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O PACIENTE CRÍTICO SOB UM OUTRO CUIDAR: HOME CARE

Home Care..Paciente Critico

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O PACIENTE CRÍTICO SOB UM OUTRO CUIDAR: HOME CARE

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RESUMO

Home Care é entendido como uma modalidade do serviço de saúde, onde suas atividades são voltadas para o atendimento ao paciente e seus familiares em um ambiente extra - hospitalar, visando promover, manter e/ou restaurar a saúde de forma a preservar a independência do paciente, enquanto as complicações causadas pelas diversas patologias são minimizadas.Em virtude do interesse das instituições a respeito desse tipo de assistência, surgiu a necessidade de uma divulgação maior sobre a mesma, identificando as vantagens e desvantagens dessa modalidade de atenção para o elo paciente - família.Para isso, foi elaborada uma pesquisa qualitativa, realizada em 10 residências escolhidas aleatoriamente, dos pacientes incluídos na modalidade de internação domiciliar da ADUVI, através de um roteiro de entrevista semi-estruturado, onde foi possível observar que, 90% das famílias estudadas optariam pela assistência domiciliar por gerar maior conforto e comodidade para elas e, 100% optariam pelo atendimento novamente, concluindo então que, apesar de algumas dificuldades, o Home Care continuaria sendo a primeira opção de escolha da família.

ABSTRACT

Home Care is understood as a modality of the service of health, where their activities are gone back to the service to the patient and their relatives in an atmosphere extra hospitable, seeking to promote, to maintain and/or to restore greets her in way to preserve the patient's independence, while the complications caused by the several pathologies are minimized.Because of the interest of the institutions to I respect of that type of attendance, the need of a larger popularization appeared on the same, identifying the advantages and disadvantages of that modality of attention for the patient link - family.For that, a qualitative research was elaborated, accomplished in the patients' 10 residences chosen aleatory included in the modality of home internment of ADUVI, through an interview itinerary semi-structured, where it was possible to observe that, 90% of the studied families would opt for the home attendance for generating larger comfort and comfort for them and, 100% would opt for the service again, ending then that, in spite of some difficulties, Home Care would continue being the first option of choice of the family.

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LISTA DE SIGLAS

ABEMID - Associação Brasileira das Empresas de Medicina DomiciliarADUVI – Assistência Domiciliar da Unimed VitóriaAVCI – Acidente Vascular Cerebral IsquêmicoDPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva CrônicaELA – Esclerose Lateral AmiotróficaFa – freqüência absolutaFr – Freqüência relativaUTI – Unidade de Terapia Intensiva

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................05

OBJETIVOS................................................................................................07

METODOLOGIA..........................................................................................07

INSTRUMENTO...........................................................................................07

ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS.........................................................09

CONCLUSÃO...............................................................................................15

REFERÊNCIAS............................................................................................16

ANEXOS.......................................................................................................18

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INTRODUÇÃO

A expressão Home Care surgiu nos EUA no séc XIX, cujo significado em português é “cuidar em casa”, ou seja, prestar assistência em domicilio. No início desse século quando as doenças infecto-contagiosas se espalhavam entre a população e os hospitais eram vistos como depósitos de pessoas destinadas a morrerem cheios de peste, esse movimento informal tinha como sinônimo: família, conforto, compaixão e segurança, dando apoio necessário no cuidar do ente querido(9).

Já final do século XIX, com a criação da Associação de Enfermeiras Visitadoras o home care tornou-se uma modalidade de atendimento. Mas no século XX com o avanço da ciência, a queda da taxa de mortalidade urbana e o crescimento das doenças crônico-degenerativas, os serviços de saúde se voltaram para o atendimento hospitalar e o Home Care teve seu declínio.

O serviço domiciliário ressurgiu com toda força na década de 60, ainda nos EUA, movido pelo alto custo que a hospitalização de uma população mais idosa e com doenças crônicas acarretava para os planos de saúde (9).

Hoje, home care é entendido como uma modalidade do serviço de saúde que tem suas atividades voltadas para o atendimento ao paciente e a seus familiares em um ambiente extra-hospitalar. Esse serviço visa promover, manter e/ou restaurar a saúde de forma a preservar a independência do paciente, enquanto as complicações causadas pelas várias patologias são minimizadas.

