Apostila Processo Penal Militar

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    DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITARAPOSTILA I

    1. CONCEITO

    O processo o leito de garantias do indivduo que o Estado dever cursar para a aplicao

    da pena. Garantias indispensveis e indisponveis. Vale dizer, no pode o Estado prescindir delas

    e nem mesmo o acusado poder abrir mo de sua aplicao.

    Tem, assim, o processo o carter de instrumentalidade garantista, ou seja, carter de

    instrumento para a garantia do indivduo iluminado por princpios.

    2. SISTEMAS PROCESSUAIS

    a) INQUISITIVO Nele, as funes de julgar, acusar e defender concentram-se e

    se confundem.

    b) ACUSATRIO Como o prprio nome sugere, h distino de funes no

    processo. Surge com o nascimento do Ministrio Pblico (MP). Assim, pelo

    surgimento de partes bem definidas possvel o estabelecimento do contraditriopelo choque de teses. (Art. 129, I, CF MP como entidade autnoma).

    c) MISTO OU FRANCS Conjugao dos sistemas anteriores.

    Pelo sistema acusatrio, o juiz no pode iniciar o processo de ofcio.

    INVESTIGAO NO SISTEMA ACUSATRIO:

    JUIZ papel centrado na flexibilizao das garantias fundamentais, contudo, no

    interfere no caminho investigatrio;

    MINISTRIO PBLICO exerccio do controle externo da atividade policial

    (fiscalizao e controle sem relao hierrquica). Interferncia indireta nos rumos da

    investigao (requisio de diligncias policiais). O MP pode presidir investigao?

    O poder de investigar do MP decorrncia do sistema acusatrio, ou seja, aquele que

    acusa pode, tambm, investigar. H quem defenda que a CF no prev, expressamente, este

    poder e que a Polcia Federal a polcia judiciria da Unio, com exclusividade. (Min Nelson

    Jobim, STF).

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    3. PRINCPIOS

    DEVIDO PROCESSO LEGAL (art. 5, LIV, CF) Garantia mais ampla, por

    se confundir com a prpria necessidade de processo. Aplicao da pena, apenas e to

    somente, por meio do processo. A transao penal s existe em relao aos crimes de

    menor potencial ofensivo (art. 98, I, CF), para a aplicao de penas alternativas (no

    privativas de liberdade) e suspenso condicional do processo (art. 89, Lei 9.0099/95).

    JUIZ NATURAL (art. 5, XXXVII, CF) Estabelecimento de regras de

    competncia, prvias ao fato. Vedao do juzo ou tribunal de exceo. As regras de

    competncia possuem base constitucional (art. 5, LIII, CF).

    PRESUNO DE INOCNCIA (art. 5, LVII, CF) Ningum ser

    considerado culpado at o trnsito em julgado de sentena penal condenatria.

    Conseqncias:

    a) REGRA PROBATRIA: O nus da prova cabe a quem acusa. Da, o fato de, na

    dvida, pender-se em favor do acusado (in dubio pro reo).

    b) REGRA DE TRATAMENTO: O acusado deve ser tratado como inocente. A prisos poder ocorrer aps sentena condenatria, com transito em julgado, salvo priso

    cautelar.

    CONTRADITRIO (art. 5, LV, CF) Conduo dialtica do processo, com

    a participao efetiva do MP e da defesa. O contraditrio divide-se em :

    a) NECESSIDADE DE INFORMAO: Informao de todos os atos do processo.

    b) POSSIBILIDADE DE REAO: Ao garantida no mbito do processo.c) CONSIDERAO DA REAO: Faculdade de ter as teses de defesa apresentadas

    consideradas pelo juiz.

    Por inexistir contraditrio na fase de investigao, as peas colhidas no inqurito policial

    no podem, isoladamente, exclusivamente, levar condenao do acusado. Por outro lado, os

    exames periciais e as escutas telefnicas, p. ex., podem autorizar um decreto condenatrio face

    possibilidade de a defesa contest-los na fase processual. o que se chama de contraditrio

    diferido.

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    AMPLA DEFESA (art. 5, LV, CF) Diviso:

    a) DEFESA TCNICA: Aquela realizada por um tcnico (art. 564, III, alnea c, CPP e

    art. 261, CPP);b) AUTO DEFESA: Realizada pelo prprio acusado.

    DEFESA TCNICA:

    Possibilidade de nomeao, pelo presidente, de defensor ad hoc pela falta do defensor

    constitudo pelo acusado (art. 265, CPP).

    A ampla defesa inicia-se a partir do incio do processo, sendo obrigatria a presena de

    defensor desde o interrogatrio (Lei 10.792/03). Possui o advogado o direito entrevista pessoalcom seu cliente antes do interrogatrio (art. 185, CPP).

    Tambm como corolrio da ampla defesa, o juiz no pode julgar sem a pea das

    alegaes finais. Deve, ento, determinar que defensor ad hoc oferea as alegaes finais. A

    defesa tcnica deve, portanto, ser plena e efetiva. PLENA, por ser necessria em todo o processo

    e, EFETIVA (art. 261, nico, CPP), pela necessidade de seu exerccio operar-se mediante

    manifestao fundamentada, sob pena de nulidade (art. 497, V, CPP).

    AUTO DEFESA:

    a) CURADOR: Ocorria quando a maioridade civil era diversa da maioridade penal,

    sendo necessrio, nesses casos, a nomeao de curador para acompanhar o processo.

    Agora, no h mais sentido a figura do curador, haja vista o advento do Novo

    Cdigo Civil (NCC), fazendo a maioridade civil coincidir com a maioridade penal.

    Alguns autores, porm, entendem que o prprio NCC veda a projeo de efeitos

    para outras esferas do Direito. De qualquer sorte, a figura de defensor supre a

    necessidade de curador.

    b) DIVISO DA AUTO DEFESA:

    1. DIREITO DE AUDINCIA: Direito de ser ouvido, o qual se manifesta durante o

    interrogatrio.

