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TÓPICOS DESTACADOS DE DIREITO – TDD
Coordenador de disciplina: Ten Cel PM Paulo C. de Carvalho
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UNIDADE 3
DOS CRIMES MILITARES
Objetivos de aprendizagem
▪ Definir crime militar e relacionar os critérios e as circunstâncias que o caracterizam.
▪ Reconhecer e compreender os principais tipos penais previstos no Código Penal Militar,
contextualizados para as Instituições Militares Estaduais
▪ Identificar a competência e organização da Justiça Militar, com ênfase nas alterações
promovidas pela Emenda Constitucional nº 45/2004 já Justiça Militar Estadual.
Seções de estudo
Seção 1 – Do conceito de crime militar
Seção 2 – Da composição da Justiça Militar e das penas
Seção 3 – Dos crimes militares
Para início de estudo
A Unidade 3 trata dos crimes militares, pois além das infrações penais comuns, os militares
estão sujeitos ao Código Penal Militar e ao processo penal militar, havendo a Justiça Militar
para julgar os crimes militares, quer no âmbito das Forças Armadas, ou das corporações
militares estaduais.
Na presente Unidade vamos debater as situações em que o crime é considerado militar e
suas diferenças com o crime comum.
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A presente unidade está dividida em 03 três (seções): na primeira encontramos os
conceitos básicos sobre o crime militar; na segunda, a composição da Justiça Militar e as
penas previstas; e, finalmente, a terceira com os principais tipos penais militares.
Leia com atenção as seções e, caso tenha dificuldades, não hesite em fazer contato como
seu professor por meio da ferramenta virtual adequada.
Seção 1 - Do conceito de crime militar
A atual Constituição Federal determina que “à justiça militar compete processar e julgar
os crimes militares definidos em lei” (artigo 124). Conseqüentemente, os demais crimes
(não-militares) são da Justiça Comum. Crime militar é o que a lei define como tal. Ou seja,
o critério utilizado para denominar crime militar é o ratione legis, pois só haverá crime
militar quando houver previsão legal na legislação penal militar. Desta forma, o Código
Penal Militar (CPM) estabelece as seguintes circunstâncias em que um fato é
considerado como crime militar:
1º) Tipicidade;
2º) Antijuricidade;
3º) E ainda, o seguinte:
- Militar da ativa contra militar da ativa; OU,
- Militar da ativa em lugar sujeito a administração militar, contra
militar da reserva, ou reformado, ou civil; OU,
- Militar da ativa em serviço ou atuando em razão da função, ainda
que fora da administração militar, contra militar da reserva,
reformado, ou civil; OU,
- Militar da ativa contra patrimônio sob administração militar, ou
a ordem administrativa; OU,
- Militar da reserva, ou reformado, ou civil, contra as instituições
militares: 1) - contra patrimônio sob administração militar; 2) -
contra ordem administrativa; em lugar sujeito à administração
militar contra militar da ativa no exercício da função; 3) - contra
militar em formatura, ou durante o período de prontidão,
vigilância, observação, exercício, acampamento, manobras; 4) –
ou ainda que fora da administração militar, contra militar em
função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de
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vigilância, garantia e preservação da ordem pública,
administrativa ou judiciária.
Passemos a explicação dos principais itens para configuração de crime militar.
O que vem a ser tipicidade?
A tipicidade consiste na previsão legal da conduta criminosa (art. 9º, I, do Código Penal
Militar). Isto é, só pode haver crime militar quando está previsto na legislação penal
militar.
O fato de militares estarem reunidos agindo contra ordem recebida
de superior constitui um crime militar, pois vem previsto no artigo 149 do
Código Penal Militar (Crime de Motim) .
Já o fato de não prestar continência não constitui crime militar, pois não há previsão legal
no Código Penal Militar. Neste caso, é uma transgressão disciplinar, nos termos do artigo
19, do CPM: “Este Código não compreende as infrações dos regulamentos disciplinares.”
E a antijuricidade?
O antijurídico é o contrário ao direito, uma vez que existem situações de excludente de
ilicitude, como por exemplo:
1) em estado de Necessidade;
2) em legítima defesa
3) em estrito cumprimento do dever legal;
4) em exercício regular do direito.
Um militar da ativa que venha a tirar a vida de um companheiro de
farda em legítima defesa própria, apesar de ter praticado um ato previsto em lei
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(homicídio - art 205 do Código Penal Militar), a sua conduta foi legítima
(justa) na defesa da própria vida, conforme previsto no Art. 42, II, do Código
Penal Militar.
Então, em quais circunstâncias ocorre o crime militar?
Além da tipicidade e da antijuricidade, cabe ressaltar que para a existência de crime
militar, necessita ainda da conjugação de uma das seguintes hipótese:
1) Militar da ativa contra militar da ativa.
Um PM que agredir outro PM com um soco no olho, causando
cegueira, mesmo estando fora de serviço e o assunto não seja atinente ao
serviço.
Vê-se que do exemplo acima é crime militar, pois: a) o fato está previsto na Lei Penal
Militar (art. 209, CPM); b) não foi cometido em estado de necessidade, legitima defesa,
exercício regular do direito e estrito cumprimento do dever legal; c) Militar da ativa contra
militar da ativa.
2) Militar da ativa em lugar sujeito a administração militar, contra militar da reserva, ou
reformado, ou civil.
Um PM no quartel da Polícia Militar resolve agredir um civil que
foi pedir informações sobre notificação de trânsito, causando-lhe lesões
corporais.
Também é crime militar, eis que: a) o fato está previsto na Lei Penal Militar (art. 209); b)
não foi cometido em estado de necessidade, legítima defesa, exercício regular do direito e
estrito cumprimento do dever legal; c) Militar da ativa, em quartel da polícia militar contra
civil.
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3) Militar da ativa em serviço ou atuando em razão da função, ainda que fora da
administração militar, contra militar da reserva, reformado, ou civil
“COMPETÊNCIA. POLICIAL MILITAR EM SERVIÇO.
CRIME CONTRA CIVIL. Crime militar cometido por Policial Militar da
ativa, em serviço de patrulhamento, contra civil (CPM, arts. 9º, II, «c», e
210). É competente, para o julgamento, a Justiça Militar Estadual, de acordo
com o CF/88, art. 125, § 4º.” (STF, Rec. Ext. Crim. 135195-1, RS, Rel: Min.
Octávio Gallotti, Fonte: Banco de Dados da Juruá).
........................................................................................................
“O Policial Militar está em disponibilidade para o serviço as 24 horas por
dia. O estar fardado não importa. Se na sua intervenção se deu em
decorrência de sua função Policial Militar, o crime é em serviço e, portanto,
militar. Mesmo decorrido longo lapso de tempo, permanecem-se os vestígios
e as seqüelas das lesões, é válido o auto de corpo de delito.”
(TJM/MG, Ap. 1826, MG, Rel: Juiz Jair Cançado Coutinho, Julg. em
15/10/91, Fonte: Banco de Dados da Juruá)
.............................................................................................................
