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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
Karla Kassiane Ribeiro
DIRETRIZES PARA A IMPLANTAÇÃO DE UM PLANO DE GESTÃO
INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE
PALMEIRA DAS MISSÕES - RS
Passo Fundo, 2013.
1
Karla Kassiane Ribeiro
DIRETRIZES PARA A IMPLANTAÇÃO DE UM PLANO DE GESTÃO
INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE
PALMEIRA DAS MISSÕES - RS
Trabalho de conclusão de curso apresentado
ao
curso de Engenharia Ambiental, como parte dos
requisitos
exigidos para obtenção do título de Engenheiro
Ambiental. Orientador: Prof. Eduardo P. Korf, Mestre.
Passo Fundo, 2013.
2
Karla Kassiane Ribeiro
DIRETRIZES PARA A IMPLANTAÇÃO DE UM PLANO DE GESTÃO
INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE
PALMEIRA DAS MISSÕES - RS
Trabalho de Conclusão de Curso como requisito parcial para a obtenção do título de
Engenheiro Ambiental – Curso de Engenharia Ambiental da Faculdade de Engenharia e
Arquitetura da Universidade de Passo Fundo. Aprovado pela banca examinadora:
Orientador:_________________________
Eduardo Pavan Korf
Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF
___________________________________
Luciana Londero Brandli
Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF
___________________________________
Patricia de Almeida Martins
Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF
Passo Fundo, 13 de Novembro de 2013.
3
RESUMO
A problemática dos resíduos sólidos cada vez mais tem tomado proporções que não cabem no
mau planejamento da gestão da maioria dos municípios brasileiros. A Política Nacional dos
Resíduos Sólidos, instituída pela Lei Federal 12305/10 prevê a exclusão da lista de incentivos
da União para aqueles municípios que não se adequarem ao sistema, bem como dá prioridade
aqueles que estiverem inseridos no grupo de municípios que possuem Plano de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Foram elaboradas no presente estudo diretrizes para a
implantação de um plano de gestão integrada de resíduos sólidos no Município de Palmeira
das Missões, Rio Grande do Sul de modo a auxiliar na elaboração do plano. O município
abordado se localiza na região do noroeste do Rio Grande do Sul e segundo o último Censo
do IBGE (2010) conta com uma população de 34.328 habitantes. Foi realizado o diagnóstico
da situação atual dos resíduos no município apenas na área urbana na qual foram observados
os resíduos sólidos domiciliares e comerciais, resíduos de serviço de saúde, resíduos de
construção civil e demolição além de resíduos especiais sujeitos a logística reversa. Foram
propostos objetivos e metas para serem atendidos num horizonte de tempo de 20 anos a contar
do ano de 2013, a partir disso foram elaboradas situações para viabilizar o plano, como a
possibilidade de uma solução consorciada entre municípios da região, de modo a compartilhar
os benefícios do gerenciamento adequado dos resíduos, bem como foram apresentados
programas e ações que tem como fundamento nortear a os passos dos gestores no que se
refere ao planejamento das atividades. São apresentados nesse estudo também providencias
para situações de contingência e emergência referentes ao sistema de gerenciamento dos
resíduos sólidos. Por fim sugere a revisão periódica do plano bem como prevê a política
nacional dos resíduos sólidos. A implantação do PMGIRS trará inúmeros benefícios para o
município, além de se adequar a legislação e se tornar apto ao recebimento de incentivos da
União, o plano de gerenciamento oferece a comunidade Palmeirense uma melhore qualidade
de vida, além de oportunizar a integração social e econômica da classe de trabalhadores que
realizam a coleta de materiais recicláveis.
Palavras-chaves: Política Nacional de Resíduos Sólidos. Resíduos Sólidos. Gestão Integrada
de Resíduos Sólidos.
4
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar a Deus, por oportunizar a experiência dessa vida e ter permitido que
eu chegasse até aqui.
Aos meus pais, por serem quem são. Pelo amor, dedicação e compreensão em todos os
momentos.
Ao meu irmão Kadu, por sempre acreditar na minha capacidade e pela oportunidade
de experimentar o amor incondicional.
Aos meus amigos, por estarem sempre ao meu lado alegrando minha vida e me
incentivando sempre a crescer.
Aos colegas, por terem dividido comigo momentos felizes durante os anos de
faculdade.
Aos professores, pelo conhecimento e experiência compartilhados.
Ao professor Eduardo Pavan Korf, pela paciência e dedicação com a qual orientou
esse trabalho.
5
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Estrutura do trabalho. ............................................................................................... 19 Figura 2 - Localização do município no cenário estadual. ....................................................... 23 Fonte: Prefeitura Municipal de Palmeira das Missões. ............................................................ 23 Figura 3 - Localização do Município de Palmeira das Missões. .............................................. 23
Fonte: Prefeitura Municipal de Palmeira das Missões. ............................................................ 23 Figura 4 - Mapa Rodoviário do DAER com os Principais Acessos à Palmeira das Missões .. 24 Fonte: Prefeitura Municipal de Palmeira das Missões. ............................................................ 24 Figura 5 - Classificação de solos do Rio Grande do Sul. ......................................................... 26 Figura 6 - Formação Serra Geral. ............................................................................................. 27
Figura 7 - Mapa da Precipitação Média Anual do Estado do Rio Grande do Sul. ................... 28 Figura 9 - Fluxo Escolar por Faixa Etária – Palmeira das Missões ......................................... 32 Figura 10 - Escolaridade da população com 25 anos ou mais. ................................................ 33
Figura 11 - Zoneamento – Uso e Ocupação do Solo em Palmeira das Missões. ..................... 36 Figura 12 - Equipe da empresa SIMPEX realizando a coleta. ................................................. 39 Figura 13 - Equipe da empresa SIMPEX realizando a coleta. ................................................. 40 Figura 14 - Resíduos dispostos sobre a calçada. ...................................................................... 41
Figura 15 - Resíduos acondicionados em lixeira. ..................................................................... 41 Figura 16 - Recipiente para acondicionar resíduos na área central. ......................................... 42
Figura 17 - Recipiente para acondicionar resíduos na área central. ......................................... 42 Figura 18 - Recipientes para acondicionar resíduos orgânicos e inorgânicos em uma das
praças do município. .......................................................................................................... 43
Figura 19 - Imagem de Satélite da área do aterro. .................................................................... 44
Figura 20 - Caçamba de recolhimento de resíduos de construção civil. .................................. 50 Figura 21 - Coletor de pilhas, baterias e celulares. ................................................................... 52 Figura 22 - Área de disposição irregular. ................................................................................. 64
6
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - População total, por gênero, Rural/Urbana e Taxa de Urbanização – Palmeira das
Missões – RS. .................................................................................................................... 30 Tabela 2 - Longevidade, Mortalidade e Fecundidade – Palmeira das Missões RS. ................. 33
Tabela 3 - Faixas mais utilizadas da geração per capita .......................................................... 38 Tabela 4 - Quantidade de Resíduo recebida no ano de 2012 pelo aterro da Simpex. .............. 45 Tabela 5 - Projeção populacional. ............................................................................................ 56 Tabela 6 - Projeção da geração diária, mensal e anual de resíduos sólidos domiciliares. ........ 59 Tabela 7 - Estimativa de crescimento populacional e geração de resíduos domiciliares. ........ 60
Tabela 8 - Informações sobre os municípios da solução consorciada. ..................................... 62 Tabela 9 - Informações gerais sobre os municípios Participantes do consorcio. ..................... 63
7
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Itinerário de coleta de resíduos sólidos domiciliares e comerciais. ....................... 39 Quadro 2 - Classificação dos Resíduos de Serviço de Saúde. .................................................. 47 Quadro 3 - Classificação dos Resíduos de Construção Civil. .................................................. 49 Quadro 4 - Resíduos eletrônicos coletados pela Prefeitura. ..................................................... 53
Quadro 5 - Cenários Tendencial, Realista e Ideal. ................................................................... 58 Quadro 6 - Objetivos e metas para Resíduos Sólidos Domiciliares e Comerciais. .................. 65 Quadro 7 - Objetivos e metas para resíduos de limpeza pública. ............................................. 67 Quadro 8 - Objetivos e metas para a coleta seletiva. ................................................................ 68 Quadro 9 - Objetivos e metas Resíduos de Serviço de Saúde. ................................................. 69
Quadro 10 - Objetivos e metas de resíduos de construção civil. .............................................. 70 Quadro 11 - Objetivos e metas para resíduos Industriais. ........................................................ 71 Quadro 12 - Objetivos e metas para os resíduos especiais. ...................................................... 72
Quadro 13 - Diretrizes, estratégias, metas e programas para resíduos destinados a logística
reversa. ............................................................................................................................... 77 Quadro 14 - Locais para acumulação de resíduos. ................................................................... 82 Quadro 15 - Ações de emergência e contingencia. .................................................................. 83
Quadro 16 - Indicadores de desempenho da implantação do Plano de Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos. ............................................................................................................... 85
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 10 2 DESENVOLVIMENTO .................................................................................................... 12
2.1 Revisão Bibliográfica ................................................................................................ 12
2.1.1 Resíduos Sólidos .................................................................................................. 12 2.1.1.1 Classificação dos Resíduos Sólidos ............................................................ 12
2.1.2 Tratamento dos Resíduos Sólidos ........................................................................ 13
2.1.2.1 Reciclagem .................................................................................................. 13