    2. DIREITO DE PRESENA. Direito de estar presente a todos os atos do processo,

    inclusive, no caso de ru preso. Flexibilizado no caso de precatria para outra

    Comarca e na situao de a testemunha sentir-se ameaada ou constrangida nasala de audincias (art. 217, CPP).

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    3. DIREITO DE POSTULAO PESSOAL. O acusado pode postular,

    pessoalmente, em trs situaes: habbeas corpus, recursos e reviso criminal.

    4. DIREITO NO-AUTO INCRIMINAO. Nemo tenetur se detegere ou, para

    o Direito norte-americano, privilege agaist self-incrimination. Ou seja, o

    direito de no descobrir-se, sendo facultado o direito de no produzir provas

    contra si. Surge como decorrncia do princpio da ampla defesa (art. 5, LV, CF) e

    da Conveno Norte-Americana de Direitos Humanos (art. 8, item 2, g, CADH

    ... ningum ser obrigado a declarar-se culpado).

    5. DIREITO AO SILNCIO (art. 5, LXIII, CF). O silncio no importar em

    prejuzo da defesa nem em confisso (art. 186, CPP). O art. 198, CPP, no foi

    adequado pela Lei 10.792/03, porm tal dispositivo no recepcionado pela

    constituio. O acusado tem o direito de mentir, inexistindo o dever de falar a

    verdade. Prevalece, porm, o entendimento de o acusado no poder mentir sobre

    sua identificao pessoal (interrogatrio de qualificao), sob pena de cometer a

    contraveno penal descrita no art. 68, da Lei de Contravenes Penais (recusa de

    dados sobre prpria identidade ou qualificao).

    Conduo coercitiva:Aceita-se a conduo coercitiva para a acareao e para o interrogatrio, mas o acusado

    tem direito ao silncio.

    Reproduo simulada dos fatos

    A reproduo simulada dos fatos s possvel com a aquiescncia do acusado, porm ele

    pode ser conduzido coercitivamente ao local do exame.

    Exame grafotcnicoO acusado tambm no est obrigado a fornecer os padres grafotcnicos, apesar da

    existncia do art. 174, IV, CPP, e 344, d, CPPM, autorizando o juiz a ditar os caracteres

    necessrios realizao do exame, quando no houver escritos para a comparao ou forem

    insuficientes os exibidos. A doutrina aponta como possvel ao acusado ou investigado a negativa

    em escrever o que lhe foi ditado, sem falar-se em crime de desobedincia.

    Exames que demandam interveno corporal invasiva

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    Os exames que demandam interveno corporal invasiva no podem ser realizados sem a

    autorizao do acusado.

    Bafmetro e os exames de embriaguezO bafmetro e os exames de embriaguez no podem ser impostos ao acusado em face da

    necessidade de participao ativa do sujeito.

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    INQURITO POLICIAL

    1. CONCEITO

    a primeira etapa da persecuo penal que, de regra, atribuda Polcia judiciria,

    visando a averiguar as circunstncias de um fato aparentemente delitivo e a sua provvel autoria.

    FINALIDADES (9, CPPM):

    1. Apurao de fato aparentemente delitivo e sua provvel autoria;

    2. Fornecer ao MP elementos necessrios propositura da ao penal ou da

    manifestao pelo arquivamento. Vale dizer, fornecer os elementos necessrios

    formao dos elementos de convico;

    3. Servir de base s medidas endoprocessuais cautelares reais, busca e apreenso; ou

    cautelares pessoais, priso preventiva etc..

    CARACTERISTICAS:

    1. OBRIGATORIEDADE (art. 10, a e f, CPPM) A autoridade policial, independente

    de provocao do juiz, do MP, da vtima ou de qualquer do povo, tem o dever jurdico de

    instaurar o inqurito policial sempre que deparar-se com um fato aparentemente delitivo

    persequvel via ao penal pblica incondicionada.

    Providencias antes do inqurito (art. 10, 2, CPPM). O aguardamento de delegao no obsta

    que o oficial responsvel por comando, direo ou chefia, ou aquele que o substitua ou esteja de

    dia, de servio ou de quarto, tome ou determine que sejam tomadas imediatamente as

    providncias cabveis, previstas no art. 12, uma vez que tenha conhecimento de infrao penal

    que lhe incumba reprimir ou evitar.

    2. INDISPONIBILIDADE A autoridade policial no pode abandonar as investigaes oudeterminar o arquivamento de inqurito policial. Tambm no pode determinar o

    arquivamento de Boletim d ocorrncia, termo circunstanciado ou VPI (anmalas

    sindicncias policiais).

    3. DISCRICIONARIEDADE NA CONDUO DAS INVESTIGAES Alm do rol de

    diligncias previstas nos arts. 12 e 13, do CPPM, a autoridade policial pode realizar

    qualquer outra que entenda necessria, podendo indeferir solicitao do ofendido para

    realizao de qualquer diligncia ou exame, exceto o de corpo de delito, visto ser eleobrigatrio. O indeferimento de solicitao para realizao de exame de corpo de delito

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    cabe Mandado de segurana Criminal ou representao ao MP para que este, entendendo

    necessrio, requisite sua realizao com fulcro no 129, CF.

    4. PROCEDIEMNTO ESCRITO Deve ser reduzido a escrito em um s processado, apesar

    de no estar sujeito a formalidades indeclinveis.

    5. SIGILAO (art. 5, XXXIII) Sem prejuzo do princpio da publicidade, que se refere

    aos atos processuais e no aos atos de investigao, a sigilao da prpria essncia do

    inqurito, sendo admitida excepcionalmente pelo constituinte quando imprescindvel

    segurana da sociedade e do Estado. No h sigilo, porm, em relao ao juiz, ao MP

    nem aos advogados, ainda que sem procurao nos autos (art. 7, XXXIII, XXXIV, Lei

    8.90/94).