“Compete à Justiça Militar o julgamento de policial militar que, em
policiamento preventivo, colidiu a viatura militar com uma bicicleta,
provocando lesões corporais em civil, conforme dispõe a alínea c, do inciso
II, do art. 9º, do CPM (que considera como crime militar aquele praticado
por militar em serviço ou atuando em razão da função, ainda que fora do
lugar sujeito a administração militar, contra civil). Com esse entendimento, a
Turma, por maioria, deu provimento a recurso e xtraordinár io para
reconhecer a competência da Justiça Militar, vencidos os Ministros
Maurício Corrêa, relator, e Carlos Velloso que, confirmando o acórdão
proferido pelo STJ em conflito de competência, declaravam a competência
da Justiça Comum. RE 146.8 16-SP, rel. orig. Min. Maurício Corrêa, red. p/
acórdão Min. Nelson Jobim, 6.4.99.”
Nos exemplos acima, há crimes militares praticados em serviço ou em razão do serviço
policial milita e, portanto, a incidência do Código Penal Militar.
4) Militar da ativa contra patrimônio sob administração militar, ou a ordem
administrativa.
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Um Policial Militar que se apropria para uso próprio de um
revólver 38 da Policia Militar, entregue a ele para tirar policiamento
ostensivo.
É crime militar, uma vez que: a) o fato está previsto no Código Penal Militar (art. 303 –
Peculato) b) não foi cometido em estado de necessidade, legítima defesa, exercício regular
do direito e estrito cumprimento do dever legal; c) Militar da Ativa contra o patrimônio da
Polícia Militar.
E ainda,
“COMPETÊNCIA. CRIME MILITAR DE ÍNDOLE FEDERAL
PRATICADO POR POLICIAL MILITAR. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
MILITAR DA UNIÃO. Policial militar que responde a processo, em co-
autoria, por tentativa de roubo de armamento perpetrado contra sentinela de
Quartel do Exército, resultando, do incidente, ferimentos no servidor militar
da União, provocados por arma de fogo. A competência da Justiça Militar da
União alcança as condutas militarmente criminosas que afetem as
instituições militares, sejam quais forem os agentes, inclusive Policial
Militar, como ocorreu no caso em tela. Rejeitados os embargos opostos pela
defesa para manter íntegro o acórdão que reconheceu a competência da
Justiça Militar da União, a teor do CPM, art. 9º, III, «b». Decisão
majoritária.” (STM, Embs. 6277-0, PE, Rel: Min. Antônio Carlos de
Nogueira, D.J. 20/09/96, Fonte: Banco de Dados da Juruá)
5) Militar da reserva ou reformado, ou civil tenha praticado o crime contra as
instituições militares, patrimônio sob administração militar, ordem administrativa
"Considerando que o militar da reserva, ou reformado, só comete
crime militar quando o ato delituoso for praticado contra as instituições
militares (CPM, art. 9º, III), a Turma deferiu habeas corpus em favor de
soldado da reserva, acusado da prática dos crimes de desobediência e
desacato contra cabo da polícia militar que se encontrava no exercício de
atividade de policiamento preventivo civil, para, declarando a incompetência
da justiça militar estadual, trancar a ação penal que perante ela tramita contra
o paciente, já que a atividade desenvolvida pelo soldado não se caracterizava
como serviço de natureza militar.” Precedente citado: HC 72.022-PR (DJU
de 28.4.95). HC 75.988-RS, rel. Min. Moreira Alves, 25.11.97.
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Você sabia?
Existem situações acima demonstradas, que não são considerados crimes
militares? Vejamos quais são:
a) Crimes Dolosos contra a Vida Praticados contra Civil
Após a edição da Lei nº 9.299, de 07 de 08 de 1996, (que incluiu o parágrafo único no
artigo 9º, do Código Penal Militar) os crimes dolosos contra a vida de um civil (homicídio
– art. 205; genocídio – art. 208), são processados e julgados pela Justiça Comum: quer o
Militar esteja de serviço ou não; quer o Militar utilize ou não armamento das Forças
Armadas ou da Polícia Militar.
Em qualquer hipótese, o Militar será processado e julgado pela Justiça Comum (Tribunal
de Júri), conforme transcrições abaixo do Código Penal Militar e do Código de Processo
Penal Militar:
Do Código Penal Militar:
“Art. 9º .........................................
Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a
vida e cometidos contra civil, serão da competência da Justiça Comum.”
Do Código de Processo Penal Militar:
“Art. 82. O foro militar é especial, e, exceto nos crimes dolosos contra a vida
praticados contra civil, a ele estão sujeitos em tempo de paz: (Redação dada ao
"caput" pela Lei nº 9.299, de 07.08.96)
[...]
§ 2º. Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a Justiça Militar
encaminhará os autos do inquérito policial militar à justiça comum.”
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.299, de 07.08.96, renumerando-se o
parágrafo único para § 1º).
“COMPETÊNCIA. JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL E
JUSTIÇA ESTADUAL COMUM. AÇÃO PENAL EM CURSO. LEI
9.299/96. APLICAÇÃO IMEDIATA. Os crimes previstos no CPM, art. 9º,
quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil, são da competência da
Justiça Comum (Lei 9.299/96). E, por força do princípio da aplicação imediata
da lei processual (CPP, art. 2º), afasta-se a competência da Justiça Militar para
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processar e julgar a ação penal em curso. Conflito conhecido para declarar
competente o MM. Juiz de Direito da Vara do Júri. (CC 17.665-SP).” (STJ,
Confl. Comp. 17665/96, SP, Rel: Min. José Arnaldo da Fonseca, Fonte: Banco
de Dados da Juruá)
O simples uso de arma da Corporação Militar para a prática de
algum crime, já basta para caracterizar um crime militar?
Não, o simples uso da arma da Corporação Militar para prática de algum crime, não
configura crime militar.
O Policial Militar que usa a arma da Polícia Militar, fora de serviço
e por motivo particular (como cobrar dívidas de aluguel) contra civil, causando-
lhe lesões corporais, será processado e julgado pela Justiça Comum, pois
praticou crime comum.
b) Crime de Fuga de Preso em Estabelecimento Penal da Justiça Comum
Compete ainda, à Justiça Comum processar e julgar crimes de facilitação de fuga de preso
praticado por policiais militares em estabelecimento penal da Justiça Comum, conforme a
Súmula 75 do Superior Tribunal de Justiça, que reza: “Compete à Justiça Comum
Estadual processar e julgar o policial militar por crime de promover ou facilitar a fuga de
preso de Estabelecimento Penal.”
“Decidiu o Plenário do STF que a competência da Justiça Militar,
estabelecida na CF, art. 144, § 1º alínea d, não se trata de competência definida
por mera prerrogativa de função. Se o crime não for militar, o policial militar
será processado e julgado pela Justiça Comum. Policial militar processado por
crime de facilitação na fuga de preso, na modalidade culposa. Código Penal, art.