2.1.2.2 Compostagem .............................................................................................. 14
2.1.3 Destinação Final dos Resíduos Sólidos ................................................................ 14 2.1.3.1 Lixões .......................................................................................................... 14
2.1.3.2 Aterro Controlado ....................................................................................... 14
2.1.3.3 Aterro Sanitário ........................................................................................... 15
2.1.4 Política Nacional dos Resíduos Sólidos ............................................................... 15 2.1.5 Base legal .............................................................................................................. 17
2.2 Métodos e materiais ................................................................................................... 19 2.2.1 Estrutura do Trabalho ........................................................................................... 19
2.2.2 Definição do local de estudo e escopo do trabalho .............................................. 19 2.2.3 Diagnóstico atual de gerenciamento de resíduos sólidos ..................................... 20
2.2.4 Cenários e prognóstico ......................................................................................... 20 2.2.5 Objetivos e metas ................................................................................................. 21 2.2.6 Planos de Ação ..................................................................................................... 21
2.2.7 Controle e fiscalização.......................................................................................... 22 2.3 Resultados e discussões ............................................................................................. 22
2.3.1 Caracterização do município ................................................................................ 22 2.3.1.1 Localização do território ............................................................................. 22
2.3.1.2 Histórico ...................................................................................................... 24
2.3.1.3 Características de solo ................................................................................. 25
2.3.1.4 Geologia ...................................................................................................... 26
2.3.1.5 Metereologia e Climatologia ....................................................................... 27
2.3.1.6 Hidrografia .................................................................................................. 28
2.3.2 Diagnóstico dos Resíduos Sólidos em Palmeira das Missões .............................. 37 2.3.2.1 Resíduos domiciliares e comerciais ............................................................ 37
2.3.2.2 Limpeza publica .......................................................................................... 45
2.3.2.3 Resíduos de Serviço de Saúde ..................................................................... 46
2.3.2.4 Resíduos de Construção Civil ..................................................................... 48
2.3.2.5 Resíduos Especiais ...................................................................................... 51
2.3.2.6 Síntese do Diagnóstico ................................................................................ 54
2.3.3 Prognóstico ........................................................................................................... 55
2.3.3.1 Estimativa de crescimento populacional ..................................................... 55
9
2.3.3.2 Cenários institucionais futuros .................................................................... 56
2.3.3.3 Horizontes ................................................................................................... 58
2.3.3.4 Estimativas de geração de resíduos ............................................................. 59
2.3.3.5 Regionalização na gestão integrada de Resíduos Sólidos Urbanos – Consórcios .................................................................................................................... 62
2.3.3.6 Áreas de risco ou clandestinas a serem erradicadas .................................... 63
2.3.4 Objetivos e metas ................................................................................................. 64 2.3.5 Programas e ações ................................................................................................ 73
2.3.5.1 Programas de educação ambiental .............................................................. 79
2.3.5.2 Identificação de áreas para a disposição final dos resíduos ........................ 80
2.3.5.3 Pontos de Entrega Voluntária ...................................................................... 80
2.3.5.4 Ações para emergência e contingência ....................................................... 82
2.3.6 Controle e Fiscalização .......................................... Erro! Indicador não definido. 2.3.6.1 Mecanismos de monitoramento, controle e fiscalização. ............................ 84
2.3.6.2 Monitoramento e verificação do plano........................................................ 86
3 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 87 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 89
10
1 INTRODUÇÃO
A expansão industrial e a globalização da economia nas últimas décadas contribuíram
de forma direta para o forte aumento na geração de resíduos em todo o mundo. A geração
resíduos não tem um gerenciamento adequado.
Por muito tempo a solução que se dava aos resíduos era a disposição em áreas
chamadas de lixões. Segundo Ferreira (2003), o depósito de resíduos sólidos a céu aberto ou
lixão é uma forma de deposição desordenada sem compactação ou cobertura dos resíduos, o
que propicia a poluição do solo, ar e água, bem como a proliferação de vetores de doenças.
Com o passar do tempo e a necessidade de técnicas mais eficazes e seguras para a saúde
humana e o ambiente, surgiu um novo conceito para uma nova técnica, o aterro sanitário.
Segundo Silva (2011) os aterros sanitários configuram-se, como uma maneira correta e segura
de disposição final do lixo.
O Brasil atravessa um período de grandes mudanças com relação ao gerenciamento de
resíduos sólidos. A Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei 12.305
(BRASIL, 2010), prevê a implementação por parte dos municípios da Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos através de consórcios intermunicipais, inclusão social de catadores de
resíduos recicláveis, realização de projetos de educação ambiental, bem como outras
propostas de caráter socioambiental.
Os municípios que tiverem seus planos de gerenciamento de resíduos sólidos devidamente
elaborados, terão prioridade no acesso a recursos da União a empreendimentos e serviços
relacionados a limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados
por incentivos ou financiamentos de entidades federais de credito ou fomento para tal
finalidade.
O prazo estipulado pela política Nacional dos Resíduos Sólidos para que o Distrito
Federal e todos os municípios da União se adequassem era de dois de Agosto de 2012. No
entanto, a grande maioria dos municípios brasileiros ainda não possui um plano municipal de
gestão integrada de resíduos (PMGIRS), inclusive Palmeira das Missões - RS que apesar de
fazer a destinação de seus resíduos em um aterro sanitário, não possui coleta seletiva e nem
apresenta outras exigências contidas na legislação.
A mobilização dos gestores municipais em prol da integralização da gestão dos resíduos
sólidos é de fundamental importância. No entanto, a responsabilidade com relação à eficácia
dos planos de gerenciamento é de caráter compartilhado. Segundo a Lei Federal 12.305
(BRASIL, 2010), o poder público, o setor empresarial e a coletividade são responsáveis pela
11
efetividade das ações voltadas para assegurar a observância da Política Nacional de Resíduos
Sólidos.
Além das vantagens econômicas, a implantação de um PGRS traz ao município um
ganho social de suma importância, uma vez que os trabalhadores que fazem a coleta de
resíduos recicláveis, os chamados catadores, terão a oportunidade de se integrar de forma
digna ao sistema econômico municipal, como prestadores de serviço, como dispõe a Política
Nacional de Resíduos Sólidos.
A partir do presente estudo no município de Campina das Missões, a elaboração do
plano e sua implementação se tornam facilitadas, tendo o município em suas mãos o primeiro
passo para a adequação a legislação que se refere ao gerenciamento de resíduos sólidos e
disponibilizar assim, para uma melhor qualidade de vida.
O presente documento sendo analisado pelos gestores de forma objetiva poderá
viabilizar o desenvolvimento do PMGIRS, além de diferentes projetos que serão propostos no
estudo, como por exemplo, a revitalização de antigas áreas de disposição ilegal de resíduos e
principalmente métodos distintos de educação ambiental.
O objetivo geral deste trabalho foi elaborar diretrizes para elaboração um Plano de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos no município de Palmeira das Missões – RS.
Os objetivos específicos do trabalho são descritos a seguir:
Realizar o diagnóstico da situação atual dos resíduos no município;
Propor objetivos e metas para a melhoria do gerenciamento de resíduos sólidos no
município.
Propor planos de ação para alcançar essas metas;
Propor instrumentos de monitoramento, controle e fiscalização.
12
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Revisão Bibliográfica
2.1.1 Resíduos Sólidos
Os resíduos sólidos tem se destacado como uma das fortes preocupações da
comunidade com relação ao meio ambiente devido a sua geração de forma progressiva. As
características dos RSU podem variar muito em função de aspectos sociais, econômicos,
culturais, geográficos e climáticos, ou seja, os mesmos fatores que também diferenciam as
comunidades entre si e as próprias cidades, o que faz com que os estudos sobre resíduos
sólidos tenham características muito peculiares de acordo com cada caso.
Conforme a Norma Brasileira (NBR) 10.004, da Associação Brasileira de Normas e
Técnicas (ABNT, 2004), os resíduos sólidos são classificados como resíduos nos estados
sólidos e semi-sólidos, que podem resultar de atividades industriais, domesticas, hospitalares,
comerciais, agrícolas, de serviços e de varrição. Estão inclusos nesta definição lodos
provenientes de sistemas de tratamento de água, os gerados em instalações de controle de
poluição, assim como outros líquidos que por suas características torne inviável o seu
lançamento em corpos hídricos ou rede coletora de esgoto, ou ainda exijam medidas técnicas
e econômicas inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.
2.1.1.1 Classificação dos Resíduos Sólidos
A NBR 10004 (ABNT, 2004) apresenta uma classificação dos resíduos baseada nas
suas características de impacto à saúde e ao meio ambiente. Essa classificação permite
gerenciar os diferentes tipos de resíduos de maneira adequada sem que haja a interferência das
propriedades de um sobre o outro. É imprescindível o gerenciamento adequado desses
resíduos de modo a não permitir que os diferentes tipos de resíduos venham a se misturar,
uma vez que alguns apresentam características contaminantes. A NBR 10004 divide os
resíduos em Classe I e Classe II.