    CONSEQUNCIASFrustrar o acesso dos advogados ao auto de priso em flagrante delito (APFD) ou a

    qualquer ato de investigao pode gerar:

    a) Abuso de autoridade (art. 3, j, Lei 4.898/65)

    b) MS Criminal.

    Segundo alguns doutrinadores, no permitido o acesso do advogado a atos

    privativos de investigao, sobretudo aqueles relacionados a diligncias ainda no praticadas,

    salvo em algumas situaes especiais, com p. ex., reproduo simulada dos fato. O STF e o STJ,porm, tem entendido de forma diversa, ampliando a publicidade a todos os atos do inqurito

    policial.

    SIGILAO DO INDICIADO PRESO OU INCOMUNICABILIDADE Mesmo que decretada

    pelo juiz e por apenas trs dias constitui crime de abuso de autoridade (art. 4, a e b, Lei

    4.898/65), sendo o art. 17 do CPPM considerado inconstitucional por fora do 5, LXII e 136,

    3, IV, da CF. Diz o STJ e o STF: Se no estado de defesa vedada a incomunicabilidade de

    preso, quanto mais no estado de normalidade.

    6. FACULTATIVIDADE (art. 28, CPPM) Entre ns o inqurito policial facultativo ou

    dispensvel, o que imprescindvel so os elementos de convico. Assim, os elementos

    de convico podem ser colhidos por meio de notcia trazida por qualquer do povo

    (notitia criminis).

    NATUREZA JURDICA. Tem o inqurito policial natureza jurdica de mera pea informativa,

    no contraditria, conforme sugere o seu prprio nome.

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    CONSEQUNCIAS DA NATUREZA JURDICA DO IP:

    1. No possvel falar-se em suspeio ou impedimento da autoridade policial, ainda que

    esta seja pai ou irmo do ofendido (STF);

    2. No h falar-se em nulidade do inqurito policial ou da conseqente ao penal em face

    de suspeio ou impedimento. Tambm, a nulidade do inqurito policial no contamina a

    ao penal, salvo se ao ato de investigao for dado valor de ato de prova e for ele

    utilizado como fundamento da condenao.

    Apesar de no ser possvel argir suspeio ou impedimento, se a autoridade policial,

    espontaneamente, no se afastar das investigaes, cabe recurso administrativo ao seu superior

    hierrquico.3. A autoridade policial no est obrigada a determinar a notificao de defensor para

    acompanhar o interrogatrio (oitiva do investigado), nem tampouco permitir a presena

    de advogado nas oitivas policiais (STF).

    VALOR PROBATRIO DOS ATOS E ELEMENTOS DE CONVICO COLHIDOS NO

    CURSO DO INQURITO POLCIAL.

    DIFEREN ENTRE ATOS DE PROVA E ATOS DE INVESTIGAO.Atos de Prova so colhidos ante o juiz que, em regra, vai julgar o mrito da causa. Os atos de

    prova integram a relao processual e so revestidos de publicidade contraditrio e ampla defesa.

    Atos de Investigao so praticados ante policia judiciria ou outra autoridade

    administrativa. Servem, no sentena, mas sim formao do juzo de convencimento do

    titular da ao penal (MP). No formam juzo de certeza, mas apenas de probabilidade e, como

    tal, no exigem observncia da ampla defesa, do contraditrio e de publicidade.

    Para o STF e o STJ, os atos praticados no curso de inqurito policial, uma vez colhidos por

    autoridade policial com atribuio em razo da matria, obedecidas todas as formalidades legais

    e no contestados em juzo, tm a mesma fora de ato de prova. As demais investigaes

    solteiras, tm eficcia limitada.

    FORMAS DE INSTAURAO

    1. Por portaria da prpria autoridade policial (ao pblica incondicionada);

    2. Por meio de requisio do juiz (STF e STJ dizem ser possvel requisio do juiz para

    instaurao de IP, mesmo a melhor doutrina tendo posicionamento contrrio) ou do MP;

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    3. Por requerimento do ofendido com mais de 18 anos, um dos seus sucessores, ou via

    comunicao de qualquer do povo (notitia criminis);

    4. Por meio de auto de priso em flagrante delito, quando este no for suficiente formao

    da convico do MP (art. 27, CPPM).

    PODE A AUTORIDADE POLICIAL INDEFERIR A REQUISIO? E O REQUERIMENTO?

    No caso de requerimento, a autoridade policial pode deferir ou indeferir

    discricionariamente. Deferindo, deve constar o requerimento como pea inaugural ou inicial do

    procedimento, registrando-o e autuando- no caso de indeferir o pleito, dever fundamentar sua

    deciso e cientificar o subscritor do requerimento.

    PROVIDNCIAS CONTRA O INDEFERIMENTO:

    a) Interpor recurso administrativo inominado perante o rgo competente da estrutura darespectiva polcia judiciria;

    b) Levar ao conhecimento do MP, podendo este requisitar a instaurao do IP, promover a

    ao penal ou o arquivamento do requerimento;

    c) Impetrar MS Criminal contra o ato da autoridade policial.

    NOTCIA ANNIMA

    Diante de notitia criminis inqualificada, apcrifa ou annima, a autoridade policial

    est desobrigada de instaurar o inqurito policial de ofcio, visto o art. 5, IV, da CF vedar oanonimato. O STJ porm tem julgados em dois sentidos:

    a) J considerou inconstitucional o Inqurito originado de notcia annima;

    b) J entendeu que a autoridade policial pode, com muita cautela, investigar as informaes

    e, uma vez verificando a procedncia, instaurar o IP de ofcio. Nesse sentido, tambm o

    prof. Mirabete.

    PRAZO PARA CONCLUSO (art. 20, CPPM)

    a) 20 dias, se o ru estiver preso;

    b) 40 dias, se estiver solto. Prorrogvel por mais 20 dias.

    O pedido de prorrogao deve ser feito antes de findo o prazo inicial, sendo possvel

    sua concesso apenas quando o fato for de difcil elucidao. A contagem do prazo segue a regra

    do art. 10 do CP, por ser mais benfico ao investigado (Smula 310, STF), ou seja, o dia do

    comeo inclui-se no cmputo do prazo.