351, § 4º, Código Penal Militar, art. 179. Compreensão do crime militar.
Código Penal Militar, art. 9º. Crime de facilitação de fuga de pessoa legalmente
presa compreende-se na lei penal comum (CP, art. 351, § 4º), entre os crimes
contra a administração da Justiça. Não se trata, assim, de crime praticado
contra a pessoa, mas sim contra a administração pública. Embora a conduta
imputada ao policial militar esteja prevista, também, no Código Penal Militar, é
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necessário que ocorra uma das hipóteses do art. 9º, desse diploma criminal, sem
o que não há delito militar, em tempo de paz. No caso, a fuga do preso
aconteceu de uma Cadeia Pública, submetida à administração civil do Estado, e
não de estabelecimento sujeito a administração da Polícia Militar do Estado.
Não se caracteriza, dessa maneira, o crime como um detrimento da ordem
administrativa militar, única situação em que se poderia enquadrar no art. 9º, II,
letra e, in fine, do Código Penal Militar. Conflito de jurisdição conhecido, para
declarar-se a competência da Justiça Comum.” (CJ 6.395-4 – MG – Rel. Min.
Néri da Silveira – j. 09-03-83 – DJU 08-06-84)
c) Crimes de Abuso de Autoridade e de Aborto
Finalmente, o Crime de Abuso de Autoridade e o Crime de Aborto, porque são crimes
previstos apenas na lei penal comum, sem previsão legal no Código Penal Militar e,
portanto, de competência da Justiça Comum.
“Decidiu a 1ª Seção do TRF que o crime de abuso de autoridade
(Lei nº 4898/65), mesmo quando praticado por policial militar no exercício de
policiamento civil, insere-se na competência da Justiça Ordinária estadual.”
(MG – j. 13-04-83 – DJU 23-06-83)
.......................................................
“Processual Penal - competência – policial militar – Crime de abuso de
autoridade – lei 4.898/65 – Art. 4º, letra a – I. Não previsto o crime no Código
Penal Militar, mas na legislação comum, e embora praticado por Policial
Militar, no exercício de função civil, a competência é da Justiça Estadual e não
da Justiça Militar.” (SIP 01/85)
Considerações da seção
Após as considerações sobre o conceito de crime militar, vamos estudar (na seqüência) a
composição da Justiça Militar e as penas previstas no Código Penal Militar, pois é a Justiça
Militar que irá processar e julgar os crimes militares, aplicando as penas previstas.
Para tanto, vocês irão verificar que existe a Justiça Militar Estadual para julgar os militares
estaduais e a Justiça Militar Federal para os integrantes das Forças Armadas.
Agora, é só acompanhar a próxima seção do nosso aprendizado.
Bons estudos
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Seção 2 - Da composição da Justiça Militar e das penas
A Justiça Militar (Federal - para militares das Forças Armadas e civis, e a Estadual - para
policiais-militares e bombeiros-militares) pertence ao Poder Judiciário (Federal e Estadual,
respectivamente) e é formada por Auditorias de Justiça Militar (Federal e Estadual).
Qual é a composição da Justiça Militar Federal?
A Justiça Militar Federal tem como órgãos o Superior Tribunal Militar e as Auditorias de
Justiça Militar, estas formadas pelos Conselhos de Justiça (órgãos de 1º grau de jurisdição).
Para a justiça Militar Federal, o território nacional é dividido em
regiões?
Sim, o território nacional é dividido em 12 regiões, e cada região com uma sede da
Auditoria da Justiça Militar Federal. Por sua vez, a Auditoria é composta pelos Conselhos
de Justiça, abrangendo: 1ª – RJ e ES; 2ª – SP; 3ª – RS; 4ª – MG; 5ª – PR e SC; 6ª – BA e
SE; 7ª – PE, PB, RN, AL; 8ª – PA, MA, AP; 9ª – MT e MS; 10ª – CE e PI; 11ª – DF, GO e
TO; 12ª – AM, AC, RO, RR.
E, tem por jurisdição processar e julgar crimes militares definidos em lei. O Superior
Tribunal Militar, com sede no Distrito Federal, tem competência sobre todo o território
nacional; compõe-se de quinze ministros, todos brasileiros (natos ou naturalizados). A
nomeação é feita por escolha do Presidente da República, após aprovação pelo Senado
Federal, sendo dez militares (das três armas) e cinco civis (dois dos quais entre auditores e
membros do Ministério Público).
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A jurisdição inferior (1º grau) é exercida pelos Conselhos de Justiça Militar (órgãos
colegiados), que são de duas categorias: Conselho Especial de Justiça (para julgar oficiais)
e o Conselho Permanente de Justiça (para julgar os praças). São compostos por quatro
(sorteados) e um juiz vitalício (togado), este concursado.
Qual a região da Justiça Militar Federal que abrange o Estado de
Santa Catrina?
O Estado de Santa Catarina está ligado a 5º região, cuja sede da Auditoria está na cidade de
Curitiba, Paraná.
Em síntese, temos o seguinte:
JUSTIÇA MILITAR (FEDERAL)
|
AUDITORIA
(Santa Catarina e Paraná a sede da Auditoria fica em CURITIBA)
____________|____________
| |
Conselho Especial de Justiça Conselho Permanente de Justiça
(Processar e Julgar Oficiais) (Processar e Julgar Praças)
Qual a composição da Justiça Militar Estadual?
No Estado de Santa Catarina, há a Auditoria de Justiça Militar Estadual destinada a
processar e julgar policiais militares e bombeiros militares que vierem a cometer crimes
militares e, ainda, as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a
competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre
a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
A Auditoria da Justiça Militar Estadual é composta pelo Juiz de Direito do Juízo Militar e
pelos Conselhos de Justiça (Especial e Permanente), que competem:
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a) Juiz de Direito do Juízo Militar processar e julgar, singularmente, os crimes
militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares
militares;
b) Conselho Especial de Justiça – formado por 01 (um) Juiz-Auditor e mais 04
(quatro) juízes militares – com finalidade de processar e julgar Oficiais que
cometeram crimes militares;
c) Conselho Permanente de Justiça – formado por 01 (um) Juiz-Auditor e mais 04
(quatro) juízes militares – com finalidade de processar e julgar os Praças que
cometeram crimes militares.
Você sabia?
Os oficiais militares que compõem os Conselhos são sorteados pelo Juiz-
Auditor e ficam à disposição do Poder Judiciário.
E que a sede da Justiça Militar do Estado de Santa Catarina fica na cidade de
Florianópolis? Pois é..
O que a Emenda Constitucional nº 45/2004 trouxe para a Justiça
Militar Estadual?
A Emenda Constitucional Nº45/2004 ampliou a competência da Justiça Castrense Estadual,
pois passou deter também jurisdição de natureza civil, consubstanciada na competência
para processar e julgar as ações judiciais contra atos disciplinares militares, as quais eram
entregues à Justiça Comum.