Resíduos Classe I – Perigosos: São de acordo com a norma aqueles que apresentam
periculosidade, ou seja, resíduos que devido as suas características podem apresentar risco a
saúde pública, provocando a mortalidade, ocasionando doença e oferecendo riscos ao meio
13
ambiente. Ou ainda aqueles resíduos que apresentem propriedades como inflamabilidade,
corrosividade, reatividade, patogenicidade e toxicidade.
Resíduos Classe II – Não perigoso:. São divididos em Classe II A e Classe II B. Classe
II A - Não Inertes, essa classificação não se enquadra nos resíduos Classe I, nem nos Resíduos
Classe II B. De acordo com a NBR 10004 estes resíduos podem apresentar características de
biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.
Resíduos Classe II B- Inertes. São quaisquer resíduos que quando amostrados segundo
a ABNT NBR 10007, e submetidos ao contato com água destilada ou desionizada, à
temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de seus
constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água,
exceto nos aspectos de cor, turbidez, dureza e sabor.
2.1.2 Tratamento dos Resíduos Sólidos
2.1.2.1 Reciclagem
A reciclagem tem papel fundamental no gerenciamento de resíduos sólidos, sendo que
Segundo a organização não governamental Compromisso Empresarial para a
Reciclagem (CEMPRE, 2013), a reciclagem tem se mostrado uma excelente oportunidade de
alavancagem de novos empreendimentos, gerando emprego e renda para diferentes classes
sociais. A CEMPRE ressalta que o fator de maior destaque é que o mercado de materiais
recicláveis está ao alcance do micro e pequeno empresário.
O Brasil tem posição de destaque entre os maiores países recicladores do mundo, com
ênfase a reciclagem do alumínio. Segundo a Associação Brasileira do Alumínio – (ABAL,
2013) a reciclagem de alumínio no Brasil funciona com eficácia acima da média mundial. Em
2011 o país reciclou 511 mil toneladas de alumínio. Do total reciclado, 248,7 mil se referem à
sucata de latas de alumínio para bebidas, o que corresponde a 98,3% do total de embalagens
consumidas neste ano, este índice mantém o Brasil na liderança mundial de reciclagem de
alumínio desde 2011.
A CEMPRE afirma que 21,7 % dos plásticos foram reciclados no Brasil em 2011,
representando aproximadamente 953 mil toneladas por ano, em 2011 o país campeão na
reciclagem de plásticos foi a Suécia (53%), seguida da Alemanha (33%), Suécia (33,2%),
Bélgica (29,2%), Itália (23,5%), países que incineram a maior parte do plástico coletado
seletivamente.
14
Devido a importância e a presença cada vez mais forte da reciclagem na produção
industrial provocando um novo cenário na economia nacional, é importante valorizar e
viabilizar a atividade dos trabalhadores que são a base desse processo, os catadores de
resíduos sólidos. Existe no Brasil desde 2002 O Movimento Nacional dos Catadores de
Materiais Recicláveis (MNCR), que é um movimento social que trabalha para organizar os
catadores de materiais recicláveis de todo o Brasil. Conforme o MNCR(2013) o movimento
busca a valorização da categoria e que se mostra nesse novo panorama uma classe de suma
importância.
2.1.2.2 Compostagem
Grande parte dos resíduos gerados no Brasil é constituída de resíduos orgânicos, que
tem a capacidade de se decompor em menos tempo que resíduos de origem mineral, por
exemplo, uma forma econômica e eficiente de tratar esses resíduos é através da compostagem.
A compostagem, segundo SOUZA (2002), constitui uma forma de valorização de
crescente importância nas políticas de gestão integrada de resíduos sólidos com benefícios
econômicos e ambientais. Especialmente pelo fato de poder produzir um produto estabilizado
e seguro, rico em húmus, que misturado ao solo enriquece a sua qualidade, possibilitando
melhor crescimento de culturas e combate à erosão de solos degradados.
2.1.3 Destinação Final dos Resíduos Sólidos
2.1.3.1 Lixões
Os lixões são o método mais comum de disposição de resíduos sólidos, onde o resíduo
é disposto sobre o solo sem nenhum tipo de cobertura ou controle, é uma alternativa barata e
rápida, porém totalmente onerosa ao meio ambiente e a saúde publica, pois tem alta
capacidade de contaminação do solo e águas superficiais e subterrâneas bem como a
proliferação de vetores.
2.1.3.2 Aterro Controlado
Os aterros controlados são também uma forma de disposição de resíduos bastante
utilizada, não tão eficientes e técnicos quantos os aterros sanitários, porém mais favoráveis
15
que os lixões, pois evitam a proliferação de vetores bem como o acesso dos catadores e a
dispersão dos materiais.
Segundo Boscov (2008), os aterros controlados são locais onde os resíduos são
cobertos com solo e eventualmente compactados, no entanto sem impermeabilização,
drenagem e tratamento de gases e lixiviado como no aterro sanitário.
2.1.3.3 Aterro Sanitário
Conforme a Norma 8419/1992, aterro sanitário tem a seguinte definição:
“Técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo sem
causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os
impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia
para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao
menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na
conclusão de cada jornada de trabalho ou a intervalos menores se for
necessário (ABNT, 1992.).”
Aterros sanitários são projetos especificamente para a deposição de resíduos sólidos,
geralmente RSU, normalmente os aterros reúnem uma série de componentes e práticas
operacionais, tais como: divisão em células, compactação de resíduos, cobertura, sistema de
impermeabilização, sistemas de drenagem e tratamento para líquidos e gases, monitoramento
geotécnico e ambiental, afirma Boscov (2008).
Apenas a disposição nas células não garante que os resíduos se mantenham inativos.
Segundo Castilhos Junior (2002), as condições de armazenagem, assim como a interação com
a água da chuva e a atividade microbiana fazem com que existam processos físicos, químicos
e biológicos de transformação resultando na formação de biogás e lixiviado. Por isso todos os
processos de um aterro são de fundamental importância.
2.1.4 Política Nacional dos Resíduos Sólidos
A Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada em 2010 dispõem sobre
uma problemática de nível global, como o próprio nome sugere os resíduos sólidos. A Política
Nacional dos Resíduos Sólidos é disposta através da Lei Federal 12.305 (BRASIL, 2010) se
caracteriza como um marco regulatório para esse tema. A PNRS propõe que governos, setor
16
empresarial e a comunidade em geral tenham responsabilidade compartilhada sobre a geração
dos resíduos.
A política propõe que sejam observados os seguintes aspectos, não geração, redução,
reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente
adequada dos rejeitos. Ainda ressalta a importância e prevê a aplicação de sistemas de
logística reversa.
Esta Lei dispõem em seu Capítulo I, Art. 1º., do objeto e do campo de aplicação, sendo
que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos
e instrumentos, bem como discorre sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao
gerenciamento de resíduos sólidos, incluindo os resíduos perigosos, atentando com relação ás
responsabilidades dos gerados e do poder público e aos instrumentos econômicos que podem
ser aplicados.
No Art. 6º, são dispostos os princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Que
são a prevenção e precaução, o princípio de poluidor-pagador e protetor-recebedor, uma visão
sistêmica da gestão dos resíduos sólidos que possa abranger variáveis de cunho ambiental,
social, cultural, econômico, tecnológico e de saúde pública, o desenvolvimento sustentável, a
ecoeficiência, a responsabilidade compartilhada e a cooperação entre as diferentes esferas do
poder público, setor empresarial e comunidade, o reconhecimento do resíduo sólido
reutilizável e reciclável como um bem econômico com valor social gerador de trabalho e
renda, o respeito as diversidades locais e regionais, o direito da comunidade a informação e
controle social, a razoabilidade e proporcionalidade.
O Art. 7º discorre sobre os objetivos da Política, que consistem na proteção da saúde
pública e ambiental, não geração, redução reutilização, reciclagem, tratamento e disposição
adequada, adoção de padrões sustentáveis de produção e bens de consumo, bem como o
aprimoramento e desenvolvimento de tecnologias que visem minimizar impactos ambientais,
redução de volume e periculosidade de resíduos perigosos, incentivo a indústria da reciclagem
com o intuito de fomentar o uso de materiais reciclados como matéria prima, integrar a
relação das diferentes esferas de governo com o setor empresarial para unir forças técnicas e
financeiras de modo a viabilizar a integralização da gestão de resíduos sólidos, prioridade nas
aquisições governamentais para produtos reciclado e recicláveis bem como para bens e
serviços que levem em consideração a sustentabilidade ambiental em seus processos, a
integralização dos catadores de resíduos sólidos no que se refere a ações de responsabilidade
compartilhada pelo clico se vida dos produtos, estimulo a avaliação de ciclo de vida dos
produtos, estímulo à rotulagem ambiental e consumo sustentável e incentivo ao
17
desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental que visem a melhoria dos processos
produtivos e o reaproveito dos resíduos bem como a recuperação e aproveitamento energético.
2.1.5 Base legal
Para orientação e seguimento de normas e deveres existem Leis e Resoluções aplicáveis
aos diferentes tipos de resíduos sólidos. Tanto no âmbito Federal quanto Estadual essas normas,
leis, resoluções e decretos servem para assegurar o bem estar da comunidade e meio ambiente. A
seguir estão listadas as legislações Federal e Estadual que possuem relação com este Plano de
gestão integrada de resíduos sólidos para o município de Palmeira das Missões.
