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TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA
(5ª Promotoria de Justiça da Comarca de Rio Claro/SP)
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE
SÃO PAULO, por seu Promotor de Justiça da Infância e Juventude da
Comarca de Rio Claro – SP que esta subscreve, no exercício das
atribuições que lhe são conferidas por lei, com fundamento no artigo 127,
caput, e artigo 129, incisos II e III da Constituição Federal; no artigo 97,
parágrafo único da Constituição Estadual; no artigo 25, inciso IV, da Lei nº.
8.625/93; no artigo 8º da Lei nº. 7.347/85; e nos artigos 103, inciso VIII, e
104, incisos I e II, da Lei Complementar Estadual nº. 734/93, que confere ao
Ministério Público, entre outras, a incumbência da defesa da ordem jurídica,
do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
MUNICIPIO DE CORUMBATAÍ - SP,
denominado COMPROMISSÁRIO, pessoa jurídica de direito público,
inscrito no CNPJ sob nº 44.660.397.0001-13, Rua 04 n° 147, Centro, CEP
13.540-000, representado por seu Prefeito Municipal, Sr. Vicente Rigitano,
brasileiro, casado, portador da cédula de identidade RG nº 4.308.915, CPF
n° 021.969.308-06 acompanhado do Procurador Geral do Município de
Corumbataí Dr. Antonio Carlos Gregato – OAB/SP n° 30.836, que também
subscreve o presente termo, nos autos do INQUÉRITO CIVIL nº
14.0409.0003832/2013-9 em trâmite na Promotoria de Justiça da Infância e
Juventude desta Comarca de Rio Claro – SP, e
Considerando ser dever do Ministério Público
atuar para a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, para a
garantia do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade, poder socioeconômico e quaisquer outras formas de discriminação, de
forma a proteger todo e qualquer interesse ou direito titularizado por
segmentos expostos à margem do corpo social (art. 127, caput, c/c o art. 3o,
incs. I a IV; e art. 129, incs. II e III, todos da Constituição Federal);
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Considerando que compete ao Ministério Público
zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados às
crianças e aos adolescentes, promovendo as medidas judiciais e
extrajudiciais cabíveis, inclusive promovendo Inquérito Civil e Ação Civil
Pública para a proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos
relativos à infância e à adolescência (art. 201, incisos V e VIII, da Lei nº.
8.069/90);
Considerando o teor do artigo 205 da Constituição
Federal, ao dispor que “A educação, direito de todos e dever do Estado e da
família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando
ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”;
Considerando o teor do artigo 211, § 4º da
Constituição Federal ao dispor que “Na organização de seus sistemas de ensino,
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios definirão formas de
colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório”;
Considerando o teor do artigo 212, caput, da
Constituição Federal ao dispor que “A União aplicará, anualmente, nunca
menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco
por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino”;
Considerando o teor do artigo 212, § 3º da
Constituição Federal ao dispor que “A distribuição dos recursos públicos
assegurará prioridade ao atendimento das necessidades do ensino obrigatório,
no que se refere a universalização, garantia de padrão de qualidade e equidade,
nos termos do plano nacional de educação”;
Considerando que é dever da família, da sociedade
e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma
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de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão
(artigo 227, caput, CF);
Considerando a obrigação do Estado em relação
às crianças e adolescentes que “gozam de todos os direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata
esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico,
mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade”
(art. 3º, Lei n. 8.069/90); e que a “garantia de prioridade” à infância e
adolescência “compreende: primazia de receber proteção e socorro em
quaisquer circunstâncias; precedência de atendimento nos serviços públicos
ou de relevância pública; preferência na formulação e na execução das
políticas sociais públicas e destinação privilegiada de recursos públicos nas
áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude” (art. 4º.,
parágrafo único, alíneas a, b, c e d, da Lei n. 8.069/90);
Considerando que o art. 5°, da Lei n° 8.069/90
prevê punição para qualquer atentado, por ação ou omissão aos direitos
fundamentais assegurados a crianças e adolescentes pela lei e pela
Constituição Federal, em consonância com o direito à educação infantil
preconizado no art. 208, da Constituição Federal;
Considerando o art. 101 do Estatuto da Criança e
do Adolescente que dispõe sobre a matrícula e a frequência obrigatórias de
crianças e adolescentes em estabelecimento oficial de ensino fundamental
(inciso III);
Considerando, em relação aos fatos, a necessidade
de assegurar a universalização de acesso ao ensino infantil para todas as
crianças de 04 (quatro) a 05 (cinco) anos de idade até 31 de dezembro de
2016, bem como assegurar a qualidade dos sistemas municipais de educação
e do ensino público ofertado à população, com o efetivo funcionamento e
permanente capacitação dos conselhos de acompanhamento e controle social
que operam no setor e com a consistente implantação dos planos municipais
de educação; e
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Considerando a prévia promulgação da Lei
Municipal n° 1.555/2013 (estabelece o Plano Plurianual do Município para o
período 2014 a 2017) e da Lei Municipal n° 1.559/203 (estima a receita e
fixa a despesa do Município para o exercício de 2014), prevendo a existência
de recursos para o ensino infantil, porém sem a terminologia expressa de
previsão de existência recursos destinados ao Conselho Municipal de
Educação e ao Plano Municipal de Educação, na PLOA (2014) e na PLPPA
(2014/2017).