Em síntese, temos o seguinte:
JUSTIÇA MILITAR (ESTADUAL)
|
AUDITORIA
(FLORIANÓPOLIS)
__________________________________________________
| | |
Conselho Especial de Justiça Conselho Permanente de Justiça Juiz Direito Militar
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(Processar e Julgar Oficiais) (Processar e Julgar Praças)
Você sabia?
Os CIVIS nunca poderão ser processados e julgados pela JUSTIÇA
MILITAR ESTADUAL, pois a Constituição Federal no seu artigo 125, § 4º,
determinou que a JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL só poderá processar e
julgar policiais militares e bombeiros militares? Ficam de fora, portanto, os
civis dos bancos dos réus na Justiça Militar Estadual.
Um civil é surpreendido usando, indevidamente, uniforme de
policial-militar, a que não tenha direito. Tratando-se de uniforme da Polícia
Militar, o fato seria previsto no artigo 172 do Código Penal Militar, que reza:
“Art. 172 Usar indevidamente, uniforme, distintivo ou insígnia militar a que
não tenha direito.”
No entanto, como se trata de civil usando uniforme da Polícia Militar, o fato
passa a ser apreciado pela Justiça Comum, pois tal conduta é considerada
Contravenção Penal, prevista no artigo 46:
“Art. 46 Usar, publicamente, de uniforme, ou distintivo de função pública que
não exerce; usar, indevidamente, de sinal, distintivo ou denominação cujo
emprego seja regulado por lei.”
Vê-se que o tratamento quando o civil vem usar o uniforme de militar das Forças Armadas,
pois neste caso o civil responde perante a JUSTIÇA MILITAR FEDERAL pela prática do
crime do artigo 172 do Código Penal Militar, o que não ocorre na Justiça Militar Estadual.
Quais são as penas previstas no Código Penal Militar?
Ora, para responder a questão, primeiro há que ressaltar que pena é a sanção imposta pelo
Estado, através do Poder Judiciário e mediante um processo criminal, ao autor de infração
penal, como retribuição de seu ato ilícito e prevenção para que outros não cometam o
crime. O Código Penal Militar classifica as penas em:
1) Penas Principais;
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2) E Penas Acessórias.
Por sua vez, as Penas Principais estão classificadas em: a) morte; b) reclusão; c) detenção;
d) prisão; e) impedimento; f) suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função;
g) reforma.
Ou seja:
a) A pena de morte – é aplicada em caso de guerra declarada (art. 5º, inciso XLVII da
Constituição Federal) e será executada por fuzilamento (art. 56 do Código Penal
Militar)
b) A pena de reclusão – Em regra é aplicada ao criminoso que tenha sido condenado a
pena superior de 02 (dois) anos. Neste Caso a pena deve ser cumprida em
estabelecimento prisional militar, e , na falta deste, em estabelecimento prisional civil.
c) A pena de detenção – Em regra é aplicada ao criminoso que tenha sido condenado a
pena superior a 02 dois anos, contudo seu cumprimento se dá em estabelecimento
agrícola, ou similar.
d) A pena de prisão – resulta da conversão das penas de detenção e de reclusão até 02
(dois) anos, quando não foi possível conceder o SURSIS (Suspensão Condicional da
Pena). A pena de prisão é cumprida em Quartel Militar.
e) A pena de impedimento – é aplicada nos delitos de insubmissão (Art. 183 do Código
Penal Militar) – só ocorre nas Forças Armadas. Sujeita o condenado a permanecer no
recinto da unidade, sem prejuízo da instrução militar.
Crime de Insubmissão
“Art. 183 Deixar de apresentar-se o convocado à incorporação, dentro do
prazo que lhe foi marcado, ou, apresentado-se, ausentar-se antes di ato oficial
de incorporação
Pena – impedimento, de três meses a um ano.”
f) A pena de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função – consiste
na agregação, no afastamento, no licenciamento ou na disponibilidade do condenado,
pelo tempo fixado na sentença, sem prejuízos de seu comparecimento regular à sede do
serviço. Por exemplo no crime de “exercício de comércio por oficial” (art 204 do
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Código Penal Militar) e “inobservância de lei, regulamento ou instrução” (art. 324 do
Código Penal Militar.
g) A pena de Reforma – “sujeita o condenado a situação de inatividade, não podendo
perceber mais de um vinte e cinco avos do soldo, por ano de serviço, nem importância
superior a do soldo” (artigo 65 do Código Penal Militar). Por exemplo, está prevista no
artigo 266 do Código Penal Militar, como modalidade alternativa ou cumulativa, se o
agente é oficial.
Já as penas acessórias estão classificadas em: Perda do posto e patente; Indignidade
para o Oficialato; Incompatibilidade para o Oficialato; A incompatibilidade com o
Oficialato; Exclusão das Forças Armadas; Perda da função pública; Inabilitação para o
exercício de função pública; Suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela; Suspensão dos
direitos políticos. As penas acessórias em regra se apresentam anexadas a uma pena
principal.
Considerações da seção
Nesta seção estudamos a composição da Justiça Militar Federal e Estadual, com suas
características próprias, cujos órgãos judiciários processam e julgam os crimes militares.
Vimos também que o civil não pode responder perante a Justiça Militar Estadual, devendo
sentar no banco dos réus somente quando vier praticar crime militar contra as Forças
Armadas.
Que há Conselhos de Justiça para julgamento dos Oficiais e das Praças, os reflexos da
Emenda Constitucional nº 45/2004 sobre a Justiça Militar e, finalmente, as penas previstas
no Código Penal Militar, a exemplo da pena de morte (somente nos casos de guerra
declarada, conforme a Constituição Federal) que é realizada por fuzilamento.
Interessante? Então, vamos à próxima seção?
Seção 3 - Dos crimes militares
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Nesta seção vamos estudar os crimes militares em tempo de paz. Isso porque, o Código
Penal Militar é dividido em “Crimes em Tempo de Paz” e “Crimes em Tempo de Guerra”.
É claro que para os nossos estudos, o que importa são os crimes em tempo de paz e, por
isso, vamos a eles!!
O que é motim?
O crime de Motim está previsto no artigo 149, do Código Penal Militar, e é um crime
cometido por pessoas reunidas, conforme podem observar abaixo.
“Art. 149 Reunirem-se militares:
I- agindo contra ordem recebida do superior, ou negando-se a cumpri-la;
A tropa não cumpre ordem do superior no sentido de entrar em
forma para o rancho.
II- recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou
praticando violência;
A tropa não cumpre ordem do superior no sentido de entrar em
forma para o rancho, usando da violência (tapas, empurrões) e provocando
desordens).
III- assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou
violência, em comum, contra superior.
Determinada tropa em comum acordo, entende em não cumprir
a ordem de seu superior, seja através da violência ou resistência).
IV- ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar,
ou dependência de qualquer deles, hangar, aeródromo ou aeronave,
navio ou viatura militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou
meio de transporte, para ação militar, ou prática de violência, em
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desobediência a ordem superior ou em detrimento da ordem ou da
disciplina militar.”