Para as instituições hospitalares, privadas ou públicas, o home care proporciona uma desospitalização precoce com rotatividade dos leitos e diminuição dos custos. Já para o paciente, o atendimento torna-se mais humanizado, aumentam o conforto e o contato com a família e diminui os riscos de infecções nosocomiais. Além disso, esse serviço promove educação em saúde, prevenção precoce de complicações no domicilio e treinamento do paciente/ cuidador frente suas novas necessidades.

Embora o Home Care esteja crescendo lentamente aqui no Brasil, o interesse por parte das instituições é grande. É possível perceber que, não obstante, esse movimento será muito difundido em nosso meio. E como vimos, em todos os aspectos sócio-econômicos, as vantagens de se implantá-lo são muitas tanto para o paciente e sua família quanto para a instituição (7).

O Home Care é formado por uma equipe multiprofissional e interdisciplinar, ou seja, é a junção de vários profissionais que trabalham em conjunto com seus conhecimentos específicos, em prol de um atendimento qualificado e direcionado para o bem estar do paciente. Cada componente com sua especificidade interage com o grupo sem a finalidade de ser concorrente do outro. E dentre os profissionais que compõem essa equipe estão: médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, assistentes sociais, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, entre outros.

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A inclusão no serviço de atendimento domiciliar inicia com uma solicitação por escrito, feita pelo médico que acompanha o paciente, onde deve constar diagnóstico e quadro clínico detalhado do paciente. A partir de então, a equipe avalia não só o perfil clínico do mesmo, mas também, a localização e adequação da residência, presença de um responsável e/ou cuidador do cliente durante as 24 horas no domicílio e interesse/motivação da família em levá-lo para casa. Se o paciente já estiver em casa a própria família pode solicitar inclusão no serviço mediante o preenchimento de uma ficha de triagem e posterior avaliação da equipe.

A figura do cuidador é extremamente importante para inclusão do paciente na assistência domiciliar. Ele desempenha o papel de prestar cuidados ao paciente. Essa função pode ser desempenhada por algum profissional da área de saúde ou até mesmo por um leigo, o qual deverá ser treinado e qualificado pela equipe da assistência domiciliar para o atendimento adequado ao paciente.

O serviço domiciliar é dividido em modalidades o que facilita o atendimento prestado a cada paciente. Dessa forma, busca-se organizar os procedimentos necessários de acordo com as particularidades do paciente e da família.

A modalidade voltada para os cuidados agudos inclui os pacientes que permanecerão no serviço por menos de 6 meses. São eles: pacientes com diagnósticos fechados que ficariam internados apenas para término de antibioticoterapia; curativos extensos; quimioterapia subcutânea; entre outros.

A modalidade de assistência domiciliar de longa permanência tem como objetivo acompanhar os pacientes com diagnóstico de doenças crônicas e degenerativas, com grau de dependência maior. Nesses casos é necessária presença de um cuidador 24horas, acompanhamento periódico de uma equipe multidisciplinar e supervisão de enfermagem voltada para o desempenho dos procedimentos feitos pelo cuidador. Estes pacientes são na maioria idosos, com algum tipo de demência (Parkinson/ Alzheimer), seqüelas neurológicas, acamados, com dificuldades de deglutição, comprometimento da função urinária e intestinal, dependentes de oxigenoterapia intermitente. Tudo isso dificultando o acompanhamento médico adequado e tornando esse paciente candidato a várias internações hospitalares o que aumentaria custos, risco de infecções nosocomiais e distanciamento da família.

A modalidade de internação domiciliar é a mais complexa, na qual o serviço disponibiliza enfermagem 24 horas adequando o domicilio como se fosse um box de UTI, com equipamentos, materiais e medicações necessários para manutenção da vida do paciente. Os pacientes inseridos nessa modalidade possuem doenças crônicas e degenerativas avançadas dependentes de um suporte ventilatório, com procedimentos mais complexos e diários dos quais sem o devido acompanhamento os pacientes não sobreviveriam. Esses pacientes podem ser classificados como críticos pelo grau de complexidade dos cuidados que devem ser dispensados a eles. Em virtude do crescente interesse que as instituições de saúde (públicas e privadas) têm despertado para o atendimento extra-hospitalar e, pelo fato de muitos profissionais da área de enfermagem não conhecerem sobre o serviço de assistência domiciliar, sentimos a necessidade de divulgar mais sobre o mesmo,

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buscando dessa forma, mostrar as vantagens de se manter um paciente critico em domicílio, bem como a satisfação da família/paciente diante desse atendimento.