Legislação Federal
Decreto nº 7.404/10 – Regulamenta a Política Nacional de Resíduos Sólidos;
Decreto nº 7.405/10 – Institui o programa Pró-Catador;
Lei Federal 6.938/81 – Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências;
Lei Federal nº 9.795/99 – Dispõe sobre a educação ambiental e institui a Política Nacional de
Educação Ambiental;
Lei Federal nº 11.107 – Dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos;
Lei Federal nº 11.445/07 – Dispõe sobre a Política Nacional de Saneamento Básico;
Lei Federal nº 12.305/10 – Dispõe sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos;
Resolução CONAMA nº 05/93 – Dispõe sobre normas mínimas para tratamento de resíduos
sólidos oriundos de saúde, portos e aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários;
Resolução CONAMA nº 258/99 – Impõe obrigações às empresas fabricantes e às
importadoras de pneumáticos e dá providências correlatas;
Resolução CONAMA nº 275/05 – Estabelece o código de cores para os diferentes tipos de
resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas
campanhas informativas para a coleta seletiva;
RDC ANVISA nº 306/04 – Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de
resíduos de serviços de saúde;
Resolução CONAMA nº 307/02 – Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a
gestão dos resíduos da construção civil. Alterada pelas Resoluções nº 348/04 e nº 431/11.
18
Resolução CONAMA nº 313/02 – Dispõe sobre o Inventário Nacional de Resíduos Sólidos
Industriais;
Resolução CONAMA nº 358/05 – Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos
resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências;
Resolução CONAMA nº 401/08 - Estabelece os limites máximos de chumbo, cádmio e
mercúrio para pilhas e baterias comercializadas no território nacional e os critérios e padrões
para o seu gerenciamento ambientalmente adequado, e dá outras providências;
Resolução CONAMA nº 404/08 – Estabelece critérios e diretrizes para o licenciamento
ambiental de aterro sanitário de pequeno porte de resíduos sólidos urbanos;
Resolução CONAMA nº 416/09 – Dispõe sobre a prevenção à degradação ambiental causada
por pneus inservíveis e sua destinação ambientalmente adequada, e dá outras providências;
Legislação Estadual
Decreto 38356/98 - Aprova o Regulamento da Lei n° 9.921, de 27 de julho de 1993, que
dispõe sobre a gestão dos resíduos sólidos no Estado do Rio Grande do Sul.
Decreto 45554/08 - Dispõe sobre a Política Estadual de Materiais Contaminados com
Resíduos Perigosos.
Lei Estadual 9493/92 - Considera a coleta seletiva e a reciclagem como atividades
ecológicas, de relevância social e de interesse público.
Lei Estadual 9921/93 - Dispõe sobre a gestão dos resíduos sólidos, nos termos do artigo 247,
parágrafo 3º da Constituição do Estado e dá outras providências.
Lei Estadual 11019/97 - Dispõe sobre o descarte e destinação final de pilhas que contenham
mercúrio metálico no Estado do Rio Grande do Sul.
Lei Estadual 11520/00 - Institui o Código Estadual do Meio
Ambiente do Estado do Rio Grande do
Sul e dá outras providências.
Lei Estadual 12037/03 – Dispõe sobre a Política Estadual de Saneamento e dá outras
providências.
Resolução CONSEMA 002/00 - Define critérios, procedimentos e aspectos técnicos de
licenciamento ambiental para co-processamento de resíduos;
http://www.resol.com.br/cgi-bin/folioisa.dll/legis.nfo/query=%5bJUMP:'LEI9921'%5d/doc/%7b@1%7d%3ffirsthit
19
Resolução CONSEMA 017/01 – Diretrizes para a elaboração e apresentação de planos de
gerenciamento de resíduos sólidos.
Resolução CONSEMA 073/04 - Dispõe sobre a co-disposição de resíduos sólidos industriais
em aterros de resíduos sólidos urbanos no Estado do Rio Grande do Sul.
2.2 Métodos e materiais
2.2.1 Estrutura do Trabalho
O trabalho é realizado com base na estrutura proposta pela Lei Federal 12.305/201
(BRASIL 2010), atendendo as exigências mínimas indicadas pela PNRS. A estrutura do
trabalho está apresentada na figura 1.
Figura 1 - Estrutura do trabalho.
2.2.2 Definição do local de estudo e escopo do trabalho
Palmeira das Missões se encontra na região do Alto Uruguai, possui uma área de
aproximadamente 1.471,4 km² e uma população de 34.328 mil habitantes conforme IBGE
(2010). Segundo a Prefeitura Municipal (2013), o uso e ocupação do solo no município se dão
Local de estudo e definição do escopo de trabalho
Diagnóstico do sistema atual de gerenciamento de resíduos sólidos
Cenários e prognóstico
Objetivos e metas
Planos de Ação para atingir os objetivos e metas
Controle e fiscalização da implementação do plano.
20
principalmente devido a atividade agrícola, seguido pela pecuária, tendo ainda dentro de suas
limitações áreas de vegetação ainda nativa em estágios que variam entre inicial, médio e
avançada.
A economia do município de Palmeira das Missões é baseada na agropecuária, seguida
pelo comercio e serviços, que por sua vez é o maior empregador do município. O setor
industrial em termos quantitativos não se mostra muito expressivo se comparado aos outros
setores. Palmeira das Missões apresentou um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
(IDHM) de 0,737 em 2013, caracterizado como alto estando no cenário nacional em 850º
lugar e no cenário estadual na 175º posição (IBGE, 2013).
O escopo e delimitação do trabalho contempla a área urbana do município,
considerando os resíduos sólidos domésticos, comerciais, de limpeza urbana, públicos, coleta
seletiva, de construção civil, de serviços de saúde e especiais. As estimativas de geração
apresentadas no prognóstico levam em conta a avaliação quantitativa dos resíduos em estudo.
2.2.3 Diagnóstico atual de gerenciamento de resíduos sólidos
Na fase inicial, foi realizado um diagnóstico geral do município e da situação atual de
gerenciamento de resíduos em Palmeira das Missões, gerando um relatório sobre as
informações sobre o próprio município e os serviços de limpeza urbana e gerenciamento de
resíduos. Essas informações serviram de base para a realização das etapas seguintes.
Nesta fase, foram coletados dados relativos às características topográficas,
pedológicas, hidrológicas, socioeconômicas, perfil populacional e educacional, uso e
ocupação do solo, zoneamento municipal bem como outras informações pertinentes a
caracterização do município como um todo.
Também foi realizado um levantamento de dados referentes às características dos
resíduos coletados como geradores e volume gerado e do serviço realizado como coleta,
transporte, armazenamento e disposição desses resíduos.
Os dados coletados foram obtidos através da Prefeitura Municipal de Palmeira das
Missões, pesquisas no acervo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, bem
como outros institutos de pesquisa e informações e através de analise qualitativa realizada em
diferentes pontos da cidade e documentada através de registros fotográficos.
2.2.4 Cenários e prognóstico
21
De posse dos dados obtidos através do diagnóstico e observando a existência de
problemas no sistema de gerenciamento, foram propostos cenários futuros sugerindo
diferentes gerações de resíduos sólidos domésticos ao longo dos anos. Foram propostos
apenas cenários futuros para resíduos sólidos domiciliares devido a falta de precisão e
informação de determinados resíduos das outras classificações.
A partir dos dados sobre geração de resíduos foi possível realizar a projeção de uma
geração futura, onde puderam ser analisados e propostas as diretrizes, objetivos e metas para a
realização do plano. Dessa forma, é possível prever quais as dificuldades e benefícios os
gestores encontraram ao longo dos anos.
A metodologia utilizada para o calculo da projeção é uma estimativa da população
através de uma taxa média anual de crescimento geométrico, esse método é o mesmo utilizado
pelo IBGE, que é a taxa média geométrica de crescimento anual da população - incremento
médio anual da população, medido pela expressão i= sendo P(t+n) e P(t) populações
correspondentes a duas datas sucessivas, no caso 1970 e 2010, e n o intervalo de tempo entre
essas datas, medido em ano e fração de ano, no caso 40 anos. Representados pela equação 1.
√
Equação (1).
2.2.5 Objetivos e metas
Nessa etapa, foram definidos objetivos e metas que atingem todo o ciclo de coleta,
tratamento e disposição dos resíduos. De modo que através desses objetivos e metas, possa se
alcançar mudanças significativas no gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos no
município.
Foi definido o alcance da responsabilidade dos gestores públicos com relação a coleta
seletiva, logística reversa, educação ambiental, bem como outros fatores relevantes como a
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.
2.2.6 Planos de Ação
22
Foram definidos planos de ação que possam viabilizar a implementação dos objetivos
e metas, facilitando o trabalho daquelas pessoas que estão diretamente envolvidas com os
requisitos estabelecidos pela Política de Resíduos Sólidos, como a criação de diferentes
projetos de educação ambiental e a capacitação dos educadores ambientais, a inclusão e
instrução dos profissionais que trabalham com o recolhimento de resíduos recicláveis através
de associações, monitoramento e controle de geradores bem como o controle da destinação
dos resíduos produzidos no município, a erradicação de áreas de disposição irregulares,
criação de pontos de entrega voluntária de resíduos sujeitos a logística reversa, implantação
de um sistema de coletiva entre outras ações somatórias.