A tropa desobedecendo a ordem de superior e consequentemente
em detrimento da ordem ou da disciplina militar, visando a ação militar ou
prática de violência, ocupa diversos locais de natureza militar ou meios de
transporte).
Qual a pena para o Motim?
A pena é de reclusão, de quatro a oito anos, com aumento de um terço para os cabeças. Ou
seja, os líderes.
E o que vem a ser crime de revolta?
O crime de revolta acontece nas mesmas situações anteriores, contudo os agentes utilizam
da arma de fogo, conforme se transcreve: “Art. 149 [...] Parágrafo único. Se os agentes
estavam armados. Pena: Reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de um terço para os
cabeças.”
A organizaçaõ de grupo para a prática de violência, também é
crime?
Sim, conforme o artigo 150, do Código Penal Militar, que reza: “Art. 150 Reunirem-se
dois ou mais militares, com armamento ou material bélico, de propriedade militar,
praticando violência à pessoa ou à coisa pública ou particular em lugar sujeito ou não à
administração militar. Pena Reclusão, de quatro a oito anos.”
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dois policiais-militares de serviço e armados com revólveres da
Polícia Militar resolvem atirar contra veículos que passam na via pública.
Existem outros crimes relacionados com o Motim?
Sim, o Código Penal Militar prevê outros crimes relacionados com o de Motim, quais
sejam:
A OMISSÃO DE LEALDADE MILITAR, previsto no artigo 151, que consiste em
“Deixar o militar de levar ao conhecimento do superior o motim ou revolta de cuja
preparação teve notícia, ou, estando presente ao ato criminoso, não usar de todos os meios
ao seu alcance para impedi-lo”, com pena de “Reclusão, de três a cinco anos.”
Ou seja, o militar que ciente da preparação do motim ou da revolta, deixa de comunicar seu
superior a respeito e, ainda, o militar, estando presente no ato criminoso de preparação do
motim ou da revolta, deixa de impedir a preparação.
E a CONSPIRAÇÃO, nos termos do artigo 152, que estabelece: “Art. 152 . Concertarem-
se militares para a prática do crime previsto no art. 149. Pena –Reclusão , de três a cinco
anos.”
No caso, concertar significa pactuar, ajustar, combinar e, portanto, já é crime o simples fato
de dois ou mais militares estarem reunidos para ajustarem e combinarem a prática do crime
de motim ou de revolta.
O que é incitamento?
O incitamento à desobediência vem previsto no artigo 155, do Código Penal Militar, que
reza o seguinte: “Art. 155. Incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime
militar: Pena – Reclusão, de dois a quatro anos. Parágrafo único. Na mesma pena incorre
quem introduz, afixa ou distribui, em lugar sujeito à administração militar, impressos,
manuscritos, ou material mimeografado, fotocopiado ou gravado, em que se contenha
incitamento à prática dos atos previstos no sentido.”
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Incitar significa açular, excitar, provocar; é incitar à revolta, à desobediência.
O policial militar que provoca, que grita com os seus companheiro,
a fim de que eles desobedeçam uma ordem de superior, ou para provocar
desordens, indisciplinas, ou prática de qualquer crime militar.
Já no parágrafo único, encontramos formas de propaganda subversiva, em que o agente
emprega diversos meios de comunicação para a prática do incitamento, da provocação, etc..
Outro crime relacionado, é o de fazer APOLOGIA DE FATO CRIMINOSO OU DO
SEU AUTOR, consubstanciado no artigo 156, do Código Penal Militar, que prevê: “Art.
156 Fazer apologia de fato que a lei militar considere crime, ou do autor do mesmo, em
lugar sujeito à administração militar. Pena – Detenção, de seis meses a um ano.”
Ora, fazer apologia é elogiar, louvar, defender .
O militar, em lugar sujeito à administração militar, destacamento,
companhia, batalhão, regimento, etc, elogia o crime militar, ou seu autor,
através de palavras, gestos, escritos ou qualquer outro meio de comunicação.
Violência contra superior é crime militar?
Sim, é crime previsto no artigo 157, do Código Penal Militar, a saber: “Art. 157 Praticar
violência contra superior Pena Detenção, de três meses a dois anos. § 1º. Se o superior é
comandante da unidade a que pertence o agente, ou oficial general: Pena – reclusão, de
três a nove anos. § 2º. Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um
terço. § 3º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a
do crime contra pessoa.§ 4º Se da violência resulta morte: Pena – Reclusão, de onze a
trinta anos. § 5º. A pena é aumentada da Sexta parte, se o crime ocorre em serviço.”
O crime versa da agressão praticada pelo militar contra seu superior hierárquico ou contra
militar que estiver exercendo determinadas funções regulamentares.
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A violência quer dizer a violência física, consistente em tapas, empurrões, rasgar roupas,
puxões de orelha, pontapés e socos que podem ou não provocar lesões corporais.
Se da violência resultar lesão corporal ou morte, o agente responderá pela violência contra
superior e ainda pela lesão corporal causada, ou pela morte. Serão duas penas cumulativas.
“VIOLÊNCIA CONTRA SUPERIOR. CPM, ART. 157. DELITO
CONFIGURADO. Militar da ativa que, de férias e à paisana, adentra-se no
Quartel, com visíveis sintomas de embriaguez alcoólica, e investe contra
superior hierárquico a socos, incide na reprimenda do delito em que foi
enquadrado. Apelo da defesa improvido. Decisão unânime.” (TJM/RS, Ap.
Crim. 2420/91, RS, Rel: Juiz Eduardo Tulio S. Barcellos, Fonte: Banco de
Dados da Juruá)
E a violência contra militar de serviço também é crime militar?
Sim, pelo artigo 158, do Código Penal Militar, consiste em “Praticar violência contra
oficial de dia, de serviço, ou de quarto, ou contra sentinela, vigia ou plantão: Pena –
Reclusão, de três a oito anos”
Para a configuração do crime previsto neste artigo, o agente deve praticar o crime contra:
a) Oficial quando este estiver no exercício da função de oficial de dia, serviço, ou
de quarto;
b) Praça quando este estiver no exercício das funções de sentinela, vigia ou
plantão.
A violência quer dizer a violência física, consistente em tapas, empurrões, rasgar roupas,
puxões de orelha, pontapés e socos que podem ou não provocar lesões corporais.
Desrespeito ao superior é crime?
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Pelo artigo 160, do Código Penal Militar, é crime “Desrespeitar superior diante de outro
militar”, com “Pena – detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime
mais grave.”
Desrespeitar significa faltar ao respeito, perturbar. Por exemplo, o militar que falta com o
devido respeito com o seu superior, com um gesto, uma palavra, uma atitude. Uma palavra
crítica, ou de menosprezo pode configurar ofensa a autoridade superior.
Recusar obediência, ou seja a insubordinação tem previsão no
Código penal Militar?