Para isso, escolhemos como referência o serviço de Assistência Domiciliar da Unimed Vitória (ADUVI), uma instituição privada conhecida e confiável deste município que há 8 anos proporciona aos clientes do plano de saúde Unimed, um atendimento no conforto de seus lares e em integração com suas famílias, em todas as modalidades referidas nesse texto (1).

OBJETIVOS

1- Demonstrar o funcionamento de um serviço de assistência domiciliar. 2- Identificar as vantagens e desvantagens pertinentes a esse tipo de

atendimento levando em consideração a visão da família.

METODOLOGIA

NATUREZA DO ESTUDO

Elaborar uma pesquisa quantitativa através da qual se pretende esclarecer o funcionamento de um serviço de assistência domiciliar, identificando as vantagens e desvantagens deste para o paciente e seus familiares.

LOCAL DA PESQUISA E POPULAÇÃO

Este estudo foi realizado em 10 residências, escolhidas de forma aleatória, que possuem pacientes críticos incluídos no serviço de Assistência Domiciliar da Unimed Vitória (ADUVI), na modalidade de internação domiciliar, representando 66% dos pacientes em internação domiciliar atendidos por essa empresa, no período de realização dessa pesquisa.

INSTRUMENTO

Para a realização desta pesquisa, foi elaborado um roteiro de entrevista semi-estruturada com perguntas fechadas e abertas (anexo). Também foi elaborado um termo de consentimento para garantir privacidade das informações.

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

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• O perfil do paciente incluído na Assistência Domiciliar

TABELA 1Faixa etária dos pacientes

Idade fa fr≤18 anos 1 10%

19 a 37 anos 1 10%38 a 56 anos 1 10%57 a 75 anos 4 40%

≥ 76 anos 3 30%

Quanto à faixa etária dos pacientes na modalidade de internação domiciliar, verifica-se que 70% desses têm mais de 57 anos. E quando comparada à tabela de diagnóstico (Tabela 2) evidenciamos que a maioria desses pacientes desenvolveu doenças crônico-degenerativas, sendo que 40% possuem esclerose lateral amiotrófica (ELA). Cada um desses pacientes encontra-se na fase avançada da doença, mas com evoluções diferentes.

TABELA 2Diagnóstico dos pacientes

Diagnóstico fa frDPOC 1 10%AVCI 1 10%ELA 4 40%

Obesidade mórbida 1 10%Distrofia muscular 1 10%Wernig Hoffman 1 10%

Com relação à tabela de diagnósticos (Tabela2) nota-se que 70% estão relacionados a problemas neurológicos (distrofia muscular, ELA, acidente vascular encefálico...). A prevalência dessas doenças pode estar relacionada ao fato de a maioria dos clientes serem idosos, coincidindo com a prevalência das doenças crônico-degenerativas na terceira idade (5).

TABELA 3Tempo no serviço de assistência domiciliar

Tempo fa fr≤ 6 meses - -

7 a 12 meses 1 10%13 a 24 meses - -

> 24 meses 9 90%

TABELA 4

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Tempo de inclusão na modalidade de internação domiciliarTempo fa fr

≤ 6 meses 1 10%7 a 12 meses 2 20%

13 a 24 meses 2 20%> 24 meses 5 50%

De acordo com os dados obtidos na tabela 3, analisamos que apenas 10% dos pacientes incluídos no serviço de assistência domiciliar possuem menos de 1 ano de inclusão, e 90% possuem mais de 2 anos. Já na tabela de tempo de inclusão na modalidade de internação domiciliar (tabela 4) verificamos que 50% estão há mais de 2 anos nessa modalidade, ou seja, foram incluídos diretamente na modalidade de internação. Assim, os outros 50% que possuem menos de 2 anos no serviço passaram por outras modalidades de menor complexidade, o que proporcionou maior contato com a equipe, tempo para conhecer o funcionamento do serviço e até a aceitação do atendimento.

Na prática, as famílias que possuem pacientes incluídos na modalidade de internação, apresentam dificuldades quanto à aceitação da equipe. É como se ocorresse uma invasão de privacidade. A transferência para casa, de um parente que antes era hígido e saudável e agora apresenta diversas dependências e limitações, causam medo e insegurança à família. Além disso, serão necessárias a instalação de equipamentos e a inclusão de profissionais que irão pernoitar e realizar visitas periódicas em sua residência, gerando alta rotatividade e movimentação nesse domicílio, constituindo então uma das dificuldades que o serviço terá que trabalhar rotineiramente e com cautela para evitar atritos e rejeição do atendimento.