Celebram Compromisso de Ajustamento de
Conduta nos seguintes termos:
I. Das obrigações
O COMPROMISSÁRIO assume as seguintes
obrigações:
I.I. assegurar a universalização do acesso ao ensino
infantil para todas as crianças de quatro a cinco anos de idade até 31 de
dezembro de 2016;
I.II. assegurar a qualidade dos sistemas municipais de
educação e do ensino público ofertado à população;
I.III. assegurar a previsão no orçamento do Município
de recursos destinados à educação infantil;
I.IV. assegurar o adequado aparelhamento do
Conselho Municipal de Educação no exercício de suas funções, prevendo, para
tanto, a existência de recursos no PLOA – Projeto de Lei de Orçamento Anual
para 2015 e no PLPPA – Projeto de Lei de Plano Plurianual relativo aos
períodos de 2018/2021 e posteriores; e
I.V. assegurar a tramitação e a efetiva execução do
Plano Municipal de Educação, prevendo, para tanto, a existência de recursos no
PLOA – Projeto de Lei de Orçamento Anual para 2015 e no PLPPA – Projeto de
Lei de Plano Plurianual relativo aos períodos de 2018/2021 e posteriores.
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II. Dos prazos para cumprimento das obrigações
O COMPROMISSÁRIO deverá cumprir as suas
obrigações, a exceção das previstas nos prazos dos subitens I.IV e I.V do
item I, todas as demais do item I até o dia 31 de dezembro de 2016,
comunicando o Ministério Público Estadual ao término dos respectivos
prazos, encaminhando, para tanto, cópias do PLOA e PLPPA e demais
informações pertinentes.
III. Das sanções civis para o caso de
descumprimento do ajuste
O descumprimento de quaisquer das obrigações e
prazos constantes do presente compromisso sujeitará o
COMPROMISSÁRIO, a título de cláusula penal, ao pagamento de multa
diária no importe de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), exigível enquanto
perdurar a violação, mediante fiscalização por parte do próprio membro do
Ministério Público (por meio de constatação direta ou por resposta a ofícios
para tanto expedidos), cujo valor será atualizado de acordo com índice
oficial, desde o dia de cada prática infracional até efetivo desembolso, sem
prejuízo de eventual ajuizamento de ação executiva específica para cobrar-se
o fiel cumprimento das obrigações, caso não respeitados as formas e os
prazos previstos neste compromisso, na forma estatuída no parágrafo 6º, do
artigo 5º, da Lei Federal nº 7.347, de 24 de julho de 1985, artigo 84, do
Código de Defesa do Consumidor, 461 e 730, ambos do Código de Processo
Civil.
IV. Do início de vigência do presente ajuste
a) Este ajuste somente produzirá efeitos legais a
partir de sua homologação pelo E. Conselho Superior do Ministério Público,
conforme previsto no artigo 112, parágrafo único da Lei Estadual n. 734/93.
b) Após a homologação e baixa dos autos à
Promotoria de Justiça o COMPROMISSÁRIO será cientificado pelo
Ministério Público por oficio, do início de vigência do presente ajuste, bem
como dos prazos a serem observados.
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V. Disposições Finais
a) Fica consignado que os valores eventualmente
desembolsados a título de cláusula penal deverão ser revertidos em benefício
do FUNDO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE (FMDCA), de que tratam a Lei Federal nº 8.069/90
(artigos 88, IV, 214, 260, §§ 2o e 4
o) e a Lei Municipal que criou tal fundo;
b) As questões decorrentes deste compromisso
serão dirimidas no Foro da Comarca de Rio Claro/SP, local em que está
sendo firmado o presente ajuste.
E, por estarem assim de acordo, firmam o presente
compromisso que vai por todos assinado.
Rio Claro, 09 de dezembro de 2013.
SR. VICENTE RIGITANO
PREFEITO DO MUNICÍPIO DE CORUMBATAÍ/SP.
Dr. ANTONIO CARLOS GREGATO
PROCURADOR GERAL MUNICIPAL
OAB/SP nº 30836
GILBERTO PORTO CAMARGO
PROMOTOR DE JUSTIÇA
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