2.2.7 Controle e fiscalização
Para a elaboração do item de controle e fiscalização foi definido a utilização de
indicadores, bem como atividades de ação preventivas e corretivas, além de um plano de
monitoramento que possa identificar possíveis áreas contaminadas ou áreas passíveis de
contaminação através da atividade de disposição de resíduos sólidos urbanos e aliado a isso
suas devidas medidas corretivas. Bem como a fiscalização e monitoramento das ações
realizadas através da implantação do plano de modo a verificar a correta execução das
mesmas e se estas estão de fato sendo realizadas nos horizontes e abrangências propostas.
2.3 Resultados e discussões
2.3.1 Caracterização do município
2.3.1.1 Localização do território
Conforme o IBGE (2010), o município de Palmeira das Missões é integrante da
mesorregião Noroeste Rio-Grandense e da microrregião Carazinho. Sua área total é de
1.471,40 km², tendo limite com os municípios de Santo Augusto, Santa Bárbara do Sul,
Condor, Coronel Bicaco, Dois Irmãos das Missões, Boa Vista das Missões, São José das
Missões, Novo Barreiro, Chapada e São Pedro das Missões. Com 639 m de altitude em
relação ao nível do mar, situa-se nas coordenadas geográficas -27,899 de latitude sul e -
53,314 de longitude oeste de Greenwich. A figura 2 apresenta a localização do município de
Palmeira das Missões, no contexto estadual. A figura 3 apresenta a localização do município
23
de Palmeira das Missões, bem como a divisão municipal e a indicação dos municípios
vizinhos.
Figura 2 - Localização do município no cenário estadual.
Fonte: Prefeitura Municipal de Palmeira das Missões.
Figura 3 - Localização do Município de Palmeira das Missões.
Fonte: Prefeitura Municipal de Palmeira das Missões.
24
A figura 4 apresenta uma parte do mapa rodoviário do DAER onde constam os
principais acessos rodoviários à cidade de Palmeira das Missões. A distância oficial entre a
cidade e a capital Porto Alegre é estimada em 368 km e até Passo Fundo em 140 km. A partir
de Palmeira das Missões, o trajeto se dá pela RS-569, depois através da BR-386 e finalmente
a BR-116 até Porto Alegre.
A cidade de Palmeira das Missões fica próxima a RS-569; saindo na direção leste,
indo pela BR-386 chega-se à Passo Fundo, à Capital e ao litoral. Na direção oeste a partir da
cidade chega-se à rodovia BR- 468 que leva para a Região Celeiro e Missões e, para a
fronteira com a Argentina. Na direção Sul, indo pela BR 158, vai-se para as cidades de Cruz
Alta, Santa Maria e as Regiões Centro e Pampa do Estado, já seguindo na direção Norte, pela
BR-158, a partir de Palmeira das Missões chega-se ao estado de Santa Catarina.
Figura 4 - Mapa Rodoviário do DAER com os Principais Acessos à Palmeira das Missões
Fonte: Prefeitura Municipal de Palmeira das Missões.
2.3.1.2 Histórico
Em 06 de maio de 1874, por Decreto do Governo da Província de São Pedro do Rio
Grande do Sul, foi criado, conforme SOARES (2004), o município de Santo Antônio da
Palmeira. Durante a revolução de 1923, diversos combates travaram-se no território de sua
comuna.
25
Originou-se o nome de Palmeira da seguinte forma: antes da criação da comuna,
existia no local onde hoje se encontra a principal praça pública da cidade, uma grande
palmeira, onde os viajantes faziam suas sesteadas segundo ARDENGHI (2003). Em função
disso, começou-se a chamar de Palmeira a incipiente povoação.
Palmeira das Missões foi povoada no início do século XIX por exploradores de erva-
mate, procedentes de Cruz Alta. O local fora escolhido pelos caravaneiros, devido a uma
coxilha alta para proteção contra invasões frequentes na época. Mais tarde o povoamento
passa a denominar-se de Vilinha da Palmeira, onde existia um arroio divisório usado como
atalho entre Palmeira e Cruz Alta.
2.3.1.3 Características de solo
O solo característico do Município de Palmeira das Missões é o Latossolo Vermelho
distrófico. Segundo STRECK (2008) os Latossolos são solos bem drenados, normalmente
profundos a muito profundos. Latossolos tem pouco ou nenhum incremento de argila com a
profundidade e apresentam uma transição difusa ou gradual entre os horizontes; por isso
mostram um perfil muito homogênio, onde é difícil diferenciar os horizontes.
Segundo o inventário de solos da UFSM o solo característico do município de
Palmeira das Missões e região pode ser descrito como solos com horizonte B latossólico com
baixa capacidade de permuta de cátions, baixa relação textural B/A, baixos conteúdos de silte
e alto grau de intemperismo.
Apresentam coloração tipicamente avermelhada nas matizes 2,5YR e 10YR. A textura pode
variar desde média até muito argilosa e, mais comumente, tem como material de origem o
arenito, siltito, folhelho, argilito, gnaisse e granito.
A figura 5 apresenta o mapa de classificação de solos no estado do Rio Grande do Sul.
26
Figura 5 - Classificação de solos do Rio Grande do Sul.
Fonte: Inventário de solos da UFSM.
2.3.1.4 Geologia
Conforme o Programa Geologia do Brasil IBGE (2006), o município de Palmeira das
Missões pertence ao Grupo São Bento, com a formação Serra Geral que é constituída de
derrames basálticos, basaltos andesitos, riodacitos e riolito, de filiação toléítica, onde
intercalam-se arenitos intertrápicos Botucatu na base e litarenitos e sedimentos
vulcanogênicos da porção mediana ao topo da sequencia. A figura 5 apresenta o município
incluso na formação Serra Geral.
O município se enquadra nas Fácies Paranapanema, (K1 ᵝ pr) que apresentam
derrames basálticos granulares finos, melanocráticos, contendo horizontes vesiculares
espessos preenchidos por quartzo (ametista), zeolitas, carbonatos, seladonita, Cu nativo e
barita, e compreende a maior concentração de jazidas de ametista do estado. Estas
características são apresentadas no Mapa Geológico do Estado do Rio Grande do Sul,
segundo IBGE (2006), na figura 6.
27
Figura 6 - Formação Serra Geral.
Fonte: Prefeitura Municipal de Palmeira das Missões.
2.3.1.5 Metereologia e Climatologia
O clima do Rio Grande do Sul é determinado por fatores meteorológicos estáticos e
dinâmicos, que atuam simultaneamente em constante interação. Os principais fatores estáticos
são a latitude, a altitude e a continentalidade, enquanto que os fatores dinâmicos referem-se à
movimentação das massas de ar através da atmosfera, responsáveis pelas características gerais
do clima do Estado. Conforme Segundo a Estação Agrometereológica de Passo Fundo –
Embrapa (1989), os fatores dinâmicos consistem na movimentação das massas de ar
atmosféricas. São quatro as massas de ar de maior influência: Tropical Atlântica, Polar
Atlântica, Equatorial Continental e Tropical Continental.
Segundo a classificação de Köppen, a região do município de Palmeira das Missões,
enquadra-se no tipo climático Cfa, ou seja, subtropical ou Virginiano. Segundo IBGE (2002)
esta variedade caracteriza-se por apresentar temperatura média para o mês mais frio entre -
3°C e 18°C, e superior a 22°C no mês mais quente, sendo que as médias anuais se encontram
entre 10ºC e 15ºC. A precipitação é uniforme durante o ano todo, com totais superiores a
1.200 mm. A figura 7 apresenta a precipitação média anual no estado.
28
Figura 7 - Mapa da Precipitação Média Anual do Estado do Rio Grande do Sul.
Fonte: Atlas Sócio Econômico do Rio Grande do Sul, 2012.
2.3.1.6 Hidrografia
No Rio Grande do Sul distinguem-se, basicamente, dois grupos de cursos d’água, os
que correm para o Atlântico e os que correm para o Rio Uruguai. Palmeira das Missões está
inserida na bacia hidrográfica do rio da Várzea, que por sua vez está inserida na região
hidrografia do Rio Uruguai. Segundo o Plano de Saneamento Municipal (2013), Palmeira das
Missões está inserido na Região Hidrográfica do Uruguai abrange a porção norte, noroeste e
oeste do território sul-rio-grandense, com uma área de aproximadamente 127.031,13 km²,
equivalente a 47,88% da área do Estado. Sua população total está estimada em 2.416.404
habitantes, que equivale a 23,73% da população do Estado, distribuídos em 286 municípios,
com uma densidade demográfica em torno de 19,02 hab/km².
A Bacia Hidrográfica da Várzea situa-se ao norte do Estado do Rio Grande do Sul,
entre as coordenadas geográficas 27°00' a 28°20' de latitude Sul e 52°30' a 53°50' de
longitude Oeste. Abrange a Província Geomorfológica Planalto Meridional. Possui área de
9.463,46 Km², abrangendo municípios como Carazinho, Frederico Westphalen, Palmeira das
Missões e Sarandi, com população estimada em 323.924 habitantes. Os principais cursos de
água são os arroios Sarandi, Goizinho e os rios da Várzea, Porã, Barraca do Mel, Guarita e
Ogaratim (SEMA, 2010).