TABELA 5Grau de complexidade

Complexidade fa frBaixa 1 10%Média - -Alta 9 90%

TABELA 6Procedimentos de enfermagem necessários ao paciente

Procedimentos fa frAspiração oral 1 10%

Aspiração traqueal 9 90%Banho no leito 5 50%

Banho de aspersão 6 60%Gastrostomia 8 80%

SNE - -Dieta oral 3 30%

Dieta enteral 8 80%

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Dieta parenteral - -Punção venosa periférica - -Punção venosa profunda - -

SVD - -Cistostomia 1 10%

Cateterismo vesical intermitente

2 20%

Colostomia 1 10%Ventilação mecânica

contínua8 80%

Ventilação mecânica intermitente

2 20%

Úlcera de pressão 1 10%

Para explicar a tabela de complexidade e a de procedimentos (tabelas 5 e 6), primeiramente iremos abordar melhor sobre o assunto de elegibilidade dos pacientes para inclusão no serviço de assistência domiciliar.

O grau de complexidade dos pacientes é evidenciado pelos tipos de procedimentos dispensados para manutenção da sua vida. Assim, mesmo sendo a modalidade de internação domiciliar considerada uma modalidade com maior nível de complexidade, ela pode ser classificada como de baixa, média ou alta complexidade. Ou seja, o paciente será incluído de acordo com o grau de complexidade dos cuidados necessários ao seu atendimento.

Para classificação desses pacientes foram utilizados os critérios técnicos preconizados pela Abemid. Os itens escolhidos para avaliação dos pacientes pesquisados foram: uso de sonda vesical, presença de traqueostomia, necessidade ou não de aspiração de vias aéreas, permanência de acesso venoso, necessidade de suporte ventilatório, presença de úlcera de pressão, atividade da vida diária, dependência de terapia nutricional. Levando em consideração que todo paciente incluído na modalidade de internação domiciliar da Unimed Vitória são acompanhados pela fisioterapia, que são raros os pacientes com necessidade de prescrição de diálise e que o serviço não possui fonoaudiólogo, esses itens não foram avaliados para determinação do grau de complexidade.

Assim, comparando as tabelas 5 e 6, verificamos que 90% dos pacientes pesquisados na modalidade de internação domiciliar são de alta complexidade e apenas 10% de baixa complexidade. O que significa que o serviço tem grande demanda de atendimentos voltados para um conjunto de atividades caracterizadas por uma atenção integral prestada a pacientes com quadros clínicos complexos e que necessitam de suporte tecnológico especializado, equipe técnica multidisciplinar capacitada, além de suporte de medicamentos, materiais para adequação dos cuidados e remoção para urgências e exames especializados.

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• Identificação das vantagens do atendimento domiciliar na visão da família

Para identificar as vantagens que o serviço de assistência domiciliar proporciona a família, e conseqüentemente ao paciente, foram abordadas perguntas quanto ao conhecimento da existência do serviço, os motivos que as levaram a optar por esse tipo de atendimento e quais as facilidades e dificuldades que encontraram ao se depararem com o familiar doente em casa. Ao final foram levantadas questões que evidenciaram a satisfação da família optando em manter ou não o atendimento domiciliar.

Além disso, a entrevista permitiu que as famílias dessem sugestões para melhoria do atendimento, proporcionando ao serviço de assistência domiciliar aperfeiçoamento e reavaliação dos procedimentos realizados em cada domicilio.

Vale ressaltar que cada domicílio tem suas particularidades o que desencadeia insatisfações individuais difíceis de serem trabalhadas pela equipe. E observando a prática da Assistência Domiciliar da Unimed Vitória essas questões costumam ser solucionadas interdisciplinarmente, com reuniões de família e de equipe responsável por cada domicílio. Caso necessário, a equipe faz as devidas modificações, tanto de recursos humanos quanto de materiais, seguindo as prioridades e considerando um bom atendimento e satisfação não só da família, mas também do serviço como um todo.

TABELA 7Forma que soube da Assistência Domiciliar

Forma fa frMédico assistente 9 90%

Folhetos informativos 1 10%Amigos/parentes 2 20%

Paciente que já era da Aduvi

- -

Outros 1 10%

Sendo o home care uma nova modalidade de atenção à saúde, achamos interessante levantar de quais formas as famílias obtiveram informações a respeito da Assistência Domiciliar. Assim seria possível termos noção da dimensão e do crescimento do serviço. Nos dados colhidos observamos que das 10 famílias entrevistadas, 90% tiveram conhecimento sobre a assistência domiciliar através do médico assistente, 10% por folhetos informativos, 20% por amigos e/ou parentes e 10% de outra maneira.