    No caso de ru preso, tem-se admitido moderada dilao do prazo, desde que

    plenamente justificada (fora maior ou motivo justificado).

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    Em tese, o MP deveria ser ouvido em toda dilao de prazo por ser ele o destinatrio

    da ao penal, sendo porm o juiz responsvel pela deciso sobre o pleito. A oitiva do MP

    impe-se pela possibilidade de este apresentar, de logo, a denncia, ou mesmo, requisitar

    diligncias complementares.

    RELATRIO. Concludas as investigaes policiais, impe-se que a autoridade policial elabore

    minucioso relatrio de tudo que foi colhido no transcorrer das apuraes (art. 22, CPPM).

    Contedo? Como deve ser elaborado?

    1. Veda-se emitir juzo de valor sobre a responsabilidade do investigado, agravantes,

    atenuantes, justificantes e dirimentes;

    2. Deve descrever todas as diligncias realizadas;3. Deve indicar as testemunhas que no foram ouvidas no IP, indicando o local onde podem

    ser encontradas;

    4. Pode representar pelo incidente de insanidade a final das investigaes ou no curso

    destas;

    5. Pode representar pela priso preventiva tanto ao final das investigaes como quando se

    fizer necessria;

    6. No deve a autoridade policial realizar abordagens doutrinrias ou jurisprudenciais.ROTULAO. A autoridade policial pode rotular o fato investigado desde a instaurao,

    inclusive, segundo os elementos colhidos na apurao, poder, no relatrio, modificar a anterior

    rotulao. Porm, regra geral, prescinde-se de qualquer rotulao do fato investigado.

    Excepcionalmente, impe-se a justificada rotulao quando o fato investigado estiver

    previsto na Lei 6.368/76, conforme determina o art. 30 da Lei 10.409/02.

    De qualquer modo, o MP poder denunciar com fundamento em rotulao diversa, baixar os

    autos do IP em diligncia, ou mesmo, promover o seu arquivamento.

    CONCLUDO O INQURITO deve ser encaminhado ao juzo competente, de onde ser

    remetido ao MP para formao do juzo de convencimento para oferecimento da denncia,

    requisio de novas diligncias ou promoo do arquivamento. Para outros, porm, tanto as

    solicitaes de dilao de prazo quanto os autos de inqurito policial devem ser encaminhados ao

    MP ou, nas comarcas onde j foram criadas, s chamadas Centrais de Inqurito.

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    PRISO TEMPORRIA. PRAZOS PARA CONCLUSO DO INQURITO:

    a) crime no hediondo 5 dias, prorrogvel por mais 5 dias (art. 2, Lei 7.960/89), com vinte

    dias para concluso do IP;

    b) crime hediondo 30 dias, prorrogvel por mais 30 dias (Lei 8.072/90), com 20 dias para

    concluso do IP. Para alguns, nesses casos, o prazo para concluso do IP ser de 30 ou 60

    dias (Paulo Rangel, prevalece na doutrina). Para outros, haver sempre a necessidade de

    igualar-se a situao do preso temporariamente por crime hediondo ao preso em flagrante

    delito tambm por crime hediondo, pois para a corrente anterior, no caso de priso

    temporria, o prazo de concluso do IP de 30 ou 60 dias, sem explicar o porqu de ser de 20

    dias o prazo para concluso, no caso de ser a priso originada de flagrante delito por crimehediondo.

    REABERTURA DAS INVESTIGAES.

    Uma vez arquivado o inqurito por ter o juiz acolhido as razes apresentadas pelo

    MP, pode ele ser reaberto?

    Conforme dispe o art. 25, do CPPM, o surgimento de novas provas pode ensejar a

    instaurao de outro inqurito para apurao do fato j anteriormente investigado. Segundo o art.18, do CPP, basta que a autoridade policial tome conhecimento de notcias de novas provas para

    a promoo, de ofcio, da reabertura das investigaes.

    A Smula 524, do STF, por sua vez, determina que, aps o arquivamento do inqurito

    em juzo, a ao penal no ser iniciada sem que novas provas tenham sido produzidas. Ora,

    nitidamente tal smula refere-se atividade do MP, e no s investigaes da autoridade policial.

    Vale dizer, sem a existncia de novas impe-se ao MP nova representao pelo arquivamento,

    inviabilizando o incio da ao penal. Por outro lado, autoridade policial bastam meras notcias

    de novas provas para a promoo de novas diligncias elucidativas, nos termos do 18, do CPP.

    Assim, uma vez exitosas tais diligncias, nada obsta de o MP promover a competente ao penal

    por meio do oferecimento de denncia.

    PROVAS EM ESPCIE

    EXAME PERICIAL. So exames realizados por especialistas na matria que venham a

    contribuir na convico do juiz. A percia no apenas um meio de prova pelo grau de

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    importncia do perito. este pessoa de extrema confiana do juiz, sendo-lhe conferido certas

    prerrogativas. So espcies de peritos:

    a) Peritos oficiais integrantes do funcionalismo pblico;

    b) No oficiais ou compromissados pessoa de nvel superior na respectiva especialidade.

    Smula 361, do STF exige a presena de pelo menos dois peritos para a realizao de exames

    periciais, sob pena de nulidade. A jurisprudncia entende que o laudo subscrito por apenas um

    perito, mas corroborado por provas testemunhais, pode ser reconhecido como exame de corpo de

    delito indireto.

    RESP 120310/ES do STJ - A JURISPRUDENCIA DO STF TEM PROCLAMADO OENTENDIMENTO DE QUE O LAUDO PERICIAL FIRMADO POR UM SO EXPERTO, QUANDO

    AFIRMATORIO DE FATO TAMBEM DEMONSTRADO POR PROVA TESTEMUNHAL, CONSTITUICORPO DE DELITO INDIRETO, COM IDONEO VALOR PROBANTE (RTJ, 65/816).