29
A figura 8 apresenta a localização de Palmeira das Missões na Bacia Hidrográfica do
Rio Uruguai.
Figura 8 - Localização do Município de Palmeira das Missões na Região Hidrográfica do Rio Uruguai, na bacia Rio da Várzea.
Fonte: Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul.
3.1.9 Vegetação
Segundo IBGE (2013), o município de Palmeira das Missões se encontra no bioma
Mata Atlântica e dentro dessa classificação, segundo Costa (2010), está na zona de ocorrência
de Estepe e Floresta Ombrófila Mista que em alguns pontos está consorciada com a Floresta
Estacional Decidual.
A vegetação do tipo Estepe designa formações predominantemente campestres
existentes nas zonas temperadas, onde são registradas precipitações pluviométricas durante
todo ano. Nestas regiões segundo o Inventário Florestal Contínuo do Rio Grande do Sul
(UFSM, 2002) as plantas são submetidas à dupla estacionalidade, provocada pelo frio das
frentes polares, e outra seca, mais curta com déficit hídrico.
Ainda segundo o Inventário Florestal realizado pela UFSM, na Floresta Ombrófila
Mista o elemento principal é o Pinheiro Brasileiro (Araucária angustifólia), que por sua
relevante importância fitogeográfica e comercial, tem sido intensamente explorada. As
araucárias ocorrem em altitudes médias de 600 a 800 m, com alguns poucos lugares em que
ultrapassam 1.000 m.
30
3.1.10 Uso e Ocupação do Solo
O uso e ocupação do solo no município se dão principalmente devido a atividade
agrícola, seguido por campos de pastagem para pecuária, tendo ainda dentro de suas
limitações áreas de vegetação ainda nativa em estágios que variam entre inicial, médio e
avançada, no entanto a proporção de mata nativa é muito pequena se comparada às extensões
tomadas pela agricultura em Palmeira das Missões.
3.1.11 População
Entre 2000 e 2010, segundo o IBGE (2010), a população de Palmeira das Missões teve
uma taxa média de crescimento anual de -0,58%. Na década anterior, de 1991 a 2000, a taxa
média de crescimento anual foi de -0,04%. Em compensação a taxa de urbanização teve um
crescimento de 11,96% como pode ser observado na Tabela 1.
Tabela 1 - População total, por gênero, Rural/Urbana e Taxa de Urbanização – Palmeira das
Missões – RS.
Fonte: Altas Brasil - IBGE (2013).
3.1.12 Atividades Econômicas
O Produto Interno Bruto (PIB) do município de Palmeira das Missões é de 426,53
milhões de reais, sendo que o setor agropecuário responde pela maior parte, refletindo numa
31
contribuição de 49%, o setor de serviços vem em segundo lugar com 44% e o setor industrial
contribui com apenas 7%, segundo dados do IBGE (2004).
3.1.13 Educação
Segundo dados do Atlas Brasil - IBGE (2013), o índice de crianças e jovens nas
escolas do município teve um aumento significativo se comparando dados do censo 1991 com
o censo 2010. Segundo o IDHM para educação, em 2010, Palmeira das Missões apresentou
resultados positivos para o fluxo escolar, como mostra a figura 6. A escolaridade da
população adulta é importante indicador de acesso a conhecimento e também compõe o
IDHM Educação, a taxa de analfabetismo no município entre pessoas com 18 anos ou mais,
caiu 8,54% nas últimas duas décadas, conforme Figura 7.
Segundo o IBGE (2013) Palmeira das Missões conta com 57 escolas que atendem pré-
escola, ensino fundamental e ensino médio, como mostra a figura 9, além das escolas
município conta com duas instituições de ensino superior UFSM-CESNORS e Universidade
de Passo Fundo – Campus Palmeira das Missões.
A figura 10 apresenta a evolução dos níveis de educação no município a partir do ano
de 1991 até 2010 para a população na faixa etária a partir dos 25 anos. Esta figura apresenta
dados relevantes, como por exemplo, a redução do analfabetismo de 20,7% em 1991 para
10,3% em 2010.
32
Figura 9 - Fluxo Escolar por Faixa Etária – Palmeira das Missões
Fonte: Atlas Brasil – IBGE 2013.
33
Figura 10 - Escolaridade da população com 25 anos ou mais.
Fonte: Atlas Brasil 2013.
3.1.14 Saúde
Em Palmeira das Missões, a esperança de vida ao nascer aumentou 4,9 anos nas
últimas duas décadas, passando de 70,0 anos em 1991 para 72,3 anos em 2000, e para 74,8
anos em 2010. Em 2010, a esperança de vida ao nascer média para o estado é de 75,4 anos e,
para o país, de 73,9 anos. A mortalidade infantil (mortalidade de crianças com menos de um
ano) no município reduziu 28%, passando de 18,2 por mil nascidos vivos em 2000 para 13,0
por mil nascidos vivos em 2010.
Tabela 2 - Longevidade, Mortalidade e Fecundidade – Palmeira das Missões RS.
Fonte: IBGE 2013.
34
3.1.15 Plano Diretor
A Lei municipal nº 3.718/2006 que institui o Plano Diretor Participativo como
instrumento básico de Planejamento ao Município prevê a participação popular para auxiliar
no melhor desenvolvimento da cidade, contando com representantes de várias esferas. O
Plano Diretor visa estabelecer metas e propor soluções para aspectos, sociais, físicos e
econômicos, bem como estabelece o zoneamento do município, este dividido em diferentes
zonas cada qual conforme os tipos de atividades nela desenvolvidas. Segue abaixo o
Zoneamento Municipal de Palmeira das Missões, estabelecidos pelo Plano Diretor Municipal.
I - Zona Comercial 1
II – Zona Comercial 2
III – Zona Residencial e Comercial
IV - Zona Comercial e Industrial de Uso Controlado
V – Zona Industrial 1
VI – Zona Industrial 2
VII - Zona Industrial de Uso Controlado
VIII – Zona Residencial 1
IX – Zona Residencial 2
X – Zona Mista
XI – Zona de Uso Controlado
XII – Zona de Proteção de Voo
XIII - Zona Especial de Interesse Público
XIV - Zona Especial Interesse Social - dividem-se em:
a) Áreas de Recuperação Urbana
b) Áreas de Indução ao Crescimento Urbano
XV – Zona de Preservação Permanente
XVI - Zona Especial de Preservação
I – Zona Especial da Microbacia do Arroio Macaco
II – Zona Especial da Microbacia do Guaritinha.
3.1.16 Bairros
35
A área urbana do município é dividida em 36 bairros, são eles Bairro Amaral,
Ardenghi, Área Verde, Batista, Centro, Céu Azul, Cohab, Doutor Pinto, Esperança, Fátima,
Félix, Franco I, Franco II, Horto Florestal, Industrial João Fortes Martins, Lutz, Maragatinho,
Mutirão, Operária, Ouro Verde, Paraíso, Passo D’areia, Pedro Scariot, Portela, Profilurb,
Promorar I, Bairro Promorar II, Santa Catarina, Seis de Maio, Solar das Missões, Sulgon,
Umbú, Vila Velha, Vista Alegre, Westphalen, Witeck. Na figura 11 pode se observar o
zoneamento municipal, conforme o plano diretor.
36
Figura 11 - Zoneamento – Uso e Ocupação do Solo em Palmeira das Missões.
Fonte: Plano Diretor Municipal de Palmeira das Missões 2006, edição 2013.
37
2.3.2 Diagnóstico dos Resíduos Sólidos em Palmeira das Missões
2.3.2.1 Resíduos domiciliares e comerciais
Compreendem essa classificação aqueles resíduos gerados a partir de atividades
domésticas, podem ser distintos entre resíduos orgânicos e inorgânicos. Os resíduos orgânicos
são basicamente restos de alimentos e plantas gerados na residência, enquanto que os resíduos
inorgânicos são compostos por plástico, papel, papelão, vidro, alumínio e outros materiais
oriundos de embalagens e utensílios domésticos.
Os resíduos sólidos comerciais são comumente agrupados a classificação de resíduos
domiciliares, por terem características similares em relação à composição dos resíduos,
diferindo basicamente na quantidade, uma vez que resíduos comerciais tendem a gerar em sua
maioria maior quantidade de resíduos inorgânicos, como papel, plástico e papelão, por
exemplo. Salvo os estabelecimentos do ramo alimentício, que nesse caso tendem a gerar
maiores quantidades de resíduo orgânico.
Além dos resíduos classificados acima, é comum a população fazer o descarte de
resíduos denominados especiais juntamente com os resíduos domiciliares e comerciais, esses
resíduos são pilhas, baterias, eletrônicos, remédios fora do prazo de validade, lâmpadas
fluorescentes e resíduos de construção civil em pequenas quantidades. Tais resíduos devem
ter uma destinação diferenciada, em pontos de coleta disponibilizados pelo poder público, no
entanto falta informação para a população e efetivamente os locais de recolhimento.
