas o reconhecimento, por parte dos membros dessa camada, da superioridade e legitimidade da cultura dominante. Esse reconhecimento se traduziria numa desvalorização do saber e do saber-fazer tradicionais - por exemplo, da medicina, da arte e da linguagem populares, e mesmo do direito consuetudinário - em favor do saber e do saber-fazer socialmente legitimados.

ESCOLA DUAL• no contexto da democratização do acesso à

escola fundamental, e do prolongamento da escolaridade obrigatória, que se tornou evidente o problema das desigualdades de escolarização entre os grupos sociais

• os estudos de Bourdieu acentuaram essa dimensão em que a origem social dos alunos se constitui em desigualdades escolares e, mais ainda, em que as desigualdades escolares reproduzem o sistema objetivo de posições e de dominação.

A herança familiar e suas implicações escolares

• Bourdieu, principalmente nas pesquisas conduzidas em conjunto com Passeron (1964; 1970), desvenda a seleção escolar que elimina e marginaliza os alunos oriundos das classes populares, enquanto privilegia os alunos mais dotados de capital cultural e social, contribuindo, assim, para a reprodução, de geração em geração, dos capitais econômico, cultural e social acumulados. Esta teoria contraria a convicção, até então amplamente aceita, de que existe igualdade de chances no sistema educacional.

O termo “CAPITAL”

• Bourdieu e Coleman introduziram o conceito de capital na análise social para referir-se não apenas à sua forma econômica, mas também à sua forma cultural e social. Estes autores utilizaram o termo capital como metáfora para falar das vantagens culturais e sociais que indivíduos possuem e que geralmente os conduzem a um nível socioeconômico mais elevado.

CAPITAL: CULTURAL - SOCIAL• capital social "se refere ao conjunto das relações

sociais (amigos, laços de parentesco, contatos profissionais, etc.) mantidos por um indivíduo".

• O capital cultural é um conjunto de objetos, conhecimentos e habilidades que o indivíduo adquire paulatinamente nas diversas instituições sociais às quais ele tem vínculo, especialmente a família.

• Esses conceitos bourdieusianos, portanto, refinam a compreensão das desigualdades escolares no interior do sistema de ensino (DUALIDADE)

O Capital Cultural e o Capital Social influenciam no sucesso escolar

• Bourdieu adverte que a igualdade de oportunidades diante da escola não é suficiente para se atingir o sucesso escolar. Tornou-se imperativo reconhecer que o desempenho escolar não dependia, tão simplesmente, dos dons individuais, mas da origem social dos alunos (classe, etnia, sexo, local de moradia, entre outros).

• Onde se via igualdade de oportunidades, meritocracia, justiça social, Bourdieu passa a ver reprodução e legitimação das desigualdades sociais. A educação, na teoria de Bourdieu, perde o papel que lhe fora atribuído de instância transformadora e democratizadora das sociedades e passa a ser vista como uma das principais instituições por meio da qual se mantêm e se legitimam os privilégios sociais

As limitações dessa abordagem:

• As limitações dessa abordagem, no entanto, se revelam sempre que se busca a compreensão de casos particulares (famílias, indivíduos, escolas e professores concretos). Bourdieu nos forneceu um importante quadro macrossociológico de análise das relações entre o sistema de ensino e a estrutura social.

• Sofre críticas com relação ao seu pessimismo por desconsiderar o papel transformador da escola, mas certamente favorece uma percepção mais crítica da educação.

• A perspectiva crítico-reprodutivista se revela capaz de fazer a crítica do existente, de explicitar os mecanismos desse existente, mas não tem proposta de intervenção na realidade. Limita-se apenas a constatar que é assim e não pode ser de outra forma.

Fontes:BOURDIEU, Pierre. Escritos de Educação. Mª Alice

Nogueira; Afrânio Catani – organizadores. Petrópolis: Vozes, 2001.

AMARAL, Ana Lúcia. Perspectivas para a didática no atual contexto político pedagógico.Prof. Adjunto / FaE/ DMTE/ UFMG.

SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre a educação política. 34. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2001.

• Passado o impacto da "reprodução", ainda sob inspiração marxista e neo-marxista, desenvolve-se no Brasil uma nova linha de caráter "progressista", "libertador" ou "libertário", ou, nas palavras de Saviani, uma teoria crítica da educação.

VAMOS RECORDAR ESTAS TENDÊNCIAS?