Como a Assistência Domiciliar da Unimed Vitória está vinculada ao plano de saúde de uma cooperativa médica, e seu atendimento é oferecido como um benefício ao cliente e não como um serviço pago, ou seja, não está incluído na proposta do plano de saúde, muitos clientes não sabiam sobre o serviço. Assim, os médicos se tornaram o maior veículo de divulgação, buscando a diminuição do tempo de

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internação hospitalar, rotatividade dos leitos e diminuição das infecções intra-hospitalar. Hoje a Assistência Domiciliar da Unimed Vitória está realizando divulgações por meio de panfletos informativos dentro do próprio hospital da cooperativa, jornais de circulação interna onde funcionários e cooperados têm livre acesso, buscando dessa forma, orientar e divulgar o funcionamento desse serviço.

TABELA 8Motivos que optaram pela assistência domiciliar

Motivos fa frRisco de infecção

hospitalar4 40%

Prognóstico 6 60%Conforto da família 9 90%A pedido médico 4 40%

Internação prolongada 2 20%

Após ser apresentada ao serviço, a família tem um papel importante na decisão de levar o paciente para casa com ou sem o apoio da assistência domiciliar. É fundamental que a família aceite esse tipo de atendimento para, a partir daí, a equipe iniciar suas atividades para desospitalização do paciente, modificações do domicilio e orientações ao cuidador.

Como podemos observar na tabela 8, das 10 famílias entrevistadas 90% disseram que o conforto da família os motivaram a optar pelo atendimento da assistência domiciliar, 60% o prognóstico da doença, 40% por risco de infecção hospitalar, 40% a pedido do médico e 20% devido ao tempo prolongado de internação.

Sendo a opção prioritária da família o conforto, percebemos que o atendimento domiciliar começa a atingir seus princípios desde o momento de desospitalização do paciente, ou seja, a humanização e a reintegração do paciente em seu núcleo familiar e social tornam-se o ponto chave para toda aceitação e apoio no atendimento proposto pela assistência domiciliar.

TABELA 10Vantagens da assistência domiciliar para o paciente/família

Vantagens fa frDiminuição das

internações hospitalares7 70%

Aumento do contato familiar

6 60%

Atendimento humanizado 9 90%Comodidade e conforto 8 80%

Fácil acesso ao profissional

3 30%

Segurança no atendimento

8 80%

Facilidade na realização 3 30%

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de exames diagnósticos

Quanto às vantagens que o serviço de assistência domiciliar trouxe para as famílias, a maioria (90%) apontou que, o atendimento humanizado é a maior vantagem que a assistência domiciliar pode proporcionar à família/paciente, seguida pela comodidade, conforto e segurança no atendimento, com 80% dos entrevistados, confirmando dados da tabela 9. Na seqüência ficaram: a diminuição das internações hospitalares (70%), aumento do contato com a família (60%), fácil acesso aos profissionais (30%) e facilidade na realização de exames diagnósticos (30%).

Vale destacar um comentário em relação ao item referente ao aumento do contato com a família, onde apenas 60% dos entrevistados levaram em consideração esse motivo ser o ponto de partida para decisão de uma internação domiciliar. Como poderia isso ocorrer se um dos maiores motivos de levarmos o paciente para casa é aproximarmos paciente-família e equipe, tornar a família parte integrante dos cuidados e promover educação em saúde?

Tal fato se deve porque alguns pacientes não moram com a família, e para proteger sua individualidade e privacidade opta por manter o parente doente em outra residência com cuidadores, os quais ficam responsáveis pelo auxílio do técnico de enfermagem nos cuidados ao paciente e pelos afazeres da casa. Isso não quer dizer abandono, e sim, uma opção de respeito à sua privacidade. Muitos formaram suas próprias famílias, tem filhos, cônjuges, trabalho e uma casa que muitas vezes não querem modificar toda estrutura, ou realmente, não tem condições físicas de comportar mais uma pessoa.

As famílias optam por um local próprio e adequado para manter o paciente confortável e seguro. Mesmo que não seja da forma que o serviço propõe, a família não deixa de dar assistência ao parente doente. Assim, eles têm noção da amplitude do problema e da importância da sua presença e carinho diante do paciente.