    No caso de perito no oficial, a nomeao ser pela autoridade que requisita a

    realizao da percia, sendo sempre obrigados a prestarem compromisso. Os peritos oficiais no

    prestam compromisso.

    Nas percias no oficiais, as concluses so transformadas em auto pelo escrivo, o

    qual subscrito por todos. Nas oficiais, o laudo j vem pronto, bastando apenas ser acostado ao

    processo ou inqurito.COMPOSIO DO LAUDO:

    1. Prembulo apresentao dos peritos e especificao do objeto da percia;

    2. Parte descritiva narrao de tudo que os peritos perceberam dos fatos

    ocorridos;

    3. Crtica anlise crtica do que apreciaram;

    4. Concluso respostas aos quesitos elaborados pelas partes e pelo prprio juiz.

    Os peritos tm o prazo de at 10 dias para realizao da percia requisitada, compossibilidade de prorrogao desde que haja solicitao fundamentada. Os quesitos formulados

    pelas partes e pelo juiz servem de base aos peritos para realizao da percia. Da deverem ser

    apresentados antes de ser iniciado o prazo para realizao da percia.

    CORPO DE DELITO. So elementos sensveis deixados pelo crime.

    EXAME DE CORPO DE DELITO. aquela percia que tem por objeto os elementos sensveis

    ou perceptveis sensorialmente deixados pelo crime. A realizao do exame de corpo de delito

    obrigatria nos crimes que deixam vestgio (art. 328, CPPM), sob pena de nulidade (art. 500, III,

    b, CPPM). O exame de corpo de delito pode ser:

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    a) Direto aquele que incide diretamente sobre os vestgios deixados pela prtica delituosa;

    b) Indireto nele, por no mais existirem vestgios diretos, os peritos iro se utilizar de

    quaisquer materiais ou elementos que contribua para a realizao do laudo. Ex.:

    pronturio mdico, receita mdica, radiografia realizada poca etc.

    Inexistindo exame de corpo de delito, o legislador viabilizou a utilizao das

    testemunhas (PU, art. 328, CPPM). Por outro lado, no art. 328 o legislador diz que nem mesmo a

    confisso do acusado serve verificao da materialidade delitiva, quando no houver exame de

    corpo de delito. Para a doutrina majoritria (Prof. Mirabete), as testemunhais s podem ser

    utilizadas, nos casos de crimes que deixam vestgios, quando for impossvel a realizao de

    exame de corpo de delito direto. Do contrrio, deve operar-se a absolvio do acusado. Para a

    jurisprudncia, porm, as testemunhais podem suprir a falta de exame de corpo de delito que,negligentemente, no se realizou.

    Os exames de corpo de delito podem e devem ser realizados a qualquer hora do dia

    ou da noite, sempre que houver um delito (art. 329, CPPM).

    EXAME NECROSCPICO.

    As necrspcias devem ser realizadas, pelo menos, depois de 6 horas do falecimento,

    podendo os peritos realizarem antes quando julgarem possvel, consignando tal deciso no auto

    (art. 334, CPPM).Se, a simples apreciao externa do cadver, levar concluso da causa mortis, no

    necessrio o exame interno do cadver. Tambm no necessrio quando for evidente a ausncia

    de prtica delituosa (art. 335, CPPM). Sempre que possvel os cadveres devem ser fotografados

    na posio em que forem encontrados (art. 336, CPPM).

    EXAME COMPLEMENTAR.

    Os peritos, de posse do laudo anterior, vo apenas complement-lo, suprindo-lhe as

    omisses. No caso de leses corporais graves, p. ex., face no possibilidade de exercer

    ocupaes habituais por mais de trinta dias, ao final destes, deve ser realizado exame

    complementar. No sendo este efetivado, a jurisprudncia manda supri-lo via prova testemunhal

    ou exame pericial indireto, sob pena de desqualificao das leses graves para leves, visto que o

    legislador, aps os 30 dias, exige a comprovao da materialidade.

    EXAME DOS INSTRUMENTOS DO CRIME.

    Os instrumentos do crime tambm devem ser periciados para que se possa aferir sua

    eficincia (art. 345, CPPM).

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    EXAME DE INSANIDADE MENTAL. O exame de insanidade mental pode ser feito durante o

    inqurito mediante representao da autoridade policial ao juiz. Vale dizer, a autoridade policial

    no pode requisitar diretamente o exame de insanidade mental.

    INIMPUTABILIDADE:

    - Portadores de doena mental;

    - Pessoa que tenha desenvolvimento mental incompleto;

    - Pessoa que tenha desenvolvimento mental retardado (oligofrenia:

    idiotas, imbecis, retardado);

    - Toxicmanos, desde que no possam entender o carter ilcito de

    seu comportamento e de auto determinar-se segundo este

    entendimento;- Menores de 18 anos (no esto sijeitos a exame de insanidade

    mental).

    As partes (MP e acusado), os ascendentes, os descendentes e o cnjuge do ru podem

    requerer a realizao de exame de insanidade. Se interposto o requerimento perante a autoridade

    policial, durante a fase investigatria, esta, entendendo necessrio, representar ao juiz pela

    realizao do exame.

    O magistrado, por sua vez, deferido a realizao do exame, dever baixar umaportaria determinando a sua efetivao e nomear curador ao investigado, que dever

    acompanhar a realizao do exame. Este curador deve ser pessoa da confiana do juiz,

    independente de ser ele mdico ou advogado.

    Durante a realizao do exame, diferentemente do processo penal, no haver

    suspenso do andamento do inqurito policial. Assim, antes de iniciada a realizao da percia, o

    MP e o juiz devem apresentar os quesitos a serem respondidos pelos peritos.

    O prazo para realizao da percia de 45 dias, podendo ser prorrogado mediante

    requerimento fundamentado ao juiz. Elaborado o laudo, este acompanhar o relatrio do

    inqurito policial.