A composição e a geração de resíduos variam em funções de diferentes fatores como
condições geográficas, o poder aquisitivo da população geradora, o tamanho da comunidade,
e a base econômica do município. Devido a dificuldade de obtenção de dados quantitativos
dessas variações, são comumente utilizados indicadores para chegar aos valores de geração de
resíduos. Segundo o Instituto Brasileiro de Administração Pública - IBAM (2001), o peso
específico dos resíduos soltos corresponde a 230 kg/m3 e resíduos compactados, 600 kg/m
3.
Na tabela 3 pode ser observada a estimativa de geração per capta segundo IBAM (2001).
38
Tabela 3 - Faixas mais utilizadas da geração per capita
Tamanho da cidade População Urbana Geração per capita
(habitantes) (kg/hab/dia)
Pequena Até 30 mil 0,5
Média De 30 mil a 500 mil De 0,50 a 0,80
Grande De 500 mil a 5 milhões De 0,80 a 1,00
Megalópole Acima de 5 milhões Acima de 1,00
Fonte: Adaptado de IBAM(2001).
Considerando que Palmeira das Missões tem 34.328 habitantes, caracteriza-se como
cidade de médio porte, pode ser adotada uma geração per capita entre 0,5 a 0,8 kg/hab/dia,
conforme Tabela 3, segundo IBAM (2001). Através de dados fornecidos pela Prefeitura
Municipal sabe-se que a média de resíduos recolhidos mensalmente é de 941,67 t. Sendo
assim a geração per capita de resíduos no município é de aproximadamente 0,9 kg/hab/dia.
Através disso podemos observar que Palmeira das Missões tem uma geração acima da média
nacional prevista pelos indicadores.
A coleta, transporte e disposição dos resíduos domiciliares do município é realizada
pela empresa SIMPEX Serviços de Coleta Transporte e Destinação Final de Resíduos LTDA,
bem como a operação, manutenção e monitoramento do aterro sanitário. Abrangendo toda a
área urbana do município, os resíduos coletados são transportados mecanicamente desde os
pontos de geração até o aterro sanitário onde tem seu destino final.
Sabendo que a coleta atende toda a área urbana do município, a empresa informou que
50% da população é atendida com frequência diária, 37% é atendida com frequência de duas
ou três vezes por semana e 13% da população é atendida apenas uma vez na semana. O
quadro 1 apresenta o cronograma de coleta fornecido pela empresa.
A empresa conta uma frota de 4 veículos e um grupo de colaboradores que trabalha
diretamente na coleta e transporte de resíduos de 16 pessoas. Segundo a empresa são quatro
equipes com três coletores e um motorista cada. Destas, três trabalham em turnos diferentes
enquanto a quarta equipe serve para dar suporte aos dias e bairros com maior demanda. Um
veículo da frota e uma equipe de colaboradores podem ser observados nas figuras 12 e 13.
39
Quadro 1 - Itinerário de coleta de resíduos sólidos domiciliares e comerciais.
DIAS ÁREA TURNO
SEGUNDA-FEIRA Área Sul e Manhã, Tarde
Área Central Noite
TERÇA-FEIRA Área norte e Manhã, Tarde
Área Central Noite
QUARTA-FEIRA Área Sul e Manhã, Tarde
Área Central Noite
QUINTA-FEIRA Área norte e Manhã, Tarde
Área Central Noite
SEXTA -FEIRA Área Sul e Manhã, Tarde
Área Central Noite
SÁBADO Área norte e Manhã, Tarde
Área Central Noite
DOMINGO Área Central Noite
Fonte: SIMPEX.
Figura 12 - Equipe da empresa SIMPEX realizando a coleta.
40
Figura 13 - Equipe da empresa SIMPEX realizando a coleta.
Os resíduos coletados pela empresa geralmente são acondicionados pela população em
sacos plásticos e são dispostos em lixeiras construídas pelos moradores, deixados sobre
calçadas ou mesmo pendurados nas grades das residências, isso porque o município não
dispõe de recipientes mais adequados do tipo container para oferecer a população. Em
Palmeira das Missões não existe coleta seletiva, por isso poucos são os moradores que fazem
a separação dos resíduos. A forma de acondicionamento dos resíduos pelos moradores pode
ser observada nas figuras 14 e 15. As figuras 16, 17 e 18 apresentam a situação dos
recipientes coletores de resíduos na área central caracterizada como zona comercial da cidade
segundo o Plano Diretor Municipal.
41
Figura 14 - Resíduos dispostos sobre a calçada.
Figura 15 - Resíduos acondicionados em lixeira.
42
Figura 16 - Recipiente para acondicionar resíduos na área central.
Figura 17 - Recipiente para acondicionar resíduos na área central.
43
Figura 18 - Recipientes para acondicionar resíduos orgânicos e inorgânicos em uma
das praças do município.
Segundo um dos diretores da empresa SIMPEX, quando questionado sobre as
dificuldades que a empresa enfrenta na coleta dos resíduos no município de Palmeira das
Missões, este afirmou que na área central do município o grande problema são os resíduos
comerciais de empresas como farmácias, que muitas vezes dispõe o resíduo de serviço de
saúde como seringas no lixo comum, bem como a incidência de outros materiais cortantes nos
resíduos das residências como restos de vidros quebrados, sendo que ambas as situações
expõe o coletor ao risco.
Já nos bairros existem problemas relativos à logística, uma vez que os bairros no
município possuem muitas ruas sem saída, o que dificulta e aumenta o tempo de serviço, pois
em muitas ruas o caminhão não consegue entrar. Além disso, afirma que existem outros
problemas, como o elevado numero de casos de coletores mordidos por cachorros e ainda um
problema que define como social, são as residências dos catadores de material reciclável que
muitas vezes recolhem resíduos que não podem ser vendidos como recicláveis e vão
acumulando sem qualquer tipo de acondicionamento em frente as suas moradias, não tendo
44
como os coletores fazerem a coleta de materiais soltos. Entre todos os bairros, o apontado
como o que existem maiores dificuldades é o bairro Mutirão e bairros no entorno.
A destinação final dos resíduos é realizada no aterro da SIMPEX, localizado no km 05
da Rodovia entre Palmeira das Missões e São José das Missões, na Linha Santa Rosa. A
Licença de Operação nº 6731 / 2012-DL concedida pelo Órgão Estadual de Meio Ambiente
do Rio Grande do Sul – FEPAM tem validade até 30/10/2016. Conforme a LO, o aterro
possui capacidade para receber 96,8 t diárias de resíduos sólidos. A figura 19 apresenta uma
imagem satélite da área do aterro.
Figura 19 - Imagem de Satélite da área do aterro.
Fonte: Google 2013.
O aterro atende além da demanda do município de Palmeira das Missões outros vinte e
dois municípios da região norte e noroeste do estado. São eles Ajuricaba, Almirante
Tamandaré do Sul, Augusto Pestana, Barra Fundo, Boa Vista do Buricá, Campinas do Sul,
Catuípe, Chapada, Condor, Coqueiros do Sul, Eugenio de Castro, Fortaleza dos Valos, Jóia,
Não-Me-Toque, Nova Boa Vista, Nova Ramada, Novo Barreiro, Pejuçara, Pontão, Quinze de
Novembro, Rondinha, Saldanha Marinho e Santa Bárbara do Sul. A tabela 4 é um
demonstrativo do total de resíduos recebidos no aterro em 2012.
45
Tabela 4 - Quantidade de Resíduo recebida no ano de 2012 pelo aterro da Simpex.
Município de origem do RSU t
Ajuricaba 1176.0
Almirante Tamandaré do Sul 696.0
Augusto Pestana 1140.0
Barra Funda 420.0
Boa Vista do Buricá 1308.0
Campinas do Sul 540.0
Catuípe 720.0
Chapada 1500.0
Condor 1200.0
Coqueiros do Sul 120.0
Eugenio de Castro 120.0
Fortaleza dos Valos 852.0
Jóia 1200.0
Não-Me-Toque 3000.0
Nova Boa Vista 360.0
Nova Ramada 120.0
Novo Barreiro 600.0
Palmeira das Missões 11300.0
Pejuçara 660.0
Pontão 840.0
Quinze de Novembro 180.0
Rondinha 420.0
Saldanha Marinho 480.0
Santa Barbara do Sul 1800.0
Fonte: Adaptado de SNIS (2013).
2.3.2.2 Limpeza publica
O serviço de limpeza publica segundo a Lei Federal 12.305 é caracterizado como
resíduos originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de
limpeza urbana como limpeza de escadarias, monumentos, sanitários, praças, terrenos baldios e
outros; raspagem e remoção de terra e areia em logradouros públicos; desobstrução e limpeza de
bueiros, bocas de lobo e correlatos; e limpeza dos resíduos de feiras públicas e eventos de acesso
aberto ao público (BRASIL, 2010).
No município de Palmeira das Missões a Prefeitura é responsável pelo serviço através
da secretaria de Serviços Essenciais que realiza o serviço de limpeza das vias públicas.
Segundo a administração municipal o setor conta com 14 funcionários, sendo 7 alocados
para varrição e 7 para capina e roçada.