O artigo 163 é categórico: “Recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou
matéria de serviço, ou relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução:
Pena – Detenção, de um a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave.”
O militar nega-se a acatar a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço.
A ordem pode ser transmitida:
a) diretamente pelo superior ou através de outros militares;
b) verbal, por escrito, por sinal, etc..
Ou ainda, o militar que desobedece dever imposto em lei, regulamento ou
instrução.
O Sargento comandante da guarda no quartel que não cumprir suas
atribuições condensadas no Regulamento Interno de Serviços Gerais.
Existem crimes de violência contra o inferior?
O Código Penal Militar fez previsão de crimes praticados contra inferior, constante no
artigo 175, que consiste em “Praticar violência contra inferior Pena – Detenção, de três
meses a um ano. Parágrafo único . Se da violência resulta lesão corporal ou morte é
também aplicada a pena do crime contra a pessoa.”
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No caso o superior agride o subordinado ou inferior com tapas, pontapés, empurrões,
bofetadas. É o ato violento contra a pessoa, sem deixar lesões corporais.
Se da violência resultar lesão corporal ou morte, o agente responderá pela violência contra
inferior e ainda pela lesão corporal causada, ou pela morte. Serão duas penas cumulativas.
Além disso, há também a VIOLÊNCIA AVILTANTE A INFERIOR: “Art 176 Ofender
inferior, mediante ato de violência que, por natureza ou pelo meio empregado, se
considere aviltante: Pena – Detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único. Aplica-
se o dispositivo no parágrafo único do artigo anterior.”
No caso, o superior ofende o inferior, mediante ato de violência (bofetada, empurrões,
pontapés) que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considere aviltante (aviltar,
desprezar, humilhar).
Um superior que desfere um empurrão em seu subordinado estará
praticando o crime do artigo 175. Mas, se o mesmo superior desfere uma
chicotada com intenção de humilhar o subordinado perante seus colegas, o fato
passa a ser crime do artigo 176 (Violência Aviltante a Inferior).
Ou ainda, determinar o subordinado ficar parado enquanto seus colegas dão-lhe
pontapés nas nádegas.
O que vem a ser crime de resistência?
O crime de resistência tem previsão no artigo 177, do Código Penal Militar, que é: “Opor-
se à execução de ato legal, mediante ameaça ou violência ao executor, ou a quem esteja
prestando auxílio Pena- Detenção, de seis meses a dois anos. § 1º Se o fato não se executa
em razão da resistência: Pena – Reclusão, de dois a quatro anos. §2º As penas deste artigo
são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência, ou fato que constitua crime
mais grave.”
Para configuração do crime é necessário que o militar se oponha à execução de ato legal,
através de:
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1) Ameaça – Por exemplo, o militar que resiste a prisão em flagrante empunhando
uma faca, ou através de expressões ameaçadoras “Se chegar eu mato”, ou “Mato
o primeiro que chegar”
2) Violência – Por exemplo, o militar que resiste a prisão em flagrante mediante
pontapés, socos, empurrões.
Se da violência resultar lesão corporal ou morte, o agente responde pelo crime de
resistência somada também a pena da lesão corporal causada ou da morte
E a deserção?
O crime de deserção ocorre quando militar ausenta-se, sem licença, da unidade em que
serve, ou de lugar em que deve permanecer, por mais de oito dias, cuja pena é de detenção,
de seis meses a dois anos.
Para a consumação do crime de deserção são necessários dois requisitos: 1) A ausência do
militar – o abandono sem licença, a saída do militar sem licença; 2) Por mais de oito dias.
“A deserção é um crime que se consuma com ausência pelo
decurso do prazo de graça ou pela não apresentação do agente dentro desse
prazo.” (Apl. 15.792, 17-10-47, BE 17, de 948, p. 1153)
............
“DESERÇÃO. AUSÊNCIA DE MAIS DE OITO DIAS.
CARACTERIZAÇÃO.
Comete o crime de deserção o militar que, sem licença, ausenta-se de sua
unidade, por mais de oito dias, quer seja oficial, graduado ou soldado do
Exército, da Marinha, da Aeronáutica ou da Polícia Militar, independendo que
preste serviço militar obrigatório ou voluntário. Ausentar-se da unidade, sem
licença, por mais de oito dias, mesmo para tratamento médico, não exime o
Policial Militar do crime de deserção, máxime quando exercer atividade civil
durante o afastamento. Decisão unânime.”
(TJM/RS, Ap. Crim. 2516/92, RS, Rel: Juiz Antonio C. de Oliveira Filho,
Fonte: Banco de Dados da Juruá)
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E quais seriam os casos assimilados à deserção
Pelo Código Penal Militar, “Art. 188 Na mesma pena incorre o militar que: I – não se
apresenta no lugar designado, dentro de oito dias, findo o prazo de trânsito ou férias; II –
deixa de se apresentar à autoridade competente, dentro do prazo de oito dias, contados
daquele em que termina ou é cassada a licença, ou agregação ou em que é declarado o
estado de sítio ou de guerra; III- tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar, dentro do
prazo de oito dias; IV – consegue exclusão do serviço ativo ou situação de inatividade,
criando ou simulando incapacidade.”
Ou seja, o Código Penal Militar elenca no artigo 188 situações que equivalem à deserção.
O abandono de posto e o descumprimento de missão são crimes?
Sim, nos termos do artigo 195, que dita o seguinte: “Abandonar, sem ordem superior, o
posto ou lugar de serviço que lhe tenha sido designado, ou o serviço que lhe cumpria,
antes de terminá-lo: Pena – Detenção, de três meses a um ano”
Comete o delito o militar que abandona, deixa ao desamparo o posto ou lugar de serviço.
Entende-se por posto o lugar onde o militar deve permanecer em razão da sua missão ou
ordem que lhe foi confiada. E por lugar de serviço o local onde o militar exerce suas
atribuições funcionais decorrentes de suas próprias atribuições regulamentares.
Já o DESCUMPRIMENTO DE MISSÃO, ocorre quando o militar deixa de desempenhar
a missão que lhe foi confiada, cuja pena é de detenção, de seis meses a dois anos, se o fato
não constitui crime mais grave.
Neste caso, o militar comete o crime quando deixa de cumprir a incumbência que recebeu
de seus superiores.
Existe crime de embriaguez no serviço? E delito do sono?
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Claro, “Embriagar-se o militar, quando em serviço, ou apresentar-se embriagado para
prestá-lo” tem pena de “Detenção, de seis meses a dois anos”. No caso, a simples
observação do estado psíquico do agente já é suficiente para caracterizar o estado de
embriaguez, independentemente de exame médico.
Duas figuras devem ocorrer para caracterizar o delito:
1) Embriagar-se no serviço;
2) Apresentar-se embriagado para prestar o serviço.
Já o delito do sono, consiste em: “Art. 203 Dormir o militar, quando em serviço, como
oficial de quarto ou ronda, ou em situação equivalente, ou, não sendo oficial, em serviço
de sentinela, vigia, plantão às máquinas, ao leme, ronda ou qualquer serviço de natureza
semelhante.”, com “Pena – Detenção, de três meses a um ano.”