    INTERROGATRIO. So as declaraes prestadas pelo possvel autor do delito, permitindo a

    este esboar a sua verso dos fatos. Durante o interrogatrio, o advogado pode ser constitudo

    pelo acusado independente de procurao, bastando a insero no prprio interrogatrio,

    chamada de procurao por termo nos autos. A doutrina e a jurisprudncia admitem

    interrogatrio por meio de precatria. Havendo concurso de pessoas, co-rus, o interrogatrio

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    dever ser feito separadamente. Diante de negativa do investigado em assinar o interrogatrio,

    no haver assinatura a rogo, devendo o encarregado consignar no termo a negativa.

    Procedimento:

    a) Entrevista reservada com o advogado;

    b) Qualificao do interrogado;

    c) Cientificao do direito ao silncio;

    PS.: 1. Apenas os menores de 18 anos exigem a nomeao de curador, pois com o advento do

    novo Cdigo Civil a maioridade civil passou a coincidir com a maioridade penal.

    2. Ao interrogatrio policial aplicar-se-o apenas as inovaes trazidas pela Lei n.

    10.792/03 cabveis. Vale dizer, no haver na fase policial quebra do sigilo das investigaes,

    contraditrio ou reperguntas.4. durante o interrogatrio o investigado no comete o crime de falso testemunho, mas pode

    cometer o delito de auto acusao falsa(art. 345, CPM). Se ele no comparecer no dia

    notificado, poder ser conduzido coercitivamente ou sob vara.

    PERGUNTAS AO OFENDIDO. Declaraes prestadas pelo titular do direito violado. A vtima

    no presta compromisso, no podendo cometer o crime de falso testemunho (art. 346, CPM).

    Havendo recusa da vtima, poder haver conduo coercitiva.

    Procedimento:a) Qualificao da vtima;

    b) Tomada das declaraes, sendo tudo formalizado em um auto.

    TESTEMUNHAS. Pessoas que depem sobre fato percebido sensorialmente. Todos tem

    capacidade para testemunhar (art. 351, CPPM). As testemunhas sero ouvidas separadamente, de

    modo que uma no possa ouvir o que a outra disse (art. 353, CPPM). As testemunhas tem o

    dever de no calar e falar a verdade, sob pena de falso testemunho (art. 346, CPM). Tem, ainda, o

    dever de comparecimento no dia e hora marcados, sob pena de desobedincia, multa, conduo

    coercitiva e, em caso de resistncia, priso de at 15 dias ( 2, art. 347, CPPM). Nos casos de

    enfermidade ou senibilidade o encarregado deve deslocar-se ao local onde se encontra a

    testemunha para colher o seu depoimento. Poder haver oitiva de testemunha via precatria (art.

    361, CPPM). Amigo ntimo ou inimigo capital podem testemunhar, porm, uma vez

    contraditado, no prestar compromisso.

    Incompatibilidades. Pessoas que so impedidas ou proibidas de depor ou, ainda, que podem

    recusar-se:

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    a) Recusa (art. 354, CPPM). Podem recusar-se o ascendente, o descendente, o afim em

    linha reta, o cnjuge, ainda que desquitado, exceto o divorciado, o irmo e o adotado.

    Podem estas pessoas serem convocadas para depor quando no exista outro meio de

    prova. Sero ouvidas, porm, como informantes, sem prestar compromisso.

    b) Proibio (art. 355, CPPM). Certas pessoas so proibidas de depor em razo da funo,

    ministrio, ofcio ou profisso, salvo se liberadas pelo interessado. Ainda que liberadas,

    podem recusar-se a depor.

    Funo: Imposio legal ou contratual;

    Ministrio: Padres e assistentes sociais;

    Ofcio: Labuta manual;

    Profisso: Trabalho relevantemente intelectual. Ex.: advogados, mdicos etc.Procedimento:

    a) Compromisso da testemunha;

    b) Qualificao;

    c) Advertncia das penas de falso testemunho e tomada das declaraes, sendo tudo

    formalizado em um auto.

    RECONHECIMENTO DE PESSOAS OU COISAS. Significa exortar algum a trazer a lume

    algo que j do conhecimento desta pessoa.Procedimento:

    a) Pessoa a reconhecer levada a descrever a pessoa a ser reconhecida;

    b) A pessoa a ser reconhecida colocada ao lado de outras pessoas semelhantes, sempre que

    possvel;

    c) Indicao da pessoa a ser reconhecida pela reconhecedora.

    possvel colocar a pessoa a ser reconhecer em local que no seja vista pela pessoa a

    ser reconhecida apenas na fase de investigao, na fase processual, por observncia ampla

    defesa, isso no ser possvel.

    O auto de reconhecimento dever ser subscrito pela pessoa a reconhecer, por duas

    testemunhas e pa, autoridade policial.

    RECONHECIMENTO FOTOGRFICO. No serve, por si s, para infligir condenao.

    RETRATO FALADAO. apenas instrumento facilitador das investigaes policiais. No

    meio de prova e no pode, sequer, dar ensejo ao recebimento da denncia.

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    RECONHECIMENTO DE COISAS. Devem ser aplicadas as normas cabveis do

    reconhecimento de pessoas. , tambm, considerado meio de prova. Pode ser utilizado para

    reconhecimento da res furtiva, instrumento do crime etc..

    ACAREAO. Vem do verbo acoroar (o mesmo que colocar frente a frente). Assim, acareao

    colocar frente a frente duas ou mais pessoas que divergem em seus depoimentos. Visa a

    eliminar contradies entre as declaraes. Poder ser determinada ex offcio ou a requerimento

    das partes, sempre que houver divergncia de fatos relevantes concluso da causa (art. 365,

    CPPM). possvel acareao por precatria.

    Procedimento:

    a) Colocao frente a frente dos acareantes;

    b) Leitura dos pontos divergentes ao acareantes;c) Pergunta aos acareantes se mantm ou alteram o anterior depoimento.

    BUSCA E APREENSO. Pode ser pessoal ou residencial. Ambas, em regra, exige mandado

    judicial, porm admite excees (art. 5, XI, CF, art.s 181 e 182, CPPM).