46
Os resíduos gerados por essa atividade são dispostos pela prefeitura em um “bota-
fora” sem licenciamento ou qualquer tipo de monitoramento. No entanto, os funcionários que
forneceram as informações para esse trabalho não souberam informar o local exato da
disposição dos resíduos de limpeza publica.
2.3.2.3 Resíduos de Serviço de Saúde
Segundo a resolução CONAMA 358 (2005), resíduo de serviço de saúde é todo aquele
gerado através dos serviços de:
“Atendimento a saúde humana ou animal, inclusive os serviços de
assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos
de produtos para saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se
realizem embalsamamento (tanatopraxia e somatoconservação);
serviços de medicina legal; drogarias e farmácias inclusive as de
manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde;
centros de controle de zoonoses; distribuidores de produtos
farmacêuticos; importadores, distribuidores e produtores de materiais
e controles para diagnóstico in vitro; unidades móveis de atendimento
à saúde; serviços de acupuntura; serviços de tatuagens, entre outros
similares” (CONAMA, 2005, p 63.)
Os resíduos de serviços de saúde são classificados pela ABNT NBR 10.004 (ABNT,
2004) como resíduos Classe I, perigosos, devido a sua carga patogênica e em função de
oferecer riscos graves e imediatos ao meio ambiente e a população. O Quadro 2 apresenta a
classificação dos resíduos segundo a Resolução RDC ANVISA nº 306/04 e a Resolução
CONAMA 358/2005.
47
Quadro 2 - Classificação dos Resíduos de Serviço de Saúde.
CLASSIFICAÇÃO DESCRIÇÃO
A
Engloba os componentes com possível
presença de agentes biológicos que, por suas
características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de
infecção. Exemplos: placas e lâminas de laboratório, carcaças, peças anatômicas
(membros), tecidos, bolsas transfusionais
contendo sangue, dentre outras.
B
Contém substâncias químicas que podem
apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características
de inflamabilidade, corrosividade, reatividade
e toxicidade. Ex: medicamentos apreendidos, reagentes de laboratório, resíduos contendo
metais pesados, dentre outros.
C
Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em
quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas normas da
Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN, como, por exemplo, serviços de
medicina nuclear e radioterapia etc.
D
Não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente,
podendo ser equiparados aos resíduos
domiciliares. Ex: sobras de alimentos e do preparo de alimentos, resíduos das áreas
administrativas etc.
E
Materiais perfuro-cortantes ou escarificantes,
tais como lâminas de barbear, agulhas,
ampolas de vidro, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas, espátulas e
outros similares.
Fonte: Adaptado de Bazzan (2013).
Segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES do Ministério da
Saúde (BRASIL, 2013), Palmeira das Missões conta com 76 estabelecimentos de saúde como
clínicas de nutrição, fisioterapia, odontológicas, radiológicas, de diagnóstico por imagem,
laboratórios de análises de diferentes segmentos, hemocentro, hospital, unidades básicas de
saúde, clínicas médicas particulares, fonoaudiológicas, de psicologia, escolas para portadores
de necessidades especiais.
A destinação dos resíduos gerados pelos estabelecimentos particulares são de
responsabilidade dos proprietários ou responsáveis pelos mesmos, dessa forma a prefeitura
não dispõem de dados quantitativos ou qualitativos referentes à geração dos resíduos de
serviço de saúde desses estabelecimentos, tanto quanto da sua destinação.
48
Quanto aos resíduos gerados pelos estabelecimentos públicos de responsabilidade da
prefeitura, foram coletados no ano de 2012 um total de 102,0 t. Que correspondem a geração
das unidades básicas de saúde e demais serviços de saúde oferecidos pelo poder municipal.
Dos 76 estabelecimentos registrados pelo Ministério da Saúde em Palmeira das Missões, 21
são públicos.
A coleta desses resíduos é realizada pela empresa SIMPEX, localizada no município
de Palmeira das Missões, no entanto esta só realiza a coleta e leva para uma área de
transbordo onde aguarda o recolhimento da empresa SERESA de Caxias do Sul, que realiza o
transporte e destinação adequada dos resíduos.
2.3.2.4 Resíduos de Construção Civil
Os Resíduos de construção civil segundo a resolução CONAMA 307 (BRASIL, 2002)
são definidos como:
“(...) resíduos provenientes de construções, reformas, reparos e
demolições de obras de construção civil, e os resultantes da
preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos
cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas,
tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas,
pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc.,
comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha.”
CONAMA 2002. p. 95)
Segundo a Resolução CONAMA 307 (2002) os resíduos de construção e demolição
são classificados conforme mostra o Quadro 3.
49
Quadro 3 - Classificação dos Resíduos de Construção Civil.
CLASSIFICAÇÃO DESCRIÇÃO
A
São os resíduos reutilizáveis ou recicláveis de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
São os resíduos reutilizáveis ou recicláveis de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;
São os resíduos reutilizáveis ou recicláveis de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meio-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras
B
São os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso;
C
São os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação;
D
São resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.
Fonte: Adaptado de Bazzan (2013).
50
A coleta e destinação do resíduo de construção civil é de responsabilidade do gerador,
sendo a prefeitura responsável pelos resíduos gerados pelas obras publicas municipais e
conforme a Resolução CONAMA 307 (2002), também por pequenas quantidades, geralmente
quando o volume é de até 1 m3. Os dados de geração de particulares é desconhecido pela
prefeitura. Segundo o poder público municipal, em 2012 foram coletados 13.600,0 t de
entulho.
Coforme informações da prefeitura, o município não realiza a coleta de nenhum tipo
de resíduo de construção civil, ficando esse serviço a cargo das empresas de “tele-entulho”.
Ainda, segundo informações do poder municipal existe apenas um estabelecimento que faz
esse tipo de serviço. Após diferentes tentativas de contato com a empresa recolhedora, não se
obteve nenhuma resposta quanto à forma de recolhimento e o local de disposição desses
resíduos. A figura 20 mostra uma das caçambas de recolhimento de resíduos de construção
civil encontradas na cidade.
Figura 20 - Caçamba de recolhimento de resíduos de construção civil.
51
2.3.2.5 Resíduos Especiais
São aqui denominados resíduos especiais aqueles inclusos no Art 33.da Lei federal
12.305/10 (BRASIL, 2010) que se refere aos materiais para os quais a implementação e
estruturação de um sistema de logística reversa é obrigatória. São eles: agrotóxicos, seus
resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso constitua
resíduo perigoso, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes seus resíduos e embalagens,
lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; produtos
eletroeletrônicos e seus componentes.
Como o presente estudo leva em consideração apenas a área urbana e os resíduos
coletados pelo poder público foi realizado o diagnóstico apenas dos itens a seguir.
Pneus
Os pneus fazem parte do grupo de resíduos inclusos no programa de logística reversa.
A Resolução 416/09 CONAMA em seu Art. 1º diz que os fabricantes e os importadores de
pneus novos, com peso unitário superior a 2,0 kg , ficam obrigados a coletar e dar destinação
adequada aos pneus inservíveis existentes no território nacional, na proporção definida nesta
Resolução. E que o consumidor final juntamente com o poder público, distribuidores,
revendedores e destinadores são responsáveis por colaborar com o recolhimento e destinação
dos fabricantes.
Segundo o Cadastro Técnico Federal do IBAMA (IBAMA, 2011), no Brasil a geração
per capita de pneumáticos chega a uma taxa de 2,9kg ao ano. Considerando a população
urbana do município de Palmeira das Missões chegamos a um valor total anual de 86,5 t de
resíduos gerados.
Em Palmeira das Missões não há nenhum tipo de coleta de pneus e tampouco um local
oferecido pelo município onde a comunidade possa fazer o descarte desse material.
Infelizmente essa situação acaba fazendo com que a maioria dos moradores realize o descarte
de pneus inservíveis em áreas de disposição clandestinas ou ainda a queima ilegal a céu aberto
desse resíduo. No entanto, uma parcela da população entrega os pneus no fornecedor, no
momento da troca do pneu usado pelo pneu novo. Essa se torna a única alternativa eficaz no
que tange ao descarte de pneus no município, já que o poder público não oferece outra
possibilidade.
52
Pilhas, baterias e celulares.
Através de um projeto da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente a
Prefeitura implantou no mês de Setembro de 2013 os “Papa pilhas”, que são coletores de
pilhas, baterias e aparelhos celulares e que estão à disposição da comunidade em quatro
escolas Palmeirenses.
As escolas que receberam os coletores desses resíduos são: Escolas Três Mártires,
Assis Brasil, Erci Campos Vargas e Paulo Westphalen. Os recipientes são feitos de material
reciclado e um exemplar pode ser observado na figura 21. Apesar de existir dados referentes à
geração e descarte desses materiais, a maioria das pessoas realiza o descarte indevido junto
com o lixo domiciliar.
Figura 21 - Coletor de pilhas, baterias e celulares.
Resíduos eletrônicos
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2012), os equipamentos
considerados lixo eletroeletrônico são de pequeno e grande porte e incluem todos os
dispositivos de informática, som, vídeo, telefonia, brinquedos e outros, os equipamentos da
linha branca, como geladeiras, lavadoras e fogões, pequenos dispositivos como ferros de
53
passar, secadores, ventiladores, exaustores e outros equipamentos dotados, em geral, de
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