TABELA 11Dificuldades para manter paciente em Assistência Domiciliar

Dificuldades fa frAumento dos custos (luz,

água, telefone...).7 70%

Despesas com cuidador 4 40%Adequação do domicilio 2 20%

Indisponibilidade da família

- -

Outros 6 60%

Depois de transferir o paciente para o domicílio, além do medo e da insegurança diante de tantas novidades e informações, a família se depara com uma série de dificuldades. A partir daí, conseguimos pontuar quais eram essas dificuldades e avaliarmos até que ponto o serviço tem responsabilidade sobre isso.

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A maior dificuldade encontrada pelas famílias entrevistadas foi o aumento dos custos das contas de luz, água e telefone, representando 70% das famílias. Realmente manter um paciente em modalidade de internação domiciliar requer um suporte de aparelhos elétricos 24horas, causando um aumento no consumo de energia dessa residência. Quanto ao telefone, é necessário que haja um meio de comunicação para que a central de administração do serviço e a residência estejam sempre em contato a fim de resolver pendências e urgências. Em hipótese alguma o técnico de enfermagem pode ficar sem o respaldo do enfermeiro para qualquer dúvida quanto aos procedimentos e condutas, sendo para isso necessário um aparelho telefônico. O aumento da água acaba sendo uma conseqüência do aumento do número de pessoas no domicilio.

Já 60% das famílias relataram existir outras dificuldades que não estavam descritas no questionário, mas que eram de grande importância para elas. A questão da afinidade família-profissional da saúde; a invasão de privacidade; as dificuldades em conseguir um cuidador; a obrigação de ter que estarem presente 24horas no domicilio perdendo muitas vezes horas de lazer; foram as dificuldades levantadas por essas famílias.

A minoria citou as modificações no domicilio como uma dificuldade da assistência domiciliar, mostrando assim que sempre é possível dar “um jeitinho” para o bem-estar e comodidade da família/paciente.

O item referente à indisponibilidade da família confirma a justificativa do baixo percentual referente ao contato com a família. Ou seja, nenhuma das famílias se mostrou indisponível no que diz respeito ao paciente, concluindo-se então que, mesmo que não estejam presentes na execução das rotinas, se mantêm responsáveis e preocupados com o paciente.

TABELA 12Optaria pela Assistência Domiciliar novamente

Optaria fa frSim 10 100%Não - -

A tabela 12 será referenciada na discussão abaixo, sendo comparada à pergunta seguinte do questionário.

Na última pergunta do questionário foi abordado, em forma de pergunta aberta, o que a família mudaria no atendimento da assistência domiciliar. Dessa forma, buscamos enumerar as insatisfações que existiam em cada uma das 10 residências, não esquecendo das suas particularidades.

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Das 10 residências entrevistadas, 40% não mudariam nada, estando satisfeitos com o atendimento prestado. Já 60% sugeriram mudanças, as quais são descritas abaixo:

- melhor aproximação entre a central administrativa e domicílio;- dificuldade na comunicação não verbal da equipe com o paciente; - afinidade entre técnico de enfermagem e família/ paciente;- treinamentos dos técnicos de enfermagem no domicilio;- visita médica com maior freqüência;- maior atenção na realização dos procedimentos no domicilio.

Ao comparar a tabela 12 com as propostas de mudanças sugeridas pelos entrevistados, nota-se que, mesmo com algumas dificuldades de adaptação, a família permaneceria optando pelo serviço de assistência domiciliar.

CONCLUSÃO

Diante dos fatos apresentados podemos classificar a modalidade de internação domiciliar, da ADUVI, como sendo uma modalidade de atendimento de alta complexidade, evidenciado por possuir maioria de pacientes idosos com doenças crônicas – degenerativas e que demandam de cuidados complexos e intensificados. Desses pacientes, 50% possuem mais de 2anos nessa modalidade o que justificaria maiores dificuldades de integração, aceitação e adaptação a esse novo modelo assistencial. Assim, torna-se necessário a intervenção da equipe interdisciplinar para que não surjam insatisfações futuras , o que prejudicaria a qualidade do atendimento, desestabilização do quadro clínico, e conseqüentemente, hospitalização do paciente.

Também observamos que mesmo diante de todas as dificuldades que as famílias enfrentaram ao aceitar o serviço de assistência domiciliar e das dificuldades para se adaptarem a esse novo modelo assistencial, elas permaneceram optando por esse serviço e demonstraram satisfação com o atendimento prestado. Com isso percebemos que a decisão de levar um parente doente para casa precisa ser avaliada com muito cuidado. Decisão esta, que segundo as entrevistas realizadas, demonstraram que o conforto da família/paciente é de fundamental importância. Além disso, a diminuição do risco de infecções, comodidade da família, entre outros, também leva a grande maioria a enfrentar esses desafios apresentados pela assistência domiciliar.