Dois policiais militares em serviço de rádio-patrulha que dormem a
noite.
O Código Penal Militar prevê crimes que atingem a pessoa?
Sim, vamos encontrar o HOMICÍDIO, “Art 205 Matar alguém: Pena – reclusão, de seis a
vinte anos”
Pontos Chaves
Não esquecer que nos crimes dolosos contra vida e cometidos contra civil,
serão da competência da Justiça Comum, conforme a Lei nº 9.299, de 7 de
agosto de 1996.
O GENOCÍDIO, constante no “Art. 208 matar membros de um grupo nacional, étnico,
religioso ou pertencentes a determinada raça, com o fim de destruição total ou parcial
desse grupo: Pena – Reclusão, de quinze a trinta anos.”
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As LESÕES CORPORAIS, previstas no “Art. 209 Ofender a integridade corporal ou a
saúde de outrem: Pena – Detenção, três meses a um ano.”
Neste caso, para configuração do crime o agente deve ter causado lesões na vítima que
pode ser desde um hematoma, como quebra de um membro, perfuração do tórax, abdômen,
etc.
“LESÃO CORPORAL. CPM, ART. 209, § 1º. Policiais militares
que, à guisa de desarmar, agridem a vítima com cassetetes e pontapés, mesmo
depois de despojá-la da faca e derrubá-la ao solo, agem, pelo menos, com
excesso e devem ser condenados pelas lesões corporais causadas. É mantida a
sentença condenatória de 1º grau, com fulcro no CPM, art. 209, § 1º. Decisão
unânime.” (TJM/RS, Ap. Crim. 2528/92, RS, Rel: Juiz Antônio Codorniz de O.
Filho, Fonte: Banco de Dados da Juruá)
Além destes, quais poderiam ter maior destaque?
Poderiam ter destaque os seguintes tipos penais:
O CONSTRANGIMENTO ILEGAL “Art 222 Constranger alguém, mediante violência
ou grave ameaça, ou depois de lhe reduzir, por qualquer outro meio, a capacidade de
resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer ou tolerar que se faça, o que ela não
manda. Pena: Detenção, até um ano, se o fato não constitui crime mais grave.”
Constranger significa obrigar, mandar, mediante violência o grave ameaça que alguém faça
algo ilegal contra sua vontade, ou não-fazer algo que a lei permite contra a vontade da
vítima.
A AMEAÇA, previsto no artigo 223, por exemplo, militar com arma em punho aponta-a
para outro militar e afirma: “Vou acertá-lo na próxima esquina”, ou “Acertarei as constas
com sua família”, de tal forma que a ameaça cause temor.
Não configura o delito quando as ameaças são por brincadeira, ou não causam temor.
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O ESTUPRO, que é constranger mulher é obrigá-la a praticar conjunção carnal contra a
sua vontade. Pode ser praticada com violência ou grave ameaça.
O ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR, que também é constranger alguém (homem
ou mulher) é obrigá-lo, mediante violência ou grave ameaça, praticar qualquer ato
libidinoso diverso da conjunção carnal, presenciar ou permitir que se pratique.
“Comete o crime de atentado violento ao pudor o Policial Militar
que, abusivamente, obriga menores, irregularmente detidos na Cadeia Pública a
praticar atos de libidinagem.” (TJM/MG, Ap. 1806, MG, Rel: Juiz Luís
Marcelo Inacarato, Julg. em 30/04/91, Fonte: Banco de Dados da Juruá)
A PEDERASTIA OU OUTRO ATO DE LIBIDINAGEM, cuja consumação ocorre com
a simples prática de qualquer ato libidinoso em lugar sujeito à administração militar.
O ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR, conforme artigo “Art. 238 Praticar ato obsceno
em lugar sujeito à administração militar: Pena: detenção, de três meses a um ano.”
O FURTO, que consiste em “Subrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena:
Reclusão, até seis meses.”
“FURTO SIMPLES. CPM, ART. 240. É o delito cometido pelo
militar que, ao efetuar revista em veículo de cidadão, subtrai arma encontrada
sob um dos assentos do veículo, escondendo-a no cofre do motor da viatura
militar. Consuma-se o delito no momento em que a vítima, após interpelar sem
êxito o militar acerca da arma, retira-se do local, deixando que o bem saia da
esfera de sua vigilância, caracterizando-se, assim, a posse mansa e pacífica da
res, uma vez que nenhum dos outros militares tinha conhecimento do ato
delituoso do réu. Negado provimento ao apelo da defesa, mantém-se a sentença
apelada em sua integralidade. Decisão majoritária.” (TJM/RS, Ap. Crim.
2579/93, RS, Rel: Juiz Antônio Codorniz de O. Filho, Fonte: Banco de Dados
da Juruá)
O ROUBO que é “Subtrair coisa alheia móvel, para si ou para outrem, mediante emprego
ou ameaça de emprego de violência contra a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer
modo, reduzido à impossibilidade de resistência. Pena: Reclusão, de quatro a quinze anos”
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Ou seja, o crime de roubo caracteriza-se pela subtração da coisa de alguém com violência
ou grave ameaça. Por exemplo, um assalto a mão armada.
O DANO, que é “Destruir, inutilizar, deteriorar ou fazer desaparecer coisa alheia” que para
caracterizar o crime o militar deve ter a vontade de destruir, deteriorar, desaparecer o objeto
militar
Enterrar o cassetete para não ter que voltar ao Quartel e devolvê-lo
na reserva de armamento.
A EMBRIAGUEZ NO VOLANTE, que consiste em “Dirigir veículo motorizado, sob
administração militar, na via pública, encontrando-se em estado de embriaguez, por
bebida alcoólica, ou qualquer outro inebriante. Pena: Detenção, de três meses a um ano.”
Os CRIMES CONTRA A SAÚDE, previsto no “Art 290 Receber, preparar, produzir,
vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ter em depósito, transportar, trazer consigo,
ainda que para uso próprio, guardar, ministrar, ou entregar de qualquer forma a consumo
substância entorpecente, ou que determine dependência física ou psíquica, em lugar
sujeito à administração militar, sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar. Pena Reclusão, até cinco anos.”
Para configurar crime militar o fato delituoso deve ser praticado em local sujeito à
Administração Militar. Portanto, o transporte de substância tóxica no interior dos quartéis
pelo policial-militar é crime militar.
"TÓXICO. MILITAR DE POSSE DE MACONHA, PARA USO
PRÓPRIO. IRRELEVÂNCIA DA DESTINAÇÃO DA SUBSTÂNCIA. O
crime caracteriza-se pelo simples fato de trazer consigo ou mesmo guardar a
maconha em lugar sujeito à administração militar. O delito previsto no CPM,
art. 290, oferece ajustamento típico suficiente à incidência da norma
incriminadora.” (STM, Ap. 46071-3, PA, Rel: Min. Eduardo Pires Gonçalves,
Fonte: Banco de Dados da Juruá)
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O DESACATO E A DESOBEDIÊNCIA, do “Art. 298 Desacatar superior, ofendendo-lhe
a dignidade ou o decoro, ou procurando-lhe deprimir-lhe a autoridade.Pena: Reclusão, até
quatro anos.”