    Residencial: 1. Qualquer hora do dia ou da noite, desde que o ofendido tenha consentido (PU,

    art. 175, CPPM);

    2. Flagrante delito (art. 175, CPPM);

    3. Desastre (art. 175, CPPM);4. Incndio;

    5. Presena do juiz diligncia.

    Pessoal: Quando a autoridade suspeitar de a pessoa trazer consigo:

    1. Instrumento ou produto do crime;

    2. elementos de prova.

    Em mos de advogado, s possvel apreenso no caso de ser corpo de delito ou de

    ser o advogado co-ru. Tambm poder o advogado ser submetido a busca pessoal no caso de a

    coisa encontrar-se em seu poder e ele no ser defensor constitudo pelo ru.

    Os meios de transporte esto includos na busca pessoal, exceto compartimento

    habitado.

    Havendo a entrega da coisa por terceiro, haver mero termo de apresentao e

    apreenso a ser lavrado pelo escrivo.

    RESTITUIO DE COISAS APREENDIDAS.

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    - Busca e apreenso (art. 170, CPPM) ou apreenso de objetos durante a investigao policial

    (art. 12, b, CPPM).

    A regra o objeto permanecer no processo enquanto for necessrio, sendo devolvidos

    nos casos em que for permitido. No a autoridade policial, mas tambm o juiz pode proceder

    restituio de coisas apreendidas.

    - Restituio de coisas apreendidas pela autoridade policial:

    1. Se o direito for incontroverso e no interessar ao inqurito policial (titularidade incontroversa);

    2. Se o bem no tiver sido apreendido em posse de terceiro de boa f. Nesse caso, e em todas as

    demais situaes, apenas o juiz poder fazer a restituio.

    PRISOCONCEITO. Privao da liberdade de algum mediante clausura. considerada a mais violenta

    medida processual penal que pode ser imposta a uma pessoa sujeita persecutio criminis,

    podendo ser extra juditio ou in juditio.

    MODALIDADES DE PRISO:

    a) Priso pena, priso penal ou priso propriamente dita. Aquela que possui carter

    retribuitivo e finalidade repressiva. aquela que deflui de condenao imutvel. Tambm

    chamada de priso definitiva. erro grosseiro denominar-se de priso definitiva a prisopenal, porque entre ns no h cogitar-se de priso por tempo indeterminado (priso

    perptua);

    b) Priso sem pena. toda priso que no decorre de sentena condenatria transita em

    julgado, constituindo-se em um instrumento para realizao do processo ou pra garantir

    os feitos do processo. Divide-se nas seguintes modalidades:

    1. Priso preventiva.

    2. Priso em flagrante.

    3. Priso temporria.

    4. Priso decorrente de pronncia.

    5. Priso decorrente de sentena condenatria recorrvel.

    Em face da situao jurdica de inocente, do princpio da afirmao da inocncia (art.

    5, LVII, CF), toda e qualquer priso, antes do trnsito em julgado de uma sentena condenatria,

    deve ser considerada provisria e cautelar. Provisria, porque no se trata de priso pena, aquela

    que tem origem em sentena condenatria transita em julgado. E, cautelar, no que se refere a sua

    funo de instrumentalidade ou de acautelamento de interesses de ordem pblica.

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    Priso Disciplinar. Ao largo da priso pena e priso sem pena, a Constituio

    Federal, em face do disposto no seu art. 5, LXI e LVII, sem possibilidade de qualquer

    ampliao, somente admite a chamada priso disciplinar e a priso civil do alimentante

    inadimplente, maior de 18 anos, voluntrio e inescusvel, e do depositrio infiel.

    A priso civil, regulada no art. 18, do CPPM, expressamente admitida no art. 5, LXI,

    da CF, aquela que pode ser decretada pela autoridade militar ou pelo juiz castrense, nas

    hipteses de transgresso disciplinar e nas hipteses de crimes propriamente militares. Consoante

    o art. 142, 2, da CF, no caber habeas corpus em relao s punies disciplinares militares.

    Em que pese o disposto nesse artigo, se abusiva a punio disciplinar, nada impede que se

    impetre habeas corpus perante o juiz castrense, se a ilegalidade guerreada for de autoridade

    militar, ou perante o tribunal, se a ilegalidade combatida for do prprio juiz militar. Destarte, talremdio ser sempre possvel para o exame dos pressupostos legais da medida (hierarquia, poder

    disciplinar, ato ligado funo militar e suscetibilidade de aplicao da medida ao ato).

    A odiosa priso para averiguaes tambm, no pode ser admitida, porque, alm de

    atpica, ao largo das hipteses do art. 5, LXI, da CF, caracteriza inegvel constrangimento ilegal

    e abuso de autoridade (art. , a, da Lei n. 4898/65).

    PRISO PREVENTIVA. A priso preventiva, como medida coercitiva que , enquadra-se no

    poder de coero do juiz penal sobre as coisas e as pessoas sujeitas persecutio criminis. Apriso preventiva constituda da privao da liberdade do investigado ou do acusado, decretada

    fundamentadamente inaudita altera parte (sem necessidade de ouvir o acusado) e rebu sic

    stantibus (estando assim as coisas). Pode ser decretada durante o inqurito policial, processo

    criminal, ou na fase recursal.

    A priso preventiva ser decretada de acordo com o prudente arbtrio do juiz,

    portanto, no h que se falar em obrigatoriedade da preventiva.

    Condies de Admissibilidade da Preventiva:

    - Crimes dolosos punidos com recluso;

    - Crimes dolosos punidos com deteno, quando se apurar que

    indiciado vadio ou, havendo dvida sobre sua identificao ele

    no fornecer dados suficientes ao esclarecimento;

    - Crimes dolosos punidos com deteno, se o ru j tiver sido

    condenado por outro crime doloso, salvo se j tiver ocorrido a

    prescrio da reincidncia.