Assim, podemos ver e entender o Home Care como modelo assistencial que vem crescendo a cada ano e se firmando como modalidade de saúde essencial para o serviço hospitalar por gerar maior rotatividade de leitos, diminuição de custos e principalmente, a humanização do paciente, fazendo da doença um vínculo família – paciente – profissional de saúde. É uma nova modalidade de serviço de saúde que também consegue se firmar na comunidade, mudando seu perfil hospitalar para um atendimento domiciliar, personalizado e humanizado. Perde-se a mentalidade de abandono e coloca o paciente em primeiro lugar trazendo então várias mudanças

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que, apesar de difíceis, não serão os maiores obstáculos que a família irá enfrentar para manter a qualidade e satisfação no atendimento.

REFERÊNCIAS

1- BORGES, Marianne Viana. Home Care: Um Enfoque Familiar. [ monografia]. Vitória (ES) : Universidade Federal do Espírito Santo/ UFES; 2003.

2- DUARTE, Yeda Aparecida de Oliveira; DIOGO, Maria José D’Elboux. Atendimento domiciliar: um enfoque gerontológico. São Paulo: Ateneu, 2005.

3- FABRICIO, Suzele Coelho; et al. Assistência domiciliar: a experiência de um hospital privado do interior paulista. Revista Latino- Americana de Enfermagem. Ribeirão Preto. vol 12, n. 5, set /out, 2004. Disponível em: www.scielo.br/scielo.php?pid+s0104-11692004000500004&script+sci_arttext. Acesso em 02 jan. 2007.

4- FLORIANI, Ciro Augusto; SCHRAMM, Fermin Ronald. Atendimento Domiciliar ao Idoso: problema ou solução? In: http://wwwscielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=So102-311X2004000400013&Ing=pt&nrm=iso. Acesso em 01 nov. 2006.

5- FORRANTINI, OP. Epidemiologia Geral. São Paulo (SP): Edgar Bluchei,1976. p.30-31.

6- LIMA, Denise Szczypior Pinheiro; et al. Sistema de Elegibilidade de Pacientes para Assistência Domiciliar. Programa de Pós-graduação em Tecnologia em Saúde. Paraná : Pontifícia Universidade Católica do Paraná/ PUCPR. http://www.sbis.org.br/cbis9/arquivos/452.pdf. Acesso em 11 out. 2006.

7- NEAD. Núcleo nacional das Empresas de Assistência Domiciliar. http://www.neadsaude.org.br/site/secoes/assistencia_conceitos/. Acesso em 1 dez. 2006.

8- Site HomeCare Plus . www.homecareplus.com.br. Acesso em 01 dez. 2006.

9- RIMED. Manual de Home Care. São Paulo: rimed Com. E repres. LTDA, 2000.

10- SANTOS, Nívea Cristina Moreira. Home Care: a enfermagem no desafio do atendimento domiciliar. 1ªed. São Paulo: Iátria, 2005.

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ANEXO

ANEXO 1

ROTEIRO DE ENTREVISTA

IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL DO PACIENTE

1- Nome do paciente: ____________________________________2- Idade: ________3- Patologia: _____________________________4- Tempo de inclusão no serviço: ___ ≤ 6 meses

___ entre 7 e 12 meses ___ entre 12 e 24 meses ___ > 24 meses

5- Tempo de inclusão na modalidade de internação domiciliar: ___ ≤ 6 meses

___ entre 7 e 12 meses ___ entre 12 e 24 meses ___ > 24 meses

6- Grau de complexidade: ____ baixa ____média ____alta

7- Procedimentos de enfermagem:___ aspiração oral ___ aspiração de traqueostomia ___dieta parenteral

___ banho no leito ___ banho de aspersão ___dieta enteral ___ gastrostomia ___ SNE __punção profunda ___ dieta oral ___ punção venosa periférica ___ SVD ___ cistostomia ___ cateterismo intermitente ___ colostomia ___ ventilação mecânica continua ___ ventilação mecânica intermitente

IDENTIFICAÇÃO DAS VANTAGENS FAMÍLIA/ PACIENTE

1- Como tiveram conhecimento do serviço de assistência domiciliar?__ médico assistente__ folhetos informativos__ amigos/ parentes__ alguém que já dispõe do serviço

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__ outro

2- Quais foram os motivos que levaram a família/paciente a optar pelo atendimento domiciliar?