“DESACATO. CPM, ART. 298, «CAPUT».Caracteriza o crime o
ato do militar que, de dedo em riste no rosto de seu superior, com acinte e
desrespeito, busca satisfações sobre ordens dadas. Crime de forma livre,
praticado por meio inequivocamente idôneo, seja pelos gestos, seja pelas
atitudes. Recurso desprovido, à unanimidade.”
(TJM/RS, Ap. Crim. 2581/93, RS, Rel: Juiz Mathias Nagelstein, Fonte: Banco
de Dados da Juruá)
........................................................................................................
“DESACATO A SUPERIOR. CPM, ART. 298. DELITO PLENAMENTE
CONFIGURADO. O agente ofendeu a dignidade de seu superior hierárquico
procurando deprimir-lhe a autoridade. Recurso provido parcialmente. Decisão
majoritária.” (STM, Ap. Forma Ordinária 475516, RJ, Rel: Min. Antônio
Carlos de Nogueira, D.J. 12/01/96, Fonte: Banco de Dados da Juruá)
O DESACATO A MILITAR, constante do “Art. 299 Desacatar militar no exercício de
função de natureza militar ou em razão dela: Pena: detenção de seis meses a dois anos.”
Desacatar é ofender a autoridade do policial, com a intenção de diminuir a sua autoridade.
“DESACATO. MILITAR.Agressão de graduado do Exército a
Oficial da Polícia Militar.»”(STM, Rec. Crim. 6323-0, CE, Rel: Min. Aldo da
Silva Fagundes, Fonte: Banco de Dados da Juruá)
O PECULATO que é “Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,
público ou particular, de quem tem posse ou detenção, em razão do cargo ou comissão, ou
desviá-lo em proveito próprio ou alheio: Pena – Reclusão, de três a quinze anos.”
Pratica o crime de peculato o policial-militar que aproveitando-se
da condição de auxiliar de Almoxarifado (responsável pelo Almoxarifado)
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apropria-se de pneus de viaturas ali depositados, para colocar em seu carro
particular.
A CONCUSSÃO, que é “Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda
que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida.”
“Policial militar que, no serviço de patrulhamento rodoviário, em
duas oportunidades, exige vantagem indevida para liberar veículos que
trafegavam com irregularidades. Delito configurado. Apelo parcialmente
provido para reconhecer a continuidade delitiva com a conseqüente redução da
pena. Decisão unânime.” (TJM/RS, Ap. Crim. 24248/91, RS, Rel: Juiz Assis
Fontoura de Almeida, Fonte: Banco de Dados da Juruá).
A CORRUPÇÃO PASSIVA: “Art. 308 Receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função, ou antes de assumi-la, mas em razão dela
vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem. Pena: Reclusão, de dois a oito
anos.”
“Policiais militares que, no exercício de suas funções, recebem
vantagem indevida, a fim de se omitirem no cumprimento do dever legal de
reprimir contravenção penal, cometem o delito de corrupção passiva. Negado
provimento aos apelos de defesa. Decisão unânime.”
(TJM/RS, Ap. Crim. 2467/92, RS, Rel: Juiz Antônio Codorniz de O. Filho,
Fonte: Banco de Dados da Juruá)
A PREVARICAÇÃO que consiste em “Retardar ou deixar de praticar, indevidamente,
ato de ofício, ou praticá-lo contra expressa disposição de lei, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal. Pena: Detenção, de seis meses a dois anos.”
“DESCUMPRIMENTO DE DEVER FUNCIONAL.
CARACTERIZAÇÃO. Descumpre seu dever funcional, incidindo nas sanções
do CPM, art. 319, o agente da lei que, após desarmar e prender contraventor, ao
conduzí-lo à autoridade competente, movido por sentimento pessoal, liberta-o e
devolve-lhe a arma portada ilegalmente. Decisão condenatória de primeiro grau
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confirmada. Unânime.” (TJM/RS, Ap. Crim. 2415/91, RS, Rel: Juiz Romeu
Martinelli, Fonte: Banco de Dados da Juruá)
A CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA que é “Deixar de responsabilizar subordinado
que comete infração no exercício do cargo, ou, quando lhe falte competência, não levar o
fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena: Detenção até seis meses.”
A INOBSERVÂNCIA DE LEI, REGULAMENTO OU INSTRUÇÃO: “Art. 324
Deixar, no exercício de função, de observar lei, regulamento ou instrução, dando causa
direta à pratica de ato prejudicial à administração militar”
“Inobservância de lei, regulamento ou instrução e abuso de
confiança (CPM, arts. 324 e 332) são os crimes cometidos por militar que se
utiliza de viatura de carga de sua fração de tropa destacada sob seu comando,
para execução de deslocamento de natureza particular e, ainda, elabora
documento oficial visando a ter creditadas, para si próprio e para os
patrulheiros, que o conduziram naqueles deslocamentos, diárias de viagem, o
que de fato ocorreu, ilaqueando com tal proceder a confiança e a boa-fé de seu
Cmt de Subunidade. Conduta totalmente comprovada e até confessada,
caracterizadora da inobservância do dever funcional e causadora de prejuízos à
administração militar, pois, embora ressarcido o custo do combustível, durante
aqueles períodos, o serviço de patrulhamento rodoviário, na área de atuação da
fração, restou abandonado, com patrulheiros e viatura deslocados para outro
Município. Negado provimento ao apelo da defesa, por maioria de votos.”
(TJM/RS, Ap. Crim. 2582/93, RS, Rel: Juiz Antônio Cláudio B. de Abreu,
Fonte: Banco de Dados da Juruá)
A APLICAÇÃO ILEGAL DE VERBA OU DINHEIRO: “Art. 331. Dar às verbas ou
dinheiro público aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena: Detenção, até seis
meses.”
O policial-militar que utiliza a verba destinado ao pagamento de
combustível das viaturas para pagamento de compras de gêneros alimentícios.
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32
Considerações da seção
Vimos nesta seção os principais tipos penais do Código Penal Militar, que abrangem
condutas contra a administração militar e também terceiras pessoas, eis que tem como
objetividade jurídica a proteção das instituições militares.
Pois, terminanos assim os estudos da Unidade 3, sobre os crimes militares.
Vamos agora a algumas atividades de autoavaliação? Realize a atividade proposta no
Ambiente Virtual de Aprendizagem.
Saiba mais
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COELHO, Kleber de Carvalho. A dualidade do foro castrense. Revista de Direito Militar.
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FERNANDES, Antonio Scarance. Processo Penal Constitucional. 3 ed. rev., atual. e ampl.,
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002.
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