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    * Tratada apenas pelo CPP, portanto, no mbito do processo penal militar, no haver

    necessidade de atendimento de tais condies de admissibilidade.

    Requisitos ou Pressupostos da Preventiva (coexistentes) art. 254, CPPM:

    1. Prova do fato delituoso;

    2. Indcios suficientes da autoria.

    Diz a doutrina que tais pressupostos devem coexistir para que a priso preventiva

    esteja autorizada. Ou seja, exige-se que, alm da prova da existncia do crime, tambm se

    verifique, concomitantemente, fortes indcios da autoria, e no apenas mera possibilidade em

    relao autoria.

    Requisitos ou Circunstncias Autorizadoras (alternativos) art. 255, CPPM:

    1. Garantia da ordem pblica;2. Convenincia da instruo criminal;

    3. Periculosidade do indiciado ou acusado;

    4. Segurana da aplicao da lei penal militar;

    5. Exigncia da manuteno das normas ou princpios de hierarquia e disciplina militares,

    quando ficarem ameaados ou atingidos com a liberdade do indiciado ou acusado.

    Segundo o STF e STJ, independente da instaurao de inqurito policial, admite-se a

    decretao da preventiva com base em peas de informao da existncia do crime e de indciossuficientes de autoria, vez que o inqurito policial facultativo entre ns (art. 28, CPPM).

    PRISO EM FLAGRANTE. Certeza visual do crime, retrato de corpo inteiro da autoria e da

    materialidade. Delito patente, visvel, irrecusvel do ponto de vista de sua ocorrncia. (flagrante

    propriamente dito).

    Porque no deflui de condenao imutvel, chamada por priso sem pena, provisria

    ou cautelar, expressamente admitida no art. 5, LXI, da CF, que permite a captura do conduzido,

    desde que se encontre em uma das situaes taxativamente previstas no art. 244, do CPPM,

    independente de prvia ordem escrita e fundamentada do magistrado.

    Sujeito Ativo: Embora nem sempre seja o condutor, ser aquele que efetua a captura e a priso.

    Com fundamento na 1 parte do art. 243, do CPPM, onde diz poder e devero, a doutrina

    fala em flagrante obrigatrio e flagrante facultativo. Obrigatrio, se o autor da priso age no

    estrito cumprimento do dever legal, sob pena de sanes administrativas, prevaricao e at de

    responder pelo ilcito praticado, quando poderia evitar a sua consumao ( 2, art. 29, CPM).

    Facultativo, quando se tratar de qualquer do povo ou do prprio ofendido.

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    MODALIDADE DO FLAGRANTE:

    1. Flagrante Real, Prprio ou Verdadeiro (art. 244, a e b, CPPM). Est cometendo ou

    acaba de cometer.

    2. Quase Flagrante, Imprprio ou Irreal (art. 244, c, CPPM). perseguido, logo aps o fato

    delituoso, em situao que faa acreditar ser ele o seu autor;

    3. Flagrante Ficto, Presumido ou Assimilado (art. 244, d, CPPM). encontrado, logo

    depois, com instrumento, objetos, material ou papis que faam presumir a sua participao no

    fato delituoso.

    As demais situaes (2 e 3) so consideradas anlogas ao flagrante real por opo do

    legislador que fez criar a presuno de que as pessoas assim encontradas esto em flagrante

    delito. Vale dizer, trata-se de fico jurdica a autorizar a priso em flagrante.Nas infraes permanentes, considera-se o agente em flagrante delito enquanto no

    cessar a permanncia.

    Para a doutrina majoritria, a expresso logo depois admite lapso temporal maior do

    que a expresso logo aps, sem que ambas se prestem a indicar absoluta imediatidade.

    A atribuio para presidir a lavratura do auto de priso em flagrante delito (APFD)

    da autoridade do local do cometimento do fato. Algumas vezes, pode ocorrer que o fato tenha

    sido cometido em algum lugar e a priso tenha se efetivado em local diverso (art. 244, c e d,CPPM). Nesses casos, a atribuio para efetivar a lavratura ser da autoridade com atribuio no

    local da priso do perseguido(art. 244, c, CPPM) ou do encontrado (art. 244, d, CPPM).

    Quando a priso em flagrante for efetuada em lugar no sujeito administrao militar, o auto

    poder ser lavrado por autoridade civil, ou pela autoridade militar mais prxima do local em que

    ocorreu a infrao. (art. 250, CPPM).

    Se o fato for praticado em presena da autoridade militar ou sendo ela o ofendido,

    estando no exerccio de suas funes, a prpria autoridade militar dever prender e autuar em

    flagrante o infrator (art. 249, CPPM).

    Para o STJ e STF, porque a autoridade no exerce jurisdio, a inobservncia de

    regras de atribuio no so capazes de viciar o APDF, no importando em ordem de habeas

    corpus.

    Com fundamento no art. 5, LVII, da CF, encerrada a lavratura do APFD pelo

    escrivo, impe-se que a priso seja comunicada, imediatamente, nas 24 horas seguintes priso,

    ao juiz competente. No caso de demora de tal comunicao, dizem o STF e o STJ que, apesar de

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    responsabilizar administrativa e penalmente a autoridade policial, no haver relaxamento da

    priso ou nulidade do APFD.

    A falta desta comunicao, por si s, salvo se provada alguma coao contra o preso,

    como no se trata de nenhum requisito de validade da priso, em que pese constituir abuso de

    autoridade, tanto no compromete a legalidade da priso quanto no enseja o seu relaxamento

    (STF e Mirabete).

    A omisso da entrega de Nota de Culpa, em que pese tal omisso, segundo o STF, no

    tornar o auto imprestvel para propositura da ao penal, sendo considerada um ato essencial do

    APFD e uma garantia constitucional do preso, com fundamento no art. 5, LXIV, da CF,

    possibilitando o conhecimento dos responsveis por sua priso, alm de caracterizar abuso de

    autoridade (art. 4, a, Lei n. 4.898/65), deve redundar no relaxamento da priso do conduzido.