___ risco de infecção para paciente no hospital ___ prognóstico da doença (crônico-degenerativa ou terminal) ___ conforto da família ___ a pedido do médico ___ devido tempo de internação hospitalar prolongado 3- Quais as vantagens que a assistência domiciliar proporcionou para o

paciente/ família?

___ diminuição das re-internações ___ aumento do contato com a família ___ atendimento mais humanizado ___ maior comodidade e conforto ___ fácil acesso aos profissionais da saúde ___segurança e confiança no atendimento prestado para manutenção da

vida do paciente. ___ suporte adequado para exames diagnósticos

4- Quais as dificuldades encontradas pela família/paciente em manter o paciente na assistência domiciliar?__ aumento nos custos (energia, água e telefone)__ despesas com o cuidador__ adequação do domicilio para instalação do paciente.__ indisponibilidade da família em cuidar do paciente.__ outros.

5- Se tivesse outro caso na família, optaria pela assistência domiciliar? ___ sim ___ nãoSe não, por quê? _____________________________

6- Mudaria alguma coisa no atendimento prestado? O quê?

_________________________________________________________________

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ANEXO 2

TERMO DE CONSENTIMENTO

Título do Estudo: O Paciente Crítico sob um outro enfoque: Home Care. Pesquisadora: Pollyana Pinto Gonçalves e Letícia Purcino S. Azevedo*Orientadora: Enfª Marianne Viana Borges

OBJETIVO DO ESTUDO

1- Demonstrar o funcionamento de um serviço de assistência domiciliar. 2- Identificar as vantagens e desvantagens pertinentes a esse tipo de

atendimento levando em consideração a visão da família.

CONFIDENCIALIDADE

A privacidade das informações será garantida pelo pesquisador, sendo estas utilizadas exclusivamente com propósito científico. A identidade dos entrevistados será preservada.

CASO HAJA ALGUMA DÚVIDA EM RELAÇÃO AO ROTEIRO DE ENTREVISTA PERGUNTE AO ENTREVISTADOR ANTES DE ASSINAR.

Atesto o recebimento desse termo de consentimento e estou de acordo em participar desse estudo._________________________ _____________Assinatura do entrevistado data

_________________________ _____________Assinatura do entrevistador data

* Alunas do curso de Pós-graduação em Assistência de Enfermagem ao Paciente Grave da Faculdade Salesiana de Vitória / Vitória – ES.

ANEXO 3CARTA À UNIMED

À Coordenadora Clínica do Serviço de Assistência Domiciliar Unimed VitóriaDrª Karla ToríbioAssunto: Solicitação para realização de pesquisa

Senhora coordenadora,Venho por meio desta solicitar autorização de V.Sª para desenvolver a pesquisa

intitulada: “Paciente Crítico Sob Um Outro Cuidar: Home Care”, junto aos familiares dos pacientes incluídos na modalidade de internação domiciliar.

Considero importante informar que esta pesquisa resultará num trabalho de conclusão do curso de Pós-Graduação de Assistência de Enfermagem ao Paciente Critico,

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da Faculdade Salesiana de Vitória, com possibilidade de formulação de um artigo para divulgação em revista. Para executar a pesquisa torna-se importante realização de entrevistas junto aos familiares desses pacientes de internação domiciliar.

Informo ainda que venho mantendo contato com a coordenadora de enfermagem Enfª Marianne Viana Borges e orientadora da presente pesquisa, e também com a coordenadora administrativa Nazira Daher, sobre a viabilização da pesquisa ser realizada com os usuários desta instituição, através da Assistência Domiciliar Unimed Vitória.

Esclareço que, as entrevista serão realizadas pelo próprio enfermeiro do serviço de acordo com sua disponibilidade e sem causar prejuízos ao seu atendimento. Além disso, as famílias serão esclarecidas acerca dos objetivos e deverão concordar em participar da pesquisa voluntariamente.

Nesta oportunidade, solicito também, caso seja necessário à realização da pesquisa, a autorização para identificar a instituição Unimed, na pesquisa, uma vez que a mesma possui características importantes a serem consideradas neste estudo.

Dede já, coloco-me a disposição para qualquer esclarecimento e agradeço a vossa apreciação.

Atenciosamente,

______________________________________Enf.ª Pollyana Pinto GonçalvesAluna do curso de Pós graduação de Assistência de Enfermagem ao Paciente CríticoTel: xxxxxxxxEmail [email protected]

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